MONOGRAFIA ProjetoSistemaIrrigação

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Universidade Federal de Ouro Preto

Escola de Minas
Colegiado do Curso de Engenharia de Controle e
Automação

Projeto de sistema de irrigação com


direcionamento automático de fluxo
de água

Alexandre Duarte Luís

Ouro Preto MG
2019
Alexandre Duarte Luís

Projeto de sistema de irrigação com


direcionamento automático de fluxo
de água

Monografia apresentada ao Curso de Engenharia de


Controle e Automação da Universidade Federal de
Ouro Preto como parte dos requisitos necessários para a
obtenção do grau em Bacharel em Engenharia de Controle
e Automação.

Orientador: Prof. Dr. Alan Kardek Rêgo Segundo

Ouro Preto - MG
18 de julho de 2019
L968p Luís, Alexandre Duarte.
Projeto de sistema de irrigação com direcionamento automático de fluxo de
água [manuscrito] / Alexandre Duarte Luís. - 2019.

64f.: il.: color; grafs; tabs; mapas.

Orientador: Prof. Dr. Alan Kardek Rêgo Segundo.

Monografia (Graduação). Universidade Federal de Ouro Preto. Escola de


Minas. Departamento de Engenharia de Controle e Automação e Técnicas
Fundamentais.

1. Irrigação por aspersores. 2. Solos - Umidade - Medição - Higrômetro. 3. Água


- Direcionamento automático. 4. Irrigação agrícola. I. Rêgo Segundo, Alan
Kardek. II. Universidade Federal de Ouro Preto. III. Titulo.

CDU: 681.5

Catalogação: [email protected]
Agradecimentos

Primeiramente agradeço a Deus que me iluminou durante esta caminhada.


Aos meus pais, Francisco e Iêda, que nunca deixaram de acreditar em mim mesmo quando
poucos acreditaram, e me deram forças para continuar.
Aos meus irmãos João Paulo e Iasmine, pelo apoio incondicional.
À Universidade Federal de Ouro Preto, pela estrutura, bem como aos professores, pelos
conhecimentos proporcionados, em especial ao Alan Kardek, por ter me orientado neste trabalho.
À gloriosa República Skulaxu, e meus companheiros skulaxadus, que me ajudaram a entender o
verdadeiro sentido de irmandade.
À todos os meus amigos, em especial ao Zeitona, Matuto, Cirilu, Claudinho, Mari, Fidu, Popo e
Nabad.
À Clarice pelo amor e apoio.
À emblemática cidade de Ouro Preto, pelas experiências únicas.
Obrigado!
"Muitas das falhas da vida acontecem quando as pessoas não percebem o quão perto estão
quando desistem."
Thomas Edison.
Resumo
A relevância da irrigação na agricultura tem aumentado diante da necessidade de ampliar a
produção de alimentos, devido ao crescimento populacional. Considera-se também que o mercado
competitivo demanda de novas tecnologias para aproveitar melhor os recursos naturais com o
menor custo possível. Sendo assim, buscou-se, no presente trabalho, desenvolver um projeto
de implantação de um sistema de irrigação por aspersão com direcionamento automático de
fluxo de água, em uma propriedade rural de pequeno porte. O intuito do trabalho foi usar os
conhecimentos abordados no curso de engenharia de controle e automação para projetar um
sistema que forneça a quantidade de água necessária para as plantas, sem desperdício, por meio
de sensores que possam medir a umidade do solo para realizar o controle de fluxo de água. Para
tanto, realizou-se uma pesquisa de natureza qualitativa-quantitativa, de objetivo exploratório,
com a técnica de pesquisa bibliográfica para coleta de dados, em um estudo de caso único, em
que os dados foram analisados pela técnica de analise de estudo. Durante a revisão bibliográfica,
levaram-se em consideração os conceitos relacionados à irrigação por aspersão, com o uso de
válvulas solenoides para o direcionamento automático do fluxo de água e de sensores de umidade
aplicada à cultura do milho. Desenvolveu-se o projeto para a implementação do sistema na
propriedade Fazenda Flor da Colina, situada no município de Jequitibá, MG, dentro da bacia
hidrográfica do Rio das Velhas.

Palavras-chave: irrigação por aspersão, sensor de umidade do solo, direcionamento automático


do fluxo de água.
Abstract
The importance of irrigation in agriculture has increased due to the need to expand food produc-
tion due to population growth. It is also considered that the competitive market demands new
technologies to make better use of natural resources at the lowest possible cost. Therefore, in
the present work, we have developed a project to implement a sprinkler irrigation system with
automatic water flow direction, in a small rural property. The aim of the study was to use the
knowledge covered in the control and automation engineering course to design a system that
provides the amount of water necessary for the plants, without wastage, by means of sensors that
can measure soil moisture to perform the control of water flow. To do so, a qualitative-quantitative
research was carried out, with an exploratory objective, using the bibliographic research technique
for data collection, in a single case study, in which the data were analyzed by the study analysis
technique. During the literature review, the concepts related to sprinkler irrigation were taken
into account, with the use of solenoid valves for automatic water flow direc- tion and humidity
sensors applied to maize. The project was developed for the implementation of the system in
Fazenda Flor da Colina, located in the municipality of Jequitibá, MG, within the watershed of
the Rio das Velhas.

Keywords: Irrigation by sprinkler, soil moisture sensor, automatic water flow direction.
Lista de figuras

Figura 1 – Produtividades médias brasileiras comparadas com produtividades médias de


culturas irrigadas. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 5
Figura 2 – Representação do solo como um reservatório. . . . . . . . . . . . . . . . . 9
Figura 3 – Esquema de um sistema de irrigação por aspersão convencional semiportátil,
com duas laterais móveis. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 17
Figura 4 – Esquema de um sistema de irrigação por aspersão tipo autopropelido. . . . . 18
Figura 5 – Esquema de um sistema de irrigação por aspersão tipo pivô central. . . . . . 19
Figura 6 – Esquema de um sistema de irrigação por aspersão convencional fixo. . . . . 20
Figura 7 – Modelos variados de aspersores. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 26
Figura 8 – Tubo soldável de PVC. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 27
Figura 9 – Válvula solenoide. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 27
Figura 10 – Componentes de uma válvula de comando hidráulico. . . . . . . . . . . . . 28
Figura 11 – Modos de operação da válvula de comando hidráulico controlada por duas
vias na configuração normalmente fechada. . . . . . . . . . . . . . . . . . . 29
Figura 12 – Modos de operação da válvula de comando hidráulico controlada por duas
vias na configuração normalmente aberta. . . . . . . . . . . . . . . . . . . 29
Figura 13 – Modos de funcionamento da válvula hidráulica de três vias. . . . . . . . . . 30
Figura 14 – Conjunto de válvulas solenóides. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 30
Figura 15 – Válvula ventosa . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 31
Figura 16 – Obturador da válvula ventosa . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 31
Figura 17 – Válvula de retenção . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 32
Figura 18 – Válvula de pé com crivo . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 33
Figura 19 – Exemplos de conjuntos motobomba. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 33
Figura 20 – Esquema de montagem . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 34
Figura 21 – (a) Sonda para medição do teor de água e condutividade elétrica aparente
do solo; (b) Sondas para medição de temperatura, condutividade elétrica e
constante dielétrica relativa. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 37
Figura 22 – Instalação do sensor. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 37
Figura 23 – Esquema da transmissão sem fio dos sinais de cada grupo de sensores até o
painel de acionamento. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 38
Figura 24 – Módulo de comunicação instalado. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 39
Figura 25 – Dispositivo de acionamento de válvulas . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 40
Figura 26 – Programa de computador para aquisição de dador e interface com o usuário 41
Figura 27 – Ilustração do mostrador de cristal líquido . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 41
Figura 28 – Detalhe dos botões e dos LEDs do painel controlador. . . . . . . . . . . . . 42
Figura 29 – Página 2: ajuste do relógio do painel controlador. . . . . . . . . . . . . . . . 42
Figura 30 – Página 3: ajuste do tempo de funcionamento dos setores. . . . . . . . . . . . 43
Figura 31 – Detalhe do tempo restante de funcionamento de cada setor. . . . . . . . . . 43
Figura 32 – Página 4: ajuste da hora de iniciar a operação do sistema. . . . . . . . . . . 43
Figura 33 – Página 5: ajuste dos parâmetros limite superior e limite inferior. . . . . . . . 43
Figura 34 – Página 6: configuração de horário de exclusão de funcionamento do sistema. 44
Figura 35 – Página 7: configuração dos dias de funcionamento do sistema. . . . . . . . . 44
Figura 36 – Mapa representativo da área cultivável de 6,5ha. . . . . . . . . . . . . . . . 50
Figura 37 – Aspersor FABRIMAR ECO A232 . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 52
Figura 38 – Disposição da linha principal, secundária, laterais e aspersores. . . . . . . . 53
Figura 39 – Conjunto motobomba. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 58
Lista de tabelas

Tabela 1 – Texturas de solo e intervalos típicos de velocidade de infiltração básica (Vib )


para diferentes classes texturais. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 7
Tabela 2 – Valores típicos de eficiência da irrigação. custos de aquisição/implantação,
uso de energia e mão-de-obra requerida para diferentes sistemas de irrigação
por aspersão. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 13
Tabela 3 – Exemplos de coeficientes de cultura (Kc ) utilizados para o cálculo da evapo-
transpiração da cultura. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 14
Tabela 4 – Texturas de solo e intervalos típicos de velocidade de infiltração básica (Vib )
para diferentes classes texturais. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 21
Tabela 5 – Evapotranspiração da cultura para milho-doce (mm/dia) , conforme a umidade
relativa (URm )e temperatura (Tm ) média do ar e a fase de desenvolvimento. . 23
Tabela 6 – Sugestão de profundidade efetiva do sistema radicular (Z) de hortaliças, nas
diferentes fases de desenvolvimento. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 25
Tabela 7 – Regra geral para escolha dos aspersores . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 47
Tabela 8 – Tabela de desempenho ECO A232. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 56
Tabela 9 – Tabela de perda de carga de tubos de PVC a cada 100m. . . . . . . . . . . . 57
Tabela 10 – Tabela de Seleção de Bombas, página 51 do catálogo do fabricante. . . . . . 59
Lista de abreviaturas e siglas

DECAT Departamento de Engenharia Controle e Automação e Técnicas Fundamen-


tais

UFOP Universidade Federal de Ouro Preto

LTD Lâmina de água total disponível no solo para as plantas (mm)

CC Capacidade de campo (% de peso seco)

PMP Ponto de murcha permanente (% de peso seco)

Dg Densidade global do solo (g/cm3 )

Z Profundidade efetiva do sistema radicular das plantas (cm)

LRD Lâmina de água real disponível no solo para as plantas (mm)

LTN Lâmina de água total necessária (mm)

UI Umidade-limite de irrigação (%1 de peso seco)

ETc Evapotranspiração da cultura (mm/dia)

Kc Coeficiente de cultura (adimensional)

ETo Evapotranspiração do cultivo de referência (mm/dia)

TR Turno de Rega

MG Minas Gerais

PVC Policloreto de polivinila

LED Diodo emissor de luz

Vib Velocidade de infiltração básica

URm Umidade relativa

Tm Temperatura média

Up Porcentagem de umidade em peso

Uv Porcentagem de umidade em volume


Sumário

1 INTRODUÇÃO . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 1
1.1 Formulação do Problema . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 1
1.2 Objetivos . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 2
1.2.1 Geral . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 2
1.2.2 Específicos . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 2
1.3 Justificativa . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 2
1.4 Método de pesquisa . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 2
1.5 Organização do trabalho . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 3

2 REVISÃO BIBLIOGRÁFICA . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 4
2.1 Aspectos relevantes da irrigação na agricultura . . . . . . . . . . . . . . 4
2.2 Qualidade da água destinada a irrigação . . . . . . . . . . . . . . . . . . 5
2.2.1 Aspectos físicos . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 5
2.2.2 Aspectos químicos . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 6
2.2.3 Aspectos sanitários . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 6
2.3 Relação entre água, solo, cultura e clima . . . . . . . . . . . . . . . . . . 6
2.3.1 Textura do solo . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 7
2.4 Disponibilidade de água no solo . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 7
2.4.1 Interpretação de solo como um reservatório . . . . . . . . . . . . . . . . 7
2.4.2 Capacidade de Campo . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 9
2.4.3 Ponto de Murcha Permanente . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 9
2.4.4 Lâmina de água total disponível no solo para as plantas . . . . . . . . . 10
2.4.5 Lâmina de água real disponível no solo para as plantas . . . . . . . . . . 11
2.4.6 Evapotranspiração . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 11
2.4.7 Turno de Rega . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 12
2.4.8 Eficiência de irrigação . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 12
2.4.9 Necessidade de água das plantas . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 13
2.5 Métodos de irrigação por aspersão . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 16
2.5.1 Sistemas de irrigação por aspersão convencionais . . . . . . . . . . . . . 16
2.5.1.1 Portátil . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 16
2.5.1.2 Semiportátil . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 16
2.5.1.3 Autopropelido . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 17
2.5.1.4 Pivô central . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 18
2.5.1.5 Fixo . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 19
2.6 Sistema por aspersão convencional . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 20
2.6.1 Escolha do aspersor . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 20
2.6.2 Vazão e raio de alcance do aspersor . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 21
2.6.3 Espaçamento entre aspersores . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 21
2.6.4 Intensidade de aplicação de água . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 22
2.7 Manejo prático . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 22
2.7.1 Evapotranspiração e fases da cultura . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 22
2.7.2 Capacidade de armazenamento de água no solo . . . . . . . . . . . . . . 24
2.7.3 Profundidade efetiva do sistema radicular . . . . . . . . . . . . . . . . . 24
2.7.4 Adequação do tempo de irrigação . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 25
2.8 Componentes do sistema de irrigação por aspersão fixa . . . . . . . . . . 26
2.8.0.1 Aspersores . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 26
2.8.0.2 Tubulação . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 26
2.8.0.3 Válvulas solenoides . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 27
2.8.0.4 Válvulas de comando hidráulico . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 28
2.8.0.5 Válvula ventosa . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 31
2.8.0.6 Válvulas de retenção . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 32
2.8.0.7 Válvula de pé com crivo . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 32
2.8.0.8 Conjunto moto-bomba . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 33
2.9 Irrigação por aspersão com direcionamento automático de fluxo de água 35
2.9.1 IrrigoSystem . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 35
2.9.1.1 Componentes do sistema . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 36
2.9.2 Operação do painel controlador . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 41

3 METODOLOGIA . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 45
3.1 Levantamento dos requisitos para o dimensionamento de um sistema de
irrigação . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 45
3.2 Dimensionamento do modelo de irrigação . . . . . . . . . . . . . . . . . 46
3.2.1 Escolha do modelo de irrigação . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 46
3.2.2 Escolha dos componentes do sistema de irrigação por aspersão fixa . . . 46
3.3 Coleta de dados sobres as características especificas da área, cultura e
do solo da propriedade . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 48
3.4 Análise de estudo e dimensionamento do sistema . . . . . . . . . . . . . 49

4 RESULTADOS E DISCUSSÃO . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 50
4.1 Descrição da área . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 50
4.2 Descrição da cultura . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 50
4.3 Dos requisitos para o dimensionamento do sistema de irrigação . . . . . 51
4.3.1 Quanto a análise da água para irrigação . . . . . . . . . . . . . . . . . . 51
4.3.2 Quanto a analise da relação Solo-água-planta-clima . . . . . . . . . . . 51
4.4 Dimensionamento do modelo de irrigação . . . . . . . . . . . . . . . . . 51
4.4.1 Escolha do Aspersor . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 51
4.4.2 Escolha da tubulação . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 52
4.4.3 Disposição dos aspersores e da tubulação na área . . . . . . . . . . . . . 52
4.4.4 Quanto à evapotranspiração e o turno de rega . . . . . . . . . . . . . . . 53
4.4.5 Cálculo da vazão para atender à lâmina desejada . . . . . . . . . . . . . 55
4.4.6 Seleção do diâmetro dos tubos . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 56
4.4.7 Cálculo da altura manométrica a ser vencida pela motobomba . . . . . . 57
4.4.8 Seleção do conjunto motobomba . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 58
4.4.9 Componentes responsáveis pela automatização do sistema . . . . . . . . 60
4.4.9.1 Sensores de umidade . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 60
4.4.9.2 Módulo de comunicação sem-fio . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 60
4.4.9.3 Controlador . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 60
4.4.10 Operação do equipamento . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 60

5 CONSIDERAÇÕES FINAIS . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 62

Referências . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 63
1

1 Introdução

1.1 Formulação do Problema


Segundo Fernandes (2001), a irrigação é uma atividade que tem contribuído de forma
significativa para o aumento da produtividade das principais culturas no Brasil. Em algumas
regiões, a sua utilização tem apresentado incrementos superiores a 200% nos níveis de produtivi-
dade do milho. Consequentemente, a irrigação torna-se um fator atenuante dos riscos advindos
das oscilações climáticas inerentes à agricultura. Entretanto, os altos investimentos requeridos
para implantação de um sistema de irrigação do tipo Pivô Central e os altos custos com a sua
operacionalização, por exemplo, tornam a produção do milho irrigado passível aos riscos finan-
ceiros, caso não haja um bom dimensionamento do sistema de irrigação.O mau dimensionamento
do sistema de irrigação pode causar desperdício de água, bem como energia elétrica, além de
acarretar problemas na lavoura referente a pragas e a lixiviação dos nutrientes.
De acordo com Cunha et al. (2009), a irrigação é a maior usuária dos recursos hídricos e,
no final do século passado, foi duramente criticada e responsabilizada pela escassez de água e de
energia elétrica em algumas regiões do Brasil. Porém a irrigação é fundamental para que o Brasil
continue a aumentar sua produção e produtividade e gerar empregos e excedentes exportáveis.
Com o intuito de otimizar os sistemas de irrigação, foi desenvolvido por Rêgo Segundo
(2010) um sensor do teor de água do solo e um sistema de controle e automação em malha fechada
para uso em irrigação, que fornece dados a um sistema integrado, permitindo o monitoramento,
bem como o controle automático da umidade do solo, que garante o fornecimento de água para a
lavoura, sem desperdícios.
Julga-se de suma importância melhorar as tecnologias de irrigação, tendo em vista o
impacto social que isso pode acarretar, que além de diminuir o custo de produção, tornando os
alimentos mais baratos, preserva recursos naturais e viabiliza produções, aumentando a fonte de
renda de produtores que, por sua vez, criam empregos, alimentando a economia.
Portanto, buscou-se no presente trabalho, desenvolver um projeto de implantação do
modelo de irrigação por aspersão com direcionamento automático de fluxo de água, em uma
propriedade rural de pequeno porte, a fim de diminuir os custos inerentes ao uso de recursos
hídricos e energia elétrica, bem como diminuir os desperdícios e evitar uma eventual elevação do
lençol freático, lixiviação de nutrientes e salinização do solo.
Capítulo 1. Introdução 2

1.2 Objetivos
1.2.1 Geral

• Desenvolver um projeto de irrigação com direcionamento automático de fluxo de água a


fim de economizar recursos hídricos e energéticos e aumentar a produtividade da cultura.

1.2.2 Específicos

• Propor melhorias no processo de cultivo irrigado, aumentando sua eficiência.

• Apresentar uma solução alternativa aos processos de cultivo irrigado, frente aos processos
tradicionais.

• Oferecer uma alternativa viável de irrigação, para diminuir custos operacionais e, conse-
quentemente, tornar o cultivo mais competitivo, aumentando os lucros e impactando de
forma positiva no desenvolvimento social das populações instaladas em áreas rurais.

• Comparar o sistema de irrigação convencional com o sistema de irrigação automatizado


apresentado por Rêgo Segundo et al. (2015), denominado IrrigoSystem.

1.3 Justificativa
O presente trabalho tem como motivação o aprendizado na montagem de um sistema
de irrigação automático, visto que os moldes tradicionais ainda desperdiçam muitos recursos
naturais, e demandam de constante manejo operacional, o que aumenta os custos das lavouras.
Buscou-se desenvolver técnicas que possam ser implantadas, buscando melhorias, tanto na
ecologia, quanto no desenvolvimento econômico, principalmente nas regiões onde os recursos
hídricos são escassos, coincidentemente, onde se situam importantes mazelas da população.

1.4 Método de pesquisa


• Apanhado bibliográfico de publicações referentes ao assunto por meio de livros, artigos e
manuais técnicos.

• Leitura do material para a utilização.

• Estudo da área e da disposição dos elementos.

• Levantamento dos equipamentos a serem utilizados.

• Implantação da tecnologia de direcionamento automático de fluxo de água.


Capítulo 1. Introdução 3

1.5 Organização do trabalho


O texto da dissertação está organizado da seguinte forma. No Capítulo 1 é apresentada a
introdução, que consiste na formulação do problema, objetivos e justificativa deste trabalho. Na
formulação do problema é relatada a importância da irrigação e do desenvolvimento de novas
técnicas que visam economia de recursos. Os objetivos apresentados envolvem apresentar um
projeto de irrigação com direcionamento automático de fluxo de água e causar uma economia
de recursos, tanto hídricos como econômicos. A justificativa aborda a busca por melhorias nas
técnicas utilizadas usualmente na irrigação.
No Capítulo 2 são apresentadas as referências bibliográficas da dissertação. Um apanhado
de literaturas que utilizam conceitos que embasam o trabalho a ser apresentado. Aborda as
técnicas de desenvolvimento de um projeto de irrigação, desde a qualidade da água e solo, até a
cultura a ser escolhida. Foi dada ênfase na irrigação por aspersão fixa, que é o método de irrigação
utilizado e desenvolvido no presente trabalho.
Um roteiro baseado nas referências bibliográficas é apresentado no Capítulo 3, denomi-
nada de metodologia. Neste capítulo é apresentado o desenvolvimento de uma implantação do
sistema de irrigação de forma genérica.
O desenvolvimento da aplicação do sistema propriamente dito é abordado no Capítulo
4, sendo os resultados e discussões. Nesta parte do trabalho é apresentado o projeto de uma
aplicação prática do sistema, aplicado a uma área de uma propriedade rural de pequeno porte
situada em Jequitibá, MG, na bacia do Rio das Velhas.
Sendo o último, o Capítulo 5, é a conclusão, com um apanhado de observações feitas a
partir do trabalho desenvolvido, contribuições e sugestões para trabalhos futuros.
4

2 Revisão Bibliográfica

Este capítulo se destina a apresentar os fundamentos teóricos básicos necessários para


se compreender o funcionamento dos equipamentos utilizados na elaboração de um projeto de
irrigação. Brevemente, discute-se os tipos de irrigação, dimensionamento de equipamentos e
técnicas utilizadas no desenvolvimento de um projeto de irrigação por aspersão fixa direcionado
à propriedade em questão.

2.1 Aspectos relevantes da irrigação na agricultura


Segundo Fernandes (2001), a agricultura é a atividade econômica que mais consome
água em seu processo produtivo. O uso da água na agricultura representa cerca de 70% de toda a
água utilizada de rios, lagos e mananciais, enquanto a indústria consome 23% e os 7% restantes
vão para o consumo humano. Estima-se que o volume global de água utilizado anualmente é da
ordem de 3000 a 3.500 km2 , dos quais cerca de 2.500 km2 são usados na irrigação, 500 km2 na
indústria e 200 km2 em outros usos, dentre eles o doméstico.
Irrigação é a aplicação artificial, uniforme e oportuna de água, distribuída pontualmente
na zona efetiva das raízes ou na área total, visando repor a água consumida pelas plantas, perdida
por evaporação, transpiração e por infiltração profunda, de forma a garantir condições ideais ao
bom desenvolvimento das plantas (PEREIRA, 2014).
Essencialmente, manejo da água de irrigação significa definir quando e quanto irrigar,
tendo como objetivo incrementar a produtividade e a qualidade das hortaliças e, ao mesmo tempo,
maximizar a eficiência do uso de água e energia e minimizar a incidência de doenças e insetos
pragas e os impactos ambientais (MAROUELLI; SILVA; SILVA, 2008).
A presença constante da água nas raízes das plantas fornecida pela irrigação deixa o solo
em uma umidade ótima de desenvolvimento, não permitindo a ocorrência do estresse hídrico na
cultura, proporcionando o aumento de produtividade de forma significativa. A irrigação, realizada
no momento correto e com a aplicação da quantidade certa de água, permite a obtenção de índices
de produtividade acima das médias das culturas que são cultivadas na condição de sequeiro, ou
seja, quando utiliza somente com a água da chuva (TESTEZLAF, 2017).
A seguir, na Figura 1, pode-se observar um gráfico comparativo entre diversas culturas
brasileiras na condição de cultivo irrigado, comparadas com a produtividade média brasileira.
(TESTEZLAF, 2017 apud IBGE, 2006).
Capítulo 2. Revisão Bibliográfica 5

Figura 1 – Produtividades médias brasileiras comparadas com produtividades médias de culturas


irrigadas.
Fonte: Adaptado de (TESTEZLAF, 2017 apud IBGE, 2006)

2.2 Qualidade da água destinada a irrigação


Para a utilização da água, deve-se levar em conta três aspectos, apresentados nas subseções
a seguir:

2.2.1 Aspectos físicos


Partículas em suspensão podem restringir o uso da água para irrigação, requerendo
tratamento que possam ser utilizadas. O funcionamento de aspersores pode ser prejudicado
quando a água utilizada apresentar grande quantidade de detritos, algas ou material orgânico
em suspensão. Tubulações e, principalmente, bombas hidráulicas podem ter vida útil reduzida
quando a água apresentar quantidades excessivas de material mineral e vegetal em suspensão.
Esses materiais, em especial a areia, atuam de forma abrasiva, danificando as partes internas dos
equipamentos de irrigação, tais como bombas, tubulações e aspersores (MAROUELLI; SILVA;
SILVA, 2008).
Capítulo 2. Revisão Bibliográfica 6

2.2.2 Aspectos químicos


A concentração de sais dissolvidos na água de irrigação não é, geralmente, suficiente para
prejudicar a produção das principais culturas. Os danos são devidos, quase sempre, aos sais que
vão acumulando no solo e salinizando-o pouco a pouco. No Brasil, os problemas de qualidade
química de água são mais comuns na Região Nordeste, onde a irrigação é muitas vezes realizada
com águas salinas e a precipitação pluvial é insuficiente para a lixiviação dos sais solúveis que
vão se acumulando no solo (MAROUELLI; SILVA; SILVA, 2008).

2.2.3 Aspectos sanitários


Água contaminada com agentes patogênicos pode prejudicar o cultivo de certas culturas,
principalmente aquelas que são destinadas ao consumo humano, podendo os alimentos carregarem
consigo doenças. Por isso, deve-se levar amostras da água captada ao laboratório, antes de destinar
a água ao uso da irrigação (MAROUELLI; SILVA; SILVA, 2008).

2.3 Relação entre água, solo, cultura e clima


O solo, além de servir de sustentação física, atua como reservatório, de capacidade
limitada, de nutrientes e de água para as plantas. Uma vez cheio, por meio de chuva ou irrigação,
a água, retida no reservatório, começa gradualmente a ser consumida por meio da transpiração
das plantas e da evaporação do solo. Quando a quantidade de água no solo atinge um nível
crítico de segurança, abaixo do qual o rendimento das plantas diminui rapidamente, água deve
ser reaplicada para restabelecer a capacidade do reservatório. A capacidade de armazenamento
de água pelo solo e a taxa de consumo de água pelas plantas são dependentes de parâmetros
relacionados tanto ao próprio solo, quanto às plantas e/ou ao clima (MAROUELLI; SILVA;
SILVA, 2008).
É necessário avaliar se existe algum impedimento físico ou químico para a formação e
crescimento das raízes, para que seja corrigido antes da implantação do sistema de irrigação.
É muito comum a existência de camadas compactadas (pé de arado) abaixo da camada arável,
ocasionada, por exemplo, pelo preparo do solo, trânsito de máquinas, pastoreio de animais etc.
Nesses casos normalmente o uso do subsolador elimina a camada compactada permitindo o
desenvolvimento das raízes e melhorando a permeabilidade do solo, garantindo a infiltração
da água para camadas mais profundas. Já em solos pedregosos, pouco se pode fazer, a não ser
escolher culturas com raízes pouco profundas, desde que exista uma camada de solo suficiente
para o desenvolvimento das raízes. O mesmo ocorre quando se observa a presença de camadas
impermeáveis profundas, nas camadas subsuperficiais que são impossíveis de serem descom-
pactadas. Outra situação indesejável é a presença de camadas arenosas com baixa retenção de
água e nutrientes, dificultando o desenvolvimento do sistema radicular. Nesses casos a irrigação
Capítulo 2. Revisão Bibliográfica 7

é dimensionada considerando essas situações e em alguns casos torna-se inviável a implantação


da irrigação (PEREIRA, 2014).
É necessário fazer amostragem do solo para se avaliar a sua fertilidade antes do preparo
do solo. É interessante analisar as camadas superficiais e subsuperficiais, para se avaliar melhor as
correções necessárias, com base nos resultados da análise do solo. Por meio das análises químicas
pode se avaliar e monitorar a ocorrência de salinidade no solo, que pode vir a ser agravada com a
irrigação realizada incorretamente (PEREIRA, 2014).

2.3.1 Textura do solo


Outra prática importante é se conhecer a textura do solo que poderá ser determinada em
laboratório junto com a análise química, o que é mais recomendável, ou determinada no campo
pelo método descrito a seguir. O conhecimento da textura do solo será importante na escolha e
posição do emissor e no manejo da irrigação (PEREIRA, 2014).
A textura do solo influência no projeto do sistema de irrigação, uma vez que, sabendo
sua textura, pode-se indicar a velocidade de infiltração básica (Vib ) do solo, que consiste na
velocidade em que a água infiltra no solo, não estando mais disponível para o sistema radicular
das plantas. Na Tabela 1 pode-se ter como base a velocidade de infiltração básica para diferentes
classes texturais (MAROUELLI; SILVA; SILVA, 2008).

Tabela 1 – Texturas de solo e intervalos típicos de velocidade de infiltração básica (Vib ) para
diferentes classes texturais.

Fonte: (MAROUELLI; SILVA; SILVA, 2008)

2.4 Disponibilidade de água no solo


2.4.1 Interpretação de solo como um reservatório
Segundo Bernardo, Soares e Mantovani (2006) solo é constituído de partículas sólidas,
líquidas e gasosas. O volume de sólidos pode ser considerado praticamente fixo, enquanto os
gases e a solução dividem o espaço poroso do solo. Se a quantidade de solução ou a umidade do
Capítulo 2. Revisão Bibliográfica 8

solo aumentam, a quantidade de gases diminui. Na realidade, o solo pode ser considerado um
grande reservatório, cuja quantidade de água armazenada varia com a umidade.
Também de acordo com Bernardo, Soares e Mantovani (2006), a umidade do solo é
definida como a razão entre a massa de água e a massa de solo seco, denominada umidade
em peso (Up ). A umidade em peso é dada em porcentagem (% de peso seco), e é definida em
laboratório. No processo, pega-se uma amostra de massa definida do solo, úmido, na profundidade
que se deseja saber a umidade e em laboratório coloca-se em um recipiente aberto, sendo este,
devidamente pesado (M1 ), e o mesmo é colocado em uma estufa a cerca de 105-110 o C. Após 24
horas, retira-se o solo seco da estufa, pesando novamente (M2 ). Sendo (M3 ) o peso do recipiente,
a porcentagem de umidade em peso será dada pela Equação 2.1:

M1 − M2
Up = · 100 (2.1)
M2 − M3
Em que:
Up = Porcentagem de peso seco (%);
M1 = Massa de solo úmido (gramas);
M2 = Massa de solo seco (gramas);
M3 = Massa do recipiente (gramas).
Para determinar diretamente a umidade em volume, faz-se necessário saber o volume da
amostra de solo, e pode-se dererminá-la indiretamente, conhecendo a densidade global do solo
(Dg), respectivamente, pelas Equações 2.2 e 2.3 .

M1 − M2
Uv = · 100 (2.2)
V amostra
Em que:
Uv = Porcentagem de umidade em volume (%);
M1 = Massa de solo úmido (gramas);
M2 = Massa de solo seco (gramas);
Vamostra = Volume da amostra (cm3 ).

M1 − M2
Uv = · Dg · 100 = U p · Dg (2.3)
M2 − M3
Em que:
Uv = Porcentagem de umidade em volume (%);
Up = Porcentagem de peso seco (%);
Capítulo 2. Revisão Bibliográfica 9

M1 = Massa de solo úmido (gramas);


M2 = Massa de solo seco (gramas);
M3 = Massa do recipiente (gramas);
Dg = densidade global do solo (g/cm3 ).
A Figura 2 é uma representação do solo como um reservatório, onde contém gases, uma
solução de água e componentes solúveis e sólidos.

Figura 2 – Representação do solo como um reservatório.


Fonte: Adaptado de (BERNARDO; SOARES; MANTOVANI, 2006)

2.4.2 Capacidade de Campo


De acordo com Bernardo, Soares e Mantovani (2006), considerando que o solo esteja
saturado numa condição de lençol freático profundo, a água terá um movimento vertical para
baixo, que somente diminuirá significativamente quando o teor de umidade de solo for tal que a
sua condutividade hidráulica se torne muito pequena. Quando isso acontece, diz-se que o solo
está em condição de capacidade de campo.
A capacidade de campo não pode ser determinada precisamente, uma vez que o seu
conceito envolve uma decisão mais ou menos arbitrária no que diz respeito ao tempo em que a
intensidade de drenagem se torna tão lenta, podendo ser considerada desprezível.

2.4.3 Ponto de Murcha Permanente


Segundo Bernardo, Soares e Mantovani (2006), ponto de murcha permanente, ou ponto
de murchamento, é quele em que a planta que murcha durante a tarde não recupera a sua turgidez
durante a noite, permanecendo murcha na manhã seguinte. Somente recuperará sua turgidez
Capítulo 2. Revisão Bibliográfica 10

após uma irrigação ou chuva. O ponto de murchamento representa o teor de umidade no solo
abaixo do qual a planta não conseguirá retirar água na mesma intensidade com que ela transpira.
Isso aumenta a cada instante a deficiência de água na planta, o que a levará à morte, caso não
seja irrigada. Sendo assim, é o limite mínimo da água armazenada no solo que será usada pelos
vegetais. Este conceito é muito útil, mas convém ressaltar que o seu valor depende do tipo de
solo e que diferentes plantas tem a capacidade de extrair água até diferentes limites.

2.4.4 Lâmina de água total disponível no solo para as plantas


Quanto à capacidade de armazenamento de água, é sabido que nem toda a água retida
pelo solo está disponível às plantas. Para sua quantificação, parâmetros como capacidade de
campo e ponto de murcha permanente são importantes e precisam ser definidos para cada tipo de
solo.A quantidade da água no solo é dada em Lâmina, medida em milímetros, caracterizada pela
Equação 2.4 (MAROUELLI; SILVA; SILVA, 2008):

V
L= (2.4)
A
Em que:
L = lâmina de água, dada em milímetros;
V = volume de água;
A = área.
A capacidade de campo representa a quantidade de água retida pelo solo (devido a forças
matriciais e capilares) depois que o excesso é drenado livremente pela ação da gravidade.
O conceito de ponto de murcha permanente representa o limite mínimo de umidade
existente no solo, abaixo da qual uma planta em crescimento ativo apresenta perda de turgescência
das folhas, da qual não se recupera mesmo quando colocada em atmosfera saturada durante a
noite.
A água total disponível para as plantas que pode ser armazenada pelo solo é aquela entre a
capacidade de campo e o ponto de murcha permanente. Assim, a lâmina de água total disponível
na camada de solo correspondente à profundidade explorada pelo sistema radicular da cultura é
calculada pela Equação 2.5 (MAROUELLI; SILVA; SILVA, 2008):

CC − P M P
LT D = · Dg · Z (2.5)
10
Em que:
LTD = lâmina de água total disponível no solo para as plantas (mm);
CC = capacidade de campo (% de peso seco);
Capítulo 2. Revisão Bibliográfica 11

PMP = ponto de murcha permanente (% de peso seco);


Dg = densidade global do solo (g/cm3 );
Z = profundidade efetiva do sistema radicular das plantas (cm).

2.4.5 Lâmina de água real disponível no solo para as plantas


Normalmente, existe para cada cultura um valor limite de umidade abaixo do qual a
produtividade é seriamente afetada. A umidade-limite do solo que se deve promover a irrigação
é obtida experimentalmente, sendo em função o da espécie cultivada, clima, tipo de solo e até
mesmo da cultivar, estando associada à "força "com que a água é retida pela matriz do solo.
Uma vez que esse valor é conhecido, torna-se fácil determinar a quantidade de água que deve ser
aplicada ao solo para restaurar sua capacidade de armazenamento, ou seja, a lâmina de água no
solo facilmente disponível às plantas, utilizando a Equação 2.6 (MAROUELLI; SILVA; SILVA,
2008):

CC − U I
LRD = · Dg · Z (2.6)
10
Em que:
LRD = lâmina de água real disponível no solo para as plantas (mm);
UI = umidade limite de irrigação (% de peso seco)
CC = capacidade de campo (% de peso seco);
Dg = densidade global do solo (g/cm3 );
Z = profundidade efetiva do sistema radicular das plantas (cm).

2.4.6 Evapotranspiração
A evapotranspiração pode ser definida como a quantidade de água evaporada e transpirada
por uma superfície como vegetal, durante determinado período. Isto inclui a evaporação da água
do solo, a evapotranspiração da água depositada pela irrigação, chuva ou orvalho na superfície
das folhas, e a transpiração vegetal. A evapotranspiração pode ser expressa em valores totais,
médios ou diários, em volume por unidade de área ou em lâmina de água, no período considerado.
O processo de evapotranspiração necessita de energia para a evaporação de água e, sendo assim,
ele depende principalmente da quantidade de energia solar recebida (BERNARDO; SOARES;
MANTOVANI, 2006).
Capítulo 2. Revisão Bibliográfica 12

2.4.7 Turno de Rega


Sendo o propósito básico da irrigação abastecer de água as plantas, de acordo com a
necessidade destas, de modo que se obtenha ótima produção em quantidade e qualidade, deve-se
irrigar antes que a razão entre a quantidade de água no solo e a quantidade de demanda pela
evapotranspiração diminua muito, fazendo com que a deficiência de água venha a influenciar a
produção, em quantidade e, ou, qualidade. A quantidade de água requerida por uma cultura e a
resposta da cultura à irrigação variam com o tipo de solo, tipo de cultura, estádios de crescimento
e as condições climáticas da região, sendo então impossível determinar um turno de rega fixo
para cada cultura, em todo globo (BERNARDO; SOARES; MANTOVANI, 2006).

2.4.8 Eficiência de irrigação


De acordo com Marouelli, Silva e Silva (2008), a eficiência de irrigação na aspersão
engloba a desuniformidade com que a água é distribuída pelo sistema sobre a superfície do solo
e das plantas e as perdas de água por evaporação e por arrastamento pelo vento, ou seja, é função
da uniformidade de distribuição e da eficiência de aplicação de água pelo sistema . Depende
de fatores como sistema de irrigação, dimensionamento hidráulico, manutenção do sistema e
condições climáticas. Valores aceitáveis de eficiência de irrigação para sistemas convencionais
estão entre 70 % e 80 %, para autopropelido entre 65 % e 75 % e para pivô central entre 80 % e 90
%. Além de ser um dos principais parâmetros para avaliação do sistema de irrigação, a eficiência
de irrigação é utilizada para o cálculo da lâmina total de água a ser aplicada por irrigação,
para suprir às necessidades hídricas das plantas. Existem no mercado empresas especializadas
que prestam serviço para avaliação da uniformidade de distribuição de água, especialmente
para sistemas pivô central, e que realizam serviços de manutenção e correções para solucionar
possíveis problemas de baixa eficiência. A Tabela 2 mostra valores de eficiência da irrigação,
custos de aquisição/implantação, uso de energia e mão-de-obra requerida para a elaboração de
um projeto de irrigação. Apesar dos valores desatualizados pode-se ter uma ideia da proporção
dos custos de implantação entre os diferentes modelos.
Capítulo 2. Revisão Bibliográfica 13

Tabela 2 – Valores típicos de eficiência da irrigação. custos de aquisição/implantação, uso de


energia e mão-de-obra requerida para diferentes sistemas de irrigação por aspersão.

Fonte: (MAROUELLI; SILVA; SILVA, 2008).

2.4.9 Necessidade de água das plantas


Praticamente toda a água para suprir as necessidades das plantas é obtida do solo, em
sua forma líquida, por meio das partes terminais do sistema radicular ou dos pelos radiculares.
A transpiração é vital para as plantas, haja vista que essa faz com que a planta absorva do solo
os nutrientes essenciais juntamente com a água. Da água absorvida, a planta retém cerca de 1
%, sendo o restante transferido para a atmosfera, em forma de vapor, pela transpiração. A água
também se perde diretamente para a atmosfera por meio da evaporação do solo e da superfície
vegetal molhada. A esse processo de perda conjunta de água do solo e da planta para a atmosfera
dá-se o nome de evapotranspiração.
Em termos gerais, a evapotranspiração da cultura é máxima quando a umidade do solo
é mantida próxima à capacidade de campo. À medida que o solo seca, há uma redução das
perdas de água por evaporação. Quanto à transpiração das plantas, essa geralmente permanece
no seu nível máximo na faixa entre a capacidade de campo e a umidade-limite de irrigação,
reduzindo-se a partir do momento em que o solo seca além da umidade-limite, até ser anulada
quando a umidade atingir o ponto de murcha permanente (MAROUELLI; SILVA; SILVA, 2008).
De acordo com o estádio fenológico das plantas sabe-se a capacidade de evapotranspiração
para cada fase da cultura. A seguir, pode-se ver alguns exemplos de coeficiente de cultura para
cada fase de desenvolvimento de algumas hortaliças. Pode-se verificar exemplos de coeficiente
de cultura (Kc ) utilizados para o cálculo da evapotranspiração da cultura na Tabela 3.
Capítulo 2. Revisão Bibliográfica 14

Tabela 3 – Exemplos de coeficientes de cultura (Kc ) utilizados para o cálculo da evapotranspiração


da cultura.

Fonte: (MAROUELLI; SILVA; SILVA, 2008).


Capítulo 2. Revisão Bibliográfica 15

O método mais comum utilizado, que parte de dados empíricos, fornece a chamada
evapotranspiração de referência, obtida pela Equação 2.7, obtida em (MAROUELLI; SILVA;
SILVA, 2008):

ET c = K c · ET o (2.7)

Em que:
ETc = evapotranspiração da cultura (mm/dia);
Kc = coeficiente de cultura (adimensional);
ETo = evapotranspiração do cultivo de referência (mm/dia);
Deve-se calcular também, a disponibilidade total de água no solo, que se dá por meio da
Equação 2.8:

CC − P M P
DT A = · Da (2.8)
10
Em que:
DTA = disponibilidade total de água no solo (mm/cm);
CC = Capacidade de campo (% de peso seco);
PMP = Ponto de murcha permanente (% de peso seco);
Da = densidade do solo (adimensional).
Outro aspecto importante para a irrigação convencional é o turno de rega, que segundo
Marouelli, Silva e Silva (2008), é dado pela Equação 2.9:

DT A
TR = ·f ·Z (2.9)
ET c
Em que:
TR = turno de rega (dia);
DTA = disponibilidade total de água no solo (mm/cm);
ETc = evapotranspiração da cultura (mm/dia);
f = fração real de água disponível para a cultura (decimal);
Z = profundidade efetiva do sistema radicular (cm).
Assim, pode-se calcular a lâmina d’água real necessária para suprir as necessidades
hídricas das plantas, determinada pela Equação 2.10:

LRN = T R · ET c (2.10)
Capítulo 2. Revisão Bibliográfica 16

Em que:
LRN = lâmina de água real necessária (mm).
Como nenhum sistema de irrigação é capaz de irrigar com 100 % de eficiência, é ne-
cessário que seja aplicada uma lâmina de água maior que LRN . Assim, a lâmina de água total
necessária por irrigação é calculada a partir de LRN levando se em conta a eficiência do sistema
de irrigação, dada pela Equação 2.11 (MAROUELLI; SILVA; SILVA, 2008).

100 · LRN
LT N = (2.11)
Ei
Em que:
LTN = lâmina de água total necessária (mm);
Ei = eficiência de irrigação (%) .

2.5 Métodos de irrigação por aspersão


Existem diferentes métodos de irrigação disponíveis. Dentre eles, o mais comum é o de
irrigação por aspersão, que consiste em regar a área por via aérea, simulando a chuva. Dentro das
técnicas de irrigação por aspersão, destacam-se os sistemas convencionais (portátil, semiportátil
e fixo), o autopropelido e o pivô central.

2.5.1 Sistemas de irrigação por aspersão convencionais


2.5.1.1 Portátil

No sistema convencional portátil, os componentes são deslocados manualmente, ao longo


da área a ser irrigada. O custo inicial de aquisição é relativamente baixo, mas requer grande
quantidade de mão-de-obra para as mudanças de posição dentro da área (MAROUELLI; SILVA;
SILVA, 2008).

2.5.1.2 Semiportátil

No sistema semiportátil, as linhas laterais e 05 aspersores são deslocados dentro da área,


enquanto os demais componentes do sistema permanecem fixos (MAROUELLI; SILVA; SILVA,
2008). Segue o esquema na Figura 3.
Capítulo 2. Revisão Bibliográfica 17

Figura 3 – Esquema de um sistema de irrigação por aspersão convencional semiportátil, com


duas laterais móveis.
Fonte: (MAROUELLI; SILVA; SILVA, 2008)

2.5.1.3 Autopropelido

Segundo Marouelli, Silva e Silva (2008) o autopropelido é um sistema mecanizado


que irriga áreas de diferentes formatos e declividades, com baixa exigência de mão-de-obra.
O equipamento é composto de uma tubulação de sucção, um conjunto motobomba, uma linha
principal, um carretel enrolador e um carro irrigador, contendo um aspersor do tipo canhão
ou uma barra irrigadora. O carretel enrolado é formado pelo conjunto motriz e carretel com
mangueira de polietileno, montados sobre chassi com duas a seis rodas e acoplamento à barra de
tração do trator. Segue esquema na Figura 4.
Capítulo 2. Revisão Bibliográfica 18

Figura 4 – Esquema de um sistema de irrigação por aspersão tipo autopropelido.


Fonte: (MAROUELLI; SILVA; SILVA, 2008).

2.5.1.4 Pivô central

Segundo Marouelli, Silva e Silva (2008) o pivô central é um sistema mecanizado que
irriga áreas circulares, operando a uma velocidade constante pré-estabelecida, para aplicar a
lâmina de água desejada. Consiste de uma linha lateral de aspersores montada sobre torres com
rodas, tendo uma extremidade ancorada no centro da área, por onde a água é fornecida, por
meio de uma adutora ou poço profundo, e a outra girando em torno desse ponto (Figura 5).
O comprimento da lateral varia de 100 m a 600 m, e a movimentação por meio de motores
elétricos posicionados em cada torre. O pivô central apresenta como vantagens o uso reduzido de
mão-de-obra,a maior uniformidade de distribuição de água e o menor uso de energia em relação
a outros sistemas por aspersão convencional e autopropelido. Segue esquema na Figura 5.
Capítulo 2. Revisão Bibliográfica 19

Figura 5 – Esquema de um sistema de irrigação por aspersão tipo pivô central.


Fonte: (MAROUELLI; SILVA; SILVA, 2008).

2.5.1.5 Fixo

No sistema fixo, todos os componentes são fixos, o que aumenta o custo do sistema, mas
reduz expressivamente o uso de mão-de-obra e permite automatizar a irrigação (MAROUELLI;
SILVA; SILVA, 2008).
Nos sistemas por aspersão convencional fixo, toda a tubulação, conjunto moto-bomba e
os aspersores são fixos, sendo necessários somente a abertura e fechamento de registros. Neste
sistema a mão de obra é reduzida, porém os investimentos são mais altos, pois a tubulação deverá
ser instalada simultaneamente em toda área a ser irrigada (PEREIRA, 2014).
Esse sistema se harmoniza muito bem com o emprego da automação, utilizando válvulas
solenoides no acionamento do conjunto de aspersores, como representado na Figura 6.
Capítulo 2. Revisão Bibliográfica 20

Figura 6 – Esquema de um sistema de irrigação por aspersão convencional fixo.


Fonte: (PEREIRA, 2014).

2.6 Sistema por aspersão convencional


O dimensionamento hidráulico do sistema de irrigação, que envolve, entre outros aspectos,
a determinação dos diâmetros e dos comprimentos das tubulações e do tipo e da potência da
motobomba, deve ser realizado por profissionais especializados, antes da compra e da implantação
do sistema. Em sistemas mal dimensionados, a irrigação é desuniforme, o que compromete o
desenvolvimento das plantas e aumenta o uso de energia e de água (MAROUELLI; SILVA;
SILVA, 2008).

2.6.1 Escolha do aspersor


A escolha do aspersor é normalmente realizada durante o dimensionamento do sistema de
irrigação. Além do custo e da qualidade do equipamento, devem também ser considerados a área
a ser irrigada, o raio de alcance, o número e o ângulo de inclinação dos bocais e a intensidade de
aplicação de água do aspersor (MAROUELLI; SILVA; SILVA, 2008).
O primeiro aspecto a ser considerado é o tamanho da área a ser irrigada. Considerando
que os aspersores com maior raio de alcance requerem menor uso de mão-de-obra e possibilitam
menor custo de projeto, pode ser adotado o seguinte critério geral: microaspersores (raio de
alcance < 5 m) e aspersores de pequeno porte (raio de alcance entre 5 m e 15m) para as áreas
pequenas (abaixo de 2 ha), aspersores médios (raio de alcance entre 15m e 25 m) para as áreas
de tamanho médio (2 ha a 10 ha) e aspersores grandes (raio de alcance acima de 25 m) para as
Capítulo 2. Revisão Bibliográfica 21

áreas grandes (acima de 110 ha) (MAROUELLI; SILVA; SILVA, 2008).


Devem ser preferidos os aspersores com dois bocais, pois, de modo geral, proporcionam
distribuição mais uniforme do que aqueles com bocal único, além de serem menos afetados pela
ação do vento. Outro fator a ser considerado na escolha do aspersor é a intensidade de aplicação
de água, a qual deve ser menor que a velocidade de infiltração básica do solo (Vib ). Sistemas
com intensidade de aplicação maior que a Vib podem provocar encharcamento e escoamento
superficial de água, ou até mesmo erosão do solo. Não dispondo de dados da Vib específicos para
o solo a ser irrigado, pode-se usar, como guia, os valores apresentados na Tabela 4.

Tabela 4 – Texturas de solo e intervalos típicos de velocidade de infiltração básica (Vib ) para
diferentes classes texturais.

Fonte: (MAROUELLI; SILVA; SILVA, 2008).

2.6.2 Vazão e raio de alcance do aspersor


A vazão do aspersor, que depende da pressão de serviço e do diâmetro dos bocais, também
pode ser obtida de catálogos dos fabricantes. O raio de alcance do aspersor, que é igual à metade
do diâmetro molhado, pode ser obtido no catálogo do fabricante. Varia conforme a pressão de
serviço e as características do aspersor (MAROUELLI; SILVA; SILVA, 2008).

2.6.3 Espaçamento entre aspersores


A utilização do espaçamento correto entre aspersores é fundamental para que o sistema
de irrigação aplique a água às plantas com uniformidade de distribuição aceitável. Como regra
geral, o espaçamento deve ser tal que um aspersor seja capaz de jogar a água no "pé" do outro.
Esse critério, todavia, não considera o efeito do vento sobre a eficiência de irrigação. Como o
comprimento padrão de tubos de irrigação é de 6 m, os espaçamentos a serem utilizados são
múltiplos de 6 m (MAROUELLI; SILVA; SILVA, 2008).
Capítulo 2. Revisão Bibliográfica 22

2.6.4 Intensidade de aplicação de água


Alguns catálogos de aspersores trazem informações sobre a intensidade de aplicação
de água para diferentes combinações de pressão de serviço e espaçamento entre aspersores
(MAROUELLI; SILVA; SILVA, 2008).
Tais aspectos são encontrados em tabelas, fornecidas pelos fabricantes.

2.7 Manejo prático


2.7.1 Evapotranspiração e fases da cultura
O passo inicial para a realização do manejo é estabelecer as fases de desenvolvimento da
cultura para as quais as irrigações devem ser manejadas de forma distinta. Em geral, as hortaliças
apresentam quatro fases distintas de desenvolvimento com relação às necessidades hídricas. A
caracterização de cada fase, para a maioria das hortaliças, pode ser definida como se mostra a
seguir (MAROUELLI; SILVA; SILVA, 2008):

• Fase 1 (inicial) - do plantio até a emergência das plântulas ou do transplante até o pegamento
das mudas.

• Fase 2 (vegetativa) - do final da fase 1 até 80 % do máximo desenvolvimento vegetativo


(plena floração) .

• Fase 3 (produção) - do final da fase 2 até o início da maturação ou da pré-colheita .

• Fase 4 (pré-colheita; maturação) - do final da fase 3 até a colheita .

Os valores de temperatura e umidade relativa podem ser obtidos a partir de séries históricas
mensais disponíveis para a região onde será realizado o cultivo. Esses dados podem, muitas vezes,
ser obtidos nos escritórios locais de extensão rural ou em prefeituras (MAROUELLI; SILVA;
SILVA, 2008).
A Tabela 5 mostra um exemplo de valores de evapotranspiração da cultura para milho-
doce (mm/dia), conforme a umidade relativa (URm ) e temperatura (Tm ) média do ar e a fase de
desenvolvimento.
Capítulo 2. Revisão Bibliográfica 23

Tabela 5 – Evapotranspiração da cultura para milho-doce (mm/dia) , conforme a umidade relativa


(URm )e temperatura (Tm ) média do ar e a fase de desenvolvimento.

Fonte: (MAROUELLI; SILVA; SILVA, 2008).

Contudo, na prática da pequena produção rural, muitos agricultores utilizam de técnicas


empíricas para o manejo, seja por falta de informação, ou falta de acesso ao suporte técnico dos
órgãos responsáveis pelo fomento à agricultura. Soma-se isso às diversidades de microclimas
existentes, causa-se ainda mais imprecisão no devido manejo da água para irrigação.
Capítulo 2. Revisão Bibliográfica 24

2.7.2 Capacidade de armazenamento de água no solo


Segundo Marouelli, Silva e Silva (2008) para fins de manejo, é necessário conhecer a
capacidade de armazenamento de água do solo para, conforme a evapotranspiração da cultura,
determinar o intervalo entre irrigações, em cada fase de desenvolvimento das plantas. Muitas
vezes, o produtor já dispõe da análise da textura do solo a ser irrigado, considerando que é uma
informação frequentemente requerida por bancos para a liberação de financiamentos agrícolas.
Caso não disponha dessa informação e o irrigante não se sinta habilitado para classificar o solo,
a análise textural pode ser feita em laboratórios de análise de solos.

2.7.3 Profundidade efetiva do sistema radicular


Na Tabela 6, são apresentados valores de profundidade efetiva de raízes, de acordo com
a fase de desenvolvimento, para diversas hortaliças. Todavia, por ser intensamente afetada por
diversos fatores, é desejável avaliar a profundidade no próprio local de cultivo, para cada fase de
desenvolvimento da cultura (MAROUELLI; SILVA; SILVA, 2008).
Capítulo 2. Revisão Bibliográfica 25

Tabela 6 – Sugestão de profundidade efetiva do sistema radicular (Z) de hortaliças, nas diferentes
fases de desenvolvimento.

Fonte: (MAROUELLI; SILVA; SILVA, 2008).

2.7.4 Adequação do tempo de irrigação


Variações climáticas bruscas ou a ocorrência de chuvas afetam esquemas pré-definidos
de irrigação. Isso ocorre principalmente durante a estação chuvosa; em regiões ou estações secas,
tais problemas são mínimos e adequações no tempo de irrigação são, geralmente, desnecessárias.
Caso ocorram chuvas significativas (acima de 5 mm), a próxima irrigação deve ser reprogramada.
As hortaliças apresentam determinadas fases de desenvolvimento onde a deficiência de água
ocasiona redução de produtividade maior do que em outras. Em geral, o período crítico ocorre na
fase em que o produto ou órgão da planta a ser comercializado está se desenvolvendo. Nessas fases
deve-se ter atenção especial, não permitindo que a irrigação seja realizada de forma deficitária
ou ineficiente (MAROUELLI; SILVA; SILVA, 2008).
Capítulo 2. Revisão Bibliográfica 26

2.8 Componentes do sistema de irrigação por aspersão fixa


2.8.0.1 Aspersores

A seleção do modelo do aspersor é de grande importância, pois ele vai garantir a lamina
d’água necessária para a cultura. Na Figura 7 pode-se ver exemplos de diversos aspersores.

Figura 7 – Modelos variados de aspersores.


Fonte: (PEREIRA, 2014)

2.8.0.2 Tubulação

A escolha da tubulação utilizada deve levar em conta o custo e a durabilidade, e seu


diâmetro deve ser dimensionado de acordo com a perda de carga que ela proporciona, seguindo
valores razoáveis para se poder dimensionar uma bomba de potência mais baixa possível, a fim
de economia de energia elétrica. No mercado pode-se encontrar tubulações de aço galvanizado,
ou de PVC, sendo essa, mais durável devido à resistência a corrosão. A seguir, um exemplo de
tubo soldável de PVC (Figura: 8).
Capítulo 2. Revisão Bibliográfica 27

Figura 8 – Tubo soldável de PVC.


Fonte: (TIGRE S/A, 2016)

2.8.0.3 Válvulas solenoides

Para fazer a seleção da linha de aspersores a ser acionada, usa-se um conjunto de válvulas
solenoides, que se abrem a partir de um comando elétrico, se abrem ou se fecham. A seguir, na
Figura 9 pode-se ver um exemplo de válvula solenoide.

Figura 9 – Válvula solenoide.


Fonte: (HUNTER INDUSTRIES, 2018).
Capítulo 2. Revisão Bibliográfica 28

2.8.0.4 Válvulas de comando hidráulico

As válvulas de comando hidráulico utilizadas em irrigação localizada geralmente são


operadas eletricamente por uma solenoide montada diretamente sobre a válvula, ou por comando
hidráulico de um sistema remoto de solenoides. Em ambos os casos, diz-se que a solenoide
atua como válvula piloto. De modo geral, as válvulas de comando hidráulico possuem o mesmo
princípio de funcionamento. Quando a pressão hídrica a montante da rede é transferida para
a câmara do diafragma, ocorre o fechamento da válvula. Por outro lado, quando a pressão da
câmara é aliviada, a válvula se abre. As válvulas solenoides são responsáveis por realizar essa
manobra de fluxo de água para as câmaras do diafragma das válvulas de comando hidráulico. As
válvulas de comando hidráulico são uma alternativa que pode ser mais viável economicamente, e
isto deve ser considerado na confecção do projeto. A Figura 10 mostra os componentes de uma
válvula de controle hidráulico.

Figura 10 – Componentes de uma válvula de comando hidráulico.


Fonte: Adaptado de (BERMAD, 2000)

Existem dois modos de controle:

• controle interno por duas vias;

• controle por três vias.

Em ambos os casos, quando a solenoide está desenergizada e a válvula hidráulica está


aberta, denomina-se configuração normalmente aberta. Já quando a válvula solenoide está dese-
nergizada e a válvula hidráulica está fechada, denomina-se configuração normalmente fechada.
No controle interno por duas vias a válvula solenoide é instalada juntamente com a
válvula hidráulica (Figura 11). Portanto, na configuração normalmente fechada, quando a válvula
Capítulo 2. Revisão Bibliográfica 29

solenoide está desenergizada, ocorre acúmulo de pressão dentro da câmara do diafragma, forçando
o fechamento da válvula (Figura 11a). Quando a solenoide é energizada, ocorre a liberação da
água retida na câmara do diafragma, o que faz a válvula abrir (Figura 11b).

Figura 11 – Modos de operação da válvula de comando hidráulico controlada por duas vias na
configuração normalmente fechada.
Fonte: Adaptado de (BERMAD, 2000)

A Figura 12 mostra uma válvula de comando hidráulico controlada por duas vias na
configuração normalmente aberta. Seu princípio de funcionamento é o mesmo descrito anterior-
mente para a configuração normalmente fechada, mudando apenas o estado de energização da
solenoide.

Figura 12 – Modos de operação da válvula de comando hidráulico controlada por duas vias na
configuração normalmente aberta.
Fonte: Adaptado de (BERMAD, 2000)
Capítulo 2. Revisão Bibliográfica 30

A Figura 13 mostra as duas condições de operação de uma válvula hidráulica controlada


por três vias: (a) fechada e (b) aberta. Observe que, quando a solenoide direciona o fluxo água
para a câmara do diafragma, a válvula se fecha. Já quando a solenoide libera a pressão da câmara
do diafragma, a válvula se abre.

Figura 13 – Modos de funcionamento da válvula hidráulica de três vias.


Fonte: Adaptado de (BERMAD, 2000)

Neste caso, pode-se montar um conjunto de válvulas solenoides na estação para controlar
as válvulas hidráulicas localizadas no campo (Figura 14). Apenas os tubos de controle vão até as
válvulas hidráulicas. A vantagem dessa configuração é que as solenoides ficam mais protegidas
em relação às condições adversas do campo. Além do mais, como elas são montadas em conjunto
na estação, a detecção de defeitos e a realização de manutenção se tornam mais fáceis.

Figura 14 – Conjunto de válvulas solenóides.


Fonte: Adaptado de (BERMAD, 2000)
Capítulo 2. Revisão Bibliográfica 31

2.8.0.5 Válvula ventosa

Faz-se necessário o uso de uma válvula ventosa (Figura 15) no sistema, pois, Essa válvula
serve para permitir a saída do ar que tenha ficado ou entrado na tubulação, principalmente nos
pontos mais altos que tenham formato de sifão. Também serve para permitir a entrada de ar onde
ocorre redução de pressão em pontos altos, facilitando o esvaziamento da tubulação, isso evita
que ela se rompa caso haja formação de vácuo.

Figura 15 – Válvula ventosa


Fonte: (TIGRE S/A, 2016).

A válvula possui um obturador (Figura 16) no seu interior, é esse componente que bloqueia
a saída d’água depois que o ar sai da tubulação.

Figura 16 – Obturador da válvula ventosa


Fonte: (TIGRE S/A, 2016).
Capítulo 2. Revisão Bibliográfica 32

2.8.0.6 Válvulas de retenção

Quando a bomba é desligada, a água que estava sendo bombeada para cima tende a descer.
A válvula automaticamente segura o retorno desta água, evitando que ela cause grande impacto
na bomba. A válvula de retenção é representada pela Figura 17.

Figura 17 – Válvula de retenção


Fonte: (TIGRE S/A, 2016).

2.8.0.7 Válvula de pé com crivo

A válvula de pé com crivo (Figura 18) é indicada para uso nas tubulações de sucção de
água para:

• manter o tubo de sucção cheio de água, evitando que entre ar na bomba;

• evitar a entrada de resíduos que possam danificar a bomba, através do crivo.


Capítulo 2. Revisão Bibliográfica 33

Figura 18 – Válvula de pé com crivo


Fonte: (TIGRE S/A, 2016).

2.8.0.8 Conjunto moto-bomba

O conjunto motobomba consiste em um motor acoplado a uma bomba de sucção. A


motobomba pode ser monofásica ou trifásica, dependendo da fonte de energia disponível. Pode-se
selecionar também bombas monoestágio ou multiestágio. A seleção é feita através de uma tabela
fornecida pelos fabricantes. A seguir, na Figura 19, exemplos de motobombas.

Figura 19 – Exemplos de conjuntos motobomba.


Fonte: (SCHNEIDER, 2016).

A Figura 20 representa a montagem dos componentes hidráulicos ao conjunto motobomba.


Capítulo 2. Revisão Bibliográfica 34

Figura 20 – Esquema de montagem


Fonte: (TIGRE S/A, 2016).
Capítulo 2. Revisão Bibliográfica 35

2.9 Irrigação por aspersão com direcionamento automático


de fluxo de água
Segundo Rêgo Segundo (2010), tanto o excesso quanto a falta de água são fatores que
afetam a produtividade das lavouras irrigadas e, consequentemente, o retorno econômico desse
sistema de produção. Portanto, é interessante estabelecer um ponto ótimo entre a quantidade
mínima de água aplicada e a máxima produtividade da cultura.
Para tentar estabelecer um ponto ótimo entre a quantidade mínima de água aplicada e a
máxima produtividade de diversas culturas, o sistema de Irrigação por aspersão com direciona-
mento automático de fluxo de água, utiliza de sensores eletrônicos para mesurar o teor de água
do solo.
Foi desenvolvido por Rêgo Segundo (2010), um sensor de baixo custo, com o princípio
de funcionamento baseado na capacitância de um capacitor, tendo como dielétrico o material
de solo entre as hastes que formam os sensores. Assim, quando houver variação na constante
dielétrica do solo localizado entre as hastes, devido à presença de água, a capacitância do sensor
também irá variar.
Aliado ao desenvolvimento do sensor, foi criado por Rêgo Segundo et al. (2015) um
sistema chamado IrrigoSystem, que consiste em vários sensores distribuídos pela área de cultivo, a
fim de monitorar em tempo real o teor de água do solo. Os sensores são conectados a uma pequena
central de comunicação, que utiliza rádio frequência para enviar os dados a um controlador. O
programa do controlador permite que o manejo da irrigação seja realizado em função do tempo
de funcionamento do sistema e, ou, de acordo com a avaliação do teor de água do solo, conforme
a estratégia de controle de irrigação predefinida. Com essa implementação é possível irrigar
durante a noite, a fim de melhorar a distribuição de água ao longo do dia, evitando picos de
consumo. Obtém-se também aumento na eficiência do sistema de irrigação, visto que, à noite,
as perdas de água por evaporação e transporte pelo vento são minimizadas. Além disso, entre
21:30H e 6:00H, a tarifa de energia elétrica no meio rural é menor, segundo os artigos 107 e 108
da Resolução Normativa no 414 da Aneel.

2.9.1 IrrigoSystem
O IrrigoSystem possibilita um conjunto de soluções para o agricultor economizar água
e energia elétrica necessários aos sistemas de irrigação, além de contribuir para o aumento da
produtividade das lavouras, de forma sustentável. Trata-se de um sistema de monitoramento capaz
descriminar as seguintes características do solo: teor volumétrico de água do solo, condutividade
elétrica e temperatura do solo, além da temperatura do próprio equipamento. Tais parâmetros po-
dem ser utilizados para calcular de forma indireta até mesmo a necessidade precisa de fertilizantes
no solo para determinada cultura pela comparação da condutividade elétrica dos componentes do
Capítulo 2. Revisão Bibliográfica 36

solo. O sistema é composto por três partes: as estações remotas de monitoramento da umidade
do solo, um dispositivo para acionar o sistema de bombeamento e direcionamento de fluxo de
água, e um programa de computador para realizar aquisição de dados e controlar o acionamento
do sistema de irrigação.

2.9.1.1 Componentes do sistema

O Irrigosystem (Pedido de Patente BR 102013013220-9), é um sistema composto por três


partes: as estações remotas de monitoramento da umidade do solo, um dispositivo para acionar o
sistema de bombeamento e direcionamento de fluxo de água, e um programa de computador para
realizar aquisição de dados e controlar o acionamento do sistema de irrigação.

1. Estações remotas de monitoramento da umidade do solo, ou seja, o quanto o solo está seco
ou molhado. Dessa forma, o sistema de irrigação pode ser acionado no momento adequado
e durante o tempo necessário para o melhor desenvolvimento da lavoura, proporcionando
economias de água e de energia elétrica. Além disso, os sensores também medem o
teor de salinidade do solo, para auxiliar no manejo, correção e fertilização do solo. As
estações de monitoramento possuem autonomia de energia elétrica, devido ao uso de placas
fotovoltaicas que captam a energia solar. Ou seja, não há necessidade de levar cabos de
energia até o ponto de instalação e muito menos de cabos para transmissão das informações
dos sensores, pois isso é realizado via rede sem fio. Além disso, os sensores do IrrigoSystem
foram construídos com materiais especiais para garantir alta durabilidade, podendo ser
utilizadas por vários anos, sem necessidade de manutenção.
De acordo com Rêgo Segundo et al. (2015) os sensores de teor de água do solo foram
desenvolvidos com base na medição do impedância elétrica do material do solo localizado
entre duas hastes paralelas de aço inoxidável. Para a construção das sondas foram utilizados
vergalhões de aço inoxidável (comprimento = 130 mm, diâmetro = 3 mm), resina líquida
de poliéster, sensor de temperatura semicondutor (LM35), cabo de cinco vias e tampas de
tomadas elétricas, segundo o esquema mostrado na Figura 21.
Capítulo 2. Revisão Bibliográfica 37

Figura 21 – (a) Sonda para medição do teor de água e condutividade elétrica aparente do solo; (b)
Sondas para medição de temperatura, condutividade elétrica e constante dielétrica
relativa. .
Fonte: (Rêgo Segundo et al., 2015).

A seguir pode-se ver a instalação do sensor, na Figura 22.

Figura 22 – Instalação do sensor.


Fonte: (IRRIGOSYSTEM, 2018).

Diante da dificuldade de se instalar fios e cabos na área a ser cultivada, além da possibilidade
Capítulo 2. Revisão Bibliográfica 38

de que eles sejam danificados por equipamentos agrícolas, desenvolveu-se uma rede sem
fio para realizar a transmissão dos dados de cada sensor até o painel controlador, baseada
no padrão IEEE 802.15.4 (XBEE/XBEE-PRO, 2008). A transmissão sem fio dos sinais de
cada sensor até o painel de acionamento é feita por meio de módulos de rádio que operam
em uma frequência de 2,4 GHz, possuem taxa de transmissão de até 250 kbps e têm alcance
de transmissão de mais de 1,6 km (Rêgo Segundo, 2010).
O esquema de transmissão sem fio pode ser verificado na Figura 23.

Figura 23 – Esquema da transmissão sem fio dos sinais de cada grupo de sensores até o painel
de acionamento.
Fonte: (Rêgo Segundo, 2010).

Pode-se ver também o módulo de comunicação instalado, na Figura 24.


Capítulo 2. Revisão Bibliográfica 39

Figura 24 – Módulo de comunicação instalado.


Fonte: (IRRIGOSYSTEM, 2018).

2. Um dispositivo para acionar o sistema de bombeamento e as válvulas direcionadoras de


fluxo de água, por meio de relés de estado sólido. Uma das saídas também pode ser utilizada
para controlar o sistema de fertirrigação. Esse módulo se comunica tanto com os sensores
quanto com o computador por meio da rede sem fio do sistema, como mostra a Figura 25.
Capítulo 2. Revisão Bibliográfica 40

Figura 25 – Dispositivo de acionamento de válvulas


Fonte: (IRRIGOSYSTEM, 2018).

Segundo Rêgo Segundo (2010), os programas dos microcontroladores foram elaborados


em linguagem de programação C. O programa do microcontrolador possui quatro modos
de operação:manual, timer, auto e smart.

• manual - o acionamento da bomba e das válvulas é feito por meio de botões. As


válvulas são acionadas sequencialmente, uma após a outra.
• timer - determina-se, por meio de botões, o tempo de funcionamento de cada válvula
e o horário de início do acionamento diário do sistema.
• auto - semelhante ao modo timer; no entanto, o acionamento é condicionado pelo
sinal do sensor. Se o sensor de um determinado setor realizar uma leitura superior ao
parâmetro limite superior, a válvula que direciona a água para este setor é desativada.
Então, aciona-se a próxima válvula, exceto se a leitura dos sensores deste outro setor
também já tiver atingido este limite superior de teor de água. Determinam-se os
parâmetros limite superior e limite inferior por meio de botões, visualizando-os no
visor de cristal líquido.
• smart - determina-se o tempo de funcionamento de cada válvula e os parâmetros
limite inferior e limite superior do sensor. Ao decorrer do dia, se o sinal do sensor de
um setor estiver menor do que o parâmetro limite inferior a bomba e a válvula que
direciona a água para este setor são acionadas até que o sinal do sensor se torne maior
do que o parâmetro limite superior ou até esgotar-se todo o tempo de funcionamento
da válvula. Os tempos de funcionamento das válvulas são atualizados diariamente.

Para os modos timer, auto e smart, é possível selecionar os dias da semana nos quais o
sistema deve entrar em operação.
Capítulo 2. Revisão Bibliográfica 41

3. Um programa de computador para realizar aquisição de dados e controlar o acionamento do


sistema de irrigação. Por meio dele você pode gerenciar o sistema, visualizar as medições
dos sensores em tempo real e verificar o histórico dos dados na forma de gráficos ou
planilhas, com a possibilidade de exportá-los para o Excel. Se houver disponibilidade
de internet no local de operação do sistema, você poderá acessá-lo de qualquer lugar do
mundo. Segue imagem da interface do programa na Figura 26.

Figura 26 – Programa de computador para aquisição de dador e interface com o usuário


Fonte: (IRRIGOSYSTEM, 2018).

2.9.2 Operação do painel controlador


Segundo Rêgo Segundo (2010), os modos de operação do painel controlador são ajustados
por meio de seus botões e são visualizados no seu mostrador de cristal líquido, representado na
Figura 27.

Figura 27 – Ilustração do mostrador de cristal líquido


Fonte: (Rêgo Segundo et al., 2015).

Na Figura 27, o dígito “1.” indica a página atual de configuração selecionada, “14:20”
indica a hora atual, “Manual” indica o programa de operação selecionado, “St1” indica que o
setor 1 está selecionado e “11,7%” indica o teor de água do solo médio do setor 1.
No painel controlador, existem 5 botões (Figura 28).O botão da direita é utilizado para
alterar a página de configuração atual. Os quatro botões de alteração de parâmetros (acima,
Capítulo 2. Revisão Bibliográfica 42

abaixo, esquerdo e direito) servem para alterar os parâmetros de configuração. Figura 17: Detalhe
dos botões e dos LEDs do painel controlador.

Figura 28 – Detalhe dos botões e dos LEDs do painel controlador.


Fonte: Adaptado de (IRRIGOSYSTEM, 2018).

Na página “1”, o botão vermelho (“direita”) serve para ligar e desligar o sistema de
irrigação. Os botões “acima” e “abaixo” servem para mudar de setor. O botão “esquerdo” serve
para selecionar o modo de operação: “Manual”, “Timer”, “Automático” ou “Smart”.
Na página “2”, os botões “cima” e “baixo” servem para aumentar ou diminuir os valores
de hora e minuto. Os botões, “esquerdo” e “direito”, servem para selecionar qual parâmetro será
ajustado: hora ou minuto (Figura 29).

Figura 29 – Página 2: ajuste do relógio do painel controlador.


Fonte: (Rêgo Segundo et al., 2015).

Na página três é possível ajustar o tempo de funcionamento de cada setor (Figura 30).
Capítulo 2. Revisão Bibliográfica 43

Figura 30 – Página 3: ajuste do tempo de funcionamento dos setores.


Fonte: (Rêgo Segundo et al., 2015).

O tempo de funcionamento de cada setor é visualizado na página “1” quando o modo de


operação selecionado for “Timer”, “Auto” ou “Smart”, indicando o tempo restante de funciona-
mento do setor atual, de forma decrescente (Figura 31).

Figura 31 – Detalhe do tempo restante de funcionamento de cada setor.


Fonte: (Rêgo Segundo et al., 2015).

A página “4” é destinada ao ajuste da hora na qual o sistema deve iniciar sua operação
(Figura 32).

Figura 32 – Página 4: ajuste da hora de iniciar a operação do sistema.


Fonte: (Rêgo Segundo et al., 2015).

Na página “5”, podem ser ajustados os parâmetros limite inferior e limite superior (Figura
33). Portanto, pode-se escolher, por exemplo, que o sistema de irrigação seja ligado, quando o
teor de água do solo for menor do que 3,2%, e desligado quando o teor de água aumentar acima
de 10,1%.

Figura 33 – Página 5: ajuste dos parâmetros limite superior e limite inferior.


Fonte: (Rêgo Segundo et al., 2015).
Capítulo 2. Revisão Bibliográfica 44

Na página “6”, pode-se definir uma faixa de horário na qual o sistema não deve entrar em
funcionamento. Esse parâmetro só tem função no modo de operação “Smart” (Figura 34).

Figura 34 – Página 6: configuração de horário de exclusão de funcionamento do sistema.


Fonte: (Rêgo Segundo et al., 2015).

Na página “7”, podem ser definidos os dias da semana em que o sistema deve entrar em
funcionamento (Figura 35).

Figura 35 – Página 7: configuração dos dias de funcionamento do sistema.


Fonte: (Rêgo Segundo et al., 2015).
45

3 Metodologia

Para dimensionar o sistema de irrigação automatizado proposto, realizou-se uma pes-


quisa de natureza qualitativa-quantitativa, de objetivo exploratório, com a técnica de pesquisa
bibliográfica e entrevista para coleta de dados, em um estudo de caso único, em que os dados
foram analisados pela técnica de análise de estudo.
O trabalho foi realizado em quatro etapas:

• Levantamento dos requisitos para o dimensionamento de um sistema de irrigação.

• Coleta de dados sobres as características especificas da área, cultura e do solo da proprie-


dade.

• Análise de estudo e dados coletados.

• Dimensionamento do sistema de sistema de controle e automação para manejo de irrigação.

3.1 Levantamento dos requisitos para o dimensionamento de


um sistema de irrigação
Verificou-se primeiramente, por meio da revisão da bibliografia, quais são os requisitos o
dimensionamento de um sistema de irrigação aspersão. Segundo Marouelli, Silva e Silva (2008)
as etapas são:

• Análise da qualidade da água para irrigação

A análise da qualidade da água deve levar em conta os aspectos físicos, químicos e sanitários.
Tais exames devem ser feitos em laboratórios específicos, uma vez que as especificidades destes
exames fogem do objeto central de estudo da pesquisa. A confirmação da qualidade da água foi
fornecida pelo proprietário por meio de uma entrevista semi-estruturada.

• Análise da relação Solo-água-planta-clima

Nesta etapa do projeto deve-se pontuar os parâmetros relevantes para projetar o sistema de
irrigação. Após verificar a qualidade da água, deve-se avaliar, em laboratório, a fertilidade do
solo, e se necessário, fazer sua devida correção, adicionando nutrientes. Deve-se observar também,
a textura, e a capacidade de campo. O ponto de murchamento também é um parâmetro relevante,
porém, depende das plantas a serem cultivadas. Outra observação relevante diz respeito ao clima
da região, bem como a altitude.
Capítulo 3. Metodologia 46

Após estas análises, pode-se partir para o cálculo da lâmina de água máxima a ser reposta
no solo, para o posterior dimensionamento do sistema de irrigação. A partir da Equação 2.6,
pode-se dimensionar a lâmina de água real disponível para as plantas, e a partir dela, saber quanto
de água deve ser reposta por meio da irrigação. A lâmina real de água disponível no solo leva
em conta que o limite inferior de umidade terá como referência um valor arbitrário denominado
umidade limite de irrigação (UI), que deve ser maior que o ponto de murcha permanente (PMP)
e menor que a capacidade de campo (CC), garantindo assim que a planta sempre tenha água
disponível para manter suas funções metabólicas saudáveis.
De posse da lâmina real disponível para as plantas, deve-se calcular a evapotranspiração,
que será a umidade perdida pelo solo, em forma de evaporação e transpiração das plantas. A
evapotranspiração depende do estádio fenológico da planta. Pode-se estimar este valor por meio
da Equação 2.7, que por sua vez, depende do valor do coeficiente de cultura (Kc ) presente na
Tabela 3 de acordo com a planta e o estádio fenológico da mesma. Com isto, deve-se calcular o
turno de rega, por meio da Equação 2.9.
Após isto, deve-se prosseguir para o cálculo da lâmina real necessária, por meio da
Equação 2.10, e então, levando em conta a Tabela 2, calcular a lâmina de água total necessária,
por meio da Equação 2.11 que será a lâmina a ser reposta no intervalo do turno de rega, por meio
de irrigação.

3.2 Dimensionamento do modelo de irrigação


3.2.1 Escolha do modelo de irrigação
A escolha do sistema de aspersão deve levar em conta eficiência da irrigação, investimento
inicial, uso de energia e mão de obra. Pode-se consultar a Tabela 2 para saber a eficiência do
sistema a ser escolhido. O sistema abordado no presente trabalho será o de aspersão fixa.

3.2.2 Escolha dos componentes do sistema de irrigação por aspersão fixa

• Aspersores:

O critério adotado para a escolha dos aspersores deve seguir os dados da Tabela 7:
Capítulo 3. Metodologia 47

Tabela 7 – Regra geral para escolha dos aspersores

Porte da área Tipo do aspersor Raio de alcance


abaixo de 2ha microaspersor abaixo de 5m
abaixo de 2ha pequeno porte de 5m a 15m
de 2ha a 10ha médio porte de 15m a 25m
acima de 10ha grande porte maior que 25m

Fonte: Adaptado de (MAROUELLI; SILVA; SILVA, 2008)

Tendo escolhido o tipo do aspersor, deve-se selecionar a distancia de posicionamento


entre eles, levando em conta o diâmetro irrigado, a vazão total e a pressão na base, em valores
tabelados pelo fabricante. Assim, com a combinação dos bocais e do ajuste do quebra-jato,
pode-se chegar a um valor aceitável de pressão de serviço para o dimensionamento do conjunto
moto-bomba.
A distância entre os aspersores deve atender às condições de manejo e a distribuição da
lâmina de forma mais linear possível. Convenciona-se que os aspersores estejam espaçados a
distancias múltiplas de 6m, dado ao comprimento dos tubos comerciais. Os valores utilizados
usualmente são de 12m, 18m, e 24m.
Tendo selecionado o modelo de aspersor, deve-se fazer o calculo da vazão que atende à
lâmina d’água total necessária para que se possa prosseguir com o dimensionamento dos tubos.

• Tubulação:

Encontra-se no mercado tubulações de aço e de PVC, tendo eles suas respectivas tabelas
de perda de carga, de acordo com os diâmetros, fornecidas pelos fabricantes. Essas perdas de
carga devem ser consideradas no momento de seleção do conjunto moto-bomba a ser utilizado.

• Válvulas solenoides:

As válvulas solenoides permitem que se controle a abertura e fechamento do fluxo de


água nas linhas dos aspersores, a partir de comandos elétricos. A escolha das válvulas precisam
ter o diâmetro compatível com a tubulação.

• Válvulas de comando hidráulico:

As válvulas de comando hidráulico são um opção para fazer o comando da abertura e


fechamento do fluxo de água. Elas são comandadas eletricamente pelas válvulas solenoides.

• Válvulas ventosas:
Capítulo 3. Metodologia 48

As válvulas ventosas permitem a passagem de ar e restringem a passagem de água,


evitando pressão de as na tubulação, bem como a formação de vácuo, que pode acarretar em
danos ao sistema. Devem ser colocadas nos pontos mais altos da tubulação.

• Válvulas de retenção:

As válvulas de retenção permitem a passagem de água apenas em um sentido do fluxo,


evitando que a água faça pressão nos componentes presentes nos pontos de menor altura ma-
nométrica, em especial, o conjunto moto-bomba. Devem ser colocadas ao longo da tubulação,
obedecendo as especificações do fabricante.

• Válvula de pé com crivo:

Uma válvula de pé com crivo deve ser colocada na entrada de água do conjunto moto-
bomba. Ela nada mais é que uma válvula de retenção que evita o esvaziamento da bomba. O
crivo é uma gaiola que evita a entrada de detritos sólidos de maior dimensão na bomba, que por
sua vez, podem danificá-la.

• Conjunto moto bomba:

Uma das etapas mais importantes do projeto é a seleção do conjunto moto-bomba, que
por sua vez deve atender aos requisitos de vazão e pressão demandados. Sua seleção é feita a
partir de tabelas fornecidas pelos fabricantes.

3.3 Coleta de dados sobres as características especificas da


área, cultura e do solo da propriedade
Esta etapa consistiu de em coletar os dados para atender aos requisitos do manual para
elaboração do sistema de aspersão.

• Quanto a coleta de dados referentes à qualidade da água, relação Solo-água-planta-clima.


Foi utilizada a técnica de pesquisa entrevista semi-estruturada com dono da propriedade.

• Quanto a definição do modelo de irrigação e o dimensionamento do modelo de aspersão o


plano de manejo do sistema de aspersão do objeto de estudo a técnica de coleta de dados
utilizada foi a revisão bibliográfica.

• Uma vez que a modelagem de um sistema de irrigação automatizado, envolve múltiplas


disciplinas e áreas de conhecimento como a análise da qualidade da água utilizada para
irrigação que passa por complexas análises químicas, físicas e sanitárias, além do estudo
Capítulo 3. Metodologia 49

da relação água-planta-solo, e outros que não são o objeto central de estudo da pesquisa,
optou-se por coletar os dados referentes à qualidade da água a utilizada no sistema de
irrigação do estudo de caso, através de uma entrevista semiestruturada com o dono da
propriedade no intuito apenas de confirmar se todos os requisitos foram preenchidos.

3.4 Análise de estudo e dimensionamento do sistema


Nesta etapa buscou-se confrontar as especificações técnicas do sistema IrrigoSystem com
os requisitos descrito no manual assim como a realidade da propriedade, afim de conseguir o
melhor dimensionamento do sistema de irrigação por aspersão. Por fim, se dimensiona o sistema
utilizando os critérios já abordados anteriormente na metodologia.
50

4 Resultados e discussão

4.1 Descrição da área


A área utilizada para o desenvolvimento do projeto é uma porção da Fazenda Flor da
Colina, situada no município de Jequitibá – MG, localizada na bacia do Rio das Velhas. A
demarcação da área de cultivo possui 6,5 hectares e será destinada ao cultivo de milho, como
representado na Figura 36. A área se encontra em uma altitude média de 650 metros acima do
nível do mar, e possui o solo de textura média.

Figura 36 – Mapa representativo da área cultivável de 6,5ha.


Fonte: Adaptado de (ANCEC Agrimensura, 2010)

4.2 Descrição da cultura


Conforme entrevista feita com o proprietário da área foi informado que a cultura à qual a
o cultivo será destinado é o plantio do milho-doce.
Capítulo 4. Resultados e discussão 51

4.3 Dos requisitos para o dimensionamento do sistema de ir-


rigação
4.3.1 Quanto a análise da água para irrigação
Uma vez não se tratando do objeto precípuo de estudo do presente trabalho, optou-se pelo
não aprofundamento quanto aos métodos utilizados pelo proprietário para atestar as qualidades
físico-químicas e sanitárias da água. Desta forma confirmou-se a compatibilidade da qualidade
da água, através de entrevista com o proprietário.

4.3.2 Quanto a analise da relação Solo-água-planta-clima


Conforme a metodologia apresentada, nesta etapa se determina a lâmina de água dis-
ponível para a planta, cujas variáveis envolvida para o cálculo estão apresentadas na Equação
2.6. Uma vez se utilizando o modelo de irrigação automatizado do IrrogSystem, durante a fase
de manejo, a lamina de água disponível para a planta passa a ser monitorado e controlada de
forma automática, através do limite superior e inferior de umidade do solo monitorado pelo
sensor instalado. O limite superior corresponde a capacidade de campo do solo, e o limite inferior
determinado pela Umidade limite de irrigação. A capacidade de campo é obtida via ensaios de
laboratório e a umidade limite de irrigação dada calculada de acordo com a cultura.
Contudo faz-se necessário para a fase de implementação do sistema de irrigação estipular
o valor máximo de lamina de água pois a quantidade em milímetros de água por metro quadrado
de terreno, será um dado indispensável para o dimensionamento da vazão demandada de água,
pelo sistema.
Uma vez estipulada a lâmina de água máxima, para o uso do IrrigoSystem, deve-se utilizar
o calculo dos limites superior e inferior de umidade em volume (Uv ), com os quais, o modo Smart
do equipamento, irá trabalhar para calcular automaticamente a quantidade de água a ser reposta.

4.4 Dimensionamento do modelo de irrigação


4.4.1 Escolha do Aspersor
Primeiramente foi feita a seleção do aspersor a ser utilizado, já que esta etapa é de grande
importância, pois ele vai garantir a lamina de água necessária para a cultura, no caso, a cultura
do milho. As características principais que foram levadas em conta na seleção do aspersor foram
versatilidade e baixo custo. Para que se possa ter a possibilidade de outras culturas, medida
necessária para o cultivo rotacionado, que preserva os nutrientes do solo bem como evita o
aparecimento de pragas, precisa-se de um aspersor que dê a possibilidade de ajuste do quebra-jato
externo para que a distribuição da água seja adequada à necessidade de campo. Para tanto, o
Capítulo 4. Resultados e discussão 52

aspersor comercial selecionado foi o modelo FABRIMAR ECO A232 (Figura 37). Este modelo
de aspersor também tem características vantajosas, como diversos diâmetro de bocais e mancal
com proteção contra elementos abrasivos, além de ser feito de material termoplástico aditivado
contra radiação ultravioleta e mola em aço inox pré-ajustada, garantindo maior durabilidade.

Figura 37 – Aspersor FABRIMAR ECO A232


Fonte: (FABRIMAR, 2015).

4.4.2 Escolha da tubulação


Devido à durabilidade e resistência a ataques químicos, optou-se por utilizar a tubulação de
PVC. Segundo Alpina (2005) o diâmetro interno utilizado para cálculo corresponde às tubulações
coláveis classe 15 (que suporta pressão de serviço de até 75 mca). O diâmetro interno dos tubos
depende da classe de pressão e é diferente nos tubos coláveis e roscáveis. Os valores da tabela
podem ser utilizados para qualquer tipo de tubulação de PVC com pequena margem de erro.

4.4.3 Disposição dos aspersores e da tubulação na área


Sabendo o tipo de aspersor e a tubulação a ser utilizada, os equipamentos foram dispostos
na área, de acordo com o croqui apresentado na Figura 38.
Capítulo 4. Resultados e discussão 53

Figura 38 – Disposição da linha principal, secundária, laterais e aspersores.


Fonte: Adaptado de (ANCEC Agrimensura, 2010)

Devido às condições de manejo, optou-se por um espaçamento entre os aspersores de


18m por 18m.

4.4.4 Quanto à evapotranspiração e o turno de rega


Um passo importante no projeto do sistema de irrigação é definir os parâmetros de
evapotranspiração e o turno de rega, para posteriormente fazer o cálculo da lâmina de água a ser
aplicada.
Primeiramente deve-se saber o valor da evapotranspiração de referência que será usado
na Equação 2.7. Para tanto, no presente trabalho, foi utilizado um artigo escrito por Lauro et al.
(2015) que aborda os diferentes maneiras de cálculo da evapotranspiração de referência na região
de Sete Lagoas, MG, ou seja, nas proximidades da área em questão.
O valor considerado, para efeito de cálculo, será o obtido pelo método de Penman-
Monteith, que no caso, foi de 4,25 mm/dia. Outro parâmetro da Equação é o Kc , que no caso,
para fim de dimensionamento do equipamento, deve-se utilizar o Kc do estado fenológico mais
Capítulo 4. Resultados e discussão 54

exigente da planta. Sendo o milho-doce, o Kc será 1,15. Sendo assim, segue-se para o cálculo da
evapotranspiração da cultura (ETc ), na Equação 4.1:

ET c = 1, 15 · 4, 25 = 4, 89 mm/dia (4.1)

Prosseguindo, deve-se calcular o turno de rega (TR) a partir da Equação 2.8 dentro da
Equação 4.2:

CC−P M P
10
· Da
TR = ·f ·Z (4.2)
ET c
Em que:
TR = turno de rega (dia);
CC = Capacidade de campo (% de peso seco);
PMP = Ponto de murcha permanente (% de peso seco);
Da = densidade do solo (g/cm3 ).
ETc = evapotranspiração da cultura (mm/dia);
f = fração real de água disponível para a cultura (decimal);
Z = profundidade efetiva do sistema radicular (cm).
Substituindo valores obtidos por entrevista com o proprietário, tem-se a Equação 4.3 com
o resultado:

32−18
10
· 1, 2
TR = · 0, 7 · 30 = 7, 2 dias (4.3)
4, 89
Com isso, percebe-se que pode-se trabalhar com um turno de rega de até 7 dias, sem
haver deficiência de umidade para as plantas. Para efeito de cálculo, será trabalhado um turno de
rega de 5 dias.
Após o cálculo do turno de rega, pode-se prosseguir para o cálculo da lâmina real
necessária paras as plantas, por meio da Equação 2.10, substituindo os valores, tem-se a Equação
4.4:

LRN = 5dias · 4, 89mm/dia = 24, 45 mm (4.4)

Com o valor da lâmina real necessária, pode-se partir para o cálculo da lâmina total
necessária, de acordo com a Equação 2.11, substituindo os valores, tem-se a Equação 4.5,
Capítulo 4. Resultados e discussão 55

considerando a eficiência da irrigação por aspersão fixa em 70%, de acordo com a Tabela 2:

100 · 24, 45
LT N = = 34, 9 mm (4.5)
70
Para efeito de cálculo, o valor da lâmina será arredondado para 35 mm.

4.4.5 Cálculo da vazão para atender à lâmina desejada


O sistema será dimensionado para que funcione uma linha por vez, e ao alcançar a lâmina
desejada, passar para a próxima linha, e assim, em sequência. O sistema deve conseguir alimentar
uma lâmina diária que corresponde à lâmina total necessária dividido pelo número de dias do
turno de rega, no caso do presente estudo, 35mm/5dias que é igual a 7,0 mm/dia, sendo que o
máximo de horas de irrigação permitido pela legislação por dia é de 20 horas. Apesar de haverem
linhas com 5, 6 e 7 aspersores, faz-se o cálculo levando em conta a linha com mais aspersores.
Sabendo que:
1 mm = 1 L/m2
1 L/m2 · 1 ha(10000m2 ) = 10000 L = 10 m3
logo:
7, 0 mm/ha/dia = 70 m3 /ha/dia
Sendo assim, segue o cálculo na Equação 4.6:

70m 3 /ha/dia · 6, 5 ha
Q= = 22, 75 m3 /h (4.6)
20 h/dia

Em que:
Q = Vazão total (m3 /h)
Como são 7 aspersores por linha, a vazão por aspersor será de aproximadamente 3,25m3 /h.
Considerando uma perda causada pelo vento de aproximadamente 5%, arredonda-se o valor
para 3,5m3 /h, facilitando a consulta à Tabela 8 fornecida pelo fabricante, na qual, a regulagem
utilizada está indicada. Sendo assim a vazão total considerada será de 24,5m3 /h.
Capítulo 4. Resultados e discussão 56

Tabela 8 – Tabela de desempenho ECO A232.

Fonte: Adaptado de (FABRIMAR, 2015).

Portanto, a configuração ideal será:

• Bocais de 6,6 mm e 4,0 mm;

• vazão por aspersor de 3,53 m3 /h;

• Diâmetro irrigado de 32 m;

• Espaçamento entre aspersores de 18x18 m.

4.4.6 Seleção do diâmetro dos tubos


Outra fase importante no dimensionamento do sistema é a seleção dos tubos, para se ter
o valor das perdas de carga, que devem ser levadas em conta na escolha da bomba, que será feita
posteriormente. A perda de carga dos tubos pode ser consultada na Tabela 9.
Capítulo 4. Resultados e discussão 57

Tabela 9 – Tabela de perda de carga de tubos de PVC a cada 100m.

Fonte: Adaptado de (ALPINA, 2005).

Consultando a Tabela 9 tem-se as seguintes perdas de carga para uma vazão de 25m3 /h:

• Linha primária - Tubo colável de 85 mm de diâmetro 342 m/100 ∗ 3, 0 = 10, 26 m;

• Linha secundária - Tubo colável de 85 mm de diâmetro 538 m/100 ∗ 3, 0 = 16, 14 m;

• Linha secundária - Tubo colável de 75 mm de diâmetro 108 m/100 ∗ 5, 6 = 6, 05 m.

4.4.7 Cálculo da altura manométrica a ser vencida pela motobomba


Após selecionado o aspersor, pode-se calcular a altura manométrica a ser vencida pela
motobomba, para posteriormente, selecionar o conjunto motobomba. Sendo assim, deve-se
considerar:
Capítulo 4. Resultados e discussão 58

• Altura do aspersor: 2 mca;

• Altura manométrica no ponto mais alto: 66 mca;

• Perda de carga da linha primária: 10, 26 mca;

• Perda de carga da linha secundária: 16, 14 mca;

• Perda de carga da linha dos aspersores: 6, 05 mca;

• Pressão de serviço dos aspersores: 2 5mca;

• Perda de carga na sucção: 6 mca;

• Perdas localizadas: 10%.

Sendo assim, tem-se que a soma será 131, 45 mca · 10% = 144, 6 mca.
Para fim de cálculo de dimensionamento, será considerada uma perda de carga de 145
metros de coluna de água.

4.4.8 Seleção do conjunto motobomba


Para o projeto, é importante que a motobomba seja trifásica e multiestágio, já que a
demanda por potência considerável, calculada a partir do dimensionamento do sistema e seleci-
onada de acordo com a Tabela 10 fornecida pela fabricante Schneider (2016) e ilustrada pela
Figura 39. Para a seleção, deve-se considerar a vazão, que será de 25 m3 /h, e a altura manométrica
total será 145 mca.

Figura 39 – Conjunto motobomba.


Fonte: (SCHNEIDER, 2016).
CARACTERÍSTICAS HIDRÁULICAS
MODELO Altura Manométrica Total (m.c.a.)

(pol)
(m.c.a.)
(m.c.a.)
(ME-3) 34 36 38 40 42 44 46 48 50 52 54 56 58 60 62 66 68 72 76 80 84 88 92 96 100 104 108 112 116 120

Trifásico

Estágios
de sucção

sem vazão

Ø Recalque

Monofásico

Potência (cv)
Ø Rotor (mm)

Altura máxima

Ø Sucção (pol)
Pressão máxima
Vazão em m³/h válida para sucção de 0 m.c.a.
ME-32125 A15512,5 2 x x 3 2 1/2 84 8 155 * * * * * * * * * * * * * 32,6 31,7 29,9 28,9 26,6 23,5 19,5
ME-32125 A16012,5 2 x x 3 2 1/2 93 8 160 * * * * * * * * * * * * * * * * * * 27,8 25,1 21,5 16,7
ME-32150 A160 15 2 x x 3 2 1/2 93 8 160 37,0 36,7 36,4 36,1 35,8 35,5 35,2 34,9 34,5 34,2 33,8 33,5 33,1 32,7 32,2 31,2 30,6 29,3 27,6 25,5 22,2 17,6
Capítulo 4. Resultados e discussão

ME-32150 A167 15 2 x x 3 2 1/2 104 8 167 * * * * * * * * * * * * * * * * * * 31,8 30,2 28,4 26,3 23,3 18,9 11,5
ME-32125 B14612,5 2 x x 3 2 1/2 78 8 146 * * * 43,7 43,0 42,2 41,4 40,6 39,7 38,8 37,8 36,7 35,5 34,3 32,9 29,9 28,2
ME-32150 B150 15 2 x x 3 2 1/2 83 8 150 45,2 44,7 44,3 43,8 43,4 43,0 42,5 41,9 41,2 40,8 39,9 39,1 38,3 37,5 36,5 34,4 33,2 30,2 26,8 22,2
ME-32150 B154 15 2 x x 3 2 1/2 88 8 154 * * * * * * * * 44,3 43,6 42,8 42,1 41,2 40,4 39,5 37,5 36,4 33,9 31,1 27,7
ME-32150 B158 15 2 x x 3 2 1/2 93 8 158 * * * * * * * * * * * * * * * * * 37,6 35,1 32,5 29,4
ME-32200 B168 20 2 x 3 2 1/2 106 8 168 * * * * * * * * * * * * * * * * * * 41,7 40,0 38,2 36,1 33,7 30,9 27,5
ME-33200 B142 20 3 x 3 2 1/2 109 8 142 * * * 45,8 45,4 45,1 44,7 44,3 43,9 43,5 43,1 42,7 42,3 41,8 41,3 40,2 39,6 38,3 36,9 35,4 33,6 31,6 29,5 27,2 24,5
ME-33200 B150 20 3 x 3 2 1/2 125 8 150 * * * * * * * * * * * * * * * * * * * * * 38,6 37,2 35,8 34,1 32,2 30,2 27,9 25,2 21,9
ME-32250 B182 25 2 x 3 2 1/2 125 8 182 * * * * * * * * * * * * * * * * * * * * * * * * 40,6 38,9 36,9 34,5 31,7 28,0
ME-32150 C142 15 2 x x 3 2 1/2 75 8 142 * * * 52,4 51,2 50,0 48,7 47,4 46,0 44,6 43,2 41,8 40,3 38,7 37,0 33,4 31,4
ME-32150 C147 15 2 x x 3 2 1/2 82 8 147 * * * * * * * * * * * 47,3 45,9 44,4 42,8 39,7 38,0 34,3 30,0
ME-32200 C154 20 2 x 3 2 1/2 92 8 154 * * * * * * * * * * * * * 52,5 51,3 48,8 47,5 44,6 41,3 37,7 33,6
ME-32250 C157 25 2 x 3 2 1/2 96 8 157 * * * 63,0 62,4 61,7 61,0 60,3 59,6 58,8 58,0 57,2 56,3 55,4 54,5 52,3 51,1 48,4 45,5 42,3 38,7 34,6 29,8
ME-32250 C160 25 2 x 3 2 1/2 100 8 160 * * * * * * * * * * * * * * * 55,7 54,5 51,9 49,2 46,2 42,9 39,2 35,1
ME-32250 C167 25 2 x 3 2 1/2 111 8 167 * * * * * * * * * * * * * * * * * * * 54,2 51,6 48,8 45,7 42,4 38,6 34,3
ME-32300 C167 30 2 x 3 2 1/2 111 8 167 * * * 65,3 64,9 64,6 64,2 63,8 63,4 63,1 62,6 62,2 61,8 61,3 60,8 59,8 59,2 58,0 56,4 54,2 51,6 48,7 45,7 42,3 38,6 34,2 29,0
CARACTERÍSTICAS HIDRÁULICAS
MODELO Altura Manométrica Total (m.c.a.)

(pol)
Pressão
(m.c.a.)
(ME-3) 100 105 110 115 120 125 130 135 140 145 150 155 160 165 170 175 180 185 190 195 200 205 210 215 220 225 230 240 250 260

Trifásico

Estágios
de sucção

Ø Recalque

Monofásico
máxima sem

Potência (cv)
vazão (m.c.a.)

Ø Sucção (pol)
Ø Rotor (mm)

Altura máxima
Vazão em m³/h válida para sucção de 0 m.c.a.
ME-33200 A16020 3 x 3 2 1/2 140 8 160 32,0 30,7 29,3 27,7 25,7 23,0 19,2
ME-33250 A16825 3 x 3 2 1/2 156 8 168 * * 33,1 32,0 30,7 29,3 27,7 25,8 23,2 19,7 14,7
ME-34300 A16530 4 x 3 2 1/2 197 8 165 * * * * * * * * * * * * 29,0 27,8 26,4 24,7 22,4 19,5 15,8
ME-34400 A17840 4 x 3 2 1/2 233 8 178 * * * * * * * * * * * * * * * * * * * * 28,5 27,4 26,0 24,1 21,6 18,6 14,1
ME-33250 B16025 3 x 3 2 1/2 144 8 160 * * 38,3 36,5 34,6 32,3 29,8 26,7 22,4
ME-33300 B17030 3 x 3 2 1/2 165 8 170 * * * * * * 38,2 36,4 34,5 32,4 29,9 26,8 22,2
ME-34300 B15730 4 x 3 2 1/2 185 8 157 * * * * * * * * * * 35,0 33,3 31,6 29,6 27,4 24,8 21,5
ME-33400 B18740 3 x 3 2 1/2 198 8 187 * * * * * * * * * * * * 40,8 39,4 37,8 36,0 34,0 31,7 28,7
ME-34400 B17040 4 x 3 2 1/2 220 8 170 * * * * * * * * * * * * * * * * 37,0 35,5 33,9 32,2 30,3 28,2 25,6

Fonte: Adaptado de (SCHNEIDER, 2016).


ME-34500 B18250 4 x 3 2 1/2 250 8 182 * * * * * * * * * * * * * * * * * * * * 40,6 39,6 38,4 37,2 35,8 34,2 32,5 28,0
ME-34500 B18750 4 x 3 2 1/2 264 8 187 * * * * * * * * * * * * * * * * * * * * * * * * * * 37,0 34,0 30,3 23,6
ME-33250 C15025 3 x 3 2 1/2 130 8 150 43,7 41,1 38,2 35,0 31,4
ME-33300 C15630 3 x 3 2 1/2 143 8 156 50,9 48,8 46,4 43,8 41,0 37,9 34,5
ME-34300 C14730 4 x 3 2 1/2 163 8 147 * * * * 44,4 42,5 40,5 38,4 36,2 33,8 31,2
ME-33400 C16540 3 x 3 2 1/2 163 8 165 * * 56,4 54,3 52,1 49,8 47,4 44,8 41,9 38,8 35,2
ME-33400 C17040 3 x 3 2 1/2 175 8 170 * * * * * * 53,3 51,0 48,6 46,1 43,4 40,5 37,2 33,2 28,3
ME-34400 C15740 4 x 3 2 1/2 194 8 157 * * * * * * * * * * 46,3 44,4 42,3 40,1 37,8 35,2 32,4
ME-33500 C17750 3 x 3 2 1/2 191 8 177 * * * * * * * * 56,6 54,5 52,3 49,9 47,4 44,7 41,8 38,5 34,8
ME-33500 C18250 3 x 3 2 1/2 204 8 182 * * * * * * * * * * * * 53,4 51,1 48,6 46,0 43,3 40,4 36,9 32,9 27,8
Tabela 10 – Tabela de Seleção de Bombas, página 51 do catálogo do fabricante.

ME-34500 C16750 4 x 3 2 1/2 224 8 167 * * * * * * * * * * * * * * * * 47,3 45,3 43,2 41,0 38,6 36,0 33,1
59
Capítulo 4. Resultados e discussão 60

Sendo assim, a motobomba selecionada no catálogo Schneider (2016) foi a do modelo


ME-33300 B170, de potência 30 cv, 3 estágios e trifásica. Ela consegue bombear a uma altura
manométrica de 145 mca até 32,4 m3 /h.

4.4.9 Componentes responsáveis pela automatização do sistema


4.4.9.1 Sensores de umidade

Um sensor de baixo custo será adicionado no centro de cada linha de aspersores, podendo-
se assim, monitorar a umidade de cada linha, e dependendo do nível de umidade, acionar ou
não a válvula solenoide correspondente, que por sua vez aciona a válvula hidráulica, liberando o
fluxo para a devida reposição de água no solo.

4.4.9.2 Módulo de comunicação sem-fio

Cada sensor possui seu módulo de comunicação sem fio, disposto ao longo da área,
podendo assim, comunicar com o controlador.

4.4.9.3 Controlador

Um controlador, alocado próximo a área, será responsável pelo acionamento das válvulas
solenoides, por meio de uma comunicação sem fio.

4.4.10 Operação do equipamento


A operação do equipamento deve seguir os seguintes passos:

• ajustar a hora do equipamento;

• ajustar o tempo de funcionamento de cada setor, no caso, o turno de rega é de 5 dias, logo,
sendo 31 setores, cada setor será acionado por 3 horas e 12 minutos;

• deve-se ajustar a hora na qual o setor deve iniciar a operação;

• deve-se ajustar o limite inferior e superior do teor de água do solo, sendo que o inferior
corresponde umidade limite (Ul), acima do ponto de murchamento (PMP), e o superior
corresponde à capacidade de campo (CC) em volume. Com a ajuda da Equação 2.3, tem-
se a correlação entre a porcentagem de peso e a porcentagem de volume. O cálculo é
demonstrado nas Equações 4.7, para o limite inferior, e 4.8, para o limite superior:
Limite interior:
U v = U p · Dg = 20 · 1, 2 = 24% (4.7)

Limite superior:
U v = U p · Dg = 32 · 1, 2 = 38, 4% (4.8)
Capítulo 4. Resultados e discussão 61

Sendo assim, tem-se que o limite inferior será de 24% e o limite superior será de 38,4%;

• pode-se definir uma faixa de horário na qual o sistema não deve entrar em funcionamento,
contanto que o sistema esteja configurado no modo de operação “Smart”;

• podem ser definidos os dias da semana em que o sistema deve entrar em funcionamento.
62

5 Considerações Finais

Neste trabalho foi apresentado o desenvolvimento de um projeto de um sistema de


irrigação por aspersão com direcionamento automático de fluxo de água baseado na medição da
umidade do solo.
No desenvolvimento, pôde-se perceber a complexidade de um dimensionamento de um
sistema de irrigação, que envolve um número elevado de variáveis e parâmetros de difícil obtenção,
algumas destas, acessíveis com a ajuda de laboratórios. Tal complexidade é verificada até mesmo
por experientes projetistas, o que implica muitas vezes em sistemas superdimensionados.
Simplificar a instalação e o manejo de um sistema de irrigação pode viabilizar sua
utilização a mais produtores, o que causaria o aumento da produção de alimentos, bem como o
desenvolvimento econômico e social, e impacto direto na vida das pessoas.
O fato do IrrigoSystem monitorar diretamente a umidade do solo, torna dispensável
o monitoramento de algumas das variáveis necessárias para o dimensionamento, bem como
o manejo da irrigação. Além disso, traz economia de água e energia elétrica, e aumento de
produtividade, sendo necessário áreas menores, mais bem aproveitadas. Sendo assim, uma
solução que vai de encontro com os valores da sustentabilidade.
O direcionamento automático do fluxo do água torna a irrigação mais confiável, e facilita
a mão de obra, o que traz economia e aumento da produção, bem como a comunicação sem fio
entre os sensores e o controlador facilita a instalação do sistema.
Observa-se que pode-se desenvolver em trabalhos futuros a automatização do sistema e
mais alto nível, de forma que o controlador tenha as informações guardadas de várias culturas,
sendo mais intuitivo e acessível ao produtor a configuração do sistema, bem como a troca de
informações com uma central meteorológica, para poder prever chuvas e fenômenos climáticos
que possam influir na cultura.
Pode-se prever também um teste em escala piloto do sistema antes de aplica-lo na
fazenda, tornando mais clara a utilização e os desafios que serão enfrentados para a implantação
e utilização.
63

Referências

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Referências 64

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