Anjos BR
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J. Hampton Keathley III, Th.M. é graduado pelo Seminário Teológico de Dallas em 1966 e professor de pastores por
28 anos. Hampton atualmente escreve para o Biblical Studies Foundation e algumas vezes ensina grego do Novo
Testamento no Moody Northwest (uma extensão do Moody Bible Institute) em Spokane, Washington.
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Índice
Introdução.........................................................................................................................................................................
Uma Definição Simples....................................................................................................................................................
Os Termos Usados para os Anjos.....................................................................................................................................
A Origem, Natureza e o Número de Anjos......................................................................................................................
A Divisão dos Anjos—Bons e Maus................................................................................................................................
A Organização dos Anjos.................................................................................................................................................
O Ministério dos Anjos.....................................................................................................................................................
A Vigilância dos Anjos.....................................................................................................................................................
O Conflito Angelical e o Problema Moral do Diabo.......................................................................................................
Lições dos Anjos...............................................................................................................................................................
1
2
Angeologia
A Doutrina dos Anjos
Introdução
O fato de Deus ter criado um reino de seres pessoais além da humanidade é um tópico apropriado para estudos
teológicos sistemáticos, pois isto naturalmente amplia o nosso entendimento de Deus e o que Ele está fazendo e como
Ele trabalha no Universo.
Nós não devemos pensar que o homem seja a mais alta forma de seres criados. Assim como entre o
homem e as mais baixas formas de vida existam seres de vários graus, é possível que entre o
homem e Deus, existam criaturas com inteligência e poder maior que o do ser humano. Na verdade,
a existência de divindades inferiores em todas as mitologias pagãs presume a existência de uma
ordem mais alta de seres entre o homem e Deus, superior ao homem e inferior a Deus. Esta
possibilidade torna-se certeza pelo categórico e explícito ensinamento das Escrituras. Seria triste,
portanto, se nós nos permitíssemos ser vítimas de um senso de percepção tão materialístico e nos
recusássemos a crer em uma ordem de seres espirituais simplesmente porque eles estavam além das
nossas vistas e mãos. 1
O estudo dos anjos ou a doutrina da angeologia é uma das dez maiores categorias da teologia desenvolvida em
muitos trabalhos teológicos sistemáticos. A tendência, contudo, tem sido de negligenciar isto. Como Ryrie escreve,
Apenas um exame do total de espaço dedicado à Angeologia nos padrões teológicos, demonstra
isto. Este descaso por esta doutrina pode ser simplesmente negligência ou isto pode indicar uma
tácita rejeição desta área de ensinos bíblicos. Até Calvino estava cauteloso em discutir este assunto
(Institutes, I, XIV, 3).2
Embora a doutrina dos anjos tenha um importante lugar na palavra de Deus, isto é freqüentemente visto como um
assunto difícil porque, enquanto há abundantes menções dos anjos na Bíblia, a natureza desta revelação não é do
mesmo tipo de descrição explícita que nós normalmente encontramos com os outros assuntos desenvolvidos na
Bíblia:
Cada referência aos anjos é incidental aos outros tópicos. Eles não são tratados neles mesmos. A
revelação de Deus nunca visa nos informar considerando a natureza dos anjos. Quando eles são
mencionados, isto é sempre a fim de nos informar mais sobre Deus, o que Ele faz, e como Ele faz
algo. Visto que detalhes sobre os anjos não são significantes para este propósito, eles tendem a ser
omitidos. 3
Enquanto muitos detalhes sobre os anjos são omitidos, é importante ter em mente três elementos importantes a
respeito da revelação bíblica que Deus tem nos dado sobre os anjos.
(1) A menção dos anjos está incluída nas Escrituras. Na tradução NASB estes seres celestiais são mencionados
196 vezes, 103 vezes no Antigo Testamento e 93 vezes no Novo Testamento.
(2) Além do mais, todas estas referências estão espalhadas por toda a Bíblia, sendo encontradas em pelo menos
34 livros que vão desde os primeiros livros (de Gênesis ao livro de Jô) ao último livro da Bíblia (Apocalipse).
(3) Finalmente, há numerosas referências aos anjos pelo Senhor Jesus, que é declarado ser o Criador de todas as
coisas, que inclui os seres angelicais, Paulo escreveu: “Por Ele todas as coisas foram criadas, tanto nos céus quanto na
terra, visíveis e invisíveis, também tronos e domínios, governantes e autoridades (uma referência aos anjos)—todas a
s coisas foram criadas por Ele e para Ele”.
Logo, a menção dos anjos, pode parecer incidental para um ou outro assunto contextualmente, e este é um
importante elemento da revelação divina e não deve ser negligenciado em vista da atual moda e muitas concepções
erradas a respeito dos anjos. A doutrina dos anjos apresentada neste estudo será desenvolvida dentro das Escrituras. O
objetivo é fazer da Bíblia nossa autoridade e não especulações de homens ou suas experiências ou ainda, o que
parecer lógico às pessoas.
Embora os teólogos tenham sido cautelosos em seus estudos sobre os anjos, nos últimos anos, nós temos sido
bombardeados com o que poderia ser facilmente chamado de Angelmania. Em “Espíritos Familiares” o Dr. Kenneth
1
William Evans, The Great Doctrines of the Bible, Moody Press, Chicago, 1912, p. 215.
2
Charles C. Ryrie, Basic Theology, Victor Books, Wheaton, IL, 1987, capítulo 17, mídia eletronica.
3
Millard J. Erickson, Christian Theology, Baker Book House, Grand Rapids, 1983, p. 434.
Gangel escreveu um artigo a respeito da discussão difundida e a fascinação com os anjos ainda pelo mundo secular
que ele intitulou Angelmania.4 Gangel escreve:
Em seu livro de 1990 Angels, Uma Espécie em Risco, Malcolm Godwin estima que a mais de 30
anos, uma em cada dez músicas populares menciona anjos. Porém, apenas como diversão
romântica.
Agora, nossa cultura leva os anjos a sério, se não precisamente. Nos últimos dois anos, revistas
populares como Time, Newsweek, Ladies’ Home Journal, Redbook, e outras têm trazido artigos
sobre os anjos. Em meados de 1994, a ABC levou ao ar um programa especial de duas horas
intitulado “Anjos: Os Misteriosos Mensageiros”.A Newsweek de 28 de Novembro de 1994 trazia um
artigo intitulado “Em busca do Sagrado” observou que “20% dos Americanos tiveram uma
revelação de Deus no ano passado e 13 % viram ou sentiram a presença de um anjo” (p. 54).
A Newsweek está certa; a sociedade moderna, que parece tão secular e materialísticamente perdida,
busca desesperadamente por um significado espiritual e sobrenatural. Se os anjos podem fornecer
isto, então eles o farão. Certamente eles são mais alegres e brilhantes que nossa antiga obsessão por
filmes sobre demônios e maus espíritos, como as intermináveis remontagens de Drácula 5
As livrarias estão repletas de livros sobre anjos e muitos falam sobre encontros com os anjos. Uma das maiores
redes de TV a cabo tem um seriado intitulado “O Toque de um Anjo”. Com certeza, isto é só uma história para
entreter, mas isto realmente ilustra nossa fascinação por este tópico. Além do mais, isto mostra o pobre entendimento
do que a Bíblia realmente ensina sobre os anjos e sobre Deus. Ao comentar isto, não estou desconsiderando os tão
conhecidos encontros com anjos que ocasionalmente nós lemos e ouvimos. Porque? Por que, como nós discutiremos
posteriormente, com mais detalhes, os anjos são servos de Deus, descrito pelo autor do Livro dos Hebreus como,
“espíritos ministradores, enviados para o serviço daqueles que herdarão a salvação”.Veja também o Salmo 91:11 e
Mateus 4:11. Com certeza, graças ao caráter inerente das Escrituras, nós podemos crer completamente nos ensinos da
Bíblia a respeito dos anjos e “talvez com um menor grau de certeza, poderemos ser considerados cristãos honrados”. 6
Há mais uma pergunta importante que precisa ser feita. Porque toda essa fascinação da nossa cultura pelos anjos?
Primeiro, sempre há uma inclinação no ser humano pelo miraculoso ou sobrenatural que os tire da dor e da vida
mundana, ainda que por um momento, mas há mais nesse assunto. O interesse pelos anjos em parte, é devido ao
pêndulo cíclico da sociedade. No passado, a sociedade oscilava entre as obsessivas especulações místicas da idade
média ao racionalismo do final do século XIX e começo do século XX. Agora, devido à falha do racionalismo e o
materialismo em dar respostas ao significado da vida e ao vazio do coração humano, com a futilidade dos seus bens
tem despertado este interesse pelo místico, sobrenatural ou espiritual. A tragédia é que a nossa cultura continua a
perseguir isto independentemente da revelação de Deus, a Bíblia. O pêndulo está oscilando de volta ao misticismo
como visto tão evidentemente no movimento Nova Era, o oculto nos cultos. Logo, crer em Satanás, demônios e anjos
é cada vez mais corriqueiro nos dias de hoje e esta crença tem sido usada como um substituto para o relacionamento
com Deus através de Cristo. Esta predisposição não é porque as pessoas estão crendo na Bíblia, mas por causa do
crescimento de fenômenos ocultos e da futilidade da vida sem Deus (veja Efésios 2:12 e 4:17-19).
Anjo
Embora outras palavras sejam usadas para estes seres espirituais, a primeira palavra usada na Bíblia é anjo. Três
outros termos são usados sem dúvida referentes a anjos que são serafim (Isaías 6:2), querubim (Ezequiel 10:1-3) e
espíritos ministradores que talvez seja mais uma descrição que um nome (Hebreus 1:13). Posteriormente isto será
mais discutido quando tratarmos sobre a classificação dos anjos.
4
“Kindred Spirit,” a quarterly publication of Dallas Theological Seminary, Summer 1995, p 5-7.
5
Gangel, p. 5.
6
Gangel, p. 7.
A palavra em hebraico para anjo é mal`ach, e no grego é angelos. Ambas as palavras significam “mensageiro” e
descreve aquele que executa o propósito e vontade daquele a quem eles servem. O contexto deve determinar se um
mensageiro humano está em foco, ou um dos seres celestiais chamados “anjos” ou se está sendo usado a segunda
Pessoa da Trindade como discutiremos abaixo. Os santos anjos são mensageiros de Deus, servindo-o e fazendo sua
vontade. Os anjos caídos servem a Satanás, o deus deste mundo (aiwn, “era”) (2 Coríntios 4:4).
Ilustrações de usos que não se referem a seres celestiais:
(1) Para mensageiros humanos de um humano para outro (Lucas 7:24; Tiago 2:25).
(2) Para mensageiros humanos transmitindo uma mensagem divina (Ageu. 1:13; Gálatas 4:14).
(3) Para um agente impessoal, espinho na carne que Paulo escreve como um “mensageiro de Satanás” (2 Coríntios
12:7).
(4) Para os mensageiros das sete igrejas ( Apocalipse 2-3). Isto também, é usado em ligações das sete igrejas da Ásia,
“Para o anjo da igreja em...” Algumas pessoas interpretam como sendo um mensageiro especial ou como uma
delegação para a igreja como um ancião ensinador, outros tomam isto como se referindo a um anjo guardião.
Logo, o termo angelos não é somente um termo genérico, pertencendo somente a uma ordem especial de seres
(por exemplo os anjos), mas este termo também é descritivo e expressa os seus ofícios e serviços. Então quando
lemos a palavra “anjo” nós devemos pensar desta maneira.
Os Santos
Os anjos que não caíram também são chamados de “os santos (anjos)” (Salmos 89:5 e 7. Há duas razões para
isto: Primeira: sendo criação de um Deus santo, eles foram criados perfeitos sem qualquer falha ou pecado. Segundo:
eles são chamados de santos pelo seu propósito. Eles foram separados por Deus e para Deus como seus servos e
auxiliares de Sua Santidade (conf. Isaías 6).
Hostes
“Hostes” no Hebraico tsaba, “exército, exércitos, tropas”. Este é um termo militar e carrega a idéia de guerra.
Anjos são referidos a “tropas” que chama a nossa atenção para duas idéias. A primeira é usada para descrever anjos
de Deus como “exércitos celestiais” que serve no exército de Deus engajados na guerra espiritual (Salmos 89:6, 8; 1
Sam. 1:11; 17:45). A segunda nos chama a atenção para os anjos como uma multidão dos seres celestiais que cercam
e servem a Deus como visto na expressão “Senhor dos Exércitos” (Isaías 31:4). Ainda, a palavra tsaba algumas vezes
inclui as hostes dos corpos celestiais, as estrelas do universo.
Termos Difíceis
Filhos de Deus
Na condição de santos, os anjos não caídos são chamados “filhos de Deus” no sentido de que eles foram trazidos
à existência pela criação de Deus (Jó 1:6; 39:7). Embora nunca se tenha dito que eles foram criados à imagem de
Deus, eles também são chamados de “filhos de Deus” porque eles têm personalidade como Deus. Isto será
demonstrado depois neste estudo. Este termo é também usado em Gênesis 6:2 que nos fala dos filhos de Deus que
tomaram esposas entre as “filhas dos homens”. Alguns estudiosos entendem que “filhos de Deus” de Gênesis 6:2 se
refere à linhagem divina de Sete e as “filhas dos homens” para se referir à linhagem sem Deus dos Cainitas. Outros,
baseando-se no uso da expressão “filhos de Deus” no livro de Jó, crêem que este termo se refere aos anjos caídos que
se acasalaram com as “filhas dos homens” para produzir uma linhagem extremamente ímpia e poderosa que levou a
extrema impiedade dos dias de Noé. A maioria dos que apóiam esta teoria, se baseiam em 2 Pedro 2:4-6 e Judas 6-7. 7
Há ainda outros que crêem que esta passagem se refere a déspotas, governantes poderosos. Ross escreve:
Este incidente é o mais ousado e de uma impressionante arrogância. Aqui isto se aplica aos “filhos de Deus”
um povo vigoroso, poderoso que busca fama e fertilidade. Eles eram provavelmente governantes poderosos
que eram controlados (possuídos) por anjos caídos. Poderiam ser aqueles anjos caídos que deixaram sua
habitação e reabitaram corpos de déspotas humanos e guerreiros, os poderosos da terra? 8
7
Para uma excelente discussão e apoio deste ponto de vista, veja o estudo de Deffinbaugh a respeito de
Gênesis 6 em seu estudo do livro de Gênesis em nosso site na internet.
8
The Bible Knowledge Commentary, OT, João F. Walvoord, Roy B. Zuck, Editors, Victor Books, mídia
eletrônica.
O anjo do Senhor
A segunda dificuldade é concernente a identidade do "o anjo do Senhor" como é usado no Antigo Testamento.
Um estudo cuidadoso das muitas passagens que usam este termo, mostrará que este não é nenhum anjo comum, mas
uma Teofania, ou melhor, uma Cristofania, um aparecimento preincarnado de Cristo. O anjo é identificado como
Deus, fala como Deus, e reivindica a execução das prerrogativas de Deus. Ainda, em algumas passagens Ele se
distingue de Yahweh (Gen. 16:7-14; 21:17-18; 22:11-18; 31:11-13, Ex. 3:2; Juízes. 2:1-4; 5:23; 6:11-22; 13:3-22; 2
Sam. 24:16; Zac. 1:12; 3:1; 12:8). O Anjo do Senhor é uma Cristofania sugerida por uma clara referência ao fato de
que a expressão “o Anjo do Senhor" cessa depois da encarnação. Referências a um anjo do Senhor em Lucas 1:11; e
2:8 e Atos 5:19 omitem o artigo grego que sugestionaria um anjo comum.
9
Lewis Sperry Chafer, Systematic Theology, Vol. 2, Kregel Publications, 1993, p. 3.
10
The Bible Knowledge Commentary, NT, João F. Walvoord and Roy B. Zuck, Editors, Victor Books, 1983,
mìdia eletrônica.
11
Lewis Sperry Chafer, Lewis Sperry Chafer Systematic Theology, Vol. 1, Part 3, Abridged Edition, João F.
Walvoord, Editor, Donald K. Campbell, Roy B. Zuck, Consulting Editors, Victor Books, Wheaton, Ill., 1988, p. 284.
12
Ryrie, p. 159.
13
Frank E. Gaebelein, General Editor, The Expositors’ Bible Commentary, Zondervan, Grand Rapids, mídia
eletrônica., 1997.
14
Paul Enns, The Moody Handbook of Theology, Moody Press, Chicago, 1996, mídia eletrônica.
15
Erickson, p. 439.
16
Erickson, p. 440.
Originalmente, todas as criaturas angelicais foram criadas santas. Deus declarou que Sua Criação
era boa (Gen. 1:31), e é claro, Ele não poderia criar o pecado. Ainda que o pecado tenha entrado no
mundo, os bons anjos de Deus, que não se rebelaram são chamados de santos (Marcos 8:38). Estes
são anjos eleitos (1 Tim. 5:21) em contraste com os anjos do mal que seguiram Satanás em sua
rebelião contra Deus (Mat. 25:41). 17
17
Ryrie, p. 124.
18
Lewis Sperry Chafer, Systematic Theology, Vol. 2, Kregel Publications, 1993, p. 8.
19
Gabelein, Expositor’s Bible Commentary, electronic media.
20
Ryrie, p. 125.
21
Ryrie, p. 125.
Em relação ao homem
Por criação o homem é inferior aos anjos (Heb. 2:7-9). Os anjos têm mais inteligência, poder, e movimento,
contudo os anjos servem aos homens como espíritos ministradores (Heb. 1:14) enviados para servir os santos apesar
da sua alta posição e poder. Como mencionado, os homens são advertidos a nunca adorar aos anjos porque eles são
apenas criaturas.
Hoje os crentes são menos experientes que os anjos, contudo sua posição é mais alta por causa da união deles
com Cristo (cf. Efésios 1:20-22, Efésios 2:4-6 e Heb. 2:9). Os cristãos compartilham o assento de Cristo à destra de
Deus. Porém, um dia, os crentes terão tanto posição como experiência superior e julgarão os anjos (1 Cor 6:3). Isto se
refere indubitavelmente a algum tipo de autoridade e direção governamental que os crentes terão sobre os anjos.
Em relação a Cristo
Por sua natureza essencial e Ser, Cristo é superior porque Ele é Deus o Criador (cf. Heb 1:4 e Col. 1:15-17). Pela
encarnação, Cristo tornou-se inferior por um pequeno tempo (Heb 2:9), mas isto só se aplica à sua humanidade. Pela
morte de Cristo, sepultamento, ressurreição, e ascensão, Ele se tornou muito superior aos anjos como o último Adão e
o segundo homem (cf. 1 Cor. 15:45-48; Efésios 1:20-22; 1 Pedro 3:18-22; Col. 2:15). Como o Deus-homem
glorificado e exaltado, Ele se tornou o último Adão. Adão foi o cabeça da primeira raça de homens, mas Cristo se
tornou o cabeça da segunda raça de homens regenerados. Ele é chamado o último porque nunca mais haverá outra
queda, e porque Ele, como um glorificado e exaltado Salvador é o Espírito doador da vida. Como o segundo homem
do céu, Ele é visto como a cabeça e início de uma nova e exaltada raça de pessoas.
22
Os termos e descrições dados certamente vão além de qualquer monarca humano. Posteriormente, outras
passagens nos ensinam claramente que há inúmeras forças demoníacas ou angelicais por trás dos reis humanos e
reinos (cf. Dan. 10; e Efésios. 6:10-12).
23
Tiago Oliver Bushwell Jr., A Systematic Theology of the Christian Religion, Vol. 1, Zondervan, Grand
Rapids, 1962, p. 134.
24
Ryrie, p. 128.
25
Walter Bauer, Wilbur F. Gingrich, and Frederick W. Danker, A Greek-English Lexicon of the New
Testament and Other Early Christian Literature, Chicago: University of Chicago Press, 1979, electronic media.
Davi. Em Daniel 8:15-16 Gabriel explicou a Daniel os sucessivos reinos da Medo-Pérsia e Grécia
como também a morte intempestiva de Alexandre o Grande. Gabriel também anunciou o
nascimento de João Batista a Zacarias (Lucas 1:11-20).
(3) Lúcifer (Isa. 14:12) significa "Brilhante" ou "estrela da manhã." Ele pode ter sido o mais sábio e
mais bonito dos seres criados por Deus de todos os que foram colocados originalmente em uma
posição de autoridade acima dos querubins que cercam o trono de Deus.
Anjos que são criados divinos. (1) Querubins são "da ordem mais alta ou classe, criados com
indescritíveis poderes e beleza… o propósito principal e atividade deles poderiam ser resumidas
desta maneira: eles são os proclamadores e protetores da presença gloriosa de Deus, Sua soberania,
e Santidade". Eles montavam guarda no portão do Jardim de Éden, impedindo o homem pecador de
entrar (Gen. 3:24); eram as figuras douradas no propiciatório que cobria a arca dentro do Santo dos
Santos (Ex. 25:17-22); e assistia à glória de Deus na visão de Ezequiel (Ez. 1). O Querubim tinha
uma aparência extraordinária com quatro faces - de um homem, leão, boi, e águia. Eles possuíam
quatro asas e pés como de um bezerro, vislumbrante como bronze polido. Em Ezequiel 1 eles
assistiam à glória de Deus na preparação do julgamento.
(2) Serafim, significa "Ardentes" e são mostrados cercando o trono de Deus Isaías 6:2. Eles são
descritos como tendo seis asas cada um. A proclamação trina deles, "Santo, Santo, Santo" (Isa. 6:3),
significa reconhecer Deus como extremamente, perfeitamente Santo. Portanto, eles exaltam e
proclamam a Santidade perfeita de Deus. Os serafins também expressam a santidade de Deus ao
proclamarem que o homem deve ser limpo da corrupção moral causada pelo pecado antes que ele
possa estar diante de Deus para servi-lo.” 26
Referente às potestades no mundo angelical, Ryrie descreveu isto como segue:
1. Potestades ou principados. Estas palavras, sete vezes usadas por Paulo, indicam uma ordem de
anjos tanto bons como maus que está envolvida no governo do universo (Rom. 8:38; Efésios. 1:21;
3:10; 6:12; Col. 1:16; 2:10, 15).
2. Autoridades ou poderes. Isto enfatiza a autoridade sobre-humana de anjos e demônios exercida
em relação aos negócios do mundo (Efésios 1:21; 2:2; 3:10; 6:12; Col. 1:16; 2:10, 15, 1 Pedro
3:22).
3. Poderes. Esta palavra ressalta o fato de que anjos e demônios têm maior poder que os humanos
(2 Pedro 2:11). Veja Efésios 1:21 e 1 Pedro 3:22.
4. Lugares celestiais. Lugar onde os demônios são designados como potestades mundiais das trevas
(Efésios 6:12).
5. Tronos ou domínios. Esta designação enfatiza a dignidade e autoridade de potestades angelicais
as quais Deus faz uso no Seu governo (Efésios 1:21; Col. 1:16; 2 Pedro 2:10; Judas 8) 27
Alguns questionam se o Serafim e Querubim são de fato anjos visto que eles nunca são identificados claramente
como anjos, mas devido à natureza dos anjos e o serviço deles como servos de Deus sobre-humanos, este é o lugar
mais lógico para os classificar. Seria útil para também considerar a explicação de Ryrie a respeito destes seres
angelicais:
Querubim: Querubim constitui outra ordem de anjos, evidentemente de grau alto desde que Satanás
era um querubim (Ezequiel 28:14, 16). Eles parecem atuar como guardiões da santidade de Deus,
depois de ter vigiado o caminho à árvore da vida no Jardim do Éden (Gen. 3:24). O uso de
querubim na decoração do tabernáculo e templo também pode indicar a função de vigias (Ex.
26:1f.; 36:8f.; 1 Reis 6:23-29). Eles também conduziam o trono-carruagem que Ezequiel viu (Ez.
1:4-5; 10:15-20). Alguns também identificam os quatro seres viventes de Apocalipse 4:6 como
querubins, entretanto outros acham que estes representam os atributos de Deus. Representações do
querubim também serão uma parte do templo milenar (Ezequiel 41:18-20).
Serafim: Tudo que nós sabemos sobre esta ordem de seres angelicais são encontrados em Isaías 6:2,
6. Aparentemente o serafim era de uma ordem semelhante a do querubim. Eles agiam como
serviçais do trono de Deus e agentes de limpeza. A função deles também era louvar a Deus. A
descrição deles sugere uma criatura de aparência humana com seis asas. Esta palavra pode ser
derivada de uma raiz que significa “queimar” ou possivelmente de uma raiz que significa “ser
nobre”28
26
Paul Enns, The Moody Handbook of Theology, Chicago, Ill.: Moody Press, 1996.
27
Ryrie, p. 129.
28
Ryrie, pp. 129-130.
Anjos Especiais
29
Chafer, p. 17.
30
Ryrie, p. 131.
31
Tiago Oliver Bushwell Jr., A Systematic Theology of the Christian Religion, Vol. 1, Zondervan, Grand
Rapids, 1962, p. 133.
Como os servos celestiais de Deus que levam a cabo os propósitos dEle, podemos observar que o ministério deles
tem vários relacionamentos diferentes: 32
Em relação a Deus: No serviço deles para Deus, eles são vistos como servos ao redor do Seu trono, esperando
servir-lO e fazer a vontade dEle (Slm. 103:20; Is. 6:1f; Jó 1:6; 2:1; Apoc. 5:11; 8:1f), como adoradores em louvor
dEle (Isa. 6:3; Slm. 148:1-2; Heb. 1:6; Apoc. 5:12), como observadores que se alegram pelo que Ele faz (Jó 38:6-7;
Lucas 2:12-13; 15:10), como soldados na batalha contra Satanás (Apoc. 12:7), e como instrumentos dos julgamentos
dEle (Apoc. 7:1; 8:2).
Em relação às Nações: Em relação à nação de Israel, Miguel, o arcanjo, parece ter um ministério muito
importante como o guardião dela (Dan. 10:13, 21, 12:1; Judas 9). Em relação a outras nações, eles observam os
governantes e as nações (Dan. 4:17) e procura influenciar os líderes humanos delas (Dan. 10:21; 11:1). Na Tribulação
eles serão os agentes que Deus usará para fazer cumprir os Seus julgamentos (veja Apoc. 8-9 e 16).
Em relação a Cristo: com o plano de Deus centrando na pessoa do Seu Filho, Jesus Cristo, eles naturalmente
executam muitos serviços para o Salvador.
Em relação ao Seu nascimento, foi predito por eles (Mat. 1:20; Lucas 1:26-28) e então anunciaram o Seu
nascimento (Lucas 2:8-15). Um anjo advertiu José para pegar Maria e o bebê e fugir para o Egito (Mat. 2:13-
15), e um anjo orientou a família a voltar a Israel depois que Herodes morresse (vv. 19-21).
Em relação ao Seu sofrimento, anjos o ministraram depois da Sua tentação (4:11), na Sua angústia no
Jardim de Getsêmane (Lucas 22:43), e Jesus disse que Ele poderia ter chamado uma legião de anjos que
estavam prontos para vir em defesa dele se Ele assim desejasse (Mat. 26:53).
Em relação à Sua ressurreição, um anjo rolou a pedra fora da tumba (28:1-2), anjos anunciaram a Sua
ressurreição às mulheres na manhã da Páscoa (vv. 5-6; Lucas 24:5-7), e anjos estavam presentes à Sua
ascensão e deram instrução aos discípulos (Atos 1:10-11).
Em relação à Sua segunda vinda, a voz do arcanjo será ouvida no Arrebatamento da igreja (1 Tess. 4:16),
eles O acompanharão no Seu retorno glorioso à terra (Mat. 25:31; 2 Tess. 1:7) e eles separarão o trigo do
joio na segunda vinda de Cristo (Mat. 13:39-40).
Em relação ao Ímpio: Anjos não só anunciam e infligem julgamento (Gen. 19:13; Apoc. 14:6-7; Atos 12:23;
Apoc. 16:1), mas eles separarão o justo do injusto (Mat. 13:39-40).
Em relação à Igreja: Hebreus 1:14 descreve o ministério deles como “espíritos ministradores, enviados para
prestar serviços a favor daqueles que herdarão a salvação”. Nisto, porém, a Bíblia aponta para vários ministérios
específicos: eles trazem respostas de oração (Atos 12:5-10), eles ajudam trazendo as pessoas ao Salvador (Atos 8:26;
10:3), eles podem encorajar em tempos de perigo (Atos 27:23-24), e eles cuidam das pessoas de Deus na hora de
morte (Lucas 16:22).
Em relação a Novas Épocas: Ryrie mostra que os anjos atuam de maneira incomum quando Deus institui uma
nova época no correr da história e aí ele nos dá os tópicos:
A. Eles se uniram em louvor quando a Terra foi Criada (Jó 38:6-7)
B. Eles estavam envolvidos no momento que Deus transmitia Sua Lei a Moisés (Gal. 3:19; Heb.
2:2).
C. Eles estava ativos no primeiro Advento de Cristo (Mat. 1:20; 4:11).
D. Eles estavam ativos durante os primeiros anos da Igreja (Atos 8:26; 10:3, 7,; 12:11)
E. Eles estarão envolvido em eventos que cercam o Segundo Advento de Cristo (Mat. 25:31; 1 Tess.
4:1)33
Claro que, o ministério dos anjos foi atuante em outros tempos, mas a pergunta surge naturalmente,
especialmente devido à nossa fascinação com os anjos no presente dia, há evidência bíblica que este variado
ministério de anjos continue funcionando na presente era da igreja?
Se os anjos continuarão agindo de todos estes modos ao longo da presente era é incerto. Mas eles
executaram estes ministérios e podem muito bem continuar fazendo assim embora nós não tomemos
conhecimento deles. É claro que, Deus não é obrigado a usar anjos; Ele pode fazer todas estas
coisas diretamente. Mas aparentemente Ele escolhe empregar o ministério intermediário dos anjos
em muitas ocasiões. Não obstante, o crente reconhece que é Deus quem faz estas coisas diretamente
mesmo usando os anjos (note no testemunho de Pedro que o Senhor o libertou da prisão mas de fato
Deus usou um anjo para realizar isto, Atos 12:7-10 comparar com vv. 11 e 17).
Talvez uma inscrição que eu vi uma vez em uma igreja velha na Escócia declara bem o equilíbrio.
32
O estudo cobrindo o ministério dos anjos em seus vários relacionamentos é adaptado da obra de Ryries,
Basic Theology, pp. 131-132.
33
Ryie, p. 131.
"Embora o Poder de Deus Seja Suficiente para Nos Governar, e apesar da Fraqueza do Homem, Ele
designou os Seus Anjos para nos guardar" 34
Em Hebreus 13:2 lemos, “Não se negue a mostrar hospitalidade aos estranhos, porque por isto alguns acolheram
anjos sem saber disto” (NIV). A hospitalidade para com os anjos inesperados chamou a atenção de Abraão sem
perceber (Gen. 18:1ff.) e Ló (Gen. 19:1ff.), mas ainda assim esta declaração não prova que os anjos agem hoje como
nos tempos do Antigo e Novo Testamento. Como Ryrie aponta, “A palavra "anjo" pode se referir a seres sobre-
humanos (veja Gen. 18:1-8 para um exemplo de tal hospitalidade) ou pode se referir a um ser humano que é um
mensageiro de Deus (veja Tiago 2:25 para um exemplo de tal hospitalidade). 35
Talvez nenhum outro aspecto do ministério deles para com o homem seja mais comentado que a idéia de um
"anjo da guarda." As pessoas se perguntam freqüentemente: Você tem um "anjo da guarda? " O conceito que cada
pessoa tem um anjo da guarda específico está somente na declaração que os anjos vigiam ou protegem como o Salmo
91:11 declara. Mas esta passagem é dirigida àqueles que fazem de Deus o seu refúgio.
O salmista explicou que nenhum dano ou desastre pode acometer aqueles que fizeram do
SENHOR o refúgio deles (mah£seh, "abrigo do perigo";…) porque Ele comissionou anjos para
cuidá-los. Anjos protegem de dano físico e dão aos crentes forças para superar as dificuldades,
figurados aqui como leões selvagens e cobras perigosas. Satanás, quando tentando a Cristo, citou o
Salmo 91:11-12 (Mat. 4:6) o que mostra que a maioria das maravilhosas promessas podem ser
aplicadas sem entendimento. 36
Alguns diriam que esta passagem do Antigo Testamento não se aplicaria em tempos modernos, mas em Hebreus
1:14 o autor não parece dar esta idéia. Os anjos são espíritos ministradores em favor dos santos, e isto é mostrado
como uma verdade geral da Bíblia e não deveria ser restrito aos tempos bíblicos.
Com certeza é confortante saber que Deus pode proteger, suprir e nos encorajar através de Seus anjos, mas este
fato nem sempre garante tal livramento, e certamente nós não devemos presumir que Deus sempre dará provisão
desta maneira. Logo, tendo considerado as várias maneiras que os anjos ministram, devemos ter em mente que Deus
nem sempre nos livrará do perigo ou suprirá nossas necessidades de formas miraculosas ou pelos anjos ou por Sua
intervenção. Por Sua soberania e sábios propósitos, Sua vontade é o oposto da vida claramente ilustrada e declarada
nas Escrituras (veja Heb. 11:36-40).
Mas é necessário ter em vista outra verdade relativa aos anjos. Da mesma maneira que as pessoas normalmente
não pensam no ministério punitivo de anjos, assim as pessoas, nas suas idéias populares sobre os anjos,
freqüentemente ignoram o que a Bíblia está ensinando sobre o engano dos anjos do mal de Satanás (2 Cor. 11:14-15).
Com razão esta sociedade é ignorante disto. A razão reside no engano de Satanás e no vazio do coração do homem e
como ele continua buscando respostas longe de Deus e a revelação da Palavra de Deus e o Seu plano de salvação em
Cristo. Como o arquienganador e antagonista de Deus, da igreja, e de todo o gênero humano, Satanás é o mestre do
disfarce. Muito de como a sociedade pensa hoje em seu encanto com anjos é claramente um produto do seu disfarce
como um anjo de luz com os seus anjos que também se disfarçam de acordo com os propósitos dele. Investigue o que
está sendo escrito em livros e dito em seminários e você achará numerosas publicações e ensinamentos cheios do que
não é nada menos que puro engodo diabólico. Para mais informações a respeito deste assunto e como se aplica à
fascinação de hoje com os anjos, veja o estudo, "Anjos, Espíritos Ministradores de Deus" em nossa página na Internet
na seção de teologia.
34
Ryrie, p. 133.
35
Charles Caldwell Ryrie, Ryrie Study Bible, Expanded Edition, Moody Press, Chicago, 1995, p. 1964.
36
The Bible Knowledge Commentary, OT, João F. Walvoord, Roy B. Zuck, Editors, Victor Books, 1983,
1985, mídia eletrônica.
ao Todo Poderoso, tentou usurpar o domínio soberano de Deus (veja Isa. 14:12-15). Isto era uma ofensa à glória de
Deus. Isto aparece em Apocalipse 12:3-4 onde um terço das hostes angelicais escolheu seguir Satanás. Por causa do
pecado de Satanás, ele foi expulso do seu alto posto e se tornou o grande adversário de Deus e do povo de Deus (veja
Ezequiel 28:11-19). 39 Além disso, Deus nos fala também explicitamente que o lago de fogo estava preparado para
Satanás e seus anjos (Mat. 25:41). Entretanto, como um inimigo derrotado (cf. Col. 2:15), Satanás não está confinado
lá agora, mas ele e seus anjos caídos estarão e este é um grande ponto de antecipação na Bíblia (cf. Rom. 16:20;
Apoc. 20:10).
A Caracterização de Satanás como o Caluniador
Uma compreensão de um dos nomes de Satanás é útil aqui e está carregado de implicações. O termo, diabo,
como tão freqüentemente usado para Satanás, significa, "caluniador, difamador, o que acusa falsamente" 40. Este
nome o revela em uma das suas principais caracterizações na Bíblia. Como "o caluniador", ele é o que difama o
caráter de Deus e uma das maneiras com que ele busca fazer isto é acusando os crentes (Apoc. 12:10). O livro de Jó
nos dá uma boa ilustração das suas acusações difamando os crentes e como, ao mesmo tempo, ele busca difamar o
caráter de Deus. Quando você lê os dois primeiros capítulos de Jó, o verdadeiro propósito das acusações de Satanás
fica evidente rapidamente. O argumento de Satanás era que Jó somente adorava a Deus por causa de tudo o que Deus
tinha dado a ele; e que Jó não amava a Deus pelo que Ele era ou porque Deus era merecedor de ser adorado como o
Criador Santo e Soberano. “Apenas tire tudo aquilo que ele tem e ele o amaldiçoará”, esta era a essência da acusação
de Satanás (cf. Jó 1:6-11; 2:1-6).
A Caracterização de Satanás por Deus
Da caracterização Bíblica de Satanás como "adversário" (1 Pedro 5:8) 41 e "diabo",42 e das suas atividades vistas
na Bíblia, parece lógico que Satanás pode ter afirmado que Deus era desamoroso e que o Seu julgamento de Satanás
e os seus anjos para o lago de fogo era desonesto e injusto. Logo após a criação de Adão e Eva, o ataque do diabo ao
caráter de Deus como sendo injusto fica imediatamente evidente na natureza difamadora das suas perguntas e
declarações a Eva na tentação (Gen. 3:1-5). Logo, hoje em um mundo que mente sob sua decepção (veja João 12:31;
16:11; Efésios 2:2; 2 Cor. 4:3-4), há um sentimento comum que ecoa entre muitos que, rejeitando a Palavra de Deus,
podem dizer, "O Deus da Bíblia é vingativo. Como um Deus amoroso poderia enviar as pessoas para o inferno? Eu
me recuso a acreditar em um Deus assim."
Uma Razão para o Homem
Parte da razão para a criação do homem e para o plano de Deus de salvação em Cristo é demonstrar a verdade do
caráter de Deus como sábio, santo, justo, amoroso, cortês, misericordioso, e bom. Em Sua santidade e justiça, Deus
não teve nenhuma outra escolha senão julgar Satanás e os seus anjos para o lago de fogo. O mesmo é verdade para
com o homem pecador. Mas Deus também é misericordioso, cheio de graça e amoroso assim, Ele proveu uma
solução pela cruz de forma que homem poderia ter vida eterna. Este gracioso plano de amor não só foi predito no
Antigo Testamento, mas na verdade, também foi anunciado primeiro à serpente (o diabo em disfarce) em Gênesis
3:16 que é muito importante devido ao conflito angelical e às acusações difamadoras de Satanás. A redenção do
homem e a recuperação do paraíso perdido, sempre estiveram baseados no que Deus faria pela semente da mulher, o
Messias Salvador que morreria como um substituto do homem, mas também derrotaria Satanás e, implicitamente,
demonstraria que a acusação de Satanás é falsa (cf. Isa. 53; Rom. 3:21-26; Col. 2:10-15; Heb. 2:14-16).
As Escrituras mostram que os anjos aprendem muito sobre Deus a partir das Suas atividades através da pessoa e
do trabalho de Cristo e através da igreja, especialmente no desdobramento do plano de Deus de redenção. Relativo
aos sofrimentos de Cristo, as glórias que seguirão, e as coisas anunciadas aos crentes por aqueles que pregaram o
evangelho pelo Espírito Santo, Pedro declara, "coisas nas quais os anjos atentam para olhar" (veja 1 Pedro 1:11-12).
Então, ao longo de uma linha semelhante, Paulo escreveu,
Para mim, o menor de todos os santos, esta graça foi dada, pregar aos Gentios as riquezas
insondáveis de Cristo, e trazer à luz a ministração do mistério que desde os séculos foi oculto em
Deus que criou todas as coisas; para que através da igreja, a multiforme sabedoria de Deus possa
39
“Esta parte, com suas referências sobrehumanas aparentemente descreve alguém que é humanamente o rei
de Tiro, chamado Satanás. Logo, os únicos previlégios de Satanás antes de sua queda são descritos nos versículos 12-
15 e seu julgamento nos versículos 16-19. “Tu tens o selo da perfeição (v. 12). Satanás era a consumação da perfeição
em sua sabedoria e beleza original.” (Charles Caldwell Ryrie, Ryrie Study Bible, Expanded Edition, Moody Press,
Chicago, 1995, p. 1306).
40
Grego, diabolos, “um acusador, um caluniador,” de diabollw, “acusar, maligno.”
41
“Adversário,” o grego antidikos, era usado como um adversário em ação judicial, “um oponente
judicial.”
42
Para maiores detalhes a respeito de Satanás, sua origem, títulos, etc., veja a doutrina de Satanologia em
nossa página na Internet.
agora se fazer conhecida pelos principados e potestades nos lugares celestiais. Isto estava de acordo
com o propósito eterno que Ele cumpriu em Cristo Jesus nosso Senhor. (Efésios 3:8-11)
Por conseguinte, a igreja se torna um meio para revelar a multiforme sabedoria e graça de Deus aos anjos, Paulo
escreveu aos Efésios 2:4-7:
Mas Deus, sendo rico em misericórdia, e por causa do Seu grande amor com que Ele nos amou, até
mesmo quando nós estávamos mortos em nossas transgressões, nos vivificou juntamente com Cristo
(pela graça sois salvos), e nos ressuscitou com Ele, e nos assentou com Ele nos lugares celestiais,
em Cristo Jesus, para que nos séculos vindouros Ele pudesse mostrar as insuperáveis riquezas da Sua
graça e bondade para conosco em Cristo Jesus.
Chafer cita Otto Von Gerlach que escreveu:
Pela revelação dEle mesmo em Cristo, pela instituição da Igreja Cristã na terra, Deus, se glorifique
a si mesmo de uma maneira até agora desconhecida diante dos principados divinos. Eles que até
agora, cheios de temor, haviam estado louvando a Deus pelas maravilhas da Criação, vêem agora
Sua sabedoria glorificada sob uma nova forma na comunhão Cristã através das múltiplas maneiras
pelas quais os homens perdidos são salvos. Inteiramente nova e inesgotável riqueza da sabedoria
divina na redenção. 43
AVitória Antecipada
Apocalipse 4-5 adianta a perspectiva do céu na preparação para os julgamentos que se seguirão na terra como
descrito nos capítulos 6-19. São estes julgamentos que derrotam a Satanás e seu sistema mundial e estabelece o Filho
de Deus em Seu trono na terra. Nestes dois capítulos, porém, há uma forte ênfase na santidade de Deus, Seu
merecimento em receber glória e honra, e no merecimento do Cordeiro, o Senhor Jesus de abrir os selos, reinar e
receber glória e honra. E quem também são evidenciados nestes dois capítulos? Os anjos!
Diante deste cenário, nós podemos ver por que os santos anjos de Deus se interessam sutilmente pela nossa
salvação porque nela eles observam a multiforme sabedoria, amor, graça e santidade de Deus (Efésios 3:10; 1 Pedro
1:12). Isto se torna mais um ponto de discussão quando a pessoa considerar a rebelião e acusações de Satanás levando
em conta a condescendência de Cristo cuja vida inteira eles testemunharam (1 Tim. 3:16). Testemunhar a submissão
e condescendência do Deus encarnado, até mesmo na morte da cruz, era uma declaração impressionante do caráter de
Deus como santo e imutável.
Que condescendência maravilhosa! Obedecendo a Sua própria lei como se Ele fosse uma mera
criatura, na atitude de um servo! Isto era novo. Eles o tinham visto como o Governador do
Universo; mas nunca até agora como um súdito! Entrando em combate com Satanás e prolongada
tentação! Isto era realmente novo. 44
Pense nisto! Eles tinham visto Satanás ser expulso de sua exaltada posição para ser sentenciado ao lago de fogo
por causa do seu orgulho e rebelião, mas na encarnação de Cristo e vida submissa até a cruz eles tinham o exemplo
definitivo da Santidade, Amor e Graça de Deus, e a justa sentença de Satanás.
Mas e a respeito dos anjos caídos? Evidentemente, houve um tempo de graça e provação dos anjos antes da
queda de Satanás, contudo eles agora permaneciam confirmados em seu estado de queda exatamente como aqueles
que morrem permanecerão em seu estado de queda diante do Julgamento do Grande Trono Branco e eterna separação
de Deus.
O Conflito Angélico
e o Problema Moral do diabo
Entender o cenário anterior nos proporciona parte da resposta para a antiga pergunta de como um Deus que é
bom poderia permitir mal, especialmente se Ele é onisciente e onipotente. Ao contrário da Bíblia que declara a
onipotência e onisciência de Deus, alguns tentaram responder o problema simplesmente dizendo que embora Deus
seja bom, Ele estava sem recursos para impedir o mal de acontecer. Embora isto seja somente por implicação, a
Bíblia só nos dá uma resposta para o problema do mal que reside, em parte pelo menos, no conflito angelical
brevemente descrito nos parágrafos anteriores. Algumas coisas são básicas para uma discussão deste assunto.
A Bíblia revela que Deus é perfeito em santidade, amor, benevolência, graça, e clemência. Isto significa que
Deus não pode fazer o mal porque o mal é contrário ao Seu caráter Santo. Por exemplo, Deus não pode mentir (Tito
1:2). Ainda, Ele não pode tentar a criatura para pecar (Tiago 1:13). Ele não pode ser o autor do pecado porque Ele
julgou todo o mal e para autorar o pecado Ele estaria contra a Sua perfeita justiça e retidão. Deus não poderia julgar o
43
Chafer, p. 25.
44
Chafer, p. 22, cita o Dr. William Cooke, Christian Theology, pp. 622-23.
pecado na criatura se Ele fosse o autor do pecado da criatura. Logo, embora permitido por Deus, o mal não se
originou de Deus. Originou-se em algo fora de Deus.
De acordo com a Bíblia, o pecado humano original como registrado em Gênesis 3 não é o primeiro pecado no
universo. A Bíblia revela que o problema moral está relacionado à: (1) a queda de Satanás e seus anjos em pecado;
(2) a caracterização de Satanás como o adversário caluniador de Deus; (3) o propósito de Deus para o homem
dominar a terra mesmo que com a perda daquela autoridade pela tentação e queda do homem em pecado; e (4) a
redenção de homem e a recuperação daquela autoridade pelo Salvador Homem-Deus sem pecado que levou a culpa
do nosso pecado.
Do estudo deste problema moral emergem certos fatos. Está claro que Deus na criação dos anjos e
homens criou-os como criaturas morais com o poder de escolha. O problema do pecado está
presente quando uma criatura moral escolhe pecado em vez da retidão. Esta é a explicação para a
queda dos anjos e a queda dos homens. 45
A revelação da queda de Satanás, a queda do homem, e o conflito angelical pela Bíblia, nos envolve em coisas
que vão além da nossa compreensão. Não obstante, a Bíblia ensina que Deus criou os anjos e o homem. Como
sugerido pelo companheirismo que pode ser observado na Trindade entre o Pai, o Filho, e o Espírito Santo, Deus
desejou criar criaturas para o companheirismo, mas Ele não criou estas criaturas como robôs que não têm nenhuma
escolha. Não haveria nenhum companheirismo ou glória em um robô mecânico que não teve nenhuma escolha. Deus
deu tanto a anjos como a seres humanos, personalidades com intelecto, emoção, e vontade própria. Pelo exercício
desta personalidade, tanto o gênero humano como os anjos poderiam ter companheirismo com Deus e poderiam
trazer glória a Ele. Mas, embora criado perfeito e sem pecado, liberdade de escolha significou também a
possibilidade, conhecido desde a eternidade por Deus, que Satanás e o gênero humano poderiam escolher contra Deus
o que ambos fizeram. Assim por que Deus permitiu isto? Talvez a resposta esteja no fato de que o pecado acaba
fazendo com que a glória de Deus seja ainda mais destacada. Da mesma maneira que nada mais destaca melhor o
esplendor de um diamante na luz do que um fundo de veludo preto, assim nada pudesse destacar melhor a glória da
misericórdia de Deus, bondade, graça, e amor tanto quanto a negridão do pecado do homem.
Visto que isto desconcerta a mente humana, muitos rejeitam totalmente a idéia de Deus ou teorizam a fraqueza
de Deus ou de alguma maneira encontram falta em Deus. Mas a Bíblia tem algumas palavras de advertência
importantes a se considerar como resposta e a história de Jó, as suas tentações, a atividade de Satanás e os anjos bons
como mencionado em Jó, tudo isso é instrutivo aqui. O livro de Jó é importante para responder perguntas relativas ao
problema moral do mal e a existência do sofrimento devido ao discernimento que isto nos dá da atividade de Satanás
como adversário das atividades de anjos chamados de os "filhos de Deus" (veja Jó 1:6-13; 2:1-7; 38:4-6).
Há uma menção que os anjos estavam presentes dando louvor a Deus quando Deus criou a terra (Jó 38:7), mas
em Jó 1:6 e 2:1, os "filhos de Deus" aparecem diante de Deus, indubitavelmente como Seus auxiliares e servos
submissos em adoração e louvor ao Todo-poderoso. Entretanto Satanás é subitamente introduzido em cena como o
acusador mentiroso. Embora a razão específica do aparecimento de Satanás não seja declarada, as perguntas que
Deus faz a Satanás mostram a razão claramente. Ele está lá para dar continuidade à sua atividade difamadora no seu
contínuo conflito contra o caráter de Deus.
Resumindo então, o que a Bíblia nos ensina sobre Satanás, o pecado e o sofrimento nos proporcionam uma
resposta para este dilema moral. O livro de Jó com sua revelação sobre Satanás, os anjos, as provas de Jó e as suas
respostas para o seu sofrimento acrescenta uma importante compreensão ao nosso entendimento e a resposta para o
problema moral do mal.
Jó foi um homem que sofreu tremendamente. As perdas que ele sofreu e a dor eram terríveis. Assim, veio três
amigos que procuraram aconselhá-lo, mas com amigos como estes, quem precisa de inimigos? Em essência, a
afirmação deles era que o sofrimento dele foi causado por causa de algum pecado. E, é claro que, às vezes isto é a
causa de sofrimento, mas o pecado pessoal é o único que a Bíblia dá razões para sofrimento. No processo do diálogo
de Jó com os seus três amigos, Jó procurou se defender contra as acusações deles. Ele quis mostrar que ele era
inocente de qualquer injustiça que tinha causado a dor dele. E em essência, ele era. Mas como este diálogo e o
sofrimento de Jó continuaram por um período prolongado, Jó começou a se chatear com Deus e ele desenvolveu um
espírito exigente. Isto parece evidente pelas palavras de Deus a Jó como visto nos capítulos 38-40, mas especialmente
nos versos seguintes:
Jó 38:2-4 Quem é este que escurece o conselho através de palavras sem conhecimento? 3- Agora
cinge os teus lombos como homem e Eu te perguntarei e tu Me ensinará! 4- Onde você estava
quando Eu punha a fundação da terra? Diga-me, se você tem entendimento.
45
Lewis Sperry Chafer, Lewis Sperry Chafer Systematic Theology, Vol. 1, Abridged Edition, João F.
Walvoord, Editor, Donald K. Campbell, Roy B. Zuck, Consulting Editors, Victor Books, Wheaton, Ill., 1988, p. 289.
Em outras palavras, que absurdo pensar que uma criatura poderia se tornar o crítico do Criador ou criticar o
que Ele está fazendo como o Soberano Senhor do Universo. Os próximos dois capítulos, então, desenvolve-se este
tema da sabedoria e do poder de Deus.
Jó 40:1-2 Então o SENHOR disse a Jó, “Contenderá aquele que procura defeitos com o Todo-
Poderoso? Deixe que ele que reprova Deus, responda isto”.
Jó então respondeu e disse,
Jó 40:4-5 Eis que sou insignificante; que te responderia eu? A minha mão ponho na minha boca. 5-
Uma vez falei e não replicarei, ou ainda duas vezes e não direi mais nada.
Embora este fosse um começo na direção certa, está claro pelo que se seguiu que Jó foi humilhado mas contudo
não arrependido ainda, assim, Deus o questiona mais adiante. Por que? Posso sugerir que quando Jó criticava os
caminhos de Deus ou se tornou exigente para com Deus ele estava em efeito seguindo os passos de Satanás tanto
procurando falha como usurpando a posição de Deus como governador do mundo. No próximo parágrafo (vss. 6-14),
e por sinal um parágrafo cheio de ironia, Deus pergunta se Jó realmente pode executar essas coisas que só Deus pode
fazer. Note os versos 7 ao 9:
Jó 40:7-9. Então o SENHOR respondeu a Jó do redemoinho e disse, “Cinge agora os teus lombos
como um homem e Te perguntarei e tu Me ensinará. 8 Porventura anularás pois, o Meu juízo?
Condenar-Me-ás de modo que sejas justificado? 9 Ou terás um braço como Deus, ou ainda poderás
trovejar sua voz como a Sua?”
Embora o problema do mal e Satanás confundam a mente humana, somente a Palavra de Deus nos dá uma
explicação razoável sobre a causa, o curso, e o destino final do mal. Nossa necessidade é reconhecer que Deus não só
é Soberano e infinitamente sábio, mas submete em fé ao plano de Deus. O livro do Apocalipse, um livro cheio de
referências aos anjos, nos dá o resultado final e a derrota do pecado, da morte e de Satanás com seus anjos caídos, e
com o paraíso refeito. Então Deus limpará toda a lágrima e o universo conhecerá uma permanente alegria e paz que
vão além dos nossos sonhos mais incríveis.
A mesma natureza da complexidade da criação não somente exige uma causa adequada, um Criador, mas
demonstra a Sua sabedoria e poder infinito (Salmos 19:1-6; Rom. 1:18-21). Deus é infinitamente sábio. Ele é o
Onisciente em quem estão escondidos todos os tesouros de sabedoria e conhecimento. E embora Deus tenha revelado
algumas coisas a nós, Ele obviamente deixou muito mais que não foi revelado. Nós simplesmente não teríamos a
habilidade para entendermos isto em nosso presente estado (cf. Deut. 29:29). Não obstante, é vital para a fé e prática
que nós venhamos ao ponto onde nós não só reconhecemos que os nossos pensamentos e caminhos são de longe,
diferentes dos de Deus, mas que em fé nós aceitamos o que Ele revelou. Note o foco na passagem abaixo
Buscai ao Senhor enquanto se pode achá-lo; Invocai-o enquanto está perto. 7 Deixe o ímpio o seu
caminho, e o homem injusto os seus pensamentos; e volte-se ao Senhor, e Ele terá compaixão dele;
e para o nosso Deus, pois Ele abundantemente perdoará. 8 “Pois os meus pensamentos não são os
vossos pensamentos, Nem ainda os meus caminhos são os vossos caminhos”diz o Senhor. 9 Assim
como os céus são mais altos que a terra, assim são os meus caminhos mais altos que os vossos
caminhos e os meus pensamentos mais altos que os vossos pensamentos.
Isaías 55:6-9
Isto significa que nós não deveríamos fazer perguntas e procurar respostas aos mistérios do universo? É claro que
não. Mas Deus tem nos dado a revelação ou onde nós encontramos as respostas de Deus na Bíblia, se através de
declaração explícita ou através de fortes argumentos implícitos, nossa necessidade é humildemente nos submeter ao
que se ensina e colocar as coisas que ainda nos impressionam no topo da estante para entender isto posteriormente.
Este, é claro, é o assunto crucial. O que a Bíblia realmente ensina a respeito de quaisquer destas perguntas? Nossa
tendência é olhar para as respostas da Bíblia com a razão e a lógica humana. Então, quando isto parece contrário da
razão humana, nossa tendência é rejeitar isto ou pelo menos questionar isto ou torcer a verdade para caber na nossa
lógica humana. Por exemplo, a doutrina da trindade não é ensinada explicitamente na Bíblia, mas é claramente
ensinada de forma implícita na Bíblia. Outras doutrinas, como a encarnação, estão além da nossa capacidade de
compreensão mas esta é uma doutrina declarada na Bíblia explicitamente. Assim Isaías escreveu, "Mas eis para quem
olharei, para aquele que é humilde e contrito de espírito, e que treme diante da Minha Palavra" (Isaías 66:3b).
Lições Negativas
Satanás, como o querubim ungido, não só foi criado perfeito, mas ele era extremamente bonito. A sua alta
posição e beleza, claro que, eram os produtos da graça e poderes criativos de Deus, não de Satanás. Não obstante, ele
se inchou com orgulho de sua própria beleza e poder. Ele se esqueceu da sua condição de criatura e quis se tornar
como Deus (cf. Ezequiel 28:11-15; Isa. 14:12-13). Por seu orgulho e rebelião, ele foi julgado e expulso da sua alta
posição como o querubim ungido e condenado ao lago de fogo, o lugar da sua eventual destruição. Como tal, Satanás
não só se torna a ilustração clássica da tentação e tolice do orgulho na criatura, mas o orgulho se torna uma das suas
principais armadilhas pelas quais ele busca causar distúrbios entre o povo de Deus que é tão propenso a ser inchado
por suas próprias habilidades ou funções ou pelas habilidades e funções de outros as quais são todas dádivas de Deus.
Visto que isto já era um real perigo, Paulo advertiu contra a seleção de um novo convertido para uma posição de
autoridade, "para que ele não se ensoberbeça e caia na mesma condenação em que incorreu o diabo. E ele tem que ter
uma boa reputação com os de fora da igreja, de forma que ele não caia em afronta e na armadilha do diabo" (I Tim.
3:6-7).
Satanás e os seus anjos caídos também nos advertem contra a natureza má e os perigos da rebelião em contraste
com a submissão e obediência. Pode ser que não haja nenhum lugar onde isto seja declarado mais claramente que em
I Samuel 15:22-23. Aqui a seriedade da desobediência (vs. 22) que é essencialmente definida como rebelião (vs. 23),
é ressaltada pelas comparações feitas à adivinhação e idolatria. Samuel compara isto a adivinhação (hebreu, qesem,
um termo geralmente utilizado para as várias práticas ocultas ou espiritismo. Para algumas das várias formas de
adivinhação veja Deuteronômio 18:10-11.). A adivinhação assim como a idolatria, é demoníaca. (veja 1 Cor. 10:19-
22). Por trás do oculto e da idolatria está o trabalho de Satanás, o rebelde dos rebeldes.
Por último, Satanás e os seus anjos maus, os demônios, nos fornecem exemplos de tudo aquilo que é mau
juntamente com as horrendas conseqüências do mal. Satanás é um rebelde, um mentiroso, um assassino, um
enganador, um caluniador, um tentador, um distorcedor, e aquele que se opõem a tudo aquilo que é bom, íntegro, e
santo. Como um assassino desde o princípio e o pai das mentiras (João 8:44) que tentou Eva no Éden, ele se torna no
final das contas, o pai de tudo aquilo que é mau.
É claro que, isto não isenta o homem da sua responsabilidade escolher o que é bom nem nós podemos culpar
Satanás por nosso próprio pecado, entretanto ele está sempre rondando a fim de provocar o pecado e enganar e nos
tentar. Embora Satanás constantemente nos tente, nossa tentação para pecar origina-se de nossas próprias luxúrias que
empreendem guerra em nossas almas (Tiago. 1:14; 1 Pedro 2:11; Efésios 2:3).
Lições Positivas
As inúmeras referências aos santos anjos de Deus na Bíblia são principalmente registros da suas várias
atividades, mas duas coisas se destacam rapidamente. Eles constantemente são vistos nas atividades de louvor e
adoração a Deus e em humilde serviço, totalmente submissos à vontade de Deus. Se estes seres celestiais, com toda
sua força, santidade, e conhecimento de Deus estão tão comprometidos, eles não deveriam ser uma motivação e um
exemplo para nós?
Foi depois que Isaías viu os serafins santos em adoração e humildade (sugerido pela cobertura dos pés deles)
exaltando o Senhor, que ele viu então e confessou o seu próprio pecado e se tornou um servo disposto. Foi então, em
resposta à pergunta de Deus "A quem eu enviarei? " que o profeta disse, "Aqui estou, envia-me" (veja Isaías 6:1-8).
Seguindo as boas notícias do nascimento do Messias, a experiência de ver a Jesus em Belém, e ouvindo as hostes
divinas de anjos que adoravam a Deus, foram os pastores que, seguindo o exemplo dos anjos, voltaram “glorificando
e louvando a Deus por tudo aquilo que eles tinham visto e ouvido, como lhes havia sido dito” (Lucas 2:20).
Uma consciência da realidade dos inúmeros seres angelicais – um benefício derivado do bem em
oposição do mal - só se obtém pela meditação nas Escrituras que registram estas verdades, e
através da oração. 46
46
Chafer, p. 27.