8º Ano Texto Geografia 4 Aula 2º Semestre
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América Latina: a mais urbanizada do apenas 37 cidades. Por isso, arquitetos, geógrafos,
mundo, mas não a mais planejada engenheiros e governos da região têm o desafio de
planejar com eficiência seus centros urbanos para
É a cidade perfeita. Não há quase crime, nem convertê-los em locais mais habitáveis e seguros.
engarrafamentos, nem contaminação ou sujeira, e o “Na América Latina deveríamos passar por um
lixo é recolhido a tempo. O transporte público é planejamento mais estratégico e sustentável que,
pontual e sempre há onde se sentar. É o triunfo do por um lado, mitigue (diminua) problemas existentes,
planejamento urbano. como o risco de deslizamentos em morros ou falta
A boa notícia: há várias cidades do mundo que de capacidade nos sistemas de drenagem, e por
poderiam competir pelo título de a “mais planejada”; outro, que adapte as cidades para que sejam mais
a má: que nenhuma é latino-americana, ao menos resilientes em relação às ameaças climáticas”,
por enquanto. explica Santiago E. Arias, especialista em
Zurique, Singapura, Seúl, Búfalo (em Nova York) planejamento urbano do Banco Mundial.
aparecem constantemente nas discussões e
rankings especializados como as cidades mais Os mais expostos
planejadas do mundo. E o que as une é justamente As ameaças à segurança nas cidades não provêm
a ideia de que a cidade é o “lar” de seus residentes apenas dos efeitos dos desastres naturais, mas
e que está ali para servi-los, e não para atuar como também têm a ver com a construção improvisada:
um inimigo. por exemplo, ao construir casas em morros com
Isto cobra particular relevância na América Latina, a risco de deslizamentos ou ao lado de rios que
região mais urbanizada do mundo, onde 80% da costumam transbordar após fortes chuvas.
população – cerca de 450 milhões de pessoas- Embora a maior parte dos habitantes das cidades
vivem nas cidades. estejam expostos a esta série de perigos, são os
Enquanto a falta de segurança aparece mais pobres que estão expostos à pior parte, já que
sistematicamente entre as principais preocupações geralmente vivem em casas mais precárias e
dos latino-americanos, há outro tipo de insegurança desprotegidas. Segundo um relatório de ONU-
da qual se fala pouco mas que também supõe uma Habitat de 2012, ao redor de 111 milhões de latino-
ameaça para o bem-estar dos cidadãos. Trata-se, americanos vivem em bairros marginais.
efetivamente, da estrutura e organização das Como forma paliativa (superficial) de diminuir os
cidades. riscos que espreitam este amplo grupo de pessoas,
Os avanços sociais e econômicos da América Latina vários países da região estão desenvolvendo
durante a última década não vieram acompanhados projetos para reforçar a segurança nas zonas com
de um melhor planejamento dos grandes centros habitantes vulneráveis. A iniciativa CAPRA, por
urbanos, e alguns resultados visíveis são o caótico exemplo, tenta melhorar as formas de avaliar as
transporte privado e público, a rápida urbanização ameaças climáticas na Colômbia, Peru, Chile e
sem respeito aos códigos de construção, a países da América Central e do Caribe.
deficiente prestação dos serviços públicos e a O Centro de Inovação Climática do Caribe também
deterioração dos espaços, entre outros. está ajudando para que países pequenos da região
Esta situação também gerou problemas para estejam melhor preparados para enfrentar os efeitos
enfrentar eventualidades naturais, como o foi o da mudança climática, através da criação de
recente incêndio em Valparaíso, no Chile, as empresas sustentáveis
recorrentes inundações em Buenos Aires ou os
frequentes desabamentos de terra nas favelas do
Rio de Janeiro. De acordo a estimativas do Banco
Mundial, as consequências dos fenômenos naturais
representam um custo para a região de dois bilhões
de dólares anuais.
O déficit em planejamento das cidades se destaca
ainda mais quando surgem as seguintes estatísticas: .
para 2025, 10% da população mundial viverá em
COLÉGIO ESTADUAL ADELVINA FLORES RIBEIRO
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ATIVIDADES – PERÍODO DE ISOLAMENTO SOCIAL
De qualquer forma, os especialistas concordam que e instalações precárias, agravando a crise hídrica
ainda faz falta um planejamento urbano que integre que se anuncia.
todos os setores para fazer das cidades latino-
americanas locais mais seguros.
“Muitas cidades da América Latina sofrem os piores
casos de congestionamentos do mundo. Os
problemas de água e saneamento foram um grande
problema nas periferias. A mudança climática
aumentará os problemas de acesso à água na
região”, afirma Xiaomei Tan, especialista do Fundo
para o Meio Ambiente Mundial (GEF, em inglês).
Estudos do Banco Mundial apontam que territórios
propensos às secas, especialmente em cidades do
Chile, México, Guatemala e El Salvador, serão ainda
mais secos. Da mesma maneira, zonas com risco a
inundações, como Argentina, Peru e Uruguai, Segundo estudo do Banco Mundial, o alto
deverão enfrentar chuvas mais intensas. desperdício de água tratada e a poluição dos rios,
As cidades latino-americanas dependerão de um lagos e fontes latino-americanas limitam a
melhor planejamento para que estas projeções tão disponibilidade de água para o consumo humano,
pouco alentadoras não se cumpram, e permaneçam para a agricultura e a indústria. A cultura
só como maus presságios. predominante é do desperdício e os bairros com
América Latina: muita água, desperdício e pouco maior renda são os que desperdiçam mais água em
saneamento comparação com bairros pobres, onde a escassez
(Brasília, 06/06/2017) – Cerca de 6 bilhões de de água é muito comum.
pessoas viverão em cidades sem água suficiente até A conservação da água representa, além da
2050, se não houver uma mudança significativa no reutilização, a experiência dos setores, a redução de
padrão atual de consumo e na gestão das águas. À riscos à saúde e o compartilhamento das
medida que a população cresce, aumenta a responsabilidades – que vai dos profissionais que
necessidade de abastecimento e de saneamento. atuam na área aos usuários.
Nesse contexto, a América Latina tem papel Problema nacional
importante, já que reúne cerca de um terço das
A falta de estrutura na rede de esgoto sanitário
fontes de água do planeta e possui, entre outras, a
brasileiro é o principal problema das águas
maior bacia hidrográfica do mundo, a Amazônica.
superficiais brasileiras. Relatório do Instituto Trata
Apesar disso, a irregularidade no abastecimento de
Brasil divulgado nessa segunda-feira (5) apontou
água e no saneamento básico faz com que esses
que 24 capitais brasileiras não tratam mais de 80 por
serviços muitas vezes não cheguem àqueles que
cento dos seus esgotos (somente Brasília 82 por
precisam. O panorama das águas na América Latina
cento e Curitiba 91 por cento), e que as grandes
é tema da segunda matéria da série sobre os
cidades do Norte ocupam as últimas colocações do
desafios relacionados à água.
ranking do saneamento.
Em toda a América Latina, a contaminação das
“Essas 26 grandes cidades abrigam quase um
fontes de água é uma ameaça constante.
quarto da população do país, é esperado que
Agricultura, mineração e esgoto doméstico são as
tenham os maiores desafios para levar os serviços
principais fontes de poluição. Somente 5 por cento
de água e esgotos à totalidade da população. São
do esgoto recebe algum tipo de tratamento antes de
as que têm mais condições de fazer projetos e
ser devolvido ao meio ambiente, estima a Rede
levantar recursos para a solução. E isso não vem
Waterlat. Aprender a reutilizar a água,
ocorrendo”, disse Édison Carlos, presidente do Trata
especialmente no setor agrícola, que é o maior
Brasil.
consumidor de água do mundo, é uma das Apesar de dispor de 12 por cento das reservas de
soluções para amenizar a crise hídrica. água do planeta, o Brasil ainda enfrenta dificuldades
Brasil, Colômbia e Peru encabeçam a lista de países com a qualidade e a distribuição da água. O país
que contam com a maior quantidade de água da fica em um modesto 23º lugar mundial no que diz
América Latina, segundo o Global Water Partnership respeito à disponibilidade de água por pessoa, atrás
(GWP). Mas não significa que haja água para todos. de muitos países latino-americanos.
Em Lima, São Paulo e Cidade do México, por
exemplo, a demanda pelo recurso é grande e parte
da água potável é desperdiçada pelo uso ineficiente