TribuTacao de Operacoes SocieTarias
TribuTacao de Operacoes SocieTarias
TribuTacao de Operacoes SocieTarias
de Operações
Societárias
AUTORA: MELINA ROCHA LUKIC
GRADUAÇÃO
2015.1
Sumário
Tributação de Operações Societárias
Caso Gerador
I — as firmas individuais
II — as pessoas físicas que, em nome individual, explorem, habitual e
profissionalmente, qualquer atividade econômica de natureza civil
ou comercial, com o fim especulativo de lucro, mediante venda a
terceiros de bens ou serviços
III — as pessoas físicas que promoverem a incorporação de prédios em
condomínio ou loteamento de terrenos
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o art. 129 da Lei nº. 11.196, de 2005, a fatos geradores pretéritos, uma
vez que dito dispositivo legal não possui natureza interpretativa, mas
sim instituiu um novo regime de tributação.
RECLASSIFICAÇÃO DE RECEITA TRIBUTADA NA PES-
SOA JURÍDICA PARA RENDIMENTOS DE PESSOA FÍSICA —
COMPENSAÇÃO DE TRIBUTOS PAGOS NA PESSOA JURÍ—
DICA — Devem ser compensados na apuração de crédito tributário
os valores arrecadados sob o código de tributos exigidos da pessoa ju-
rídica, cuja receita foi desclassificada e convertida em rendimentos de
pessoa física, base de cálculo do lançamento de ofício.
MULTA DE LANÇAMENTO DE OFÍCIO — CARÁTER CON-
FISCATÓRIO — INOCORRÊNCIA — A falta ou insuficiência de
recolhimento do imposto dá causa a lançamento de ofício, para exigi-lo
com acréscimos e penalidades legais. Desta forma, é perfeitamente váli-
da a aplicação da penalidade prevista no art. 44, I, da Lei nº. 9.430, de
1996, sendo inaplicável às penalidades pecuniárias de caráter punitivo
o princípio de vedação ao confisco. Preliminar rejeitada. Recurso par-
cialmente provido. Por unanimidade de votos, REJEITAR a preliminar
argüida pelo Recorrente e, no mérito, DAR provimento PARCIAL ao
recurso para admitir a compensação dos tributos pagos na Pessoa Ju-
rídica, cuja receita foi desclassificada e convertida em rendimentos de
Pessoa Física. Maria Helena Cotta Cardozo — Presidente. (Publicado no
DOU em: 06.09.2007. Relator: Nelson Mallmann. Recorrente: Carlos
Roberto Massa. Recorrida: 4ª Turma/DRJ-Curitiba/PR. 1º Conselho de
Contribuintes / 4a. Câmara / ACÓRDÃO 104-21.583 em 24.05.2006)
Entretanto, o argumento foi rejeitado eis que o período autuado foi ante-
rior à legislação, entendida pelo Conselho não como uma norma interpreta-
tiva, mas como um novo regime tributário. O acórdão mais recente sobre o
assunto, cuja ementa encontra-se abaixo, também trata a norma como sendo
um novo regime tributário e exclui seu caráter interpretativo:
2. Questões
3. Referências/Leituras Complementares
Caso Gerador
O art. 13 da Lei das S/A (Lei n. 6.404/76) prevê que “é vedada a emissão de
ações por preço inferior ao seu valor nominal”. O § 2º do mesmo artigo dispõe
que “A contribuição do subscritor que ultrapassar o valor nominal constituirá
reserva de capital”. A alínea “a” do § 1º do artigo 182, dispõe que serão clas-
sificadas como reservas de capital as contas que registrarem a contribuição
do subscritor de ações que ultrapassar o valor nominal e a parte do preço de
emissão das ações sem valor nominal que ultrapassar a importância destinada
à formação do capital social.
Diante destes dispositivos, no caso de subscrição de ações acima do seu
valor nominal, a diferença deverá ser classificada como reserva de capital na
contabilidade da investida. Com relação à tributação destes valores, o art. 38
do Decreto-Lei n. 1.598/77 estabelece que a reserva de ágio não é tributada
pelo IRPJ e pela CSLL:
Operação Casa-e-Separa
Decisão do CARF
2. Questões
3. Referências/Leituras Complementares
Caso Gerador
Caso 1 — Kitchens
Caso 2 — Kiwi-Boats
III — de cujo capital participe pessoa física que seja inscrita como
empresário ou seja sócia de outra empresa que receba tratamento ju-
rídico diferenciado nos termos desta Lei Complementar, desde que a
receita bruta global ultrapasse o limite de que trata o inciso II do caput
deste artigo;
IV — cujo titular ou sócio participe com mais de 10% (dez por
cento) do capital de outra empresa não beneficiada por esta Lei Com-
plementar, desde que a receita bruta global ultrapasse o limite de que
trata o inciso II do caput deste artigo;
V — cujo sócio ou titular seja administrador ou equiparado de ou-
tra pessoa jurídica com fins lucrativos, desde que a receita bruta global
ultrapasse o limite de que trata o inciso II do caput deste artigo;
VI — constituída sob a forma de cooperativas, salvo as de consumo;
VII — que participe do capital de outra pessoa jurídica;
VIII — que exerça atividade de banco comercial, de investimentos
e de desenvolvimento, de caixa econômica, de sociedade de crédito,
financiamento e investimento ou de crédito imobiliário, de corretora
ou de distribuidora de títulos, valores mobiliários e câmbio, de empresa
de arrendamento mercantil, de seguros privados e de capitalização ou
de previdência complementar;
Cálculo:
Receita Bruta X % atividade = Lucro sobre a Receita Bruta
(+) Ganhos de capitais, Rendimentos e ganhos líquidos auferidos
em aplicações financeiras e todos os resultados positivos de-
correntes de atividades assessórias da PJ;
(+) Demais receitas, rendimentos e resultados positivos auferidos
no trimestre, inclusive juros sobre o capital próprio.
(=) Lucro Presumido X 15% = IR devido
Adicional de 10% se BC exceder a R$60.000,00
— Serviços em geral
— Intermediação de negócios
32%
— Administração, locação ou cessão de bens imóveis, móveis
e direitos — Construção Civil — mão de obra
1) Apuração trimestral
2) Apuração anual
Adições
As adições efetuadas no Lucro Líquido têm por objetivo evitar que seja
computada na base de cálculo do IR despesa que tenha afetado o lucro líqui-
do, mas que a legislação do IR considera indedutível. Para fins de apuração
do IRPJ, algumas despesas são consideradas indedutíveis — devem ser, por
isso, adicionadas ao lucro líquido (tendo em vista que para a sua apuração
foram consideradas despesas e, portanto, diminuídas) para a apuração do
lucro real.
O art. 299 do RIR/99 considera despesas dedutíveis aquelas: i) necessárias
à atividade da empresa e à manutenção da respectiva fonte produtora, ii)
pagas ou incorridas para a realização das transações ou operações exigidas
pela atividade da empresa e iii) usuais ou normais no tipo de transações, ope-
rações ou atividades da empresa. Estas despesas devem ser comprovadas por
meio de documentação idônea.
Exclusões
Compensações — Prejuízos da PJ
contábeis trazidas pela Lei 11.638/07, ii) proceder aos ajustes específicos no
lucro líquido do período no Livro de Apuração do Lucro Real (“LALUR”),
de forma a reverter o efeito da utilização de métodos e critérios contábeis
diferentes daqueles vigentes em 31.12.07; e (iii) realizar os demais ajustes,
no Livro de Apuração do Lucro Real, de adição, exclusão e compensação,
prescritos ou autorizados pela legislação tributária, para apuração da base de
cálculo do imposto.
A Lei nº 12.973, de 13 maio de 2014, pôs fim ao RTT, adaptou e de-
finiu os impactos tributários das mudanças contábeis trazidas pela Lei nº
11.638/07. Importante ressaltar que o art. 58 da Lei nº 12.973/14 prevê que
“a modificação ou a adoção de métodos e critérios contábeis, por meio de atos ad-
ministrativos emitidos com base em competência atribuída em lei comercial, que
sejam posteriores à publicação desta Lei, não terá implicação na apuração dos tri-
butos federais até que lei tributária regule a matéria”. Assim, caso haja a edição
de novos pronunciamentos pelo comitê de pronunciamento contábil, estes só
terão validade para fins tributários após a regulação da matéria por meio de
lei. A Lei nº 12.973 entra em vigor em 1º de janeiro de 2015 (exceto os arts.
3º, 72 a 75 e 93 a 119, que entram em vigor na data de sua publicação), mas
as pessoas jurídicas poderão optar pela aplicação das disposições contidas nos
arts. 76 a 92 da Lei já para o ano-calendário de 2014.
2. Questões
1º ano Jan Fev Mar Abr Maio Jun Jul Ago Set Out Nov Dez
Faturamento 10 50 40 30 50 40 10 30 40 60 70 10
Deduções 100 100 80 80 70 70 120 100 60 100 120 60
2º ano Jan Fev Mar Abr Maio Jun Jul Ago Set Out Nov Dez
Faturamento 80 80 140 90 100 90 120 100 90 110 90 100
Deduções 30 30 30 30 30 30 30 30 30 30 30 30
2) O hotel “Praia Brava Resort S/A”, tem seu faturamento e despesas de-
dutíveis (em milhares de reais) distribuídos ao longo do ano de acordo com
a tabela abaixo. Seus sócios também têm participação relevante em uma in-
dústria de equipamentos de surf com faturamento anual de R$10 milhões.
Mês Jan Fev Mar Abr Maio Jun Jul Ago Set Out Nov Dez
Faturamento 200 300 150 30 20 10 10 10 30 60 150 200
Despesas 70 70 50 40 30 30 30 30 30 30 70 70
3. Referências/Leituras Complementares
PAULSEN, Leandro. MELO, José Eduardo Soares de. Impostos Federais, Es-
taduais e Municipais. Porto Alegre: Livraria do Advogado, 6ª edição, 2011
Caso Gerador
Por fim, cabe ressaltar que o art. 13 da Lei 9.249/95, traz regra específica
acerca da indedutibilidade de aluguel de bens e alimentação de sócios, acio-
nistas e administradores:
(...)
IV — das despesas com alimentação de sócios, acionistas e admi-
nistradores;
c) Stock options
alienar esse bem por valor inferior, igual ou superior ao de sua respectiva
aquisição, de acordo com o parâmetro contratual estabelecido. A intenção do
beneficiário de um plano de stock options é auferir, ao final dessa operação, a
melhor relação entre preço de aquisição e o de venda, com a verificação de
um ganho.
Segundo a Lei das S/A (168, §3º da LSA/7612) para a adoção das chama-
das stock options é necessária a observância de 5 requisitos: (i) emissão por so-
ciedades por ações, abertas ou fechadas; (ii) previsão expressa em seu estatuto,
pois não basta a previsão legal; (iii) observância dos montantes delimitados
no capital autorizado; (iv) conforme plano de ações aprovado pela Assem-
bléia Geral (AG); (v) tendo como beneficiário empregados, administradores
ou outras pessoas naturais que prestem serviços à sociedade por ações ou à
sociedade sob seu controle. A deliberação nº 371/2000 da CVM estabele-
ceu um sexto requisito, condicionando a emissão de stock options à prévia
divulgação da natureza e condições dos planos de remuneração em ações, da
política contábil adotada, da quantidade e do valor pelos quais as ações foram
emitidas.
Os rendimentos de stock options devem ser tributados como um ganho
de capital decorrente de uma operação financeira de renda variável. A tribu-
tação incide sobre o adquirente da seguinte forma: (i) não há obrigação tri-
butária principal para o prestador do serviço na aquisição; (ii) na alienação o
beneficiário efetua o pagamento apenas do percentual de 15% calculado pelo
ganho de capital (valor da venda — custo da compra), ao passo que se fosse
remuneração incidiria a alíquota progressiva de até 27,5%. Mas se a ação for
concedida sem custo aos beneficiários não se enquadram como stock options.
A partir de 16 de junho de 2005, na forma do art. 3º, I, da Lei Nº 11.033,
de 2004 tenha isentado do imposto de renda o ganho de capital auferido na
alienação de bens e direitos de pequeno valor, cujo preço unitário de alie-
nação, no mês em que esta se realizar, seja igual ou inferior a R$ 20.000,00
(vinte mil reais), no caso de alienação de ações negociadas no mercado de
balcãoe b) R$ 35.000,00 (trinta e cinco mil reais), nos demais casos13. Ocorre
que, conforme decisão abaixo, tal isenção não englobaria as stock options:
2. Questões
3. Referências/Leituras Complementares
Caso Gerador
bém pagas com ágio baseado em rentabilidade futura. Assim, a empresa “F”
detinha ágio tanto da alienação da participação societária quanto da subscri-
ção de ações. A estrutura, após estes atos societários, passou a ser a seguinte:
Questionamentos do Fisco
ações do BANESPA. Além disso, o Sr. Aurélio Vello Valejo transferiu a sua única
quota da Santander Holding para o Santander Brasil S/A, pelo valor de R$1,00.
Em 30/05/2001, a Santander Hispano transferiu as quotas de sua proprieda-
de, representadas pelas ações do BANESPA, no valor de R$9.574.900.000,00
para a Meridional Holding. Em 29/06/2001, a Santander S/A incorporou a
Meridional Holding assumindo as quotas de R$9.574.900.000,00 do BA-
NESPA. A Santander Brasil S/A transferiu as suas 1.000 quotas ao Santander
S/A, que passou a ser detentor da totalidade das quotas da Santander Holding.
Em 12/07/2001, o BANESPA incorporou sua controladora, a Santander
Holding, e deu início à amortização do ágio advindo das operações. A Fiscali-
zação não considerou que todo o ágio pago pelo Santander Hispano na com-
pra do BANESPA fosse por rentabilidade futura. Segundo a Receita Federal,
para fins de apuração do ágio, foram desconsiderados elementos como fundo
de comércio, clientela, capilaridade, nome e marca, que também fundamen-
tariam o ágio juntamente com a rentabilidade futura.
As operações, segundo o fisco, tinham o objetivo de “internalizar” o ágio
pago pelo banco espanhol. Ou seja, a constituição da Santander Holding teve
como único objetivo internalizar e transferir o ágio, tratando-se, portanto,
de uma “empresa veículo”. Do mesmo modo, a incorporação do Santander
Holding pelo BANESPA teve o único objetivo de amortizar o ágio.
Outro argumento trazido pelo fisco é o fato do ágio pago por sociedade es-
trangeira ter que ser contabilizado na sociedade estrangeira e não na brasileira.
Assim, a sua amortização, caso possível, deve ser feita segundo as leis espanholas.
A defesa do contribuinte neste caso foi de que a estrutura utilizada era a
mais adequada para que:
(i) se mantivesse o sigilo do lance no leilão, tendo em vista que o Santan-
der Hispano não teria como internalizar os recursos sem que demais partici-
pantes ficassem sabendo da proposta
(ii) fosse possível a amortização fiscal do ágio já que não havia a viabilida-
de de utilização de outra sociedade do grupo Santander no Brasil;
(iii) fosse dado um tratamento isonômico e neutro à operação
Ao final os conselheiros do CARF estabeleceram que as premissas básicas
para amortização de ágio, com fulcro nos art. 7°., inciso III, e 8°. da Lei 9.532 de
1997, são: i) o efetivo pagamento do custo total de aquisição, inclusive o ágio;
ii) a realização das operações originais entre partes não ligadas;
iii) seja demonstrada a lisura na avaliação da empresa adquirida, bem
como a expectativa de rentabilidade futura.
Assim, segundo estes critério, “não há espaço para a dedutibilidade do cha-
mado “ágio de si mesmo”, cuja amortização é vedada para fins fiscais, sendo que
no caso em questão essa prática não ocorreu”. O CARF não considerou, portan-
to, que tenha havido a prática do ágio em si mesmo e julgou a operação como
um planejamento tributário legítimo:
2. Questões
3. Referências/Leituras Complementares
FARIA, Renato Vilela. Caso RBS: Análise da Operação “Casa e Separa”. In:
In: CASTRO, Leonardo Freitas de Moraes (org.). Planejamento Tributário:
Análise de Casos. São Paulo, MP Editora, 2010, p. 63-90.
FICHA TÉCNICA