A Essência Da Cabala Ok
A Essência Da Cabala Ok
A Essência Da Cabala Ok
Baal HaSulam
Embora essa sabedoria seja mais ampla e profunda que o mar, farei um grande
esforço, com toda a força e conhecimento que possuo, para esclarecê-la e
iluminá-la em todos os sentidos, o suficiente para qualquer pessoa tirar as
conclusões corretas, como elas realmente são, sem dar margem para erro,
como muitas vezes acontece em tais assuntos.
Particular: significa que esta regra é cumprida por indivíduos específicos, antes
mesmo que toda a humanidade atinja a perfeição. Em cada geração, eles são
favorecidos com certa quantia da revelação de Sua Divindade. Esses são os
profetas e os homens de Deus.
E como os nossos sábios disseram: “Não há geração, que não tenha homens
como Abraão e Jacob” (Bereshit Raba - Cap.74). Como vemos, a revelação da
Divindade é realizada em cada geração, tal como nossos sábios, que
consideramos dignos de confiança, proclamam.
Conforme o que foi descrito acima, surge uma questão – visto que esta
sabedoria tem somente um único fim, por que existe uma multiplicidade de
Partzufim, Sefirot e interações variáveis, tão abundantes nos livros de Cabala?
Nomes Abstratos
Mas isso não é verdade, mas sim o contrário: a Cabala usa apenas nomes que
são concretos e reais. Existe uma lei inexorável para os Cabalistas que diz:
“Tudo aquilo que não alcançamos, não definimos com palavras ou nomes”.
Coisas reais podem ser encontradas até mesmo na realidade física, dispostas
diante de nossos olhos, embora não tenhamos a percepção ou a imagem de
sua essência. Um exemplo disso é a eletricidade e o magnetismo, chamados
“fluidos”.
No entanto, quem poderia dizer que estes nomes não são reais, quando
conhecemos bem e de forma satisfatória as suas ações? Não poderíamos ser
mais indiferentes ao fato de não concebermos a essência do próprio objeto,
como no caso da eletricidade.
Este nome é tão real e próximo a nós, como se fosse percebido totalmente por
nossos sentidos. Até mesmo as crianças estão familiarizadas com a palavra
“eletricidade”, como estão familiarizadas com as palavras pão, açúcar, etc.
Além disso, não percebemos nossa própria essência. Tudo que sabemos sobre
ela nada mais é que uma seqüência de ações que emanam de nossa essência.
E isso é mais que suficiente, como diz a lei: "Tudo aquilo que é medido e sai de
Sua Providência a fim de se realizar na natureza da criação, é suficiente". Da
mesma forma que uma pessoa não exige um sexto dedo em sua mão, pois os
cinco já são suficientes.
Até mesmo as palavras mais simples utilizadas neste contexto, como "Luz
Superior", ou “Luz Simples", estão associadas à luz solar, à luz da vela, ou à
satisfação que sentimos quando resolvemos uma dúvida importante ou uma
nova invenção. Como podemos empregá-las no contexto espiritual e divino?
Elas serão falsas e vazias.
É isso que acontece quando precisamos encontrar um sentido nas palavras, que
auxilie as habituais pesquisas realizadas durante a busca da sabedoria da
Cabala. Precisamos ser muito rigorosos e precisos, utilizando descrições exatas
para os olhos do leitor.
E assim por diante, até chegarmos ao nosso mundo, cuja substância é mais
grosseira e mais densa que todos os mundos precedentes. No entanto, as
formas e os elementos que caracterizam cada mundo permanecem inalterados
e iguais em todos os mundos, tanto em quantidade como em qualidade.
Assim, não há uma só coisa ou um acontecimento num mundo que não seja
encontrado no mundo acima dele. Esta relação que os identifica como duas
gotas de água é chamada “a Raiz e seu Ramo”. Isso significa que tudo que
existe num mundo é considerado um ramo do mundo superior, que é a sua
raiz, da mesma forma que o mundo inferior é o local onde a impressão e a
existência da raiz torna-se possível.
Lembre-se que esta Linguagem Cabalística dos Ramos é mais apropriada para
explicar os termos da sabedoria do que todas as outras línguas habituais. A
teoria do nominalismo nos ensina que as línguas foram deformadas pelo uso
popular. Dito de outra forma, devido ao uso excessivo, as palavras foram
esvaziadas de seu conteúdo exato, resultando em grandes dificuldades em se
transmitir conclusões precisas, seja pela palavra oral ou pela escrita.
Isso não ocorre com a “Linguagem Cabalística dos Ramos”, cujos termos foram
retirados dos nomes da Criação e de seus acontecimentos, dispostos diante de
nossos olhos, e definidos pelas leis imutáveis da natureza. Os leitores e os
ouvintes nunca serão enganados por uma compreensão errada das palavras
empregadas, porque as definições naturais são totalmente inabaláveis e
infalíveis.
Com o que foi dito anteriormente, explicaremos: temos visto que todas as
palavras e expressões que os nossos lábios pronunciam não podem nos ajudar
a transmitir uma só palavra da espiritualidade ou da divindade, as quais estão
além do tempo e espaço imaginários. Por isso, existe uma linguagem especial
para estas questões, a Linguagem dos Ramos, que mostra a sua relação com
as raízes superiores.
Muito pelo contrário, os ramos são estudados a partir das raízes. Assim,
precisamos atingir primeiro as raízes superiores, a forma como elas realmente
são na espiritualidade, além de qualquer imaginação, através de uma
percepção pura. Após ter alcançado perfeitamente as Raízes Superiores com
sua própria mente, o estudante poderá analisar os ramos concretos neste
mundo e saber de que modo cada ramo se relaciona com sua raiz no Mundo
Superior, segundo sua ordem, qualidade e quantidade.
E aqui surge uma nova pergunta: como é que o estudante tornou-se sábio a
ponto de conhecer a relação entre ramo e raiz através do estudo das raízes
superiores? A resposta é que os esforços do estudante são em vão, pois é a
ajuda de Deus que precisamos! Aquele que encontra graça aos olhos de Deus,
é preenchido com sabedoria, entendimento e conhecimento, a fim de alcançar
conquistas sublimes. No estágio atual, é impossível receber ajuda de uma
pessoa de carne e osso!
Na verdade, tendo encontrado a graça aos olhos de Deus e adquirido a
percepção divina, o estudante está pronto para receber toda a imensidão da
sabedoria de um sábio Cabalista, pois agora eles têm uma linguagem em
comum.
Por tudo aquilo que foi dito anteriormente se compreenderá por que
encontramos nos livros de Cabala nomes e termos totalmente estranhos ao
espírito humano. Eles são abundantes nos livros básicos de Cabala: o Zohar, as
retificações do Zohar e os livros do ARI. Isso é realmente surpreendente. Por
que estes sábios usaram palavras tão inferiores para expressar temas tão
superiores e sagrados?
Como não existem dois fios de cabelos saindo do mesmo folículo, não existem
dois ramos relacionados à mesma raiz. Por isso, se deixamos de fora um ramo
e não o utilizamos, perdemos o conceito espiritual correspondente a ele no
Mundo Superior, porque não temos uma única palavra que, pronunciada em
seu lugar, indique aquela raiz. Além disso, poderíamos prejudicar toda a
sabedoria, em toda a sua imensidão, uma vez que faltaria um elo na cadeia da
sabedoria ligado a esse conceito.
Com isso, toda a sabedoria fica mutilada, pois não existe outra sabedoria no
mundo onde os temas se fundem e se mesclam entre si, por meio de causa e
efeito, do princípio ao fim, como a sabedoria da Cabala, conectados dos pés à
cabeça como uma longa cadeia. Portanto, após a perda temporária de um
conhecimento, por menor que seja, toda sabedoria se obscurece diante de
nossos olhos, pois seus temas estão unidos fortemente entre si e formam um
todo.