Guia Da Construcao Civil DEG
Guia Da Construcao Civil DEG
Guia Da Construcao Civil DEG
GUIA DA
CONSTRUÇÃO
CIVIL
do canteiro
ao controle
de qualidade
Copyright © 2019 Oficina de Textos
Bibliografia.
ISBN 978-85-7975-341-1
19-29595 CDD-690
Especial agradecimento ao prezado Engenheiro Walid Yazigi, que não conheço pessoal-
mente, autor do livro A técnica de edificar, que me serviu de guia nas horas de incerteza
sobre algumas práticas em que, dado o tempo que se passou e a evolução das técnicas
construtivas, fiquei em dúvida, particularmente nos detalhes. E ele me esclareceu! Reco-
mendo o seu livro para elucidar quase todas as técnicas construtivas em detalhes.
Muito obrigado ao colega e amigo Engenheiro José Eduardo Wanderlei de
Albuquerque Cavalcanti, que me sugeriu e me incentivou a escrever este livro,
apoiando-me o tempo todo!
Também devo um especialíssimo agradecimento ao também colega e amigo
Engenheiro Manoel Henrique Campos Botelho, que dispendeu seu tempo e sua
dedicação efetuando várias e fundamentais revisões de todo o texto, oferecendo
valiosíssimas sugestões, pelas quais reitero os meus mais sinceros agradecimentos!
Esta obra se destina a todo aquele que quer iniciar ou se aprimorar na carreira da nobre
arte construtiva. O objetivo não é realmente ensinar a executar uma tarefa ou serviço
dentro de uma obra, mas sim explicar como e por que se faz aquele serviço. Não é neces-
sário ter a habilidade de assentar tijolos para executar uma parede, contudo é preciso
saber como se executa esse serviço para poder acompanhá-lo e/ou supervisioná-lo. Para
todos os serviços, a ideia é exatamente essa: eu não executo tal tarefa, mas sei exatamente
como (e por que) se deve executá-la. Lembre-se sempre de que você terá a responsabili-
dade técnica objetiva sobre todos os serviços executados, e uma pequena falha pode vir a
ser desastrosa!
Considere, no entanto (palavras de consolo!), que dificilmente uma única
falha pode levar a um desastre de maiores proporções. Geralmente é o acúmulo
de várias falhas que leva a tal situação. Isso não significa que podemos ser condes-
cendentes com uma pequenina falha. Acontece que, talvez, sem que você tenha
percebido, ocorreram ou vão ocorrer algumas (pequenas?!) falhas antes ou depois,
que, acumuladas com aquela pequenina falha que você percebeu, mas perdoou,
levam a um desastre!
Assim, temos aqui um primeiro princípio: falha percebida tem que ser corrigida!
Na impossibilidade disso (acontece), deve-se tomar medidas acauteladoras e preven-
tivas. Registre o problema em um sistema de anotação e não se esqueça dele até que
seja definitivamente superado!!!
É claro que em algum momento ele será superado e deixará de ser importante.
Caso isso não aconteça, então você errou em seu julgamento e ele tinha que ser
corrigido, sim. Se, após estudar acuradamente o assunto, você não tiver a solução,
chame alguém com mais experiência para auxiliá-lo: divida a responsabilidade, é
mais seguro.
Em alguns tópicos, vamos mostrar detalhadamente como se faz um deter-
minado serviço. É claro que não será você a executar pessoalmente aquele serviço,
porém terá condições de saber se o que está sendo feito pelo profissional está de
acordo com a técnica e a estética requeridas para a tarefa. Aliás, você pode até tentar
fazer o serviço como experiência, mas verá que lhe faltarão duas coisas importantes:
prática e habilidade. E são exatamente elas que lhe dariam condições para executar
um serviço rápido, bem-feito e esteticamente adequado. Se não for esse o caso para
você, aprimore-se e adquira prática em supervisionar e fiscalizar a execução dos
serviços, o que realmente também exige prática, como tudo na vida, aliás, principal-
mente na vida profissional.
Outro aspecto deste trabalho é que adotamos dois enfoques distintos para a
questão das obras:
1. Você está na obra (Caps. 1, 2 e 3): descrição e discussão dos serviços
sequencialmente no campo. Vamos à obra acompanhar os serviços
executados, desde a sondagem até a pintura, passando por fundações,
estruturas, alvenarias, coberturas etc. Não se trata de ensinar a fazer, isso
só ocorre em alguns casos, mas principalmente considerar a sequência
dos serviços e o que fazer para acompanhar seu andamento e dar apoio
aos profissionais que os executam diretamente. O objetivo é fazer a obra
andar e acontecer da melhor forma possível, evitando entraves e atrapa-
lhações que tanto perturbam seu andamento normal.
2. Aqui você já subiu de posto, foi promovido (Cap. 4): agora você está no
escritório da empresa, tendo como tarefa atender a um cliente que
quer executar uma obra de médio a grande porte. Pode ser um prédio
de alguns andares, uma indústria, uma escola de bom tamanho e até
uma estrada, um viaduto, uma base espacial (por que não?!). Aqui o
problema já é outro, além daqueles que a gente viu na primeira parte,
que, aliás, continuam existindo, mas agora você tem um residente que
está à frente da obra e faz o que você fazia no começo de sua carreira.
Além da construção da obra que você supervisiona, existe muita coisa
“antes”. Agora você precisa estudar o projeto em profundidade, planejar
sua execução e depois orçá-lo, lembrando que certamente sua empre-
sa estará concorrendo com outras nessa lide. É um outro enfoque para
o mesmo problema, que é fazer a obra funcionar e dar lucro, pois, se
isso não acontecer, na melhor das hipóteses você dança, e na rua! Você
que está começando a carreira (até ingrata, mas, para quem gosta, uma
cachaça!) vai ter uma visão do que o espera mais adiante!
As obras menores não podem ser gerenciadas da mesma maneira que as gran-
des, já que você não terá meios (grana!) para isso. Então, o planejamento é bastante
simples, embora exista, mesmo incipiente, e deve ser feito. Quanto ao orçamento,
não há que ser muito diferente, apesar de sua itemização ser muito menor: será
necessário um levantamento dos quantitativos, a elaboração de uma planilha e a
composição unitária de preços, exatamente como na obra grande. Assim, o que
muda na verdade é só o planejamento, que, numa obra grande, deve ser muito mais
complexo, além do tamanho da encrenca, que é muito maior. Uma obra média terá,
quando muito, 50 itens no orçamento. Já numa obra grande esse número sequer terá
limite, pois depende muito do tipo de obra, mas, seguramente, não haverá menos
que 200 itens! Pode acreditar que existem obras com mais de 2.000 itens, como
uma refinaria ou uma usina siderúrgica, por exemplo.
Na verdade, essa é a vida de um “peão” de obra: você nunca deixará de observar
uma construção sem fazer uma análise crítica do que está sendo – ou já foi – feito
ali! Essa mania você pegou (ou vai pegar) ao longo do primeiro item mencionado
anteriormente. E é como andar de bicicleta, você nunca mais esquece, mesmo
porque ali você agrega conhecimento com técnica e disposição física, pois anda o
dia todo, sobe e desce escadas e andaimes, enfia-se em buracos e desvãos e por aí
vai! E vai mesmo, aprendendo o tempo todo e com todo mundo: na obra todo mundo
é aluno e professor, você ensina alguma coisa a um encarregado e logo adiante um
servente lhe ensina outra coisa de muita utilidade e que você não sabia...
Lembre-se da música do Gonzaguinha e tenha orgulho de ser “um eterno
aprendiz”!
2. Procedimentos administrativos 25
2.1 Etapa 1 – Programação de aquisições de materiais e
critérios para compras....................................................................... 25
2.2 Etapa 2 – Contratação de fornecedores e subempreiteiros............. 34
2.3 Etapa 3 – Segurança do trabalho e cuidados com
o meio ambiente................................................................................. 38
3. A construção 43
3.1 Etapa 1 – Obras civis: elementos básicos......................................... 43
3.2 Etapa 2 – Instalações elétricas, hidráulicas, sinalização e outras....... 90
3.3 Etapa 3 – Revestimentos e acabamentos.......................................... 101
Anexos 181
Anexo 1 Modelos de impressos................................................................. 181
Anexo 2 Granulometria de solos............................................................... 186
trabalhos. Porém, antes de nos debruçarmos sobre esse aspecto, vamos fazer uma
pequena revisão, para verificar se realmente está tudo em ordem. Evidentemente
essa revisão deve ser feita de modo concomitante com os trabalhos descritos nos
itens anteriores e terminar justamente quando se dá início aos trabalhos de campo,
ou seja, quando se obtém a autorização para iniciar a obra.
Conferência de níveis
Verifique os níveis dos ambientes e compare-os com os níveis do terreno da obra.
Essa é uma verificação grosseira apenas para conferir se não há nenhuma distorção
ou a exigência de algum movimento de terra mais pesado. Se você dispõe do levan-
tamento planialtimétrico, utilize-o. Confronte.
1 | Procedimentos iniciais da obra 23
em cidades pequenas, você com certeza não vai encontrá-la, então contrate-a de fora
e leve-a para lá! De qualquer forma, faça uma pesquisa antes.
Muita coisa já foi feita, mas ainda há muito mais a fazer. Paralela e simultaneamente
aos procedimentos do Cap. 1, os descritos neste capítulo já podem ser postos em
andamento; ou seja, muitos dos processos que serão apresentados aqui podem ser
realizados enquanto aqueles terminam. Vou lhe contar uma coisa, segredo mesmo:
sabe quando realmente acabam os procedimentos dos Caps. 1 e 2? Quase no fim
da obra (Cap. 3)! Isso ocorre porque providências de projeto e administração são
concluídas apenas quando a obra acaba, só que boa parte dessas atividades passam
a ser feitas na própria obra, enquanto outra boa parte continua no escritório. Quais
seriam elas? Não sei, vai depender do tamanho da obra, de sua localização, da equipe
que você alocou (ou vai alocar) na obra e no escritório, dos fornecedores e subem-
preiteiros e assim por diante. Essa, inclusive, é uma decisão empresarial e depende
também do dono da construtora, que pode ser seu patrão ou você mesmo.
Muito bem, preparado? Então vamos lá!
Então começamos a construção, certo? Claro que sim e claro que não. De certa
maneira, a construção já vem “se mexendo” há um bom tempo, por uma série de
procedimentos que já fizemos lá: medições de terreno (topografia), inspeções foto-
gráficas, sondagens, coletas de amostras, marcações preliminares e otras cositas más.
Só que agora é definitivo – se antes operávamos do escritório, agora vamos nos mudar
definitivamente para a obra e operar a partir dela. Já temos um canteiro (ou então
estamos fazendo um), a equipe está mobilizada e nossa infraestrutura de trabalho
está formada (ou em formação). Podemos seguir em frente. É claro que inicialmente
vamos passar por vários percalços, além de ainda dependermos muito do escritório,
mas, com o tempo, essa dependência diminuirá bastante, embora nunca suma de
vez. Mesmo porque, como já dissemos antes, essa é uma decisão empresarial.
Muito bem, já que estamos aqui, mãos à obra (literalmente)!
A B
Mín
50 cm
Fig. 3.1 (A) Vista lateral e (B) vista frontal interna de um gabarito
Mas como funciona o gabarito? De forma muito simples, e por isso ele é um
sucesso. Em primeiro lugar, marca-se nas tabeiras a posição dos eixos do projeto,
usando uma caneta esferográfica ou um lápis. É evidente que você vai puxar essa
marcação a partir de referências constantes no projeto. Serão dois eixos, X e Y (ou N
e E), a serem marcados nas faces frontais do gabarito. Daí, estende-se um fio (arame
recozido ou linha de nylon, bem esticados) entre os pontos marcados do mesmo eixo
nas faces frontais. Pronto, o(s) eixo(s) estará(ão) marcado(s) e você já poderá começar
a locar sua obra. Infelizmente os fios estendidos podem interferir e atrapalhar os
serviços, então terão que ser removidos e depois estendidos novamente, e depois
removidos e estendidos mais uma vez, e assim sucessivamente.
3 | A construção 51
O curso era voltado à execução de valas para tubulações, mas, dadas as similari-
dades, pode ser perfeitamente adequado para movimentos de terra de caráter geral.
Parede da vala
Lastro
Piquetes nivelados
3.1.7
Estacas e tubulões
Atualmente existem vários tipos de estaca, além das tradicionais pré-fabricadas e
cravadas a golpes de bate-estacas. São geralmente estacas moldadas in loco, além da
Strauss e da Franki, já tradicionais. Entre outras variedades e variações, temos a estaca
hélice contínua, a estaca raiz, estacas escavadas com o uso de bentonita, a estaca barrete
e estacas mistas. Neste trabalho, vamos analisar as mais comuns, que são as pré-fabri-
cadas cravadas e a Strauss, pois se destinam basicamente a construções pequenas e de
médio porte. As outras costumam ser empregadas em obras maiores e com enfoque
diferente do nosso.
Estacas de qualquer tipo (e tubulões também) são sempre coroadas por um
bloco de fundação, que fará a transição entre as fundações (infraestrutura) e a
superestrutura. Elas são definidas pelo projetista, que determinará seu tipo, sua
posição relativa, sua capacidade de carga e sua quantidade e também estimará o
comprimento de cada uma delas. Com as estacas locadas na obra (ver seção 3.1.2,
em que se fala do gabarito) e com a empreiteira que as executará contratada, vamos
agora começar a obra de fato.
3.1.11 Vigas e lajes
Nas vigas, o maior problema é a limpeza da forma, e essa pode ser uma razão para
concretar vigas e pilares de uma vez só: quando se faz a limpeza da laje e da viga
antes da concretagem, manda-se a sujeira e as escórias para dentro da forma do pilar
(ainda vazia) e, pela abertura deixada no pé dos pilares, faz-se sua remoção. Antes
disso, porém, temos que montar as formas, escorá-las e travá-las para que não se
deformem. Nessa altura do campeonato, essa é a parte fácil, desde que as marcações
da obra estejam bem-feitas! Se não, é aí que “a porca torce o rabo”, principalmente
para níveis diferentes daqueles onde foram feitas as marcações: as medidas internas
começam a não bater, faltando num lado e sobrando no outro, e aparecem desalinha-
mentos, além de outros inconvenientes. Nada que não seja passível de uma solução,
só que deixa sequelas! Mas suas marcações estão corretas e tudo está nos conformes
– a ferragem colocada e fixada, os espaçadores encaixados e as formas limpas e
lavadas (molhadas). Já pode ter início a concretagem. As recomendações sobre o uso
do vibrador são aquelas constantes no item anterior e, mais do que nunca, devem
ser observadas aqui:
ππ Não vibre no mesmo ponto por muito tempo; para lajes, 30 segundos no
mesmo local costumam ser mais do que suficientes.
ππ Prefira arrastar devagar a agulha do vibrador em vez de ficar tirando-a e
pondo-a em lugar próximo.
ππ Nesse “tira e põe”, proceda com cuidado e devagar; não puxe com violência.
ππ Aproveite a ferragem para transmitir vibração para o concreto, mas tenha
cuidado ao fazer isso com a forma, pois ela pode se despregar e abrir.
ππ Não demore muito nas vibrações dos pilares e das vigas, pois pode ocorrer
ruptura da forma; vibre apenas o mínimo necessário. Se os agregados
graúdos ficarem submersos pela calda de cimento, talvez você já tenha
vibrado demais, está segregando. Pare e dê uma mexida na ferragem com
uma alavanca para reverter esse excesso de vibração.
ππ Outro processo de reversão à liquefação (as pedras afundaram e só aparece
calda de cimento) é jogar uma ou duas pás de concreto novo no local onde
ocorreu a possível segregação e misturá-las com uma barra de ferro, sem vibrar.
ππ Lembre-se de que excesso de vibração pode ser tão ruim quanto sua falta.
ππ Evite concretar em dias de chuva, principalmente lajes. Pilares e vigas já
não apresentam muito problema.
Gravata
Prego 18 × 27
semipregado
Sarrafo ao longo
da forma
Tubo de PVC
Haste de aço rosqueada
nas extremidades
Prego 18 × 27
pregado Chapas de Escora inferior
compensado ou contravento
Escoras de apoio
Vigas de suporte
Os pregos apontados no desenho são os mais usuais, mas podem ter alter-
nativas, como 18 × 24, 18 × 30 ou até 18 × 33 (mais grosso) para o 18 × 27. Para o
15 × 15, temos 15 × 18, 15 × 21 e até 15 × 27 como alternativa.
A haste de ferro pode ser ajustada por meio de uma espécie de cunha que
pressiona o ferro e evita que a forma se abra, geralmente chamada em obra de
perereca. Ela é rústica e muito prática, podendo ser reusada muitas vezes. Essas
peças podem também ser alugadas.
3 | A construção 83
capilaridade para a parede acima do piso. Para isso, não pode haver brechas e a
faixa impermeabilizada deve ser contínua e fazer esse bloqueio. Se ocorrer uma
brecha, a umidade atravessa. O ruim disso é que, se a umidade passar, as manchas
vão aparecer na parede e você nem saberá onde ela “furou” a impermeabilização do
respaldo! E aí fica muito difícil localizar esse furo. Vai dar trabalho e vai sair caro
corrigir. Fora o incômodo!
Lastro de brita
Respaldo
Pintura com
emulsão betuminosa
(2 demãos)
Bloco ou baldrame
Lastro de brita
3.1.17
Vedações e impermeabilizações
Existem locais numa edificação que necessitam de uma impermeabilização que
impeça a infiltração da água para o andar de baixo ou para um compartimento
lateral. Esse é normalmente o caso de banheiros, cozinhas, lavanderias, terraços,
floreiras e o que mais houver que trabalhe com água e umidade. As lajes são obvia-
mente as suspeitas “número um” no quesito infiltração e, justamente por isso,
devem merecer uma atenção especial. E essa atenção deve começar já no projeto,
mas vamos pular essa questão, pois não faz parte de nosso escopo no momento.
Vamos diretamente à concretagem e à cura.
90 Guia da construção civil: do canteiro ao controle de qualidade
que era uma tubulação de água para abastecimento de hidrantes externos (sistema
de combate a incêndios) e estava ativa e valendo. O tanque foi deslocado e a tubu-
lação, construída obedecendo à DIN, foi preservada. Parece que ninguém lá teve
curiosidade de saber a causa dessa especificação!
energia e perde-se muito tempo para encher o tubo de recalque. Com a válvula, a água
não retorna, o tubo permanece cheio de líquido e a bomba funciona. Já a válvula
de redução de pressão, além de também fazer retenção, possui um dispositivo para
diminuir a pressão da água devida à altura da queda e, ao mesmo tempo, evitar o
retorno do líquido, no caso, água! Na verdade, a redução da pressão é muito impor-
tante, pois a maioria das torneiras e registros comerciais comuns funciona muito
bem até a pressão de 9 mca; mais que isso, se a altura aumentar demais, a vedação
não funciona, principalmente se não for tão boa. Claro que isso depende também da
qualidade da torneira (uma boa torneira trabalha bem até 30 mca = dez andares), mas,
de maneira geral, o padrão ideal é 9 mca, que corresponde a três andares.
No que se refere aos registros e às torneiras, cabe mencionar que esse é um
terreno pantanoso, pois existem milhares de fabricantes de milhares de modelos
e tipos, com diferentes objetivos e qualidades! E é aí que mora o perigo: a quali-
dade. É muito comum as construtoras fazerem economia substituindo alguns itens
de primeira linha que constam no memorial de vendas de um imóvel pelo famoso
similar, alguma(s) linha(s) abaixo... “Uma marca famosa (e de qualidade) ou similar”.
Pode ser uma fechadura, uma esquadria, um acessório qualquer; o nome famoso,
de primeira linha, é usado para qualificar e valorizar a construção, mas, na hora da
verdade, entra o similar, geralmente dois pontos abaixo do prometido em termos de
qualidade – e, principalmente, de preço. Os metais sanitários também fazem parte
dessa festa, existem marcas e “marcas”, em que evidentemente a mais barata tem
menos qualidade, às vezes muito menos. E aí a torneira deixa a água vazar, não
aguenta nem os 9 mca da norma, aumentando o consumo (e a conta) de água! Você,
ao construir, tem que tomar uma decisão: gasta um pouco mais e tem qualidade ou...
Antes de tudo, meus parabéns: você foi, está sendo ou será promovido em breve!
Você vai trabalhar, a partir de agora, no escritório central da empresa e, aproveitando
sua experiência em obras, passará a fazer o planejamento e o orçamento das obras
novas que estão chegando. Você deverá atender os clientes, ativos ou potenciais,
e colher todas as informações necessárias para o desenvolvimento do trabalho que
lhe está sendo requerido. Além disso, deverá fazer incursões ao campo onde será
executada a obra e também aos outros setores da empresa, com o objetivo de colher
mais informações para a execução de seu trabalho.
Este capítulo procura exatamente orientá-lo nessa tarefa de colher, proces-
sar, colher de novo, reprocessar todas as informações possíveis e necessárias para
executar sua tarefa, que, aliás, não é muito simples: elaborar um cronograma e um
orçamento que convençam o cliente a entregar a execução da obra à sua empresa.
E depois acompanhar e controlar sua execução e, finalmente, sua gloriosa entrega!
Com palmas e elogios, se possível.
Já vou avisando: vai dar trabalho! Mas depois o trabalho compensa na obra,
facilita sua vida!
Vamos lá?
4.1 Preliminares
Planejamento e orçamento integrados? O que é isso mesmo? Resposta: é apenas um
orçamento feito da maneira como deve ser feito!
Antes de mais nada, vamos estabelecer alguns parâmetros, para que falemos
a mesma língua. Vamos colocar da seguinte forma: se precisamos orçar um serviço,
seja ele qual for, você concordará que é fundamental saber onde vamos trabalhar
(o local), analisar bem qual serviço devemos fazer (o projeto) e também estudar
120 Guia da construção civil: do canteiro ao controle de qualidade
Blocos de fundação
0,25
Casa de
4,00
A bombas A
Depósito
5,00
1,20
Planta nível 0,00
1,20
(*) Atenção NA máx. = 8,05
Reservatório
5,30
100 m3
8,50
0,35
3,05
Corte AA 5,00
-0,15
Viga baldrame
0,25 × 0,40
0,15
Reservatório elevado
Planta baixa – corte e fachadas
Escalas: adequadas
Cronograma
Cronograma nada mais é do que uma representação gráfica e resumida do plane-
jamento. Como se trata de um gráfico cartesiano de atividades × tempo, devemos
ter as duas ordenadas bem definidas. A ordenada tempo já foi determinada antes: já
fizemos nosso calendário com todas as observações, dias de trabalho e não trabalho,
sábados, domingos, dias santos, feriados, feriadões (sejamos realistas!) e tudo o mais
que possa eventualmente resultar numa interferência sobre a obra.
136 Guia da construção civil: do canteiro ao controle de qualidade
A. Início da obra *
A1. Canteiro
B. Escavação
C. Fundações
D1. Fabricação da cobertura
D. Estrutura
E. Alvenaria
F. Instal. elétr./hidráulica
G. Revestimento
H. Montagem da cobertura
I. Pintura
J. Limpeza e entrega
Não devemos fazer uma agenda desse tipo com um prazo superior a um mês,
pois muitas coisas podem ocorrer nesse período e será necessária uma revisão.
Aliás, isso é uma constante e deverá sempre ser levado em consideração: o planeja-
mento global será sempre uma linha de ação a ser seguida; os detalhes deverão ser
explicitados para um prazo menor, no máximo um mês. Como a agenda já é um
detalhamento, está nesse contexto.
Atenção: o tempo passou e muita coisa mudou, inclusive as agendas. Com o
advento do telefone celular, as agendas de papel caíram de moda e nem as empresas
estão mais as fornecendo de brinde. De qualquer maneira, a agenda no celular ou
no tablet pode cumprir muito bem a missão proposta, com a vantagem de poder
emitir sinais de alerta para as principais obrigações e ainda acrescentar registros
fotográficos dos eventos e da obra. Outras utilizações do celular podem ser feitas,
a critério de cada um e dependendo também do modelo do aparelho e da habilidade
do operador. Mais recentemente, com os smartphones e os lançamentos de apps, que
são pequenos programas que podemos instalar no celular e que são baixados até de
graça pela internet, o aproveitamento pode ser incrivelmente incrementado, melho-
rando ainda mais o trabalho de controle da obra.
Memória de orçamento
2. Infraestrutura
2.1.1 Sondagem de reconhecimento 20,00 m²
2.1.10 Escavação manual até 2,00 m: (1,8 × 1,8 × 0,9) × 4 +
+ (2,20 × 0,85 × 0,25) × 4 13,60 m³
2.1.28 Reaterro compactado: 13,6 − {[(1,2 × 1,2 × 0,60) +
+ (4,25 × 0,25 × 0,4)] × 4 +
+ {[(1,2 × 1,2) + (2,8 × 0,25)] × 4} × 0,05} 13,10 m³
2.1.30 Lastro concr. magro: {[(1,2 × 1,2) + (2,8 × 0,25)] × 4} × 0,05 0,45 m³
3. Superestrutura
3.1.3 Forma de chapa de compensado plastificado 21 mm:
[(0,25 × 2,7 × 4) + ((4,5 + 5,5) × 5,65) + (4 + 5) × 5,35)] × 2
+ (4,5 × 4,5) 228,65 m²
3.1.17 Escora metálica – locação: 4,5 × 4,5 20,30 m²
3.2.5 Armadura CA-50 – conforme tabela de projeto 3.420 kg
4.10.1 Levantamento final
O primeiro passo é efetuar um levantamento o mais detalhado possível de toda a
obra, principalmente dos erros. Não importa agora quem cometeu o erro, mas sim
por quê. Na verdade, nessas horas é muito importante a autocrítica, pois há uma
tendência nas pessoas de encontrar falhas alheias e passar olimpicamente sobre
suas próprias, isso quando não as atribuem aos outros. Nesse caso, a solução real-
mente não está no campo da Engenharia, mas no da Medicina.
“Voltando à vaca fria”, a grande pergunta que surge é: como efetuar esse levan-
tamento? Realmente não é muito fácil, mas, com método, um pouco de persistência,
Anexos
Anexo 1 Modelos de impressos
Observação preliminar: utilize uma planilha eletrônica do tipo Excel para fazer os
cadastros sugeridos aqui!
A Fig. A.2 mostra uma sugestão para a codificação de fornecedores por ativi-
dade. Deve-se reservar um intervalo numérico adequado para cada tipo de atividade
e de fornecedor.