Mudanças Climáticas e Seus Impactos Na Sociedade
Mudanças Climáticas e Seus Impactos Na Sociedade
Mudanças Climáticas e Seus Impactos Na Sociedade
Mudanças climáticas. Gases de Efeito Estufa (GEE). Acordos climáticos. Aquecimento global. Economia de baixo carbono.
PROPÓSITO
Discutir sobre as mudanças climáticas, seus acordos e os impactos causados à sociedade.
OBJETIVOS
MÓDULO 1
MÓDULO 2
MÓDULO 3
/
INTRODUÇÃO
Grande desafio deste século XXI, a mudança climática é um tema que ganha cada vez mais espaço nos debates relacionados ao futuro
das sociedades. Sabemos que as temperaturas globais vêm aumentando e que esse aumento poderá gerar grandes impactos no
planeta, modificando o mundo como conhecemos hoje.
Mas, afinal, é possível reverter esse processo? O que ocorrerá com o meio ambiente e as sociedades nas próximas décadas?
Para responder a estas questões, apresentaremos neste tema a origem desse debate, apontando os estudos já realizados a respeito do
assunto e os acordos climáticos entre as nações, além de seus possíveis impactos na sociedade.
MÓDULO 1
CONCEITO E PROPOSTA
O efeito estufa é um fenômeno natural e necessário para a preservação da vida na Terra, pois mantém o planeta aquecido e habitável ao
permitir que parte da radiação solar refletida de volta para o espaço seja absorvida pelo planeta.
/
QUANDO ATINGE A SUPERFÍCIE DA TERRA, GRANDE PARTE DESSA
RADIAÇÃO É REFLETIDA COMO RADIAÇÃO INFRAVERMELHA, QUE É
CAPTURADA POR UMA CAMADA DE GASES DE EFEITO ESTUFA (GEE) NA
ATMOSFERA. OS GEE SÃO CONHECIDOS ASSIM POR EXERCEREM A
FUNÇÃO DO VIDRO DE UMA ESTUFA, PERMITINDO A PASSAGEM DA
RADIAÇÃO SOLAR, EMBORA EVITEM A LIBERAÇÃO DA RADIAÇÃO
INFRAVERMELHA EMITIDA PELA TERRA.
ATMOSFERA
A atmosfera terrestre é uma camada natural de gases que envolve a Terra. Essa camada permite que as radiações solares atinjam
a superfície e mantenham a temperatura média do planeta devido ao fenômeno natural do efeito estufa, no qual parte da radiação
solar que penetra nele fica retida em forma de calor. O restante é refletido no espaço.
autor/shutterstock
Desde a Revolução Industrial, o homem vem aumentando a concentração de GEE por meio de suas emissões. Segundo Fortin (2017),
isso se traduz no aumento contínuo da temperatura global em um 1°C desde a era pré-industrial.
É preciso compreender de que maneira podemos controlar ou amenizar os efeitos das mudanças climáticas. Para isso, o Painel
Intergovernamental de Mudanças Climáticas (IPCC) foi criado em 1988 pela Organização Meteorológica Mundial (OMM) e pelo
Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente (PNUMA).
O estabelecimento do IPCC foi aprovado pela Assembleia Geral da Organização das Nações Unidas (ONU) no mesmo ano. Ele é uma
organização dos governos que compõem as Nações Unidas, possuindo atualmente 195 membros.
Seu papel é avaliar, de maneira abrangente, objetiva, aberta e transparente, as informações científicas, técnicas e socioeconômicas
relevantes para a compreensão das mudanças climáticas, seus impactos e riscos futuros, bem como as opções para sua mitigação e
adaptação.
MITIGAÇÃO
Intervenção humana para reduzir as emissões por fontes de gases de efeito estufa e fortalecer as remoções por sumidouros de
carbono, como florestas e oceanos.
ADAPTAÇÃO
Estratégia de resposta de qualquer sistema à mudança do clima no esforço para prevenir-se contra possíveis danos e explorar
eventuais oportunidades benéficas. Diferentemente da mitigação, os benefícios resultantes dessa série de ajustes são locais e de
curto prazo.
/
A partir dessa avaliação, o IPCC fornece aos governos, em todos os níveis, informações científicas que lhes permitem desenvolver
políticas climáticas. Além disso, seus relatórios também são uma contribuição importante nas negociações internacionais sobre
mudanças climáticas.
RELATÓRIOS DE AVALIAÇÃO
Centenas de especialistas renomados nas diferentes áreas cobertas pelos relatórios do IPCC avaliam os milhares de artigos científicos
publicados a cada ano. O objetivo dessa avaliação é fornecer um resumo abrangente do que se sabe sobre os fatores que impulsionam
as mudanças climáticas, assim como seus impactos e riscos futuros, apontando ainda formas de se adaptar e mitigar esses impactos.
Desde a criação do IPCC, cada relatório de avaliação tem contribuído diretamente para a formulação internacional de políticas
climáticas. Estabeleceremos a seguir um histórico sobre os principais relatórios, descrevendo em seguida suas principais características
e aplicações.
O FAR desempenhou ainda um papel decisivo na criação da Convenção-Quadro das Nações Unidas sobre a Mudança do Clima
(UNFCCC).
UNFCCC
O UNFCCC é o principal tratado internacional para reduzir o aquecimento global e lidar com as consequências das mudanças
climáticas (falaremos mais sobre ele no módulo seguinte).
A AR4 lançou as bases para um acordo pós-Quioto, concentrando-se em limitar o aquecimento global a 2°C.
SAIBA MAIS
Neste mesmo ano, o IPCC e o então vice-presidente dos Estados Unidos, Al Gore, receberam o Prêmio Nobel da Paz em conjunto pelos
esforços para desenvolver e disseminar um maior conhecimento sobre as mudanças climáticas provocadas pelo homem, além de
estabelecer as bases para as medidas necessárias a fim de combater tal mudança.
Um dos pontos que podemos destacar do AR4 é a apresentação dos diferentes GEE. Os dois principais, nesta ordem, são o:
Dióxido de carbono (CO2): Entre as origens antrópicas das emissões de dióxido de carbono, destacam-se a combustão de
combustíveis fósseis e a mudança no uso da terra (incluindo o desmatamento e o cultivo de áreas antes não explorados, pois, ao
ará-la, o CO2 do solo é liberado);/li>
Metano (CH4): Entre suas origens antrópicas, destacam-se a agricultura (por exemplo, o cultivo de arroz), a criação de gado (uma
vez que a digestão do gado também gera emissões de metano) e, finalmente, os resíduos, cuja decomposição produz, quando
deixada ao ar livre, metano.
/
Fonte: YDUQS
Gráfico: Principais GEE.
Cultivo de
arroz
inundado, Fertilizantes, Refrigeradores, Hidrocarbonetos Combustíveis
Principal Combustíveis
pecuária, conversão aerossóis, (com NOx), fósseis,
fonte fósseis,
combustíveis do uso da processos queima de queima de
antrópica desflorestamento
fósseis, terra industriais biomassa biomassa
queima de
biomassa
Tempo de
Semanas a
vida na 50-200 anos 10 anos 150 anos 60-100 anos Meses
meses
atmosfera
Contribuição
relativa ao
60% 15% 5% 12% 8% -
efeito estufa
antrópico
Adaptada do AR4, a tabela a seguir aponta algumas das principais tecnologias e práticas de mitigação das mudanças climáticas em
diferentes setores:
/
Tecnologias e práticas de Tecnologias e práticas de mitigação projetadas para serem
Setor
mitigação disponíveis em 2007 comercializadas antes de 2030
• Maior eficiência no
fornecimento e na distribuição
de energia;
• Mudança de combustível: do
carvão para o gás; • CCS para instalações de geração de gás, biomassa e eletricidade a
• Uso da energia nuclear; carvão;
Fornecimento
• Uso de fontes de energia • Energia nuclear avançada;
de energia
renováveis (energia hidrelétrica, • Energia renovável avançada, incluindo energia de marés e ondas e
solar, eólica, geotérmica e energia solar fotovoltaica.
bioenergia);
• Aplicações iniciais de captura
e armazenamento de carbono
(CCS).
/
Tecnologias e práticas de Tecnologias e práticas de mitigação projetadas para serem
Setor
mitigação disponíveis em 2007 comercializadas antes de 2030
• Reflorestamento;
• Melhoramento das espécies arbóreas para aumentar a produtividade
• Redução do desmatamento;
da biomassa e o sequestro de carbono;
• Uso de produtos florestais
Florestas • Tecnologias aprimoradas de sensoriamento remoto para análise do
para a bioenergia em
potencial de sequestro de carbono da vegetação ou do solo e
substituição ao uso de
mapeamento das mudanças no uso da terra.
combustíveis fósseis.
• Recuperação de metano em
aterros sanitários;
• Incineração de resíduos com
recuperação de energia; • Para reduzir as emissões de metano dos aterros, pode-se explorar o
Gestão de • Compostagem de resíduos processo natural de oxidação microbiana do metano por meio de
resíduos orgânicos; coberturas. Chamadas de “biocobertas”, elas são muitas vezes
• Tratamento de águas compostas por materiais residuais, como os adubos.
residuais;
• Reciclagem e minimização de
resíduos.
Tabela: Tecnologias e práticas de mitigação das mudanças climáticas por setor. Adaptado de: (IPCC, 2007, p. 10)
ATENÇÃO
Apesar de esta tabela apresentar alguns exemplos, não existe uma ordem preferencial de setores ou de tecnologias.
/
O AR5 foi finalizado com base na revisão de milhares de pesquisas científicas, servindo de contribuição científica para o Acordo de Paris
(que será amplamente analisado no próximo módulo).
O relatório fornece ainda uma avaliação abrangente do aumento do nível do mar nas últimas décadas. Além disso, os estudos
apresentados também estimam as emissões acumuladas de CO2 desde a época pré-industrial e fornecem um orçamento dele para
futuras emissões.
COMENTÁRIO
Sabe-se, a partir dos relatórios do IPCC, que, de 1880 a 2012, a temperatura média global aumentou 0,85°C. Além disso, os oceanos se
aqueceram, as quantidades de neve e gelo diminuíram e o nível do mar aumentou. De 1901 a 2010, à medida que os oceanos se
expandiam devido ao aquecimento e ao derretimento do gelo, a média global do nível do mar subiu 19cm. A extensão do gelo marinho
no Ártico vem diminuindo desde a década de 1980.
Tatiana Grozetskaya/shutterstock
Dadas as concentrações atuais e as emissões contínuas de GEE, é provável que o final deste século registre um aumento de 1 a 2°C na
temperatura média global acima do nível de 1990 (cerca de 1,5 a 2,5°C superior ao nível pré-industrial). Com isso, os oceanos do mundo
se aquecerão e o derretimento do gelo continuará.
/
Bernhard Staehli/shutterstock
Há evidências alarmantes de que pontos críticos cruciais podem já ter sido alcançados ou ultrapassados, levando a mudanças
irreversíveis nos principais ecossistemas e no sistema climático planetário. Ecossistemas tão diversos quanto o da Floresta Amazônica e
a tundra ártica podem estar se aproximando de limiares de mudança dramática.
Em outubro deste ano, o SR15 abordou os impactos do aquecimento global. Sua conclusão foi a seguinte: limitá-lo a 1,5°C exigiria
mudanças rápidas, profundas e sem precedentes em todos os aspectos da sociedade.
Este relatório constatou que essa limitação poderia garantir uma sociedade mais sustentável e equitativa. Enquanto as estimativas
anteriores se concentravam em estipular os danos se as temperaturas médias subissem 2°C, o SR15 mostrou que muitos dos impactos
adversos das mudanças climáticas já surgirão na marca de 1,5°C.
Ele ainda destaca impactos das mudanças climáticas que poderiam ser evitados ao se limitar o aquecimento global a 1,5°C ao invés de
2°C ou mais. Estima-se que as atividades humanas tenham causado o aumento de aproximadamente 1°C desde a era pré-industrial.
Os modelos climáticos projetam diferenças robustas nas características climáticas regionais entre o aquecimento atual e o global de
1,5°C, assim como as existentes entre 1,5°C e 2°C, incluindo as disparidades em relação aos aumentos na temperatura média na
maioria das regiões terrestres e oceânicas.
Em uma projeção para o ano de 2100, por exemplo, a elevação global do nível do mar seria 10cm mais baixa com um aquecimento
global de 1,5°C se comparada com o de 2°C. Já os recifes de corais declinariam de 70% a 90% com o aquecimento de 1,5°C, enquanto
praticamente todos seriam perdidos com um aumento de 2°C.
O relatório conclui que limitar o aquecimento global a 1,5°C exigiria transições rápidas na terra, na energia, na indústria, nos edifícios,
nos transportes e nas cidades.
Por fim, o SR15 também destacava que as emissões globais líquidas de dióxido de carbono (CO2) causadas pelo homem precisam, até
2030, cair cerca de 45% em relação aos níveis de 2010, atingindo o “zero líquido” por volta de 2050. Isso significa que quaisquer
emissões remanescentes precisariam ser equilibradas pela remoção do CO2 da atmosfera.
/
ATUALMENTE: SEXTO CICLO DE AVALIAÇÃO
Um relatório de metodologia;
Sexto relatório de avaliação.
RELATÓRIOS ESPECIAIS
Primeiro desses relatórios especiais, o SR15, conforme frisamos, foi solicitado pelos governos participantes do Acordo de Paris.
Composição
O IPCC é dividido em três grupos de trabalho e uma força-tarefa. Cada um deles lida com:
Com os grupos de trabalho e a força-tarefa, outros grupos de tarefas podem ser estabelecidos pelo IPCC por um período determinado
para considerar um tópico ou uma pergunta específica.
EXEMPLO
A decisão tomada na 47ª Sessão do IPCC, em Paris, em março de 2018, estabelece um grupo de tarefas para melhorar o equilíbrio de
gênero e abordar questões relacionadas a gênero.
VERIFICANDO O APRENDIZADO
1. EM 1988, FOI APROVADA PELA ASSEMBLEIA GERAL DA ONU A CRIAÇÃO DO IPCC. SEU PRINCIPAL
PAPEL CONSISTE EM:
A) Avaliar as informações relevantes para uma compreensão das mudanças climáticas, assim como dos impactos, riscos futuros e
opções de adaptação e mitigação, fornecendo-as, em seguida, aos governos.
B) Identificar quais estudos sobre os GEE devem ser considerados relevantes pelos governos (federais, estudais ou municipais).
C) Determinar o papel de cada país no combate às mudanças climáticas nos próximos anos.
D) Promover encontros e debates para que haja uma visão mais ampla sobre as mudanças climáticas.
A) O FAR, em 1990, destacou a importância das mudanças climáticas como um desafio com consequências globais que exigia a
cooperação internacional.
C) Finalizado entre 2013 e 2014, o AR5 fornece uma avaliação abrangente do aumento do nível do mar e de suas causas nas últimas
décadas.
D) Lançado em 2001, o TAR destacou os impactos das mudanças climáticas e a necessidade de adaptação.
GABARITO
1. Em 1988, foi aprovada pela Assembleia Geral da ONU a criação do IPCC. Seu principal papel consiste em:
/
O IPCC pretende sugerir maneiras de combater problemas climáticos, como o aquecimento global, apontando suas causas, seus efeitos
e os riscos que ele pode gerar para a humanidade.
2. Desde a criação do IPCC, seus relatórios de avaliação têm contribuído para a formulação internacional de políticas
climáticas. Sobre o tema, é incorreto afirmar que:
O SAR, de 1995, identificou a necessidade de se reduzir a emissão de GEE devido ao perigo que eles oferecem ao sistema climático e
mapeou um futuro que possibilitasse o desenvolvimento sustentável. Este relatório serviu de base para que os governos pudessem
implementar o Protocolo de Quioto de 1997.
MÓDULO 2
ACORDOS CLIMÁTICOS
Como vimos no módulo anterior, a criação do IPCC teve um papel fundamental no estudo do clima. A partir de seus relatórios, é possível
compreender, de forma abrangente, os fatores que impulsionam as mudanças climáticas. Além de apontar seus impactos e riscos
futuros, eles mostravam formas de se adaptar a eles e mitigá-los.
Conforme frisamos no módulo anterior, os relatórios do IPCC desempenharam um papel decisivo nestes acordos:
Criação do IPCC
Acordo de Paris
Para iniciarmos nossos estudos sobre o assunto, falaremos sobre esses acordos e apontaremos os acontecimentos mais relevantes
relacionados a eles: /
CONVENÇÃO-QUADRO DAS NAÇÕES UNIDAS SOBRE A MUDANÇA
DO CLIMA
Fonte: UNFCCC
(UNFCCC, 2020a)
Atualmente, a UNFCCC tem uma adesão quase universal. Os 197 países que a ratificaram são chamados de “partes” da convenção. O
objetivo final do tratado é impedir que as ações humanas interfiram, de forma prejudicial e permanente, no sistema climático do planeta.
Foram definidos, dessa forma, compromissos e obrigações para todas as partes.
O princípio das responsabilidades comuns – ainda que elas sejam diferenciadas – afirma que as partes devem proteger o sistema
climático em benefício das gerações presentes e futuras, tendo como base a equidade e estando em conformidade com suas respectivas
capacidades.
DisobeyArt/shutterstock
Dessa maneira, os países desenvolvidos que participam da convenção de 1992 devem tomar a iniciativa no combate à mudança do
clima e a seus efeitos, já que eles, tendo em vista as necessidades específicas dos países em desenvolvimento (em especial, os /
particularmente vulneráveis aos efeitos negativos da mudança do clima), foram a fonte da maior parte das emissões passadas de GEE.
Drop of Light/shutterstock
Para facilitar a transferência de recursos financeiros aos países em desenvolvimento, a convenção estabeleceu mecanismos
operacionais de financiamento, como o Fundo Global para o Meio Ambiente (GEF) e o Fundo Verde para o Clima (GFC).
PROTOCOLO DE QUIOTO
(BRASIL, 2020e)
Funcionando de maneira complementar à UNFCCC, o Protocolo de Quioto definia metas de redução de emissões para países:
Desenvolvidos
Considerados responsáveis históricos pela mudança atual do clima (ainda que, naquela época, apresentassem uma economia em
transição para o Capitalismo).
/
O BRASIL RATIFICOU O DOCUMENTO EM 23 DE AGOSTO DE 2002, TENDO
SUA APROVAÇÃO INTERNA OCORRIDO POR MEIO DO DECRETO
LEGISLATIVO Nº 144/2002. DA LISTA DOS PRINCIPAIS EMISSORES DE GEE,
SOMENTE OS ESTADOS UNIDOS NÃO RATIFICARAM O PROTOCOLO DE
QUIOTO, PORÉM, AINDA ASSIM, PERMANECEM SUAS RESPONSABILIDADES
E OBRIGAÇÕES DEFINIDAS PELA UNFCCC.
(BRASIL, 2020e)
Em resumo, o Protocolo de Quioto operacionaliza a UNFCCC, comprometendo os países industrializados a limitar e reduzir as emissões
de GEE de acordo com as metas individuais acordadas.
O Protocolo de Quioto é baseado nos princípios e nas disposições da convenção, embora seu diferencial esteja na interligação dos
países desenvolvidos e no destaque ao princípio mencionado anteriormente de “responsabilidade comum, mas diferenciada”. Afinal,
esses países são reconhecidos como os principais responsáveis pelos altos níveis atuais de emissões de GEE na atmosfera.
Os países que fazem parte do Protocolo de Quioto devem atingir suas metas, principalmente por meio de medidas nacionais. Ele
também estabeleceu um rigoroso sistema de monitoramento, revisão e verificação para garantir a transparência e poder responsabilizar
as partes.
De acordo com o protocolo, as emissões reais dos países devem ser monitoradas, assim como registros precisos dos negócios
realizados precisam ser mantidos. Garantindo o cumprimento de regras por intermédio da natureza legal ou de uma auditoria interna, o
sistema de compliance assegura que as partes vão cumprir seus compromissos e as ajuda, caso tenham problemas no processo, a fazer
isso.
/
ACORDO DE PARIS
Na 21ª Conferência das Partes (COP21), em Paris, os membros participantes da UNFCCC chegaram a um acordo significativo para
combater as mudanças climáticas, bem como para acelerar e intensificar ações e investimentos necessários para um futuro sustentável
de baixo carbono.
Assinado por 195 dos países do mundo na COP21, o Acordo Climático de Paris de 2015 merece ser destacado, já que ele constitui um
marco da crescente preocupação com as mudanças climáticas.
Também baseado na UNFCCC, o Acordo de Paris busca empreender esforços para combater as mudanças climáticas e se adaptar a
seus efeitos, oferecendo ainda um apoio aos países em desenvolvimento para que façam o mesmo. Com isso, o tratado indicou um novo
rumo no esforço global para deter tais mudanças.
Seu objetivo central é fortalecer uma resposta global à ameaça da mudança climática, mantendo a elevação da temperatura global neste
século bem abaixo de 2ºC e buscando esforços para limitá-la a 1,5°C.
No dia 22 de abril de 2016, 175 países assinaram o Acordo de Paris na sede das Nações Unidas, em Nova Iorque. Para que começasse
a vigorar, foi necessária a ratificação de pelo menos 55 nações responsáveis por 55% das emissões de GEE.
O período aberto pelo secretário-geral da ONU para a assinatura oficial do acordo pelos países signatários se encerrou em 21 de abril de
2017. No entanto, em 1º de junho do mesmo ano, os Estados Unidos anunciaram sua saída. O presidente Donald Trump alegou que o
Acordo de Paris deixava o país em desvantagem em relação a outras nações.
Outra questão-chave na busca pela redução nas emissões de GEE foi estabelecida no Acordo de Paris: a chamada Contribuição
Nacionalmente Determinada (NDC), que define os compromissos dos países na redução das emissões de GEE.
As NDCs estão no cerne do Acordo de Paris e da realização desses objetivos a longo prazo, incorporando os esforços de cada país para
reduzir as emissões nacionais e se adaptar aos impactos das mudanças climáticas.
O Acordo de Paris exige que cada parte prepare, comunique e mantenha sucessivas NDCs. As partes devem adotar medidas
domésticas de mitigação para alcançar tais contribuições. Cada plano climático leva em consideração as circunstâncias e capacidades
domésticas dos países.
No caso brasileiro, após a aprovação pelo Congresso Nacional, o país concluiu, em setembro de 2016, o processo de ratificação do
Acordo de Paris. No dia 21 do mesmo mês, o instrumento foi entregue às Nações Unidas. Com isso, as metas brasileiras deixaram de
ser pretendidas, tornando-se finalmente compromissos oficiais.
SAIBA MAIS
A NDC do Brasil comprometeu-se a fazer com que, até 2025, as emissões de GEE sejam 37% menores que as registradas em 2005.
Existe ainda uma contribuição indicativa subsequente para reduzi-las, cinco anos depois, em 43% (também em relação a 2005). Para
isso, até 2030, o país terá de:
/
Alcançar uma participação estimada de 45% de energias renováveis na composição da matriz energética.
Relativa ao ano de 2005, a NDC do Brasil projeta uma redução na ordem de:
66%: Em emissões de GEE por unidade do Produto Interno Bruto (PIB), ou seja, intensidade de emissões, em 2025;
O Brasil, portanto, terá de reduzir as emissões de GEE no contexto de um aumento contínuo da população e do PIB, bem como da renda
per capita, o que qualifica tais metas como ambiciosas.
Quanto ao financiamento, o Acordo de Paris determina que os países desenvolvidos deverão investir 100 bilhões de dólares por ano em
medidas de combate à mudança do clima e adaptação nos países em desenvolvimento. Uma novidade no âmbito do apoio financeiro é a
possibilidade de financiamento entre países em desenvolvimento.
EXEMPLO
Esse mecanismo exige que os países atualizem continuamente seus compromissos, permitindo a ampliação de suas ambições e o
aumento das metas de redução de emissões, evitando, assim, qualquer retrocesso. A partir do início da vigência do acordo, haverá
ciclos de revisão desses objetivos de redução de GEE a cada cinco anos.
VERIFICANDO O APRENDIZADO
C) A UNFCCC assume que a participação dos diferentes países em uma resposta internacional às mudanças climáticas deve ocorrer
conforme suas respectivas capacidades e condições sociais e econômicas.
D) A UNFCCC afirma que os países subdesenvolvidos são responsáveis pela maior parcela das emissões globais históricas e atuais de
GEE.
2. EM 2015, O ACORDO DE PARIS FOI ACEITO POR 195 DOS PAÍSES NA COP21. É INCORRETO AFIRMAR
QUE ESTE ACORDO:
B) Busca combater a mudança climática e intensificar os investimentos necessários para o futuro sustentável.
GABARITO
1. Tratado ambiental internacional assinado em 1992, a UNFCCC tem como objetivo estabilizar as concentrações de GEE na
atmosfera em um nível que impeça uma interferência humana perigosa no sistema climático.
Este tratado foi um dos primeiros a reconhecer que os países desenvolvidos são os que mais emitem GEE. Dessa forma, para estabilizar
as concentrações de GEE a nível mundial, é necessário um esforço maior dos países mais ricos.
2. Em 2015, o Acordo de Paris foi aceito por 195 dos países na COP21. É incorreto afirmar que este acordo:
Apesar de a cooperação entre as nações ser uma questão importante para o Acordo de Paris, promovendo controle de emissões de
GEE e, consequentemente, da temperatura global, o livre comércio não tem relação com ele.
MÓDULO 3
PRIMEIRAS PALAVRAS
Como vimos no módulo anterior, os acordos climáticos são uma maneira de a sociedade se organizar e trabalhar de forma conjunta para
diminuir as emissões de GEE e controlar o aumento da temperatura global. Contudo, sabemos que seus impactos não se limitam ao
aumento de temperatura, já que uma série de problemas deriva desse aumento. /
EXEMPLO
Não se pode atribuir uma tempestade, uma inundação ou uma seca às mudanças climáticas, pois sempre houve eventos climáticos
dessa natureza.
No entanto, o aumento da frequência desses eventos extremos é um sintoma de um sistema climático em mudança. Outros elementos já
estão visíveis, como o aumento do nível do mar, que tem relação com a expansão do oceano por conta do aquecimento global e do
derretimento do gelo nos polos.
Conforme aponta Fortin (2017), já estamos observando algumas consequências das mudanças climáticas, mas a grande maioria delas
ocorrerá durante a segunda metade do século XXI. A continuidade das emissões de GEE nos padrões atuais vai causar mais
aquecimento e mudanças em todos os componentes do sistema climático, aumentando a probabilidade de impactos graves,
generalizados e irreversíveis para as pessoas e os ecossistemas.
Limitar as mudanças climáticas exige reduções substanciais e sustentadas nas emissões de GEE, que, com a adaptação, podem limitar
os riscos das mudanças climáticas. A temperatura da superfície é projetada para subir ao longo do século XXI em todos os cenários de
emissão avaliados.
Em termos de saúde pública, tais impactos estão essencialmente relacionados ao fato de que os vetores de certo número de doenças
tropicais têm o potencial de se espalhar nos países temperados.
Além disso, problemas respiratórios podem ser ocasionados pela piora da qualidade do ar por conta das queimadas. Afinal, elas são
mais comuns com o aumento das secas, as quais, por sua vez, levam ao aumento de focos de incêndio.
SAIBA MAIS
/
As queimadas são uma das principais fontes de emissões de GEE no Brasil, fazendo com que o país seja um grande poluidor.
Dividiremos os impactos ocasionados pela mudança climática em cinco dimensões. Além de descrevê-las, destacaremos, tendo como
base o trabalho de Fortin (2017), alguns exemplos de problemas possivelmente ocasionados por essas mudanças no clima:
Biodiversidade
Recursos hídricos
Agricultura e segurança alimentar
Infraestrutura
Migração
BIODIVERSIDADE
Diversas espécies não serão capazes de sobreviver às mudanças no clima. Como resultado disso, algumas delas entrarão em extinção,
já que não suportarão as temperaturas ou o estresse hídrico a que serão submetidas.
Estima-se que cerca de 25% das espécies estarão ameaçadas pelas mudanças climáticas se nada for alterado em nossas taxas de
emissão atuais.
/
RECURSOS HÍDRICOS
Atualmente, o acesso à água potável não é universal, existindo problemas desse porte em muitos países. A mudança climática reforçará
essas desigualdades devido a problemas, como, por exemplo, o aumento de episódios de seca.
A questão do acesso aos recursos hídricos será central no futuro, pois ela poderá ocasionar conflitos entre as populações e movimentos
de deslocamento em massa das populações.
Os sistemas agrícolas de alguns países terão dificuldade de se adaptar às mudanças climáticas. Nos considerados desenvolvidos que
estejam localizados em zonas temperadas, existe, em geral, uma capacidade técnica e econômica para adaptar tais sistemas às
mudanças climáticas. Além disso, os sistemas agrícolas desses países podem até se beneficiar do efeito nos rendimentos do aumento
da concentração de CO2 da atmosfera.
Já os países em desenvolvimento não têm capacidade técnica nem econômica para se adaptar. Portanto, os riscos de uma deterioração
nos rendimentos agrícolas são altos, podendo levar a duas grandes consequências:
Diminuição da segurança alimentar e aumento da desnutrição e da fome, hoje já localizada principalmente nesses países;
/
Está relacionada ao fato de que, em muitos desses países, a agricultura ainda é responsável pela maior parte da produção de riqueza.
Logo, as mudanças climáticas poderão aumentar ainda mais a pobreza.
Temperaturas mundiais elevadas podem gerar consequências, como as secas prolongadas. Os principais afetados são os setores da
agricultura, o que pode gerar o aumento dos preços de produtos agrícolas.
Este é um ponto fundamental associado e está associado ao conceito de segurança alimentar, ou seja, ao acesso de alimentos de
qualidade e quantidade adequados para todos os cidadãos.
INFRAESTRUTURA
É importante destacarmos os eventuais danos à infraestrutura causados por mudanças climáticas. Eventos ambientais extremos, como
deslizamentos de terra e enchentes, podem gerar consequências:
Lentas, como, por exemplo, a deformação de trilhos de ferrovias graças ao aumento das temperaturas.
Fonte: serega_100500/Shutterstock
MIGRAÇÃO
Cidades costeiras que não serão capazes de adaptar sua infraestrutura à elevação do nível do mar.
EXEMPLO
Acesso à água potável e dificuldades com a agricultura, levando à perda da segurança alimentar.
Desse modo, a adaptação e a mitigação das mudanças climáticas são estratégias interessantes para reduzir e gerenciar os riscos
dessas transformações no clima. Reduções substanciais de emissões nas próximas décadas podem:
/
A SOCIEDADE E O PAPEL DO BRASIL
O desenvolvimento sustentável e a equidade fornecem uma base para avaliar as políticas climáticas. Afinal, as contribuições passadas e
futuras dos países para o acúmulo de GEE na atmosfera são diferentes. Além disso, eles também enfrentam desafios e circunstâncias
variadas, possuindo capacidades diferentes para lidar com a mitigação e a adaptação.
A redução de emissões de GEE requer uma ação conjunta que, em uma escala nunca vista, precisa envolver:
Governo;
Sociedade civil;
Indústria de energia.
Quanto ao Brasil, a contribuição mais efetiva para a mitigação da mudança do clima está relacionada à redução de emissões por
desmatamento, atividade responsável por grande parte das emissões no país.
EXEMPLO
Podemos citar como iniciativa para mitigação o Plano de Ação para a Prevenção e Controle do Desmatamento na Amazônia Legal,
criado em 2004.
Tabela: Emissões anuais de GEE para o Brasil em gigagrama (Gg) de CO₂ equivalente. Adaptado de: (UNFCCC, 2020d)
Se considerarmos os setores, excluindo as emissões provenientes do uso da terra, mudança de uso e florestas, poderemos observar
que a agricultura tem grande participação no total de emissões de GEE:
Tabela: Emissões anuais de GEE para o Brasil por setor em gigagrama (Gg) de CO₂ equivalente
Adaptado de: (UNFCCC, 2020d)
No setor de agricultura, a mitigação pode ser alcançada por meio de práticas de plantio direto, evitando a liberação de dióxido de
carbono pelo solo. Além disso, uma agricultura menos intensa no uso de fertilizantes nitrogenados, responsáveis por emissões de óxido
nitroso, também é uma alternativa para o setor.
SAIBA MAIS
Em 2017, o setor de transportes foi responsável por 23% da quantidade total de emissões de CO2 em todo o mundo. Sua mitigação de
GEE está relacionada não somente à escolha de combustíveis alternativos, como o etanol e o biodiesel, mas também à melhoria da
eficiência energética. A eletrificação dos transportes também é uma alternativa que vem ganhando destaque, já que os veículos elétricos
podem utilizar a energia elétrica proveniente de fontes renováveis, tendo uma maior eficiência energética.
Voltaremos a falar agora sobre a adaptação. Seu conceito está estreitamente vinculado ao de vulnerabilidade, que é o grau de
suscetibilidade e incapacidade de um sistema em lidar com os efeitos da mudança do clima.
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No contexto do Brasil, as medidas de adaptação são normalmente implementadas como uma resposta à ocorrência de eventos extremos
(naturais ou não). Listaremos a seguir alguns exemplos de medidas de adaptação:
Conservação de ecossistemas;
Gerenciamento de zonas costeiras, vedando o estabelecimento de novas zonas residenciais em áreas sujeitas ao aumento do nível
do mar;
Gerenciamento de riscos na agricultura e pesquisas com grãos mais resistentes ao aumento da temperatura;
Sistemas de vigilância para o avanço de doenças causadas por vetores beneficiados pelo aumento médio da temperatura, como a
dengue;
Construção de diques, considerando, segundo o 4º relatório do IPCC, o provável aumento do nível do mar em cerca de 50cm até o
final do século.
A mitigação e a adaptação levantam questões de equidade e justiça. Afinal, muitos dos países mais vulneráveis às mudanças climáticas
contribuíram – e ainda contribuem – pouco para as emissões de GEE.
O desenho da política climática é influenciado pela maneira como indivíduos e organizações percebem riscos e incertezas, levando-os
em consideração. Diferentes métodos de avaliação são realizados a partir de análises econômicas, sociais e éticas para auxiliar na
tomada de decisões. A mudança climática tem as características de um problema de ação coletiva em escala global, já que as emissões
de qualquer agente (por exemplo, indivíduo, comunidade, empresa, país) afetam outros agentes.
A mitigação eficaz não será alcançada se os agentes individuais promoverem os próprios interesses de forma independente. A eficácia
na adaptação a essas mudanças climáticas pode ser aprimorada por meio de ações complementares em todos os níveis. Respostas
cooperativas, incluindo a cooperação internacional, são necessárias para mitigar efetivamente as emissões de GEE.
EXEMPLO
Como vimos ao longo do último módulo, diversos acordos climáticos propõem a colaboração entre os países na busca pela mitigação e
adaptação aos riscos relacionados ao clima. Além desses acordos, podemos destacar também o papel da Agenda 2030 da ONU para o
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Desenvolvimento Sustentável como uma forma de atuação conjunta para mitigar tais efeitos. Afinal, a mudança climática é uma ameaça
ao desenvolvimento sustentável.
DESENVOLVIMENTO SUSTENTÁVEL
Em 2015, todos os 193 estados membros das Nações Unidas concordaram com as diretrizes da Agenda 2030 para o Desenvolvimento
Sustentável, que reúne um conjunto de 17 Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS) e 169 metas como desdobramentos desses
objetivos.
ODS
Os ODS reconhecem que os países ao redor do mundo enfrentam desafios universais que exigem investimento e colaboração de
governos, cidadãos e empresas.
13. Tomar medidas urgentes para combater a mudança climática e seus impactos, tendo como metas:
Reforçar a resiliência e a capacidade de adaptação a riscos relacionados ao clima e às catástrofes naturais em todos os países;
Integrar medidas da mudança do clima nas políticas, estratégias e nos planejamentos nacionais;
Melhorar a educação, aumentar a conscientização e a capacidade humana e institucional sobre mitigação, adaptação, redução de
impacto e alerta precoce da mudança do clima;
Implementar o compromisso assumido pelos países desenvolvidos participantes da UNFCCC para a meta de mobilizar
conjuntamente US$ 100 bilhões por ano a partir de 2020, de todas as fontes, para atender às necessidades dos países em
desenvolvimento, no contexto das ações de mitigação significativas e transparência na implementação; e operacionalizar
plenamente o Fundo Verde para o Clima por meio de sua capitalização o mais cedo possível;
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Promover mecanismos para a criação de capacidades para o planejamento relacionado à mudança do clima e à gestão eficaz, nos
países menos desenvolvidos, inclusive com foco em mulheres, jovens, comunidades locais e marginalizadas.
Além do ODS 13, outros objetivos estão relacionados às mudanças climáticas, como estes presentes nas ODS 2, 14 e 15:
2. Fome Zero e agricultura sustentável – acabar com a fome, alcançar a segurança alimentar e melhoria da nutrição e promover a
agricultura sustentável; [...]
14. Vida na água – conservação e uso sustentável dos oceanos, dos mares e dos recursos marinhos para o desenvolvimento
sustentável; [...]
15. Vida terrestre – proteger, recuperar e promover o uso sustentável dos ecossistemas terrestres, gerir de forma sustentável as
florestas, combater a desertificação, deter e reverter a degradação da terra, e deter a perda de biodiversidade”.
Tais objetivos estão indiretamente relacionados ao combate às mudanças climáticas, já que, como vimos ao longo deste módulo, essas
transformações no clima trazem riscos à segurança alimentar e à conservação dos oceanos e da vida terrestre. Desse modo, combater a
mudança climática tem uma relação direta com a busca pelo desenvolvimento sustentável.
VERIFICANDO O APRENDIZADO
A) A preocupação com a segurança alimentar terá destaque nos países em zonas temperadas.
B) Países desenvolvidos não têm capacidade técnica nem econômica para se adaptar a esse nível de mudanças.
C) As altas temperaturas poderão causar grandes secas que afetarão a produção agrícola.
D) Países agroexportadores poderão ter ganhos com a ampliação das mudanças climáticas.
B) Direcionamento de recursos de países desenvolvidos para aqueles em desenvolvimento com o objetivo de mitigar os impactos
climáticos.
D) Criação de um fundo para que países em desenvolvimento transfiram recursos para os desenvolvidos a fim de combater as
transformações climáticas nessas regiões.
GABARITO
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1. Os impactos ocasionados pelas mudanças climáticas podem ser divididos em cinco dimensões: biodiversidade, recursos
hídricos, agricultura e segurança alimentar, infraestrutura e migração. Com relação à dimensão da agricultura e segurança
alimentar, podemos afirmar que:
A mudanças climáticas poderão levar ao aumento de períodos de seca, os quais trazem prejuízos para a produção agrícola, que pode
não se adaptar às novas temperaturas. Com isso, a segurança alimentar, ou seja, a busca de alimentos de qualidade e quantidade
suficiente para todos, é prejudicada. Tais mudanças podem, portanto, prejudicar a segurança alimentar a partir do impacto negativo
sobre a agricultura.
2. Sobre o ODS 13, assinale a alternativa que não corresponde a um desafio da sociedade frente às mudanças climáticas
presente neste objetivo:
O ODS 13 versa sobre a ação contra a mudança global do clima. Um dos principais pontos de mudança, a partir deste ODS, se refere à
transferência dos países desenvolvidos para aqueles em desenvolvimento de um montante de US$ 100 bilhões por ano a partir de 2020.
CONCLUSÃO
CONSIDERAÇÕES FINAIS
Ao longo deste tema, vimos que as mudanças climáticas podem gerar grandes impactos nas sociedades e no próprio meio ambiente.
Grandes esforços, portanto, precisam ser realizados conjuntamente em prol da mitigação das emissões de GEE.
A cooperação entre países é necessária, já que o aumento da temperatura global gera impactos em todas as sociedades. A adoção de
políticas para minimizar a mudança do clima pode não reverter alguns impactos já ocasionados, como o aumento do nível do mar e da
incidência de eventos extremos, mas deve contribuir na mitigação dos impactos ainda mais profundos que poderão ocorrer ao longo do
século XXI.
REFERÊNCIAS
BRASIL. Acordo de Paris. Brasília: Ministério do Meio Ambiente, 2017.
BRASIL. Adaptação à mudança do clima. Consultado em meio eletrônico em: 31 jul. 2020a.
/
BRASIL. Compromissos estabelecidos na convenção-quadro das Nações Unidas sobre mudança do clima (UNFCCC).
Consultado em meio eletrônico em: 31 jul. 2020b.
BRASIL. Mitigação da mudança do clima. Consultado em meio eletrônico em: 31 jul. 2020c.
BRASIL. Financiamento para mitigação e adaptação em mudança do clima. Consultado em meio eletrônico em: 31 jul. 2020d.
FORTIN, E. Mobilités électriques et réduction de l’impact environnemental. L’École des Ponts ParisTech et la Fondation d’entreprise
du Groupe Renault. 2017.
GOVERNO DO ESTADO DE SÃO PAULO. Mudança climática. Consultado em meio eletrônico em: 31 jul. 2020.
IPCC. Climate change 2007: mitigation. Contribution of working group III to the fourth assessment report of the Intergovernmental Panel
on Climate Change. Cambridge/ New York: Cambridge University Press, 2007.
IPCC. Climate change 2014: Synthesis Report. Contribution of working groups I, II and III to the fifth assessment report of the
Intergovernmental Panel on Climate Change. Geneva: IPCC, 2014.
IPCC. Summary for policymakers. In: Global warming of 1.5°C. An IPCC special report on the impacts of global warming of 1.5°C
above pre-industrial levels and related global greenhouse gas emission pathways, in the context of strengthening the global response to
the threat of climate change, sustainable development, and efforts to eradicate poverty. 2018.
IPCC. The Intergovernmental Panel on Climate Change. Consultado em meio eletrônico em: 31 jul. 2020.
KRUPA, S. V. Global climate change: processes and products – an overview. In: Environ monit assess. n. 46. 2007. p. 73–88.
NAÇÕES UNIDAS BRASIL. A ONU e a mudança climática. Consultado em meio eletrônico em: 31 jul. 2020a.
NAÇÕES UNIDAS BRASIL. ODS 2. Consultado em meio eletrônico em: 31 jul. 2020b.
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NAÇÕES UNIDAS BRASIL. ODS 14. Consultado em meio eletrônico em: 31 jul. 2020d.
NAÇÕES UNIDAS BRASIL. ODS 15. Consultado em meio eletrônico em: 31 jul. 2020e.
UNFCCC. What is the United Nations framework convention on climate change. Consultado em meio eletrônico em: 31 jul. 2020a.
UNFCCC. 25 years of effort and achievement. Consultado em meio eletrônico em: 31 jul. 2020c.
UNFCCC. Greenhouse gas inventory data - comparison by category. Consultado em meio eletrônico em: 31 jul. 2020d.
EXPLORE+
Para saber mais sobre a mudança climática hoje pelo mundo, pesquise na internet e conheça o Climate Action Tracker (CAT).
Trata-se de uma plataforma independente que rastreia a ação climática dos governos, fornecendo uma análise aos formuladores de
política. Isso é feito a partir da colaboração de duas organizações: Climate Analytics e New Climate Institute. O CAT quantifica e avalia
os compromissos de mitigação das mudanças climáticas e identifica se os países estão no caminho certo para cumpri-los.
CONTEUDISTA
Ana Carolina Ramos Cordeiro
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CURRÍCULO LATTES