Aporias Austro Libertárias - Douglas Santos
Aporias Austro Libertárias - Douglas Santos
Aporias Austro Libertárias - Douglas Santos
Capítulos
INTRODUÇÃO................................................................................. 7
1 DEFINIÇÕES .......................................................................................... 7
1.2 Capitalismo ...................................................................................... 7
1.3 Propriedade privada ............................................................ ....... 9
1.3.2 Direito a posse e a propriedade .......................................... ......... 10
1.4 O estado e o imposto ........................................................... ........ 13
1.4.2 Não usar historicismo........................................................... ........ 13
1.4.3 Não presumir valores nas definições ................................. ......... 14
1.4.4 O imposto é roubo – uma investigação ontológica do imposto? 16
3 APORIAS ECONÕMICAS............................................................. 26
3.2 Introdução a teleologia aristotélica na praxeologia..................... 26
3.3 O monopólio Natural - Aporia I.............................................. 27
3.4 O efeito carona – Aporia II .................................................... 29
3.5 O problema do cálculo econômico – Aporia III .................. 32
4 CONTRADIÇÕES .................................................................... 33
4.2 “O IDH capitalista” – contradições I .................................... 33
4.3 Da meritocracia – contradição II.......................................... 35
4.4 A cidade privada e o imposto – contradição III .................. 37
4.5 A tragédia dos comuns – contradição IV ............................ 39
5 CONSIDERAÇÕES GERAIS E CONCLUSÃO ...................... 41
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Introdução:
Quando se debate quaisquer assuntos é preciso, primeiro, partir das definições dos
termos. O maior problema no debate nacional, não só austro libertário, mas geral, sobre
esquerda x direita, comunismo x capitalismo e afins é que cada ideologia ou sistema
constrói a própria cosmovisão como um sistema fechado, em que cada conclusão é
dependente de premissas anteriores e estas por sua vez são dependentes das formas
das quais seus objetos são significados. O ponto de partida da análise e solução de
TODO problema filosófico é, portanto, a fenomenologia da linguagem. Para qual, este
texto começara por discutir a própria forma como a qual se deve definir entes políticos,
queira que se acredite serem entes in-re ou entes de razão, sistematizar o processo de
definição e tentar propor definições que possam ser de comum acordo entre comunistas,
capitalistas, anarco-capitalistas, mutualistas etc, ou seja, definições puramente
descritivas e que não impliquem em conclusões valorativas sobre estas de forma qual
nenhum sistema seja maliciosamente prejudicado. Portanto, a forma como se definirá
capitalismo aqui não tem por interesse refutar capitalismo, pelo contrário, é possível ser
anarco capitalista ainda sob as definições aqui apresentadas, como também o é
possível ser comunista etc.
1. DEFINIÇÕES:
1.2 Capitalismo:
É evidente que para falar sobre anarco capitalismo, discutir o que é capitalismo é
fundamental, vejo muitos ancaps falarem que capitalismo é livre – troca ou livre –
mercado, seguindo desta definição os vejo categorizar tudo o que não é uma livre-troca
“purista “ou “irrestrita” ou “desregulamentada” como socialismo.
Acho este debate muito infantil e contraria tudo o que se desenvolveu na filosofia
enquanto investigação lógica e definição de entes até então, perceba, quando os ancaps
fazem estas definições tão reduzidas nunca há apresentação formalizada da definição,
o que é substancial? Acidental? Essencial? Causa formal? etc.
Penso eu que, se aceitarmos por livre-mercado a definição substancial e/ou essencial
de capitalismo devemos fazer um processo maiêutico (socrático) com tal definição
para investigarmos se ela não se encontra em possível aporia com a lei da não
contradição ou do terceiro excluído (as três leis da lógica, desde Aristóteles).
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Por exemplo, homens da caverna deveriam ter algum tipo de escambo, o que não
deixa de ser uma troca livre, era, portanto, capitalismo? E até que ponto uma economia,
mesmo que planificada, não é consequência de uma livre troca? Por exemplo, uma
sociedade hipotética em que um Pajé planifique a economia, onde ele delega a homens
seus papéis, decidindo que X grupo de homens fiquem na caça, Y grupo fique na
colheita, Z grupo fique na proteção de fronteira, H grupo fique na coleta de madeira e J
grupo fique na mineração. Os grupos que coletam comodities e comida jogam tudo o
que coletaram no centro da Aldeia e o Pajé então redistribui igualmente tudo pela
sociedade. Acredito que, até aqui, qualquer ancap lendo esta hipótese conclua que é
comunismo, que não há nada de livre troca aí, será? E se, nesta sociedade hipotética
eu dizer que o Pajé não tem poder coercitivo algum? Que sua figura religiosa inspira
pura e simples confiança, respeito e admiração ao ponto de que os homens da tribo
delegam ele como solucionador de conflitos e dão a ele o direito de delegar essas
questões, não houve livre-troca no momento que o Pajé foi escalado a figura de solução
de conflitos? E não se deriva diretamente deste marco inicial de livre-troca o seu papel
como planificador da economia? Veja, ainda que não tenha um mercado agorista na
aldeia, onde cada membro troque o que caçou com o outro, não ocorre por coerção,
simplesmente não ocorre porque não querem, logo, a mesmo a inexistência de troca de
escambos ou de um comércio com qualquer tipo de moeda hipotética é também
fenômeno de livre-escolha, eles escolheram não comercializar porque querem uma
economia planificada.
Outro exemplo, se a livre troca é o que define Capitalismo, como discutir a distinção
entre gênero e grau, no sentido de que, anarco capitalistas chamam até liberais
clássicos ou sociedades capitalistas de estado mínimo de SOCIALISMO, porque, em
algum grau, a troca não é exatamente tão livre. Mas perceba, falar que a substância de
um ente deixa de ser-lo tal enquanto tal porque ele mudou em graus é absurdo, qualquer
um que estuda ontologia sabe que uma substância define-se em si em gênero , o grau
é uma mudança nos acidentes, enquanto CAPITALISMO é uma substância segunda,
ou seja, um universal tomado pela ABSTRAÇÃO que se refere a todo um grupo de
substâncias primeiras que compartilham da mesma forma e/ou essência, então há
CAPITALISMO’s, capitalismo’s que, enquanto entes particulares, tal e tal, se distinguem
uns dos outros embora sejam todos capitalismo justamente porque tem a mesma
Forma, mas que se distinguem na matéria, acidentalmente. Então há capitalismos que
em graus tem seu mercado mais ou menos desregulado, enquanto o Anarco capitalismo
se distingue do Capitalismo justamente porque é completamente desregulado. Perceba
que o Mercado pode assumir então um espectro de graus de regulamentação que nem
por isso deixa de ser capitalismo, apenas avança do eixo + X de ser anarco capitalismo
ao eixo – X de ser capitalismo weberiano, ou capitalismo corporativista etc.
Perceba outro problema, se o capitalismo é distinto em “capitalismos” quanto aos
graus do quão livre é seu mercado, em que GRAU de regulamentação o capitalismo
deixa de ser capitalismo e vira socialismo? O socialismo vira socialismo em um ponto
específico de grau radical de regulamentação do mercado? Mas isso retoma ao
problema de falar que um ente não vira outro por mudança em grau. Portanto, o que
distingue capitalismo de socialismo não pode ser um Grau de regulamentação de
mercado, portanto, a Substância capitalismo é uma e a substância socialismo é outra,
de tal forma que nenhuma das duas pode ser definida somente pelo fenômeno de
mercado.
Se capitalismo é só livre-mercado, o que distingue o anarco capitalismo de
Aninds por exemplo? Ou do mercantilismo?
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Enfim, creio que já tenham entendido até aqui, eu vou demonstrar a minha
solução:
Entes econômicos devem ser definidos pelo fenômeno de PRODUÇÃO, não de
mercado. Por exemplo, o anarco comunismo tem uma produção horizontal e planificada
de gestão coletiva e sem divisão hierárquica (não há patrão e proletário). O Socialismo
tem a produção Estatal e planificada, embora não tão horizontal, pois os cargos públicos
dentro de uma escala de produção podem ser verticalizados. Os Aninds têm uma
produção individual, onde cada pessoa com o próprio meio de produção exerce o próprio
trabalho, não há relação horizontal ou vertical porque a produção é completamente
individualizada e/ou atomizada. O capitalismo tem uma produção vertical, hierarquizada
com o trabalho assalariado. Percebe que com o fenômeno de produção é mais fácil
distinguir entes do que com o fenômeno de mercado? E perceba que, está correção
ontológica não diz respeito a querer destruir o anarco capitalismo pois ela é
simplesmente nominal e não valorativa, nada nela implica a dizer que capitalismo é,
portanto, ruim. Mesmo eu que sou Distributista tenho que assumir que o distributismo
se compreende dentro do capitalismo enquanto nele há a propriedade privada e,
portanto, necessariamente o serviço assalariado em algum grau.
Conclusão: Acho que ancaps não deveriam nem precisam fazer falácia de falso-
escocês tentando dizer que todo país capitalista é ruim porque, no fim, não é capitalista,
acho que podem muito bem falar que os capitalismo’s que até então existiram são
capitalismo’s ruins porque estão em algum grau de coerção e regulamentação do
mercado. Não é preciso falar que os países até então capitalistas não são
verdadeiramente capitalistas para poder “limpar o nome do capitalismo”, isso é tão
infantil quanto feministas que falam que as “más feministas não são feministas de
verdade, são femistas”.
Eu acho, portanto, que a substância, formada por causa formal + Material, aqui, dita
capitalismo, tem a causa FORMAL definida em: Produção vertical, divisão hierárquica
do trabalho e serviço assalariado (ao falar serviço assalariado, á implicitamente que
para capitalismo é necessário propriedade privada). E a causa Material é o mercado,
que pode assumir graus de maior ou menor regulamentação. Ou seja, Capitalismo
corporativista e Anarco capitalismo são ambos capitalismos porque tem a mesma causa
formal, mas são capitalismo’s diferentes enquanto substância primeira porque em sua
causa material recebem acidentes diferentes.
Outra forma de definirem capitalismo é dizer que capitalismo existe enquanto existe
propriedade privada, pasme, não discordo desta definição, entretanto, acho que é
necessário rediscutir o que se entende por propriedade privada.
Problemas: O que distingue anarco capitalistas de aninds ou mutualistas se todos
defendem o direito à propriedade? Para compreender melhor a necessidade de discutir
isto, vemos o caso de cristãos que por silogismo direto acham que o cristianismo deve
ser necessariamente pró capitalismo, afinal, Jesus defendeu o direito a propriedade. Se
há direito a propriedade, há capitalismo, logo, o cristianismo é capitalista? Qualquer
sistema com direito a propriedade é capitalista? Vemos aqui uma contradição entre
ancaps, por um lado os ancaps cristãos que dizem que cristianismo é por necessidade
capitalista pois tem direito a propriedade, por outro, os ancaps de um modo geral que
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falam que capitalismo nunca existiu porque nunca houve livre mercado puro, sem
estado, e que qualquer grau de regulamentação no mercado que restrinja de algum
modo a propriedade é socialismo ( questão discutida no tópico anterior), ué, segundo
esta questão, então os países que existiram até então eram capitalistas porque tem
direito a propriedade mas não são capitalistas porque o mercado é regulamentado em
maior ou menor grau? E o cristianismo, o que é? Ele é necessariamente capitalista por
ter propriedade ou ele pode não ser capitalista no momento que pode assumir algum
grau de regulamentação do mercado? Acredito que eu já tenha solucionado o problema
de considerar o mercado como a essência do capitalismo, agora, vamos discutir a
questão da propriedade.
A literatura da filosofia jurídica aparentemente não é comum entre o meio ancap,
não encontrei ainda alguém que tenha levado para o debate interno deste grupo as
distinções jurídicas entre posse e propriedade, por exemplo, quem dirá entre
propriedade pessoal ou privada, pois é. Acredito que o Miorim, devido a conversas
anteriores conheça tais distinções, mas na possibilidade deste documento circular em
meios ancaps, pasmem: Direito a propriedade não é necessariamente o direito a
propriedade privada.
Portanto:
1) Capitalismo - fenômeno de produção vertical assalariado, propriedade privada.
(causa formal). Causas materiais diversas que se distinguem entre si, compondo
capitalismos particulares pelo seu fenômeno de mercado, que irá variar em maior
ou menor grau com intervenção do estado. Logo:
2.N) .... ( várias outras formas de comunismo, como comunismo de conselhos etc).
Definir estado ou governo, ou os discernir, é uma tarefa difícil, se fosse fácil não
seria um tema aberto a discussões até hoje entre a ciência política, aqui, assumo que
talvez eu mesmo não consiga concluir este subtópico com uma definição suficiente,
entretanto, ainda que seja difícil os definir é relativamente fácil saber que algumas
definições são erradas, portanto, recebam este sub capítulo mais como um manual de
“ como não definir “ do que “ qual é a definição” correta, as tentativas de definição
levantadas aqui são as que percebo como comuns no meio austro libertário.
1.4.2 Não usar historicismo
Alguns austros libertários tentam insistir que o estado deve ser definido de
maneira tal e justificar a definição dando exemplos históricos, por exemplo, a afirmação
de que o estado é por definição um agressor e dar por exemplo colonizações, ou definir
a gênese do estado como um bandido estacionário etc. Estando certa ou errada tal
definição não se pode tentar a reforçar buscando quaisquer exemplos, porque a forma
como algo se manifesta no tempo- espaço é enevoada por contingências, supor que o
que conheço materialmente é por ele mesmo a definição da coisa-em-si é confundir o
universal com o particular, é supor que se pode ir do particular ao universal por inferência
direta, quem faz isso demonstra que não conheceu o problema mais básico da filosofia
como a caverna de Platão. Para exemplificar:
Suponha que eu jamais tenha visto um ser humano sem um dos membros, eu
poderia cometer o erro de dizer que ser humano se define como ser bípede, mamífero,
de dois braços e duas pernas etc. O problema é que, quando definimos algo na
pretensão de que esta definição é formal, ou seja, universaliza o ente em essência,
estou dizendo que qualquer coisa que contradiga tal definição não faz parte do grupo
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que delimita este ente enquanto tal e tal. Significaria então que um ser humano de
apenas um braço não é um ser humano. O problema poderia ser o contrário, supunha
que um déspota alcançou o governo mundial e que por algum motivo obtuso qualquer
ele tenha decidido que todos os bebês tenham o braço esquerdo amputado ao nascer,
de forma tal que, ao nascer nessa comunidade e não saber dessas amputações,
crescendo e vendo todos os seres humanos com apenas um braço essa pessoa irá
supor que ser humano se define como mamífero, bípede, de apenas um braço.
Quando alguém diz que um estado por definição te mata ou te rouba precisamos
trabalhar com hipostasia e imaginar todo tipo de cenário possível, ou seja, expandir o
ente a todo universo de possibilidade lógica em experiências mentais e imaginar se, se
em cada hipótese, ele continua sendo o que é enquanto tal e tal ou deixa de ser-lo. Por
exemplo, será mesmo que imposto é necessário a substância do estado? Não é possível
que um estado hipotético mantenha o custeio de sua manutenção por uma taxa não
obrigatória e que conte exclusivamente com a vontade deliberada daqueles que querem
pagar para o manter? Será mesmo que um estado só pode surgir como arbitrário e
exterior a um povo por meio de colonização parasitária? É logicamente impossível que
um povo emane dele mesmo uma instituição jurídica que venha a se formalizar como
estado?
Obs. E talvez, em uma revira volta, se possa concluir que estado e condomínio de
fato são quase indistintos, diferenciando-se em graus, não em gênero, um condomínio
pode ser talvez um micro estado ou um estado um macro condomínio, e ambos têm
potência para serem agressores. Isso, aliás, aponta mais uma contradição no discurso
ancap, quando realizamos analogias a fim de demonstrar que qualquer condomínio pode
ser análogo a um estado os ancaps ridicularizam a ideia e debocham, mas, quando
convém, acabam por assumir que um estado e um condomínio são tão próximos que se
distinguem em uma valoração, onde algo completamente análogo a um estado, mas que
é consensual é um condomínio. Ancaps então precisam se decidir, a aproximação de um
estado para um condomínio é motivo de piada ou é algo relevante que deva ser discutido
com seriedade?
Estado não é uma ação, estado não é um fenômeno, estado precisa ser definido
como um ente, ainda que abstrato, ou seja, com qualidades substanciais e não em
função de ser um potencial fenômeno de qualquer outra coisa. O estado do Brasil caso
se tornasse ético de uma hora para outra não se tornaria um condomínio gigante, seria
um estado ético.
Não quero com isso defender estado, estou alegando que, a tese ancap de que
estado é por definição antiético é problemática, o estado não é per-si antiético, aliás,
nada pode ser definido ontologicamente presumindo uma valoração, as coisas são em
definição enquanto tal e tal, o que pode recebe juízo valorativo não são coisas e sim
ações, uma arma não é imoral, a ação de atirar em alguém com ela que o é. Sexo pode
se distinguir de estupro, onde sexo é a cópula deliberada enquanto o estupro é a cópula
forçada, estes se distinguem valorativamente mas porque ambos, sexo e estupro não
são uma “coisa” “objeto” “ser” ou “ente”, são ações.
O que podemos alegar é que, pelo o que estado é em definição é muito possível
que qualquer pessoa na atividade ou exercício de estar sob posse do estado estará
cometendo ações antiéticas, o estado é, definitivamente, um ente que dá muitas
possibilidades ao roubo ou a agressão, mas não é per-si agressor, podemos dizer que
uma possível manifestação de um estado que não se manifeste em ações antiéticas é
um estado que só existe em ideia e que provavelmente nunca veremos na realidade,
por isso seria melhor que fôssemos anarquistas, porque é prudente perceber que o
estado é uma ferramenta que tende a dar muito poder a pessoas e que pessoas sob
posse de muito poder se corrompem, mas não ficar falando que “ Estado é antiético”,
porque soa tão absurdo quanto falar que eu milito contra motos porque motos são
antiéticas. É como o esquerdista que, definindo capitalismo, alega que capitalismo é
imoral, é antiético etc. Veja, nem mesmo o COMUNISMO pode ser definido como
antiético, porque o comunismo enquanto ENTE não pode ser definido como algo que
NEGA o direito a propriedade, o comunismo é um modo de organização de sociedade
de produção horizontal e de propriedade comum, nesta definição não há nenhuma
predicação analítica de que essa propriedade comum é dada por imperação, sob a
negação do direito a propriedade particular. No caso, quem nega o direito da
propriedade particular não é o comunismo enquanto ente político, é o Marxismo. Isto
que confundem, o Marxismo é uma ideologia que realiza valorações, o materialismo
histórico dialético é um método, uma ferramenta pela qual se entende a sociedade por
uma perspectiva e o Comunismo é o modelo que o marxismo quer alcançar. Por
exemplo, se as pessoas deliberadamente quiserem entregar suas propriedades ao bem
comum e tornar tudo horizontal e comunal alcançaram o comunismo sem violação ética
alguma, percebe? Não se pode definir NADA ontologicamente presumindo uma
valoração. Pode dar uma Louca no Bolsonaro e ele decidir abolir os impostos, porque
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crê que no Brasil há ufanistas, nacionalistas e patriotas o suficiente que vão sustentar
os custos do estado por deliberação.
1.4.4 O imposto é roubo – uma investigação ontológica do imposto?
Perceba que com esta definição de estado não há sua defesa ou reprovação, mas um
juízo descritivo. O estado tem potência, de fato, para violar direitos transcendentais, para ser
agressor etc, entretanto, não é uma qualidade implícita nele mesmo, ou seja, substancial, a forma
como surgiu, sua legitimidade ou ilegitimidade. Indo além, para aproveitar esse arquivo dedicado
ao miorim como uma extensão de minhas lições de ontologia, sabendo que meus alunos irão ler
tal arquivo, podemos demonstrar como nesta definição de estado há as 4 causas da substância
pela ontologia clássica. Ser detentor do direito soberano a governança é a causa formal que
define o estado enquanto tal, o governo é a causa material em que o estado se manifesta no
tempo-espaço e através do qual pode-se distinguir estado’s em vários tipos de estados. Há
estado monárquico, republicano, federalista, democrático, a monarquia pode ser representativa,
parlamentar, absolutista, descentralizada e municipalista, centralizada, a republica ou a
democracia podem ser diretas, indireta e representativa e assim sucessivamente. Ou seja, a
causa material distingue categorias de estado’s em seus acidentes. Assim como a causa formal
de Ser humano é ter a alma humana, mas há seres humanos afrodescentes, indígenas, arianos
etc, ou seja, o ser humano poderia ser discernido em menores categorias através de suas várias
causas materiais distintas.
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Vou tentar ser sucinto, porque acredito que todos que estão acompanhando essa
leitura sabem o básico de jusnaturalismo, jusracionalismo ou juspositivismo, ou pelo
menos deveriam saber rs.
Embora o jusnaturalismo tenha sido reduzido hoje ao entendimento do direito
divino, ele é na verdade dividido em alguns grupos, entre eles o jusnaturalismo
naturalista, ou seja, a tese de que o direito é derivado da própria relação natural, positiva.
( Rothbard está neste grupo, defende que o direito é derivado dá própria natureza da
ação humana) ; e os jusnaturalistas da vontade de Deus, isto pois, parte-se do
pressuposto que Deus criou tudo segundo um principio teleológico, ou seja, com um
propósito ou um fim ( causa final). As coisas que seguem a reta causa final de Deus são
as coisas naturais, o que não implica em derivação direta da natureza porque, com a
corrupção do mundo físico (gnósticos), ou o afastamento do plano físico do unos ou do
logos (Platão) ou com a corrupção do mundo natural pelo pecado original, então a
natureza é corrupta. Ou seja, jusnaturalismo teológico implica em estar direcionado a
natureza metafísica pelas quais as coisas se regem, enquanto o jusnaturalismo
naturalista diz respeito a natureza própria do plano material mesmo; O jusRacionalismo,
como no caso de Hoppe, diz respeito a dedução transcendental das normas universais
da ética a partir do que é racionalmente justificado, posição mais comuns de agnósticos
ou Deístas, posição que, supostamente, alegam ter surgido com o sistema Kantiano
com a crítica da razão prática, embora seja verdade que essa posição surge pós kant,
cuidado com quem alega que teria sido o próprio Kant um deísta ou agnóstico. O
juspositivismo é a tese do direito mais arbitrária, que não tenta justificar o direito sobre
nenhum resguardo exterior que o predique, mas unicamente no contrato , no que é
delimitado formalmente por autoridades locais, isto pois, uma vez que não se crê em
Deus não há direito jusnatural teológico, uma vez que se crê que a razão humana é
limitada e incapaz de alcançar juízos transcendentais ou universais, então não pode
haver ética transcendental jusRacional e uma vez que não se pode confundir descrição
com prescrição o jusnaturalismo naturalista é uma falácia de derivação dever-ser, não
restaria, portanto, nenhuma base segura para resguardar o direito, logo, ele é arbitrário
mesmo ou ao menos consensual, socio-cultural etc.
Após a introdução breve de teoria do direito, iremos discutir o direito a
propriedade.
1. Juspositivistas alegam que o direito a propriedade só é válido em cartório, e
que, portanto, só é possível direito a propriedade pressupondo uma
autoridade legal que resguarde o direito formalmente, se não há uma
autoridade legal que possa provar um direito por papel em cartório resta o
juízo comum da comunidade, que é contingente mesmo e depende da
cultura, ou seja, em uma anarquia como não há centralização da delegação
de direitos a única forma de saber se uma terra é sua ou não, ou se sua
posse é legitima ou não é se houver consenso da comunidade ao redor.
O Estado tem um Domo que o impede de sair de dentro dele? Ele o acorrenta
pelos pés? Não? Então você tem direito de deliberar se quer adquirir cidadania em
qualquer outro estado e se mudar? Se sim, é implícito que você possui direito e ir e vir
e de deliberar se quer estar dentro do estado ou fora dele, logo, que concorda ou não
com suas normas ou taxas.
Possíveis objeções:
1. “não há o direito de ir e vir, por exemplo, se você tiver o nome sujo você
não tem passaporte ou direito de sair do estado”
Se você está em dívida com uma entidade que tem direito legal de cobrança por
seus serviços então você é quem primeiro infringiu direitos, além do mais, o seu nome
pode ser sujo não por ter sonegado as taxas da instituição, mas por ter roubado outras
pessoas, assassinado ou estuprado, por qual motivo racional você deveria ter de fato o
direito de sair de um lugar no qual aplicou golpes, matou, assaltou ou estuprou? Será
que devo supor que vocês defendem uma sociedade anarco capitalista em que pessoas
podem aplicar golpes ou matar e sair impunes e fugir? Parta, portanto, primeiro do
pressuposto que o sujeito não está em dívida com a entidade, seja ela privada, seja um
condomínio, uma empresa ou um estado e que, portanto, não estando em dívida deve
ter o direito de ir e vir. Quando o estado impede que pessoas em dívida com a sociedade
fujam dela, ele está justamente garantindo a toda pessoa física ou jurídica que estas
serão amparadas ou que terão vingança contra seus agressores. Ou seja, impedir a
fuga de criminosos é um pressuposto necessário para garantir a manutenção de justiça
aos lesionados.
2. “Não tenho direito de ir e vir, por exemplo, não posso escolher ir aos
EUA por não ter cidadania Americana”
Ser proibido pelos EUA de entrar nele é diferente de ser proibido do Brasil de
sair dele, nenhuma entidade jurídica ou particular deve ser obrigada a permitir a entrada
de todo mundo, quando é do direito de qualquer entidade de arbitrar sobre quem pode
entrar, então você não pode usar isso como argumento para supor uma culpa do
Estado-em-si sua dificuldade contingente de mudar de um país.
3. “Eu não escolhi nascer neste país”
Mas é claro, se você alegar que o estado é uma entidade com poder de mais e
que você prefere não arriscar dar esse poder a qualquer pessoa e que prefere viver em
anarquia porque acredita que estados tendem a se corromperem com muita facilidade,
mas que sabe que a ausência de estado traz dificuldade de praxe na forma de solução
de conflitos jurídicos, mas que, ainda assim, você quer arriscar uma anarquia, então não
tenho objeções.
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3. APORIAS ECONÕMICAS
Perceba o quão é evidente que argumentos como mão invisível saem da raiz
Aristotélica, assim como teorema dos jogos (ou teorema de Nash). Também sai a
tragédia dos comuns, que supõem que a propriedade particular será melhor
administrada que a comum. Mas afinal, qual o problema com a EA então?
O problema é que a EA se louva como a herdeira da teleologia Aristotélica ou
“Salamanquense” da escolástica para ter para si os créditos ou até mesmo para criar
simpatia com religiosos e fazer eles suporem que, portanto, devem seguir a EA uma vez
que ela é herdeira da herança da escolástica e da escola de Salamanca de tradição
católica. O problema é que, para tal, ela ignora uma série de construções teóricas que,
partindo da mesma teleologia Aristotélica justificaram o Estado.
Por exemplo, pelo mesmo pressuposto que o homem age visando o lucro, que pode
sim garantir bons salários e baixos preços em empreendimentos onde haja lucratividade
para o mercado, se afasta também a esperança que o mesmo mercado vá atuar em
áreas não lucrativas, pelo mesmo pressuposto, que incentivo teria o homem de prestar
serviços benéficos a sociedade sem ter lucros? Isso tira a acessibilidade de toda parte
da população que não poderia pagar pelo o que é ofertado pelo mercado ou até mesmo
extinguir algumas prestações de serviços que, por sua natureza mesma, é não lucrativa.
E aqui, em prestações não lucrativas, desenvolve-se entre os clássicos a tese do
monopólio natural e do efeito carona.
Ainda mais importante, é necessário enfatizar que, muito embora as especulações
sobre a ação humana na praxeologia austríaca sejam de fato teleologicamente
aristotélicas, abstraem do Aristotelismo uma coisa fundamental que é sua ética. Em
Aristóteles, a ética da virtude, fundamentada nos transcendentais que se poderia
compreender de Deus, em Tomas de Aquino, por exemplo, demonstrados através de
métodos de abstrações e analogias na tese do máximo grau de perfeição, é
fundamentado a caridade e o serviço ao bem comum. Em Aristóteles, muito embora se
deduza que o direito a propriedade seja particular o mesmo alega que seu uso deva ser
em detrimento do benefício comum. Ou seja, o direito é particular, mas hipotecado ou
resguardado em função do bem comum. É por isso mesmo que, em Aristóteles, uma
economia só seria 100% funcional se seus indivíduos forem caridosos, desta forma,
apesar de Aristóteles estar demonstrando que algumas poderiam se assegurar
APESAR da natureza humana tender ao egoísmo, tantas outras coisas igualmente
essenciais só irão se assegurar em uma sociedade que, primeiramente, for devidamente
moral.
A tese do monopólio natural era muito comum entre clássicos, pressuposto pelo qual
os primeiros liberais eram no mínimo minarquistas, mas que nunca conseguiram
conceber a possibilidade da extinção do estado. O porque os adeptos da escola
austríaca, ao menos no Brasil, parecem não ter compreendido este problema me é um
mistério, já vi vídeos de Paulo Kogos ou Hilde reduzindo o argumento a um “sofisma de
esquerda” ou “mentira inventada pelo estado”. Alguns confundiram o argumento e
supõem que monopólios “naturais” são monopólios artificiais que só existem por culpa
do estado, isso demonstra que nunca compreenderam de fato o problema.
Um monopólio natural é, geralmente, uma fonte de recurso (comodities, matéria
prima, fonte de energia) que por sua própria natureza contingente impossibilita uma livre
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3) Canais de rádio: Se uma pessoa criar um canal de rádio na mesma frequência que
outro, irá atrapalhar a transmissão daquele. Uma frequência de onda de rádio é um
monopólio natural pois apenas uma pessoa pode conseguir prestar um serviço de
rádio na mesma faixa de frequência. Sem um órgão regulamentador que garanta
uma concessão a uma rádio frequência a livre competição poderia gerar um caos
na transmissão de rádio. É por isso que é preciso pagar pelo direito de ter a
concessão de explorar uma rádio frequência e em determinado horário. Podemos
dizer que há competição do livre mercado entre os canais de rádio para entreter o
público, mas não há uma competição dentro de uma rádio frequência, de qualquer
forma, se não fosse uma entidade que possa conceder o direito a monopólio de
uma faixa de frequência todas seriam um caos.
ruas por vários bairros, km e km até chegar na sua casa. O seu vizinho contrata
outra empresa, essa outra empresa, quebra mais km e km de ruas atravessando
bairros da central de tratamento de esgoto particular dela até a casa dele, e assim
sucessivamente, você tem 30 empresas de esgoto quebrando as ruas
sistematicamente, e uma empresa pode não saber o mapeamento da outra, uma
acaba estourando os canos da outra, os canos disputam espaço debaixo da terra
e é retirada tanta terra que pode comprometer toda estrutura e afundar um
quarteirão inteiro, sempre que uma empresa quiser fazer uma manutenção ela
precisaria interromper os serviços da outra, seria um caos, então é preciso uma
entidade com poder de conceder monopólios para permitir a uma única empresa
a concessão de construir rede de esgoto de forma planejada por região geográfica.
Como já perceberam, tento ser o mais analítico possível e honesto, portanto, cabe
sinalizar que estes problemas são de ordem CONTINGENTE, não necessária, isto é,
eles não tornam o ancapismo impossível per-si, porque não dizem respeito ao universo
de possibilidade lógica, dizem respeito a limitações de praxe, talvez no futuro existam
mini-turbinas que otimizem tanto a transformação de energia cinética da água em
elétrica que várias empresas poderão colocar suas turbinas no mesmo rio ou na mesma
quadra d’agua, ou seja, esses monopólios naturais são problemas fenomênicos,
contingentes, que talvez sejam solucionados com o desenvolvimento tecno científico.
Isso pode, ao menos, dar possibilidade para a defesa de um anarco capitalismo
gradualista e aceleracionista, mas impõem limites de praxe a “românticos” que
anseiam pela queda imediata do estado, e ainda assim, não há garantia alguma que
todos os monopólios naturais serão extintos, talvez sempre existam alguns, logo,
sociedades anarco capitalistas sempre terão conflitos intermináveis para solucionar a
respeito de quem terá direito de explorar tal recurso em determinado lugar.
O efeito carona é o maior problema ao que diz respeito o que foi sinalizado no tópico
2, das prestações de serviço não lucrativa. Imagine que um amigo seu chama um uber,
ele paga o uber e te oferece carona, e é isso mesmo, você pega CARONA num serviço
pelo qual não pagou. O efeito carona é um efeito que ocorre em prestações de serviço
que, pela própria natureza destes, ocorre em um espaço geográfico em que as pessoas
dentro daquela área são automaticamente beneficiadas pelo mesmo serviço, sejam elas
contratantes do serviço ou não.
Um exemplo claro, vamos supor que não existisse uma solução tecnológica para
criar senhas de acesso a uma rede Wifi. Vamos voltar no tempo e supor que acabaram
de inventar a transmissão de sinal por Wifi, mas que não desenvolveram ainda uma
forma de restringir o acesso apenas aos contratantes. Você é o primeiro da rua a
contratar um serviço de internet, mas como o sinal que chega na sua casa pode ser
captado por aparelhos de terceiros num raio de X metros, todas as pessoas podem
pegar o seu sinal, por que elas pagariam? O sinal fica prejudicado a ponto que o serviço
não vale a pena para você, então há duas opções, ou você cancela o serviço ou você
cobra da empresa que ela aumente o servidor dela para ter um sinal melhor, capaz de
suportar todas as pessoas que pegam o mesmo sinal. A empresa teria que investir muito
para ter um sinal de alta qualidade e teria que aumentar o preço final para você, no final,
não valeria apena. O serviço de WIFI só foi possível porque houve a tecnologia que
torna capaz a criptografia de sinal que permite que só com acesso a senha se possa
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pegar o seu sinal. Porém, são vários os serviços que tem efeito carona que não podem
ser “criptografados”, por exemplo, iluminação. E se você existe uma rua sem luz e você
contrata uma concessionária para construir um poste e levar luz até a frente da sua
casa, de forma que torne a frente da sua casa mais segura, o seu vizinho, que não paga
a luz, é beneficiado, pois a luz do poste também ilumina a frente da casa dele, por que
ele contrataria o mesmo serviço então? Para ter de iluminar a rua inteira, como a rua
solucionaria este conflito? Pois várias pessoas espertinhas vão alegar que não
concordam com o serviço e, portanto, não vão pagar, afinal, sabem que vão gozar do
serviço mesmo que não pagarem. As poucas pessoas que se uniram para pagar a
iluminação da rua, com o tempo, ficam ressentidas, afinal, elas pagam sozinha uma
conta altíssima para iluminar toda uma rua em que todas as pessoas se beneficiam e
não querem pagar. O exemplo é ridicularizado por alguns, mas é um problema comum
que quem mora em condomínio, paga as contas e participa de assembleias
condominiais enfrenta mensalmente. Neste exato momento as pessoas do meu
condomínio brigam sobre se custear a iluminação da área comum ou não, que não está
iluminada em um ponto. Alguns não querem ajudar a pagar porque acham
desnecessário, mas caso uma minoria queira pagar, estes que não querem pagar
gozaram do serviço mesmo assim. Como soluciona?
Uma das teses da possível genealogia do estado consiste ai, pois a proteção de
fronteira é um efeito carona, se em uma sociedade até então anarquista,
constantemente assaltada por saqueadores decide que é preciso de proteção de
fronteira, então meia dúzia de homens dispostos se unem para proteger as fronteiras,
porém, só algumas pessoas querem pagar o serviço, isso gera um sentimento de
ressentimento, afinal, todos ali são beneficiados pela proteção mas só alguns ajudam a
pagar. O acúmulo sucessivo de várias prestações de serviço sobre efeito carona faz
com que, cedo ou tarde, seja inevitável que para solucionar conflitos internos da
comunidade decidam que todos deverão pagar e, quem não quiser pagar, que se mude.
Os que insistem em não pagar são exilados e a partir de então surge o germe do estado
naquela sociedade, porque ou todos pagam ou os serviços essenciais que tem efeito
carona não geram incentivo para quem presta determinado serviço, isso faz o serviço
se extinguir, ou seja, é preciso um órgão com poder de arbitrar taxas públicas para que
haja incentivo de prestações destes serviços.
As vezes o efeito carona e o monopólio natural ocorrem juntos, por exemplo, uma
estação de Rádio. Porque eu investiria milhões na construção de uma torre de rádio
para emitir sinais em uma rádio frequência se eu não teria como cobrar o direito de uso
dele? No momento que eu disponibilizo a radio frequência, qualquer pessoa poderia
“surfar” ou “pegar carona” e emitir sinais na minha frequência, então porque pagariam
para tal? Eu só me incentivo a construir uma estação e a emitir um sinal de uma
frequência se eu tiver resguardo de uma entidade que obrigue terceiros a me pagarem
pelo direito de usar minha radio frequência sob coação.
Por que eu investiria bilhões construindo Torres de transmissão de energia, sub
estações de transformação de energia todo o cabeamento para levar energia elétrica
para um bairro se eu não tenho a garantia que as pessoas vão me pagar por esta
disponibilidade? E se as pessoas todas colocarem placa fotovoltaica para serem
autônomas, eu iria falir, então as concessionárias de energia só prestam esse serviço
porque o estado garante a elas o direito de cobrar uma taxa de disponibilidade
PS. Eu só dei poucos exemplos para o pdf ficar sucinto, acreditem, eu poderia
ocupar 40 páginas com exemplos de monopólios naturais e efeito carona, como o
tradicional “ quem faria as estradas”, e quando ancaps debocham e alegam que as
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4. Contradições
Logo, não se poderia supor que S é causa do super desenvolvimento e sim que ela
é contingente. O problema dessa abordagem analítica é que ela ignora N fatores que
giram em torno destes países, como os já citados, a escravidão e favelização histórica.
Ou seja, assumindo contingentes históricos como N, então S pode sim ter mérito do
super desenvolvimento de P porque P não tem N, pois N atrapalha S.
Um discurso comum entre liberais e libertários é o de que aqueles que são ricos
o são por “ mérito”, entre várias possíveis justificações do que seria o mérito, a mais
comum entre austríacos é o mérito da “ poupança”, que alegam que uma classe teria
poupado dinheiro para conseguir empreender enquanto a outra não poupou, e isto
seria o motivo pela desigualdade entre os que possuem o meio de produção e os
que não possuem, e é claro, o faturamento dos que possuem o meio de produção
sobre o trabalho dos que não o possuem é justificável pela preferência temporal,
onde é merecido que aquele que se sacrificou por anos para poupar dinheiro tenha
uma recompensa, até porque, se a poupança não fosse recompensada ninguém
pouparia, logo, não existiria mais empreendedores e logo não existiria, quiçá, nem
o desenvolvimento industrial.
Pois bem, não quero discutir a preferência temporal em si ou se é merecido ou
não ser recompensado pelos anos de poupança, essa discussão não será
valorativa, será uma discussão de fato histórico. Quero questionar se houve de fato
essa suposta poupança ou não. Será que o Vale do Silício, os tigres asiáticos ou as
revoluções industriais aconteceram porque famílias pouparam moedinha em
moedinha por séculos a ponto de terem um capital de entrada para investir em
desenvolvimento tecno científico? Isso é falso. Entidade privada alguma teria sido
capaz de centralizar capital para conseguir tamanho investimento, foi o estado, com
o poder monumental de centralizar capital pelo imposto que conseguiu fazer
florescer estes empreendimentos, por empréstimo , financiamento direto ou
licitações fez acordos público-privados em que deu a algumas entidades o
monopólio de uma prestação de serviço, resumidamente, o ESTADO desenvolveu
a própria burguesia local, então as grandes empresas , sobretudo, de pesquisa e
desenvolvimento tecno científico, como ocorreu na china, EUA, tigres asiáticos e
afins, foram alavancadas com subsídio governamental. E então pergunto, quando
se percebe que o “grande capital privado” existe e existiu sob proteção e incentivo
público, será que a “meritocracia” continua tendo sentido?
Sei que essa discussão não é nova no meio libertário e que alguns já
reconhecem que a revolução industrial ocorreu sob a edge do estado, e que,
portanto, as mazelas da má distribuição de renda e do capital e o monopólio que
desde sempre existe no que a esquerda chama de capitalismo teria sido, desde
sempre, culpa do estado justamente por isso, pois foi o Estado que, por leis,
desabrigou os pequenos produtores rurais, deu suas propriedades a própria
burguesia local, investiu nelas e com leis de proteção a monopólio manteve o
incentivo delas de desenvolver sua indústria, e então forçou os desapropriados a se
assalariarem. Entretanto, isso aponta nosso segundo tópico de CONTRADIÇÕES.
Alguns libertários iram insistir que essas mazelas nunca foram fruto do capitalismo
e sim do ESTADO, já que o capitalismo seria só “livre mercado”, e se todas essas
mazelas ocorreram por intervenção do estado, através do qual a burguesia utiliza
de seu poder para proteger seu monopólio, então isso não poderia ser capitalismo.
Veja a contradição, hora os capitalistas alegam a superioridade do capitalismo
porque ele desenvolveu indústria, faz revolução tecno-científica etc., outrora, alegam
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Eis que surge no meio ancap uma resposta a muitas das objeções anteriores, por
exemplo, ao efeito carona e ao monopólio natural, é a cidade privada.
Alegando que cidades inteiras poderiam ser privadas, então o dono particular desta
cidade teria legitimidade, diferente do estado, de dar direito de concessões, desta forma,
o dono da cidade privada concederia o direito a geração de energia, transmissão ou
distribuição, estações de rádio, saneamento, construção de estradas e tudo o que foi
levantado até aqui, solucionando todos os possíveis conflitos infindáveis em uma
anarquia de livre mercado de jurisdição descentralizada, a cidade privada proposta por
Hoppe seria uma resposta centralizada do poder jurídico que soluciona as aporias do
sistema rothbardiano.
Não há uma objeção em si a esta proposta, pelo contrário, acho de fato que ela se
assemelharia a um sistema neo-feudal muito interessante, quiçá, um sistema primo do
ideal de monarquia federalista descentralizada de alguns distributistas, visto que, por
analogia, o próprio Hoppe sinalizou que uma monarquia ou um feudo é o mais próximo
entre os sistemas de estado de uma legitimidade particular. Apesar do sistema não ser
uma aporia em si ele torna os motivos pelos quais se reivindicaria anarco capitalismo
serem redundantes. Alguns ancaps reclamam do estado justamente por ser através do
estado que se cria monopólios, então como a cidade privada concedendo título de
monopólio seria melhor? Alguns ancaps reclamam dos impostos, porque pagam taxas
de serviço das quais não gozam, então como uma cidade privada seria melhor? O dono
de uma cidade privada pode cobrar taxas tanto quanto um estado cobra, o caráter de
legitimidade ou ilegitimidade se torna uma distinção meramente formal, mas que na
prática dói no bolso da mesma forma. O dono da cidade privada pode prescrever por
contrato que, ao tornar-se morador da cidade e contratante de seus serviços, o
consumidor deve pagar N taxas referente a saneamento, iluminação do espaço público,
manutenção de ruas, manutenção da iluminação, taxa mínima por acessibilidade a
energia elétrica (consumindo ou não), taxa por transição (compra ou venda), exportação
e importação.
O austro libertário poderá alegar que, a diferença fundamental é que, na cidade
privada, você é livre para escolher em qual cidade privada quer morar, com facilidade
burocrática para migrar de uma para outra o que faria existir uma concorrência entre
elas, voltando a questão teleológica, as cidades privadas iriam tentar manter suas taxas
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o mais baixa possível para serem competitivas e garantir que você queira morar neste
e não em outra. Mas eu pergunto, e já não é assim com o estado?
Muito embora eu more no Brasil, eu posso deliberar se quero adquirir título de
cidadania nos EUA, em Portugal ou na China, eu tenho acesso ao código penal destes
países, ao valor de seus impostos, a suas prestações de serviço, portanto, não é
implícito um caráter deliberativo na minha decisão de ir para os EUA e não para a China?
Porque os EUA têm menor imposto e maior liberdade de empreender que no Brasil? E
se eu saio para os EUA, não é implícito que, se escolhi ir para os EUA, logo, concordo
com as taxas e leis dos EUA? As taxas dos países já não são competitivas? Países
podem reduzir impostos para chamarem investidores e incentivarem abertura de
empresas neles e não nos outros, países podem ter menor burocracia para lavar
dinheiro de outros países, como os bancos da Suíça. Portanto, parece-me que, em
qualquer âmbito da discussão, a distinção entre Estado, cidade privada ou condomínio
parece uma distinção meramente formal, mas que na prática irão se distinguir muito
mais em grau do que em gênero.
Alguns Ancaps irão reclamar: O Estado age sob coação, se não pagar as taxas dele
você será preso!
Isso é contingente, não é causa formal do estado ou, “juízo analítico”, ou seja,
predicado já contido no objeto, que prisão é necessário a substância do estado. Um
estado hipotético pode Exilar em vez de prender, sujar o nome e restringir direitos ao
invés de prender e por ai vai. Aliás, por que entidades particulares não o fazem? O único
motivo pelo qual o dono de um restaurante não o prende num porão nem o espanque
caso você consuma lá e não pague é porque o estado o proíbe, justamente porque o
estado arbitrariamente tomou para si o monopólio da punição. E, aliás, graças a isso o
dono de um estabelecimento não precisa punir um ladrão ou caloteiro justamente
porque isso foi “terceirizado” ao estado, e se não fosse? Me pergunto, como uma
sociedade anarquista lidaria então com seus ladrões ou caloteiros? Deixariam todos
soltos? O que ocorria na antiguidade, em um estado tribal era o exílio. Estados pararam
de exilar por um motivo contingente, a fronteira de um estado é delimitada pela fronteira
de outro, o Brasil não pode exilar ninguém porque isso implica em despejar pessoas em
outro estado, isso fere o direito deste outro estado que não quer receber foragidos ou
exilados, se o Brasil exilar pessoas ele pode entrar em guerra com o outro estado que
está insatisfeito em ter que abrigar os dissidentes. Como o exílio não é uma
possibilidade fenomênica, como lidar com pessoas dentro de um espaço geográfico que
não pagam suas taxas? Em anarquia, se uma pessoa que assinou contrato com uma
cidade privada ficar dentro de sua casa e não pagar as taxas que lhe são devidas em
contrato o que a cidade privada poderia fazer? E se fizer parte do termo da cidade
privada que a pena para não pagar suas taxas é prisão? E se essa cidade privada for
delimitada em sua fronteira por outra cidade privada, de forma qual que ela não possa
exilar seus caloteiros, como ela resolveria?
iriam querer explorar o máximo possível a terra porque competem os recursos dessa
terra com outras, e também não se preocupariam em cuidar das terras, afinal, a terra
não é delas, então é justamente pelas pessoas serem egoístas ou se preocuparem só
com o próprio benefício que terras seriam melhor cuidadas se forem propriedade
particular do que pública. A aporia não está nessa tese em si, mas em outra possível
resposta que ancaps dão aos problemas anteriormente levantados no capítulo 2.
Alguns ancaps falam que a ação humana é subjetiva e imprevisível, que nada se pode
especular e que, portanto, pessoas caridosas ou motivadas por qualquer outro fator
poderiam construir estradas, poderiam prestar serviços não lucrativos, poderiam prestar
serviço público de graça por caridade etc., porque ressignificam a ideia do “lucro” como
um termo subjetivo, onde pode-se entender como lucro o próprio bem estar ou
satisfação subjetiva pessoal ao se realizar uma caridade. Assim, a teleologia aristotélica
ou a praxeologia mantem-se de pé com a mesma estrutura lógica, porém, redefinindo o
significado de lucro e o tornando um latu sensu. Isso é realizado por Ayin Rand com a
ressignificação de egoísmo, onde mantem-se a estrutura pressuposicionalista de que o
homem age pelo próprio interesse, ou que o homem é egoísta, mas que o ego humano
é subjetivo e que não se pode inferir que o interesse propositado do ego é o lucro
material, dessa forma, mesmo o sujeito que age em caridade é egoísta, porque praticar
caridade lhe causa bem estar e ele age a fim de alcançar bem estar, logo age pelo seu
ego. Isso resolveria todo problema proposto no capítulo 2, de que o pressuposto de que
o homem só age pelo lucro faria o estado ser necessário para garantir serviços não
lucrativos, agora, o austro libertário pode falar que no anarco capitalismo as coisas não
lucrativas podem ser feitas por ongs, por caridade.
Qual a contradição? A contradição é porque agora o argumento da tragédia dos
comuns é redundante e não pode ser usada para refutar o comunismo, nem para supor
que o capitalismo ou a propriedade privada será necessariamente melhor que a
propriedade comum. Uma vez que o anarco capitalismo passa a depender da suposição
de que as pessoas agirão de forma caritativa, então nada mais posso alegar que a
propriedade comum seria destruída. Pois a mesma comunidade que precisa partir do
pressuposto de ser caritativa agora pode se organizar em propriedade comum, uma vez
que é caritativa ela não agiria por egoísmo para explorar a terra sem cuidar da mesma.
Portanto, ou se pressupõem um estricto sensu de egoísmo onde a ação humana é
egoísta e, por isso mesmo, a propriedade comum é impossível , mas ai você precisa de
estado ou cidade privada para resolver conflitos do livre mercado em serviços não
lucrativos ou que só são lucrativos sobre proteção de título de concessão, ou você parte
do pressuposto de que a ação humana pode ser caritativa o suficiente para não precisar
de estado ou cidade privada para garantir prestações de serviço não lucrativas, mas ai
o comunismo é possível porque a propriedade comum não cai mais em tragédia
inevitável.
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A fim de honestidade, há uma resposta possível para as investigações sobre o estado e sua
legitimidade. Uma vez que o estado é um ente de razão, e não um ente que existe in re, podemos
apelar a um debate sobre os abstratos que levará a uma discussão entre o realismo, o
conceptualismo e o nominalista. Seja o sujeito austro libertário conceptualista ou nominalista,
este pode alegar que o estado sendo uma abstração meramente formal, conceptual mental, ele
não tem direitos, logo, os pontos em que ele poderia receber propriedade por doação e a seguir
com apropriação ou compra são refutados. Entretanto, a mesma posição coloca em aporia o
sistema porque empresas, sociedades empresariais, ongs e condomínios também são entes de
razão e tão abstrativos quanto.
É possível dizer, que sob este pressuposto, portanto, estado é ilegítimo per-si, porque não
pode ser proprietário, logo não pode impor taxas. Isso faz o sistema o austro – libertário ser
perfeito dentro de sua cosmovisão, ou seja, enquanto sistema fechado. Mas não o torna apodítico
ou o único sistema perfeito possível, isso nos remete a uma discussão sobre antinomias da
razão, o problema do pressuposicionalismo e a incompletude de Goddel, austro libertarianismo
é perfeito, mas não é auto justificável, pois em um ponto ele é redutível a um pressuposto que é
petição de princípio, ou seja, a petição de escolher partir do nominalismo ou conceptualismo e
não do realismo.
A mesma percepção de que , ao menos estados particulares podem ser definidos como anti-
éticos, como o Brasil ou talvez todo estado moderno desde as colonizações, gera um problema
grande a todos os que militam pelo anarco capitalismo, o problema de que ninguém atualmente
é detentor legítimo de suas próprias propriedades, se tudo o que conquistamos por nós ou
recebemos de herança e a busca retroativa pela genealogia dessa herança ira levar a algum
ponto em que houve arbitragem do estado contra algum povo nativo, alguma desapropriação e
a concessão de titulo de propriedade a alguém que não é proprietária original, então ao cair dos
estados ninguém seria proprietário legítimo de nada, isso levaria a conclusão que devemos
devolver tudo a indígenas ou recomeçar do zero e sistematicamente reocuparmos terras de
forma originária, mas isso poderia representar o colapso total da economia mundial ou um caos
jurídico com problemas, como demonstrados, praticamente insolucionáveis sem um estado.
Não há nenhuma garantia que não irá surgir dessas anarquias novos estados ou cidades
privadas tão déspotas ou com taxas tão abusivas quanto as das quais reclamamos atualmente.
No fim, o anarco capitalismo tanto não parece útil na prática quanto não parece ser
necessário em idéia, nem é filosoficamente a única verdade apodítica ou o único sistema ético
possível. Por fim, é um sistema interessante de se estudar e do qual qualquer pessoa pode ser
entusiasta, mas creio que não com a afobação quanto temos visto nas redes sociais.
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Se por um acaso me refutarem e conseguirem resolver tudo o que foi exposto aqui, que pelo
menos minhas objeções possam ter ajudado os próprios austro libertários a superarem suas
aporias e a ter, pelo menos, a formalização de seu sistema com uma teoria ontológica e
fenomenológica mais robusta pois, por hora, creio eu que a escola austríaca no geral, apesar de
ser inegavelmente interessante quanto a teoria econômica é, filosoficamente, frágil no que diz
respeito a delimitação de seus próprios termos, a forma como a qual define esquerda e direita,
propriedade ou capitalismo etc. Não atoa seus entusiastas são em maior parte estudantes de
economia, mas raramente ela recebe apreço no meio de estudantes de filosofia.
Enquanto escrevia este documento soube que Alexandre Porto, anarco capitalista nos
debates nacionais havia acabado de abandonar o anarco capitalismo e desenvolveu uma nova
tese do “capitalismo sem hífem” e não pude deixar de o alfinetar,este supõem, sem
demonstração ontológica alguma que capitalismo se define como acumulação de capital e, a
seguir, idealiza uma sociedade transumanista e futurista completamente automatizada onde
computadores quânticos de IA lidariam com transações econômicas e tratariam elas mesmas
por acumular capital.
Este não percebe que essa completa automação do trabalho extingue o trabalho humano e
que, sob mesmo pressuposto de IA, essa inteligência poderia conseguir planificar a economia.
Advinha? Uma economia planificada e sem mão de obra assalariada é o que? Um comunismo
futurista, não atoa comunistas aceleracionistas e transumanistas deduzem uma sociedade
parecida. Acumulação de capital não pode definir capitalismo por si só, porque qualquer
sociedade que se desenvolva acumula capital, a união socialista soviética acumulava capital
para se desenvolver industrialmente, uma economia comunista pode não ter acumulo de capital
privado, mas as próprias comunas poupam capital para se desenvolver industrialmente e se
expandir, como é demonstrado no capítulo de aporias no tema “o problema do cálculo
econômico”. É por estas e outras que acho necessário este tipo de discussão, e ele poderia até
estar correto, mas não me dá material algum para concordar com ele, afinal, não demonstrou os
motivos pelos quais supõem que o acumulo de capital seja por ele mesmo, sem nenhuma outra
condição, definição de capitalismo.
Conclusão:
3. Embora se possa alegar que cada sistema defina seus termos como quiser, não
vejo seriedade em quem define seus termos arbitrariamente, pior ainda, quem os
define imprimindo em suas definições valorações in quia
4. Não acho possível a afirmação com absoluta certeza que tal medida
assistencialista ou desenvolvimentista gerará por necessidade impactos
negativos, universalizando causa e efeito. Isso é refutado em Hume no básico de
epistemologia no tratado da natureza humana.