Fundamentos de Quimica

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Universidade Estadual do Centro Oeste

Curso de Educação no Campo

Fundamentos de Química

Prof. Eryza G. de Castro

Guarapuava - 2011
1 - Matéria e Energia

1.1 – Introdução

A Química está voltada para o estudo da matéria, qualquer que seja sua origem.
Estuda a composição da matéria, suas transformações e a energia envolvida nesses
processos.
Matéria é tudo aquilo que tem massa e ocupa lugar no espaço. A matéria pode ter
dimensões limitadas, neste caso será um corpo. Se o corpo possui uma finalidade
específica, teremos então um objeto.
A seguir, temos alguns exemplos de matéria, corpo e objeto:
- A madeira, o vidro e o ferro são matérias;
- Um pedaço de madeira, um caco de vidro, uma barra de ferro são corpos;
- Uma cadeira de madeira, um copo de vidro, uma balanço de ferro são objetos.
Energia é a capacidade de realizar trabalho, podendo se apresentar na forma de
energia calorífica, mecânica, elétrica, cinética, luminosa, potencial, nuclear e química.
- Antoiene Laurent de Lavoisier (1743-1794): “Na natureza nada se cria, nada se
perde, tudo se transforma”. Diante dessa afirmação, podemos dizer que matéria e energia
estão intimamente ligadas. E o estudo da química depende tanto da matéria quanto da
energia.
Exemplos:
- Queima da madeira  aquecimento dos corpos  energia calorífica
- Carga e descarga da bateria  energia química  energia elétrica
- Explosão do núcleo atômico  energia nuclear

1.2 – Propriedades gerais da matéria

São aquelas propriedades presentes em qualquer tipo de matéria. As mais


importantes são:
a) Inércia: A matéria não pode por si só modificar a sua condição de movimento ou repouso;
b) Impenetrabilidade: Dois corpos não podem ocupar, ao mesmo tempo, o mesmo lugar no
espaço.
c) Divisibilidade: A matéria pode sempre ser dividida em porções cada vez menores.
d) Massa: E a quantidade de matéria existente em um corpo. As principais unidades de
massa são kg (quilograma); g (grama); mg (miligrama)

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e) Volume: É a ocupação espacial da matéria.
As principais unidades de volume são: m3 (metro cúbico); L (litro); dm3 (decímetro
cúbico); ml (mililitro) e cm3 (centímetro cúbico).

1.3 – Propriedades específicas da matéria

São aquelas utilizadas para identificar e diferenciar os diversos materiais. As


principais propriedades específicas da matéria são divididas em propriedades físicas e
químicas. São elas:

1.3.1 – Propriedades Físicas

a) Densidade (d): Densidade absoluta ou massa especifica é uma característica própria de


cada material, definida como razão entre a massa de uma amostra dele e o volume ocupado
por essa massa, portanto

Em geral a densidade de um sólido é maior do que a de um líquido, e esta por sua


vez é maior que a densidade dos gases. A massa de um objeto pode ser medida facilmente
com uma balança, e o volume de um objeto regular pode ser calculado medindo-se e
multiplicando-se largura (l), comprimento (c) e altura (h).
O volume de objetos irregulares pode ser medido colocando-os em um recipiente
graduado cheio de líquido (por exemplo, água) e medir a variação de volume deste liquido.

b) Ponto de fusão: É a temperatura na qual uma substância pura passa do estado


sólido para o estado líquido.

c) Ponto de ebulição: É a temperatura na qual uma substância pura passa do estado


líquido para o estado gasoso.

1.3.2 – Propriedades Químicas

a) Combustão: Queima de uma folha de papel

b) Oxidação: Ferrugem em uma barra de ferro.


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c) Fermentação: Preparação de bebidas alcoólicas.

1.3.3 – Propriedades Organolépticas

São aquelas propriedades perceptíveis pelos nossos sentidos


a) Visão: Cor, brilho, transparência, opacidade, etc.

b) Olfato: Cheiro ou odor.

c) Tato: Estado físico, quente e frio, etc.

d) Paladar: Sabor

e) Audição: música, ruído, murmúrio, etc.

1.4 – Estados físicos da matéria

Estados físicos da matéria correspondem às três formas que pode tomar a matéria:
sólida, líquida ou gasosa.

1.4.1 – Sólido
Sólido, estado físico da matéria, em que a matéria conserva sua forma e tamanho.
Os sólidos apresentam uma distribuição regular das partículas atômicas. Os sólidos se
caracterizam por sua resistência a qualquer mudança de forma, e suas principais
características estão listadas a seguir:
a) Maior agregação de partículas;
b) Maior organização das partículas;
c) Menor energia e movimento de partículas;
d) Forma e volume definidos.

1.4.2 – Líquido
Substâncias em um estado da matéria intermediário entre os estados sólido e
gasoso. As moléculas dos líquidos não estão tão próximas quanto as dos sólidos, mas estão
menos separadas que as moléculas dos gases No estado líquido, a matéria cede às forças
tendentes a modificar sua forma. Suas principais características são:
a) Grande agregação de partículas;
b) Organização intermediaria de partículas;
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c) Energia intermediaria e movimentação relativa de partículas;
d) Forma variável e volume definido.

1.4.3 – Gasoso
Os gases se expandem livremente até encher o recipiente que os contém, e sua
densidade é muito menor que a dos sólidos e a dos líquidos. As moléculas têm certa
liberdade de movimentos no espaço. Esses graus de liberdade microscópicos estão
relacionados com o conceito macroscópico de ordem. As moléculas de um sólido estão
dispostas em uma rede e sua liberdade está restrita a pequenas vibrações em torno dos
pontos dessa rede. Entretanto, um gás não tem uma ordem espacial macroscópica. Suas
moléculas se movem aleatoriamente e só estão limitadas pelas paredes do recipiente que
as contém. Em temperaturas baixas e pressões altas (ou volumes reduzidos), as moléculas
de um gás passam a ser influenciadas pela força de atração das outras moléculas e todo o
sistema entra em um estado de alta densidade e adquire uma superfície limite. Isso acarreta
a entrada no estado líquido. O processo é conhecido como transição de fase ou mudança
de estado. Os gases não oferecem nenhuma resistência à mudança de forma e muito pouca
às alterações no seu volume.

Resumidamente, podemos representar a relação entre energia e os estados físicos


da matéria conforme o quadro a seguir:

1.5 – Mudanças de estado físico

Um fenômeno físico ocorre sem que a substância se transforme em outra. Assim,


podemos dizer que as mudanças de estados físicos são fenômenos que não alteram a
qualidade nem a quantidade de matéria.
Toda matéria, dependendo da temperatura, pode se apresentar em três estados
físicos: sólido, líquido e gasoso. O diagrama a seguir mostra as mudanças de estado, com
os nomes particulares que cada uma delas recebe.

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Quando uma substancia pura é aquecida a pressão constante ela pode sofrer
variação na temperatura ou mudança de estado, podemos perceber a passagem pelos três
estados na curva de aquecimento abaixo que ilustra a variação da temperatura de uma
substância em função do calor absorvido pela mesma.

Conforme já vimos, as mudanças de estado físico têm características que devemos


definir como:
- Fusão: mudança do estado sólido para liquido, que ocorre com fornecimento de
calor, a temperatura fixa durante todo o processo, por isso e chamado de ponto de fusão.
- Solidificação: que e a mudança de liquido para solido, ocorrendo com retirada de
calor, na mesma temperatura fixa do ponto de fusão.
- Vaporização: mudança de liquido para vapor, que ocorre com fornecimento de
calor ao líquido, com aparecimento de bolhas em todo o liquido e com temperatura fixa
durante todo o processo, chamada ponto de ebulição. Não confundir com evaporação que
não ocorre a temperatura fixa e nem com calefação que ocorre instantaneamente quando
gotas atingem uma chapa quente.
- Condensação: mudança de gás para liquido, que ocorre a mesma temperatura que
a ebulição, quando se retira calor do gás.
- Sublimação: mudança de estado solido diretamente para o estado gasoso, sem
passar pelo líquido. Ocorre com absorção de energia do ambiente. Um exemplo de material
que sublima é a naftalina.

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2 – Misturas e Substâncias

2.1- Introdução

Você sabe caracterizar a água quanto ao sabor, a cor e ao cheiro? E o sal? Quais
são as características do açúcar? Agora, tente caracterizar o vinagre quanto à cor. Será que
todas as laranjas têm o mesmo sabor? As perguntas acima explicitam a diferença entre as
substâncias e as misturas. A água, o sal e o açúcar são materiais que conservam suas
propriedades, independentemente da quantidade de matéria analisada. Esta manutenção de
características é o que determina uma substância.

Material Característica
Água Líquido incolor, inodoro e insípido
Sal Sólido branco, inodoro e salgado
açúcar Sólido branco inodoro e doce

Vejamos agora o vinagre. Em uma análise imediata, podemos classificar o vinagre


em branco e tinto. Quanto às laranjas, elas podem ser doces, amargas ou azedas. Logo, o
vinagre e as laranjas não são exemplos de substâncias, o vinagre e uma laranja são
exemplos de misturas.

Material Característica
Vinagre Tinto ou branco
Laranja Doce, amarga ou azeda

Na natureza é muito difícil encontrarmos uma substância pura, na maioria das vezes
o que encontramos são misturas. Por exemplo, o sal de cozinha que compramos no
supermercado vem aditivado de iodo (I) para combater o bócio, então o que compramos não
é o sal como substância pura, e sim, uma mistura de sal e iodo. A água que bebemos ou
usamos nos afazeres diários é uma mistura, pois há outras substâncias dissolvidas na água
dos nossos rios, mares ou torneiras.
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Água
Composto líquido, incolor e inodoro e de fórmula H2O. Contribui com cerca de 70%
da matéria formadora da crosta terrestre e é fundamental para a vida dos animais e
vegetais. A água reage com muitas substâncias e tem ainda a propriedade de dissolver uma
ampla variedade de compostos. Por esse motivo é conhecida como solvente universal. Água
natural: denominação dada à água dos rios,
lagos, mares, chuvas, etc.
Água potável: denominação dada à água própria para ser consumida pelo homem.
Para ser potável, deve apresentar as seguintes condições: ser límpida, fresca e incolor,
conter ar e sais minerais dissolvidos, não conter germe patogênicos (causadores de
doenças) e não apresentar dureza. Água dura: denominação dada à água que contém alta
porcentagem de cálcio e magnésio dissolvidos. Esta água não é recomendada para a
preparação de alimentos, limpeza, nem para fins industriais. Água mineral: denominação
dada à água que apresenta propriedades terapêuticas, em virtude da presença de
determinadas substâncias nela dissolvidas.

2.2 – Uma visão microscópica sobre substâncias

A substância é considerada pura quando, no sistema aonde esta contida,


encontramos penas partículas dessa substancia. Caso haja no sistema mais de um tipo de
substancia, teremos uma mistura.
Podemos dizer que as moléculas são as unidades fundamentais de uma substância.
Dependendo o tipo de molécula, podemos classificar as substâncias em simples ou
compostas.

a) Substância simples: é constituída de uma molécula formada por átomos do mesmo


elemento químico (mesmo tipo de átomo).
Alguns exemplos de substâncias simples estão listados na tabela a seguir:

Substância Fórmula
Gás hidrogênio H2
Gás oxigênio O2
Gás ozônio O3

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Observando a tabela acima, notamos que o gás oxigênio e o ozônio são formados
pelo mesmo elemento químico, porém formam moléculas diferentes. Este fenômeno é
chamado de alotropia.
Alotropia: fenômeno onde um único elemento químico forma duas ou mais
substâncias diferentes, denominadas variedades alotrópicas do elemento. Portanto, O2 e O3
são denominados alótropos do oxigênio.
Outro exemplo importante é o carbono, que é um dos elementos que apresenta uma
grande variedade de alótropos. Na figura abaixo, temos representados alguns desses
alótropos.

b) Substância composta: é constituída por uma molécula formada por mais de um


elemento químico. Vejamos alguns exemplos:

Substância Fórmula
Água H2O
Sal de cozinha NaCl
Açúcar C12H22O11

2.2 – Uma visão microscópica sobre misturas

As misturas possuem pelo menos alguma característica indefinida. Assim podemos


definir misturas como sendo formada por duas ou mais substâncias, sendo cada uma destas
denominada componente.

2.2.1 – Tipos de misturas

a) Mistura homogênea: ou solução monofásica ocorre quando não se distinguem os


componentes, parecendo substancia pura.

b) Mistura heterogênea: ou solução polifásica quando se percebe a presença de mais de


um componente.

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Na figura abaixo temos um exemplo de uma mistura homogênea em (a). E exemplos
de misturas heterogêneas podem ser vistos em (b) e (c).

2.3– Processos de separação de misturas

MISTURAS HETEROGÊNEAS
Filtração Simples: separa misturas de solido-liquido e sólido-gás, utilizando-se um
filtro.
a) Solido-liquido :Areia de água ; café do liquido ou partículas solidas de água.
b) Sólido-gás: Ar de poeira atmosférica

Decantação: separa misturas liquido-liquido e solido-liquido


a) Liquido-liquido : água e óleo.
b) Solido-liquido: água de areia, separadas por decantação.
c) Sólido-gás: partículas solidas do ar, podem ser separadas por decantação em uma
camara de poeira, onde o ar passa sucessivamente por varias câmaras em forma de
labirinto.

Centrifugação: separa materiais de densidades diferentes, podendo ser de mesmo


estado físico ou de estados físicos diferentes, como gordura e leite, fermento-água e álcool,
óleo e água, etc.

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3 – Elementos Químicos

3.1 – A evolução do modelo atômico

Sec. IV A.C. - Democrito e Leucipo


Alguns séculos antes de Cristo, dois filósofos gregos, Democrito e Leucipo, lançaram
a idéia de que a matéria seria formada por partículas muito pequenas, chamadas de
átomos. Assim, segundo eles, se fossemos dividindo um pedaço de carvão em partes cada
vez menores, chegaríamos em uma partícula de carvão que não mais poderia ser dividida.
Esta partícula seria o átomo, portanto, indivisível.
Somente no final do século XIX, experiências mostraram que o átomo era formado
por partículas ainda menores, chamadas de prótons, nêutrons e elétrons.

1803 – Dalton
A primeira teoria sobre o modelo atômico com bases cientifica, foi apresentada por
Dalton e constava de:
a) Toda matéria e constituída por átomos
b) Os átomos são indivisíveis, maciços e esféricos.
c) Os átomos de um mesmo elemento são todos iguais em tamanho, forma e massa.
d) Toda transformação química consiste na união ou separação de átomos.

Modelo atômico de Dalton: “Modelo da bola de bilhar”

1898 - Thomson
O físico Thomson baseado na descoberta de que o átomo tinha uma parte positiva e
outra negativa, para explicar que o conjunto e neutro, propôs que o átomo seria uma esfera
formada por uma capa positiva na qual estavam incrustados os elétrons como passas em
um pudim. Esse modelo ficou conhecido como “pudim de passas.”

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Modelo atômico de Thomson: “Modelo do pudim de passas”

1911 - Rutherford
O físico Ernest Rutherford fez experiências com bombardeamento de partículas alfa
em uma lamina de ouro, concluindo que:
a) O átomo e um sistema onde a maior parte do espaço e vazio, possuindo um núcleo
central.
b) O núcleo tem carga elétrica positiva e concentra praticamente toda a massa do átomo.

Modelo atômico de Rutherford

1913 - Niels – Bohr


Os físicos Niels e Bohr completaram o modelo de Rutherford, explicando porque os
átomos girando em torno do núcleo não perdem energia, que os faria cair no núcleo. Assim
temos:
a) O elétron se movimenta em orbita circular em estado normal, com energia fixa e não
irradia energia.
b) Um elétron absorve energia pulando de uma orbita para outra de maior energia.
c) O elétron tende a voltar a sua orbita original, irradiando a energia recebida.

Modelo Atual
O modelo atual considera o elétron situado em uma região em torno do núcleo
denominada orbital e não como propôs Bohr, girando em orbitas circulares.

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Modelo atômico de Bohr: “Modelo planetário”

3.2 – Composição do átomo

Átomos são minúsculas partículas encontradas nas matérias. Os átomos são


formados por partículas sub-atômicas, sendo três muito importantes:

3.3 – Características do átomo

a) Numero Atômico - Z
É o numero de prótons existentes no núcleo do átomo. Cada elemento químico tem o
seu numero atômico próprio, correspondente a sua carga nuclear positiva . Os átomos estão
organizados na Tabela Periódica em ordem crescente de seus números atômicos.

b) Numero de Massa - A
É a soma do numero de prótons com o numero de nêutrons encontrados no núcleo
do átomo.
A=Z+N

c) Numero de Elétrons - e-
Em um átomo natural, o numero de elétrons e sempre igual ao numero de prótons,
fazendo com que sua carga elétrica seja nula.

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d) Numero de Neutrons - n
O numero de nêutrons existente no núcleo do átomo altera apenas a sua massa
nuclear e atômica, sem alterar a natureza dele e as suas propriedades químicas.

3.4 – Isótopos, isóbaros e isótonos

a) Isótopos são átomos com o mesmo numero atômico e diferentes números de massa,
devido aos diferentes números de nêutrons nos seus núcleos. Como se trata de mesmo
numero atômico, temos o mesmo elemento químico, com propriedades muito parecidas.
Como exemplo temos as seguintes representações:

b) Isóbaros são átomos que possuem o mesmo numero de massa (A) e diferentes
números atômicos. Por exemplo:

c) Isótonos são átomos que possuem igual numero de nêutrons, diferentes números de
prótons e diferentes números de massas, por exemplo:

3.5 – Elementos químicos e íons

Elemento químico e o conjunto de todos os átomos com o mesmo numero atômico,


ou seja, com o mesmo numero de prótons. A indicação geral de um átomo e feita por:

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A indicação de um elemento especifico e feita utilizando-se o símbolo do elemento
ao inves do X , como por exemplo :

São conhecidos atualmente 112 elementos diferentes, que estão ordenados numa
tabela por ordem de números atômicos e por propriedades, chamada CLASSIFICAÇÃO
PERIÓDICA DOS ELEMENTOS.

Íon
É um átomo que deixou de ser neutro porque ganhou ou perdeu elétrons. Assim todo
íon tem sua carga elétrica, que pode ser:
- Positiva, portanto é um Cátion, pois o átomo original perdeu elétrons;
- Negativa, portanto é um Anion, pois o átomo original ganhou elétrons.

3.6 – Distribuição eletrônica em níveis de energia

Os elétrons se distribuem ao redor do núcleo em camadas que correspondem a


níveis crescentes de energia. Estes níveis de energia correspondentes as camadas que se
superpõem no átomo são representadas por letras maiúsculas K, L, M, N , O, P e Q ou por
números 1, 2, 3, 4,5, 6 e 7.
Por meio de métodos experimentais, os químicos concluíram que o numero máximo
de elétrons que cabe em cada camada ou nível de energia e:

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Em cada camada os elétrons se distribuem em sub-níveis (orbitas) representados
por letras minúsculas s, p, d e f. A quantidade máxima de elétrons em cada orbita e a
seguinte:

Convém notar que a quantidade máxima de elétrons em cada subnível e o dobro dos
números impares naturais, 1, 3, 5 e 7.
Dentro de cada orbita os elétrons ainda se distribuem em orbitais, normalmente
representados por quadrinhos com indicação de seu sentido de rotação (spin).

3.6.1 - Diagrama de Linus Pauling

O diagrama de Linus Pauling é um gráfico que facilita a distribuição dos elétrons por
níveis de energia, fazendo-se a distribuição deles seguindo as linhas inclinadas, sempre de
cima para baixo.

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3.7 – A tabela periódica dos elementos

No mundo que nos rodeia encontra-se uma enorme diversidade de materiais e de


substâncias que os constituem. Mas, a grande variedade de substâncias obtém-se a partir
de um número muito mais reduzido de elementos químicos que, atualmente, se encontram
organizados numa tabela – a Tabela Periódica dos Elementos (TP).
A idéia de organizar os elementos químicos resultou da necessidade que os
químicos sentiram de reunir o máximo de informações sobre os mesmos da forma mais
simples para serem consultadas.
Atribui-se a Dmitri Mendeleev, físico e químico russo, a origem da organização da
Tabela Periódica atual. Este, ao escrever o livro “Principles of Chemistry”, procurou um
padrão que permitisse organizar toda a informação acerca dos elementos. Para tal, fez
vários cartões, um para cada elemento, e analisou várias disposições dos mesmos.
Descobriu uma que tinha por base a repetição regular e periódica das propriedades –
elementos dispostos numa tabela por ordem crescente de massa atômica, de modo que em
cada coluna se encontrassem elementos com propriedades químicas análogas. Estava
estabelecida a relação entre a massa atômica e a as propriedades dos elementos.
A Tabela Periódica atual é constituída por 115 elementos conhecidos dispostos,
numa matriz quadriculada de linhas e colunas, por ordem crescente de número atômico.
Cada elemento está representado pelo seu símbolo químico e vem acompanhado das suas
características. Uma das informações presente considerada muito importante é a
configuração eletrônica. A grande utilidade da Tabela Periódica consiste na possibilidade de
se poderem prever as propriedades de qualquer elemento químico, tendo por base o
conhecimento das propriedades gerais e das tendências, dentro de um grupo ou de um
período.

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3.7.1 - Organização da Tabela Periódica

A Tabela Periódica é, efetivamente, um instrumento organizador de conhecimentos


sobre os elementos químicos, onde estes estão ordenados por ordem crescente de número
atômico (Z). Encontra-se organizada em 7 linhas e 18 colunas, como se pode observar na
figura 2.4. Os elementos que pertencem a uma mesma linha dizem-se do mesmo período e
os que pertencem à mesma coluna fazem parte do mesmo grupo.

Cada grupo constitui uma família de elementos, às quais se atribui, por vezes, uma
designação própria. Por exemplo, o grupo 1 é o grupo dos metais alcalinos, o grupo 2 o dos
metais alcalino-terrosos, o grupo 16 o dos calcogênios, o grupo 17 o dos halogênios e o
grupo 18 é chamado o grupo dos gases nobres ou inertes. As características das várias
famílias serão exploradas mais à frente.
O hidrogênio, primeiro elemento de Tabela Periódica, é aquele que tem menor
número atômico. No entanto, não é fácil decidir a sua posição, porque ele tem
características individuais que não podem ser comparadas com os elementos dos outros
grupos. Ele aparece muitas vezes colocado no grupo 1, embora não seja um metal.
Recentemente, ele tem sido muitas vezes, posicionado de forma solitária, ou seja, sem
pertencer a nenhum dos grupos, tal como se encontra na figura 2.5.
Na Tabela Periódica, esquematizada na figura 2.6, observa-se uma linha quebrada.
Esta permite classificar os elementos em metais e não-metais. Através desta divisão,
verifica-se que a maior parte dos elementos da TP são metais.
Ainda é possível estabelecer outra classificação com base na Tabela Periódica:
elementos representativos, grupo 1, 2, 13, 14, 15, 16 e 17, e elementos de transição, do

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grupo 3 ao 11. No grupo 18, como já foi referido, encontram-se os gases nobres e o grupo
12 não tem designação específica. Os elementos zinco, cádmio e mercúrio, nem são
elementos representativos, nem metais de transição.
Ainda é possível estabelecer outra classificação com base na Tabela Periódica:
elementos representativos, grupo 1, 2, 13, 14, 15, 16 e 17, e elementos de transição, do
grupo 3 ao 11. No grupo 18, como já foi referido, encontram-se os gases nobres e o grupo
12 não tem designação específica. Os elementos zinco, cádmio e mercúrio, nem são
elementos representativos, nem metais de transição.

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3 – Compostos Químicos

3.1 - Funções Químicas

As substâncias químicas são classificadas como inorgânicas e orgânicas. As


inorgânicas são aquelas que não possuem cadeias carbônicas e as orgânicas são as que
possuem. As substâncias inorgânicas são divididas em quatro grupos, ácidos, bases, sais
e óxidos, chamados de “funções inorgânicas”. As substâncias orgânicas são divididas em
hidrocarbonetos, funções halogenadas, funções oxigenadas e funções nitrogenadas e, do
mesmo modo, os grupos são denominados “funções orgânicas”.
O que confere as propriedades às substâncias participantes de uma mesma função é
sua capacidade de reagir. Substâncias que reagem da mesma forma, quando colocadas em
uma mesma situação, normalmente pertencem à mesma função. Sabemos, por exemplo,
que o metanol (CH3OH) e o etanol (CH3CH2OH) pertencem à função Álcool. Estas
substâncias possuem propriedades químicas semelhantes, como a formação de ácidos nas
reações de oxidação e a formação de gás carbônico, água e energia nas reações de
combustão.

3.2 – Funções inorgânicas

Os compostos estudados pela Química Inorgânica são divididos em funções. Para


compor uma função, as substâncias devem ter em comum um mesmo grupo funcional.
Grupo funcional é um átomo ou agrupamento de átomos, carregados ou não eletricamente,
responsáveis pela semelhança no comportamento químico de uma série de substâncias
diferentes. Em função dessas propriedades podemos agrupar as substâncias em grupos aos
quais chamaremos de funções inorgânicas. As principais funções inorgânicas são:
- Acido.
- Base ou hidróxido.
- Sal.
- Óxido.

3.2.1 - Os Ácidos e as Bases: O Conceito de Arrhenius

Segundo o conceito de Arrhenius, ácidos são substâncias que, em solução aquosa,


aumentam a concentração de íons hidrogênio, H+, que, na presença de água, formam o
cátion hidrônio (H3O+); e bases são substâncias que, em solução aquosa, aumentam a
concentração de íons hidroxila (OH-). O cloreto de hidrogênio, HCl, por exemplo, a
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temperatura ambiente, é um gás. Quando dissolvido em água, o HCl forma íons H+(aq) e Cl-
(aq) e é chamado de ácido clorídrico.

Mas, como será que ocorre a formação desses íons? Na molécula de HCl, os átomos
de hidrogênio e de cloro estão unidos por uma ligação covalente (H–Cl). Em solução
aquosa, a ligação covalente é rompida, com a conseqüente formação de íons H+(aq) e Cl-
(aq). Esse processo é chamado de ionização. Como a ionização do HCl leva à formação de
íons H+(aq), ele é um ácido, segundo o conceito de Arrhenius. Já o hidróxido de sódio,
NaOH, é um sólido iônico. Nele, a ligação não é entre átomos, mas entre os íons Na+ e
OH-. Ao contrário das moléculas de HCl que sofrem ionização em solução aquosa, os íons
do NaOH se dissociam. Observe o esquema abaixo:

Como o OH- é um dos íons liberados na dissociação do NaOH, esse composto é


uma base, segundo o conceito de Arrhenius. Uma conseqüência da teoria de Arrhenius é
que podemos considerar que nem todos os ácidos e bases são igualmente fortes, ou seja,
nem todos se ionizam ou dissociam em água completamente, como ocorre com o HCl e o
NaOH, que são exemplos de ácido e base fortes. O ácido acético (CH3COOH), presente no
vinagre, e o ácido cítrico (H3C6H5O7), presente no limão, são exemplos de ácidos fracos. Em
solução aquosa, esses ácidos não se ionizam completamente. O ácido acético e o ácido
cítrico, assim como todos os outros ácidos que têm esse comportamento, são chamados de
ácidos fracos. Do mesmo modo, existem as bases fracas.
A acidez e a basicidade das soluções podem ser medidas utilizando-se a escala de
pH. Esta escala está relacionada com a concentração de íons hidrogênio, H+ ou H3O+,
presentes na solução e varia de 0 a 14. Desse modo, soluções aquosas que apresentam pH
menor que 7 são consideradas ácidas, e aquelas que apresentam pH maior que 7 são
básicas. Quanto mais ácida for uma solução, menor será o valor de seu pH e, quanto mais
básica, maior o seu pH. Soluções muito ácidas podem apresentar pH < 0 e soluções muito
básicas pH > 14. Observe na Figura abaixo a escala de pH e o pH de algumas soluções:

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A tabela a seguir resume as principais propriedades dos ácidos e das bases:
Ácidos Bases
Sabor azedo Sabor adstringente
Condutividade elétrica Condutividade elétrica
Reagem com bases produzindo água Reagem com ácidos produzindo água

3.2.2 - Os sais

A maioria das pessoas, quando ouve a palavra sal, pensa no sal de cozinha. Mas, se
você disser a palavra sal para um químico, ele provavelmente irá lhe perguntar de que sal
você está falando. Pois, o sal de cozinha (cloreto de sódio, NaCl) é apenas um exemplo
dessa enorme classe de substâncias.
Sais são compostos iônicos que, em solução aquosa, se dissociam, formando pelo menos
um cátion diferente do hidrogênio, H+(aq), e um ânion diferente da hidroxila, OH-(aq), e do
oxigênio, O2-(aq). Os sais podem ser obtidos através de reações de neutralização, que são
as que ocorrem entre um ácido e uma base e que têm como produto um sal e água. A
reação entre o ácido clorídrico, HCl, e o hidróxido de sódio, NaOH, por exemplo, forma o sal
cloreto de sódio, NaCl, e água:

O NaCl é formado pelo cátion Na+, vindo da base NaOH, e pelo anion Cl-, vindo do
ácido HCl. Isso irá acontecer em todos os casos, ou seja, o ácido sempre irá formar o ânion
do sal e a base o cátion do sal.
Existe uma infinidade de sais conhecidos pelo homem. Alguns são produzidos
artificialmente, em reações de neutralização. Outros, como o cloreto de sódio, são obtidos
de fontes naturais, ou seja, já se encontram disponíveis na natureza.

3.2.3 - Os Óxidos

Óxidos são compostos binários, ou seja, formados por dois elementos distintos, dos
quais o mais eletronegativo é o oxigênio. Apenas o elemento flúor é mais eletronegativo
que o oxigênio. Assim, qualquer outro elemento, com a exceção do flúor, reage com
oxigênio formando óxidos.
Dizer que qualquer elemento reage com o oxigênio não é exagero. Como o oxigênio
é muito reativo, é difícil encontrar um elemento que não seja capaz de reagir com ele. Desse
modo, esta classe de compostos engloba um número muito grande de substâncias.

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Óxido de lítio (Li2O), óxido de sódio (Na2O), óxido de potássio (K2O), óxido de rubídio
(Rb2O), óxido de césio (Cs2O) e óxido de francio (Fr2O) são formados com elementos do
grupo 1A da tabela periódica. Óxido de berilo (BeO), óxido de magnésio (MgO), óxido de
cálcio (CaO), óxido de estrôncio (SrO), óxido de bário (BaO) e óxido de radio (RaO) são
formados com elementos do grupo 2A.
Sabemos que o número de oxidação dos elementos do grupo 1A é +1 e do grupo
2A é +2. Já o número de oxidação do oxigênio nos óxidos é -2. Por isso, o oxigênio
combina-se com os elementos do grupo 1 da tabela periódica formando óxidos do tipo „E2O‟
e com elementos do grupo 2 formando „EO‟.
Os óxidos são, portanto, substâncias do tipo ExOy, em que x é o número de
oxidação do oxigênio e y é o número de oxidação do elemento que está combinado com ele.
Na coluna 14, as coisas começam a ficar um pouco diferentes, pois os elementos
podem apresentar mais de um número de oxidação. O carbono, por exemplo, pode
combinar-se com o oxigênio formando dois compostos bastante conhecidos: o monóxido de
carbono (CO) e o dióxido de carbono (CO2), nos quais o seu número de oxidação é +2 e +4,
respectivamente. O enxofre, que pertence ao grupo 16 da tabela periódica, combina-se com
o oxigênio formando o trióxido de enxofre (SO3) e o dióxido de enxofre (SO2), nos quais o
seu número de oxidação é +6 e +4, respectivamente.
Como esta classe de compostos é muito grande, suas propriedades também podem
variar muito. Por isso, os óxidos são divididos em quatro grupos, de acordo com seu
comportamento em solução aquosa. São eles: óxidos ácidos, óxidos básicos, óxidos
neutros e óxidos anfóteros.

Agora que conhecemos um pouco mais sobre cada uma das funções inorgânicas,
vamos resumir alguns pontos importantes. Vimos que as substâncias químicas são
classificadas em categorias chamadas funções químicas, de acordo com suas propriedades
e com suas reações com outras substâncias.
As funções inorgânicas são: ácidos, bases, sais e óxidos. Os ácidos reagem com
as bases formando sal e água. Esta reação é denominada reação de neutralização. Alguns
óxidos reagem com água formando ácidos ou bases. Há também óxidos que se
comportam como ácidos na presença de base e como base na presença de ácidos.

22
5 – Transformações Químicas

Existem fenômenos que nos quais as substâncias envolvidas se modificam. Por


exemplo, quando há o enferrujamento de um portão de ferro surge uma nova substância, a
ferrugem. Houve uma transformação do ferro do portão que, com a umidade, tornou-se
ferrugem. Outro exemplo: Ao se queimar um pedaço de papel ele se torna cinzas e, além
disso, há a liberação de fumaça. O papel “deixou de ser papel”. Do mesmo modo acontece
quando um tablete de aspirina é jogado num copo de água, quando uma vela é queimada,
quando você respira, quando um bolo cresce, entre infinitas situações nas quais a
substância sofre uma transformação e “deixa de ser ela mesma”, em outras palavras. Esses
fenômenos são denominados fenômenos químicos, que correspondem a transformações
químicas. Quando uma dessas transformações acontece, dizemos que aconteceu uma
Reação Química.

5.1 – As reações químicas

Uma reação química é uma transformação da matéria na qual ocorrem mudanças


qualitativas na composição química de uma ou mais substâncias reagentes, resultando em
um ou mais produtos. Envolve mudanças relacionadas à mudança nas conectividades entre
os átomos ou íons, na geometria das moléculas das espécies reagentes ou ainda na
interconversão entre dois tipos de isômeros. Resumidamente, pode-se afirmar que uma
reação química é uma transformação da matéria em que pelo menos uma ligação química é
criada ou desfeita. As Reações químicas podem ser representadas por meio de Equações
Químicas. Por Exemplo, a queima do papel:

O lado esquerdo da equação contém os Reagentes, ou seja, as substâncias que


sofreram a transformação. No lado direito são colocados os Produtos, o resultado da
transformação.

5.1.1 - Características
Um aspecto importante sobre uma reação química é a conservação da massa e o
número de espécies químicas microscópicas (átomos e íons) presentes antes e depois da
ocorrência da reação. Essas leis de conservação se manifestam macroscopicamente sob a
forma das leis de Lavoisier, de Proust e de Dalton.

23
A Lei de Lavoisier: Antoine Laurent Lavoisier, um cientista francês, fez pesquisas
que levaram-no a dizer que, quando ocorre uma reação química, a massa dos reagentes é
igual à massa dos produtos. Ou seja, quando uma reação ocorre, a massa das substâncias
que reagiram não muda após virarem produtos. Essa observação é chamada de Lei da
Conservação da Matéria, ou Lei de Lavoisier. Provavelmente você já ouviu uma frase do
tipo “Nada se cria, nada se perde, tudo se transforma”. É justamente por causa dessa lei
que surgiu essa frase, que foi pronunciada primeiramente pelo próprio Lavoisier.
De fato, essas leis, no modelo atômico de Dalton, se justificariam pelas leis de
conservação acima explicitadas e pelo fato de os átomos apresentarem valências bem
definidas. Ao conjunto das características e relações quantitativas dos números de espécies
químicas presente numa reação se dá o nome de estequiometria.
Deve-se salientar que uma ligação química ocorre devido a interações entre as
nuvens eletrônicas dos átomos, e que então reação química apenas envolve mudanças nas
eletrosferas. No caso de ocorrer mudanças nos núcleos atômicos teremos uma reação
nuclear. Ao passo que nas reações químicas a quantidade e os tipos de átomos sejam os
mesmos nos reagentes e produtos, na reação nuclear, as partículas subatômicas são
liberadas, o que causa redução de sua massa, sendo este um fato relacionado à existência
de elementos isóbaros, isótonos e isótopos entre si.
Um exemplo de uma reação química é (ambos os regentes em solução aquosa):
NaCl + AgNO3 → NaNO3 + AgCl
Nesta reação química, ao passo que o NaNO3 permanece em solução, formou-se
uma ligação entre a prata (Ag) e o cloro (Cl) o que resultou em um produto sólido de cloreto
de prata (AgCl), pode-se então dizer que houve uma reação química.

5.1.2 - Equação Química


A equação química é a forma de se descrever uma reação química. Símbolos e
números são utilizados para descrever os nomes e as proporções das diferentes
substâncias que entram nestas reações. Os reagentes são mostrados no lado esquerdo da
equação e os produtos no lado direito. Não é criada e nem destruída matéria em uma
reação, os átomos somente são reorganizados de forma diferente, por isso, uma equação
química deve ser balanceada: o número de átomos na esquerda precisa ser igual o número
de átomos da direita.

5.1.3 - Tipos de reações químicas


Tradicionalmente, as reações químicas podem ser classificadas de acordo com o
número de reagentes e produtos em cada lado da equação química que representa a
reação:

24
Síntese ou adição: É quando uma ou mais substâncias reagentes produzem apenas
uma única substância. Se todos os reagentes forem substâncias simples, a síntese é total e
se tiver pelo menos uma substância composta, a síntese será parcial.

Reagente 1 + Reagente 2  Produto


H2 + O2  H2O

Análise ou decomposição: Ocorre quando uma única substância reagente origina


duas ou mais substâncias como produto. Se na reação de análise forem produzidas apenas
substâncias simples ela será total e se pelo menos um dos produtos for uma substância
composta ela será parcial. As reações de análise podem receber nomes particulares, de
acordo com o agente que causa a reação:
Pirólise: decomposição pelo calor.
Fotólise: decomposição pela luz.
Eletrólise: decomposição pela corrente.
Hidrólise: decomposição pela água.

Reagente  Produto 1 + Produto 2


H2O2  H2O + ½ O2

Reação de deslocamento ou simples troca: São reações em que um elemento


químio substitui outro elemento químico de um composto, liberando-s- como substância
simples. As reações de deslocamento ocorrem quando o elemento que substitui outro, da
substância composta é mais reativo.
Zn + 2 HCl H2 + ZnCl 2
O zinco é mais reativo que o hidrogênio. A ordem de reatividade dos principais
metais e ametais é observada nas tabelas a seguir.

25
Reação de dupla troca ou duplo deslocamento: Ocorre quando duas substâncias
compostas trocam entre si partes de suas estruturas, dando origem a duas substâncias
compostas, diferentes das anteriores.
Como exemplo temos a reação do cloreto de bário (BaCl2), com ácido sulfúrico (H2SO4)
obtendo-se como produtos sulfato de bário (BaSO4) e ácido clorídrico (HCl), segundo a
equação:
BaCl2 + H2SO4 → BaSO4 + 2 HCl
As reações de ácido com base (reação de neutralização) podem ser consideradas
um caso especial de reação de dupla troca como, por exemplo:
HCl + NaOH → NaCl + H2O

As reações que apresentam elementos químicos sofrendo oxidação ou redução são


denominadas de Reações de oxirredução.
As reações químicas, quanto ao calor envolvido, podem ser classificadas em:
- Endotérmicas: São aquelas reações que ocorrem absorvendo calor externo.
- Exotérmicas: São aquelas reações que ocorrem liberando calor para o meio
ambiente.
Podemos, também, classificar as reações em reversíveis ou irreversíveis:
- Reações ou processos reversíveis: São reações ou processos que reagentes e produtos
são consumidos e produzidos ao mesmo tempo.
Os reagentes e produtos destas reações são separados por uma dupla seta.
N2O4 (g)  2 NO2(g)

A reação que ocorre da esquerda para a direita chama-se REAÇÃO DIRETA. A


reação que ocorre da direita para a esquerda chama-se REAÇÃO INVERSA.

- Reações ou processos irreversíveis: São reações ou processos que ocorrem em um


único sentido.
C + O2  CO2

26
5.1 - Como Identificar uma reação Química?

Normalmente, algumas características do sistema no qual a reação ocorreu são


alteradas. Por Exemplo, quando queima-se uma fita de magnésio, ocorre a seguinte reação:
Mg + ½ O2  MgO
Ocorrem as seguintes mudanças de propriedades:

É possível notar que várias das propriedades da fita de magnésio mudaram. Quando
as propriedades do sistema mudam, há uma grande chance de ter ocorrido uma reação
química. Propriedades que normalmente se alteram quando ocorre uma transformação
desse tipo são:
- Temperatura;
- Cor, Odor, ... (Propriedades Organolépticas);
- Formação de sólidos no interior de líquidos (Precipitação);
- Formação de Gases;
Entre várias outras. Normalmente, a mudança de apenas uma propriedade do
sistema não é suficiente para determinar se houve reação química. Em contrapartida,
quando mais de uma ocorre, a chance de que haja uma transformação química é grande.

27
6 – Soluções

As misturas homogêneas são também chamadas de soluções. As soluções são


formadas por um constituinte, geralmente em maior quantidade de matéria chamada de
solvente e um ou mais constituintes em menor quantidade chamados de solutos.

6.1 – Classificação das soluções

a) Classificação quanto às fases de agregação: As soluções podem ser sólidas,


líquidas ou gasosas. A fase de agregação do solvente é quem determina a fase de
agregação da solução. Soluções sólidas: latão, bronze, ouro, aço; Soluções líquidas: água
do mar, gasolina, soro fisiológico; Soluções gasosas: ar, gás de cozinha;
- Soluções sólidas: Neste caso o solvente é sólido, e o soluto pode ser sólido,
líquido ou gasoso. Exemplo: bronze (cobre e estanho); liga de cobre e mercúrio; ouro
utilizado em jóias; paládio e hidrogênio;
- Soluções líquidas: O solvente é líquido, e o soluto pode estar em qualquer um dos
estados físicos: sólido, líquido ou gasoso. Ex: água açucarada, água salgada, água de
torneira, vinho.
- Soluções gasosas: Tanto o solvente como o soluto são gasosos. Ex: ar, qualquer
mistura de gases. Toda mistura de gases é homogênea, o que vale dizer, um mistura de
gases sempre será uma solução.

b) Classificação quanto à condução da corrente elétrica: As soluções podem ser


classificadas em não eletrolíticas e eletrolíticas.
- Soluções não eletrolíticas: são também chamadas de soluções moleculares, pois
as partículas do soluto são moléculas neutras. Essas soluções não conduzem corrente
elétrica.
Exemplo: solução de sacarose em água, solução de etanol em água.
- Soluções eletrolíticas: são também chamadas de soluções iônicas, nessas
soluções as partículas do soluto são íons. Essas soluções conduzem corrente elétrica.

Exemplo: cloreto de sódio em água, solução de hidróxido de sódio e sulfato de sódio .

c) Classificação quanto à concentração do soluto na solução: As soluções


podem ser classificadas em diluídas e concentradas.
- Soluções diluídas: uma solução é considerada diluída quando a concentração do
soluto é

28
considerada pequena. Porém, não existe um parâmetro rigoroso para estabelecer se uma
solução é diluída. Admite-se, geralmente, que soluções de concentração até 0,1 mol.L-1 são
diluídas.
- Soluções concentradas: são soluções onde a concentração do soluto é
considerada elevada, geralmente, superior a 0,1 mol.L-1.

6.2 - Expressões físicas de concentração

As expressões físicas de concentração são aquelas que não dependem da massa


molar do soluto. A concentração de um soluto numa solução indica a quantidade de soluto
por unidade de volume da solução. No caso de várias soluções do mesmo soluto, a solução
mais diluída é a que tiver um menor valor de concentração, sendo a mais concentrada
aquela que apresentar um maior valor de concentração.
Os valores de concentração das diversas soluções só podem ser comparados se
estiverem expressos nas mesmas unidades. Usaremos as seguintes notações para estudar
a concentração: as quantidades do soluto aparecerão com índice 1, as do solvente com
índice 2 e as quantidades da solução aparecerão sem índice.

6.2.1. Concentração comum (C)


O termo concentração é utilizado também no sentido restrito de indicar a razão entra
a massa de soluto e o volume de solução.

C = concentração da solução (g/L ou g/mL);


m1 = massa do soluto (g)
V = volume de solução (L ou mL).

6.2.2. Densidade (d):


A densidade de uma solução é a razão entre a massa e o volume dessa solução.
A densidade de uma solução varia de acordo com a quantidade de soluto dissolvida em uma
dada quantidade padrão de solução. Assim, a densidade pode ser usada como uma unidade
de concentração. Geralmente, se expressa à densidade em g/mL, porém outras unidades
podem ser usadas.

29
6.2.3 – Expressões químicas de concentração
As expressões químicas de concentração são aquelas que dependem da massa
molar (MM) do soluto. Neste ponto devemos lembrar que a massa molar de uma substância
expressa à massa em gramas de um mol dessa substância. A quantidade de matéria (n)
pode ser calculada dividindo-se a massa de uma substância por sua massa molar:

6.2.4 - Concentração em quantidade de matéria (M):


É a razão entre a quantidade de matéria de um soluto e o volume da solução em
litros. A concentração em quantidade de matéria é a unidade de concentração recomendada
pela IUPAC, também chamada de concentração molar.

Considerando que:

Temos que

6.4.5 - Diluição de solução


Quando uma solução contém pouco soluto em relação ao solvente, ela recebe o
nome de solução diluída. Caso contrário, ou seja, quando apresenta muito soluto em relação
ao solvente, recebe o nome de solução concentrada.

30
Habitualmente, os químicos consideram como diluídas as soluções com
concentrações iguais ou menores que 0,1 mol.L-1. Deste modo, temos:

Então: “diluir uma solução significa diminuir sua concentração”.


A diluição pode ser feita retirando-se uma parcela do soluto ou então se
acrescentando solvente. É claro que o último processo geralmente é mais fácil. Vamos
então analisar o processo de diluição com acréscimo do solvente.

Convencionemos que as quantidades da solução I (antes da diluição) apresentarão


índice 1 e as da solução II (depois da diluição), índice 2. Note, no entanto, que houve
acréscimo unicamente do solvente, portanto isto permite concluir que a massa, o número de
mols e o número de equivalente-grama do soluto são os mesmos nas soluções I e II. Então
temos:

De onde concluímos que:

31
7 – Química Orgânica

7.1 – Histórico

“Teoria da Força Vital” - teoria postulada por Berzeliu (1779-1848) na qual afirmava que
era necessária uma força especial, desconhecida, somente presentes nos organismos vivos
capaz de originar compostos orgânicos. Dessa maneira, os compostos orgânicos somente
poderiam ser extraídos da matéria viva, onde se acreditava que tais compostos eram
constituídos por uma “força vital” que impedia que fossem sintetizados fora de um
organismo vivo a partir da matéria inorgânica, isto é, preparadas artificialmente num
laboratório ou numa indústria.

Wohler (1800 - 1882) - em 1828, obteve acidentalmente uma substância de origem


orgânica, a uréia, a partir de um composto inorgânico, o cianato de amônio, sem
interferência de um organismo e derrubando a “Teoria da Força Vital”. O mesmo repetiu a
experiência algumas vezes para acreditar no resultado.

Atualmente os compostos orgânicos podem ser de origem natural ou sintético.


Compostos orgânicos naturais: as principais fontes de compostos orgânicos
naturais são o petróleo, o carvão mineral, o gás natural, etc.
Compostos orgânicos sintéticos: produzidos artificialmente pelas indústrias
químicas, que fabricam desde plásticos e fibras têxteis até medicamentos, corantes,
inseticidas, etc.

7.2 . Definição de Química orgânica

Química Orgânica é a parte da Química que estuda os compostos do carbono.


Elementos Organógenos - são os elementos químicos que formam a maioria
doscompostos orgânicos. Tais elementos são: Carbono (C), Hidrogênio (H), Oxigênio (O)
e Nitrogênio (N).

32
7.3 – Teoria estrutural do carbono

A estrutura do carbono permite a formação de uma grande variedade de compostos,


muito maior que qualquer outro elemento químico. Diante disso, vamos analisar as
características do Carbono através da sua teoria estrutural que o torna bastante diferente
dos demais elementos químicos e permite que o mesmo esteja presente na formação de
uma enorme variedade de compostos.
A teoria estrutural do átomo de carbono foi postulada por Kelulé e Couper em 1858
através de 4 postulados e permitiu a compreensão das fórmulas planas dos compostos
orgânicos.

1º Postulado: o Carbono é sempre tetravalente em seus compostos, ou seja, tem


tendência de formar 4 ligações covalentes. Abaixo a representação das possíveis fórmulas
estruturais do átomo de Carbono:

2º Postulado: as quatro ligações ou valências do Carbono são totalmente iguais ente si.

3ª Postulado: o Carbono é um dos elementos químicos com capacidade de formar


cadeias, ligando-se entre si e com outros elementos químicos.

4º Postulado: o Carbono é capaz de formar ligações simples, duplas ou triplas.

7.4 – Classificação do átomo de carbono em uma cadeia

Denomina-se cadeia carbônica uma seqüência de 2 ou mais átomos de carbono.


Conforme a posição do átomo de carbono numa cadeia carbônica o mesmo poderá ser
classificado em:
a) Carbono Primário - ocorre quando o átomo de carbono está ligado a somente um

33
outro átomo de carbono na cadeia carbônica;
b) Carbono Secundário - ocorre quando o átomo de carbono está ligado a dois
átomos de carbono na cadeia carbônica;
c) Carbono Terciário - ocorre quando o átomo de carbono está ligado a três átomos
decarbono na cadeia carbônica;
d) Carbono Quaternário - ocorre quando o átomo de carbono está ligado a quatro
átomos de carbono na cadeia carbônica.
Através do exemplo a seguir, poderemos observar a classificação do carbono em
primário, secundário, terciário ou quaternário ao longo de uma cadeia carbônica.

7.5 - Fórmula estrutural

A fórmula estrutural é a maneira pela qual os átomos estão arrumados dentro das
moléculas ou compostos orgânicos.

, ,

7.6 – Classificação das cadeias carbonicas

Devido a existência de uma grande variedade de cadeias orgânicas, foram


estabelecidos alguns critérios para classificação dos compostos orgânicos em relação a sua
cadeia orgânica.

a) Aberta, Acíclica ou Alifática - apresenta os átomos de carbono sem formar u ciclo ou


anel entre eles. A cadeia apresenta no mínimo duas extremidades.

34
b) Fechada ou Cíclica - apresenta um ciclo, núcleo ou anel (não apresenta extremidade).

c) Homogênea - ocorre quando não possui qualquer átomo diferente entre carbonos.

d) Heterogênea - ocorre quando possui um heteroátomo (átomo de outro elemento)


entre carbonos.

e) Cadeia Normal - possui apenas carbonos primários e secundários.

f) Cadeia Ramificada - possui pelo menos 1 carbono terciário ou quaternário.

g) Saturada - possui somente ligações simples entre os átomos de carbono.

h) Insaturada - possui pelo menos uma ligação dupla ou tripla entre átomos de
carbono.

35
As cadeias fechadas podem ainda ser subdivididas em Aromáticas e Alicíclicas:
- Aromáticas - são compostos de cadeia fechada que apresenta um ou mais anéis
benzênicos. O anel benzênico forma os denominados compostos aromáticos.

- Alicíclicas - são compostos de cadeia fechada que não apresentam o anel benzênico.

As cadeias cíclicas podem ser classificadas em Homocíclias ou Heterocíclicas, a


depender da presença ou não de um heteroátomo no núcleo ou ciclo.

36
8 – Química Nuclear

Em 1895, Roentgen descobriu um tipo de radiação que atravessava corpos opacos,


apesar de serem absorvidos em parte por eles. Esses raios têm a propriedade de excitar
substâncias fosforizantes ou fluorescentes, impressionam placas fotográficas e aumentam a
condutividade elétrica do ar que atravessam (ionização). Como eram de natureza
desconhecida, foram denominados Raios-X. Em 1896, Becquerel estabeleceu que sais de
Urânio emitem radiações análogas aos Raios-X e que impressionavam chapas fotográficas,
o que já havia sido observado em 1867 por Saint Victor, sem que se pudesse tirar proveito
dessa descoberta, dada a limitação do conhecimento científico então.
Outros elementos pesados, com massas próximas à do urânio, como o rádio e o
polônio, também tinham a mesma propriedade. O fenômeno foi denominado radioatividade e
os elementos que apresentavam essa propriedade foram chamados de elementos
radioativos. Comprovou-se que um núcleo muito energético, por ter excesso de partículas
ou de carga, tende a estabilizar-se, emitindo algumas partículas.
O número de nêutrons no núcleo pode ser variável, pois eles não têm carga elétrica. Com
isso, um mesmo elemento químico pode ter massas diferentes. Átomos de um mesmo
elemento químico com massas diferentes são denominados isótopos.
O urânio, que possui 92 prótons no núcleo, existe na natureza na forma de 3
isótopos:
- U-234, com 142 nêutrons (em quantidade desprezível);
- U-235, com 143 nêutrons, usado em reatores PWR, após enriquecido (0,7%);
- U-238, com 146 nêutrons no núcleo (99,3%).

8.1 – Radioatividade

O esquecimento de uma rocha de urânio sobre um filme fotográfico virgem levou à


descoberta de um fenômeno interessante: o filme foi velado (marcado) por “alguma coisa”
que saía da rocha, na época denominada raios ou radiações. O fenômeno foi denominado
radioatividade e os elementos que apresentavam essa propriedade foram chamados de
elementos radioativos. Comprovou-se que um núcleo muito energético, por ter excesso de
partículas ou de carga, tende a estabilizar-se, emitindo algumas partículas.

37
8.1.1 – Partícula alfa 

Um dos processos de estabilização de um núcleo com excesso de energia é o da


emissão de um grupo de partículas positivas, constituídas por dois prótons e dois nêutrons,
e da energia a elas associada. São as radiações alfa ou partículas alfa, núcleos de hélio
(He), um gás chamado “nobre” por não reagir quimicamente com os demais elementos.

8.1.2 – Partícula beta 

Outra forma de estabilização, quando existe no núcleo um excesso de nêutrons em


relação a prótons, é através da emissão de uma partícula negativa, um elétron, resultante da
conversão de um nêutron em um próton. É a partícula beta negativa ou, simplesmente,
partícula beta. No caso de existir excesso de cargas positivas (prótons), é emitida uma
partícula beta positiva, chamada pósitron, resultante da conversão de um próton em um
nêutron. Portanto, a radiação beta é constituída de partículas emitidas por um núcleo,
quando da transformação de nêutrons em prótons (partículas beta) ou de prótons em
nêutrons (pósitrons).

38
8.1.3 – Partícula gama 

Geralmente, após a emissão de uma partícula alfa ( ) ou beta ( ), o núcleo resultante


desse processo, ainda com excesso de energia, procura estabilizar-se, emitindo esse
excesso em forma de onda eletromagnética, da mesma natureza da luz, denominada
radiação gama.

8.1.4 – Atividade de uma amostra

Os núcleos instáveis de uma mesma espécie (mesmo elemento químico) e de


massas diferentes, denominados radioisótopos, não realizam todas as mudanças ao
mesmo tempo. As emissões de radiação são feitas de modo imprevisto e não se pode
adivinhar o momento em que um determinado núcleo irá emitir radiação. Entretanto, para a
grande quantidade de átomos existente em uma amostra é razoável esperar-se um certo
número de emissões ou transformações em cada segundo. Essa “taxa” de transformações é
denominada atividade da amostra.

- Unidade de atividade: A atividade de uma amostra com átomos radioativos (ou fonte
radioativa) é medida em:
Bq (Becquerel) = uma desintegração por segundo
Ci (Curie) = 3,7 x 1010 Bq

8.1.5 – Desintegração Radioativa

Sabemos que um núcleo com excesso de energia tende a estabilizar-se, emitindo


partículas alfa ou beta.
Em cada emissão de uma dessas partículas, há uma variação do número de prótons
no núcleo, isto é, o elemento se transforma ou se transmuta em outro, de comportamento
químico diferente.
Essa transmutação também é conhecida como desintegração radioativa,
designação não muito adequada, porque dá a idéia de desagregação total do átomo e não
apenas da perda de sua integridade. Um termo mais apropriado é decaimento radioativo,
que sugere a diminuição gradual de massa e atividade.

39
8.1.6 – Meia Vida

Cada elemento radioativo, seja natural ou obtido artificialmente, se transmuta (se


desintegra ou decai) a uma velocidade que lhe é característica. Para se acompanhar a
duração (ou a “vida”) de um elemento radioativo foi preciso estabelecer uma forma de
comparação. Por exemplo, quanto tempo leva para um elemento radioativo ter sua atividade
reduzida à metade da atividade inicial ? Esse tempo foi denominado meia-vida do elemento.
Meia-vida, portanto, é o tempo necessário para a atividade de um elemento
radioativo ser reduzida à metade da atividade inicial. Isso significa que, para cada meia-vida
que passa, a atividade vai sendo reduzida à metade da anterior, até atingir um valor
insignificante, que não permite mais distinguir suas radiações das do meio ambiente.
Dependendo do valor inicial, em muitas fontes radioativas utilizadas em laboratórios de
análise e pesquisa, após 10 (dez) meias vidas, atinge-se esse nível. Entretanto, não se pode
confiar totalmente nessa “receita” e sim numa medida com um detector apropriado, pois, nas
fontes usadas na indústria e na medicina, mesmo após 10 meias-vidas, a atividade da fonte
ainda é geralmente muito alta.

8.1.7 – Elementos radioativos naturais

Na natureza existem elementos radioativos que realizam transmutações ou


desintegrações sucessivas, até que o núcleo atinja uma configuração estável. Isso significa
que, após um decaimento radioativo, o núcleo não possui, ainda, uma organização interna
estável e, assim, ele executa outra transmutação para melhorá-la e, ainda não conseguindo,
prossegue, até atingir a configuração de equilíbrio.
Em cada decaimento, os núcleos emitem radiações dos tipos alfa, beta e/ou gama e
cada um deles é mais organizado que o núcleo anterior. Essas seqüências de núcleos são
denominadas séries radioativas ou famílias radioativas naturais. No estudo da
radioatividade, constatou-se que existem apenas 3 séries ou famílias radioativas naturais,
conhecidas como Série do Urânio, Série do Actínio e Série do Tório.
A Série do Actínio, na realidade, inicia-se com o urânio-235 e tem esse nome, porque
se pensava que ela começava pelo actínio-227. As três séries naturais terminam em
isótopos estáveis do chumbo, respectivamente, chumbo-206, chumbo-207 e chumbo-208.

8.1.8 – Elementos radioativos artificiais

Uma série de elementos radioativos não é encontrada na natureza. Um exemplo


bastante conhecido é o Plutônio (Pu 239), resultante da absorção de um nêutron por um

40
núcleo de urânio (U 238), em um reator nuclear. Nas aplicações industriais e na medicina,
os mais conhecidos são o Cobalto 60 e o Césio 137.

Cobalto-60

O Cobalto (Co) é um metal duro, de cor cinza azulada, encontrado de forma estável
(não radioativo) na natureza. Tem características parecidas com o ferro, podendo, inclusive,
ser magnetizado. O isótopo radioativo mais conhecido é o Cobalto 60, descoberto por Glenn
T. Seaborg e John Livingood na Universidade da California - Berkeley na década de 30.
O Cobalto não radioativo ocorre em vários minerais, e foi utilizado durante centenas
de anos para dar coloração azulada à cerâmicas e ao vidro. O radionuclídeo Cobalto-60 é
produzido para uso comercial em aceleradores lineares, mas também surge como produto
da operação de reatores nucleares, quando materiais estruturais, como o aço, são expostos
à radiação. Sua meia-vida é de 5,27 anos e decai em Níquel-60 por emissão Beta e Gama.
O Cobalto-60 é utilizado em muitas aplicações, em radiografia (gamagrafia)
industrial, como medidores de nível, de espessura, esterilização de objetos e alimentos e em
radioterapia em hospitais. Nas aplicações médicas e industriais, o Cobalto-60 (assim como
outros radionuclídeos) é encapsulado em metal blindado, recebendo o nome de fontes de
radiação.

Césio-137

O Césio (Cs) é um metal encontrado em forma estável na natureza em vários


minerais. O mais conhecido isótopo é o Césio-137, mas há também o Césio-134. Foi
descoberto na Universidade da Califórnia-Berkeley na década de 30 por Glenn T. Seaborg e
sua colega, Margaret Melhase. O Césio-137 é um dos produtos de fissão tanto do Urânio
como do Plutônio. É um metal macio, maleável de cor branca prateada. É um dos três
metais encontrados em estado líquido a temperatura ambiente (~28oC), tem uma meia vida
de 30 anos e decai por emissão Beta e Gama em Bário-137. É utilizado na indústria em
medidores de densidade, nível, espessura e para a caracterização de rochas na perfuração
de poços de petróleo. Na medicina é utilizado em radioterapia no tratamento de câncer.

8.1.9 – Por que a radiação é perigosa?

O público em geral costuma ter uma atitude muito negativa sobre a utilização de
substâncias radioativas, em especial no caso de aplicações em larga escala, como nas
usinas nucleares de geração de energia elétrica. De uma maneira geral, existe uma
oposição menor ao emprego médico de materiais radiativos.
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Quando uma célula absorve radiação, a energia da radiação faz mais do que
aquecer tal célula. Ela também pode quebrar moléculas em fragmentos. Moléculas são
eletricamente neutras, mas os seus fragmentos costumam apresentar carga elétrica. Estes
fragmentos com cargas são chamados de íons e a radiação que os produz é chamada de
radiação ionizante. Radiação de alta intensidade pode danificar várias moléculas de uma
célula, de modo a provocar sua morte. Células podem ser capazes de reparar os danos
causados por doses menores de radiação. Entretanto, se o DNA das células for danificado,
mesmo um pequeno dano pode ter conseqüências sérias.
Se genes que controlam o crescimento e multiplicação são alterados, as células
podem começar a se dividir incontrolavelmente para produzir tumores, ou o que se chama
de câncer. Pode haver um intervalo de tempo de muitos anos entre o dano inicial às células
e o desenvolvimento de um tumor. Existe uma teoria a partir da qual somos capazes de
descrever um mecanismo que permite à radiação produzir mutação genética e tumores.
Esta teoria, aliada à existência de uma correlação entre radiação ionizante e risco de
câncer, exceto para doses muito baixas de radiação, convenceu os cientistas de que a
radiação ionizante causa câncer.

Considerando-se que as partículas alfa são facilmente absorvidas por células e que
causam muita ionização em pequenas distâncias, pode parecer que elas são mais
propensas a danificar células do que partículas beta ou raios gama. Isto seria correto se os
átomos instáveis que emitem partículas alfa estiverem muito próximos de células vivas ou
mesmo dentro delas. No caso de fontes de radiação situadas fora de nosso corpo, todavia, a
radiação alfa é a menos perigosa. Uma fonte de radiação alfa, cuja distância seja maior do
que alguns centímetros, sequer alcançará nossa pele.
Para medir o dano causado por qualquer radiação absorvida pelas células de um
organismo, a dose absorvida de radiação alfa é ampliada por um fator de 20 antes de ser
somada às doses absorvidas de radiações beta e gama. Por meio dessa soma, pode-se
obter a dose equivalente (medida em sievert, Sv).
Os diferentes tipos de células de diferentes tecidos e órgãos do corpo humano são
afetados de forma diferente pela radiação. Células germinativas em ovários e testículos, por
exemplo, são muito mais afetadas que as células presentes na matriz óssea. Quando o
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cálculo da dose de radiação absorvida também leva em consideração as diferenças de
sensibilidade de células, tecidos e órgãos, o valor resultante é chamado de dose efetiva,
também medida em sievert. Sempre que se mencionar um valor como “dose de radiação”,
está se referindo à dose efetiva.
A dose efetiva é uma medida importante por ser relacionada com diferentes riscos,
inclusive com o risco de se morrer de câncer. O risco, obviamente, é apenas a melhor
estimativa que se pode conseguir, face ao conhecimento estatístico atual. Quando este texto
foi escrito (março de 2000), a Comissão Internacional de Proteção Radiológica estimou a
probabilidade de morrer de câncer em 0,05 mSv-1.Em outras palavras, o risco anual de se
morrer com uma dose anual de radiação de 1 Sv é de 5%, ou seja, uma chance em 20. Para
uma dose de 1 mSv, a probabilidade e o risco anual de morte seria mil vezes menor.
Este método de cálculo de risco presume que exista uma relação proporcional entre
dose efetiva e risco de câncer, e que todas as doses de radiação, não importa quão
pequenas, têm um risco, ou seja, não há um limiar de dose necessário para causar câncer.
Apesar da proporcionalidade ser bem estabelecida para doses moderadas, a ausência de
um limiar é apenas presumida e não é aceita por todos os cientistas.

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9 – Fertilizantes e Biocidas

9.1 – Biocidas

Os biocidas organo-sintéticos, também conhecidos como agrotóxicos, surgem na


tentativa de facilitar o manejo agrícola, com a função de eliminar organismos que
representam obstáculos à produção. Vários fatores contribuem para que os biocidas se
tornem um dos mais importantes insumos agrícolas da agricultura moderna ou industrial. É
fundamental analisar o contexto que emergem os organo-sintéticos para compreender sua
inserção atual.
O crescimento populacional e econômico do pós-guerra fez aumentar a demanda por
alimentos e matéria primas. Já na década de 1950, em todo mundo, especialmente nos
países fornecedores de produtos agrícolas, ocorre um expressivo aumento das áreas
agrícolas. Em termos mundiais o objetivo era acabar com a fome existente no mundo, desde
que, para isso, fossem utilizados os componentes do pacote tecnológico da agricultura
moderna, ou seja, máquinas, implementos agrícolas, fertilizantes sintéticos, sementes
melhoradas e “defensivos agrícolas” (biocidas).
Atualmente os biocidas estão sendo largamente utilizados em todo o mundo, como
um dos meios de se aumentar a produtividade na agricultura. O Brasil é um dos maiores
consumidores desses produtos, devido ao modelo agrícola adotado e a ampla diversidade
biológica, predominante na maior parte do seu território, que favorece a incidência de pragas
e moléstias. Um dos maiores consumidores desses produtos, devido ao modelo agrícola
adotado e a ampla diversidade biológica, predominante na maior parte do seu território, que
favorece a incidência de pragas e moléstias. O termo mais popular, usado atualmente no
meio agrícola e na sociedade como um todo, é agrotóxico. Agrotóxico tem sentido amplo,
incluindo todos produtos utilizados nos agroecossistemas para combater pragas e doenças.
Essa terminologia não foge do sentido „tóxico de uso agrícola‟ (agro + tóxico), tendo a
toxicologia como ciência que estuda seus efeitos. Esse termo é utilizado por vários autores
de diferentes áreas no Brasil. Contudo, talvez o termo tecnicamente mais indicado para
representar as substâncias que agem no controle de organismos nocivos devesse ser
biocida. Pois, a palavra biocida significa “mata a vida”. Este termo inclui também organismos
não alvos, atingidos no amplo espectro destes produtos químicos. As diversas designações
como agrotóxico, defensivo agrícola, praguicida, pesticida e biocida são usados de maneira
geral para indicar os produtos químicos sintetizados artificialmente para conter a ação das
pragas invasoras (animais, vegetais, fungos, insetos, etc.), que interferem na qualidade ou
quantidade de lavouras, alimentos, rações, flores, madeiras, forragens, fibras; tanto na

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produção, como na armazenagem ou transporte destes produtos, provocando perdas
econômicas consideráveis.
Os biocidas são os principais poluentes do modelo agrícola industrial. Por seu vasto
espectro deletério, os venenos organosintéticos não se limitam a um determinado local,
apesar de serem aplicados numa área, deslocam-se por vários caminhos. A translocação
das substâncias tóxicas pode se realizar por meio biológico, pelos processos químicos e
físicos, através da atmosfera, do solo, das águas subterrâneas e superficiais.
O uso de venenos agrícolas não pode ser entendido como um problema
exclusivamente do meio rural, pois a irradiação desses produtos tóxicos, no meio urbano, é
em decorrência do crescente uso nas lavouras, como também, da expansão das áreas de
cultivo e áreas urbanas, com sua conseqüente aproximação de ambas. Por conseqüência
disso, as substâncias chegam muito facilmente à cidade, contidas nos alimentos, nas fontes
de água de abastecimento público, ou presentes no ar. A contaminação humana e dos
recursos naturais, pelo uso indevido e até excessivo de biocidas, constitui grave problema
de saúde pública, podendo levar a intoxicações e óbitos dos seres humanos, causados pela
falta de conhecimentos, de cuidados preventivos e manejo agrícola inadequado.
A questão dos biocidas no mundo subdesenvolvido, à margem do acesso à
educação, saúde e a políticas públicas voltadas ao cidadão, intensificam o sinergismo
degradador que possuem os biocidas. Ao agricultor cabe ressaltar o papel de utilizador
deste conjunto de produtos e técnicas, muitas vezes sem a real noção do perigo que
enfrenta todos os dias. São também vítimas de um modelo que perpetua dependência, no
campo financeiro e econômico, pelos financiamentos, pela necessidade de alta
produtividade, pelos passivos sociais e ambientais que cabem aos agricultores e a
sociedade administrarem.
A dimensão tempo-espacial do uso de biocidas é muito mais complexa do que
parece, porque possui diversas interações que se ligam a aspectos políticos, econômicos,
sociais, culturais e ambientais. Para entender esta detalhada trama, são necessários outros
trabalhos científicos que possam aprofundar a compreensão num determinado seguimento e
encaixá-los no todo.

9.2 – Fertilizantes

O que são os fertilizantes

Fertilizantes minerais são materiais, naturais ou manufaturados, que contêm


nutrientes essenciais para o crescimento normal e o desenvolvimento das plantas.
Nutrientes de plantas são alimentos para as espécies vegetais, algumas das quais são
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utilizadas diretamente por seres humanos como alimentos, outras para alimentar animais,
suprir fibras naturais e produzir madeira. O homem e todos os animais dependem totalmente
das plantas para viver e reproduzir.
A percepção pública sobre fertilizantes minerais geralmente não leva em conta
esses simples fatos. Três dos nutrientes têm que ser aplicados em grandes quantidades:
nitrogênio, fósforo e potássio. Enxofre, cálcio e magnésio também são necessários em
quantidades substanciais. Esses nutrientes são constituintes de muitos componentes das
plantas, tais como proteínas, ácidos nucléicos e clorofila, e são essenciais para processos
tais como transferências de energia, manutenção da pressão interna e ação enzimática.
Sete1 outros elementos são necessários em quantidades pequenas e são conhecidos como
“micronutrientes”. Mais cinco elementos2 são requeridos por certas plantas. Esses elementos
têm uma grande variedade de funções essenciais no metabolismo das plantas. Os metais
são constituintes de enzimas que controlam diferentes processos nas plantas. A deficiência
de qualquer um desses nutrientes pode comprometer o desenvolvimento das plantas.
Fertilizantes minerais compreendem elementos que ocorrem naturalmente e que são
essenciais para a vida. Eles dão a vida e não são biocidas. Fertilizantes são usados para:
- Suplementar a disponibilidade natural do solo com a finalidade de satisfazer a
demanda de culturas que apresentam um alto potencial de produtividade e de levar a
produções economicamente viáveis;
- Compensar a perda de nutrientes decorrentes da remoção da culturas, por
lixiviação ou perdas gasosas;
- Melhorar as condições não favoráveis ou manter boas condições do solo para
produção das culturas.
O aumento na fabricação de fertilizantes é resultante de uma industrialização global,
com as indústrias localizadas perto das fontes de matérias-primas ou em países em
desenvolvimento com a expansão do mercado para os produtos. Produção de fertilizantes
não é, decididamente, um monopólio do mundo desenvolvido.
O que aconteceria se os fertilizantes minerais não fossem usados?
O efeito imediato de se parar o uso de fertilizantes minerais é que a produção das
culturas iria cair a níveis sustentáveis apenas pelo solo e pela relativamente pequena
contribuição dos materiais orgânicos; as produtividades iriam cair progressivamente, à
medida que as reservas do solo fossem utilizadas, eventualmente atingindo os baixos níveis
observados em experimentos de campo de longa duração. Na ausência de fertilizantes, é
provável que os sistemas de produção e os métodos de manejo iriam mudar, mas, apesar
de todos os esforços, é certo que a estrutura atual e as produções agrícolas não poderiam
ser mantidas. Simplesmente haveria quantidade insuficiente de nutrientes de plantas no
sistema geral. Os países ricos poderiam possivelmente obter o suficiente, mas não os
países pobres, e talvez não os pobres nos países ricos.
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A fertilidade do solo depende de interações complexas e pouco compreendidas entre
as propriedades biológicas, químicas e físicas do solo. Compreender e quantificar essas
interações vai se tornar cada vez mais importante. Será necessário no futuro reconhecer de
modo mais claro que existe uma diferença entre a produtividade agrícola e a fertilidade de
um solo:
- Desde que a fertilidade do solo esteja num patamar satisfatório e considerando-se
as limitações climáticas, a produtividade agrícola pode ser controlada pela aplicação de
insumos anuais, tais como N, e produtos químicos para controlar plantas invasoras, pragas
e doenças.
- Contudo, a fertilidade do solo é freqüentemente controlada por fatores que
normalmente, no curto prazo, são difíceis de manipular; por exemplo, propriedades químicas
do solo como acidez e disponibilidade de nutrientes.
Sempre que possível será necessário definir limites críticos de fertilidade do solo e
assegurar que os teores de nutrientes nos solos sejam mantidos logo acima desses limites.
Abaixo do valor crítico, perdas em produtividade se constituem em uma séria ameaça
financeira à sustentabilidade de qualquer sistema produtivo.
Manter os teores de nutrientes no solo muito acima do valor crítico constitui-se em um custo
financeiro desnecessário para o agricultor e pode ter implicações ambientais.
Um solo fértil e produtivo é o recurso fundamental para o agricultor e para todo o
ecossistema. O objetivo do agricultor é manter a produtividade do seu solo. Isso implica em
uma boa administração de sua parte; ou seja, mantendo uma boa estrutura física, um bom
teor de matéria orgânica, boa aeração, teor adequado de umidade, pH adequado e um
ótimo “status” nutricional. O manejo desse sistema é complexo. A seqüência de culturas, o
número de cabeças de gado na propriedade e as técnicas de cultivo utilizadas pelo
agricultor ou pecuarista, podem reduzir ou aumentar a produtividade do solo. Em relação
aos nutrientes de plantas, a demanda geral da cultura e a quantidade removida do solo deve
ser reposta, não necessariamente todo ano, mas certamente dentro de um sistema de
rotação de culturas geral, se o objetivo é manter os níveis de fertilidade do solo e a
produtividade a longo prazo (sustentabilidade).
Muitas vezes se afirma que o uso de fertilizantes minerais tem um efeito adverso na
estrutura do solo. Evidências obtidas em experimentos de longa duração indicam que este
não é o caso. A ação agregante do aumento da proliferação de raízes e da maior
quantidade de resíduos formada de culturas bem adubadas torna o solo mais friável, fácil
para cultivar e mais receptivo à água
A maioria dos fertilizantes nitrogenados, especialmente sulfato de amônio e menos
intensamente o nitrato de amônio, acidifica o solo, embora isso possa ser menos acentuado
em alguns solos. O uso de resíduos orgânicos, nas doses normais de aplicação, pode não
evitar a acidificação, mas pode reduzir a velocidade do processo. Os efeitos acidificantes de
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alguns fertilizantes nitrogenados podem ser corrigidos se o calcário estiver economicamente
disponível e for aplicado. Nas regiões temperadas, o calcário aplicado em doses
equivalentes a toneladas por hectare, mas menos freqüentemente que os fertilizantes,
fornecem condições ótimas para o crescimento de muitas espécies de culturas dessas
regiões. Além de neutralizar a acidez do solo, a calagem melhora a disponibilidade de outros
nutrientes, como o fósforo, e diminui a toxidez de alumínio e manganês. Em um experimento
de longa duração na Índia, com a aplicação contínua de fertilizantes sem calcário, a
produtividade caiu a zero. Quando o pH do solo foi mantido perto do ótimo, o sistema
tornou-se sustentável.
Um solo fértil com culturas de crescimento rápido é muito menos propenso a erosão
que um solo pobre com vegetação rala. Quanto mais desenvolvida for a cobertura vegetal,
maior será a proteção contra a ação do vento e da água. Por causa do sistema radicular
vigoroso e da maior quantidade de resíduos, culturas de alta produtividade ajudam a segurar
o solo. As raízes e os resíduos que voltam ao solo melhoram a produtividade pelo aumento
de matéria orgânica, melhorando também a aeração e as taxas de infiltração de água. Os
efeitos residuais da maior produção de matéria orgânica também são significativos no
melhoramento da agregação do solo.

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