Unicesumar Gestão de Produtos e Serviços
Unicesumar Gestão de Produtos e Serviços
Unicesumar Gestão de Produtos e Serviços
Professora:
Me. Lucélia Leite de Morais
DIREÇÃO
OBJETIVOS DE APRENDIZAGEM
•• Entender o processo para desenvolvimento de novos produtos.
•• Conhecer as estratégias para gestão de produtos e mercados.
•• Identificar ferramentas estratégicas para portfólio.
•• Compreender a estratégia de comunicação para novos produtos.
PLANO DE ESTUDO
Olá, caro(a) aluno(a)! Quero lhe convidar para uma jornada para conhecer melhor
o processo de desenvolvimento de um produto e a sua gestão. A gestão de pro-
dutos envolve o processo de planejar, organizar, dirigir e executar o planejamento
estratégico para o desenvolvimento de um produto, bem como a manuten-
ção deste durante todo o ciclo de vida. Para que esse processo aconteça de
forma organizada e equilibrada, faz-se necessária uma equipe multidisciplinar
de profissionais, o que pode envolver aqueles que têm diferentes contato com
o produto, ou seja, designers de produto, engenheiros, equipe de operação do
produto, profissionais de vendas que têm contato direto com o cliente, equipe
de marketing com pesquisas atualizadas sobre o mercado e o público-alvo.
Conhecer o mercado-alvo o qual se pretende inserir o produto, por meio de
pesquisas de mercado e outros mecanismos, a fim de compreender os clientes e
ambientes, ajudará a organização a criar um valor superior de seu produto para
o cliente e, quando apropriado, ajudará a construir relacionamentos duradouros.
Neste estudo, serão abordados como entender novos produtos para o
mercado, com o objetivo de fazer a gestão adequada deles pensando no
momento certo para trazer um novo produto ao mercado, e como pensar em
formas de desenvolver um novo produto, além de, conjuntamente, trabalhar
no desenvolvimento de rótulo e embalagem e pensar no planejamento para a
comunicação de tal produto.
Quando ouvimos falar em “novo produto”, é comum pensarmos em um que
seja inovador e ainda inexistente no mercado, no entanto, vamos analisar outras
formas que uma organização pode utilizar para pensar em novos produtos e,
assim, manter o seu portfólio inovador e atraente ao mercado.
Lembre-se que mais importante do que criar um novo produto, é saber
fazer a gestão do portfólio de produtos existentes, e saber analisar e entender
as potencialidades e fraquezas do portfólio presente no mercado, e também
conseguir a compreensão dos movimentos desse mercado para realizar um
planejamento adequado e trazer o resultado tão esperado pela organização.
Este estudo visa a isto, proporcionar uma ampla visão e um amplo direcionamen-
to sobre como conduzir e obter êxito na gestão de produtos para uma organização.
Desejo sucesso nesta jornada, e que você consiga absorver o conceito prin-
cipal e aplicar na sua realidade organizacional.
introdução
DESENVOLVIMENTO
de novos produtos
Pós-Universo 7
•• Bens de conveniência.
Bens de conveniência: são produtos adquiridos com frequência para atender às ne-
cessidades básicas do cliente. Costumam ser oferecidos em lojas de conveniência,
supermercados, padarias, postos e feiras, são produtos que não envolvem grandes
investimentos financeiros, mas que são necessários para a conveniência do consumi-
dor. Dentre estes, podemos fazer uma subclassificação: 1) básicos - para o brasileiro,
o arroz, o feijão; 2) de impulso - aqueles produtos expostos na fila do caixa do su-
permercado e de lojas de conveniência. Chocolates, doces, petiscos e outros; 3) de
emergência - combustível, o carro não sairá do lugar com o tanque vazio, ou um
remédio em situação de emergência.
Bens de compra comparada: são produtos com valor mais elevado e, por isto,
o consumidor tende a comparar e a pesquisar antes de efetivar a sua compra. Por
exemplo, carros e eletrodomésticos são produtos que o consumidor tende a ser mais
exigente, por isto, a empresa deve pensar em como esses produtos serão posicio-
nados para o seu público-alvo, de forma que este possa perceber o seu diferencial
competitivo em relação à concorrência. Esta categoria de produtos pode ser dividi-
da da seguinte forma: 1) homogêneos - quando não há muita diferença entre um
concorrente nas características dos produtos, embora exista diferença significativa
de preço, neste caso, o convencimento precisa acontecer em relação ao preço que o
cliente pagará; e 2) heterogêneos - são produtos com características diferentes, que
se sobressaem para o consumidor e, neste caso, os recursos e atributos do produto
poderão ter um peso maior no momento de decisão do cliente.
10 Pós-Universo
•• Produto esperado: neste caso, se refere aos atributos que o produto deve
oferecer para o cliente. Continuando no exemplo do carro, pode se referir
a fatores além do transporte, o cliente espera segurança e potência para a
locomoção.
Ainda sobre classificação de produtos, uma terceira forma pode ser a divisão dos pro-
dutos de acordo com o seu tempo de vida útil. São eles:
•• Bens duráveis: produtos com vida útil maior e, por este motivo, a compra
não acontece com a mesma frequência dos não duráveis. Exemplo: eletrô-
nicos e eletrodomésticos.
Não existe a classificação ideal, no entanto, cada organização precisa classificar o seu
portfólio de produtos, de forma que possa compreender as características dos seus
produtos, como o mercado está posicionado e o que o consumidor almeja, para, a
partir de então, posicioná-lo de forma adequada ao público-alvo.
Depois de classificado o portfólio de produtos de uma organização, é importan-
te que ela compreenda e saiba identificar em que fase do ciclo de vida se encontra
cada produto ou linha deles.
O ciclo de vida do produto constitui o histórico de vendas e de lucro durante o
seu período de existência. Desta forma, o ciclo de vida do produto apresenta uma
visão geral da situação do produto no mercado, o que ajuda a planejar estrategica-
mente as decisões que devem ser tomadas quanto a como trazer um novo produto
para o mercado.
De acordo com Yanaze (2011), podemos começar a pensar em ciclo de vida de
um produto de acordo com as seguintes fases:
De forma geral, os produtos tendem a passar por todas as fases, no entanto, nem
todos passam por todas as fases obrigatoriamente, tampouco existe um tempo de-
limitado que cada fase deve durar, a classificação do produto e o mercado é que
determinarão a sua vida útil no mercado.
O ciclo de vida do produto é representado conforme observado na Figura 1:
Vendas
Novos produtos
Novas Reposiciona-
Inovadores Adições a linhas Melhorias
categorias mentos
De acordo com Churchill e Peter (2013), uma forma de realizar a classificação para
novos produtos pode ser desenvolvida conforme a Figura 2, e em cinco categorias.
Pós-Universo 15
São elas:
Vale lembrar que, pelo fato de o Brasil ser um país em desenvolvimento, é comum
o processo de novos produtos ser a adaptação e a melhoria de produtos existentes
do que ser um processo inédito. A transferência internacional de tecnologia faz com
que as novidades cheguem ao Brasil, por exemplo, nas áreas automotiva e tecno-
lógica. Sendo assim, é rotineira, no país, a adequação do produto e do projeto para
ser viável, ajustando-se aos padrões brasileiros de fornecedores, de mercado local e
de processo produtivo.
•• Consumidores.
•• Vendedores.
•• Engenheiros de produção.
•• Designers.
•• Empresários.
Margem para
Custos Redução de Custos
Comprometidos
100%
Comprometimento dos Custos (%)
Projeto detalhado
0%
Planejamento e Projeto Projeto Produção, Uso e Apoio
Prjeto Conceitual Preliminar Detalhado Construção e Logístico do
Avaliação Produto
Ciclo de Vida do Produto
•• Alterações significativas.
•• Alterações significativas.
Assim que escolhido o tipo de projeto, é a hora de desenvolver o PDP, que pode ser
dividido em três fases: pré-desenvolvimento, desenvolvimento e pós-desenvolvi-
mento. A partir de agora, analisaremos como desenvolver todas as fases. A Figura 5
apresenta a ordem do processo de novos produtos:
Pós-Universo 21
Geração de ideias
Triagem de ideias
Análise comercial
Desenvolvimento
do produto
Teste de marketing
Comercialização
• Geração de ideias
Novos produtos começam como ideias, ou seja, constantemente o profissional pode
buscar novas ideias, que poderão surgir de formas diversas: funcionários, equipe de
vendas, pesquisas, fontes externas, sugestões de clientes, produtos dos concorrentes,
inventores, dentre outros. Podem ser utilizadas algumas técnicas como brainstor-
ming, conferências, feiras de inovações, desejos, necessidades e queixa dos clientes.
22 Pós-Universo
• Triagem de ideias
A triagem ou seleção de ideias é um processo que envolve decidir se a ideia de
produto deverá ser levada adiante ou não, e um dos fatores decisores tem que ser o
de estar dentro dos objetivos organizacionais. Para isto, os profissionais de marketing
devem considerar se o desenvolvimento da ideia faz uso das forças da organização
e permite que ela aproveite as oportunidades do ambiente. Caso a ideia esteja fora
da área de experiência da organização, mas atende às necessidades dos clientes, a
organização pode pensar em parcerias estratégicas com outras organizações que
possuem a experiência no desenvolvimento de tal produto.
A triagem de ideias precisa abranger outros critérios para auxiliar na decisão de
novos produtos, como: a ideia
14. Qual é o ciclo de vida estimado para essa ideia em meses ou anos?
17. Existe uma tecnologia nova entrando no mercado que poderá substituir
tal ideia em curto prazo?
São alguns exemplos de perguntas que podem ser aplicadas para auxiliar a tomada
de decisão se uma ideia deve ser levada adiante ou não. É importante que a empresa
analise as vantagens e desvantagens para o possível novo produto quando comparado
à realidade organizacional de recursos disponíveis ou que podem ser disponibiliza-
dos para tal ideia, bem como analisar as possibilidades que tal ideia poderá ter no
mercado ao analisar como está o ciclo de vida dela nesse mercado, buscando en-
tender o grau de saturação e a aceitação.
Todos os fatores expostos devem ser pesados e analisados, pois constituem fato-
res-chave para a decisão se uma ideia tem condições de ser levada adiante ou não.
As respostas às perguntas farão esta definição, ou seja, se o percentual maior for ne-
gativo, é um forte indicativo para descartar a ideia ou arquivá-la para um momento
posterior. Se o percentual maior for positivo, é um indicativo de que a ideia merece
ser levada adiante ou comparada com outras ideias que também tiveram um per-
centual positivo mais alto.
24 Pós-Universo
• Desenvolvimento do produto
Após a aprovação da análise comercial, é hora de colocar a mão na massa! Nesta
etapa, o conceito do produto é desenvolvido e, neste momento, a equipe multidisci-
plinar do projeto começa a desenvolver as especificações para o produto, detalhando
os materiais e componentes que entrarão no produto final, como: tipo de materiais
usados, tamanho, peso, requisitos de desempenho, segurança e outros.
Outra sugestão aceita neste processo é a engenharia simultânea, ou seja, traba-
lhar simultaneamente com o produto junto com a engenharia, que diz como ele será
desenvolvido. Isto pode aumentar a eficiência da produção e diminuir o tempo de
desenvolvimento, onde a equipe multidisciplinar avaliará as especificações, os requi-
sitos de fabricação do produto e o que pode contribuir para a eficiência do projeto.
Nesta etapa, pode ser desenvolvido o protótipo do produto, o que permitirá
testar esse produto em condições reais e realizar adaptações caso seja identificada
a necessidade, e poderão ser testadas as condições da embalagem para o produto
também. É fato que, dependendo do produto que está sendo desenvolvido, será
viável ou não desenvolver o protótipo, ou direcionará a forma como a engenharia
simultânea se desdobrará, mas o fato é que a multiplicidade de visões nessa etapa
contribuirá de forma significativa para o êxito do novo produto.
• Teste de produto
É comum, durante o período de desenvolvimento, ter um cuidado maior, e até sigilo
sobre o projeto, evitando que concorrentes copiem a ideia e saiam lançando na frente
o novo produto. No entanto chega o momento em que a empresa precisa saber se os
clientes de fato comprarão o produto e, para isto, o teste de marketing pode ajudar
a obter esta resposta sem ter o custo de uma produção em larga escala.
26 Pós-Universo
• Teste de marketing
Como pode ser realizado um teste de marketing? Existem várias formas de se fazer
um, e Churchill e Peter (2013) sugerem algumas, como:
É importante lembrar que estes representam algumas formas de fazer o teste para um
novo produto, no entanto, qualquer que seja o tipo de teste de marketing aplicado,
eles sempre devem refletir os mercados-alvo para o novo produto e, consequente-
mente, adaptar o teste de acordo com o produto, o mercado-alvo e a situação em
dado momento.
Quando se fala em teste de marketing, não quer dizer que ele seja aplicável para
todo novo produto. Geralmente, a empresa o utiliza quando é um produto caro de
se comercializar ou para produtos totalmente inovadores, cujo público não está acos-
tumado com a sua utilização.
Pós-Universo 27
eficientes de trabalho. Porém, não são todas as empresas que conseguem acompa-
nhar a disrupção do que vem sendo chamado por alguns pesquisadores, em especial
os do Vale do Silício, como a Nova Economia. Enquanto algumas organizações con-
seguem se adaptar, outras ficam para trás e perdem o seu lugar para, por exemplo,
startups inovadoras.
Disrupção x tradição
Sem deixar de lado a tecnologia e as startups, é preciso compreender o que é disrup-
ção. Você já ouviu falar? Disrupção é um padrão previsível em que empresas novas
utilizam tecnologia para oferecer aos consumidores algum tipo de produto ou serviço
mais barato e inferior se comparados aos oferecidos pelos controladores estabeleci-
dos. A sua base de sustentação sempre está nas tecnologias e nas possibilidades de
conexões globais via Internet. Este comportamento e esta nova forma de agir dessas
startups está disruptando, desconstruindo, estabelecendo uma nova forma de mer-
cados, a qual o gestor de produtos não pode deixar de considerar.
Neste contexto, temos os controladores (empresas convencionais) que tratam a
inovação como uma série de melhorias para seus produtos e serviços. Estas inovações
costumam ser lentas e gradativas, visto que os controladores disputam mercados
com concorrentes igualmente estabilizados, que também percebem pequenas me-
lhorias como o suficiente para a manutenção do consumidor. Todo este contexto
está baseado no marketing tradicional e como sempre estudamos e fomos orienta-
dos a pensar e a estabelecer um novo mercado, ou um novo produto.
Os disruptores (startups) introduzem novos produtos que, à primeira vista, não
parecem como uma ameaça para os controladores, pelo fato de, no primeiro momento,
tais produtos serem piores e mais baratos. E é nesta acomodação dos controlado-
res (empresas convencionais) que mora o perigo. Por quê? Porque com o passar do
tempo, os disruptores melhoram seus produtos e serviços, afinal, estão utilizando ino-
vação e tecnologia avançadas! De repente, em um piscar de olhos, aquele produto
ou serviço “ruinzinho” é melhorado, fica atraente ao consumidor e com preço mais
acessível que o convencional, logo, a um crescimento exponencial dos disruptores,
que conquistam o lugar dos controladores.
Pós-Universo 31
A disrupção, portanto, tomará cada vez mais o espaço da tradição. O tempo que
empresas de grande capitalização têm passado no índice de referência, por exemplo,
tem diminuído de modo significativo.
Em 1995, a média de permanência na liderança era de 33 anos e, gradualmente,
há uma diminuição deste tempo, onde percebemos o movimento de fusões e aqui-
sições, bem como o crescimento de startups de forma exponencial e que ditam as
recentes transformações do mundo. E isto tem forçado as marcas a reavaliar os seus
papéis e as suas atitudes, desde o caráter de seu posicionamento, de produtos e ser-
viços ofertados até a sua atuação social.
70
60
50
40
30
Projeções baseadas
em dados atuais
20
10
0
1960 1965 1970 1975 1980 1985 1990 1995 2000 2005 2010 2015 2020 2025
Anos
Vou trazer alguns exemplos para que você consiga compreender melhor o cenário
atual ao qual me refiro. Você se lembra da Blockbuster? Já foi uma videolocadora
para alugar um filme para assistir em casa no final de semana? E hoje, você tem este
hábito? Se é que o tinha há menos de uma década?
32 Pós-Universo
US$ 6 bilhões
US$ 4 bilhões
US$ 2.2
US$ 2 bilhões bilhões
Falência
2004 2005 2006 2007 2008 2009 2010
Gráfico 2 - Netflix x Blockbuster entre 2004 e 2010
Fonte: Câmara (2018, p. 4).
Netflix Tv a cabo
60m
52.60
51.04 50.42 50.85
49.22 49.11
50m
46.97 48.61
40m 41.40
35.67
30m
29.17
20m 23.41
10m
0
Q1 2012 Q1 2013 Q1 2014 Q1 2015 Q1 2016 Q1 2017
* Inclui a contabilidade dos maiores provedores a cabo em aproximadamente 95% dos
assinantes e um pouco menos da metade de todos os assinantes das TVs multicanais.
Caro(a) aluno(a), você consegue perceber que, no mercado atual, falar em gestão de
novo produto não é uma tarefa para amadores? Este foi apenas um exemplo de como
o mercado vem se comportando e como os impactos estão presentes, e também
na mudança de mentalidade e de habilidades exigidas para os profissionais conse-
guirem se manter competitivos no mercado.
34 Pós-Universo
fatos e dados
Em agosto de 2018, a editora Abril começou um processo de demissão
em massa, com previsão de 500 funcionários, em sua maior parte, jornalis-
tas. Pelo menos 10 títulos da Editora devem ser fechados. Segundo o site
Meio & Mensagem, as revistas Cosmopolitan, Elle, Boa Forma, VIP, Viagem
e Turismo, Mundo Estranho, Arquitetura, Casa Claudia, Minha Casa e Bebe.
com serão encerradas.
O SJSP (Sindicato dos Jornalistas de São Paulo) divulgou nota de repúdio à
nova leva de demissões em massa da editora “sem qualquer diálogo”. “A ne-
cessidade de ‘ajustes’ propagada pelos novos diretores da Abril não justifica
gerar desemprego, demitindo centenas de profissionais e comprometendo
a qualidade do jornalismo em nome da lucratividade”, diz a manifestação.
Nota do Grupo Abril afirma que as mudanças têm o “objetivo de garantir
a saúde operacional em um ambiente de profundas transformações tec-
nológicas” e reafirmou seu “compromisso de manter vivo o jornalismo de
qualidade”.
Consegue perceber como as mudanças impactam empresas de todos os
tamanhos? Fique atento(a)! A sua empresa também precisa estar alerta!
Miopia em marketing
É interessante notar que na década de 60, Theodore Levitt escreveu um artigo intitu-
lado Marketing Myopia (ou Miopia em Marketing na tradução em português). Nesse
artigo, publicado há mais de 50 anos, Levitt, professor da Universidade de Harvard,
alertava que a visão curta de muitas empresas as impediam de definir adequada-
mente as suas possibilidades de mercado.
Segundo Levitt (1960), todo setor de atividade importante já foi, em alguma
ocasião, um setor de rápida expansão. Naquele momento, ele afirmava que setores
que estavam atravessando uma onda de entusiasmo expansionista estavam sob a
ameaça de decadência. E, segundo o autor, a razão pela qual o crescimento é amea-
çado, retardado ou detido não é porque o mercado está saturado, mas sim, porque
houve uma falha administrativa. Naquela época, ao falar sobre a decadência das es-
tradas de ferro, Levitt (1960, p. 2, tradução da autora) argumentou:
Pós-Universo 35
““
O que falta às estradas de ferro, não é oportunidade, mas sim, um pouco
de engenhosidade e audácia administrativa que as engrandeceram, até um
amador é capaz de ver o que está faltando! Dói-me ver a organização material
e social mais avançada do século passado afundar em ignominioso despres-
tígio por falta de ampla imaginação que a construiu. O que está faltando é a
vontade das companhias de sobreviver e de atender ao público com enge-
nhosidade e habilidade.
Alta
Crescimento do mercado
Estrela Questionamento
Baixa
A matriz BCG é utilizada para analisar o portfólio de negócios das corporações. Com
base nela, pode-se fazer uma melhor distribuição dos recursos da corporação entre as
diversas unidades de negócios. É possível utilizá-la para distribuir os recursos organi-
zacionais entre as unidades de negócios ou entre o portfólio da unidade de negócio
por meio da classificação dos produtos em relação ao mercado de forma individual.
Assim, é possível analisar o posicionamento de determinado produto em relação
ao mercado em que ele está inserido e as suas perspectivas futuras de crescimento
neste mercado. Vamos entendê-la melhor na visão de Churchill e Peter (2013):
A matriz BCG é formada por quatro quadrantes, sendo que cada um é repre-
sentado por um símbolo. O eixo horizontal representa a participação relativa de
mercado, e o eixo vertical representa a taxa de crescimento do mercado. As classi-
ficações remetem às nomenclaturas constantes em cada quadrante: estrela, vaca
leiteira, ponto de interrogação e abacaxi.
Estrela: alta participação em um mercado com alta taxa de crescimento, mer-
cados com crescimento rápido tendem a atrair muita concorrência, fazendo a
empresa gastar muito para proteger e ampliar a participação de mercado de suas
estrelas. É uma tendência que as estrelas se transformem, com o passar do tempo,
em vacas leiteiras.
Pós-Universo 41
Consegue perceber como fica mais fácil compreender a matriz BCG quando você
a encaixa no gráfico do ciclo de vida? Portanto, se você identificar como está distri-
buído o seu portfólio em termos de tempo em que foi desenvolvido o produto, e
comparar a participação e o crescimento de mercado, ficará mais fácil identificar o
potencial do seu portfólio, para então traçar a estratégia mercadológica para o seu
produto, ou UEN.
42 Pós-Universo
Uma dica é que a organização deve buscar um portfólio sortido espalhados nos
diversos quadrantes. Pensando na rentabilidade da empresa, é importante que a
quantidade de produtos vaca leiteira deve ser superior, pois esses são os produtos
que geram maior receita para a empresa, o que auxiliará a fazer a manutenção do
crescimento dos novos produtos.
Matriz SWOT
A matriz SWOT visa a possibilitar que a empresa se posicione e tire vantagem de de-
terminadas oportunidades do ambiente e evitar ou minimizar as ameaças ambientais.
Revela pontos fortes que ainda não foram plenamente utilizados e identifica pontos
fracos que podem ser corrigidos, pois a empresa deve tentar enfatizar os seus pontos
fortes e moderar o impacto de seus pontos fracos.
S W
internos
Fatores
Strengths Weaknesses
(forças) (fraquezas)
O T
externos
Fatores
Oportunities Threats
(oportunidades) (ameaças)
Nos fatores internos estão as forças e as fraquezas, que correspondem aos recursos,
às habilidades, à posição de mercado, às patentes, ao capital humano, dentre outros.
As fraquezas podem levar a empresa a um desempenho ruim, por exemplo: falta
de tecnologia, métodos ultrapassados de trabalho, políticas e incentivos inadequa-
dos, mão-de-obra não especializada, dentre outros. Nos fatores externos, a empresa
pode identificar oportunidades de melhoria quando comparadas às suas concorren-
tes, bem como identificar ameaças em vista do que o mercado está propondo para
o segmento.
A aplicação dessa matriz de forma consciente e responsável pode trazer inúme-
ros insights e oportunidades para o alinhamento e o direcionamento da empresa,
como confirmar o rumo a seguir.
Matriz Ansoff
Também conhecida como matriz Produto/Mercado, é um modelo utilizado para
determinar as oportunidades de crescimento de unidades de negócio de uma orga-
nização. Na década de 50, as organizações passaram a ser preocupar com o ambiente
(ANSOFF, 1977).
Essa matriz pode ser utilizada para decisões estratégicas de crescimento. Estas
decisões devem ser baseadas no composto de produtos que a empresa produz ou
produzirá e nos mercados onde esses produtos serão comercializados.
44 Pós-Universo
Existentes
Penetração Desenvolvimento
de Mercado de Produtos
Mercados
Desenvolvimento
Novos
de Mercado Diversificação
Sendo assim, podemos observar que a matriz tem como característica avaliar e
determinar a oportunidade de crescimento das unidades de negócio ou do portfó-
lio de produtos, sendo útil na medida em que fornece uma estrutura conveniente
e de fácil compreensão, na qual os objetivos de marketing e as estratégias poderão
ser desenvolvidos.
Matriz GE/McKinsey
A General Eletric (GE) e a consultoria McKinsey desenvolveram um modelo de port-
fólio que incluísse informações sobre as forças da empresa e a atratividade do setor.
Esta matriz compara as UENs com alta, média ou baixa atratividade do setor e força
comercial alta, média ou baixa.
GE / McKinsey Matrix:
High
Market Attractiveness
40%
Medium
Low 30%
Com esses critérios, um setor é atrativo se for grande, crescente e oferecer boas
margens de lucros. Uma empresa é considerada forte se tiver uma grande participa-
ção de mercado e se for líder em qualidade e tecnologia.
Como aplicar essa matriz? Primeiro, deve-se classificar as UENs, produtos ou marcas
nas duas dimensões da matriz (círculos maiores representam setores maiores). Após
identificar a participação de mercado, a empresa deve investir na parte superior e
esquerda da matriz e ampliá-las, pois elas têm alta atratividade do setor e alta força
comercial. Por outro lado, a empresa deve investir seletivamente na faixa mediana e
colher ou abandonar as que tenham baixas atratividade do setor e força comercial.
Um conselho ao utilizar a matriz é ter cuidado para não ser tendencioso(a), no
sentido de ter apenas a opinião do dirigente sobre o assunto e não dados claros.
De forma geral, a análise do portfólio serve para ajudar a descrever o que a empresa
possui, é necessário ter números e históricos relevantes sobre o negócio para a tomada
de decisão consciente.
COMUNICAÇÃO
para novos produtos
48 Pós-Universo
•• Reter clientes: criar valor para os clientes, satisfazer os seus desejos e as suas
necessidades e conquistar a sua lealdade. Só é possível criar valor para o
cliente quando se sabe o que é valor para aquele público-alvo. Portanto, co-
nhecer o cliente, seja por meio de pesquisa ou de programas de fidelização.
Pós-Universo 49
O que é uma comunicação eficaz? Precisa ser compreensível e atraente para o públi-
co-alvo. Por isto, conhecer o público-alvo é o primeiro passo para uma comunicação
bem-sucedida. Isto significa que é necessário descobrir quais palavras soam claras
para o público-alvo e de que maneira ele interpreta as imagens, os sons e a men-
sagem para que a empresa consiga chegar ao público de forma compreensível e
despertar o seu interesse.
Após este momento, é preciso conhecer qual a mídia utilizada pelo público-al-
vo. Embora trabalhe-se hoje com o conceito de omnichannel, que significa integrar
todos os canais utilizados por uma empresa de forma que o consumidor não perceba
a diferença entre o mundo online e o físico, ou seja, é a integração entre lojas físicas
e virtuais e compradores. E como há multiplicidade de canais e de possibilidades de
escolha sobre qual canal utilizar, é importante conhecer as preferências de seu público.
O composto de comunicação combina quatro diferentes elementos para a criar
a estratégia geral da comunicação de marketing: propaganda, vendas pessoais, pro-
moção de vendas e publicidade. Estes elementos podem ser divididos em venda
pessoal (contato de venda direto com o cliente) e venda impessoal (contato indire-
to por meio de propaganda, promoção de vendas e publicidade).
O profissional precisa encontrar o composto de comunicação mais eficaz para a
sua realidade, de acordo com o público, o mercado e o tipo de produto.
fatos e dados
As principais redes sociais utilizadas por empresas no Brasil para fazer a sua
comunicação.
Apresentados os quatro elementos principais, são, a partir daí, criadas inúmeras es-
tratégias para uma campanha de comunicação. É importante a integração desses
elementos, ou seja, após determinar o objetivo para uma campanha, a organização
deve escolher quais elementos se adaptam ao seu objetivo, e como será desdobra-
do cada elemento e as suas prioridades ou ênfase para a comunicação.
A comunicação integrada de marketing é positiva, pois mesmo que uma equipe
esteja trabalhando no seu desenvolvimento, cada qual focando em uma determina-
da ênfase ou em uma forma de atingir o seu público, cada um estará alinhado com o
mesmo objetivo, ou seja, a campanha não será contraditória, estará alinhada, e todas
as peças estarão na mesma direção para atingir o objetivo estabelecido.
Pós-Universo 51
saiba mais
Você já ouviu falar em omnichannel?
Omnichannel é uma tendência na forma de pensar a comunicação com o
seu público. A tradução da palavra se refere a todos os canais, ou seja, a co-
municação precisa estar disponível para o público em vários canais, mas
ele decide como quer receber essa comunicação, ou com qual canal vai in-
teragir com a empresa. Trata-se de inovação, de quebrar as barreiras entre
mundos on e off quando se trata de comunicação mercadológica.
Quais são os benefícios e como criar estratégias omnichannel para a sua
empresa? Para saber mais, acesse: <https://marketingdeconteudo.com/
omnichannel/>.
Fonte: a autora.
atividades de estudo
1. Segundo Levitt (1960), todo setor de atividade importante já foi, em alguma ocasião,
um setor de rápida expansão. Setores que estavam atravessando uma onda de en-
tusiasmo expansionista estavam também sob a ameaça de decadência. E, segundo
Levitt, a razão pela qual o crescimento é ameaçado, retardado ou detido não é porque
o mercado está saturado, mas sim, porque houve uma falha administrativa.
Considerando este contexto, Levitt fala sobre “destruição criativa”. Em relação a este
conceito, avalie as asserções a seguir e a relação proposta entre elas.
PORQUE
II. Investir em destruir o modelo atual, propondo um novo produto ou uma nova
abordagem pode significar sobrevivência e novos produtos bem-sucedidos.
I. As empresas precisam agir rápido para não ficarem para trás, o que desafia mer-
cados que estão estagnados.
II. A sabedoria convencional da Era Industrial está sendo desafiada e desencadeia
uma transformação estrutural do comportamento de consumo, das relações co-
merciais e das dinâmicas de produção.
III. O mercado vem mudando e diversos paradigmas foram quebrados.
IV. A visão míope na gestão mercadológica pode impedir que a empresa foque no
cliente.
a) I e II, apenas.
b) I, II e IV, apenas.
c) I, II e III, apenas.
d) I, III e IV, apenas.
e) I, II, III e IV.
atividades de estudo
I. O benefício da promoção, para ter efeito multiplicador, deve ter valor agregado
condizente com o tipo de consumidor a que se destina, bem como o tipo e a ca-
tegoria do produto
PORQUE
II. O estímulo à ação de compra surge do benefício adicional que as ações promo-
cionais oferecem e que significam vantagem para o consumidor.
Chegamos ao final de mais uma jornada, espero que você tenha tirado proveito do conteúdo
apresentado. No entanto vale ressaltar os caminhos trilhados durante este estudo e que devem
estar fixados em sua mente e em sua forma de atuar enquanto profissional.
Iniciamos falando sobre o desafio de novos produtos para o mercado, e como requer pesquisa,
conhecimento de seu público e capacidade da empresa, bem como uma equipe multidisciplinar
preparada para tal desafio, e quais etapas devem ser observadas durante o processo de desen-
volvimento de um produto para chegar ao resultado final pretendido. Também se preocupar
simultaneamente com a embalagem e rotulagem do produto é importante para que o proces-
so de desenvolvimento esteja completo, e a mesma equipe multidisciplinar deve participar deste
processo, para que ajustes sejam realizados de forma realista.
Percebemos que além da criatividade, de etapas e processos é importante que exista a gestão
por completo, não só do produto, mas também por conhecer o mercado de atuação e o movi-
mento econômico assim como reconhecer antecipadamente oportunidades ou ameaças pode
fazer a diferença. Não ter uma visão míope para o mercado é essencial para evitar falha adminis-
trativa. Entender a hora de avançar no mercado, ou de recuar, faz o sucesso da organização. Em
momentos de disrupção no mercado, estar atento(a) às tendências e de quem de fato é o seu
concorrente, seja direto ou indireto, é sensato para tomar decisões estratégicas.
Para ajudar nesse processo, deve-se usar as ferramentas estratégicas de gestão para conhecer o
portfólio do produto, o estágio onde cada produto ou marca se encontra no ciclo de vida, como
o seu produto está posicionado diante do mercado, as expectativas da empresa em relação aos
concorrentes, o que está surgindo de inovação, como escolher uma estratégia inteligente para
o momento e auxiliar a ampliar a visão sobre a situação. A partir disso, toma-se a decisão acerta-
da pensando no resultado organizacional.
E, por fim, não podemos deixar de lado a comunicação com o cliente. Por meio da comunicação
de marketing, as organizações buscam informar o seu público-alvo e influenciar as suas atitudes
e o seu comportamento de compra. A comunicação eficaz pode aumentar os resultados, bem
como tornar o público ciente da organização, do produto e do propósito, assim como a comu-
nicação também pode formar imagens positivas, identificar clientes potenciais, formar relações
de canal e fazer a retenção de clientes.
Fome de Poder
Ano: 2016
Comentário: o olhar estratégico para o negócio e saber como identificar oportunidades para
alavancar o seu produto/serviço são fundamentais para o sucesso.
material complementar
Na Web
Sete documentários que você precisa assistir! Os documentários indicados estão disponí-
veis na Netflix, e o objetivo é que você conheça histórias inspiradoras, de personagens que
fizeram a diferença. E quando se trata de gestão de produtos, além do feeling que a expe-
riência pode trazer e a aprendizagem com os próprios erros, se inspirar em exemplos de
sucesso e de estratégia para sobreviver faz a diferença. É uma injeção de ânimo ao observar
que pessoas de sucesso passaram por processos de transformação, de perseverança, de pa-
ciência e erraram, mas a visão aberta, flexiva e adaptável fez a diferença. Dentre eles, temos:
Henry Paulson, Barack Obama, futurologistas especialistas em inovação. Por isto, mantenha
a visão aberta para o novo e aprenda com grandes exemplos. Disponível em: <https://www.
effortt.com.br/7-documentarios-que-voce-precisa-assistir-no-netflix/>.
referências
CÂMARA, I. A nova economia: a tecnologia avançou, e junto com ela, um novo padrão econô-
mico surgiu. São Paulo: Startse, 2018.
CHURCHILL, G.; PETER, J. P. Marketing: criando valor para clientes. 3. ed. São Paulo: Saraiva, 2013.
REFERÊNCIAS ON-LINE
1
Em: <http://www.meioemensagem.com.br/home/ultimas-noticias/2018/08/06/abril-encerra-
-dez-titulos-veja-exame-e-claudia-ficam.html>. Acesso em: 8 nov. 2018.
Em: <http://www.portal-administracao.com/2014/01/analise-swot-conceito-e-aplicacao.html>.
2
3
Em: <https://www.sdr.com.br/Ideias004/246.htm>. Acesso em: 8 nov. 2018.
4
Em: <https://thebrandstop.wordpress.com/marketing-frameworks/mckinseyge-portfolio-ma-
trix/>. Acesso em: 8 nov. 2018.
5
Em: <https://inteligencia.rockcontent.com/tendencias-redes-sociais-2017/>. Acesso em: 8 nov.
2018.
resolução de exercícios