TCC 2015-1 Matheus Willinghoefer

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Trabalho de Conclusão de Curso

AVALIAÇÃO DO RISCO DE ROMPIMENTO DA


BARRAGEM DE UMA PEQUENA CENTRAL HIDRELÉTRICA
NA BACIA DO RIO DO PEIXE

Matheus Willinghoefer

Orientadora: Nadia Bernardi Bonumá

2015.1

Universidade Federal de Santa Catarina – UFSC


i
Curso de Graduação em Engenharia Sanitária e Ambiental
ii
Universidade Federal de Santa Catarina
Centro Tecnológico
Departamento de Engenharia Sanitária e Ambiental

AVALIAÇÃO DO RISCO DE ROMPIMENTO DA


BARRAGEM DE UMA PEQUENA CENTRAL HIDRELÉTRICA
NA BACIA DO RIO DO PEIXE

Matheus Willinghoefer

Trabalho apresentado à Universidade Federal


de Santa Catarina para Conclusão do Curso de
Graduação em Engenharia Sanitária e
Ambiental.

Orientadora
Professora Doutora Nadia Bernardi Bonumá

FLORIANÓPOLIS – SC
JULHO/2015

iii
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Ficha de identificação da obra elaborada pelo autor,
através do Programa de Geração Automática da Biblioteca Universitária da UFSC.

Williinghoefer, Matheus
Avaliação do Risco de Rompimento da Barragem de uma
Pequena Central Hidrelétrica na Bacia do Rio do Peixe /
Matheus Williinghoefer ; orientadora, Nadia Bernardi
Bonumá - Florianópolis, SC, 2015.
86 p.

Trabalho de Conclusão de Curso (graduação) -


Universidade Federal de Santa Catarina, Centro Tecnológico.
Graduação em Engenharia Sanitária e Ambiental.

Inclui referências

1. Engenharia Sanitária e Ambiental. 2. Ruptura de


Barragem. 3. Onda de Ruptura. 4. Modelo hidrodinâmico
unidimensional HEC-RAS. 5. Classificação do risco e dano
potencial associado. I. Bonumá, Nadia Bernardi. II.
Universidade Federal de Santa Catarina. Graduação em
Engenharia Sanitária e Ambiental. III. Título.

v
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Dedico este trabalho aos meus
pais, por dedicarem à minha
vida, grande parte das suas.

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x
AGRADECIMENTOS
Primeiramente, agradeço a Deus, pois foi a Ele que eu recorri nos
momentos mais difíceis desta caminhada e onde sempre encontrei suporte
para continuar em frente. Por mais que por vezes os caminhos por Ele
traçados sejam tortuosos e que os obstáculos pareçam intransponíveis, é
a superação destas dificuldades que me fortalece e me torna cada vez
melhor.
Agradeço a minha família, pois sem eles nada disso seria possível!
Aos meus pais, José Rogério Willinghoefer e Leania Fröhlich
Willinghoefer, obrigado pelo amor incondicional, por toda a fé e
confiança que vocês depositaram em mim, pelas palavras de carinho e
incentivo e, principalmente, por terem me ensinado os valores e a ética
que eu levarei, não apenas na minha profissão, mas por toda a minha vida.
Do fundo do coração, muito obrigado. À minha irmã, Gabriela
Willinghoefer, por todos os momentos de companheirismo e de alegria.
Você é meu orgulho.
À minha namorada, Anna Paula Brancher, que vivenciou cada
momento desta conquista e que esteve sempre ao meu lado me apoiando,
trazendo calma e lucidez nos momentos mais difíceis! Obrigado pelo
companheirismo, pelos ensinamentos, pelas revisões no meu TCC, enfim,
obrigado por ser meu porto seguro, espero que eu consiga retribuir à altura
tudo o que fizeste por mim.
À minha orientadora, Professora Nadia Bernardi Bonumá, por me
indicar os melhores caminhos no desenvolvimento deste trabalho,
agradeço pela orientação e pelos conhecimentos transmitidos.
Agradeço à empresa Engera pelos dados fornecidos para
elaboração destes estudo e a todos os colegas que por lá passaram durante
meus dois anos de estágio. Se hoje me sinto pronto para dar início à
carreira profissional, foi graças aos conhecimentos adquiridos durante
este período.
E por fim, agradeço aos amigos que fiz nestes anos de graduação,
dentro e fora da UFSC, vocês tornaram esta parte da minha vida
inesquecível.

xi
xii
RESUMO
A construção de barragens traz inúmeros benefícios para os seres
humanos, desde o seu uso para a geração de energia elétrica até a
regularização das vazões para fins de abastecimento e irrigação.
Entretanto, há um elevado risco associado a obras deste porte. O
rompimento de uma barragem pode trazer impactos catastróficos, que
afetam o meio ambiente e a sociedade em geral, causando perdas de
ordens social e econômica de grande magnitude. O presente trabalho tem
o objetivo de simular, por meio da utilização do modelo unidimensional
HEC-RAS, a ruptura de uma barragem situada na divisa entre os
municípios de Ouro e Capinzal, no Oeste de Santa Catarina. Com isso,
buscou-se avaliar os impactos causados pela propagação da onda de cheia
no vale a jusante, com base nas características de uso e ocupação do solo
desta região. Foram simulados dois cenários e, em ambos, considerou-se
a ruptura total e instantânea. O primeiro cenário é referente a uma
condição extrema, em que o rompimento da barragem ocorre durante um
pico de vazão com tempo de retorno de 1000 anos. Já na segunda hipótese,
a vazão do rio no instante da ruptura é a própria vazão média de longo
termo do rio do Peixe, o que caracteriza uma condição de dia seco. De
maneira geral, concluiu-se que a onda resultante da ruptura da PCH Águas
de Ouro não altera de forma significativa as condições de jusante. No
cenário 1, ocorre uma elevação de pouco mais de um metro no nível da
lâmina d’água. Já no cenário 2, a onda de cheia não extrapola a calha do
rio do Peixe. Assim, classificou-se a estrutura como sendo de risco e dano
potencial associado baixos. Os resultados obtidos com a aplicação desta
metodologia podem ser utilizados na elaboração de um plano de ação
emergencial, que vise mitigar os efeitos resultantes de eventos desta
natureza e, com isso, proporcionar uma maior segurança às populações
adjacentes.

Palavras-chave: Ruptura de barragem; Onda de ruptura; Modelo


hidrodinâmico unidimensional.

xiii
xiv
ABSTRACT
Dams provide several benefits to human beings, from electricity
generation to flow regularization for supply and irrigation purposes.
However, its collapse may cause catastrophic impacts to the environment
and society, causing large social and economic losses. The present study
aims to simulate, with the one-dimensional model HEC-RAS, the rupture
of a dam located by the cities of Ouro and Capinzal, Santa Catarina,
Brazil. Based on the region land use, it was possible to evaluate the
impacts caused by the flood wave propagation in the downstream valley.
Two scenarios were simulated, both considering total and instantaneous
failure. The first scenario is related to an extreme condition, in which the
dam-break occurs during a flow peak with 1000 years return period. In
the second case, applies the long-term average flow of Peixe River as the
flow rate at the time of the dam-break, configuring a sunny day dam
failure. Results show that the dam-break wave does change not
significantly the downstream conditions. In scenario 1, there is a rise of a
bit more than one meter in the water level. In the second scenario, the
flood wave does not overpass the main channel of Peixe River. Therefore,
the structure was classified as low risk and low associated potential
damage. The results may be used for the elaboration of an Emergency
Action Plan (EAP), to mitigate the effects of dam break events and
provide greater security for the surrounding populations.

Keywords: Dam-break; Flood wave; One-dimensional hydrodynamic


model.

xv
xvi
LISTA DE FIGURAS
Figura 3.1 - Grandes barragens inauguradas a cada década .................. 32
Figura 3.2 - Barragem de Malpasset antes e depois da ruptura. ............ 34
Figura 3.3 - Barragem de Valmont após a passagem da onda de cheia. 35
Figura 3.4 - Barragem de Orós após a reconstrução ............................. 36
Figura 3.5 - Orifício que provocou o esvaziamento do reservatório. .... 37
Figura 3.6 - Imagem aérea da UHE Campos Novos após o acidente. ... 38
Figura 4.1 - Arranjo ilustrativo da PCH Águas de Ouro ....................... 47
Figura 4.2 – Perspectiva da barragem da PCH Águas de Ouro ............. 48
Figura 4.3 - Localização da PCH Águas de Ouro ................................. 49
Figura 4.4 - Localização da Estação fluviométrica Rio Uruguai .......... 51
Figura 4.5 – Área de drenagem da PCH Águas de Ouro ....................... 52
Figura 4.6 - Condição topográfica a jusante do barramento.................. 53
Figura 4.7 - Distribuição das seções topobatimétricas .......................... 54
Figura 4.8 - Curva cota x volume do reservatório ................................. 56
Figura 4.9 - Uso e ocupação do solo na área diretamente afetada ......... 57
Figura 4.10 - Uso e cobertura do solo na área diretamente afetada. ...... 58
Figura 4.11 - Hidrograma inserido no Cenário 1, com Tempo de Retorno
de 1000 anos .......................................................................................... 61
Figura 4.12 - Curva-chave da Estação Rio Uruguai .............................. 62
Figura 4.13 - Plano de ruptura proposto para a PCH Águas de Ouro ... 63
Figura 4.14 - Sequência de ferramentas aplicada para obtenção da mancha
de inundação.......................................................................................... 64
Figura 5.1 - Comparação entre as curvas-chave da estação e do modelo
HEC-RAS .............................................................................................. 65
Figura 5.2 - Hidrograma gerado na simulação de ruptura da PCH Águas
de Ouro – TR 1000 ................................................................................ 67
Figura 5.3 - Níveis de água no início da simulação (área preenchida) e no
momento do pico de vazão (tracejado).................................................. 68
Figura 5.4 - Hidrograma gerado na simulação de ruptura da PCH Águas
de Ouro – Sunny day ............................................................................. 69
Figura 5.5 - Níveis de água no início da simulação e no momento do pico
de vazão ................................................................................................. 70
Figura 5.6 - Variação do nível de água nos primeiros 30 minutos após a
ruptura ................................................................................................... 71
Figura 5.7 - Condição do rio no momento da ruptura (esquerda) e 73 horas
após a ruptura (direita) .......................................................................... 72
Figura 5.8 - Condição do rio no momento do pico de vazão (esquerda) e
20 minutos após a ruptura (direita)........................................................ 73

xvii
Figura 5.9 - Condição do rio do Peixe 5 minutos após a ruptura,
juntamente com a condição topográfica do vale a jusante. ....................74
Figura 5.10 - Condição inicial do rio (esquerda) e após a completa
dissipação da onda de ruptura da PCH Águas de Ouro (direita) ............75
Figura 5.11 - Condição do rio no momento do pico de vazão (esquerda) e
30 minutos após a ruptura (direita) ........................................................76
Figura 5.12 - Condição do rio do Peixe 5 minutos após a ruptura,
juntamente com a condição topográfica do vale a jusante. ....................77

xviii
LISTA DE TABELAS
Tabela 4.1 - Vazões de referência ......................................................... 53
Tabela 4.2 - Cota x Volume do reservatório.......................................... 55
Tabela 5.1 - Classificação quanto a categoria de risco da PCH Águas de
Ouro. ..................................................................................................... 78
Tabela 5.2 - Classificação quanto ao dano potencial associado ............ 78

xix
xx
LISTA DE QUADROS
Quadro 3.1 - Classificação das barragens de acumulação de água........ 45
Quadro 4.1 - Classificação quanto ao dano potencial associado - DPA
(Acumulação de água) ........................................................................... 59

xxi
xxii
LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS

ANA Agência Nacional de Águas


ANEEL Agência Nacional de Energia Elétrica
CBDB Comitê Brasileiro de Barragens
CGH Central Geradora Hidrelétrica
CNRH Conselho Nacional de Recursos Hídricos
CT Características Técnicas da estrutura
DPA Dano Potencial Associado da estrutura
EC Estado de Conservação da estrutura
Epagri Empresa de Pesquisa Agropecuária e Extensão Rural
Fatma Fundação do Meio Ambiente
Hydrological Engineering Center –
HEC-RAS
River Analysis System
IBGE Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística
ICOLD International Comission on Large Dams
PAE Plano de Ação Emergencial
PCH Pequena Central Hidrelétrica
PNSB Política Nacional de Segurança de Barragens
PS Plano de Segurança de Barragens
Sistema Nacional de Informações sobre Segurança de
SNISB
Barragens
UHE Usina Hidrelétrica
USACE United States Army Corp of Engineers

xxiii
xxiv
SUMÁRIO

1. INTRODUÇÃO ............................................................................... 27
2. OBJETIVOS .................................................................................... 29
OBJETIVO GERAL ............................................................................. 29
OBJETIVOS ESPECÍFICOS ............................................................... 29
3. REVISÃO BIBLIOGRÁFICA ....................................................... 31
BARRAGENS: ASPECTOS GERAIS E CONTEXTO HISTÓRICO . 31
SEGURANÇA DE BARRAGEM: CONCEITOS BÁSICOS SOBRE O
TEMA ....................................................................................... 33
3.2.1. Ruptura de barragem: conceitos básicos e casos históricos ............. 33
3.2.2. Legislação de segurança de barragens: uma visão a nível mundial e a
situação no Brasil ....................................................................................... 38
3.2.3. Plano de Ação Emergencial: conceitos básicos e situação no cenário
atual brasileiro............................................................................................ 40
SIMULAÇÃO HIDRODINÂMICA: CONCEITOS BÁSICOS E
APRESENTAÇÃO DO MODELO ............................................................. 41
3.3.1. HEC-RAS .......................................................................................... 42
AVALIAÇÃO DO RISCO: ASPECTOS GERAIS .............................. 43
4. MATERIAIS E MÉTODOS ........................................................... 47
DESCRIÇÃO DA ÁREA DE ESTUDO .............................................. 47
DADOS HIDROLÓGICOS ................................................................. 50
BASE CARTOGRÁFICA E GEOMETRIA DO MODELO ................ 53
COTA X VOLUME .............................................................................. 55
USO E OCUPAÇÃO DO SOLO .......................................................... 56
CLASSIFICAÇÃO DO RISCO E DANO POTENCIAL ASSOCIADO ..
....................................................................................... 58
APLICAÇÃO DO MODELO HEC-RAS ............................................. 60
4.7.1. Determinação dos cenários de ruptura ............................................. 60
4.7.2. Calibração do modelo ....................................................................... 61
4.7.3. Simulação hidrodinâmica ................................................................. 62
4.7.4. Geração da mancha de inundação.................................................... 63
5. RESULTADOS ................................................................................ 65
CALIBRAÇÃO DO MODELO ........................................................... 65
SIMULAÇÃO HIDRODINÂMICA .................................................... 66
5.2.1. Cenário 1 – QTR=1000 anos.............................................................. 66
5.2.2. Cenário 2 – Sunny Day ..................................................................... 68
xxv
MANCHAS DE INUNDAÇÃO ........................................................... 72
5.3.1. Cenário 1 – QTR = 1000 anos ............................................................ 72
5.3.2. Cenário 2 – Sunny Day ..................................................................... 74
CLASSIFICAÇÃO DO RISCO E DANO POTENCIAL ASSOCIADO ..
....................................................................................... 77
6. CONCLUSÕES E RECOMENDAÇÕES..........................................79
7. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ...........................................81

xxvi
1. INTRODUÇÃO

As barragens são estruturas construídas transversalmente a cursos


d’água, geralmente feitas com o intuito de armazenar água ou rejeitos. A
sua utilização em controle de cheias, regularização de vazões para
irrigação, abastecimento humano e geração de energia, entre outras
funções, contribuiu de forma singular para o desenvolvimento das
civilizações, sendo diretamente responsável, inclusive, pela ascensão e
queda de muitas delas (JANSEN, 1983).
No Brasil, a construção de barragens teve início após uma grande
seca ocorrida na Região Nordeste no ano de 1877 e, com isso foram
construídos os primeiros açudes para armazenamento de água. No mesmo
período, na região Sudeste do País, era dado início à instalação das
primeiras hidrelétricas (COMITÊ BRASILEIRO DE GRANDES
BARRAGENS, 1982). Atualmente, a matriz energética brasileira é
constituída em mais de 60% de aproveitamentos hidrelétricos, como
CGHs, PCHs e UHEs (ANEEL, 2014), além de inúmeras obras destinadas
a reservação para consumo humano, contenção de cheias e demais usos.
Apesar dos inúmeros benefícios promovidos pelas barragens, a
onda de cheia resultante da ruptura destas estruturas foi responsável por
alguns dos mais devastadores acidentes dos últimos séculos (XIONG,
2011). Assim como outras obras do mesmo porte, a segurança absoluta
de barragens não pode ser garantida (ALMEIDA, 2001), desta forma, é
necessária a definição criteriosa de medidas de segurança, seja em etapas
de projeto ou durante a operação do empreendimento.
A preocupação com a segurança de barragens se tornou crescente
nas últimas décadas. Em razão disso, foram estabelecidas legislações em
diversos países do mundo, com o intuito de regulamentar as etapas de
construção e operação e definir planos de ação emergencial (VERÓL;
MIGUEZ; MASCARENHAS, 2012). No Brasil, no ano de 2010, foi
sancionada a primeira lei relacionada ao tema, a Lei nº 12.334, que
estabelece a Política Nacional de Segurança de Barragens (BRASIL,
2010). Entre os instrumentos previstos pelo Art. 6º, destacam-se para este
trabalho: a classificação de barragens por categoria de risco e por dano
potencial associado e a necessidade da realização de um Plano de
Segurança de Barragem, caso o empreendimento se encaixe entre as
categorias de dano médio ou alto, em termos econômicos, sociais,
ambientais ou de perdas de vidas humanas, conforme a Resolução nº 143,
de julho de 2012 do Conselho Nacional de Recursos Hídricos.
As medidas em casos de emergência visam fornecer uma maior
segurança ao vale a jusante da barragem e, para isso, é necessário que se
27
tenha conhecimento do comportamento da onda resultante da ruptura do
barramento, definindo não apenas sua extensão, mas também seu tempo
de chegada, vazões de pico e velocidades de escoamento. Para que se
obtenham estas informações, são utilizados modelos matemáticos que
permitem simular a ruptura da barragem, o que torna possível avaliar a
propagação da onda de cheia e seus efeitos nas regiões adjacentes
(CUNGE; HOLLY; VERWEY, 1980 apud VERÓL, 2010). Esta
simulação, aliada à classificação da área diretamente afetada quanto ao
uso e ocupação do solo, possibilita avaliar o risco ao qual o vale está
submetido no caso do rompimento da barragem.
Este trabalho objetivou simular o rompimento hipotético de uma
barragem e a consequente propagação da onda de cheia resultante, com o
intuito de avaliar a influência no vale a jusante em função do uso e
ocupação do solo característicos dessa região, fornecendo subsídios para
a realização de um Plano de Ação Emergencial e para a avaliação do risco
conforme os critérios gerais estabelecidos pela Resolução nº 143 do
Conselho Nacional de Recursos Hídricos, em atendimento ao requerido
pela Lei nº 12.334, de 20 de setembro de 2010. O estudo de caso foi
realizado com base na barragem da PCH Águas de Ouro, que será
construída entre os municípios de Ouro e Capinzal, no Oeste de Santa
Catarina.

28
2. OBJETIVOS

OBJETIVO GERAL

O principal objetivo deste trabalho é avaliar a influência da ruptura


da PCH Águas de Ouro no vale a jusante da estrutura, baseado na mancha
de inundação resultante e no uso do solo característicos da região.

OBJETIVOS ESPECÍFICOS

 Simular a onda de cheia resultante do rompimento hipotético da


barragem;
 Verificar as áreas atingidas, vazões máximas e tempos de chegada
da onda de cheia, para dois cenários de ruptura;
 Classificar a área diretamente afetada quanto ao uso e ocupação do
solo;
 Classificar a barragem por categoria de risco e dano potencial
associado.

29
30
3. REVISÃO BIBLIOGRÁFICA

BARRAGENS: ASPECTOS GERAIS E CONTEXTO


HISTÓRICO

O termo barragem pode ser definido como uma estrutura


construída transversalmente a um rio ou talvegue, com finalidade de obter
elevação de seu nível d’água e/ou de criar um reservatório de acumulação
de água, seja de regulação das vazões do rio, ou de outro fluido (BRASIL,
2002). Esta definição é complementada ainda por Hulsing (1968), que
afirma que barragens são estruturas que formam uma seção de controle
na qual a descarga está relacionada com o nível d’água superficial a
montante.
Desde o princípio das civilizações, as barragens ofereceram aos
seres humanos benefícios essenciais para sua sobrevivência, como a
reservação para abastecimento e irrigação, de forma a garantir a
subsistência em períodos de seca, o controle de inundações e, mais
recentemente, a geração de energia. Os registros das primeiras barragens
datam de aproximadamente 5000 anos e as ruínas destas obras ainda
podem ser encontradas em países como Índia e Egito (JANSEN, 1983).
A partir do início do século XX, houve um crescimento
significativo no número de grandes barragens1 inauguradas. Este aumento
se deu principalmente em função da demanda gerada pelo
desenvolvimento industrial e pelo crescimento populacional no período
(VERÓL, 2010). Conforme apresentado na Figura 3.1, entre os anos de
1950 e o início da década de 80, o crescimento na inauguração de novas
estruturas de barramento foi ainda maior, com um pico de 7511 grandes
barragens inauguradas entre os anos de 1970 e 1979. Atualmente,
segundo o levantamento mais recente da Comissão Internacional de
Grandes Barragens, há 39188 grandes barragens registradas. Destas, 1431
estão localizadas no Brasil (ICOLD, 2014).

1
O ICOLD (International Comission on Large Dams) classifica
grandes barragens como aquelas com altura superior a 15 metros, ou aquelas
com altura entre 5 e 15 metros e reservatório com mais de 3 km².
31
Figura 3.1 - Grandes barragens inauguradas a cada década

FONTE: Adaptado de SÓRIA, 2008.

No Brasil, ainda há uma dificuldade muito grande em quantificar


o número de barragens existentes e a sua distribuição pelo território
nacional. Esta dificuldade resulta principalmente da falta de cadastros por
parte dos estados (ANA, 2012). Segundo dados disponibilizados por
órgãos fiscalizadores federais e estaduais, dentre as 13.529 barragens
existentes, 11.748 são destinadas a usos múltiplos, 1261 para geração
hidrelétrica, 264 para rejeitos de mineração e 256 são relativas a
armazenamento de resíduos industriais (ANA, 2012).
É notável o grande número de barragens que possuem como
destinação final a geração de energia. De acordo com o Banco de
Informações de Geração da ANEEL, atualmente existem 1142
aproveitamentos hidrelétricos em operação no Brasil, que somados são
responsáveis por 63% da matriz energética nacional. Dentre estes, 189
estão localizados em Santa Catarina, que contribui com 3.183.456 kW de
potência. No estado há ainda 36 empreendimentos que estão atualmente
em construção ou em etapa de licenciamento.
Desta forma, com a crescente instalação de novos
aproveitamentos, aumenta também a preocupação com fatores de
segurança, principalmente aqueles relacionados a eventos críticos, como
por exemplo a ruptura da estrutura de barramento, tema central deste
estudo.

32
SEGURANÇA DE BARRAGEM: CONCEITOS BÁSICOS
SOBRE O TEMA

Barragens são obras geralmente associadas a um elevado potencial


de risco (BRASIL, 2002). Jansen (1983) afirma que o risco de
rompimento de barragens é um dos fardos inevitáveis que a civilização
carrega e, desta forma, uma responsabilidade básica da engenharia é a de
minimizar estes riscos. A preocupação com a segurança destas estruturas
teve início após a ocorrência de alguns acidentes graves, principalmente
entre as décadas de 1960 e 1970 (ICOLD, 1995 apud VERÓL; MIGUEZ;
MASCARENHAS, 2012).
A segurança de barragem consiste na condição que visa manter a
integridade estrutural e operacional e a preservação da vida, da saúde, da
propriedade e do meio ambiente (BRASIL, 2010). Dinçergök (2007)
afirma ainda que a segurança de barragem deve contemplar não apenas as
boas condições estruturais do empreendimento, mas também mitigar os
impactos que possam ocorrer a jusante em caso de ruptura da barragem.

3.2.1. Ruptura de barragem: conceitos básicos e casos


históricos

A ruptura de uma barragem consiste na perda da integridade


estrutural, podendo ocorrer uma liberação incontrolável do conteúdo de
um reservatório, ocasionada pelo colapso da barragem ou parte dela
(BRASIL, 2002). Viseu e Almeida (2001) afirmam que a ruptura pode ser
considerada um acidente tecnológico de baixa frequência, mas com
consequências potenciais muito significativas no vale a jusante. Quando
ocorre a ruptura de uma obra de barramento, as vazões e os níveis
resultantes podem ser muito superiores às máximas naturais no trecho a
jusante do reservatório, atingindo populações antes a salvo das cheias e,
consequentemente, potencializa os danos em função do despreparo destas
regiões (COLLISCHONN; TUCCI 1997). De acordo com Almeida
(2002), a ordem de grandeza da probabilidade de ruptura, por ano, de uma
barragem é de 0,000001.
Mascarenhas (1990) divide os principais causadores de ruptura
entre dois grupos, aqueles resultantes de causas materiais, como o
galgamento (overtopping) e entubamento (piping) e os resultantes de
falhas humanas, como falhas nos procedimentos operacionais e
terremotos induzidos, podendo ser causadas por eventos isolados ou pela
combinação de mais de um fator.

33
Carmo (2009) complementa esta divisão, através da classificação
da ruptura de acordo com a temporalidade de ocorrência do evento, sendo
elas:
 Ruptura total e rápida (ou instantânea);
 Ruptura parcial e usualmente rápida;
 Ruptura parcial e lenta.

Um dos primeiros acidentes com barragens de que se tem registro


ocorreu há aproximadamente 3000 anos antes de Cristo em Wadi el-
Garawi, no Egito. Com 11 metros de altura e 107 metros de comprimento,
a barragem Sadd el-Kafara foi construída com a intenção de realizar o
represamento de água para os trabalhadores de pedreiras localizadas nas
proximidades. Entretanto, acredita-se que não foi construído um
vertedouro para que fosse possível a liberação do fluxo em períodos de
grande precipitação. Desta forma, logo após o término da construção a
estrutura sofreu galgamento em função de um evento de cheia (JANSEN,
1983).
Ainda de acordo com Jansen (1983), entre os anos de 1900 e 1980
ocorreram cerca de 200 acidentes envolvendo ruptura de barragens, o que
causou um total aproximado de cerca 8000 mortes, além de prejuízos
econômicos de grande ordem.
Durante o século 20, diversos acidentes com barragens foram
registrados, como por exemplo o rompimento da Barragem Malpasset no
ano de 1959 (Figura 3.2), ocasionado devido à natureza geológica da área.
Este acidente culminou com um total de 421 mortes. As marcas deixadas
pela onda de cheia mostraram que o nível d’água foi elevado mais de 20
metros em relação ao nível normal do rio Le Reyan.

Figura 3.2 - Barragem de Malpasset antes e depois da ruptura.

FONTE: DUFFAUT (2013)

Quatro anos depois, em 1963, a Barragem de Vajont, na Itália, foi


o local de outro acidente de grandes proporções (Figura 3.3). Apesar de
34
não ter ocorrido o colapso da estrutura, a onda de cheia, resultante de um
deslizamento de terra de aproximadamente 270 milhões de metros
cúbicos, ultrapassou em mais de 100 metros a altura da crista da
barragem, destruindo quase que inteiramente a cidade de Longarone,
localizada logo a jusante da estrutura e atingindo os demais vilarejos
próximos. Mais de 2000 pessoas perderam a vida neste desastre, que ficou
conhecido como a maior tragédia dos anos 60 (HENDRON e PATTON,
1985).

Figura 3.3 - Barragem de Valmont após a passagem da onda de cheia

FONTE: ANNOVI (2007) apud BALBI (2008)

No Brasil, o pior acidente ocorrido com barragens foi a ruptura do


açude de Orós, no Ceará, em 1960 (VERÓL, 2010). Em função de um
evento hidrológico, em que a precipitação foi superior a 635 mm em
menos de uma semana, houve a formação de uma brecha na estrutura,
ocasionando um galgamento. As estruturas de proteção não foram
erguidas em tempo suficiente e, como resultado, formou-se uma brecha
de 201 metros de largura. A onda de cheia destruiu o vale a jusante e se
estendeu por cerca de 338 quilômetros, atingindo o Oceano Atlântico
(MASCARENHAS, 1990). A vazão de pico foi estimada em 9.600 m³/s
por volta de 90% do reservatório foi esvaziado (LAURIANO, 2009).
Aproximadamente 1000 pessoas morreram em função deste acidente

35
(MCCULLY, 2001 apud VERÓL, 2010). A Figura 3.4 apresenta a
barragem de Orós após a reconstrução.

Figura 3.4 - Barragem de Orós após a reconstrução

FONTE: CBDB (1992) apud LAURIANO (2009).

Outro exemplo é o rompimento da barragem Camará, na Paraíba,


que rompeu devido a problemas na rocha de fundação da ombreira
esquerda (Figura 3.5), dando origem a um orifício que liberou para jusante
cerca de 17 hm³ (MENESCAL; VIEIRA; OLIVEIRA, 2005 apud BALBI,
2008). O rompimento provocou cinco vítimas fatais e deixou mais de três
mil desabrigados entre os municípios de Alagoa Grande e Mulungu
(VALENCIO, 2006).

36
Figura 3.5 - Orifício que provocou o esvaziamento do reservatório.

FONTE: BARBOSA et al. (2004) apud BALBI (2008).

Em Santa Catarina, durante a etapa de enchimento da UHE


Campos Novos, localizada no rio Canoas, um acidente no túnel de desvio,
que deveria estar lacrado, provocou o esvaziamento do reservatório em
dois dias. Com o rebaixamento do lago, foi observado um conjunto de
trincas, cuja forma e magnitude ainda não haviam sido detectadas
(SOBRINHO et al. 2007). A Figura 3.6 apresenta a vista aérea da UHE
após o acidente, é possível observar as trincas supracitadas.
A abertura súbita do túnel provocou a liberação de uma vazão
inicial de cerca de 4000 m³/s, equivalente a cheia com tempo de retorno
de 10 anos. Felizmente, não houve nenhum dano pessoal ou material a
jusante. (XAVIER; CORREA, 2008).

37
Figura 3.6 - Imagem aérea da UHE Campos Novos após o acidente.

FONTE: FILHO (2011).

De acordo com Peck (1984) apud Menescal (2005), provavelmente


9 entre 10 rupturas ocorrem por negligências que poderiam ter sido
evitadas, por falta de comunicação entre pessoal envolvido no projeto e
na construção ou em função de interpretações excessivamente otimistas
das condições geológicas. Desta forma, torna-se essencial a necessidade
de fiscalização destas estruturas, estabelecendo leis que regulamentam
sua construção e operação de acordo com boas práticas de engenharia
(VERÓL; MIGUEZ; MASCARENHAS, 2012).

3.2.2. Legislação de segurança de barragens: uma visão a nível


mundial e a situação no Brasil

Em diversos países, os desastres causados por rupturas de


barragens serviram de motivação para que se desenvolvessem leis,
normas e regulamentações destinadas a garantir a segurança não apenas
da estrutura, mas também do vale (BALBI, 2008). Além disso, fatores
como o envelhecimento de algumas barragens e o desenvolvimento de
tecnologias relacionadas com seu projeto, construção e operação também
serviram de estímulo para o estabelecimento de leis que contemplem sua
38
segurança (MENESCAL, 2009 apud VERÓL; MIGUEZ;
MASCARENHAS, 2012).
Segundo Balbi (2008), a legislação de segurança de barragens de
qualquer país leva em conta as características estruturais das barragens e
a sua capacidade de provocar danos, econômicos, ambientais ou à
população a jusante. Estes critérios qualificam quanto a obrigatoriedade
de elaboração dos Planos de Ação Emergencial.
A partir dos anos 70, o ICOLD passou a investir fortemente em um
programa de segurança de barragens em nível mundial. Dentre os países
que possuem legislações específicas sobre o assunto, os principais
referenciais são Canadá, Estados Unidos e Austrália. Além destes países,
existem outras referências, como a União Europeia (EU), Banco Mundial,
a Comissão Mundial de Barragens (CMB) e o próprio ICOLD, que podem
servir de exemplo para países que ainda não possuem algum tipo de
regulamentação. (VERÓL, 2010).
No Brasil, em 2010 ,foi sancionada a Lei nº 12.334, que estabelece
a Política Nacional de Segurança de Barragens (PNSB) e cria o Sistema
Nacional de Informações sobre Segurança de Barragens (SNISB). De
acordo com o Art. 1º, esta Lei aplica-se a barragens destinadas à
acumulação de água para quaisquer usos, à disposição final ou temporária
de rejeitos e à acumulação de resíduos industriais que apresentem pelo
menos uma das seguintes características:
I – altura do maciço, contada do ponto mais baixo da fundação à
crista, maior ou igual a 15m (quinze metros);
II – capacidade total do reservatório maior ou igual a 3.000.000 m³
(três milhões de metros cúbicos);
III – reservatório que contenha resíduos perigosos conforme
normas técnicas aplicáveis;
IV – categoria de dano potencial associado, médio ou alto, termos
econômicos, sociais ou ambientais ou perda de vidas humanas, conforme
definido no art. 6º.
A classificação quanto ao dano potencial associado foi feita a partir
da publicação da Resolução nº 143, de Julho de 2012 do Conselho
Nacional de Recursos Hídricos, que em seu Art. 5º definiu os critérios
gerias a serem utilizados para a classificação como sendo:
I – existência de população a jusante com potencial de perda de
vidas humanas;
II – existência de unidades habitacionais ou equipamentos urbanos
ou comunitários;
III – existência de infraestrutura ou serviços;
IV - existência de equipamentos de serviços públicos essenciais;
39
V – existência de áreas protegidas definidas em legislação;
VI – natureza dos rejeitos ou resíduos armazenados; e
VII – volume.
A Lei determina ainda a responsabilidade pela segurança de
barragem, atribuindo-a ao empreendedor “cabendo-lhe o
desenvolvimento de ações para garanti-la.”.
Com relação aos instrumentos previstos segundo o art. 6º, dois são
de interesse para este trabalho: o sistema de classificação de barragens por
categoria de risco e por dano potencial associado e o Plano de Segurança
de Barragem, contido neste último instrumento o Plano de Ação
Emergencial, um dos focos deste trabalho.

3.2.3. Plano de Ação Emergencial: conceitos básicos e situação


no cenário atual brasileiro

O Plano de Ação Emergencial (PAE) é o documento que consolida


o plano de ação em caso de emergência, de forma a identificar os
procedimentos e processos que serão seguidos pelos operadores de
barragens e pelas autoridades públicas em situação de emergência
(VERÓL; MIGUEZ; MASCARENHAS, 2012). Além dos procedimentos
a serem tomados em situações adversas, Uemura (2009) inclui entre os
conteúdos mínimos de um PAE uma relação que contém as pessoas e/ou
órgãos envolvidos (lista de notificações) e os mapas de inundação, com
os tempos de chegada da onda de enchente.
Rodrigues et al. (2012) afirma que a realização de um plano de
emergência requer três fases. A primeira é a mitigação do risco,
considerada a aplicação de técnicas adequadas e princípios de gestão para
reduzir a probabilidade de uma ocorrência adversa e/ou suas
consequências. Esta fase apenas pode ser alcançada com a participação
dos variados setores da sociedade. A segunda etapa consiste na resposta
adequada aos procedimentos constantes no plano de emergência. Por fim
a fase de recuperação do desastre, que implica em um conjunto de
medidas que visam a avaliação e reparação dos danos.
Segundo o art. 12 da Lei nº 12.334, o PAE deve conter no mínimo
quatro requisitos básicos, sendo eles:
I – identificação e análise das possíveis situações de emergência;
II – procedimentos para identificação e notificação de mau
funcionamento ou de condições potenciais de ruptura da barragem;
III – procedimentos preventivos e corretivos a serem adotados em
situações de emergência, com indicação do responsável pela ação;

40
IV – estratégia e meio de divulgação e alerta para as comunidades
potencialmente afetadas em situação de emergência.
Para devida orientação durante a construção do Plano de Ação
Emergencial, o Manual de Segurança e Inspeção de Barragens
(MINISTÉRIO DA INTEGRAÇÃO NACIONAL, 2002) possui um
modelo que engloba todas as obrigações constantes na Lei nº 12.334, de
maneira a exemplificar as etapas de desenvolvimento do PAE, ações para
diferentes tipos de acidente, medidas de ação preventiva e atribuição de
responsabilidades. Ainda segundo o Plano, é necessária a realização de
mapas de inundação, onde serão apresentadas as áreas que serão
inundadas e o respectivo tempo de chegada da onda de cheia até essas
áreas, de forma a facilitar a execução dos planos de evacuação.
No ano de 2012 a Agência Nacional de Águas publicou a
Resolução nº 91, que estabelece a periodicidade de atualização, a
qualificação do responsável técnico, o conteúdo mínimo e o nível de
detalhamento, tanto do Plano de Segurança de Barragem, quanto da
Revisão Periódica (ANA, 2012). Além de regulamentar a Lei nº 12.334,
a Resolução é mais restritiva, uma vez que exige a elaboração de Planos
de Segurança de Barragem mesmo em empreendimentos de baixo risco e
dano potencial associado.

SIMULAÇÃO HIDRODINÂMICA: CONCEITOS BÁSICOS


E APRESENTAÇÃO DO MODELO

A modelagem matemática é uma importante ferramenta de


planejamento e apoio à segurança de barragens, uma vez que permite a
simulação da ruptura hipotética de uma estrutura de barramento e a
propagação da onda decorrente do acidente (VERÓL, 2010). Modelos
hidrodinâmicos aplicam equações da continuidade e da conservação da
quantidade de movimento, que regem a onda de cheia resultante do
colapso de uma barragem, descrevendo a variação do fluxo ao longo do
canal (KATOPODES E SCHAMBER, 1983).
O objetivo de se utilizar modelos hidrodinâmicos de propagação
de um hidrograma de ruptura é simular o movimento da onda de cheia ao
longo do vale a jusante da barragem (LAURIANO, 2009), no intuito de
avaliar os impactos produzidos pela onda e o potencial risco associado a
este evento.
Morris (2000) define as seguintes informações como resultados
essenciais que o modelo deve fornecer para qualquer ponto de interesse
dentro da área atingida pela onda de cheia:
 Tempo de chegada da onda de ruptura;
41
 Nível máximo de água;
 Tempo até que se atinja este nível máximo;
 Profundidade e velocidade da onda de cheia;
 Duração da inundação.
A precisão da resposta fornecida varia de acordo com a opção de
modelo escolhido, sendo divididos em modelos simplificados,
hidrológicos, hidrodinâmicos unidimensionais (1D), hidrodinâmicos
quasi-bidimensionais (quasi-2D), hidrodinâmicos bidimensionais (2D) e,
finalmente, os modelos hidrodinâmicos tridimensionais (3D) (VERÓL;
MIGUEZ; MASCARENHAS, 2012).
Mascarenhas (1990) afirma que, além da simplificação nos
cálculos, a admissão da hipótese de ruptura total e instantânea favorece a
segurança. Desta forma, ao tratar-se de um evento em que se pode atingir
proporções catastróficas, como o rompimento de barragens, aconselha-se
a adoção de posturas conservativas (VERÓL, 2010). Lança (2001) afirma
ainda que em estudos comparativos entre modelos unidimensionais e
bidimensionais, verifica-se que a onda de cheia propaga-se com maior
velocidade e menor amortecimento em modelos 1D, conduzindo a
cenários mais catastróficos do que realmente se verifica.

3.3.1. HEC-RAS

Para barragens em concreto, como a que será tema deste estudo,


utiliza-se com frequência a ruptura instantânea (BRASIL, 2005). Desta
forma, para que seja atingido o cenário mais catastrófico para análise de
risco, escolheu-se o modelo numérico unidimensional HEC-RAS (River
Analysis System), desenvolvido pelo Centro de Engenharia Hidrológica
(Hydrological Engineering Center) do Corpo de Engenheiros do Exército
dos Estados Unidos (USACE – United States Army Corp of Engineers).
O programa possui uma série de aplicações, como a simulação de
transporte de sedimentos, modelação de temperatura da água e, desde o
ano de 2003, simulação de ruptura de barragens (HU; WALTON, 2008
apud VERÓL; MIGUEZ; MASCARENHAS, 2012). É possível realizar
a evolução da ruptura a partir de erosão interna (piping) ou por
galgamento (overtopping), principais causas de rupturas em estruturas
desta natureza (SERAFIM, 1981 apud SANTOS; FRANCA; ALMEIDA,
2007).
As equações que governam o modelo hidrodinâmico HEC-RAS
são as equações unidimensionais originais de fluxo não permanente em
leitos fluviais, desenvolvidas por Adhémar Jean Claude Barre de Saint-
42
Venant e publicadas em 1870 (LAURIANO, 2009). De acordo com
Chaudhry (1993) apud Lauriano et al. (2009), as equações de Saint-
Venant, quando trabalhadas sob o aspecto unidimensional, como no
modelo em questão, podem ser descritas pelas equações de Conservação
da Massa (1) e Conservação da Quantidade de Movimento (2),
apresentadas abaixo:
𝜕ℎ 𝜕ℎ 𝜕𝑢
+𝑢 +ℎ =0 (1)
𝜕𝑡 𝜕𝑥 𝜕𝑥
𝜕𝑢 𝜕𝑢 𝜕ℎ
+𝑢 +𝑔 = 𝑔(𝑆0 − 𝑆𝑓 ) (2)
𝜕𝑡 𝜕𝑥 𝜕𝑥

onde:
t = variável independente relativa ao tempo (s);
x = variável independente relativa à direção do escoamento (m);
u = velocidade média do escoamento (m/s);
g = aceleração da gravidade (m/s²);
h = espessura da lâmina líquida (m);
S0= declividade média da calha fluvial ou do fundo do canal (m/m); e
Sf= declividade média da linha de energia (m/m), equivalente ao termo
de perda de carga unitária por atrito.
Além de tratar o escoamento de forma unidimensional, aplicar as
equações (1) e (2) ainda traz outras hipóteses simplificadoras, como a
distribuição hidrostática de pressões, que assume a inexistência de
componentes de aceleração no sentido longitudinal. Neste caso,
Mascarenhas (1990) afirma que em situações de escoamento em que haja
um ressalto hidráulico negativo, cria-se uma região com fortes
acelerações verticais, invalidando a hipótese em questão.
Lauriano et al. (2009) cita ainda a perda de carga estimada pela
equação de Manning, a declividade do fundo do canal pequena, o fato do
fluido se tratado como incompressível e homogêneo (massa específica
constante) e a criação de um perfil uniforme de velocidade na seção
transversal do canal, como hipóteses simplificadoras da aplicação das
equações (1) e (2) no estudo da propagação de uma onda de cheia
proveniente da ruptura de uma barragem.

AVALIAÇÃO DO RISCO: ASPECTOS GERAIS

A avaliação do risco pode ser definida como o processo de decidir


se os riscos existentes são toleráveis e se as medidas de controle de risco
apresentadas são adequadas (LAURIANO, 2009). Esta definição é
complementada por aquela dada por Almeida (2002), que afirma que a

43
avaliação do risco associado à segurança de barragens é um processo
destinado a identificar, simultaneamente, a extensão e a possibilidade das
consequências associadas a acidentes de barragens ou de seus
componentes.
De maneira geral, o risco ao vale a jusante de barragens pode ser
calculado como a probabilidade de ocorrência de um evento adverso
(PEVENTO), como uma cheia extraordinária, por exemplo, combinada com
a probabilidade de ruptura dada a ocorrência deste evento
(PRUPTURA/EVENTO). Assim, no caso específico de barragens, a
quantificação do risco é expressa pela equação (3) (VISEU; ALMEIDA,
2011).
𝑅𝑉𝐴𝐿𝐸 = 𝑃𝐸𝑉𝐸𝑁𝑇𝑂 𝑥 𝑃𝑅𝑈𝑃𝑇𝑈𝑅𝐴 𝑥 𝐶𝑜𝑛𝑠𝑒𝑞𝑢ê𝑛𝑐𝑖𝑎𝑠 𝑑𝑎 𝑟𝑢𝑝𝑡𝑢𝑟𝑎 (3)
𝐸𝑉𝐸𝑁𝑇𝑂

As consequências da ruptura dependem basicamente do grau de


perigo associado à cheia, do grau de exposição e da susceptibilidade à
destruição ao qual estão sujeitos os indivíduos e os bens a jusante.
(VISEU; ALMEIDA, 2011).
No Brasil, a classificação de barragens quanto à categoria de risco
e ao dano potencial associado fica a cargo do Conselho Nacional de
Recursos Hídricos, que, através da Resolução Nº 143 de 2012, apresenta
os diferentes aspectos, parâmetros e as respectivas pontuações a serem
contabilizadas para o cálculo do risco, com vistas a enquadrar a barragem
entre as categorias alto, médio ou baixo risco e dano potencial associado
de acordo com a condição atual da estrutura.
Para barragens de contenção de água, a Resolução Nº 143 do
CNRH classifica o risco de acordo com as características técnicas (CT)
da estrutura, sendo elas:
 Altura;
 Comprimento;
 Tipo de barragem quanto ao material de construção;
 Tipo de fundação;
 Idade da barragem;
 Vazão de projeto.
Além das características técnicas, ainda são levados em conta o
Estado de Conservação da Barragem (EC) e o Plano de Segurança de
Barragem (PS), porém, ambos não serão abordados neste trabalho, visto
que a barragem em questão ainda não foi construída.
Já para a classificação de dano potencial associado, os parâmetros
estabelecidos são:
 Volume total do reservatório;
44
 Potencial de perdas de vidas humanas;
 Impacto ambiental;
 Impacto socioeconômico.
O Quadro 3.1 apresenta a classificação utilizada pelos órgãos
fiscalizadores, contendo a síntese dos parâmetros, conforme preconizado
pela Resolução Nº 143.

Quadro 3.1 - Classificação das barragens de acumulação de água


CATEGORIA DE RISCO Pontos
1 Características Técnicas (CT) -
2 Estado de Conservação (EC) -
3 Plano de Segurança de Barragens (PS) -
PONTUAÇÃO TOTAL (CRI) = CT + EC + PS -

CATEGORIAS CRI
DE RISCO
Faixas de ALTO ≥ 60 OU EC* ≥ 8
Classificação (*)
MÉDIO 35 a 60
BAIXO ≤ 35
(*) Pontuação maior ou igual a 8 em qualquer coluna de Estado de Conservação
(EC) implica automaticamente CATEGORIA DE RISCO ALTA e necessidade de
providências imediatas pelo responsável da barragem

DANO POTENCIAL ASSOCIADO Pontos


ALTO ≥ 16
Faixas de Classificação MÉDIO 10 < DPA < 16
BAIXO ≤ 10

RESULTADO FINAL DA AVALIAÇÃO


CATEGORIA DE RISCO Alto / Médio / Baixo
DANO POTENCIAL ASSOCIADO Alto / Médio / Baixo
Fonte: Adaptado de CNRH (2012).

Independentemente da definição ou da metodologia que se adote


para análise de risco, cada indivíduo ou comunidade possui uma noção
subjetiva sobre o tema. Desta forma, a avaliação da percepção é uma
questão mais relacionada a psicologia social e necessita de trabalhos de
campo para que se tenha clara ideia de como os habitantes encaram o
risco. Esta avaliação é crucial para a preparação de medidas de segurança,
divulgação de planos de emergência e demais componentes que
dependem da resposta direta da população em eventuais situações de crise
(ALMEIDA, 2002).
45
46
4. MATERIAIS E MÉTODOS

DESCRIÇÃO DA ÁREA DE ESTUDO

A barragem tema deste estudo é parte estrutural da PCH Águas de


Ouro, prevista para ser instalada na bacia do Rio do Peixe, mais
precisamente na divisa entre os municípios de Ouro e Capinzal, região
oeste do Estado de Santa Catarina (Figura 4.3). A barragem será
construída com base em concreto armado e vertedor soleira livre,
dimensionado para suportar uma cheia de projeto com tempo de retorno
de 1000 anos.
A potência instalada é de 10,70 MW e a área alagada prevista é de
55,45 ha, sendo que destes, 43,26 ha referem-se à própria calha do rio, o
que gera uma área alagada efetiva de 12,19 ha. Atualmente a PCH
encontra-se com o Projeto Básico com aceite (ANEEL, 2015) e está em
processo de licenciamento na FATMA.

Figura 4.1 - Arranjo ilustrativo da PCH Águas de Ouro

FONTE: Design Head Engenharia e Construtora LTDA. (2012).

47
Figura 4.2 – Perspectiva da barragem da PCH Águas de Ouro

FONTE: Design Head Engenharia e Construtora LTDA. (2012).

48
Figura 4.3 - Localização da PCH Águas de Ouro

A região da bacia hidrográfica do rio do Peixe é constituída em


grande parte de atividades agropecuárias e de reflorestamento
(SPINELLI; MENDONÇA; BONETTI, 2012). De acordo com Lindner
(2007), as manchas urbanas na bacia apresentam um valor médio de cerca
de apenas 1,6% da área total. Porém, devido a concentração da ocupação
ser próxima às margens, a região é frequentemente atingida por eventos
de inundação.
Segundo dados da Defesa Civil de Santa Catarina, nos últimos 10
anos os municípios de Ouro e Capinzal declararam situação de
emergência em função de eventos de chuva intensa 8 vezes (SANTA
CATARINA, 2014). Desta forma, fica evidenciada a fragilidade destes
municípios frente as mais sensíveis elevações do nível natural do rio, seja
em razão de eventos de chuva intensa ou mesmo em condições atípicas,
como a eventual ruptura de uma barragem, o que torna essencial um

49
sistema de emergência eficiente, visando a mitigação dos impactos de
ordem social e econômica.

DADOS HIDROLÓGICOS

A modelagem hidrológica objetiva a definição das vazões


máximas em diferentes pontos da bacia para os tempos de retorno e
cenários pré-determinados. De forma a possibilitar a obtenção destes
dados, é necessário que se tenha o histórico das vazões. A fonte de
obtenção da série histórica utilizada foi a Agência Nacional de Águas por
meio da plataforma Hidroweb.
Dentre as estações fluviométricas localizadas nas proximidades do
empreendimento, a que apresenta uma série de dados maior é a Estação
Fluviométrica Rio Uruguai (72980000) de responsabilidade da Agência
Nacional de Águas. A Estação, localizada no município de Piratuba,
possui o registro de vazões entre os anos de 1940 e 2000. Além disso, a
área de drenagem correspondente é de 5114 km², valor próximo ao da
PCH Águas de Ouro, de 4842 km².

50
Figura 4.4 - Localização da Estação fluviométrica Rio Uruguai

Em posse dos dados do Hidroweb e da delimitação da área de


drenagem correspondente à PCH Águas de Ouro, apresentada na Figura
4.5, foi realizado o estudo de regionalização de vazões, em que as vazões
foram transferidas da estação Rio Uruguai para o eixo do barramento.
Esta regionalização foi feita por meio da relação de áreas de drenagem,
uma vez que estas não diferem em muito e ambas estão localizadas na
bacia do Rio do Peixe.
As vazões máximas de interesse para este trabalho são:
• QTR2: vazão que é igualada ou superada ao menos uma vez em
um intervalo de 2 anos;
• QTR1000: constitui o cenário crítico, é a vazão utilizada para o
dimensionamento das estruturas hidráulicas, como o vertedouro, e

51
corresponde à vazão igualada ou superada pelo menos uma vez em um
intervalo de 1000 anos.
Para a obtenção das vazões máximas, foram utilizadas as máximas
vazões anuais do registro histórico de dados. Esta opção tem como
justificativa elevar a vazão obtida na distribuição de Gumbel e,
consequentemente, aumentar o fator de segurança.
Além das vazões máximas, foi calculada a vazão média de longo
termo (QMLT), ou seja, a média de todas as vazões registradas no rio no
período em que há observações, de forma a representar estatisticamente a
condição média do rio.

Figura 4.5 – Área de drenagem da PCH Águas de Ouro

As vazões de referência foram calculadas por meio da distribuição


de Gumbel, e são apresentadas na Tabela 4.1.

52
Tabela 4.1 - Vazões de referência
Valor calculado para a Vazão corrigida para a área
Vazão de
Estação Rio Uruguai drenagem da PCH Águas de Ouro
referência
(m³/s) (m³/s)
QMLT 119,14 112,80
QTR2 1403,15 1328,52
QTR1000 5347,35 5062,94

BASE CARTOGRÁFICA E GEOMETRIA DO MODELO

A base cartográfica que abrange a região adjacente à barragem foi


fornecida pela empresa Engera – Engenharia e Gerenciamento de
Recursos Ambientais. O levantamento foi realizado em escala 1:2.000 e
possui curvas de nível mestras e secundárias com intervalos de um metro.
A Figura 4.6 apresenta a condição topográfica no local a jusante do
barramento.

Figura 4.6 - Condição topográfica a jusante do barramento.

O modelo hidráulico utilizado neste trabalho foi fornecido pela


mesma empresa supracitada. São 74 seções topobatimétricas transversais
que se estendem desde a região a montante do empreendimento,
abrangendo a área urbana dos municípios de Ouro e Capinzal, até
aproximadamente 7,5 km a jusante da estrutura de barramento da PCH
Águas de Ouro (Figura 4.7).

53
Figura 4.7 - Distribuição das seções topobatimétricas

Na região da calha do rio, os dados da base cartográfica foram


manipulados de acordo com o levantamento das seções topobatimétricas,
por apresentarem maior precisão. Assim, foi possível representar de
forma mais real a condição topográfica local.
Já para o restante da área, foram utilizadas cartas topográficas da
Mapoteca Topográfica Digital de Santa Catarina (EPAGRI/IBGE, 2004)
em escala 1:50.000.
A utilização de uma base cartográfica mais precisa na área
diretamente afetada é justificada pelo nível de detalhamento esperado
para esta região. O uso de bases com escalas muito menores, como é o
caso daquela fornecida pela EPAGRI, tende a interferir diretamente no
resultado do estudo, sendo assim, as curvas de nível em resolução
1:50.000 serão utilizadas apenas para a representação do restante da área
de interesse.

54
COTA x VOLUME

Os dados de cota x volume foram levantados a partir dos dados


topográficos e, a curva resultante deste cruzamento exprime os dados
geométricos do reservatório. Os dados são apresentados na Tabela 4.2, já
a curva resultante é demonstrada na Figura 4.8.

Tabela 4.2 - Cota x Volume do reservatório


Cota Volume total (x106 m³)
434 0,000
435 0,115
436 0,320
437 0,557
438 0,831
439 1,177
440 1,626
441 2,210
442 2,857
443 3,628
444 4,462
445 5,367
446 6,409
447 7,621
448 9,001
449 10,539
450 12,272

55
Figura 4.8 - Curva cota x volume do reservatório

USO E OCUPAÇÃO DO SOLO

Para elaboração do mapa de uso e ocupação do solo, foi utilizada


a ortofoto de alta resolução fornecida pela empresa Engera, somada à
pesquisa em dados secundários acerca do padrão de uso da região em
análise. A classificação foi feita de forma manual em escala 1:2.000.
O levantamento da cobertura e do uso do solo indica a distribuição
geográfica de acordo com a tipologia de uso, identificada por meio de
padrões homogêneos de uso e ocupação do solo, permitindo o
agrupamento destes padrões em diferentes classes (IBGE, 2013).
As classes de uso e ocupação do solo foram agrupadas segundo as
seguintes categorias temáticas:
 Acessos: vias destinadas ao tráfego de veículos, pessoas
ou animais;
 Áreas construídas: consiste em áreas urbanizadas ou
edificações retiradas;
 Corpo d’água: corpos hídricos de natureza lótica, como
rios, córregos e ribeirões e lêntica, como lagos e lagoas.
 Cultivo agrícola: são áreas destinadas a culturas
temporárias ou permanentes.
 Pastagem: área destinada ao apascentamento de rebanhos,
podendo ser natural (pasto sujo), nativa ou cultivada.

56
 Silvicultura: locais destinados ao cultivo agroflorestal ou
reflorestamento;
 Solo exposto: áreas desprovidas de cobertura vegetal.
 Vegetação arbórea: áreas cobertas por vegetação de porte
arbóreo;
 Vegetação rasteira: locais naturalmente recobertos por
vegetação rasteira e/ou arbustiva;

O mapeamento foi realizado na área a jusante do barramento, em


um buffer de aproximadamente 200 metros a partir do corpo hídrico, com
o intuito de analisar a influência da mancha de inundação na cobertura do
solo.
Como é possível observar nas Figura 4.9 e Figura 4.10, a região é
predominantemente coberta por vegetação arbórea com 37,5% da área
total, seguida da vegetação rasteira (22,9%), pastagens e cultivo agrícola
somados totalizam 18,9%, os corpos d’água, representados pelo próprio
rio do Peixe, afluentes e lagos naturais ou artificiais somam 15,2% e, o
restante da área é composto por solo exposto (1,3%), acessos (3,2%),
silvicultura (0,4%) e apenas 0,5% da área é ocupada por edificações.

Figura 4.9 - Uso e ocupação do solo na área diretamente afetada

Com base nos dados de uso e ocupação do solo, percebe-se que a


região em questão é predominantemente rural, com poucas edificações no
entorno do rio do Peixe.

57
Figura 4.10 - Uso e cobertura do solo na área diretamente afetada.

CLASSIFICAÇÃO DO RISCO E DANO POTENCIAL


ASSOCIADO

O cruzamento dos dados de uso e ocupação do solo com a mancha


de inundação resultante da simulação feita por meio do modelo HEC-
RAS, somados ao volume total do reservatório, fornecido pela empresa
Engera, possibilitou estimar a potencial perda de vidas humanas, o
impacto ambiental e o impacto socioeconômico resultantes da ruptura da
barragem, informações estas necessárias para que seja feita a classificação
do dano potencial associado, conforme critérios gerais de classificação de
barragens da Resolução nº 143, de julho de 2012 do Conselho Nacional
de Recursos Hídricos (Quadro 4.1).

58
Quadro 4.1 - Classificação quanto ao dano potencial associado - DPA
(Acumulação de água)
Volume total
do Potencial de perdas de vidas Impacto
Impacto Ambiental (c)
Reservatório humanas (b) socioeconômico (d)
(a)
SIGNIFICATIVO
(Área afetada da
INEXISTENTE
INEXISTENTE barragem não representa
(Não existem
(Não existem pessoas área de interesse
PEQUENO quaisquer instalações
permanentes/residentes ou ambiental, áreas
≤ a 5 milhões e serviços de
temporárias/transitando na protegidas em legislação
m³ navegação na área
área afetada a jusante da específica ou encontra-
(1) afetada por acidente
barragem) se totalmente
da barragem)
(0) descaracterizada de suas
(0)
condições naturais)
(3)
BAIXO
(Existe pequena
MUITO concentração de
POUCO FREQUENTE
SIGNIFICATIVO instalações
(Não existem pessoas
(Área afetada da residenciais e
MÉDIO ocupando permanentemente a
barragem apresenta comerciais, agrícolas,
5 milhões a 75 área afetada a jusante da
interesse ambiental industriais ou de
milhões m³ (2) barragem, mas existe estrada
relevante ou protegida infraestrutura na área
vicinal de uso local)
em legislação específica) afetada da barragem
(4)
(5) ou instalações
portuárias ou serviços
de navegação) (4)
ALTO
(Existe grande
FREQUENTE
concentração de
(Não existem pessoas
instalações
ocupando permanentemente a
residenciais e
área afetada a jusante da
comerciais, agrícolas,
GRANDE barragem, mas existe rodovia
industriais, de
75 milhões a municipal, estadual, federal
- infraestrutura e
200 milhões m³ ou outro local e/ou
serviços de lazer e
(3) empreendimento de
turismo na área
permanência eventual de
afetada da barragem
pessoas que poderão ser
ou instalações
atingidas)
portuárias ou serviços
(8)
de navegação
(8)
EXISTENTE
(Existem pessoas ocupando
MUITO
permanentemente a área
GRANDE
afetada a jusante da
> 200 milhões - -
barragem, portanto, vidas

humanas poderão ser
(5)
atingidas)
(12)
Fonte: CNRH (2012).

Já a classificação quanto a categoria de risco foi baseada nas


características técnicas do empreendimento, sendo elas:

59
 Altura da barragem;
 Comprimento;
 Material de construção da barragem;
 Tipo de fundação;
 Idade da barragem;
 Vazão de projeto.

APLICAÇÃO DO MODELO HEC-RAS

4.7.1. Determinação dos cenários de ruptura

Para avaliar as diferentes respostas da área a jusante à ruptura da


barragem, foram determinados dois cenários. Em ambos a ruptura é
considerada total e instantânea, ocorrendo a formação completa da brecha
em um minuto.
No cenário 1, foi considerado um evento de cheia extremo e, para
tal, foi utilizada uma vazão com tempo de retorno de 1000 anos, vazão
esta utilizada para o dimensionamento do trecho vertedor da barragem. O
hidrograma apresentado na Figura 4.11 foi construído a partir do método
do hidrograma unitário triangular. O colapso da estrutura ocorre no
momento do pico de vazão, de 5062,94 m³/s.

60
Figura 4.11 - Hidrograma inserido no Cenário 1, com Tempo de Retorno de
1000 anos

Já no cenário 2, foi considerada a ruptura em um dia seco (sunny


day dam failure). Para este cenário, foi utilizada a vazão média de longo
termo (Qmlt) do rio do Peixe. Para fins de estabilidade do modelo, como
condição de contorno de montante foi considerado um hidrograma de
vazões com tempo de retorno de 2 anos, porém, a análise é restrita ao
período de passagem da onda de cheia resultante da ruptura da barragem.

4.7.2. Calibração do modelo

A calibração foi feita por meio da comparação entre a curva-chave


da Estação Rio Uruguai (72980000) e aquela gerada pelo modelo.
Para elaboração da relação cota x vazão, foram escolhidas as
medições feitas entre os anos de 1995 e 2000, por se tratar do período
mais recente da série histórica e por não haver falhas a serem preenchidas
nos dados. A Figura 4.12 apresenta a curva-chave resultante da Estação
Rio Uruguai.

61
Figura 4.12 - Curva-chave da Estação Rio Uruguai

4.7.3. Simulação hidrodinâmica

Após a calibração do modelo, foi realizada a modelagem


hidrodinâmica. Os cálculos foram feitos em regime não permanente de
escoamento, para que fosse possível realizar a simulação da ruptura da
estrutura.
As condições de contorno do modelo foram: a montante os
hidrogramas dos tempos de retorno 2 e 1000 anos, de acordo com cada
cenário modelado e, a jusante, foi utilizada a declividade entre as seções
de montante e jusante, cujo valor calculado foi de 0,001822 m/m.
Concluídas as etapas prévias, foi realizado o plano de ruptura da
barragem. Segundo Lauriano (2009), em barragens de concreto não existe
uma metodologia específica para predizer o crescimento da brecha ao
longo da estrutura da barragem. Optou-se pelos parâmetros definidos pela
Eletrobrás (2003), que afirma que para barragens do tipo gravidade, em
geral a brecha é menor do que a metade do comprimento da crista. Além
disso, a declividade lateral da brecha normalmente é igual a zero e, ainda
de acordo com a mesma metodologia, o tempo de ruptura varia entre 0,1h
e 0,3h.
Para este projeto foi suposta uma ruptura causada por overtopping,
com progressão linear e sem a realização de reparos na estrutura durante
o período simulado. A largura da brecha foi de 136 metros, com

62
declividade zero, conforme o recomendado pela literatura supracitada.
Entretanto, para o tempo de ruptura optou-se por uma situação
catastrófica, onde a completa formação da brecha leva apenas 1 minuto.
A Figura 4.13 apresenta o plano de rompimento inserido no modelo HEC-
RAS.
Figura 4.13 - Plano de ruptura proposto para a PCH Águas de Ouro

4.7.4. Geração da mancha de inundação

Concluídas as simulações, foram exportados os níveis de água


resultantes em diferentes horários para o ArcGIS, um sistema de
informações geográficas (SIG), através da extensão HEC-GEORas,
desenvolvido pelo Centro de Engenharia Hidrológica do Corpo de
Engenheiros do Exército dos Estados Unidos.
Para cada perfil importado, foi realizada a comparação entre os
níveis obtidos na simulação hidrodinâmica e a superfície do terreno. Para
isso, aplicou-se uma sequência de ferramentas, conforme apresentado na
Figura 4.14, onde as elipses azuis correspondem aos dados de entrada, os
retângulos amarelos são as ferramentas utilizadas e as elipses verdes, os
dados de saída de cada etapa.

63
Figura 4.14 - Sequência de ferramentas aplicada para obtenção da mancha de
inundação

64
5. RESULTADOS

CALIBRAÇÃO DO MODELO

A simulação para calibração do modelo foi realizada em regime


permanente de escoamento, com vazões que variaram entre 1 e 5062,94
m³/s. A curva-chave foi baseada nos dados de profundidade registrados
na seção 327,5, por apresentar um perfil geométrico mais próximo à seção
transversal da Estação Rio Uruguai.
Conforme apresentado na Figura 5.1, houve boa resposta nas
vazões iniciais, porém, a partir de 500 m³/s foi necessário ajustar o
coeficiente de rugosidade do canal. Ainda assim, em eventos de vazão
mais elevada, o modelo tende a subestimar os valores de cota.
Além de a diferença geométrica e a distância entre as seções
conhecidas interferirem no resultado da calibração, Souza, Collischonn e
Tucci (2007) citam ainda que a não inclusão de contribuições lineares ao
longo do rio, bem como a não consideração de tributários de menor porte
(principalmente pela ausência de dados), podem explicar o valor inferior
calculado pelo modelo.

Figura 5.1 - Comparação entre as curvas-chave da estação e do modelo HEC-


RAS

65
SIMULAÇÃO HIDRODINÂMICA

Após a definição dos cenários a serem simulados e da calibração


do modelo ter sido concluída, foi dado início à simulação da ruptura da
PCH Águas de Ouro.
Para aprimorar a estabilidade e a precisão numérica do modelo,
USACE (2014) recomenda que o intervalo de tempo computacional seja
definido de maneira a satisfazer a Condição de Courant, conforme
apresentado na equação [4].

𝑉𝑤 .∆𝑇
𝐶= ≤1 (4)
∆𝑋

onde:
C = número de courant;
Vw = velocidade da onda;
∆T = passo tempo;
∆x = distância média entre as seções.

Desta forma, foi calculada a condição de Courant utilizando-se a


distância média entre as seções, de 208,25 metros, e a velocidade da onda,
calculada como sendo a média das velocidades máximas multiplicado por
1,5 (USACE, 2014), o que resultou em 5,53 m/s para o cenário 1 e 3,54
m/s para o cenário 2. O intervalo computacional utilizado em ambos os
cenários foi de 20 segundos, fornecendo um número de Courant de 0,53
no cenário 1 e 0,34 no cenário 2, o que satisfaz a condição exigida.
Em ambos os cenários, o período simulado foi de 139 horas, ou
seja, pouco mais de 5 dias. Este tempo foi suficiente para a passagem da
onda de cheia e reestabelecimento das condições normais de vazão do
corpo hídrico.

5.2.1. Cenário 1 – QTR=1000 anos

No cenário 1, a ruptura ocorreu 28 horas após o início da


simulação, coincidindo com a vazão máxima do hidrograma inserido no
modelo, de 5062,94 m³/s.
Com esta configuração, o pico de vazão do hidrograma resultante
foi de 7238,56 m³/s e ocorreu 5 minutos depois do rompimento da
estrutura na seção localizada imediatamente após a barragem. Na seção
mais a jusante do modelo, localizada a 7 km da PCH Águas de Ouro, a
66
vazão máxima foi de 5622,96 m³/s e ocorreu 17 minutos após o momento
da ruptura.
A Figura 5.2 apresenta os hidrogramas de cheia em diferentes
seções do modelo. No gráfico é possível observar a vazão de pico,
caracterizada por uma linha verde no topo do gráfico, pouco acima da
vazão máxima registrada na seção da PCH Águas de Ouro. Além disso, é
possível verificar a amenização da onda de cheia entre as seções próximas
ao ponto de ruptura e àquela localizada a extrema jusante.
O corpo d’água retorna às condições normais de vazão 73 horas
após a ruptura da estrutura.

Figura 5.2 - Hidrograma gerado na simulação de ruptura da PCH Águas de


Ouro – TR 1000

Com relação aos níveis de água, comparou-se a altura da coluna


d’água no início da simulação e no momento do pico de vazão. A variação
média foi de 8,45 metros, sendo a diferença mínima de 1,21 metro, na
seção imediatamente a montante e a máxima de 12,1 metros, na seção
localizada 450 metros a jusante da PCH Águas de Ouro. A Figura 5.3
apresenta a variação do nível da lâmina d’água no momento da simulação
(região preenchida) e cinco minutos após a ruptura (linha superior).

67
Figura 5.3 - Níveis de água no início da simulação (área preenchida) e no
momento do pico de vazão (tracejado)

5.2.2. Cenário 2 – Sunny Day

Conforme descrito no item 4.7.1, no cenário 2 foi proposta uma


ruptura sunny day. Nesta condição, a vazão do rio no momento do
rompimento corresponde à vazão média de longo termo do corpo hídrico,
de 112,8 m³/s.
Neste cenário, a vazão de pico no momento da ruptura foi de
2169,93 m³/s e, assim como no Cenário 1, ocorreu 5 minutos após o
momento da formação da brecha na mesma seção, localizada
imediatamente a jusante da estrutura. Na seção final do modelo, a vazão
máxima foi de 745,95 m³/s e ocorreu 39 minutos após o rompimento.
A Figura 5.4 apresenta os hidrogramas de cheia em diferentes
seções do modelo. Como neste cenário o período analisado é menor, é
possível observar de forma mais precisa o tempo que a onda de cheia leva
para atingir o final do modelo e a dissipação que ela sofre durante este
percurso.
O corpo d’água retorna às condições normais de vazão cerca de 1
hora e meia após a ruptura.

68
Figura 5.4 - Hidrograma gerado na simulação de ruptura da PCH Águas de
Ouro – Sunny day

Assim como no Cenário 1, comparou-se a altura da coluna d’água


no início da simulação e no momento do pico de vazão. Como neste
cenário não ocorre um aumento no nível de água antes da ruptura, a
variação a montante da barragem é negativa, pois ocorre uma
transferência de massa no sentido de jusante. A máxima variação de nível
após a PCH Águas de Ouro ocorreu na mesma seção do cenário anterior,
localizada a 450 metros depois da estrutura de barramento, porém, na
condição atual a elevação foi de 3,41 metros.
A Figura 5.5 apresenta a variação do nível da lâmina d’água no
momento da simulação (região preenchida) e cinco minutos após a
ruptura (linha pontilhada). Já na Figura 5.6 é possível acompanhar a
variação da onda de cheia resultante nos primeiros trinta minutos após a
ruptura.

69
Figura 5.5 - Níveis de água no início da simulação e no momento do pico de vazão

70
Figura 5.6 - Variação do nível de água nos primeiros 30 minutos após a ruptura

71
MANCHAS DE INUNDAÇÃO

5.3.1. Cenário 1 – QTR = 1000 anos

Para o cenário 1, foram analisadas as condições do rio em 4


diferentes horários. A Figura 5.7 apresenta dois momentos opostos: no
primeiro, o corpo hídrico no instante da ruptura (esquerda), com a vazão
do rio sendo aquela calculada para tempo de retorno de 1000 anos e, ao
lado, o corpo hídrico 73 horas após a ruptura, já com a vazão média de
longo termo reestabelecida e a influência da onda de cheia totalmente
dissipada.

Figura 5.7 - Condição do rio no momento da ruptura (esquerda) e 73 horas após


a ruptura (direita)

Já na Figura 5.8, é possível observar o avanço da onda de cheia. A


imagem da esquerda apresenta o pico de vazão, registrado 5 minutos após
o rompimento da PCH Águas de Ouro. O quadro da direita, por sua vez,
72
demonstra a onda de cheia 20 minutos após a ruptura, logo após o pico de
vazão registrado na última sessão do modelo.

Figura 5.8 - Condição do rio no momento do pico de vazão (esquerda) e 20


minutos após a ruptura (direita)

A onda resultante da ruptura da barragem não altera de forma


significativa a condição de jusante, pois a altura da lâmina de água é
elevada em apenas 1,2 metro no momento do pico de vazão. Desta forma,
o impacto mais significativo acaba sendo em razão da própria condição
de cheia em que o corpo hídrico se encontra. A Figura 5.9 apresenta a
condição do rio 5 minutos após a ruptura, juntamente com a topografia do
vale.

73
Figura 5.9 - Condição do rio do Peixe 5 minutos após a ruptura, juntamente com
a condição topográfica do vale a jusante.

5.3.2. Cenário 2 – Sunny Day

Assim como no cenário 1, na ruptura em dia seco foram analisadas


as condições do rio em 4 diferentes horários. A Figura 5.10 apresenta, no
quadro esquerdo, o modelo na condição inicial, antes do rompimento da
PCH Águas de Ouro. Já o quadro ao lado mostra a condição do corpo
hídrico após a completa passagem da onda e, é possível observar a
diminuição considerável no nível do rio na região do reservatório.

74
Figura 5.10 - Condição inicial do rio (esquerda) e após a completa dissipação da
onda de ruptura da PCH Águas de Ouro (direita)

Já na Figura 5.11, pode-se avaliar o avanço da onda de cheia. A


imagem da esquerda apresenta o pico de vazão, registrado 5 minutos após
o rompimento da PCH Águas de Ouro. O quadro da direita, por sua vez,
demonstra a onda de cheia 30 minutos após a ruptura. Como neste cenário
ocorre uma variação de nível de água de até 3,4 metros, graficamente a
alteração ao longo do tempo é mais perceptível.

75
Figura 5.11 - Condição do rio no momento do pico de vazão (esquerda) e 30
minutos após a ruptura (direita)

Mesmo com a alteração mais abrupta da linha d’água em


comparação com o cenário 1, a condição topográfica do vale a jusante
ameniza consideravelmente os efeitos da onda resultante do rompimento.
Na Figura 5.12, é possível perceber que o nível d’água não transcende a
calha do rio e, desta forma, não atinge as vias e estruturas localizadas
próximas à margem do rio do Peixe. A elevação da onda aumenta em 3,4
metros o nível de água no momento do pico de vazão.

76
Figura 5.12 - Condição do rio do Peixe 5 minutos após a ruptura, juntamente
com a condição topográfica do vale a jusante.

CLASSIFICAÇÃO DO RISCO E DANO POTENCIAL


ASSOCIADO

Os dados de uso e ocupação do solo foram cruzados com as


manchas de inundação do cenário 2. Optou-se por avaliar o cenário em
questão para que desta forma seja analisada a influência apenas da onda
de ruptura da PCH Águas de Ouro. Assim, não serão considerados os
impactos provenientes dos efeitos naturais da cheia.
A classificação quanto ao risco é apresentada na Tabela 5.1. A
pontuação total foi de 13 pontos, o que implica em categoria de risco
BAIXO. Cabe destacar que, como o empreendimento segue em fase de
licenciamento, não foram considerados pontos para “Estado de
Conservação” e para o “Plano de Segurança de Barragens”. O plano está
previsto nos Programas Ambientais, de acordo com o estudo de impacto
ambiental apresentado ao órgão ambiental competente, e será executado
de acordo com o estabelecido na Resolução nº 91, de 02 de Abril de 2012,
da Agência Nacional de Águas.

77
Tabela 5.1 - Classificação quanto a categoria de risco da PCH Águas de Ouro.
Características
PCH Águas de Ouro Pontuação
Técnicas
Altura da barragem
10,0 metros 0,0
(a)
Comprimento (b) 192,0 metros 2,0
Material de
construção da Concreto 1,0
barragem (c)
Tipo de fundação (d) Rocha sã 1,0
Idade da barragem
< 5 anos 4,0
(e)
Vazão de projeto (f) Milenar 5,0
∑ (a até f) 13,0

A classificação quanto ao dano potencial associado é apresentada


na Tabela 5.2. A pontuação total foi de 8 pontos, o que implica em
categoria de risco BAIXO. O resultado do cruzamento com as
informações de uso e ocupação do solo demonstrou que não são atingidas
áreas residenciais ou acessos, sendo assim foi considerado que o trânsito
de pessoas na área afetada é pouco frequente.
Com relação ao impacto ambiental, algumas áreas de vegetação
arbórea e rasteira são atingidas, o que classifica o impacto como
significativo. Por fim, o impacto socioeconômico é considerado
inexistente, uma vez que não são atingidas áreas significativas de
pastagem, cultivo agrícola ou áreas edificadas.

Tabela 5.2 - Classificação quanto ao dano potencial associado


Características PCH Águas de Ouro Pontuação
Volume total do
2,15 x106 m³ 1
reservatório (a)
Potencial de perdas
Pouco Frequente 4
de vidas humanas (b)
Impacto ambiental
Significativo 3
(c)
Impacto
Inexistente 0
socioeconômico (d)
∑ (a até f) 8,0

78
6. CONCLUSÕES E RECOMENDAÇÕES

De acordo com a Resolução nº 143, do Conselho Nacional de


Recursos Hídricos, a PCH Águas de Ouro é classificada como sendo de
risco e dano potencial associado baixos, portanto, não se aplica o
estabelecido na Lei nº 12.334, uma vez que esta é utilizada apenas para
empreendimentos de risco e dano potencial associado médio ou alto. No
entanto, segundo a classificação da Resolução nº 91, de 02 de Abril de
2012 da Agência Nacional de Águas, mais restritiva do que a Lei nº
12.334, a PCH é classificada na categoria E, portanto, deve apresentar um
plano de segurança de barragem que contenha as informações gerais,
planos e procedimentos, registros e controles e plano de ação de
emergência, com periodicidade mínima de revisão da segurança da
barragem de 10 anos.
A simulação de rompimento realizada neste trabalho considerou
uma ruptura total e instantânea, com o objetivo de analisar a condição
mais catastrófica possível. Foram considerados dois cenários, um no qual
a ruptura ocorre no momento de um pico de vazão, referente a um
hidrograma com tempo de retorno de 1000 anos, e um segundo cenário
no qual o rompimento ocorre em uma condição de dia seco, de forma a
observar apenas a influência da onda proveniente do reservatório da PCH
Águas de Ouro.
No cenário 1 (QTR1000), concluiu-se que a eventual ruptura da
estrutura não provoca uma elevação considerável no nível d’água, desta
forma, os impactos são mais sentidos em função da própria condição de
cheia, como efeitos naturais de remanso, por exemplo, do que
propriamente pela onda resultante do rompimento. Já no cenário 2 (Sunny
day), a onda de cheia não extravasa a calha do rio do Peixe, atingindo
apenas algumas planícies descampadas à beira do rio do Peixe. Isto se dá
principalmente em função de a maior porção do vale a jusante ser bem
encaixado, com taludes íngremes.
Outro fator que limita o impacto causado pela ruptura é o uso e
ocupação do solo da área afetada, caracterizado pela baixa densidade
populacional e por não apresentar área de importância socioeconômica
significativa. Assim, o impacto seria considerado de baixa magnitude
mesmo se a onda ultrapassasse a calha e os prejuízos de maior ordem
estariam relacionados apenas aos danos estruturais da própria PCH Águas
de Ouro.
Com o intuito de complementar a análise feita neste trabalho, são
recomendadas algumas alterações para estudos futuros:

79
 Estão previstos diversos aproveitamentos hidrelétricos para o
trecho do rio do Peixe analisado neste estudo, assim, recomenda-
se a avaliação de uma possível ruptura em cadeia e a influência
da onda de cheia resultante de tal evento.
 O trecho analisado ficou limitado em função da disponibilidade
de dados como ortofotos, topografia e topobatimetria. Para se ter
a dimensão exata do impacto causado pela ruptura, o ideal seria
estender a área de abrangência do modelo até a divisa entre os
núcleos urbanos dos municípios de Ipira e Piratuba a 25 km do
eixo do barramento.
 A calibração do modelo foi feita de forma aproximada, uma vez
que não existem medições de cota x vazão próximas à PCH
Águas de Ouro. Para uma calibração mais efetiva, o ideal seria
realizar o levantamento das informações na área de abrangência
do modelo, para então proceder com a análise de sensibilidade,
ajustando os parâmetros necessários para a simulação.
 A forma como se deu a ruptura, de forma total e instantânea,
representa uma situação catastrófica. Para que a simulação
represente uma condição mais próxima da realidade, o ideal seria
realizar uma avaliação estrutural, que aponte as áreas mais
prováveis de ocorrência da ruptura e a forma de progressão da
brecha ou do ponto de falência da estrutura.

80
7. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

ALMEIDA, António Betâmio de. Emergências e Gestão do Risco. In:


ALMEIDA, António Betâmio de. Curso sobre Operação e Segurança
de Barragens. Lisboa: Instituto Superior Técnico, 2006. Cap. 7.
ALMEIDA, António Betâmio de. Risco Associado à Segurança de
Barragens. Lisboa: IST, 2002. 23 p.
ANA - Agência Nacional de Águas (Brasil). Relatório de segurança de
barragens 2011. Brasília: ANA, 2012. 92 p.
ANA - Agência Nacional De Águas (Brasil). Resolução nº 91, de 02 de
abril de 2012. Estabelece A Periodicidade de Atualização, A
Qualificação do Responsável Técnico, O Conteúdo Mínimo e O Nível
de Detalhamento do Plano de Segurança da Barragem e da Revisão
Periódica de Segurança da Barragem, Conforme Art. 8º, 10 e 19 da
Lei Nº 12.334 de 20 de Setembro de 2010 - A Política Nacional de
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cfm>. Acesso em: 29 set. 2014.
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Dissertação (Mestrado) - Curso de Saneamento, Meio Ambiente e
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Acumulação de água Para Quaisquer Usos, à Disposição Final Ou
Temporária de Rejeitos e à Acumulação de Resíduos Industriais,
Cria O Sistema Nacional de Informações Sobre Segurança de
Barragens e Altera A Redação do Art. 35 da Lei no 9.433, de 8 de
Janeiro de 1997, e do Art. 4o da Lei no 9.984, de 17 de Julho de 2000..
Brasília, DF, 20 set. 2010.

81
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