Sintaxe de Orações.

Fazer download em docx, pdf ou txt
Fazer download em docx, pdf ou txt
Você está na página 1de 15

Sintaxe de oração: tipos de oração, conjunções e suas relações.

Uma frase pode ser uma oração. Para isso, é preciso que ela tenha verbo em sua composição e
também que seja dotada de sentido completo, ou seja, compreensível. Compare, a seguir
uma frase que é oração com uma que não é.

Oração: Como está chovendo hoje!

Frase: Socorro!

Apesar de a frase “Socorro!” ser facilmente entendida, ela não possui verbo. Então não pode
ser considerada uma oração.

A sintaxe de uma oração é composta por cada palavra, tendo relação entre si para formar o
sentido da frase.

No exemplo de oração acima, a palavra “Chovendo” deve unir-se às palavras “como”, “está” e
“hoje” para que o receptor da mensagem a compreenda. Assim, cada palavra desta oração
chama-se termo ou unidade sintática, e cada palavra desempenha uma função sintática.

As orações podem ser simples ou compostas. São simples quando possuem apenas uma frase
e são compostas quando apresentam duas ou mais frases na mesma oração. Veja:

Oração simples: “Como está chovendo hoje!”

Oração composta: “Está chovendo muito hoje e não tenho guarda-chuva”.

No segundo caso, temos duas frases, cada uma com um sentido.

A RELAÇÃO DE COORDENAÇÃO

Um período composto por coordenação é formado por orações independentes


sintaticamente, ou seja, as orações não têm nenhuma dependência para serem entendidas,
mas que se unem para tornar a informação mais completa e expressiva. Elas são consideradas
orações coordenadas.

Antes de falarmos sobre os tipos de orações coordenadas é necessário saber o que é uma
conjunção coordenativa.

Conjunção coordenativa: É uma conjunção usada para ligar duas orações ou palavras que
têm a mesma função gramatical. Pode ser aditiva, adversativa, alternativa, conclusiva e
explicativa.

Há dois tipos de orações coordenadas:

Orações Coordenadas Assindéticas

São as orações que não estão ligadas por meio de conjunção coordenativa. A ligação é feita,
geralmente, pela vírgula.

Ex: Vim, vi, venci.

Orações Coordenadas Sindéticas

São orações ligadas por uma conjunção coordenativa.

São classificadas em 5 tipos:

1
Oração coordenada sindética aditiva:

Exprime uma ideia de adição à oração anterior.

Algumas conjunções aditivas: e, nem, mas também, mas ainda, assim…. como, bem como…

Eu e minha esposa almoçamos fora e fomos ao shopping

Não gosto de pimentão nem de batata-doce.

Oração coordenada sindética adversativa:

Exprime uma ideia de oposição à da outra oração.

Algumas conjunções adversativas: mas, porém, todavia, ainda assim, no entanto,


entretanto, contudo.

Eu queria jogar futebol, mas a minha perna ainda dói.

Eu estava indo a pé, porém começou a chover

Oração coordenada sindética alternativa:

Exprime ideia de opção, de alternância em relação à outra oração.

Algumas conjunções alternativas: ou, ou…ou, nem…nem, seja...seja, ora… ora, quer… quer,
já...já.

Ex.: Faça o que seu pai mandou ou ficará de castigo/Quer jogar de manhã, quer jogar de tarde,


não para de jogar futebol

Oração coordenada sindética conclusiva:

Exprimem conclusão ou consequência de uma ideia relacionada à oração anterior.

Algumas conjunções conclusivas: logo, assim, portanto, por isso, por conseguinte, pois, de
modo que, então…

Ex.: Fui mal na prova, portanto não vou passar no concurso. /Estudei muito, por isso devo
passar no concurso.

 Oração coordenada sindética explicativa:

Indica uma justificativa ou uma explicação de uma ideia relacionada à oração anterior.

Algumas conjunções explicativas: que, porque e pois (antes do verbo), ou seja, isto é, não faça
isso, porque não quero.

Dê parabéns a ele, pois passou no concurso.

PONTUAÇÃO E AS ORAÇÕES COORDENADAS

Premissa geral: separam-se orações coordenadas por vírgulas. A exceção das assindéticas
introduzidas por e.

Nada ouve, nada vê, nada fala.

“Os governos são provisórios, mas os preços não.

Quando a conjunção e estiver presente, consideram-se os seguintes casos:

2
a) Numa sequencia de várias orações, apenas a última é introduzida pela conjunção e; diante
dessa última oração, não se emprega vírgula:

Nada ouve, nada vê e nada fala.

b) Sequencia de várias orações introduzidas pela conjunção e: a vírgula precederá cada uma
das orações:

E ia, e voltava, e ia, e voltava, e tentava outra vez.

c) A conjunção possui valor adversativo (= mas) ou une orações de sujeitos diferentes? “Taca”
a vírgula aí.

Teve a grande chance da sua vida, e deixou passar.

Chegou o momento esperado, e partimos.

OUTRAS CONSIDERAÇÕES IMPORTANTES ACERCA DA RELAÇÃO ENTRE ORAÇÕES

Oração intercalada ou interferente

Às vezes interpomos uma oração a outra a fim de fazer um esclarecimento, uma ressalva ou
até mesmo exprimir uma opinião:

Naqueles tempos – e eu não falo de tempos assim tão remotos – o único zoom que
conhecíamos era o das câmeras...

Trata-se de uma oração independente, que não se poderia colocar entre as coordenadas e/ou
a subordinada. É um recurso estilístico muito usado por grandes autores. Veja um exemplo
extraído de uma obra de Machado de Assis:

“Um dia – era uma sexta-feira, - não pude mais. Certa ideia, que negrejava em mim, abriu as
asas e entrou a bate-las de um lado para outro, como fazem as ideias que querem sair. O ser
sexta-feira creio que foi acaso, mas também pode ter sido de propósito; fui educado no terror
daquele dia” [...]

A COORDENAÇÃO E/OU A SUBORDINAÇÃO SÃO PRÓPRIAS DE PERÍODOS SIMPLES

Os trabalhadores rurais, os trabalhadores urbanos e os marítimos têm procurado melhores


condições de trabalho e vida.

Há, no exemplo, três núcleos do sujeito coordenados. Há também dois adjuntos adnominais
coordenados entre si: “de trabalho e de vida”.

A subordinação também é uma ocorrência do período simples. Em: Os trabalhadores rurais,


os trabalhadores urbanos e os marítimos têm procurado melhores condições de trabalho e
vida, os subordina rurais, trabalhadores e marítimos; trabalho subordina-se a condições por
intermédio da preposição de; vida também se subordina a condições. Portanto, estamos
pensando em coordenação como não dependência e subordinação como dependência.

A ORDEM DAS COORDENADAS

As orações coordenadas, como já vimos, são independentes do ponto de vista sintático, mas
há relação de sentido entre elas. Em alguns casos podemos inverter a ordem em que elas
aparecem no período. Já em outros, não. Essa impossibilidade SEMANTICO-PRAGMÁTICA

3
ocorre quando a ordem é determinada ou por uma ideia de gradação ou por uma sequencia
cronológica, como ilustrado no trecho de Graciliano Ramos:

“Arrastou-se para junto da família, tirou do bolso o cachimbo de barro, atochou-o, acendeu-o,
largou algumas baforadas longas de satisfação.”

PROBLEMAS QUE A GRAMÁTICA NÃO DÁ CONTA

A NGB1 classifica as orações coordenadas sindéticas em aditivas, adversativas, alternativas,


conclusivas e explicativas, de acordo com as conjunções que as introduzem. Esse
procedimento dá origem a dois problemas:

a) Como classificar orações sindéticas introduzidas pela conjunção e com valor não apenas
aditivo? Essas orações são muito frequentes na língua portuguesa, e parece contrassenso
considera-las aditivas.

“Você me quer justo, e eu não sou justo mais” (Milton Nascimento e Fernando Brant)

b) Como proceder com as orações assindéticas em que ficam claros valores adversativos ou
explicativos, para não falar naquelas em que o valor aditivo é flagrante?

Procurei chamar-lhes a atenção; ninguém me deu ouvidos. (valor adversativo)

Não o aborreça: está compenetrado. (valor explicativo)

Fica, então, a pergunta: são as orações coordenadas que tem valores variados ou as
conjunções?

No geral, a NGB não é uma boa nomenclatura. Ela, como aponta Kenedy (2018:59), apresenta
“inúmeras falhas graves”. A seguir, um exemplo para ilustrar.

(i) Funções sintáticas que são geralmente definidas por parâmetros semânticos, o que, na
visão do autor, é “descritivamente inadequado ao tratarmos especificamente do componente
sintático da língua” (Idib). Um exemplo seria a classificação do sujeito como sendo “o ser que
pratica a ação.” Um outro exemplo seria a relação entre as orações e suas classificações serem
tratadas numa perspectiva sintaticocentrica. Quer sejam as coordenadas ou as subordinadas.

Paulo foi viajar e descansou muito.

Paulo foi viajar, por isso descansou muito.

RELAÇÕES DE SUBORDINAÇÃO

Observe o exemplo:

Marcos notou / que alguma coisa errada estava ocorrendo.

(1ª oração - principal)                      (2ª oração - subordinada)

O período é composto, já que apresenta duas orações (dois verbos: notar e estar, neste caso).

A primeira oração, como podemos perceber, é organizada em torno do verbo transitivo


direto “notou”; a segunda oração é organizada em torno da locução verbal “estava
ocorrendo” e atua como objeto direto do verbo da primeira oração. Dessa forma, a partir
1
http://www.portaldalinguaportuguesa.org/?action=ngbras

4
da relação de dependência sintática entre as orações, podemos dizer que o período
é composto por subordinação, pois existe um processo sintático que relaciona as
orações que o compõem.

As conjunções que ligam as orações subordinadas são chamadas de conjunções


subordinativas. Diferentemente dos períodos compostos por coordenação, cujos termos das
orações são sintaticamente equivalentes e relacionam-se entre si, as orações
subordinadas exercem funções diversas com relação à oração principal.

Tipos de orações subordinadas

De acordo com as funções sintáticas que exercem, as orações subordinadas são classificadas


em:

Substantivas – têm valor de substantivo e exercem as funções de sujeito, objeto


direto, objeto indireto, predicativo, complemento nominal e aposto. São introduzidas por
conjunção integrante.

Adjetivas – têm valor de adjetivo devido ao fato de caracterizar os substantivos e/ou


os pronomes a que se referem. São introduzidas por pronome relativo.

Adverbiais – têm valor de advérbio ou locução adverbial e exercem a função de adjunto


adverbial com relação ao verbo da oração principal. E são introduzidas por conjunção
adverbial.

Subordinadas adverbiais

Orações subordinadas adverbiais são orações que têm a mesma função que um advérbio na
frase. Exercem a função de adjunto adverbial do verbo da oração principal.

As orações subordinadas adverbiais são iniciadas por conjunções ou locuções conjuntivas e


acrescentam à oração principal uma circunstância, que pode ser de causa, consequência, fim,
finalidade, tempo, condição, concessão, comparação, conformidade e proporcionalidade. São
classificadas conforme a circunstância que expressam.

Existem, assim, diversos tipos de orações subordinadas adverbiais: causal, consecutiva, final,
temporal, condicional, concessiva, comparativa, conformativa e proporcional.

Oração subordinada adverbial causal

Apresenta a causa do acontecimento da oração principal.

Como vou ao médico, não vou trabalhar hoje.

Já que está calor, vamos tomar banho de piscina.

Pode ser iniciada pelas seguintes conjunções e locuções causais: porque; que; porquanto; visto
que; uma vez que; já que; pois que; por isso que; como; como que; visto como.

Oração subordinada adverbial consecutiva

Apresenta a consequência do acontecimento da oração principal.

As pessoas da torcida gritaram tanto que ficaram roucas.

Mariana desistiu de ser perfeita, de modo que acabou sendo feliz.

5
Pode ser iniciada pelas seguintes conjunções e locuções consecutivas: que; tanto que; tão que;
tal que; tamanho que; de forma que; de modo que; de sorte que; de tal forma que.

Oração subordinada adverbial final

Apresenta o fim ou finalidade do acontecimento da oração principal.

Todos se esforçaram para que tudo desse certo.

A aluna estudou durante muitas horas a fim de que não reprovasse.

Pode ser iniciada pelas seguintes conjunções e locuções finais: a fim de que; para que; que.

Oração subordinada adverbial temporal

Apresenta uma circunstância de tempo ao acontecimento da oração principal.

Quando ouço esta música, penso em você.

Mal entrei no banho, o telefone tocou.

Pode ser iniciada pelas seguintes conjunções e locuções temporais: quando; enquanto; agora
que; logo que; desde que; assim que; tanto que; apenas; antes que; até que; sempre que;
depois que; cada vez que; mal.

Oração subordinada adverbial condicional

Apresenta uma condição para a realização ou não do acontecimento da oração principal.

Caso você não saia de casa, passo por lá para te ver.

Se ele cumprir sua parte do acordo, poderemos seguir conforme planejado.

Pode ser iniciada pelas seguintes conjunções e locuções condicionais: se; salvo se; desde que;
exceto se; caso; desde; contando que; sem que; a menos que; uma vez que; sempre que; a não
ser que.

Oração subordinada adverbial concessiva

Apresenta uma concessão ao acontecimento da oração principal, ou seja, apresenta uma ideia
de contraste e contradição.

Embora seja de risco, concordo com a realização do negócio.

Farei o que acho correto, mesmo que você seja contra.

Pode ser iniciada pelas seguintes conjunções e locuções concessivas: embora; conquanto;
ainda que; mesmo que; se bem que; posto que; apesar de que; por mais que; por pouco que;
por muito que.

Oração subordinada adverbial comparativa

Apresenta uma comparação com o acontecimento da oração principal.

É tão desgastante correr atrás como ficar esperando.

Meu pai age como já agia meu avô.

6
Pode ser iniciada pelas seguintes conjunções e locuções comparativas: como; mais do que;
menos do que; assim como; bem como; que nem; tanto quanto.

Oração subordinada adverbial conformativa

Apresenta uma ideia de conformidade, de concordância e regra em relação ao acontecimento


da oração principal.

Faço rabanadas conforme minha avó me ensinou.

O campeonato será disputado segundo as regras estabelecidas pelo comitê.

Pode ser iniciada pelas seguintes conjunções e locuções conformativas: conforme; como;
consoante; segundo.

Oração subordinada adverbial proporcional

Apresenta uma ideia de proporcionalidade com o acontecimento da oração principal.

Ele melhorava sua forma física à medida que treinava.

Quanto mais independente a filha ficava, mais sozinha a mãe se sentia.

Pode ser iniciada pelas seguintes conjunções e locuções proporcionais: à proporção que; à
medida que; ao passo que; quanto mais… mais; quanto menos… menos; quanto maior…
maior; quanto maior… menor.

Subordinadas adjetivas

São chamadas de orações adjetivas aquelas orações subordinadas que desempenham em


relação à oração principal um papel adjetivo, ou seja, trata-se de orações que adjetivam
substantivos (ou palavras com papel substantivo) da oração principal.

Assim, em “O céu que é azul encanta-nos.”, a oração sublinhada tem o papel de adjetivar o


substantivo “céu”, sendo, pois, uma oração subordinada adjetiva.

As orações adjetivas podem se referir ao substantivo limitando o seu significado ou


simplesmente lhe agregando uma informação genérica.

Veja que, quando se diz “O céu que é azul encanta-nos.”, pressupõe-se que não é qualquer céu
responsável pelo nosso encanto, apenas aquele que é azul, céus acinzentados, negros,
avermelhados e tantos outros estariam de fora do grupo LIMITADO pela oração adjetiva (que
é azul). TEMOS AÍ UMA ORAÇÃO SUBORDINADA ADJETIVA RESTRITIVA.

Outros exemplos:

Os homens que conhecem a si mesmos entendem melhor os outros homens.

(Apenas aqueles que conhecem a si mesmos!)

As nações cujas economias estão atravessando um período problemático deveriam


solidariza-se

(Apenas aquelas cujas economias estão apresentando problemas!)

Por outro lado, no período “O céu, que é azul, encanta-nos.”, a oração adjetiva não traz uma
característica exclusiva do tipo de céu que nos agrada, mas sim uma informação genérica

7
sobre o céu, pressupondo-se, nesse caso, que todo céu é azul. TEMOS AÍ UMA ORAÇÃO
SUBORDINADA ADJETIVA EXPLICATIVA.

Outros exemplos:

Os homens, que buscam conhecer a si mesmos, pouco sabem sobre o ser humano.

(Todos os homens buscam conhecer a si mesmos e pouco sabem sobre o ser humano.)

As nações dos países em desenvolvimento, cujas economias estão constantemente


enfrentando problemas, deveriam solidar-se.

(É notório que todas as nações dos países em desenvolvimento têm problemas econômicos.)

Para Evanildo Bechara (2000, 467), “A adjetiva explicativa, por ser mero apêndice, pode ser
dispensada sem prejuízo total da mensagem.”.

Observe que, no primeiro exemplo  (“O céu que é azul encanta-nos.”), a retirada da oração


adjetiva causaria prejuízo ao sentido desejado, uma vez que não é qualquer céu que nos
encanta, apenas aquele que é azul; No segundo exemplo (“O céu, que é azul, encanta-nos.”),
no entanto, a retirada da oração adjetiva não traria prejuízo ao sentido, uma vez que, essa
oração traz informação genérica acerca do céu.

SUBORDINADAS SUBSTANTIVAS

Orações subordinadas substantivas são orações que têm a mesma função que um substantivo
na frase.

As orações subordinadas substantivas exercem as funções de sujeito, objeto direto, objeto


indireto, complemento nominal, predicativo e aposto. São classificadas conforme a função
sintática que exercem.

São introduzidas pela conjunção integrante QUE, em geral.

Oração subordinada substantiva subjetiva

Exerce a função de sujeito do verbo da oração principal, sendo aquilo sobre o que se transmite
uma informação.

É necessário que você se apresente ao serviço amanhã.


(Atua como sujeito, indicando que isto é necessário.

Foi anunciado que Pedro é o vencedor do concurso.


(Atua como sujeito, indicando que isto foi enunciado.)

Oração subordinada substantiva objetiva direta

Exerce a função de objeto direto do verbo da oração principal, completando o sentido de um


verbo transitivo direto.

Quero que você seja meu marido.


(Atua como objeto direto, complementando o sentido do verbo “querer”)

Oração subordinada substantiva objetiva indireta

Exerce a função de objeto indireto do verbo da oração principal, completando o sentido de um


verbo transitivo indireto. É sempre iniciada por uma preposição.

8
O diretor da empresa necessita de que todos os colaboradores estejam presentes na reunião.
(Atua como objeto indireto, complementando o sentido do verbo “necessitar”)

Oração subordinada substantiva completiva nominal

Exerce a função de complemento nominal, completando o sentido de um nome que pertence


à oração principal. É sempre iniciada por uma preposição.

Sinto necessidade de que você me deixe descansar um pouco.


(Atua como complemento nominal, complementando o sentido do nome “necessidade”.)

Todos temos esperança de que a humanidade pare de destruir o planeta.


(Atua como complemento nominal, complementando o sentido do nome “esperança”.)

Oração subordinada substantiva predicativa

Exerce a função de predicativo do sujeito do verbo da oração principal. Complementa o


sujeito, atribuindo-lhe uma característica. Aparece sempre depois do verbo ser.

O bom é que ela sempre foi bem-comportada.


(Atua como predicativo do sujeito, complementando o sujeito “o bom”.)

A dúvida era se seriam necessários mais ajudantes.


(Atua como predicativo do sujeito, complementando o sujeito “a dúvida”.)

Oração subordinada substantiva apositiva

Exerce a função de aposto de um termo da oração principal. Serve para explicar, esclarecer,
desenvolver, detalhar, enumerar, especificar, resumir um termo referido na oração principal.
Aparece, normalmente, depois de dois-pontos.

Pedi um favor a meus amigos: que esperassem por mim.


(Atua como aposto do termo “favor”, fornecendo mais informações sobre ele.)

Helena apenas desejava uma coisa: que fosse muito feliz com sua família.
(Atua como aposto do termo “coisa”, fornecendo mais informações sobre ele.)

Orações reduzidas

Orações subordinadas adverbiais reduzidas

As orações reduzidas não são iniciadas com conjunções ou pronomes e os seus verbos estão
conjugados numa das formas nominais (gerúndio, particípio, infinitivo).

Exemplos de orações subordinadas adverbiais reduzidas

Por ser sempre assim, já nem acredito nela!

Terminadas as suas tarefas, você poderá ir ao cinema.

Chegando ao portão do colégio, ligou para a sua mãe.

Orações subordinadas substantivas reduzidas

As orações reduzidas ocorrem quando os verbos estão conjugados numa das formas nominais
(gerúndio, particípio, infinitivo), não sendo iniciadas por conjunções ou pronomes.

Exemplos de orações subordinadas substantivas reduzidas

9
É essencial entender a questão. (subjetiva)

O importante é ser o melhor. (predicativa)

O diretor insistiu em trabalharmos com mais afinco. (objetiva indireta)

Oração subordinada substantiva completiva nominal

Tenho esperança de tirarem boas notas.

Desenvolvida: Tenho esperança de que tirem boas notas.

Oração subordinada adverbial concessiva

Mesmo sabendo a resposta, perguntou se podia ir.

Desenvolvida: Embora soubesse a resposta, perguntou se podia ir.

Oração subordinada adverbial condicional

Esforçando-se, chegarão onde quiserem.

Desenvolvida: Desde que se esforcem, chegarão onde quiserem.

Oração subordinada adjetiva restritiva

Servimos deliciosos bolos frescos comprados na padaria de costume.

Desenvolvida: Servimos deliciosos bolos frescos que compramos na padaria de costume.

Oração subordinada adjetiva explicativa

Fui acordada pelo vizinho, assustado na porta de casa.

Desenvolvida: Fui acordada pelo vizinho, que estava assustado na porta de casa.

Orações reduzidas x orações desenvolvidas

Nas orações desenvolvidas, por sua vez, os verbos são usados no indicativo e no subjuntivo,
além do que são introduzidas por conjunção ou pronome.

Exemplos:

É importante que você recrie o personagem. (oração desenvolvida - o verbo está conjugado


no presente do subjuntivo e é introduzida pela conjunção “que”)

É importante recriar o personagem. (oração reduzida - o verbo está no infinitivo e não há


presença de conjunção ou pronome)

As orações reduzidas são subordinadas e apesar de não serem acompanhadas por conjunção
ou pronome relativo, podem ser introduzidas por preposição.

Exemplos:

Eu sou o único que faz o que mandam. (oração desenvolvida)

Eu sou o único a fazer o que mandam. (oração reduzida introduzida por preposição).

AMPLIANDO A DISCUSSÃO

10
É claro que não estamos tomando tudo o que vimos como verdade absoluta. Não é o caso de
jeito nenhum. Como já discutimos algumas vezes, a gramática tradicional definitivamente
NÃO DÁ CONTA da língua em uso. E para se fazer justiça, nem é essa sua finalidade. A função
das gramáticas é a de prescrever. “Tipo” médico nas receitas. Problema é que a língua é viva e
atrevida demais para obedecer ao que a gramática manda. E aí os problemas começam
aparecer... Nessa guisa das problematizações, vamos, então, equacionar nessa discussão
alguns pontos que parecem muito relevantes.

1) O que é, afinal, gramática?

2) Qual gramática eu devo ensinar? Como ensinar?

3) Saber o que é uma oração subordinada substantiva direta é importante?

Essas são algumas das inúmeras perguntas que atravessam essa complexa e conflituosa
questão.

Vamos aqui, então, pensar em algumas questões úteis. A gente vai pensar em uma estrutura
como em (1):

(1) Até onde eu sei, não haverá aula amanhã.

Como a gente pode analisar essas duas orações à luz da gramática tradicional? A verdade é
que não podemos. Você não vai encontrar nas gramáticas uma análise que explique que tipo
de oração é “até onde eu sei”. A gente pode pensar que se trata de uma adverbial. Lembra?
As adverbiais têm valor de advérbio. Mas, qual adverbial? Se a gente pensar em subordinação
a partir da noção que a GT (gramática tradicional) apresenta, vamos perceber que a oração
matriz (principal) é a “mais importante”. Logo, a subordinada (como o nome mesmo sugere)
está submetida a ela (a principal). Por essa lógica, “não haverá aula amanhã” seria a oração
principal. Tanto é que a vírgula está ali para sinalizar que a ordem SVC, prototípica do
português, foi alterada. Pois bem, você acha que é possível mesmo dizer que “até onde eu
sei” depende de “não haverá aula amanhã”?

Uma análise possível disponível em Ludugerio e Ely (2021) é a seguinte: “Até onde eu sei”
seria uma adverbial periférica.

Uma adverbial periférica introduz uma suposição contextual privilegiada e pode, portanto, ser
uma ‘adverbial circunstancial’, uma vez que é speaker-centered (orientada para o enunciador)
e, logo, mais funcional. Assumimos, portanto, que adverbiais periféricas “são geradas como
marcadores de frases independentes e são posteriormente concatenadas com algum
componente discursivo, fora do sistema computacional” (Raposo e Uriagereka, 2005: 689).

As adverbiais periféricas, portanto, são speaker-oriented adverbs. Haegeman (2006) afirma


que estes tipos de adverbiais são itens de polaridade positiva, o que pode justificar a
agramaticalidade em (2).

(2) * Até onde eu não sei, os alunos faltarão amanhã.

Claro, essa é uma proposta de análise que busca suprir uma carência de análise na GT. E isso é
apenas UM exemplo. Podíamos pensar em muitos outros.

Então, vamos agora dar uma olhada em algumas contribuições (pertinentes) da Linguística.

A linguística prefere trabalhar com a noção de encaixamento. O encaixamento ocorre


quando uma dada oração é um constituinte de outra. Ou seja, uma oração encaixada é parte

11
da estrutura sintática daquela na qual se insere, chamada oração matriz. A oração encaixada
desempenha uma função sintática com relação ao verbo da oração matriz. Por exemplo:

Aquele psicólogo disse que a elite detestava o povo pobre.

1) “aquele psicólogo”, que é o sujeito, e “disse que a elite detestava o povo pobre”, que é o
predicado.

2) “a elite”, que é o sujeito, e “detestava o povo pobre”, que é o predicado.

Cada predicação vinculada por um SV caracteriza uma oração. Logo, estamos diante de duas
orações articuladas entre si, numa mesma frase. A oração encaixada (que a elite detestava o
povo pobre) é o complemento do núcleo do SV (um objeto oracional, portanto) da oração
matriz (aquele psicólogo disse...). Uma oração encaixada, portanto, insere-se no domínio de
uma oração matriz na condição de um de seus constituintes, seja como complemento,
adjunto, especificador... E é por isso que a oração encaixada desempenha uma função
sintática (de complemento verbal, nominal, sujeito...) com a relação à oração matriz em cuja
estrutura se encontra encaixada.

Vale ressaltar aqui também que a relação de dependência entre orações (coordenação e
subordinação) só é verdade do ponto de vista estritamente sintático. Porém, é importante
dizer que alguns gramáticos, ao falarem de dependência, confundem análise sintática com
análise semântico/discursiva-pragmática. Uma oração “principal” (segundo os gramáticos)
manifestaria o conteúdo semântico “mais importante” da frase, ao passo que a subordinada,
significados mais dependentes (cf. Bechara, 2005:113). Isso nem sempre é verdade. É
possível que o conteúdo “mais importante” do ponto de vista discursivo esteja expresso na
oração subordinada, como vimos em (1). Portanto:

(1) Descrições sintáticas e semânticas são duas coisas diferentes;

(2) Não podemos afirmar que uma oração subordinada é sempre dependente de uma matriz
em termos semântico-discursivos;

O GIGOLÔ DAS PALAVRAS

1 Quatro ou cinco grupos diferentes de alunos do Farroupilha estiveram lá em casa numa


mesma missão, designada por seu professor de Português: saber se eu considerava o estudo
da Gramática indispensável para aprender e usar a nossa ou qualquer outra língua. Cada grupo
portava um gravador cassete, certamente o instrumento vital da pedagogia moderna, e
andava arrecadando opiniões. Suspeitei de saída que o tal professor lia esta coluna, se
descabelava diariamente com suas afrontas às leis da língua, e aproveitava aquela
oportunidade para me desmascarar. Já estava até preparando, às pressas, minha defesa
(“Culpa da revisão! Culpa da revisão!”). Mas os alunos desfizeram o equívoco antes que ele se
criasse. Eles mesmos tinham escolhido os nomes a serem entrevistados. Vocês têm certeza
que não pegaram o Veríssimo errado? Não. Então vamos em frente.

11 Respondi que a linguagem, qualquer linguagem, é um meio de comunicação e que deve ser
julgada exclusivamente como tal. Respeitadas algumas regras básicas da Gramática, para
evitar os vexames mais gritantes, as outras são dispensáveis. A sintaxe é uma questão de uso,
não de princípios. Escrever bem é escrever claro, não necessariamente certo. Por exemplo:
dizer “escrever claro” não é certo, mas é claro, certo? O importante é comunicar. (E quando

12
possível surpreender, iluminar, divertir, comover..., mas aí entramos na área do talento, que
também não tem nada a ver com Gramática.) A Gramática é o esqueleto da língua. Só
predomina nas línguas mortas, e aí é de interesse restrito a necrólogos e professores de Latim,
gente em geral pouco comunicativa. Aquela gravidade sombria que a gente nota nas
fotografias em grupo dos membros da Academia Brasileira de Letras é de reprovação total
pelo Português ainda estar vivo. Eles só estão esperando, fardados, que o Português morra
para poderem carregar o caixão e escrever sua autópsia definitiva. É o esqueleto que nos traz
de pé, certo, mas ele sozinho não informa nada, como a Gramática é a estrutura da língua,
mas sozinha não diz nada, não tem futuro. As múmias conversam entre si em Gramática pura.

25 Claro que eu não disse tudo isso para meus entrevistadores. E adverti que minha implicância
com a Gramática na certa se devia à minha pouca intimidade com ela. Sempre fui péssimo em
Português. Mas — isto eu disse — vejam vocês, a intimidade com a Gramática é tão
dispensável que eu ganho a vida escrevendo, apesar da minha total inocência na matéria. Sou
um gigolô das palavras. Vivo à custa delas. E tenho com elas a exemplar conduta de um cáften
profissional. Abuso delas. Só uso as que eu conheço, as desconhecidas são perigosas e
potencialmente traiçoeiras. Exijo submissão. Não raro, peço delas flexões inomináveis para
satisfazer um gosto passageiro. Maltrato-as, sem dúvida. E jamais me deixo dominar por elas.
Se bem que não tenha também o mínimo escrúpulo de roubá-las de outro, quando acho que
vou ganhar com isto. As palavras, afinal, vivem na boca do povo. São faladíssimas. Algumas
são de baixíssimo calão. Não merecem o mínimo respeito.

36 Um escritor que passasse a respeitar a intimidade gramatical das suas palavras seria tão
ineficiente quanto um gigolô que se apaixonasse pelo seu plantel. Acabaria tratando-as com a
deferência de um namorado ou com a tediosa formalidade de um marido. A palavra seria sua
patroa! Com que cuidados, com que temores e obséquios ele consentiria em sair com elas em
público, alvo da impiedosa atenção de lexicógrafos, etimologistas e colegas. Acabaria
impotente, incapaz de uma conjunção. A Gramática precisa apanhar todos os dias para saber
quem é que manda.
VERÍSSIMO, Luís Fernando. In. LUFT, Celso Pedro. Língua e liberdade: por uma nova concepção da
língua materna e seu ensino. 2.ed. Porto Alegre: 1985. p.14-16.

1) Em: “se eu considerava o estudo da Gramática indispensável para aprender e usar a nossa
ou qualquer outra língua” [...] (l. 2 e 3), a oração em destaque é:

a) Coordenada

b) Reduzida de gerúndio

c) Subordinada Condicional

d) Subordinada Concessiva

e) Adverbial causal

2) “Vocês têm certeza que não pegaram o Veríssimo errado?” [...] (l. 9 e 10). A classificação
correta para a oração em destaque é:

a) Completiva Nominal

b) Substantiva objetiva direta

13
c) Coordenada alternativa

d) Coordenada adversativa

e) Apositiva

3) Em:

(a) “Respondi que a linguagem, qualquer linguagem, é um meio de comunicação” [...]

(b) “Se bem que não tenha também o mínimo escrúpulo de roubá-las de outro, quando acho
que vou ganhar com isto.” [...]

( c) “Um escritor que passasse a respeitar a intimidade gramatical das suas palavras seria tão
ineficiente quanto um gigolô que se apaixonasse pelo seu plantel” [...]

(d) “Suspeitei de saída que o tal professor lia esta coluna” [...]

As orações em destaque acima são, respectivamente, classificadas como:

a) Coordenadas

b) Substantiva objetiva direta; adverbial comparativa; substantiva comparativa; objetiva


direta.

c) Substantiva objetiva direta; adverbial temporal; substantiva comparativa; objetiva direta.

d) Substantiva objetiva direta; adverbial temporal; adverbial comparativa; objetiva direta.

e) Substantiva objetiva direta; adverbial comparativa; substantiva comparativa; objetiva


indireta.

4) No trecho: “Sempre fui péssimo em Português. Mas — isto eu disse — vejam vocês, a
intimidade com a Gramática é tão dispensável que eu ganho a vida escrevendo, apesar da
minha total inocência na matéria” [...], a oração em destaque pode ser considerada uma:

a) Oração intercalada

b) Reduzida de infinitivo

c) Apositiva

d) Completiva Nominal

e) N.R.A

SOBRE O TEXTO

5) O texto é predominante escrito por meio de coordenação. Explique o motivo, considerando


a intenção do texto.

6) Nas linhas 14 e 15, lê-se: “Por exemplo: dizer “escrever claro” não é certo, mas é claro,
certo?” Justifique, à luz da GT, o motivo pelo qual o autor diz que “escrever claro” não é certo.

7) Explique a metáfora que dá o título do texto (gigolô das palavras) e como, ao longo do
texto, o autor justifica essa escolha.

8) No trecho:” Não raro, peço delas flexões inomináveis para satisfazer um gosto passageiro”,
fica claro que o autor acredita que os recursos das línguas devem estar à disposição do falante

14
e não o contrário. Explique, com suas palavras, considerando as discussões acerca da variação
linguística, por exemplo, as possibilidades de leituras disponíveis no trecho aqui destacado.

15

Você também pode gostar