Contos Que Elevam A Alma
Contos Que Elevam A Alma
Contos Que Elevam A Alma
QUE
ELEVAM
A ALMA
Livro I
Material recolhido no site
http://aeradoespirito.sites.uol.com.br
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ÍNDICE
A ÁGUA DO PARAÍSO
A ÁGUIA E A GRALHA
A ÁGUIA E O PARDAL
A ÁRVORE DOS PROBLEMAS
A ÁRVORE ORGULHOSA
A BALSA DA MEDUSA (Novo)
A BUSCA DO REINO
A CARTA
A CASA QUEIMADA
A CAUDA DO MUNDO
A CIDADE DOS RESMUNGOS
A DANÇA
A ESTÓRIA DO MARTELO
A ESTRELA VERDE
A FÁBRICA DOS PENSAMENTOS
A FACE DE DEUS
A FELICIDADE NÃO ESTÁ ONDE SE PROCURA
A FITA ROXA
A FORTUNA E O MENDIGO
A GALINHA E A ÁGUIA
A GALINHA VERMELHA
A HISTÓRIA DA LAGARTA
A HISTÓRIA DE UM JARDIM
A LATINHA DE LEITE
A LENDA DA CONCHA!
A LENDA DAS ORQUÍDEAS
A LENDA DO PEIXINHO VERMELHO
A LIBÉLULA
A LIÇÃO DO FOGO
A LOJA DE DEUS
A LUZ AZUL
A MACIEIRA ENCANTADA
A MAIS BELA FLOR
A MARAVILHOSA HISTÓRIA DO GRANDE MÚSICO TANSEN
A MEDITAÇÃO E O GATO
A NUVEM E A DUNA
A PAZ INTERIOR E AS REAÇÕES
A PEQUENINA LUZ AZUL
A PORCELANA DO REI
A RAPOSA ALEIJADA
A RAPOSA E AS UVAS
A SUA VERDADE!
A TAÇA TRANSBORDANTE
A TEMPESTADE E AS GAIVOTAS
A TERRA DA ALEGRIA
A VERDADE
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A VIDA DOS HUMANOS QUE SE DISTANCIAM DE DEUS
ADELAIDE, UMA POMBA
AONDE VOCÊ VAI?
APENAS UM MINUTO?
APRENDA A ESCREVER NA AREIA
APRENDENDO A CONVERSAR COM DEUS
AS CODORNAS
AS COISAS NEM SEMPRE SÃO O QUE PARECEM
AS NOVE COISAS
AS TRÊS RECOMPENSAS
CASAMENTO
CERTO E ERRADO
CHINELOS DOURADOS
CÍRCULO DOS 99
COMO O MAL GERA O MAL
COMO ORAR CORRETAMENTE?
CORRENDO RISCOS
CORTAR LENHA
CULPADO OU INOCENTE
DA SINCERIDADE
DESARRUMADO OU PERFEITO?
DESEJOS
DEUS, A CRIANÇA E O ANJO
DOENTE, GRAÇAS A DEUS
DOR DE OLHO
DORMIR ENQUANTO OS VENTOS SOPRAM
DOZE PRATOS
É DEUS TIRANDO FOTOS MINHAS
ECO DA VIDA
ERA UMA VEZ...
ESCOLA DE ANJOS
ESPINHO ALHEIO
ESTABELECIMENTO DE UMA TRADIÇÃO
EU CREIO EM TI
EU POSSO FAZER
EX-SUICIDA
FABULA DA CONVIVÊNCIA
FURO NO PNEU
HÁ MAIS LUZ POR AQUI
IDEIONILDO E A CHAVE AZUL (Novo)
INVESTIMENTO APIMENTADO
ISAAC MORRE
LENDA DAS LÁGRIMAS
LENDA JUDAICA
LENDA DE TRADIÇÃO JUDAICA
MEDITAÇÃO E MACACOS
MENTE EM MOVIMENTO
MINHA ROSA E MINHA RAPOSA (Trecho de Pequeno Príncipe, de Antoine de Saint-Exupery)
NADA EXISTE
NÃO CONHEÇO TÍTULOS
NÃO SE DEIXE INCOMODAR
NINGUÉM CONTROLA TUDO O QUE ACONTECE NA PRÓPRIA VIDA
NÓ DO CARINHO
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A ÁGUA DO PARAÍSO
(Sabedoria sufi)
.....................................
A maioria das doutrinas tem a pretensão de ser a única expressão da verdade, porém,
somente será útil, aquela que produzir mais homens de bem e menos hipócritas, quer
dizer, que pratiquem a lei de amor e caridade na sua maior pureza e na sua aplicação mais
ampla. Esse é o sinal para reconhecer que uma doutrina é boa, pois toda doutrina que
tiver por conseqüência semear a desunião e estabelecer divisões entre os filhos de Deus só
pode ser falsa e perniciosa.
O LIVRO DOS ESPÍRITOS - Allan Kardec
***
A ÁGUIA E A GRALHA
Uma Águia, saindo do seu ninho no alto de um penhasco, capturou uma ovelha e a
levou presa às suas fortes garras. Uma Gralha, que testemunhara a tudo, tomada de
inveja, decidiu que poderia fazer a mesma coisa.
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Ela então voou para alto e tomou impulso, e com grande velocidade, atirou-se sobre
uma ovelha, com a intenção de também carregá-la presa às suas garras.
Ocorre que estas acabaram por ficar embaraçadas no espesso manto de lã da Ovelha, e
isso a impediu inclusive de soltar-se, embora o tentasse com todas as suas forças.
O Pastor das ovelhas, vendo o que estava acontecendo, capturou-a. Feito isso, cortou
suas penas, de modo que não pudesse mais voar. À noite a levou para casa, e entregou
como brinquedo para seus filhos.
"Que pássaro engraçado é esse?", perguntou um deles.
"Ele é uma Gralha meus filhos. Mas se você lhe perguntar, ele dirá que é uma Águia."
Moral da História:
Não devemos permitir que a ambição nos conduza para além dos nossos limites.
Esopo
***
A ÁGUIA E O PARDAL
O sol anunciava o final de mais um dia e lá, entre as árvores, estava Andala, um pardal
que não se cansava de observar Yan, a grande águia. Seu vôo preciso, perfeito, enchia
seus olhos de admiração. Sentia vontade em voar como a águia, mas não sabia como o
fazer. Sentia vontade em ser forte como a águia, mas não conseguia assim ser. Todavia,
não cansava de segui-la por entre as árvores só para vislumbrar tamanha beleza... Um
dia estava a voar por entre a mata a observar o vôo de Yan, e de repente a águia sumiu
da sua visão. Voou mais rápido para reencontrá-la, mas a águia havia desaparecido. Foi
quando levou um enorme susto: deparou de uma forma muito repentina com a grande
águia a sua frente. Tentou conter o seu vôo, mas foi impossível, acabou batendo de
frente com o belo pássaro. Caiu desnorteado no chão e quando voltou a si, pode ver
aquele pássaro imenso bem ao seu lado observando-o. Sentiu um calafrio no peito,
suas asas ficaram arrepiadas e pôs-se em posição de luta. A águia em sua quietude
apenas o olhava calma e mansamente, e com uma expressão séria, perguntou-lhe:
- Por que estás a me vigiar, Andala?
- Quero ser uma águia como tu, Yan. Mas, meu vôo é baixo, pois minhas asas são curtas
e vislumbro pouco por não conseguir ultrapassar meus limites.
- E como te sentes amigo sem poder desfrutar, usufruir de tudo aquilo que está além do
que podes alcançar com tuas pequenas asas?
- Sinto tristeza. Uma profunda tristeza. A vontade é muito grande de realizar este
sonho...
O pardal suspirou olhando para o chão... E disse:
- Todos os dias acordo muito cedo para vê-la voar e caçar. És tão única, tão bela. Passo
o dia a observar-te.
- E não voas? Ficas o tempo inteiro a me observar? Indagou Yan.
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- Sim. A grande verdade é que gostaria de voar como tu voas... Mas as tuas alturas são
demasiadas para mim e creio não ter forças para suportar os mesmos ventos que, com
graça e experiência, tu cortas harmoniosamente...
- Andala, bem sabes que a natureza de cada um de nós é diferente, e isto não quer dizer
que nunca poderás voar como uma águia. Sê firme em teu propósito e deixa que a
águia que vive em ti possa dar rumos diferentes aos teus instintos. Se abrires apenas
uma fresta para que esta águia que está em ti possa te guiar, esta dar-te-á a
possibilidade de vires a voar tão alto como eu. Acredita!
E assim, a águia preparou-se para levantar vôo, mas voltou-se novamente ao pequeno
pássaro que a ouvia atentamente:
- Andala, apenas mais uma coisa: Não poderás voar como uma águia, se não treinares
incansavelmente por todos os dias. O treino é o que dá conhecimento, fortalecimento e
compreensão para que possas dar realidade aos teus sonhos. Se não pões em prática a
tua vontade, teu sonho sempre será apenas um sonho. Esta realidade é apenas para
aqueles que não temem quebrar limites, crenças, conhecendo o que deve ser realmente
conhecido. É para aqueles que acreditam serem livres, e quando trazes a liberdade em
teu coração poderás adquirir as formas que desejares, pois já não estarás apegado a
nenhuma delas, serás livre! Um pardal poderá, sempre, transformar-se numa águia, se
esta for sua vontade. Confia em ti e voa, entrega tuas asas aos ventos e aprende o
equilíbrio com eles. Tudo é possível para aqueles que compreenderam que são seres
livres, basta apenas acreditar, basta apenas confiar na tua capacidade em aprender e
ser feliz com tua escolha!
***
A ÁRVORE DOS PROBLEMAS
Certo fazendeiro resolve contratar um carpinteiro para uma série de reparos em sua
propriedade. O primeiro dia do carpinteiro foi bem difícil. O pneu de seu carro furou,
fazendo com que ele deixasse de ganhar uma hora de trabalho. Sua serra elétrica
quebrou, e aí ele cortou o dedo. Como se não bastasse, no final do dia, seu carro não
funcionou.
Assim, o fazendeiro resolve oferecer carona para casa. Percorrida a viagem, o
carpinteiro convidou-o a entrar e conhecer sua família. Quando os dois se dirigiam à
porta da casa, o carpinteiro parou junto a uma pequena árvore e gentilmente tocou as
pontas dos galhos com as duas mãos.
Ao abrir a porta de casa, o carpinteiro já parecia outro: os traços tensos do seu rosto
transformaram-se em um grande sorriso. Ele abraçou os filhos e beijou a esposa.
Após uma alegre refeição, o fazendeiro agradeceu e despediu-se de todos. O
carpinteiro acompanhou seu convidado até o carro.
Assim que passaram pela árvore, o fazendeiro questionou seu anfitrião sobre o motivo
pelo qual ele tocara na planta antes de entrar em casa.
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- Ah! Esta é a minha planta dos problemas. Eu sei que não posso evitar todos os
problemas no meu trabalho, mas eles não devem chegar até os meus filhos e minha
esposa. Então, toda noite, eu deixo meus problemas nesta árvore quando chego em
casa, e só os pego de volta no dia seguinte. E o senhor quer saber de uma coisa? Toda
manhã, quando volto para buscar meus problemas, eles não são nem metade daquilo
que eu lembro de ter deixado na noite anterior.
Jamais descarregue seus problemas e frustrações nos outros, principalmente naqueles
que você tanto ama.
***
A ÁRVORE ORGULHOSA
No livro Fábulas e Lendas de Leonardo da Vinci, encontramos uma adaptação do conto
“A árvore orgulhosa”. Diz ele:
“No meio de um jardim, junto a muitas outras árvores, havia um lindo cedro. Crescia a
cada ano que passava, e seus galhos eram muito mais altos do que os galhos das outras
árvores.
Tirem daí essa castanheira! — disse o cedro, inchado de orgulho ante a sua própria
beleza. E a castanheira foi removida.
Levem embora aquela figueira! — disse o cedro. — Ela me incomoda. — E a figueira foi
arrancada.
Tirem as macieiras! — prosseguiu o cedro, erguendo alto a sua bela cabeça. E as
macieiras se foram.
Assim, o cedro fez com que uma a uma todas as outras árvores fossem arrancadas, até
ficar sozinho, dono do grande jardim. Um dia, porém, houve uma forte ventania. O
lindo cedro lutou com todas as forças, agarrando-se à terra com suas longas raízes. Mas
o vento, sem outras árvores para detê-lo, dobrou e feriu o cedro e, finalmente, com
grande estrondo, derrubou-o ao chão.
***
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A BALSA DA MEDUSA
Óleo sobre tela - Théodore Géricault
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O Dr. Savigny começou, então, a dissecar os corpos dos que iam morrendo e a
dependurar as tiras de carne para secar ao sol e depois serem consumidas como
alimento.
O tabu do canibalismo desfez-se como nas palavras de Dante, no canto XXXIII do
Inferno, ao descrever a cena em que o Conde Ugolino, preso numa torre, com os seus
filhos pequenos e sem alimento, tentou manter-se vivo comendo a carne dos que
haviam morrido: “Dois dias após a sua morte ainda os chorava, depois a fome foi mais
forte do que o luto.”
Decorridos 13 dias à deriva, os quinze sobreviventes restantes da “Balsa da Medusa”
foram resgatados pelo Argus, um pequeno navio mercante.
Inspirado nas narrativas dos sobreviventes da “Balsa da Medusa”, o pintor francês
Théodore Géricault (1791-1824), pintou, em 18 meses de trabalho ininterrupto, o que
veio a ser a sua obra prima, em óleo sobre tela: “A balsa da Medusa.”
http://www.interconect.com.br/clientes/pontes/diversos/medusa.htm
***
Esta semana, durante minhas pesquisas na rede, me deparei com uma tela do pintor
francês THÉODORE GÉRICAULT (1791-1824) A BALSA DE MEDUSA (Museu do Louvre,
Paris . 40,64 cm X 56,69 cm), que gostei muito. A pintura despertou minha curiosidade
e então comecei a pesquisar os seus detalhes.
Fiquei surpreso ao saber o seu significado e o que o pintor quis transmitir. Após
descobrir o que inspirou o trabalho feito por Géricaut, decidi usar o mesmo nome“A
Balsa de Medusa” para o nosso Blog. Assim como ocorreu com os personagens da
história do naufrágio, também estaremos lidando com as adversidades enfrentadas por
gestores, líderes, gerentes e funcionários de todos os níveis hierárquicos, no dia-a-dia
profissional e pessoal.
Esta tela tinha como base um acontecimento contemporâneo, um naufrágio que
causou um grande escândalo político. O Medusa, navio do governo que transportava
colonos franceses para o Senegal, encalhou e afundou na costa oeste da África
(próximo à costa de Marrocos em 2 de julho de 1816), em virtude da incompetência do
capitão, nomeado por motivos políticos. O capitão e a tripulação foram os primeiros a
evacuar o navio e embarcaram nos barcos salva-vidas, que puxavam uma jangada
improvisada com os destroços do navio, com 149 passageiros amontoados. A certa
altura cortaram a corda que puxava a balsa, deixando os emigrantes à deriva sob o sol
equatorial por 12 dias (outras fontes relatam que a tempestade os arrastou por mar
aberto por mais de 27 dias sem rumo), sem comida nem água. Só 15 pessoas
sobreviveram. Géricault investigou o caso como um repórter, entrevistando os
sobreviventes para escutar suas histórias terríveis de fome, loucura e canibalismo. Fez
o máximo para ser autêntico, estudando até mesmo os corpos das vítimas. Construiu
uma jangada-modelo em seu ateliê e chegou a se amarrar ao mastro de um pequeno
barco durante uma tempestade, para melhor poder retratar o desespero dos
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sobreviventes. A linguagem corporal da luta, das pessoas contorcidas e dos passageiros
desnudos diz tudo a respeito da luta pela sobrevivência, tema que obcecava o artista.
No quadro, pode-se observar as diferentes ATITUDES HUMANAS que se manifestam
nos momentos cruciais da vida, naqueles momentos difíceis, em que uns se deixam
abater pelo desânimo, mas outros não desanimam e agitam panos na esperança de
serem vistos por algum navio.
Esse quadro nos leva a uma reflexão: e se você estivesse naquela situação do
naufrágio, em que lugar você estaria nessa pintura?
http://balsademedusa.blogspot.com.br/
***
A BUSCA DO REINO
Logo após Jesus concluir o famoso Sermão da Montanha, um homem do povo o
procurou, em particular, e assim se manifestou:
– Senhor, que devo fazer para alcançar o Reino de Deus?
O senhor examinou o íntimo daquele homem, apontou para a montanha onde havia
feito o seu sermão e recomendou:
– Terás que rodear esta montanha!
A exigência foi tão pequena que o homem ficou um pouco descrente. Ora, imaginava,
rodear a montanha não seria tão difícil. Conhecia o lugar e, com um pouquinho só de
esforço, atingiria aquele objetivo. De tão perplexo, voltou a perguntar:
– Senhor, bastará rodear a montanha? E o Mestre repetiu:
– Sim, faze isso!
O candidato ao céu começou, naquele instante, sua caminhada. Deu alguns passos e
sua mente, bastante excitada pelo desejo de conquistar o Reino de Deus, caiu em
profunda meditação. Viu-se no Paraíso, coberto de luz e glórias celestes. Sentiu fortes
emoções como a paz, a gratidão, o amor, a misericórdia e todos os sentimentos
nobres. Sentiu que amava e era amado. Percebeu como eram mesquinhas as
preocupações dos homens, diante de tanta felicidade que o Reino de Deus
proporcionava.
Moveu-lhe um impulso muito forte de enxugar as lágrimas dos que choram, de
socorrer os aflitos e de levar a luz a todos os lugares onde há trevas. Percebeu que
diáfanas luzes caíam do alto, tocando-lhe o coração, deixando-o enternecido e feliz.
Como desejava que todos os homens participassem daquele momento divino! E assim
caminhou, sem observar o caminho por onde passava, apenas sonhando, sonhando e
sonhando.
Com uma sensação de fadiga, saiu daquele estado de ilusão. Neste instante, teve um
grande susto e ficou bastante impressionado: ele se encontrava exatamente no local
onde iniciara a caminhada! Havia ou não circulado a montanha? Ele não sabia
responder. Não se lembrava de absolutamente nada.
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Com imensa dúvida, e sem compreender o que se passara, ele decidiu que faria nova
empreitada, desta vez mais atento ao caminho. Deu alguns passos e, sem se aperceber,
voltou a sonhar com o Reino de Deus. as mesmas sensações se repetiram. Uma
felicidade indescritível dominava-lhe o ser, fazendo-o viver a paz, a caridade, a
fraternidade, o amor ao próximo e todas as virtudes ensinadas pelo meigo Rabi da
Galiléia.
Quando despertou, com a mesma sensação anterior de fadiga, ficou perplexo: ele se
encontrava, novamente, no local onde iniciara a caminhada! Não havia saído do lugar.
Não conseguira rodear a montanha.
Fez a terceira tentativa e a mesma coisa. Quando lembrou de si, estava ali, no ponto de
partida. Do que se passara, nada recordava. Desapontado, foi à procura do Mestre, a
quem se dirigiu nestes termos:
– Senhor, por que eu não consigo rodear a montanha?
– Que buscavas? – perguntou Jesus.
– O Reino de Deus – disse o homem.
– Que viste? – completou o Senhor.
– Nada, nada!
– Que viste? – perguntou de novo o Senhor, agora tocando-lhe na testa.
– Senhor!... agora lembro! Das três vezes que tentei circundar a montanha, eu fui
tomado por uma visão celestial. Vi o Reino de Deus, representado pela paz, pelo amor,
pela misericórdia, pela caridade...
– Onde viste?
– Em minha imaginação, em minha mente.
– Tu que viste a paz, a gratidão, o amor, a misericórdia e todos os puros sentimentos
saindo de dentro de ti, onde achas que encontrarás o Reino de Deus?
Só então o homem recordou uma das lições do Mestre: “O Reino de Deus está dentro
de vós”.
APONTAMENTOS:
Se o Reino de Deus está dentro de nós, podemos dizer, por analogia, que o
inferno também está dentro de nós. Fazer aflorar as delícias do reino ou as
amarguras do Inferno é opção de cada um.
Em mão se espera que a felicidade venha de fora para dentro. Ela é um estado da
mente. O jovem apaixonado é feliz ao lado de sua amada, quer estejam num
palácio ou numa choupana.
Felicidade ou desgraça estão aí e vão continuar. Se você se sente na desgraça, saia
dela. Inove, recomece, planeje, sonhe, crie, faça algo diferente. Não é a desgraça
que nos deixa, somos nós que a deixamos.
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Veja o lado bom da vida. Viva cada momento com a consciência de que você é
feliz. No trabalho, na rua, no lar, na cama ou no chuveiro, deixe-se impregnar
pela certeza de que você está usufruindo o melhor, para aquele momento.
Empolgue-se pela vida. Exercite a técnica do “valeu a pena”. Seja agradecido à
vida. Recorde seu passado, mesmo os instantes menos felizes, com a conclusão
de que “valeu a pena”.
Valeu a pena Ter nascido aqui; Ter conhecido determinadas pessoas; Ter passado
por tal ou qual sofrimento; Ter namorado alguém. Valeu a pena.
“Vós sois a luz do mundo”(Mateus 5-14)
Extraído do livro: “Histórias que Ninguém Contou, Conselhos que Ninguém Deu”
Melcíades José de Brito – pg. 42
***
A CARTA
Uma carta escrita em um momento de desespero assinalaria o final de uma existência.
Entre prantos e lágrimas, eram narradas todas as dificuldades de uma jornada marcada
por desilusões e infelicidades.
Finalmente acabaria com essa trajetória trágica, não mais haveria dor. Ficariam para
trás todos aqueles que foram os seus algozes. Sim, não haveria outra saída para uma
existência marcada por tanto sofrimento.
Contudo havia um problema, para quem escreveria aquela carta? Em meio a tanta dor,
não se lembrava de um amigo. Aliás, se o tivesse, não precisaria recorrer a esse último
recurso. Isto fortalecia sua decisão, não havia motivo para continuar, queria o descanso
eterno.
Porém, o problema continuava: quem receberia sua carta? De repente, em meio ao seu
desequilíbrio, teve uma idéia: colocaria no correio enviando para sua própria pessoa, e
quando chegasse executaria a ação derradeira.
Saindo para o correio percebeu que o céu estava com um lindo azul e que algumas aves
voavam apesar da poluição da cidade, não encontrando uma árvore sequer para os
seus ninhos. Algumas flores, mesmo estando em terreno árido, insistiam em
apresentar as suas cores.
Suas observações foram interrompidas por uma colisão. Batendo em uma pessoa que
vinha em direção oposta derrubou a carta, a qual se misturou com tantas outras cartas
que a pessoa trazia.
Pegou a carta e resmungando, "Nem para morrer se tem paz".
Decidiu, então, não prosseguir para o correio, voltaria para casa e deixaria a carta
exposta, testemunha de sua dor para quem a encontrasse.
Ao chegar em casa percebeu que aquela não era a sua carta; na colisão pegou a errada.
E agora, quais serão as suas últimas palavras?
Parou para ler a carta trocada e espantou-se com o que encontrou. A carta dizia:
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"Meu Deus, como posso lhe agradecer a presença amorosa em todos esses anos de
vida? É verdade que foram anos difíceis, mas nunca me abandonastes, mesmo nos
momentos de dor e solidão sempre encontrei Tua presença, aliviando o meu fardo.
Hoje me arrependo por um dia ter pensado em pôr fim a minha vida, atentado contra
Tua Lei esquecendo-me que a morte não existe.
Agora compreendo a necessidade de experiências difíceis para o meu crescimento. Por
isso gostaria de fazer algo de bom. Pensei em escrever várias cartas pela cidade
transmitindo o seu amor. Confio que me guiarás para chegar às pessoas que
necessitam.
Estou feliz, não porque as dores acabaram, mas porque encontrei a Tua companhia e
com ela vencerei todos os obstáculos.
Irmão que recebeste esta carta confie, ore e prossiga. Não existem males intermináveis
e nem dores infinitas; a cada porta que se fecha novas luzes entram por outras janelas
que se abrem.
Confie, Deus guiará o seu caminho, lhe retirando as estradas das trevas para o caminho
da luz. Lembre-se que nenhuma ovelha se perderá".
Ao terminar a leitura chorou de arrependimento e conversou com o Pai de Infinita
Misericórdia. Novas energias chegaram ao seu coração, que se acalentou. Então,
percebeu que há muitos dias não abria as suas janelas, havia se fechado para a vida.
Correu e abriu as janelas, deixando a luz entrar e retomou a vida, agradecendo a Deus
por ela e por aquela carta que lhe trouxera nova direção.
***
A CASA QUEIMADA
Um certo homem saiu em uma viagem de avião. Era um homem temente a Deus, e
sabia que Deus o protegeria.
Durante a viagem, quando sobrevoavam o mar um dos motores falhou e o piloto teve
que fazer um pouso forçado no oceano.
Quase todos morreram, mas o homem conseguiu agarrar-se a alguma coisa que o
conservasse em cima da água.
Ficou boiando à deriva durante muito tempo até que chegou a uma ilha não habitada.
Ao chegar à praia, cansado, porém vivo, agradeceu a Deus por este livramento
maravilhoso da morte.
Ele conseguiu se alimentar de peixes e ervas.
Conseguiu derrubar algumas árvores e com muito esforço conseguiu construir uma
casinha para ele.
Não era bem uma casa, mas um abrigo tosco, com paus e folhas. Porém significava
proteção.
Ele ficou todo satisfeito e mais uma vez agradeceu a Deus, porque agora podia dormir
sem medo dos animais selvagens que talvez pudessem existir na ilha.
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Um dia, ele estava pescando e quando terminou, havia apanhado muitos peixes. Assim
com comida abundante, estava satisfeito com o resultado da pesca.
Porém, ao voltar-se na direção de sua casa, qual tamanha não foi sua decepção, ao ver
sua casa toda incendiada.
Ele se sentou em uma pedra chorando e dizendo em prantos:
"Deus! Como é que o Senhor podia deixar isto acontecer comigo? O Senhor sabe que eu
preciso muito desta casa para poder me abrigar e o Senhor deixou minha casa se
queimar todinha. Deus, o Senhor não tem compaixão de mim?"
Neste mesmo momento uma mão pousou no seu ombro e ele ouviu uma voz dizendo:
"Vamos rapaz?"
Ele se virou para ver quem estava falando com ele, e qual não foi sua surpresa quando
viu em sua frente um marinheiro todo fardado e dizendo:
"Vamos rapaz, nós viemos te buscar"
"Mas como é possível? Como vocês souberam que eu estava aqui?"
"Ora, amigo! Vimos os seus sinais de fumaça pedindo socorro. O capitão ordenou que o
navio parasse e me mandou vir lhe buscar naquele barco ali adiante."
MORAL DA HISTÓRIA
Lembrem-se:
Se algum dia o seu único abrigo estiver em chamas, esse pode ser o sinal de fumaça
que fará chegar até nós algo mais importante e melhor.
Procure nunca pensar no pior, pois Deus é justo e bom e visa sempre o nosso bem.
***
A CAUDA DO MUNDO
Havia um homem pobre que desejava algum dinheiro e tinha ouvido dizer que se
conseguisse agarrar um gênio poderia ordenar-lhe que lhe trouxesse dinheiro ou
qualquer outra coisa que desejasse. Estava, portanto, muito ansioso para agarrar um
gênio. Foi procurar um homem que lhe desse um gênio, e acabou por encontrar um
sábio com grandes poderes. Solicitou seu auxílio e o sábio perguntou-lhe o que faria ele
com um gênio.
- Desejo um gênio para trabalhar em meu benefício. Ensinai-me como agarrar um,
senhor. Desejo isso mais que tudo.
Mas o sábio respondeu:
- Não vos preocupeis. Voltai para a vossa casa.
No dia seguinte, o homem tornou a procurar o sábio, e começou a chorar e a suplicar:
- Dai-me um gênio. Preciso de um gênio, senhor, para ajudar-me.
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O sábio acabou por aborrecer-se, e disse-lhe:
- Tomai este talismã, repeti esta palavra mágica e o gênio virá, fazendo o que quer que
lhe ordeneis fazer. Mas tende cuidado. Os Gênios são terríveis e devem ser mantidos
constantemente ocupados. Se deixardes de dar trabalho ao vosso, ele vos tirará a vida.
O homem respondeu:
- Isso é fácil. Posso dar-lhe trabalho por toda a sua vida.
Então, foi à floresta, e depois de Ter repetido longamente a palavra mágica, um enorme
gênio lhe apareceu e disse:
- Sou um gênio. Fui conquistado por tua magia, mas deves manter-me constantemente
ocupado. No momento em que deixares de me dar trabalho, eu te matarei.
O homem disse:
- Constrói-me um palácio.
O gênio respondeu:
- Está feito. O palácio já está construído.
- Dá-me dinheiro - falou o homem.
- Aqui está o seu dinheiro - replicou o gênio
- Derruba esta floresta e constrói uma cidade em seu lugar.
- Está feito - disse o gênio - Mais alguma coisa?
Então o homem começou a se assustar e pensou que nada mais poderia ordenar ao
gênio, que fazia tudo num abrir e fechar de olhos.
O gênio declarou:
- Dá-me algo para fazer senão eu te comerei.
O pobre homem já não encontrava ocupação para ele e estava apavorado. Correu,
correu, e por fim encontrou o sábio e disse-lhe:
- Oh! Senhor, protegei a minha vida.
O sábio perguntou-lhe o que lhe acontecia, e o homem respondeu:
- Não tenho mais nada para ordenar ao gênio. Tudo o que eu lhe digo, ele faz num
momento, e ameaça comer-me se não lhe der trabalho.
Nesse momento chegou o gênio, dizendo:
- Eu te comerei.
E ia comer o homem, que começou a tremer, suplicando ao sábio que lhe salvasse a
vida. O sábio falou:
- Encontrarei uma saída. Olhai para este cão, que tem a cauda curva.
Arrancai rapidamente a vossa espada e cortai-lhe a cauda, dando-a ao gênio para
endireitá-la.
O homem cortou a cauda e, lenta e cuidadosamente, o gênio endireitou-a. Mal, porém,
largou dela, eis que de novo se enrolou. Assim ficou durante dias e dias, até que se
sentiu exausto e disse:
- Nunca na minha vida tive transtorno igual. Sou velho, um gênio veterano, mas nunca
cheguei a transtorno igual. Vou fazer uma combinação contigo:
liberta-me, e poderás conservar tudo quanto lhe dei, com a minha promessa de que não
te farei mal.
O homem ficou encantado e aceitou alegremente a oferta.
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Este mundo é como a cauda enrolada de um cão, e as pessoas levam a lutar para
endireitá-la durante centenas de anos. Quando largam dela, eis que de novo se enrola.
Como poderia ser de outra maneira?
É preciso, primeiro, saber como trabalhar sem apego, par que não se chegue a ser um
fanático. Quando soubermos que este mundo é como a cauda enrolada de um cão,
cauda que jamais poderá ser endireitada não nos tornaremos fanáticos. Se não houvesse
fanatismo no mundo, ele progrediria muito mais do que agora. É um erro supor que o
fanatismo pode impulsionar o progresso da humanidade. Pelo contrário, é um elemento
que retarda esse progresso, gerando ódio e cólera, e levando os indivíduos a lutarem uns
contra os outros, fazendo-os sentirem-se mutuamente antipáticos.
Pensamos que o que quer que possuamos ou façamos é a melhor coisa do mundo, e que
o que não possuímos nem fazemos nada vale. Lembrai-vos sempre, portanto, da história
da cauda enrolada do cão, de cada vez que tiverdes tendência para vos fanatizar. Não
precisai preocupar-vos ou ficar insones por causa do mundo, ele seguirá sem vós.
Quando tiverdes evitado o fanatismo, e só então, trabalhareis bem. O homem de cabeça
bem equilibrada, o homem calmo, de bom julgamento e nervos frios, dotado de grande
capacidade de simpatia e amor, é o que faz bom trabalho, e assim fazendo, faz bem a si
próprio. O fanático é insensato e não tem simpatia. Jamais pode endireitar o mundo,
nem se tornará puro ou perfeito.
***
16
Ora, a camisa do mascate estava rasgada e puída. Havia remendos nas calças e buracos
nos sapatos. As pessoas riram que alguém como ele pudesse mostrar-lhes como ser
feliz. Mas enquanto riam ele puxou uma corda comprida do cesto e a esticou entre os
dois postes na praça da cidade.
Então segurando o cesto diante de si, gritou:
- Povo desta cidade! Aqueles que estiverem insatisfeitos escrevam seus problemas num
pedaço de papel e ponham dentro deste cesto. Trocarei seus problemas por felicidade!
A multidão se aglomerou ao seu redor. Ninguém hesitou diante da chance de se livrar
dos problemas. Todo homem, mulher e criança da vila rabiscou sua queixa num pedaço
de papel e jogou no cesto.
Eles observaram o mascate pegar cada problema e pendurá-lo na corda. Quando ele
terminou, havia problemas tremulando em cada polegada da corda, de um extremo a
outro. Então ele disse:
- Agora cada um de vocês deve retirar desta linha mágica o menor problema que puder
encontrar.
Todos correram para examinar os problemas. Procuraram, manusearam os pedaços de
papel e ponderaram, cada qual tentando escolher o menor problema. Depois de algum
tempo a corda estava vazia.
Eis que cada um segurava o mesmíssimo problema que havia colocado no cesto. Cada
pessoa havia escolhido os seu próprio problema, julgando ser ele o menor da corda.
Daí por diante, o povo daquela cidade deixou de resmungar o tempo todo. E sempre
que alguém sentia o desejo de resmungar ou reclamar, pensava no mascate e na sua
corda mágica.
***
A DANÇA
Há uma linda história, que eu gostaria de contar. Aconteceu na vida de um grande
músico indiano, Tansen. Ele estava na corte do grande Akbar – e era incomparável.
Uma vez, Akbar perguntou:
– Não consigo imaginar que alguém possa superá-lo. Parece quase impossível. Mas
sempre que eu penso nisso, uma idéia me vem à mente: que você deve ter sido discípulo
de um mestre, e – quem sabe? – talvez ele o supere.
– Quem é seu mestre?, está vivo ainda? Se estiver vivo, convide-o para vir à corte.
– Ele está vivo – respondeu Tansen –, mas não pode ser convidado para a corte, porque
é como um animal selvagem. Não é um homem de sociedade. É como os ventos ou
como as nuvens. Um andarilho sem lar. E mais: você não pode pedir a ele que cante ou
toque, isso não é possível. Quando quer que ele sinta, ele canta. Sempre que sente,
dança. Teremos que ir até ele, esperar e observar.
Akbar ficou tão encantado, louco pelo que disse Tansen.
– E o mestre dele está vivo. Onde quer que esteja eu irei – disse Akbar.
17
O mestre era um faquir errante. Seu nome era Haridas. Tansen enviou mensageiros
para investigar onde estava. Foi encontrado perto do rio Jamuna, numa cabana. Akbar
e Tansen foram ouvi-lo. Os aldeões lhes disseram:
– Perto das três da manhã, bem no meio da noite, às vezes ele canta e dança. Mas, por
outro lado, permanece sentado em silêncio durante o dia todo.
Assim, no meio da noite, Akbar e Tansen, escondidos como ladrões atrás da cabana,
ficaram esperando.
Em seguida Haridas começou a cantar e a dançar. Akbar estava hipnotizado. Não podia
proferir uma única palavra, porque nada teria sido suficiente. Chorava. E enquanto
voltavam, depois que a canção parou, ele permaneceu silencioso. As lágrimas ainda
rolavam. Quando chegou ao palácio, ainda nos degraus, disse ele a Tansen:
– Eu costumava pensar que ninguém era capaz de superá-lo; costumava pensar que
você era o único, mas agora tenho que admitir que você não é nada, comparado a seu
mestre. Por que tanta diferença?
– A diferença é simples – respondeu Tansen. – Eu canto, eu toco para ganhar alguma
coisa: poder, prestígio, dinheiro, admiração. Minha música ainda é um meio para outro
fim. Eu canto para conseguir alguma coisa e meu mestre canta porque ele já conseguiu.
Essa é a diferença. Ele canta somente. Quando está pleno do Divino e não pode contê-lo
mais, quando transborda, somente então ele canta. Seu canto é um fim em si mesmo.
Ele celebra!
***
A ESTÓRIA DO MARTELO
Quando ficamos muito preocupados e sofremos por antecipação, geralmente
imaginamos coisas ou tiramos conclusões antecipadas de algo que ainda nem ocorreu,
muitas vezes equivocadas. É a tal ansiedade tomando conta de nós. Não devemos
deixar essa sensação de medo, de insegurança tomar conta do nosso íntimo, fazendo
com que sofremos por antecipação, ou pior, que tomemos atitude “insanas" pelo
simples fato de não sabermos esperar. Veja o que acontece quando nos antecipamos
aos acontecimentos:
Um homem queria pendurar um quadro. O prego ele já tinha, só faltava o martelo. O
vizinho possuía um, e o nosso homem resolveu ir até lá pedi-lo emprestado. Mas ficou
em dúvida:
Do livro: Sempre Pode Piorar ou A Arte de Ser (In) Feliz - Uma abordagem psicológica de Paul
Watzlawick - Editora Pedagógica e Universitária Ltda.
Quantas vezes deixamos de realizar algo bom pensando no que os outros iriam
pensar de nós!
www.metaforas.com.br
http://flavissimazary.blogspot.com/2011_03_01_archive.html
***
A ESTRELA VERDE
Era uma vez... Milhões e milhões de estrelas no céu. Havia estrelas de todas as cores:
brancas, lilazes, prateadas, douradas, vermelhas, azuis. Um dia, elas procuraram o
Senhor Deus, Todo-Poderoso, o Senhor Deus do Universo e disseram-lhe:
- Senhor Deus, gostaríamos de viver na Terra, entre os homens.
- Assim será feito - respondeu Deus. - Conservarei todas vocês pequeninas, como são
vistas, e podem descer à Terra
Conta-se que naquela noite, houve uma linda chuva de estrelas. Algumas se aninharam
nas torres das igrejas, outras foram brincar e correr com os vaga-lumes, no campo,
outras misturaram-se aos brinquedos das crianças e a Terra ficou maravilhosamente
iluminada. Porém, passado algum tempo, as estrelas resolveram abandonar os homens
e voltar para o Céu, deixando a Terra escura e triste.
- Por que voltaram? - perguntou Deus, a medida que elas chegavam ao Céu.
- Senhor, não nos foi possível permanecer na Terra. Lá existe muita miséria, muita
desgraça, muita fome, muita violência, muita guerra, muita maldade e muita doença.
E o Senhor lhes disse:
- Claro, o lugar real de vocês é aqui no Céu. A Terra é o lugar do transitório, daquilo que
se passa, do ruim, daquele que cai, daquele que erra, daquele que morre, é onde nada é
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perfeito. Aqui no Céu, é o lugar da perfeição. O lugar onde tudo é imutável, onde tudo é
eterno, onde nada padece.
Depois de chegarem todas as estrelas e conferindo o seu número, Deus falou de novo:
- Mas está faltando uma estrela. Perdeu-se no caminho?
Um anjo, que estava perto retrucou:
- Não, Senhor. Uma estrela resolveu ficar entre os homens. Ela descobriu que seu lugar
é exatamente onde existe imperfeição, onde há limites onde as coisas não vão bem.
- Mas que estrela é essa? - Voltou Deus a perguntar.
- Por coincidência, Senhor, era a única estrela dessa cor.
- E qual é a cor dessa estrela? - insistiu Deus.
E o anjo disse:
- A estrela é verde, Senhor. A estrela verde do sentimento de esperança.
E quando então olharam para a Terra, a estrela não estava só.
A Terra estava novamente iluminada, porque havia uma estrela verde no coração de
cada pessoa. Porque o único sentimento que o homem tem e Deus não tem é a
esperança. Deus já conhece o futuro, e a esperança é própria da natureza humana.
Própria daquele que cai, daquele que erra, daquele que não é perfeito, daquele que
ainda não sabe como será seu futuro.
***
A FÁBRICA DOS PENSAMENTOS
Era uma vez, uma linda fábrica chamada mente que produzia pensamentos. Esses
pensamentos eram neutros – nem bons nem ruins. Para produzir esses pensamentos
ela ia buscar a matéria prima no fornecedor chamado coração.
O coração lhe fornecia os insumos básicos chamados sentimentos. Na fábrica cada
pensamento produzido era mergulhado num sentimento escolhido e assim ficava
pronto o produto final: um pensamento revestido de sentimento.
A matéria prima sentimentos era encontrada de dois tipos: densa ou sutil. Na densa
encontramos uma grande variedade em forma de mágoa, culpa, intolerância,
ressentimento, ciúme, crítica, orgulho, ansiedade, medo, exagero, vingança,
agressividade, compulsão, gula, raiva, ódio, preconceito, egoísmo, desonestidade,
ilusão, solidão, rigidez, insegurança, mentira, pressa repressão, tristeza, vício, vaidade,
impaciência, depressão, etc...
Na sutil também tinha uma enorme variedade de sentimentos: humildade, perdão,
coragem, amor, compaixão, honestidade, compreensão, solitude, paz, justiça,
paciência, tolerância, segurança, sinceridade, desapego, calma, tranqüilidade, alegria,
serenidade, confiança, esperança, etc...
Esse produto final era enviado ao mercado chamado meio ambiente para que as
pessoas pudessem escolher, por sintonia, e levá-los consigo, passando a vibrar na
mesma freqüência vibratória do produto escolhido; ou então, o produto final era
enviado diretamente ao cliente, que só recebia se tivesse sintonia, ou seja, se vibrasse
na mesma freqüência do produto pensamento lhe enviado.
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Uma parte, do que a fábrica produzia, não podia ser reciclada, e era lançada ao rio
chamado corpo físico. A depender do tipo de matéria prima utilizada – sentimentos
densos ou sentimentos sutis – o rio ficava ou não poluído.
O rio corpo físico ficava poluído, sempre que recebia material dos produtos feitos com
a matéria prima dos sentimentos densos.
O processo de limpeza do rio corpo era chamado de doença. Esta expurgava do corpo
todo o material denso que a fábrica tinha lhe lançado. Quanto mais matéria prima de
sentimento denso era utilizada na produção do produto pensamento, mais poluído o
rio ficava e mais grave era a doença como processo de limpeza do rio corpo.
Após o processo de doença o rio corpo voltava a respirar tranqüilo, sereno, alegre e
feliz.
O rio corpo físico permanecia saudável e radiante, sempre que a fábrica produzia
pensamentos recheados de sentimentos sutis.
***
A FACE DE DEUS
Havia um pequeno menino que queria se encontrar com Deus.
Ele sabia que tinha um longo caminho pela frente, portanto ele encheu sua mochila
com pastéis e guaraná, e começou sua caminhada.
Quando ele andou umas 3 quadras, encontrou um velhinho sentado em um banco da
praça olhando os pássaros.
O menino sentou-se junto dele, abriu sua mochila, e ia tomar um gole de guaraná,
quando olhou o velhinho e viu que ele estava com fome, então ofereceu-lhe um pastel.
O velhinho muito agradecido aceitou e sorriu ao menino.
Seu sorriso era tão incrível que o menino quis ver de novo, então ele ofereceu-lhe seu
guaraná.
Mais uma vez o velhinho sorriu ao menino.
O menino estava muito feliz!
Ficaram sentados ali sorrindo, comendo pastel e bebendo guaraná pelo resto da tarde
sem falarem um ao outro.
Quando começou a escurecer o menino estava cansado e resolveu voltar para casa,
mas antes de sair ele se voltou e deu um grande abraço no velhinho.
O velhinho deu-lhe o maior sorriso que o menino já havia recebido.
Quando o menino entrou em casa, sua mãe surpresa perguntou ao ver a felicidade
estampada em sua face!
"O que você fez hoje que te deixou tão feliz?
Ele respondeu.
"Passei a tarde com Deus" e acrescentou "Você sabe, ele tem o mais lindo sorriso que
eu jamais vi"
Enquanto isso, o velhinho chegou em casa radiante, e seu filho perguntou:
"Por onde você esteve que te deixou tão feliz?"
21
Ele respondeu:
"Comi pasteis e tomei guaraná no parque com Deus".
Antes que seu filho pudesse dizer algo ele falou:
"Você sabe que ele é bem mais jovem do que eu pensava?"
REFLEXÃO:
***
A FELICIDADE NÃO ESTÁ ONDE SE PROCURA
Conto sufi
***
(*) Mulla Nasrudin (Khawajah Nasr Al-Din) viveu no século XIV. Contou e escreveu
histórias onde ele próprio era personagem. São histórias que atravessaram fronteiras
desde sua época, enraizando-se em várias culturas. Elas compõem um imenso conjunto
que integra a chamada Tradição Sufi, ou o Sufismo, filosofia de autoconhecimento de
antiga tradição persa e que se espalha pelo mundo até hoje.
22
O termo sufismo é utilizado para descrever um vasto grupo de correntes e práticas. As
ordens sufis (Tariqas) podem estar associadas ao islã sunita, islã xiita, a uma
combinação de várias correntes, ou a nenhuma delas. O pensamento sufi se fortaleceu
no Médio Oriente no século VIII e encontra-se hoje por todo o mundo.
De acordo com as grandes escolas de jurisprudência islâmica, o sufismo é considerado
como um movimento herético, tendo sido, por isso, perseguido inúmeras vezes ao
longo da história.
Conhecido por muitos como o misticismo do Islã, o sufismo é uma filosofia de
autoconhecimento e contato com o divino através de certas práticas as quais nem
sempre seguem um padrão fixo e frequentemente parecem incompreensíveis a um
observador que esteja fora do contexto de trabalho. Estas práticas devem ser aplicadas
por um professor.
Os sufis acreditam que Deus é amoroso e o contato com ele pode ser alcançado pelos
homens através de uma união mística, independente da religião praticada. Por este
conceito de Deus, foram, muitas vezes, acusados de blasfêmia e perseguidos pelos
próprios muçulmanos esotéricos, pois contrariavam a idéia convencional de Deus.
Fontes: http://contoseparabolas.no.sapo.pt/03outros/sufin.htm e
http://pt.wikipedia.org/wiki/Sufismo
***
A FITA ROXA
Um certo professor tinha o hábito de dar, no fim dos estudos, um fita roxa na qual se
podia ler:
Nessa altura, dizia a cada estudante porque razão o apreciava e porque razão as aulas
eram diferentes graças a ele.
Um dia, teve a idéia de estudar este processo sobre a comunidade, e enviou os seus
estudantes para entregar fitas a todos aqueles que conheciam e que “faziam toda a
diferença”.
Deu-lhes 3 fitas pedindo-lhes o seguinte:
“Entreguem uma fita roxa à pessoa que escolherem dizendo-lhe porque razão ela faz
toda a diferença para vocês, e dêem-lhe duas outras fitas para que ela própria entregue
também a alguém e assim sucessivamente. Depois, façam-me um relatório dos
resultados.”
Um dos estudantes saiu e foi entregar a fita ao patrão (porque trabalhava a meio
tempo) um fulano bastante rabugento, mas que, no fundo, apreciava.
O patrão ficou surpreendido, mas respondeu:
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“Pois bem, pois bem, claro, com certeza...”
O rapaz continuou,
“E aceitaria ficar com as 2 outras fitas roxas para as dar a alguém que, para si, faz toda
a diferença, tal como acabei de fazer? É para um inquérito que estamos a realizar na
universidade.”
“Esta bem.”
E, a noite, o nosso homem voltou para casa com a fita presa no casaco. Cumprimentou
o filho de 14 anos, e contou-lhe o sucedido:
“Hoje, aconteceu-me uma coisa espantosa. Um dos meus empregados deu-me uma fita
roxa na qual está escrito, como podes ver:
“A pessoa que sou faz toda a diferença”.
"Deu-me uma outra fita para entregar a alguém que conte muito para mim. Hoje o dia
foi difícil, mas no regresso pensei que havia uma pessoa, uma só, à qual tinha mesmo
vontade de dar. Estás a ver, ralho muitas vezes contigo porque não trabalhas o
suficiente, porque só pensas em sair com os amigos, porque o teu quarto é uma perfeita
desordem... Mas hoje quero dizer-te que tu és muito importante para mim. Tu fazes,
juntamente com a tua mãe, toda a diferença na minha vida e gostaria que aceitasses
esta fita roxa como testemunho do meu amor. Não te digo muitas vezes, mas és um
miúdo formidável!"
Mal acabou de falar, o rapaz começou a chorar, a chorar, com o corpo todo a tremer de
soluços.
O pai agarrou-o nos braços e disse-lhe:
“Bom, bom... Disse alguma coisa que te magoou?”
“Não pai... mas... snif... tinha decidido suicidar-me amanhã. Tinha tudo organizado
porque tinha a certeza de que não me amavas apesar dos meus esforços para te
agradar. Agora tudo mudou.”
Pense nisso, você pode mudar o rumo da vida de alguém! Para melhor!
***
A FORTUNA E O MENDIGO
(William J. Bennett - org. O Livro das Virtudes II - O Compasso Moral Editora Nova Fronteira)
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enviando-os para comerciar com países estrangeiros. Pensou que ia ganhar montanhas
em ouro.
"Mas caíram fortes tempestades; os navios naufragaram e toda a sua riqueza foi
engolida pelas ondas. Agora, todas as suas esperanças jazem no fundo do mar, e sua
grande riqueza desapareceu, como se acordasse de um sonho."
"Há muitos casos como esse. Os homens nunca ficam satisfeitos enquanto não
conseguem ganhar o mundo inteiro!"
"Quanto a mim, se tivesse o suficiente para comer e me vestir, não ia querer mais
nada!"
Nesse momento, a Fortuna veio descendo a rua e parou quando viu o mendigo. Disse-
lhe:
- Escute! Há muito tempo venho querendo ajudá-lo. Segure sua malinha enquanto eu
despejo umas moedas de ouro nela. Mas só faço isso com uma condição: o que ficar na
malinha será ouro puro, mas o que cair no chão vai virar poeira. Está compreendendo?
- Sim, sim, claro que compreendo - disse o mendigo.
- Então tome cuidado - disse a fortuna. - Sua malinha está velha, é melhor não a encher
muito.
O mendigo estava tão contente que mal podia esperar. Abriu rapidamente a malinha e
uma torrente de moedas de ouro foi despejada ali dentro. Logo, a malinha foi ficando
muito pesada.
- Já é o bastante? - perguntou a Fortuna.
- Ainda não.
- Mas ela já não está rachando?
- Que nada!
As mãos do mendigo começaram a tremer. Ah, se a torrente de ouro pudesse fluir
para sempre!
- Agora você já é o homem mais rico do mundo!
- Só mais um pouquinho - disse o mendigo. - Só mais uns punhados.
- Pronto, já está cheia. Essa malinha vai explodir!
- Mas ainda agüenta um pouquinho, só mais um pouquinho!
Caiu mais uma moeda - e a malinha estourou. O tesouro caiu ao chão e virou poeira. A
Fortuna havia desvanecido. Agora, o mendigo só tinha mesmo a malinha vazia, ainda
por cima rasgada de alto abaixo. Estava mais pobre do que antes.
***
A GALINHA E A ÁGUIA
Era uma vez um camponês que foi à floresta vizinha apanhar um pássaro, a fim de mantê-
lo cativo em casa. Conseguiu pegar um filhote de águia.
Colocou-o no galinheiro junto às galinhas. Cresceu como uma galinha.
Depois de cinco anos, esse homem recebeu em sua casa a visita de um naturalista.
Enquanto passeavam pelo jardim, disse o naturalista:
- Esse pássaro aí não é uma galinha. É uma águia.
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- De fato - disse o homem - é uma águia. Mas eu a criei como galinha. Ela não é mais
águia. É uma galinha como as outras.
- Não, - retrucou o naturalista - ela é e será sempre uma águia. Este coração a fará um dia
voar às alturas.
- Não - insistiu o camponês - ela virou galinha e jamais voará como águia.
Então decidiram fazer uma prova. O naturalista tomou a águia, ergueu-a bem alto e,
desafiando-a, disse:
- Já que você de fato é uma águia, já que você pertence ao céu e não à terra, então abra
suas asas e voe!
A águia ficou sentada sobre o braço estendido do naturalista. Olhava distraidamente ao
redor. Viu as galinhas lá embaixo, ciscando grãos. E pulou para junto delas.
O camponês comentou:
- Eu lhe disse, ela virou uma simples galinha!
- Não, - tornou a insistir o naturalista - ela é uma águia. E uma águia sempre será uma
águia. Vamos experimentar novamente amanhã.
No dia seguinte, o naturalista subiu com a águia no teto da casa.
Sussurrou-lhe:
- Águia, já que você é uma águia, abra suas asas e voe!
Mas, quando a águia viu lá embaixo as galinhas ciscando o chão, pulou e foi parar junto
delas.
O camponês sorriu e voltou a carga:
- Eu havia lhe dito, ela virou galinha!
- Não, - respondeu firmemente o naturalista - ela é águia e possui sempre um coração de
águia. Vamos experimentar ainda uma última vez. Amanhã a farei voar.
No dia seguinte, o naturalista e o camponês levantaram bem cedo. Pegaram a águia,
levaram-na para o alto de uma montanha. O sol estava nascendo e dourava os picos das
montanhas.
O naturalista ergueu a águia para o alto e ordenou-lhe:
- Águia, já que você é uma águia, já que você pertence ao céu e não à terra, abra suas
asas e voe!
A águia olhou ao redor. Tremia, como se experimentasse nova vida. Mas não voou. Então,
o naturalista segurou-a firmemente, bem na direção do sol, de sorte que seus olhos
pudessem se encher de claridade e ganhar as dimensões do vasto horizonte.
Foi quando ela abriu suas potentes asas.
Ergueu-se, soberana, sobre si mesma. E começou a voar, a voar para o alto e voar cada
vez mais para o alto.
Voou. E nunca mais retornou.
De Edna Feitosa
Esta é uma história que vem de um pequeno país da África Ocidental, Gana, narrada por um
educador popular, James Aggrey, nos inícios deste século, quando se davam os embates pela
descolonização.
26
***
A GALINHA VERMELHA
Uma galinha vermelha achou alguns grãos de trigo e disse a seus vizinhos:
- Se plantarmos este trigo, teremos pão para comer. Alguém quer me ajudar a plantá-
lo?
- Eu não!, disse a vaca.
- Nem eu!, emendou o pato.
- Eu também não!, falou o porco.
- Então eu mesma planto!, disse a galinha vermelha.
E assim o fez. O trigo cresceu alto e amadureceu em grãos dourados.
- Quem vai me ajudar a colher o trigo?, quis saber a galinha.
- Não faz parte de minhas funções!, disse o porco.
- Eu não me arriscaria a perder o seguro-desemprego!, exclamou o pato.
- Então eu mesma colho!, falou a galinha. E colheu o trigo ela mesma.
Finalmente, chegou a hora de preparar o pão.
- Quem vai me ajudar a assar o pão?, indagou a galinha vermelha.
- Só se me pagarem hora extra!, falou a vaca.
- Eu não posso por em risco meu auxílio-doença!, emendou o pato.
- Eu fugi da escola e nunca aprendi a fazer pão!, disse o porco.
Ela então assou cinco pães, e pôs todos numa cesta para que os vizinhos pudessem ver.
De repente, todo mundo queria pão, e exigiu um pedaço. Mas a galinha simplesmente
disse
- Não, eu vou comer os cinco pães sozinha.
- Lucros excessivos!, gritou a vaca.
- Sanguessuga capitalista!, exclamou o pato.
- Eu exijo direitos iguais!, bradou o ganso.
O porco, esse só grunhiu.
Eles pintaram faixas e cartazes dizendo "Injustiça" e marcharam em protesto contra a
galinha, gritando obscenidades.
Quando um agente do governo chegou, disse à galinhazinha vermelha:
- Você não pode ser assim egoísta!
- Mas eu ganhei esse pão com meu próprio suor!, defendeu-se a galinha.
- Exatamente!, disse o funcionário do governo.
- Essa é a beleza da livre empresa. Qualquer um aqui na fazenda pode ganhar o quanto
quiser. Mas sob nossas modernas regulamentações governamentais, os trabalhadores
mais produtivos têm que dividir o produto de seu trabalho com os que não fazem nada!
E todos viveram felizes para sempre, inclusive a pequena galinha vermelha, que sorriu
e cocoricou:
- Eu estou grata! Eu estou grata!
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Mas os vizinhos sempre se perguntavam por que a galinha nunca mais fez um pão, por
que após um ano todos morreram de fome, e por que a fazenda faliu...
Moral da estória
Quando não se valoriza quem trabalha, corre-se o risco de entrar em falência moral,
intelectual, social, econômica e cultural!
O trabalho, é lei da Natureza mediante a qual o homem forja o próprio progresso
desenvolvendo as possibilidades do meio ambiente em que se situa, ampliando os
recursos de preservação da vida, por meio das suas necessidades imediatas na
comunidade social onde vive. Desde as imperiosas necessidades de comer e beber,
defender-se dos excessos climatéricos até os processos de garantia e preservação da
espécie, pela reprodução, o homem vê-se coagido a lei do trabalho.
A lei do trabalho impõe-se a todos e ninguém fugirá dela impunemente, deixando de
ser surpreendido mais adiante... A homem algum é permitido usufruir os benefícios do
trabalho de outro sem a justa retribuição e toda exploração imposta pelo usuário
representa cárcere e algema para si próprio.
Ninguém logrará resultado excelente, sem esforçar-se, conferindo à obra do bem o
melhor de si mesmo.
***
A HISTÓRIA DA LAGARTA
Imagine uma lagarta. Passa grande parte de sua vida no chão, olhando os pássaros,
indignada com seu destino e com sua forma.
"Sou a mais desprezível das criaturas", pensa.
"Feia, repulsiva, condenada a rastejar pela terra."
Um dia, entretanto, a Natureza pede que faça um casulo.
A lagarta se assusta - jamais fizera um casulo antes.
Pensa que está construindo seu túmulo, e prepara-se para morrer.
Embora indignada com a vida que levou até então, reclama novamente com Deus.
"Quando finalmente me acostumei, o Senhor me tira o pouco que tenho."
Desesperada, tranca-se no casulo e aguarda o fim.
Alguns dias depois, vê-se transformada numa linda borboleta.
Pode passear pelos céus, e ser admirada pelos homens.
Surpreende-se com o sentido da vida e com os desígnios de Deus.
***
A HISTÓRIA DE UM JARDIM
Amanheceu, o dia era lindo, o sol brilhava, o jardim cheio de flores, cada uma delas
mais imponente e perfumada que a outra, começava enfim a primavera.
Haviam rosas desabrochando, papoulas excitadas, jasmins que balançavam ao vento,
margaridas em grupos, violetas excêntricas.
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O jardim mais parecia uma festa a luz do dia.
Todos que ali passavam admiravam a riqueza daquele instante, a profundidade
daquele momento e podiam sentir aquele aroma que trazia paz.
Conservar a beleza de um jardim, não é ser artista, ser artista é perceber, entender,
aceitar e sentir a tristeza de uma única flor que se esconde no meio de tantas.
***
A LATINHA DE LEITE
Um fato real. Dois irmãozinhos maltrapilhos, provenientes da favela, um deles de cinco
anos e o outro de dez, iam pedindo um pouco de comida pelas casas da rua que beira o
morro. Estavam famintos "vai trabalhar e não amole", ouvia-se detrás da porta; "aqui
não há nada moleque...", dizia outro...
As múltiplas tentativas frustradas entristeciam as crianças... Por fim, uma senhora
muito atenta disse-lhes "Vou ver se tenho alguma coisa para vocês... coitadinhos!"E
voltou com uma latinha de leite.
Que festa! Ambos se sentaram na calçada. O menorzinho disse para o de dez anos"você
é mais velho, tome primeiro..." e olhava para ele com seus dentes brancos, a boca
semi-aberta, mexendo a ponta da língua.
Eu, como um tolo, contemplava a cena... Se vocês vissem o mais velho olhando de lado
para o pequenino! Leva a lata à boca e, fazendo gesto de beber, aperta fortemente os
lábios para que por eles não penetre uma só gota de leite. Depois, estendendo a lata,
diz ao irmão:
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"Agora é sua vez, só um pouco." E o irmãozinho, dando um grande gole exclama"como
está gostoso!"
"Agora eu", diz o mais velho. E levando a latinha, já meio vazia, à boca, não bebe
nada. "Agora você", "Agora eu", "Agora você", "Agora eu"...
E, depois de três, quatro, cinco ou seis goles, o menorzinho, de cabelo encaracolado,
barrigudinho, com a camisa de fora esgota o leite todo... ele sozinho.
Esse "Agora você", "Agora eu" encheram-me os olhos de lágrimas...
E então, aconteceu algo que me pareceu extraordinário. O mais velho começou a
cantar, a sambar, a jogar futebol com a lata de leite. Estava radiante, o estômago vazio,
mas o coração trasbordante de alegria. Pulava com a naturalidade de quem não fez
nada de extraordinário, ou melhor, com a naturalidade de quem está habituado a fazer
coisas extraordinárias sem dar-lhes maior importância.
Daquele moleque nós podemos aprender a grande lição, "quem dá é mais feliz do que
quem recebe". É assim que nós temos de amar. Sacrificando-nos com tal naturalidade,
com tal elegância, com tal discrição, que os outros nem sequer possam agradecer-nos o
serviço que nós lhe prestamos.
***
A LENDA DA CONCHA!
Há muito tempo não chovia naquela terra. Estava tão quente e seco que as flores
ficaram murchas, o capim tornara-se marrom e até mesmo as árvores grandes e fortes
estavam morrendo.
A água evaporou nos rios e nos córregos, os poços estavam secos e as fontes pararam
de jorrar. As vacas, os cães, os cavalos, os pássaros e todas as pessoas tinham muita
sede. Todos se sentiam incomodados e doentes.
Havia uma menininha cuja mãe ficara muito doente. - Oh! Se eu puder encontrar um
pouco d’água para minha mãe, tenho certeza de que ela ficará bem outra vez. Eu
preciso achar água.
Então ela pegou uma concha de lata e começou a procurar água. Encontrou uma
pequenina fonte no alto da encosta da montanha. A fonte estava quase seca. A água
pingava muito devagar por sob a pedra.
A menininha posicionou a concha cuidadosamente e colheu as gotas. Ela esperou
muito, muito tempo até que a concha ficasse cheia d’água. Então, ela começou a
descer a montanha segurando a concha com muito cuidado, por que não queria
derramar uma gota sequer.
No caminho ela encontrou um pobre cachorrinho. Ele mal se arrastava. Arfava
sofregamente à procura de ar e sua língua estava pendurada de tão seca.
- Oh, pobre cachorrinho! - disse a menininha - você está com muita sede. Eu não posso
deixá-lo sem um pouco de água. Se eu lhe der só um pouquinho, ainda restará bastante
para minha mãe. Então a menininha verteu um pouco d’água em sua mão e deu de
beber ao cachorrinho.
30
Ele tomou a água bem depressa e se sentiu tão melhor que pulou e latiu como que
dizendo: "obrigada menininha".
A menina não reparou, mas sua concha de lata se havia transformado numa concha de
prata e estava tão cheia de água quanto antes.
Pensou em sua mãe e andou o mais depressa possível. Chegou em casa no final da
tarde, quando já escurecia. A menininha abriu a porta e correu para o quarto da mãe.
Quando entrou no quarto, a velha empregada que ajudava no serviço e trabalhara o
dia inteiro sem descansar tomando conta da doente, caminhou até a porta. Ela estava
tão cansada e com tanta sede que nem conseguiu falar com a menininha.
- Dê-lhe um pouco d’água! - disse a mãe - ela trabalhou o dia inteiro, e precisa mais de
água do que eu.
A menininha levou a concha aos lábios da velha e ela bebeu parte da água. Na mesma
hora, a empregada se sentiu melhor e mais forte; caminhou até a mãe e a levantou.
A menininha não reparou que a concha transformara-se em ouro e estava tão cheia de
água quanto antes.
Então levou a concha até os lábios da mãe, que bebeu e bebeu. A mãe se sentiu tão
melhor! Quando terminou de beber, ainda havia um pouco de água na concha. A
menininha ia levá-la aos próprios lábios, quando ouviu uma batida na porta.
A empregada foi abrir e lá estava um forasteiro muito abatido e coberto de poeira da
estrada.
- Estou com sede - disse - quer me dar um pouco de água?
A menininha respondeu:
- Claro que sim, tenho certeza de que você precisa mais do que eu. Beba tudo.
O forasteiro sorriu e tomou a concha nas mãos; quando a segurou, ela transformou-se
numa cocha de diamantes.
Ele a virou de cabeça para baixo e a água derramada se infiltrou no chão. No lugar onde
a água se infiltrou, surgiu uma fonte. A água fresca minava e corria tão farta que deu de
beber a todas as pessoas e a todos os animais daquela terra para sempre.
APONTAMENTO:
***
33
A LENDA DO PEIXINHO VERMELHO
Transcrito do prefácio do livro "LIBERTAÇÃO"
[Emmanuel (fev. 1949)],
de André Luiz
Psicografia de
Francisco Cândido Xavier
34
Habituado com o pouco, vivia com extrema simplicidade, jamais perdendo a leveza e a
agilidade naturais.
Conseguiu, desse modo, atingir o oceano, ébrio de novidade e sedento de estudo.
De início, porém, fascinado pela paixão de observar, aproximou-se de uma baleia para
quem toda a água do lago em que vivera não seria mais que diminuta ração;
impressionado com o espetáculo, abeirou-se dela mais que devia e foi tragado com os
elementos que lhe constituíam a primeira refeição diária.
Em apuros, o peixinho aflito orou ao Deus dos Peixes, rogando proteção no bojo do
monstro e, não obstante as trevas em que pedia salvamento, sua prece foi ouvida,
porque o valente cetáceo começou a soluçar e vomitou, restituindo-o às correntes
marinhas.
O pequeno viajante, agradecido e feliz, procurou companhias simpáticas e aprendeu a
evitar os perigos e tentações.
Plenamente transformado em suas concepções do mundo, passou a reparar as infinitas
riquezas da vida. Encontrou plantas luminosas, animais estranhos, estrelas móveis e
flores diferentes no seio das águas. Sobretudo, descobriu a existência de muitos
peixinhos, estudiosos e delgados tanto quanto ele, junto dos quais se sentia
maravilhosamente feliz.
Vivia, agora, sorridente e calmo, no Palácio de Coral que elegera, com centenas de
amigos, para residência ditosa, quando, ao se referir ao seu começo laborioso, veio a
saber que somente no mar as criaturas aquáticas dispunham de mais sólida garantia,
de vez que, quando o estio se fizesse mais arrasador, as águas de outra altitude,
continuariam a correr para o oceano.
O peixinho pensou, pensou... e sentindo imensa compaixão daqueles com quem
convivera na infância, deliberou consagrar-se à obra do progresso e salvação deles.
Não seria justo regressar e anunciar-lhes a verdade? não seria nobre ampará-los,
prestando-lhes a tempo valiosas informações?
Não hesitou.
Fortalecido pela generosidade de irmãos benfeitores que com ele viviam no Palácio de
Coral, empreendeu comprida viagem de volta.
Tornou ao rio, do rio dirigiu-se aos regatos e dos regatos se encaminhou para os
canaizinhos que o conduziram ao primitivo lar.
Esbelto e satisfeito como sempre, pela vida de estudo e serviço a que se devotava,
varou a grade e procurou, ansiosamente, os velhos companheiros. Estimulado pela
proeza de amor que efetuava, supôs que o seu regresso causasse surpresa e
entusiasmo gerais. Certo, a coletividade inteira lhe celebraria o feito, mas depressa
verificou que ninguém se mexia.
Todos os peixes continuavam pesados e ociosos, repimpados nos mesmos ninhos
lodacentos, protegidos por flores de lotus, de onde saíam apenas para disputar larvas,
moscas ou minhocas desprezíveis.
Gritou que voltara a casa, mas não houve quem lhe prestasse atenção, porquanto
ninguém, ali, havia dado pela ausência dele.
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Ridicularizado, procurou, então, o rei de guelras enormes e comunicou-lhe a reveladora
aventura. O soberano, algo entorpecido pela mania de grandeza, reuniu o povo e
permitiu que o mensageiro se explicasse.
O benfeitor desprezado, valendo-se do ensejo, esclareceu, com ênfase, que havia outro
mundo líquido, glorioso e sem fim. Aquele poço era uma insignificância que podia
desaparecer, de momento para outro. Além do escoadouro próximo desdobravam-se
outra vida e outra experiência. Lá fora, corriam regatos ornados de flores, rios
caudalosos repletos de seres diferentes e, por fim, o mar, onde a vida aparece cada vez
mais rica e mais surpreendente. Descreveu o serviço de tainhas e salmões, de trutas e
esqualos. Deu notícias do peixe-lua, do peixe-coelho e do galo-do-mar. Contou que vira
o céu repleto de astros sublimes e que descobrira árvores gigantescas, barcos imensos,
cidades praieiras, monstros temíveis, jardins submersos, estrelas do oceanos e
ofereceu-se para conduzi-los ao Palácio de Coral, onde viveriam todos, prósperos e
tranqüilos. Finalmente os informou de que semelhante felicidade, porém, tinha
igualmente seu preço. Deveriam todos emagrecer, convenientemente, abstendo-se de
devorar tanta larva e tanto verme nas locas escuras e aprendendo a trabalhar e estudar
tanto quanto era necessário à venturosa jornada.
Antes que terminou, gargalhadas estridentes coroaram-lhe a preleção.
Ninguém acreditou nele.
Alguns oradores tomaram a palavra e afirmaram, solenes, que o peixinho vermelho
delirava, que outra vida além do poço era francamente impossível, que aquelas história
de riachos, rios e oceanos era mera fantasia de cérebro demente e alguns chegaram a
declarar que falavam em nome do Deus dos Peixes, que trazia os olhos voltados para
eles unicamente.
O soberano da comunidade, para melhor ironizar o peixinho, dirigiu-se em companhia
dele até a grade de escoamento e, tentando, de longe, a travessia, exclamou,
borbulhante:
- "Não vês que não cabe aqui nem uma só de minhas barbatanas? Grande tolo! vai-te
daqui! não nos perturbes o bem-estar... Nosso lago é o centro do Universo... Ninguém
possui vida igual à nossa!..."
Expulso a golpes de sarcasmo, o peixinho realizou a viagem de retorno e instalou-se,
em definitivo, no Palácio de Coral, aguardando o tempo.
Depois de alguns anos, apareceu pavorosa e devastadora seca.
As águas desceram de nível. E o poço onde viviam os peixes pachorrentos e vaidosos
esvaziou-se, compelindo a comunidade inteira a perecer, atolada na lama...
***
36
A LIBÉLULA
Extraído do livro Sabedoria em Parábolas,
Prof. Felipe Aquino
Num lugar muito bonito, onde havia árvores, flores e um lindo lago...
Certo dia surgiu um casulo...
E quando ele se rompeu, de dentro saiu voando uma linda libélula.
E ela ficou tão encantada com o lugar, que voou por cada pedacinho...
Brincou nas flores, nas árvores, no lago, nas nuvens...
E quando ela tinha conhecido tudo... no alto de uma colina, avistou uma casa...
A casa do homem... e a libélula havia de conhecer a casa do homem... e foi voando pra
lá...
E então, a libélula entrou por uma janela, justo a janela da cozinha...
E nesse dia, uma grande festa era preparada.
Um homem com um chapéu branco... grande... dava ordens para os criados...
Mas a libélula não se preocupou com isso, brincou entre os cristais se viu na bandeja de
prata, explorou cada pedacinho daquele novo mundo...
Quando de repente, ela viu sobre a mesa... uma tigela cheia de nuvens!!!
E a libélula não resistiu, ela tinha adorado brincar nas nuvens... e mergulhou...
Mas quando mergulhou... ahhhhh... aquilo não eram nuvens, e ela foi ficando toda
grudada, e quando mais ela se mexia tentando escapar... ahhhh... mais ela afundava...
E a libélula começou a rezar, fazia promessas e dizia que se conseguisse sair dali,
dedicara o resto de seus dias a ajudar os insetos voadores... e ela rezava e pedia...
Até que o chefe da cozinha começou a ouvir um barulhinho, e ele não sabia que era
uma libélula rezando e quando olhou na tigela de claras em neve... arghhh um inseto!!!
E ele pegou a libélula e a atirou pela janela...
A libélula então se arrastou para um pedacinho de grama, e sob o sol começou a se
limpar... e quando se viu liberta... ahhhh ela estava tão cansada que se virou pra Deus e
disse:
- Eu prometi dedicar o resto de minha vida a ajudar os outros insetos voadores, mas
agora estou tão cansada, que prometo cumprir minha promessa a partir de amanhã...
E a libélula adormeceu... Mas o que ela não sabia, e você também não sabe, é que
libélulas vivem apenas um dia... E naquele pedacinho de grama, a libélula adormeceu, e
não mais acordou.
REFLEXÃO:
Se tiver que fazer alguma coisa de bom, faça hoje, faça agora, faça já, pois amanhã
pode ser tarde demais.
***
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A LIÇÃO DO FOGO
Um membro de um determinado grupo, ao qual prestava serviços regularmente, sem
nenhum aviso deixou de participar de suas atividades.
Após algumas semanas, o líder daquele grupo decidiu visitá-lo. Era uma noite muito fria.
O líder encontrou o homem em casa sozinho, sentado diante da lareira, onde ardia um
fogo brilhante e acolhedor.
Adivinhando a razão da visita, o homem deu as boas-vindas ao líder, conduziu-o a uma
grande cadeira perto da lareira e ficou quieto, esperando.
O líder acomodou-se confortavelmente no local indicado, mas não disse nada.
No silêncio sério que se formara, apenas contemplava a dança das chamas em torno das
achas de lenha, que ardiam.
Ao cabo de alguns minutos, o líder examinou as brasas que se formaram e
cuidadosamente selecionou uma delas, a mais incandescente de todas, empurrando-a
para o lado.
Voltou então a sentar-se, permanecendo silencioso e imóvel.
O anfitrião prestava atenção a tudo, fascinado e quieto.
Aos poucos a chama da brasa solitária diminuía, até que houve um brilho momentâneo e
seu fogo apagou-se de vez.
Em pouco tempo o que antes era uma festa de calor e luz, agora não passava de um
negro, frio e morto pedaço de carvão recoberto de uma espessa camada de fuligem
acinzentada.
Nenhuma palavra tinha sido dita desde o protocolar cumprimento inicial entre os dois
amigos.
O líder, antes de se preparar para sair, manipulou novamente o carvão frio e inútil,
colocando-o de volta no meio do fogo.
Quase que imediatamente ele tornou a incandescer, alimentado pela luz e calor dos
carvões ardentes em torno dele.
Quando o líder alcançou a porta para partir, seu anfitrião disse:
- Obrigado. Por sua visita e pelo belíssimo sermão. Estou voltando ao convívio do grupo.
Deus te abençoe!
Reflexão:
Aos membros de um grupo vale lembrar que eles fazem parte da chama e que longe do
grupo eles perdem todo o brilho. Aos lideres vale lembrar que eles são responsáveis por
manter acesa a chama de cada um e por promover a união entre todos os membros, para
que o fogo seja realmente forte, eficaz e duradouro.
***
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A MACIEIRA ENCANTADA
Autora: Maria Madalena de Oliveira Junqueira Leite
e-mail: [email protected]
Master Practitioner em Programação Neurolingüística, com especialização em Saúde
http://www.metaforas.com.br/metaforas/g50metaf.htm
Era uma vez um reino antigo e pobre, situado perto de uma grande montanha.
Havia uma lenda de que, no alto dessa montanha havia uma Macieira mágica, que
produzia maçãs de ouro. Para colher as maçãs era preciso chegar até lá, enfrentando
todas as situações que aparecessem no caminho. Nunca ninguém havia conseguido essa
façanha, conforme dizia a lenda.
O Rei do lugar resolveu oferecer um grande prêmio àquele que se dispusesse a fazer essa
viagem e que conseguisse trazer as maçãs, pois assim o reino estaria a salvo da pobreza e
das dificuldades que o povo enfrentava. O prêmio seria da escolha do vencedor e incluía a
mão da princesa em casamento.
Apareceram três valorosos e corajosos cavaleiros dispostos a essa aventura tão difícil.
Eles deveriam seguir separados e, por coincidência, havia três caminhos:
Foi efetuado um sorteio para ver quem escolheria em primeiro lugar um desses caminhos.
O primeiro sorteado escolheu, naturalmente, o Primeiro caminho. O segundo sorteado
escolheu o Segundo caminho. O terceiro sorteado, sem nenhuma outra opção, aceitou o
Terceiro caminho.
Eles partiram juntos, no mesmo horário, levando consigo apenas uma mochila contendo
alimentos, agasalhos e algumas ferramentas.
O Primeiro, com muita facilidade chegou rapidamente até a montanha, subiu, feliz por
acreditar que seria o vencedor e quando se deparou com a Macieira Encantada sorriu de
felicidade. O que ele não esperava, porém, é que ela fosse tão inatingível. Como chegar
até as maçãs? Elas estavam em galhos muito altos. Não havia como subir. O tronco era
muito alto também. Ele não possuía nenhum meio de chegar até lá em cima. Ficou
esperando o Segundo chegar para resolverem juntos a questão.
O Segundo enfrentou galhardamente a primeira situação com a qual se deparou, porém
logo em seguida apareceu outra, e logo depois mais uma e mais outra, sendo algumas
delas um tanto difíceis de superar. Ele acabou ficando cansado, esgotado até ficar doente,
e cair prostrado. Quando se deu conta de seu péssimo estado físico, foi obrigado a
retroceder e voltou para a aldeia, onde foi internado para cuidados médicos.
O Terceiro teve seu primeiro teste quando acabou sua água e ele chegou a um poço.
Quando puxou o balde, arrebentou a corda e ele então, rapidamente, com suas
39
ferramentas e alguns galhos, improvisou uma escada para descer até o poço e retirar a
água para saciar sua sede. Resolveu levar a escada consigo e também a corda remendada.
Percebeu que estava começando a gostar muito dessa aventura.
Depois de descansar, seguiu viagem e precisou atravessar um rio com uma correnteza
fortíssima. Construiu, então, uma pequena jangada e com uma vara de bambu como
apoio, conseguiu chegar do outro lado do rio, protegendo assim sua mochila, seus
agasalhos e todo o material que levava consigo para o momento que precisasse deles,
incluindo a jangada.
Em um outro ponto do caminho ele teve de cortar o mato denso e passar por cima de
grossos troncos. Com esses troncos ele fez rodas para facilitar o transporte do seu
material, usando também a corda para puxar.
E assim, sucessivamente, a cada nova situação que surgia, como ele não tinha pressa,
calmamente, fazendo uso de tudo o que estava aprendendo nessa viagem e do material
que, prudentemente guardara, resolvia facilmente a questão.
A viagem foi longa, cheia de situações diferentes, de detalhes, e logo chegou o momento
esperado, quando ele se defrontou com a Macieira Encantada. O Primeiro havia se
cansado de esperar e também retornara ao povoado.
O encanto da Macieira tomou conta do Terceiro. Ela era tão linda, grande, alta, brilhante.
Os raios do sol incidindo nos frutos dourados irradiavam uma luz imensa que o deixou
extasiado. Quanto mais olhava para a luz dourada, mais ele se sentia invadir por ela, e
percebeu que todo o seu corpo parecia estar também dourado. Nesse momento ele
sentiu como se uma onda de sabedoria tomasse conta de seu ser. Com essa sensação
maravilhosa ele se deixou ficar, inebriado, durante longo tempo. Depois do impacto ele se
pôs a trabalhar e preparou cuidadosamente, seu material, fazendo uso de todos os seus
recursos. Transformou a jangada numa grande cesta, para guardar as maçãs dentro, subiu
na árvore, pela escada, usou o bambu para empurrar as maçãs mais altas e mais distantes.
Tudo isso e mais algumas providências que sua criatividade lhe sugeriu para facilitar seu
trabalho, que havia se transformado em prazer.
Depois de encher a cesta com as maçãs, e com a certeza de que poderia voltar ali quando
quisesse, por ser a Macieira pródiga, ele agradeceu a Deus por ter chegado, por ter
conseguido concluir seu objetivo. Agradeceu principalmente a si mesmo pela coragem e
persistência na utilização de todos os seus recursos, como inteligência e criatividade.
Voltou pelo caminho mais fácil, levando consigo os frutos de seu trabalho e de seus
esforços, frutos esses colhidos com muita competência e merecimento. Descobriu, entre
outras coisas que:
tudo que apareceu em seu caminho foi útil e importante para sua vitória;
cada uma das situações que ele resolveu, foi de grande aprendizado, não só
para aquele momento, mas também para vários outros na sua vida futura;
quando você faz do seu trabalho um prazer, suas chances de sucesso são
muito maiores;
quando seu objetivo vale a pena, não há nada que o faça desistir no meio do
caminho;
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a sua vitória poderia beneficiar a vida de muita gente e também servir de
exemplo a outras pessoas, a quem ele poderia ensinar tudo o que aprendeu
nessa trajetória.
O resto da história vocês podem imaginar. E como toda história que se preze, viveram
felizes para sempre...
Eu gostaria de convidar a todos que lerem essa metáfora a fazerem uma reflexão sobre
seu conteúdo e acrescentar, de acordo com a sua própria experiência e compreensão do
texto, novas descobertas e possíveis benefícios e aprendizado, tanto para si, quanto para
outras pessoas.
***
A MARAVILHOSA HISTÓRIA DO GRANDE MÚSICO TANSEN
Rabindranath Tagore
(De Tagore Selected Poems, Nova Delhi, 1976.)
O sufi Inayat Khan conta-nos a maravilhosa história do grande músico Tansen, da corte do
imperador Akbar:
- Dize-me, grande músico - perguntou o imperador -, quem foi teu mestre?
E ele respondeu:
- Magestade, meu mestre é um músico bastante famoso; porém, mais do que isso, não
posso chamá-lo de músico, mas de a Música em si.
E o imperador insistiu:
- Posso ouvir teu mestre cantar?
E Tansen respondeu:
- Talvez. Posso tentar, mas não podeis pensar em trazê-lo para esta corte.
E o imperador insistiu:
- Poderei então ir ao encontro dele?
E o músico respondeu:
- Seu orgulho poderia até fazê-lo revoltar-se por ter de cantar diante de um rei.
E Akbar insistiu:
- E se eu for como teu servo?
Tansen respondeu:
- Bem, há certa esperança nisto.
Assim, ambos foram aos Himalaias, para as altas montanhas, onde um sábio tinha seu
templo musical numa caverna, vivendo em contato com a Natureza e em sintonia com o
Infinito. Lá chegando, estando o músico a cavalo e Akbar a pé, o sábio observou que o
imperador se humilhara para poder ouvir sua música e sentiu-se inclinado a cantar para
ele. E, quando veio a vontade de cantar, cantou. E seu canto foi grande, verdadeiro
fenômeno psíquico. Era como se todas as plantas e árvores da floresta estivessem
vibrando. Era uma canção universal. A profunda impressão que isso causou em Akbar e
Tansen foi maior do que poderiam suportar. Mergulharam ambos, num estado de transe,
de tranqüilidade, de paz. Quando abriram os olhos, o Mestre já não estava mais ali. O
imperador disse:
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- Que estranho fenômeno! Mas... para onde foi o Mestre?
Tansen respondeu:
- Jamais o vereis nesta caverna novamente, pois, se uma vez apenas um homem provar
desta canção, há de persegui-la para sempre, ainda que isto lhe custe a vida.
Certo dia, quando estavam em casa, o imperador perguntou ao músico:
- Dize-me que tipo de Raga, que canção teu Mestre cantou?
Tansen disse-lhe o nome da Raga e cantou para ele. O imperador, porém, não se sentiu
satisfeito e disse:
- Sim é a mesma música, porém não é o mesmo espírito. Por que isto?
- É que eu estou cantando diante do meu imperador e meu Mestre canta diante de Deus.
Eis a diferença.
***
A MEDITAÇÃO E O GATO
Num antigo mosteiro chinês, no alto de uma montanha no Nepal, era o centro de uma paz
absoluta, e monges de toda a China procuravam aquele monastério tão tradicional e
reservado.
Todos os dias sempre às quatro e meia da manhã, o mosteiro se reunia em silêncio para a
primeira meditação matinal, este momento era sagrado para os monges, e o silêncio da
madrugada deveria sempre ser respeitado, mas em uma manhã de verão esse silêncio
sagrado foi quebrado por um gato, o animal procurando comida e abrigo resolveu morar
na cozinha do templo, e neste dia ele começou sua busca por comida caçando os ratos
que também se instalaram por ali, o bichano iniciou uma balburdia insuportável,
derrubando panelas, vasilhas, miando e correndo atrás dos ratos da cozinha, isto não
seria problema para os monges se o gato não tivesse escolhido justamente o horário da
madrugada para realizar suas caçadas, atrapalhando a concentração dos momentos de
meditação.
Sob a ótica de conduta dos monges, eles deveriam ser piedosos com o animal, e nunca
enxotariam o gato do mosteiro ou lhe fariam algum mal, durante alguns dias eles
tentaram aceitar o barulho e deixar o gato livre, mas a arruaça foi ficando insuportável, e
o mestre abade do templo resolveu tomar uma providência, pedindo que os monges
amarrassem e amordaçassem o gato durante os períodos de meditação e o soltassem
logo após a prática matinal.
Este procedimento foi feito durante muito tempo, resolvendo o problema de barulho
durante as meditações da madrugada, os anos se passaram, o mestre abade morreu, e
mesmo assim continuavam a amarrar o gato diariamente durante os momentos de
meditação matinal, mais alguns anos se passaram e o gato morreu, e os monges
preocupados, resolveram encontrar outro gato para colocar no lugar do antigo, e o novo
gato continuou sendo amarrado diariamente.
As décadas se passaram, e novas gerações de monges e mestres mantiveram o hábito
diário de amarrar o gato, que acabou se tornando um importante ritual naquele famoso e
respeitado templo, e a esta altura, ninguém mais sabia o porquê de amarrar o gato, mas
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justamente por isso, aquele ritual se tornou muito importante, sendo uma característica
famosa daquele monastério. Monges veteranos cobiçavam a importante função de
amarrador de gatos, manuais foram criados com as normas e procedimentos de todo o
processo para amarrar o gato, ensinando como pegar o gato, que tipo de corda e mordaça
utilizar, quantas voltas com a corda deveriam ser dadas, que tipo de nó poderia ser feito,
enfim, uma verdadeira enciclopédia do ritual de como amarrar e amordaçar o gato.
O tempo passou, e vários grupos de estudiosos começaram a dedicar suas vidas a estudar
os manuais e a origem do ritual sagrado de amarrar o gato. Estes grupos se dividiram, e
começaram a divergir sobre várias questões, várias interpretações surgiram, e correntes
de seguidores começaram a defender teorias diversas sobre o ritual sagrado, estas
divergências geraram conflitos internos, e as origens e processos do ritual passaram a ser
o ponto de discórdia entre os dois grupos formados.
Um dos pontos principais de divergência era que, um dos grupos acreditava que somente
gatos brancos poderiam ser amarrados, pois o branco simbolizava a pureza da alma e a
evolução espiritual, o outro já defendia que qualquer gato poderia ser amarrado e que
isto não fazia diferença nenhuma e resolveu ir embora do famoso monastério para fundar
uma nova ordem, que daria continuidade ao ritual da forma que achavam correta, sendo
assim, estes dois grupos passaram a divergir constantemente e não mantiveram mais
contato, pois o primeiro era acusado de ser radical e o segundo de ser extremamente
liberal.
Após a separação, novas correntes começaram a se formar, e um terceiro grupo começou
a se formar, divulgando uma teoria que unia as duas linhas divergentes, eliminando seus
defeitos e absorvendo suas qualidades.
O antigo monastério da montanha em Kathmandu no Nepal foi aos poucos se dividindo, e
hoje nenhuma das linhagens existe mais, e o ritual de amarrar o gato caiu no
esquecimento.
Este conto é muito interessante para evidenciar o que acontece em muitas empresas e
instituições, instituições religiosas, é muito comum ver pessoas que cumprem normas e
procedimentos totalmente sem sentido e sem fundamentos, que simplesmente são feitos
porque alguém que já os fazia antes, e terminam sendo os fatores geradores da
estagnação de muitas empresas.
A falta de questionamento e análise, afunda organizações, impede o processo criativo e
inovador, emperrando o desenvolvimento dos negócios, precisamos desamarrar os gatos
de nossas empresas, e desmistificar atitudes e conceitos retrógrados, muitas vezes sem
sentido e ultrapassados.
Analise sua vida profissional e pessoal, e perceba quantos gatos existem aguardando para
serem desamarrados.
Texto esparso recebido via e-mail em Monday, August 18, 2008 9:03 PM de Waldir de Oliveira.
***
43
A RAPOSA E AS UVAS
Esopo
Uma Raposa, morta de fome, viu, ao passar diante de um pomar, penduradas nas grades
de uma viçosa videira, alguns cachos de Uvas negras e maduras.
Ela então usou de todos os seus dotes e artifícios para pegá-las, mas como estavam fora
do seu alcance, acabou se cansando em vão, e nada conseguiu.
Por fim deu meia volta e foi embora, e consolando a si mesma, meio desapontada disse:
- Olhando com mais atenção, percebo agora que as Uvas estão todas estragadas, e não
maduras como eu imaginei a princípio.
-------
Moral da História:
Ao não reconhecer e aceitar as próprias limitações, o vaidoso abre assim o caminho para
sua infelicidade.
***
Uma raposa que vinha pela estrada encontrou uma parreira com uvas madurinhas. Passou
horas pulando tentando pegá-las, mas sem sucesso algum... Saiu murmurando, dizendo
que não as queria mesmo, porque estavam verdes. Quando já estava indo, um pouco
mais à frente, escutou um barulho como se alguma coisa tivesse caído no chão... voltou
correndo pensando ser as uvas, mas quando chegou lá, para sua decepção, era apenas
uma folha que havia caído da parreira. A raposa decepcionada virou as costas e foi-se
embora.
-------
Moral da História:
Quem desdenha quer comprar.
Aqueles que são incapazes de atingir uma meta tendem a denegri-la, para diminuir o peso
de seu insucesso.
É fácil desprezar aquilo que não se pode alcançar.
44
***
Morta de fome, uma raposa foi até um vinhedo sabendo que ia encontrar muita uva. A
safra tinha sido excelente. Ao ver a parreira carregada de cachos enormes, a raposa
lambeu os beiços. Só que sua alegria durou pouco: por mais que tentasse, não conseguia
alcançar as uvas. Por fim, cansada de tantos esforços inúteis, resolveu ir embora, dizendo:
- Por mim, quem quiser essas uvas pode levar. Estão verdes, estão azedas, não me servem.
Se alguém me desse essas uvas eu não comeria.
-------
Moral da História:
Desprezar o que não se consegue conquistar é fácil.
***
Contam que certa raposa astuta, quase morta de fome, sem eira nem beira, andando à
caça de manhã, passou por uma parreira carregada de cachos de uva bem maduros, todos
pendentes na grade que oferecia suporte à videira.
Mas eles estavam altos demais e a raposa não podia alcançá-los. De bom grado ela os
trituraria, mas sem lhes poder tocar disse:
- Estão verdes ... já vi que são azedas e duras. Só os cães podem pegá-las.
E foi embora a raposa, deixando para trás os cachos de uva, madurinhos e doces, prontos
para quem por ali passasse e pudesse alcançá-los.
-------
Uma raposa com muita fome sai à caça de alimentos. Por sorte, vê uma parreira
carregada de belos cachos de uva maduros. Apressa-se e chega à videira para alcançar as
frutas. Todo o impulso interior da raposa está direcionado instintivamente para o ataque
repentino.
Inicia-se, então, a movimentação e, depois de várias tentativas, ela não consegue apanhar
nem sequer um dos cachos. Reúne-se à fome instintiva uma estranha e nova sensação: a
decepção, o desapontamento de não poder atender à sua necessidade básica. As
sucessivas investidas são em vão, e uma certa atmosfera de incapacidade começa
infundir-se no seu mundo mental.
Nesse determinado momento, a raposa, frustrada, pensa, reflete sobre o seu fracasso. Ela
não quer ser considerada um animal falido ou derrotado.
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A propósito, uma crise existencial provoca mais danos internos do que uma necessidade
biológica não atendida.
A princípio, a busca de saciar a fome estava totalmente circunscrita ao "estado físico";
depois, a ocorrência leva a raposa a entrar em contato com um conteúdo agravante e
dificultoso que atingirá sua essencialidade. Antes uma façanha extraordinária; agora uma
sensação de desestima e rejeição de si mesma. Que futuro a esperava daí em diante?
Mas, quando tudo parecia estar perdido, eis que a raposa põe as cartas na mesa, dá um
"xeque-mate" e diz para si mesma: "Estão verdes ...já vi que são azedas e duras. Só os cães
podem pegá-las”. Seu sistema mental precisava adaptar-se diante da frustrante e dura
realidade, e daí tirou uma vantagem: fez uma afirmação contrária ao fato real, contou
uma mentira para si mesma.
Admirável mentira (racionalização), uma conclusão que não condiz com a realidade, mas
salva a estrutura íntima da raposa.
Racionalizar é inventar para nós mesmos uma história falsa. É um procedimento
psicológico que permite a negação dos reais motivos, cobrindo as sensações
desagradáveis que vivenciamos com justificativas equivalentes ou histórias similares.
Do mesmo modo que a raposa inventou desculpas e álibis convincentes para manter o
auto-respeito, nós também, os homens, buscamos "boas razões", ainda que falsas, para
nossas atitudes e fracassos; e criamos "explicações" altamente descaracterizadas para
justificar nossa frustração.
Muitos racionalizam dizendo que falam mal da vida dos outros porque metade do mundo
maldiz a outra metade. Na realidade, o que está subentendido nessa atitude é que
gostamos de difamar ou desvalorizar as pessoas, porque quando fazemos isso nós nos
sentimos pretensamente melhores, mais eficientes, mais capazes ou superiores perante
os outros. Aí está a intencionalidade inconsciente ou não dos maledicentes.
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Moral da História:
Um julgamento inadequado pode ser uma forma de objetivar e de compensar nossos
fracassos. Objetivar é um processo pelo qual o ser humano experimenta uma alienação de
real natureza subjetiva, projetando para fora e construindo uma suposta realidade
externa. Uma objetivação pode ser salvadora, como a raposa da fábula dizendo para si
mesma "estão verdes", quando uvas maduras e apetitosas estavam fora de seu alcance.
As objetivações são, portanto, formas que permitem resignificar um fato mediante uma
certa afirmação ou conduta que compensa uma frustração. É comum encontrar entre os
homens aqueles que, tais qual a raposa, quando não conseguem realizar seus negócios,
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acusam as circunstâncias, ou mesmo, por não atingirem um intento, tendem a denegri-lo,
diminuindo dessa forma a gravidade de seu insucesso.
***
Nossa Análise: A lição é universal e se repete todos os dias. Inveja é o grande mal dos
homens inferiores e todas as civilizações ruíram quando esses inferiores em maioria se
atiram sobre quem é melhor para matá-lo porque não conseguem ser como ele e querem
espezinhá-lo para serem iguais rebaixando-o. Quando nos livraremos dessa alucinação de
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nossas leis e de nossas escolas exigindo por decreto que o olho tenebroso iguale todos no
pior?
(http://pt.shvoong.com/books/childrens-literature/1819199-raposa-uvas-f%C3%A1bulas/)
***
PESQUISA: ESOPO
Fonte: http://pt.wikipedia.org/wiki/Esopo
Esopo (em grego Αἴσωπος, transl. Aisōpos) é um lendário autor grego, que teria vivido na
Antigüidade, ao qual se atribui a paternidade da fábula como gênero literário.
As Fábulas de Esopo serviram como base para recriações de outros escritores ao longo
dos séculos, como Fedro e La Fontaine.
Fabulista grego do século VI a.C.. O local de seu nascimento é incerto — Trácia, Frígia,
Etiópia, Samos, Atenas e Sardes todas clamam a honra. Eventualmente morreu em Delfos.
Na verdade, todos os dados referentes a Esopo são discutíveis e trata-se mais de um
personagem lendário do que histórico.
A única certeza é que as fábulas a ele atribuídas foram reunidas pela primeira vez por
Demétrio de Falero, em 325 a.C..
Esopo teria sido um escravo, que foi libertado pelo seu dono, que ficou encantado com
suas fábulas. Ao que tudo indica, viajou pelo mundo antigo e conheceu o Egipto, a
Babilónia e o Oriente. Concretamente, não há indícios seguros de que tenha escrito
qualquer coisa. [1]
Entretanto, foi-lhe atribuído um conjunto de pequenas histórias, de carácter moral e
alegórico, cujos papéis principais eram desenvolvidos por animais. Na Atenas do século V
a.C., essas fábulas eram conhecidas e apreciadas.
***
JEAN DE LA FONTAINE
Fonte: http://pt.wikipedia.org/wiki/Jean_de_La_Fontaine
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Em 1652 La Fontaine assumiu o cargo de seu pai como inspetor de águas, mas alguns anos
depois colocou-se a serviço do ministro das finanças Nicolas Fouquet, mecenas de vários
artistas, a quem dedicou uma coletânea de poemas.
Escreveu o romance "Os Amores de Psique e Cupido" e tornou-se próximo dos escritores
Molière e Racine. Com a queda do ministro Fouquet, La Fontaine tornou-se protegido da
Duquesa de Bouillon e da Duquesa d'Orleans.
Em 1668 foram publicadas as primeiras fábulas, num volume intitulado "Fábulas
Escolhidas". O livro era uma coletânea de 124 fábulas, dividida em seis partes. La
Fontaine dedicou este livro ao filho do rei Luís 14. As fábulas continham histórias de
animais, magistralmente contadas, contendo um fundo moral. Escritas em linguagem
simples e atraente, as fábulas de La Fontaine conquistaram imediatamente seus leitores.
Em 1683 La Fontaine tornou-se membro da Academia Francesa, a cujas sessões passou a
comparecer com assiduidade. Na famosa "Querela dos antigos e dos modernos", tomou
partido dos poetas antigos.
Várias novas edições das "Fábulas" foram publicadas em vida do autor. A cada nova
edição, novas narrativas foram acrescentadas. Em 1692, La Fontaine, já doente,
converteu-se ao catolicismo. A última edição de suas fábulas foi publicada 1693.
Antes de vir a ser fabulista, foi poeta, tentou ser teólogo e cafifa. Além disso, também
entrou para um seminário, mas aí perdeu o interesse.
Aos 26 anos casou-se, mas a relação só durou onze anos. Depois disso, La Fontaine foi
para Paris, e iniciou sua grande carreira literária. No início, escrevia poemas, mas em 1665
escreveu sua primeira obra, chamada “Contos”. Montou um grupo literário que tinha
como integrantes Racine, Boileau e Molière.
No período de 1664 a 1674, ele escreveu quase todas as suas obras. Nas suas fábulas,
contava histórias de animais com características humanas. Em 1684, foi nomeado para a
Academia Francesa de Letras.
Onze anos depois, já muito doente, decidiu aproximar-se da religião. Até pensou em
escrever uma obra de fé, mas não chegou a escrevê-la.[carece de fontes?]
A sua grande obra, “Fábulas”, escrita em três partes, no período de 1668 a 1694, seguiu o
estilo do autor grego Esopo, o qual falava da vaidade, estupidez e agressividade humanas
através de animais.
La Fontaine é considerado o pai da fábula moderna. Sobre a natureza da fábula
declarou: “É uma pintura em que podemos encontrar nosso próprio retrato”.
Algumas fábulas escritas e reescritas por ele são A Lebre e a Tartaruga, O Homem, O
Menino e a Mula, O Leão e o Rato, e O Carvalho e o Caniço.
Está sepultado no cemitério Père-Lachaise, em Paris, ao lado do dramaturgo Molière.
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ele tinha um problema nos intestinos por isso foi operado aos 16anos!! A partir dai ficou
melhor
La Fontaine andava na rua com os seus colegas de trabalho a brincar as corridas de
pássaros. Ele era um papagaio com bico fino de cavalo. Tinha orelhas grandes parecidas
de burro e iguais a morcego. Anos apos as suas edições o povo começou a pensar que La
Fontaine era uma mulher. Porque com aquela sua juba parecia um cavalo.
***
JESUS
Fonte: http://pt.wikipedia.org/wiki/Jesus#cite_note-Jesus-3
Jesus [nota 3][nota 4] (8-4? a.C. – 29-36? d.C. [2][3][4]) é a figura central do cristianismo
[5]. Para a maioria dos cristãos ele é a encarnação de Deus, o "Filho de Deus", que teria
sido enviado à Terra para salvar a humanidade. Acreditam que foi crucificado, morto,
desceu à mansão dos mortos e ressuscitou ao terceiro dia (na Páscoa) [5]. Para os adeptos
do islamismo, Jesus é conhecido no idioma árabe como Isa (ىسيع, transl. Īsā), Ibn
Maryam (Jesus, filho de Maria). Os muçulmanos tratam-no como um grande profeta e
aguardam seu retorno antes do Juízo Final [6] [7]. Alguns segmentos do judaísmo o
consideram um profeta [8], outros um apóstata [9]. A Bíblia é umas das principais fontes
de informação sobre ele.
Embora tenha pregado apenas em regiões próximas de onde nasceu, a província romana
da Judéia, sua influência difundiu-se enormemente ao longo dos séculos após a sua
morte. Ele pode ser considerado como uma das figuras centrais da cultura ocidental.
NOTAS:
[3] O nome Jesus é a versão portuguesa da forma grega Ίησους, transliterado Iēsous que
por sua vez é a tradução do nome hebraico Yeshua, que por ser filho de Maria e de José, o
carpinteiro, em Belém, é reconhecido oficialmente na genealogia da Casa Real de David
como Yeshua ben Yoseph, ou seja, "Jesus, filho de José".
[4] Jesus também é conhecido como Jesus de Nazaré, Jesus Nazareno ou Jesus da Galiléia,
os cristãos o chamam de Jesus Cristo e os muçulmanos o conhecem por Isa.
***
A TAÇA TRANSBORDANTE
Malba Tahan in Lendas do Céu e da Terra
Contam que um califa de Bagdá tinha um filho, já moço, muito acanhado e tímido. Não
saía à rua para que o não vissem e dessem tento do seu modo de andar e o apontassem
como sucessor do rei.
O pai, a quem muito mortificava a timidez do filho, um dia chamou-o e disse-lhe:
– Toma esta taça de cristal. Hás de leva-la com água a transbordar, desde este palácio até
a mesquita, sem, contudo entornares uma gota sequer. È essa a minha ordem. Muito
triste ficarei se me desobedeceres!
Pelas longas e tortuosas ruas sai o moço a caminhar com imensa cautela, completamente
alheio ao rebuliço da massa popular, e indiferente aos olhares dos curioso espectadores.
Era preciso obedecer a seu pai. E ele fez exatamente como lhe fora ordenado. Tornando a
casa, perguntou-lhe o rei se havia notado a curiosidade dos transeuntes.
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– Como me seria possível fazê-lo, respondeu, tendo na mão a taça a transbordar?
Assim também, se tu, meu bom amigo, andasses pela vida preocupado com uma taça a
transbordar, afastarias de ti o despeito humano, e caminharias pela estrada do dever com
tranqüila confiança. Ora, essa taça mais frágil que o vidro, mas que deve absorver os teus
sentidos, é a tua alma de cristão. E se possuis essa preciosa e delicada taça e desejas
transportá-la, por que emprestar tanta importância aos olhares e críticas dos transeuntes
que querem perturbar a tua jornada pela vida.
***
A tempestade e as gaivotas
Gigantesco transatlântico deixava, um dia, o porto de partida e, como todos os navios que
partem, era escoltado por uma nuvem de gaivotas prateadas. Ao fim de meia hora de
viagem o tempo tornou-se ameaçador. Um vento violento levantava ondas de espuma.
Esboçava-se no céu uma tempestade tremenda. Ora, ainda que lutando com toda a força
de suas máquinas contra os elementos desencadeados, o possante navio avançava
penosamente entre as vagas agitadas.
– Pobres avezinhas – dizia um viajante que olhava do tombadilho as gaivotas as lastimava
– As nossas máquinas, que representam milhares de cavalos-vapor, com dificuldade
resistem à tempestade. Como podeis vós, com as vossas débeis asas, lutar contra o tufão,
desamparadas no céu?
E, de repente, aquele homem, que tão compadecido se mostrava pelas avezinhas
gaivotas, estendendo as asas que o Criador do universo lhes deu, abandonaram o navio na
procela e ergueram-se acima da tempestade; passaram a voar numa região serena do céu.
Enquanto isso o homem, com sua presunçosa ciência lutava penosamente para resistir à
fúria dos elementos.
***
REFLEXÃO:
Reparai bem, meu amigo. Esse navio é o homem que pretende lutar unicamente com
meios próprios. As asas das gaivotas são as mãos débeis, de quem ora.
***
Pelas asas poderosas da prece eleva-se o homem acima das tempestades da vida e pode
voar placidamente, como as gaivotas ligeiras, numa região que, jamais, será atingida pelos
vendavais das paixões.
***
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AS COISAS NEM SEMPRE SÃO OQUE PARECEM
Dois Anjos viajantes pararam para passar a noite na casa de uma família muito rica. A
família era rude e não permitiu que os Anjos ficassem no quarto de hóspedes da mansão.
Em vez disso, deram aos Anjos um espaço pequeno no frio sótão da casa. À medida que
eles faziam a cama no duro piso, o Anjo mais velho viu um buraco na parede e o tapou.
Quando o Anjo mais jovem perguntou: Porque?, o Anjo mais velho respondeu: "As coisas
nem sempre são o que parecem".
Na noite seguinte, os dois anjos foram descansar na casa de um casal muito pobre, mas o
senhor e sua esposa eram muito hospitaleiros. Depois de compartilhar a pouca comida
que a família pobre tinha, o casal permitiu que os Anjos dormissem na sua cama onde eles
poderiam ter uma boa noite de descanso. Quando amanheceu, ao dia seguinte, os anjos
encontraram o casal banhado em lágrimas. A única vaca que eles tinham, cujo leite havia
sido a única entrada de dinheiro, jazia morta no campo. O Anjo mais jovem estava furioso
e perguntou ao mais velho:
"Como você permitiu que isto acontecesse? O primeiro homem tinha de tudo e, no
entanto, você o ajudou"; o Anjo mais jovem o acusava. "A segunda família tinha pouco,
mas estava disposta a compartilhar tudo, e você permitiu que a vaca morresse".
"As coisas nem sempre são o que parecem", respondeu o anjo mais velho. "Quando
estávamos no sótão daquela imensa mansão, notei que havia ouro naquele buraco da
parede. Como o proprietário estava obcecado com a avareza e não estava disposto a
compartilhar sua boa sorte, fechei o buraco de maneira que ele nunca mais o encontraria.
Depois, ontem à noite, quando dormíamos na casa da família pobre, o anjo da morte veio
em busca da mulher do agricultor. E eu lhe dei a vaca em seu lugar. As coisas nem sempre
são como parecem."
REFLEXÃO:
Algumas vezes, isso é exatamente o que acontece quando as coisas não saem da maneira
como esperamos.
Se você tiver fé, somente necessita confiar que aconteça o que for com você, algum
propósito há.
Provavelmente alguma coisa muito melhor virá a seguir.
***
AS NOVE COISAS
Um sofista se aproximou de Tales de Mileto, um dos Sete Sábios da Grécia Antiga, e
tentou confundi-lo com as perguntas mais difíceis. Porém o Sábio de Mileto esteve à
altura da prova porque respondeu a todas as perguntas sem a menor vacilação e assim
mesmo com a maior exatidão.
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1 - Qual é a coisa mais antiga?
-- Deus, porque sempre tem existido.
2 - Qual é a coisa mais formosa?
-- O Universo, porque é obra de Deus.
3 - Qual é a maior de todas as coisas?
-- O Espaço, porque contém todo o Criador.
4 - Qual é a coisa mais constante?
-- A esperança, porque permanece no homem depois que haja perdido todo o mais.
5 - Qual é a melhor de todas as coisas?
-- A Virtude, porque sem ela não existe nada de bom.
6 - Qual é a mais rápida de todas as coisas?
-- O Pensamento, porque em menos de um minuto pode voar até o final do Universo.
7 - Qual é a mais forte de todas as coisas?
-- A Necessidade, porque faz com que o homem enfrente todos os perigos da vida.
8 - Qual é a mais fácil de todas as coisas?
-- Dar conselhos.
Porém, quando chegou à nona pergunta, nosso Sábio disse um paradoxo. Deu uma
resposta que, estou seguro, não foi jamais entendida pelo mundano interlocutor, e que,
para a maioria das pessoas terá um sentido superficial. A pergunta foi esta:
***
As três recompensas
Malba Tahan
in
“Lendas do deserto”
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Allah — o Altíssimo — conhece o futuro dos homens; tudo o que ocorre na terra está
escrito — Maktub! Que adianta, pois pensar no dia de amanhã?
Assim meditava o jovem Abul Firaz, quando ouviu alguém de fora chamava repetidas
vezes pelo seu nome.
— Uallah! Quem chama por mim que entre! — exclamou.
Surgiu então, diante dele, um homem alto, forte, vestido com apurado gosto. Fazia-se
acompanhar por um escravo hindu que empunhava grande lanterna de duas luzes.
— Por Allah sobre ti! — exclamou Abul Firaz — Que desejas de mim? Qual o motivo de tão
inesperada visita? Não sabes, ó muçulmano! Que devo partir amanhã para Baçorá?
— Perdoai-me, ó jovem! — respondeu — se em tão má hora venho procurar-vos! O meu
amo e senhor, o cheique Chihab-Eddin El-Ghazzaru El-Kahyyat, deseja falar-vos com a
máxima urgência!
Abul Firaz conhecia, desde muitos anos, o xeique El-Kahyyat — o homem mais rico e
generoso de Mossul. Aquele chamado estranho e inesperado causou-lhe porém, indizível
surpresa.
— Irei dentro de alguns minutos ao palácio do cheique — respondeu sem hesitar — Sei
que ele é justo e honrado. Queira Allah, porém, que não me venha a suceder, por sua
causa dessa viajem desgraça!
Momentos depois chegava Abul Firaz ao grande palácio de El-Kahyyat. O ancião, que se
achava no leito, gravemente enfermo, pediu ao mercador que se sentasse perto dele e,
depois de fazer com que todas as outras pessoas deixassem o aposento, disse-lhe, em
tom confidencial:
— Só hoje, ó jovem, fui avisado da tua partida para Baçorá como chefe da grande
caravana de mercadores. Sei que és honesto e valente. Julgo-te o único homem capaz de
levar até Baçorá uma vultosa quantia em dinheiro.
— E para quem é esse dinheiro? — perguntou Abul Firaz.
Respondeu o Xeique:
— Escuta, meu filho. Estou velho e sinto-me doente; bem sei que poucos dias me restam
de vida. Não quero, entretanto, morrer sem ter enviado uma boa recompensa e melhor
auxílio a três homens de Baçorá.
— Samaan wua taatam! Escuto-vos o obedeço-vos! — respondeu Abul Firaz. — Juro pelo
profeta e pelo Livro Sagrado que farei exatamente o que por vós me for determinado!
O rico Xeique depois de agradecer, comovido, a dedicação de Abul Firaz, apontou para
três caixas que estavam no chão e disse-lhe:
— Aquelas caixas encerram o dinheiro que desejo enviar. Na primeira que é menor de
todas — há mil dinares de ouro; a segunda contém dois mil dinares; a terceira — que é das
três a maior — encerra cinco mil! Em Baçorá, quando lá chegares, deverás entregar a
primeira caixa a um velho joalheiro chamado Walid BenHamid que mora junto ao
mercado; a segunda entregarás ao famoso escriba, Ali Mahomed Selam, El-Batal; a
terceira, finalmente a mais valiosa — deverá ser entregue a um dos ulemás de Baçorá o
judicioso Hamed Abdallah El-hasein, que mora no quarteirão de Ech-Chunha!
— Xeique dos Xeiques! — exclamou Abul Firaz. — Perdoai-me a curiosidade! Que fizeram,
porém, esses homens para receber tão grandes recompensas?
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— Prestaram-me inestimáveis serviços! O primeiro, a quem mando a caixa de cinco mil
dinares arriscou, certa vez, a vida para salvar todos os meus haveres! A esse homem
generoso devo a riqueza que possuo!
— Por Allah! — contraveio Abul Firaz. — Creio bem que a esse corajoso muçulmano é que
devia caber a maior recompensa! Por que recebem os outros dois quantia muito maior?
— O motivo é simples — explicou o ancião. — Se na verdade o primeiro, livrou-me da
miséria salvando os meus bens, o segundo, a quem mando dois mil dinares, salvando-me
certa vez a vida, livrou-me da morte! E bem sabes, ó jovem, que acima das maiores
riquezas da terra devemos colocar a nossa vida!
— Xeique generoso! — retorquiu o jovem. — Se, pela vontade do Onipotente, Ali
Mohamed vos arrancou das garras da morte, por que não cabe então a esse vosso
abnegado salvador a dádiva mais preciosa? Não há, penso eu, para o homem, bem mais
precioso que a vida! Não vejo, pois motivo algum para que o sábio Hamed receba a
recompensa maior!
— Em teu julgamento escasseia a ponderação — advertiu o Xeique. — Garanto-te, porém,
que dando ao ulemá a maior recompensa, procedo com lealdade e justiça. E a razão é
simples. O generoso Hamed Abdallah conseguiu, certa vez, desfazer uma grande intriga
que contra mim preparavam os homens perversos e invejosos. Não fora o valioso auxílio
desse grande amigo eu seria acusado injustamente e preso como ladrão! Ao sábio Hámed
Abdallah eu devo, portanto, o nome puro e honrado que hoje tenho!
E o ancião concluiu com voz pausada e clara:
— Bem sabes, ó jovem! Que acima das riquezas e da própria vida deve o homem colocar,
bem alto, a sua honra!
***
CERTO E ERRADO
Quando Bankei realizava seus retiro semanais de meditação, discípulos de muitas partes
do Japão vinham participar. Durante um destes Sesshins um discípulo foi pego roubando.
O caso foi reportado a Bankei com a solicitação para que o culpado fosse expulso.
Bankei ignorou o caso.
Mais tarde o discípulo foi surpreendido na mesma falta, e novamente Bankei desdenhou
o acontecimento. Isto aborreceu os outros pupilos, que enviaram uma petição pedindo a
dispensa do ladrão, e declarando que se tal não fosse feito eles todos iriam deixar o retiro.
Quando Bankei leu a petição ele reuniu todos diante de si.
"Vocês são sábios," ele disse aos discípulos. "Vocês sabem o que é certo e o que é errado.
Vocês podem ir para qualquer outro lugar para estudar e praticar, mas este pobre irmão
não percebe nem mesmo o que significa o certo e o errado. Quem irá ensiná-lo se eu não o
fizer? Eu vou mantê-lo aqui mesmo se o resto de vocês partirem."
Uma torrente de lágrimas foram derramadas pelo monge que roubara. Todo seu desejo
de roubar tinha se esvaecido.
***
56
CHINELOS DOURADOS
Tradução: Sergio Barros
"Respondeu-lhe Jesus: Amarás ao Senhor teu Deus de todo o teu coração, de toda a tua
alma, e de todo o teu entendimento. Este é o grande e primeiro mandamento. E o
segundo, semelhante a este, é: Amarás ao teu próximo como a ti mesmo." Mt 22.37-39
Faltavam apenas cinco dias para o Natal. O espírito da ocasião ainda não tinha me
atingido, mesmo que os carros lotassem o estacionamento do shopping. Dentro da loja,
era pior.
Os últimos compradores lotavam os corredores. - Por que vim hoje? Perguntei a mim
mesmo. Meus pés estavam tão inchados quanto minha cabeça. Minha lista continha
nomes de diversas pessoas que diziam não querer nada mas eu sabia que ficariam
magoados se eu não os comprasse qualquer coisa.
Comprar para alguém que tem tudo e com os preços das coisas como estão, fica muito
difícil. Apressadamente, eu enchi meu carrinho de compras com os últimos artigos e fui
para a longa fila do caixa.
Na minha frente, duas pequenas crianças - um menino de aproximadamente 10 anos e
uma menina mais nova, provavelmente de 5 anos.
O menino vestia roupas muito desgastadas. Os tênis me pareceram grandes demais e as
calças de brim muito curtas. A roupa da menina assemelhava-se a de seu
irmão. Carregava um bonito e brilhante par de chinelos com fivelas douradas.
Enquanto a música de Natal soava pela loja, a menina sussurrava desligada mas feliz.
Quando nos aproximamos finalmente do caixa, a menina colocou, com cuidado, os
chinelos na esteira. Tratava-os como se fossem um tesouro. O caixa anunciou a conta.
- São $6,09. Disse.
O menino colocou suas moedas enquanto procurava mais em seus bolsos. Veio
finalmente com $3,12.
- Acho que vamos ter que devolver - disse. Nós voltaremos outra hora, talvez amanhã.
Com esse aviso, um suave choro brotou da pequena menina. - Mas Jesus teria amado
esses chinelos. Ela resmungou.
- Bem, nós vamos para casa e trabalharemos um pouco mais. Não chore. Nós
voltaremos. Disse o menino.
Rapidamente, eu entreguei $3,00 ao caixa. Estas crianças tinham esperado na fila por
muito tempo. E, além de tudo, era Natal. De repente um par de braços veio em torno de
mim e uma pequena voz disse:
- Agradeço, senhor.
- O que você quis dizer quando falou que Jesus teria gostado dos chinelos? Eu perguntei.
O pequeno menino me respondeu:
- Nossa mãe está muito doente e vai pro céu. Papai disse que ela pode ir antes mesmo do
Natal, estar com Jesus.
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E a menina completou:
- Meu professor disse que as ruas no céu são de ouro, brilhantes como estes chinelos.
Mamãe não ficará bonita andando naquelas ruas com esses chinelos?
Meus olhos inundaram-se de lágrimas e eu respondi:
- Sim, tenho certeza que ficará.
Silenciosamente agradeci a Deus por usar estas crianças para lembrar-me do verdadeiro
espírito de Natal.
O importante no Natal não é a quantidade de dinheiro que se gasta, nem a quantidade de
presentes que se compra, nem a tentativa de impressionar amigos e parentes.
O Natal é o amor em seu coração, é compartilhar com os outros como Jesus compartilhou
com cada um de nós.
O Natal é o nascimento de Jesus que Deus nos enviou para mostrar o quanto nos ama
realmente.
***
COMO O MAL GERA O MAL
Um eremita caminhava por um lugar deserto quando chegou a uma gruta enorme cuja
entrada não era facilmente visível. Decidiu descansar e entrou. Logo notou o brilhante
reflexo da luz sobre um monte de ouro.
Assim que se deu conta do que tinha visto, o eremita começou a correr fugindo o mais
depressa que pode.
Acontece que havia três ladrões que passavam muito tempo naquele ponto do deserto
com a intenção de roubar viajantes. Logo o homem piedoso passou por eles. Os ladrões se
surpreenderam, alarmaram-se até, vendo o homem correndo sem que ninguém o
perseguisse. Saíram de seu esconderijo e detiveram-no, perguntando-lhe o que estava
acontecendo.
- Estou fugindo do diabo, irmãos - disse. - Ele está me perseguindo.
Os bandidos não conseguiram ver ninguém perseguindo o devoto.
- Mostra-nos quem está atrás de ti - disseram.
- Eu o farei - falou o eremita, com medo deles.
Levou-os em direção à gruta, rogando-lhes que não se aproximassem dela. A essa altura,
naturalmente, os ladrões estavam muito curiosos com a advertência e insistiram em ver o
motivo de tanto alarme.
- Aqui está a morte que me perseguia - disse o ermitão.
Os malfeitores, é claro, ficaram encantados. Evidentemente consideraram o eremita meio
louco e o deixaram ir, enquanto se felicitavam por sua boa sorte.
Em seguida começaram a discutir sobre o que deveriam fazer com sua presa, pois tinham
receio de deixar o tesouro novamente só. Decidiram por fim que um deles apanharia um
pouco do ouro, iria à cidade, onde trocaria por comida e outras coisas necessárias, e
depois procederiam à divisão.
Um dos ladrões se apresentou voluntariamente para realizar a missão. Pensou consigo
mesmo:
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"Quando chegar à cidade poderei comer tudo o que quiser. Depois envenenarei o resto da
comida. Assim os outros dois morrerão, e o tesouro será só meu ".
Na sua ausência, porém, os outros dois também tinham estado pensando.
Tinham decidido que, mal o espertalhão regressasse, o matariam. Depois comeriam sua
comida e dividiriam o tesouro em duas partes, em vez de três.
No momento em que o pilantra chegou à gruta com as provisões, os outros dois caíram
sobre ele e, a punhaladas, o mataram. A seguir comeram toda a comida, e morreram por
causa do veneno que seu companheiro havia posto nela.
Dessa maneira, como o eremita predissera, o ouro realmente tinha significado a morte
para os que tinham deixado se influenciar por ele, e o tesouro permaneceu onde estava,
na gruta, por muito tempo.
***
Culpado ou inocente?
Conta uma antiga lenda que na Idade Media um homem muito religioso foi injustamente
acusado de ter assassinado uma mulher. Na verdade, o autor era pessoa influente do
reino e por isso, desde o primeiro momento se procurou um "bode expiatório" para
acobertar o verdadeiro assassino. O homem foi levado a julgamento, já temendo o
resultado: a forca. Ele sabia que tudo iria ser feito para condená-lo e que teria poucas
chances de sair vivo desta história.
O juiz, que também estava combinado para levar o pobre homem a morte, simulou um
julgamento justo, fazendo uma proposta ao acusado que provasse sua inocência.
Disse o juiz:
- Sou de uma profunda religiosidade e por isso vou deixar sua sorte nas mãos do Senhor:
vou escrever num pedaço de papel a palavra INOCENTE e no outro pedaço a palavra
CULPADO. Você sorteará um dos papéis e aquele que sair será o veredicto. O Senhor
decidirá seu destino, determinou o juiz.
Sem que o acusado percebesse, o juiz preparou os dois papeis, mas em ambos escreveu
CULPADO de maneira que, naquele instante, não existia nenhuma chance do acusado se
livrar da forca.
Não havia saída. Não havia alternativas para o pobre homem. O juiz colocou os dois
papeis em uma mesa e mandou o acusado escolher um.
O homem pensou alguns segundos e pressentindo a vibração aproximou-se confiante da
mesa, pegou um dos papéis e rapidamente colocou na boca e engoliu.
Os presentes ao julgamento reagiram surpresos e indignados com a atitude do homem.
- Mas o que você fez? E agora ? Como vamos saber qual seu veredicto?"
- E muito fácil, respondeu o homem. Basta olhar o outro pedaço que sobrou e saberemos
que acabei engolindo o contrário.
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Imediatamente o homem foi liberado.
Reflexão:
Por mais difícil que seja uma situação, não deixe de acreditar até o último momento.
Saiba que para qualquer problema há sempre uma saída.
Não desista, não entregue os pontos, não se deixe derrotar!
Persista, vá em frente apesar de tudo, de todos, creia que pode conseguir!
***
Da Sinceridade
Havia um mestre sufi, estremamente iluminado e que era extremamente misericordioso.
Ele vivia isolado perto de um rio, onde pescava diariamente. Era tão misericordioso que
cortava a cabeça dos peixes, fazia uma sopa com ela, da qual se alimentava e entregava o
restante dos peixes para os pobres e necessitados. E vivia uma vida muito simples, na
mais simples das casas, no local mais humilde.
Um dia, esse mestre se sentiu estagnado. Passaram-se alguns anos e ele pensava que não
progredia, que estava perdendo tempo, que nada ocorria. Triste, pediu para um discipulo
para procurar aquele que era o seu mestre, a dias de viagem. Solicito, o discipulo foi até
onde morava o mestre de seu mestre.
Lá chegando na cidade, perguntou do famoso mestre. E todos apontavam para uma colina
onde havia um palácio. O dervixe estranhou e foi até lá. Antes de chegar, viu uma enorme
propriedade, com muitos rebanos e extensas plantações. Perguntou para um dos
empregados quem era o dono e este disse que era não menos aquele a quem ele
procurava e que este era o dono de tudo aquilo, e que residia no palácio ! Pasmo, o
dervixe continuou até o palácio, imaginando como um alguém tão rico e poderoso
poderia ser o mestre daquele homem iluminado e humilde que o orientava.
Lá chegando, viu uma enorme caravana, onde estava o dito mestre, vestido como um
principe. O dervixe ficou ainda mais pasmo. Não voltou para casa, sem cumprir a tarefa,
apenas pela mais sincera lealdade.
E assim o dervixe se aproximou do poderoso homem que iria orientar seu mestre. E
explicou a situação. O homem pensou e disse: "Seu mestre é muito ligado as coisas
materiais". O dervixe ficou revoltado! Como?! Seu mestre era o homem mais humilde de
todos! Resolveu não contar a ele a resposta, por piedade...
Voltando, o mestre pediu ao discipulo que disse-se o que havia ouvido. E o dervixe não
quis contar. Após muita insistencia, acabou por ceder. Nesse momento seu mestre se
iluminou, glorificou a Allah e sentiu que tinha subido vários degraus em sua escalada.
Mas pasmo ainda, o pobre dervixe inquiriu o mestre para saber onde estava o sentido
daquilo tudo. E o mestre disse: "Sabe quando dava o corpo dos peixes e ficava só com a
cabeça? Eu sempre pensei: Como seria bom se ficasse com ele inteiro!!!"
Tenhamos sinceridade em nossa ações!
***
60
SINCERIDADE
A EDUCAÇÃO DA SINCERIDADE
1. Ensino aos filhos/alunos a ser sinceros consigo próprios, mediante uma ajuda no
descobrimento de suas possibilidades e limitações pessoais.
(Não é possível manifestar a verdade se previamente não se sabe o que há que
manifestar).
2. Ensino aos filhos/alunos quais são os valores importantes na vida, de tal maneira que
possam fixar-se no importante e não no secundário.
(Por exemplo, se não mostro ao filho/aluno que seus sentimentos são importantes, é
possível que não se fixe neles, nem chegue a manifestá-los nunca).
3. Em minha atuação habitual com os meninos/as, tendo a premiar a sinceridade.
(Se se utilizam castigos como conseqüência de que algum menino/a tenha contado a
verdade, é possível que não queira continuar sendo sincero no futuro).
4. Me baseio na sinceridade dos filhos/alunos para a seguir orientar-lhes.
(A orientação deve ser personalizada, e portanto necessita de uma informação correta
com respeito ao filho/aluno. Não se trata de orientar genericamente sem conhecer a
realidade de cada um).
5. Prefiro confiar no que dizem os filhos/alunos sem ser ingênuo, mas sem mostrar
desconfiança continuamente.
(Se estimula a sinceridade mediante expressões de confiança. A desconfiança conduz a
mentir e a falsificar a realidade).
6. Me preocupo de ajudar aos adolescentes a reconhecer os aspectos mais importantes
de suas vidas.
("Importante" significa qualquer coisa que pode influir de uma maneira significativa nos
valores que se querem viver na vida).
7. Ajudo às crianças a distinguir entre a realidade e a fantasia.
(É importante que as crianças desenvolvam sua imaginação, mas não convém mesclar a
realidade e a fantasia).
8. Estou pendente dos filhos/alunos que contam muito, com o fim de que vão
compreendendo que se trata de contar as coisas à pessoa adequada e no momento
oportuno.
(Talvez haverá que explicar os resultados, ou os possíveis resultados, de haver contado
uma informação inadequada. Por exemplo, o desgosto de um irmão ou a humilhação de
um amigo).
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9. Crio situações para que os filhos/alunos que têm dificuldades de expressar-se possam
fazê-lo com a máxima confiança.
(Muitas vezes isto significa fazer coisas juntos. Assim, a atenção dos dois estará centrada
na ação, e se poderá expor o tema e estimular a comunicação).
10. Tento conhecer a causa das mentiras de meus filhos/alunos, se é o caso, com o fim de
atuar sobre essa causa.
(Por exemplo, as crianças podem sentir-se com necessidade de mentir para serem iguais a
seus colegas, ou querer ser mais, ou podem temer um possível castigo).
62
demais).
18. Baseio minha sinceridade na confiança e na naturalidade.
(Não se trata de criar "estratégias" de sinceridade, mas entretanto, relacionar a ação com
a simplicidade, a franqueza e a honradez).
19. Cuido de que meu exemplo seja positivo para os filhos/alunos sem mentir nem
encobrir a verdade com intenção de induzir ao erro.
(Por exemplo: "Diga-lhes que não estou em casa", "Vou ver o jogo mas ligue ao meu
trabalho e diga-lhes que estou doente").
20. Reconheço as ocasiões em que não posso nem devo manifestar a verdade.
(Por exemplo, o segredo profissional, mas também saber guardar um segredo ou não
contar algo da intimidade familiar desnecessariamente a outros).
***
DORMIR ENQUANTO OS VENTOS SOPRAM
Alguns anos atrás, um fazendeiro possuía terras ao longo do litoral do Atlântico. Ele
constantemente anunciava estar precisando de empregados. A maioria de pessoas
estavam pouco dispostas a trabalhar em fazendas ao longo do Atlântico. Temiam as
horrorosas tempestades que variam aquela região, fazendo estragos nas construções e
nas plantações.
Procurando por novos empregados, ele recebeu muitas recusas. Finalmente, um homem
baixo e magro, de meia-idade, se aproximou do fazendeiro.
- Você é um bom lavrador? Perguntou o fazendeiro.
- Bem, eu posso dormir enquanto os ventos sopram. Respondeu o pequeno homem.
Embora confuso com a resposta, o fazendeiro, desesperado por ajuda, o empregou. O
pequeno homem trabalhou bem ao redor da fazenda, mantendo-se ocupado do alvorecer
até o anoitecer e o fazendeiro estava satisfeito com o trabalho do homem.
Então, uma noite, o vento uivou ruidosamente. O fazendeiro pulou da cama, agarrou um
lampião e correu até o alojamento dos empregados. Sacudiu o pequeno homem e gritou,
- Levanta! Uma tempestade está chegando! Amarre as coisas antes que sejam
arrastadas!
O pequeno homem virou-se na cama e disse firmemente,
- Não senhor. Eu lhe falei, eu posso dormir enquanto os ventos sopram.
Enfurecido pela resposta, o fazendeiro estava tentado a despedi-lo imediatamente. Em
vez disso, ele se apressou a sair e preparar o terreno para a tempestade. Do empregado,
trataria depois.
Mas, para seu assombro, ele descobriu que todos os montes de feno tinham sido cobertos
com lonas firmemente presas ao solo. As vacas estavam bem protegidas no celeiro, os
frangos nos viveiros, e todas as portas muito bem travadas. As janelas bem fechadas e
seguras. Tudo foi amarrado. Nada poderia ser arrastado.
O fazendeiro então entendeu o que seu empregado quis dizer, então retornou para sua
cama para também dormir enquanto o vento soprava.
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O que eu quero dizer com esta história, é que quando se está preparado -
espiritualmente, mentalmente e fisicamente - você não tem nada a temer.
Eu lhe pergunto: você pode dormir enquanto os ventos sopram em sua vida?
Espero que você durma bem! E com Deus em seu coração!
***
DOZE PRATOS
Um príncipe chinês orgulhava-se de sua coleção de porcelana, de rara quão antiga
procedência, constituída por doze pratos assinalados por grande beleza artística e
decorativa.
Certo dia, o seu zelador, em momento infeliz deixou que se quebrasse uma das peças.
Tomando conhecimento do desastre e possuído pela fúria,o príncipe condenou à morte o
dedicado servidor, que fora vítima de uma circunstância fortuita.
A notícia tomou conta do Império, e, às vésperas da execução do desafortunado servidor,
apresentou-se um sábio bastante idoso, que se comprometeu a devolver a ordem à
coleção, se o servo fosse perdoado.
Emocionado, o príncipe reuniu sua corte e aceitou a oferenda do venerando ancião. Este
solicitou que fossem colocados todos os pratos restantes sobre uma toalha de linho,
bordada cuidadosamente, e os pedaços da preciosa porcelana fossem espalhados em
volta do móvel.
Atendido na sua solicitação, o sábio acercou-se da mesa e, num gesto inesperado, puxou a
toalha com as porcelanas preciosas, atirando-as bruscamente sobre o piso de mármore e
arrebentando-as todas.
Ante o estupor que tomou conta do soberano e de sua corte, muito sereno, ele disse:
- Aí estão, senhor, todos iguais conforme prometi.
Agora podeis mandar matar-me.
Desde que essas porcelanas valem mais do que as vidas, e considerando- se que sou idoso
e já vivi além do que deveria, sacrifico-me em benefício dos que irão morrer no futuro,
quando cada uma dessas peças for quebrada.
Assim, com a minha existência, pretendo salvar doze vidas, já que elas, diante desses
objetos nada valem.
Passado o choque, o príncipe, comovido, libertou o velho e o servo, compreendendo que
nada há mais precioso do que a vida em si mesma.
Reflexão:
Quantas vezes, deixamos o nervosismo do momento tomar lugar nas nossas vidas e duras
palavras ferem a quem amamos! Quantas coisas colocamos na frente do amor, do
respeito, da compreensão que deveríamos ter?
Que todos os dias, apenas por alguns minutos, possamos meditar se não estamos
matando por um prato quebrado...
***
64
ECO DA VIDA
Um pequeno garoto e seu Pai caminhavam pelas montanhas.
De repente o garoto cai, se machuca e grita:
- Aai!!!
Para sua surpresa escuta a voz se repetir, em algum lugar da montanha:
- Aai!!!
Curioso, pergunta:
- Quem é você?
Recebe como resposta:
- Quem é você?
Contrariado, grita:
- Seu covarde!!!
Escuta como resposta:
- Seu covarde!!
Olha para o pai e pergunta aflito:
- O que é isso?
O Pai sorri e fala:
- Meu filho, preste atenção!!!
Então o pai grita em direção a montanha:
- Eu admiro você!
A voz responde:
- Eu admiro você!
De novo o homem grita:
- Você é um campeão!
A voz responde:
- Você é um campeão!
O garoto fica espantado sem entender nada. Então o pai explica:
As pessoas chamam isso de ECO, mas na verdade isso é a VIDA. Ela lhe dá de volta tudo o
que você diz ou faz. Nossa vida é simplesmente o reflexo das nossas ações.
Se você quer mais amor no mundo, crie mais amor no seu coração.
Se você quer mais responsabilidade da sua equipe, desenvolva a sua responsabilidade.
Se você quer mais tolerância das pessoas, seja mais tolerante.
Se você quer mais alegria no mundo, seja mais alegre.
Tanto no plano pessoal quanto no profissional, a vida vai lhe dar de volta o que você deu a
ela.
REFLEXÃO:
SUA VIDA NÃO É UMA COINCIDÊNCIA;
SUA VIDA É A CONSEQÜÊNCIA DE VOCÊ MESMO!!!
***
65
EU CREIO EM TI
REFLEXÃO:
***
***
EX-SUICIDA
André, um jovem da sociedade carioca acostumado a ter todas as comodidades sociais e
as facilidades materiais que os seus pais promoviam, resolve por insatisfação psíquica
suicidar-se.
Ao invés dos outros que já se suicidaram inconscientes por intermédio dos carros e
motocas, ele estava consciente da despedida que iria fazer. Mas antes de tudo faria uma
última visita ao Frei Fabiano de Cristo, no Convento de Santo Antônio, no Rio de Janeiro.
- Frei Fabiano! - prorrompe André, com lágrima nos olhos e abraçando-o ternamente. -
Vim despedir-me! Não poderia partir sem o abraçar pela última vez. Sabe que devo ao
senhor a saúde, o entendimento e todas as orientações que meus pais e a sociedade não
me deram.
Fabiano sente algo mais naquele abraço. Era como que a sensação de dor indefinível,
dessas que nascem da alma e pergunta:
- Vai viajar?
- Sim! Será uma viagem sem retorno. Não mais virei a esta região onde fui feliz, mas onde
sofro agora uma dor sem remédio.
- E viaja por ser infeliz?
- O que me resta aqui, Frei Fabiano? Minha namorada largou-me por outro e acostumado
estou a receber tudo e a não perder nada. Além do mais não mais agüento as chacotas
dos amigos chamando-me de rei do gado.
Eu perdi meus amigos, se é que já não os tinha. Nem meus pais me compreendem. Só
resta você. Além do seu coração paternal, nenhum outro encontrei que me desse
compreensão. Partirei portanto cansado e desiludido e não mais farei alguém infeliz.
- Mas... você se despede para sempre?
- Para sempre! Tomarei novos rumos...
- Há caminhos, meu filho, que são desvios traiçoeiros que nos conduzem a sofrimentos
maiores. Se ainda pesa aqui, qual será o peso dessa vida amanha?
- De tudo me livrarei!
- Também pensei livrar-me, um dia, de muitas coisas. Descobri que ninguém se livra de si
mesmo, salvo quando se esquece de si, para viver pelos outros. Há partidas que nos levam
para o bem, fazendo desabrochar virtudes adormecidas em nossos corações e há aquelas
que nos arrojam a despenhadeiros insondáveis.
- Partirei para onde não haja mais amarguras da vida.
- Você quer anular-se para esquecer?
68
- Creio que sim, respondeu André.
- Antes de partir, ajuda-me no conforto a um velhinho cego da enfermaria. Faltam-me
forças hoje. Levará assim uma lembrança inesquecível que talvez o faça recordar da nossa
amizade.
Como o jovem relutasse, Fabiano tomou-o pelo braço e quase o arrastou para a
enfermaria. Os dois ficaram diante do modesto leito e o frei falou:
- Juvenal, acorde, trouxe-lhe uma palavra de conforto.
- Oh! Meu doce paizinho. Volta a ver-me!- Como está agora meu bom Juvenal?
- Mais sereno, pai Fabiano! Nesta interminável noite de minha cegueira, somente agora
comecei a ver o sentido da vida. Tenho revisado cada um de meus dias rogando a Jesus a
oportunidade de reparar todos os males que pratiquei.
- Quer viver muito, Juvenal?
- Oh! Sim! Preciso viver muito, se Deus o permitir. Os pecados de minha indiferença por
todos, deixaram-me em solidão completa e imensa amargura.
O velho chorava agora, através de seus olhos cegos.
- Eu queria abraçar meu filho que, diante dos meus destemperos e dos maus-tratos,
abandonou esta vida pela porta do suicídio. Até ontem, julgava que esse meu pecado não
teria perdão. Esta noite meu filho visitou-me em sonho. Pude vê-lo e conversei com ele um
bom tempo. Ele me perdoou e contou-me da sua dor espiritual, porque a vida continua no
Além.
André estremeceu ao ouvir Juvenal dizer estas palavras:
- Ele não sabia, Frei Fabiano, que embora bruto e grosseiro como sempre fui, eu o amava...
e por temor de perdê-lo, tornei-me agressivo, aparentando indiferença.
Frei Fabiano, muito esperto e percebendo a atenção de André nas sábias palavras de
Juvenal, diz:
- Deixo-os agora.
André o ajudará a alimentar-se.
Ele também veio despedir-se para buscar regiões ignoradas do coração.
Duas horas mais tarde, André saiu da enfermaria com outra fisionomia e dirigindo-se a
Frei Fabiano, lhe diz:
- Até amanhã!
- Não parte mais, meu filho?
- Não. O Além talvez não seja a região ideal para fugir da vida. Pois atrás ficam os que
choram profundamente. Além disso amanhã tenho um encontro com um pai que não tem
filho e que precisa de alguém para guiá-lo na cegueira em que aprendeu a ver... e me fez
luz.
- Muito bom, caro André. O suicídio não é uma porta de chegada. A travessia é uma
grande tormenta. É o princípio de todas as dores e tormentos infindos, porque a vida é
eterna para nós. Afinal, há sempre os que nos amam, cada um a seu jeito, e é preciso
entender a linguagem do amor.
***
69
FÁBULA DA CONVIVÊNCIA
Há milhões de anos atrás, durante uma era glacial, quando parte do nosso planeta esteve
coberta por grandes camadas de gelo, muitos animais não resistiram ao frio e morreram,
indefesos por não se adaptarem às condições.
Foi então que uma grande manada de porcos-espinhos, numa tentativa de se proteger e
sobreviver, começou a se unir, juntar-se mais e mais.
Assim cada um podia sentir o calor do corpo do outro.
E todos juntos, bem unidos, se agasalhavam uns nos outros, aqueciam-se mutuamente,
enfrentando por muito mais tempo aquele frio rigoroso.
Porém, vida ingrata, os espinhos de cada um começaram a ferir os companheiros mais
próximos, justamente aqueles que lhes forneciam mais calor, aquele calor vital, questão
de vida ou morte.
E afastaram-se, feridos, magoados, sofridos.
Dispersaram-se, por não suportarem por mais tempo os espinhos dos seus semelhantes.
Doíam muito...
Mas essa não foi a melhor solução! Afastados, separados, logo começaram a morrer de
frio, congelados.
Os que não morreram, voltaram a se aproximar, pouco a pouco, com jeito, com cuidado,
de tal forma que, unidos, cada qual conservava uma certa distância do outro, mínima,
mas o suficiente para conviver sem magoar, sem causar danos e dores uns nos outros.
Assim, suportaram-se, resistindo a longa era glacial. Sobreviveram.
REFLEXÃO:
***
70
- Senhor, todas as claridades que criastes para a Terra continuam refletindo as bênçãos da
sua misericórdia.
O Sol ilumina os dias terrenos com os resplendores divinos, vitalizando todas as coisas da
natureza e repartindo com elas o seu calor e a sua energia. Deus abençoou o Anjo das
luzes, concedendo-lhe a faculdade de multiplicá-las na face do mundo.
Depois foi a vez do Anjo da terra e das águas, que exclamou com alegria:
- Senhor, sobre o mundo que criastes, a terra continua alimentando fartamente todas as
criaturas; todos os reinos da natureza retiram dela os tesouros sagrados da vida. E as
águas, que parecem constituir o sangue bendito da sua obra terrena, circulam no seio
imenso, cantando as suas glórias.
O Criador agradeceu as palavras do servidor fiel, abençoando-lhe os trabalhos.
Em seguida, falou radiante, o Anjo das árvores e das flores.
- Senhor, a missão que concedestes aos vegetais da Terra vem sendo cumprida com
sublime dedicação. As árvores oferecem sua sombra, seus frutos e utilidades a todas as
criaturas, como braços misericordiosos do vosso amor paternal, estendidos sobre o solo do
planeta.
Logo após falou o Anjo dos animais, apresentando a Deus seu relato sincero.
- Os animais terrestres, Senhor, sabem respeitar as suas leis e acatar a sua vontade. Todos
têm a sua missão a cumprir, e alguns se colocam ao lado do homem, para ajudá-lo. As
aves enfeitam os ares e alegram a todos com suas melodias admiráveis, louvando a
sabedoria do seu Criador.
Deus, jubiloso, abençoou seu mensageiro, derramando-lhe vibrações de agradecimento.
Foi quando, então, chegou a vez do Anjo dos homens.
Angustiado e cabisbaixo, provocando a admiração dos demais, exclamou com tristeza:
- Senhor, ai de mim! Enquanto meus companheiros falam da grandeza com que são
executados seus decretos na face da Terra, não posso afirmar o mesmo dos homens...
Os seres humanos se perdem num labirinto formado por eles mesmos.
Dentro do seu livre-arbítrio criam todos os motivos de infelicidade. Inventaram a chamada
propriedade sobre os bens que Lhe pertencem inteiramente, e dão curso ao egoísmo e a
ambição pelo domínio e pela posse. Esqueceram-se totalmente do seu Criador e vivem se
digladiando.
Deus, percebendo que o Anjo não conseguia mais falar porque sua voz estava embargada
pelas lágrimas, falou docemente:
- Essa situação será remediada. Alçou as mãos generosas e fez nascer, ali mesmo no céu,
um curso de águas cristalinas e, enchendo um cântaro com essas pérolas líquidas,
entregou-o ao servidor, dizendo:
Volta à Terra e derrama no coração de meus filhos este líquido celeste a que chamarás
água das lágrimas...
Seu gosto é amargo, mas tem a propriedade de fazer que os homens me recordem,
lembrando-se da minha misericórdia paternal.
Se eles sofrem e se desesperam pela posse passageira das coisas da Terra, é porque me
esqueceram, esquecendo sua origem divina.
71
... E desde esse dia o Anjo dos homens derrama na alma atormentada e aflita da
humanidade, a água bendita das lágrimas remissoras.
A lenda encerra uma grande verdade: cada criatura humana, no momento dos seus
prantos e amarguras, recorda, instintivamente, a paternidade de Deus e as alvoradas
divinas da vida espiritual.
***
LENDA JUDAICA
Deus convidou um Rabino para conhecer o céu e o inferno.
Ao abrirem a porta do inferno, viram uma sala em cujo centro havia um caldeirão onde se
cozinhava uma suculenta sopa.
Em volta dela, estavam sentadas pessoas famintas e desesperadas.
Cada uma delas segurava uma colher de cabo tão comprido que lhe permitia alcançar o
caldeirão, mas não suas próprias bocas.
O sofrimento era imenso.
Em seguida, Deus levou o Rabino para conhecer o céu.
Entraram em uma sala idêntica à primeira, havia o mesmo caldeirão, as pessoas em volta,
as colheres de cabo comprido.
A diferença é que todos estavam saciados.
- Eu não compreendo, disse o Rabino, por que aqui as pessoas estão felizes, enquanto na
outra sala morrem de aflição, se é tudo igual?
Deus sorriu e respondeu:
- Você não percebeu? É porque aqui eles aprenderam a dar comida uns aos outros...
***
XXI
- Também não.
***
NÃO CONHEÇO TÍTULOS
Um dia, o grande general Kitagaki foi visitar seu velho amigo, o superior do templo
Tofuku. Ao chegar, disse a um noviço de forma algo desdenhosa como comumente se
dirigia às pessoas que considerava seus subordinados no exército:
"Diga ao Mestre que o grande general Kitagaki está aqui."
O noviço foi ao seu mestre e disse:
"Mestre, o Grande General Kitagaki está aqui."
O mestre respondeu:
"Não conheço Grandes Generais."
O noviço voltou à presença do militar com o recado enquanto o velho sábio observava do
pórtico:
"Desculpe, o mestre não pode vê-lo. Ele não conhece nenhum Grande General."
75
O General inicialmente ficou surpreso, depois indignado, e finalmente compreendeu.
Humildemente disse ao noviço:
"Desculpe minha arrogância. Por favor, diga-lhe que Kitagaki deseja vê-lo."
O monge assim o fez. Logo, o mestre aproximou-se com um sorriso e cumprimentou:
"Ah, Kitagaki! Há quanto tempo! Por favor, entre."
***
NÓ DE CARINHO
Um pai, numa reunião de pais, explicou, com seu jeito humilde, que não tinha tempo de
falar com o filho, nem de vê-lo, durante a semana.
Quando ele saía para trabalhar era muito cedo e o filho ainda estava dormindo.
Quando voltava do serviço era muito tarde e o garoto não estava mais acordado.
Explicou, ainda, que tinha de trabalhar assim para prover o sustento da família.
Mas contou, também, que isso o deixava angustiado por não ter tempo para o filho e que
tentava se redimir indo beijá-lo todas as noites quando chegava em casa.
E, para que o filho soubesse da sua presença, ele dava um nó na ponta do lençol que o
cobria.
Isso acontecia religiosamente todas as noites quando ia beijá-lo.
Quando o filho acordava e via o nó, sabia través dele, que o pai tinha estado ali e o havia
beijado.
O nó era o meio de comunicação entre eles.
A diretora ficou emocionada e surpresa quando constatou que o filho desse pai era um
dos melhores alunos da escola.
O fato nos faz refletir sobre as muitas maneiras de as pessoas se fazerem presentes, de se
comunicarem com os outros.
Aquele pai encontrou a sua, que era simples, mas eficiente.
E o mais importante é que o filho percebia, através do nó afetivo, o que o pai estava lhe
dizendo.
REFLEXÃO:
Por vezes, nos importamos tanto com a forma de dizer as coisas que esquecemos o
principal: a comunicação através do sentimento.
Simples gestos como um beijo e um nó na ponta do lençol, valiam, para aquele filho,
muito mais que presentes ou desculpas vazias.
É válido que nos preocupemos com as pessoas, as é importante que elas saibam que elas
sintam isso.
Para que haja a comunicação, é preciso que as pessoas "ouçam" a linguagem do nosso
coração, pois, em matéria de afeto, os sentimentos sempre falam mais alto que as
palavras.
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É por essa razão que um beijo, revestido do mais puro afeto, cura a dor de cabeça, o
arranhão no joelho, o medo do escuro.
As pessoas podem não entender o significado de muitas palavras, mas sabem registrar um
gesto de amor.
Mesmo que esse gesto seja apenas um nó.
Um nó cheio de afeto e carinho.
***
77