Resumo Criminologia - Mege

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CRIMINOLOGIA – PONTO 01
SUMÁRIO
1. CONCEITO DE CRIMINOLOGIA ............................................................................ 4
2. CARACTERÍSTICAS E FUNÇÕES DA CRIMINOLOGIA ............................................. 5
2.1. QUESTÕES COMENTADAS ................................................................................ 14
3. LINHA DO TEMPO DO PENSAMENTO CRIMINOLÓGICO .................................... 21
3.1 QUESTÕES COMENTADAS ................................................................................. 32
4. TEORIAS SOCIOLÓGICAS DA CRIMINALIDADE ................................................... 37
4.1 QUESTÕES COMENTADAS .............................................................................. 53

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MENSAGEM

A matéria Criminologia já se consolidou como tema certo nos certames


policiais, em especial nos concursos ao cargo de delegado de polícia.

Analisando os editais mais recentes, notamos que a maioria dos pontos são
comuns a quase todos, porém, cada banca gosta de cobrar alguns pontos específicos
para prova que aplica.

Ainda mais interessante em uma apreciação detalhada dos editais, são as


bancas que acabam indicando (implicitamente) um perfil ideológico. Essa é a marca da
FUMARC, desde os últimos concursos para cargos de delegado e escrivão (2018) quanto
ao edital atual, onde escolhe como referência a obra do autor Alessandro Baratta:
Criminologia Crítica e Crítica do Direito Penal. Essa obra, como o próprio nome indica,
tem a visão crítica da criminologia como base.

Além disso, no presente edital (diferentemente do de 2018) traz a obra de


Sérgio Salomão Schecaira e Thiago Fabres de Carvalho como referências. Os autores são
notórios adeptos da tese crítica da criminologia.

Soma-se a esses, Marcos Rolim, com sua obra A síndrome da rainha vermelha:
policiamento e segurança pública no século XXI. Marcos Rolim também crítica a relação
atual entre polícia e direitos humanos, enxergando na Criminologia Crítica um caminho
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mais adequado para a Segurança Pública.

Por esses motivos, julgamos pertinente que o candidato entenda a “visão da


banca” e o “espírito das questões” que encontrar em sua prova.

Esse material, mais do que apresentar conhecimento técnico, busca alcançar


esse viés ideológico apresentado pela banca, tudo a fim de facilitar ao aluno, a leitura
da prova além do escrito.

Nesse primeiro material, apresentaremos os pontos “gerais” para passar o


conhecimento adequado para entendimento da matéria. Em um segundo momento,
tratemos os “pontos específicos”, que marcam a posição da banca FUMARC.

BOA SORTE e BONS ESTUDOS!


1. CONCEITO DE CRIMINOLOGIA

A Criminologia, como aprofundaremos adiante, passa por um processo


evolutivo ao longo dos anos, afetando sobremaneira seu conceito. Atualmente, não há
divergências acerca deste assunto. Nesse sentido, entendemos pertinente apresentar o
conceito descrito por Antonio Garcia-Pablos de Molina (Tratado de Criminologia, 1999,
p. 43 e ss.):

“Definição provisória de Criminologia. Cabe definir a Criminologia como ciência


empírica e interdisciplinar, que se ocupa do estudo do crime, da pessoa do infrator, da
vítima e do controle social ...” (grifo não original)

Com base no conceito descrito, destacamos as palavras chave que indicam os


métodos e objetos principais do estudo da Criminologia:

Tendo em vista o desiderato de aprovação em concurso público, fundamental


apesentar também o conceito de Criminologia exigido pelas bancas mais tradicionais:

Conceito para o CESPE (2017 – Delegado de Polícia – PCGO):

A criminologia é a ciência que, entre outros aspectos, estuda as causas e as


concausas da criminalidade e da periculosidade preparatória da criminalidade.
Conceito para o CESPE (2018 – Juiz Substituto – TJ-CE):

Criminologia é a ciência que estuda o crime como fenômeno social e o criminoso


como agente do ato ilícito, não se restringindo à análise da norma penal e seus efeitos,
mas observando principalmente as causas que levam à delinquência, com o fim de
possibilitar o aperfeiçoamento dogmático do sistema penal.

Conceito para a VUNESP (2018 – Agente de Telecomunicações Policial– PC-


SP):

Criminologia é uma ciência do ser, empírica e experimental, que se utiliza de


métodos biológicos e sociológicos.

Conceito para a VUNESP (2018 – Investigador de Polícia – PC-SP):

Criminologia é uma ciência empírica (baseada na observação e na experiência)


e interdisciplinar que tem por objeto de análise o crime, a personalidade do autor do
comportamento delitivo, a vítima e o controle social das condutas criminosas.

ATENÇÃO: Praticamente todo concurso para o cargo de criminologia cobra ao


menos uma questão sobre o conceito da matéria. Por isso julgamos fundamental, não
só entender, mas também compreender esse conceito que será esmiuçado a seguir:
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2. CARACTERÍSTICAS E FUNÇÕES DA CRIMINOLOGIA

Como vimos no tópico anterior, a Criminologia é dotada de método empírico e


interdisciplinar, e por isso, entre outros fatores, é considerada uma ciência autônoma.
Importante salientar que apesar desta característica, não podemos considerá-la uma
ciência exata e reputar como verdade absoluta seus preceitos.

Pode-se dizer que a Criminologia não trabalha com “dogmas”, “exatidão”, mas
sim com probabilidade. Isso porque todo trabalho de reunião de dados (empirismo)
deve ser analisado e transformado em uma informação provável.

A criminologia se ocupa do “ser”, e não do “dever ser”, como o Direito Penal


que é uma ciência normativa e tem como objeto simplesmente a forma abstrata do
crime.

Outra matéria que se entrelaça à Criminologia, mas não se confunde é a Política


Criminal. Ambas têm em comum o fato do processamento dos dados, mas, nas palavras
de Aníbal Bruno, a Política Criminal é assim definida:
“A Política Criminal, por sua vez, tem no seu âmago a específica finalidade de
trabalhar as estratégias e meios de controle social da criminalidade (caráter
teleológico). É característica da Política Criminal a posição de vanguarda em relação ao
direito vigente, vez que, enquanto ciência de fins e meios, sugere e orienta reformas à
legislação positivada”. (Bruno, Anibal. Direito Penal – Parte Geral. Tomo 1º. Rio de
Janeiro: Forense, 1967, p. 41)

Além do conceito acima descrito, destaca-se o conceito apresentado por


Pierangeli e Zaffaroni:

“A política criminal é a ciência ou a arte de selecionar os bens (ou direitos), que


devem ser tutelados jurídica e penalmente, e escolher os caminhos para efetivar tal
tutela, o que iniludivelmente implica a crítica dos valores já eleitos.” (PIERANGELI, José
Henrique, ZAFFARONI, Eugenio Raúl. Manual de Direito Penal Brasileiro. 6ª Ed. Vol. 01
São Paulo: RT, 2006.)

Importante ainda, apresentar o conceito de Política Criminal para uma das


principais bancas de concurso público, CESPE:

Conceito de Política Criminal para o CESPE (CESPE – 2018 – Juiz Substituto –


TJ-CE):

A POLÍTICA CRIMINAL constitui a sistematização de estratégias, táticas e meios


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de controle social da criminalidade, com o propósito de sugerir e orientar reformas na
legislação positivada.

Conceito de Política Criminal para a VUNESP (VUNESP – 2018 – Delegado de


Polícia – PCBA):

A POLÍTICA CRIMINAL é uma disciplina que estuda estratégias estatais para


atuação preventiva sobre a criminalidade, e que tem como uma das principais
finalidades o estabelecimento de uma ponte eficaz entre a criminologia, enquanto
ciência empírica, e o direito penal, enquanto ciência axiológica. (conceito extraído de
Sérgio Salomão Schecaira - SHECAIRA, Sérgio Salomão. Pena e Política Criminal: A
Experiência Brasileira. In SHECAIRA, Sérgio Salomão; SÁ, Alvino Augusto de (Orgs.).
Criminologia e os Problemas da Atualidade. São Paulo: Atlas, 2008, p. 325.)

Visando expor graficamente essas diferenças para uma melhor compreensão


visual observe o gráfico a seguir:
Em que pese tratar-se de ciências distintas que possuem características
próprias, não há como desmembrá-las totalmente, haja vista a ligação orgânica que há
ente elas quando da aplicação concreta. Confira a seguir:

Assim, percebe-se que essas ciências (Criminologia, Política Criminal e Direito


Penal) possuem campos de atuação específicos, mas que se entrelaçam e se completam.

Assim, percebe-se que essas ciências (Criminologia, Política Criminal e Direito


Penal) possuem campos de atuação específicos, mas que se entrelaçam e se completam.

Bom exemplo dessa relação foi a questão cobrada pelo CESPE e considerada
errada na prova para o cargo de Delegado de Polícia para a PCSE e, 2018:
Na inter-relação entre o direito penal, a política criminal e a criminologia,
compete a esta facilitar a recepção das investigações empíricas e a sua transformação
em preceitos normativos, incumbindo-se de converter a experiência criminológica em
proposições jurídicas, gerais e obrigatórias.

CUIDADO: A Criminologia é uma ciência INTERDISCIPLINAR, justamente por


haver uma permeabilidade entre as demais ciências. A criminologia NÃO É
MULTIDISCIPLINAR, onde os ramos científicos são estudados simultaneamente, mas
sem estarem relacionados entre si.

Objeto da Criminologia

Como já apresentado anteriormente, segundo entendimento atual, a


Criminologia tem como objetos:

Crime

Criminoso

Vítima

Controle Social
Ressaltamos que esse conceito, delimitando esses objetos, pertence ao “atual”
entendimento sobre Criminologia. Essa observação é importante, pois ao longo da
evolução criminológica, seus objetos foram discutidos entre escolas. Para esse material
não aprofundaremos esse debate, mas será mencionado quando tratarmos da “Linha
do Tempo” da Criminologia.

Para o atual contexto, basta compreender que a Criminologia possui quatro


objetos que a fim de melhor apresentação, serão tratados cada um separadamente e de
forma detalhada:

Crime

Para a Criminologia o crime é visto como um problema social e comunitário,


pois suas consequências não afetarão simplesmente os órgãos oficiais, mas causarão
dor e sofrimentos a todos envolvidos: ao criminoso que receberá a punição, à vítima que
será atingida de várias maneiras (vitimizações primária, secundária e terciária) e à
comunidade que sentirá será afetada pela sensação de insegurança.

Logo, caberá à comunidade resolver seus problemas, até mesmo porque o


infrator e a vítima são componentes individuais de um todo (comunidade). Nesse
sentido é o artigo 144 da Constituição Federal:

“Art. 144. A segurança pública, dever do Estado, direito e responsabilidade de


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todos, é exercida para a preservação da ordem pública e da incolumidade das pessoas e
do patrimônio, através dos seguintes órgãos:” (grifo não original)

A Criminologia, por ser uma ciência interdisciplinar possui uma abordagem


global sobre o delito. Enxerga o crime como um problema social e comunitário que surge
na comunidade, cabendo a ela a solução do problema.

O Delegado de Polícia é um agente de Segurança Pública, e por isso não deve


analisar o crime se abstendo ao Direito Penal. Muitos casos são levados à delegacia para
análise da autoridade policial sem que configure um delito (para o direito penal), mas
ainda assim, deve o delegado se esforçar para atender quem lhe procure, seja por meio
de orientação ou devido encaminhamento.

Para a Sociologia o crime é chamado de conduta desviada, podendo ser


caracterizado como todo comportamento que se afasta das expectativas sociais
conforme padrão da maioria (ex. Cracolândia)

O crime ocorre de maneira maciça na comunidade e tem a capacidade de


causar dor e aflição. Além disso, possui uma persistência “espaço-tempo”. Em certas
localidades (ex. bairros) há uma “epidemia” que migra conforme atuação equivocada da
segurança pública.
Nesse sentido, verifica-se que uma ação policial ostensiva apenas afasta a
mancha criminal de uma localidade para outra, não reduzindo os índices de
criminalidade. Apenas uma ação lastreada na inteligência e na investigação é capaz de
diminuir a ação criminosa, pois dá fundamentos possibilitando uma análise mais
profunda do delito e fazendo incidir a ação mais eficaz.

Infrator

Como dito anteriormente o conceito de Criminologia foi evoluindo conforme a


“linha do tempo”. Em especial seus objetos variavam de acordo com a visão de cada
escola em sua época.

Escola Clássica

O infrator era visto para a escola Clássica com um indivíduo dotado de livre
arbítrio, que optava por desviar-se e adotar o caminho do pecado.

Escola Positivista

Já para a escola subsequente (Escola Positivista) o criminoso era dotado de um


atavismo que o prendia à conduta desviante. Chegava a ser comparado por alguns
pensadores como um “animal selvagem”
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Filosofia Correcionalista

Para muitos, a Filosofia Correcionalista não chegou a ser considerada uma


escola da Criminologia, sendo muito mais afeta ao campo da Filosofia, com grande
atuação na América Espanhola.

Sua visão do criminoso era de um indivíduo carente, que precisava de


tratamento corretivo com atitude pedagógica e piedosa.

Criminologia Crítica (pensamento Marxista)

Por ser adepta da teoria do conflito, entendia a sociedade como uma luta de
classe entre os dominantes e os dominados, assim, o indivíduo desviante era visto como
uma vítima do capitalismo, marginalizado pelo mercado.

Criminologia Moderna

Atualmente, o estudo do pensamento criminológico não destaca uma


importância fundamental à classificação do criminoso, justamente por entender que
como regra ele é um ser normal (Princípio da normalidade do delinquente). Há os casos
de anormalidade (loucos), mas que não incidem na relevância da Criminologia como um
todo.
Para Sérgio Salomão Shecaira (Criminologia e os Problemas da Atualidade.
2008):

“O criminoso é um ser histórico, real, complexo e enigmático, um ser


absolutamente normal, pode estar sujeito às influências do meio (não aos
determinismos).” (grifo não original)

A fim de melhor memorizar, preparamos um gráfico, com as palavras chaves


relativas a cada período histórico da Criminologia e o entendimento sobre a pessoa do
infrator:

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Vítima

O estudo da vítima será aprofundado e detalhado em capítulo específico


(“Vitimologia”).

Assim como os demais objetos da Criminologia estudados até o momento, a


vítima teve papeis diferentes com o decorrer da evolução criminológica.
Historicamente, podemos destacar três períodos marcantes de transformação do papel
da vítima na análise criminológica:

1º - “Período de Ouro”

Desde o início da civilização até o fim da alta idade média

A própria vítima comanda o processo. Ela aplica a pena (vingança)

Ex. Lei de Talião (“olho por olho, dente por dente”)

2º - “Neutralização do Poder da Vítima”

O Estado assume o papel da vítima na aplicação da pena


O direito penal passa a focar na pessoa do criminoso ignorando o papel da
vítima no crime.

3º - “Revalorização da Vítima”

Com o surgimento da ESCOLA CLÁSSICA, a vítima passa a ser valorizada no


estudo do crime.

A vítima passa a ter um grande enfoque após a 2ª Guerra Mundial devido ao


tratamento dispensado aos judeus.

1º Seminário Internacional de Vitimologia em Israel (1973)

Será detalhado em capítulo específico

Controle Social

Podemos conceituar “Controle Social” como o conjunto de instituições (legais


e sociais), somadas à estratégias e punições que visam submeter os indivíduos às normas
estipuladas pela sociedade. 12

Como compreendemos do conceito acima, o “Controle Social” é formado pelo


conjunto de Instituições, estratégias e punições. Com base nisso, podemos classificar
esse Controle em Formal e Informal, a depender da natureza das instituições,
estratégias e punições.

Classificação Quanto aos Agentes Fiscalizadores

Controle Social Formal

Quando essas instituições (acompanhadas pelas suas estratégias e punições)


são organizadas pelo Estado, estamos falando da espécie formal de Controle Social.

Importante destacar que o Controle Social Formal deve atuar somente quando
o controle social informal se mostra insuficiente em enquadrar os indivíduos conforme
as Normas Sociais.
Exemplos de Controle Social Formal: Polícia, Ministério Público, Poder
Judiciário, sistema prisional. Etc.

Controle Social Informal

Contrariamente ao que foi visto acima, tratamos de informal o Controle Social


desempenhado por instituições não vinculadas diretamente ao Estado.

Justamente por sua natureza informal, as suas estratégias e punições são, em


regra, menos rigorosas que as empregadas pelo Controle Social Formal. Atua de maneira
preventiva e educacional, visando inserir o indivíduo às normas sociais através da
orientação. Até mesmo suas punições tem um caráter mais pedagógico.

Exemplos de Controle Social Informal: Escola, Família, Igreja, etc.

Método da Criminologia

Já vimos quando tratamos do conceito de Criminologia, que essa ciência tem


como métodos o empirismo e a interdisciplinariedade. Considerando se tratar de uma
ciência empírica, a Criminologia se baseia nos métodos biológicos e sociológicos,
buscando ainda suporte nos métodos estatísticos, históricos e sociológicos.

Dessa maneira, mais uma vez, constatamos que não cabe no estudo
criminológico intuições ou subjetivismos.
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Classificação da Criminologia

A maior parte da doutrina divide a Criminologia em dois grandes ramos:


Criminologia Geral e Criminologia Clínica.

Criminologia Geral

É aquela responsável pela organização dos dados, comparação e classificação


devendo produzir a informação útil.

Criminologia Clínica

Aplicação das teorias na intervenção ao indivíduo desviante. Será objeto de


estudo em capítulo específico.
2.1. QUESTÕES COMENTADAS

01) CESPE – 2017 – Delegado de Polícia – PCGO

A respeito do conceito e das funções da criminologia, assinale a opção


correta.

a) A criminologia tem como objetivo estudar os delinquentes, a fim de


estabelecer os melhores passos para sua ressocialização. A política criminal, ao
contrário, tem funções mais relacionadas à prevenção do crime.

b) A finalidade da criminologia em face do direito penal é de promover a


eliminação do crime.

c) A determinação da etimologia do crime é uma das finalidades da


criminologia.

d) A criminologia é a ciência que, entre outros aspectos, estuda as causas e as


concausas da criminalidade e da periculosidade preparatória da criminalidade.
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e) A criminologia é orientada pela política criminal na prevenção especial e
direta dos crimes socialmente relevantes, mediante intervenção nas manifestações e
nos efeitos graves desses crimes para determinados indivíduos e famílias.

GABARITO: D

COMENTÁRIOS:

a) De fato, um dos objetivos da criminologia é o estudo do delinquente, mas


não sob o enfoque de sua ressocialização. Além disso, não é função principal da Política
Criminal a prevenção do crime.

b) A Criminologia entende que o crime é inerente á sociedade, logo, não tem


como finalidade a eliminação do crime, mas sim, dentre outras, sua redução através de
um estudo dos objetos.

c) Etimologia é o estudo das origem das palavras. A Criminologia tem entre seus
estudos a etiologia, que é a causa do comportamento criminoso.

d) Correta.

e) A criminologia, através de seus estudos empíricos, orienta a Política Criminal


na proposição de estratégias de combate à criminalidade, e não o contrário como a
alternativa apresenta.
----------------

02) CESPE – 2016 – Delegado de Polícia – PCPE

Acerca dos modelos teóricos explicativos do crime, oriundos das teorias


específicas que, na evolução da história, buscaram entender o comportamento
humano propulsor do crime, assinale a opção correta.

a) O modelo positivista analisa os fatores criminológicos sob a concepção do


delinquente como indivíduo racional e livre, que opta pelo crime em virtude de decisão
baseada em critérios subjetivos.

b) O objeto de estudo da criminologia é a culpabilidade, considerada em


sentido amplo; já o direito penal se importa com a periculosidade na pesquisa etiológica
do crime.

c) A criminologia clássica atribui o comportamento criminal a fatores biológicos,


psicológicos e sociais como determinantes desse comportamento, com paradigma
etiológico na análise causal-explicativa do delito.

d) Entre os modelos teóricos explicativos da criminologia, o conceito


definitorial de delito afirma que, segundo a teoria do labeling approach, o delito carece 15
de consistência material, sendo um processo de reação social, arbitrário e
discriminatório de seleção do comportamento desviado.

e) O modelo teórico de opção racional estuda a conduta criminosa a partir das


causas que impulsionaram a decisão delitiva, com ênfase na observância da relevância
causal etiológica do delito.

GABARITO: D

COMENTÁRIOS:

a) O modelo que adota a concepção do delinquente como um indivíduo racional


e livre que opta pelo crime (livre arbítrio) é o modelo Clássico (Escola Clássica), e não o
positivista.

b) A alternativa inverteu os enfoques de estudo. Na verdade, o direito penal se


ocupa da culpabilidade enquanto a criminologia analisa a periculosidade em uma
pesquisa etiológica (causas do comportamento criminoso).

c) Ao contrário da alternativa “a”, esse item inverteu a visão das escolas quanto
ao criminoso. É a Escola Positivista que atribui o comportamento criminoso à fatores
biológicos, psicológicos e sociais.
d) A Teoria do Labeling Approach será objeto de estudo no nosso próximo
ponto (QUESTÃO CORRETA)

e) A “decisão delitiva”, ou seja, o “livre arbítrio” é adotado pelo modelo teórico


clássico (Escola Clássica), que, por sua vez, não se debruça sobre a causa do crime ou
sua prevenção (questão muito difícil)

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03) VUNESP– 2015 – Delegado de Polícia – PCCE

Os objetos de estudo da moderna criminologia estão divididos em:

a) três vertentes: justiça criminal, delinquente e vítima.

b) três vertentes: política criminal, delito e delinquente.

c) três vertentes: política criminal, delinquente e pena.

d) quatro vertentes: delito, delinquente, justiça criminal e pena.

e) quatro vertentes: delito, delinquente, vítima e controle social.


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GABARITO: E

COMENTÁRIOS:

Nas palavras de Antonio-García-Pablos de Molina: “Definição provisória de


Criminologia. Cabe definir a Criminologia como ciência empírica e interdisciplinar, que
se ocupa do estudo do crime, da pessoa do infrator, da vítima e do controle social do
comportamento delitivo ...”

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04) VUNESP– 2014 – Atendente de Necrotério Policial – PCSP

São fins básicos da Criminologia, dentre outros:

a) os valores do ressarcimento e da indenização da vítima pelos danos sofridos.

b) a prevenção e o controle do fenômeno criminal.

c) o processo e o julgamento judicial do criminoso.


d) o diagnóstico e a profilaxia das enfermidades mentais, mediante tratamento
ambulatorial e internação hospitalar.

e) a vingança e o castigo públicos do criminoso.

GABARITO: B

COMENTÁRIOS:

Os objetivos e finalidades principais da criminologia são:

1 – Explicar e prevenir o crime

2 – Avaliar os diferentes modelos de resposta ao crime

3 – Intervir na pessoa do infrator

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- - - - - - - - - - - - - -- - - -

05) VUNESP– 2014 – Atendente de Necrotério Policial – PCSP

Assinale a alternativa que contém o ente que exerce ou fomenta os


controles sociais informais sobre a vida dos indivíduos.

a) Poder Judiciário

b) Polícia
c) Sistema Penitenciário

d) Ministério Público

e) Escola

GABARITO: E

COMENTÁRIOS:

O “Controle Social” é formado pelo conjunto de Instituições, estratégias e


punições. Com base nisso, podemos classificar esse Controle em Formal e Informal, a
depender da natureza das instituições, estratégias e punições. Quando essas
instituições (acompanhadas pelas suas estratégias e punições) são organizadas pelo
Estado, estamos falando da espécie formal de Controle Social. Exemplos de Controle
Social Formal: Polícia, Ministério Público, Poder Judiciário, sistema prisional. Etc.

Em contrapartida, tratamos de informal o Controle Social desempenhado por


instituições não vinculadas diretamente ao Estado. Exemplos de Controle Social
Informal: Escola, Família, Igreja, etc.

----------------------

06) FUMARC – 2018 – Escrivão de Polícia – PCMG 18


A relação entre Criminologia e Direito Penal está evidenciada de
forma CORRETA em:

a) A Criminologia aproxima-se do fenômeno delitivo, sendo prescindível a


obtenção de uma informação direta desse fenômeno. Já o Direito Penal limita
interessadamente a realidade criminal, mediante os princípios da fragmentariedade e
da seletividade, observando a realidade sempre sob o prisma do modelo típico.

b) A Criminologia e o Direito Penal são disciplinas autônomas e


interdependentes, e possuem o mesmo objetivo com meios diversos. A Criminologia, na
atualidade, erige-se em estudos críticos do próprio Direito Penal, o que evita qualquer
ideia de subordinação de uma ciência em cotejo com a outra.

c) A Criminologia tem natureza formal e normativa. Ela isola um fragmento


parcial da realidade, a partir de critérios axiológicos. Por outro lado, o Direito Penal
reclama do investigador uma análise totalizadora do delito, sem mediações formais ou
valorativas que relativizem ou obstaculizem seu diagnóstico.

d) A Criminologia versa sobre normas que interpretam em suas conexões


internas, sistematicamente. Interpretar a norma e aplicá-la ao caso concreto, a partir de
seu sistema, são os momentos centrais da Criminologia. Por isso, ao contrário do Direito
Penal, que é uma ciência empírica, a Criminologia tem um método dogmático e seu
proceder é dedutivo sistemático.

GABARITO: B

COMENTÁRIOS:

a) INCORRETA. O que torna a alternativa incorreta é considerar dispensável


(prescindível) a necessidade de obtenção de uma informação direta desse fenômeno
delitivo. A Criminologia é uma ciência empírica, logo, tem como finalidade a análise dos
dados criminológicos para poder atuar preventivamente e eficazmente.

b) CORRETA. A afirmação de que o Direito Penal e a Criminologia possuem o


mesmo objetivo pode ter confundido os alunos, contudo, ambas têm a finalidade de
reduzir a criminalidade, cada uma atuando de uma maneira (meio) distinto, seja
analisando os dados (criminologia) ou elencando os fatos indesejados (Direito Penal).

c) INCORRETA. A criminologia NÃO tem natureza formal e normativa (o direito


penal sim), tampouco isola um fragmento da realidade a partir de critérios axiológicos.
19
d) INCORRETA. A alternativa trocou os conceitos e características do Direito
Penal e da Criminologia.

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07) FUMARC – 2018 – Escrivão de Polícia – PCMG (ADAPTADA)

A respeito dos objetos da Criminologia, julgue os itens abaixo:

O conceito de delito para a Criminologia é o mesmo para o Direito Penal,


razão pela qual tais disciplinas se mostram complementares e interdependentes.

GABARITO: ERRADO

COMENTÁRIOS:

a) ERRADA. Criminologia tem seu conceito próprio (ciência empírica e


interdisciplinar que se ocupa do estudo do crime, do criminoso, da vítima e do controle
social). Bom exemplo dessa relação foi a questão cobrada pelo CESPE e considerada
correta na prova para o cargo de Delegado de Polícia para a PCSE e, 2018: “Na inter-
relação entre o direito penal, a política criminal e a criminologia, compete a esta facilitar
a recepção das investigações empíricas e a sua transformação em preceitos normativos,
incumbindo-se de converter a experiência criminológica em proposições jurídicas, gerais
e obrigatórias. “
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08) FUMARC – 2018 – Escrivão de Polícia – PCMG (ADAPTADA)

A respeito dos objetos da Criminologia, julgue os itens abaixo:

O controle social consiste em um conjunto de mecanismos e sanções sociais


que pretendem submeter o indivíduo aos modelos e às normas comunitários. Para
alcançar tais metas, as organizações sociais lançam mão de dois sistemas articulados
entre si: o controle social informal e o controle social formal.

GABARITO: CERTO

COMENTÁRIOS:

CERTA. Podemos conceituar “Controle Social” como o conjunto de instituições


(legais e sociais), somadas a estratégias e punições que visam submeter os indivíduos às
normas estipuladas pela sociedade. Ele pode ser classificado em Controle Social Formal
e Informal.
3. LINHA DO TEMPO DO PENSAMENTO CRIMINOLÓGICO

Antes de nos aprofundarmos no estudo da evolução histórica do pensamento


criminológico, faz-se necessário levantar o debate doutrinário que existe acerca da
origem da Criminologia como ciência autônoma. O primeiro registro do emprego da
palavra “Criminologia” ocorreu em 1879 através de Paul Topinard (Médico e Atropólogo
Francês) em seu livro: "De La notion de race em anthropologie. Revue d'Anthropologie”
("Da noção de raça na antropologia". Revisão de antropologia).

Para outra parcela da doutrina, o melhor emprego do termo Criminologia foi


feito por Rafael Garófalo que o utilizou como título de seu livro em 1885.

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(imagem 1) (imagem 2)
Livro “A Criminologia” (imagem 1) publicado por Rafael Garófalo (imagem 2)

Parte considerável da doutrina defende que a Criminologia como ciência


autônoma teve seu primeiro registro com o livro L’uomo Delinquente (O Homem
delinquente) em 1876, ainda que o próprio autor não se intitulasse um criminólogo, mas
sim um adepto da “Escola Antropológica Italiana”.
(imagem 3) (imagem 4)
Livro “O Homem Delinquente” (imagem 3) publicado por Cesare Lombroso
(imagem 4)
22
Há ainda aqueles que defendem que o prelúdio da Criminologia se deu no
“Programa de Direito Criminal” desenvolvido por Francesco Carrara em 1859 para
universidades de Lucca e Pisa, na Itália, mesmo não tendo o autor empregado o termo
“criminologia” em seus estudos, mas sim as linhas que viriam a dar base a essa ciência.

Imagem 5 - Francesco Carrara e o Programa de Direito Criminal


OBSERVAÇÃO: Como não há posição pacífica acerca da origem da
criminologia, não acreditamos que esse tema possa vir a ser cobrado em questões
objetivas, mas caso o seja, opte por apontar Lombroso como o pai da Criminologia
(Doutrina majoritária) principalmente pelo emprego do método empírico (veremos
adiante).

Esse debate refere-se ao surgimento da Criminologia como ciência autônoma,


mas é inegável que o estudo do crime, do criminoso, da vítima e do controle social existe
desde que o homem passou a viver em comunidade.

Por isso, nesse capítulo estudaremos a “Linha do Tempo” da Criminologia


analisando desde a fase pré-científica, até o pensamento atual.

Criminologia Pré-Científica

Como vimos acima, há divergência quanto ao marco do estudo científico da


Criminologia, assim, iremos considerar como fase pré-científica o período anterior ao
início da Escola Clássica. Optamos dessa maneira simplesmente por uma questão
didática, pois como ressaltado anteriormente a doutrina majoritária aponta o estudo de
Lombroso como marco inicial da fase científica da Criminologia.
23
Desde a Antiguidade, na época babilônica, há relatos de estudos sobre crimes
e criminosos, bem como critérios utilizados para aplicação da pena. Um dos principais
marcos desse período é o Código de Hamurabi que pregava um julgamento distinto a
depender da classe do infrator. Quanto mais rico, mais rigoroso deveria ser o
julgamento, pois mais oportunidades se apresentaram em sua vida.

Em que pese o Código de Hamurabi ser um marco da antiguidade, há relatos


ainda anteriores, como o de Confúcio, pensador e filósofo Chinês, que se preocupava
com o emprego e a finalidade das penas aos delitos cometidos.

Na Grécia antiga e no período Romano, ainda que não organizados em forma


de ciência, há marcas da Criminologia em determinados estudos.

Nota-se também nesse período da antiguidade forte influência da igreja e do


sobrenatural na tentativa de se explicar o crime. Nessa visão, aqueles que cometiam o
crime, muitas vezes eram considerados possuídos por demônios ou então considerados
bruxos. Nesse sentido podemos mencionar (ainda que não fosse um marco no estudo
criminológico) o “Malleus Maleficarum” (Martelo das Bruxas). Esse “manual” foi
elaborado pela igreja em 1484 com o fim de instruir o combate aos hereges,
considerados bruxos. É bem verdade que há estudos que apontam que a própria igreja
recusou seu uso, e que várias publicações distintas foram feitas sem seu aval, o que
acabou gerando condenações por tribunais seculares (não conduzidos pela igreja), mas
não pela própria inquisição da igreja.

(imagem 6) (imagem 7)
(“Malleus Maleficarum” - Martelo das Bruxas) e (Imagem de julgamento
secular)

24
Tivemos como marcantes nomes da Criminologia Brasileira, Raimundo Nina
Rodrigues (1862-1906), fiel seguidor de Lombroso, chegou a ser chamado de “Lombroso
dos Trópicos).

Escola Clássica

Como salientamos quando do início do estudo pré-científico, optamos


didaticamente ao marcar o início do período científico com o surgimento da Escola
Clássica, ainda que Lombroso (Escola Positivista) seja considerado por maior parte da
doutrina como o pai da criminologia científica.

A Escola Clássica surge na Europa no século XVII, período que ficou marcado
por diversas revoluções, dentre elas a mais destacada: Revolução Francesa. Encontrava-
se em ápice nesse período no Continente Europeu o Iluminismo. Esse marco de
pensamento destacou-se como um período de pensamentos libertários que dominou a
Europa no século XVII e teve como principais nomes Voltaire, Montesquieu e Rosseau.

Pregavam, dentre outras coisas, a liberdade, fraternidade, igualdade e


separação entre o estado e a Igreja. No campo do pensamento criminológico, o
Iluminismo criticava a então legislação criminal defendendo uma individualização da
pena e a abolição das penas cruéis e degradantes
ATENÇÃO: Pensamentos do iluminismo que influenciaram a Escola Clássica:
LIBERDADE, FRATERNIDADE, IGUALDADE E SEPARAÇÃO ENTRE O ESTADO E A IGREJA

É inegável que o “Iluminismo” influenciou de maneira determinante a obra


“Dos Delitos e das Penas” de Cesare Bonesana (Marquês de Beccaria). Essa obra foi
escrita em 1764, auge do período iluminista.

25

Imagem 8– Cesare Beccaria (Dei delitti e Delle Pene)

Além de Beccaria, há grande relevância nessa escola Francesco Carrara e


Pellegrino Rossi. Como já mencionado, Carrara se destacou ao escrever o “Programa de
Direito Criminal” desenvolvido em 1859 para universidades de Lucca e Pisa, na Itália.

Pellegrino Rossi foi um político e jurista italiano, naturalizado francês. Defendia


que a pena tem um caráter simplesmente de retribuição do mal, com função
intimidatória.

A Escola Clássica tinha uma visão própria dos atuais objetos e demais pontos
da criminologia:

Delito:

O crime é um ente jurídico, uma infração ao “Pacto Social”;

Delinquente:
Um ser normal dotado de “Livre Arbítrio”. Optava pelo mal.

Pena:

Tem caráter retributivo (proporcional) e intimidatório com intuito de prevenir


novo desvio.

“O mal tem que ser pago com outro mal”. Por essa premissa a escola clássica
também é chamada de “retribucionista”.

Método:

Racional Lógico-Dedutivo – Partia de premissas para compreender os fatos.

Escola Positivista

Cronologicamente, a Escola Positivista é subsequente à Escola Clássica, surgiu


em meados do século XIX e apresentou fundo científico com a publicação de dados
estatísticos sobre a criminalidade em 1827 na França. 26
Como vimos, a Escola Clássica adotava método dedutivo e abstrato, o que foi
abandonado pela escola positivista que adotou o método indutivo (partia dos fatos para
uma verdade geral) e empírico.

Graças ao método empregado na publicação de seu livro “O homem


Delinquente”, em 1876, é que Cesare Lombroso é considerado pela maioria como o “Pai
da Criminologia Científica”.

A Escola Positivista ampliou o objeto de estudo da Escola Clássica, que se


baseava no crime e expandiu o estudo pata o crime e o criminoso.

Delito:

O delito é um fato humano e social. Entendia ser fundamental entender os


motivos que levaram o indivíduo à prática do crime.

Delinquente:

Considerado uma espécie de doente, preso à conduta criminosa.

Não são indivíduos normais.


Pena:

É um instrumento de defesa social.

Reação da sociedade contra o crime.

Método:

Racional Indutivo-Experimental

Três nomes são apontados como principais defensores da Escola Positivista,


cada um deles atuando mais especificamente em sua área de formação: Cesare
Lombroso (médico); Rafael Garófalo (jurista) e Enrico Ferri (sociólogo).

CESARE LOMBROSO (1835-1909)

27

Imagem 9 – Cesare Lombroso

Apesar de ser um grande nome da Criminologia Científica por ter empregado o


método empírico em seu estudo, não se identificava como um criminólogo, mas sim um
adepto da “Escola Antropológica Italiana”.

Seu estudo baseava-se na análise da antropometria (medidas humanas) com o


crime. Desenvolveu modelos de criminosos que poderiam ser identificados de acordo
com traços físicos:
Imagem 10 – Modelos Lombrosianos de criminosos

Lombroso ainda diferenciou os criminosos em classificações:

Criminoso Nato;

Criminoso determinado por traços físicos, influência biológica. Um selvagem


28
Criminoso Louco

Perverso. Alienados mentais – devem permanecer em hospícios

Criminoso de Ocasião

Possuem uma predisposição hereditária, mas dependem de uma circunstância


eterna - “a ocasião faz o ladrão”

Criminoso de Paixão.

Levado a pratica delitiva por um impulso, nervoso, violentos quando


confrontados com questões passionais

RAFAEL GARÓFALO (1851-1934)


Imagem 11 – Rafael Garófalo

Primeiro a usar o termo “Criminologia” como título de um livro (1885).


Defendia que o delito era uma anomalia moral ou psíquica do ser. Além disso,
compartilhava com Lombroso a defesa de que os criminosos possuíam traços físicos
distintos.

Foi o criador da temibilidade, que seria uma espécie de periculosidade (porção


29
de maldade que deve se temer em face deste).

Outra grande contribuição para a Escola Positiva foi a defesa da elaboração de


outra forma de intervenção penal – a medida de segurança.

Garófalo classificou os criminosos em:

Assassinos;

Egoístas, se preocupam com a satisfação instantânea. Aproximam-se dos


selvagens e das crianças. Não são influenciados pelo social.

Violentos/Enérgicos

Possuem senso moral, mas falta compaixão, ou é tão escassa a ponto de querer
justificar o delito como um exagero de amor próprio ou paixão ou ainda preconceitos.

Ladrões/Neurastêmicos

Possuem senso moral, mas falta instinto de probidade. Possuem anomalias


cranianas (frenologia)

Cínicos
Cometem crimes contra dignidade sexual

ENRICO FERRI (1856-1929)

Imagem 12–Enrico Ferri

Ferri, apesar de sociólogo foi um discípulo de Lombroso, criador da “Sociologia


Criminal”, que defendia “menos justiça penal e mais justiça social”. Ampliou as teses de 30
Lombroso adicionando fatores sociais, econômicos e políticos.

Para Ferri, o delito não se limitava a fatores antropológicos, era mesclado com
outros, tais como físicos externos (clima, estação, temperatura, etc.) e sociais
(densidade populacional, família, religião, miserabilidade, etc). Desses, os fatores
sociais eram os preponderantes na determinação do crime.

Importante pensamento de Ferri era o de que a sociedade devia priorizar a


prevenção diagnosticando as causas naturais do delito, deixando de punir
tardiamente e de forma violenta.

Ferri ainda diferenciou os criminosos em classificações:

Criminoso Nato;

Semelhante ao de Lombroso. Atrofia do senso moral – degenerado

Criminoso Louco

Além dos loucos “de Lombroso”, também os semi-loucos.

Criminoso de Ocasião

Que cometem crime de maneira eventual – “O crime procura o indivíduo”


Criminosos Habituais

Reincidentes. É o criminoso profissional.

Criminoso de Paixão.

Se aproxima do louco. Age pelo impulso

-----------------

A fim de melhor representar as diferenças entre a Escola Clássica e Escola


Positivista (um dos pontos que mais cai em concursos públicos), destacamos o gráfico a
seguir:

31
3.1 QUESTÕES COMENTADAS

01) VUNESP– 2014 – Auxiliar de Necropsia – PCSP

____________ é considerado pai da criminologia, por ter utilizado o


método empírico em suas pesquisas, revolucionando e inovando os estudos da
criminalidade.

Assinale a alternativa que preenche corretamente a lacuna.

a) Enrico Ferri

b) Cesare Lombroso

c) Adolphe Quetelet

d) Emile Durkheim

e) Cesare Bonesana

32
GABARITO: B

COMENTÁRIOS:

Como vimos no material, não há unanimidade quanto à definição do marco da


Criminologia como ciência. Várias correntes afirmam diferentes precursores (Rafael
Garófalo, Francesco Carrara e Cesare Lombroso).

Em nosso material, destacamos que para fins de concurso público, adote-se


Cesare Lombroso como “pai da criminologia científica” justamente pelo emprego do
método empírico em suas pesquisas:

OBSERVAÇÃO: Como não há posição pacífica acerca da origem da criminologia,


não acreditamos que esse tema possa vir a ser cobrado em questões objetivas, mas caso
o seja, opte por apontar Lombroso como o pai da Criminologia (Doutrina majoritária)
principalmente pelo emprego do método empírico (veremos adiante).

02) VUNESP – 2017 – Defensor Público Substituto – DPE-RO


Assinale a alternativa correta em relação aos estudos e contribuições de
Lombroso para o desenvolvimento histórico da criminologia.

a) Fundadas nas demonstrações de Lombroso, todas as teorias criminológicas


defendem que não se deve punir aqueles que cometem crimes em virtude do
determinismo genético e biológico.

b) As ideias desenvolvidas por Lombroso fundamentaram as bases da teoria do


distanciamento.

c) Lombroso sustentava que era de suma importância estudar as circunstâncias


do delito em detrimento do delinquente.

d) Os estudos de Lombroso inserem-se no contexto de ideias que contrapõem


o conceito de livre arbítrio.

e) Os estudos desenvolvidos por Lombroso demonstram-se como um


retrocesso às ideias e conceitos da Escola Clássica, motivo pelo qual não contribuíram
para o desenvolvimento da Criminologia como ciência.

GABARITO: D

COMENTÁRIOS:
33
a) Incorreta. A afirmativa é justamente o contrário do que defende Lombroso,
que os criminosos possuem um determinismo biológico.

b) Incorreta. Teoria do distanciamento tem base primordialmente sociológica,


contrária aos fatores biológicos defendidos por Lombroso

c) Incorreta. Mais uma afirmativa que se contrapõe às ideias de Lombroso que


focava seu estudo na pessoa do infrator, e não nos fatores que levam ao crime.

d) Correta. O livre arbítrio era base da Escola Clássica, que foi sucedida pela
Escola Positivista de Lombroso

e) Incorreta. Lombroso é considerado o “Pai da Criminologia” justamente pela


sua fundamental contribuição na prática do método empírico e indutivo.

- - - - - - - - - -- - - --

03) FCC – 2016 – Defensor Público Substituto – DPE-ES

Sobre a escola positivista da criminologia, é correto afirmar:

a) A escola positivista ainda não chega a considerar a concepção da pena como


meio de defesa social, que é própria de escolas mais modernas da criminologia.
b) Sua recepção no Brasil recebeu contornos racistas, notadamente no trabalho
antropológico de Nina Rodrigues.

c) É uma escola criminológica ultrapassada e que já influenciou a legislação


penal brasileira, mas que após a Constituição Federal de 1988 não conta mais com
institutos penais influenciados por esta corrente.

d) Por ter enveredado pela sociologia criminal, Enrico Ferri não é considerado
um autor da escola positivista, que possui viés médico e antropológico.

e) O método positivista negava a importância da pesquisa empírica, que


possivelmente a levaria a resultados diversos daqueles encontrados pelos seus autores.

GABARITO: B

COMENTÁRIOS:

a) Incorreta. Para Escola Positivista a pena era um meio de defesa social antes
os criminosos natos.

b) Correta. “Tais estudos eugênicos repercutiram no Brasil produzindo uma


cultura racista - aqui não dissimulada - em que negros e brancos passam a ser declarados
distintos por sua condição de raça. O importante estudioso do direito penal e da
criminologia, autor que influenciou um sem-número de seguidores no Brasil, Raimundo
34
Nina Rodrigues, com grande naturalidade afirmava que "o critério cientifico da
inferioridade da raça negra nada tem de comum com a revoltante exploração que dela
fizeram os interesses escravistas dos norte-americanos. Para a ciência não e essa
inferioridade mais do que um fenômeno de ordem perfeitamente natural, produto na
marcha desigual do desenvolvimento filogenético da humanidade nas suas diversas
divisões ou seções". E mais adiante arrematava: "o estudo das raças inferiores tem
fornecido a ciência exemplos bem observados dessa incapacidade orgânica, cerebral."
(Sérgio Salomão Schecaira)

c) Incorreta. Ainda hoje há resquícios da Escola Positivista em nosso


ordenamento jurídico, tais como o instituto da reincidência penal.

d) Incorreta. Ferri, ao lado de Lombroso e Garófalo, é um dos principais nomes


dessa escola.

e) Incorreta. Lombroso é considerado o “Pai da Criminologia” justamente pela


sua fundamental contribuição na prática do método empírico e indutivo.

- - - - - - - - - -- - - --

04) FUMARC – 2018 – Escrivão de Polícia – PCMG (ADAPTADA)


A respeito dos objetos da Criminologia, julgue os itens abaixo:

Desde os teóricos do pensamento clássico, o centro dos interesses


investigativos da primitiva Criminologia sempre esteve no estudo do criminoso,
prisioneiro de sua própria patologia (determinismo biológico), ou de processos causais
alheios (determinismo social).

GABARITO: ERRADO

COMENTÁRIOS:

a) ERRADA. O centro do estudo da criminologia no criminoso só ocorreu com o


ápice da escola Positivista, que sucedeu a Escola Clássica.

----------------------

05) VUNESP – 2018 – Auxiliar de Papiloscopista Policial– PCSP (ADAPTADA)

Em relação ao conceito e ao objeto de estudo da criminologia, julgue os itens


a seguir:

35
Após superar os equívocos das primeiras abordagens sobre o homem delinquente,
exemplificadas nos estudos de Lombroso, a criminologia moderna mantém em seu
conceito o estudo do criminoso.

GABARITO: CERTO

COMENTÁRIOS:

a) CERTO. Atualmente, a Criminologia tem dentre seus objetos de estudo o


criminoso, figura que foi o foco principal no período Positivista de Lombroso.

------------------

06) VUNESP – 2018 – Agente Policial– PCSP (ADAPTADA)

Em relação ao conceito e ao objeto de estudo da criminologia, julgue os itens


a seguir:

Após os inúmeros equívocos e abusos cometidos a partir das visões lombrosianas, a


criminologia moderna afastou-se do estudo sobre o criminoso, pois funda-se em
conceitos democráticos e respeita os direitos fundamentais da pessoa humana.
GABARITO: ERRADO

COMENTÁRIOS:

A criminologia moderna não se afastou dos estudos do criminoso, apenas não


o considera mais, como na época lombrosiana, como foco principal da gênese do crime.

36
4. TEORIAS SOCIOLÓGICAS DA CRIMINALIDADE

Modelos Sociológicos do Consenso e do Conflito.

Como vimos anteriormente, um dos objetivos da Criminologia é entender os


elementos justificadores de um delito, para isso, partindo de uma análise
macrossociológica, a “estrutura” da sociedade passa a ser estudada como fator
preponderante na produção criminológica.

Com visões distintas, duas grandes correntes surgiram com posições


antagônicas em relação aos objetivos da comunidade como um todo: Teorias do
Consenso e Teorias do Conflito.

Teorias do Consenso

As Teorias do Consenso também são chamadas de Teorias de Integração e


Teorias de Cunho Funcionalista.

O grande marco dessas teorias é defender que a sociedade possui objetivos


comuns a todos os indivíduos. Prega que existe um consenso entre os membros de uma
comunidade quando esta age em um perfeito funcionamento. Entendem que a
finalidade da sociedade é atingida quando há um perfeito funcionamento de suas
instituições. 37
Afirmam que toda sociedade tem uma estrutura estável que se sustenta no
consenso entre seus integrantes.

Exemplos de teorias do Consenso:

Escola de Chicago;

Teoria da Associação Diferencial;

Teoria da Anomia;

Teoria da Subcultura Delinquente

Teorias do Conflito

As Teorias do Conflito também são chamadas de Teorias de cunho


Argumentativo.

Para essas teorias, não há na sociedade um senso comum. De fato, há objetivos


definidos pela coletividade, mas esses objetivos são impostos por uma classe dominante
sobre uma classe dominada. Os objetivos da sociedade são mutáveis durante o tempo,
assim, não há como defini-lo de maneira perene.
A harmonia social é imposta à força, por meio de coerção, ignorando a
voluntariedade de cada indivíduo.

Exemplos de teorias do Conflito:

Teoria Crítica ou Radical

Teoria do Labelling Approach, Etiquetamento, Reação Social ou Interacionismo


Simbólico

Escola de Chicago e Teoria Ecológica ou Desorganização Social

Academicamente, trata-se de duas teorias distintas, mas que possuem grande


ligação e vários pontos incomuns. Por isso, didaticamente preferimos compilar seus
ensinamentos em um mesmo capítulo a fim de facilitar a compreensão do aluno.

ESCOLA DE CHICAGO/TEORIA ECOLÓGICA

TEORIA DO CONSENSO

PERÍODO: DÉCADAS DE 20 E 30 38
Essa Teoria, destacada por Robert Park,
teve seu marco em 1925 quando o autor
publicou sua obra “The city – Suggestion for
theinvaestigationofHumanBahavior in the City
Environment.”

(Robert Park)

Escola de Chicago é uma das teorias do consenso que surgiu nas décadas de 20
e 30 nos Estados Unidos, mais precisamente na Universidade de Chicago com o estudo
nomeado “sociologia das grandes cidades”. É considerada o “berço da moderna
criminologia americana”.

Seu estudo baseava-se na teoria ecológica ou teoria da desorganização social,


ou seja, como o espaço urbano pode influenciar o desenvolvimento da criminalidade,
conhecida como “Antropologia Urbana”.

O surgimento dessa Escola reflete o período marcado por grande migração e


formação das grandes metrópoles. Aqueles que se mudavam para esses grandes centros
tinham um choque cultural e a tendência é que se unissem na formação de “guetos”.
Essa Teoria prega que um dos principais fatores que levam ao aumento da
criminalidade é a ausência de um Controle Social Informal decorrente do crescimento
exponencial das grandes metrópoles.

“A teoria ecológica explica esse efeito criminógeno da grande cidade, valendo-


se dos conceitos de desorganização e contágio inerentes aos modernos núcleos urbanos
e, sobretudo, invocando o debilitamento do controle social desses núcleos. A
deterioração dos grupos primários (família, etc.), a modificação qualitativa das relações
interpessoais que se tornam superficiais, a alta mobilidade e a consequente perda de
raízes no lugar da residência, a crise dos valores tradicionais e familiares, a
superpopulação, a tentadora proximidade às áreas comerciais e industriais onde se
acumula riqueza e o citado enfraquecimento do controle social criam meio
desorganizado e criminógeno” (Antonio García-Pablos de Molina. Criminologia)

O crescimento da cidade de Chicago ocorreu de maneira centrífuga (do centro


para a periferia), viabilizando grandes problemas de criminalidade. As zonas mais
periféricas contribuem para a proliferação de “gangues”. Um fato curioso sobre o
surgimento das “Teorias das Zonas Concêntricas”, é que ela foi idealizada por um
jornalista (além de sociólogo), o que ressalta papel da pesquisa nessa Escola:

39

(Ernest Burgess)
Zonas Concêntricas de Ernest
Burgess(http://www.cidadesturismo.com/2016/02/a-cidade-como-objeto-de-
estudo_20.html) 40
Explicando melhor as Zonas Concêntricas de Ernest Burgess, utilizamos os
ensinamentos de Wagner Cinelli de Paula Freitas (Espaço urbano e criminalidade –
Lições da Escola de Chicago. São Paulo):

A Zona I: É o bairro central, com comércio, bancos, serviços, etc. Burgess


chamou esse distrito de ‘loop’.

A Zona II: É a área imediatamente em torno da Zona I e representa a transição


do distrito comercial para as residências. Normalmente ocupada pelas pessoas mais
pobres, é a chamada zona de transição.

A Zona III: Contém residências de trabalhadores que conseguiram escapar as


péssimas condições de vida da Zona II, sendo composta geralmente pela segunda
geração de imigrantes.

A Zona IV: É chamada de suburbia, é formada por bairros residenciais e é


caracterizada por casas e apartamentos de luxo. É onde residem as classes média e alta.

A Zona V: Denominada exurbia, fica além dos limites da cidade e contém áreas
suburbanas e ‘cidades-satélites’. É habitada por pessoas que trabalham no centro e
dependem um tempo razoável no trajeto entre casa e trabalho. Esta área não é
caracterizada por residências proletárias. Ao contrário, normalmente é composta de
casas de classe média-alta e alta.

O conceito de subúrbio das cidades norte-americanas é diverso do das cidades


da América Latina. Enquanto nas cidades latino-americanas o subúrbio é usualmente
caracterizado por ser uma área pobre, nos EUA, é onde residem pessoas de alto padrão
socioeconômico.

Para os pesquisadores dessa Escola, a Zona II era onde se concentrava os


maiores índices de criminalidade. Justamente decorrente dessa pesquisa é que se
passou a dar uma maior atenção a um produto analisado posteriormente por outras
escolas: “as gangues e a delinquência juvenil”.

Para a Escola de Chicago e Teoria Ecológica são fatores que influenciam a


produção de crimes:

Explosão Demográfica

Industrialização

Migrações

Conflitos Culturais
41
Deterioração da Família

Relações Superficiais

Alta Mobilidade

Falta de Raízes

Crise de Valores

Desorganização Social

A CIDADE DESORGANIZADA PRODUZ CRIMES

Outro marco da Escola de Chicago foi a aplicação do empirismo, pois os


indivíduos da comunidade eram “interrogados” por uma equipe especial a fim de
desenhar um gráfico da criminalidade em relação a cada região da metrópole. Outro
método muito empregado para se conhecer o real índice de criminalidade foi o emprego
dos “Inquéritos Sociais” (social surveys).

“Park pregava que a sociologia não estava interessada em fatos, mas em como
as pessoas reagiam a eles. Nesse compasso, a experiência prática era considerada
fundamental, visto que a melhor estratégia de pesquisa era aquela em que o
pesquisador participava diretamente do objeto de seu estudo. Este método inovador e
cuja introdução na pesquisa se deve à Escola de Chicago é o da observação participante.
Nesse método, o observador toma parte no fenômeno social que estuda, o que lhe
permite examiná-lo da maneira como realmente ocorre.Assim, o conhecimento tem por
base não a experiência alheia, mas a própria experiência do pesquisador.” (FREITAS,
Wagner Cinelli de Paula. Espaço urbano e criminalidade – Lições da Escola de Chicago.
São Paulo)

Muitas outras Escolas/Teorias criminológicas decorreram da Escola de Chicago,


são elas: Teoria Espacial, Teoria das Janelas Quebradas, Teoria da Tolerância Zero.

Teoria Espacial

Essa Teoria decorre da Escola de Chicago e da Teoria Ecológica. Teve seu ápice
na década de 1940 e defendia a influência arquitetônica e urbanística das grandes urbes
como meio de prevenir o crime.

42

(Revitalização da área central da Cidade de Boston)


(Revitalização da Cidade de Medelín)

As imagens acima demonstram como a revitalização de espaços urbanos pode


contribuir para redução da criminalidade. Um grande caso prático é a cidade de Medelín,
dominada pelo crime organizado nas décadas de 80 e 90, passou por grande
transformação e consequente redução dos índices de crime.

Teoria da Associação Diferencial

TEORIA DA ASSOCIAÇÃO DIFERENCIAL/APRENDIZAGEM SOCIAL/”SOCIAL


LEARNING” 43
TEORIA DO CONSENSO

PERÍODO: DÉCADAS DE 30 E 40
A criminologia usou a expressão
“Crimes do Colarinho Branco” pela primeira vez
em 1940 por ocasião de um artigo de autoria de
Edwin Hardin Sutherland, da Universidade de
Indiana, nominado “White Collar Criminality”
publicado na American Sociological Reiew. Esse
estudo foi baseado no pensamento de Gabriel
(Gabriel Tarde) Tarde, jurista e sociólogo francês.

(Edwin Sutherland)
A premissa básica dessa Teoria assevera que o comportamento desviante era
aprendido por associação, combatia a ideia de que se tratasse de algo hereditário. Não
se trata especificamente de uma ligação entre criminosos e não criminosos, mas sim de
fatores favoráveis ou desfavoráveis ao delito.

Para se assimilar esses fatores, necessitar-se-ia de conhecimento especializado


e habilidade além da propensão em querer tirar proveito dessas situações. O crime não
pode ser definido apenas como disfunção ou inadaptação das pessoas de classe menos
favorecidas, pois, alguns comportamentos desviantes requerem conhecimento
especializado, ou ainda habilidade de seu agente, o qual aprende tal conduta desviada
e associa-se a ela. Nas palavras de Sérgio Salomão Shecaira:

“A teoria da associação diferencial parte da ideia segundo a qual o crime não


pode ser definido simplesmente como disfunção ou inadaptação das pessoas de classes
menos favorecidas, não sendo ele exclusividade destas. Em certo sentido, ainda que
influenciado pelo pensamento da desorganização social de Willian Thomas, Sutherland
supera o conceito acima para falar de uma organização diferencial e da aprendizagem
dos valores criminais. A vantagem dessa teoria é que, ao contrário do positivismo, que
já estava centrado no perfil biológico do criminoso, tal pensamento traduz uma grande
discussão dentro da perspectiva social. O homem aprende a conduta desviada e associa- 44
se com referência nela.”

Luis Flavio Gomes e Antonio García-Pablos de Molina (Criminologia –


Introdução a seus fundamentos teóricos) elencam algumas proposições que
caracterizam a teoria da associação diferencial:

“A conduta criminal se aprende, como se aprende também o comportamento


virtuoso ou qualquer outra atividade: os mecanismos são idênticos em todos os casos;

A conduta criminal se aprende em interação com outras pessoas, mediante um


processo de comunicação. Requer, pois, uma aprendizagem ativa por parte do indivíduo.
Não basta viver em um meio criminógeno, nem manifestar é evidente, determinados
traços da personalidade ou situações frequentemente associadas ao delito. Não
obstante, em referido processo participam também ativamente, também, os demais.

A parte decisiva do citado processo de aprendizagem ocorre no seio das


relações mais íntimas do indivíduo com seus familiares ou com pessoas de seu meio. A
influência criminógena depende do grau de intimidade do contato interpessoal.
A aprendizagem do comportamento criminal inclui também a das técnicas de
cometimento do delito, assim como a da orientação específica das correspondentes
motivações, impulsos, atitudes e da própria racionalização (justificação) da conduta
delitiva.

A direção específica dos motivos e dos impulsos se aprende com as definições


mais variadas dos preceitos legais, favoráveis ou desfavoráveis a eles. A resposta aos
mandamentos legais não é uniforme dentro do corpo social, razão pela qual o indivíduo
acha-se em permanentemente contato com outras pessoas que têm diversos pontos de
vista quanto à conveniência de acatá-los. Nas sociedades pluralistas, dito conflito de
valorações é inerente ao próprio sistema e constitui a base e o fundamento da teoria
sutherlaniana da associação diferencial.

Uma pessoa se converte em delinquente quando as definições favoráveis, isto


é, quando por seus contatos diferenciais aprendeu mais modelos criminais que modelos
respeitosos ao Direito.
45
As associações e contatos diferenciais do indivíduo podem ser distintas
conforme a frequência, duração, prioridade e intensidade dos mesmos. Contatos
duradouros e frequentes, é lógico, devem ter maior influência pedagógica, mais que
outros fugazes ou ocasionais, do mesmo modo que o impacto que exerce qualquer
modelo nos primeiros anos de vida do homem costuma ser mais significativo que o que
tem lugar em etapas posteriores; o modelo é tanto mais convincente para o indivíduo
quanto maior seja o prestígio que este atribui à pessoa ou grupos cujas definições e
exemplos aprende.

Precisamente porque o crime se aprende, isto é, não se imita, o processo de


aprendizagem do comportamento criminal mediante contato diferencial do indivíduo
com modelos delitivos e não delitivos implica a aprendizagem de todos os mecanismos
inerentes a qualquer processo deste tipo.

Embora a conduta delitiva seja uma expressão de necessidades e valores gerais,


não pode ser explicada como concretização deles, já que também a conduta adequada
ao Direito corresponde a idênticas necessidade e valores.”
Teoria da Anomia

TEORIA DA ANOMIA

TEORIA DO CONSENSO (COM VIÉS


MARXISTA)
PERÍODO: DÉCADAS DE 30
Teoria desenvolvida por Robert King
Merton, com base nos estudos de Émile Durkhein
(“A divisão do trabalho social”, “As regras do
método sociológico” e “O suicídio”) que visa
explicar o aspecto sociológico da criminalidade por
ser um comportamento de dissociação entre as
aspirações socioculturais e os meios desenvolvidos
para alcançá-las.
(Robert King Merton)

46

(Émile Durkhein)

Émile Durkhein defende o desvio com um caráter funcional para a sociedade e


não como uma patologia da vida social como muitos entendiam.

A sociedade transmite a seus cidadãos metas culturais, em contrapartida, lhe


oferece meios (institucionalizados) para alcançá-las. Quando os meios não são
suficientes para o atingimento das metas, ocorre uma situação de “anomia” (ausência
de norma) em que as regras sociais são ignoradas.

Merton criou um quadro que tenta justificar o comportamento dos indivíduos


de acordo com as metas culturais (objetivos para atingir a ‘felicidade’) e os meios
institucionalizados (“ferramentas” que o Estado oferece para alcançar a “felicidade”).
CONFORMIDADE: Comportamento conformista. Fora as situações
excepcionais, é a situação mais comum. O indivíduo acata os meios institucionalizados
para atingir as metas sociais.

INOVAÇÃO: Para a Anomia, aqui reside o indivíduo desviante, pois ele aceita as
metas impostas pela sociedade, mas não enxerga os meios institucionais disponíveis
para alcançá-las, assim, ele rompe com as normas (A-nomia) para buscar a “felicidade”.

RITUALISMO: Os indivíduos aceitam as metas impostas pela sociedade, mas


refutam os meios disponibilizados por entenderem que as metas jamais serão
alcançadas.
47
EVASÃO/RETRAIMENTO: Renunciam a tudo. Em regra, são os bêbados, párias,
mendigos, drogados, etc.

REBELIÃO: Assim como na “Evasão/Retraimento”, os indivíduos renunciam às


metas culturais e aos meios institucionalizados, porém, essa renúncia é ativa. Ou seja,
lutam para estabelecer novos paradigmas e uma nova “ordem social”

Dessa maneira, a adesão aos fins culturais sem o respeito aos meios
institucionais levaria ao comportamento criminoso (Ex. Propagandas onde incutem que
a “felicidade” só pode ser alcançada mediante aquisição de determinado bem). Assim,
o indivíduo que não aceita o grupo social em que está inserido sem condições de “ser
feliz”, opta pelo comportamento criminoso.
(Propaganda atrelando o produto à felicidade)

48

(Propaganda atrelando o produto à felicidade)

A Anomia surge em uma situação em que as metas culturais e os meios


institucionais são abandonados. Um bom exemplo pra ilustrar essa situação é o caso da
greve dos policiais militares no estado do Espírito Santo ocorrida em fevereiro de 2017.
Nessa oportunidade, sem policiamento ostensivo, saques tomaram conta de todo o
Estado, onde pessoas – inicialmente, sem comportamento desviante – cometeram
furtos (saques) influenciados por uma “onda”.
Teoria da Subcultura Delinquente

TEORIA DA SUBCULTURA DELIQUENTE

TEORIA DO CONSENSO
49
PERÍODO: DÉCADA DE 50
Teoria desenvolvida por Albert K. Cohen
marcada pela sua obra “Deliquent Boys” – 1955.
Para o autor, todo grupo humano possui suas
normas, condutas, filosofia própria que muitas
vezes não corresponde aos padrões gerais da
sociedade.

(Albert K. Cohen)

A Subcultura Delinquente estuda a gênese de grupos subculturais que não se


encaixam nos padrões impostos pela sociedade, e por essa razão, adotam uma postura
de INOVAÇÃO (comportamento destacado pela Teoria da Anomia em que os indivíduos
aceitam as metas culturais, mas repudiam os meios institucionais).

Essa teoria é contrária à noção de uma ordem social, ofertada pela criminologia
tradicional. Identificam-se como exemplos as gangues de jovens delinquentes, em que
o garoto passa a aceitar os valores daquele grupo, admitindo-os para si mesmo, mais
que os valores sociais dominantes. Assim, o crime acaba por se tornar sinônimo de
protesto ou forma de “aparecer”, de ter status e adquirir respeito diante da
comunidade.

Albert Cohen enumera 3 (três) fatores específicos para sua teoria: não
utilitarismo da ação, malícia e negativismo:

Não Utilitarismo da Ação: muitos crimes não possuem motivação prática (ex.
jovens subtraem bens que não vão usar).

Malícia: é o prazer em prejudicar ou outro (ex. temor que jovens de uma


gangue empregam naqueles que não pertencem ao grupo).

Negativismo: apresentam-se como um contraponto aos padrões impostos pela


sociedade (ex. vandalismo contra a polícia ou a coisa pública).

Teoria da Labeling Approach, Reação Social, Interacionismo Simbólico ou


Etiquetamento

LABELLING APPROACH, INTERACIONISMO SIMBÓLICO REAÇÃO SOCIAL OU


ETIQUETAMENTO

TEORIA DO CONFLITO 50
PERÍODO: DÉCADA DE 60
Considerada uma das mais
importantes Teorias do Conflito. Surgiu nos
anos 60 através do estudo de Erving Goffman
e Howard Becker. Seu estudo deixou de lado o
delito em si e dedicou atenção à Reação
Social, ou seja, à interação entre a sociedade
e o crime. Para o Labelling Approach, o
indivíduo acaba assumindo a "etiqueta" de
(Erving Goffman) criminoso que a sociedade lhe impõe
passando a adotar uma conduta desviante.

(Howard Becker)
Para essa teoria, o ponto central da criminalidade não é uma característica do
comportamento humano, mas sim a consequência de um processo de estigmatização
do indivíduo como criminoso. Logo, o delinquente só se diferencia do homem comum
pela “etiqueta” que lhe é atribuída.

Para Raul Eugênio Zaffaroni, a tese central desta teoria pode ser definida, em
termos gerais, pela afirmação de que “cada um de nós se torna aquilo que os outros
vêem em nós” e, de acordo com essa mecânica, a prisão cumpre função reprodutora,
ou seja, a pessoa rotulada como delinquente assume o papel que lhe é consignado,
comportando-se de acordo com o mesmo.

A teoria da rotulação de criminosos cria um processo de estigma para os


condenados, funcionando a pena como geradora de desigualdades. O sujeito acaba
sofrendo reação da família, amigos, conhecidos, colegas, o que acarreta a
marginalização no trabalho, na escola.

A teoria entende que a criminalização primária (primeira ação delitiva) produz


uma etiqueta (rótulo) de criminoso, o que acaba influenciando para a criminalização
secundária (repetição de atos delitivos). Ou seja, a estigmatização de criminoso acaba
influindo na interação com a sociedade que faz com que o indivíduo assuma essa
condição.
51
A fim de melhor explicar o processo de criminalização primária e secundária,
destacamos trecho do artigo “Os processos de criminalização primária e secundária” de
autoria de Pedro Magalhães Ganem:

Os processos de criminalização primária e secundária

Desde a criação das normas à atuação das instâncias oficiais (Polícias,


Ministério Público e Judiciário) é possível verificar a atuação seletiva do sistema penal,
é o que chamamos de processos de criminalização primária e secundária.

De acordo com a teoria do labeling approach, destacam-se dois momentos em


que ocorre o etiquetamento, o da elaboração das leis e o da efetivação dessas normas,
momentos em que se vê a seleção de determinados comportamentos abstratos e de
pessoas específicas, etiquetando-os de forma a causar “uma recusa mais geral, além de
configurar uma ‘carreira delinquencial’. Estas duas ‘seleções’ seriam chamadas desde
então ‘criminalização primária’ e ‘criminalização secundária’”(ANITUA, 2008, p. 592).

Há uma corrente mais radical que entende que entende que “as etiquetas” são
impostas pelas instituições do Controle Formal: polícias, promotores, juízes, etc.

No campo prático jurídico, há alguns bons exemplos de políticas criminais


embasadas nessa teoria: Despenalização do uso de drogas, STF HC 143.641, que
entendeu que o Brasil vive uma política de encarceramento e decidiu pela liberdade
(em regra) de mulheres gestantes e mães com filho na primeira infância, progressão de
regimes, etc.

Criminologia Crítica, Radical Ou Nova Criminologia

CRIMINOLOGIA CRÍTICA, RADICAL OU NOVA CRIMINOLOGIA

Não há um nome TEORIA DO CONFLITO


marcante atribuído a origem
dessa Criminologia.
PERÍODO: DÉCADA DE 70
Diferentes autores atribuem
Teve seu surgimento marcado nos estados
seu surgimento a Georg
Unidos e na Inglaterra, sendo posteriormente
Rusche, Otto Kirchheimer,
expandida para países da Europa (Alemanha, Itália,
Willem Bonger, etc.
França, Holanda, etc.). Tem base Marxista e imputa
ao capitalismo a base da criminalidade, pois esse
sistema é caracterizado pelo egoísmo e ganância.

52
Citando os ensinamentos da professora Monica Gamboa (Criminologia, matéria
básica): “Essa teoria Consolidou-se ao criticar as posturas tradicionais da teoria do
consenso, eis que, ancorada no pensamento marxista, acredita ser o modelo econômico
adotado em determinado local o principal fator gerador da criminalidade.”

Importante mencionar que essa corrente da Criminologia se originou em um


momento de elevado conflito politico-ideológico marcado pela disputa entre direita e
esquerda (Guerra Fria: EUA x URSS).

Segundo Jorge de Figueiredo Dias e Manuel da Costa Andrade: “A Criminologia


radical é, em grande parte, uma criminologia da Criminologia, principalmente a
discussão e análise de dois temas: a definição do objeto e do papel da investigação
criminológica.” (Criminologia – O homem delinquente e a sociedade criminológica).

“O principal objetivo da Criminologia crítica foi a desconstrução do discurso


jurídico penal, por meio de uma descrição macrossociológica da realidade, ou seja, sua
meta inicial é demonstrar como o programa oficial do direito penal é falso e encobre
uma função real e oculta, que é a de reproduzir as desigualdades sociais e manter de
forma eficiente o ‘stutus quo’ social.” (Ryanna Pala Veras. Nova Criminologia e os Crimes
do Colarinho Branco”
A Criminologia Crítica serviu de base para o surgimento de outras teorias
criminológicas como o abolicionismo criminal, direito penal mínimo e o neorrealismo.

Abolicionismo Penal: Defende o fim as prisões e abolir o próprio Direito Penal,


que pode ser substituído pelo diálogo, entendimento e solidariedade. Direito penal só
serve para destacar as desigualdades sociais.

Direito Penal Mínimo (Criminologia Minimalista): Defende a redução drástica


do Direito Penal, pois entende que ele na atual situação encontra-se apenas legitimando
interesses de uma minoria

Neorrealismo: Assevera que a criminalidade decorre da pobreza, não


unicamente, mas somada a outros fatores como individualismo, competitividade,
ganância, machismo, etc. Defende também uma menor discricionariedade por parte da
Justiça, pregando que os crimes mais graves devem ser combatidos com resposta
exemplar, aumentando assim a possibilidade de medidas cautelares detentivas.

4.1 QUESTÕES COMENTADAS

53
01) FCC– 2018 – Defensor Público – DPE-AM

Sobre as escolas criminológicas, é correto afirmar:

a) A Escola de Chicago fomentou a utilização de métodos de pesquisa que


propiciou o conhecimento da realidade da cidade antes de se estabelecer a política
criminal adequada para intervenção estatal.

b) A teoria da rotulação social busca compreender as causas da criminalidade


por meio do processo de aprendizagem das condutas desviantes.

c) O positivismo criminológico desenvolveu a ideia de criminoso nato, aplicável


contemporaneamente apenas aos inimputáveis.

d) O abolicionismo penal de Louk Hulsman defende o fim da pena de prisão e


um direito penal baseado em penas restritivas de direito e multa.

e) A teoria da subcultura delinquente foi o primeiro conjunto teórico a


empreender uma explicação generalizadora da criminalidade.

GABARITO: A

COMENTÁRIOS:
a) Correta. Outro marco da Escola de Chicago foi a aplicação do empirismo, pois
os indivíduos da comunidade eram “interrogados” por uma equipe especial a fim de
desenhar um gráfico da criminalidade em relação a cada região da metrópole. Outro
método muito empregado para se conhecer o real índice de criminalidade foi o emprego
dos “Inquéritos Sociais” (social surveys).

b) Alternativa atribui à Rotulação Social os ensinamentos da Associação


Diferencial.

c) A primeira parte da assertiva está correta. Porém, a ideia de criminoso nato


não é aplicada contemporaneamente no Brasil nem mesmo em relação ao inimputável.

d) O Abolicionismo Penal é mais radical, defendendo o fim do direito penal,


inclusive das penas restritivas de direito e multa. Diferentemente do Direito Penal
Mínimo.

e) A subcultura delinquente não se preocupou em explicar a criminalidade de


uma maneira genérica, tampouco foi a primeira teoria sociológica.

---------------------

02) CESPE – 2018 – Defensor Público – DPE-PE

Com relação às escolas e às teorias jurídicas do direito penal, assinale a opção


54
correta.

a) Os positivistas conclamavam a justiça a olhar para o crime como uma


entidade jurídica, enquanto os clássicos encaravam o crime como fatos sociais e
humanos.

b) Na primeira metade do século passado, floresceu, na Universidade de


Chicago, a chamada teoria ecológica ou da desorganização social, que considerava o
crime um fenômeno ligado a áreas naturais.

c) A labelling approach enxerga o comportamento criminoso como motivado


por razões ontológicas ou intrínsecas, e não como decorrente do sistema de controle
social.

d) A escola clássica ficou marcada pelo método de fundo dedutivo que


empregava na ciência do direito penal: o jurista deveria partir do concreto, ou seja, das
questões jurídico-penais, para passar ao abstrato, ou seja, ao direito positivo.

e) Os clássicos adotavam princípios relativos e que não se sobrepunham às leis


em vigor, evitando leis draconianas e excessivamente rigorosas, com penas
desproporcionais.
GABARITO: B

COMENTÁRIOS:

a) A questão inverteu as visões das escolas clássica e positivista. A primeira


enxergava o crime como um ente jurídico, enquanto os positivistas atribuíam a um fato
social e humano.

b) Correta, ainda que o termo “áreas naturais” possa ter sido mal formulado,
tendo sido mais adequado “áreas urbanas”.

c) O crime, para o Labelling Approach decorre da interação entre a sociedade e


o indivíduo estigmatizado como criminoso, e não de um caráter ontológico e intrínseco.

d) De fato a Escola Clássica aplicava o método dedutivo. Contudo a alternativa


explica esse método de maneira invertida. O processo dedutivo parte o abstrato para o
concreto. O indutivo (aplicado pelos positivistas) que partia de uma análise fática para
gerar um entendimento amplo.

e) Os princípios poderiam, em algumas situações, se sobrepor às leis.

------------------------------

55
03) FCC– 2017 – Defensor Público – DPE-PR

A criminologia da reação social

a) concentra seus estudos nos processos de criminalização

b) corresponde a uma teoria do consenso

c) explica o comportamento criminoso como fruto de um aprendizado.

d) identificou as subculturas delinquentes.

e) explica a existência do homem criminoso pelo atavismo.

GABARITO: A

COMENTÁRIOS:

REAÇÃO SOCIAL, também chamada de Labeling Approach, Etiquetamento,


Rotulação ou Interacionismo Simbólico. Seu estudo deixou de lado o delito em si e
dedicou atenção à Reação Social, ou seja, à interação entre a sociedade e o crime.
Para o Labeling Approach, o indivíduo acaba assumindo a "etiqueta" de criminoso que a
sociedade lhe impõe passando a adotar uma conduta desviante.
04) CESPE/CEBRASPE-2019 - Juiz de Direito Substituto - TJ-PA (adaptada)

Considerável parcela de doutrinadores compreende a política criminal como


o conjunto de princípios e atividades que tem por fim reagir contra o fenômeno
delitivo, através do sistema penal, determinando os meios mais adequados para o
controle da criminalidade. A partir dessa afirmação, julgue os itens a seguir.

Os movimentos sociais conhecidos por Tolerância Zero, Nova Defesa Social e


Despenalização das Contravenções são considerados instrumentos de endurecimento
do Estado no combate ao crescimento da criminalidade.

GABARITO: ERRADO

COMENTÁRIOS:

Despenalização das contravenções não é medida de endurecimento do Estado


no combate ao crescimento da criminalidade.

05) MPE-GO-2019 - Promotor de Justiça – MPE-GO (adaptada)


56
Julgue o item a seguir:

Dentre outros, são caracteres da Escola Positiva: o entendimento do Direito


Penal como um produto social, obra humana; o delito é um fenômeno natural e social
(fatores individuais, físicos e sociais); a pena é um meio de defesa social, com função
preventiva. Podem ser citados como importantes expoentes da Escola Positiva Cesar
Lombroso e Enrico Ferri.

GABARITO: CERTO

COMENTÁRIOS:

Para a ideologia da defesa social, mais importante do que a proporcionalidade


da pena em relação ao delito praticado, é a proteção da sociedade ante a periculosidade
do agente. Com isso, ao lado das penas proporcionais à culpabilidade, há as medidas de
segurança em função da periculosidade. A responsabilidade moral deve ser baseada
no determinismo, o crime como fenômeno social e individual e a pena com caráter
aflitivo, cuja finalidade é a defesa social. Deve-se levar em consideração a causalidade
delitiva, não a sua fatalidade

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