Caso Clínico - Artrite - Gota - Núbia Araújo

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Caso clínico artrite/gota

ANAMNESE

• Homem, 56 anos, pardo, natural e procedente de Crato – CE, compareceu ao Ambulatório


de Reumatologia encaminhado por seu médico da UBS.

• Referia ter iniciado o quadro com artrite no joelho esquerdo, de aparecimento súbito e que
melhorou em uma semana.

• Sem acompanhamento médico especializado, notou piora do quadro clínico, notou a


ocorrência de crises mais frequentes nos dois joelhos, em mãos e punhos, tornozelos e pés,
de caráter intermitente e sem rigidez matinal ou relatos de podagra.

• Surgiram DEFORMIDADES LIMITANTES nas mãos e nos joelhos (impossibilitando a


deambulação), além do desenvolvimento de nódulos distribuídos pelo corpo, inicialmente
nas pernas e posteriormente em antebraços e tornozelos.

• Etilista há 40 anos; perda de peso: 12 kg em um mês; referia disúria e litíase renal, mas
negava patologias em outros órgãos ou sistemas, alergias, hemotransfusões e neoplasias.

EXAME FÍSICO

• Atrofia muscular nos quatro membros e da musculatura interóssea bilateral;

• Artrite e deformidades articulares múltiplas, em especial nos punhos,


metacarpofalangeanas (MCF), interfalangeanas proximais (IFP) joelhos e tornozelos.

EXAMES LABORATORIAIS

• Hemoglobina: 10,7 g/dL

• Hematócrito: 32,6%

• Leucócitos: 13.000 /mm3

• Plaquetas: 370.000/mm3

• Eritrossedimentação: 24 mm/1ª h

• Proteína C reativa: 12 mg/L

• Ácido úrico sérico: 15,2 mg/dL

• Creatinina: 2,3 mg/dL

• Fator reumatoide (FR): negativo

• Aminotransferases: normais

• Glicemia: 105 mg/dL.

EXAME DE URINA
• 25-30 piócitos/campo

• hemácias acima de 100/campo


• vários cristais de ácido úrico

• presença de bactérias

EXAME DE IMAGEM

• RADIOGRAFIA DE MÃOS E PUNHOS:

1. Mostrou erosões periarticulares, em especial em MCF

2. Cistos epifisários em mãos e punhos

3. Subluxação das falanges distais e médias bilateralmente

Foram prescritos prednisona (10 mg/dia) e tramadol (50 mg/dia) para alívio das dores devido ao
comprometimento da função renal e solicitado retorno e mais exames.

No retorno: creatinina sérica: 1,6 mg/dL

• ácido úrico na urina de 24 h: 752,4 mg

• clearance de creatinina: 36,7 mL/min/1,73 m2

Exame anatomopatológico da formação nodular retirada do antebraço esquerdo comprovou a


presença de tofo, com ausência de atipias celulares.
Então se deu o diagnóstico e tratamento adequado.

QUESTÕES:

● O diagnóstico é de gota, de artrite reumatóide ou ambos? Como chegou a essa conclusão?

R: O diagnóstico é de gota, pelos seguintes sintomas apresentados: artrite aguda, formação


de tofos, presença de ácido urico na urina e grandes agregados cristalinos.

● Qual o tratamento indicado para os períodos de crises e o tratamento indicado para o dia a
dia?

R: Não há cura definitiva para a gota. O tratamento visa diminuir a dor e inflamação nas
crises agudas e a correção da hiperuricemia subjacente com o objetivo de prevenir
episódios futuros e evitar lesões nas articulações. É necessário evitar os fatores
desencadeantes ou que propiciam a formação de ácido úrico, além de um aumento na
ingestão de líquidos para otimizar a taxa de fluxo urinário. A crise aguda de gota pode ser
controlada com o uso de colchicina, antiinflamatórios ou a associação de ambos com alívio
em geral após 2 horas da dose inicial. Essas medicações devem ser usadas sempre sob
prescrição médica e com cautela em pacientes com insuficiência renal, hipertensão,
ulceração péptica ou gastrite. Medicações com objetivo específico de diminuir os níveis de
ácido úrico também devem ser iniciadas e mantidas a longo prazo, com o cuidado de se
aguardar a resolução completa da crise aguda para o seu início. Quando a presença de
tofos prejudica a função articular a retirada cirúrgica também pode ser indicada.

● Quais as mudanças indicadas no hábito de vida do paciente para auxiliar no bom prognóstico
da doença?
R:
- Evitar o consumo de frutos do mar, sardinha, miúdos (rim e fígado), excesso de
carne vermelha e pele de aves quando os níveis de ácido úrico estiverem altos
porque você pode desencadear uma crise. Sob tratamento, esses alimentos podem
ser ingeridos sem exagero
- O consumo de bebidas alcoólicas também pode ser feito sem exageros quando os
níveis de ácido úrico estiverem controlados
- Evitar uma dieta hipercalórica, pois leva à obesidade que é um fator de risco para os
portadores de gota além do excesso de peso sobrecarregar as articulações
inflamadas
- Aumentar a ingesta hídrica
- Procurar o tratamento e acompanhamento médico adequado caso haja doenças
associadas como hipertensão arterial, diabetes, etc.

● Como atua o alopurinol e por que não é indicado o uso dele durante a fase de crises (fase
aguda)?

R: O ácido úrico presente no nosso organismo é produzido a partir da purina, que é um


conjunto de compostos orgânicos presentes em diversos tipos de alimentos, principalmente
naqueles de origem animal. Cerca de 40% das nossas purinas são obtidas pela dieta e os
60% restantes são produzidos pelo nosso próprio organismo.
A transformação da purina em ácido úrico é catalisada por uma enzima chamada xantina
oxidase. A inibição dessa enzima, que é o mecanismo de ação do alopurinol, reduz a
transformação das purinas em ácido úrico, provocando, assim, uma redução da
concentração deste último no sangue.
Portanto, o alopurinol é um medicamento que é utilizado sempre que desejamos reduzir os
níveis de ácido úrico no sangue, como são os casos dos pacientes que têm gota ou cálculos
renais que surgem por excesso de ácido úrico na urina.
Apesar de ser um medicamento que previne os ataques de gota, nos primeiros dias de uso
ocorre um efeito paradoxal, havendo um aumento do risco de surgirem crises de artrite
gotosa. Se isso ocorrer, o paciente deve manter o medicamento na mesma dose e a crise
deve ser tratada com colchicina ou anti-inflamatórios. A elevação da dose, caso necessária,
só deve ser feita após completa resolução dos sintomas.
Os pacientes que tiveram crise de gota recente devem começar a tomar o alopurinol antes
da interrupção da colchicina ou do anti-inflamatório, de forma a prevenir um recaída da crise
nos primeiros dias.

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