TCC Ii Joseph Olegario

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CASA REFÚGIO NO SEMIÁRIDO

CEARENSE: UMA PROPOSTA


UTILIZANDO CONCEITOS DA
BIOCONSTRUÇÃO

Joseph Olegario

1
2
CENTRO UNIVERSITÁRIO PARAÍSO

CURSO DE ARQUITETURA E URBANISMO

JOSEPH DA SILVA OLEGARIO

CASA REFÚGIO NO SEMIÁRIDO CEARENSE: UMA PROPOSTA


UTILIZANDO CONCEITOS DA BIO CONSTRUÇÃO

JUAZEIRO DO NORTE

2020

3
JOSEPH DA SILVA OLEGARIO

CENTRO UNIVERSITÁRIO PARAÍSO

CURSO DE ARQUITETURA E URBANISMO

CASA REFÚGIO NO SEMIÁRIDO CEARENSE:


UMA PROPOSTA UTILIZANDO CONCEITOS DA BIOCONSTRUÇÃO

Projeto de Pesquisa apresentado ao Curso de Arquitetura e


Urbanismo da Faculdade Paraíso do Ceará para obtenção da
aprovação na disciplina Trabalho de Conclusão de Curso II.

Orientador: André Moraes de Almeida

JUAZEIRO DO NORTE

2020

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CASA REFÚGIO NO SEMIÁRIDO CEARENSE:
Uma proposta utilizando conceitos da bio construção

JOSEPH DA SILVA OLEGARIO

Aprovado em: _____/_____/_____

BANCA EXAMINADORA

_________________________________________________

Prof. Me. André Moraes de Almeida (orientador)

_________________________________________________

Prof. Me. Igor Miranda Pinto (avaliador interno)

_________________________________________________

Me. Amanda Florêncio (avaliador externo)

5
A humanidade é parte de um vasto universo em evolução. A Terra, nosso lar,
é viva como uma comunidade de vida incomparável. As forças da natureza
fazem da existência uma aventura exigente e incerta, mas a Terra providen-
ciou as condições essenciais para a evolução da vida. (A Carta da Terra)

6
Agradecimentos

Meus sinceros agradecimentos vão para:

Minha Família, minha mãe Lucimar, meu pai Raimundo e meus irmão Jefferson e
Jhony Lúcio, que durante todo o período do curso me apoiaram e me incentivaram, não me
permitindo desanimar.

A todos os professores que me deram suporte e atenção ao longo da graduação,


em especial ao meu orientador André Moraes que me acompanhou incentivou e ajudou no
desenvolvimento do pressente estudo. Obrigado pela paciência e injeções de estímulo, me
desafiando sempre a melhorar e me aprimorar, acreditando em meu potencial.

Aos amigos e colegas de curso que me acompanharam e encorajaram durante esta


trajetória, me incentivando, e me fazendo acreditar que estou no caminho certo.

Ao meu companheiro Carlos que me deu força durante todo período de cumprimento
do curso de Arquitetura, especialmente na reta final dessa graduação.

Aos profissionais de arquitetura que trabalham no intuito de construir um mundo me-


lhor e mais justo.

E por fim, obrigado ao universo por ter tido a oportunidade de chegar até aqui e me
tornar o que sou hoje.

7
RESUMO
Na perspectiva de explorar e compreender a forma de se fazer uma arquitetura voltada às
questões presentes na contemporaneidade, o presente trabalho trata-se de uma pesquisa
e laboratório, sobre arquitetura sustentável e bioconstrução. Resultando na elaboração do
anteprojeto arquitetônico de uma casa refúgio no semiárido cearense. Levantando questões
sobre a sustentabilidade, nossa relação com o meio ambiente, as principais características
do semiárido, um breve panorama sobre os aspectos arquitetônicos e construtivos presen-
tes na região, modelos construtivos realizados com princípios da bioconstrução a partir de
exemplos correlatos de arquitetura nacionais e da América Latina, métodos e técnicas da
bioconstrução, análise sobre a viabilidade de desenvolvimento do projeto arquitetônico de
uma residência no semiárido utilizando as técnicas, métodos e modelos bioconstrutivos, la-
boratório de estudo da implantação da edificação através de maquete física e análise sobre
material a partir da experiência na confecção de tijolos de adobe com a matéria prima retira-
da do próprio lugar de construção. Desse modo, todo o processo de estudos e pesquisa no
presente texto volta-se para exploração da arquitetura sustentável e bioconstrução.

Palavras-chave: Bioconstrução, Arquitetura, Sustentabilidade, Casa Refúgio

8
ABSTRACT
From the perspective of exploring and understanding how to make an architecture focused
on the issues present in the contemporary world, the present work is a research and labo-
ratory, about sustainable architecture and bioconstruction. Resulting in the elaboration of
the architectural design of a refuge house in the semiarid Ceará. Raising questions about
sustainability, our relationship with the environment, the main characteristics of the semiarid
region, a brief overview of the architectural and construction aspects present in the region,
constructive models based on the principles of bioconstruction based on related examples
of national and American architecture Latin, methods and techniques of bioconstruction,
analysis of the feasibility of developing the architectural project of a residence in the semi-a-
rid region using bioconstructive techniques, methods and models, laboratory for the study of
building implementation through physical model and analysis of material from experience in
the manufacture of adobe bricks with the raw material taken from the construction site itself.
In this way, the entire process of studies and research in this text focuses on the exploration
of sustainable architecture and bioconstruction.

Keywords: Bioconstruction, Architecture, Refuge House

LISTAS

9
Siglas

IPECE- Instituto de Pesquisa e Estratégia Econômica do Ceará

EMBRAPA - Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária

UNESCO - Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura

SEPLAG. - Secretaria do Planejamento e Gestão do Governo do Estado do Ceará

TCC II - Trabalho de Conclusão de Curso II

Tabelas

Tabela 1: Organograma metodológico

Tabela 2: Estado da Arte

Tabela 3: Cronograma TCC II

10
Ilustraçõe
Figura 1: Mapa da Região metropolitana do Cariri. CE  •27

Figura 2: Casa de taipa com dois pavimentos, Sítio Fundão, Geopark Araripe, Chapada do

Araripe, Crato, CE.  •28

Figura 3: Casarão sobrado colonial, Barbalha, CE.  •28

Figura 4: Fachada com traços da Art déco, Araripe, CE •29

Figura 5: Memorial Padre Cícero arquitetura modernista, Juazeiro do Norte, CE.  •29

Figura 6: Mapa de Tipos climáticos do Ceará, 2011. •33

Figura 7: Detalhe Mapa de Tipos climáticos do Ceará, 2011.  •34

Figura 8: Lote na zona rural de Caririaçu, Ce •34

Figura 9: Lote na zona rural de Caririaçu, e. CE  •35

Figura 10: Mapa de Tipos climáticos do Ceará, 2011.  •36

Figura 11: Detalhe Mapa de Tipos climáticos do Ceará, 2011


•37

Figura 12: Croqui de incidência de ventos predominantes no lote.


•37

Figura 13: Croqui de incidência solar no lote.  •38

Figura 14: Print linha de relevo Google Earth. •41

Figura 15:Imagem aérea do lote Google Earth  •42

Figura 16:Imagem aérea do entorno Google Earth  •42

Figura 17:Fotografia Escola Nave Tierra, Argentina •47

Figura 18:Fotografia Construção Escola Nave Tierra, Argentina  •48

Figura 19: Planta baixa Escola Nave Tierra, Argentina •49

Figura 20:Fotografia interior Escola Nave Tierra, Argentina, detalhe garrafas de vidro na

alvenaria  •50

Figura 21:Fotografia Fachada Casa em Cunha, SP  •51

Figura 22:Fotografia fachada Casa em Cunha, SP  •52

Figura 23:Fotografia Interior Casa em Cunha, SP  •53

Figura 24:Planta baixa Casa em Cunha, SP


•53

Figura 25:Imagem residência Projeto M & B, Serra Grande, BA •54

Figura 26: Maquete virtual Projeto M & B, Serra Grande, BA •55

Figura 27: Detalhe construção Projeto M & B, Serra Grande, BA


•55

11
Figura 28: Vista superior da edificação construída. Projeto M & B, Serra Grande, BA
•56

Figura 29: Fotografia interior. Projeto M & B, Serra Grande, BA •57

Figura 30: Maquete virtual Planta do Projeto M & B, Serra Grande, BA •57

Figura 31: Fotografia residência 02 bioconstruída Comunidade Aldeia da Luz, Barbalha


•58

Figura 32: Distribuição das edificações no lote. Comunidade Aldeia da Luz, Barbalha
•59

Figura 33: Fotografia entrada Comunidade Aldeia da Luz, Barbalha, Ce


•60

Figura34: Fotografia residência 01 Comunidade Aldeia da Luz, Barbalha, Ce  •60

Figura 35: Esquema de massa vegetativa a partir de imagem de satélite. Aldeia da Luz,

Barbalha, CE  ;•61

Figura 36: Fotografia residência 02 Comunidade Aldeia da Luz, Barbalha, Ce  •61

Figura 37: Fotografia residência 03 Comunidade Aldeia da Luz, Barbalha, Ce  •62

Figura 38: Fotografia residência 04 Comunidade Aldeia da Luz, Barbalha, Ce •62

Figura 39:Ilustração técnica de Pau-a-pique •65

Figura 40: Ilustração, pontos de destaque feito por Lengen


•66

Figura 41: Cobertura teto verde projeto M & B •67

Figura 42: Ilustração, formato ideal para construções em região tropical seca, Lengen
•68

Figura 43:Torre de vento, construções em região tropical seca, Lengen


•69

Figura 44: Ilustração, sistema de ventilação subterrânea, Lengen


•69

Figura 45: Ilustração, sistema de ventilação captação com água, Lengen


•69

Figura 46: Ilustração, sistema de drenagem de água, Lengen


•71

Figura 47: Ilustração limites do terreno  •75

Figura 48: Ilustração corte, declive do terreno  •76

Figura 49: Ilustração paisagem entorno  •76

Figura 50: Ilustração ventilação  •77

Figura 51: Ventilação  •79

Figura 52: Ventilação •79

Figura 53: Iluminação natural  •80

Figura 54: Iluminação natural  •80

Figura 55: Maquete física  •81

Figura 56: Maquete física, foça ecológica, pavimento 1 e 2


•82

12
Figura 57: Maquete física, fachadas 1, 2, 3 e 4  •83

Figura 58: Fôrmas para tijolos de adobe  •84

Figura 59: Laboratório de confecção de tijolos de adobe


•85

Figura 60: Tijolos de adobe após secagem  •87

Figura 61: Desenho de observação situação no lote •88

Figura 62: Desenho de observação corte fundação


•89

Figura 63: Estudos fundação, pilar e alvenaria  •89

Figura 64: Estudo fundação  •90

Figura 65: Desenho layout pavimento 01


•91

Figura 66: Desenho estudo paginação de piso


•91

Figura 67: Perspectiva fundação pilares e vigas


•92

Figura 68: Detalhe laje teto verde  •92

Figura 69: Layout Pavimento superior


•93

Figura 70: Desenho paginação de piso pav. superior


•94

Figura 71: Cartela de cores


•94

Figura 72: Telha ecológica  •95

Figura 73: Telhado com caibros, ripas e telhas ecológicas.  •95

Figura 74: Telhado montado com caibros, ripas e telhas ecológicas.  •95

Figura 75: Posicionamento tijolos alvenaria pavimento inferior  •96

Figura 76: Posicionamento tijolos alvenaria pav. superior  •96

Figura 77:Posicionamento tijolos alvenaria pavimento inferior  •97

Figura 78: Detalhe biodigestor águas cinzas  •98

Figura 79: Detalhe vitral fachada sul acima do biodigestor


•99

Figura 80: Detalhe abertura fachada norte porta de acesso  •99

Figura 81: Perspectiva pavimento superior  •100

Figura 82: Detalhe encontro da laje com muro de contenção. •100

13
Sumário
RESUMO....................................................................................................................................................................................... 8
ABSTRACT.................................................................................................................................................................................. 9
INTRODUÇÃO............................................................................................................................................................................ 10
1 SOBRE SUSTENTABILIDADE............................................................................................................................................ 21
2 A CASA E O MORAR..................................................................................................................................................... 24
2.1 Breve panorama do morar no semiárido cearense ........................................................................................27
3 O SEMIÁRIDO.......................................................................................................................................................................32
4. SOBRE BIOCONSTRUÇÃO................................................................................................................................................39
5 ESTUDO DE CASO PROJETOS CORRELATOS ........................................................................................................ 46
5.1 Escola Nave Tierra: casa autossustentável de Michael Reynolds, Argentina.................................... 47
5.2 Casa em Cunha, Sp. Escritório Arquipélago Arquitetos................................................................................ 51
5.3 Projeto M & B: IrinaBiletska & Gonzalo Nadal arquitetura orgânica e bioconstrução, Serra Gran-
de, Bahia.................................................................................................................................................................................. 54
5.4 Comunidade Aldeia da Luz, Barbalha, CE..........................................................................................................58
6 A CASA REFÚGIO BIO CONSTRUÍDA NA ZONA RURAL DO SEMIÁRIDO CEARENSE ............................. 64
7 ESTUDO DE IMPLANTAÇÃO, VOLUMETRIA, MATERIAIS, CONCEITO E PROGRAMA ARQUITETÔNICO ..72
7.1 Estudos preliminares ................................................................................................................................................. 74
7.2 Observação do lote......................................................................................................................................................75
7.3 Conceito.............................................................................................................................................................................77
7.4 Partido...............................................................................................................................................................................78
7.5 Ventilação e insolação................................................................................................................................................79
7.6 Estudo de implantação através de maquete física ...................................................................................... 81
7.8 Lboratório tijolos de adobe..................................................................................................................................... 84
8 ELABORAÇÃO DO .............................................................................................................................................................88
ANTEPROJETO.........................................................................................................................................................................88
8.1 Panorama investigativo...............................................................................................................................................88
9 PRANCHAS ANTEPROJETO............................................................................................................................................101
10 REFLEXÃO SOBRE INICIATIVAS SUSTENTÁVEIS NA ARQUITETURA ......................................................137
11 CONSIDERAÇÕES FINAIS............................................................................................................................................... 139

14
INTRODUÇÃO
Pensar em sustentabilidade na contemporaneidade já não é mais uma questão de
opção, e sim uma necessidade (CARTA DA TERRA, 2000.). Partindo desse pressuposto, a
pesquisa aqui apresentada tem o interesse de investigar algumas das técnicas e materiais
existentes no processo de elaboração da casa contemporânea no semiárido cearense e a
partir dessa pesquisa desenvolver o anteprojeto de uma residência unifamiliar utilizando
conceitos da bioconstrução.

Dessa maneira esse anteprojeto arquitetônico sustentável busca estabelecer a per-


cepção técnica contida no contexto da sustentabilidade e da bioconstrução. Numa reflexão
sobre os processos e métodos existentes, para construção do projeto de uma edificação
que possa garantir o máximo de sustentabilidade, numa região de clima predominante
quente e com baixa incidência de chuvas, no caso a região do semiárido cearense.

Os temas abordados para este estudo estarão voltados à aplicação de conceitos


como a construção de ambientes sustentáveis por meio do uso de materiais de baixo im-
pacto ambiental, adequação da arquitetura ao clima local e tratamento de resíduos, uti-
lizados na bioconstrução no campo da arquitetura, buscando compreender quais são as
viabilidades construtivas envolvidas nesse processo, às relações arquitetônicas e culturais,
numa investigação para elaboração do projeto de uma edificação que possua o máximo
de sustentabilidade, com base em técnicas possíveis de serem aplicadas no processo bio
construtivo.

As soluções adotadas para elaboração desse anteprojeto surgem a partir da iden-


tificação das necessidades da proposta de planejamento arquitetônico de uma residência
refúgio sustentável para o semiárido, no intuito de definir um partido arquitetônico adequa-
do, atento à topografia local, situações climáticas, características do solo, vegetação, entre
outras questões apontadas ao longo da pesquisa.

Outro elemento visto neste estudo, será a representação do projeto a partir da ma-
quete física e a experimentação de materiais com laboratório de confecção de tijolos de
adobe.

15
Contextualização e problemática

Tendo em vista a realidade do lote na comunidade Sítio Cidade em Caririaçu, a im-


plantação de uma edificação bioconstruída que possibilite práticas sustentáveis de funcio-
namento e manutenção, torna-se um meio de proporcionar a capacitação e qualificação no
campo da bioconstrução em arquitetura, numa construção cultural de hábitos sustentáveis.

Sobre o estudo arquitetônico e paisagístico da edificação a ser construída, o desa-


fio de se trabalhar sobre princípios sustentáveis, utilizando conceitos da bioconstrução,
gerou uma pesquisa de múltiplas possibilidades na solução de problemas relacionados às
questões presentes na contemporaneidade, a relação do ser humano com o planeta que
habitamos, e o futuro que desejamos construir. Trabalhando na perspectiva de construir um
projeto de baixo impacto ambiental, que esteja integrado ao seu entorno e contribua com o
uso eficiente de energia e preservação da natureza. Apoiado em autores que como,

Justificativa

O interesse pela exploração dos temas expostos no presente trabalho, parte da


observação do cotidiano na contemporaneidade, destacando tendências sustentáveis no
campo da arquitetura, compreendendo a importância da atuação do profissional da Arquite-
tura comprometido com o meio ambiente diante das leis que legitimam o exercício da profis-
são, como por exemplo, a Lei No 9.985, 2000, que define o Sistema Nacional de Unidades
de Conservação da Natureza.

Diante das tendências construtivas exploradas na atualidade, tendo em vista todo o


processo construtivo que serão pautados em estudos teóricos e técnicos da bioconstrução,
garantindo o mínimo de impacto ambiental na construção e manutenção do espaço.

Assim, além dos benefícios ambientais que o projeto pode gerar em sua construção,
também será possível uma aproximação com a prática e construtiva.

16
Objetivo geral

● Desenvolver um anteprojeto para uma edificação refúgio unifamiliar no semiárido,


na comunidade Sítio Cidade em Caririaçu-CE, utilizando princípios sustentáveis e
conceitos da bioconstrução.

Objetivos específicos

● Compreender a produção de habitação no semiárido;

● Desenvolver uma pesquisa bibliográfica sobre o conceito de casa-refúgio;

● Aprofundar a discussão teórica, metodológica e prática sobre o conceito de susten-


tabilidade voltada para o semiárido.

● Investigar sobre as técnicas e materiaid na bioconstrução.

● Avançar na catalogação e pesquisa sobre a bioconstrução

Processos Metodológicos

Buscando o entendimento sobre o processo arquitetônico sustentável a partir da bio-


construção, esse projeto surge a partir da investigação teórica sobre técnicas de biocons-
trução utilizada em diversas edificações, num levantamento de possibilidades construtivas
que possam garantir um baixo impacto ambiental, e proporcione uma relação estética e
funcional ideal para o semiárido cearense.

Assim, experimentos arquitetônicos utilizando as técnicas de bioconstrução já exe-


cutados serviram de base na pesquisa correlata sobre quais os modelos de execução em
bioconstrução se adaptam melhor a região do semiárido cearense. Seguindo análise dos
projetos: ‘Nave Tierra’: casa autossustentável de Michael Reynolds, Argentina, Casa em
Cunha: Arquipélago Arquitetos, Casa ecológica Bahia. Irina Biletska e Aldeia da Luz comu-
nidade sustentável em Barbalha, Ceará.

17
Desse modo o lote pretendido para implantação do projeto será analisado buscando
suas principais características naturais, na construção de um projeto arquitetônico da bio-
construção.

Após a refl exão sobre sustentabilidade, o processo social da moradia, análise so-
bre as questões referentes ao semiárido cearense, técnicas construtivas da bioconstrução,
projetos correlatos e características do lote, serão destacados os modelos que poderão ser
aplicados no projeto, buscando as melhores soluções dentro de uma proposta sustentável,
vistos os aspectos de consumo consciente dos recursos numa perspectiva renovável. Con-
tando também com a elaboração de maquete física para ilustrar melhor entendimento sobre
os volumes e distribuição dos ambientes e um laboratório de tijolos de adobe na exploração
do material.

Tabela 1: Organograma metodológico

Fonte: Elaborado pelo autor, 2020.

18
Referencial teórico

Para dar suporte teórico a essa pesquisa , muito autores e trabalhos foram utiliza-
dos, formando a base de investigação deste estudo. Destaca-se a Carta da Terra que é um
documento escrito a partir de debates com a sociedade, e análise das relações humanas
e o meio ambiente, realizado pela UNESCO, apontando diretrizes para construção de um
mundo mais sustentável. Partindo deste estudo, Marcos Eduardo Serrador em sua disser-
tação de mestrado, Sustentabilidade em arquitetura: referências para projeto, nos apresen-
ta experiências internacionais e referências normativas ou certificação sobre a produção
dos principais materiais de produção no brasil e referências práticas no mercado nacional.

Sobre o semiárido, Armando de Holanda apresenta uma variedade de técnicas e


materiais utilizado nas construções nordestinas, observados durante sua pesquisa sobre
arquitetura no nordeste brasileiro, no Programa de Pós-Graduação em Desenvolvimento
Urbano da Faculdade de Arquitetura, UFPE, Recife, 1976 o Roteiro para construir no Nor-
deste, para fortalecer o estudo sobre o nordeste também destaca-se o texto para discus-
são n° 76, Governo do Estado do Ceará Secretaria do Planejamento e Gestão, SEPLAG.
Instituto de Pesquisa e Estratégia Econômica do Ceará, IPECE, Fortaleza-CE, Janeiro de
2010. Um retrato do semiárido cearense que reúne através de fontes oficiais características
presentes no semiárido cearense já na dissertação de mestrado em Conforto no Ambiente
Construído; Forma Urbana e Habitação da Universidade Federal do Rio Grande do Norte,
Natal, 2012, de autoria de, Ana Paula Campos Gurgel, Entre serras e sertões A(s) (trans)
formaç(ões) de centralidade(s) da Região nos apresenta uma série de fatores geográficos
e sociais que contribuíram para formação da região metropolitana do Cariri, CE, seu mape-
amento e índices estatísticos.

Para os projetos corretos utilizados neste trabalho, todos executados a partir das
técnicas da bioconstrução, teremos o exemplo da Escola Nave Tierra de Michael Reynol-
ds na Argentina, o projeto Casa em Cunha, SP, do escritório, Arquipélago Arquitetos, SP,
projeto M & B, BA do Escritório Irina Biletska, BA e o projeto da Aldeia da Luz, que é uma
comunidade sustentável, CE. Todos estes projetos serviram de referência para o desenvol-
vimento do projeto da edificação posteriormente.

Para uma melhor compreensão sobre o meio ambiente local no artigo Vegetação,
unidades fitoecológicas e diversidade paisagística do estado do Ceará, 2015 que destaca
de modo científico as características vegetativas presentes na região do semiárido cearen-
se.

19
Sobre as técnicas de bioconstrução encontramos no Manual do arquiteto descalço
de Johan Lengen, ed. 2014, o ensino de diversas técnicas construtivas sustentáveis a partir
da bioconstrução e através de Bill Mollison no livro Introdução à permacultura os princípios
aplicados pela permacultura no meio social e cultural, já através de Cecília Prompt, por
meio do Ministério do Meio Ambiente, Secretaria de Extrativismo e Desenvolvimento Rural
Sustentável do Departamento de Desenvolvimento Rural Sustentável, Brasília, 2008, temos
o Curso de Bioconstrução, que aponta uma diversidade de métodos e técnicas construtivas
sustentáveis utilizadas no meio rural brasileiro.

Desse modo o estudo aqui apresentado tomará como base tais autores, sendo estes
apenas os autores que fundamentam o estudo, estando presente ao longo do texto outras
referência relevantes para esta pesquisa.

20
1 SOBRE SUSTENTABILIDADE
O desenvolvimento e evolução da humanidade, em todos os seus aspectos, trans-
formou o planeta em que vivemos. Na atualidade o pensamento sustentável sobre nossas
ações, e relações estabelecidas com o planeta, tornou-se uma constante necessária. Assim
é possível perceber através da A carta da terra, 2000, o quanto é grave e urgente ações
sustentáveis em todas as esferas humanas.

A Situação Global os padrões dominantes de produção e consumo estão


causando devastação ambiental, redução dos recursos e uma massiva ex-
tinção de espécies. Comunidades estão sendo arruinadas. Os benefícios
do desenvolvimento não estão sendo divididos equitativamente e o fosso
entre ricos e pobres está aumentando. A injustiça, a pobreza, a ignorância
e os conflitos violentos têm aumentado e são causa de grande sofrimento.
O crescimento sem precedentes da população humana tem sobrecarregado
os sistemas ecológico e social. As bases da segurança global estão ame-
açadas. Essas tendências são perigosas, mas não inevitáveis. (CARTA DA
TERRA, p. 1, 2000.)

O uso abusivo de modelos não renováveis de consumo e exploração dos recursos


naturais do planeta, acarretou em uma série de problemas ambientais. Por tanto, é preciso
que sejam revistas nossas ações relacionadas ao planeta. O uso de técnicas e conceitos
que possam garantir a longevidade, recuperação e conservação dos recursos restantes,
são expressamente necessários para essa e para as próximas gerações.

Visto que a naturalização do uso ilimitado dos recursos do planeta acabou contami-
nando todas as esferas de ações humanas. Observando desde as pequenas ações, como
os usos irresponsáveis de elementos do cotidiano, por exemplo, descartáveis, conservan-
tes químicos, poluição, extração irreversível, etc, são alguns dos exemplos presentes na
vida da civilização moderna.

Diante disso, pensar sobre sustentabilidade na arquitetura torna-se fundamental. Os


espaços e suas funções, os materiais utilizados, os recursos necessários para se executar
um projeto com excelência, são diversas preocupações que devem estar contidas em um
projeto arquitetônico de qualquer natureza para qualquer função. Em meio às diversas prá-
ticas convencionais, já cristalizadas, nos processos construtivos convencionais, que, em
sua maioria exigem um grande desgaste energético, como uso de materiais extremamente
industrializados de elevado valor financeiro e altamente agressivos ao meio ambiente, prá-
ticas sustentáveis são essenciais e necessárias. Nesse sentido Serrador nos fala que:

21
A compreensão do contexto em que se insere o projeto de produção
de edifícios voltados a sustentabilidade pode ser determinante da realiza-
ção dos objetivos proposto pelo compreendimento, seja de ele de menor ou
maior dimensão. A amplitude do conceito de sustentabilidade exige o conhe-
cimento máximo de variáveis envolvidas no momento do projeto. Na tomada
de decisões, com a especificação de materiais e sistemas construtivos, de-
veria ser considerado todo ciclo de vida dos componentes empregados na
construção: qual o impacto sobre a reserva de agregados primários, qual
a possibilidade de reciclagem futura e qual o nível de geração de resíduos
no processo construtivo são exemplos da extensão das decisões projetuais.
(SERRADOR, 2008).

Ao passo das mudanças mundiais em relação à produção e consumo de bens ma-


teriais, hoje podemos nos apoiar em diretrizes que seguem em consonância com o pen-
samento sobre os impactos causados pelo mau uso dos recursos naturais, assim diversas
iniciativas já estão presentes no contexto do projeto arquitetônico, dessa maneira a utiliza-
ção de conceitos sustentáveis podem surgir em forma de porcentagens dentro do projeto,
como em, edificações urbanas ou megaestruturas modernas, ou em sua totalidade, como
em projetos experimentais que possuem cem por cento de seu partido arquitetônico defini-
do por técnicas genuinamente sustentáveis.

Dentro desse contexto, quando temos a presença do pensamento sustentável de


maneira parcial em um projeto ainda assim estaremos gerando impacto ambiental em al-
gum nível, porém, quando determinamos a utilizar o máximo, ou totalmente, o conceito de
sustentabilidade em um projeto passamos a contribuir significativamente no processo de
cuidado com o uso dos recursos ainda disponíveis, gerando o mínimo de impacto ambiental
e ainda contribuindo para sua recuperação.

Seguindo um pensamento de utilização máxima dos princípios sustentáveis, como


ideal para uma edificação contemporânea, a busca por técnicas que atendam a esses
princípios nos leva a estudos sobre os cuidados com a terra. A busca por soluções revelam
referências, como tradições de povos ancestrais, em arquiteturas vernacular e princípios
da bioconstrução, garantindo total sustentabilidade a uma edificação, pensada desde o uso
de materiais que serão empregados, água, energia elétrica e saneamento. Desse modo so-
bre bioconstrução podemos ver a partir do artigo de Sasquia Hizuru Obata e Michel Habib
Ghattas, 2012, a seguinte afirmativa.

A bioconstrução não é uma descoberta do século XXI, mas somente e


após a corrida de entendimentos para as análises das mudanças climáticas
e ações pautadas em sustentabilidade, é que tomou evidência como prática
adequada na redução dos impactos ambientais. Na pré história, as neces-
sidades de se abrigar das intempéries e de se proteger de predadores, já
traziam em si uma construção natural com conceitos extremos da bioarqui-
tetura.(OBATA, p. 05, 2012).

22
Portanto, pensar em projetos voltados a aplicar em seu processo, desde a ela-
boração do programa de necessidades, até a sua execução, diretrizes apontadas pelos
indicativos acerca da sustentabilidade, se faz essencial em todas as esferas da produção
arquitetônica.

Com isso, esse texto é voltado ao entendimento sobre a aplicação de conceitos


da arquitetura sustentável dentro da bioconstrução, reconhecendo quais são as técnicas
possíveis e viáveis na elaboração do processo construtivo de uma edificação no semiárido
cearense, elencando através desta investigação materiais e técnicas construtivas adequa-
das aos fatores predominantes das condições e adversidades do terreno em análise. Dessa
maneira, as relações climáticas que afetam o semiárido cearense serão abordadas a partir
de fatores e implicações para o desenvolvimento da proposta.

23
2 A CASA E O MORAR
Entendo a necessidade humana na construção de abrigo para sua proteção, partin-
do desde o menir, segundo Pereira, 2005, cavernas e cabanas, construídas pelo homem
primitivo até a atualidade, podemos enxergar uma gigantesca mudança nos modos de ha-
bitar e nas técnicas construtivas. Porém, aqui focamos nas percepções da contemporanei-
dade sobre o morar, numa perspectiva de tendências culturais sustentáveis, cada vez mais
recorrentes no cotidiano das relações humanas e os meios de consumo de baixo impacto
ambiental.

Para chegar ao ideal dessa pesquisa, a construção de uma casa refúgio sustentável
contemporânea no semiárido cearense, é necessário refletir sobre as diversas formas de
morar na contemporaneidade. Ao longo dos tempos devido às mudanças sociais a forma de
habitar se transformou, e em um recorte, pensado para esta pesquisa, destaca-se a casa e
o morar no semiárido cearense, a partir dos modelos convencionais de habitação.

Segundo Pallasma, 2018, não existimos apenas na realidade espacial e material,


também habitamos em realidades culturais, mentais e temporais, a partir desse pensamen-
to podemos entender que é preciso expandir nosso entendimento sobre o habitar, perceber
nossas relações com o mundo e as pessoas, entendendo a singularidade contida no indiví-
duo e nele em relação ao todo, também é preciso detectar as potencialidades e aplicação
de conhecimentos científicos e tecnológicos em sintonia com as necessidades de seu
tempo. Desse modo o morar habitar se expande entendendo a casa como para além da
materialidade.

Saindo desse contexto mais abstrato do entendimento sobre habitar, numa rápida
busca através da história, podemos estabelecer o entendimento sobre habitar, a partir do
exemplo das habitações na Idade Média que compunha de familiares, empregados e apren-
dizes sob a tutela de um pai-patrão proprietário dos meios de produção, todos morando na
casa onde se sobrepõem, em muitos casos, em um único grande cômodo, habitação, traba-
lho e espaço de uso público (TRAMONTANO, 1998). Diante disso é possível entender que
esse modelo de morar caiu em desuso, percebendo que no período moderno a partir da
revolução industrial e segunda guerra, o morar deixou de incorporar o espaço de trabalho
e passou a ser habitada por pessoas ligadas por laços consanguíneos estreitos, surgindo
a tendência da família nuclear (CHARTIER, 1991), que se mantém fortemente na cultura
brasileira consequentemente no nordeste. O modelo de compartimentação, volumes e divi-
são do espaço de moradia se modificou, diante desses aspectos, os espaços tornaram se
amplos, versáteis e tecnológicos. Assim Rossetti em seu texto, “Morar brasileiro: Impres-
sões e nexos atuais da casa e do espaço doméstico”, nos diz que a arquitetura moderna

24
brasileira do século XX logrou um êxito considerável por seu caráter genuíno, tornando-se
um fenômeno bem sucedido, por ser tão paradoxalmente moderna e internacional, quanto
nacional.

Contudo em meio ao sistema frenético do cotidiano das cidades e metrópoles, a


busca por formas de morar longe do fluxo estressante das cidades nos leva a outras al-
ternativas como espaços afastados, fora meio urbano, como a ideia da casa refúgio, que
possa servir de moradia, fixa ou temporária, deslocada do contexto poluído das cidades. A
casa é o refúgio cálido e cordial em que nos sentimos protegidos; o lugar de descanso, esta
quietude que nos protege frente ao mundo e nos abriga de infames tempestades exteriores
(MOSTAEDI, 2001). Assim o interesse na composição de uma casa refúgio sustentável a
partir de técnicas e métodos da bioconstrução no semiárido cearense, se torna um desafio,
frente à combinação dos conceitos bioconstrutivos, somada às problemáticas da atualida-
de.

Sobre a questão material dada às habitações convencionais, não é difícil notar o


quanto somos dependentes dos meios de produção industrial convencional, em muitos
altamente agressivos ao meio ambiente.

Nesse sentido os métodos construtivos arrojados explorados no pós-industrial nos


levou a um aspecto cultural baseado no consumo compulsivo, sem o comprometimento
com o esgotamento dos recursos naturais, a uso indiscriminado de produtos de origem
extrativista industrial que nos trouxe a um quadro de desgaste ambiental, Roth e Garcia
(2009), no artigo, “Construção Civil e a Degradação Ambiental”, nos diz que, no Brasil, as
áreas degradadas provocadas pela construção civil ocorrem em três momentos distintos:
na extração e fabricação de materiais de construção, na execução das obras e na dispo-
sição dos resíduos por ela gerados, desse modo unir a necessidade da habitação como
refúgio a sustentabilidade através de bioconstruções, torna-se uma possibilidade que vai
de encontro à tendência de se construir ambientes de morar que possam garantir além do
conforto, proteção e segurança, o equilíbrio ambiental.

Atualmente, o modelo de construção civil no Brasil, em toda sua


cadeia de produção, ocasiona vários prejuízos ambientais, pois, além de
utilizar, amplamente, matéria-prima não renovável da natureza e consumir
elevadas quantidades de energia, tanto na execução quanto no transpor-
te e processamento dos insumos, é também perdulário no uso dos mate-
riais e considerado grande fonte geradora de resíduos dentro da sociedade.
(ROTH, GARCIA, 2009).

Diante de tais colocações, pensar em uma residência refúgio em meio ao semiárido


utilizando técnicas sustentáveis a partir da bioconstrução, torna-se um modelo possível de

25
ser aplicado no campo da arquitetura, buscando um baixo impacto ambiental, e consequen-
temente financeiro. Somando-se a proposta, as questões ligadas à eficiência energética
necessária aos confortos, térmicos, lumínicos e acústicos, é possível visualizar a constru-
ção de uma edificação completa, integrada e mais coerente na relação com o meio.

Se a casa é referência para aquele que nela habita, tornar esse espaço ideal em
suas funções, numa mudança de atitude em meio ao consumismo desenfreado, pode ser
uma forma de contribuir e ampliar o pensamento sobre a construção arquitetônica neces-
sária nos dias de hoje, na perspectiva de ao longo do tempo fazer a diferença frente aos
métodos convencionais. Sobre as reflexões relacionadas ao morar Rossetti nos diz que:

Interessa refletir sobre as transformações do espaço doméstico em meio


aos processos de transformação tecnológica que temos vivido nos últimos
anos, considerando também as modificações dos usos e das funções dos
ambientes da casa, a invenção de hábitos, a transformação dos referenciais
estéticos e a consolidação de modos de vida bastante indicativos sobre nos-
sa contemporaneidade. (ROSSETTI, 2014).

26
2.1 Breve panorama do morar no semiárido cearense
Desconstruindo a imagem sofrida do semiárido, podemos apontar diversos fatores
que compõem o cenário da região. Observando a região do Cariri cearense (Figura 1) in-
serida no semiárido, (IPECE,2012), localizamos a região metropolitana do Cariri composta
por nove municípios, seus habitantes se interrelacionam em laços consanguíneos, afetivos
e comerciais, gerando uma troca cultural direta.

O conjunto urbano da Região Metropolitana do Cariri (RMC) está situado


a uma distância média de 600 km das duas metrópoles regionais nordesti-
nas mais próximas, Fortaleza e Recife. As três cidades principais (Juazeiro
do Norte, Crato e Barbalha) mantêm vínculos estreitos tanto em termos de
proximidade territorial quanto relacional, sobretudo pela relação de comple-
mentaridade socioeconômica no Cariri cearense. (SECRETARIA DAS CI-
DADES, CE, 2020).

Figura 1: Mapa da Região metropolitana do Cariri. CE

Fonte: Disponível em: <www.ipece.ce.gov.br> Acesso em 22 de mar. 2020.

Com isso podemos evidenciar na região uma diversidade de modos construtivos e


arquitetônicos, que variam desde as rudimentares construções vernacular, passando pela
arquitetura colonial com traços do barroco, também pode-se detectar o estilo Art Déco em
algumas fachadas, e traços modernistas em outras. Como podemos perceber nas imagens
a seguir.

27
Figura 2: Casa de taipa com dois pavimentos, Sítio Fundão, Geopark Araripe, Chapada do Araripe, Crato,
CE.

Fonte: Disponível em: <www.caririrevista.com.br>. Acesso em 15 de mar. 2020.

Figura 3: Casarão sobrado colonial, Barbalha, CE.

Fonte: Disponível em: <www.historiasecenariosnordestinos.blogspot.com>. Acesso em 26 de mar. 2020.

28
Figura 4: Fachada com traços da Art déco, Araripe, CE

Fonte: Disponível em: <www.facebook.com/cariridasantigas>. Acesso em 25 de mar. 2020.

Figura 5: Memorial Padre Cícero arquitetura modernista, Juazeiro do Norte, CE.

Fonte da Imagem: Badalo. 2018. Disponível em: <www./badalo.com.br>. Acesso em 26 mar. 2020

29
Não limitado aos modelos aqui colocados como exemplo, a arquitetura plural da
região nos serve como referência as marcas deixadas pelos estilos vistos pela história da
arquitetura, com eles seus modelos construtivos referentes a cada época. Numa breve sín-
tese e ilustração dos estilos construtivos destaca-se: Quando observamos as construções
de taipa (Figura 2), enquanto construções herdadas da cultura popular, entendemos que a
construção vernacular com terra é uma prática milenar, presente na cultura construtiva tra-
dicional das mais diversas sociedades (CORDEIRO, BRANDÃO, DURANTE, CALLEJAS,
2018), assim podemos pensar na arquitetura pós colonização como herança de métodos
aplicados de maneira sustentável comumente praticadas no semiárido, por ser trabalhada
com materiais locais, usufruindo das riquezas presentes no ambiente de construção a edifi-
cação torna-se de baixo custo. Vemos através do exemplo (Figura 2) uma aproximação da
base de referências desse estudo, a bioconstrução.

Já no exemplo do modelo construtivo colonial (Figura 3) é notória a imponência da


edificação, diante da construção de taipa, também dentro de princípios da arquitetura ver-
nacular, pode-se destacar suas paredes estruturais espessas, hipoteticamente feitas com
tijolos de adobe, chegando a essa conclusão ao observar a época de construção da edifi-
cação, séc XVIII, e os adornos decorativos utilizados para destacar a fachada.

No Brasil, os sistemas construtivos com terra foram introduzidos e lar-


gamente utilizados no período colonial, entre os séculos XVIII e XVIII,
por influência da arquitetura característica vigente em Portugal à épo-
ca, e também por influência dos povos africanos trazidos como escra-
vos, uma vez que não há indícios de que os povos indígenas nativos
utilizaram a terra como material de construção (Barbosa e Ghavami,
2007; Salgado, 2010; Silva, 2011), (aput BESSA, SANTOS, 2020).

Desse modo vemos que, sobre o adobe no Brasil, a técnica foi amplamente utilizada
no período colonial, passando por diversos cenários e tendências, tendo seu uso declinado
a partir da Revolução Industrial, pela oferta de novos materiais aparentemente vantajosos.
(BESSA, SANTOS, 2020).

O estilo Art déco (Figura 4), é algo recorrente nas fachadas das habitações urbanas,
característica de uma período marcante na arquitetura local.

Na arquitetura o art déco concilia aspectos inovadores e vínculos com


o passado. Da arquitetura Beaux-Arts recupera o viés decorativo, ex-
presso na volumetria em composições marcadas pelo jogo de formas
geométricas e/ou em fachadas com elementos de conotação orna-

30
mental. (CORREIA, 2010).

Seguindo a linha de exemplos detectados na arquitetura da região metropolitana do


cariri, também nota-se a arquitetura modernista nas edificações, apesar de não fazer parte
do contexto de moradia, a (imagem 5) apresenta o memorial Padre Cícero apenas ara ilus-
trar as contribuições estéticas do modernismo na região, destacando a estrutura brutalista
da edificação em concreto aparente, uso de vidro e metal em suas esquadrias, composto
por uma geometria de volumes simples, que são características fortes do estilo. (BRUAND,
1991).

Em vista desse pequeno panorama, é possível perceber, de modo geral, algumas


das principais transformações sofridas pela arquitetura local. Assim ao estabelecer uma
conexão com a proposta em questão, é possível criar relações arquitetônicas, capazes de
serem apreendidas no contexto estético e construtivo, num recorte de elementos que pos-
sam compor o partido arquitetônico da edificação.

Nesse caso extraindo os elementos e possibilidades construtivas das construções


de cunho vernaculares, que possuem em seu processo, o respeito aos recursos naturais
através da bioconstrução e garantem a sustentabilidade do projeto, unido ao rigor estético
contemporâneo, será possível planejar as soluções viáveis para o desenvolvimento do pro-
jeto de uma edificação residencial unifamiliar refúgio na zona rural da cidade de Caririaçu,
utilizando conceitos da bioconstrução.

Nessa perspectiva, o resgate das técnicas de construção com terra se


torna uma alternativa oportuna para edificar moradias sustentáveis,
contribuindo para a mitigação de problemas ambientais, sendo atu-
almente abordado por diversos autores na literatura atual. (CORDEI-
RO, BRANDÃO, DURANTE, CALLEJAS, 2018)

Com tudo, para o interesse dessa pesquisa os aspectos estéticos da casa refúgio
na zona rural se coloca presente numa perspectiva de análise e investigação de soluções
arquitetônicas preocupadas e comprometida com o debate e aplicação de iniciativas sus-
tentáveis. Em meio a isso as questões da habitação contemporânea, junto aos modelos
e técnicas construtivas, possíveis de serem aplicadas, de acordo com as limitações e po-
tencialidades, detectadas no lote em questão, serviram de base na composição do projeto
resultado desse estudo.

31
3 O SEMIÁRIDO
O Semi-Árido apresenta como características um clima com temperatu-
ras médias anuais entre 26 e 28ºC, insolação superior a 3.000 horas/ano,
umidade relativa em torno de 65%, precipitação pluviométrica anual abaixo
de 800 mm, solos com baixa profundidade e substrato predominantemen-
te cristalino, conforme o Ministério da Integração Nacional e a Secretaria
de Políticas de Desenvolvimento Regional, que em 2004 desenvolveram a
nova delimitação para a região. (RIBEIRO, SILVA, 2010).

Ao observarmos as indicativas climáticas que afetam a região do semi-árido cearen-


se, podemos perceber que os índices de temperatura e umidade são característicos de uma
região quente. Assim temos aí os primeiros fatores que se destacam dentre as observações
de análise da região. Após o período chuvoso compreendidos pelos meses de janeiro até
abril, conhecida popularmente como quadra invernosa, vê-se ao longo do ano um cenário
seco, pela ausência de chuvas, porém vivo, conhecida popularmente como seca verde. No
artigo “Vegetação, unidades fitoecológicas e diversidade paisagística do estado do Ceará”
a seguinte colocação.

A caatinga do cristalino é o tipo de vegetação típica da Depressão Sertaneja.


É decídua, espinhosa e adaptada ao clima semiárido, com apenas poucas
espécies perenifólias (e.g. Ziziphus spp., Cynophallaspp., Licania rigida, Li-
bidibia férrea). Como a pluviosidade é concentrada em apenas alguns me-
ses, durante boa parte do ano as plantas não possuem água disponível
para seu crescimento. Com isso, a maioria das árvores e arbustos evitam o
estresse hídrico descartando as folhas durante a estação seca. Já as ervas
são em sua maioria anuais, ou seja, possuem forma de vida terofítica. (CAS-
TRO, COSTA, MACEDO, MORO e MOURA, 2015).

Dentro desse contexto, podemos conferir que estamos diante de um clima que na
maior parte do ano, tem uma temperatura acima dos 25°C, característica marcante da re-
gião, esse primeiro fator orientará muitas das decisões tomadas para volumetria, conforto
térmico e iluminação natural. No mapa a seguir podemos visualizar as delimitações climáti-
cas levantadas pelo IPECE.

32
Figura 6: Mapa de Tipos climáticos do Ceará, 2011.

Fonte: Disponível em: <www.ipece.ce.gov.br>. Acesso em 29 mar, 2020.

33
Figura 7: Detalhe Mapa de Tipos climáticos do Ceará, 2011.

Fonte: Disponível em: <www.ipece.ce.gov.br>. Acesso em 29 mar. 2020.

Na (Figura 8) podemos observar o lote em questão para o desenvolvimento do proje-


to, a imagem feita em abril de 2020, revela a paisagem ainda com a vegetação verde devido
o período chuvoso. Por estar situado em uma colina a drenagem das águas das chuvas
são fatores importantes na elaboração do design da edifi cação, o respeito ao relevo apro-
veitando o pré trabalho de nivelamento já existente no terreno, será na busca por manter as
características naturais.

Figura 8: Lote na zona rural de Caririaçu, Ce

Fonte: Arquivo pessoal do autor (2020).

34
Figura 9: Lote na zona rural de Caririaçu, e. CE

Figura 8: Lote na zona rural de Caririaçu, e. CE

Apesar do extenso período sem chuvas durante o ano, a vazão pluviométrica no


período chuvoso merece atenção, ao detectar a inclinação do terreno é preciso articular um
projeto de drenagem que possa coletar as águas pluviais, servir para um possível uso, tanto
quanto, permitir o escoamento da água sem que danifi que ou comprometa a estrutura da
edifi cação. (LENGEN, 2014).

35
Figura 10: Mapa de Tipos climáticos do Ceará, 2011.

Fonte: Disponível em <www.ipece.ce.gov.br> Acesso em: 30 de mar. 2020.

36
Figura 11: Detalhe Mapa de Tipos climáticos do Ceará, 2011

Fonte Disponível em:: <www.ipece.ce.gov.br>. Acesso em: 30 de mar. 2020.

Outro ponto importante será a ventilação, sabe-se que os ventos predominantes na


região mais frequente vem do sul durante 2,3 meses, de 9 de junho a 18 de agosto, com
porcentagem máxima de 59% em 18 de julho. O vento mais frequente vem do leste durante
9,7 meses, de 18 de agosto a 9 de junho, com porcentagem máxima de 78% em 1 de janei-
ro, assim ao observar o posicionamento do lote em relação ao seu norte, será necessário
avaliar quais serão os pontos que podem favorecer a ventilação da edificação, privilegiando
aberturas e esquadrias para que haja um equilíbrio climático que favoreça o conforto térmi-
co. (LENGEN, 2014).

Figura 12: Croqui de incidência de ventos predominantes no lote.

Fonte: Elaborado pelo autor (2020).

37
Sobre a relação de insolação presente no lote, é preciso observar quais fachadas
podem ser melhores trabalhadas para que haja uma boa distribuição de luz durante o dia,
sem que haja calor excessivo no interior da edificação, para tanto a escolha dos materiais
adequados e o aproveitamento das potencialidades topográficas no planejamento de exe-
cução da obra podem influenciar significativamente no tratamento interior necessário para
se obter um bom desempenho térmico e de iluminação natural. (LENGEN, 2014).

Figura 13: Croqui de incidência solar no lote.

Fonte: Elaborado pelo o autor.

A vida na zona rural do semiárido em sua maioria é baseada na agricultura familiar,


sendo a maioria dos proprietários pequenos ruralista de subsistência, a produção de ali-
mentos geralmente está voltada para o consumo da própria família, quando há o excedente
de produção, essa é comercializada nos mercados locais. Como identificado na Lei Nº
11.326, de 24 de julho de 2006 que estabelece as diretrizes para a formulação da política
nacional da agricultura familiar e empreendimentos familiares rurais.

Em meio isso é perceptível um ritmo de vida que transcorre ao passo da natureza e


da passagem do tempo, através do trabalho no campo. Na região pretendida a implantação
do terreno, a ausência dos atrativos presentes no cotidiano da vida urbana dá espaço a
natureza, assim a pretensão de uma habitação refúgio combina fortemente com a vastidão
do entorno, percebendo as pequenas lavouras, a mata virgem natural da caatinga e a tran-
quilidade da natureza ao redor.

38
4. SOBRE BIOCONSTRUÇÃO
Para idealizar uma forma que possa ser executável no campo da construção, é pre-
ciso que se reflita sobre a materialidade que irá compor essa forma, atendendo às necessi-
dades pontuadas em um programa arquitetônico.

Voltando-se às possibilidades construtivas disponíveis no campo da arquitetura na


atualidade, iremos identificar inúmeras maneiras de se conceber materialmente uma cons-
trução, observando desde os materiais convencionais como, o cimento, areia e agregados,
até meios mais sofisticados, como apontam os estudos no uso de impressão 3d na cons-
trução de edificações (PACHECO, 2018).

Porém aqui nos deteremos ao modelo bio construído, em busca de compreender


sobre alguns dos processos e técnicas construtivas mais recorrentes na área e quais são
suas potencialidades diante do projeto em questão.

Para a bioconstrução, design significa um sistema de composição de diver-


sos elementos: estruturais, vegetais, animais e sociais visando a criação de
um ambiente integrado para a convivência sustentável de pessoas. Mais do
que apenas um desenho, ela quer dizer projetar, planejar e até mesmo criar
uma composição. (PENTEADO, SANTORO, 2003).

Nesse contexto podemos compreender que o projeto construtivo na bioconstrução


precisa estar integrado ao meio ambiente, respeitando o ciclo de natural, indo de encontro
ao pensamento sobre a Arquitetura Apropriada, que faz uma reflexão sobre o papel da
arquitetura e o ciclo de relações, em seu artigo, Arquitetura Apropriada em busca da Sus-
tentabilidade, Azevedo nos diz que:

Então vamos entender melhor o que significa construir localmente. Um con-


ceito que responde muito bem a esse novo desafio é a chamada Arquitetura
Apropriada. Essa forma de projetar e construir necessita que a arquitetura
esteja em total sintonia com seu entorno relacionando-se com seu meio-am-
biente natural, econômico, social e cultural, buscando atender as priorida-
des locais da região fazendo uso dos recursos disponíveis.(...) A arquitetura
Apropriada não é necessariamente sinônimo de Arquitetura Sustentável,
porém é aspecto fundamental dela. Para se alcançar a sustentabilidade não
devemos nos limitar aos aspectos ecológicos, mas às dimensões sociais e
culturais também. (AZEVEDO).

39
Partindo desses princípios abrimos a um vasto campo de exploração sobre técnicas
e materiais construtivos na bio construção. Também contida na óptica da arquitetura verna-
cular, a bioconstrução agrega diversos conhecimentos e práticas ancestrais, atualizadas,
revistas e adaptadas às necessidades atuais, e meios tecnológicos disponíveis. Nessa bus-
ca pelas bases teóricas que sustentam a prática da bioconstrução também vale ressaltar
o pensamento do arquiteto Frank Lloyd Wright, que defendia a arquitetura orgânica. Desse
modo Débora Foresti (2008) em sua dissertação aponta que, dentro do discurso de Wright,
a natureza representa mais que uma simples inspiração. É nela que o arquiteto verifica os
ensinamentos de sua formação universitária e vê a perfeição que deveria ser perseguida
para se criar uma verdadeira arquitetura: orgânica.

Envolvido nessa atmosfera o estudo aqui apresentado demonstra a preocupação


com o meio ambiente no projeto arquitetônico.

Com isso, a base do pensamento construtivo técnico para o desenvolvimento desse


projeto, referência-se nos exemplos dados por Johan Van Lengen em seu livro, Manual do
arquiteto descalço, 10°ed. 2014. O livro destaca em seu conteúdo métodos e técnicas de
aplicação da bioconstrução de maneira acessível, através de ilustrações e orientações so-
bre condicionantes que influenciam nos modos construtivos, adequados às características
pertinente a cada localidade. Também destaca métodos de saneamento , tratamentos de
águas, energia, canteiro de obras e projeto. Orientado por esses métodos, e estabelecendo
conexões com outros autores, a respeito da bioconstrução, é possível apontar quais solu-
ções serão adotadas em relação aos modelos e técnicas construtivas necessárias para a,
concepção da habitação unifamiliar refúgio, no semiárido cearense.

Neste capítulo nos deteremos a investigação de algumas das condicionantes de


orientação apropriadas para o projeto, de acordo com as características observadas sobre
o lote em questão, após a análise dos projetos correlatos será exposto quais métodos e
técnicas poderão ser trabalhadas nessa proposta.

Para implantação atenta-se a orientação do norte em relação ao lote, e as condicio-


nantes climáticas da região. Desse modo Legen define em seu estudo os climas em: Clima
tropical úmido; Clima tropical seco e Clima temperado. Para o projeto em questão, detec-
ta-se o Clima tropical seco como referência climática, por aproximação de características
observadas no clima semiárido. Segundo Legen o Clima tropical seco é caracterizado por
ser quente, mas com pouca chuva, vegetação escassa e fortes mudanças de temperatura
entre o dia e a noite. Deste modo é aconselhado que:

40
Em regiões de morros, construir as casas nas partes altas, onde há mais
movimento de ar; Paredes grossas, que retardam a penetração do calor
do dia e do frio da noite; Materiais: pedra, adobe, tijolos e blocos; Janelas
pequenas, para evitar a poeira e o sol; Casas bem juntas, com menos pare-
des expostas ao sol. Uma da sombra à outra; Uso de pátios internos, para
ventilar os quartos; Piso apoiado sobre terra para captar o frescor do solo.
(LENGEN, 2014).

Sobre os níveis no lote em questão, devemos considerar seu declive, por esta loca-
lizado em meio a uma colina, leva-se em consideração na elaboração do projeto o declive
natural que, entre outras questões, contribuirá no escoamento das águas. O declive pre-
sente no terreno também servirá de referência quanto às formas e volumes pretendidos
para a edificação.

Figura 14: Print linha de relevo Google Earth.

Fonte: Arquivo pessoal do autor. .(2020).

Em ambientes com declive como no caso do terreno escolhido, o uso de contenções


torna-se necessário, portanto, a remoção de terras para implantação, partirá do trabalho de
terraplanagem preexistente, tendo em vista que o terreno escolhido (Figura 14), já passou
por um tratamento de remoção e planificação, assim a proposta é utilizar esse beneficia-
mento, sem a necessidade de outros processos agressivos de terraplanagem.

41
Figura 15:Imagem aérea do lote Google Earth

Fonte: Arquivo pessoal do autor. (2020).

Figura 16:Imagem aérea do entorno Google Earth

Fonte: Arquivo pessoal do autor. (2020).

Por estar na zona rural o entorno do lote, apresenta características de mata nativa
sem grandes interferências humanas, apresentando uma rica paisagem natural. Para o
sistema de cobertura Legen nos aponta o telhado plano, que contribui no conforto térmico
no interior da habitação.

42
Já para a fundação, o método convencional pode ser utilizado, com o escavamento
de trincheiras no formato de grelha. Também é visto a importância de proteger as paredes
maiores do sol, através do posicionamento da edificação, tamanho do telhado, com beiral
ou vegetação.

Dessa maneira detecta-se as primeiras diretrizes que serviram para o desenvolvi-


mento do projeto, a partir dessa breve análise sobre a implantação. Entendendo a comple-
xidade dos elementos existentes para a construção de uma habitação, as questões aqui
apontadas nos servem de referencial básico, e ao longo do processo de desenvolvimento
desse projeto outros elementos serão explorados.

As técnicas e materiais construtivos são de fundamental importância na construção,


desse modo se faz necessário o uso de materiais adequados, de acordo com as caracterís-
ticas observadas no lote, a partir dessa observação é possível escolher quais materiais po-
dem oferecer um melhor desempenho na edificação. Para essa escolha, Legen nos aponta
algumas variedades, e a partir da observação de outras experiências, no caso, os projetos
correlatos, também será possível detectar outros materiais possíveis de serem aplicados a
bioconstrução.

Para uma edificação bioconstruída, dispõe-se de muitos dos materiais convencio-


nais de construção, como: areia, argila, cimento, cal, pedra, água, madeira e ferro, e outros
não tão convencionais assim, como: esterco de vaca, palha, extratos vegetais, cinzas, bam-
bu, sisal, materiais descartados, exemplo: garrafas de vidro ou latas, entre outros. A dife-
rença entre uma construção convencional e uma bioconstruída está na forma de manejo e
aquisição dos materiais aplicados. O manejo e aquisição de materiais pode ser feito com
o mínimo, ou nenhum, recurso industrializado. Exemplo: A utilização do solo e pedras do
próprio terreno para construção, descartando a necessidade de compra e transporte desse
material, proporcionando uma construção de baixo custo e impacto ambiental. Também
é possível citar o uso da madeira encontrada no próprio lote, ou qualquer outra forma de
aquisição que gere o mínimo de impacto ambiental. Numa reflexão sobre todos os aspectos
que envolvem esse processo, partindo desde o transporte até sua aplicação no momento
de execução da construção.

Sobre a estrutura básica, de modo geral, é possível pensar em fundações que pos-
sam ser trabalhadas em pedra e argamassa. Já para as alvenarias, existem algumas alter-
nativas, tendo em vista as características da região, como: o uso de tijolos de adobe ou solo
cimento, uso de superadobe, também existe a possibilidade da taipa de pilão ou de mão,
para a cobertura, no caso do projeto em análise por se tratar de uma zona seca e quente,
aconselha se o uso de teto plano, possibilitando o uso de madeira e lajotas, havendo tam-

43
bém a possibilidade de construção do teto verde com uso de bambu, lona plástica para
impermeabilização, e grama, entendendo que para um país tropical, um telhado de grama
é uma ótima solução para construir casas e edifícios (LENGEN, 2014).

Assim a escolha dos materiais e técnicas construtivas adequadas, garantirão ao pro-


cesso construtivo sustentabilidade, atendendo as necessidades requisitadas, gerando um
baixo impacto ambiental.

O processo de saneamento e drenagem das águas também é um ponto importante


a se destacar no projeto, é preciso que haja a preocupação com esses elementos, pois, a
drenagem de águas cinzas, negras, de captação e potável, devem ser trabalhados de modo
que todas passem por um processo cíclico de uso.

Sobre as águas cinzas recebidas das pias, chuveiros e lavatórios, pode-se trabalhar
seu reuso na irrigação de plantas e canteiros. Já as águas negras, essas, numa perspec-
tiva de projeto ideal nem devem ser geradas, optando-se por sistema de banheiro seco,
num processo de uso dos dejetos convertidos em adubo, porém, caso não haja meios de
implantação desse modelo por conta de sua manutenção, pode-se trabalhar biodigestores
que garantam a liberação mínima, ou nenhuma, de poluentes para o solo. A captação de
águas pluviais também é uma alternativa bem vinda, que contribui na economia do uso da
água, direcionando essa água captada para irrigação e atividades secundárias, essa possi-
bilidade contribui imensamente na relação de uso da água, principalmente em regiões com
histórico de escassez.

A água potável deve-se armazenar de maneira adequada para uso seguro na edifi-
cação, através de caixas d’água de pvc ou alvenaria, utilizando a pressão atmosférica da
gravidade para distribuição.

Apesar da dificuldade de se obter um sistema elétrico independe das concessioná-


rias, uso de painéis solares e geradores de energia eólica, surgem como possibilidade de
energia elétrica sustentável, permitindo a geração de energia limpa e renovável, inúmeras
são as contribuições do uso de painéis fotovoltaicos e cataventos. Outro elemento que po-
demos destacar sobre o uso de energia está relacionada ao uso de água aquecida, um dos
principais responsáveis pelo alto consumo de energia elétrica em uma residência, com isso
o uso de sistema de boiler solar apresenta-se como solução viável, econômica e sustentá-
vel, para esse fim.

44
A partir do breve panorama aqui exposto, serão retomados alguns dos temas colo-
cados, após a análise dos projetos correlatos a seguir. Definindo dessa maneira, as princi-
pais técnicas e metodologias, possíveis de serem utilizadas em uma residência unifamiliar
refúgio no semiárido cearense.

45
5 ESTUDO DE CASO PROJETOS
CORRELATOS
Para garantir a precisão na escolha dos elementos que farão parte do projeto, a
observação e análise de outros projetos com partidos arquitetônicos que se aproximam da
proposta em questão se faz necessária, através da investigação de outras experiências na
área, permite compreender quais soluções podem ser adotadas no momento de elabora-
ção e execução do projeto.

Aqui é apresentado quatro exemplos de bioconstruções bem sucedidas, entre mode-


los nacionais e internacionais. Dessa maneira faz-se uma breve análise apontando carac-
terísticas, técnicas e materiais construtivos possíveis de serem utilizados no projeto preten-
dido com esse estudo, a casa refúgio no semiárido.

É importante frisar que para essa pesquisa apenas alguns pontos sobre os proces-
sos construtivos, aspectos e características das edificações em análise serão destacados,
num levantamento parcial dentro do contexto geral, na composição de um panorama de
referências relacionadas ao tema de estudo dessa pesquisa, uma casa refúgio unifamiliar
no semiárido cearense.

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5.1 Escola Nave Tierra: casa autossustentável de Michael
Reynolds, Argentina.
Michael Raynolds arquiteto formado pela a Universidade de Cincinnati em 1969.
Envolvido em diversas polêmicas pelo seu modo de trabalhar arquitetura, Reynolds insere
em seu projetos iniciativas sustentáveis em biocostrução, na reutilização de materiais des-
cartáveis combinados com métodos construtivos convencionais.

“Mike” Reynolds é um arquiteto americano com sede no Novo México , co-


nhecido pelo design e construção de casas solares passivas “ terrestres “.
Ele é um defensor da “vida radicalmente sustentável”. Ele criticou a profis-
são de arquitetura por sua aderência à teoria e prática convencionais e de-
fende a reutilização de materiais de construção não convencionais de fluxos
de resíduos, como pneus de automóveis, e é conhecido por projetos que
testam os limites dos códigos de construção. (WIKIPÉDIA, 2020).

Figura 17:Fotografia Escola Nave Tierra, Argentina

Fonte: <www.archdaily.com.br>. Acesso em: 02 de abr. 2020.

O projeto Nave Tierra, traz em seu planejamento técnicas e experimentos construti-


vos desenvolvido com base em sistemas sustentáveis, utilizando materiais não construtivos
oriundos do descarte, porém, possíveis de serem utilizados na construção de edificações a
partir de suas potencialidades, força e resistência, para ilustrar melhor, podemos citar como
exemplo o uso de pneus em alvenarias ou garrafas de vidro, entre outros.

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O projeto “Tol-Haru, la Nave Tierra del Fin del Mundo” - localizado em
Ushuaia, Argentina (em um terreno doado pelo Município) - está sendo com-
pletamente construído com materiais reciclados e poderá gerar energia atra-
vés dos ventos e do sol para seu próprio aquecimento e resfriamento, além
de reutilizar a água da chuva e reciclar seus próprios resíduos. (FRANCO,
2014).

Por tanto a escolha do projeto de Reynolds como correlato, parte da observação


do uso de materiais diversos na construção de edificações. Incorporar elementos do coti-
diano num projeto arquitetônico, surge como solução para geração de um baixo impacto
ambiental, e contribui com a reutilização e reciclagem de produtos manufaturados, gerando
um prolongamento do uso desse material, seu descarte na natureza, consequentemente
contribuindo com a eliminação de resíduos não sustentáveis.

Figura 18:Fotografia Construção Escola Nave Tierra, Argentina

Fonte: Disponível em: < www.archdaily.com.br> Acesso em: 02 de abr.. 2020.

48
Figura 19: Planta baixa Escola Nave Tierra, Argentina

Fonte: Disponível em: < www.archdaily.com.br>. Acesso em: 02 de abr.. 2020.

Outra questão a ser destacada no projeto Nave Tierra, seria o uso de técnicas cons-
trutivas que contribuem para eficiência energética, o uso de energia solar, posicionamento
de aberturas, sistema de sombreamento, inércia térmica, vegetação, entre outras técnicas,
são aplicadas garantindo conforto térmico e lumínico sem a necessidade de recursos não
renováveis.

49
Figura 20:Fotografia interior Escola Nave Tierra, Argentina, detalhe garrafas de vidro na alvenaria

Fonte: Disponível em: <www.archdaily.com.br>. Acesso em: 02 de abr.. 2020.

O modo arquitetônico trabalhado por Reynolds, converge diretamente com o projeto


a ser desenvolvido a partir dessa pesquisa, servindo como referência no uso técnicas bio-
construtivas e aplicação de materiais. Criar um espaço que ofereça condições de habita-
ção, que seja sustentável e de baixo custo torna-se um desafio, tendo em vista que muitos
problemas podem ocorrer a partir do uso ou combinação inadequada das técnicas e ma-
teriais. A atenção às condições climáticas e disponibilidade de recursos, é de fundamental
importância para o desenvolvimento do projeto e sua viabilidade construtiva, dentro dos
conceitos sustentáveis, através da bioconstrução, assim Nave Tierra nos mostra a versati-
lidade da bioconstrução combinada a técnica construtiva adequada.

Apesar de não se tratar de uma residência, o projeto Nave Tierra destinado a uma
escola de bioconstrução, nos mostra quais potencialidades construtivas podem ser aplica-
das e experimentadas dentro do projeto de uma edificação que garanta proteção, seguran-
ça e conforto.

50
5.2 Casa em Cunha, Sp. Escritório Arquipélago Arquitetos
Observando as edificações que possuem traços marcantes e mantém um padrão es-
tético marcante produzidas na atualidade, a casa em Cunha, SP, do escritório Arquipélagos
Arquitetura, confere uma distribuição espacial de volumes e modelo construtivo, que revela
como é possível trabalhar uma arquitetura com traços minimalista que seja ergonômica,
funcional e sustentável. Diferente do projeto Nave Tierra que nos apresenta uma estrutura
com traços orgânicos, sobre a casa em Cunha vemos que:

A casa está localizada no sertão de Cunha, interior de São Paulo, em uma


região serrana conhecida tradicionalmente pela cultura em cerâmica. O par-
tido da casa provém de sua implantação no alto do morro da paisagem,
buscando as melhores vistas de todo o oblíquo terreno e da Serra, ao fundo.
Para proteger a casa dos ventos frios, foi feito um corte de 1 metro de terra,
a fim de semi enterrá-la, até a altura das bancadas das áreas de serviços.
Desse corte surgiu todo recurso construtivo para a execução das paredes
da casa: a terra. (ArchDaily Brasil, 2020).

A edificação construída com finalidade de habitação, nos serve como modelo que se
aproxima do programa arquitetônico do projeto que será desenvolvido ao final desse estu-
do. Assim, vemos através das imagens a seguir, o quanto a ortogonalidade é predominante
na definição dos volumes da edificação.

Figura 21:Fotografia Fachada Casa em Cunha, SP

Fonte: Acesso em: <www.archdaily.com.br>. Acesso em 30 mar. 2020.

Assim pode-se destacar a forma prismática da edificação e suas linhas ortogonais,


que dialogam com a paisagem, a coloração da edificação, trabalhada em alvenarias estru-
turais feitas em taipa de pilão, a cor crua da argila sem revestimento, que cria uma nuance
entre a paisagem e a edificação, que a faz parecer parte do seu entorno. Todas as caracte-

51
rísticas de dureza, inércia térmica, cor, brilho, tatilidade, são fatores decorrentes das carac-
terísticas físicas e químicas daquele solo específico.(ArchDaily Brasil, 2020).

Figura 22:Fotografia fachada Casa em Cunha, SP

Fonte:<www.archdaily.com.br> Acesso em 30 mar. 2020.

A taipa de pilão, técnica construtiva herdada da arquitetura vernacular, mostra-se


como possibilidade acessível e adequada a regiões quentes, sua porosidade, inércia tér-
mica, durabilidade, plasticidade, são fatores que faz com que essa técnica proporcione
inúmeras vantagens relacionadas ao desempenho térmico e acústico, por esse tipo de
construção não ser tão comum quanto a taipa de mão no nordeste, sua aplicação, que
exige mão de obra especializada, torna-se uma possibilidade inovadora para região, porém
tende a se tornar uma construção mais dispendiosa, pois, sem o acompanhamento de um
profissional com experiência, o risco de falhas torna-se maior, porém sua aplicação poderia
ser adotada na expectativa do melhoramento do conforto térmico e acústico.

Na casa Cunha é possível visualizar uma edificação de formas descomplicadas e


bem resolvidas em relação a sua distribuição volumétrica no espaço, além de seu modelo
construtivo sustentável e sua estética arrojada, comprometida com a integração do ambien-
tes que seguem uma tendência contemporânea , sendo uma edificação de alto padrão com
um ar rústico em seu acabamento, moderno em sua forma e contemporâneo em sua fun-
ção. Seu interior iluminado por aberturas envidraçadas, mantém as características externas
criando uma unidade harmônica na edificação.

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Figura 23:Fotografia Interior Casa em Cunha, SP

Fonte: <www.archdaily.com.br> Acesso em 30 mar. 2020.

Sua planta segue uma compartimentação simples em um único pavimento, conten-


do, três quarto sendo um, suíte, dois banheiros um social e um na suíte, cozinha, sala de
estar e jantar integrados, área de serviço e varanda, abrigando de maneira confortável uma
família de até seis pessoas.

Figura 24:Planta baixa Casa em Cunha, SP

Fonte: <www.archdaily.com.br> Acesso em 30 mar. 2020.

53
Desse modo a casa em Cunha torna-se referência para este trabalho em sua con-
cepção estética em linhas ortogonais, planta baixa descomplicada e métodos construtivos
sustentáveis dentro das possibilidades na bioconstrução.

5.3 Projeto M & B: IrinaBiletska & Gonzalo Nadal arquitetu-


ra orgânica e bioconstrução, Serra Grande, Bahia
O projeto M & B, do escritório IrinaBiletska & Gonzalo Nadal arquitetura orgânica e
bioconstrução, é uma residência unifamiliar no interior da Bahia, BR. A casa bioconstruída,
diferente da Casa Cunha, SP, apresenta uma arquitetura de linhas orgânicas, aproximan-
do-se em sua forma do projeto Nave Tierra, Argentina, utilizando um programa de necessi-
dades, semelhante a Casa Cunha, de moradia para uma família de até seis pessoas, distin-
guindo-se dos dois projetos anteriores em relação ao material utilizado, sendo no caso do
Projeto M & B uso de superadobe e fi ca localizada em uma zona rural, bem como o terreno
utilizado para o desenvolvimento do projeto após a fi nalização desse estudo, a residência
trabalhada com cobertura verde, chama atenção bem como a integração com o entorno.
Seus traços orgânico cria uma unidade da edifi cação com a paisagem, como podemos ob-
servar na imagem a seguir:

Figura 25:Imagem residência Projeto M & B, Serra Grande, BA

Fonte: <www.irinabiletska.com/casa-m-e-d> Acesso em 30 mar. 2020.

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A combinação de paredes de hiperadobe com telhado verde cria uma considerável
massa térmica, deixando a casa fresca mesmo nos dias mais quentes. Além disso, a aber-
tura no telhado verde permite a ventilação e iluminação natural em toda casa ( IrinaBiletska
& Gonzalo Nadal arquitetura orgânica e bioconstrução, 2016). Uma das grandes vantagens
no uso da bioconstrução são suas propriedades térmicas, que contribuem na melhoria do
conforto e no controle da temperatura interna da edifi cação, nesse caso o uso das técnicas
construtivas de superadobe e do teto verde proporcionam um controle térmico no interior
da edifi cação gerando uma temperatura sempre menor que a temperatura externa.

Figura 26: Maquete virtual Projeto M & B, Serra Grande, BA

Fonte: <www.irinabiletska.com/casa-m-e-d> Acesso em 30 mar. 2020.

Desse modo essa propriedade térmica pode ser um artifício viável na proposta aqui
em desenvolvimento. Além da resistência a insolação do dia, garantida pelo superadobe, a
maleabilidade do material proporciona uma fl exibilidade nas linhas de planta, possibilitando
um desenho de traços orgânicos, saindo do ortogonalismo recorrente nas edifi cações con-
vencionais.

Figura 27: Detalhe construção Projeto M & B, Serra Grande, BA

Fonte: <www.irinabiletska.com/casa-m-e-d> Acesso em 30 mar. 2020.

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Outro fator que pode-se destacar no Projeto M & B, é seu sistema de gerenciamento
da água, baseado em uma proposta de saneamento sustentável. Sobre o sistema sanitário
da edifi cação é colocado pelo escritório que, completando o ciclo de integração ambiental,
as águas cinzas são tratadas em círculos de bananeiras e as águas negras vão para a fos-
sa de evapotranspiração. Para o aquecimento da água foi utilizado um sistema híbrido (elé-
trico e solar). (IrinaBiletska & Gonzalo Nadal arquitetura orgânica e bioconstrução, 2016).

Figura 28: Vista superior da edifi cação construída. Projeto M & B, Serra Grande, BA

Fonte: <www.irinabiletska.com/casa-m-e-d> Acesso em 30 mar. 2020.

O uso de energia solar também é um componente presente da edifi cação, destaca-


-se também seu acabamento em tinta orgânica com pigmentação natural, no Projeto M &
B aponta-se que na fi nalização, foram usadas tintas de argila, que mantém o nível de umi-
dade mais benéfi co à saúde.

Com aparente atmosfera de uma residência familiar acolhedora, seu interior segue
mantendo aspectos rústicos em seu contexto estético. Também detecta-se o uso das textu-
ras naturais dos elementos estruturais, como o bambu, a argila, madeira, palha, entre ou-
tros, dispensando a necessidade de outros materiais de revestimento, para o acabamento.

56
Figura 29: Fotografi a interior. Projeto M & B, Serra Grande, BA

Fonte: <www.irinabiletska.com/casa-m-e-d> Acesso em 30 mar. 2020.

A edifi cação é composta por três quartos, três banheiros, sendo dois inter-
nos e um de serviço, escritório, sala de estar, jantar e cozinha integradas, área de serviço
e duas varandas, podendo abrigar uma família de até seis pessoas. O projeto M & B nos
mostra que é possível se conceber o projeto de uma residência unifamiliar bioconstruída.

Figura 30: Maquete virtual Planta do Projeto M & B, Serra Grande, BA

Fonte: <www.irinabiletska.com/casa-m-e-d> Acesso em 30 mar. 2020.

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5.4 Comunidade Aldeia da Luz, Barbalha, CE
A Comunidade Aldeia da Luz em Barbalha, CE, é tomada como correlato para esse
estudo por estar localizada na mesma região, criando uma relação de proximidade com o
clima e biodiversidade características. A Comunidade Aldeia da Luz, é composta por um
conjunto de bioconstruções para habitação e atividades culturais. Seu projeto, segundo
depoimentos da proprietária, Francisca Santos, que participou ativamente na construção
do projeto, foi realizado em parte superadobe, combinados com reuso de materiais desti-
nados ao descartes, aqui podemos sentir uma aproximação ao projeto Escola Nave Tierra,
quanto ao reuso de materiais não destinados à construção, como garrafas de vidro, sucatas
e restos de construções.

Mantendo um traço orgânico em suas plantas, o terreno é composto por quatro resi-
dências, sendo uma principal ao centro do terreno, e uma cozinha comunitária.

Figura 31: Fotografi a residência 02 bioconstruída Comunidade Aldeia da Luz, Barbalha, Ce

Fonte: <caririrevista.com.br/aldeia-da-luz-uma-comunidade-sustentável-em-barbalha> Acesso em 03 abr.


2020.

No esquema da fi gura 32, é possível ver a distribuição das edifi cações dentro do lote.

58
Figura 32: Distribuição das edifi cações no lote. Comunidade Aldeia da Luz, Barbalha, CE

Fonte: Imagem elaborada pelo autor. 2020.

Diferente dos projetos residenciais unifamiliares vistos até aqui, as edifi cações pre-
sentes na Aldeia da Luz, funcionam de modo independentes, possuindo cada uma cômo-
dos com versatilidade que adaptam-se ao seu uso, possuindo todas seu próprio espaço
para cozinha e banheiros. A edifi cação principal, residência 02, possui dois pavimentos,
sendo o pavimento superior uma suíte e no térreo, fi cam a cozinha, sala de estar, banheiro
social, outro quarto suíte, uma sala multiuso e área de serviço com uma pequena dispensa.
Como foi dito, não há registros das plantas baixas, a descrição feita neste estudo parte de
visitas realizadas a edifi cação. As edifi cações 01, 03 e 04, são menores sendo compostas
por sala, quarto e cozinhas integrados, e um banheiro, a cozinha comunitária possui aber-
turas amplas, composta por uma grande coberta e balcão de serviço.

Todas edifi cações presentes na Aldeia da luz, são frutos de um processo de biocons-
trução com base na permacultura e construções vernaculares, seu acabamento também
foi realizado com materiais orgânicos, aproximando dos princípios também utilizados no
projeto M & B, Ba.

Em conversa com a proprietária, ela classifi ca a casa como uma “casa ecológica”,
diante de seu baixo impacto construtivo, porém ainda dependente de diversos meios não
sustentáveis. As edifi cações em conjunto formam um ambiente de convívio e trocas, sendo
um ponto positivo em relação ao uso do espaço, bem como seus critérios de manutenção,
sendo a edifi cação rodeada por árvores, preservadas durante o planejamento, incluindo-as
no contexto da edifi cação. A proprietária relatou não haver uma planta baixa, sendo todo
processo de construção do espaço de modo intuitivo, o respeito a vegetação existente no
terreno é um fator, a ser destacado pensando que o processo de posicionamento das edifi -
cações dentro do lote mantém relação com seu entorno.

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Figura 33: Fotografi a entrada Comunidade Aldeia da Luz, Barbalha, Ce

Fonte: <www.facebook.com/aldeiada.luz> Acesso em 03 abr. 2020. Figura

Mesmo não constando um programa de necessidades bem defi nido, o projeto Aldeia
da Luz em Barbalha, CE, nos revela possibilidades e iniciativas no uso dos meios de bio-
construção, que possam contribuir em projetos construtivos efi cientes e de baixo impacto,
a seguir podemos visualizar através de imagem de satélite o lote e seu entorno em segui-
da podemos ver um esquema a partir da imagem da distribuição de massa vegetativa.

34: Fotografi a residência 01 Comunidade Aldeia da Luz, Barbalha, Ce

Fonte: <www.facebook.com/aldeiada.luz> Acesso em 03 abr. 2020.

60
Figura 35: Esquema de massa vegetativa a partir de imagem de satélite. Aldeia da Luz, Barbalha, CE

Fonte: Imagem elaborada pelo autor. 2020.

Pode se destacar também na Comunidade Aldeia da Luz as propriedades das téc-


nicas e materiais como isolantes térmicos, a técnica de superadobe é conhecida por sua
capacidade de ótimo desempenho térmico, garantindo o resfriamento do interior da edi-
fi cação durante o período quente, e conservando sua temperatura durante o período de
temperaturas mais baixas.

Figura 36: Fotografi a residência 02 Comunidade Aldeia da Luz, Barbalha, Ce

Fonte: <www.facebook.com/aldeiada.luz> Acesso em 03 abr. 2020.

61
Figura 37: Fotografi a residência 03 Comunidade Aldeia da Luz, Barbalha, Ce

Fonte: <www.facebook.com/aldeiada.luz> Acesso em 03 abr. 2020.

Figura 38: Fotografi a residência 04 Comunidade Aldeia da Luz, Barbalha, Ce

Fonte: <www.facebook.com/aldeiada.luz> Acesso em 03 abr. 2020.

62
Desse modo as possibilidades de implantação de uma edificação cuja construção
ocorrerá a partir da arquitetura apropriada, com princípios da bioconstrução, que é uma das
pétalas da permacultura, no semiárido, é uma realidade que já vem sendo testada. Para
esse estudo, o modelo da Comunidade Aldeia da Luz foi utilizado como exemplo, porém,
existem outros experimentos construtivos na região que não foram destacados e diversas
construções típicas de origem vernacular utilizando a taipa de mão, recorrente na zona ru-
ral e periferias da cidade, erguidas em geral pelos próprios moradores, sendo construções
sem instruções técnicas, e em geral precárias, não nos servindo como exemplo.

A partir das observações apontadas nos projetos correlatos, é possível criar relações
entre as propostas que contribuem para análise dos elementos técnicos possíveis de traba-
lhados em uma bioconstrução, utilizando tais referências, confere-se de modo sintetizados
os modelos de técnicas construtivas e seus desempenhos, proporcionando possibilidades
para escolha do que será aplicado ao projeto arquitetônico desenvolvido após a conclusão
dessa pesquisa.

63
6 A CASA REFÚGIO BIO CONS-
TRUÍDA NA ZONA RURAL DO
SEMIÁRIDO CEARENSE
Após essa breve investigação para composição deste projeto, aqui falaremos sobre
as viabilidades técnicas para o projeto em questão, relacionando as características do lote
em questão aos projetos citados anteriormente.

Destacando a importância da sustentabilidade, o anteprojeto a ser desenvolvido pre-


tende apresentar uma edificação destinada a habitação refúgio no semiárido cearense,
baseada em técnicas e materiais construtivos presentes na bioconstrução, resgatando prin-
cípios da construção vernacular somada ao aprimoramento das técnicas de bioconstrução
e a um design que possa estar em sintonia dos princípios de sustentabilidade, na preocu-
pação com meio ambiente e o bem-estar do convívio social.

Assim, refletindo sobre as características da arquitetura da região do semiárido é


possível nos depararmos com diversos modelos construtivos, partindo da arquitetura primi-
tiva até a contemporaneidade, dentre os modelos vistos, é de interesse deste estudo elen-
car quais são os elementos que se destacam nesse contexto, numa combinação de fatores
que possam vir a contribuir com as questões estéticas e construtivas a serem aplicadas.

Com isso, detecta-se que o modelo construtivos com base na construção vernacular
oriundas de construções populares (Figura 3), na região, apresenta a potencialidade da
técnica da taipa de mão, essa técnica permite alvenarias leves e estruturais. Ao longo dos
anos, visto que o anseio da sociedade por edificações mais modernizadas, para assim
suprir suas necessidades não mais correspondidas pelas técnicas construtivas rudi-
mentares, subsidiou o desenvolvimento de materiais industrializados na construção
civil (CORDEIRO, 2019).

Sobre o modelo construtivo da taipa-de-mão sua confecção, a grosso modo, confere


uma trama de varas de madeira, preenchidas com argamassa de areia e argila, em alguns
casos uso de cal virgem.

No manual do arquiteto descalço, Lengen, apresenta a técnica de Pau-a-pique, sen-

64
do essa, feita sobre o mesmo princípio da taipa de mão existente na região, composta por
uma trama de varas no interior da alvenaria, sustentada por esteios e preenchida com arga-
massa a base do barro retirado do próprio solo onde será erguida a edifi cação. Para tanto,
Legen (p. 381) nos mostra sobre a técnica de Pau-a-pique a seguinte ilustração.

Figura 39:Ilustração técnica de Pau-a-pique

Fonte: Manual do arquiteto descalço (2014, p. 381).

Sobre a técnica de Pau-a-pique Lengen também destaca três pontos a serem traba-
lhados em relação a estrutura e fundação sendo eles:

Ao construir paredes de pau-a-pique é recomendável que: 1. As fun-


dações sejam de tijolos ou de pedra e que subam pelo menos 30 cm
acima do solo. 2. As junta das paredes com as fundações, com as ja-
nelas e com as portas sejam impermeabilizadas com asfalto e ajusta-
das por encaixes para difi cultar a passagem da água. 3. As esquinas
e coroamentos sejam reforçados com vergalhões, madeira ou bambu.
(LENGEN, 2014).

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Figura 40: Ilustração, pontos de destaque feito por Lengen

Fonte: Manual do arquiteto descalço (2014, p. 381).

Partindo de uma fundação em grelha, levando em consideração as orientações, po-


de-se utilizar a taipa de mão para vedações e alvenarias, porém, também vemos a presen-
ça do adobe em muitas das construções aqui colocadas (Figuras 4, 5, 27 e 31), que são
construções que utilizam o adobe ou hiperadobe em sua estrutura. Devido a escassez de
árvores que possam garantir matéria prima para construção na localidade, técnicas de
adobe e paredes de pedra podem servir como soluções, chegando a essa conclusão a par-
tir da observação das potencialidades e características do local de construção (Figura 9 e
10), nesse caso é visível a abundância de solo e pedras no lote podendo servir de base na
confecção de tijolos ou hiperadobe.

Apesar de não ser citado a taipa de pilão em construções locais, por falta de detec-
ção de modelos construtivos executados nessa técnica, a aplicação dessa técnica tam-
bém é visto como uma possibilidade viável para o projeto, como visto no projeto Casa em
Cunha, Sp (Figura 21 e 22). De modo geral essa busca serve para identifi car quais as me-
lhores combinações de métodos e técnicas para obtenção de um resultado que mantenha
a efi ciência energética da edifi cação através da metodologia estrutural melhor adaptada às
questões de relevo, clima, vegetação, paisagem, entre outros, relacionadas ao lote (Figura
9 e 10).

No sentido oposto as edifi cações modernas, como no exemplo do Memorial Padre


Cícero (Figura 6), a bioconstrução dispensa o uso abusivo do concreto, porém a de se
observar as linhas das formas da arquitetura moderna, a utilização de formas simples com
plantas bem resolvidas, chama a atenção para essa pesquisa, a linha ortogonal e o bruta-
lismo no tratamento dos materiais são pontos a serem destacados como uma possibilidade
de referência em seu traço.

66
Nos projetos correlatos apresentados, e com base nas diretrizes apontadas por
Johan Van Lengen no Manual do arquiteto descalço, o processo estrutural para construção
da casa refúgio podem ser compostos dentro de uma perspectiva sustentável. Até aqui
pode-se defi nir a fundação em grelha de pedra e argamassa, as paredes com função estru-
tural pode-se pensar na taipa de pilão ou tijolos em adobe, e as paredes internas e de ve-
dação na possibilidade do uso da taipa de mão ou uso de tijolos em adobe ou solo-cimento.
A abundância de pedras disponível no local também é uma potencialidade possível de ser
agregada às alvenarias.

Para coberta busca-se por uma laje que possa suportar o teto verde como no exem-
plo do Projeto M & B, Ba, (Figura 41), no caso usa-se madeira fi nalizando com imperme-
abilizante que possa suportar a vegetação superfi cial. Combinar as alvenarias produzidas
com barro ao teto verde pode gerar um melhor controle de temperatura interna garantindo
proteção do calor e insolação. Para o controle de temperatura também pode-se pensar na
possibilidade do uso de inércia térmica, a partir do rebaixamento do nível piso, enterrando
parcialmente a edifi cação no solo, evitando a incidência da insolação do dia, nas alvenarias
externas da edifi cação, podemos ver o exemplo da Escola Nave Tierra, que insere uma
camada de areia enterrando as paredes para protegê-las da insolação direta, retardando a
penetração do calor no interior da edifi cação. (Figura 21).

Figura 41: Cobertura teto verde projeto M & B

Fonte: <www.irinabiletska.com/casa-m-e-d> Acesso em 30 mar. 2020.

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Aproveitando o desnível do terreno, também é visto que o tipo de fundação em de-
graus pode servir como estratégia para a edifi cação estando atento à possibilidade de
captação de águas pluviais através da cobertura, numa forma de solucionar a escassez de
água, sendo direcionada a uso em atividades secundárias como a irrigação. Além do teto
verde, também vale destacar o uso de telhas de confeccionadas com caixas de leite , visto
que é possível que não seja viável o uso de teto verde em toda a edifi cação.

Sobre as aberturas vemos em Lengen que para edifi cações em regiões quentes o
ideal é uso de pátios internos que possam receber a ventilação resfriá-la e distribuí pelos
cômodos e aberturas pequenas voltadas para o exterior (fi gura 42). Outras técnicas de ven-
tilação também podem ser utilizadas como torres de vento (Figura 43), ventilação através
do subsolo (Figura 44), ou captadores com água (Figura 45).

Figura 42: Ilustração, formato ideal para construções em região tropical seca, Lengen

Fonte: Manual do arquiteto descalço (2014, p. 228).

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Figura 43:Torre de vento, construções em região tropical seca, Lengen

Fonte: Manual do arquiteto descalço (2014, p. 234).

Figura 44: Ilustração, sistema de ventilação subterrânea, Lengen

Fonte: Manual do arquiteto descalço (2014, p. 241)

Figura 45: Ilustração, sistema de ventilação captação com água, Lengen

Fonte: Manual do arquiteto descalço (2014, p. 264)

69
A partir da observação do conjunto estético da arquitetura presente na região, rela-
cionando aos projetos correlatos e de acordo com as técnicas e limitações da bioconstru-
ção, a distribuição dos volumes da edificação segue no pensamento de uma edificação que
esteja ajustada ao programa de necessidades estabelecido para uma habitação refúgio no
semiárido cearense, para uma família de até seis pessoas.

Sobre o processo de drenagem e saneamento, conclui-se que existem diversas téc-


nicas de processamento das águas da residência, na arquitetura convencional, as águas
captadas da chuvas devem ir para a rede de drenagem pública para serem escoadas, as
águas negras e cinzas seguem para o sistema de drenagem de esgotos em seguida para o
tratamento de descontaminação em seguida seu reuso, na ausência de rede de drenagem
de esgotos as águas negras e cinzas são lançadas e m fossas sépticas, com isso vemos
dois processos de tratamento que na realidade não garantem um benefício sustentável,
sendo o tratamento de esgoto público na maioria das vezes ineficaz, para conseguir suprir
o tratamento da água suja produzida pela população, e a fossa séptica, por estar soterrada,
acaba poluindo o lençol freático.

Na busca pela redução dos danos causados ao meio ambiente, e gerar um ciclo de
uso da água com eficiência, alguns construtores da bioconstrução desenvolveram modelos
de sistemas de saneamento sustentável, em Lengen (p. 644) vemos modelos de sanitários
com água, construção de latrina, poço de absorção, sanitários secos Bason e biodiges-
tores, dentre estes destaca-se o banheiro seco que mantém um ciclo mais sustentável
porém mais trabalhoso por conta de sua manutenção, por não utilizar água no momento
de descarga, os dejetos depositados na fossa são transformados em adubo utilizado como
fertilizante para plantas, com uso do banheiro seco gera-se um impacto positivo na eco-
nomia de águas além do beneficiamento através da adubagem da vegetação. Porém, para
esse projeto a fossa séptica biodigestora com círculo de bananeiras poderá ser uma opção
viável, na pretensão de agregar um método de descarga funcional e de baixo impacto.

Sobre a drenagem Lengen (p. 676) nos diz que quando a casa é construída em ter-
reno em declive, deve-se tomar cuidado para que a água não fique acumulada nas partes
altas da casa. A água deve escoar por drenagens instaladas de ambos os lados da casa,
ilustrando da seguinte maneira:

70
Figura 46: Ilustração, sistema de drenagem de água, Lengen

Fonte: Manual do arquiteto descalço (2014, p. 676)

Dessa forma a partir dessa breve análise, dos principais pontos de observação dos
elementos que compõem o projeto de uma edifi cação bioconstruída, pôde-se estabelecer
algumas das possibilidades construtivas e estéticas viáveis para o desenvolvimento do
anteprojeto arquitetônico em questão. Apesar de não haver uma defi nição de quais méto-
dos e técnicas serão utilizadas, os modelos aqui colocados servirão de referência para o
momento de elaboração do anteprojeto, defi nindo e adequando as soluções mais viáveis e
coerentes com a proposta.

71
7 ESTUDO DE IMPLANTA-
ÇÃO, VOLUMETRIA, MATERIAIS,
CONCEITO E PROGRAMA AR-
QUITETÔNICO

Partindo dos conceitos sobre bioconstrução, suas técnicas e métodos, somados ao


interesse de desenvolver o anteprojeto arquitetônico de uma casa refúgio no semiárido ce-
arense. Pensar em um modelo construtivo de baixo custo e impacto ambiental, surge como
um desafio diante do mercado da construção civil convencional, que em sua maioria, têm
pouca ou nenhuma preocupação com o impacto causado na execução de um projeto ar-
quitetônico. Na proposta aqui apresentada o interesse é que se possa garantir a edificação
sua inserção e adaptação ao meio onde ela será implantada, organizando e combinando
formas de distribuição dos ambientes, volumes, cheios e vazios, dentre outras questões,
criando desse modo um modelo habitacional que tenham o máximo de equilíbrio ambiental,
estético e construtivo. Para isso organizou-se o seguinte organograma:

72
Tabela 02: Organograma metodológico

Fonte: Elaborado pelo autor, 2020.

73
7.1 Estudos preliminares
Diante dos estudos apresentados, das técnicas e modelos construtivos que emba-
sam e contextualizam essa proposta. O principal eixo que orienta o presente estudo se
ancora na perspectiva do desenvolvimento de um anteprojeto sustentável utilizando princí-
pios e técnicas da bioconstrução.

Nas imagens 08 e 09 podemos observar o lote de referência em seu período chu-


voso e no período seco, em ambos os casos a paisagem ao redor do lote demonstra uma
beleza natural deslumbrante, os aspectos do entorno do lote são colocados como fator im-
portante e determinante na orientação das aberturas e posicionamento dos ambientes, no
intuito de uma edificação integrada com a paisagem.

Para tanto uma questão que ajudou na orientação desse anteprojeto é o interesse
em proporcionar o conforto térmico da edificação tendo em vista os fatores climáticos que
afetam a região. Assim, para dar inicio a conformação da edificação a possibilidade de
enterrar a edificação a 50 cm do nível do terreno, foi algo pensado para criar uma inércia
térmica, que contribui para climatização interna da edificação.

A forma de distribuição dos espaços internos também foi pensada de modo que
pudesse favorecer a ventilação interna, para isso foi utilizado a referência das casas pátio
vista como alternativa para regiões de temperaturas elevadas. Dessa maneira a edificação
se desenvolve em torno de uma área interna ampla, compreendida pela cozinha, estar, jan-
tar, escada e jardim (fossa ecológica) integrados permitindo a passagem e troca da térmica
interna, a relação das aberturas de esquadrias também é outro fator de importância, sendo
essas posicionadas de maneira que permitam a ventilação dos ambientes fechados, como
os quartos e banheiros.

A cobertura também terá um papel fundamental na contribuição do conforto térmico


interno, sendo a coberta do pavimento inferior uma laje que suporta o pavimento superior,
em parte, será trabalhado como cobertura verde, gerando um espaço aberto sob o pavi-
mento inferior, possível de ser utilizado como espaço de lazer e encontros sociais, já a co-
bertura do pavimento superior será trabalhada como telhas ecológicas recicladas com uma
inclinação de dez porcento.

Sobre materiais possíveis de serem utilizados para o acabamento dentro de uma


perspectiva sustentável é possível pensar em pigmentações naturais retirada da própria
terra ou vegetação, gerando o mínimo de resíduos e dependência industrial, as esquadrias
também podem ser desenvolvidas a partir de materiais reciclados como retalhos de vidro,

74
para o piso pode-se pensar em blocos de adobe com tratamento e acabamento que permita
sua manutenção e durabilidade ao longo do tempo.

Aqui destaca-se os principais fatores que influenciaram e quais possibilidades serão


possíveis dentro de uma proposta sustentável, ao longo do desenvolvimento do anteprojeto
será possível observar cada etapa abordando cada escolha com mais profundidade e de-
talhes. Desse modo consideramos que Para a bioconstrução, design significa um sistema
de composição de diversos elementos: estruturais, vegetais, animais e sociais visando a
criação de um ambiente integrado para a convivência sustentável de pessoas. (PENTEA-
DO, SANTORO, 2003).

7.2 Observação do lote


Ao observar o terreno que servirá de referência o primeiro aspecto observado é seu
relevo, apesar de existir um trabalho de terraplanagem no terreno, é possível perceber a
inclinação que limita a base do lote. ver figura 47 e 48.

Figura 47: Ilustração limites do terreno

Fonte: Elaborado pelo autor 2020.

75
Figura 48: Ilustração corte, declive do terreno

Fonte: Elaborado pelo autor 2020.

A declividade presente no lote limita a área em 18,00m x 11,00m num total de 198m²
de área com terraplanagem previamente realizada. Desse modo optou-se por desenvolver
o projeto de uma edificação que pudesse aproveitar o máximo das possibilidades do lote.

A relação com a paisagem é outro aspecto já destacado, pelo interesse de trabalhar


a edificação de modo que ela possa ter uma certa integração com a paisagem.

Figura 49: Ilustração paisagem entorno

Fonte: Elaborado pelo autor 2020.

Outro aspecto a se levar em consideração é ventilação, trabalhando as aberturas

76
maiores voltadas para direção que mais recebe ventilação, gerando na edificação a troca
de calor em sua parte interna.

Figura 50: Ilustração ventilação

Fonte: Elaborado pelo autor 2020.

7.3 Conceito

Tema: casa refúgio no semiárido cearense

Caracterização da clientela:

a) um família de até 06 pessoas;

b) dois filhos: uma criança e um adolescente;

c) visitas eventuais;

Obs. Não é cogitado, no caso, aumento de pessoas na família. Nãos será necessário gara-
gem. Também não será necessário área de serviço e dependência de empregados.

O conceito do anteprojeto está voltado para elaboração de uma residência unifami-


liar de até seis pessoas, em um programa de necessidades que atenda aos critérios que
modelam uma habitação refúgio em meio ao semiárido cearense, precisamente na zona
rural de Caririaçu,Ce, garantindo espaços de lazer, aproximação com a natureza, conforto e
proteção das mudanças climáticas ao longo do ano, principalmente no período de estiagem
e calor intenso.

77
7.4 Partido
Para isso fez-se o estudo de um programa de necessidades que pudesse atender
a uma família de até seis pessoas. A edificação foi então organizada em dois níveis, onde
o nível inferior corresponde aos ambientes privados, divididos em dois quartos, uma suíte,
um banheiro social, uma cozinha integrada ao ambientes de estar, jantar, e um jardim re-
sultante da implantação de uma fossa ecológica biodigestor no centro da edificação, e do
lado externo um tanque para área de serviço.

Por se tratar de um projeto que busca soluções dentro de perspectivas sustentáveis


e com características de refúgio, não houve a necessidade de implantação de estaciona-
mento ou garagem, outro fator que influenciou nesse aspecto foi o acesso ao lote que não é
adequado a veículos, apesar da possibilidade de adequação do terreno para uma possível
garagem optou-se por apropriar-se dessa situação, criando um distanciamento dos veícu-
los motores, que são fortes símbolos do caos urbano.

Já o segundo pavimento foi destinado a área social, num espaço amplo e integrado
contendo uma cozinha coletiva, um espaço de estar e convivência amplo, possível de ser
transformado em espaço para hóspedes, também possui um banheiro social, lugar para
lareira e uma área aberta, referente a cobertura verde sobre o pavimento inferior.

78
7.5 Ventilação e insolação
Na busca por um melhor desempenho térmico e lumínico no interior da edificação,
algumas estratégias foram adotadas como, a abertura das esquadrias maiores voltadas
para fachada de maior incidência de ventos, no caso a fachada sul, e as aberturas menores
no lado oposto. Também foi pensado a inclinação do telhado de modo que sua ventilação
pudesse contribuir na captação dessa ventilação. No caso temos um terreno em que a ven-
tilação sudeste é predominante. Como pode ser visto nos desenhos a seguir.

Figura 51: Ventilação

Fonte: Elaborado pelo autor 2020.

Figura 52: Ventilação

Fonte: Elaborado pelo autor 2020.

A incidência da luz do sol também é outro fator que requer atenção. No caso as maio-
res aberturas estão voltadas para as fachadas que recebem maior incidência de luz pela

79
manhã, enquanto as fachadas com maior incidência de luz no período da tarde, são colo-
cadas a s menores aberturas, esse rebatimento de luz também é alcançado pelas varandas
entorno de toda edificação somada ao uso de teto verde. O uso de esquadrias com vidro
também é outra estratégia para permitir a passagem de luz para o interior da edificação.

Figura 53: Iluminação natural

Fonte: Elaborado pelo autor 2020.

Figura 54: Iluminação natural

Fonte: Elaborado pelo autor 2020.

80
7.6 Estudo de implantação através de maquete física
Na busca por um melhor entendimento sobre a implantação da edificação no terreno
desenvolveu-se uma maquete física que auxiliou no esclarecimento de como poderia ser
distribuído e trabalhado os ambiente na edificação.

Confeccionada com material simples e acessível, a maquete é composta por , isopor,


papel cartão, tinta látex branca, cola e papel toalha. O estudo através é interessante por nos
dar imediatamente uma visão tridimensional de como ficará o projeto após sua construção.

Figura 55: Maquete física

Fonte: Elaborado pelo autor 2020.

Assim como podemos conferir nas imagens, a maquete feita na escala de 1:125,
representa de maneira tridimensional a volumetria pretendida, a relação da edificação com
terreno e seu entorno. Desse modo a maquete foi construída de forma que ela pudesse ser
desmontada, possibilitando o acesso aos principais ambientes internos, conferindo também
as aberturas e mudanças de nível.

Por conta de sua dimensão reduzida e textura do material, seria inviável construir
os menores detalhes, porém para o objetivo que seria, de identificar o posicionamento e
volume da edificação, a maquete foi uma solução que contribuiu muito.

Na sequencia de imagens a seguir é possível ver todas as camadas da maquete

81
mostrando como são distribuídos os ambientes dentro da edificação.

Figura 56: Maquete física, foça ecológica, pavimento 1 e 2

Fonte: Elaborado pelo autor 2020.

A partir da maquete foi possível enxergar com clareza quais os pontos deveriam ser
trabalhadas as aberturas, sendo as maiores aberturas voltadas para o sul e as menores
para o norte. A edificação também foi pensada de forma que pudesse conter a maior inte-
gração possível, ficando os ambientes sociais de uso coletivo juntos em uma amplo espaço
que consiste na cozinha, estar e jantar, mantendo os ambientes privados fechados, no caso
os dormitórios. Nesse contexto as áreas privativas de uso constantes ficaram no pavimento
um enquanto o espaço de lazer de uso esporádico ficou no piso superior.

82
Figura 57: Maquete física, fachadas 1, 2, 3 e 4

Fonte: Elaborado pelo autor 2020.

Através da maquete foi possível desenvolver as plantas com maior precisão. Mesmo
não sendo fiel a todos os detalhes presentes na maquete física, a partir desse experimento
foi possível detectar quais seriam as possibilidades construtivas. Dessa maneira o progra-
ma de necessidades ficou da seguinte forma: Pav. 1, dois quartos; uma suíte; sois banhei-
ros sociais, duas cozinhas integradas a sala de estar e cozinha e um pátio externo sob o
teto verde.

83
7.8 Lboratório tijolos de adobe

Numa forma de aproximação a bioconstrução. Para exploração de materiais nessa


proposta, optou-se pelo desenvolvimento de um experimento de confecção de tijolos de
adobe no lote. Para tanto, foi necessário a confecção de fôrmas para moldar os tijolos, as
fôrmas foram feitas nas dimensões de 0,14x0,25 cm.

Esse experimento serviu para comprovar a possibilidade de confecção dos tijolos no


local e a viabilidade de uma situação real.

Figura 58: Fôrmas para tijolos de adobe

Fonte: Elaborado pelo autor 2020.

Para prática de confecção dos tijolos foi solicitado o auxílio de alguém que pudesse
compartilhar o conhecimento em olaria, assim o Sr. Raimundo, agricultor experiente em
atividades rurais e de subsistência, dotado de conhecimentos populares sobre a terra e a
lida no cotidiano do trabalho rural, foi de fundamental importância para esse experimento in-
dicando e auxiliando na escolha do ponto de retirada do material seu preparo e finalização.

Na busca pelo material, o barro, colocado nesse termo pelo agricultor, seguiu-se pelo
leito do rio perene, presente nas proximidades do lote, no momento de retirada da matéria

84
prima para os tijolos, o rio estava seco, por conta da escassez de chuvas, a confecção dos
tijolos foi realizado no dia 12 de outubro, portanto num período de pouca chuva na região.
É importante destacar que o período para confecção dos tijolos é algo a ser observado pelo
fato de sua secagem que deve ser a sol pleno.

Numa comparação dos tijolos convencionais, vemos que o tijolo de adome mostra-
-se com uma resistência menos a umidade e força, por tanto aqui a experiencia é exposta
como laboratório para um melhor entendimento sobre a reação dos matriais.

Por não passar pelo processo de cozimento, o tijolo de adobe torna-se mais frágil e
de pouca resistência. Como não houve a possibilidade de testes laboratoriais com os tijolos
produzidos, para obter resultados científicos e fazer comparativos de força, o laboratório
serviu de experiência de aproximação com a viabilidade de materiais.

Ainda assim, o anteprojeto desenvolvido aqui usará as dimensões dos tijolos produ-
zidos como referência nesse estudo. No caso os tijolos de adobe será utilizado na constru-
ção em alvenarias de vedação, sem assumir posição estrutural tendo em vista sua fragili-
dade. Podemos na sequencia de imagens a seguir o processo de confecção.

Figura 59: Laboratório de confecção de tijolos de adobe

85
Fonte: Elaborado pelo autor 2020.

Os tijolos foram feitos de maneira muito rústica, sem medidas exatas de água e bar-
ro, todo o processo foi feito pelo Sr. Raimundo, que possui prática na confecção de tijolos,
as medidas e o ponto da massa para a moldagem foi feita de maneira intuitiva e visual.
Retirado o barro do leito do rio, o agricultor foi aos poucos molhando a massa até ganhar
uma consistência pastosa, segundo seu relato, o ideal para massa ganhar uma boa consis-
tência e liga seria deixá-la molhada por 24 h, após esse período a massa vai para as fôrma
e o tijolo é moldado e segue para secagem. Com a confecção de tilos foi possível observar
sua viabilidade, apesar da falta de estudos laboratoriais o tijolo ganhou consistência em sua
secagem e demostrou possuir um a possibilidade de uso em uma edificação.

86
Figura 60: Tijolos de adobe após secagem

Fonte: Elaborado pelo autor 2020.

Após esse breve estudo de viabilidade de materiais presentes nas proximidades


do lote, foi possível entender até que ponto seria viável o uso dos recursos disponíveis.
entendendo que a abundancia de recursos minerais como pedras e areia é maior que a de
vegetais como a madeira, guiando o proposta ao uso máximo desses recursos.

87
8 ELABORAÇÃO DO
ANTEPROJETO
8.1 Panorama investigativo
Finalizado o estudo de implantação a partir da maquete física e o laboratório de experi-
mento com tijolo, partimos para elaboração do ante projeto. Visto todas as informações até aqui
expostas, situar a edificação no lote foi a primeira ação observando a maquete previamente con-
feccionada.

A partir da observação do lote foi possível chegar a uma representação do terreno. Verifi-
cando que a área possível de ser utilizada para construção seria de 11.0 x 18.0 m conferindo um
total de 198.0 m².

Figura 61: Desenho de observação situação no lote

Fonte: Elaborado pelo autor 2020.

Tomado esse levantamento inicial como referência na elaboração do projeto. Em meio a


isso a preocupação passa a ser com o modelo de fundação que poderia ser adotado para essa
edificação, assim visto as dimensões do lote, optou-se pela fundação em grelha formando a base
para as alvenarias e pilares.

88
Na expectativa de um melhor desempenho térmico no interior da edificação bus-
cou-se enterrar a edificação a 50 cm abaixo do nível do terreno, provocando uma inércia
térmica no interior da edificação que contribuirá na preservação da temperatura interna.
Podemos ver a partir do detalhe como foi pensado essa questão:

Figura 62: Desenho de observação corte fundação

Fonte: Elaborado pelo autor 2020.

Figura 63: Estudos fundação, pilar e alvenaria

Fonte: Elaborado pelo autor 2020.

89
Com isso foi possível construir o traçado da fundação base da seguinte forma:

Figura 64: Estudo fundação

Fonte: Elaborado pelo autor 2020.

Os pilares que sustentam a laje tembé foram posicionados de modo que o peso pu-
desse ser distribuído de forma equilibrada até a fundação. Partindo desse croqui pode-se
estabelecer a distribuição dos ambiente na edificação na elaboração da planta baixa do
primeiro pavimento. Inspirado em projetos de casa pátio, que permitem a circulação da
ventilação no interior da edificação a planta baixa foi elaborada de modo que todos os am-
bientes estão interligados ao salão central ocupados pela cozinha estar e jantar integrados.

90
Figura 65: Desenho layout pavimento 01

Fonte: Elaborado pelo autor 2020.

A paginação de piso foi pensada dentro de critérios que pudessem trazer a susten-
tabilidade como referência para tanto, foi pensado no uso de tijolos artesanais para o piso
da varanda nas dimensões de 14x10 cm, uso de ladrilho cerâmico de 15x0,05 cm para as
áreas comum como a cozinha estar jantar e circulação, já para os dormitórios e banheiros
optou-se pelo uso da pedra cariri no corte de 20x20 cm.

Figura 66: Desenho estudo paginação de piso

Fonte: Elaborado pelo autor 2020.

Apesar da busca por uma edificação que pudesse ser completamente bioconstruí-
da, por ser uma edificação com dois pavimentos, seria necessário a construção de uma
laje que pudesse suportar as cargas do pavimento superior. Para solucionar a construção
da laje a sugestão seria trabalhar com método tradicional de construção, trabalhando os
pilares, vigas e laje em concreto pré-moldado, utilizando armação de aço galvanizado e

91
concreto para os pilares e vigas, para o preenchimento da laje a sugestão seria o uso de
vigotas de concreto pré-fabricado, lajotas de solo-cimento e concreto.

Figura 67: Perspectiva fundação pilares e vigas

Fonte: Elaborado pelo autor 2020.

Sobre a laje ficará então o pavimento superior que contará com um cozinha inte-
grada sala de jantar e jantar, contendo ainda um espaço para instalação de uma lareira,
mesmo com boa parte do ano de calor intenso, no período de temperatura mais baixas, o
uso da lareira é seria uma forma de reunir as pessoas, tendo em vista que na elaboração
nesse projeto não se deu prioridade a equipamentos eletrônicos como televisão, no intui-
to de criar um certo distanciamento do mundo externo, voltando a atenção dos usuários
para a paisagem ao redor, e estimular as relações entre as pessoas, sem a necessidade
da comunicação virtual. Por tanto podemos conferir no desenho, como se configurou esse
ambiente.

Figura 68: Detalhe laje teto verde

Fonte: Elaborado pelo autor 2020.

92
Figura 69: Layout Pavimento superior

Fonte: Elaborado pelo autor 2020.

Assim teremos no pavimento superior além do ambientes citados, a área de terraço


correspondendo a coberta verde, que contribui em diversos aspectos a edificação, além da
questão estética proporcionada pela vegetação, esse tipo de laje também contribui para um
melhor desempenho térmico no interior da edificação, refletindo a irradiação solar, manten-
do a umidade no interior da edificação. É interessante ressaltar também o tratamento dado
a essa parte da edificação, necessitando que a laje possua um sistema de impermeabiliza-
ção podendo ser feito com manta impermeabilizante, essa impermeabilização garantirá que
não haja infiltração de água na laje evitando alguma possível patologia estrutural. A pagi-
nação do piso também foi pensada de modo que possa criar uma unidade na edificação,
sendo a varanda do piso superior revestida com tijolo artesanal e para parte interna o uso
de pedra cariri, todo material utilizado nessa proposta foi escolhido de modo que ele possa
trazer o máximo de sustentabilidade, como antes dito, assim todo material trará aspectos
rústicos e de baixo impacto, a área externa do pavimento superior será tipo teto verde , sen-
do possível o cultivo de grama e canteiros com vegetação de pequeno e médio porte. Toda
essas escolhas acabam criando uma cartela de cores e texturas que permeiam tonalidades
terrosas, ocres, tons de argila, entre outros tonalidades de cor que remetem a natureza.

93
Figura 70: Desenho paginação de piso pav. superior

Fonte: Elaborado pelo autor 2020.

Figura 71: Cartela de cores

Fonte: Elaborado pelo autor 2020.

Já para cobertura do pavimento superior sugere-se o uso de madeiramento em


grelha para sustentação das telhas ecológicas, o madeiramento e composto por caibros
feitos de tora de madeira, no caso poderia ser o uso do tronco de macaúba, uso de ripas
convencionais e telha ecológica feitas a partir da reciclagem de caixas de leite e similares.
também vale ressaltar a casa da caixa d’água localizada logo acima do wc social do pavi-
mento superior, no caso optou-se por apoiar a caixa d’água sobre dormentes de madeira,
facilitando a sua manutenção e barateando a fixação da caixa d’água, sendo essa também
coberta por telhas ecológicas.

94
Figura 72: Telha ecológica

Fonte:< https://www.setorreciclagem.com.br/reciclagem-de-material-de-construcao-civil/telha-ecologica>

Figura 73: Telhado com caibros, ripas e telhas ecológicas.

Fonte: Elaborado pelo autor 2020.

Figura 74: Telhado montado com caibros, ripas e telhas ecológicas.

Fonte: Elaborado pelo autor 2020.

95
Para as alvenarias foi pensado ouso de tijolos de adobe retirado do próprio local de
construção, para tanto o laboratório de confecção de tijolos serviu na construção dessa
aproximação com o material. Assim as alvenarias terão um papel importante no desempe-
nho térmico da edificação, propõe-se então, o uso de paredes mais largas, sendo as pare-
des do pavimento inferior com 30 cm e as paredes do pavimento superior com uma média
de 25cm. A escolha de alvenarias robustas, se deu pelo aspecto experimental da proposta
tendo em vista a resistência do tijolo de adobe, que por não passa pelo processo de quei-
ma, apenas de cura em ambiente aberto, acaba não alcançando uma boa resistência as
cargas solicitadas, a técnica de se usar paredes mais largas também contribui para desace-
leração do aquecimento no interior da residência, retardando a entrada de calor durante o
dia e mantendo a temperatura interna no período da noite. A forma de posicionamento dos
tijolos na alvenaria também foi pensada de uma forma que construísse um amarração re-
sistente. Para o pavimento inferior foi trabalhado um modelo de amarração e no pavimento
superior outro como podemos ver a seguir:

Figura 75: Posicionamento tijolos alvenaria pavimento inferior

Fonte: Elaborado pelo autor 2020.

Figura 76: Posicionamento tijolos alvenaria pav. superior

Fonte: Elaborado pelo autor 2020.

96
Outro fator relevante nessa proposta, é a inclusão do biodigestor de evapotranspi-
ração, para quem está habituado com os métodos construtivos convencionais, sabe que a
maioria das fossas sépticas geralmente são posicionadas no lado externo da edificação,
quando possível. Porém, aqui sugerimos a inclusão do biodigestor no interior da edifica-
ção compondo no espaço interno d edificação um jardim que fica na camada superior do
biodigestor, a vegetação presente no biodigestor é de fundamental importância sendo elas
que vão fazer o processo de filtragem e decomposição dos dejetos lançados na câmara de
decomposição feita de pneus usados. no detalhe poderemos entender melhor seu funcio-
namento.

Figura 77:Posicionamento tijolos alvenaria pavimento inferior

Fonte: Elaborado pelo autor 2020.

Já para águas cinzas vindas dos lavatórios e ralos dos banheiros, outro tipo de bio-
digestor foi pensado, onde a água passa por um processo de decantação e em seguida
é direcionada para o reuso na irrigação de plantas, utilizando a força da gravidade no es-
coamento da água. A preocupação com o saneamento da edificação surge por não haver
sistema de saneamento público na localidade, sendo essa uma solução possível para um
menor impacto de contaminação do solo. O uso dessas técnicas beneficia os usuários na
produção de alimento, no caso é indicado o plantio de bananeiras e hortaliças no canteiro
do biodigestor, contribuindo também para o resfriamento do microclima no interior da edi-
ficação, e economia no uso da água para irrigação da vegetação do lado externo da edifi-
cação. Para entender melhor o funcionamento do biodigestor de águas cinzas podemos
acompanhar na representação a seguir.

97
Figura 78: Detalhe biodigestor águas cinzas

Fonte: Elaborado pelo autor 2020.

Para as esquadrias foi pensado o uso de ferro e vidro para as aberturas principais
de acesso a edificação e portas de madeira para os cômodos no interior da edificação. As
esquadrias de ferro e vidro foram pensadas de modo que sua confecção seja realizada sob
medida, com interesse que essas, sejam fabricadas a partir de sucatas e materiais de des-
carte, e vedação em vidro de rejeitos de vidraçarias, permitindo dessa maneira a entrada de
luz natural, seu formato também segue um padrão irregular de linhas, gerando uma dina-
micidade nos vitrais, variando suas janelas entre pivotantes e basculantes, essas aberturas
também terão um papel importante no controle da entrada e saída da ventilação. Já para as
esquadrias de janelas na parede sugere-se o uso de janela de corre em alumínio com vidro,
e para as portas dos ambientes privados, sugere-se o uso de portas de abrir em madeira
para criar uma unidade visual com o restante da edificação, que no geral apresentará fortes
características de rusticidade e integração com a natureza.

98
Figura 79: Detalhe vitral fachada sul acima do biodigestor

Fonte: Elaborado pelo autor 2020

Figura 80: Detalhe abertura fachada norte porta de acesso

Fonte: Elaborado pelo autor 2020

No pavimento superior optou-se pelo uso de portas de madeira, de abrir, de correr


e grade de ferro e vidro para abertura da fachada norte, seguindo o mesmo padrão dos
vitrais do pavimento inferior. Também é utilizado nesse pavimento guarda-corpo em parte
do lado externo, e no lado interno, sendo esses do mesmo material dos vitrais já citados. O
guarda-corpo da parte interna do pavimento superior dará acesso a visão do jardim interno
(biodigestor) e a paisagem da fachada sul través dos vitrais, no lado externo, esse espaço
possuirá um pé-direito duplo favorecendo o crescimento da vegetação do biodigestor, a
entrada de luz solar e ventilação. Ver figura 79.

99
Figura 81: Perspectiva pavimento superior

Fonte: Elaborado pelo autor 2020.

Outra questão colocada sobre a laje do pavimento superior, é sua união com o lote
através do engaste da lage ao muro de contenção na fachada sul, que sustentará o declive
evitando a erosão, deslizamento de terra e enxurrada, ligando o pátio teto verde ao nível do
lote no pavimento superior cria-se uma maior integração e contato com a natureza.

Figura 82: Detalhe encontro da laje com muro de contenção.

Fonte: Elaborado pelo autor 2020.

Ciente das informações a qui apresentadas, foi possível desenvolver as plantas téc-
nicas que nos servirá de referência para o projeto executivo. As plantas baixas são traba-
lhadas em escala enquanto os detalhes são trabalhados em croquis e vista isométrica.

100
9 PRANCHAS ANTEPROJETO

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10 REFLEXÃO SOBRE INICIATI-
VAS SUSTENTÁVEIS NA AR-
QUITETURA
A construção de um ambiente sustentável traz autonomia às comunidades.
Uma comunidade com autonomia é aquela que tem a capacidade de satis-
fazer as suas próprias necessidades sem depender de grupos ou pessoas
de fora da comunidade. O domínio das técnicas construtivas e a valorização
das técnicas tradicionais são mais um passo rumo a essa autonomia. Auto-
nomia é sinônimo de liberdade para uma comunidade, pois com isso ela não
precisa depender de recursos externos ao ambiente onde vive. Se cuidar-
mos da natureza, teremos para sempre os recursos necessários para a nos-
sa sobrevivência e a das futuras gerações no local onde vivemos.(PROMPT,
2008).

Partindo da colocação de Cecília Prompt, esse tópico tem o interesse de colocar de


modo sucinto quais os possíveis impactos gerados a partir da implementação de um projeto
sustentável bioconstruído.

Sobre autonomia colocada por Prompt, é possível chegar a conclusão que quando
trabalhamos nossas ações voltadas a uma integração com meio ambiente, passamos a
depender menos do meio produtivo industrial, refreando no sistema extrativista e não reno-
vável. Unindo a iniciativa de muitos em busca da sustentabilidade, poderíamos então gerar
meios de consumos mais saudáveis e benéficos ao meio ambiente.

Colocando também a bioconstrução como alternativa a construção civil convencio-


nal, que possui uma cadeia de produção menos sustentável, diante da bioconstrução. Com
isso, o aperfeiçoamento das técnicas de bioconstrução e aplicação dessas nas edificações
podem então servir de estímulo a novas iniciativas nesse campo de atuação, agregando
a área de projeto arquitetônico um pensamento em sintonia com modelos construtivos de
baixo impacto ambiental.

A preocupação com o meio ambiente torna-se um dos fatores fundamentais vistos na


contemporaneidade, a partir da preocupação consigo, com o próximo e com a natureza.

No presente momento de elaboração desse estudo, o mundo passa por uma trans-

137
formação irreversível causado por uma pandemia de nível mundial que marca a história da
humanidade do século XXI de modo significativo. A pandemia gerada pelo Corona vírus
causador da Covid-19, que trata-se de uma patologia com alto grau de letalidade, gerando
uma série de medidas sanitárias colocadas pela Organização Mundial de Saúde, OMS,
dentre elas o distanciamento social e estados de quarentena tornaram-se recorrentes em
todo planeta, desestabilizando a população mundial. Sobre isso no site das Nações Unidas
Brasil- ONU, 2020 Bachelet e Grandi sobre desafios e consequências do vírus nos diz que:

O Covid-19 é um teste não apenas de nossos sistemas e mecanis-


mos de assistência médica para responder a doenças infecciosas,
mas também de nossa capacidade de trabalharmos juntos como uma
comunidade de nações diante de um desafio comum. (BACHELET,
GRANDI, 2020).

Faz-se esse destaque a pandemia do Covid-19 por entender que o momento vivido
no presente marcará profundamente em todas as esferas de relações e meios de se pensar
as necessidades cotidianas. Desse modo a arquitetura também passará por uma transfor-
mação, e pensar em espaços como uma casa refúgio, estando esta contida em um sistema
de construção sustentável, surge como possibilidade de pensar modelos sociais e culturais,
voltadas para uma visão de mundo mais saudável e equilibrado. Tendo em vista que a casa
refúgio trata-se de uma segunda residência, geralmente afastada do movimento urbano,
torna-se então uma possibilidade de fuga, no contexto de crise como o que vivemos na
atualidade.

Nesse sentido além de servir como modelo e estímulo ao desenvolvimento e aper-


feiçoamento da bioconstrução, a casa refúgio no semiárido, também pode ser entendida
como laboratório para soluções sobre as incertezas do mundo pós-pandemia Covid-19.

138
11 CONSIDERAÇÕES FINAIS
Pensar no fortalecimento das relações do ser ser humano com a natureza e como
planeta já não é mais uma alternativa, e sim uma necessidade. A reflexão sobre nossas
atitudes em relação ao meio ambiente se faz imprescindível, e no campo da arquitetura
também se faz necessário enxergar possibilidades dentro desse contexto. Partindo desse
pressuposto podemos ver na Carta da Terra,2000, o seguinte:

Desafios Para o Futuro: A escolha é nossa: formar uma aliança global


para cuidar da Terra e uns dos outros, ou arriscar a nossa destruição
e a da diversidade da vida. São necessárias mudanças fundamentais
dos nossos valores, instituições e modos de vida. Devemos entender
que, quando as necessidades básicas forem atingidas, o desenvolvi-
mento humano será primariamente voltado a ser mais, não a ter mais.
Temos o conhecimento e a tecnologia necessários para abastecer a
todos e reduzir nossos impactos ao meio ambiente. O surgimento de
uma sociedade civil global está criando novas oportunidades para
construir um mundo democrático e humano. ( Carta da Terra, 2000).

Por tanto o trabalho aqui apresentado tem o interesse de contribuir no aprofunda-


mento das questões referentes a arquitetura sustentável a partir da bioconstrução, acre-
ditando em possibilidades construtivas diferentes do modo construtivo convencional, em
sintonia com questões pertinentes à contemporaneidade e suas transformações.

Neste momento em que o mundo passa por uma transformação planetária devido a
pandemia do Coronavírus, pensar em soluções arquitetônicas em sintonia com a sustenta-
bilidade torna-se uma iniciativa que contribui imensamente nesse novo modo de pensar e
se relacionar, na preocupação consigo, com o próximo e com o mundo.

139
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18 de mai. 2020.

146
APÊNDICES
ESTADO DA ARTE

Tabela 2:

TEMA AUTOR LIVRO/ARTIGO RESUMO


MINISTÉRIO DO A Carta da Terra. Trata-se de um do-
MEIO AMBIEN- cumento escrito a
TE.2000. partir de debates
com com a socie-
dade, e análise das
relações humanas
e o meio ambien-
te, realizados pela
UNESCO, apontan-
do diretrizes para
construção de um
mundo mais susten-
tável.
SERRADOR, M. E. Sustentabilidade O trabalho estrutu-
Dissertação (mes- em arquitetura: ra-se em experiên-
trado) - Escola de referências para cias internacionais e
Engenharia de São projeto. referências normati-
Carlos. Universi- vas ou certificação
dade de São Pau- sobre a produção
lo. São Carlos. SP. dos principais mate-
2008. riais de produção no
brasil e referências
práticas no mercado
nacional.
OBATA, Sasquia Bioconstrução: a O artigo trata do
Hizuru. GHATTAS, forma básica para uso de materiais na
Sustentabilidade Michel Habib. XII sustentabilidade construção apon-
Safety, Health and das construções. tando soluções sus-
Environment World tentáveis na busca
Congress. São por meios de gera-
Paulo. SP. 2012. ção de energia lim-
pa e baixo impacto
ecológico.

147
HOLANDA, Ar- Roteiro para Holanda apresenta
mando de. Reci- construir no Nor- uma variedade de
fe: Programa de deste. técnicas e materiais
Pós-Graduação em utilizado nas cons-
Desenvolvimento truções nordestinas,
Urbano da Facul- observados durante
dade de Arquitetu- sua pesquisa sobre
ra, UFPE, 1976 arquitetura no nor-
deste brasileiro.
RIBEIRO, Elisa de Um retrato do se- O trabalho reúne
Castro. SILVA, Mª miárido cearense. através de fontes
Micheliana da Cos- oficiais caracterís-
ta. Texto para dis- ticas presentes no
cussão n° 76, Go- semiárido cearense
verno do Estado do
Ceará Secretaria
do Planejamento e
Gestão, SEPLAG.
Instituto de Pes-
quisa e Estratégia
Econômica do Ce-
ará, IPECE, Forta-
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2010.
GURGEL, Ana Pau- Entre serras e ser- O texto apresenta
la Campos. 2012. tões A(s) (trans) uma série de fato-
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(Mestrado em Con- centralidade(s) da sociais contribuíram
forto no Ambiente Região Metropoli- para formação da
Construído; Forma tana do Cariri/CE. região metropolita-
Urbana e Habita- na seu mapeamen-
ção) - Universida- to e índices estatís-
de Federal do Rio ticos.
Grande do Norte,
Natal, 2012.

Semiárido cea-
rense

148
Escola Nave Tier-
ra: a casa autos-
sustentável de
Michael Reynolds
na Argentina
Casa em Cunha /
Arquipélago Ar-
quitetos, SP
Casa ecológica
Irina Biletska. BA
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tentáveis a partir da
bioconstrução
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Curso de Design macultura. são os princípios
em Permacultura aplicados pela per-
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ture.Centro de Per- social e Cultural.
macultura Barking
Frogs. 1981.

149
Impactos na co- PROMPT, Cecí- Curso de Bio- O manual do curso
munidade lia. Brasil. Minis- construção. de bioconstrução
tério do Meio Am- aponta uma diver-
biente. Secretaria sidade de métodos
de Extrativismo e e técnicas constru-
Desenvolvimento tivas utilizadas no
Rural Sustentável. meio rural brasileiro.
Departamento de
Desenvolvimento
Rural Sustentá-
vel. Brasília: MMA,
2008.

150
Tabela 3:

151

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