Dons de Elocução

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INTRODUÇÃO

Os dons de elocução, também denominados de verbais ou inspirativos,


caracterizam-se pela expressão vocal, sempre de maneira sobrenatural.
Como é peculiar da elocução, dizem respeito à oralidade, que se
fundamenta nEle que é o Verbo que se fez carne (Jo. 1.1), que fala e
continua falando (Hb. 1.1,2). Na aula de hoje aprenderemos sobre os
seguintes dons de elocução, com base em I Co. 12.7-12: dom de profecia,
variedade de línguas e interpretação de línguas.

1. O DOM DE PROFECIA
Existem alguns equívocos no meio evangélico a respeito do significado da
profecia enquanto dom. Isso porque há confusão entre a profecia no Antigo
Testamento, o ministério profético e o dom propriamente dito. O profeta da
Antiga Aliança era um arauto de Yahweh, e falava pela inspiração do
próprio Deus, por isso declarava: “assim diz o Senhor”. A mensagem
profética canônica, conforme registrada nas Escrituras, foi soprada por
Deus (II Tm. 3.16,17), os escritores sagrados falaram da parte de Deus,
movidos pelo Espírito (I Pe. 1.20,21). Não se pode confundir também o
dom com o ministério profético, que se encontra em Ef. 4.11, por trata-se
de uma capacitação dada por Deus à liderança, para orientar a partir da
revelação de Deus, fundamentada nas Escrituras. O ministério profético
tem relação é um ofício, residente naquele que o realiza, em conformidade
com a Palavra de Deus. Em relação ao dom de profecia, este é considerado
o maior dos três dons de elocução, sendo citado vinte e duas vezes em I Co.
11-14. O dom de profecia (gr. propheteia) não é previsão do futuro, antes
tem a função de edificação, exortação e consolação no corpo de Cristo. A
edificação diz respeito à “construção” da igreja do Senhor Jesus, a
manifestação desse dom acontece para que a igreja possa crescer em
maturidade. A exortação é uma palavra de encorajamento, para que
permaneçamos firmes no Senhor. A consolação diz respeito ao ânimo dado
à igreja para enfrentar os momentos de adversidade e perseguição. Aquele
que é usado por Deus no dom da profecia tem controle sobre este (I Co.
14.32), isso quer dizer que a pessoa trabalha em conjunto com o Espírito
Santo. Existe também uma normatização em relação ao uso: que falem dois
ou três e os demais julguem (I Co. 14.29). Há uma distinção entre o dom de
profecia e o de falar em línguas, o primeiro é para os que creem, e o último
um sinal para os descrentes, quando há compreensão, conforme aconteceu
no dia de Pentecostes (At. 2).

2. DONS DE VARIEDADE DE LÍNGUAS


O dom de falar em línguas teve início no dia de Pentecostes, no dia em que
a igreja foi inaugurada em Jerusalém (At. 2.4). Essas línguas não podem ser
estudadas, são sobrenaturais, portanto, nada tem a ver com o aprendizado
de idiomas. É possível que, como aconteceu no dia de pentecostes, as
pessoas falem em línguas que sejam identificadas pelos que as escutam.
Mas essas, para serem sobrenaturais, são estranhas para aqueles que as
falam, isto é, ainda que seja estrangeira, deve ser estranha para quem fala (I
Co. 14.14). Uma característica desse dom, diferentemente do de profecia, é
que quem fala línguas não fala a homens, mas a Deus (I Co. 14.2). Os
novos crentes devem ser estimulados a buscar o batismo no Espírito Santo,
tendo como uma das evidências o falar em línguas. E a também o dom de
variedade de línguas (gr. gene glosson), para que sejam edificados, e
sintam a alegria dessa experiência pentecostal. É importante ressaltar que
esse é o único dom que depende do Batismo no Espírito Santo, e que pode
abrir a porta para outros dons na vida do crente. Antes de a pessoa receber
o dom de variedade de línguas precisa buscar o batismo no Espírito Santo.
Devemos ter cuidado com a censura nas igrejas, nada há de errado em
desejar o dom de variedade de línguas (I Co. 14.5). O próprio Jesus
antecipou que aqueles que nEle cressem seriam capazes de falar “novas
línguas” (Mc. 16.15-17). As restrições de Paulo dizem respeito ao uso
inadequado das línguas no culto, sendo essas supervalorizadas, em
detrimentos dos outros elementos do culto: salmo, doutrina, revelação, e no
caso das línguas, interpretação (I Co. 14.23). Isso porque aqueles que falam
em línguas, se não houver quem interprete, edificam apenas a eles mesmos
(I Co. 14.4). Ao invés de proibirem o dom de variedade de línguas nas
igrejas, devemos incentivar a busca de outros dons, principalmente o de
profetizar (I Co. 14.39). A oração em línguas, respeitando os demais
elementos do culto, principalmente durante a oração, pode ser usada para
glorificar a Deus (At. 10.46). Há inclusive a possibilidade de se cantar em
línguas, trazendo gozo para a alma (I Co. 14.15), reconhecidas como
cânticos espirituais (Ef. 5.19).

3. DOM DE INTERPRETAÇÃO DE LÍNGUAS


Para que haja edificação da igreja, o dom de línguas carece de
interpretação, para tanto, o mesmo Espírito, sobrenaturalmente, pode dar
aos membros do Corpo, o dom para interpretá-las (gr. hermeneia glosson).
Por isso, aqueles que falam línguas são orientados por Paulo a também
orarem para que possam interpretá-las (I Co. 14.13). Se alguém possui o
dom de línguas, mas está em um lugar que não há quem interprete, deve
orar para que seja o próprio interprete. Quando as línguas são interpretadas,
a junção dos dons funciona como a profecia, edificando a igreja (I Co.
14.4). Do mesmo modo que o dom de variedade de línguas não pode ser
confundido com o domínio de outras línguas, o dom de interpretação de
línguas é sobrenatural, não é resultando do conhecimento adquirido de
outros idiomas. Se não há quem interprete, o dom de línguas deve ter
controle, para não comprometer os outros elementos do culto. Há uma
abertura nesse sentido nos cultos de oração, ou mais propriamente nos
momentos de oração, em que os crentes oram em línguas. Mas durante a
realização do culto, a menos que haja interpretação, as línguas devem ser
controladas. Paulo justificou, aos coríntios, que preferiam palavras
compreensivas, durante o culto, às incompreensíveis (I Co. 14.18,19).
Certamente os cultos em Corinto se transformaram em um “festival de
línguas”. A orientação do Apóstolo foi a seguinte: que tudo seja feito para
edificação, se alguém fala em uma língua estranha, que sejam dois ou no
máximo três, um após o outro, e haja quem interprete (I Co. 14.26,27). Isso
deveria acontecer para que o culto não fosse uma confusão, mas um
momento de paz, para a glória de Deus (I Co. 14.33). Não havendo
interpretação de línguas, o crente deve permanecer em silêncio perante a
igreja, falando apenas consigo mesmo, para Deus (I Co. 14.28). Essa é uma
prova de que quem está sendo usado pelo Espírito tem controle sobre o
dom espiritual.

CONCLUSÃO
Os dons têm sempre como premissa a edificação, nunca a confusão ou
elitização de quem é usado pelo Espírito. No caso dos dons de elocução, o
dom de variedade de línguas edifica apenas aquele que as fala, enquanto
que o dom de profecia edifica a igreja. O dom de línguas pode ser um sinal
negativo para os descrentes, a menos que haja quem interprete, para que
esses sejam convencidos da manifestação divina no meio da igreja. A
motivação principal para a busca dos dons, e a sua valorização, depende no
nível de edificação dos membros da igreja, em sua totalidade.

Prof. Ev. José Roberto A. Barbosa

SUBSÍDIO II

INTRODUÇÃO

O estudo da lição desta semana concentrar-se-á nos três dons


classificados como os de elocução: profecia, variedade de línguas e
interpretação das línguas. Os propósitos destes dons especiais são os de
edificar, exortar e consolar a Igreja de Cristo (1Co 14.3). Isso porque os
dons de elocução são manifestações sobrenaturais vindas de Deus, e não
podem ser utilizadas na igreja de forma incorreta. Assim, devemos estudar
estes dons com diligência, reverência e temor de Deus, para não sermos
enganados pelas falsas manifestações. [Comentário: Concluindo o primeiro
bloco deste trimestre, onde estamos estudando os dons espirituais listados
em 1Co 12, veremos nesta aula a respeito dos dons de elocução - o dom de
profecia; o dom de variedade de línguas ou dom de línguas, e o dom de
interpretação de línguas. Os dons de elocução manifestam a onipresença de
Deus no meio do Seu povo. O momento atual da Igreja evangélica depois
das três ondas pentecostais, tem se caracterizado como confuso e ao mesmo
tempo controverso por causa da compreensão e prática errôneas acerca dos
dons concedidos pelo Espírito Santo; também cresceu a desinformação e
falsos ensinos e práticas, principalmente no que diz respeito ao dom de
profecia. “Hoje quase tudo é “profético”. É oração profética, louvor
profético, oferta profética, abraço profético, raiva profética e até blog
profético! O problema é que se tudo é profético, qual é o objeto da
profecia? A quem profetizo?”. A Bíblia padroniza oassunto assim: Deus
fala a um profeta, e esse profeta fala ao povo. Se todos forem profetas,
onde estará o povo? Com quem Deus está falando? Na Bíblia, quando um
profeta “profetizou” a outro profeta – e não ao povo – deu problema: o
profeta velho de I Reis 13. Ainda contamos com duas linhas de
interpretação acerca da atualidade dos dons: a corrente pentecostal, e a
corrente cessacionista. Nós, pentecostais, defendemos a contemporaneidade
dos dons para a atualidade, embora estejamos dividindos em algumas
vertentes [de acordo com Franklin Ferreira são: Pentecostais Clássicos,
Pentecostais de “cura divina”, Pentecostais das “igrejas renovadas”,
Neopentecostais. In: Teologia Sistemática: uma análise Histórica, Bíblica e Apologética. São Paulo, Vida Nova,
2007, p.852 e 853
.]. Já os cessacionistas asseveram que nem todos os dons devem
ser encontrados atualmente, mormente, por causa de seu caráter
revelatório. Certamente esta lição desmistificará o assunto, e saberemos
distinguir o verdadeiro do falso, aplicar os dons de elocução com
objetividade] Tenhamos todos uma excelente e abençoada aula!

I. DOM DE PROFECIA (1Co 12.10)


1. O que é o dom de profecia? De acordo com Stanley Horton, o dom de
profecia relatado por Paulo em 1 Coríntios 14 refere-se a mensagens
espontâneas, inspiradas pelo Espírito, em uma língua conhecida para quem
fala e também para quem ouve, objetivando edificar, exortar ou consolar a
pessoa destinatária da mensagem. Profetizar não é desejar uma bênção a
uma pessoa, pois essa não é a finalidade da profecia. Infelizmente, por falta
de ensino da Palavra de Deus nas igrejas, aparecem várias aberrações
concernentes ao uso incorreto deste dom. Não poucos crentes e igrejas
locais sofrem com as consequências das falsas profecias. Apesar de
exortar-nos a não desprezar ou sufocar as profecias na igreja local (1Ts
5.20), as Escrituras orientam-nos a que examinemos “tudo”, julgando e
discernindo, pelo Espírito, o que está por trás das mensagens. Toda
profecia espontânea deve ser julgada (1Co 14.29-33). [Comentário: Estamos
diante de um assunto de extrema relevância para a edificação da Igreja e,
por essa razão, ninguém deve desconhecer o tema ou sentir-se como os
coríntios — ignorantes (12.1). Wayne Grudem é um dos maiores teólogos
norte-americanos. Tendo estudado em Harvard e Cambridge, Grudem é
autoridade a ser ouvida quando o assunto é teologia. Grudem faz uma
análise profundamente bíblica da natureza e função do dom de profecia, ele
prova biblicamente que a profecia é para hoje. Grudem diz: “No primeiro
momento, poderíamos imaginar que os profetas do NT seriam como os do
AT. Mas quando olhamos para o NT não parece ser esse o caso. Há pouca
ou nenhuma evidência da presença de um grupo de profetas capazes de
proclamar as palavras de Deus (com “autoridade divina absoluta”, que
não pudesse ser questionada) ou com autoridade para escrever livros a
serem incluídos no NT. No entanto, há um grupo bastante proeminentes no
NT que realmente falava com autoridade divina absoluta e que escreveu a
maioria dos livros do NT. Esses homens, porém, não eram chamados
“profetas”, mas “apóstolos”. Eles se parecem, em muitos aspectos, com
os profetas do AT”. Stanley M. Horton, Th.D., teólogo Pentecostal e o
autor de inúmeros livros, afirma que a profecia objetiva a edificação,
especialmente na fé; para exortar, especialmente para avançar na fidelidade
e no amor, e consolar, referindo-se a: que anima e revivifica a esperança e
expectativa (1Co 14.3). O Pr Ciro Sanches Zibordi escreve em seu Blog o
seguinte: “É uma capacitação momentânea para se transmitir uma
mensagem específica de Deus através de uma inspiração direta do Espírito
Santo (1 Co 14.30; 2 Pe 1.21). Trata-se de uma manifestação
sobrenatural, cuja função precípua é a edificação da igreja (1 Co 14.4).
Nos tempos do Antigo Testamento, os profetas eram intermediários entre
Deus e o povo (1 Sm 3.20; 8.21,22; 9.6,9,18-20). Esse tipo de ministério
profético durou até João Batista (Lc 16.16). Hoje, o profeta não é mais
uma espécie de mediador. E ninguém precisa consultar profetas, e sim ao
Senhor, diretamente (1 Tm 2.5; Ef 2.13; Hb 10.19-22; Gl 6.16; Fp 4.6).
Deve-se fazer uma distinção entre o ministério de profeta e o dom de
profecia. Tanto o portador deste quanto o ministro são chamados de
“profeta” (1 Co 14.29; Ef 4.11), mas há diferenças entre ambos. Primeiro,
quando ao modo da concessão: o dom de profecia pode ser concedido a
quem o busca (1 Co 14.1,5,24,31); já o ministério de profeta depende de
chamada divina (Mc 3.13; Ef 4.11). Segundo, quando ao uso: o dom de
profecia decorre de uma inspiração momentânea, sobrenatural (1 Co
14.30); o ministério profético está relacionado com a pregação da Palavra
de Deus (At 11.27,28; 15.32; 13.1). O dom de profecia era uma realidade
nos dias da igreja primitiva (At 19.6; 21.9; 1 Co 14). Ali, o ministério
profético e o dom de profecia, às vezes, eram intercambiáveis (At 21.8-
10)”  http://cirozibordi.blogspot.com.br/2014/04/os-dons-espirituais-luz-das-escrituras-4.html.]
2. A relevância do dom de profecia. O dom de profecia é tão importante
para a Igreja de Cristo que o apóstolo Paulo exortou a sua busca (1Co
14.1). Não obstante, ele igualmente recomendou que o exercício desse dom
fosse observado pela ordem e cuidado nos cultos (1Co 14.40). Os crentes
de Corinto deveriam julgar as profecias quanto ao seu conteúdo e a origem
de onde elas procedem (1Co 14.29), pois elas possuem três fontes distintas:
Deus, o homem ou o Diabo. Devemos nos cuidar, pois a Bíblia, tanto no
Antigo quanto no Novo Testamento, mostra ações dos falsos profetas. O
Senhor Jesus nos alertou: “Acautelai-vos, porém, dos falsos profetas, que
vêm até vós vestidos como ovelhas, mas interiormente são lobos
devoradores” (Mt 7.15). Vigiemos! [Comentário: Todas as profecias devem ser
devidamente julgadas à luz da Bíblia, a fim de que não venham causar
confusão à igreja nem abalar a fé dos mais fracos. Este tema deve ser visto
com muito cuidado por alguns motivos: primeiro, a unção profética
segundo a ordem do AT, onde pessoas eram separadas por Deus com o
ministério profético para aplicar a revelação da Palavra de Deus e da Lei no
meio do povo, foi encerrada com João (Mt 11.13). Também o que lemos
em Efésios 4, é diferente do dom de profecia listada em 1 Co 12, pois
enquanto pelo uso do Espírito no dom todos podem profetizar, o ofício
ministerial de profeta concedido por Cristo é dado somente para alguns do
corpo, como ofício permanente. Porém, este ofício em muito difere do
profeta AT: as palavras do ministério profético não têm autoridade
comparável a das Escrituras, até pelo fato de sua mensagem não vir por
transe ou coisa parecida, mas sim, pelo próprio uso das Escrituras já
reveladas, e por isso, sua mensagem deve ser analisada, e, de uma forma
geral, tais pessoas são constrangidas pelo Espírito a zelar pela santidade no
meio do povo de Deus. A afirmativa de que este ministério se restringe aos
primeiros tempos da era da Igreja é uma afirmação que carece de
embasamento bíblico. Se Cristo asseverou contra os falsos profetas é
porque na história haveriam ‘verdadeiros profetas’. Mesmo escritos que
eram observados nos primeiros séculos da Igreja, porém não canônicos,
como o Didaqué, traziam instruções acerca do ministério dos profetas. A
perícope de Ef 4.11 refere-se a pregadores irresistivelmente cheios do
Espírito Santo, que cooperavam na edificação da Igreja (At 13.1). O
apostolado original encerrou-se com o fim da era apostólica. O apostolado
enquanto dom de Cristo continua ativo no seio da igreja do Senhor, e disto
vemos o testemunho e amparo bíblico na própria igreja primitiva no Livro
de Atos (Gl 1.9; 1 Ts 2.7; Rm 16.7). Hoje, o apostolado pode ser melhor
visto no trabalho de missionários, embora haja denominações que unjam
pessoas como apóstolos (especialmente no movimento neopentecostal),
mas sem critérios específicos para o mesmo, e isso é muito preocupante. Os
profetas eram homens que falavam sob o impulso direto do Espírito Santo,
e cuja motivação e interesse principais eram a vida espiritual e pureza da
igreja. Sob o novo concerto, foram levantados pelo Espírito Santo e
revestidos pelo seu poder para trazerem uma mensagem da parte de Deus
ao seu povo (At 2.17; 4.8; 21.4).]
3. Propósitos da profecia. A profecia contribui para a edificação do
crente. Porém, ainda existe muita confusão a respeito do uso dos dons de
elocução, e em especial ao de profecia e sua função. Há líderes permitindo
que as igrejas que lideram sejam guiadas por supostos profetas. A Igreja de
Jesus Cristo deve ser conduzida segundo as Escrituras, pois esta é a
inerrante Palavra de Deus. A Bíblia Sagrada, a Profecia por excelência,
deve ser o manual do líder cristão. Outros líderes, também erroneamente,
não tomam decisão alguma sem antes consultar um “profeta” ou uma
“profetisa”. Estes profetizam aquilo que as pessoas querem ouvir e não o
que o Senhor realmente quer falar. Todavia, a Palavra de Deus alerta-nos a
que não ouçamos a tais falsários (Jr 23.9-22). [Comentário: A função do profeta
na igreja incluía o seguinte: (a) Proclamava e interpretava cheio do Espírito
Santo, a Palavra de Deus, por chamada divina. Sua mensagem visava
admoestar, exortar, animar, consolar e edificar (At 2.14-36; 3.12-26; 1Co
12.10; 14.3). (b) Devia exercer o dom de profecia (c) Às vezes, ele era
vidente (cf. 1Cr 29.29), predizendo o futuro (At 11.28; 21.10,11). (d) Era
dever do profeta do NT, assim como para o do AT, desmascarar o pecado,
proclamar a justiça, advertir do juízo vindouro e combater o mundanismo e
frieza espiritual entre o povo de Deus (Lc 1.14-17). Por causa da sua
mensagem de justiça, o profeta pode esperar ser rejeitado por muitos nas
igrejas, em tempos de mornidão e apostasia. A mensagem do profeta atual
não deve ser considerada infalível. Ela está sujeita ao julgamento da igreja,
doutros profetas e da Palavra de Deus. A congregação tem o dever de
discernir e julgar o conteúdo da mensagem profética, se ela é de Deus (1Co
14.29-33; 1Jo 4.1). A origem do dom de profecia na igreja é o Espírito
Santo, com a finalidade de fortalecer a fé do crente, sua vida espiritual e
sua resolução sincera de permanecer fiel a Cristo e aos seus ensinos.
Profetizar não é pregar um sermão previamente preparado. Profetizar é
transmitir palavras espontâneas sob o impulso do Espírito Santo, para a
edificação do indivíduo ou da congregação. ‘Edificar’ (gr. oikodomeo) é
fortalecer e promover a vida espiritual, a maturidade e o caráter santo dos
crentes. O Espírito Santo é o autor dessa obra através dos dons espirituais,
pelos quais os crentes são espiritualmente transformados mais e mais para
que não se conformem com este mundo (Rm 12.2-8).]

SINOPSE DO TÓPICO (1)


O propósito do dom de profecia é edificar, exortar e consolar a Igreja (1Co
14.3).

II. VARIEDADE DE LÍNGUAS (1Co 12.10)

1. O que é o dom de variedades de línguas? De acordo com o teólogo


pentecostal Thomas Hoover, o dom de línguas é “a habilidade de falar uma
língua que o próprio falante não entende, para fins de louvor, oração ou
transmissão de uma mensagem divina”. Segundo Stanley Horton, “alguns
ensinam que, por estarem alistados em último lugar, estes dons são os de
menor importância”. Ele acrescenta que tal “conclusão é insustentável”,
pois as “cinco listas de dons encontradas no Novo Testamento colocam os
dons em ordens diferentes”. O dom de variedades de línguas é tão
importante para a igreja quanto os demais apresentados em 1 Coríntios
12. [Comentário: o dom de variedade de Línguas tornou-se um dos mais
controversos, discutidos e debatidos na história da Igreja. Este Dom tornou-
se particurlamente controverso em virtude da postura adotada pela Igreja de
Corinto – postura de soberba e autossuficiência que foi assumida por
muitas igrejas, numa tentativa ineficiente de apresentar crentes especiais,
com mais autoridade e unção espiritual do que outros em virtude do
manifestar ou não do dom de variedade de Línguas. Este dom é bíblico, é
apresentado no Novo Testamento, e em 1 Co 12.20-30, Paulo exorta que
não devemos extinguir a ação do Espírito Santo nem proibir o falar em
línguas, todavia, nem todos são chamados para serem Apóstolos e Profetas,
assim como nem todos foram chamados para o Falar em Línguas
Estranhas. Dito isto, eis uma definição elucidativa: O dom de variedade de
Línguas é a capacidade especial dada por Deus aos seus servos para
edificação e fortalecimento pessoal. Capacidade de comunhão e intimidade
com Deus que gere frutos que permaneçam. É um Dom de cunho pessoal –
subjetivo, que terá sua confirmação no testemunho externo. O Pr Ciro
Sanches Zibordi escreve em seu Blog o seguinte: “No contexto dos dons
espirituais, falar noutras línguas é uma manifestação do Espírito;
portanto, elas não são aprendidas, mas vêm de modo sobrenatural, sendo
estranhas, desconhecidas, aos que as pronunciam. A promessa do batismo
com o Espírito, com a evidência de falar noutras línguas, é mencionada
nos dois Testamentos (Is 28.11,12; 44.3; Jl 2.28,29 com At 2.14-17; Mt
3.11; Lc 24.49; At 1.8). E o cumprimento dessa promessa começou no dia
de Pentecostes (At 2.1-4). Há relatos históricos de que tal evidência
ocorreu nas vidas dos crentes da Igreja Primitiva (At 4.31; 8.15-17; 10.44-
48; 19.1-7), bem como nas de outros salvos, ao longo da História. A
promessa do revestimento de poder, com a evidência de falar noutras
línguas, é para hoje (At 2.39; 11.15; Hb 13.8), haja vista a “dispensação
do Espírito” estar em curso (2 Co 3.8)” http://cirozibordi.blogspot.com.br/2014/04/os-dons-
espirituais-luz-das-escrituras-4.html
. Um melhor entendimento seria: O dom de línguas é o
poder de falar sobrenaturalmente em uma língua nunca aprendida por quem
fala, sendo essa língua feita inteligível a alguns poucos ouvintes por meio
do dom igualmente sobrenatural de interpretação”. Parece duas classes de
mensagens em línguas: primeira louvor em êxtase dirigido a Deus somente,
que também definimos como “línguas privadas” (1Co 14.2); segunda, uma
mensagem definida para a igreja (1Co 14.5) a qual definimos como
“línguas públicas”. A primeira não há acompanhamento de qualquer tipo de
interpretação. O texto bíblico que melhor descreve isso é 1Co 14.28, onde
Paulo diz que as línguas, desacompanhadas de interpretação, não devem ser
usadas nas igrejas; antes, a pessoa dotada do dom de línguas deveria “falar
consigo mesma e com Deus” (prova disto em At 2.4); a outra não é para
um restrito grupo de irmãos escolhidos para um exclusivo serviço (1Co
12.30)]

2. Qual é a finalidade do dom de variedade de línguas? O primeiro


propósito é a edificação da vida espiritual do crente (1Co 14.4). As línguas,
ao contrário da profecia, não edificam ou exortam a igreja. Elas são para a
devoção espiritual do crente que recebe este dom. À medida que o servo de
Deus fala em línguas estranhas vai sendo também edificado, pois o Espírito
Santo o toca e renova diretamente (1Co 14.2). [Comentário: Como já afirmado
acima, o dom de línguas visa a edificação do crente; note, ainda, o
seguinte: elas são a evidência inicial do batismo com o Espírito Santo (At
2.1-8; 10.44-46; 19.6; 9.18; 1 Co 14.18); elas edificam o crente (1 Co
14.4); elas são dadas pelo Espírito ao crente a fim de capacitá-lo a orar em
espírito — ou “pelo Espírito [gr. pneumati]” (1 Co 14.2,14-16; Ef 6.18; Rm
8.26), e elas são dadas pelo Consolador como uma mensagem profética
(dom de variedade de línguas), em conexão com o dom de interpretação
das línguas. O crente, ao receber momentaneamente a variedade de línguas,
dirige-se à igreja (1 Co 12.29,30), mas sua mensagem precisa de
interpretação (1 Co 14.5,13,27,28).]

3. Atualidade do dom. É preciso deixar claro que a variedade de línguas


não é um fenômeno exclusivo do período apostólico. O Senhor continua
abençoando os crentes com este dom e cremos que assim o fará até a sua
vinda. No Dia de Pentecostes, todos os crentes reunidos no cenáculo foram
batizados com o Espírito Santo e falaram noutras línguas pelo Espírito (At
1.4,5; 2.1-4). É um dom tão útil à vida pessoal do crente em nossos dias
quanto o foi nos dias da igreja primitiva. [Comentário: O batismo com o Espírito
Santo é uma bênção na vida do crente. Esta dádiva divina é subsequente a
experiência da salvação. Todavia, o batismo com o Espírito Santo não pode
ser confundido com o novo nascimento, regeneração ou a santificação.
Uma pessoa pode ser regenerada, justificada e santificada e ainda não ter
recebido o revestimento de poder. O falar em línguas — tanto conhecidas
como desconhecidas — quando provenientes do Espírito Santo, edificam o
crente, a igreja e servem como sinal para os descrentes. A atualidade dessas
manifestações é visível na vida de milhares de servos de Deus na
experiência bíblica, durante a história da igreja e nos dias atuais, pois,
como disse o apóstolo Pedro, “a promessa vos diz respeito a vós, a vossos
filhos e a todos os que estão longe: a tantos quantos Deus, nosso Senhor,
chamar” (At 2.39). O batismo com o Espírito Santo, com evidência de falar
em línguas, não é uma experiência exclusiva dos dias apostólicos, como
pregam os cessacionistas. Tal bênção não se restringe a Atos 2. Nos
Estados Unidos, em reação ao avanço dos dons espirituais entre as igrejas e
líderes de igrejas tradicionais, sobretudo reformadas, o pastor reformado
John MacArthur realizou uma conferência em sua igreja Comunidade da
Graça, de Sun Valley, intitulada Strange Fire (“Fogo estranho”), cujo foco
foi atacar, como um todo, colocando juntos no mesmo saco, os movimentos
pentecostal e carismático (nos EUA eles chamam neopentecostais e
renovados de “carismáticos”) como um mal para a igreja no mundo, isto é,
a crença de que os dons espirituais cessaram, tendo se restringido apenas
aos dias apostólicos. (...) Em entrevista ao The Christian Post, MacArthur
chegou a ignorar também as manifestações dos dons espirituais após o
período apostólico e ainda citou o nome de pentecostais que caíram em
pecado (Aimee Semple McPherson, Jimmy Swaggart e Jim Bakker) e de
neopentecostais que pregam heresias (Kenneth Copeland e Kenneth Hagin)
para tentar desacreditar o pentecostalismo. MacArthur deveria lembrar de
pentecostais como Thomas Zimmerman, Raymond Carlson, Stanley
Horton, Anthony D. Palma, Willian Menzies, David Wilkerson, Roger
Stronstad, Myer Pearlman, George Wood e muitos outros de seus
compatriotas. O que ele acharia se alguém cometesse o mesmo pecado de
tomar todos os reformados por nomes dentre eles que os constrangem pelo
seu ensino herético ou péssimo comportamento? Seria correto? Seria
profundamente desonesto. Ademais além de não haver nenhum texto
bíblico que diga que os dons espirituais não são mais para os nossos dias, a
história do cristianismo durante os séculos está repleta de exemplos da
continuidade dos dons na Igreja. (...) A contemporaneidade dos dons
espirituais foi definida, pós-período apostólico, por exemplo, por Justino
Mártir (100-165), Irineu (115-202), Teófilo de Antioquia (120-186),
Tertuliano (160-220), Novaciano (200-258), Gregório Taumaturgo (213-
270) e Hilário de Poitiers (300-368), mas infelizmente, foi renegada pela
maioria dos Pais da Igreja do terceiro século em diante como reação aos
desvios Montanistas. Apesar disso, há registros da manifestação dos dons
espirituais durante a Alta Idade Média e, depois, entre os valdenses, nos
séculos 12 e 15; os anabatistas, no século 16; os quacres e pietistas, no
século 17; na França, entre os chamados “calvinistas das cavernas”, no
século 18; na Finlândia, também no século 18; além de entre os Morávios,
na República Tcheca, na mesma época. Nos séculos 18 e 19, há ainda
registros na Inglaterra, Rússia, EUA, Indonésia, Escócia, Austrália, Brasil
(30 anos antes da chegada de Gunnar Vingren e Daniel Berg), Armênia,
Alemanha, África e Noruega, dentre outros. A atualidade de todos os dons
espirituais, inclusive a glossolalia, foi clara para John Wesley (1703-1791),
que a defendeu em carta ao pastor Conyers Midddleton (The Works of
John Wesley, volume 10, pp. 54 a 56); foi clara para o célebre batista inglês
F. B. Meyer (1847-1929), sobre o qual Spurgeon disse certa vez: “Ele
prega como um homem que viu Deus face a face”; e para o pastor R. B.
Swan, sua esposa e membros de sua igreja em Rhode Island, EUA, 1875,
que receberam, segundo depoimento de Swan, a Glossolalia. E o que dizer
dos relatos e/ou experiências próprias de glossolalia registrados nos séculos
18 e 19 por Thomas Walsh, William Doughty, William Arthur, Horace
Bushnell, V. P. Simmnos, J. C. Aroolapen e tantos outros? (1).]
SINOPSE DO TÓPICO (2)
O dom de línguas é tão importante para a igreja quanto os demais
apresentados em 1 Coríntios 12.

III. INTERPRETAÇÃO DE LÍNGUAS (1Co 12.10)

1. Definição do dom. Thomas Hoover ensina que a interpretação das


línguas é “a habilidade de interpretar, no próprio vernáculo, aquilo que foi
pronunciado em línguas”. Na igreja de Corinto havia certa desordem no
culto com relação aos dons espirituais, por isso, Paulo os advertiu dizendo:
“E, se alguém falar língua estranha, faça-se isso por dois ou, quando muito,
três, e por sua vez, e haja intérprete. Mas, se não houver intérprete, esteja
calado na igreja e fale consigo mesmo e com Deus” (1Co
14.27,28). [Comentário: Assim escreve Donald Gee: o propósito do dom de
interpretação é tornar inteligíveis as expressões do êxtase inspiradas pelo
Espírito que se pronunciaram em uma língua desconhecida da grande
maioria presente, repetindo-se claramente na língua comum do povo
congregado. É uma operação puramente espiritual. O mesmo Espírito que
inspirou o falar em outras línguas, pelo qual as palavras pronunciadas
procedem do espírito e não do intelecto, pode inspirar também a sua
interpretação. A interpretação é, portanto, inspirada, extática e espontânea.
Assim como o falar em línguas não é concebido na mente, da mesma
maneira, a interpretação emana do espírito antes que do intelecto do
homem. Nota-se que as línguas em conjunto com a interpretação tomam o
mesmo valor de profecia (1Co 14.5). Porque, então, não nos contentarmos
com a profecia? Porque as línguas são um “sinal” para os incrédulos (1Co
14.22). Pelo fato de haver interpretação das línguas é que declaramos
anteriormente que tais se referem a “línguas públicas”, uma vez que são
reveladas através de um dom específico de interpretação. (...)Michael
Green diz: “Embora alguns homens sejam dota dos do dom da
interpretação, embora eles mesmo não falem em línguas, isso é incomum;
na maior parte dos casos, aqueles que já possuem o dom de línguas é que
também recebem o dom de Interpretação de Línguas”. Isto significa que
algumas pessoas apresentam alguma mensagem pública em línguas e, em
seguida, outro irmão também dotado do mesmo dom interpreta, sendo
também possível o mesmo que falou interpretar, o que requer dos ouvintes
um pouco mais de cuidado e discernimento para não se deixarem
enganar. (2).]

2. Há diferença entre dom de interpretação e o de profecia? Embora


haja semelhança são dons distintos. O dom de interpretação de línguas
necessita de outra pessoa, também capacitada pelo Espírito Santo, para que
interprete a mensagem e a igreja seja edificada. Do contrário, os crentes
ficarão sem entender nada. Já no caso da profecia não existe a necessidade
de um intérprete. Estêvam Ângelo de Souza definiu bem essa questão
quando disse que “não haverá interpretação se não houver quem fale em
línguas estranhas, ao passo que a profecia não depende de outro
dom”. [Comentário: Entendo que para o dom de interpretação de línguas, como
já vimos, é preciso que o crente também possua o dom de línguas, enquanto
que, o dom de profecia não necessariamente. Pela leitura de textos Neo-
Testamentários, entendemos que qualquer crente salvo pode ter o dom de
profecia na nova dispensação (1Co 14.24). Independe de idade, sexo, status
social e posição na igreja (At 2.17,18), tal como vemos nas quatro filhas de
Filipe "que profetizavam" (At 21.9). O dom de profecia, aqui abordado, é
uma manifestação momentânea e sobrenatural do Espírito Santo, como um
dos dons espirituais prometidos, e não um ministério. O maior valor da
profecia é que ela, sendo de Deus, ao contrário das línguas estranhas
(quando não têm a interpretação), uma vez proferida, exorta, edifica e
consola a coletividade e não unicamente o que profetiza (1 Co 14.3-5).]

SINOPSE DO TÓPICO (3)


O dom de línguas é tão importante para a igreja quanto os demais
apresentados em 1 Coríntios 12..

CONCLUSÃO

Ainda que haja muitas pessoas em diversas igrejas que não aceitem a
atualidade do batismo com o Espírito Santo e dos dons espirituais — os
chamados “cessacionistas” — Deus continua abençoando os crentes com
suas dádivas. Portanto, não podemos desprezar o dom de profecia, o de
falar em línguas estranhas e o de interpretá-las. Porém, façamos tudo
conforme a Bíblia: com sabedoria, decência e ordem (1Co 14.39,40).
Agindo dessa forma, Deus usará os seus filhos para que sejam portadores
das manifestações gloriosas dos céus. [Comentário: Com o acesso livre à
informação, temos uma gama de escritores cessacionistas lidos e seguidos
por pentecostais, à exemplo dos escritores Benjamin Breckinridge
Warfield, Richard Gaffin , John F. MacArthur e Daniel B. Wallace. No
Brasil, Augustus Nicodemus está entre os cessacionistas. Esta é uma
discussão que não terá fim, independente disto, o Espírito Santo continua
operando e abençoando crentes com suas dádivas. O Falar em Línguas tem
sido discutido desde o início do século passado, com o advento do
pentecostalismo. Para uns, o dom de línguas é imprescindível. Quem não o
tem, é tachado de crente carnal, desprovido da presença do Espírito Santo.
Para outros, tudo não passa de um mal-entendido. O tal dom teria sido
distribuído apenas para a primeira geração de cristãos, e que, portanto, não
estaria disponível hoje (cessacionistas). O Rev Hernandes Dias Lopes,
Pastor da Primeira Igreja Presbiteriana de Vitória-ES, escreve o seguinte
em seu Blog: “As Escrituras afirmam que certos dons estariam destinados
a cessar, entre eles, os dons de língua e de profecia. Isto está claro. Não
há o que discutir. Mas quando isso ocorrerá? Paulo afirma que as línguas
somente cessarão “quando vier o que é perfeito”. Os cessacionistas creem
que isso aconteceu quando o cânon sagrado foi finalizado, isto é, quando
as Escrituras foram terminadas. Uma vez que já temos acesso a toda
verdade exposta em suas páginas, já não precisaríamos do dom de línguas,
ou mesmo de qualquer outro dom espiritual. Embora o argumento pareça
sólido, não resiste a uma apreciação mais profunda. Paulo não está
referindo-se às Escrituras, e sim ao segundo advento de Cristo, quando
finalmente o“veremos face a face”. Segundo Paulo, a visão que temos de
Cristo mediante as Escrituras equivale ao reflexo de um espelho. Quando
Ele Se manifestar em glória, já não precisaremos nem mesmo das
Escrituras, muito menos dos dons espirituais.” Isto posto, este proeminente
expositor presbiteriano é daqueles de linha reformada que crê na atualidade
dos dons espirituais para igreja hoje. O referido Pastor prossegue: “Qual a
sua importância em nossa vida? Paulo diz que “o que fala em língua
edifica-se a si mesmo” (1 Co.14:4a). No lugar onde antes havia uma
fortaleza espiritual que servia de base operacional para o inimigo, agora é
edificada uma catedral de louvor e adoração a Deus. O livre fluxo do
Espírito promove a demolição de tais fortalezas. Nossos pensamentos são
levados cativos à obediência de Cristo. Nossa vontade submetida ao Seu
senhorio. Todos os demais dons espirituais têm como objetivo o bem
coletivo. O dom de línguas é o único que visa a edificação do indivíduo.
Porém, somos desafiados a dar um passo além, na direção do outro, para
que este também seja edificado pelo nosso dom. Mas como alguém poderia
ser edificado por um dom que visa a minha própria edificação? Como
alguém seria edificado sem que entendesse uma palavra do que eu
dissesse?” (3) Parafraseando, sejamos uma catedral de louvor e adoração a
Deus!] “NaquEle que me garante: "Pela graça sois salvos, por meio da fé, e
isto não vem de vós, é dom de Deus" (Ef 2.8)”,
Graça e Paz a todos que estão em Cristo!

Francisco Barbosa

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