Estudo Sobre A Santa Ceia Do Senhor
Estudo Sobre A Santa Ceia Do Senhor
Estudo Sobre A Santa Ceia Do Senhor
A Santa Ceia do Senhor é uma ordenança do próprio Jesus à sua Igreja. Essa ordenança é observada pela
maioria das tradições cristãs. Apesar de ser conhecida de todos os cristãos, muitos não entendem
plenamente o seu significado. Neste estudo bíblico, conheceremos os pontos principais acerca da Santa
Ceia do Senhor.
Qual a Origem da Santa Ceia do Senhor na Bíblia?
A Bíblia nos mostra claramente a origem da Santa Ceia do Senhor. Os Evangelhos Sinóticos descrevem em
detalhes a celebração da primeira Ceia (Mateus 26:26-29; Marcos 14:22-25 e Lucas 22:14-20). Na
sequência, o Novo Testamento também mostra a observância da Santa Ceia do Senhor nos primeiros anos
da Igreja Cristã (Atos (2:42; 20:7; 1 Coríntios 10:16; 11:23).
A Santa Ceia do Senhor foi instituída na noite em Jesus Cristo foi traído. Vejamos:
E, respondendo Judas, o que o traía, disse: Porventura sou eu, Rabi? Ele disse:
Tu o disseste.
E, quando comiam, Jesus tomou o pão, e abençoando-o, o partiu, e o deu aos
discípulos, e disse: Tomai, comei, isto é o meu corpo.
E, tomando o cálice, e dando graças, deu-lho, dizendo: Bebei dele todos;
Porque isto é o meu sangue, o sangue do novo testamento, que é derramado
por muitos, para remissão dos pecados.
(Mateus 26:25-28)
Qual o significado da Santa Ceia?
A Santa Ceia do Senhor também é um momento especial de comunhão da Igreja, onde fica evidente a
participação dos crentes como membros do corpo de Cristo, e manutenção do crescimento espiritual de
cada cristão. Na Santa Ceia do Senhor, o redimido se alimenta espiritualmente de Cristo.
Mas muitas pessoas interpretam a Santa Ceia do Senhor de forma errada. Elas defendem que a cada
realização da Santa Ceia, o sacrifício de Jesus é repetido. Esse tipo de entendimento é chamado
de transubstanciação, pois diz que supostamente o pão e o vinho se transubstanciam literalmente no corpo
e no sangue de Jesus, Porém, essa ideia não encontra base bíblica alguma. A interpretação bíblica correta
diz que a Santa Ceia é uma recordação o sacrifício redentivo de Jesus na cruz, e não uma repetição dele.
Sobre essa questão, vale a pena ressaltar que não é necessário nenhum novo sacrifício. O sacrifício de
Jesus, uma vez realizado, é suficiente para o perdão dos pecados. O sacrifício de Cristo não perde a validade
com o tempo e não necessita de repetições ou de complementos.
Os elementos da Santa Ceia do Senhor
Jesus apresentou os elementos que simbolizariam o seu sacrifício: o pão e o vinho. O pão simboliza seu
corpo partido, e o cálice simboliza seu sangue derramado como nova aliança.
Como já foi dito, algumas tradições cristãs interpretam os elementos da Santa Ceia de forma equivocada. A
Igreja Reformada não aceita tal interpretação, pois não existe base bíblica para defendê-la. Assim, na
celebração da Santa Ceia do Senhor o pão continua sendo pão e o vinho continua sendo vinho.
Porém, simbolicamente o pão e o vinho representam o corpo e o sangue de Cristo. Ao comer do pão e tomar
do cálice, pela fé o cristão participa da comunhão em Jesus e se alimenta espiritualmente d’Ele.
Esta é uma discussão que ocorre entre alguns cristãos. Algumas pessoas acreditam que é um erro utilizar
suco de uva na Santa Ceia, enquanto outras acreditam ser um erro a utilização do vinho. Tanto no Evangelho
de Mateus quanto nos Evangelhos de Marcos e Lucas, Jesus se refere ao cálice discriminando seu
conteúdo, mas sem dar maiores detalhes que respondam essa questão. Vejamos:
Porque vos digo que já não beberei do fruto da vide, até que venha o reino de Deus. (Lucas 22:18)
Note que o texto não específica se era suco de uva ou vinho. Jesus apenas que dentro do cálice havia
o “fruto da vide”. Logo, é bem difícil determinar se o que foi utilizado por Jesus era o suco fermentado ou
não.
Alguns interpretes, considerando os aspectos da cultura da época de Jesus , afirmam que se tratava de
vinho fermentado. Outros interpretes acreditam que por se tratar do período da Páscoa, qualquer
fermentação era proibida. Assim, defendem que o elemento utilizado foi o suco de uva.
A dificuldade aumenta diante do fato de que que a palavra grega oinos, é utilizada para descrever tanto o
vinho quanto o suco de uva. Apesar dos esforços de estudiosos de ambos os lados, é impossível concluir
com exatidão se o cálice da Santa Ceia era de suco de uva fermentado ou não. O texto de 1 Coríntios 11,
parece indicar que a Igreja Primitiva utilizada vinho nas celebrações que ocorriam em conexão com a Santa
Ceia do Senhor.
O importante é que o suco de uva, fermentado ou não, não deixa de ser o “fruto da vide”. Com relação ao
suco, diferentemente do vinho, ele apenas não passa pelo processo de fermentação. Esse processo com
certeza não acrescenta importância alguma na finalidade da Santa Ceia do Senhor. Se fosse esse o caso,
a Bíblia teria descrito sua importância. Sendo assim, tanto o suco de uva quanto o vinho podem ser
utilizados.
A mesma discussão que acontece acerca do cálice também acontece acerca do pão. A diferença é que o
texto bíblico diz claramente que o pão utilizado por Jesus era o pão asmo (ou ázimo). Essa certeza se dá
pelo fato de que quando Jesus celebrou a primeira Ceia, Ele estava em uma refeição pascal. Portanto, além
do pão asmos, na mesa também havia o cordeiro e as ervas amargas.
Infelizmente responder as questões acerca do que deve ser utilizado, se pão fermentado ou asmo, se vinho
ou suco de uva sem fermentação, gera constantemente um problema maior do que a discussão em si. Essas
questões acabam levando ao desentendimento e até mesmo ao preconceito entre os cristãos.
Existem casos em que membros de uma determinada igreja que celebrava a Santa Ceia utilizando o pão
com fermento, foram proibidos de participar da Santa Ceia do Senhor quando visitaram outra igreja que
utilizava o pão asmo. O pior é que eles ainda foram praticamente expostos como profanadores da Ceia do
Senhor.
Normalmente esse tipo de radicalismo surge de uma interpretação inflexível e equivocada acerca da figura
do fermento na Bíblia. É verdade que nas Escrituras, o fermento aparece frequentemente como símbolo do
pecado. Porém, esse padrão não pode ser generalizado. Isso significa que há situações em que o fermento
possui outro significado a depender do contexto. Um exemplo disto é a Parábola do Fermento.
Certo é que não existe nenhuma especificação bíblica sobre as características dos elementos que devem
ser utilizados na celebração da Santa Ceia do Senhor. Também é preciso considerar que a Santa Ceia do
Senhor não é a celebração da Páscoa, apesar de tê-la substituído. Se fosse para os elementos da Santa
Ceia ser uma repetição dos elementos pascais, então precisaríamos incluir o cordeiro, as ervas amargas e
o recital dos salmos pertinentes.
Já fiquei sabendo de um caso em que numa determinada igreja até mesmo os padeiros que preparam o pão
precisam ser “designados” por Deus. Essas pessoas então eram submetidas a um período de consagração
para que pudessem ser dignas de preparar o pão. Certamente um absurdo!
São estas e outras coisas que acabam sendo muito mais graves do que a discussão sobre o tipo de pão e
vinho. Nesses casos pode-se ver uma idolatria tão grave quando o erro da doutrina da transubstanciação,
desviando o foco do que realmente é sagrado.
Devemos lembrar do que o apóstolo Paulo tratou na igreja de Corinto. Sabemos que ele era um profundo
conhecedor das escrituras e das tradições judaicas, como também do propósito do Evangelho de Cristo. Em
suas recomendações sobre a Santa Ceia do Senhor, o apóstolo não se apegou em discutir se o suco de
uva era fermentado, ou o tipo de pão. Ele se concentrou em repreender o falso entendimento sobre o ato
tão importante que é a Santa Ceia do Senhor.
Então quando Paulo exortou sobre o fermento presente naquela igreja, não se tratava do fermento do pão
ou do suco de uva. Ele se referiu ao fermento do pecado que comprometia a pregação do Evangelho ali.
Qual o nome correto: Santa Ceia ou Ceia do Senhor?
Muitas pessoas também discutem sobre a forma correta de se referir a essa ordenança do Senhor Jesus.
Geralmente tal discussão está relacionada a seguinte pergunta: É correto usar o termo “Santa Ceia”?
Para responder esta pergunta, precisamos entender que a palavra “santo” traduz os termos
hebraicos kadosh e hasid e o termo grego hagios. De forma geral esses termos significam no contexto
bíblico “separado” ou “consagrado a Deus”.
O problema é que muita gente relaciona a palavra “santo” com a prática da idolatria. Então algumas pessoas
dizem que a expressão “Santa Ceia” implica num tipo de idolatria da Ceia do Senhor. Mas é claro que esse
tipo de interpretação não faz sentido algum biblicamente.
É verdade que o termo “Santa Ceia” não pode ser encontrado no texto bíblico. Na Bíblia, as expressões
utilizadas para se referir à Ceia do Senhor são: “Ceia”, “Ceia do Senhor” ou simplesmente “partir do pão”.
Porém, conforme podemos notar, o real significado da palavra “santo” em nada contradiz o que é proposto
pela Bíblia.
Outros nomes também são utilizados como designação da Ceia do Senhor nas diferenças tradições cristãs,
como por exemplo, Santa Comunhão ou Eucaristia. Nas igrejas reformadas os nomes mais utilizados são:
Santa Ceia, Ceia ou Ceia do Senhor.
Na tradição Reformada, a ministração dos sacramentos (Ceia do Senhor e Batismo) fica a cargo dos
ministros devidamente ordenados ao ministério e aptos a exercer tal oficio. Mas com relação ao auxílio na
distribuição dos elementos da Santa Ceia do Senhor, a Bíblia não fornece nenhuma recomendação
específica.
No geral, presbíteros e diáconos se ocupam dessa tarefa de distribuição, auxiliando assim o ministro na
administração da Santa Ceia do Senhor. Na falta de presbíteros e diáconos, o ministro poderá solicitar que
outros membros da igreja local auxiliem na distribuição dos elementos da Ceia.
Infelizmente por pura ignorância alguns casos lamentáveis acontecem. Já houve ocasiões em que pastores
se recusaram a participar da Santa Ceia do Senhor por serem servidos por diáconos. Uma atitude assim é
tão infeliz que despreza o significado da comunhão do corpo de Cristo.
Sobre esse assunto existem duas escolas de interpretação. A primeira diz que apenas os batizados podem
participar da Santa Ceia do Senhor. Já a segunda afirma que qualquer pessoa pode participar.
Quem defende que qualquer pessoa pode participar da Santa Ceia do Senhor, argumenta que na Bíblia não
existe a recomendação de que a pessoa precisa ser batizada para se juntar à Ceia. Normalmente os
defensores dessa posição afirmam que a participação na Santa Ceia do Senhor pode servir de um ato
acolhedor e evangelístico para com as pessoas não batizadas ou incrédulas. Dizem também que a
participação física na Santa Ceia do Senhor não garante a alimentação espiritual. Em outras palavras, uma
pessoa não batizada não estaria tomando indignamente a Santa Ceia do Senhor simplesmente porque ela
não conhece seu significado.
É verdade que não existe na Bíblia a frase uma frase assim: “Só participará da Ceia do Senhor quem for
batizado”. Porém, de forma implícita, a Bíblia não deixa dúvida de que a participação na Santa Ceia do
Senhor reserva-se aos cristãos batizados e aptos a participar dela, isto é, aqueles que compreendem seu
significado e importância.
O Novo Testamento registra de forma clara uma sequência de acontecimentos relacionados a pregação do
Evangelho. Em primeiro lugar, a pessoa precisa crer em Jesus e ser batizada. Consequentemente, ela deve
ser instruída nos mandamentos da Palavra de Deus (Mateus 28:19).
Essa sequência fica bem evidente em Atos 2:38, após o sermão pregado pelo apóstolo Pedro. As pessoas
se arrependeram e creram em Jesus, e imediatamente foram batizada. Naquele dia quase três mil pessoas
receberam o Evangelho e foram batizados.
Na sequência do mesmo texto, o escritor do livro de Atos informa o que aconteceu com as pessoas que
foram convertidas a Cristo. Ele diz que elas “perseveraram na doutrina dos apóstolos e à comunhão, ao
partir do pão às orações” (Atos 2:42).
Desta maneira, fica muito claro que a Ceia do Senhor é reservada para a comunhão dos que estão em Cristo
e formam seu corpo. A Santa Ceia não é apenas um ritual litúrgico, mas um ato de discernimento e de muita
importância. Se não houver significado, não será a Santa Ceia do Senhor. Sendo assim, só está apto a
participar da Ceia aquele que consegue discernir o seu significado. Se não for assim, o propósito da Santa
Ceia é desvirtuado.
Um dia um homem estava passando na porta de uma igreja e foi convidado a se batizar. Era um dia quente
de verão. Então rapidamente ele aceitou o convite. Após ser batizado, o homem agradeceu a gentileza, pois,
segundo ele, agora estava muito mais refrescante. Acho que isto explica essa questão, certo? Da mesma
forma com que o batismo não é um simples mergulho, a Ceia do Senhor também não é uma refeição
qualquer.
A Bíblia não traz uma regulamentação sobre a frequência com que a Santa Ceia do Senhor deve ser
ministrada na comunidade cristã local. Cada igreja tem sua própria organização quanto a periodicidade em
que a Santa Ceia é servida. Enquanto umas realizam poucas vezes por ano, outras realizam todas as
semanas.
A maioria das igrejas servem a Santa Ceia uma vez por mês. O mais importante de tudo isso é que todos
membros tenham a oportunidade de participar.
Essa pergunta é um pouco difícil de responder por que cada um deve examinar a si mesmo. Paulo exorta a
igreja de Corinto a não participar da Ceia do Senhor indignamente. Muitas pessoas interpretam este texto
como sendo uma exortação a respeito de pecados ocasionais, mas na verdade a exortação de Paulo é em
relação à perda do significado da Santa Ceia do Senhor para algumas pessoas.
O problema de encarar essa exortação de Paulo como sendo especificamente acerca de um pecado
ocasional ou não confessado, por exemplo, traz alguns problemas. Quem pensa assim geralmente entender
que esse pecado afasta a pessoa apenas da participação da Santa Ceia do Senhor. Mas na verdade, o
pecado age de uma forma muita mais perigosa.
Portanto, participar da Ceia do Senhor esquecendo-se do seu real significado real, é participar indignamente.
Por banalizar o significado do sacrifício e da comunhão com Cristo, tal pessoa acaba participando da Santa
Ceia do Senhor para a própria condenação.
Esta pergunta também pode ser respondida com o mesmo texto de 1 Coríntios 11. A pessoa que participa
da Santa Ceia do Senhor deve estar apta a realizar um alto exame. Sendo assim, não é possível tenha esse
discernimento, e compreenda da forma correta o significado da Santa Ceia do Senhor.
Quanto aos pais, muitos acabam deixando os filhos de fora do momento da Santa Ceia, e isso não é o ideal.
O correto é que os filhos estejam presentes e sejam ensinados gradativamente, conforme vão
amadurecendo e adquirindo entendimento. Os pais devem instruir os filhos sobre o significado da Santa
Ceia do Senhor, para que tão logo também participem.
Em algumas situações geralmente é permitido participar da Santa Ceia do Senhor fora do local de reunião
costumeiro da comunidade cristã. Essas situações são as mais variadas. Podem ser citados como exemplo,
casos de enfermidades ou de idosos que não conseguem ir até o local onde a igreja de reúne. Então a Santa
Ceia do Senhor é servida em suas casas ou hospitais.
Porém, muita gente advoga poder realizar a sua própria Santa Ceia do Senhor em casa. Na maioria das
vezes esse tipo de comportamento é comum à pessoas que não querem mais fazer parte de uma
comunidade cristã. Outras dizem administrar uma versão própria da Santa Ceia do Senhor em casa como
uma forma de santificação ou um tipo de ato profético.
No entanto, em casos assim não existe base bíblica que defenda tal atitude. A verdadeira essência da Santa
Ceia do Senhor é a comunhão do corpo de Cristo. Os redimidos se assentam à mesa do Senhor para juntos
se lembrarem da obra redentora de Jesus no Calvário. Participar da Santa Ceia do Senhor com uma intenção
individualista é completamente errado. Isto de certa forma faz repetir os erros da igreja de Corinto, e acaba
provendo uma participação indigna, onde não há discernimento do significado e propósito da Ceia.
Claramente podemos traçar um paralelo entre a Ceia do Senhor e a Páscoa. Porém não devemos cometer
o erro de confundir a Santa Ceia com a Páscoa judaica.
O paralelo que podemos estabelecer é principalmente pelo fato de que Cristo é a nossa Páscoa. Ele foi
sacrificado por nós como um cordeiro pascal (1 Corintios 5:7). Por isto Ele é o verdadeiro Cordeiro de Deus
que tira o pecado do mundo. Seu corpo partido e seu sangue derramado, proveram a redenção de seu povo.
A Nova Aliança entre Cristo e a Igreja foi evidenciada na Ceia antes da morte de Jesus Cristo. Ali Jesus
celebrou a última Páscoa, e estabeleceu a primeira Ceia. Ele também deu as recomendações necessárias
para que seu povo observasse essa ordenança até o dia de sua volta.
Enquanto os judeus comemoram a Páscoa esperando um novo livramento como o Êxodo, os cristãos
participam da Santa Ceia do Senhor lembrando do seu sacrifício. O Salvador que deu sua vida em resgate
de seu povo, em breve voltará e juntos cearemos com Ele.