Resumo Neuroanatomia

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Resumo de

Neuroanatomia
Tamires Cristina
2012.1
2

“...Não importa o que diga, soará


importante para quem ouve. Não
importa quão cansado esteja, haverá
alguém que pode precisar de você. E
não importa como irá agir, será
lembrado.
Então o faça da melhor forma. No que
tiver que ser feito, dê seu máximo.
Sendo assim, sorria, vista suas melhores
atitudes todos os dias e escolha ser
aquela pessoa que um dia você
sonhou.”
3

SUMÁRIO

1. Medula Macroscópica 4

2. Medula Microscópica 5

3. Tronco Encefálico - Macroscopia 9

4. Bulbo 12

5. Ponte 13

6. Mesencéfalo 14

7. Cerebelo - Macroscopia 15

8. Cerebelo - Microscopia 17

9. Diencéfalo - Macroscopia 21

23
10. Hipotálamo - Microscopia
25
11. Subtálamo e Epitálamo - Microscopia
26
12. Tálamo - Microscopia
28
13. Meninges - Liquor
14. Vascularização do SNC e Barreiras Encefálicas 32

15. Telencéfalo - Macroscopia 37

16. Estrutura e funções do córtex 40

17. Núcleos da base - Macroscopia 45

18. Núcleos da base - Microscopia 47

19. Sistema Límbico 48

20. Formação Reticular 52

21. Neurônios monoaminérgicos do tronco encefálico 56

22. Nervos em geral – terminações nervosas – nervos espinhais 57

23. Nervos cranianos 61

24. Sistema Nervoso Autônomo – Aspectos gerais 63

25. Sistema Nervoso Autônomo – Anatomia do SNAS, SNAP e plexos viscerais 65

26. Núcleos dos nervos cranianos 68

27. Considerações anatomoclínicas sobre a medula e o tronco 71

28. Grandes vias aferentes 74

29. Grandes vias eferentes 80


4

1. Medula Macroscópica
No canal vertebral, sem ocupá-lo totalmente (~ 45cm).

Limites: bulbo, ao nível do forame magno e ~ L2. Medula  Cone Medular  Filamento
terminal. Aglomerado de raízes em torno do filamento e do cone medular + meninges = Cauda
equina.

Formato oval (dilatações) – Região cervical inferior e lombar – intumescências cervical e


lombar – conexões com os plexos braquial e lombossacral.

Sulcos longitudinais: sulco mediano posterior, septo mediano posterior, fissura mediana
anterior, sulco lateral anterior, sulco lateral posterior e sulco intermédio posterior/septo
intermédio posterior (região cervical e até T6). Nos sulcos laterais – conexão com filamentos
radiculares – raízes ventrais e dorsais  Nervo espinhal, depois do gânglio espinhal (neurônios
sensitivos pseudo-unipolares).

Três colunas/cornos na parte branca – fibras mielínicas: anterior, lateral (T1 a L2) e posterior.

Centro da substância cinzenta – canal central da medula.

31 segmentos medulares: 8 cervicais (C1 em cima da primeira vértebra), 12 torácicos, 5


lombares, 5 sacrais e 1 coccígeo (4º e 5º sacrais e o coccígeo – origem no cone medular).

Ritmo diferente de crescimento entre medula e coluna, a partir do 4º mês de vida intrauterina.
Regra (há controvérsias): de C2 a T10 soma 2 ao processo espinhoso = segmento medular. T11
e T12 – sobre as vértebras lombares e L1 sobre as vértebras sacrais.

Área da pele inervada por uma só raiz nervosa posterior/dorsal – dermátomo. Ex.: doença que
segue trajetória de dermátomo – herpes-zóster.

Grupo de músculos inervados por um só segmento medular – miótomos.


5

Meninges da medula
Dura-mater (só a parte meníngea, periosteal não) – paquimeninge (+espessa), fibras colágenas
– forma o saco dural (~ S2) e forma o epineuro que cobre os nervos;

Aracnoide – trabéculas que se unem à Pia. Espaço subdural (entre esta e a Dura) é virtual
(onde ficam as veias cerebrais superiores. Ruptura: Hematoma Subdural);

Pia-mater – Pia-íntima (aderida à medula) e Epipia (vasos sanguíneos e forma os ligamentos


denticulados, pregas que ajudam na fixação da medula). Forma o filamento terminal, perfura o
saco dural e forma o filamento da dura-mater espinhal, que se insere no periósteo do cóccix =
ligamento coccígeo.

Aracnoide + Pia-mater = leptomegninge.

O espaço subaracnóideo é maior entre L2 e S2 – Local de punções lombares.

Anestesias raquidianas: no espaço subaracnóideo. Perfura: pele, tela subcutânea, lig.


interespinhoso, lig. Amarelo, dura-mater e aracnóide. Percebe-se o ponto, quando há
gotejamento do liquor. Podem gerar dores de cabeça.

Anestesias epidurais ou peridurais: no espaço epidural. Perfura: pele, tela subcutânea, lig.
Interespinhoso e lig. Amarelo. Percebe-se o ponto quando diminui a resistência.

2. Medula Microscópica
Termos importantes: Substância branca e cinzenta, núcleo, córtex, tracto, fascículo, lemnisco,
funículo, decussação, comissura, fibras de projeção e de associação.

Entre a fissura mediana anterior e a substância cinzenta – comissura branca (local de


cruzamento de fibras).

Substância cinzenta
6

Corno posterior: funções sensitivas (núcleo marginal, substância gelatinosa – portão da dor – e
núcleo próprio);

Corno lateral (T1 a L2): Neurônios pré-ganglionares do SNAS – saem pela raiz anterior;

Corno anterior: funções motoras;

Zona intermédia: interneurônios e o núcleo torácico posterior (dorsal de Clarcke –


propriocepção inconsciente).

Terminologia de Rexed: I a IV (sensibilidades exteroceptivas), V e VI (propriocepção), VII


(retransmissor pra mesencéfalo e cerebelo), VIII (modula função motora), IX (área motora,
neurônios alfa (fibras extrfusais), gama (intrafusais) e interneurônios – de C3 a C5 dessa área,
sai o n. frênico e de S1 a S4, sai o n. pudendo – preservado na Esclerose Lateral Amiotrófica –
músculos flexores posteriormente, extensores, anteriormente; do tronco, medialmente, dos
membros, lateralmente) e X (circunda o canal central e contém neuroglia).

Neurônios

Neurônios radiculares – formam a raiz


ventral: viscerais (SNA – T1 a L2 ou S2 e
S4) e somáticos (neurônio motor
inferior);

Neurônios cordonais – da substância


branca  direção ascendente ou
descendente  funículos da medula
(homo ou contralateral): de projeção
(terminam fora da medula) e de
associação (continuam na medula –
mecanismo de integração intersegmentar – formam os fascículos próprios);
7

Neurônios de axônio curto – permanecem na substância cinzenta – reflexos medulares. Célula


de Renshaw (lâmina IX de Rexed): axônios de neurônios motores  ramo colateral  sinapse
com Renshaw  sinapse com neurônio motor  inibição motora.

Grupos na substância cinzenta

Coluna anterior – grupo medial e lateral. Medial: em toda a extensão da medula e inerva
musculatura axial; Lateral: só nas intumescências e inerva a musculatura dos membros (mais
medial, parte proximal; mais lateral, parte distal).

Substância Branca

Agrupada em tractos e fascículos. Fibras que compõem os tractos mielinizam-se em tempos


diferentes, mas as fibras de um mesmo tracto mielinizam-se na mesma época.

Quando seccionamos uma fibra mielínica, o segmento distal sofre degeneração Walleriana. Se
a área de degeneração localiza-se abaixo da secção, o tracto é descendente, e vice-versa.

Vias descendentes

Origem: córtex ou tronco, até a medula. Alguns fazem sinapse com neurônios pré-ganglionares
(vias descendentes viscerais). Outros terminam na coluna posterior (modulam impulsos
sensoriais).

Vias piramidais

Origem: córtex motor primário e pré-motor. Responsável por motricidade.

Inclui: cortico-espinhal anterior e lateral. Vão até a coluna anterior da medula, diretamente ou
por interneurônios. Até o bulbo – cortico-espinhal. Após a decussação das pirâmides, uma
parte cruza (cortico-espinhal lateral), outra cruza em alguma região da medula (cortico-
espinhal anterior) e outra não cruza (Trato de Barnes).

Portanto, o córtex de um hemisfério controla os neurônios motores do lado oposto. O cortico-


espinhal anterior (vai até neurônios motores na parte medial da coluna anterior) termina ao
nível da medula torácica, já o cortico-espinhal lateral vai até a medula sacral.

Vias extrapiramidais

Inclui: tecto-espinhal, vestíbulo-espinhal, rubro-espinhal e retículo-espinhal. Terminam na


medula em interneurônios, através dos quais se ligam aos neurônios motores da coluna
anterior.

Rubro-espinhal: liga-se aos neurônios lateralmente na coluna anterior – motricidade distal dos
membros. Facilitam os neurônios motores flexores.

Os outros tractos ligam-se a neurônios medialmente na coluna anterior – musculatura axial e


proximal dos membros.
8

Vestíbulo-espinhal: lateral (se origina no núcleo vestibular lateral - fibras descem sem cruzar –
facilitam neurônios motores extensores que mantém a postura ereta) e medial (origem no
núcleo vestibular medial – fibras homo e contralaterais – facilitação dos neurônios motores
flexores – controle da posição da cabeça).

Retículo-espinhal: origem na formação reticular da ponte e bulbo. Ocupa o funículo anterior


(se vier da ponte - facilita neurônios motores extensores) ou lateral (se vier do bulbo – facilita
neurônios motores flexores).

Tecto-espinhal: origem no colículo superior – atua na rotação da cabeça (reflexo) em resposta


a um estímulo luminoso.

Vias ascendentes

Filamentos da raiz dorsal – grupo lateral (vão ao ápice da coluna posterior) e medial (vão à face
medial da coluna posterior). Antes de irem pra coluna posterior – emitem ramos ascendentes
e descendentes, que também terminam na coluna posterior, geralmente – uma parte termina
no bulbo (fascículos grácil e cuneiforme).

Caminhos que as fibras da raiz dorsal pode fazer:

a) Sinapse com neurônios motores, na coluna anterior – arcos reflexos monossinápticos.


Ex.: de estiramento – patelar.

b) Sinapse com interneurônios – arcos reflexos polissinápticos. Ex.: de flexão ou de


retirada.

c) Sinapse com neurônios cordonais de associação – arcos reflexos segmentares. Ex.: de


coçar.

d) Sinapse com neurônios pré-ganglionares – arcos reflexos viscerais.

e) Sinapse com neurônios cordonais de projeção – vias ascendentes.

Vias ascendentes: ramos ascendentes de fibras da raiz dorsal (grácil e cuneiforme) ou axônios
de neurônios cordonais de projeção.

Funículo posterior

Fascículo grácil (medial) e cuneiforme (lateral). Separados pelo septo intermédio posterior.
Formados pelos ramos ascendentes das fibras do grupo medial da raiz dorsal.

Grácil – em toda a medula – impulsos dos membros inferiores e parte inferior do tronco.
Cuneiforme – a partir de T6 – impulsos dos membros superiores e parte superior do tronco.

Impulsos relacionados com: propriocepção consciente (sentido de posição e movimento), tato


epicrítico (discriminativo – localizar e descrever características táteis de um objeto),
sensibilidade vibratória (perceber estímulos mecânicos repetitivos – sua perda – sinal precoce
9

de lesão do funículo posterior) e estereognosia (perceber com as mãos a forma e o tamanho


dos objetos).

Funículo anterior

Inclui: tracto espino-talâmico-anterior – axônios de neurônios cordonais de projeção. Cruzam o


plano mediano. Destino: tálamo – impulsos de tato protopático (pouco discriminativo) e
pressão.

 Em lesões medulares – difícil perder toda a sensibilidade, pelos componentes do


funículo posterior e anterior.

Funículo lateral

Tracto espino-talâmico lateral – neurônios cordonais de projeção – cruzam o plano mediano


na comissura branca e vão para o funículo lateral oposto. Destino: tálamo. Conduz impulsos de
dor (aguda e bem localizada) e temperatura.

 Cordotomia: secções dos tractos espino-talâmicos laterais para tratamento da dor.

Há também o tracto espino-retículo-talâmico para condução de dor (crônica e difusa).

Tracto espinocerebelar posterior – neurônios cordonais de projeção. Origem: núcleo torácico


da coluna posterior (núcleo dorsal de Clarcke – de C8 a L2) – vão para o funículo lateral do
mesmo lado. Destino: cerebelo – pelo pedúnculo cerebelar inferior. Conduz propriocepção
inconsciente (de fusos neuromusculares e órgãos neurotendinosos).

 Abaixo de L2, não tem esse tracto, as fibras sobem, então, ao nível de L2 e fazem
sinapse no núcleo torácico posterior. Acima de C8, as fibras sobem pelo fascículo
cuneiforme até alcançarem o cuneiforme acessório.

Tracto espinocerebelar anterior – neurônios cordonais de projeção. Origem: coluna posterior e


subst. cinzenta intermédia – vão para o funículo lateral do mesmo lado e lado oposto. Destino:
cerebelo – pelo pedúnculo cerebelar superior (fibras cruzadas 2 vezes). Conduzem além de
propriocepção inconsciente, eventos relacionados com a atividade elétrica do tracto cortico-
espinhal (informa o cerebelo sobre os impulsos motores e sua intensidade).

3. Tronco Encefálico – Macroscopia


Entre a medula e o diencéfalo e ventral ao cerebelo. Muitos dos núcleos do tronco recebem ou
emitem fibras nervosas que entram na composição dos nervos cranianos. Dos 12 pares, 10
fazem conexão no tronco.

Bulbo

Limite inferior: com a medula a nível do forame magno. Limite superior: sulco bulbo-pontino.
Percorrida por sulcos longitudinalmente que continuam da medula – delimitam em áreas
anterior, lateral e posterior.
10

A fissura mediana anterior termina no forame cego. De cada


lado da fissura – Pirâmides (feixe de fibras descendentes –
tracto cortico-espinhal – cruzam na decussação das
pirâmides).

Entre o sulco lateral anterior e posterior – Oliva – núcleo olivar


inferior.

Do sulco lateral anterior emerge o nervo hipoglosso, XII par.


Do sulco lateral posterior emerge os nervos glossofaríngeo (IX
par), vago (X par) e a raiz craniana do acessório (XI par), que se
une à raiz espinhal, da medula.

Metade caudal – porção fechada do bulbo – se abre pra formar o


4º ventrículo, cujo assoalho é a porção aberta.

Entre o sulco mediano posterior e o lateral posterior – tubérculo


do núcleo grácil e cuneiforme, onde estão os respectivos núcleos,
dos respectivos fascículos. À medida, que o 4º ventrículo se abre,
estes tubérculos vão se afastando, até se continuarem com o
pedúnculo cerebelar inferior.

Ponte

Ventral ao cerebelo, repousa sobre a parte basilar do occipital e o dorso da sela túrcica do
esfenóide.

Base – estrias transversais – feixe de fibras – formam o pedúnculo cerebelar médio, cujo limite
com a ponte: nervo trigêmeo, V par (raiz sensitiva, maior, e raiz motora, menor).

Parte ventral – sulco basilar – onde passa a artéria basilar.

Do sulco bulbo-pontino emerge, de medial pra lateral: o nervo abducente (VI par), nervo facial
(VII par), nervo intermédio (raiz sensitiva do VII par) e o nervo vestíbulo-coclear (VIII par).

 Tumores que acometem essa área – Síndrome do ângulo ponto-cerebelar.

Quarto ventrículo

Continua pra baixo com o canal central do bulbo, e pra cima com o aqueduto cerebral
(comunica o 3º com o 4º ventrículo).

O 4º ventrículo se prolonga pros lados nos recessos laterais, na superfície dorsal do pedúnculo
cerebelar inferior. Estes recessos se comunicam com o espaço subaracnoide pelas aberturas
laterais do 4º ventrículo. Há também uma abertura mediana do 4º ventrículo. Por estas
aberturas, o liquor passa para o espaço subaracnoide.

Assoalho do 4º ventrículo – dorso da ponte e porção aberta do bulbo. Percorrido pelo sulco
mediano, que tem de cada lado, a eminência medial, limitada lateralmente pelo sulco
11

limitante (separa os núcleos motores, mediais, dos sensitivos, laterais), que forma as fóveas
superior e inferior.

Medialmente à fóvea superior – eminência medial se dilata – colículo facial (fibras do nervo
facial contornando o núcleo do nervo abducente).

Parte caudal da eminência medial – trígono do hipoglosso (com seu núcleo), medialmente e o
trígono do vago (com seu núcleo), lateralmente.

Lateral ao sulco limitante, em direção aos recessos laterais – área vestibular, com os núcleos
vestibulares do VII par.

Da fóvea inferior, em direção ao aqueduto cerebral, lateral à eminência medial – locus


ceruleus – relação com o mecanismo do sono.

Teto do 4º ventrículo

Véu medular superior, parte do nódulo do cerebelo, véu medular inferior, tela corioide (epitélio
ependimário + pia-mater – emite projeções que se invaginam na cavidade ventricular para
formar o plexo corióide) do 4º ventrículo.
 Plexo corioide – produção do liquor.

Mesencéfalo

Limite com o cérebro: plano que liga os corpos mamilares à comissura posterior.
É atravessado pelo aqueduto cerebral.

Do sulco medial emerge o nervo oculomotor, III par.


Ao redor do aqueduto – substância cinzenta periaquedutal ou central.
Substância negra – neurônios que contém dopamina.
No teto do mesencéfalo – Colículos superiores (se liga ao corpo geniculado lateral) e inferiores
(se liga ao corpo geniculado medial). Superior a eles – corpo pineal. Inferior a eles – emerge o
nervo troclear, IV par – único que sai da parte dorsal, contorna o mesencéfalo e surge entre a
ponte e o mesencéfalo e decussam antes de emergirem do SNC.
Entre os pedúnculos cerebrais – fossa interpeduncular – onde se localizam os corpos
mamilares. O fundo da fossa – substância perfurada posterior – passagem de vasos.
12

4. BULBO

Diferenças entre o tronco e a medula  fragmentação longitudinal e transversal da substância


cinzenta, formando os núcleos dos nervos cranianos – substância cinzenta homóloga à da
medula. Outros núcleos de nervos cranianos – substância cinzenta própria do tronco. O tronco
possui também muitas fibras transversais e uma rede de fibras e corpos de neurônios –
formação reticular.

Características próprias do bulbo

Em secções mais altas do bulbo – maior a diferença da medula.


a) Aparecimento de núcleos próprios do bulbo – como o grácil, cuneiforme e núcleo
olivar inferior;
b) Decussação das pirâmides ou motora – trato cortico-espinhal passa a cortico-espinhal
lateral;
c) Decussação dos lemniscos ou sensitiva – fibras do grácil e cuneiforme (fibras
arqueadas internas) atravessam a coluna posterior, cruzam o plano mediano e formam
o lemnisco medial;
d) Abertura do 4º ventrículo – fibras do grácil e cuneiforme vão diminuindo, abre-se o
canal central, cujo assoalho – núcleos de nervos cranianos.

Substância cinzenta homóloga – núcleos de nervos cranianos

a) Núcleo ambíguo – motor – dele saem as fibras dos pares IX, X e XI à musculatura da
laringe e faringe;
b) Núcleo do hipoglosso – motor – fibras pra musculatura da língua – estão no trígono do
hipoglosso;
c) Núcleo dorsal do vago – motor parassimpático – contém neurônios pré-ganglionares –
corresponde à coluna lateral da medula – está
no trígono do vago;
d) Núcleos vestibulares – sensitivos – penetram
pela porção vestibular do VIII par – na área
vestibular do assoalho do 4º ventrículo;
e) Núcleo do tracto solitário – sensitivo – fibras
entram pelo VII, IX e X – antes disso, tem um
trajeto descendente no trato solitário – relação
com a gustação;
f) Núcleo do tracto espinhal do trigêmeo – sensibilidade de quase toda a cabeça pelos
nervos V, VII, IX e X – os 3 últimos: sensibilidade geral do pavilhão e conduto auditivo
externo – corresponde à substância gelatinosa da medula;
g) Núcleo salivatório inferior – fibras pré-ganglionares – saem pelo nervo IX – inerva a
parótida.

Substância cinzenta própria do bulbo

a) Núcleo grácil e cuneiforme – originam fibras arqueadas internas e geram o lemnisco


medial;
b) Núcleo olivar inferior – recebe fibras do córtex, medula e núcleo rubro. Liga-se ao
cerebelo por fibras olivo-cerebelares, que cruzam o plano mediano e entram pelo
pedúnculo cerebelar inferior, indo pro córtex cerebelar  aprendizagem motora.
13

c) Núcleos Olivares medial e dorsal – mesmas estrutura, conexões e funções – Complexo


olivar inferior.

Substância Branca

Fibras transversais – ou arqueadas

a) Fibras arqueadas internas – algumas são axônios de neurônios dos núcleos grácil e
cuneiforme, outras são fibras olivo-cerebelares;
b) Fibras arqueadas externas (ventral e dorsal) – penetram no cerebelo pelo pedúnculo
cerebelar inferior.

Fibras longitudinais

1. Vias Ascendentes – tractos e fascículos vindos da medula e mais o lemnisco medial,


originado no bulbo: fascículos grácil e cuneiforme, lemnisco medial, tracto espino-
talâmico lateral e anterior, espino-cerebelar anterior e posterior e pedúnculo
cerebelar inferior (fibras do espino-cerebelar posterior, fibras arqueadas externas e
cuneo-cerebelar).
2. Vias descendentes – tracto cortico-espinhal, cortico-nuclear (do córtex até núcleos
motores), tractos extrapiramidais, tracto espinhal do trigêmeo (trajeto descendente
após entrar pelo trigêmeo) e tracto solitário (entram pelos nervos VII, IX e X e ao
entrarem também tem trajeto descendente).
3. Vias de associação – constituem o Fascículo longitudinal medial – corresponde ao
fascículo próprio – liga todos os núcleos motores dos nervos cranianos, em destaque
os nervos relacionados com o movimento ocular (III, IV e VI) e da cabeça (raiz espinhal
do XI – inerva esternocleidomastoideo e trapézio). Recebe ainda fibras dos núcleos
vestibulares, trazendo impulsos sobre a posição da cabeça. Importante pra reflexos –
coordenar movimentos da cabeça com os olhos.

Formação reticular

Entre os núcleos e tractos. Encontra-se o centro respiratório (regula o ritmo respiratório),


centro vasomotor e o centro do vômito.

5. Ponte

Parte ventral ou base da ponte, e parte dorsal ou tegmento da ponte (semelhante ao bulbo e
ao tegmento do mesencéfalo). No limite entre a base a ponte – fibras mielínicas transversas –
corpo trapezóide.

Parte ventral (origem recente)

1. Fibras longitudinais: tracto cortico-espinhal, cortico-nuclear e cortico-pontino (do


córtex até núcleos pontinos);
2. Fibras transversais e núcleos pontinos: estes núcleos estão dispersos na base. Os
axônios dos neurônios destes núcleos formam as fibras transversais – fibras ponto-
cerebelares ou pontinas – entram pelo pedúnculo cerebelar médio – via cortico-ponto-
cerebelar.
14

Parte dorsal

1. Núcleos do nervo vestíbulo-coclear:

1.1 Núcleos cocleares (dorsal e ventral) – onde terminam as fibras


da porção coclear do nervo, partindo do gânglio espiral.
Destes núcleos, cruzam, formando o corpo trapezóide,
contornam o núcleo olivar superior (homo ou contralateral) e
sobem formando o lemnisco lateral, até o colículo inferior e
corpo geniculado medial – via da audição;

1.2 Núcleos vestibulares (lateral, medial, superior e inferior) –


ficam na área vestibular. Recebem impulsos da parte vestibular do ouvido interno,
informando sobre posição e movimentos da cabeça. Antes, estes impulsos passam
pelo gânglio vestibular. Recebem fibras também do cerebelo, para manutenção
do equilíbrio.

1.2.1 Fibras eferentes – fascículo vestíbulo-cerebelar (terminam no córtex do


arquicerebelo), fascículo longitudinal medial (dos núcleos vestibulares
saem a maioria das fibras que darão origem a este fascículo. As
informações sobre a posição da cabeça chegam ao fascículo por conexões
com os núcleos vestibulares), tracto vestíbulo-espinhal (manutenção do
equilíbrio) e fibras vestíbulo-talâmicas.

2. Núcleos dos nervos facial e abducente – as fibras do nervo facial fazem uma curvatura
em torno do núcleo abducente formando o
joelho interno do nervo facial;
3. Núcleo salivatório superior e núcleo lacrimal –
dão origem a fibras pré-ganglionares, que
emergem do n. intermédio – inervação das gl.
Submandibular, sublingual e lacrimal;
4. Núcleos do nervo trigêmio – além do núcleo do
tracto espinhal, núcleo sensitivo principal
(continuação do núcleo do tracto espinhal; se
estende para formar o núcleo do tracto
mesencefálico), núcleo do tracto mesencefálico
e núcleo motor (para os mm. mastigadores).
Dos núcleos sensitivos - lemnisco trigeminal.

Aqui, surge também o lemnisco espinhal – união dos tractos espino-talâmicos anterior e
lateral. Há também a decussação do pedúnculo cerebelar superior (único com fibras
eferentes).

6. Mesencéfalo
Colículo superior – camada superposta de subst. branca e cinzenta. Suas conexões:
a) Fibras que vem da retina – o atingem pelo trato óptico e braço do colículo superior;
b) Fibras que vem do córtex occipital – o atingem pela radiação óptica e braço do colículo
superior;
15

c) Fibras que formam o tracto tecto-espinhal – terminam em neurônios motores da


medula.
Relação com reflexos visuais. Lesões aí podem ser de tumores do corpo pineal que comprimem
os colículos.

Colículo inferior – subst. cinzenta – núcleo do colículo inferior. Recebe fibras auditivas do
lemnisco lateral e vai até o corpo geniculado medial. Algumas fibras cruzam na comissura do
colículo inferior.

Área pré-tectal (ou núcleo) – no limite do


diencéfalo e mesencéfalo – controle reflexo
das pupilas.

Base do pedúnculo cerebral – tractos cortico-


espinhal, cortico-nuclear e cortico-pontino.

Tegmento do mesencéfalo – substância


cinzenta e branca e formação reticular.

Subst. Cinzenta homóloga – núcleos dos nervos III (ao nível do colículo superior), IV e V (só o
núcleo do tracto mesencefálico – informações proprioceptivas).
 Complexo oculomotor – parte somática (atravessam o núcleo rubro e emergem na
fossa interpeduncular) e visceral (núcleo de Edinger-Westphal – neurônios pré-
ganglionares, cujas fibras fazem sinapse no gânglio ciliar – inervação do m. ciliar e
esfíncter da pupila – reflexo do diâmetro da pupila).

Subst. cinzenta própria – núcleo rubro (envolvido pelo pedúnculo cerebelar superior) –
motricidade somática. Recebe fibras do cerebelo e do córtex e gera o tracto rubro-espinhal –
inervação da musculatura distal dos membros. Liga-se também ao complexo olivar inferior –
fibras rubro-olivares – rubro-olivo-cerebelar.

Substância negra – neurônios dopaminérgicos com inclusões de melanina. Várias conexões, a


exemplo das com o corpo estriado – fibras Nigro-estriatais (dopaminérgicas) e estriato-nigrais.
 Degenerações dos neurônios dopaminérgicos – diminui dopamina no corpo estriado –
Síndrome de Parkinson.

Fibras descendentes passam pela base do pedúnculo e as fibras ascendentes pelo tegmento
(os 4 lemniscos e o pedúnculo cerebelar superior, que a nível do colículo inferior, decussa – o
lemnisco lateral termina a nível do colículo inferior).
E em toda a extensão do tegmento – fascículo longitudinal medial.

7. Cerebelo Macroscópico

Órgão suprasegmentar, deriva da parte dorsal do metencéfalo. Contribui para o


teto do 4º ventrículo. Repousa sobre a fossa cerebelar o osso occipital e está
separado do lobo occipital pela tenda do cerebelo. Liga-se ao mesencéfalo, ponte e
bulbo pelos pedúnculos cerebelares superior, médio e inferior, respectivamente.
Funções: equilíbrio e coordenação motora.

Aspectos anatômicos
16

Formado por: Vérmis e dois hemisférios. Vérmis é pouco separado dos hemisférios na parte
superior, mas na parte inferior tem sulcos evidentes.

Na superfície tem sulcos transversais – delimitam as


folhas do cerebelo. Sulcos mais pronunciados –
fissuras do cerebelo – delimitam os lóbulos.

O cerebelo é constituído de um centro de substância


branca – centro medular do cerebelo, revestida por
substância cinzenta – córtex do cerebelo.

No centro medular – núcleos centrais do cerebelo:


denteado (facilmente identificado), emboliforme,
globoso e fastigial. Emboliforme + globoso =
Interpósito.

Divisão em lóbulos – sem significado funcional.


Exemplo de lóbulo: flóculo – situado abaixo do ponto em que o pedúnculo médio entra no
cerebelo, próximo ao nervo VIII – liga-se ao nódulo pelo pedúnculo do flóculo.

As tonsilas são evidentes na face inferior do cerebelo,


projetando-se para a face dorsal do bulbo – em casos de
hipertensão craniana, podem comprimir o bulbo – punções
lombares – retirada de liquor diminui a pressão no espaço
subaracnoide – com a pressão intracraniana aumentada –
tonsilas penetram no forame magno e comprimem o bulbo.

Divisão ontogenética e filogenética do cerebelo

A ontogênese leva em consideração a primeira fissura que


apareceu no desenvolvimento do cerebelo (póstero-lateral) –
divide o cerebelo em duas partes desiguais – lobo flóculo-
nodular e corpo do cerebelo.
Depois, aparece a fissura prima – divide o corpo do cerebelo em lobo anterior e posterior.

Os estudos da anatomia comparada mostram 3


fases da filogênese:
1. Com os vertebrados mais primitivos –
necessidade de se manterem em
equilíbrio (desprovidos de membros) –
cerebelo recebe impulsos dos canais
semicirculares que informam a posição do animal e permitem ao cerebelo coordenar a
atividade muscular – Arquicerebelo – conexões vestibulares – cerebelo vestibular;
2. Peixes – já com membros – fusos neuromusculares e órgãos neurotendinosos –
impulsos proprioceptivos – regulação do tônus muscular e postura – paleocerebelo –
conexões com a medula – cerebelo espinhal;
3. Mamíferos – movimentos delicados – coordenação mais elaborada – desenvolvimento
do córtex cerebral – neocerebelo – conexões com o córtex – cerebelo cortical.
17

O arquicerebelo  lobo flóculo-nodular. Paleocerebelo  lobo anterior (mais pirâmide e


úvula). Neocerebelo  resto do lobo posterior.

Maior parte do neocerebelo  hemisférios. Paleocerebelo – vermiano.

8. Cerebelo Microscópico

Nível involuntário e inconsciente – função motora.

Córtex cerebelar

Da superfície para o interior: camada molecular, camada de células de Purkinje e camada


granular.
a) Camada molecular – formada por fibras de direção
paralela, células estreladas e células em cesto (sinapses
com os corpos das células de Purkinje);
b) Células de Purkinje – dendritos que se ramificam na
camada molecular e um axônio e direção oposta, vai até os
núcleos centrais – ação inibitória – únicas fibras eferentes
do córtex;
c) Camada granular – células granulares, pequenas, vários
dendritos e um axônio que vai até a camada molecular e se
bifurca – fibras paralelas – sinapses com os dendritos das
células de Purkinje; e células de Golgi, com ramificações
amplas.

Conexões do cerebelo

As fibras que entram no cerebelo se dirigem ao córtex – fibras musgosas (terminações das
outras fibras que entram no cerebelo) e fibras trepadeiras (axônios de neurônios do complexo
olivar inferior – se enrolam nos dendritos das células de Purkinje – ação excitadora).

Fibras musgosas – emitem ramos colaterais – sinapses excitatórias com os neurônios dos
núcleos centrais – atingem a camada granular – se ramificam – sinapses excitatórias com
células granulares, que através das fibras paralelas se ligam às células de Purkinje, que inibem
os neurônios dos núcleos centrais.

As células de Purkinje são moduladas também por: células de Golgi, em cesto e estreladas –
usam o GABA – incluindo Purkinje. As células granulares usam glutamato.

Núcleos centrais e corpo medular

Núcleo fastigial – o mais medial.


Núcleos globoso e emboliforme – semelhantes – núcleo interpósito.
Núcleo denteado – o maior e mais lateral – parece o núcleo olivar inferior anatomicamente.

Fibras mielínicas no corpo medular:


a) Fibras aferentes ao cerebelo – entram pelos pedúnculos e vão pro córtex;
b) Fibras formadas pelos axônios das células de Purkinje – vão pros núcleos centrais.
18

Existem muito poucas fibras de associação no corpo medular.

Organização longitudinal do cerebelo

Zona medial – Vérmis; Zona intermédia paravermiana; Zona lateral – maior parte dos
hemisférios.

Os axônios das células de Purkinje da zona medial se dirigem ao núcleo fastigial, os da zona
intermédia ao núcleo interpósito e os da zona lateral para o núcleo denteado.

Conexões extrínsecas

O cerebelo recebe várias informações, que são processadas e se dá a resposta por meio de vias
eferentes que vão influenciar os neurônios motores, do seu próprio lado – quando não são
homolaterais, cruzam duas vezes. Lesão de hemisfério cerebelar  sintomas do mesmo lado.

Conexões aferentes

As fibras aferentes terminam como fibras trepadeiras (origem no complexo olivar inferior) e
musgosas (origem nos núcleos vestibulares, medula e núcleos pontinos).

Fibras aferentes de origem vestibular

Chegam ao cerebelo pelo fascículo vestíbulo-cerebelar, que se originam nos núcleos


vestibulares e vão para o arquicerebelo e para a zona medial (vérmis). Informações sobre a
posição da cabeça, importante para manter o equilíbrio e a postura básica, assim como a
marcha e os movimentos oculares.

Fibras aferentes de origem medular

Tractos espino-cerebelar anterior e posterior, entram pelos pedúnculos superior e inferior e


vão para o paleocerebelo. Do tracto posterior, recebe informações sobre propriocepção,
importante para avaliar o grau de contração dos músculos, tensão nas cápsulas articulares e
tendões, assim como avaliar as posições e velocidades do movimento das partes do corpo. O
tracto anterior é ativado por sinais motores do cortico-espinhal, permitindo o cerebelo avaliar
o grau de atividade deste tracto.

Fibras aferentes de origem pontina

Fibras pontinas (ponto-cerebelares) têm origem nos núcleos pontinos, entram pelo pedúnculo
médio e vai para o córtex do neocerebelo. Informações oriundas do córtex.

Conexões eferentes

Por estas conexões, exerce


influência sobre os neurônios
motores da medula, agindo
indiretamente, usando
intermediários no tronco, tálamo
ou áreas motoras do córtex. As
19

fibras eferentes saem dos núcleos centrais do cerebelo, sofrendo influência das células de
Purkinje das 3 zonas longitudinais.

Conexões eferentes da zona medial

Axônios das células de Purkinje da zona medial – sinapse nos núcleos fastigiais, de onde sai o
tracto fastigiobulbar – fastígio-vestibular (faz sinapse nos núcleos vestibulares  neurônios
motores pelo tracto vestíbulo-espinhal) e fastígio-reticular (sinapse na formação reticular 
neurônios motores pelo tracto retículo-espinhal). Os neurônios motores são do grupo medial
da coluna anterior em ambos – controlam musculatura axial e proximal dos membros –
manter equilíbrio e postura.

Conexões eferentes da zona intermédia

Axônios das células de Purkinje  sinapse no núcleo interpósito  saem os tractos


interpósito-rubro (sinapse no núcleo rubro  neurônios motores pelo tracto rubro-espinhal –
interpósito-rubro-espinhal) e interpósito-tálamo (sinapse no tálamo  áreas motoras do
córtex pelo tracto tálamo-cortical – interpósito-tálamo-cortical  cortico-espinhal – influencia
neurônios motores do grupo lateral da coluna anterior – músculos distais dos membros).

Conexões eferentes da zona lateral

Axônios das células de Purkinje – sinapse no núcleo denteado  tálamo do lado oposto 
áreas motoras do córtex (via dento-tálamo-cortical  cortico-espinhal) – controla musculatura
distal dos membros.
Aspectos funcionais

Principais funções – manutenção do


equilíbrio e postura, controle do
tônus muscular, controle dos
movimentos voluntários e
aprendizagem motora.

Manutenção do equilíbrio e postura

Faz-se basicamente pelo


arquicerebelo e zona medial (vérmis) – contração adequada dos músculos axiais e proximais
dos membros. A influência é transmitida aos neurônios motores pelos tractos vestíbulo e
retículo-espinhal.

Controle do tônus muscular

Descerebelização ou lesão dos núcleos centrais  perda do tônus. Os núcleos, em especial, o


denteado e o interpósito, mantém uma atividade espontânea que age sobre os neurônios
motores pelos tractos cortico e rubro-espinhal.

Controle dos movimentos voluntários


20

Lesões do cerebelo  ataxias – falta de coordenação dos movimentos voluntários, por erros
na força, extensão e direção do movimento. Para controlar o movimento: etapa de
planejamento do movimento e de correção.

O planejamento – elaborado na zona lateral, a partir de informações da via cortico-ponto-


cerebelar (áreas do córtex ligadas à intenção do movimento). O plano motor é enviado às
áreas motoras do córtex pela via dento-tálamo-cortical e colocado em execução pelo cortico-
espinhal. Iniciado o movimento, passa a ser controlado pela zona intermédia. Esta zona recebe
informações das características dos movimentos pelos tractos espino-cerebelares e pela via
interpósito-tálamo-cortical, faz as correções devidas agindo sobre as áreas motoras e o tracto
cortico-espinhal. A zona intermédia compara o movimento em execução com o plano motor e
faz os ajustes.

Papel da zona intermédia é diferente do da zona lateral – a primeira recebe aferências


espinhais e corticais e a segunda, só corticais. O núcleo denteado é ativado antes do início do
movimento, já o interpósito só é ativado depois do movimento já ter iniciado. Em movimentos
muitos rápidos (balísticos), só atua a zona lateral, pois não dá tempo da zona intermédia
receber informações para a correção dos movimentos.

Aprendizagem motora

Quando a mesma atividade motora é feita várias vezes – é mais rápida e com menos erros.

Fibras olivo-cerebelares chegam como fibras trepadeiras ao córtex cerebelar e faz sinapses
com células de Purkinje (e podem modular a excitabilidade destas células). O mecanismo
celular parece ser uma forma de depressão a longo prazo (DLP).

Correlações anatomoclínicas

a) Incoordenação dos movimentos (ataxia) – especialmente nos membros – marcha


atáxica – perda do equilíbrio – pode ocorrer também na articulação das palavras – fala
arrastada (escandida – lenta e indistinta);
b) Perda do equilíbrio – abre as pernas para ampliar a sustentação – base alargada -
Tende a cair para o lado lesado;
c) Diminuição do tônus da musculatura esquelética – hipotonia (pode estar associada a
um reflexo patelar pendular).

Geralmente tem lesão global com todos estes sintomas – semelhante à embriaguez aguda –
pelo efeito tóxico do álcool sobre as células de Purkinje.

Síndromes cerebelares

Síndrome do arquicerebelo

Frequente em crianças – tumores do teto do 4º ventrículo, que comprimem o nódulo e o


pedúnculo do flóculo – perda do equilíbrio – sem alteração do tônus e a coordenação motora é
normal. Semelhante a uma lesão do aparelho vestibular: além do distúrbio do equilíbrio,
problemas na marcha e, muitas vezes, nistagmo.

Síndrome do paleocerebelo
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Degeneração do córtex do lobo anterior no alcoolismo crônico – perda do equilíbrio – andar


com base alargada e ataxia dos membros inferiores.

Síndrome do neocerebelo

Incoordenação motora - ataxia:


a) Dismetria – execução defeituosa de movimentos que visam atingir um alvo – não
consegue dosar a quantidade de movimentos – pede para colocar o dedo na ponta do
nariz;
b) Decomposição – movimentos que são feitos simultaneamente por várias articulações
são decompostos – etapas sucessivas por cada articulação;
c) Disdiadococinesia – Dificuldade de movimentos rápidos e alternados;
d) Rechaço – paciente faz a flexão do antebraço contra resistência – em pessoas normais,
ao se retirar a resistência, a flexão para por ação dos músculos extensores, mas neste
caso, os extensores demoram de agir e o movimento se torna violento;
e) Tremor – se acentua ao final do movimento ou prestes a tingir o alvo – tremor de
intenção;
f) Nistagmo – movimento oscilatório rítmico dos bulbos oculares – em lesões do cerebelo
e do sistema vestibular.

Lesão do vérmis X lesão dos hemisférios

Lesão do vérmis – perda do equilíbrio, com base alargada e alterações na marcha (marcha
atáxica) – afeta o tronco.

Lesão dos hemisférios – manifestam-se nos membros do lado lesado – incoordenação dos
movimentos a parte das extremidades afetadas depende do local da lesão.

Cerebelo tem capacidade de recuperação funcional quando há lesões no córtex,


especialmente em crianças ou quando as lesões aparecem gradualmente. Mas a recuperação
não ocorre quando a lesão atinge os núcleos centrais.

9. Diencéfalo Macroscópico

Diencéfalo + telencéfalo = cérebro  prosencéfalo

3º Ventrículo

É a cavidade do diencéfalo – se comunica com o 4º pelo aqueduto cerebral e


com os ventrículos laterais pelos forames interventriculares.

Sulco hipotalâmico – vai do aqueduto até o forame interventricular. Acima – tálamo; abaixo –
hipotálamo. Unindo os dois tálamos – aderência intertalâmica.

No assoalho do 3º ventrículo – quiasma óptico, infundíbulo, túber cinéreo e corpos


mamilares.

Parede posterior – epitálamo – acima do sulco hipotalâmico. De cada lado do epitálamo e


percorrendo as partes mais altas das paredes laterais – estrias medulares do tálamo, onde se
22

insere a tela corioide, que forma o teto do 3º ventrículo. A partir


desta tela, invaginam-se os plexos corioides, que continuam com os
plexos dos ventrículos laterais, pelos forames interventriculares.
Parede anterior – lâmina terminal – une os hemisférios, estando
entre o quiasma e a comissura anterior (esta e a lâmina terminal
pertencem ao telencéfalo).

A luz se evagina para formar recessos – recesso do infundíbulo,


recesso óptico, recesso pineal e o recesso suprapineal, acima das
respectivas partes.

Tálamo

Extremidade anterior – tubérculo anterior do tálamo.


Extremidade posterior (maior que a anterior) – pulvinar do tálamo, que se projeta sobre os
corpos geniculados lateral e medial (estes considerados por alguns autores como o
metatálamo).
A porção lateral da face superior faz parte do assoalho do ventrículo lateral, assim, é revestido
de epitélio ependimário; a porção medial constitui, junto com o teto do 3º ventrículo, o
assoalho da fissura transversa do cérebro, cujo teto – fórnix e corpo caloso.
A face lateral do tálamo é separada do telencéfalo pela cápsula interna – feixe de fibras que
liga o córtex a centos subcorticais.
A face inferior continua com o hipotálamo e o subtálamo.

Hipotálamo

Muitas funções, em especial, controle da atividade visceral:

a) Corpos mamilares – substância cinzenta, na parte anterior da fossa interpeduncular;


b) Quiasma óptico – parte anterior do assoalho ventricular, recebe fibras mielínicas do
nervo óptico;
c) Túber cinéreo – área cinzenta, atrás do quiasma e tratos ópticos, entre estes e os
corpos mamilares – prende-se a hipófise por meio do infundíbulo;
d) Infundíbulo (abaixo do diafragma da sela) – se prende ao túber cinéreo. Sua
extremidade superior se dilata para formar a eminência mediana do túber cinéreo.

Epitálamo

Destaque para a glândula pineal – repousa sobre o teto do mesencéfalo. A base do corpo
pineal se prende anteriormente a dois feixes de fibras transversais – comissura posterior (num
ponto em que o aqueduto se liga ao 3º ventrículo – limite entre o mesencéfalo e o diencéfalo)
e a comissura das habênulas (entre os trígonos da habênula, entre a glândula pineal e o tálamo
– continua de cada lado com as estrias medulares do tálamo). A tela corioide do 3º ventrículo
se insere lateralmente nas estrias medulares e posteriormente na comissura das habênulas.

Subtálamo

Zona de transição entre o diencéfalo e o tegmento do mesencéfalo – não se relaciona com as


paredes do 3º ventrículo. Localiza-se abaixo do tálamo, limitado lateralmente pela cápsula
interna e medialmente pelo hipotálamo. Destaque para o núcleo subtalâmico.
23

10. Hipotálamo Microscópico

Basicamente substância cinzenta agrupada em


núcleos, além de fibras percorrendo, como o fórnix,
que percorre de cima pra baixo e termina no corpo
mamilar – divide o hipotálamo em área medial (entre
o fórnix e as paredes do 3º ventrículo, onde estão os
principais núcleos) e lateral (lateral ao fórnix –
predomina fibras longitudinais – percorrida pelo
feixe prosencefálico-medial).

Pode ainda ser dividido em planos frontais:


hipotálamo supra-óptico (inclui o quiasma e a área
acima deste até o sulco hipotalâmico), hipotálamo
tuberal e o hipotálamo mamilar.
Na parte mais anterior do 3º ventrículo – área pré-
óptica – pertence ao telencéfalo.

Conexões com o sistema límbico

a) Hipocampo – liga-se pelo fórnix aos núcleos mamilares  fascículo mamilo-tegmentar


(vai pra formação reticular do mesencéfalo) e fascículo mamilo-talâmico  núcleo
anterior do tálamo (faz parte do circuito de Papez);
b) Corpo amigdaloide – chegam ao hipotálamo pela estria terminal;
c) Área septal – liga-se ao hipotálamo pelo feixe prosencefálico-medial.

Conexões com a área pré-frontal

Esta área pré-frontal tem relações com o comportamento emocional – conexões com
hipotálamo direta ou indiretamente através do núcleo dorsomedial do tálamo.

Conexões viscerais aferentes

Recebe informações sobre a atividade das vísceras por conexões com o núcleo do tracto
solitário, por fibras solitário-talâmicas.

Conexões viscerais eferentes

Hipotálamo controla o SNA agindo direta (dos núcleos do hipotálamo, terminam nos núcleos
da coluna eferente visceral geral do tronco ou na coluna lateral da medula – fibras hipotálamo-
espinhais) ou indiretamente (através da formação reticular) sobre os neurônios pré-
ganglionares do SNAS e SNAP.

Conexões com a hipófise

Somente conexões eferentes:

a) Tracto hipotálamo-hipofisário – origem nos núcleos supra-óptico e paraventricular e


terminam na neuro-hipófise  neurossecreção;
24

b) Tracto túbero-infundibular ou hipofisário – fibras neurossecretoras com origem no


núcleo arqueado e áreas vizinhas do hipotálamo tuberal e terminam na eminência
mediana e haste infundibular.

Conexões sensoriais

Recebe informações dos mamilos e órgãos genitais. Há também conexões diretas do córtex
olfatório e retina com o hipotálamo (tracto retino-hipotalâmico, que termina no núcleo
supraquiasmáico  ritmos circadianos).

Conexões monoaminérgicas

Neurônios noradrenérgicos da formação reticular e serotoninérgicos dos núcleos da rafe se


projetam para o hipotálamo.

Funções do hipotálamo

1. Controle do sistema nervoso autônomo


Exerce esta função junto com outras áreas do cérebro, especialmente o sistema
límbico. Estimulações de áreas do hipotálamo geram respostas do SNAP e SNAS. Se for
no hipotálamo anterior – aumenta o peristaltismo gastrintestinal, contração da bexiga,
diminuição do ritmo cardíaco e pressão e miose. Hipotálamo anterior – controla o
SNAP, o posterior, o SNAS.

2. Regulação da temperatura corporal


Informado da temperatura por termorreceptores periféricos e neurônios localizados
no hipotálamo anterior. Detecta variações de temperatura no sangue que passa por
ele e ativa os mecanismos de perda e conservação de calor. Centro da perda do calor
– hipotálamo anterior (estimulações: vasodilatação periférica e sudorese; lesões:
elevação da temperatura). Centro da conservação do calor – hipotálamo posterior
(estimulações: vasoconstricção periférica, tremores musculares (calafrios) e liberação
do hormônio tireoidiano).

3. Regulação do comportamento emocional


Junto com o sistema límbico e área pré-frontal.

4. Regulação do sono e vigília


Lesões da parte posterior (relação com a vigília, reforçando a ação do SARA)  sono,
como na encefalite letárgica.

5. Regulação da ingestão de alimentos


Centro da fome – hipotálamo lateral (lesões: ausência do desejo de se alimentar).
Centro da saciedade – núcleo ventromedial (lesões: alimentação exagerada).

6. Regulação da ingestão de água


Centro da sede – hipotálamo lateral (lesões: perde a vontade de beber água;
estimulações: aumenta a sede) – neurônios sensíveis às variações locais de pressão
osmótica.

7. Regulação da diurese
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Controla a ingestão de água e a quantidade eliminada na urina. Núcleos supra-ópticos


e paraventriculares – síntese do ADH – aumenta a reabsorção de água nos túbulos
renais – reduzindo a diurese.

8. Regulação do sistema endócrino


Regula a secreção de todos os hormônios da adeno-hipófise.

9. Geração e regulação de ritmos circadianos


Oscilações periódicas são observadas em: temperatura corporal, nível circulante de
eosinófilos, hormônios, glicose, atividade motora e sono e vigília, etc. Continuam
ocorrendo, mesmo no escuro permanente, mas aí, o ritmo vai perdendo o
sincronismo. Estes ritmos são gerados em marcapassos biológicos, o principal – núcleo
supraquiasmático (sua destruição abole os ritmos circadianos) – recebe informações
sobre a luminosidade pelo tracto retino-hipotalâmico – sincronizar os ritmos
circadianos com os ritmos de claro/escuro.

Relações hipotálamo-hipofisárias

Relações importantes com a neuro-hipófise.


Diabetes insípidos – aumento da diurese, sem eliminação de glicose – redução de ADH (ocorre
em lesões da neuro-hipófise e do hipotálamo).
Há ainda a liberação do hormônio ocitocina.

Relações com a adeno-hipófise – regula a secreção hormonal através de conexão nervosa


(neurônios do núcleo arqueado secretam substâncias que descem pelo tracto túbero-
infundibular e são liberados em capilares na eminência mediana e haste infundibular, dando
início à conexão vascular) e vascular (pelo sistema porta-hipofisário).

A regulação do hipotálamo se faz por fatores de liberação e inibição - com exceção do fator de
inibição da prolactina (dopamina), que é uma monoamina, todos são peptídeos.

11. Subtálamo e Epitálamo Microscópicos

Subtálamo

Na parte posterior do diencéfalo, na transição com o mesencéfalo. Estruturas mesencefálicas


estendem-se até o subtálamo, como o núcleo rubro, substância negra e formação reticular –
zona incerta do subtálamo.

O núcleo subtalâmico tem conexões bidirecionais com o globo pálido pelo circuito pálido-
subtálamo-palidal, importante para regulação da motricidade somática. Lesões – hemibalismo
(movimentos anormais das extremidades, violentos, levando o paciente à exaustão).

Epitálamo

Parte superior e posterior do diencéfalo. Formação endócrina mais importante – glândula


pineal. Formações não endócrinas – núcleos da habênula no trígono da habênula, comissura
das habênulas, estrias medulares e a comissura posterior (envolvidas com o sistema límbico,
exceto a comissura posterior).
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Estrias medulares – fibras originadas na área septal e que terminam nos núcleos da habênula
do mesmo lado ou lado oposto, cruzando-se na comissura das habênulas. Os núcleos da
habênula ligam-se ao núcleo interpeduncular do mesencéfalo pelo fascículo retroflexo (faz
parte do circuito que liga estruturas do sistema límbico ao mesencéfalo).

Comissura posterior – constituída por fibras, como as que vão da área pré-tectal de um lado
para o núcleo de Edinger-Westphal, do lado oposto, intervindo no reflexo consensual. Tumores
da glândula pineal que comprimem esta comissura podem lesar estas fibras e abolir este
reflexo, mas neste caso, o reflexo fotomotor direto pode estar normal.

Glândula pineal

Origem embriológica – divertículo ependimário no teto do 3º ventrículo, entre as comissuras


posterior e habenular. Na evolução, passou de um órgão sensorial para um órgão
parenquimatoso e secretor. Durante o desenvolvimento, é invadida por tecido conjuntivo
derivado da pia-máter.

A pineal apresenta concreções calcárias que aumentam com a idade – importância radiológica
– são opacas ao raio X – permite localizar a pineal e as mudanças de sua posição em processos
patológicos que comprimem a glândula.

Não tem barreira hematoencéfalica na glândula.


Inervação – fibras pré-ganglionares, oriundas do gânglio cervical superior que entram no
crânio pelo plexo carotídeo.

A luz inibe e o escuro ativa a pineal – secreta melatonina (síntese a partir da serotonina) – pela
liberação cíclica de melatonina sincroniza os ritmos circadianos com o ciclo dia/noite, e a
pineal tem ação antigonadotrópica – Tumores da pineal podem levar à puberdade precoce.

12. Tálamo Microscópico

Basicamente composto de substância cinzenta, com vários núcleos, mas na superfície dorsal –
lâmina de substância branca, se estendendo até a face lateral – lâmina medular externa. Entre
esta e a cápsula interna – lateralmente, o núcleo reticular do tálamo.

A substância branca penetra no tálamo formando um septo – lâmina


medular interna, percorrendo longitudinalmente, que na face
anterior se bifurca em um Y – delimita assim, os núcleos talâmicos
anteriores. No interior dessa lâmina – núcleos intralaminares do
tálamo.

Núcleos do tálamo: grupo anterior, posterior, mediano, medial e


lateral.

Grupo anterior

Está no tubérculo anterior, limitado pelo Y da lâmina medular interna. Recebem fibras do
fascículo mamilo-talâmico e projetam fibras para o giro do cíngulo – relação com o
comportamento emocional.
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Grupo posterior

a) Pulvinar – conexões recíprocas com a área de associação temporo-parietal do córtex,


nos giros angular e supramarginal. Lesões – problemas de linguagem (não se sabe ao
certo);
b) Corpo geniculado medial – recebe fibras do colículo inferior ou do lemnisco lateral,
pelo braço do colículo. Projeta fibras para a área auditiva do córtex;
c) Corpo geniculado lateral – Recebe fibras da retina pelo tracto óptico. Projeta fibras
geniculo-calcarinas para a área visual do córtex.

Grupo lateral

Lateral à lâmina medular interna.


a) Núcleo ventral anterior – recebe a maioria das fibras do
globo pálido. Projeta-se para áreas motoras do córtex –
motricidade somática;
b) Núcleo ventral lateral – recebe parte das fibras do globo
pálido e do cerebelo e projeta-se para áreas motoras do
córtex – via cerebelo-tálamo-cortical;
c) Núcleo ventral póstero-lateral – recebe fibras dos
lemniscos medial e espinhal. Projeta fibras para o córtex do
giro pós-central – área somestésica;
d) Núcleo ventral póstero-medial – recebe fibras do lemnisco
trigeminal (sensibilidade somática geral de parte da cabeça
e fibras gustativas do núcleo do trato solitário). Projeta
fibras para as áreas somestésicas e gustativa no giro pós-
central.
e) Núcleo reticular do tálamo – atravessado pelas fibras tálamo-corticais e cortico-
talâmicas que passam pela cápsula interna – sem projeções para o córtex – conexões
com os outros núcleos – ação moduladora.

Grupo mediano

Próximo ao plano mediano, na aderência intertalâmica ou na substância cinzenta


periventricular. Conexões com o hipotálamo – funções viscerais.

Grupo medial

Dentro da lâmina medular interna (núcleos intralaminares) e o núcleo dorsomedial, entre


esta lâmina e os núcleos do grupo mediano. Núcleos intralaminares – destaque para o núcleo
centro-mediano – recebem fibras da formação reticular. Núcleo dorsomedial – recebe fibras
da amígdala e hipotálamo e conexões recíprocas com a área pré-frontal.

Relações tálamo-corticais

As conexões entre um grupo talâmico e uma área cortical geralmente é recíproca – fibras
tálamo-corticais e cortico-talâmicas – as radiações talâmicas – parte da cápsula interna.

Existem os núcleos talâmicos específicos que atingem locais determinados do córtex e núcleos
talâmicos inespecíficos, cuja estimulação modifica os potenciais elétricos de grandes áreas do
28

córtex (ex.: núcleos intralaminares) – modificações semelhantes às que se obtêm por


estimulação da formação reticular – estes núcleos recebem fibras da formação reticular e o
sistema reticular ativador ascendente (SARA) ativa o córtex por meio destes núcleos – sistema
talâmico de projeção difusa.

Funções do tálamo

a) Sensibilidade – todos os impulsos sensitivos, antes de chegar ao córtex, param em um


núcleo talâmico (exceto os impulsos olfatórios) – distribui às áreas específicas os
impulsos das vias dos lemniscos – integra e modifica-os. Dor, temperatura e tato
protopático são interpretados já em nível talâmico;
b) Motricidade – pelos núcleos ventral anterior e ventral lateral associados aos circuitos
pálido-corticais e cerebelo-corticais;
c) Comportamento emocional – pelos núcleos do grupo anterior e dorsomedial;
d) Ativação do córtex – pelos núcleos talâmicos inespecíficos e as conexões com o SARA.

Lesões de vasos – síndrome talâmica – alterações da sensibilidade – dor central (espontânea e


pouco localizada) – se irradia pela metade oposta do corpo – estímulos térmicos ou táteis
desencadeiam sensações desproporcionalmente intensas, desagradáveis e não facilmente
caracterizadas – até mesmo estímulos auditivos podem se tornar desagradáveis.

13. Meninges – Liquor

Meninges  Papel de proteção dos centros nervosos, frequentemente acometidos por


processos patológicos, como infecções (meningites) ou tumores (meningiomas).

Dura-mater

Espessa e resistente, tem vasos e nervos. A do encéfalo tem dois


folhetos – externo (periosteal) e interno (meníngeo). O externo adere-se
ao osso do crânio, funcionando como o próprio periósteo, mas sem
capacidade osteogênica, dificultando consolidação de fraturas (mas caso
formasse calos ósseos, poderia causar irritação do tecido nervoso).

Espaço epidural aqui é virtual. É muito vascularizada, a principal artéria


– meníngea média, ramo da maxilar, e é ricamente inervada (relação
com a maioria das dores de cabeça).

Pregas da dura-mater

Quando o folheto interno se separa do externo em algumas áreas:


a) Foice do cérebro – septo vertical, mediano, ocupa a fissura
longitudinal do cérebro, separando os dois hemisférios;
b) Tenda do cerebelo – septo transversal, entre os lobos occipitais
e o cerebelo, separa a fossa posterior da média –
compartimento supra e infratentorial – as afecções de ambas
são bem distintas – a incisura da tenda, em algumas situações
pode lesar o mesencéfalo e os nervos troclear e oculomotor;
c) Foice do cerebelo – septo vertical mediano, abaixo da tenda do
cerebelo, separa os hemisférios cerebelares;
29

d) Diafragma da sela – fecha superiormente a sela túrcica – isola e protege a hipófise,


mas dificulta suas cirurgias.

Cavidades da dura-mater

Em algumas áreas, os folhetos se separam, formando cavidades. Ex.: cavo trigeminal – contém
o gânglio trigeminal. Outras cavidades são revestidas de endotélio e contém sangue – seios da
dura-mater – ao longo da inserção das pregas da dura-mater.

Seios da dura-mater

Canais venosos revestidos de endotélio, paredes finas (embora mais rígidas que as das veias) e
não se colabam quando seccionadas. Alguns têm expansões laterais – lacunas sanguíneas. O
sangue das veias do encéfalo e do bulbo ocular  seios  veias jugulares internas.

Os seios comunicam-se com as veias da superfície externa pelas veias emissárias.

Seios da abóbada:
a) Seio sagital superior – percorre a margem de inserção da
foice do cérebro, terminando na confluência dos seios
(seio sagital superior, reto, occipital e início dos
transversos direito e esquerdo);
b) Seio sagital inferior – na margem livre da foice do
cérebro, terminando no seio reto;
c) Seio reto – na linha de união entre a foice do cérebro e a
tenda do cerebelo. Formado pela junção do sagital
inferior e a veia cerebral magna;
d) Seio transverso – de cada lado, ao longo da inserção da
tenda do cerebelo no occipital, da confluência até a parte
petrosa do temporal – onde passa a ser chamado seio
sigmóide;
e) Seio sigmóide – continuação do transverso até o forame
jugular – continuando com a veia jugular interna;
f) Seio occipital – ao longo da margem de inserção da foice do cerebelo.

Seios da base:
a) Seio cavernoso – de cada lado do corpo do esfenóide e da sela túrcica. Recebe sangue
das veias oftálmica superior e central da retina. Drena para os seios petroso superior e
inferior. Comunica-se com o lado oposto pelo seio intercavernoso. Atravessado pela
artéria carótida interna, nervo VI e na parede lateral – nervos III, IV e ramos 1 e 2 do V
– separados do sangue do seio pelo endotélio.
Aneurismas da carótida ao nível do seio podem comprimir os nervos citados –
distúrbios do movimento ocular. Perfuração da carótida – fístula carótido-cavernosa
 dilatação  aumenta pressão no seio  inverte a circulação nas veias que
desembocam, como veias oftálmicas  protusão do bulbo ocular, que pulsa
(exoftálmico pulsátil).
Infecções superficiais na face podem se propagar ao seio cavernoso pelas
comunicações entra as veias oftálmicas e a veia angular (drena a região nasal);
b) Seio intercavernoso – entre os seios cavernosos, envolvendo a hipófise;
30

c) Seio esfenoparietal – percorre a face interior da pequena asa do esfenóide,


desemboca no seio cavernoso;
d) Seio petroso superior – de cada lado, ao longo da inserção da tenda do cerebelo, na
porção petrosa do temporal, drena do seio cavernoso para o sigmóide;
e) Seio petroso inferior – no sulco petroso inferior entre o seio cavernoso e o forame
jugular, onde se lança na veia jugular interna;
f) Plexo basilar – ímpar, ocupa a porção basilar do occipital. Comunica-se com os seios
petroso inferior e cavernoso, liga-se ao plexo do forame occipital e por este ao plexo
venoso vertebral interno.

Aracnoide

Separa-se da dura pelo espaço subdural – virtual – com líquido. Separa-se da pia-mater pelo
espaço subaracnoide – líquor – comunicação entre esse espaço da medula e encéfalo. Possui
as trabéculas aracnoideas – atravessam o espaço para se ligarem a pia-mater.

Cisternas subaracnóideas

Aracnoide e dura-mater juntas acompanham apenas grosseiramente a superfície do encéfalo,


mas a pia-mater adere-se intimamente, inclusive nos giros e depressões, portanto, em alguns
locais a profundidade do espaço subaracnóideo aumenta – cisternas – maior quantidade de
liquor.

a) Cisterna cerebelo-medular (magna) – é a maior, entre a face


inferior do cerebelo e a parte dorsal do bulbo. Continua
caudalmente com o espaço subaracnóideo da medula,
ligando-se ao 4º ventrículo pela abertura mediana – usada
para obtenções de liquor/punções;
b) Cisterna pontina – ventral à ponte;
c) Cisterna interpeduncular – na fossa interpeduncular;
d) Cisterna quiasmática – na frente do quiasma;
e) Cisterna superior (da veia cerebral magna) – dorsal ao teto
do mesencéfalo, entre o cerebelo e o esplênio do corpo
caloso;
f) Cisterna da fossa lateral do cérebro – depressão formada
pelo sulco lateral de cada lada nos hemisférios.

Granulações aracnoideas – Tufos da aracnóide – Projeções do espaço subaracnoide que se


projetam para os seios, especialmente o sagital superior – aqui, o liquor está separado do
sangue só pelo endotélio do seio e pela camada da aracnóide  para absorção do liquor para
o sangue. Com os anos, podem se tornar maiores e calcificadas, deixando impressões na
abóbada craniana – corpos de Pacchioni.

Pia-mater

Adere-se intimamente à superfície da medula e encéfalo. Pequenas incisões da pia-mater


podem gerar hérnias de substância nervosa.

Acompanha os vasos, formando a parede externa dos espaços perivasculares, onde há


prolongamentos do espaço subaracnoideo com liquor – protege os vasos – amortece as
31

pulsações das artérias. Os espaços perivasculares acompanham os vasos mais calibrosos até
uma certa distância e terminam se fundindo com a adventícia do vaso. As arteríolas são
envolvidas até o nível capilar por pés vasculares dos astrócitos do tecido nervoso.

Liquor

Fluido aquoso e incolor, ocupa os espaços subaracnóideos e as cavidades ventriculares.


Proteção do SNC – qualquer pressão ou choque se distribui a todos os pontos – mecanismo
amortecedor – o sistema nervoso, como está imerso em líquido, se torna mais leve – reduz o
risco de traumatismos.

Liquor normal – límpido e incolor, 0 a 4 leucócitos/mm³ e pressão de 5 a 20cm de água – na


região lombar. Tem mais cloretos que o sangue, mas menos proteínas. Volume total – 100 a
150 cm³, renovando-se a cada 8 horas.

Formação, absorção e circulação do liquor

O liquor é formado pelos plexos corioides – uma pequena parte se forma pelo epêndima das
paredes ventriculares e vasos da leptomeninge. Sua formação envolve transporte ativo de Na e
Cl, acompanhado de água para manter equilíbrio osmótico. Existem plexos corioides nos
ventrículos laterais (corno inferior e parte central) e no teto do 3º e 4º. Do 4º, pelas aberturas
mediana e laterais, o liquor atinge o espaço subaracnoide, sendo absorvido no sangue pelas
granulações aracnoideas – como estas predominam no sagital superior, a circulação se faz de
baixo para cima. Existem também granulações nos prolongamentos da dura-mater que
acompanham as raízes dos nervos espinhais.

A circulação do liquor é lenta, e é determinada pelo fato de ser produzido em uma


extremidade e ser absorvido em outra, além da influência das pulsações das artérias
intracranianas.

Hidrocefalia

Aumento da quantidade e pressão do liquor (existem casos de hidrocefalia de pressão normal


– quando o liquor atinge o tecido e os ventrículos por sua vez diminuem de tamanho) –
dilatação dos ventrículos e compressão do tecido nervoso. Durante a vida fetal, como os ossos
do crânio ainda não estão soldados, ocorre dilatação da cabeça.

Comunicante – aumento da produção ou diminuição da absorção do liquor, por processos


patológicos dos plexos corioides ou dos seios da dura-mater e granulações.

Não comunicante – mais frequentes. Obstrução no trajeto do liquor – pode ocorrer no forame
interventricular, aqueduto, nas aberturas mediana e laterais ou na incisura da tenda
(impedindo a passagem do liquor do compartimento infra para o supratentorial) e geram
dilatações ventriculares acima dessa obstrução.

Para drenar este líquido – um cateter, ligando um dos ventrículos à veia jugular interna, átrio
direito ou cavidade peritoneal.

Hipertensão craniana
32

Pelo crânio ser uma cavidade completamente fechada, não permitindo expansão do seu
conteúdo. Assim, quando há aumento do volume de algum componente – aumento da
pressão intracraniana: dor de cabeça, e podem ocorrer também hérnias de tecido nervoso.

Quando houver suspeita de hipertensão craniana  exame de fundo de olho. O nervo óptico é
envolvido por um prolongamento do espaço subaracnóideo, levando à compressão do nervo
óptico  obliteração da veia central da retina que passa em seu interior  ingurgitamento
das veias da retina com edema da papila óptica.

Hérnias intracranianas

As pregas da dura-mater dividem a cavidade craniana em compartimentos separados, assim,


processos expansivos (tumores ou hematomas) aumentam a pressão  podem gerar hérnias.
Tumor em um hemisfério pode gerar hérnia do giro do cíngulo – protusão para o lado oposto.

Hérnias do úncus  Aumento da pressão no compartimento supratentorial empurra o úncus –


protusão pela incisura da tenda – comprime o mesencéfalo – rápida perda de consciência ou
coma profundo.

Hérnias das tonsilas – Processo expansivo na fossa posterior – empurra as tonsilas do cerebelo
pelo forame magno – comprime o bulbo – lesão dos centros respiratório e vasomotor. Pode
ser também em uma punção lombar em pacientes com hipertensão intracraniana – súbita
diminuição da pressão liquórica.

Hematoma extradural e subdural

Lesões das artérias meníngeas (especialmente a média)  acúmulo de sangue entre a dura-
mater e os ossos do crânio – hematoma extradural – cresce separando a dura-mater do osso e
empurrando o tecido nervoso pro outro lado.

Hematoma subdural – ruptura de uma veia cerebral.

Hemorragias subaracnóideas – geralmente não formam hematomas, o sangue se espalha pelo


liquor.

14. Vascularização do SNC e Barreiras Encefálicas

Sistema nervoso exige suprimento permanente e elevado de oxigênio e glicose (não pode ser
sustentado por metabolismo anaeróbio) – precisa de um fluxo sanguíneo intenso. Diminuição
da circulação cerebral não é tolerada por muito tempo – pode ter lesões irreversíveis – áreas
filogeneticamente mais recentes se lesam primeiro que as antigas e por último, o centro
respiratório do bulbo. Não há circulação linfática.

Fluxo sanguíneo  pressão arterial – pressão venosa/resistência cerebrovascular.

A pressão venosa varia muito pouco, podendo até ser retirada desta fórmula. Lesões que
diminuem o calibre dos vasos – mais graves em hipotensos.

A resistência cerebrovascular depende de: Pressão intracraniana (eleva a resistência),


condição da parede vascular (como arterioesclerose, que também aumentam a resistência),
33

viscosidade do sangue e calibre dos vasos cerebrais (regulado por fatores humorais, como o
CO2, um vasodilatador e nervosos – SNA).

O fluxo sanguíneo é maior onde tem mais sinapses – na substância cinzenta, tem mais que na
branca, por ter mais atividade metabólica. No córtex tem diferenças dos fluxos nas diversas
áreas, mas tendem a diminuir durante o sono e o fluxo varia com o estado funcional –
atividade celular libera CO2, que aumenta o calibre vascular – pode justificar o aumento do
fluxo a depender do estado funcional.

Vascularização do encéfalo

O encéfalo é irrigado pelas artérias vertebrais e carótidas internas – na base do crânio formam
o polígono de Willis. As artérias cerebrais têm paredes finas em relação às veias de mesmo
calibre – propensão à hemorragia. A túnica média tem menos fibras musculares e a túnica
elástica interna é mais espessa e tortuosa, que em outras áreas – protege o tecido nervoso,
amortecendo o choque da onda sistólica, além dos espaços perivasculares contendo liquor e
da tortuosidade.

Poucas anastomoses entre a circulação intra e extracraniana – quase independência –


destaque para a entre a artéria angular (derivada da carótida externa) e artéria nasal (ramo da
oftálmica, que deriva da carótida interna).

Artéria carótida interna

Entra no crânio pelo canal carotídeo do osso temporal,


atravessa o seio cavernoso (forma o sifão carotídeo),
perfura a dura-mater e aracnóide e, no início do sulco
lateral, se divide em cerebral anterior e média. Outros
ramos:

a) Artéria oftálmica – irriga o bulbo ocular e


formações anexas;
b) Artéria comunicante posterior – anastomose com
a cerebral posterior, ramo da basilar;
c) Artéria corioidea anterior – pra trás, penetra no
corno inferior do ventrículo lateral, irrigando os
plexos corioides e parte da cápsula interna.

Artéria vertebral e basilar

Destacam-se das subclávias, sobem pelos forames transversos das


cervicais, perfuram a membrana atlanto-occipital, dura-mater e aracnóide,
entrando no crânio pelo forame magno – percorre a face ventral do bulbo
e, ao nível do sulco bulbo-pontino, se unem para formar a basilar.

As vertebrais originam as espinhais posteriores e a espinhal anterior, assim


como também as cerebelares inferiores posteriores, que irrigam a porção
inferior e posterior do cerebelo e a área lateral do bulbo. Artéria basilar –
sulco basilar da ponte.
34

Ramos da basilar:

a) Cerebral posterior (últimos ramos);


b) Cerebelar superior – para o mesencéfalo e parte superior do cerebelo;
c) Cerebelar inferior anterior – parte anterior da face inferior do cerebelo;
d) Artéria do labirinto – penetra no meato acústico interno (com os nervos VII e VIII),
vascularizando estruturas do ouvido interno.

Circuito arterial do cérebro – polígono de Willis

Circunda o quiasma óptico e o túber cinéreo. Formado por: partes proximais das artérias
cerebrais anterior, média e posterior, pela comunicante anterior e pelas comunicantes
posteriores. Este polígono é sede de muitas variações.

Para uma circulação colateral adequada, é importante: rapidez com que se instala a obstrução,
estado da parede arterial e idade da pessoa.

As artérias cerebrais dão ramos corticais (vascularização do córtex e substância branca


adjacente) e centrais (emergem da porção proximal das cerebrais e comunicantes, entram na
base do cérebro e irrigam diencéfalo, núcleos da base e cápsula interna. Orifício de penetração
destes ramos – quando se retira a pia-mater – substância perfurada anterior e posterior).
35

Os ramos centrais da cerebral média (estriadas) – entram na subst. perfurada anterior –


vasculariza a maior parte do corpo estriado e cápsula interna. Já os ramos corticais, diferente
dos ramos profundos, das cerebrais possuem anastomoses.

Território cortical das vertebrais

a) Cerebral anterior – ganha a fissura longitudinal do cérebro, curva-se em torno do


corpo caloso e ramifica-se na face medial desde o lobo frontal até o sulco parieto-
occipital. Distribui-se à parte mais alta da face súpero-lateral.
 Obstrução – paralisia e diminuição da sensibilidade no membro inferior contralateral –
lóbulo paracentral;
b) Cerebral média – percorre o sulco lateral,
distribui ramos para a face súpero-lateral,
compreende: área motora, somestésica,
centro da palavra falada.
 Obstrução – paralisia e diminuição da
sensibilidade do lado oposto do corpo (exceto
membro inferior), podendo haver distúrbios
de linguagem e é grave se atingir os ramos profundos;
c) Cerebral posterior – contorna o pedúnculo cerebral, percorre a face inferior do lobo
temporal, ganham o lobo occipital. Irriga área visual.
 Obstrução – cegueira em parte do campo visual.

Vascularização venosa do encéfalo

Geralmente as veias não acompanham as artérias e são maiores e mais calibrosas. Drenam
para os seios da dura-mater (ligam-se às veias extracranianas por veias emissárias). Não
possuem válvulas, tendo seu fluxo ajudado pela gravidade.

O leito venoso é maior que o arterial, portanto com fluxo mais lento. A pressão venosa é mais
baixa e varia pouco pela distensibilidade das veias e seios.

Veias do cérebro

Sistema venoso superficial – Veias que drenam o córtex e a substância branca adjacente e
anastomosam-se na superfície do cérebro – veias cerebrais superficiais – desembocam nos
seios.

Veias cerebrais superficiais superiores – vêm da face medial e metade superior da face súpero-
lateral – desemboca no seio sagital superior.

Veias cerebrais superficiais inferiores – vêm da metade inferior da face súpero-lateral e da face
inferior – termina nos seios da base e no seio transverso. Destaque para a v. cerebral média
superficial (percorre o sulco lateral e termina, em geral, no seio cavernoso).

Sistema venoso profundo – drenam: corpo estriado, cápsula interna, diencéfalo e parte do
centro branco medular. Destaque para a v. cerebral magna – confluência das cerebrais
internas, desembocando no seio reto.

Angiografia cerebral
36

Para o estudo de estruturas supratentoriais – angiografia das carótidas esquerda ou direita, a


depender. Para o estudo da fossa infratentorial e de parte do cérebro – angiografia da
vertebral (qualquer lado, pois se unirão para formar a basilar – escolhe o lado somente se for
analisar a a. cerebelar inferior posterior). Para o estudo dos seios – sinugrafia direta (contraste
direto nos seios).

Vascularização da medula

Artérias espinhais anterior e posteriores (ramos da vertebral) e artérias radiculares (penetram


na medula com as raízes dos nervos espinhais).

A artéria espinhal anterior – confluência de dois curtos ramos vindos das vertebrais. Localiza-
se ao longo da fissura mediana anterior até o cone medular. Irrigam as colunas e funículos
anterior e lateral.

As artérias espinhais posteriores direita e esquerda – emergem das vertebrais


correspondentes. Dirigem-se dorsalmente contornando o bulbo, percorrem longitudinalmente
a medula. Irrigam a coluna e funículo posterior da medula.

Artérias radiculares – derivam dos ramos espinhais das artérias segmentares do pescoço e
tronco, que entram nos forames intervertebrais com os nervos espinhais – dão origem às
artérias radiculares anterior (anastomoses com a espinhal anterior) e posterior (anastomose
com as espinhais posteriores).

Barreiras Encéfalicas

Impedem ou dificultam a passagem de substâncias do sangue para o tecido nervoso, do sangue


para o liquor ou do liquor para o tecido nervoso.

Regulam a passagem para o tecido


nervoso de substâncias a serem
usadas pelos neurônios,
medicamentos e substâncias
tóxicas. Impedem também
passagem de neurotransmissores
encontrados no sangue, como
adrenalina, noradrenalina e
acetilcolina – mecanismo de
proteção, por exemplo, quando em
certas situações, o nível de adrenalina aumenta muito.

Características das Barreiras

a) Nem sempre há impedimento completo, mas sim, uma dificuldade maior;


b) Não é geral para todas as substâncias; uma pode ser barrada em uma barreira, outra
não;
c) A barreira liquor-encefálica é a mais fraca – ás vezes é vantagem introduzir um
medicamento diretamente no liquor, para chegar mais rapidamente no tecido
nervoso;
37

d) As barreiras hemoencefálica e hemoliquórica impedem a passagem de agentes tóxicos


para o cérebro – protege contra agentes.

Onde não há barreiras: corpo pineal, área postrema, neuro-hipófise e plexos corioides – área
de função endócrina.

Durante o desenvolvimento fetal e no RN – barreira hemoencefálica é mais fraca – icterícias


nestes casos podem ser mais graves que nos adultos.
 Kernicterus – um quadro de icterícia com manifestações neurológicas

Alguns processos como infecções ou traumatismos podem gerar “ruptura” parcial da barreira.
A permeabilidade da barreira hemoencefálica é maior quando em contato com soluções
hipertônicas, como a uréia.

Localização anatômica da barreira hemoencefálica

Neurópilo – espaço no SNC entre os vasos e os corpos dos neurônios e células gliais –
preenchido por prolongamentos dos neurônios e células gliais, com pequeno espaço
intercelular.

Capilar cerebral – formado pelo endotélio e membrana basal, e em torno, os pés vasculares
dos astrócitos. Admite-se que a barreira está no endotélio. Motivos:

a) Células endoteliais são unidas por junções que impedem a passagem de moléculas;
b) Não existem fenestrações e são raras as vesículas pinocíticas;
c) As células endoteliais não são contráteis. Não possuem filamentos, que na presença de
histamina, se contraem, aumentando a permeabilidade.

Localização da barreira hemoliquórica

Está nos plexos corioides. Seus capilares não participam. Destaque para o epitélio ependimário
que reveste os plexos corioides – possui junções, impedindo a passagem de moléculas.

15. Telencéfalo Macroscópico

Hemisférios separados pela fissura longitudinal do cérebro, cujo assoalho – corpo caloso.
Cavidades: ventrículos laterais.

Polos: frontal, occipital e temporal. Faces: súpero-lateral, medial e inferior.

Giros e sulcos (delimitam os lobos) aumentando a área de superfície. Destaque para:


a) Sulco lateral – origem na base do cérebro, ao lado da substância perfurada anterior.
Separa os lobos frontal e parietal do temporal. Ramos: ascendente, anterior e
posterior (maior);
b) Sulco central – origem na face medial, separa os lobos frontal e parietal. Ladeado
pelos giros pré e pós-central. Normalmente adiante deste sulco – motricidade, atrás –
sensibilidade.
38

Lobos: frontal, parietal,


temporal, occipital e a ínsula
(profundo ao sulco lateral).
Não é uma divisão funcional,
exceto o occipital, que está
relacionada à visão.
Esta figura acima mostra, na
face súpero-lateral, a
separação imaginária do lobo
occipital em relação aos outros
ao redor.
Esta figura abaixo mostra:

 Sulco pré-central, sulco frontal superior e inferior, o giro pré-central (área motora
principal), os giros frontais superior, médio e inferior (subdividido pelos ramos
ascendente e anterior do sulco lateral em: orbital, triangular e opercular – as 2 últimas
– área de Broca – centro da palavra falada), os sulcos temporal superior e inferior, os
giros temporais superior, médio e inferior (limitado com o sulco occipito-temporal, na
face inferior), sulco pós-central, sulco intraparietal (separa o lóbulo parietal superior
do inferior – este têm os giros supramarginal e angular), giro pós-central (área
sensitiva).

Esta figura abaixo mostra:


 assoalho do sulco lateral –
parte do giro temporal
superior – giros temporais
transversos, sendo o anterior
o mais evidente – centro da
audição, e a ínsula (límen é o
ápice).

A figura abaixo mostra:

 Corpo caloso (continuando


como a lâmina rostral, até a
39

comissura anterior, e entre esta e o quiasma – lâmina terminal – substância branca,


também une os hemisférios), fórnix (corpo do fórnix, parte que se une e coluna,
anterior, terminam no corpo mamilar, e pernas do fórnix, posteriores, se ligam ao
hipocampo, extremidades que se afastam – comissura do fórnix), septo pelúcido
(separa os ventrículos laterais), sulco calcarino (nos lábios – área da visão), sulco
parieto-occipital, cúneus e pré-cúneus, sulco do corpo caloso (continua como sulco
do hipocampo), sulco do cíngulo (ramo marginal e sulco subparietal), giro do cíngulo,
sulco paracentral (contribui para delimitar o lóbulo paracentral – áreas motora e
sensitiva da perna e do pé) e área septal (um dos centros do prazer).

A figura abaixo mostra:


 Sulco occipito-temporal, sulco colateral e do hipocampo, giro temporal inferior, giro
occipi-temporal lateral e giro occipi-temporal medial (continua como giro para-

hipocampal* – continua com o istmo do giro do cíngulo* e o giro do cíngulo*),


úncus*. * = Lobo límbico

A figura abaixo mostra:


 Sulco olfatório, giro reto, sulcos e giros orbitários, bulbo (recebe filamentos que
constituem o nervo I) e trato olfatório, estrias olfatórias lateral e medial (delimitam o
trígono olfatório), substância
perfurada anterior.

Ventrículos laterais

Cavidades revestidas de epêndima e


contendo liquor. Parte central e cornos
anterior, posterior e inferior (com
exceção do último, o teto = corpo
caloso). Os cornos anterior e posterior
não possuem plexos corioides.

Sulcos e giros
40

O primeiro sulco a aparecer – sulco rinal – separa o paleocórtex do neocórtex. Os animais


pdoem ser lesencéfalos ou girencéfalos – cérebro liso ou com giros.

16. Estrutura e funções do córtex


Córtex  Onde chegam os impulsos das vias de sensibilidades que aí se tornam conscientes e
são interpretadas e de onde saem os impulsos que iniciam e comandam os movimentos
voluntários, e o local dos fenômenos psíquicos.

Na estrutura: isocórtex (com 6 camadas) e alocórtex.

Camadas da superfície para o interior: camada molecular (rica em fibras de direção horizontal
e poucos neurônios, destaque para as células horizontais ou de Cajal), granular externa,
piramidal externa, granular interna, piramidal interna (ou ganglionar) e de células fusiformes
(ou multiformes).

a) Células granulares (ou


estreladas) – dendritos
que se ramificam
próximo ao corpo
celular e um axônio que
pode se conectar com
células vizinhas –
principais intermediárias
corticais – principais
células receptoras do
córtex;
b) Células piramidais –
variam em tamanho. As gigantes sãos as de Betz e só ocorrem na área motora no giro
pré-central – as camadas piramidais são as efetuadoras;
c) Células fusiformes – axônio descendente, sendo também efetuadoras;
d) Células de Martinotti – axônio de direção ascendente;
e) Células de Cajal – somente na camada molecular – são células intracorticais de
associação.

Fibras e circuitos corticais

Fibras de associação ou de projeção. As de projeção aferentes têm origem talâmica (as que se
originam nos núcleos específicos terminam na camada granular interna) ou extratalâmica (da
formação reticular ou fibras colinérgicas – se distribuem a todo o córtex – as dos núcleos
inespecíficos do tálamo também se distribuem difusamente – ação ativadora – parte do SARA).

As fibras de projeção eferentes geralmente se originam na camada piramidal interna. A


camada granular interna e a piramidal interna são as camadas receptora de projeção e
efetuadora de projeção, respectivamente. As demais camadas são de associação.

Classificação filogenética do córtex


41

Arquicórtex (hipocampo), paleocórtex (úncus e parte do giro para-hipocampal) e neocórtex


(todo o resto). Os dois primeiros são áreas corticais antigas ligadas à olfação e ao
comportamento emocional, fazendo parte do rinencéfalo e sistema límbico.

Classificação estrutural do córtex

A divisão mais aceita é a de Brodmann que identificou 52 áreas.

Isocórtex é o córtex que tem 6 camadas


nítidas.
Alocórtex nunca tem 6 camadas, em fase
alguma do desenvolvimento.

Isocórtex homotípico – camadas


individualizadas com facilidade;
Isocórtex heterotípico – as camadas não
conseguem ser individualizadas claramente. Por exemplo, no isocórtex heterotípico granular,
as células granulares invadem até as camadas piramidais, característico das áreas sensitivas.
No isocórtex heterotípico agranular, característico das áreas motoras, células piramidais
invadem até as camadas granulares.

Classificação funcional do córtex

Áreas de projeção e de associação. Ambas têm conexões com centros subcorticais, em


especial com o SARA, ao contrário do que se pensava antes.

As de projeção recebem ou emitem fibras relacionadas com sensibilidade e motricidade –


Lesões: paralisias ou parestesias. As de associação estão relacionadas com funções psíquicas –
Lesões: alterações psíquicas.

Áreas de projeção (primárias): sensitivas (isocórtex heterotípico granular) e motoras


(isocórtex heterotípico agranular). Nas áreas de associação (secundárias ou terciárias) –
isocórtex homotípico.

As áreas primárias estão diretamente ligadas à sensibilidade ou motricidade. As áreas


secundárias ainda estão, embora indiretamente ligadas com uma modalidade sensorial ou
motora – conexões com áreas primárias. As áreas terciárias estão envolvidas com atividades
psíquicas superiores – não se ocupam mais do processamento motor ou sensitivo.

Área de projeção – primária

Uma só área motora primária no lobo frontal e várias áreas sensitivas primárias nos demais
lobos. Cada tipo de sensibilidade especial tem uma área primária correspondente, enquanto
todas as formas de sensibilidade geral convergem para uma única – a área somestésica.

Áreas sensitivas primárias

Área somestésica
42

No giro pós-central – áreas 3, 2 e 1 de Brodmann. Aí chegam radiações com origens nos


núcleos ventral póstero-lateral e medial do tálamo e levam impulsos relacionados à
temperatura, dor, pressão, tato e propriocepção consciente da metade oposta do corpo.

Homúnculo sensitivo – a extensão da representação cortical de uma parte do corpo depende


da importância funcional dessa parte. Tato protopático e sensibilidade térmica e dolorosa se
tornam “conscientes” em nível talâmico.

Área visual

Lábios do sulco calcarino – área 17 de Brodmann. Aí chegam fibras geniculo-calcarinas –


estimulações desta área  alucinações visuais. Metade superior da retina projeta-se no lábio
superior do sulco e a metade inferior no lábio inferior do sulco. Assim como a parte posterior
da retina e a anterior. Lesão bilateral da área 17  cegueira total.

Área auditiva

No giro temporal transverso anterior – áreas 41 e 42 de


Brodmann. Aí chegam fibras da radiação auditiva com origem
no corpo geniculado medial. Estimulações nesta área 
alucinações auditivas, como zumbidos. Lesões bilaterais 
surdez total. Lesões unilaterais  déficits pequenos, pois a via
auditiva não é totalmente cruzada. Na área auditiva também
há tonotopia – sons de certas frequências em partes
específicas da área.

Área vestibular

No lobo parietal, próximo à área somestésica correspondente à face. Tem mais relação com a
área de projeção da sensibilidade do que com a auditiva. Os receptores do vestíbulo são
propioceptores especiais – informam sobre a posição e o movimento da cabeça.

Área olfatória

Na parte anterior do úncus e giro para-hipocampal. Epilepsia local  alucinações olfatórias –


crises uncinadas.

Área gustativa

Área 34 de Brodmann – porção inferior do giro pós-central, perto da ínsula,


adjacente à área correspondente à língua. Estimulações elétricas ou crises
epilépticas  alucinações gustativas. Lesões  diminuição da gustação na
metade oposta da língua.

Área motora primária

Parte posterior do giro pré-central – área 4 de Brodmann – isocórtex heterotípico


agranular com células piramidais gigantes. Estimulação – movimentos de grupos
musculares do lado oposto.
43

As principais conexões aferentes são com o tálamo (recebe informações do cerebelo), área
somestésica, pré-motora e motora suplementar. E gera a maioria das fibras dos tratos cortico-
espinhal e cortico-nuclear.

Áreas de associação do córtex

Lesões ou estimulações não resultam em alterações da motricidade ou sensibilidade. Ocupam


um território cortical bem maior.

Áreas de associação secundárias

Áreas de associação secundárias sensitivas

a) Área somestésica secundária – no lóbulo parietal superior, atrás da área somestésica


primária – área 5 e parte da 7 de Brodmann;
b) Área visual secundária – no lobo occipital – áreas 18 e 19 de Brodmann – se estende
ao lobo temporal – áreas 20, 21 e 37 de Brodmann;
c) Área auditiva secundária – no lobo temporal, circundando a área auditiva primária –
área 22 de Brodmann.

Recebem aferências das áreas primárias e repassam as informações para outras áreas do
córtex. Para reconhecer um objeto  etapa de sensação (em uma área sensitiva de projeção,
ou área primária) e de interpretação (ou gnosia – áreas de associação secundárias). Lesões das
áreas primárias  deficiências sensoriais (surdez, cegueira), já das áreas secundárias 
agnosias – perda da capacidade de reconhecer objetos.

Existem agnosias visuais, auditivas, somestésicas. Tipos especiais de agnosias visual e auditiva
– defeitos da linguagem – cegueira verbal e surdez verbal, respectivamente – as pessoas
perdem a capacidade de reconhecer os símbolos visuais ou sonoros que constituem a
linguagem escrita ou falada.

As áreas secundárias não são simétricas – lesões da mesma área – sintomatologia diferente
dos dois lados. Ex.: lesão da área auditiva secundária no hemisfério esquerdo – afasia, se for
no direito – amusia (dificuldade de compreensão de sons musicais).

Áreas de associação secundárias motoras

Lesões dessas áreas  apraxia – incapacidade de executar certos atos voluntários, sem déficit
motor – a lesão está na área de planejamento e não na de execução.

a) Área motora suplementar – parte mais alta da área 6, na face medial do giro frontal
superior. Relação com a concepção ou planejamento de sequências complexas de
movimentos, ativada com a área motora primária quando os movimentos são
executados. Mas quando a pessoa repete mentalmente a sequência dos movimentos,
a área motora suplementar é ativada sozinha. Recebe conexões do estriado, também
envolvido no planejamento motor;
b) Área pré-motora – no lobo frontal, na frente da área motora primária, ocupa a área 6,
na face lateral. Menos excitável que a área motora primária. As respostas obtidas são
menos localizadas, envolvem grupos musculares maiores. Lesão  paresia. Tem
projeções para a formação reticular (onde se origina o trato retículo-espinhal), para a
44

área motora primária e recebe aferências do cerebelo (via tálamo) e outras áreas de
associação do córtex. Pela via cortico-retículo-espinhal, coloca o corpo em uma
postura preparatória para realizar movimentos mais delicados;
c) Área de Broca – partes opercular e triangular do giro frontal inferior, áreas 44 e parte
da 45 de Brodmann – atividade motora da expressão da linguagem. Lesões  déficits
de linguagem – afasias.

Áreas de associação terciárias

Área pré-frontal

Parte anterior não-motora do lobo frontal. Recebe fibras das outras áreas de associação,
ligando-se também ao sistema límbico – destaque para as conexões recíprocas com o núcleo
dorsomedial do tálamo. Pode ter relação com algum tipo de memória recente. Lobotomia pré-
frontal - secção da conexão desta área com o núcleo dorsomedial – melhora da ansiedade e
depressão – deixam de reagir a circunstâncias que determinam alegria ou tristeza – perdem a
capacidade de decidir sobre o comportamento mais adequado para cada situação.

Funções da área pré-frontal:

a) Escolha das opções e estratégias comportamentais mais adequadas à situação física e


social do indivíduo e capacidade de alterá-las quando as situações mudam;
b) Manutenção da atenção. Lesões  distração, dificuldade de se concentrar e manter a
atenção. Capacidade de seguir sequências ordenadas de pensamentos;
c) Controle do comportamento emocional, junto com hipotálamo e sistema límbico.

Área temporoparietal

No lóbulo parietal inferior – giros supramarginal e angular, áreas 40 e 39 respectivamente –


estende-se às margens do sulco temporal superior e parte do lóbulo parietal superior. Entre as
áreas auditivas, somestésicas e visuais.

Importante para a percepção espacial – permite ao indivíduo determinar as relações entre os


objetos no espaço extrapessoal e que se tenha uma imagem do próprio corpo. Lesões 
desorientação espacial generalizada – destaque para a Síndrome de negligência ou de
inatenção – nas lesões do lado direito (hemisférios envolvido nas relações visuo-espaciais) –
em relação ao próprio corpo (deixa de perceber a metade esquerda do corpo) ou ao espaço (o
lado esquerdo do mundo deixa de existir).

Áreas límbicas

Giro do cíngulo, giro para-hipocampal e o hipocampo – Relação com a memória e


comportamento emocional.

Áreas relacionadas com a linguagem

Uma anterior e outra posterior, ambas de associação. Anterior – de Broca – expressão da


linguagem. Posterior – na junção entre os lóbulos temporal e parietal (parte mais posterior da
área 22) – área de Wernicke – percepção da linguagem.
45

Estas áreas estão ligadas pelo fascículo longitudinal superior ou arqueado. Lesões destas
áreas todas  afasias.

Afasia motora – ou de expressão – lesão na área de Broca – o indivíduo compreende a


linguagem falada e escrita, mas tem dificuldade de se expressar, falando ou escrevendo.

Afasia sensitiva – ou de percepção – lesão na área de Wernicke – a compreensão da


linguagem falada e escrita é deficiente – há também algum déficit na expressão, pois o
perfeito funcionamento da área de Broca depende das informações que recebe da área de
Wernicke.

Afasia de condução – o fascículo arqueado é lesado – a compreensão da linguagem é normal,


mas existe déficit da expressão – as pessoas conseguem, por exemplo, nomear alguma coisa,
mas quando se pede para repetir algo, tem dificuldades.

Normalmente as áreas corticais da linguagem estão do lado esquerdo.

Assimetria das funções corticais

O hemisfério esquerdo – linguagem, raciocínio matemático. Direito – música, pintura,


percepção de relações espaciais, reconhecimento da fisionomia das pessoas.

A assimetria funcional dos hemisférios só ocorre nas áreas de associação.

Importância do corpo caloso. Em secções – incapazes de descrever um objeto colocado na mão


esquerda (impulsos sensoriais chegam ao lado direito, onde não existem as áreas de
linguagem, normalmente, e o corpo caloso está seccionado, não podendo transmitir a
informação para o lado esquerdo – apesar de reconhecer o objeto, não consegue descrevê-lo),
mas o faz quando colocado na mão direita (as impressões sensoriais chegam ao lado esquerdo,
onde estão as áreas da linguagem, o que permite descrever o objeto).

17. Núcleos da base – Macroscópico

Também chamados gânglios da base, são: núcleo caudado, núcleo lentiforme (putâmen e
globo pálido) – sendo estes 3 chamados corpo estriado –, claustrum, corpo amigdaloide,
núcleo accumbens e o núcleo basal de Meynert.

Núcleo caudado

Relação com os ventrículos laterais em toda


sua extensão. Extremidade anterior dos
ventrículos – cabeça do núcleo caudado –
continua com o corpo do núcleo caudado –
afina-se para formar a cauda. Como é
arqueado, aparece seccionado 2 vezes em
certos cortes. A cabeça do núcleo caudado se
funde com a parte anterior do núcleo
lentiforme. É separado deste pela cápsula
interna.
46

Núcleo lentiforme

Não aparece na superfície ventricular. Medialmente tem relação com a cápsula interna (o
separa do núcleo caudado e do tálamo), lateralmente tem relação com o córtex da ínsula (do
qual é separado por substância branca e pelo claustrum).

Dividido em putâmen e globo pálido pela lâmina medular lateral. O putâmen situa-se
lateralmente e é > globo pálido, medialmente  este tem coloração mais clara pelas fibras
mielínicas que o atravessam – dividido em partes externa e interna pela lâmina medular
medial. O putâmen tem mais afinidades (estrutural e funcional) com o núcleo caudado.
Putamen + Globo pálido = Estriado.
Claustrum

Entre o córtex da ínsula e o núcleo lentiforme. Separa-se do primeiro pela cápsula extrema e
do segundo pela cápsula externa.

Sequência da lateral pra medial: córtex da ínsula – cápsula extrema – claustrum – cápsula
externa – putâmen – lâmina medular lateral – parte externa do globo pálido – lâmina medular
medial – parte interna do globo pálido – cápsula interna – tálamo – 3º ventrículo.

Corpo amigdaloide

Situada no pólo temporal, em relação com a cauda do núcleo caudado. Faz parte do sistema
límbico.

Núcleo accumbens

Na região de união do putâmen com a cabeça do núcleo caudado – área chamada de corpo
estriado ventral.

Núcleo basal de Meynert

Na base do cérebro, entre a substância perfurada anterior e o globo pálido – região chamada
substância inominata. Contém neurônios ricos em acetilcolina.

Centro branco medular do cérebro

Formado por fibras mielínicas: de projeção e de associação. As de projeção – ligam o córtex a


centros subcorticais; as de associação – unem áreas corticais que estão em pontos diferentes,
inclusive áreas entre os dois hemisférios. Exemplo de comissuras: corpo caloso, comissura do
fórnix e comissura anterior.

Fibras de projeção: fórnix (une hipocampo ao corpo mamilar) e cápsula interna (contém a
maioria das fibras que entram e saem do córtex cerebral). Acima: coroa radiada. Perna
anterior da cápsula – entre a cabeça do núcleo caudado e o núcleo lentiforme. Perna posterior
– entre o núcleo lentiforme e o tálamo (onde passa o trato cortico-espinhal, radiações óptica e
auditiva). O encontro das 2 pernas – joelho da cápsula (onde passa o trato cortico-nuclear).
Lesões = hemiplegia e/ou parestesia do lado oposto.

Fibras de associação intra-hemisféricas


47

As curtas associam áreas vizinhas = fibras arqueadas do cérebro. As longas:

a) Fascículo do cíngulo: percorre o giro do cíngulo, une o lobo frontal ao temporal,


passando pelo parietal;
b) Fascículo longitudinal superior (arqueado): liga os lobos frontal, parietal e occipital.
Conexão com as áreas anterior e posterior da linguagem;
c) Fascículo longitudinal inferior: une o lobo occipital ao temporal;
d) Fascículo unciforme: liga o lobo frontal ao temporal.

Fibras de associação inter-hemisféricas

Fibras comissurais, pois fazem a união entre áreas simétricas dos hemisférios.

a) Comissura do fórnix: entre as duas pernas do fórnix, conecta os dois hipocampos;


b) Comissura anterior: porção olfatória (liga os bulbos e tratos olfatórios) e não olfatória
(une os lobos temporais);
c) Corpo caloso: Conexão entre os hemisférios. Secções = hemisférios funcionam de
forma independente.

18. Núcleos da base – Microscópico

Corpo estriado

Parte recente – neoestriado (estriado) – putâmen e núcleo caudado; Parte antiga –


paleoestriado – globo pálido. O corpo estriado é dividido em parte ventral e dorsal. A parte
ventral tem conexões com áreas corticais do sistema límbico (participam da regulação do
comportamento emocional – principal componente é o núcleo accubens) e a parte dorsal é
motora somática.

Impulsos aferentes do corpo estriado chegam ao neoestriado, passam ao paleoestriado (globo


pálido), de onde saem a maioria das fibras eferentes.

As funções são exercidas por um ciclo básico que o liga ao córtex cerebral – modificado por
circuitos subsidiários.

Circuito básico (cortico-estriado-tálamo-cortical)

Córtex cerebral  fibras cortico-


estriatais  estriado  globo pálido
 fibras pálido-talâmicas  núcleos
ventral anterior e ventral lateral do
tálamo  córtex cerebral.

As fibras cortico-estriatais se originam


de todas as áreas do córtex, mas as
tálamo-corticais vão pra área motora,
dando origem ao trato cortico-
espinhal.
48

Através deste circuito, o corpo estriado influencia não só a execução do movimento, mas o
planejamento motor (importante as projeções pra área suplementar do córtex). Portanto, seus
neurônios se ativam antes e durante os movimentos.

Circuitos subsidiários (Se ligam ao circuito básico)

1. Nigro-estriato-nigral – Através deste, a substância negra faz conexões recíprocas com o


estriado. As fibras Nigro-estriatais são dopaminérgicas e tem ação moduladora sobre o
circuito básico. Lesões  Síndrome de Parkinson (diminuição de dopamina);
2. Pálido-subtálamo-palidal – Através deste, o núcleo subtalâmico modula o circuito
básico. Age sobre a motricidade somática. Lesões deste núcleo  hemibalismo.

Parkinson

As síndromes dos núcleos da base = síndromes extrapiramidais. Principais sintomas: tremores


(em repouso), aumento do tônus/rigidez e dificuldade pra iniciar o movimento/oligocinesia.
A dopamina só atravessa a barreira hematoencefálica em concentrações altas e tóxicas, mas
seu isômero L-Dopa atravessa – é captado pelos neurônios e fibras dopaminérgicas da
substância negra e se transforma em dopamina.

Coreia – Movimentos involuntários rápidos e de grande amplitude.

Atetose – Movimentos involuntários lentos e sinuosos, especialmente em antebraços e mãos.

Hemibalismo – Movimentos involuntários violentos de umas das extremidades.

Núcleo Basal de Meynert

Conjunto de neurônios colinérgicos, na substância inominata (entre o globo pálido e a


superfície ventral do hemisfério cerebral). Papel relacionado com memória e funções
psíquicas. Recebe fibras do sistema límbico e origina as fibras colinérgicas do córtex. Na
Doença de Alzheimer, seus neurônios degeneram = redução de acetilcolina no córtex – perda
progressiva da memória e do raciocínio abstrato.

19. Sistema Límbico

Componente central – subjetivo – e um componente periférico – comportamento emocional


(expressão das emoções – envolve padrões de atividade motora, somática e visceral).

Áreas relacionadas aos processos emocionais e com a motivação (especialmente os processos


motivacionais primários, que tem relação com a sobrevivência: fome, sede) – territórios
grandes do encéfalo – hipotálamo, área pré-frontal e o sistema límbico.

Tronco Encefálico

Existem núcleos de nervos cranianos, viscerais ou somáticos, centros viscerais como o


respiratório e o vasomotor. Ativados nos estados emocionais – choro, alterações fisionômicas,
sudorese, salivação, taquicardia, etc.
49

As vias descendentes ativam neurônios medulares – manifestações periféricas das emoções –


por nervos espinhais ou sistemas simpático e parassimpático sacral.

Existe ainda a substância cinzenta central do mesencéfalo e a formação reticular – papel


regulador de formas de comportamento agressivo.

Tem também as fibras nervosas monoaminérgicas do SNC – serotoninérgicas, noradrenérgicas


e dopaminérgicas – têm projeções para o diencéfalo e telencéfalo – ação moduladora.

Hipotálamo

Várias funções como regulação dos processos motivacionais e dos fenômenos emocionais. É o
coordenador e integrador dos processos emocionais. Estimulações ou lesões – respostas
emocionais complexas, como raiva, medo, placidez. Lesão do núcleo ventromedial –
agressividade. Estimulação de algumas áreas – prazer – participação no componente central.

Tálamo

Lesões ou estimulações do núcleo dorsomedial e núcleos anteriores – alterações da


reatividade emocional.

Área pré-frontal

Parte não motora do lobo frontal – córtex de associação supramodal – controle do


comportamento emocional.

Sistema Límbico

Grande lobo límbico – na face medial dos hemisférios – giro do cíngulo, giro para-hipocampal
e hipocampo. Atua na regulação dos processos emocionais e do SNA – contém o lobo límbico e
estruturas subcorticais.

Componentes corticais do Sistema Límbico

a) Giro do cíngulo: contorna o corpo caloso, ligando-se


ao giro para-hipocampal pelo istmo do giro do
cíngulo – tem córtex intermediário (mesocórtex).
Percorrido pelo fascículo do cíngulo;
b) Giro para-hipocampal: na face inferior do logo
temporal – paleocórtex/alocórtex;
c) Hipocampo: no assoalho do corno inferior dos
ventrículos laterais, acima do giro para-hipocampal
– arquicórtex/alocórtex. Projeta-se para o corpo
mamilar e área septal pelo fórnix.

Componentes subcorticais do Sistema Límbico

a) Corpo (ou núcleo) amigdaloide: no lobo temporal, perto do úncus, tem relação com a
cauda do núcleo caudado. Tem numerosos subnúcleos. A maioria de suas fibras
eferentes – estria terminal – termina principalmente no hipotálamo;
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b) Área septal: abaixo do rostro do corpo caloso, anterior à lâmina terminal e à comissura
anterior. Tem núcleos septais. Projeções para o hipotálamo e formação reticular pelo
feixe prosencefálico medial;
c) Núcleos mamilares: nos corpos mamilares. Projeções: fascículos mamilo-talâmicos e
mamilo-tegmentar (pra formação reticular);
d) Núcleos anteriores do tálamo: no tubérculo anterior do tálamo. Recebem fibras dos
núcleos mamilares e se projetam para o giro do cíngulo;
e) Núcleos habenulares: no trígono das habênulas, no epitálamo. Recebem fibras pela
estria medular e se projetam para o núcleo interpeduncular do mesencéfalo.

Conexões intrínsecas do Sistema Límbico

Circuito de Papez (Mecanismo das emoções e da memória): Hipocampo –


fórnix – corpo mamilar – fascículo mamilo-talâmico – núcleos anteriores do
tálamo – cápsula interna – giro do cíngulo – giro para-hipocampal – hipocampo.

O corpo amigdalóide e a área septal mantém entre si conexões recíprocas, mas


não fazem parte do circuito de Papez, ligando-se a este circuito em vários
pontos.

Conexões extrínsecas do Sistema Límbico

Conexões Aferentes

Informações sensoriais são processadas nas áreas corticais de associação secundárias e


terciárias e penetram no sistema límbico por vias que chegam ao giro para-hipocampal (área
entorrinal), de onde passam ao hipocampo, ganhando assim o circuito de Papez. Exceção:
impulsos olfatórios – passam diretamente da área cortical de projeção para o giro para-
hipocampal e o corpo amigdaloide. Informações relacionadas com a sensibilidade visceral tem
acesso ao sistema límbico, diretamente através das conexões do núcleo do trato solitário com
o corpo amigdaloide, ou indiretamente, via hipotálamo. Há ainda as projeções
serotoninérgicas e as dopaminérgicas, que o sistema límbico recebe da formação reticular e
que exerce ação moduladora sobre a atividade de seus neurônios.

Conexões eferentes

Através delas, o sistema límbico participa dos mecanismos efetuadores, que desencadeiam o
componente periférico e expressivo dos processos emocionais, e controlam a atividade do SNA
– por conta de conexões com o hipotálamo e a formação reticular do mesencéfalo. As
conexões com esta última se fazem através das seguintes fibras: feixe prosencefálico medial,
fascículo mamilo-tegmentar e estria medular. Como o hipotálamo e a formação reticular têm
conexões diretas com os neurônios pré-ganglionares do SNA, estas vias permitem ao sistema
límbico controlar o sistema autônomo.

Funções do Sistema Límbico

Regular processos emocionais, assim como também o SNA e os processos motivacionais


essenciais à sobrevivência (fome, sede), a memória, a aprendizagem e o sistema endócrino.

Regulação dos processos emocionais e motivacionais


51

Lesões de estruturas importantes do sistema límbico podem causar alterações de


comportamento, como: domesticação de animais selvagens e agressivos, perversão do apetite
(alimentar-se de coisas que antes não comia), agnosia visual (incapacidade de reconhecer
objetos), tendência oral (levar à boca os objetos que encontra) e tendência hipersexual.

Em humanos, quadros semelhantes já foram vistos, por ablação bilateral do lobo temporal,
para tratamento de formas agressivas da epilepsia.

Corpo amigdaloide

Lesões ou estimulações  alterações do comportamento alimentar (afagias ou hiperfagias) ou


da atividade das vísceras. Ocorre ainda uma ativação em situações com significado emocional.
Lesões bilaterais  diminuição da excitabilidade emocional e sua estimulação –
comportamentos de fuga ou defesa, associados à agressividade. Estimulações elétricas
também estão envolvidas com sentimentos não direcionados de medo e manifestações
associadas, como midríase e taquicardia. Em amigdalectomias – perde-se este medo.

Área septal

Lesões bilaterais  “raiva septal” – hiperatividade emocional, ferocidade e raiva diante de


condições que normalmente não modificam o comportamento do animal. Há também
aumento da sede. Estimulações  alterações na pressão arterial e do ritmo respiratório. É
também um centro do prazer.

Giro do cíngulo

Ablação do giro do cíngulo  domestica completamente o animal. Até mesmo secção do


fascículo do cíngulo, interrompendo o circuito de Papez, melhora quadros de depressão e
ansiedade.

Hipocampo

Regulação do comportamento emocional. Lesões  aumento da reatividade emocional.


Lesões bilaterais  aumento da agressividade. Também tem participação no mecanismo da
memória.

Mecanismos da memória

Memória imediata: dura alguns segundos. Memória recente: retenção de memória durante
horas ou dias, lábil e é comprometida em situações patológicas. Memória remota ou
permanente: retenção da memória por vários anos, muito estável e se mantém inalterada após
danos cerebrais graves.

Parece que áreas de associação do neocórtex estão associadas ao armazenamento da


memória. A memória recente depende do sistema límbico – envolvido na retenção e
consolidação de informações novas e no armazenamento temporário e transferência para
áreas neocorticais de associação para armazenamento permanente.
52

Pacientes com remoção bilateral de parte do lobo temporal contendo o hipocampo –


incapazes de memorizar informações ou eventos após a cirurgia  amnésia anterógrada. Há
também amnésia retrógrada (perda de memória para fatos ocorridos pouco antes da cirurgia),
mas a memória antiga permanece normal, assim como a aprendizagem motora, que depende
do cerebelo. Isso devido à retirada do hipocampo, mas também do corpo amigdaloide.

Síndrome de Korsakoff – Degeneração dos corpos mamilares causada pelo alcoolismo crônico e
o principal sintoma é a amnésia anterógrada.

Doença de Alzheimer – Perda gradual da memória recente. Causas: degeneração dos neurônios
colinérgicos do núcleo basal de Meynert – perda de fibras colinérgicas, que tem ação
moduladora sobre a atividade dos neurônios do sistema límbico e do neocórtex relacionados
com a memória; degeneração seletiva de dois grupos de neurônios do sistema límbico – um,
no hipocampo, nas áreas que geram as principais fibras eferentes e o outro, na área entorrinal,
no giro para-hipocampal, que constitui a porta de entrada das vias, que do neocórtex se
dirigem a este giro e daí, para o hipocampo.

Consolidação da memória – Hipóteses – a mais tradicional diz que a memória recente é


armanezada temporariamente no hipocampo e na amígdala, sendo transferida depois para o
neocórtex, para armazenamento permanente. Outra hipótese diz que a memória recente já
estaria no neocórtex, onde seria gradualmente consolidada e transformada em memória
remota por ação do hipocampo e da amígdala, agindo pelas conexões com o neocórtex.
Pesquisas mostram que substâncias ativas no sistema límbico, como algumas monoaminas e o
opioide endógeno beta-endorfina, têm ação moduladora sobre a memória, podendo facilitar
ou inibir o processo da memorização.

20. Formação Reticular


Conceito e estrutura

Agregação difusa de neurônios de tamanhos e tipos diferentes,


separados por uma rede de fibras que ocupam a parte central do
tronco encefálico. É uma região intermediária entre a substância
branca e a cinzenta. Estende-se um pouco ao diencéfalo e aos níveis
mais altos da medula, preenchendo todo o espaço que não é
preenchido pelos tratos, fascículos e núcleos.

Núcleos da formação reticular

a) Núcleos da rafe: 8 núcleos, sendo um dos mais importantes, o nucleus raphe


Magnus, ao longo da linha mediana, em toda extensão do tronco. Contém
neurônios ricos em serotonina;
b) Locus ceruleus: logo abaixo da área de mesmo nome no assoalho do IV ventrículo.
Contém células ricas em noradrenalina;
c) Substância cinzenta periaquedutal (substância cinzenta central): circunda o
aqueduto central, importante na regulação da dor;
d) Área tegmentar ventral: na parte ventral do tegmento do mesencéfalo,
medialmente à substância negra. Contém neurônios ricos em dopamina.
53

A formação reticular é dividida em uma zona magnocelular, com células grandes, em seus 2/3
mediais, e uma zona parvocelular, com células pequenas e que ocupam o terço lateral. A zona
magnocelular dá origem às vias ascendentes e descendentes, sendo a zona efetuadora.

Conexões da Formação Reticular

1. Conexões com o cérebro: por via talâmica e extratalâmica. E várias áreas do córtex
cerebral, do hipotálamo, e do sistema límbico enviam fibras descendentes à formação
reticular;
2. Conexões com o cerebelo: ocorrem nos dois sentidos;
3. Conexões com a medula: através das fibras rafe-espinhais e as fibras que constituem o
trato retículo-espinhal. A formação reticular recebe informações da medula pelas
fibras espino-reticulares;
4. Conexões com núcleos dos nervos cranianos: os impulsos que entram pelos nervos
cranianos sensitivos ganham a formação reticular pelas fibras que a ela se dirigem a
partir de seus núcleos.

Funções da Formação Reticular

1. Controle da atividade elétrica cortical, sono e vigília


A atividade elétrica cortical é regulada basicamente pela formação reticular, a qual é
capaz de ativar o córtex através do Sistema Ativador Reticular Ascendente (SARA),
importante na regulação do sono e da vigília.

 SARA: O córtex cerebral tem uma atividade elétrica espontânea, que pode ser
detectada colocando-se eletrodos em sua superfície (eletrocorticograma) ou no
próprio crânio (EEG). Existem os traçados de sono (sincronizados) e os traçados de
vigília (dessincronizados). Secções na transição entre o bulbo e a medula ou no
mesencéfalo, entre os dois colículos, resultavam em um cérebro isolado (contendo
apenas um traçado de sono) e um encéfalo isolado (mantendo o ritmo normal de sono
e vigília), respectivamente.
Na formação reticular, existe um sistema de fibras
ascendentes que se projetam no córtex cerebral e sobre
ele tem uma ação ativadora – SARA, que age através das
conexões da formação reticular com núcleos
inespecíficos do tálamo. Além de seguirem suas vias
específicas, os impulsos sensoriais que chegam ao SNC
pelos nervos espinhais e cranianos passam também à
formação reticular e ativam o SARA. Isso ocorre através
de ramos colaterais que se destacam das vias
específicas, mas principalmente através de fibras
espino-reticulares ou das conexões dos núcleos dos
nervos cranianos com a formação reticular.
Indivíduos acordam quando submetidos a fortes estímulos sensoriais, como um ruído
alto. Isso se deve não à chegada de impulsos nervosos na área auditiva do córtex, mas
à ativação de todo o córtex pelo SARA, o qual é ativado por fibras que se destacam da
própria via auditiva.
O próprio córtex, por vias cortico-reticulares, é capaz de ativar a formação reticular,
mantendo sua própria ativação. Assim, podemos, até certo ponto, inibir o sono.
54

 Regulação do sono: Embora os estímulos elétricos da formação reticular resultem


quase sempre em ativação cortical, certos estímulos em áreas específicas da formação
reticular do bulbo e da ponte produzem efeito contrário, ou seja, sono. Lesões do
núcleo da rafe – insônia permanente. A formação reticular tem mecanismos que
regulam o sono de maneira ativa. O sono tem vários estágios, destacando-se o sono
paradoxal – traçado eletroencefalográfico dessincronizado, relaxamento muscular,
olhos movendo-se rapidamente e a maioria dos sonhos. É ativamente desencadeado
por grupos neuronais situados na formação reticular, com destaque para o locus
ceruleus. Outras áreas, como o hipotálamo, também estão envolvidas com a regulação
do sono e da vigília.

2. Controle eferente da sensibilidade


O sistema nervoso é capaz de selecionar as informações sensoriais que lhe chegam,
eliminando ou diminuindo algumas e concentrando-se em outras – atenção seletiva.
Isto ocorre por um mecanismo ativo, por fibras eferentes que modulam a passagem
dos impulsos nas vias aferentes específicas. Este controle parece envolver fibras que
se originam na formação reticular. Destaque para as fibras que inibem a penetração no
SNC de impulsos dolorosos – vias de analgesia.

3. Controle da motricidade somática


A formação reticular tem ação controladora sobre a motricidade somática.
Estimulação elétrica – a depender da área, ativação ou inibição da atividade dos
neurônios motores medulares. Este influência se faz pelo trato retículo-espinhal, com
origem em regiões da ponte e do bulbo.
Parte das funções motoras da formação reticular tem relação com as aferências que
recebe das áreas motoras do córtex cerebral (pela via cortico-retículo-espinhal,
controlando a motricidade voluntária dos músculos axiais e apendiculares proximais) e
do cerebelo (relação com as funções do cerebelo de regulação automática do
equilíbrio, tônus e postura). O trato retículo-espinhal também tem comandos motores
gerados na própria formação reticular.

4. Controle do SNA
Para o controle do SNA – sistema límbico e hipotálamo, que têm projeções para a
formação reticular, a qual se liga aos neurônios pré-ganglionares do SNA.

5. Controle neuroendócrino
Estímulos elétricos da formação reticular do mesencéfalo – liberação de ACTH e ADH.
No controle hipotalâmico da liberação de vários hormônios adeno-hipofisários estão
envolvidos mecanismos noradrenérgicos e serotoninérgicos, o que envolve a formação
reticular, onde se originam muitas fibras contendo essas monoaminas que se dirigem
ao hipotálamo.

6. Integração de reflexos, centro respiratório e vasomotor


Na formação reticular há centros, cuja estimulação elétrica – respostas motoras,
somáticas ou viscerais de fenômenos como vômito, deglutição, locomoção,
mastigação, movimentos oculares, além de alterações respiratórias e vasomotoras.
Esses centros são geradores de padrões de atividade motora estereotipada e podem
ter sua atividade iniciada ou modificada por estímulos químicos, comandos centrais
(corticais ou hipotalâmicos) ou aferências sensoriais.
55

Centro do vômito – formação reticular da ponte. Centro da deglutição – parte inferior


da ponte. Núcleo parabducente – formação reticular da ponte, próximo ao núcleo do
nervo VI – centro controlador dos movimentos conjugados dos olhos na horizontal.
Centro locomotor – formação reticular do mesencéfalo – age em conjunto com os
centros locomotores da medula. Os centros respiratório e vasomotor controlam o
ritmo respiratório, cardíaco e a pressão arterial e tem atividade rítmica espontânea e
sincronizada com os ritmos respiratório e cardíaco.

6.1. Controle da respiração – Centro respiratório


Informações sobre a distensão dos alvéolos  núcleo do trato solitário pelas fibras
aferentes viscerais do nervo vago  impulsos passam para o centro respiratório na
formação reticular do bulbo: parte dorsal (controla a inspiração) e parte ventral
(regula a expiração)  do centro saem fibras reticulo-espinhais que fazem sinapse
com neurônios motores da porção cervical e torácica da medula. Os primeiros dão
origem às fibras que vão ao diafragma pelo nervo frênico; os que se originam na
medula torácica dão origem às fibras que vão aos músculos intercostais pelos nervos
intercostais (vias importantes para o reflexo da respiração).
Neurônios motores relacionados com os nervos frênico e intercostais também
recebem fibras do trato cortico-espinhal  controle voluntário da respiração.
Funcionamento do Centro: está sob influência do hipotálamo (modificações do ritmo
respiratório por emoções); aumento do teor de CO2 no sangue também influencia o
centro, assim como quimiorreceptores do corpo carotídeo, quando em diminuição de
O2.

6.2. Controle vasomotor


O centro vasomotor está na formação reticular do bulbo. Coordena os mecanismos
que regulam o calibre vascular, da qual depende a pressão arterial. Informações sobre
a pressão chegam ao núcleo do trato solitário pelos barorreceptores do seio carotídeo
trazidas pelo nervo glossofaríngeo. Do núcleo  centro vasomotor  resposta
eferente. Do centro  neurônios pré-ganglionares do núcleo dorsal do vago 
impulsos parassimpáticos; saem também fibras reticulo-espinhais para os neurônios
pré-ganglionares da coluna lateral  impulsos simpáticos.
Na maioria dos vasos, o simpático é vasoconstrictor  aumenta a pressão.
O centro também está sob influência do hipotálamo  aumento da pressão em
situações emocionais.

Considerações anatomoclínicas

O córtex cerebral é incapaz de funcionar por si próprio de maneira consciente. Depende de


impulsos ativadores que recebe da formação reticular do tronco encefálico. Os processos
patológicos que comprimem o mesencéfalo ou sua transição com o diencéfalo  lesão da
formação reticular com interrupção do sistema ativador reticular ascendente  perda total da
consciência/coma.
Exemplos de processos patológicos: abaixo da tenda do cerebelo (infra-tentoriais), hematomas
que aumentem a pressão no compartimento supra-tentorial  hérnia do úncus (faz
compressão); comprometimento generalizado do córtex (a principal dúvida: se é um quadro
generalizado no córtex ou se está localizado no tronco).
56

21. Neurônios Monoaminérgicos do tronco encefálico


Monoaminas = formadas pela descarboxilação de aminoácidos. Papel na regulação de
processos mentais. Exemplos: dopamina, noradrenalina, adrenalina (catecolaminas),
serotonina (triptamina, junto com a melatonina) e histamina. Funcionam como
neurotransmissores. Neurônios que as contém: monoaminérgicos.
Reserpina: tranquilizante que atua liberando estoques de monoaminas no SNC. Nialamida:
droga antidepressiva que bloqueia a MAO.
Características dos neurônios monoaminérgicos centrais
O número de neurônios pode ser pequeno, mas seus terminais estão em quase todo o SNC e
contém dilatações ricas em vesículas com os neurotransmissores. Estes terminais parecem agir
como neuromoduladores, modificando a condução nervosa de circuitos já existentes. A
maioria destes neurônios têm seus corpos em áreas pequenas do tronco, na formação
reticular.
Neurônios e vias serotoninérgicas
Todos os neurônios serotoninérgicos do tronco estão na formação reticular, nos núcleos da
rafe (se estende do bulbo ao mesencéfalo). Os axônios se projetam para o prosencéfalo,
córtex, hipotálamo e o sistema límbico. Alguns núcleos projetam-se para o cerebelo e aqueles
situados no bulbo vão para a medula.
Fibras rafe-espinhais: do núcleo da rafe  substância gelatinosa da medula – inibem a entrada
de impulsos dolorosos – vias da analgesia.
Alguns núcleos da rafe e suas projeções serotoninérgicas estão envolvidos no mecanismo do
sono  lesões ou inibição da síntese de serotonina  insônia permanente.
Neurônios e vias noradrenérgicas
Todos os neurônios noradrenérgicos estão na formação reticular do bulbo ou da ponte. O mais
importante é o Locus Ceruleus (abaixo da área de mesmo nome no assoalho do IV ventrículo).
Suas projeções atingem todo o SNC, até mesmo o córtex. Parece que estas projeções do Locus
Ceruleus fazem parte dos mecanismos que desencadeiam o sono paradoxal.
Neurônios e vias dopaminérgicas
Neurônios dopaminérgicos do tronco estão no mesencéfalo: área tegumentar ventral (na
formação reticular) e substância negra (de onde se origina a via nigro-estriatal que termina no
corpo estriado  controle da atividade somática).
Na área tegumentar ventral tem origem a via mesolímbica, que se projeta para o corpo
estriado ventral, sistema límbico e córtex pré-frontal. Esta via parece ser importante para a
regulação do comportamento emocional.
Esquizofrenia: A descoberta desta via veio reforçar a hipótese dopaminérgica da esquizofrenia,
em que os sintomas psíquicos resultariam de alterações na transmissão dopaminérgica no
sistema límbico e no córtex pré-frontal. Haveria hiperatividade na via dopaminérgica
mesolímbica. Áreas de projeção: a quase todo o SNC.
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22. Nervos em geral – terminações nervosas – nervos


espinhais
1. Nervos em geral
Características gerais e estruturais dos nervos
Nervos são cordões esbranquiçados = feixes de fibras nervosas reforçadas por tecido
conjuntivo  unem o SNC aos órgãos periféricos. Podem ser espinhais ou cranianos (se a
união se faz com a medula ou com o encéfalo). Função = conduzir impulsos nervosos do SNC
para a periferia (eferente) ou o contrário (aferente). Normalmente as fibras são mielínicas com
neurilema. Durante seu trajeto podem se bifurcar ou se anastomosar. Origem real: onde se
localizam os corpos dos neurônios; origem aparente: ponto de emergência ou entrada do
nervo na superfície do SNC.
Bainhas conjuntivas: epineuro (envolve o nervo emitindo septos para seu
interior), perineuro (envolve os feixes de fibras nervosas) e endoneuro
(envolve cada fibra nervosa). As bainhas dão resistência aos nervos, em
especial aos superficiais (mais expostos a traumatismos).
Os nervos são muito vascularizados, porém quase totalmente
desprovidos de sensibilidade. Quando se estimula um nervo, a sensação
dolorosa se dá no trajeto sensitivo que ele inerva, ao invés de ser no ponto estimulado.
Quando um membro é amputado, os cotos nervosos irritados geram impulsos interpretados
como se fossem originados no membro retirado = dor fantasma.
Condução dos impulsos nervosos
A condução dos impulsos nervosos sensitivos se faz através dos prolongamentos periféricos
dos neurônios sensitivos. Estes têm seu corpo localizado nos gânglios das raízes dorsais dos
nervos espinhais e nos gânglios de alguns nervos cranianos. São células pseudo-unipolares,
com um prolongamento periférico que se liga ao receptor e um central que se liga a neurônios
da medula ou do tronco encefálico.
Levando-se em conta características eletrofisiológicas, mas principalmente a velocidade de
condução, as fibras são divididas em 3 grupos: A, B e C, sendo de grande, médio e pequeno
calibre, respectivamente. Fibras A: ricamente mielinizadas dos nervos mistos e podem ser
subdivididas em alfa, beta e gama; Fibras B: pré-ganglionares; Fibras C: pós-ganglionares do
sistema autônomo e algumas fibras responsáveis por impulsos dolorosos.
Lesões dos nervos periféricos – Regeneração de fibras nervosas
Os nervos periféricos são constantemente traumatizados, seja por esmagamentos ou secções
 perda ou diminuição da sensibilidade e motricidade no território inervado. Ocorrem
degenerações da parte distal do axônio e sua bainha de mielina, estendendo-se em direção
proximal até o nodo de Ranvier mais perto da lesão (degeneração walleriana). Alterações do
corpo celular  desintegração do neurônio, mas geralmente há a recuperação. As
extremidades proximais das fibras lesadas crescem e emitem brotamentos que alcançam o
nível da lesão e penetram no tecido cicatricial. Se há secção com afastamento dos cotos, as
fibras nervosas em crescimento, não encontrando o coto distal, crescem desordenadamente
no tecido cicatricial  neuromas, com tecido conjuntivo, células de Schwann e fibras nervosas
“perdidas”. Para haver recuperação funcional  remoção do tecido cicatricial e o ajustamento
dos cotos por sutura epineural.
As fibras nervosas da parte periférica do SNA são também dotados de capacidade de
regeneração. A incapacidade de regeneração das fibras do SNC se deve, não a uma
58

incapacidade de crescimento dos axônios, mas à inexistência de um substrato adequado que


permita esse crescimento. Nos nervos periféricos, esse substrato é provido de lâminas basais
ricas em substâncias que promovem a adesão dos axônios em crescimento, em que se destaca
a laminina. As lâminas basais e a laminina são sintetizadas pelas células de Schwann, ausentes
nas fibras do SNC.
2. Terminações nervosas
Nas extremidades periféricas  terminações nervosas que podem ser sensitivas ou aferentes
e motoras ou eferentes. Quando estimuladas  impulsos nervosos  SNC  onde é
interpretado. As terminações motoras são os elementos de ligação entre estas fibras e os
órgãos efetuadores: músculo ou glândula.
Terminações nervosas sensitivas (receptores) – Classificação morfológica dos receptores
Dividem-se em: receptores especiais e gerais. Os especiais são mais complexos, relacionando-
se com um neuroepitélio e fazem parte dos órgãos do sentido; os gerais estão em todo o
corpo, em especial na pele e podem ser subdivididos em livres e encapsulados (tem ou não
cápsula conjuntiva).
2.1. Receptores livres
São os mais frequentes, estando em toda a pele. Ao se transformarem em terminações
nervosas, perdem sua bainha de mielina. Podem se relacionar com o tato (formando os discos
de Merkel), assim como com a sensibilidade térmica e dolorosa.
2.2. Receptores encapsulados
São mais complexos e incluem corpúsculos sensitivos, fusos neuromusculares e
neurotendíneos.
a) Corpúsculos de Meissner: nas papilas dérmicas,
como na pele espessa das mãos e pés. São
receptores de tato e pressão;
b) Corpúsculos de Ruffini: nas papilas dérmicas
tanto da pele espessa das mãos e pés, como na
pele pilosa do resto do corpo. São receptores de
tato e pressão;
c) Corpúsculos de Vater-Paccini: distribuição ampla,
como no tecido subcutâneo das mãos e pés,
septos intermusculares e periósteo. Receptores
de sensibilidade vibratória;
d) Fusos neuromusculares: nos ventres musculares estriados esqueléticos, paralelamente
às fibras destes músculos (fibras extrafusais). Cada fuso tem uma cápsula conjuntiva
envolvendo 2 a 10 fibras chamadas intrafusais. Estas estão ligadas à cápsula do fuso, a
qual se liga ao tendão do músculo. A tensão e o comprimento das fibras intrafusais
aumentam quando o músculo é tracionado e diminuem quando o músculo se contrai.
O fuso recebe fibras sensitivas que se enrolam na região
equatorial das fibras intrafusais  terminações
anuloespirais  estiramento e alongamento 
deformação destas terminações  impulsos nervosos 
neurônios motores da medula (coluna anterior) 
impulsos de volta  placas motoras nas fibras extrafusais
59

que se contraem  Reflexo miotático ou de estiramento (manutenção reflexa do


tônus muscular).
Os fusos também têm inervação motora  fibras eferentes gama (origem na coluna
anterior da medula – motoneurônios gama), também importante para a regulação do
tônus muscular;
e) Órgãos neurotendinosos: na junção dos músculos estriados com seu tendão. São
ativados por estiramento do tendão, tanto quando há tração passiva do músculo,
quanto quando o músculo se contrai (≠ dos fusos neuromusculares que são
desativados na contração muscular). São desprovidos de inervação gama.
2.3. Classificação dos receptores
a) Quimiorreceptores: sensível a estímulos químicos, como olfação e gustação, variações
do teor de O2 circulante;
b) Osmorreceptores: sensível à variação de pressão osmótica;
c) Fotorreceptores: sensível à luz;
d) Termorreceptores: sensível ao frio e calor;
e) Nociceptores: ativados quando há lesão tecidual, gerando dor;
f) Mecanorreceptores: sensível a estímulos mecânicos, como receptores de audição,
equilíbrio, barorreceptores sensíveis à variação de pressão, fusos neuromusculares e
órgãos neurotendinosos, sensíveis ao estiramento de músculos e tendões, receptores
cutâneos com sensibilidade a tato, pressão, vibração.
De acordo com a localização:
a) Exteroceptores: na superfície externa do corpo, ativados por agentes externos como
calor, frio, tato, pressão, luz e som;
b) Proprioceptores: mais profundos, nos músculos, tendões, ligamentos e cápsulas
articulares. Os impulsos proprioceptivos podem ser ou não, conscientes. Os não
conscientes são usados pelo SNC para regular a atividade muscular pelo reflexo
miotático ou dos vários centros envolvidos na atividade motora. Os impulsos
conscientes permitem ao indivíduo perceber seu corpo e suas partes, a atividade
muscular e o movimento das articulações, mesmo de olhos fechados. São responsáveis
pelo sentido de posição e de movimento e depende das informações geradas pelos
fusos neuromusculares e órgãos neurotendinosos;
c) Interoceptores ou visceroceptores: nas vísceras e vasos, gerando sensações viscerais,
como a fome, o prazer sexual ou a dor visceral. Grande parte dos impulsos são
inconscientes.
Exteroceptores e proprioceptores  impulsos relacionados ao “soma” (parede corporal) 
receptores somáticos. Interoceptores  impulsos relacionados às vísceras  viscerais.
A sensibilidade pode ainda ser dividida em: superficial (origem nos exteroceptores) e profunda
(origem nos proprioceptores e interoceptores).
2.4. Terminações nervosas motoras ou junções neuroefetuadoras
Podem ser somáticas (terminam nos músculos estriados esqueléticos) ou viscerais (terminam
nas glândulas, músculo liso e cardíaco  SNA).
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a) Terminações eferentes somáticas: As fibras eferentes somáticas relacionam-se com as


fibras musculares estriadas esqueléticas através das placas motoras. Ao aproximar-se
da fibra muscular, a fibra nervosa perde sua bainha de mielina, conservando o
neurilema. Na placa, a terminação axônica emite ramos contendo dilatações, os
botões sinápticos, de onde é liberado o neurotransmissor, a exemplo da acetilcolina,
que desencadeia a contração muscular. O seu excesso é inativado pela
acetilcolinesterase.
b) Terminações eferentes viscerais: As fibras nervosas eferentes somáticas são
colinérgicas, enquanto as viscerais podem ser colinérgicas ou adrenérgicas. Nas
terminações viscerais não há placas motoras. Nas terminações viscerais, há dois tipos
de vesículas sinápticas: granulares e agranulares. As vesículas agranulares das
terminações colinérgicas armazenam acetilcolina. Já as vesículas granulares contém
noradrenalina.
3. Nervos Espinhais
São aqueles que se conectam com a medula espinhal e fazem a inervação do tronco, membros
e partes da cabeça. São no total de 31 pares: 8 cervicais, 12 torácicos, 5 lombares, 5 sacrais e
1 coccígeo. Cada nervo espinhal é formado pela união das raízes dorsal e ventral, que se ligam,
respectivamente, aos sulcos lateral posterior e anterior da medula. Na raiz dorsal, localiza-se o
gânglio espinhal, onde estão os corpos dos neurônios sensitivos pseudo-unipolares, cujos
prolongamentos central e periférico formam a raiz. A raiz ventral é formada por axônios que se
originam em neurônios situados nas colunas anterior e lateral da medula. Da união da raiz
dorsal, sensitiva, com a ventral, motora, forma-se o tronco do nervo espinhal, que
funcionalmente é misto.
3.1. Componentes funcionais das fibras dos nervos espinhais
Num mesmo nervo, em um dado
momento, podem existir fibras situadas
lado a lado, conduzindo impulsos de
direções diferentes para estruturas
diferentes, enquanto outras fibras
podem estar inativas. Isto é possível,
pois as fibras são “isoladas” uma das
outras e, sendo assim, de
funcionamento independente.
3.2. Trajeto dos nervos espinhais
O tronco do nervo espinhal sai do canal
vertebral pelo forame intervertebral e
se divide em ramo dorsal e ventral,
ambos mistos. Distribuem-se aos
músculos e à pele da região dorsal do
tronco, nuca e região occipital. Os
ramos ventrais representam,
praticamente, a continuação do tronco
do nervo espinhal. Distribuem-se pela musculatura, pele, ossos e vasos dos membros, além da
região ântero-lateral do pescoço e do tronco.
O trajeto de um nervo pode ser superficial (predominantemente sensitivos) ou profundo
(predominantemente motores). Mesmo quando penetra um músculo, o nervo não é
puramente motor, apresentando fibras aferentes que geram impulsos proprioceptivos com
61

origem nos fusos neuromusculares. Assim como os nervos cutâneos que não são puramente
sensitivos, apresentando fibras eferentes viscerais para as glândulas sudoríparas, músculos
eretores dos pelos e vasos superficiais.
3.3. Dermátomos
Dermátomo é o território cutâneo inervado por fibras de uma única raiz dorsal. Recebe o
nome da raiz que o inerva. Conhecendo-se a distribuição dos nervos periféricos e o mapa de
dermátomos, pode-se determinar se a lesão foi em um nervo periférico, medula ou raízes
espinhais (Figura abaixo).
Herpes-Zóster: o vírus acomete especificamente as raízes dorsais  dores e vesículas na área
que corresponde ao dermátomo da raiz envolvida.
3.4. Relação entre as raízes ventrais e os territórios de inervação motora
Campo radicular motor é o território inervado por uma única raiz ventral. Os músculos podem
ser uni (ex.: intercostais) ou plurirradiculares (a maioria), conforme recebam inervação de uma
ou mais raízes.
3.5. Unidade motora e sensitiva
Unidade motora é um neurônio motor + seu axônio + todas as fibras musculares inervadas por
ele. É aplicado apenas aos neurônios motores somáticos. São as menores unidades funcionais
do sistema motor.
Unidade sensitiva  um neurônio sensitivo +
todas suas ramificações e receptores.
3.6. Eletromiografia
Estudo da atividade elétrica dos músculos
estriados esqueléticos durante a contração
muscular. Colocam-se eletrodos sobre a pele,
ou inserem-se eletrodos sob a forma de
agulhas nos músculos a serem estudados.
Podem-se registrar as características dos
potenciais elétricos que resultam da atividade
das unidades motoras do músculo em estudo.
Permite avaliar o número de unidades
motoras sob o controle voluntário existentes
no músculo, assim como o tamanho dessas
unidades. Permite distinguir ainda, as
afecções que afetam o músculo daquelas que
afetam o neurônio.

23. Nervos Cranianos


Fazem conexão com o encéfalo, a maioria
ligando-se ao tronco encefálico  exceto o I (se liga ao telencéfalo) e o II (se liga ao
diencéfalo). Os nervos III, IV, VI  inervam os músculos extrínsecos do olho. O nervo V  3
ramos. O nervo VII  nervo facial + intermédio (raiz sensitiva e visceral). O nervo VIII  partes
vestibular (equilíbrio) e coclear (audição). O nervo XI  raiz craniana (ou bulbar) e espinhal.
1. Nervo olfatório – I:
62

Origem na região olfatória de cada fossa nasal  atravessa a lâmina crivosa do etmoide 
bulbo olfatório. Exclusivamente sensitivo.
2. Nervo óptico – II:
Origem na retina  penetra no crânio pelo canal óptico  une-se com o lado oposto
formando o quiasma (cruzamento parcial)  trato óptico  corpo geniculado lateral.
Exclusivamente sensitivo.
3. Nervos oculomotor, troclear e abducente – III, IV e VI:
Nervos motores que penetram na órbita pela fissura orbital superior  músculos extrínsecos
 elevador da pálpebra, reto superior, inferior, medial, oblíquo inferior (III), oblíquo superior
(IV) e reto lateral (VI).
O nervo III  também tem inervação pré-ganglionar dos músculos intrínsecos do bulbo ocular
(ciliar e esfíncter da pupila).
4. Nervo trigêmeo – V:
Nervo misto  raiz sensitiva e motora. A raiz sensitiva  formada pelos prolongamentos dos
neurônios sensitivos localizados no gânglio trigeminal  parte petrosa do temporal. Seus
prolongamentos periféricos  nervo oftálmico, maxilar e mandibular  sensibilidade geral de
grande parte da cabeça  impulsos exteroceptivos (origem na pele da face e fronte,
conjuntiva ocular, dentes, 2/3 anteriores da língua, maior parte da dura-mater) e
proprioceptivos (origem nos músculos mastigadores e na ATM). A raiz motora se distribui aos
músculos mastigadores.
5. Nervo facial – VII:
Relações com o nervo VIII e estruturas do ouvido médio e interno, além da parótida. Emerge
do sulco bulbo-pontino por uma raiz motora (o nervo facial) e uma raiz sensitiva e visceral
(nervo intermédio)  penetram no meato acústico interno  encurva-se para trás, formando
um joelho externo, onde existe um gânglio sensitivo (gânglio geniculado)  distribui ramos
para os músculos mímicos, músculos estilo-hiodeo e ventre posterior do músculo digástrico.
Também inerva as glândulas lacrimal, submandibular e sublingual, além da sensibilidade
gustativa nos 2/3 anteriores da língua.
6. Nervo vestíbulo-coclear – VIII:
Exclusivamente sensitivo. Penetra na ponte na porção lateral do sulco bulbo-pontino, entre a
emergência do nervo VII e o flóculo do cerebelo  no ângulo ponto-cerebelar.
A parte vestibular  fibras com origem nos neurônios sensitivos do gânglio vestibular 
impulsos relacionados com o equilíbrio, originados em receptores da porção vestibular do
ouvido interno. A parte coclear  fibras com origem nos neurônios sensitivos do gânglio
espiral  impulsos relacionados com a audição, originados no órgão espiral (de Corti),
receptor da audição, situado na cóclea.
Lesões neste nervo  diminuição da audição, vertigem, alterações no equilíbrio, enjoo e
nistagmo. Tumores formados por células de Schwann (neurinomas) quando crescem, podem
comprimir o nervo VIII, além dos nervos VII e intermédio. Frequentemente o neurinoma cresce
no ângulo ponto-cerebelar, podendo comprimir também o nervo V e o pedúnculo cerebelar
médio (Síndrome do ângulo ponto-cerebelar).
7. Nervo glossofaríngeo – IX:
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Nervo misto. No seu trajeto, através do forame jugular, o nervo apresenta dois gânglios:
superior (jugular) e inferior (petroso), formados por neurônios sensitivos. Ao sair do crânio,
tem trajeto descendente, ramificando-se na raiz da língua e faringe.
Responsável pela sensibilidade geral e gustativa do 1/3 posterior da língua, faringe, úvula,
tonsila, tuba auditiva, além do seio e corpo carotídeos. Existem ainda fibras eferentes viscerais
gerais que terminam no gânglio óptico  daí saem fibras do nervo aurículo-temporal que vão
inervar a glândula parótida.
Lesões deste nervo: nevralgia  crises dolorosas  se manifesta na laringe e 1/3 posterior da
língua, podendo irradiar para o ouvido.
8. Nervo vago – X:
O maior dos nervos cranianos. É misto e essencialmente visceral. Emerge do sulco lateral
posterior do bulbo  emerge do crânio pelo forame jugular, percorre o pescoço e o tórax,
terminando no abdome  emite ramos que inervam a laringe e a faringe, formando plexos
viscerais com inervação autônoma das vísceras torácicas e abdominais.
Possui dois gânglios sensitivos: superior (jugular) e inferior (nodoso). Entre os gânglios, reúne-
se ao vago, o ramo interno do nervo acessório.
9. Nervo acessório – XI:
Formado por uma raiz craniana (bulbar) e uma raiz espinhal (emergem dos 5 ou 6 primeiros
segmentos cervicais da medula e formam um tronco comum)  penetra no crânio pelo
forame magno  a este tronco, se une a raiz craniana  o tronco comum atravessa o forame
jugular  divide-se em ramo interno (contém as fibras da raiz craniana e se junta ao vago e
distribui-se com ele) e externo (tem as fibras da raiz espinhal, tem trajeto próprio e inerva os
músculo trapézio e esternocleiodomastoideo).
10. Nervo hipoglosso – XII:
Essencialmente motor. Emerge do sulco lateral anterior do bulbo. Inerva os músculos
intrínsecos e extrínsecos da língua.
Lesões deste nervo: paralisia da musculatura de uma das metades da língua. A protrusão da
língua  desvio para o lado lesado por ação da musculatura do lado normal não
contrabalançada.
11. Inervação da língua:
Nervos responsáveis: V, VII, IX e XII.
a) Nervo V: sensibilidade geral (temperatura, dor, pressão e tato) nos 2/3 anteriores;
b) Nervo VII: sensibilidade gustativa nos 2/3 anteriores;
c) Nervo IX: sensibilidade geral e gustativa no 1/3 posterior;
d) Nervo XII: motricidade.
Apenas 3 nervos chegam à língua  XII, IX e o lingual (ramo da divisão mandibular do V). As
fibras do nervo VII chegam à língua pelo nervo lingual, incorporando-se a ele por uma
anastomose  nervo corda do tímpano.

24. Sistema Nervoso Autônomo – Aspectos gerais


Sistema nervoso  Somático e visceral.
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Somático  Sistema da vida de relação, relaciona o organismo com o meio. A parte aferente
conduz aos centros nervosos, impulsos originados em receptores periféricos, informando
sobre o que se passa no meio. A parte eferente leva aos músculos esqueléticos comandos
resultando em movimentos que levam a um maior relacionamento ou integração com o meio
externo.
Visceral  Ou da vida vegetativa  inervação das estruturas viscerais  integração da
atividade das vísceras no sentido da manutenção da homeostase do meio interno.
Componente aferente  conduz impulsos com origem nos receptores das vísceras;
componente eferente  traz impulsos até as estruturas viscerais, terminando em glândulas,
músculos lisos e cardíaco.
SNA  apenas o componente eferente do sistema nervoso visceral. Divide-se em simpático e
parassimpático.
1. Sistema Nervoso Visceral aferente
Os impulsos aferentes viscerais, antes de entrarem no SNC, passam por gânglios sensitivos. No
caso dos impulsos que penetram pelos nervos espinhais, estes gânglios  gânglios espinhais.
Grande parte das fibras viscerais conduz impulsos inconscientes  importante para a
realização de vários reflexos viscerais ou víscero-somáticos. Muitos impulsos viscerais tornam-
se conscientes  sede, fome, plenitude gástrica ou dor.
A sensibilidade visceral difere da somática por ser mais difusa, não permitindo localização
precisa; a secção da pele é dolorosa, a de uma víscera não; a distensão de uma víscera dói, já a
da pele, não; certos processos inflamatórios ou irritativos de vísceras e órgãos internos dão
manifestações dolorosas em territórios cutâneos  dor referida.
2. Sistema Nervoso Somático eferente X Visceral eferente ou autônomo
Sistema nervoso somático eferente  músculos estriados esqueléticos (voluntário); SNA 
músculo cardíaco, liso e glândula (involuntário).
Número de neurônios que ligam o SNC ao órgão efetuador: SNSomático  Só um, o neurônio
motor somático (cujo corpo, na medula, está na coluna anterior). SNA  2, um deles tem o
corpo no SNC, o outro tem seu corpo no SNP. Corpos de neurônios fora do SNC se agrupam,
formando gânglios. Os que tem seus corpos fora  pós-ganglionares; aqueles que têm seus
corpos dentro do SNC  pré-ganglionares (na medula ou tronco).
No tronco, se agrupam formando núcleos de origem de alguns nervos cranianos; na medula 
T1 a T12, L1 e L2, S2, S3 e S4. Entre T1 e L2  formam a coluna lateral. O axônio do neurônio
pré-ganglionar constitui a fibra pré-ganglionar (com bainha de mielina e neurilema)  por
estar antes do gânglio, onde faz sinapse com o neurônio pós-ganglionar. Os corpos dos
neurônios pós-ganglionares estão nos gânglios do SNA. São neurônios multipolares, os
neurônios sensitivos são pseudo-unipolares. O axônio do neurônio pós-ganglionar  bainha
de neurilema.
Áreas do telencéfalo e diencéfalo que regulam as funções viscerais  hipotálamo e sistema
límbico. Impulsos nelas originadas são levados por fibras especiais e fazem sinapse com os
neurônios pré-ganglionares no tronco e medula  por isso a relação entre as alterações
funcionais das vísceras com os distúrbios emocionais.
3. SNAS X SNAP
3.1. Diferenças anatômicas:
a) Posição dos neurônios pré-ganglionares
65

SNAS  medula torácica e lombar;


SNAP  tronco e medula sacral.
b) Posição dos neurônios pós-ganglionares
SNAS  neurônios pós-ganglionares (ou gânglios)  longe das vísceras e perto da
coluna vertebral  gânglios para e pré-vertebrais;
SNAP  próximo ou dentro das vísceras.
c) Tamanho das fibras pré e pós
SNAS  a fibra pré é curta e a pós é longa;
SNAP  a fibra pré é longa, e a pós é curta.
d) Ultra-estrutura da fibra pós-ganglionar
SNAS  vesículas granulares pequenas  maioria contém noradrenalina;
SNAP  vesículas agranulares  maioria contém acetilcolina.
3.2. Diferenças farmacológicas:
As fibras pré-ganglionares, tanto simpáticas quanto parassimpáticas e as fibras pós-
ganglionares parassimpáticas são colinérgicas. A grande maioria das fibras pós-ganglionares do
SNAS é adrenérgica. Exceção  fibras que inervam as glândulas sudoríparas e os vasos dos
músculos estriados esqueléticos que, apesar de simpáticas, são colinérgicas.
3.3. Diferenças fisiológicas:
De um modo geral são antagônicos, mas depende do órgão. Nas glândulas salivares, por
exemplo, ambos os sistemas aumentam a secreção, mas a do parassimpático é mais fluida e
mais abundante. Trabalham de forma harmonicamente para a coordenação da atividade
visceral. Alguns órgãos têm inervação puramente simpática (glândulas sudoríparas, músculos
eretores do pelo); em algumas glândulas exócrinas, como nas lacrimais, a inervação
parenquimatosa é parassimpática, o simpático inervando apenas os vasos; a glândula
sublingual tem inervação das unidades
secretoras só pelo parassimpático.
Outra diferença, é que no parassimpático,
as ações são localizadas a um órgão ou
setor, enquanto no simpático, podem ser
localizadas, mas tendem a ser difusas,
atingindo vários órgãos. Em certas
circunstâncias, todo o sistema simpático é
ativado, sendo uma descarga em massa,
envolvendo até a medula da adrenal,
liberando adrenalina  reação de alarme
 lutar ou fugir  emoções ou
emergências.

25. Sistema Nervoso


Autônomo – Anatomia do SNAS, SNAP e plexos viscerais
1. SNAS
1.1. Tronco Simpático
66

Principal formação anatômica. Formado por uma cadeia de gânglios unidos por ramos
interganglionares. Cada tronco estende-se de cada lado desde a base do crânio até o cóccix 
onde termina se unindo ao lado oposto. Os gânglios de cada lado  paravertebrais. Na porção
cervical  gânglio cervical superior, médio (não visto no homem) e inferior (fundido ao
primeiro torácico  cervico-torácico ou estrelado). Na porção torácica, o número de gânglios
< nervos  pode haver fusão de gânglios vizinhos. Região lombar  3 a 5 gânglios; sacral 4
a 5 e coccígea  gânglio ímpar  para o qual convergem os troncos simpáticos dos dois lados.
1.2. Nervos esplâncnicos e gânglios pré-vertebrais
A partir de T5  origem dos nervos esplâncnicos maior, menor e imo  trajeto descendente
 atravessam o diafragma e penetram na cavidade abdominal  terminam nos gânglios pré-
vertebrais (localizados anteriormente à coluna e à aorta abdominal). Existem 2 gânglios
celíacos  direito e esquerdo, na origem do tronco celíaco; 2 gânglios aórtico-renais, na
origem das artérias renais; 1 gânglio mesentérico superior e outro inferior, próximo à origem
dessas artérias de mesmo nome. Os nervos esplâncnicos maior e menor terminam,
respectivamente  gânglios celíaco e aórtico-renal. Os nervos esplâncnicos são formados por
fibras pré-ganglionares.
1.3. Ramos comunicantes
Unem o tronco simpático aos nervos espinhais. São de 2 tipos  brancos e cinzentos.
a) Brancos: ligam a medula ao tronco simpático, formados por fibras pré-ganglionares,
além de fibras viscerais aferentes. Como os neurônios pré-ganglionares só existem de
T1 a L2, as fibras pré-ganglionares emergem só desses níveis  ramos brancos só nas
regiões torácica e lombar alta;
b) Cinzentos: ligam o tronco simpático a todos os nervos espinhais, formados de fibras
pós-ganglionares, amielínicas. Nº de gânglios do tronco simpático < nervos espinhais
 de um gânglio pode emergir mais de um ramo cinzento.
1.4. Filetes vasculares e nervos cardíacos
Do tronco simpático e gânglios pré-vertebrais  filetes nervosos que se unem à adventícia das
artérias e vão com elas até as vísceras; emergem ainda filetes que vão às vísceras
independentemente das artérias  nervos cardíacos cervicais superior, médio e inferior. Do
gânglio cervical superior  nervo carotídeo interno  ramifica-se formando o plexo
carotídeo interno  penetra no crânio unido à carótida interna. Dos gânglios pré-vertebrais
 filetes se unem à aorta abdominal e seus ramos.
1.5. Localização dos neurônios pré-ganglionares, destino e trajeto das fibras pré-
ganglionares
Corpo do neurônio pré-ganglionar  na coluna lateral de T1 a L2  pelas raízes ventrais saem
as fibras pré-ganglionares  tronco do nervo espinhal e seu ramo ventral  tronco simpático
pelos ramos brancos  sinapse com os neurônios pós-ganglionares:
a) Em um gânglio paravertebral do mesmo nível: a fibra saiu pelo ramo branco;
b) Em um gânglio paravertebral acima ou abaixo: as fibras chegam ao gânglio pelos ramos
interganglionares;
c) Em um gânglio pré-vetebral: chegam pelos nervos esplâncnicos.
1.6. Localização dos neurônios pós-ganglionares, destino e trajeto das fibras pós-
ganglionares
67

Neurônios pós-ganglionares  Nos gânglios para e pré-vertebrais  saem fibras pós-


ganglionares  glândula, m. liso ou cardíaco  por 3 trajetos:
a) Por um nervo espinhal: as fibras voltam ao nervo espinhal pelo ramo cinzento e se
distribuem no território de inervação deste nervo;
b) Por um nervo independente: liga diretamente o gânglio à víscera;
c) Por uma artéria;
1.7. Inervação simpática da pupila
Neurônios na coluna lateral de T1 e T2  fibras pré-ganglionares  raízes ventrais  nervos
espinhais  ramos brancos  tronco simpático  sinapse com os neurônios pós no gânglio
cervical superior  fibras pós sobem no nervo e plexo carotídeo interno  crânio com a
artéria carótida interna  no seio cavernoso  as fibras passam sem sinapse no gânglio ciliar
 pelos nervos ciliares curtos  bulbo ocular  formam plexo no músculo dilatador da
pupila.
As fibras simpáticas podem ser lesadas por compressão na região torácica ou cervical.
Síndrome de Horner: miose, ptose palpebral (por paralisia do músculo tarsal), vasodilatação
cutânea e deficiência de sudorese na face.
2. SNAP
2.1. Parte craniana do SNAP
É constituída por núcleos do tronco encefálico, gânglios e fibras nervosas. Nos núcleos 
corpos dos neurônios pré-ganglionares, cujas fibras atingem os gânglios pelos nervos III, VII, IX
e X.
a) Gânglio ciliar: na cavidade orbitária. Recebe fibras pré-ganglionares do III par;
b) Gânglio pterigopalatino: na fossa pterigopalatina. Recebe pré-ganglionares do VII par
e envia fibras para a glândula lacrimal;
c) Gânglio óptico: junto ao ramo V3. Recebe fibras pré-ganglionares do IX par e envia
fibras para a parótida pelo nervo auriculotemporal;
d) Gânglio submandibular: junto ao nervo lingual. Recebe fibras pré-ganglionares do VII
par e envia fibras para as glândulas submandibular e sublingual.
O nervo V ao emergir do crânio não tem fibras parassimpáticas  recebe no seu trajeto por
anastomoses com os nervos VII e IX. Na parede ou próximo às vísceras do tórax e abdome 
pequenos gânglios parassimpáticos. Ex.: plexo submucoso (ou de Meissner) e o plexo
mioentérico (ou de Auerbach).
2.2. Parte sacral do SNAP
Os neurônios pré-ganglionares  em S2, S3 e S4  saem pelas raízes ventrais  tronco
destes nervos  formam os nervos esplâncnicos pélvicos (nervos eretores)  vísceras da
cavidade pélvica  sinapse nos gânglios.
3. Plexos viscerais
Filetes nervosos e gânglios nas cavidades torácicas, abdominal e pélvica contendo elemento
dos dois sistemas, além de fibras viscerais aferentes.
3.1. Sistematização dos plexos viscerais
3.1.1. Plexos da cavidade torácica – Inervação do coração
68

Cavidade torácica  plexos cardíaco, pulmonar e esofágico. O coração, apesar da posição


torácica  inervação da região cervical. Sua inervação autônoma é abundante no nó
sinoatrial.
Doença de Chagas: destruição dos gânglios parassimpáticos do plexo cardíaco  desnervação
parassimpática do coração  cardiopatia chagásica. Na fase aguda  destruição da inervação
simpática. Fases posteriores  reinervação simpática e parassimpática por brotamento.
Destruição também de neurônios nos plexos mioentérico e submucoso  dilatações no
esôfago e intestino.
3.1.2. Plexos da cavidade abdominal
Cavidade abdominal  plexo celíaco (o maior dos viscerais)  na parte profunda da região
epigástrica, adiante da aorta abdominal. Aí também, os gânglios simpáticos, celíaco,
mesentérico superior e aórtico-renais. Nervos que contribuem para o plexo celíaco com fibras
pré-ganglionares: nervos esplâncnicos maior e menor; tronco vagal anterior e posterior
(origem no plexo esofágico).
Do plexo celíaco saem plexos secundários  pares (renal, supra-renal e testicular) e ímpares
(hepático, lienal, gástrico, pancreático, mesentérico superior, inferior e aórtico-abdominal).
3.1.3. Plexos da cavidade pélvica
As vísceras pélvicas são inervadas pelo plexo hipogástrico (plexo pélvico)  porção superior e
inferior.
3.1.4. Inervação da bexiga
As fibras aferentes da bexiga ganham a medula pelo SNAS (através dos nervos hipogástricos e
plexo hipogástrico superior) ou SNAP (seguem pelos nervos esplâncnicos pélvicos  região
sacral). As fibras aferentes que chegam à região sacral  arco reflexo da micção.
Dos gânglios parassimpáticos no plexo pélvico saem as fibras pós-ganglionares  inervam o
músculo detrusor e esfíncter da bexiga. Relaxamento do esfíncter e contração do músculo
detrusor  esvaziamento vesical. Estímulo para o reflexo da micção  distensão da bexiga.

26. Núcleos dos nervos cranianos – alguns reflexos


integrados no tronco encefálico
Os núcleos dos nervos cranianos são formados por colunas longitudinais, que são seus
componentes funcionais, tendo, às vezes, continuidade com a medula.
1. Coluna eferente somática: núcleo do oculomotor (parte somática), do troclear, do
abducente e do hipoglosso;
2. Coluna eferente visceral geral: núcleo de Edinger-Westphal, lacrimal, salivatório
superior (saem fibras que inervam as glândulas submandibular e sublingual),
salivatório inferior (as fibras pós chegam à parótida pelo nervo auriculotemporal) e
dorsal do vago;
3. Coluna eferente visceral especial: núcleo motor do
trigêmeo, do facial e ambíguo (saem fibras que
inervam os músculos da laringe e faringe);
4. Coluna aferente somática geral: recebem fibras
que trazem parte da sensibilidade somática geral da
69

cabeça. Estende-se por todo o tronco: núcleo do trato mesencefálico do trigêmeo


(recebe impulsos proprioceptivos dos músculos da mastigação e dos músculos
extrínsecos do olho), sensitivo principal, do trato espinhal do trigêmeo;
 As fibras trigeminais que penetram pela raiz sensitiva podem terminar no núcleo
sensitivo principal, núcleo do trato espinhal ou se bifurcar  as fibras que terminam
exclusivamente no núcleo sensitivo principal  impulsos de tato epicrítico. As que
terminam exclusivamente no núcleo do trato espinhal  impulsos de dor e
temperatura. As fibras que se bifurcam  pressão e tato protopático. O núcleo
sensitivo principal relaciona-se principalmente com o tato.
5. Coluna aferente somática especial: núcleos cocleares, ventral e dorsal e os 4 núcleos
vestibulares;
6. Coluna aferente visceral: núcleo do trato solitário  sensibilidade visceral, geral e
especial (gustação), que entram pelos nervos VII, IX e X.
Conexões dos núcleos dos nervos cranianos
1. Conexões supra-segmentares  as fibras ascendentes:
a) Lemnisco trigeminal: liga os núcleos sensitivos do trigêmeo ao tálamo;
b) Lemnisco lateral: impulsos auditivos dos núcleos cocleares ao colículo inferior 
corpo geniculado medial;
c) Fibras vestíbulo-talâmicas: ligam os núcleos vestibulares ao tálamo;
d) Fibras solitário-talâmicas: ligam o núcleo do trato solitário ao tálamo.
2. Fibras descendentes:
a) Trato córtico-nuclear: ligas as áreas motoras do córtex aos neurônios motores
situados nos núcleos das colunas eferente somática e eferente visceral especial.
Corresponde aos tratos córtico-espinhais da medula.
Conexões reflexas
Existem vários arcos reflexos  ao nível do tronco  as fibras podem passar pela formação
reticular ou pelo fascículo longitudinal medial.
1. Reflexo mandibular ou mentual
Percutindo-se o mento de cima pra baixo, com a boca entreaberta (isso estira os músculos
mastigadores, ativando os fusos neuromusculares)  a resposta é o fechamento brusco da
boca pelos músculos mastigadores  as vias aferentes e eferentes são pelo nervo V. Impulsos
aferentes seguem pelo V3  núcleo do trato mesencefálico  sinapse no núcleo motor do V
 impulsos eferentes  contração dos músculos. Reflexo miotático.
2. Reflexo corneano ou corneopalpebral
Tocar a córnea com uma mecha de algodão  contração bilateral da parte palpebral do
músculo orbicular do olho. Impulso aferente  V1, gânglio trigeminal e raiz sensitiva do V 
núcleo sensitivo principal e do trato espinhal do V  núcleos faciais dos dois lados por fibras
cruzadas e não cruzadas  fechamento dos olhos.
Lesão de um dos nervos V  abole a reflexão dos dois lados quando se toca no lado da lesão,
mas não quando toca o lado normal. Lesão do nervo VII  abole a resposta reflexa deste lado,
qualquer que seja o lado tocado  é um mecanismo de proteção, assim como o aumento do
lacrimejamento.
70

3. Reflexo lacrimal
Toque da córnea ou corpo estranho no olho  aumenta a secreção lacrimal  mecanismo de
proteção. Via aferente  a do reflexo corneano. Mas as conexões centrais se fazem com o
núcleo lacrimal, de onde saem fibras pré-ganglionares pelo VII par (nervo intermédio) 
Impulso chega ao gânglio pterigopalatino  glândula lacrimal.
4. Reflexo de piscar
Objeto rapidamente jogado diante do olho  resposta reflexa de piscar e não pode ser inibida
voluntariamente. Fibras aferentes da retina vão ao colículo superior  saem fibras para o
nervo VII  piscar da pálpebra. Se o estímulo for muito intenso  impulsos do tecto vão aos
neurônios motores da medula pelo tracto tecto-espinhal  resposta motora de proteger o
olho com a mão.
5. Reflexo de movimentação dos olhos por estímulos vestibulares - nistagmo
Objetivo  manter a fixação do olhar em um objeto que interessa, quando esta tende a ser
rompida por movimentos do corpo ou da cabeça  andar a cavalo, por exemplo  o olho se
movimenta no sentido contrário ao do movimento da cabeça.
Os receptores  cristas semicirculares do ouvido interno  movimentos da cabeça 
movimento da endolinfa nos canais semicirculares e deslocamento dos cílios das células
sensoriais das cristas  estimula os prolongamentos periféricos dos neurônios do gânglio
vestibular  impulsos que seguem pela porção vestibular do nervo VIII  núcleos vestibulares
 saem fibras que ganham o fascículo longitudinal medial  núcleos do III, IV e VI 
movimento do olho ao contrário ao da cabeça. Quando o estímulo é exagerado aos canais
semicirculares  a endolinfa continua a girar nos canais  os olhos desviam-se para um lado
até o máximo de contração dos músculos retos e voltam-se rapidamente à posição anterior e
iniciam outro desvio  movimento oscilatório  nistagmo.
Outra forma de desencadear o nistagmo  corrente de água quente em um meato acústico
externo  movimento de convecção da endolinfa e estimulação das cristas. Se for água fria 
movimento em sentido oposto.
Lesões vestibulares ou cerebelares  nistagmos espontâneos.
6. Reflexo fotomotor direto
Um olho estimulado por um feixe de luz  miose. Impulso com origem na retina é conduzido
pelo nervo II  quiasma  trato óptico  corpo geniculado lateral. As fibras não fazem
sinapse no corpo geniculado lateral, mas ganham o braço do colículo superior, terminando na
área pré-tectal  saem fibras fazendo sinapse com o núcleo de Edinger-Westphal  saem
fibras pré-ganglionares que pelo nervo III vão ao gânglio ciliar  saem fibras pós  músculo
esfíncter da pupila  miose.
7. Reflexo consensual
Estimula-se a retina de um olho com a luz e observa-se a miose do lado oposto. Da área pré-
tectal de um lado  para o núcleo de Edinger-Westphal do outro lado.
8. Reflexo do vômito
Várias causas. As mais comuns  irritação da mucosa do TGI, como ingestão excessiva de
álcool  mecanismo de defesa para não absorver tanto álcool no sangue. Irritação do TGI
estimula visceroceptores  impulsos aferentes  núcleo do trato solitário  saem fibras para
o centro do vômito  fibras que ligam áreas responsáveis pelas respostas motoras que
desencadeiam o vômito:
71

a) Fibras para o núcleo dorsal do vago: aumentam a contração do estômago e


determinam a abertura do cárdia;
b) Fibras que pelo trato retículo-espinhal chegam à coluna lateral da medula: fechamento
do piloro;
c) Fibras que pelo trato retículo-espinhal chegam à medula cervical: contração do
diafragma;
d) Fibras que pelo trato retículo-espinhal chegam aos neurônios motores da medula:
contração abdominal que aumenta a pressão intra-abdominal;
e) Fibras para o núcleo do hipoglosso: protusão da língua.

27. Considerações anatomoclínicas sobre a medula e o


tronco encefálico
A correlação entre a localização de uma lesão e o sintoma clínico observado  importante
para estabelecer o significado funcional do SNC.
1. Alterações da motricidade
a) Em relação à motricidade voluntária  pode ocorrer a paresia e a paralisia (ou plegia).
Se for de um lado do corpo  hemiparesia ou hemiplegia;
b) Em relação ao tônus  é a tensão relativa em que se encontra o músculo normal em
repouso. Pode haver hipertonia, hipotonia ou atonia;
c) Em relação aos reflexos  no caso de lesões do SNC, pode haver hiperreflexia,
hiporreflexia ou arreflexia. Pode também aparecer reflexos patológicos, como o sinal
de Babinski (normal: flexão plantar do hálux; lesão do trato córtico-espinhal: flexão
dorsal do hálux).
 Paralisia com hiporreflexia e hipotonia  paralisia flácida  Síndrome do neurônio
motor inferior ou periférico  lesão dos neurônios motores da coluna anterior da
medula (ou dos núcleos motores dos nervos cranianos)  ocorre também atrofia do
músculo;
 Paralisia com hiperreflexia e hipertonia  paralisia espástica  Síndrome do
neurônio motor superior ou central  lesão nas áreas motoras do córtex ou nas vias
motoras descendentes  a atrofia muscular é menos intensa e ocorre o sinal de
Babinski.
2. Alterações da sensibilidade: Anestesia (desaparecimento total de uma ou mais
modalidades de sensibilidade, mais frequentemente associada à tátil  analgesia
sendo a perda da sensibilidade dolorosa), Hipoestesia, Hiperestesia, parestesias
(aparecimento, sem estimulação, de sensações espontâneas e mal definidas) e algias;
3. Lesões da medula:
3.1. Lesões da coluna anterior: mais frequente na paralisia infantil  vírus destrói os
neurônios da coluna anterior  Síndrome do neurônio motor inferior. Se a
destruição envolve neurônios responsáveis pela respiração  morte por
insuficiência respiratória;
3.2. Tabes Dorsalis: consequência da neurossífilis  lesão das raízes dorsais,
especialmente da divisão medial  contém fascículos grácil e cuneiforme  perda
72

da propriocepção, tato epicrítico, discriminação de dois pontos, sensibilidade


vibratória e estereognosia. Com a progressão pode haver destruição maior das
raízes e comprometer outras formas de sensibilidade;
3.3. Hemissecção da medula: Síndrome de Brown-Sequard  interrupção de tratos em
uma metade da medula  naqueles que não se cruzam, os sintomas aparecem no
mesmo lado da lesão; nas que se cruzam, no lado oposto. E sempre ocorrem
abaixo do nível da lesão.

3.3.1. Sintomas que se manifestam do mesmo lado da lesão (tratos que não se
cruzam): (1) paralisia espástica com sinal de Babinski, pela lesão do trato
córtico-espinhal lateral; (2) perda da propriocepção consciente e tato
epicrítico pela lesão das fibras dos fascículos grácil e cuneiforme;
3.3.2. Sintomas que se manifestam do lado oposto à lesão (tratos que se
cruzam): (1) perda da sensibilidade térmica e dolorosa pela lesão do trato
espino-talâmico lateral; (2) diminuição do tato protopático e da pressão
por lesão do trato espino-talâmico anterior.
3.4. Siringomielia  há formação de uma cavidade no canal central da medula,
levando a uma destruição da substância cinzenta intermédia central e da
comissura branca  isso interrompe as fibras dos tratos espino-talâmicos laterais
 perda da sensibilidade térmica e dolorosa dos dois lados. Não há alteração da
propriocepção (não atinge o funículo posterior) e mínima alteração tátil. Perda da
sensibilidade térmica e dolorosa com persistência da tátil = dissociação sensitiva. A
siringomielia acomete com mais frequência a intumescência cervical 
aparecendo sintomas na extremidade superior dos dois lados. A extremidade
inferior fica com a sensibilidade normal.
3.5. Transecção da medula  após um trauma que gere secção completa da medula 
choque neurogênico  perda da sensibilidade, dos movimentos e do tônus nos
músculos inervados pelos segmentos medulares situados abaixo da lesão. Há
também retenção de urina e fezes. Após um tempo  voltam movimentos
73

reflexos, mas, exagerados e aparece Babinski. Nas secções completas  não


recupera a motricidade, podendo ter recuperação reflexa do esvaziamento vesical.
3.6. Compressão da medula por um tumor  um tumor que se desenvolva no canal
vertebral pode comprimir a medula de fora para dentro. Inicialmente pode ter
dores em certos dermátomos, e com o progredir  compromete tratos. Um
tumor que se desenvolve dentro da medula e a comprime de dentro para fora 
alterações motoras pela lesão do cortico-espinhal lateral, assim como há lesão do
espino-talâmico lateral. Inicialmente este sintoma aparece nos dermátomos mais
próximos da lesão, progredindo para níveis mais baixo, poupando os dermátomos
sacrais  preservação sacral. As fibras com origem nos segmentos sacrais estão
na lateral do trato espino-talâmico lateral, enquanto as que têm origem em
segmentos mais altos estão mais mediais. Resumindo: quanto um tumor
comprime a medula de fora para dentro, as fibras nos segmentos sacrais são
lesadas primeiro; quando o tumor comprime de dentro para fora, estas fibras são
lesadas por último.
3.7. Secção cirúrgica dos tratos espino-talâmicos (cordotomia)  em casos de dor
persistente a medicamentos. Faz secção desse trato, acima e do lado oposto ao
processo doloroso  haverá perda da dor e da temperatura do lado oposto. Em
dores viscerais, fazer cirurgia bilateral.
4. Lesões do bulbo:
4.1. Lesões da base do bulbo: comprometem a pirâmide (que compromete o trato
cortico-espinhal  hemiparesia contrária) e o nervo XII (paralisia dos músculos da
metade da língua, do mesmo lado  na protusão, desvia para o mesmo lado).
Quando a lesão se estende dorsalmente, atingindo outros tratos motores 
hemiplegia;
4.2. Síndrome da artéria cerebelar inferior posterior (Síndrome de Wallemberg): é um
ramo da artéria vertebral e irriga a parte dorsolateral do bulbo. Sintomas  lesão
do pedúnculo cerebelar inferior (incoordenação de movimentos na metade do
corpo do lado lesado), lesão do trato espinhal do V e seu núcleo (perda da
sensibilidade térmica e dolorosa na metade da face no lado da lesão), lesão do
núcleo ambíguo (perturbações da deglutição e fonação por paralisia dos músculos
da faringe e laringe). Pode parecer uma Síndrome de Horner por lesão das vias
descendentes que do hipotálamo vão para os neurônios pré-ganglionares
relacionados com a inervação da pupila.
5. Lesão da ponte:
5.1. Lesões do nervo VII: paralisia total dos músculos da expressão facial na metade
lesada  perdem o tônus, ficam flácidos  vazamento de saliva pelo ângulo da
boca do mesmo lado, desvio da comissura labial para o lado normal, pálpebra
permanece aberta, podendo gerar lesões e infecções no olho – reflexo corneano
está abolido  paralisia facial periférica  são ipsilaterais, acometem toda uma
hemiface e são totais. Já as paralisias faciais centrais  lesões do trato córtico-
nuclear  ocorrem do lado oposto, tem contração involuntária da musculatura
pela manifestação emocional, ocorrem na metade inferior  pois as fibras cortico-
nucleares que vão para os neurônios motores do núcleo facial que inervam os
músculos da metade superior da face são ipsi e contralaterais; já as fibras que
controlam os neurônios motores para a metade inferior são todas contralaterais.
Lesões do nervo VII  geralmente estão associadas a lesões do VIII par e do nervo
74

intermédio  perda da sensibilidade gustativa nos 2/3 anteriores da língua (lesão


do intermédio), alterações do equilíbrio, enjoos e tonturas pela lesão da parte
vestibular do VIII par e diminuição da audição pela lesão da parte coclear;
5.2. Lesão da base da ponte (Síndrome de Millard-Gubler): compromete as fibras do
trato cortico-espinhal e das fibras do nervo VI  hemiparesia cruzada e
impedimento de movimentar o olho na direção lateral  estrabismo convergente
 diplopia;
5.3. Lesão da ponte ao nível da emergência do nervo V: compromete o trato cortico-
espinhal e as fibras do nervo V  hemiparesia cruzada, paralisia dos músculos da
mastigação do mesmo lado, desvio da mandíbula para o lado lesado, anestesia da
face do mesmo lado.
6. Lesões do mesencéfalo:
6.1. Lesões da base do pedúnculo cerebral (Síndrome de Weber): compromete o trato
cortico-espinhal e as fibras do nervo III  hemiparesia cruzada, paralisia dos
músculos reto superior, inferior e medial (estrabismo divergente  diplopia),
ptose palpebral, midríase;
6.2. Lesão do tegmento do mesencéfalo (Síndrome de Benedikt): compromete o nervo
III, núcleo rubro e os lemniscos medial, espinhal e trigeminal  anestesia da
metade oposta do corpo, incluindo a cabeça; tremores e movimentos anormais do
lado oposto, além dos sintomas da lesão do nervo III.

28. Grandes vias aferentes

São vias que levam aos centros nervosos supra-segmentares, os impulsos nervosos originados
nos receptores periféricos.
Receptor (terminação sensível ao estímulo)  trajeto periférico (inclui um nervo espinhal ou
craniano e um gânglio sensitivo anexo a este nervo)  trajeto central (as fibras que
constituem as vias aferentes se agrupam em feixes)  área de projeção cortical (está no
córtex cerebral – impulso consciente – ou cerebelar – impulso inconsciente).
1. Vias aferentes que penetram no SNC por nervos
espinhais
1.1. Vias de dor e temperatura
1.1.1. Via filogeneticamente mais recente 
neoespino-talâmica  tracto espino-talâmico
lateral;
Neurônios I (nos gânglios espinhais nas raízes
dorsais) fazem sinapse com os neurônios II (na
coluna posterior), seus axônios cruzam e
ganham o funículo lateral contralateral; e
fazem sinapse com os neurônios III (no
tálamo, no núcleo ventral póstero-lateral) 
seus axônios formam radiações talâmicas que,
pela cápsula interna e coroa radiada, chegam à área somestésica do córtex
(giro pós-central). Essa via é responsável pela sensação de dor aguda e
bem localizada (dor em pontada).
75

1.1.2. Via filogeneticamente mais antiga  paleoespino-talâmica  tracto


espino-reticular e as fibras retículo-talâmicas.
Neurônios I (semelhante à anterior) fazem sinapse com os neurônios II (na
coluna posterior), seus axônios vão para o funículo lateral ipsi e
contralateral e fazem sinapses com os neurônios III (na formação
reticular), dando origem às fibras reticulo-talâmicas, que terminam no
tálamo e ativam o córtex. Essa via é responsável pela dor profunda e
pouco localizada (em queimação).
1.2. Vias de pressão e tato protopático
Neurônios I (nos gânglios espinhais, nas
raízes dorsais)  prolongamento periférico
liga-se ao receptor, enquanto o central
penetra na medula  vai para a coluna
posterior  sinapse com os neurônios II.
Neurônios II  seus axônios cruzam o plano
mediano na comissura branca  funículo
anterior contralateral  tracto espino-
talâmico anterior  na ponte se une ao
espino-talâmico lateral  lemnisco espinhal
 tálamo  sinapse com os neurônios III
(no núcleo ventral póstero-lateral).
Neurônios III  axônios que formarão as
radiações talâmicas  cápsula interna 
coroa radiada  área somestésica do córtex.
Impulsos originados no tronco e nos membros.
1.3. Vias de propriocepção consciente, tato epicrítico e sensibilidade vibratória
Neurônios I (nos gânglios espinhais) 
prolongamento periférico liga-se ao receptor,
enquanto o central penetra na medula  fascículo
grácil e cuneiforme  bulbo  sinapse com os
neurônios II.
Neurônios II  cruzam o plano  lemnisco medial
 tálamo  sinapse com os neurônios III (no
núcleo ventral póstero-lateral).
Neurônios III  axônios que formarão as radiações
talâmicas  cápsula interna  coroa radiada 
área somestésica do córtex.
1.4. Vias de propriocepção inconsciente
Neurônios I (nos gânglios espinhais)  prolongamento periférico liga-se ao receptor,
enquanto o central penetra na medula  coluna posterior ou núcleo cuneiforme
acessório do bulbo  sinapse com os neurônios II.
76

Neurônios II (no núcleo dorsal)  axônios que se dirigem para o funículo lateral
ipsilateral e inflectem-se para formar o tracto espino-cerebelar posterior  pedúnculo
cerebelar inferior  cerebelo  impulsos
proprioceptivos do tronco e membros
inferiores.
Neurônios II (na base da coluna posterior
e substância cinzenta intermediária) 
axônios que se dirigem para o funículo
lateral contralateral e inflectem-se para
formar o tracto espino-cerebelar anterior
 pedúnculo cerebelar superior 
cerebelo (fibras duplamente cruzadas,
sendo então homolaterais)  impulsos
proprioceptivos do tronco e membros
inferiores.
Neurônios II (no núcleo cuneiforme
acessório)  impulsos proprioceptivos do
pescoço e membros superiores  axônios formam o tracto cuneo-cerebelar 
pedúnculo cerebelar inferior  cerebelo.
1.5. Vias de sensibilidade visceral
Os impulsos geralmente são inconscientes, mas alguns se tornam conscientes
relacionados com a dor.
Fibras viscerais aferentes que percorrem nervos simpáticos (principalmente) 
ganham os nervos espinhais  gânglio espinhal  medula através do prolongamento
central.
Impulsos relacionados com a dor visceral seguem pelos tractos espino-talâmicos
laterais ipsi e contralaterais.
2. Vias aferentes que penetram no SNC por nervos cranianos
2.1. Vias trigeminais
2.1.1. Via trigeminal exteroceptiva
Neurônios I (nos gânglios sensitivos anexos aos nervos V, VII, IX e X) 
prolongamentos centrais  tronco encefálico  sinapse com os neurônios II.
Neurônios II  no núcleo do tracto espinhal (prolongamentos centrais dos nervos VII,
IX e X) ou no núcleo sensitivo principal do V (prolongamentos centrais do V – podem
terminar em um ou outro, ou em ambos – fibras que terminam no núcleo sensitivo
principal são de tato epicrítico. As que terminam no núcleo do tracto espinhal são de
temperatura e dor. As que se bifurcam e terminam em ambos são de tato protopático
e pressão)  axônios infletem-se e formam o lemnisco trigeminal  sinapse com os
neurônios III.
Neurônios III  no núcleo ventral póstero-medial do tálamo  radiações talâmicas 
córtex.
2.1.2. Via trigeminal proprioceptiva
Neurônios I (não estão em um gânglio, e sim, no núcleo do tracto mesencefálico) 
prolongamentos centrais  sinapse com neurônios do núcleo motor do V  uma
77

parte desses impulsos são levados ao cerebelo e são inconscientes; outros, ao tálamo e
córtex e são conscientes.
2.2. Via gustativa
Impulsos nos 2/3 anteriores da língua  nervos lingual e
corda do tímpano  nervo intermédio (VII)  SNC.
1/3 posterior da língua e epiglote  nervos IX e X,
respectivamente  SNC.
Neurônios I  nos gânglios geniculado (VII), inferior do IX
e inferior do X  prolongamentos centrais  tronco 
trajeto pelo tracto solitário  sinapse com os neurônios II.
Neurônios II  no núcleo do tracto solitário  fibras
solitário-talâmicas  sinapse com os neurônios III no
tálamo em ambos os lados.
Neurônios III  no núcleo ventral póstero-medial  radiações talâmicas  área
gustativa do córtex.
2.3. Via olfatória
Neurônios I (as próprias células olfatórias na mucosa olfatória)
 prolongamentos centrais  atravessam a lâmina crivosa do
etmoide  bulbo olfatório  sinapse com os neurônios II.
Neurônios II  tracto olfatório lateral (geram impulsos
conscientes  terminam no córtex) e medial.
A via olfatória é totalmente ipsilateral, não tem passagem pelo
tálamo e a área do córtex é do tipo alo-córtex. As formações
integrantes desta via formam o rinencéfalo.
2.4. Via auditiva
Neurônios I  no gânglio espiral na cóclea  prolongamento central 
porção coclear do nervo VIII  ponte  sinapse com os neurônios II.
Neurônios II  nos núcleos cocleares dorsal e ventral  seus axônios
cruzam pro outro lado consumindo o corpo trapezoide, contornam o núcleo
olivar superior e inflectem-se formando o lemnisco lateral contralateral 
colículo inferior  sinapse com os neurônios III.
Neurônios III  axônios vão para o corpo geniculado medial  sinapse com
os neurônios IV.
Neurônios IV  axônios formam a radiação auditiva  cápsula interna 
área auditiva do córtex no giro temporal transverso anterior.
Esta via tem muitas fibras ipsi e contralaterais, portanto é difícil a perda
auditiva por lesão em uma só área.
2.5. Vias vestibulares conscientes e inconscientes
Receptores são proprioceptivos  informam sobre a posição da cabeça no espaço.
Neurônios I  no gânglio vestibular  prolongamentos centrais  porção vestibular
do nervo VIII  sinapse com os neurônios II.
78

Neurônios II  nos núcleos vestibulares  (trajeto 1) via inconsciente: fascículo


vestíbulo-cerebelar – arquicerebelo; (trajeto 2) via consciente: conexão entre os
núcleos vestibulares e o córtex cerebral.
2.6. Via óptica
Retina  onde se localizam os receptores visuais. Possui dez camadas, mas pode ser
simplificada em três  neurônios I, II e III  células fotossensíveis, bipolares e
ganglionares, de fora para dentro. Uma faz sinapse com a outra até chegar às células
ganglionares, cujos axônios correspondem ao nervo óptico. Os prolongamentos
periféricos das células fotossensíveis  cones e bastonetes (fotorreceptores). Os raios
que incidem na retina atravessam todas as camadas, parar atingir os fotorreceptores.
Não há fotorreceptores ao nível da papila  ponto cego. Pela papila, penetram os
vasos que nutrem a retina.
Edema de papila  importante indicador de hipertensão intracraniana.

Bastonetes  para visão com pouca luz o homem tem muito mais
bastonetes. Cones  visão com muita luz e visão colorida. A
distribuição não é uniforme, na periferia tem mais bastonetes, vai
aumentando o número de cones à medida que se aproxima da mácula,
até que na fóvea central, só tem cones.
Mácula: área da retina onde a visão é a mais distinta. Os movimentos
reflexos do bulbo ocular fixam sobre as máculas a imagem dos objetos
que nos interessam no campo visual. A visão nas partes periféricas não
maculares é pouco nítida e a percepção das cores é ruim.
2.6.1. Trajeto da via óptica
Nervos ópticos  quiasma óptico (decussação parcial)  tractos
ópticos  corpos geniculados laterais  córtex visual.
Retina nasal  metade medial da
retina. Retina temporal  metade
lateral da retina.
Campo visual: porção lateral 
campo temporal  se projeta para
a retina nasal. Porção medial 
campo nasal  se projeta para a
retina temporal.
Na decussação do quiasma  fibras
temporais seguem do mesmo lado.
Assim, o tracto tem fibras temporais
ipsilaterais e fibras nasais da retina
contralateral. O córtex direito
percebe os objetos situados à
esquerda.

- Fibras retino-hipotalâmicas: quiasma  núcleo supraquiasmático do hipotálamo


 regulação dos ritmos circadianos biológicos;
79

- Fibras retino-tectais: chegam ao colículo superior  reflexos de movimentos dos


olhos ou das pálpebras desencadeados por impulsos visuais, como o reflexo de
psicar;
- Fibras retino-pré-tectais: colículo superior  área pré-tectal  reflexos
fotomotor direto e consensual;
- Fibras retino-geniculadas: as únicas relacionadas com a visão. Sinapse com os
neurônios IV da via óptica no corpo geniculado lateral  seus axônios formam a
radiação óptica  área 17 do córtex nos lábios do sulco calcarino. As fibras
correspondentes às partes superiores da retina  posição mais alta e se projetam
no lábio superior do sulco; fibras correspondentes às partes inferiores da retina 
posição mais baixa e se projetam no lábio inferior do sulco. As fibras que levam
impulsos da mácula  posição intermediária e se projetam na parte posterior do
sulco. Isso mostra uma somatotopia perfeita da via óptica.
2.6.2. Lesões das vias ópticas
- Escotoma  cegueira em uma parte do campo visual. Quando metade deste 
hemianopsia  heterônima (lados diferentes do campo visual acometidos –
geralmente lesão no quiasma) e homônima (acometidos os mesmos lados do
campo visual – geralmente lesões retroquiasmáticas, entre o quiasma e o córtex);
- Lesão do nervo óptico  cegueira completa do olho afetado;
- Lesão da parte mediana do quiasma  hemianopsia bitemporal  por
interrupção das fibras das retinas nasais que se cruzam;
- Lesão da parte lateral do quiasma  hemianopsia nasal  por interrupção das
fibras das retinas temporais;
- Lesão do tracto óptico  hemianopsia homônima direita ou esquerda  por
interrupção das fibras das retinas temporal de um olho e nasal do outro;
- Lesões da radiação óptica  semelhantes às lesões do tracto  mas o reflexo
fotomotor está ausente nas lesões do tracto e presente aqui (nas lesões do tracto
há lesão das fibras retino pré-tectais responsáveis pelo reflexo)  lesões
completas são raras, é mais comum lesão de partes  escotomas ou mesmo
quadrantanopsias  quando há comprometimento da metade inferior direita
(quadrantanopsia homônima inferior esquerda);
- Lesões do córtex visual  lesões completas são semelhantes às lesões completas
da radiação. São mais comuns lesões parciais  lesão do lábio inferior do sulco
calcarino direito  quadrantanopsia homônima inferior esquerda. Lesões corticais
não afetam a visão macular (pela grande representação macular no córtex).
Lesões no córtex occipital geram mais hemianopsias. Lesões no lobo temporal 
quadrantanopsia superior; Lesões no lobo parietal  quadrantanopsia inferior.
3. Controle da transmissão das informações sensoriais
O SNC tem a capacidade de modular a transmissão das informações sensoriais
recebidas  existência de vias eferentes reguladoras da sensibilidade.
Capacidade que temos de selecionar entre as diversas informações sensoriais que nos
chegam em um dado momento  as mais relevantes e que despertam mais nossa
atenção  atenção seletiva e habituação a estímulos apresentados continuamente.
80

Habituação  inibição dos impulsos sensoriais pouco relevantes ≠ Adaptação 


fadiga dos receptores, observada em receptores cutâneos submetidos a estímulos
contínuos  não há ação central.
4. Regulação da dor: vias de analgesia
Teoria (1965)  penetração de impulsos dolorosos no SNC seria regulada por
neurônios e circuitos nervosos existentes na substância gelatinosa das colunas
posteriores da coluna, que agiria como um “portão”, impedindo ou permitindo a
entrada de impulsos dolorosos. Este portão seria controlado por fibras descendentes
supra-espinhais e pelos próprios impulsos nervosos que entram pelas fibras das raízes
dorsais. Impulsos conduzidos pelas fibras mielínicas de tato (fibras A beta) teriam
efeitos antagônicos em relação às fibras finas de dor (fibras A delta e C)  as primeiras
fecham o portão; as segundas abrem.
Ramos colaterais das fibras táteis dos fascículos grácil e cuneiforme inibem a
transmissão dos impulsos dolorosos  “fecham” o portão  isto explica o alívio
sentido após esfregar um membro dolorido, por exemplo.
Mecanismos supra-espinhais que regulam o “portão” da dor  substância cinzenta
periaquedutal (tem receptores para opioides), núcleo magno da rafe (de onde partem
fibras serotoninérgicas). Existem várias conexões aferentes da substância cinzenta
periaquedutal, mas as principais são as vias neo e paleoespino-talâmicas  os
próprios estímulos nociceptivos que sobrem por esta via podem inibir a entrada de
estímulos dolorosos no SNC  ajuda a explicar a acupuntura.

29. Grandes vias eferentes


Comunica os centros supra-segmentares com os órgãos efetuadores.
1. Vias eferentes somáticas  do sistema nervoso da vida de relação  controla a
atividade dos músculos estriados esqueléticos  movimentos voluntários ou
automáticos  regula ainda o tônus e a postura;
2. Vias eferentes viscerais  do SNA  músculo liso, cardíaco ou glândulas  regula o
funcionamento de vísceras e vasos. As áreas que regulam a atividade do SNA estão no
hipotálamo, sistema límbico e área pré-frontal.
Vias eferentes somáticas
Sistema piramidal  movimentos voluntários.
Sistema extrapiramidal  regulação do tônus e postura.
1. Vias piramidais
1.1. Tracto cortico-espinhal  une o córtex cerebral aos neurônios motores da
medula. A maioria das fibras parte da área 4  na decussação das pirâmides, uma
parte continua como tracto cortico-espinhal anterior; a outra cruza e forma o
tracto cortico-espinhal lateral.
As fibras motoras do tracto espinhal terminam na substância cinzenta
intermediária  sinapses com interneurônios  se ligam aos motoneurônios da
coluna anterior  ação tanto excitadora quanto inibidora sobre estes neurônios.
Suas fibras controlam tanto a musculatura axial quanto apendicular  essa função
é exercida também pelo tracto rubro-espinhal (age na musculatura distal) e
81

retículo-espinhal (musculatura axial e proximal). Mas nem todas as fibras deste


tracto são motoras.
Lesões neste tracto  paresia, dificuldade de contrair voluntariamente os
músculos com a mesma velocidade, incapacidade de realizar movimentos
independentes de grupos musculares isolados (fracionamento) e sinal de Babinski.
1.2. Tracto cortico-nuclear  une o córtex cerebral aos neurônios motores do tronco
encefálico. As fibras descem associadas ao tracto cortico-espinhal. A maioria das
fibras faz sinapse na formação reticular e se ligam aos neurônios motores; e
muitas fibras se ligam a núcleos sensitivos do tronco.
Grupos musculares que não podem ser
contraídos voluntariamente de um lado só
(laringe, faringe, por exemplo)  não sofrem
paralisia com lesão do tracto cortico-nuclear só
de um lado.
2. Vias extrapiramidais
2.1. Tracto rubro-espinhal  controla a
motricidade voluntária dos músculos
distais dos membros;
2.2. Tracto tecto-espinhal  origem no
colículo superior. Termina nos
segmentos mais altos da medula.
Envolvida em reflexos nos quais a
movimentação da cabeça decorre
de estímulos visuais;
2.3. Tracto vestíbulo-espinhal  origem
nos núcleos vestibulares (recebe impulso da parte vestibular do ouvido interno e
do arquicerebelo). Leva impulsos necessários à manutenção do equilíbrio. São
feitos ajustes no grau de contração dos músculos  busca manter o equilíbrio
mesmo após alterações súbitas no espaço;
2.4. Tracto retículo-espinhal  O mais importante. Faz a ligação da formação reticular
(recebe informações de áreas como o cerebelo e o córtex motor) com os
neurônios motores. Função: controle de movimentos voluntários e automáticos
pelos músculos axiais e proximais dos membros. Pela conexão com a área pré-
motora  determina o grau adequado de contração desses músculos, colocando o
corpo em uma postura básica ou “de partida” para executar movimentos delicados
pela musculatura distal, ou seja, promove o suporte para a execução de
movimentos finos controlados pelo tracto piramidal. Também atua no controle da
marcha  que depende de um centro locomotor situado na medula lombar 
mesmo na ausência de informação sensorial, é capaz de gerar impulsos nervosos
para a manutenção dos movimentos. Este centro é controlado por outro centro
situado na formação reticular do mesencéfalo  exerce atuação no centro
medular através do tracto retículo-espinhal.
Mesmo após lesões no tracto cortico-espinhal  a motricidade voluntária dos
músculos proximais é mantida por este tracto.
Estruturas relacionadas com a motricidade somática  cerebelo, corpo estriado e núcleos
motores do tronco. As projeções do córtex sobre o neurônio motor se dá diretamente através
82

da via piramidal ou indiretamente, pela via extrapiramidal. Todas as vias que influenciam a
motricidade convergem sobre o neurônio motor que inerva a musculatura esquelética.
Na coluna anterior da medula, os neurônios motores  grupo medial (inervação dos músculos
axiais e proximais dos membros) e grupo lateral (inervação da musculatura distal dos
membros).
Organização do movimento voluntário
Etapa de preparação (envolve áreas de associação do córtex, em interação com o cerebelo e o
corpo estriado)  termina com a elaboração do programa motor e uma etapa de execução
(envolve as áreas pré-motoras e motoras do córtex e suas ligações diretas e indiretas com os
neurônios motores. Envolve também mecanismos de ajustes e correções no movimento já
iniciado).
Potenciais de preparação em áreas de associação do córtex, como a área motora
suplementar, até um segundo antes do início do movimento  ativação das áreas motora e
pré-motora + ativação do corpo estriado e núcleo denteado  início do movimento.
Exemplo de organização do movimento: a intenção de realizar o movimento depende das
áreas de associação supramodais do córtex, onde estão armazenadas as informações acerca
das características do movimento  essas informações são transmitidas às áreas encarregadas
de elaborar o programa motor (define quais músculos serão contraídos, o grau e a sequência
do movimento)  zona lateral do cerebelo (pela via córtico-ponto-cerebelar), corpo estriado e
área motora suplementar  o programa motor é enviado à área motora  execução do
movimento  informações são levadas dos receptores proprioceptivos à zona intermedia do
cerebelo, para que este possa comparar o movimento feito com o programa motor e
promover as correções necessárias, agindo sobre a área motora através da via interpósito-
tálamo-cortical  além disso, há a manutenção do equilíbrio e postura  envolvimento do
arquicerebelo e zona medial do cerebelo.
Lesões das vias motoras somáticas
- Síndrome do neurônio motor superior  maior frequência no AVC que acomete a cápsula
interna ou a área motora do córtex. Após rápido período inicial de paralisia flácida  paralisia
espástica, com hipertrofia e hiperreflexia + sinal de Babinski  não há hipotrofia muscular;
Obs.: Espasticidade  aumento do tônus e exagero dos reflexos. Envolve lesão de outras vias
motoras, como o tracto córtico-retículo-espinhal e córtico-rubro-espinhal  pode ser devido
ao aumento na excitabilidade dos motoneurônios alfa e gama, decorrente de lesão de fibras
que normalmente exercem ação inibidora sobre eles.
- Síndrome do neurônio motor inferior  ocorre na paralisia infantil  há destruição do
neurônio motor inferior situado na coluna anterior da medula ou em núcleos motores de
nervos cranianos  paralisia com perda dos reflexos e do tônus muscular (paralisia flácida) 
seguindo-se, depois, hipotrofia dos músculos.

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