E-Book Semana Alquimia e Herbologia

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SEMANA DA

ALQUIMIA E
HERBOLOGIA
AYURVEDA
Ed
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SUMÁRIO

Herbologia brasileira ou indiana?................................... 3


Fórmulas para desintoxicação........................................ 5
Fórmulas para longevidade............................................. 8
Síntese da Herbologia.................................................... 10

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Herbologia brasileira ou indiana?

O Ayurveda é a nossa relação com os elementos e a relação


dos elementos conosco. É o efeito que o ar da nossa cidade
tem no sistema pulmonar, o efeito que o sistema pulmonar
mais seco ou mais úmido vai ter no sistema circulatório e por
aí vai. Então, o Ayurveda traz consigo uma ciência chamada de
Dravya Guna (a ciência do Ayurveda que estuda os efeitos
dos elementos), e saber o efeito dos elementos é o
compromisso de qualquer ser vivo.

Percorrendo os efeitos dos sabores, vimos que o amargo e o


adstringente aumentam o dosha de Vata, picante e ácido
aumentam o dosha de Pitta, doce e salgado aumentam o
dosha de Kapha. No caso do indivíduo Vata, precisamos de
um ingrediente que se equilibre com a mente. A mente é vazia
e serve para absorver as coisas que estão ao nosso redor,
então para controlá-la precisamos que ela seja preenchida por
algo pesado, denso e leitoso (leite cozido com especiarias,
chai, golden milk).

Geralmente resumimos a saúde a dietas milagrosas, em ervas


que vem de fora e custam caro. Quando trazemos algo de
fora, a potência diminui, a durabilidade diminui, o aroma e o
sabor diminuem, afetando o uso medicinal. Portanto,
precisamos entender cada um dos efeitos dos elementos e
como trabalhar com esses efeitos.

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Quando falamos em Ayurveda estudamos os sete tecidos:
tomamos um chá que vira plasma, o plasma vira sangue, o
sangue vira tecido muscular, o tecido muscular vira tecido
gorduroso, o tecido gorduroso vira tecido ósseo, o tecido
ósseo vira tecido nervoso e este vira tecido reprodutivo.

Por exemplo, quando compramos uma cápsula de cálcio para


repor o tecido ósseo (5º tecido), para ela fazer toda essa
jornada de 14 dias e 3 horas a partir do primeiro tecido, ela
deve conter um cálcio muito bom para extrairmos o melhor
elemento possível.

Existe uma linearidade, a ciência é válida, mas a questão é


deixar que outras pessoas se responsabilizem pela nossa
saúde. Existem dietas e chás de internet com fórmulas
milagrosas, mas a única coisa que vai manter a vitalidade é
sabermos quem somos e como nos cuidarmos. A dieta
precisa mudar o tempo todo, assim como o período do dia,
temos as diferentes fases da Lua e diferentes estações do
ano.

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Fórmulas para
desintoxicação
A base de desintoxicação do Ayurveda não é dar nome a um
adoecimento e remediá-lo. Podemos ter um adoecimento que
vai apresentar diversas causas e os tratamentos serão
diferenciados. Quando jogamos uma lenha na fogueira,
pensamos se ela realmente será queimada pela fogueira. Se o
alimento não for queimado pelo fogo digestivo, não
deveríamos comê-lo. A base do Ayurveda é se alimentar do
que conseguimos digerir.

O que é desintoxicante? O maior solvente do mundo não é o


suco detox que encontramos na internet – a maior contém
abacaxi (ácido), couve (amargo), gengibre (picante) e limão
(ácido). Se o corpo do indivíduo está ácido, se está com
processos inflamatórios, queimação e amargor na língua, ele
não pode tomar um suco de abacaxi e nenhum alimento ácido
será benéfico. Da mesma forma, se um indivíduo é pesado ele
não deveria consumir coisas pesadas e se um indivíduo é leve
ele não deveria consumir coisas leves e frias.

O maior solvente universal é a água, sendo o maior


desintoxicante quando utilizada em temperatura morna em
jejum. Ela irá funcionar como um antídoto, fluidificando as
coisas que estão estagnadas e levando as toxinas para fora
do corpo.

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Por exemplo, a panaceia (gengibre, limão, açúcar mascavo, sal
não refinado) misturada com água morna irá potencializar o
fogo digestivo, gerar tecido, será bom para desidratação, febre
e diarreia, sendo um ótimo soro caseiro.

Todas as coisas têm um ponto em que podem começar a


fazer mal, pois a diferença entre o remédio e o veneno é a
dose. Temos os seis sabores, e esse é o primeiro contato do
elemento com a nossa boca – conectamos com o corpo,
sentimos o sabor dele e esse sabor irá gerar as enzimas
necessárias e a identificação necessária para digerir aquilo. Ao
comermos coisas amargas iremos produzir enzimas muito
quentes, se comer coisas adstringentes vai produzir enzimas
mais ressecantes que vão buscar fluidez para digerir aquilo, se
comer coisas picantes vai produzir mais secreções biliares, se
comer coisas ácidas vai corroer as membranas digestivas, se
comer coisas doces vai gerar fleuma e produzir umidade e se
comer coisas salgadas vai gerar retenção. Então, cada
elemento tem a sua propriedade.

A partir do momento que nos medicamos, começamos a


cuidar dos atributos e puxá-los de quente para frio, de leve
para pesado, de úmido para seco, observando o que temos
que fazer ali. Depois que encontramos o equilíbrio,
começamos a fazer uso de alimentos que restaurem a
vitalidade, sendo basicamente o sabor doce (arroz, ghee, leite)
e salgado (salgar as coisas com sal). Como aplicar tudo isso é
uma questão de auto-observação, e o Ayurveda nos ensina a
ver cor de lábio, características de língua, olhos, unhas.

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A maior pergunta do Ayurveda e importante de ser
respondida é: Você está com fome? Porque independente do
dosha ser Vata, Pitta ou Kapha, o mais importante é o fogo
digestivo e o fogo mental estarem funcionando bem.

Existem muitas receitas de desintoxicação que são feitas de


forma generalizada. Nós, brasileiros, em geral temos
tendências e características dos doshas de Pitta e de Vata
(corpo quente e leve) por estarmos num país tropical. Portanto,
os sabores que agravam o dosha de Pitta e deixam a pessoa
estressada, quente e inflamada, são os ácidos e picantes. Os
sabores Vata são os amargos e adstringentes. Esses quatro
sabores não são recomendados para fazer a manutenção da
vitalidade dos brasileiros. Existe um emburrecimento geral que
faz com que a gente procure saúde em coisas que são
bonitas ou embalagens que prometem coisas maravilhosas e
receitas milagrosas, mas isso não funciona. O Ayurveda vai na
raiz do problema, nos ajudando a entender que o corpo é um
conjunto de processos, o produto final de todas as coisas que
vivemos nessa vida.

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Fórmulas para
longevidade
Quando falamos em fórmulas para a longevidade, precisamos
compreender que cada indivíduo tem o seu dosha, o seu
corpo e a sua necessidade alimentar específica. As bases da
fórmula para a longevidade vão começar primeiro equilibrando
o dosha de um indivíduo. O remédio de cada pessoa está
muito mais ligado com a identificação que ela tem e o uso
correto da medicina.
Sabores adequados para cada dosha, os melhores remédios
e como utilizá-los:
·Vata: ghee, tâmaras, leites levemente picantes, xarope e
vinho. Quando falamos em coisas boas para o Vata nos
referimos a algo que anule as características de leve, frio, seco,
rápido e móvel, e o chai (leite cozido com especiarias) é a
fórmula perfeita para isso pois é quente, fluido e úmido.
·Pitta: ghee, tâmaras, amargo no final da refeição, emplastro
de ervas frescas (babosa, cúrcuma, grão de bico) para
bursites, tendinites, dores de fígado. O indivíduo Pitta tem
tendência à calor, estresse, inflamação e nervosismo, então é
necessário diminuir a temperatura dele, por isso o sabor frio é
indicado para esse dosha. Assim como para o dosha de Vata,
o sabor doce também é remédio para o dosha de Pitta:
tâmaras, semente de girassol, raízes, ghee, leite. As especiarias
nem sempre são um remédio, especialmente para o dosha de
Pitta que pode se intoxicar com o sabor picante.

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·Kapha: massagens com pós (gengibre, cravo, canela) para
aumentar a potência do fogo digestivo. O indivíduo Kapha se
sente pesado e letárgico pelo excesso de coisas que não
geram mobilidade, então a dieta restaurativa desse dosha vai
precisar inicialmente gerar mobilidade incluindo a panaceia, o
sabor picante, algo quente, termogênico e transformador.

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Síntese da Herbologia
Nós somos um espírito que nessa vida estamos
experienciando uma vivência humana e a experiência humana
está atrelada a uma matéria primordial do universo. A matéria
do universo é chamada de Prakrti e é gerada para constituir os
tecidos e corpos. Cada ser tem um Prakrti, que é uma soma
de características (Vata, Pitta, Kapha) e conjunto de atributos
que forma um indivíduo e também forma todos os elementos.
Os atributos materiais são analisados para criar uma visão e
um resumo sobre cada coisa, sendo uma leitura ayurvédica da
vida.

O caminho de autoconhecimento e auto-observação pode


ser trilhado por todas as pessoas. Temos várias formas de
aplicar o Dharma com o intuito de fazer o bem a todos os
seres. E quando começamos a entender as características
positivas que podemos extrair de cada indivíduo, passamos a
ter um caminho para trilhar que está totalmente conectado
com a responsabilidade. Ao segmentar as pessoas em doshas
de acordo com as características, estamos dizendo que
quando as coisas estão muito leves, rápidas, frias, móveis e
parecidas com o ar, damos a isso o nome de Vata. Quando as
coisas estão muito quentes, penetrantes, brilhantes,
transformadoras e agitadas, damos a isso o nome de Pitta. E
quando as coisas estão muito estáveis, fixas, resistentes,
moles e úmidas, damos a essas características o nome de
Kapha.

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Cada dosha quer adoecer no próprio dosha. O Vata é mais
leve, tem a natureza de pular refeição porque esquece de
comer, o apetite não trabalha tão bem, fica cada vez mais
agitado e inquieto. Para o Vata é importante que ele tenha um
nutriente estável e constante para promover o peso e o
contentamento que precisa na vida. Porém, o Vata tem a
tendência de querer ficar mais leve e passa a buscar coisas
leves na vida (dietas de chá, de pular refeição, tomar suco em
excesso, consumo de saladas). O indivíduo Pitta já é
estimulado e geralmente faz uso excessivo de pimentas,
álcool e molhos ácidos. Ele já tem as secreções biliares
estimuladas, já é quente, móvel e penetrante.

A primeira leitura da Herbologia são os sabores. Temos seis


sabores:

·Amargo e adstringente: Vata – o amargo esfria o fogo


digestivo, digere a bile e ajuda o nosso corpo a eliminar
excesso de calor. O adstringente é ressecante da fleuma
quando em excesso consumimos farinhas, café preto, raízes,
sucos verdes e frutas verdes, saladas. Vata não deveria
consumir coisas agravantes do dosha, mas sim consumir os
antídotos: sabor doce (gera umidade, peso, proteção), salgado
(gera retenção) e picante leve (gengibre, erva-doce, cominho,
louro).
·Picante e ácido: Pitta – o picante é estimulante das
secreções biliares. O ácido é corrosivo e também aumenta as
secreções biliares. Portanto, as pimentas não são bem-vindas
para o Pitta. O antídoto para o Pitta é aquele que vai diminuir o
calor: sabor doce (tâmara, leite, ghee), salgado e amargo
(coentro, salsa, rúcula, agrião, couve).

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· Doce e salgado: Kapha – os sabores que agravam Kapha
são aqueles que aumentam a produção de tecido. Porém, não
dá para viver sem esses sabores porque o nosso corpo
precisa da matéria para sobreviver. O sabor doce vamos
encontrar nas carnes, cogumelos, leites, frutas maduras,
sementes, arroz, raízes bem cozidas e cremosas, sendo o
sabor doce o alimento que tem fleuma e nos nutre. O Kapha
precisa colocar as especiarias na vida para melhorar as
características desse dosha.

Temos diferentes sabores e diferentes biotipos, então para


lidar com isso precisamos nos manter nutridos e aprender
quais alimentos são adequados, entender como é o processo
digestivo, mastigar o alimento, respirar enquanto está
comendo e dar atenção ao que estamos fazendo a cada
momento.

Cada elemento apresenta seis leituras. A primeira leitura é o


elemento fora de nós, a leitura das Gunas, dos atributos da
matéria. A segunda leitura é quando colocamos na boca
sentimos o sabor. A terceira leitura está relacionada com o
fogo digestivo, virya/potência. A quarta leitura se relaciona
com o efeito nos tecidos. A quinta leitura está relacionada a
Prabhava, à alma, ao efeito mágico que cada elemento tem. A
sexta leitura está relacionada a Karma, que é o uso comum.

Por exemplo:
Erva-doce: leve (característica de Vata), seca (característica
de Vata), perfumada (característica de Pitta), densa
(característica de Kapha). Ao ferver a erva-doce iniciamos um
processo, e ao colocarmos na boca sentimos o sabor doce.

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A erva-doce tem a potência quente e melhora a digestão.
A erva-doce é lactante e ajuda na produção de plasma, tendo
efeito anabólico nos tecidos. A erva-doce tem o efeito
carminativo e auxilia na purificação dos gases.

Todo elemento contém um efeito, então passamos a


compreender o efeito de cada coisa e como utilizar cada
elemento a partir do momento que passamos a conhecê-los.
A base é começar o estudo por uma ou duas plantas por mês,
e então vamos conhece-las em forma de chá, de pó grosso,
de pó fino, de tintura, de álcool, de suco e por aí vai. A forma
como veiculamos isso para cada pessoa também é remédio.

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