Contos Populares Do Brasil Silvio Romero
Contos Populares Do Brasil Silvio Romero
Contos Populares Do Brasil Silvio Romero
CONTOS POPULARES
DO BRAZIL
*
EDIÇÕES DA M A LIVRARIA INTERNACIONAL DE LISBOA
T l i e o p l i i l o B r a g a : Miragens Seculares. Epopéia
cyclica da h i s t o r i a : I Gyclo d a fatalidade; I I Cyclo da l u -
c t a ; I I I Gyclo da liberdade. Edição esmerada. 800 reis.
— Soluções Positivas da Política Portugueza: I Da aspira-
ção revolucionaria e sua d i s c i p l i n a em opinião democrá-
tica. I I Do systema constitucional, como transigência pro-
visória entre o absolutismo e a revolução. I I I e IV Histo-
ria das idéias democráticas em Portugal, desde 1640 até
1880. 3 vol. 920 reis.—Dissolução do systema monarchico
constitucional, 300 reis. — Historia Universal, esboço dó
sociologia descriptiva. 2 v o l . 2$000 reis. — Historia do
Romantismo em Portugal, u l t i m a parte da H i s t o r i a d a
L i t t e r a t u r a Portugueza. 2 v o l . 1$400 reis.
T e i x e i r a B a s t o s : Comte e o Positivismo, ensaio
sobre a evolução e as bases da philosophia positiva, 200
reis. — Vibrações do Século: I Sons do Universo; I I Au-
--reolas l u m i n o s a s ; I I I Gritos da época, 600reis, cart. 900
reis. — Progressos do espirito humano, 160 reis. — Camões
e a Nacionalidade portugueza, commemoração do T r i c e n -
tenario, 100 reis.
S y l v i o R o m é r o : Materiaes para a historia da Lit-
teratura Brazileira : I Cantos populares do Brazü, acom-
panhados de Introducçâo e Notas por Theophilo Braga.
2 volumes com musicas, 1^400 reis. — I I Contos populares
do Brazü, com u m prólogo critico e notas de Theophilo
Braga. 700*reis. — Introducçâo á historia da litteratura
brazileira — 2. parte. No prelo.
A
DO BRAZIL
GOLLIGIDÒS
L I S DOA
NOVA L I V R A R I A INTERNACIONAL EDITORA
96, Rua do Arsenal, 96
J8«5
ADVERTÊNCIA
1
Modificámos n'este ponto o plano do collector, com-
pletando a representação dos elementos ethnicos do Bra-
zü com o que actualmente se conhece de tradições dos i n -
dígenas. Couto de Magalhães, notou na l i n g u a p o r t u g u e z a
das províncias do Pará, Goyaz e especialmente Matto Gros-
so, vocábulos tupis e guaranis, phrases, bguras, i d i o t i s -
mos e construcções peculiares d o t u p i ; as dansas canta-
v
|T. B.)
A
VI ADVERTÊNCIA
Silvio 3\omèro.
SOBRE A NOVELLISTICA BRAZILEIRA
1. — Tradições de p r o v e n i e n c i a europêa
1
Cantos populares do Brazil, n.° 31.
X INTRODUCÇÂO
1
Rodolpho Theophilo, Historia da Secca do Ceará, pag.
86.
XII INTRODUCÇÂO
4
p r i m i t i v a , e m e s m o consideral-o e m g r a n d e parte c o m o
degeuerações d'esses m y t h o s q u a n d o d e i x a r a m de s e r
c o m p r e h e n d i d o s . N ã o é esta, p o r é m , a n o s s a d o u t r i n a ;
p o r q u e a aproximação do C o n t o p ô d e fazer-se t a m b é m
d a Lenda, estabelecendo-se u m a relação i n t i m a e n t r e e s -
tes dous productos d a imaginação e das concepções s u b -
j e c t i v a s . O Conto é p a r a nós u m producto independente
é simultâneo c o m a creação do Mglho e da Lenda, apro-
priando-se d o s e l e m e n t o s de c a d a u m a d'essas conce-
pções, e c o n s e r v a n d o por isso n a s u a variedade u m a s
v e z e s c a r a c t e r e s mytbicos, outras vezes c a r a c t e r e s len-
dários. É por u m a tal relação que o C o n t o se c o n s e r v a
c o m u m a t e n a c i s s i m a persistência, já entre a s raças atra-
zadas e m e s m o e n t r e os indivíduos m a i s adaptados* á
concepção mythica, c o m o a s crianças, já entre as pes-
soas e m q u e m p r e p o n d e r a a m e m ó r i a histórica, c o m o os
v e l h o s . A feição m y t h i c a dos Contos reconhece-se e m u m
d e t e r m i n a d o n u m e r o de lhe mas i n c i d e n t a e s q u e se r e -
p e t e m entre todos os p o v o s ; taes são as bolas de sete
léguas, mythificação do vento, a toalha sempre com co-
mer, q u e B r u e y r e i n t e r p r e t a c o m o sendo a n u v e m , o s
pomos de ouro, o u o s u l , a menina que bota 'pérolas
quando falia, o u a Aurora, q u e é a gala borralheira no
crepúsculo v e s p e r t i n o ; a l g u n s contos t e m sido aproxi-
m a d o s de m y t h o s definidos, taes c o m o o conto de João
Feijão ( T o m Puce) do m y t h o astronômico da G r a n d e U r s a
e do r o u b o d o s bois p o r H e r m e s , o d a Cendrillon do
m y t h o de Proserpina, a s a l a prohibida do Barbe-Bleu, do
m y t h o do thesouro de Ixion, as botas de sete legaas c o m
as sandálias de o u r o de Minerva, n a Odyssea. E s t a s apro-
ximações p o d e m s e r verdadeiras, m a s é p r e c i s o q u e s e
n ã o s u b m e t t a tudo a o e x c l u s i v o ponto de vista mythico.
S e g u n d o a aproximação do typo lendar, o Conto apre-
s e n t a outros c a r a c t e r e s : c o n s e r v a o s e u t h e m a , modifi-
cando as c i r c u m s t a n c i a s de pessoas e l o g a r e s . E x e m p l i f i -
q u e m o s : Conta-se e m L i s b o a q u e Diogo Alves, a s s a s s i n o
XVI INTRODUCÇÂO
o
1
Nos Contos tradicionaes do Povo portuguez, apresenta-
mos um plano racional e histórico de classificação.
XX INTRODUCÇÂO
o
Negro é tôeo,
Quem não lhe atira é louco.
Negro é vulto,
Quando não pede, furta.
1
Systême de Polilique positive, t. iv, pag. 520.
SOBRE A N O V E L L I S T I C A B R A Z I L E I R A XXI
d a a c t u a l m e n t e a população n e g r a e l e v a - s e a o n u m e r o
de milhão e m e i o de a l m a s ; de 1 8 3 1 a 1 8 5 2 o trafi-
3
co t r a n s p o r t o u d a África p a r a a s s e n z a l a s do B r a z i l u m
milhão d e Degros, c a l c u l a n d o - s e a cifra a n n u a l e m c i n -
4
c o e n t a m i l . E r a a n t h r o p o l o g i c a m e n t e impossível, q u e e s -
te e l e m e n t o n ã o a c t u a s s e s o b r e a população b r a n c a ,
a p e s a r do s e u a f a s t a m e n t o c r u e l . A s m u s i c a s e d a n s a s
p o p u l a r e s , c o m o a s sambas, chibas, batuques e candom-
blés, o vapata e o carurú, são a p r o v a d a i n f l u e n c i a
e t h n i c a do negro, n o B r a z i l . C o m o é q u e a s tradições
p o p u l a r e s e d o m e s t i c a s e s c a p a r i a m á influencia d'es-
s a raça n o s e u espontâneo f e t i c h i s m o ? S e o b r a n c o f o i
s e v e r o n o s e u a f a s t a m e n t o do e s c r a v o n e g r o , e s t e obe-
d e c e u á s u a tendência affectiva, l i g o u - s e á n o v a n a c i o -
nalidade de q u e o f i z e r a m cooperador. S o b r e este ponto
e s c r e v e J o a q u i m N a b u c o : « A escravidão, p o r felicidade
nossa, n ã o a z e d o u n u n c a a a l m a do e s c r a v o c o n t r a o se-
nhor, f a l l a n d o c o l l e c t i v a m e n t e , n e m c r e o u e n t r e a s duas
raças o odio r e c i p r o c o q u e e x i s t e n a t u r a l m e n t e e n t r e
o p p r e s s o r e s e opprimidos.» C o m o os factos p a r t i c u l a -
5
r e s c o n f i r m a m a s g r a n d e s leis n a t u r a e s : a raça n e g r a é
e s s e n c i a l m e n t e affectiva, e é e s t e o c a r a c t e r c o m q u e
t e m d e s e r t r a z i d a á cooperação c o m as raças s u p e r i o r e s
da historia. A u g u s t o C o m t e e x p o z e s t e g r a n d e p r i n c i p i o
sociológico, confirmado p e l o s a n t h r o p o l o g i s t a s : « póde-se
já r e c o n h e c e r q u e os n e g r o s são tão s u p e r i o r e s aos^bran-
1
O Abolicionismo, pag. 20.
2
Ibid., pag. 21.'
3
Ibid., pag. 108.
* Ibid., pag. 209.
5
Ibid., pag. 22.
B
XXII INTRODUCÇÂO
z i l e i r a é vastíssima, c o m o se vê p e l a abundância d e
Fábulas c o l h i d a s da tradição o r a l . Na Grécia a Fábula
era l a m b e m c o n s i d e r a d a c o m o p r o v e n i e n t e de u m a c i v i -
lisação n e g r o i d e , d'onde a sua designação d e Fábulas ly-
bicas, elhiopicas, e a identificação de Esopo c o m Aühiops.
A publicação m o d e r n a dos Contos dos Zulus, p o r H e n r y
C a l i a w a y , v e i u esclarecer-nos s o b r e a evolução das fôr-
m a s tradicionaes e n t r e a raça n e g r a , o n d e a p p a r e c e m os
c o n t o s d o Renard, d o Petü-Poucet, e a elaboração d e u m
f e t i c h i s m o q u e p e r d e u a fôrma c u l t u a i . N o Brazil e x i s t e
nas festas d o Natal e Reis Magos, o a u t o r u d i m e n t a r d o
Bumba meu Boi, análogo á festa d o B o i Geroa, o u o
Muene-llambo dos Ba-Nhaneca, d a África. M u i t a s das 3
*
XXIV INTRODUCÇÂO
1
Op. cit., pag. 138.
2
Op. cit., pag. 148-150. — Estas lendas e fábulas foram
traduzidas para francez com o titulo: Contes indiens du Brésil,
recuellis par M. le géneral Couto de Magalhães, et traduits par
Emile Allain. Rio de Janeiro. Faro e Lino éditeurs, rua do Ou-
vidor n.° 74. 1883.
XXVI INTRODUCÇÂO
3
Ibid., loc. cit.
4
Ibid., n, 271.
5
No prólogo do Cancioneiro da Vaticana, cap. vi.
SOBRE A N O V E L L I S T I C A B R A Z I L E I R A XXXI
sultados a p r o x i m a n d o o R o m a n c e i r o p e n i n s u l a r o u as
Aravias dos cantos históricos ou Yarauis do Perú. 2
q u e d e v e m s e r e s t u d a d a s a s tradições d a s raças do s u l
da A m e r i c a .
E n t r e a s civilisacões isoladas, q u e p o r e s t a condição
material se tornaram improgressivas, occupam um logar
importantíssimo depois do E g y p t o e d a C h i n a , a s d u a s
civilisacões do México e Perú. É e s t e o s e u l o g a r n a h i s -
toria d a h u m a n i d a d e ; t a l v e z tão a n t i g a s c o m o a do Egy-
pto, m a s a i n d a m a i s i s o l a d a s pelo território, p e l a p u r e z a
da raça e p o r falta d e e s t i m u l o d e outros p o v o s , e s t a s de-
v e m s e r e s t u d a d a s a n t e s d o a p p a r e c i m e n t o d a s raças ári-
cas, e s o b u m critério c o m p a r a t i v o , c o m o o vestígio m a i s
c o m p l e t o d a c a p a c i d a d e s o c i a l do e l e m e n t o t u r a n i a n o . 0
c o n h e c i m e n t o d a C h i n a data n a E u r o p a da época d a i n -
vasão d o s T a r l a r o s ( 1 2 4 0 ) e e s p e c i a l m e n t e depois d a l e i -
t u r a d a s Viagens d e Marco P o l o ; a s m a r a v i l h a s c o n t a d a s
pelo a t r e v i d o v i a j a n t e italiano e x a l t a r a m a imaginação
de Colombo, e este ousado n a v e g a d o r p e n s a n d o que des-
c o b r i a o C a t h a y o u a C h i n a , a b o r d a v a a o c o n t i n e n t e des-
c o n h e c i d o d a A m e r i c a , onde e x i s t i a m o u t r a s civilisações
e g u a l m e n t e i s o l a d a s e c o m a n a l o g i a s profundas c o m a
chineza. Esta circumstancia casual que conduziu Colom-
bo á descoberta da America, explica-nos t a m b é m como
o continente americano chegou a s e r habitado por u m a
raça c i v i l i s a d o r a , q u e n a s s u a s expedições m a r i t i m a s
abordou inconscientemente á America pela corrente do
G u l f - S t r e a m . E s s a raça p r i m i t i v a é t u r a n i a n a , e p o r i s s o
os grãos do s e u p r o g r e s s o , m y t h o s , l i t t e r a t u r a e arfe,
t e m p r o f u n d a s a n a l o g i a s c o m a s creações do gênio c h i -
nez.
A s m u i t a s relações e t h n i c a s e n t r e o México e a ín-
dia, n o s m y t h o s , n a s tradições p o p u l a r e s , n a s fôrmas
s y m b o l i c a s , n ã o e s c a p a r a m a sábios c o m o W i l s o n , T y l o r
e A l e x a n d r e d e H u m b o l d t ; o m o t i v o d'essas relações f o i
d e b a l d e p r o c u r a d o e m cornmunicações históricas i m m e -
diatas c o m a s raças áricas, s u p p o n d o já a h y p o t h e s e d e
u m a migração d o n o r d e s t e d a A s i a p a r a o noroéste d a
SOBRE A NOVELLISTICA BRAZILEIRA XXXIII
referido n'uma m á x i m a p y t h a g o r i c a « N ã o b o l i r no l u m e
c o m u m a faca. » A reconstituição d'essa g r a n d e c i v i l i s a -
ção Proto-Historica v e m e x p l i c a r a u n i d a d e d e u m certo
n u m e r o d e tradições e n t r e p o v o s q u e n ã o t i v e r a m r e l a -
ções e n t r e s i n a s épocas históricas. A civilisação do Mé-
x i c o t e m a importância de n o s m o s t r a r e m u m grande
n u m e r o de instituições o gênio c r e a d o r d a raça t u r a n i a -
n a ; e ao m e s m o t e m p o c o m o a p r e c o c i d a d e d a s u a c a -
pacidadeMaxi nMüller,v e n t i v Essais
a o c o nded uMythologie comp-, pag. e 321.
1
z i u á esterilidade decadên-
cia pelo s e u remotíssimo i s o l a m e n t o , q u e o s u b t r a h i a a
XXXIV INTRODUCÇÂO
1
Max-Müller. Essais de Mythologie compavêe. pag. 318.
SOBRE A NOVELLISTICA BRAZILEIRA XXXV
nalidadeIbid.,
2
b r a z pag.
i l e i r320.
a , fazem-nos a u g u r a r q u a l será a e x t r a -
1
Com te, Système de Politique, t . II, pag. 462.
XXXVI INTRODUCÇÂO
THEOPHILO BRAGA.
CONTOS POPULARES
IDO B^JLZIILJ
Secção primeira
O B i c h o Mlanjaléo
(Sergipe)
II
Os tres coroados
(Sergipe)
III
•
O rei Aníli-íitle
(Sergipe)
Canis vulpis.
ELEMENTO EUROPEU 15
(Sergipe)
Ví
O Sai-g-ento yei-de
(Sergipe)
ELEMENTO EUROPEU 21
pude p a s s a r . Já perto d e palácio a m o ç a d i s s e : « Tudo!»
elle d e n o v o t o m o u sentido, e c h e g a r a m aofimda v i a -
gem, h a v e n d o m u i t a a l e g r i a e m u i t a s festas, e a r a i n h a
a i n d a m a i s p e r d i d a ficou pelo S a r g e n t o v e r d e .
No emtanto a p r i n c e z a e n c a n t a d a n ã o f a l l a v a ; e s t a v a
m u d a . Com p o u c o a r a i n h a l e v a n t o u u m quinto a l e i v e
ao S a r g e n t o , e foi dizer a o r e i q u e elle s e atrevia, s e -
g u n d o d i s s e r a , a d a r falia á m u d a . O S a r g e n t o foi, c o m o
s e m p r e , t e r c o m o s e u c a v a l l o , q u e l h e d i s s e : « N ã o te-
n h a m e d o ; n a h o r a do almoço dê c o m u m a c o r d a n a
m o ç a , até ella dizer q u a l foi a p r i m e i r a p a l a v r a que d i s -
i s e ao s a h i r do mar, e o q u e e l l a q u e r d i z e r ; no j a n t a r
faça o m e s m o e i n d a g u e p e l a s e g u n d a ; n a c e i a o mes-
: m o e i n d a g u e p e l a t e r c e i r a , e a p r i n c e z a ficará fallan-
]
do. »
A s s i m f e z elle. No almoço do d i a s e g u i n t e m e t t e u a
c o r d a n a p r i n c e z a c o m a s p a l a v r a s : « Falle, m o ç a ! q u a l
a p a l a v r a q u e d i s s e a o s a h i r do m a r ? » A. m o ç a c a l a d a ,
e elle a dar-lhe, até que ella d i s s e : « Já! » — « O q u e
i q u e r d i z e r ? » A m u i t o custo e l l a d i s s e : a Já — q u e r d i -
z e r — já e s t o u l i v r e d e tantos trabalhos.» No j a n t a r hou-
v e o m e s m o , e a p r i n c e z a disse : « Bella! — q u e r d i z e r
I — são duas d o n z e l l a s , e l l a e o S a r g e n t o v e r d e q u e s e
i c h a m a L u c i n d a . » Na c e i a o m e s m o , e e l l a disse a u l t i m a
p a l a v r a , q u e q u e r dizer : «Tudo! s i L u c i n d a fosse h o m e m ,
i h a m u i t o el-rei, m e u irmão, s e r i a cornudo. » H o u v e m u i -
to e s p a n t o d e tudo a q u i l l o ; o S a r g e n t o v e r d e v o l t o u a o s
I trajos de m o ç a ; a p r i n c e z a a i n d a ficou n o palácio e fal-
! lando, e o c a v a l l o do S a r g e n t o d e s e n c a n t o u - s e n'um l i n -
i do m o ç o . E s t e s e c a s o u c o m a p r i n c e z a d e s e n c a n t a d a ;
i o rei se casou com Lucinda, porque a rainha morreu
i a m a r r a d a e m dous burros bravos, por ordem de s e u
..ii m a r i d o .
22 CONTOS P O P U L A R E S DO BRAZIL
VII
A. Princeza i'onI>í»íleii*a
(Sergipe)
IX
Dona LíiI)i,smiiiM
(Sergipe)
A. B a p o s i n h a
(Sergipe)
10
/
36 CONTOS P O P U L A R E S DO B R A Z I L
mi
XI
O homem pequeno
(Sergipe)
XII
Dona IHiita,
(Sergipe)
42 CONTOS P O P U L A R E S DO BRAZIL
i
1
Não nos foi possível conseguir o final d'este ultimo e
bello conto do papagaio, que por vezes ouvimos integralmente
'é em Sergipe narrado no seio de nossa família. Pedimos desculpa
por similhantes lacunas, promettendo um dia, talvez, suppril-as.
50 CONTOS P O P U L A R E S DO BRAZIL
XIV
A. moura torta
(Pernambuco)
XV
Maria Borralheira
(Sergipe)
c a r r e i r a l h e c a h i u u m c h a p i m do pé, q u e o p r i n c i p e apa-
ELEMENTO EUROPEU 57
ihou. Depois o rei mandou correr toda a cidade para
vér se achava-se a dona d'aquelle chapim, e o outro seu
companheiro. Experimentou-se o chapim nos pés de to-
üas as moças e uada. Afinal só faltavam i r á casa de
Viária Borralheira.,Lá foram. A dona da casa apresentou
as filhas que tinha ; ellas, com seus cascos de cavallo,
qnasi machucaram o chapim todo, e os guardas grita-
ram: «Virgem Nossa Senhora! Deixem, deixem!...»
Perguntaram si não havia alli mais ninguém. A dona da
casa respondeu : « Não, ahi tem somente uma pobre co-
zinheira, porca, que não vale a pena mandar chamar.»
Os encarregados da ordem do rei respondem que a or-
dem era para todas as moças sem excepção e chamaram
pela Borralheira. Ella veio lá de dentro toda prompta
como no ultimo dia da festa ; vinha encantando tudo;.
foi mettendo o pésinho no chapim e mostrando o outro.
Houve muita alegria e festas; a madrasta teve u m ata-
que e cahiu para traz, e Maria foi para palácio e casou
com o filho do rei.
XVI
A. 3Xíi<Ii-ítf»tíi
(Sergipe)
XVII
O Papagaio do Liino Verde
(Sergipe)
1
Não é o ehapéo dos cardeaes, nem o byrrho coleoptero,
uma transformação de Miro, o bilro conhecidissimo.
64 CONTOS POPULARES DO BRAZIL
XVIÍI
João Gurumete
(Pernambuco)
m a s n ã o deu a e n t e n d e r a o r e i , e disse q u e i a m a t a r o
m o n s t r o . S a h i n d o d a presença do r e i , foi t e r c o m o dis-
cípulo, q u a s i chorando, q u e o v a l e s s e , q u e d'esta feita 1
elle m o r r e r i a . O discípulo l h e d i s s e : « N ã o t e m n a d a ;
lá o n d e s e e n c o n t r a o b i c h o h a u m a i g r e j a v e l h a ; você
c o r r a , q u a n d o o avistar, e e n t r e pela i g r e j a a dentro, e
saia p o r um b u r a c o q u e t e m n o fundo, e d e i x e e s t a r •
q u e o bicho h a d e e n t r a r t a m b é m , e então você f e c h e
a porta, e elle fica p r e s o lá d e n t r o e m o r r e d e fome, e
está a c a b a d a a historia. » João G u r u m e t e ficou m u i t o
c o n t e n t e e p a r t i u ; m u i t a g e n t e o a c o m p a n h o u p a r a vêr :
a m o r t e do m o n s t r o . Q u a n d o o G u r u m e t e a v i s t o u o b i -
cho m e t t e u - s e n o m u n d o l a r g o n'uma desfilada e e n t r o u
pela i g r e j a a dentro. O bicho-fera o a c o m p a n h o u e e n -
trou t a m b é m . O s a p a t e i r o s a h i u pelo b u r a c o q u e h a v i a
no. fundo da igreja, e o bicho, p o r s e r m u i t o g r a n d e ,
não pôde p a s s a r p o r a l l i . O p o v o q u e e s t a v a d a b a n d a 1
d e fóra fechou a porta, e o a n i m a l m o r r e u lá d e n t r o d e i
fome. João, então, c o r t o u - l h e a s sete cabeças e foi l e v a r j
ao rei, q u e l h e d e u o titulo de c o n d e e m u i t o d i n h e i r o .
Passou-se.
Q u a n d o foi d e o u t r a v e z a p p a r e c e r a m tres g i g a n t e s
h
m u i t o g r a n d e s e temíveis q u e e s t a v a m a s s o l a n d o tudo, í r
m a t a n d o e roubando, e n i n g u é m p o d i a d a r c a b o d'elles. íitii
A v i s a r a m ao r e i q u e só o G u r u m e t e e r a c a p a z de aca-
b a r c o m a q u e l l a peste. O r e i mandou-o c h a m a r e l h e
e n c a r r e g o u d e l i v r a r a c i d a d e d e tanto flagello. O s a p a - Btíl
teiro d'esta v e z s a h i u m a i s m o r t o d o q u e v i v o , e fo
ter c o m o s e u d i s c i p u l o , d i z e n d o : « A g o r a s i m , e s t o u
p e r d i d o ; a q u e l l e b i c h o s e m p r e e r a b i c h o e f o i fácil
e n g a n a r ; m a s e s t e s g i g a n t e s são gente, e c o m o e u h e i d e
a c a b a r c o m e l l e s ? D'esta e u m e vou...» O d i s c i p u l o l h e
d i s s e : « N ã o t e m n a d a ; vá e s c o n d i d o ; a n t e s d o s g i g a n t e s
c h e g a r e m , trepe-se n'um pé d e a r v o r e , o n d e e l l e s c o s t u -
m a m c o m e r e descançar, e a m a r r e lá e m c i m a tres pedras
m u i t o g r a n d e s q u e c o r r e s p o n d a m á cabeça d e c a d a um.
ELEMENTO EUROPEU 67
1
Assim chama-se a pancada dada na cabeça com os de-
dos fechados e com força; é differente do cafunê, que é um es-
talo doce dado com as unhas na cabeça.
68 CONTOS POPULARES DO BRAZIL
jManoel da Bengala
(Sergipe)
XX
Chico Ramela
(Sergipe)
XXI
-A. Sapa, casada 1
(Sergipe)
Uma vez havia ura homem que tinha tres filhos. 0 li-
mais velho d'elles lá n'um dia foi ao pai e disse: « Meu i í
pai, eu já estou moço feito, vossa mercê já está velho, e J *
por isso eu quero i r ganhar a minha vida.» — « Pois bem, l
meu filho; mas tu o que queres — a minha benção com |
pouco dinheiro, ou a rainha maldição com muito ?» O
moço respondeu: « A sua maldição com muito.» Assim W "
foi, e o moço partiu. Depois de andar muitas terras e 1
passando sempre contrariedades casou-se. Um anno de- p
pois o seu irmão do meio foi ao pai e lhe disse que !>
também queria i r ganhar a sua vida. O pai lhe fez a ' -
mesma pergunta que ao primeiro, e o moço respondeu
como elle e partiu. Depois também de muito viajar e
soífrer, casou-se. D'ahi a um anno o irmão caçula tam-
bém pediu ao pai para ir ganhar a sua vida. O pae per-
guntou-lhe se queria a benção com pouco dinheiro, ou I i t
a maldição com muito. O moço quiz a benção, e seguiu 5
caminho. Depois de andar algum tempo ouviu uma voz j o
muito bonita, estando elle a descançar perto de uma la-
goa. O moço ficou muito maravilhado e disse que se ca- i t>
saria com a dona d'aquella voz, fosse lá ella quem fosse.
De repente elle se viu n'um palácio muito rico e appa-
1
O sapo
receu-lhe umaordinário ó o Bufo
sapa para casarcinereus, o sapo
com elle. d'agua
O moço Pelo-
casou-
se, imas
fuscus.
ficou muito triste. Ora, passando algum° tempo,
elle e os irmãos tiuham de i r visitar a família, pois
isso mesmo tinham contractado com os paes. N'um certo
ELEMENTO EUROPEU 77
dia todos tres tinham que se apresentar. Todos tinham
rjue levar presentes mandados por suas mulheres, e o
apaz mais moço, casado com a sapa, andava muito afíli-
cto sem ter o que levar. A sapa lhe disse que lhe désse
inhas que ella queria apromptar umas rendas para man-
dar á sogra. O moço deu uma gargalhada e atirou-lhe
as linhas na agua. A sapa gritou todo o dia dentro da la-
goa, formando muita espuma e o moco desesperado. Mas,
••«59
|quando foi no dia, apparecu-lhe uma renda tão linda co-
mo elle nunca tinha visto. O moco partiu. Houve muita
alegria lá na casa dos paes, e o presente mais bonito
foi o levado pelo caçula, pelo que os irmãos ficaram com
muita inveja. Despediram-se os mocos para voltar para
suas casas, e os paes lhes pediram para no dia tal volta-
rem, levando cada u m sua mulher. Ahi os dous filhos
mais velhos ficaram mais contentes, porque já rosnava
por lá que o caçula tinha-se casado com uma sapa. O
mais moço nada disse, e andava em casa muito triste,
3B[
pensando na vergonha por que ia passar se apresentando
com uma sapa por mulher. Quando foi no dia da viagem
; Ç5! VÍI a sapa pulou para fóra da lagoa com um rancho enorme
de sapos e sapinhos, e poz-se a caminho com o moço,
elle a cavallo e ella n'um carro de boi com seu acompa-
nhamento. O moço ia muito triste. Mas, quando se apro-
ximaram da casa, a sapa se desencantou e virou-se n'uma
princeza, a cousa mais bonita que dar-se podia, e todos
os sapinhos n'uma grande porção de criados e criadas.
Foi uma festa muito grande, e as duas mulheres dos ou-
tros moços de inveja e vergonha cahiram para traz, e
morreram.
78 CONTOS P O P U L A R E S DO B R A Z I L
XXII
C o v a cia L i n d a Flor
(Rio de Janeiro)
I
hoje é o dia que tendes de i r á casa do r e i m e u p a i ;
chegando lá batei na porta, ella vos será aberta; assu-
1
O povo faz de trama masculino; ó o que se dá com ta-
pa, palavras que os diccionarios dão como gênero feminino.
80 CONTOS POPULARES DO BRAZIL
XXI11
XXIV
A. proteoção do diabo
(Rio de Janeiro)
XXV
j\_ Fonte cias» tres comadres
(Sergipe)
XXVI
O Pássaro Sonoro
(Sergipe)
« H u m ! A v a n t a g e m d'este besouro é m u i t o g r a n d e ;
que elle faz t u d o que se lhe m a n d a fazer e sem s e r vis
to, e é capaz de a r r o m b a r u m a porta. » 0 m o ç o arrema
tou o besouro e s e g u i u . Chegando já n'ou',ro paiz, v i
o u t r o leilão onde estava para ser a r r e m a t a d o u m rate
O moço perguntou também a h i que vantagem tinh
aquelle rato, ao q u e l h e responderam q u e e r a a de f a
1 í zer t u d o q u e se m a n d a v a , e era até capaz de a r r o m b a
dez paredes. 0 rapaz a r r e m a t o u e s e g u i u .
Chegando a d i a n t e f o i t e r a u m r e i n o , e p a s s a n d j
pela frente de u m palácio onde e s t a v a u m a p r i n c e z a , v h
m u i t a gente na r u a a fazer caretas e tregeitos, e visa
ges de toda a qualidade ; então elle p e r g u n t o u o q u e v i
nha a ser a q u i l l o . Responderam-lhe q u e a q u e l l e e r a i
palácio do r e i , e a q u e l l a a p r i n c e z a real, a q u a l desdel
m e n i n a n u n c a se l i n h a r i d o , de f o r m a q u e o r e i linhí
dito q u e a q u e l l e h o m e m q u e a fizesse r i r se casaria coir.
ella, e q u e p o r isso é q u e estava alli todo a q u e l l e pove
a fazer gatimonhas para fazer r i r a princeza, e nad£
d'ella rir-se. Depois quê isto o u v i u , o moço, sem se i m
p o r t a r c o m a q u e l l a gente, se a p r o x i m o u de u m a s a r v o
res q u e h a v i a d e f r o n t e do palácio e apeou-se de seu ca
v a l l o , e d e p e n d u r o u a g a i o l a de seu pássaro n'um g a l h o
de u m a das a r v o r e s . Feito o que, e l l e , i n d o descançar
d i s s e : « Agora, m e s t r e rato vá buscar a g u a para o c a
vailo, e m e s t r e b e s o u r o vá buscar c a p i m . » Os b i c h i
nhos p a r t i r a m l o g o para fazer a sua obrigação, e, q u a n i
do a p r i n c e z a v i u o besouro trezendo capim p a r a o c a
v a l l o , desandou n'uma gostosa gargalhada.- Ficaram
todos m a r a v i l h a d o s , e toca a d i z e r u m a : « Q u e m fez a
princeza rir-se f u i eu ! » O u t r o : « Não ! f u i e u ! » 0
r e i então se d i r i g i u a sua filha e l h e p e r g u n t o u q u e m é
q u e a t i n h a feito d a r a q u e l l a gargalhada. Ella, então,
disse q u e t i n h a sido a q u e l l e h o m e m q u e estava alli de-
b a i x o da a r v o r e com u m a g a i o l a e uns o u t r o s animaes.
I m m e d i a t a m e n t e o r e i m a n d o u c h a m a r á sua presença o
E L E M E N T O EUROPEU 97
, tal v i a j a n t e e l h e e o m r n u h i c o u que elle t i n h a de casar-
se com a princéza.
O s u j e i t o ficou m u i t o e s p a n t a d o p o r q u e não espera-
v a por a q u i l l o : mas c o m o p a l a v r a de rei não v o l t a
atraz, elle t e v e s e m p r e de casar-se com a princeza. N a
• i noite d o c a s a m e n t o elle mostrou-se muito a c a n h a d o e
enfiado, e, desconfiando a p r i n c e z a que e r a a q u i l l o pouco
• caso que elle fazia d'ella, uo dia seguinte queixou-se
ao pai, d i z e n d o que ella se tinha enganado, e não e r a
j a q u e l l e o h o m e m que a t i n h a feito rir-se, e s i m u m ou-
tro. Annullo.u-se o c a s a m e n t o com a q u e l l e e fez-se com
este outro. Q u a n d o p o r é m foi de noite, o nosso m o ç o ,
, ' j que t i n h a voltado p a r a d e b a i x o de s u a a r v o r e , c a l c u l a n -
, do a h o r a justamente e m que os n o i v o s d e v i a m i r para
;o quarto, d i s s e : «Canta, Sonoro!» O pássaro a b r i u o
;.'. bico e a p r i n c e z a f e r r o u logo no s o m n o , e o noivo, e o
: r e i , e g u a r d a s de palácio, e todos que p a s s a v a m .
Depois d'isto disse o m o ç o : « A g o r a b e s o u r o vá ao
\> quarto dos noivos, e d e s a r r u m e tudo o que lá encontrar,
" r o m p a as roupas, e faça u m desaguisado dos diabos. » O
; besouro, s i bem lhe tinha r e c o m m e n d a d o o seu amo, ain-
:
; da m e l h o r o f e z ; d e s a r r u m o u tudo, que foi uma lastima.
No dia s e g u i n t e a m o ç a acordou, e v e n d o a q u e l l a des-
' ordem, ficou desesperada, e foi queixar-se ao pai, pf-
! d i n d o p a r a d e s m a n c h a r o c a s a m e n t o . O r e i ficou abor-
•; recido com aquillo, e disse-lhe que t i v e s s e paciência e
i e s p e r a s s e m a i s a l g u n s dias até ver. Mas na noite seguiu-
; te o Sonoro cantou de n o v o , e tudo a d o r m e c e u . Foi en-
f tão o rato o e n c a r r e g a d o de i r e s c a n g a l h a r o quarto dos
noivos. S i o b e s o u r o fez bem, o rato a i n d a fez melhor.
!
No dia s e g u i n t e a p r i n c e z a a m a n h e c e u c o m e n d o bi;azas
: e o noivo, coitado, tão enfiado ! Ahi não h o u v e m a i s du-
v i d a ; a p r i n c e z a e x i g i u que q u e r i a o s e u p r i m e i r o ma-
SÍM rido, que e r a o verdadeiro, o qual foi c h a m a d o , e fica-
M, ram casados, ficando o m o ç o m a i s desembaraçado, e não
•••• tendo m a i s de que se q u e i x a r a princeza.
7
98 CONTOS POPULARES DO B R A Z I L
XXVII
Barceloz
(Pernambuco)
XXIX
A. r a i n h a q u e tsaliiii do mar
(Rio de Janeiro)
XXX
A. mal f a l s a ao filho
(Rio de Janeiro)
XXXI
Historia de João
(Pernambuco)
fn,l« VTA T 0 s e u
P tor?» Respondeu João:
as
Trln L í ' : C e, 0?
°r c r i a d 0 ins
»ltou, e, e disse-lhe
S
XXXII
O £$ai*jatai*io
(Sergipe)
f r
sua casa, a primeira cousa que viu foi a sua filha, que
já estando inquieta por causa da sua demora, estava só
pondo o olho no caminho, a ver si o descobria. O hoj j)^
mem ficou muito triste, e entrou em casa com ar fecha-
do, e atirou o peixe para um lado e não deu nem uma
palavra.
A mulher e a filha se admiraram d'aquillo, e per-
guntaram qual a razão d'aquel!a tristeza. Depois dei
muito instado, o pescador confessou a verdade. A moçal
ELEMENTO EUROPEU 111
(Pernambuco)
XXXIV
A. fojrmnig-a e a neve
(Sergipe)
XXXV
O matuto Joào
(Pernambuco}
s a r c o m a filha do r e i ! » O matuto i n s i s t i u e f o i f a l i a
ao rei. O r e i l h e disse : « S a b e s tu a quanto te arris-
cas ? » João r e s p o n d e u q u e a tudo e s t a v a disposto. Cha-
m a d a a princeza e muito confiada em s i e debicando o
r a p a z , m a n d a - l h e q u e p r o p o n h a a s u a adivinhação. O
matuto a s s i m f a l l o u :
« Sahi de casa com massa e pita;
A m a s s a m a t o u a pita,
A pita m a t o u tres,
Os tres m a t a r a m sete,
Dos sete escolhi a m e l h o r :
A t i r e i no q u e v i
E m a t e i o que não v i ,
Com madeira santa
Assei e c o m i ;
B e b i a g u a sem ser dos céos,
V i o morto c a r r e g a n d o os vivos,
Os mortos c o n v e r s a n d o os v i v o s ;
O que o h o m e m não sabe,
Sabia o jumento:
O u ç a tudo isto p a r a s e u tormento. »
A princeza mandou repetir, e não foi capaz de deci-
f r a r . E c a s o u c o m o João.
XXXVI
O irmão caçula
(Pernambuco)
A. m u l l i e i - e ÍX filha, b o n i t a
•
(Rio de Janeiro)
I
128 CONTOS POPULARES DO BRAZIL
O Careca
(Pernambuco)
r e c o m m e n d a ç ã o . No fim de q u i n z e d i a s chegou o p a i e
l h e d i s s e : « Então, está tudo direito ? » O r a p a z d i s s e I
q u e s i m . P a s s a r a m - s e m a i s q u i n z e d i a s ; n o fim d'elles
o homem disse : « Vou fazer nova viagem de mais quin-
ze dias, fica a h i c o m a s c h a v e s e n ã o m e b u l a s e m n a - •* o
da. » O r a p a z ficou, m a s d'esta vez n ã o s e pôde c o n t e r ;
p e g o u n'uma c h a v e e a b r i u u m q u a r t o ; d e n t r o h a v i a j p
tres e n o r m e s caldeiras, u m a f e r v e n d o ouro, o u t r a f e r v e n - P
d o p r a t a e o u t r a fervendo cobre. E l l e m e t t e u o d e d o 1:
0 E L E M E N T O EUROPEU 13Í
XLI
31 ml
O preguiçoso
(Pernambuco) "
1
O snr. José de Alencar publicou este conto no seu Tron-
co do Ipê. Nós cotejamos sua lição com outras que ouvimos.
140 CONTOS P O P U L A R E S DO B R A Z I L
XL1I
A. muiliex- dcngosa
(Pernambuco)
i;
udo, que nem deixou farello. Mais tarde ella disse á
j
l e g r a : « Ó negra, me mata ahi um capão e me en-
opa bem ensopado para eu jantar. » A negra prepa-
rou o capão, e a mulher devorou todo elle e nem dei-
t o u farello. Mais tarde a mulher mandou fazer uns bei-
•.. I»ús muito fininhos para merendar. A negra os aprom-
2
1É
d'agua muito forte. A negra estava tirando os pratos da
09 i mesa, quando o dono da casa foi entrando pela porta a
;:ii|dentro. A mulher foi vendo o marido e dizendo : « Oh ! ma-
•ido, com esta chuva tão grossa você veiu tão enxuto?! »
Ao que elle respondeu: « Si a chuva fosse t ã o grossa
como a tapioca que vós almopastes, eu viria tão enso-
MA pado como o capão que vós jantastes; mas como ella
foi fina como os beijús que vós merendastes, eu v i m t ã o
enxuto como a macacheira que vós ceastes. » A mulher
teve uma grande vergonha e deixou-se de dengos.
1
Por comeu.
Em Pernambuco a tapioca é o beijú de polvilho da man-
2
(Sergipe)
II
Of»
O ItÊig-aclo e a fructa
(Sergipe)
Diz que foi um dia, havia no matto uma fructa que to-
dos os bichos tinham vontade de comer; mas era prohibi-
do comer a tal fructa sem primeiro saber o nome d'ella.
Todos os animaes iam a casa de uma mulher que morava
nas paragens onde estava o pé de fructa, perguntavam a
ella o nome, e voltavam para comer; mas quando che-
gavam lá não se lembravam mais do nome. Assim acon-
teceu com todos os bichos que iam e voltavam, e nada
de acertar com o nome. Faltava somente amigo kágado;
os outros foram chamar elle para ir por sua vez. Alguns
caçoavam muito, dizendo : « Quando os outros não acer-
taram, quanto mais elle ! » Amigo kágado partiu munido
de uma violinha; quando chegou na casa da mulher
perguntou o nome da fructa. Ella disse: « Boyoyôboyôyô
quizama-quizú; boyôyâ-boyôyô-qioizama-quizú. » Mas a
mulher, depois que cada bicho ia-se retirando já em al-
guma distancia, punha-se de lá a bradar: « Ó amigo
tal, o nome não é esse, n ã o ! » E dizia outros nomes; o
bicho se atrapalhava, e quando chegava ao pé de fructa
não sabia mais o nome. Com o kágado não foi assim,
porque elle deu de mão á sua violinha, e pôz-se a cantar
o nome até ao lugar da arvore, e venceu a todos. Mas ami-
ga onça, que já lá estava á sua espera, disse-lhe: « Ami-
/
Foi uma vez, havia uma onça que tinha uma filha ;
o teyú q u e r i a c a s a r c o m e l l a , e a m i g o kágado t a m b é m .
O kágado, s a b e n d o da pretensão do outro, disse e m c a s a
d a onça q u e o teyú p a r a n a d a valia, e q u e até e r a o
s e u c a v a l l o . 0 teyú, logo q u e s o u b e d'isto, foi t e r lam-
b e m á c a s a d a c o m a d r e onça, e a s s e v e r o u q u e i a b u s c a r
10
146 CONTOS POPULARES DO BRAZIL
IV
O 1<ÍÍÉ»-ÍI<1O e o jacaré 1
(Sergipe)
« Não, Gonçalo,
Mou filho mais velho,
A gaita do k á g a d o . . .
Tango-lê-rê...
A gaita do kágado...
Tango-lê-rê... »
O l£ág-a<io e a fonte
(Sergipe)
VI
A. o n ç a e o l>o<le
(Sergipe)
os c a i b r o s , e n v a r e i , e tapei. » — « N ã o , a m i g o , r e s p o n -
deu a onça, a c a s a é m i n h a , p o r q u e f u i e u q u e rocei o
logar, botei as travéssas, a c u m i e i r a , as r i p a s , os e n c h i -
mentos, e o sapé. »
Depois de a l g u m a questão, à onça, q u e e s t a v a c o m
v o n t a d e de c o m e r o bode, d i s s e : « Mas n ã o h a j a b r i g a ,
a m i g o bode, nós dois p o d e m o s ficar m o r a n d o n a c a s a . »
O bode a c e i t o u , m a s c o m m u i t o medo. O bode a r m o u
a s u a rede b e m longe do girâu d a onça. No outro d i a a i
onça d i s s e : « A m i g o bode, q u a n d o você m e ver frangir
o c o u r o d a testa, e u e s t o u c o m r a i v a , t o m e sentido 1 » — |
« Eu, a m i g a onça, q u a n d o você me vêr balançar a s m i n h a s
b a r b i n h a s alli n a s g o t e i r a s e d a r u m e s p i r r o , você fuja,
q u e e u não estou de caçoada.» Depois a onça s a h i u , d i z e n -
do q u e i a b u s c a r de c o m e r . Lá, por l o n g e de casa, p e g o u
u m g r a n d e bode, e p a r a fazer m e d o ao s e u c o m p a n h e i -
ro, matou-o, e e n t r o u c o m elle p e l a c a s a a dentro. Ati-
rou-o no clião e disse:«Está a m i g o bode, e s f o l e e t r a t e
p a r a nós comer.» O bode, q u a n d o v i u a q u i l l o , d i s s e lá I
c o m s i g o : « Q u a n d o este, q u e e r a tão grande, você ma-
tou, q u a n t o m a i s a m i m ! » No outro d i a elle d i s s e á on-
ça : « A g o r a , a m i g a onça, q u e m v a i b u s c a r de c o m e r s o u
e u . » E largou-se. C h e g a n d o longe, a v i s t o u u m a onça
b e m g r a n d e e gorda, disfarçou e pôz-se a t i r a r cipós n o
m a t o . A onça v e i u c h e g a n d o , e v e n d o a q u i l l o , d i s s e :
« A m i g o bode, p a r a q u e tanto c i p ó ? » — «Fum! P a r a
q u e ? ! O n e g o c i o é sério, t r a t e de s i . . . O m u n d o está
p a r a a c a b a r , e é c o m dilúvio...» — « O q u e está d i z e n -
do, a m i g o bode ? » — « É v e r d a d e ; e você, s e q u i z e r e s -
c a p a r , v e n h a s e a m a r r a r , q u e e u já m e v o u . » A onça
foi, e e s c o l h e u u m p á o b e m a l t o e g r o s s o , e p e d i u a o
b o d e p a r a q u e a a m a r r a s s e . O bode e n l i n h o u - a p e r f e i t a -
m e n t e , e, q u a n d o a v i u b e m s e g u r a , metteu-lhe o c a c e -
te c o m o t e r r a , até matal-a. Depois a r r a s t o u - a , c h e g o u e m
c a s a , I a r g o u - a no chão, d i z e n d o : « Está; s i q u i z e r esfo-
le e t r a t e . »
ELEMENTO EUROPEU 151
VII
A. onça? o veado e o macaco
(Sergipe)
1
Os a n i m a e s d'este conto são: a onça — Felis onça, o vea-
d o — Cervus elaphus, Cervtis clama, o m a c a c o Cebus appella,
a c o b r a coral — Coluber Corallinus.
154 CONTOS P O P U L A R E S DO BRAZIL
VIII
O macaco e a cotia
(Pernambuco)
O urufotà e o sapo
(Pernambuco)
•
ELEMENTO EUROPEU 155
(Pernambuco)
«Venham de bico
Que me despico :
Quem tem focinho
Nem um tico. »
XI
Amiga folhagem
(Sergipe)
« O tronco da folharada;
Todas vezes que aqui bebe
É transformada...
Desde que n'esta casa bati
Nunca mais agua b e b i . . . »
Houve muita gargalhada, e o macaco ficou bebendo
agua desassombrado.
ELEMENTO EUROPEU 159
XII
A. raposa o o tucano
(Sergipe)
XIV
O macaco e o coelho
(Pernambuco)
XV
O macaco e o moí /que cie cera
(Sergipe)
0 macaco:
« Moleque das confundas, larga as minhas duas mãos
e meus dois pés, e dá-me uma banana senão dou-te
uma embigada! » E o moleque calado... 0 macaco deu-
lhe uma embigada e ficou com' a barriga presa.
Ahi chegou a velha e o agarrou e matou e esfolou
e picou e cozinhou e comeu. Depois, quando teve de ir
ao mato, deitou para fóra aquella porção de macaqui-
nhos, que sahiam saltando e gritando: « Eco, eu vi o tu-
bi da velha!»
XVI
O macaco o o rabo
(Sergipe)
p a r a a v a c c a , a v a c c a m e d a r o leite, o leite s e r p a r a
o gato, o gato m e d a r m e u rabo.» Alcançou o m a c a c o
todos os p e d i d o s ; o gato b e b e u o leite, e n t r e g o u o r a -
b o ; o m a c a c o n ã o q u i z mais, p o r q u e o r a b o e s t a v a po-
dre.
XVIII
A. ouça e o boi
(Pernambuco)
q u e lá fico p e r t o do m e u i n i m i g o . » — « Q u e m é s e u i n i -
migo ? » perguntou o boi. « É um lavrador, que tem ca-
r a de m a t a r trinta onças, q u e fará a m i m sósinha, e lá
n ã o t e m a r v o r e d o de que p o s s a m e valer.»
O b o i : « Mas você, c o m a d r e onça, s i t e m e é p o r q u e
a l g u m a c o i s a f e z ; q u e m n ã o d e v e não teme. »
A onça: « C o m p a d r e , n ã o se l e m b r a q u a n d o e u pe-
g u e i a q u e l l e b e z e r r o n ' a q u e l l a mamada? C o r r e r a m atraz
d e m i m tres a m i g o s c a c h o r r o s , q u e u m d'elles e r a damna-
do; só de g r i l o s me t r a z i a atordoada. Só d e s c a n s e i quan-
do p u d e m e t r e p a r n'uma a r v o r e , a vêr s e p u n h a a s
166 CONTOS P O P U L A R E S DO BRAZIL
XIX
A. onça. e o gato
(Pernambuco)
1
Ap. Dr. Couto de Magalhães, O Selvagem áo Brazil, i .
p. 162-171. Curso de lingua tupi.
170 CONTOS POPULARES DO BRAZIL
II
Fábulas do Jabuti
(Rio Negro)
O rasto respondeu:
— « Quando tu andares dois dias te encontrarás com
elle.
« Estou aborrecido de procurar; ella foi de vez.
O rasto perguntou:
— « Por que razão a procuras tanto agora ?
Jabuti respondeu:
« Para nada. Eu quero conversar com ella.
O rasto fallou:
— « Então tu vás ao rio pequeno; lá acharás meu
pai grande.
Jabuti assim fallou:
«Então eu ainda vou.
Elle chega ao rio pequeno; perguntou assim:
« Rio, que é do teu senhor ?
Rio respondeu:
— Não sei.
Jabuti fallou ao r i o :
« Por que razão assim me fallas tão bem ?
O rio respondeu:
— Eu fallo assim bem, porque eu sei o que meu
pai fez a você.
Jabuti fallou:
« Deixe estar; eu hei de a achar. Então agora, rio,
Dói vou-me do pé de você; quando o avistares, eu estarei
com o cadáver de teu pai.
Rio respondeu:
— Não bulas com meu pai. Deixa-o dormir.
Jabuti fallou :
« Agora, com certeza alegro-me bastante; rio, vou-
me embora.
Rio respondeu :
— Ah, jabuti, você, pôde ser quereres te enterrar
segunda vez.
Jabuti fallou :
« Não estou no mundo para fazer de pedra; agora
172 CONTOS POPULARES DO BRAZIL
O Jabuti e a Onça
0 Jabuti gritou :
« Meus parentes, meus parentes, a ç u d a m !
A Onça ouviu, foi para l á ; perguntou :
— 0 que estás tu gritando, Jabuti ?
O Jabuti respondeu :
« Eu estou chamando estes meus parentes, para v i -
rem comer a minha caça, a Anta.
A Onça disse :
— Tu queres que eu parta a Anta?
ELEMENTO INDÍGENA 173
Jabuti disse:
« Quero, quero ; t u separas uma banda para ti, outra
para mim.
A Onça disse :
— Então vá apanhar lenha.
0 Jabuti partiu, e a Onça carregou com a caça e fu-
giu- c
IV
(Tradição de Tapajós)
(Tradição de Tapajós)
VIII
O Jabuti e a Raposa
(Tradição de Juruá)
IX
O Jabuti e o Homem
(Tradição de Juruá)
O J a b u t i e o Gigante (Cahipora)
(Tradição do Juruá)
III
O Veado e a Onça
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- « Q u e bom logar í Vou fazer aqui a minha casa.
^ No dia seguinte, veiu o Veado, capinou, e roçou o
. . . f» seguinte veiu a Onça e disse : - «Tupan me
ct
No
aveníura^
ELEMENTO INDÍGENA 185
IÍ
IV
A Moça e o Gambá
A Moça e o Corvo
A Raposa e a Onça
n
e
A Raposa e o Homem
III
A Raposa e a Onça
A Onça e os Cupins
A Raposa e a Onça
VIII
A Onça disse:
— Eu vou-me fingir morta, os bichos vêm vêr se é
certo; a Raposa também vem, e então eu a agarro.
Os bichos todos souberam que a Onça morreu, foram
e entraram na cova d'ella, e diziam:
— A Onca já morreu ; graças sejam dadas a Tupan!
Já podemos passear.
A Raposa chegou, não entrou, e perguntou de fora :
— « Ella já arrotou ?
Elles responderam : — Não !
A Raposa disse :
— « O defunto meu avô quando morreu arrotou tres
vezes.
A*Onça ouviu, e arrotou tres vezes.
A Raposa ouviu, riu-se e disse :
— «Quem é que já viu alguém arrotar depois de
morto ?
Fugiu, e até hoje a Onça não a pôde agarrar por ser
a Raposa muito ladina.
VI
Apólogos da Raposa
I
pj
t — A este deveriam seguir-se mais tres episó-
dios, que o dr. Couto de Magalhães summaria:
VII
C o n t o d a "Volha-g-ulosa (Ceineí)
— « Esconde-me.
A. moça escondeu-o; untou u m püao com cera, em-
brulhou-o na tarrafa, e deixou-o no mesmo logar
Então a velha sahiu do mato, e ateou o fogo de
miinuem p o r baixo. 0 pilão aquecendo a cera derreteu-
" l h a a p a r o u . 0 fogo queimou a tarrafa e appa-
receu o pilão. Então a velha disse para a filha
- Si m e não apresentas a m i n h a caça, mato-te. .
A moça ficou com medo, mandou o'moço cortar pal-
mas de uaçahy, para fazer cestos; estes cestos transfor-
mnram-se e m todos os animaes.
" v e t a correu atraz d'elles; quando tornou o moço
m a n d o u os cestos transformarem-se e m antas, veados,
porcos e m todas as caças. A Velha-gulosa .comeu a t o -
A1 nnando o moço v i u q u e a comida era pouca f u g u ,
t? S l ^ l o de apanhar peixe) onde cahiu
t i t o pei™ Qnando chegou alli, entrou dentro do ma-
%Lra SXa^endT^, eUe feriu-a e
!l S ffSK um pássaro cantar
fUgi A
0u
um tZl^ lTZe m
hZeaá
° ° mUílUem
' -
lhe7á fali'arT
A U 3 V Ô M a k a u â n ! D e i
" - m e você que eu
O Makauãn ouviu, veiu, e perguntou •
— O que é, meu neto?
0 moco respondeu:
r.?i^ s
s
" ™ u c ü s , que me querem comer.
uham. P i n t o u quantos escondrijos elles t i -
0 moço respondeu:
— Pm sómente.
O Makauãn comeu os dous surucucus
ü moço passou para a banda do campo encontrou
um tamm, que eslava pescando peixe que deite™ em
um naturá (cesto de cannas). O Lço Ve lu-fhé p i o
levar coms,go. Quando o tainiü acabou de pescar man
c m « M T P m
P«? '° W
f
voou
oue n ã n \ n l f
P
.S g^ho de arvore, por-
6 u m r a n u e
SECÇÀO PRIMEIRA.
SECÇÃO SEGUNDA
SECCÃO TERCEIRA
Pag.
Advertência do Collector v
Secção primeira
Páf.
VII. A princeza rouhadeira (Sergipe) 22"
VIII. O pássaro preto (Pernambuco) •• 2o
IX. Dona Labismina (Sergipe) 29
X. A Raposinha (Sergipe) 32
XI. O homem pequeno (Sergipe) .; 36
XII. Dona Pinta (Sergipe) 39
XIII. O principe cornudo (Sergipe) 42
XIV. A moura torta (Pernambuco) 50
XV. Maria Borralheira (Sergipe).... 52
XVI. A Madrasta (Sergipe) 57
XVII. O papagaio do Limo-verde (Sergipe) 59
XVIII. João Gurumete (Pernambuco) 65
XIX. Manoel da Bengala (Sergipe) 69
XX. Chico Ramella (Sergipe) : 73
XXI. A sapa casada (Sergipe) 76
XXII. Cova da Linda-Flôr (Rio de Janeiro) 78
XXIII. João e mais Maria (Rio de Janeiro e Sergipe). 83
XXIV. A protecção do Diabo (Rio de Janeiro) 88
XXV. A Fonte das tres. Comadres (Sergipe) 91
XXVI. O Pássaro sonoro (Sergipe) 95
XXVII. Barcelloz (Pernambuco) 98
XXVIII. Tres comedores (Pernambuco) 100
XXIX. A rainha que sahiu do mar (Rio de Janeiro)... 102
XXX. A mãe falsa ao filho (Rio de Janeiro) 104
XXXI. Historia de João (Pernambuco) 108
XXXII. O Sarjatario (Sergipe) 110
XXXIII. Tres Irmãos (Pernambuco) 116
XXXIV. A formiga e a neve (Sergipe) 120
XXXV. O Matuto João (Pernambuco) 122
•
m
ÍNDICE 233
Secção s e g u n d a
Pag:
Secção terceira
. Pa g\
V. L e n d a s a c e r c a da R a p o s a :
i. A R a p o s a e a O n ç a UK)
n. A R a p o s a e o H o m e m 191
m. A R a p o s a e a Onça 192
i v . A Onça e os C u p i n s 192
v. A Onça v a r r e o caminho da Raposa.. 1 9 3
v i . A R a p o s a e a Onça 193
vn. A R a p o s a e a O n c a 194
VI. Apólogos d a R a p o s a :
i. A filha da R a p o s a casa-se com o Sinimbú
(Camaleão) 19o
li ^ 197
VII. Conto da Velha-gulosa (Ceinci) (Cachoeiras da lia-
boca-Tocantis) 198
NOTAS COMPARATIVAS 20{