Programa de TCC para Leigos/RESUMO AULA - Sexualidade

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Programa de TCC para Leigos

@psi.fernanda.landeiro

MÓDULO 6
SEXUALIDADE

O tema sexualidade ainda é um tabu muito grande para a maioria das pessoas e
relacionamentos. O primeiro passo para se ter uma vida sexual saudável e satisfatória
é falar sobre isso.

Aspectos cognitivos da terapia sexual

Ao longo da vida, os indivíduos desenvolvem certas crenças sobre sua própria


sexualidade e a de outras pessoas. Vários pensamentos e crenças automáticas
distinguem indivíduos sexualmente funcionais daqueles disfuncionais, bem como
pensamentos e crenças associados a emoções negativas (durante a atividade sexual).
Quando alguns desses pensamentos emergem, é possível tornar o momento do sexo
problemático ao invés de prazeroso.

Pensamentos automáticos negativos emergem durante a atividade sexual e


estão associados com respostas emocionais negativas durante o ato sexual e menos
excitação. Receios de falhar no ato sexual ou auto cobranças relacionadas a padrões
corporais, por exemplo, podem gerar ansiedade maior do que aquela que seria positiva
para o desempenho e o prazer. Consequentemente, a falha se torna repetitiva em
virtude do pensamento automático instalado, o qual se sobrepõe à excitação e à
sensação de prazer.

As intervenções cognitivas envolvem técnicas para tornar os pensamentos mais


conscientes e modificá-los quando eles são distorcidos ou inúteis. Usa-se a razão e a
evidência para substituir padrões de pensamento distorcidos por outros mais precisos e
funcionais.

Conceito atual de terapia sexual

Terapia sexual é uma forma específica de psicoterapia que se baseia em uma


série de intervenções para tratar as disfunções sexuais masculinas e femininas, entre
outros transtornos da sexualidade. Pode ser desenvolvida em formato individual, de

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casal ou em grupo, dependendo do problema inicial, da avaliação do terapeuta, da


motivação do paciente e de particularidades práticas de paciente e terapeuta.

As técnicas da terapia sexual compreendem intervenções comportamentais e


cognitivas. Ao empregar técnicas tradicionais, a terapia sexual incorpora também
intervenções técnicas específicas. O tratamento mais abrangente pode envolver a
colaboração de outros especialistas, como urologistas, ginecologistas, psiquiatras,
médicos de família, internistas, cardiologistas, neurologistas, endocrinologistas e
fisioterapeutas.

Abordagens contextuais em sexualidade

● Ensinar a reconhecer e expressar estados afetivos como amor, afeição,


empatia, compaixão, raiva, dor, remorso, medo, tristeza, entre outros.
● Estratégias de assertividade para comunicação com o(a) parceiro(a).
● Estratégias de aceitação das emoções e regulação emocional.
● Manejar e modular a ativação emocional.

Terapia Cognitiva Sexual

A Terapia Cognitiva Sexual (TCS) é um tipo de psicoterapia da abordagem


cognitivo-comportamental, especialmente desenvolvida para tratar as dificuldades
relacionadas à sexualidade. Essa terapia alia as intervenções clínicas cientificamente
comprovadas da TCC a um entendimento profundo das questões da sexualidade
humana.

A TCS entende que as crenças distorcidas a respeito de sexo, bem como a


forma como o indivíduo interpreta as situações sexuais, têm impacto direto na maneira
como a pessoa se sente, em como o organismo se prepara para a relação e também
no comportamento sexual. Na TCS, o paciente vai tomando consciência sobre suas
crenças e padrões distorcidos e aprendendo como modificá-los na prática, rumo a uma
vida sexual satisfatória.

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Ao longo da terapia, o paciente vai experimentando novas formas de agir,


ganhando controle sobre os pensamentos que distraem a atenção na hora do sexo,
aprendendo a se comunicar com o(a) parceiro(a) e a entender melhor as próprias
necessidades e as do outro. É um processo de terapia breve com técnicas
especificamente desenvolvidas para esse fim. E pode ser combinada com o uso de
medicamentos, se for o caso.

Processos cognitivos na sexualidade

1. Pensamentos
2. Emoções
3. Comportamentos

Auto-esquema sexual

● Generalizações cognitivas relativas a aspectos sexuais do eu.


● Ideias de si próprio como ser sexual.
● Pensamentos desenvolvidos através de experiências de vida prévia.
● A forma como são interpretadas as situações sexuais e como se responde a
elas.
● Ao longo de experiências da vida, pode haver o pareamento de estímulos
(atividade sexual como algo ruim, doloroso ou não prazeroso)

Pensamentos Automáticos

Mulheres

● Fracasso;
● Desistência;
● Escassez de pensamentos eróticos;
● Estímulo aversivo pareado;
● Passividade sexual;
● Falta de afeto;
● Baixa autoimagem corporal.

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Homens

● Pensamentos sobre ereção e penetração;


● Antecipação do fracasso;
● Catastrofização das consequências.

Fases do ciclo sexual

Masters & Johnson (1976) estudaram as fases do ciclo sexual. O ciclo sexual
acontece da seguinte forma:

● Excitação: a partir de estímulos físicos e/ou psicológicos.


● Platô: estabilização da tensão sexual em níveis altos com a continuidade da
estimulação.
● Orgasmo: clímax e descarga da tensão sexual através de contrações
musculares involuntárias. Percepção da variedade da resposta orgásmica
feminina e dos múltiplos orgasmos.
● Resolução: fase gradual e progressiva de retorno aos níveis básicos de tensão
sexual após o clímax.

A ansiedade é a principal causa das disfunções sexuais, portanto é o foco do


tratamento. A disfunção sexual é um problema da unidade conjugal e não do indivíduo.
O tratamento de problemas sexuais é feito pela aplicação da dessensibilização
sistemática (se expondo à situação temida). Nele são considerados aspectos cognitivos
associados aos comportamentais, bem como ideias sobre pecado e repressão sexual.

Disfunções sexuais femininas e masculinas, conforme o DSM-5

Disfunções sexuais femininas

● Transtorno do interesse/ excitação sexual feminino;


● Transtorno do orgasmo feminino;

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● Transtorno da dor genitopélvica/penetração;


● Disfunção sexual induzida por substância/medicamento.

Disfunções sexuais masculinas

● Transtorno do desejo sexual masculino hipoativo;


● Transtorno erétil;
● Ejaculação retardada;
● Ejaculação prematura (precoce).

Fatores predisponentes, desencadeantes e mantenedores da disfunção sexual

Frequentemente, constituição (doenças e deficiências), experiências de vida,


vínculos patológicos, pais negligentes ou críticos, educação rígida e abuso físico e
sexual estão associados aos problemas psíquicos e às disfunções sexuais na idade
adulta. Não é comum que um evento isolado conduza a um quadro disfuncional.
Experiências diversas, repetidas ou traumáticas, abalam a autoconfiança e levam a
disfunções sexuais, mesmo entre os mais resistentes.

A resistência e a vulnerabilidade aos estressores que predispõem às disfunções


sexuais variam de indivíduo para indivíduo. Também não é previsível quais os
elementos e as circunstâncias que terão impacto sobre o desejo e a satisfação sexual
de cada pessoa. A ansiedade, por exemplo, pode agir como predisponente
(aumentando a vulnerabilidade do indivíduo à disfunção sexual) e pode manter a
disfunção, uma vez que inibe a excitabilidade, conduzindo à evitação sexual.

Tratamento

O tratamento é feito através da TCC com técnicas cognitivas e


comportamentais.

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Técnicas em TCC

● Mudança de pensamento. Na psicoterapia, é possível aprender maneiras de


perceber e adequar os pensamentos aos dados da realidade, especialmente no
que diz respeito às situações sexuais.

● Entender as causas e aprender estratégias para lidar com o problema.


Atualmente, sabe-se que a maioria das disfunções sexuais não apresentam
causas fisiológicas e, mesmo as que apresentam, possuem al­gum impacto
psicológico.

● Lidar com a ansiedade. Na TCC, o paciente conhece o mecanismo de


funcionamento da ansiedade e o impacto deste na sua se­xualidade. E aprende a
colocar em prática técnicas de monitoramento do pensamento que tornem
possível o manejo adequado dos sintomas ansiosos.

● Mudança de comportamento. O paciente colocará em prática técnicas que o


ajudem a conhecer e experimentar as reações do próprio corpo e do corpo do(a)
parceiro(a). Essas técnicas poderão auxiliar no desenvolvimento de novos
comportamentos para as atividades sexuais. O paciente também aprenderá a
mudar o foco de sua atenção, tirando-o do desempenho e da ansiedade, e
transferindo-o para as sensações e estímulos prazerosos.

● Erotização. A erotização é uma ferramenta fundamental para se conectar com o


que pode ser mais prazeroso. É necessário descobrir o que dá prazer a si
mesmo e ao parceiro ou parceira, comunicar essas descobertas, tê-las em
mente e colocá-las em prática (Sardinha & Carvalho, 2016).

● Foco no sensorial e na relação. Atenção aos estímulos eróticos e nas


sensações prazerosas do sexo, com objetivo de reduzir as próprias exigências
de desempenho sexual e os receios de falha.

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Ciclo da falha sexual

Antecipação do fracasso


Preocupação com consequências


Emoções negativas
(humor deprimido, vergonha, frustração, culpa, ansiedade)


Hipervigilância


Menor resposta sexual


Desligamento dos estímulos sexuais/desistência


Falha sexual

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