Unidade 03 - Poluição Ambiental

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FUNDAMENTOS DE ENGENHARIA

AMBIENTAL

POLUIÇÃO AMBIENTAL
Fernando Pasini

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Olá!
Você está na unidade Poluição Ambiental. Conheça aqui os conceitos básicos que envolvem a poluição

ambiental e as técnicas e instrumentos legais que buscam fazer o controle da poluição e dos impactos

ambientais. Descubra a importância dos estudos de impacto ambiental e como eles devem ser feitos de forma

condizente com as etapas do licenciamento ambiental.

Bons estudos!

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1. Introdução à poluição ambiental
Você já percebeu a inter-relação que os sistemas ambientais possuem?

O meio ambiente pode ser dividido de diversas formas e uma das mais comuns é o solo, a água, o ar e os

organismos vivos. No entanto, quando se trata de poluição ambiental, o meio é dinâmico e a poluição que incide

sobre um ponto que, em pouco tempo, pode afetar também outros locais.

Como o solo é a interface entre todos os componentes, se ele sofrer com poluição e um composto volátil, por

exemplo, logo a qualidade do ar também será afetada. O mesmo acontece com o curso hídrico: sempre que um

poluente persistente o alcançar, outro sistema ambiental com características totalmente diferentes também

acabará afetado.

Assim, toda a ação para que um evento de poluição não ocorra ou já tenha acontecido deve estar baseada em leis

e normas legais que tratam especificamente da prevenção e da remediação da poluição. As principais são:

Política Nacional do Meio Ambiente (Lei nº 6.938/1981);

Política Nacional de Recursos Hídricos (Lei nº 9.433/1997);

Política Nacional de Resíduos Sólidos (Lei nº 12.305/2010);

Resolução do Conselho Nacional do Meio Ambiente (Conama) n° 237/1997, que trata do licenciamento

ambiental;

Resolução do Conama nº 420/2009, que trata da poluição do solo e gerenciamento de áreas contaminadas;

Resolução do Conama nº 357/2005 e Resolução do Conama nº 430/2011, que tratam da qualidade da água e

lançamento de efluentes;

Resolução do Conama nº 149/2018, que dispõem sobre os padrões de qualidade do ar, dentre outras com

conteúdo específico e aprofundamentos.

Um meio ambiente saudável e equilibrado é direito do cidadão brasileiro. Essa temática está escrita de forma

expressa no art. 225 da Constituição Federal de 1988, fazendo referência ao direito que os cidadãos brasileiros

possuem de estar e viver em um ambiente sadio e que lhes promova a qualidade de vida. Para isso, todos os

entes são atores na promoção da preservação e da defesa do meio ambiente.

Mas para que essa previsão se torne possível, o país lança mão de alguns meios governamentais de regulação da

poluição e dos impactos causados pelas atividades humanas, que são estudados mais adiante.

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2. Controle da poluição
Segundo o art. 3º, inciso III da Política Nacional do Meio Ambiente (PNMA), poluição é definida como a

degradação ambiental resultante de atividades que de forma direta ou indireta prejudique a saúde, a

segurança, o bem-estar da população, ou que criem condições adversas às atividades sociais e

econômicas, que afetem desfavoravelmente a biota, que prejudiquem as condições estéticas ou

sanitárias do meio ambiente ou que lancem matérias ou energia em desacordo com os padrões

ambientais estabelecidos (BRASIL, 1981).

É, portanto, uma transgressão aos limites estabelecidos por lei. Assim, como forma de realizar um controle mais

efetivo que eventos que possam causar poluição, a PNMA propõe alguns instrumentos de gestão, que estão

previstos no art. 9º:

I - o estabelecimento de padrões de qualidade ambiental;

II - o zoneamento ambiental;

III - a avaliação de impactos ambientais;

IV - o licenciamento e a revisão de atividades efetiva ou potencialmente poluidoras;

V - os incentivos à produção e instalação de equipamentos e a criação ou absorção de tecnologia,

voltados para a melhoria da qualidade ambiental;

IX - as penalidades disciplinares ou compensatórias ao não cumprimento das medidas necessárias à

preservação ou correção da degradação ambiental (BRASIL, 1981).

Ela também institui o Conselho Nacional do Meio Ambiente (Conama), órgão consuntivo e deliberativo do

Sistema Nacional do Meio Ambiente (Sisnama). Neste sentido, pertencem ao Sisnama todos os órgãos que tratam

da temática ambiental, regulamentados pelo Decreto 99.274/1990.

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2.1 Princípios do direito ambiental

Os princípios de direito ambiental que norteiam as ações que dizem respeito à temática ambiental servem para

expressar o compromisso que todos devem ter com os cuidados ao meio ambiente. Segundo Silva (2016), são

eles:

Princípio ao meio ambiente ecologicamente equilibrado como direito fundamental da pessoa humana;

Princípio do desenvolvimento sustentável;

Princípio da ubiquidade ou princípio da cooperação;

Princípio da participação ou democrático;

Princípio da educação ambiental;

Princípio do poluidor-pagador;

Princípio da prevenção;

Princípio da precaução;

Princípio do usuário-pagador;

Princípio da responsabilidade ou da responsabilização;

Princípio da obrigatoriedade da intervenção estatal na defesa do meio ambiente;

Princípio do equilíbrio resultado global;

Princípio do limite;

Princípio da função socioambiental da propriedade;

Princípio da solidariedade intergeracional;

Princípio da natureza pública da proteção ambiental.

É por meio de tais princípios que todos podem ter consciência da sua responsabilidade compartilhada, dos seus

direitos e deveres, das sanções que serão aplicadas quando houver transgressão da lei e da importância que a

ação governamental possui na hora de garantir a segurança ambiental, a sanidade do meio e a saúde pública.

Porém, nem sempre os devidos cuidados são tomados, o que acaba resultando em um crime ambiental. A ação

humana é responsável, hoje, por interferir nos principais meios de manutenção da vida – o ar, a água e o solo -,

promovendo a sua degradação.

Então, para dar diretrizes a casos assim foi instituída a Lei nº 9.605/1998, a chamada Lei de Crimes Ambientais,

que trata das transgressões à lei, das multas e das formas de se recuperar o dano causado.

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2.2 Controle da qualidade do ar

A qualidade do ar depende de diversos fatores, como, por exemplo, o volume e a carga poluidora das emissões

locais e regionais, a localização geográfica do ponto de interesse e a dinâmica atmosférica a que está submetido

tal local.

Caso a dinâmica atmosférica e a geografia local não sejam favoráveis à dispersão de poluentes, o ponto torna-se

um local de fragilidade necessitando que a gestão pública crie diretrizes mais restritivas às emissões, pois um

volume menor de poluentes pode causar um grande problema local. No entanto, quando se trata de um ponto

onde há boa dispersão de poluentes há possibilidade da gestão pública manter a vazão indicada na instância

superior, sem alterações.

É importante lembrar que um poluente atmosférico não precisa necessariamente ser um gás, o material

particulado, a fuligem, fumaça e diversas partículas em suspensão também são caracterizados como poluentes. A

lei que trata nacionalmente da poluição atmosférica é a CONAMA 491 de 2018, ela indica parâmetros para os

seguintes poluentes:

material particulado;

dióxido de enxofre;

dióxido de nitrogênio;

ozônio;

monóxido de carbono;

partículas totais em suspensão (PTS);

chumbo.

Há algumas formas de classificar os poluentes atmosféricos, que podem ser divididos em naturais e antrópicos, e

primários e secundários.

Os poluentes naturais referem-se a situações em que, naturalmente, há elevação da concentração de poluentes

atmosféricos. É o caso, por exemplo, de vulcões em erupção, queimadas naturais, tempestades de areia, pólen e a

atividade dos animais.

Os poluentes antrópicos, por sua vez, são aqueles provocados em decorrência das atividades do ser humano,

como a queima incompleta de combustíveis e a produção industrial com combustão ou que possui gases

diversos como subproduto.

Já os poluentes primários são emitidos direto da fonte, seja ela móvel (veículos) ou fixa (chaminé), como é o

caso do dióxido de enxofre, o dióxido de nitrogénio e o monóxido de carbono. Por fim, os poluentes secundários

são aqueles formados na atmosfera em decorrência de reações químicas entre poluentes. Um exemplo é o ozônio

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que surge a partir da reação entre compostos que estão na atmosfera e o auxílio de um catalizador natural, a

radiação solar (GOTTI; SOUZA, 2017).

A poluição do ar é um problema tão sério que o Brasil possui uma resolução que trata de forma específica sobre

o seu controle: a Resolução nº 5/1989 do Conama. Essa normativa cria o Programa Nacional de Controle de

Qualidade do Ar (Pronar) e separa as áreas urbanas em classes para que, em cada uma, haja um padrão de

concentração de gases específico. Uma área verde de preservação, por exemplo, é classificada como de Classe I e

fica sujeita a padrões primários mais restritivos. Já um centro urbano pode ser enquadrado como de Classe II ou

III, que fica sujeito a um padrão mais permissivo.

Figura 1 - Poluição das cidades


Fonte: Tatiana Grozetskaya, Shutterstock (2020).

#PraCegoVer: A imagem mostra as chaminés de algumas fábricas lançando fumaça e provocando a poluição do

ar.

Como forma de realizar um controle efetivo da poluição atmosférica, Dersídio (2012) cita alguns tópicos que

devem ser observados pelo poluidor e pela gestão pública:

Criação de um planejamento territorial e zoneamento das atividades;

Promoção da eliminação e minimização de poluentes, de acordo com as possibilidades;

Tratamento dos poluentes direto na fonte de geração;

Utilização de técnicas que promovam a diluição dos poluentes;

Investimento em equipamentos de controle de poluentes.

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Nestes casos, é preciso utilizar a tecnologia adequada para cada processo industrial, de forma a manter a

produção e provocar um lançamento mínimo de efluentes gasosos. Em geral, quando veem uma chaminé

lançando gases ao longo, as pessoas costumam pensar que se trata de poluição, mas, na verdade, o processo pode

envolver a geração e o tratamento prévio desses gases. Afinal, atualmente há processos e equipamentos no

mercado que são extremamente eficientes no controle da poluição atmosférica.

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2.3 Controle da qualidade da água

Os sistemas ambientais constituídos majoritariamente de água são extremamente complexos e sensíveis, os

ciclos naturais que a água realiza a expõe a uma quantidade muito grande poluentes, mas também favorecem a

sua mistura (POZZA e SANTOS, 2015).

A qualidade da água é determinada pela quantidade e diversidade de substâncias químicas orgânicas e

inorgânicas ali presentes. Assim, Pozza e Santos (2015) afirmam que as características da água podem ser

divididas em:


Características químicas

alcalinidade, Demanda Bioquímica de Oxigênio, Demanda Química de Oxigênio (DQO), dureza, metais,

nutrientes, Oxigênio Dissolvido (OD), Potencial Hidrogeniônico (pH), praguicidas (agrotóxicos),

radioatividade e salinidade;


Características biológicas

algas e coliformes;


Características físicas

cor, sabor, odor, temperatura e turbidez.

Definidos os parâmetros básicos para diferenciar as águas é possível enquadrá-las de acordo com suas

características, definir padrões de potabilidade e apontar a concentração e as características ideias para que um

efluente deva ter para que possa ser lançado no corpo hídrico que se deseja.

Quanto à qualidade das águas superficiais utilizadas para o abastecimento público, a Portaria nº 2.914/2011, do

Ministério da Saúde, é quem, nacionalmente, estabelece parâmetros para o consumo humano. E as resoluções do

Conama nº 357/2005 e 430;2011 é que tratam da classificação dos cursos d’água e indica diretrizes para o

enquadramento, ainda ela estabelece parâmetros e condições para o lançamento de efluentes. Sempre

incentivando que o efluente possua a menor carga poluidora possível.

Para que seja possível reduzir a carga poluidora dos efluentes líquidos é importante que eles passem por um

sistema de tratamento. A imagem a seguir mostra uma planta de tratamento de efluentes domésticos em

funcionamento, com capacidade de reduzir significativamente a carga poluidora do efluente.

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Figura 2 - Vista aérea de uma estação de tratamento de efluentes domésticos
Fonte: Kekyalyaynen, Shutterstock (2020).

#PraCegoVer: A imagem mostra uma fotografia aérea dos detalhes de uma planta de tratamento de efluentes

domésticos, com destaque para tanques aeróbicos, anaeróbicos e reatores biológicos.

Nacionalmente, a Agência Nacional de Águas (ANA) é o órgão regulador dos recursos hídricos. Criado pela lei nº

9.984/2000, o orgão atua diretamente em assuntos que tratam de regulação, monitoramento, aplicação da lei e

planejamento dos recursos hídricos e trabalha para exigir o cumprimento dos objetivos e diretrizes da Política

Nacional dos Recursos Hídricos (PNRH).

Como forma de realizar o controle, planejamento e a gestão dos recursos hídricos, a ANA, todos os anos, lança a

Conjuntura Anual dos Recursos Hídricos, um material de divulgação sobre a situação das águas no país, no ano

em que a conjuntura se refere. Além desse, o órgão também produz uma série de publicações diversas baseadas

no Sistema de Informação de Recursos Hídricos (SNIRH). Entre elas:

Definição e aplicação de padrões de qualidade da água;

Detalhamento das prioridades e dos usos dos recursos hídricos;

Flexibilidade e adaptabilidade dos padrões de qualidade variando de acordo com o caso;

Cobrança dos padrões de lançamento;

Estabelecimento de critérios para o lançamento de efluentes;

Priorização de cuidados às fontes de poluição;

Tratamento conjunto, desde que viável técnica e economicamente;

Efetivação do controle preventivo;

Controle e cobrança dos prazos para implantação dos sistemas de tratamento;

Desenvolvimento de tecnologia no campo do tratamento de resíduos;

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Integração e coordenação das atividades entre os órgãos públicos;

Criação de canais de Informação com comunidade.

Embora o país conte com legislações, normas técnicas e/ou pesquisas que buscam melhorar os cuidados com a

água, nem sempre os esforços conseguem ser efetivos.

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2.4 Controle da qualidade do solo

Ao contrário do que se pensa, o solo não é um meio inerte. Pelo contrário: ele é extremamente dinâmico e abriga

um volume imenso de organismos, macro e microscópicos.

A preservação da qualidade do solo, assim como a dos outros compartimentos do sistema terrestre (hidrosfera e

atmosfera), é de extrema importância para a manutenção da vida no planeta. As principais funções do solo são

definidas na Resolução do Conama nº 420/2009, como:

I - servir como meio básico para a sustentação da vida e de habitat para pessoas, animais, plantas e

outros organismos vivos;

II - manter o ciclo da água e dos nutrientes;

III - servir como meio para a produção de alimentos e outros bens primários de consumo;

IV - agir como filtro natural, tampão e meio de adsorção, degradação e transformação de substâncias

químicas e organismos;

V - proteger as águas superficiais e subterrâneas;

VI - servir como fonte de informação quanto ao patrimônio natural, histórico e cultural;

VII - constituir fonte de recursos minerais; e

VIII - servir como meio básico para a ocupação territorial, práticas recreacionais e propiciar outros

usos públicos e econômicos (BRASIL, 2009).

O solo, por ser interface entre hidrosfera e atmosfera, pode atuar como um meio de transferência ou de retenção

de poluentes para os corpos hídricos superficiais ou subterrâneos, e esse potencial vai depender de algumas

características do solo, como a permeabilidade e a afinidade eletroquímica que ele terá com alguns poluentes

conferindo-lhe a capacidade de retenção (POZZA; SANTOS, 2015).

Portanto, é fundamental se sejam realizar estudos que tratem da capacidade de retenção de poluentes do solo,

de forma que quando ocorra um evento localizado de contaminação, como por exemplo um acidente com uma

carga de combustíveis, os técnicos que realização a recuperação da área, sejam rápidos e efetivos na aplicação de

técnicas para remediação.

Para Dersídio (2012), quando há a finalidade de controlar a poluição do solo, é imprescindível que se tenha uma

postura preventiva baseada na escolha de técnicas adequadas, na aplicação correta e na escolha de locais

adequados para as atividades desejadas. Para isso, o autor, considera necessário atentar-se a:

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O uso do solo de forma a verificar quais atividades são bem aceitas no solo e quais as plantas são

na região adaptadas à região.

um local íngreme, uma encosta ou um vale requerem cuidados muito mais restritivos no
A topografia
uso e ocupação do que áreas de campo.

cada solo possui características que são resultantes do processo de formação que o

originou, de forma que solos ácidos precisam da aplicação de um tamponante para a


O tipo de solo
produção agrícola, solos arenosos possuam uma drenagem muito rápida em comparação

com os argilosos e assim por diante.

deve ser atentado à vegetação endêmica que vive ali, as leis que regem a proteção da

flora como o Código florestal, Amazônia Legal e lei da mata atlântica. Os quais
A vegetação
estabelecem usos prioritários em algumas áreas e proíbem outros não condizentes com

as características locais.

A Áreas que costumeiramente sobre com alagamento e inundações naturais não devem ser

possibilidade utilizadas para moradia, devem receber um uso social, como áreas de contenção de

de ocorrência cheias. No meio rural devem ser drenados em épocas de cheias e dependendo do caso a

de inundações água ser utilizada na agricultura.

A contaminação dos aquíferos é uma problemática que precisa ser enfatizada, por ele

estar “escondido” por vezes esquecemos de dar a devida atenção. As águas subterrâneas
A s
são fundamentais para a país e precisar que sejam aplicados meios de prevenção da
características
poluição. Requerer um laudo geológico da área que se deseja utilizar por parte do órgão
do subsolo
ambiental é um meio de conhecer a geologia e o subsolo local e assim definir

possibilidades de uso.

A Os cursos d’água superficiais estão expostos à diversos poluentes e sua dinâmica

proximidade interliga de forma rápida locais distantes portanto é fundam tal cuidados parar que não

de cursos d’ haja contaminações em cursos d’água. Além disso os cursos d’água possuem interligação

água com a água subsuperficial.

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Como forma de regar o uso e ocupação do solo, o Estatuto das Cidades, Lei nº 10.257/2001 obriga os gestores

municipais a separarem as áreas industriais, comerciais e residenciais dentro do ambiente urbano, de forma que

o ordenamento urbano seja efetivo na redução do desconforto ambiental e desequilibro da saúde.

2.5 Monitoramento

A forma mais eficiente de determinar a sanidade de um sistema ambiental e potencial de degradação de uma

atividade ou processo é o monitorar o ambiente. O monitoramento ambiental tem capacidade de fornecer as

informações necessárias para planejar e executar um programa efetivo focado no gerenciamento ambiental

(POZZA; SANTOS, 2015).

No entanto, para que consiga expressar a realidade vivenciada, o monitoramento deve oferecer um programa de

amostragem, que seja capaz de apontar a frequência com que acontece, um cronograma, a metodologia de coleta,

a forma de preservação de uma amostra e o número de repetições. Além disso, deve envolver ainda um processo

de aprofundamento no conhecimento do meio a ser avaliado, dos parâmetros medidos e também do entorno e

seus habitantes (fauna e flora circundantes).

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3. Impactos ambientais
Toda intervenção no meio natural causa um impacto ambiental, que deve ser mensurado quanto ao potencial

lesivo dos diversos componentes e elementos locais e/ou regionais afetados. Isso permite identificar tudo aquilo

que, de fato, ocorreu.

Um impacto não precisa ser necessariamente antrópico. Na prática, tsunamis, furações, vulcões e até fortes

chuvas também possuem força para causar impactos. A diferença é que eles não podem ser controlados,

enquanto os antrópicos sim, uma vez que são frutos de ações que podem ser planejadas e executadas de forma

minimamente lesiva.

Portanto, é necessário que as atividades de maior potencial poluidor estejam de acordo com as normativas

nacionais que regulam o uso e ocupação do meio ambiente e também, sejam periodicamente avaliadas e ao fim

das atividades cuide-se dos passivos gerados.

Os impactos ambientais podem assumir várias faces e podem ser bons ou ruins à população, à economia e ao

meio ambiente. Tais impactos podem ser classificados como:

Assista aí

https://fast.player.liquidplatform.com/pApiv2/embed/746b3e163a5a5f89a10a96408c5d22c2

/aed2d21545b98c02bac463937f9fc081

• Impacto direto

É o impacto causado diretamente, possui uma causa definida, é um efeito a uma perturbação. Esse tipo

de impacto pode ser ainda chamado de impacto primário.


Impacto indireto

Não se relacionam prontamente a uma ação, mas sim, mas sim ocorrem em virtude dela, como uma

cadeia de impactos.


Impacto local

É um impacto de pequenas proporções, e afeta apenas uma região delimitada.


Impacto regional

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É um efeito de maiores proporções, afetando uma área definida que por vezes acaba criando diversos

impactos secundários.


Impacto estratégico

Ocorre quando é realizada alguma intervenção em que propositalmente o impacto ocorra, geralmente

ele possui importância coletiva e costuma ser realizada para o benefício da população.


Impacto imediato

É dito imediato quando o efeito surge no instante da ação.


Impacto a médio e longo prazo

Manifesta-se depois de decorrido certo tempo após a ação;


Impacto temporário

Ocorre quando o efeito permanece por um tempo determinado, depois o sistema ambiental volta a fluir

normalmente.


Impacto permanente

Não param de manifestar efeitos em um horizonte temporal conhecido, após a execução da ação.

Além disso, ainda podem ser listados como impactos antrópicos no solo, água e ar:

a mortandade de organismos vivos;

a chuva ácida;

os problemas de saúde decorrentes do exposição à água, ar ou alimento contaminado;

o agravamento do efeito estufa;

a eutrofização das águas;

a depleção da camada de ozônio;

a esterilidade dos solos;

a salinização dos solos e das águas;

a contaminação dos aquíferos.

A imagem a seguir retrata um exemplo dos impactos produzidos pelo descarte incorreto dos resíduos sólidos,

que acabam chegando aos rios e desregulando todo o sistema ambiental aquático.

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Figura 3 - Poluição urbana
Fonte: Strahil Dimitrov, Shutterstock (2020).

#PraCegoVer: A imagem mostra um rio tomado por resíduos sólidos que foram descartados de forma incorreta,

provocando uma poluição visível.

Para evitar que ocorram tais impactos, a PNMA institui como um de seus instrumentos o licenciamento

ambiental e a avaliação de impacto ambiental.

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4. Estudo de impacto ambiental
A Avaliação de Impacto Ambiental (AIA) ocorrerá por meio de um Estudo de Impacto Ambiental (EIA) e de um

Relatório de Impacto Ambiental (RIMA). A Resolução do Conama 237/1997 explicita, no art. 3º, que, em alguns

casos, será obrigatório apresentar um EIA/RIMA no processo de licenciamento ambiental.

A AIA é regulamentada pela Resolução do Conama 1/1986, cujo art. 6º define o conteúdo mínimo que deve ter

um EIA:

Assista aí

https://fast.player.liquidplatform.com/pApiv2/embed/746b3e163a5a5f89a10a96408c5d22c2

/c332a40d33b58e41b755878305fdfc1e

Diagnóstico ambiental

deverá abordar a área de influência do projeto, analise dos recursos ambiental e interações, além de apresentar a

descrição detalhada do meio físico, biológico e socioeconômico.

Análise dos impactos ambientais do projeto e desuas alternativas

identifica a previsão de magnitude dos prováveis impactos, distinguindo os positivos, negativos, diretos,

indiretos, de curto, médio e longo, o grau de reversibilidade, as propriedades cumulativas, o ônus e os benefícios

sociais envolvidos.

Definição das medidas mitigadoras dos impactosnegativos

define estratégias, cronogramas e medidas mitigatórias para amenizar os impactos negativos que serão

inevitáveis de acontecer.

Elaboração do programa de acompanhamento emonitoramento

cria um programa permanente de monitoramento dos impactos positivos e negativos que ocorrerão, nesse

programa devem ser indicados fatores e parâmetros a serem mensurados.

Nesse contexto das exigências legais, é fundamental que o estudo cumpra com sua função, de forma a

representar o mais fiel possível o que ocorre diante da implantação do projeto. Isso deve ocorrer para prevenir a

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população de impactos inesperados e para culpabilizar o empreendedor de danos causados sem o devido

conhecimento do órgão ambiental e sem que sejam tomadas as devidas medidas de controle, minimização e

mitigação.

Além do EIA/RIMA, o órgão ambiental pode solicitar também outros documentos para complementar as

informações presentes no licenciamento ambiental e comprometer o empreendedor das suas obrigações

enquanto utilizador dos recursos naturais (SILVA, 2016). São exemplos:

Plano de Controle Ambiental (PCA);

Relatório de Controle Ambiental (RCA);

Plano de Recuperação de Áreas Degradadas (PRAD);

Estudo de Impacto de Vizinhança (EIV).

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5. Licenciamento ambiental
O licenciamento ambiental é abordado no art. 9, inciso 4, da PNMA, que o trata como um de seus instrumentos.

Assim, para aplica-lo, a Resolução do Conama nº 237/1997 parametriza e cria diretrizes para esse procedimento

administrativo.

O licenciamento ambiental é, basicamente, dividido em três tipos de licenças. São elas:

Assista aí

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/c64c9270a8047e2983bdcff0a3e29559

Licença prévia (LP)


É a licença que vai permitir que o empreendedor realize os devidos estudos de viabilidade, dentre os quais, de

acordo com a obra ou atividade que se deseja o órgão ambiental irá direcionar as obrigatoriedades que devem

haver no material a ser apresentado pra análise dos técnicos responsáveis pelo licenciamento. Se emitida essa

licença aprovará a localização e concepção do empreendimento.


Licença de instalação
É o segundo passo no processo de requerimento. Após aprovada e emitida a LP, o requerente deverá apresentar

ao órgão ambiental todos os estudos solicitados referentes ao planejamento, execução e projeto civil que a obra

ou atividade requeira. Emitida a LI, então o empreendedor poderá iniciar as obras de instalação.
Licença de operação
É a última licença a ser emitida antes de iniciar o funcionamento da atividade. Para que seja protocolado seu

pedido o empreendimento já deve ter passado pela LP e LI, e ainda ter concluído as obras de instalação

necessárias à operação do empreendimento. A licença de operação irá permitir o funcionamento da atividade,

nessa fase serão definidos os planos de controle/monitoramento ambiental, regularidade de monitoramento e

validade da licença. Somente depois de aprovadas as três licenças é que o empreendedor pode iniciar as

atividades produtivas. Em algumas situações, no entanto, as licenças emitidas podem ser revogadas caso sejam

constatadas irregularidades por parte do empreendedor. E, ao final da validade da licença de operação, o

empreendedor novamente deverá dar entrada no órgão ambiental com um pedido de renovação de licença.
Renovação de licença de operação (RLO)
É o momento em que o órgão ambiental irá reavaliar as condicionantes do processo, verificar os monitoramento e

relatório emitidos no período da vigência da LO, e se estiverem de acordo ira expedir uma RLO, permitindo mais

uma vez a operação, com uma nova validade.

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Fique de olho
Além das licenças tradicionais ainda existem outros tipos, que variam de acordo com o porte,
potencial poluir, caráter temporário ou que visam regularizar obras já em funcionamento (que,
por desconhecimento do proprietário, não passaram pelo processo tradicional de
licenciamento ambiental. As principais são:
- Licença de regularização de operação: visa regularizar empreendimentos que estavam
operando sem licença ambiental.
- Autorização ambiental: é emitida para empreendimentos de caráter temporário e curto
espaço de tempo, sem necessidade de instalação permanente.
- Licença ambiental simplificada: é emitida para obras de pequeno porte e com baixo
potencial poluidor.

O procedimento de licenciamento ambiental é uma estratégia fundamental para garantir o desenvolvimento

sustentável e a soberania ambiental nacional, de forma a compatibilizar as atividades com as áreas e os anseios

da população. Isso promove um desenvolvimento capaz de controlar as agressões ao meio ambiente e promover

a responsabilização necessária dos entes envolvidos.

é isso Aí!
Nesta unidade, você teve a oportunidade de:
• conhecer a dinâmica ambiental, e compreender que ela deve ser considerada ao avaliar um evento de
poluição;
• refletir sobre os impactos que ocorrem no solo, na água e no ar em decorrência das atividades humanas
e conhecer os seus meios de controle;
• entender melhor a importância do monitoramento ambiental como forma de identificar os eventos de
poluição que ocorrem em um sistema ambiental;
• conhecer o estudo da avaliação de impacto ambiental;
• conhecer de forma detalhada o procedimento administrativo de licenciamento ambiental.

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Referências
AGÊNCIA NACIONAL DE ÁGUAS (ANA). Conjuntura dos recursos hídricos no Brasil 2019: informe anual.

Brasília: ANA, 2019. Disponível em: <http://conjuntura.ana.gov.br/static/media/conjuntura-completo.bb39ac07.

pdf>. Acesso em: 23 dez. 2019.

BRASIL. Constituição da República Federativa do Brasil. Brasília, 1988. Disponível em: <http://www.planalto.

gov.br/ccivil_03/constituicao/constituicao.htm>. Acesso em: 23 dez. 2019.

_____. Decreto nº 99.274, de 6 de junho de 1990. Regulamenta a Lei nº 6.902, de 27 de abril de 1981, e a Lei nº

6.938, de 31 de agosto de 1981, que dispõem, respectivamente sobre a criação de Estações Ecológicas e Áreas de

Proteção Ambiental e sobre a Política Nacional do Meio Ambiente, e dá outras providências. Diário Oficial da

União, Brasília, DF, 07/06/1990. Disponível em: <http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/decreto/Antigos

/D99274.htm>. Acesso em: 23 dez. 2019.

_____. Lei nº 6.938, de 31 de agosto de 1981. Dispõe sobre a Política Nacional do Meio Ambiente, seus fins e

mecanismos de formulação e aplicação, e dá outras providências. Disponível em: <http://www.planalto.gov.br

/ccivil_03/LEIS/L6938.htm>. Acesso em: 25 fev. 2020.

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altera o art. 1º da Lei nº 8.001, de 13 de março de 1990, que modificou a Lei nº 7.990, de 28 de dezembro de

1989. Disponível em: <http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/LEIS/L9433.htm>. Acesso em: 25 fev. 2020.

_____. Lei nº 9.605, de 12 de fevereiro de 1998. Dispõe sobre as sanções penais e administrativas derivadas de

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_____. Lei nº 12.305, de 02 de agosto de 2010. Institui a Política Nacional de Resíduos Sólidos; altera a Lei no

9.605, de 12 de fevereiro de 1998; e dá outras providências. Disponível em: <http://www.planalto.gov.br

/ccivil_03/_ato2007-2010/2010/lei/l12305.htm>. Acesso em: 25 fev. 2020.

_____. MINISTÉRIO DA SAÚDE. Portaria n. 2.914, de 12 de dezembro de 2011. Dispõe sobre os procedimentos de

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em: <http://bvsms.saude.gov.br/bvs/saudelegis/gm/2011/prt2914_12_12_2011.html>. Acesso em: 22 de fev.

de 2020.

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_____MINISTÉRIO DO MEIO AMBIENTE. Resolução n. 430, de 13 de maio de 2011. Dispõe sobre as condições e

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Disponível em: <http://www2.mma.gov.br/port/conama/legiabre.cfm?codlegi=646>. Acesso em: 22 de fev. de

2020.

CONSELHO NACIONAL DO MEIO AMBIENTE (CONAMA). Resolução nº 237, de 19 de dezembro de 1997.

Estabelece o Sistema de Licenciamento Ambiental. Disponível em: <http://www2.mma.gov.br/port/conama/res

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áreas contaminadas por essas substâncias em decorrência de atividades antrópicas. Disponível em: <

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_____. Resolução nº 491, de 19 de novembro de 2018. Dispõe sobre padrões de qualidade do ar. Disponível em: <

http://www2.mma.gov.br/port/conama/legiabre.cfm?codlegi=740>. Acesso em: 22 de fev. de 2020.

_____. Resolução nº 357, de 17 de março de 2005. Dispõe sobre a classificação dos corpos de água e diretrizes

ambientais para o seu enquadramento, bem como estabelece as condições e padrões de lançamento de efluentes,

e dá outras providências. Disponível em: <http://www2.mma.gov.br/port/conama/legiabre.cfm?codlegi=459>.

Acesso em: 22 de fev. de 2020.

_____. Resolução nº 1, de 23 de janeiro de 1986. Estabelecerem as definições, as responsabilidades, os critérios

básicos e as diretrizes gerais para uso e implementação da Avaliação de Impacto Ambiental como um dos

instrumentos da Política Nacional do Meio Ambiente. Brasília, DF: MMA, CONAMA, 01 jan. 1986. Disponível em: <

http://www2.mma.gov.br/port/conama/res/res86/res0186.html>. Acesso em: 22 fev. 2020.

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