Doren Do Don Tica Prova B
Doren Do Don Tica Prova B
Doren Do Don Tica Prova B
Eventos Agudos
em Saúde Bucal
Dor de origem
endodôntica
UNA-SUS | UFSC
Material adaptado do Curso de Capacitação em Eventos Agudos na Atenção Básica.
GOVERNO FEDERAL
Presidente da República
Ministro da Saúde
Secretário de Gestão do Trabalho e da Educação na Saúde (SGTES)
Diretor do Departamento de Planejamento e Regulação da Provisão de Profissionais de
Saúde (DEPREPS)
Diretora do Departamento de Gestão da Educação na Saúde (DEGES)
Coordenador Geral de Ações Estratégicas em Educação na Saúde
Responsável Técnico pelo Projeto UNA-SUS
COMITÊ GESTOR
Coordenadora de Produção de Material Elza Berger Salema Coelho
Coordenadora Interinstitucional Sheila Rubia Lindner
Coordenador de AVEA Antonio Fernando Boing
Coordenadora Acadêmica Kenya Schmidt Reibnitz
Coordenadora Executiva Rosângela Leonor Goulart
EQUIPE EAD
Douglas Kovaleski
Isabela Oliveira
Thays Berger Conceição
Carolina Carvalho Bolsoni
ASSESSORA PEDAGÓGICA
Marcia Regina Luz
REVISORES DE CONTEÚDO
Ana Lúcia Schaefer Ferreira de Mello
Calvino Reibnitz Júnior
REVISOR EXTERNO
Calvino Reibnitz Júnior
UNIVERSIDADE FEDERAL DE SANTA CATARINA
Eventos Agudos em
Saúde Bucal
Dor de origem
endodôntica
FLORIANÓPOLIS
UFSC
2014
© 2014 todos os direitos de reprodução são reservados à Universidade Federal de Santa
Catarina. Somente será permitida a reprodução parcial ou total desta publicação, desde
que citada a fonte.
ISBN – 978-85-8267-050-7
Ficha catalográfica elaborada pela Bibliotecária Eliane Maria Stuart Garcez – CRB 14/074.
U588d Universidade Federal de Santa Catarina. Centro de Ciências da Saúde. Departamento de Saú-
de Pública. Eventos Agudos em Saúde Bucal.
Dor de origem endodôntica [recurso eletrônico] / Universidade Federal de Santa Catarina;
Organizador: Michelle Tillmann Biz — Florianópolis: Universidade Federal de Santa Catarina,
2014.
34 p.
Modo de acesso: www.unasus.ufsc.br
Conteúdo do módulo: Ações Preventivas. – Avaliação Diagnóstica. – Diagnóstico Diferen-
cial. – Abordagem Inicial. – Atendimento Sequencial. – Indicações de Encaminhamento e Mo-
nitoramento.
ISBN: 978-85-8267-050-7
1. Saúde bucal. 2. Atenção Primária à Saúde. 3. Dor aguda. I. UFSC. II. Biz, Michelle Tillmann.
III. PROVAB. IV. Título.
CDU: 37.018.43:616.314
5. Avaliação Diagnóstica.......................................................................13
5.1 Alterações Pulpares.....................................................................................................13
5.1.1 Pulpagia Hiper-reativa......................................................................................................................14
5.1.2 Pulpite Sintomática..........................................................................................................................14
5.1.3 Pulpite Assintomática.....................................................................................................................14
6. Diagnóstico diferencial.....................................................................16
7. Abordagem inicial...............................................................................17
7.1 Alterações pulpares.....................................................................................................17
7.1.1 Pulpagia hiper-reativa.......................................................................................................................17
7.1.2 Pulpite sintomática...........................................................................................................................17
7.1.3 Pulpite assintomática.......................................................................................................................18
8. Atendimento sequencial..................................................................20
9. Indicações de encaminhamento e monitoramento...................20
10. Resumo da unidade..........................................................................20
Referências...............................................................................................21
Autora.......................................................................................................22
Anexos......................................................................................................23
APRESENTAÇÃO DA UNIDADE
Olá, caro aluno!
A dor é a manifestação mais comum que os usuários apresentam quando procuram por
serviços odontológicos de urgência, e a Atenção Básica tem papel fundamental em dar
respostas resolutivas às diversas situações de dor, sejam elas dentárias, peridentárias ou
na mucosa bucal. Assim, o objetivo desta unidade é que você aprenda a enfrentar com
resolutividade essas situações agudas relacionadas à dor de origem endodôntica.
Portanto, neste material, começaremos falando um pouco sobre as ações preventivas
relacionadas à questão. Em seguida, abordaremos o conceito de dor endodôntica e a sua
classificação, que inclui situações decorrentes de alterações pulpares e periapicais. Na
parte de avaliação diagnóstica, você verá como a anamnese, o exame clínico e os exames
complementares podem auxiliá-lo na detecção do problema a ser tratado e, além disso,
saberá como realizar o diagnóstico diferencial com outras possíveis doenças. Os próxi-
mos passos têm relação com a sequência de procedimentos necessários para tratar o
quadro diagnosticado: abordagem inicial, atendimento sequencial e indicações de enca-
minhamento e monitoramento. Em outras palavras, você verá como o cirurgião-dentista
da Unidade Básica de Saúde (UBS) poderá atuar no tratamento local e sistêmico das
alterações causadoras de dor endodôntica e quando será necessário encaminhar o usu-
ário a um Centro de Especialidades Odontológicas (CEO) para que o tratamento seja
finalizado adequadamente. Por fim, será abordada a questão dos cuidados pós-Evento
Agudo no domicílio e na comunidade.
Sabemos que um diagnóstico incorreto ou um tratamento negligenciado pode agravar
um problema que, muitas vezes, demandaria um atendimento simples na primeira con-
sulta e pouparia o usuário de sensações desconfortáveis. Por isso o seu trabalho em diag-
nosticar e tratar os problemas que possam surgir é tão importante.
Tenha um bom estudo!
A Coordenação.
Ementa da Unidade
Abordagem da dor de origem endodôntica.
Sinais e sintomas, terapêutica local e sistêmica, encaminhamento e monitoramento das
alterações pulpares: pulpite hiper-reativa, pulpite sintomática, pulpite assintomática.
Sinais e sintomas, terapêutica local e sistêmica, encaminhamento e monitoramento das
alterações periapicais: pericementite apical sintomática, abscesso periapical agudo e
abscesso periapical crônico agudizado.
Objetivos de Aprendizagem
• Realizar o diagnóstico e o tratamento da dor de origem endodôntica ocasionada por
alterações pulpares ou periapicais.
• Realizar encaminhamento e monitoramento adequados, e conhecer os cuidados ne-
cessários pós-Evento Agudo.
Carga Horária
15 horas
1. INTRODUÇÃO
Para começar a pensar sobre a dor de origem A abordagem da dor endodôntica é de grande
endodôntica, é fundamental que você tenha em relevância na prática da Atenção Básica. Aos 5
mente que a polpa dental é um tecido conjuntivo anos de idade, uma criança possui, em média, o
frouxo, localizado na cavidade pulpar. Trata-se índice de 2,43 dentes com experiência de cárie
de um tecido extremamente vascularizado por em dentes decíduos, com predomínio do com-
vasos sanguíneos e linfáticos, além de fibras ner- ponente cariado, que é responsável por mais
vosas e células, o que lhe garante um metabolis- de 80% do índice. Em relação à dentição per-
mo intenso e com boa capacidade de reparo. manente, crianças de 12 anos de idade e ado-
lescentes de 15 a 19 anos apresentam, respec-
Como a polpa é um tecido conjuntivo, a dimen-
tivamente, em média, os índices de 2,07 e 4,25
são da agressão ao elemento dental pode pro-
dentes com experiência de cárie dentária. Nes-
mover fenômenos inflamatórios (vásculo-ex-
tas idades observam-se diferenças nos índices
sudativos) que levam à compressão das fibras
nas regiões Sudeste e Sul, sendo que médias
nervosas e, portanto, geram a dor. É interessante
mais elevadas foram encontradas nas regiões
ressaltar que a estrutura mineralizada dos ele-
Norte, Nordeste e Centro-Oeste (BRASIL, 2012).
mentos dentais não permite que a polpa expan-
A situação é preocupante uma vez que, caso
da quando ocorrem reações inflamatórias, de
essa população não receba o devido tratamen-
forma que, quando há aumento no seu volume,
to, a doença poderá evoluir a ponto de gerar
consequentemente, há um aumento da pressão
lesões mais complexas que produzam inflama-
interna, o que causa os episódios de dor.
ções pulpares. Esse panorama projeta a dor pul-
Como você verá neste material, a dimensão da par como a principal sequela da cárie dentária e
agressão ao elemento dental – seja por lesão da como principal motivo da procura dos usuários
doença cárie ou por trauma – decidirá em que do SUS ao serviço de saúde, configurando-se,
medida é possível a reversão do quadro e a pre- portanto, como um importante evento agudo
servação da polpa. odontológico.
2. AÇÕES PREVENTIVAS
As dores pulpares podem ser causadas por interior do túbulo dentinário, levando à morte
agentes biológicos, agentes físicos e agentes celular.
químicos. No que se refere à ação dos agentes
O trauma dentário, mesmo sem haver exposição
biológicos (microbiota), a doença cárie e as pe-
dentinária, poderá causar alterações pulpares,
riodontopatias favorecem a agressão ao tecido
pois, dependendo da sua intensidade, causará
pulpar pela exsudação de substâncias que afe-
ruptura de vasos sanguíneos pulpares de maior
tam os túbulos dentinários. A infiltração de mi-
calibre, o que gerará sangramento intenso na
crorganismos via cárie ou via dentina exposta à
cavidade pulpar e consequentemente a necro-
cavidade oral pode gerar uma agressão a polpa
se pulpar. Já a fratura dentária poderá causar a
dentária. A extensão da resposta pulpar vai de-
exposição dentinária ou até mesmo a exposição
pender da quantidade de irritantes bacterianos
pulpar direta a cavidade bucal, o que ocasiona-
que chegam à polpa e da distância que esta ir-
rá as alterações pulpares.
ritação se encontra da polpa dentária, podendo
ser leve a severa. Já com relação aos agentes A fratura do elemento
físicos, tem-se: dental propicia a ex- 1 Ação de correntes elé-
tricas ocasionada pela
posição dos túbulos presença de restaurações
• calor gerado pelo preparo cavitário, pela re- dentinários, o que gera metálicas.
ação de presa dos materiais restauradores episódios dolorosos.
ou pelo polimento de restaurações Podemos mencionar como exemplos, neste
caso, o bruxismo e o galvanismo1. E, por fim, os
• ação mecânica de brocas
agentes químicos, tais como:
• trauma ou fratura
• toxicidade de materiais restauradores tem-
O calor gerado pelo uso de brocas sobre a den- porários ou definitivos
tina causará um movimento rápido do fluído
dentinário, gerando estimulação nervosa in- • condicionamento ácido
tensa, aumento do fluxo sanguíneo e aumento • dessecantes e desinfetantes de cavidades
da pressão intersticial no tecido pulpar. Desta
forma, ocorre uma desidratação dentinária e
aspiração do processo odontoblástico para o
3. CONCEITO
A dor endodôntica é aquela que se origina na polpa dentária, em decorrência de cárie ou de trauma
dental, que pode acometer os tecidos periodontais apicais.
É fundamental ter em mente que, dependendo do tipo de tratamento a ser executado, será possível
conservar as propriedades pulpares mantendo a vitalidade pulpar e, inclusive, preservar o elemento
dental na arcada com a realização do tratamento endodôntico.
4. CLASSIFICAÇÃO
As situações de dor endodôntica são acompa- Em outras palavras, o tipo de resposta pulpar
nhadas por alterações que podem ser classifica- vai depender da intensidade, do tempo, da fre-
das como pulpares ou periapicais. O diagnóstico quência do agente irritante, da condição prévia
e o tratamento dos eventos agudos relacio- do tecido pulpar e da falta de resolutividade em
nados a essas alterações são uma das rotinas atendimentos anteriores. Portanto, a seguir, você
mais frequentes nas Unidades Básicas de Saúde verá como são classificadas as situações de dor
(UBS). A causa mais comum de alterações pul- endodôntica, além de acompanhar uma defini-
pares e periapicais é a presença de bactérias em ção mais específica de cada caso. Acompanhe!
decorrência de lesões de cárie. A magnitude da
lesão pulpar está diretamente relacionada com
a extensão e com a profundidade da lesão de
cárie, sendo que a polpa poderá responder com
um leve depósito de dentina ou até mesmo com
alterações inflamatórias e degenerativas.
Classificação 1
Hipermia pulpar
Serosa
Pulpite aguda
Purulenta
Ulcerativa
Pulpite crônica
Hiperplástica
Necrose Pulpar
Classificação 2
Hiperemia pulpar
Pulpite fechada Pulpite infiltrativa
Pulpite abscedada
Necrose Pulpar
Classificação 3
Reversível
Pulpite aguda em transição
Irreversível
Ulcerada
Pulpite crônica
Hiperplásica
Necrose pulpar
Entretanto, Estrela (2004) ressalta que os achados clínicos não fornecem dados suficiente para
prever com exatidão as características histopatológicas da polpa inflamada. Portanto, buscando
simplificar e unificar as nomenclaturas das diferentes escolas de Odontologia do Brasil, adotaremos
para esta unidade, a classificação apresentada no quadro 2. Para facilitar o estudo, este quadro
também apresenta uma correspondência entre a nomenclatura adotada com as diferentes nomen-
claturas existentes.
Quadro 2 - Classificação clínica versus classificação histopatológica das doenças inflamatórias da polpa dentária.
Desta forma, a classificação da dor pulpar de origem inflamatória será de fácil entendimento para
qualquer cirurgião-dentista, independente da escola de Odontologia que frequentou.
Vale ressaltar que independente do quadro instalado, todos levarão invariavelmente o paciente a pro-
curar atendimento para resolver sua queixa principal: a dor de origem odontológica, e nestes casos o
profissional da Unidade deve estar habilitado para o diagnóstico e tratamento destas alterações.
A etiologia das alterações periapicais é a mesma das alterações pulpares, visto que se refere à contínua
progressão da lesão pulpar não tratada adequadamente que leva à sua necrose.
5. AVALIAÇÃO DIAGNÓSTICA
Para que seja feita a avaliação diagnóstica correta do estado pulpar e periapical, será necessário
lançar mão de recursos semiotécnicos, como testes de sensibilidade pulpar, de percussão, de mobi-
lidade e exame radiográfico. Como você verá, a interpretação desses testes, aliada às informações
obtidas na anamnese, indicarão para o profissional qual é o estado de saúde pulpar e periapical do
usuário, e apontarão, assim, as possibilidades de tratamento a serem executadas.
5.2.1 Pericementite apical respeito do dente que está causando essa pato-
logia, pode-se lançar mão do rastreamento da
O exame clínico será importante para o diagnós-
fístula. Para isso, basta introduzir gentilmente
tico de pericementite apical traumática ou infec-
um cone de guta percha de calibre fino no tra-
ciosa. Em ambos os casos, no teste de percus-
jeto da fístula e fazer uma tomada radiográfica.
são vertical e horizontal a sensibilidade estará
aumentada, podendo haver também mobilidade
dental. O exame radiográfico poderá revelar um 5.2.3 Abscesso periapical crônico agudiza-
leve espessamento do espaço do ligamento pe- do (abscesso Fênix)
riodontal. Já o teste de sensibilidade pulpar ao
Não só a sintomatologia do abscesso periapical
frio será fundamental para a diferenciação entre
crônico é semelhante ao abscesso periapical agu-
pericementite apical traumática e infecciosa: na
do, como também as caraterísticas clínicas: resul-
traumática o dente responderá positivamente
tado negativo para sensibilidade pulpar ao frio
enquanto que, na infecciosa, o resultado será
e resultado positivo para o teste de percussão,
negativo.
podendo haver edema facial e fístula que drena
via ligamento periodontal ou em fundo de sulco
5.2.2 Abscesso periapical agudo do dente acometido. A principal ferramenta para
o diagnóstico diferencial será a radiografia, que
Para que seja feita a distinção entre as três fases
demonstrará a presença de lesão óssea periapi-
do abscesso periapical agudo, será necessário
cal (rarefação óssea), que poderá ser difusa, lo-
comparar as informações a respeito dos sintomas
calizada (sugestivo de granuloma periapical) ou
relatados com aquelas obtidas por meio dos exa-
circunscrita (sugestivo de cisto periapical).
mes clínicos.
Durante a realização da avaliação diagnóstica
No abscesso periapical agudo em fase inicial a
das alterações pulpares e periapicais, você po-
sensibilidade pulpar ao frio será negativa, o tes-
derá deparar-se com situações limítrofes entre
te de percussão apresentará resultado positivo
duas patologias, nas quais será necessário reali-
e, geralmente, haverá também dor na palpação
zar o diagnóstico diferencial. Portanto, a seguir,
em fundo de sulco vestibular do dente afetado.
você verá informações referentes ao diagnóstico
A radiografia poderá evidenciar um leve espes-
diferencial que facilitarão o diagnóstico definiti-
samento do espaço do ligamento periodontal.
vo dessas alterações. Acompanhe.
No abscesso periapical agudo em evolução o
resultado do teste de sensibilidade pulpar ao
frio será negativo e o teste de percussão será
positivo. Embora nesta fase seja possível a pal-
pação do edema, este ainda se apresenta difuso.
A radiografia poderá mostrar um leve espessa-
mento do espaço do ligamento periodontal, po-
rém ainda sem evidência de lesão óssea maior.
O abscesso periapical agudo evoluído apre-
sentará as mesmas manifestações clínicas men-
cionadas na fase anterior: a sensibilidade pulpar
ao frio será negativa e o resultado do teste de
percussão será positivo. Porém, agora, haverá
presença de edema facial (flegmão) e de fístula
que drena via ligamento periodontal ou em fun-
do de sulco do dente acometido. Geralmente a
fístula é intramucosa, mas pode ocorrer tam-
bém a fístula cutânea. Além disso, pode-se ob-
servar tumefação e assimetria facial por conta
do edema. Ainda não será possível identificar
lesão óssea periapical pela radiografia; apenas
um leve espessamento do espaço do ligamen-
to periodontal. Se ainda assim houver dúvidas a
Com conhecimento do diagnóstico definitivo, o próximo passo será dar início ao tratamento.
7. ABORDAGEM INICIAL
Uma vez diagnosticada a alteração pulpar ou periapical, deve-se proceder à abordagem inicial, que
tem como principal objetivo a eliminação do agente agressor e a medicação inicial para posterior
atendimento sequencial. Observe, a seguir, quais serão as medidas a serem tomadas para cada um
dos casos.
Nem sempre será possível resolver a situação Nos casos de alterações periapicais, o usuário
com somente um atendimento ao usuário. As- será encaminhado para realizar o tratamento
sim, em alguns casos, será necessário que o com endodontista no Centro de Especialidades
cirurgião-dentista faça um atendimento se- Odontológicas (CEO). Desta forma, a aborda-
quencial. Normalmente, opta-se por realizar gem inicial poderá ser suficiente para proceder
atendimento sequencial devido ao curto tempo ao encaminhamento. Entretanto, se o caso for
da consulta ou devido a um quadro agudo sem agudo e a sintomatologia não ceder, o cirurgião-
remissão. -dentista deverá realizar atendimento sequen-
cial para a remissão do quadro agudo, repetin-
Para as alterações pulpares em que se opte
do as manobras de drenagem e os curativos até
pela realização de curetagem ou de pulpotomia
que ocorra o alívio da sintomatologia.
em duas sessões, no atendimento sequencial o
cirurgião-dentista deverá realizar a restauração
definitiva, após a remissão da sintomatologia.
Neste caso, será removida a restauração provi-
sória e realizada a proteção pulpar, seguida da
restauração definitiva que se julgar pertinente
ao caso (amálgama ou resina).
Caro aluno.
Nesta unidade você aprendeu sobre o manejo da dor de origem endodôntica: classificação das
alterações pulpares e periapicais, métodos de avaliação diagnóstica, diagnóstico diferencial entre
as patologias que se assemelham, abordagem inicial e sequencial do usuário, e, quando necessário,
encaminhamentos e monitoramento. Desta forma, esperamos auxiliá-lo em sua rotina clínica para o
melhor manejo dos usuários com relação às situações descritas.
Tenha uma boa avaliação!
BEVERIDGE, E. E.; BROWN, A. C. The measurement of human dental intrapulpal pressure and its
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ESTRELA, C.; FIGUEIREDO, J. A. P. Patologia periapical. In: ________. Endodontia: princípios bio-
lógicos e mecânicos. São Paulo: Artes Médicas, 1999a.
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Lopes HP, Siqueira JF Jr. Endodontia. Biologia e Técnica. 3 ed. Guanabara Koogan, 2010.
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REEVES, R.; STANLEY, H. R. The relationship of the bacterial penetration and pulpal pathosis in ca-
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VIER-PELISSER, F. V.; SÓ, M. V. R. Patologia aplicada à Endodontia. In: SÓ, M. V. R. (Org.). Endodon-
tia: as interfaces no contexto da odontologia. São Paulo: Santos, 2007.
Eventos Agudos em
Saúde Bucal
Dor de origem
endodôntica
Anexos
FLORIANÓPOLIS
UFSC
2014
ANEXO A
Ao longo deste material, você obteve informações a respeito da pulpite sintomática e da perice-
mentite apical traumática, e viu que muitas vezes é necessário o uso de medicamentos sistêmicos.
Estes podem ser basicamente analgésicos – ou seja, que atuam sobre a dor – ou aqueles capazes
de atuar sobre o processo inflamatório, onde a dor também está presente.
Aqui você encontrará associações de analgésicos, que são interessantes para os casos de dor in-
tensa. Portanto, a seguir, apresentamos uma série de opções para a prescrição as quais você pode
escolher, pois todas são indicadas. Além disso, ao final deste Anexo, você encontrará um protocolo
que também poderá ser aplicado caso você tenha dificuldades na escolha do agente terapêutico.
Lembre-se sempre que nenhum dos medicamentos listados soluciona todos os casos, havendo, em
algumas situações, a necessidade de troca ou ajuste de dose.
Comprimidos de 750mg.
Administrar por via oral 1 comprimido de 4 em 4 Observação: a concentração padrão da dipirona
horas ou de 6 em 6 horas. é 500mg. A dose deve ser ajustada de acordo
Em gotas, 500mg, 650mg ou 750mg. com a sintomatologia e a dose máxima reco-
mendada para o medicamento.
Administrar 55 gotas a cada 6 horas.
Em gotas, 50mg/mL.
Analgésico opioide [agonista µ] Administrar, por via oral, 20 gotas diluídas em água a cada 8 horas (má-
ximo de 400mg/dia).
Cápsulas de 50mg.
Administrar 1 cápsula por via oral a cada 8 horas (dose máxima 400mg/
dia).
Cloridrato de tramadol [agonista µ]
Em gotas, 100mg.
Administrar 15 (0,5mL) ou 30 (1mL) gotas a cada 6 ou 8 horas.
Drágeas de 50mg.
Benzidamina
Administrar 1 drágea por via oral a cada 6 ou 8 horas.
Comprimidos de 500mg.
Administrar 1 comprimido por via oral de 8 em 8 horas.
Comprimidos de 20mg.
Piroxicam
Administrar por via oral 1 comprimido ao dia.
Injetável, 20mg/mL.
Administrar 1 ampola ao dia por via intramuscular.
Comprimidos de 100mg.
Nimesulide
Administrar 1 comprimido por via oral a cada 12 horas.
Comprimidos de 100mg.
Aceclofenaco
Administrar 1 comprimido por via oral a cada 12 horas.
Cápsulas de 200mg.
Celecoxib
Administrar 1 cápsula por via oral de 12 em 12 horas.
Comprimidos de 90mg.
Arcóxia
Administrar 1 comprimido por via oral a cada 24 horas.
Cápsulas de 200mg.
Fenoprofeno
Administrar 1 cápsula a cada 6 horas.
Comprimidos de 10mg.
Cetorolaco de trometamina
Administrar 1 comprimido por via sublingual a cada 6 ou 8 horas.
Observação: os medicamentos com atividade analgésica – que atuam, principalmente, sobre a dor –, as-
sim como as associações de analgésicos, devem ser prescritos por período de 24 horas, mas você pode
diminuir ou aumentar o tempo de uso em função da necessidade. Por outro lado, aqueles com atividade
sobre o processo inflamatório – você viu que são vários – devem ser prescritos em média por 3 dias.
Observe ainda que, dentre tantos medicamentos anti-inflamatórios, existem alguns que são seletivos
para ciclooxigenase 2 – como, por exemplo, nimesulida, aceclofenaco, meloxicam – e outros que são
altamente seletivos para ciclooxigenase 2 – como celecoxib e etoricoxib. Estes irritam menos a mucosa
gástrica e, portanto, podem ser prescritos para usuários com enfermidade gástrica.
Observe, a seguir, alguns protocolos que poderão ser aplicados caso você tenha dificuldades na
escolha do agente terapêutico.
Observação:
1. Observe que, neste caso, o curativo de de-
mora a ser usado tem propriedades analgé-
sicas e anti-inflamatórias, o que pode dis-
pensar o uso do último e, algumas vezes,
dispensa o uso de qualquer medicação pós-
-operatória.
2. Nas pulpites o atendimento é emergencial,
o que dificulta a prescrição antecipada de
algum medicamento.
Quando se trata de pericementite apical infecciosa, é indicado o uso sistêmico de antibióticos, pois
há uma infecção presente. Entretanto, não se esqueça de que a dor também pode estar presente.
Assim, o tratamento medicamentoso deve ser feito com analgésicos ou, ainda, com anti-inflamató-
rios, como aqueles descritos no ANEXO A. A seguir, você encontrará várias opções de antibióticos
e, também, um protocolo de uso para facilitar o seu trabalho.
Penicilinas
Constituem-se como a primeira opção diante de infecções odontogênicas. No entanto, você deve
ficar atento, pois existem outras opções que podem ser a solução quando o usuário relata ser alér-
gico a penicilina.
a) Penicilinas V:
Quadro 5 – Penicilinas V
Penicilinas V
Dosagem e administração
Comprimidos de 500.000 UI*.
Adultos: administrar 1 comprimido por via oral de 6 em 6 horas.
Cápsulas de 500mg.
Adultos: 1 cápsula de 8 em 8 horas.
Metampinicilina
Injetável, 500mg.
Adultos: 1 ampola via intramuscular a cada 8 horas.
* Somente amoxicilina e amoxicilina e ácido clavulânico constam na Relação Nacional de Medicamentos Essen-
ciais – Rename, do Ministério da Saúde.
Cefalosporinas
Medicamento Dosagem e administração
Drágeas de 500mg; cápsulas de 500mg; comprimidos de 500mg.
Cefalexina*
Adultos: administrar 1 drágea, 1 cápsula ou 1 comprimido a cada 8 horas.
Macrolídeos
Dentre os macrolídeos, vamos destacar uma medicação que é derivada da eritromicina e que, cer-
tamente, você conhece: chama-se azitromicina.
Quadro 8 – Macrolídeos
Macrolídeos
Medicamento Dosagem e administração
Drágeas de 500mg; cápsulas de 500mg; comprimidos de 500mg.
Azitromicina Comprimidos de 500mg e 1g; cápsulas de 250mg.
Adultos: administrar 250mg, 500mg ou 1000mg ao dia.
Lincosaminas
Dentre as lincosaminas, vamos destacar a clindamicina. Observe:
Quadro 9 – Lincosaminas
Lincosaminas
Medicamento Dosagem e administração
Cápsulas de 150mg e 300mg.
Adultos: administrar 1 cápsula por via oral a cada 6 horas.
Clindamicina Injetável, 300mg (2mL) ou 600mg (4mL)
Adultos: administrar 1 ampola por via intramuscular ou intravenal a cada 6 ou
8 horas.
Metronidazol
Medicamento Dosagem e administração
Comprimidos de 250mg e 400mg.
Adultos: administrar 1 comprimido por via oral a cada 8 horas.
Metronidazol
Injetável, 500mg (100mL).
Adultos: administrar 1 ampola por via endovenosa a cada 8 horas.
Observações:
1) Todos os antibióticos citados devem ser prescritos por um período de aproximadamente 7 dias, ex-
ceção feita à azitromicina que deve ser administrada em dose única diária por três a cinco dias.
2) Nos usuários alérgicos a penicilina você pode administrar azitromicina, clindamicina ou, ainda, metronidazol.
3) Nas infecções severas em usuários alérgicos a penicilina a melhor indicação é a clindamicina; já nas
infecções leves a moderadas podemos usar clindamicina ou azitromicina.
4) Quando você administrar anti-inflamatório para tratar a dor, lembre-se que ele será usado por um
período de tempo menor que o antibiótico. Normalmente, o controle da infecção reduz a dor.
Anti-inflamatórios esteroidais
Medicamento Dosagem e administração
Injetável, ampolas de 1mL (7mg).
A administração pode ser em dose única, pois tem ação prolongada.
Betametasona
Injetável, ampolas de 1mL (8mg).
A administração pode ser em dose única, pois tem ação prolongada.
Primeira etapa: drenagem da coleção purulen- Infecções leves a moderadas: amoxicilina 1g,
ta, que pode ser a partir do canal radicular, pe- 2 cápsulas; OU suspensão 250mg (5mL), ad-
riodonto ou, ainda, por incisão cirúrgica intra ou ministrar 20mL.
extra bucal. Infecções graves: amoxicilina 1g, 2 cápsulas
Segunda etapa: procedimentos endodônticos. + metronidazol 250mg, 1 comprimido; OU
amoxicilina 500mg com clavulanato de po-
• Medicação prévia à primeira e à segunda tássio 125mg, 1 comprimido.
etapas: opcional.
b) Indivíduos alérgicos às penicilinas
Antibiótico: o uso prévio à drenagem pode ser
feito de acordo com a gravidade da situação, Infecções leves a moderadas: azitromicina
como quando há disseminação do processo in- 500mg ou 1000mg, 1 comprimido.
feccioso (linfadenite, celulite, trismo, etc), sinais Infecções graves: clindamicina 600mg, 2
e sintomas de ordem sistêmica (febre, taquicar- drágeas.
dia, falta de apetite, mal-estar geral) ou doenças
sistêmicas que favoreçam a infecção. Caso você Atenção: o antibiótico pré deve ser dado cerca
opte por fazê-lo, siga as orientações a seguir. de 1 hora antes da intervenção.