ALFABETIZAÇÃO E LETRAMENTO ENSINO Na Educação Infantil
ALFABETIZAÇÃO E LETRAMENTO ENSINO Na Educação Infantil
ALFABETIZAÇÃO E LETRAMENTO ENSINO Na Educação Infantil
APERFEIÇOAMENTO EM
ALFABETIZAÇÃO E LETRAMENTO NA
EDUCAÇÃO INFANTIL
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1
BEM-VINDO AO CURSO!
Capacitação e Aperfeiçoamento em Alfabetização
e Letramento na Educação Infantil
2
Sumário
Capacitação e Aperfeiçoamento em Alfabetização e Letramento na
Educação Infantil............................................................................................. 2
DICAS IMPORTANTES PARA O BOM APROVEITAMENTO ............. 2
3
MÓDULO V – O ENSINO DA LEITURA E DA ESCRITA NA
EDUCAÇÃO INFANTIL ............................................................................ 47
12. PRÁTICAS PEDAGÓGICAS NA EDUCAÇÃO INFANTIL: O
LUGAR DA LEITURA ................................................................................. 48
MÓDULO VI – A PRÁTICA DA ALFABETIZAÇÃO EM SALA DE
AULA .............................................................................................................. 63
13. AS PRÁTICAS DE LEITURA E DE ESCRITA NA EDUCAÇÃO
INFANTIL: TEMPO E ESPAÇO PARA INTERAGIR, BRINCAR E
APRENDER ................................................................................................... 63
4
MÓDULO I – A ORIGEM DA ESCRITA
Introdução
Esses laços foram atados de tal forma na evolução humana, que até pode-
se tecer uma analogia entre a história da humanidade e a aprendizagem da
escrita de um indivíduo, pois do Paleolítico ao contemporâneo o homem
mantém uma relação com as inscrições de forma semelhante à aprendizagem
1
Módulo I – reprodução total - A escrita na História da humanidade. Eduardo de Castro Gomes.
Mestre em Educação pela Universidade Federal do Amazonas. Trabalha com pesquisa e ensino no Centro
de Educação a Distância da Ufam. Professor de Jornalismo do Centro Universitário do Norte (Uninorte).
Disponível em:
http://dialogica.ufam.edu.br/PDF/no3/Eduardo_Aspectos_da_escrita_na_Historia_da_humanidade.pdf
5
da escrita na infância. Explicando: assim como a criança mantém seus primeiros
contatos com os impressos rabiscando, desenhando e reconhecendo figuras, a
raça humana em sua fase “criança” (o homem das cavernas) começou a registrar
sua história através de desenhos-rabiscos. E um e outro iniciam sua
comunicação verbal com sons não identificáveis facilmente.
A escrita faz de tal modo parte da nossa civilização que poderia servir
de definição dela própria. A história da humanidade se divide em duas imensas
eras: antes e a partir da escrita. (...) Vivemos os séculos da civilização da escrita.
Todas as nossas sociedades baseiam-se sobre o escrito. A lei escrita substitui a
lei oral, o contrato escrito substituiu a convenção verbal, a religião escrita se
seguiu à tradição lendária. E, sobretudo não existe história que não se funde
sobre textos (HIGOUNET, 2003).
Vários começos
XV. Isso demonstra que por mais de cinco mil anos, a escrita manteve-
se na vanguarda como um dos marcos iniciais da História. Segundo Fábio Costa
Pedro e Olga M. A. Fonseca Coulon (1989), o fim da Pré-História ocorreu
primeiramente no Oriente Próximo, com o surgimento da escrita ligado à
evolução das primeiras civilizações urbanas, na região entre os rios Tigres e
Eufrates, na Mesopotâmia, cerca de 40 séculos antes da Era Cristã.
8
Na realidade esta, como muitas “invenções” do gênio humano, pode ser
considerada como aprimoramento de algo que já era anteriormente conhecido.
Infelizmente não conhecemos o nome de nenhum dos autores das reformas mais
importantes na história da escrita. Seus nomes, como o de tantos outros grandes
homens, responsáveis por melhorias essenciais da vida humana (como por
exemplo o uso prático da roda, do arco e flecha, da embarcação a vela)
perderam-se para sempre no anonimato da Antiguidade. (BARBOSA, 1991, p.
34).
9
tidos como os responsáveis pelos primeiros registros escritos, ante a
necessidade de controle administrativo, de registros contábeis e de se saber com
exatidão onde se situavam os distantes pontos de abastecimento e quais as rotas
a seguir para os alcançar. Consequentemente, se tornou imprescindível o
desenvolvimento de sistemas de pesos e medidas, só possíveis com recurso à
matemática, – que implica também alguma forma de notação gráfica –, e de
mapas e cartas.
10
Além de registrar graficamente os movimentos agro comerciais daquelas
civilizações, os símbolos impressos tiveram suas aplicações em outras esferas
das atividades do homem, onde diversos conhecimentos começaram a ser
desenvolvidos, como a Astronomia, o Direito, a Poesia etc., muitos dos quais
puderam ter condição de deixar seus locais originais graças às inscrições, e
posteriormente puderam ser reproduzidas com o auxílio de outras técnicas,
transcorrendo tempo e espaço e permanecendo através da cronologia:
11
astros e calendários mesopotâmicos escritos entre 650 e 50 antes da nossa Era,
chegaram até os dias atuais conservados em tábuas de argila. Consistem em
diários sobre astronomia e constituem umas das primeiras observações de
especialistas: escribas-astrônomos profissionais, que usavam um conjunto de
30 estrelas como referências para posições celestes. Seus diários detalhavam as
localizações da lua e planetas com relação às estrelas.
12
Os egípcios possivelmente foram responsáveis por introduzir a primeira
redefinição no suporte e formas da escrita em relação ao processo cuneiforme.
Diferentemente dos sumérios que cunhavam suas inscrições de formas
triangulares em tábuas de argila, os egípcios usavam a forma material do livro,
com o uso do papiro em forma de rolo, o emprego da tinta e a utilização das
ilustrações como complemento explicativo do texto. Eles possuíam duas formas
de escrita: os hieróglifos (figuras entalhadas sagradas), e a escrita hierática, de
uso mais fácil e mais corrente, que permitia fazer anotações rápidas. Os
hieróglifos eram sinais sagrados gravados (do grego hieros, “sagrado”, e
glypheinI, “gravar”) que os egípcios consideravam ser a fala dos deuses (...)
essa era uma escrita de palavras (HIGOUNET, 2003, p. 37).
13
ter ficado limitado à língua e regiões egípcias, a decifração da Pedra de Roseta
marca uma das maiores contribuições do Egito à História, pois tornou possível
a decodificação de outras inscrições antigas.
14
outros sistemas de escrita. Era dividido em dois subgrupos: o fenício, que
derivou o alfabeto grego; e o aramaico, derivando o alfabeto hebreu e o árabe.
As vogais não eram totalmente representadas em alguns desses alfabetos6. Este
sistema de escrita incide decisivamente na história das grandes religiões.
Traduzindo os textos sagrados de seus derivados aramaico e hebreu,
transcreveu alguns textos dos livros do Antigo Testamento.
Com 22 sinais, esse alfabeto foi utilizado por volta do final do século 12
antes de Cristo. Consistia-se em sinais com precisão de formas, que dispostos
ordenadamente em determinada combinação representavam graficamente, cada
um, o respectivo som dos fonemas de uma linguagem oral. Por essas qualidades,
15
muitos historiadores consideram que este alfabeto, composto de vinte e duas
consoantes, chegou próximo da perfeição:
17
procurou expressar quando falou: “pela extensão da tua sabedoria”? Talvez sim,
talvez não, mas não deixa de ser uma forma de interpretá-la. Você teria outras?”
(p. 123).
A realidade, para ser vista em sua maravilhosa nudez, só pode ser vista
– pasmem! – com o auxílio de palavras. As palavras são os olhos da ciência.
“Teorias” e “hipóteses”: esses são os nomes que esses olhos comumente
recebem [...] A ciência, assim, pode ser descrita como um strip-tease da
realidade por meio de palavras. E o que é que a gente vê, ao final do strip- tease?
A gente vê uma linguagem... Quem percebeu isso em primeiro lugar foram os
filósofos gregos... (ALVES, 1999, p.101).
19
esse alfabeto não era completamente autóctone da Itália, constituiu-se de
algumas formas gregas e do alfabeto etrusco11, que, segundo Higounet (2003,
p. 105), também tinha em sua escrita vestígios de origem Grega.
Olavo Bilac
21
colaborar na construção das línguas de cada região, acabou por constituir
geograficamente o atual Portugal e Espanha. A independência de Portugal, em
1185, também significou a independência dos idiomas galego e português.
23
Houaiss (enciclopédico; Antônio Houaiss trabalha em outro dicionário, muito
mais amplo) entre outros.
2
Módulo II – reprodução total: LEITURA E ESCRITA: processos que
permeiam a História ensinada. Amanda Sangy Quiossa. 1 Licenciada e Bacharel em História
pela Universidade Federal de Juiz de Fora. Disponível em:
http://www.ufjf.br/virtu/files/2011/09/LEITURA-E-ESCRITA-PROCESSOS-QUE-PERMEIAM-A-
HIST%C3%93RIA-ENSINADA.pdf
24
1. CONCEITUAÇÃO E DISTINÇÕES
26
contemporânea. O indivíduo letrado consegue entender uma charge, uma piada,
um anúncio de jornal, enfim, consegue se relacionar nos mais diferenciados
contextos sociais, interagindo com discursos escritos e orais que estão postos
no mundo, à nossa volta.
2. LETRAMENTO E HISTÓRIA
28
Para chegarmos a uma discussão sobre o letramento na sala de aula,
vamos passar por uma teorização sobre os processos de leitura e escrita como
mediadores da relação do indivíduo com o mundo.
30
situar no mundo em épocas históricas e em contextos diferentes, identificando
elementos relativos aos diferentes tempos históricos. Desta forma serão
desenvolvidas operações com as categorias espaço temporais centrais, assim
como a capacidade de enumerar e observar.
E como no diz Keith Jenkins ela se configura em um, entre uma série de
discursos a respeito do mundo14 e, não, um discurso de verdade absoluta. A
História é uma abordagem do passado, uma maneira de apreendê-lo. Assim
como a memória, ela faz seleções, com a diferença de se apoiar sobre fontes e
documentos.
O letramento muitas vezes é tido como algo a ser tratado pela disciplina
de Língua portuguesa, porém, levando-se em consideração que cada área de
conhecimento possui conceitos específicos, acredito que este processo deve se
dar por área do conhecimento. São muitas as especificidades de conceitos e
31
métodos de cada ciência, para que sejam responsabilidade somente do professor
de português.
Sendo assim devemos perceber a História dada na sala de aula como algo
que vai além da transmissão do conteúdo histórico e, que, precisa atingir o aluno
buscando constituir um pensamento historicizante, crítico em relação ao
conteúdo histórico e ao processo de construção deste conhecimento.
32
Seffner coloca a possibilidade de haver nas salas de aula alunos que estão
alfabetizados, mas que não integram o recurso da leitura e da escrita à sua
maneira de ser e de estar no mundo, de pensar e de agir. Como consequência
muitos alunos alfabetizados podem ter dificuldades de aprender na escola, ler
mecanicamente e não interagir com o que está sendo lido.
4. EDUCAÇÃO INFANTIL
3
Módulo III – reprodução total - Educação infantil. Disponível em:
https://pt.wikipedia.org/wiki/Educa%C3%A7%C3%A3o_infantil
33
A educação infantil é ministrada em estabelecimentos educativos
divididos nas modalidades creches e pré-escolas. A educação infantil é
obrigatória a partir dos quatro anos, sendo um direito da criança que o Estado é
obrigado a disponibilizar o espaço e os educadores de forma pública. Existem,
também, diversas instituições privadas que oferecem o serviço de educação
infantil no Brasil.[2]
6.1 LEGISLAÇÃO
36
implantada pelos Municípios, Estados e Distrito Federal, fazendo com que a
pré-escola, assim, atenda a crianças de 4 e 5 anos de idade.
Esta lei foi alterada pela lei número 12.796 que altera a lei que estabelece
as diretrizes e bases da educação nacional. Como novidade, o texto muda o
artigo 6.º tornando "dever dos pais ou responsáveis efetuar a matrícula das
crianças na educação básica a partir dos 4 anos de idade".
37
MÓDULO IV – DA ALFABETIZAÇÃO AO LETRAMENTO
4
Tópico 7 – fonte: https://www.diferenca.com/alfabetizacao-e-letramento/
38
Então, uma das principais diferenças está na qualidade do domínio sobre
a leitura e a escrita. Enquanto o sujeito alfabetizado sabe codificar e decodificar
o sistema de escrita, o sujeito letrado vai além, sendo capaz de dominar a língua
no seu cotidiano, nos mais distintos contextos.
39
De acordo com Magda Soares, a diferença está no domínio que o sujeito
tem sobre a leitura e escrita. O sujeito alfabetizado sabe ler e escrever, porém
pode estar pouco habituado a usar essas habilidades no seu cotidiano. Já o
indivíduo letrado possui domínio da leitura e da escrita nas mais diversas
situações e práticas sociais.
5
Tópico 8 – fonte: https://www.diferenca.com/alfabetizacao-e-letramento/
6
Tópico 9 – fonte: https://www.diferenca.com/alfabetizacao-e-letramento/
40
10. ALFABETIZAR LETRANDO 7
7
Reprodução tópico 10 – fonte -
http://www.planetaeducacao.com.br/portal/artigo.asp?artigo=1084
41
auxiliar os alunos a prestar atenção/analisar/refletir sobre os pedaços sonoros e
escritos das palavras.
Isso, é claro, não seria, de forma alguma, usar métodos fônicos ou treinar
a “produção de fonemas” num mundo sem textos e sem práticas de leitura.
A partir de 1983, através de Emilia Ferreiro e Ana Teberosky, o professor
começou a repensar a sua prática cotidiana em sala de aula. Nos dias de hoje,
sabemos que um indivíduo plenamente alfabetizado é “aquele capaz de atuar
com êxito nas mais diversas situações de uso da língua escrita.
Dessa forma, não basta apenas ter o domínio do código alfabético, isto é,
saber codificar e decodificar um texto: é necessário conhecer a diversidade de
textos que percorrem a sociedade, suas funções e as ações necessárias para
interpretá-los e produzi-los.”
O processo de alfabetização ocorre durante toda a escolaridade e tem
início antes mesmo da criança ingressar na escola. Implica em tomar como
ponto de partida, o texto, pois este é revestido de função social e não mais as
palavras ou sílabas sem sentido.
42
A linguagem escrita é definida como as formas de discurso, as condições
e situações de uso nas quais a escrita possa ser utilizada (cartas, bilhetes,
notícias, relatos científicos, etc.)
Inicialmente, o professor precisa tomar por base o texto e não mais as
palavras-chaves. O texto deve ser o elemento fundamental para inserir a criança
no universo letrado’.
Além da escrita espontânea, pode ser considerado também o trabalho
com modelos, que possibilitam ‘as crianças comparem suas hipóteses com o
convencional.
Através de listas de palavras de um mesmo campo da semântica
(brinquedos, jogos prediletos, comidas preferidas, personagens de livros e gibis,
nomes dos alunos da classe, frutas, etc.) das parlendas e de outros textos, as
crianças, hoje, podem ampliar suas concepções e progredir na aquisição da base
alfabética, como na compreensão de outros aspectos (a grafia correta das
palavras, o uso de sinais gráficos, etc.).
Simultaneamente, os diversos tipos de texto necessitam aparecer como
objeto de análise, propiciando aos alunos diferenciá-los, conhecer melhor suas
funções e características particulares. Para que isso ocorra, é essencial que
saibam interpretá-los e escrevê-los.
A expressão pessoal (bilhetes, cartas, diários, receitas culinárias, etc.)
deve fazer parte do trabalho do professor, no entanto, esta deve vir
acompanhada pela escrita de outros textos, inclusive com o apoio de modelos.
Cabe à escola, desde a Educação Infantil, alimentar a reflexão sobre as
palavras, observando, por exemplo, que há palavras maiores que outras, que
algumas palavras rimam, que determinadas palavras tem “pedaços” iniciais
semelhantes, que aqueles “pedaços” semelhantes se escrevem muitas vezes com
as mesmas letras, etc.
Não se trata de apresentar fonemas para que os alunos memorizem
isoladamente os grafemas que correspondem a eles na nossa língua. Como o
aprendizado do sistema de escrita alfabética é, acima de tudo, conceitual, o que
43
é preciso é que os alunos possam manipular/montar/desmontar palavras:
observando suas propriedades; quantidade e ordem de letras, letras que se
repetem, pedaços de palavras que se repetem, e que tem som idêntico.
O professor deve estimular o desenvolvimento das habilidades dos
alunos de reflexão sobre as relações entre partes faladas e partes escritas, no
interior das palavras.
O uso das palavras estáveis como os nomes próprios e de certos tipos de
letra, como a letra de imprensa ou letra script, tem uma explicação.
Quanto às palavras que se tornam “estáveis”, o fato de o aluno ter
memorizado sua configuração, possibilita-lhe refletir sobre as relações parte-
todo tentando desvendar o mistério daquelas relações; por que a palavra inicia
com determinada letra e continua com aquelas outras naquela ordem? Por que
falamos tantos (pedaços) sílabas e tem mais letras quando escrevemos?
Quanto ao uso das letras de imprensa ou script, o fato de terem um
traçado mais simplificado, e de cada letra aparecer mais separada das demais,
possibilitando ao aluno saber onde começa e termina cada letra, permite ao
aluno investir no trabalho cognitivo, fazer uma reflexão necessária à
reconstrução do objeto de conhecimento, isto é, o sistema alfabético.
O professor deve garantir que as práticas escolares ajudem o aluno a
refletir enquanto aprende e a descobrir os prazeres e ganhos que se pode
experimentar quando a aprendizagem do sistema de escrita é vivenciado como
um meio para, independentemente, exercer a leitura e a escrita dos cidadãos
letrados.
8
Reprodução módulo 11 – Fonte: http://insgmacae.com.br/redefamiliaescola/a-alfabetizacao-na-
educacao-infantil/
44
Alfabetizar não é somente a aquisição do sistema alfabético de escrita.
Quando as crianças brincam com a sonoridade das palavras, reconhecem as
diferenças das letras, manuseiam livros infantis e ouvem histórias estão se
preparando para ler, formular conceitos, ampliar a linguagem e gradativamente
produzir textos.
A alfabetização está presente na vida da criança em todos os ambientes.
Seja em casa, manuseando as letras do teclado do computador, com a linguagem
escrita na escola ou convivendo com adultos alfabetizados. Alfabetizar na pré-
escola é oportunizar atividades lúdicas de descobertas dos sons. É ensiná-los a
perceber como se desenha as letras, a encontrar sons e desenhos de letras iguais
e os espaços que eles ocupam nas palavras. É um jogo perceptivo de construção
gradativa da leitura e escrita. A educação infantil tem uma grande
responsabilidade sobre o desenvolvimento das crianças ao construir
conhecimentos que dão lugar aos novos saberes como a leitura e a escrita.
A criança aprende a ler e a escrever da mesma forma que aprende a falar,
dependendo da influência e motivação do meio ambiente. A prontidão para a
alfabetização vai se desenvolvendo desde o nascimento.
Desde que a criança forma suas primeiras concepções a respeito da
leitura e da grafia, percebe a relação entre a fala e a escrita. Quando reconhece
seu nome, o nome dos seus colegas, algumas palavras de propaganda e imita os
adultos com rabiscos, ela está iniciando o seu processo de leitura.
A criança descobre a escrita através do contato com o material escrito,
jornais, revistas, embalagens, placas indicativas, televisão, computador e,
especialmente, através da escrita do seu nome.
45
trabalhando em conjunto com os seus professores, elas sentem-se mais seguras
e confiantes em relação à escola.
A linguagem escrita é objeto de interesse pelas crianças, elas se
interessam por ela mesmo antes de serem apresentadas por suas professoras, já
que vivemos em uma sociedade de cultura escrita. Mas, o nosso trabalho não é
o ensino mecânico das letras. Por este motivo, a mediação e o estimulo dos
adultos tanto interferem para que as crianças sintam-se desejosas em aprender
sobre tudo que esta ao seu redor.
O professor Luiz Percival Leme de Brito nos ajuda muito nessa reflexão.
Diz ele que, na educação infantil, o nosso desafio é:
(…) construir bases para que as crianças possam participar criticamente
da cultura escrita, conviver com essa organização do discurso escrito e
experimentar de diferentes formas os modos de pensar escrito.
Antecipar o ensino de letras sem trazer o debate da cultura escrita para o
cotidiano é desrespeitar o tempo da infância e sustentar uma educação
tecnicista.
(…)O que se pode dizer é que o trabalho com a língua escrita com
crianças pequenas não pode decididamente ser uma pratica desprovida de
sentido e centrada na decodificação do escrito.
Ainda nas palavras do autor:
O desafio da Educação Infantil não é de ensinar a desenhar e juntar letras,
e sim o de oferecer condições para que as crianças possam se desenvolver como
pessoas plenas e de direito e, dessa maneira poder participar criticamente da
sociedade de cultura escrita.
46
confiança da família com a escola, também é importante. Quando as crianças
veem os pais trabalhando em conjunto com os seus professores, elas sentem-se
mais seguras e confiantes em relação à escola.
47
MÓDULO V – O ENSINO DA LEITURA E DA ESCRITA NA
EDUCAÇÃO INFANTIL 9
9
Reprodução TOTAL módulo V - Melo, Keylla Rejane Almeida; Os usos da leitura e da escrita
na educação infantil / Keylla Rejane Almeida Melo – 2014. 167f. Dissertação (Mestrado em Educação) –
Universidade Federal do Piauí, Teresina, 2014. Orientação: Profa. Dra. Antonia Edna Brito. Disponível em:
http://leg.ufpi.br/subsiteFiles/ppged/arquivos/files/Disserta%20KEYLLA%202014%201.pdf
48
trabalho com tais modalidades da linguagem quanto sobre os usos que,
atualmente, se configuram como adequados na Educação Infantil.
Kramer (1986), por exemplo, concebe a criança como um ser social, pois
pertence a uma classe social determinada, relacionando-se em seu contexto de
origem por meio da linguagem. Entender a criança como ser social é reconhecê-
la como sujeito de direitos, produzida pela cultura, mas também produtora de
cultura. Que não recebe influências do meio de forma passiva, mas, ao
contrário, reelabora essas influências de forma a construir sua identidade
enquanto indivíduo. Portanto, como um ser social, a criança é um ser ativo nas
práticas sociais, à medida em que interage com o meio, utilizando-se de diversas
formas de linguagens, amplia de forma significativa, as suas vivências.
50
processo de aprendizagem, pois, utilizando-se de múltiplas linguagens - gestual,
pictórica, verbal, dentre outras – relaciona-se com os outros e com o meio,
construindo significados, e constituindo-se com um ser único, singular, mas, ao
mesmo tempo coletivo. Apostar, portanto, nessa fase singular da vida do
sujeito, é possibilitar-lhe viver a sua infância de modo interativo e lúdico, a
partir de situações sociais que lhes dê condições de construir a sua autonomia e
a sua identidade, portanto, a sua humanidade.
51
crianças serem levadas a explorar os cheiros dos produtos, a nomear tanto estes
produtos como as partes do seu corpo, etc. Agindo assim, essa prática que
poderia ser meramente de cuidado passa a ter também um viés educativo.
52
mediação entre as crianças e o mundo. “[...] Lugar de socialização, de
convivência, de trocas e interações, de afetos, de ampliação e inserção
sociocultural, de constituição de identidades e de subjetividades” (CORSINO,
2009, p. 3-4).
53
Portanto, é salutar que a instituição repense suas funções,
problematizando com seus partícipes as práticas que se desenvolvem em seu
interior: têm possibilitado às crianças construir sua identidade enquanto sujeito
social? Têm concebido a criança como um ser singular, reconhecendo suas
possibilidades e apostando nelas? Têm colocado a criança como centro do
processo educativo, coparticipante, ativa?
54
Ao se conceber a criança como um ser a se completar, as práticas focadas
no cuidado, privilegiam atividades de higiene, alimentação, repouso, pois a
55
evidência está na criança como um ser vulnerável, que precisa ser cuidada,
amparada nessa fase da sua vida para que, posteriormente, adquira habilidades
para a aprendizagem. Por outro lado, essa mesma concepção, mas tendo como
foco práticas de educação, desconsidera o cuidado em detrimento a atividades
de estimulação forçada, nas quais as tarefas acadêmicas são intensivas, pois o
objetivo maior é a aquisição de habilidades cognitivas, a preparação da criança
para o ingresso no ensino fundamental.
Dessa forma, seja qual for o foco no qual tal concepção sustenta-se, a
criança não é atendida considerando-se a fase de desenvolvimento na qual está
vivendo, mas colocando-se a infância como um período à parte, de preparação
para outras fases da vida.
56
É nesse sentido que defendemos que os ambientes sejam cuidadosamente
planejados para atender às dificuldades de locomoção das crianças, de forma
que, ao se movimentar no espaço, tenham segurança, mas que, da mesma forma,
esses espaços sejam desafiadores, no sentido de que as crianças possam
desenvolver suas capacidades motoras, ultrapassando obstáculos que,
gradativamente, vão aumentando de acordo com suas possibilidades para
ultrapassá-los.
salas de aula, mas em toda a instituição. Uma forma que atrai muito as
crianças e possibilita a autonomia, a diversificação das atividades, e a
57
supervisão das crianças é a organização em cantinhos ou em ambientes
temáticos, nos quais há oportunidades diversas e diferenciadas de experiências
para escolha pelas crianças.
58
5. Diferenciação de atividades para abordar todas as dimensões do
desenvolvimento e todas as capacidades. Mesmo sendo um processo global e
interligado, o desenvolvimento infantil engloba diversas dimensões, que,
embora relacionadas, constituem processos diferentes. Assim, é importante que
as atividades sejam diferenciadas. Trabalhar, por exemplo, através de unidade
didática ou de projeto, permite reunir muitas atividades diversificadas, de forma
mais global e integradora. Planejar atividades que envolvam o corpo, a mente;
que requeiram movimentos lentos, rápidos; que exijam da criança refletir,
pensar; que privilegiem tanto o grupo quanto o individual; que enfatizem a
expressão da criança de formas múltiplas. Além disso, é importante que as
atividades contemplem a integração entre a linguagem, a natureza, a sociedade,
o número, as artes.
59
formas e tamanhos, comerciais e construídos, etc., organizados de forma que se
crie um ambiente estimulante, capaz de oportunizar às crianças múltiplas
possibilidades de ação. Na confecção de materiais, o professor pode, inclusive,
ter as crianças como parceiras. Essa parceria proporciona múltiplas
aprendizagens. O importante é que as crianças tenham acesso a uma variedade
de materiais que possibilite vivenciar experiências diversas.
60
precisam ser incluídos nas questões curriculares, seja dentro da sala de aula ou
como continuação em casa de atividades iniciadas dentro da sala de aula. Além
disso, o contato com o meio social, natural, cultural, possibilita diversas
experiências formativas. O trabalho na instituição não pode se resumir às
interações crianças-crianças e crianças-professor, dentro do mesmo espaço. O
ideal é que outros agentes sejam envolvidos, como os pais, que podem trazer
grandes contribuições para o planejamento educativo. Também a natureza, o
meio ambiente, são espaços pedagógicos, nos quais as crianças podem aprender
e se desenvolver. Passeios a zoológicos, jardins botânicos, museus, centrais de
artesanato, dentre muitos outros lugares, possibilitam muitas aprendizagens,
além de ser uma forma de lazer e diversão para as crianças.
61
interações, que contemple as especificidades da infância. Um cotidiano no qual
o brincar seja a atividade principal, e a linguagem seja considerada como o eixo
norteador de todas as ações educativas. A propósito, sabemos que qualidade é
um conceito complexo, mas que é tomado aqui como um trabalho que apóie
efetivamente as crianças em seu processo de aprendizagem e de
desenvolvimento, de forma que suas necessidades sejam atendidas e respeitadas
e suas potencialidades sejam evidenciadas. Qualidade como sinônimo de
igualdade de oportunidades entre as crianças, tanto para o acesso como para o
tipo de atendimento a elas dispensado.
62
MÓDULO VI – A PRÁTICA DA ALFABETIZAÇÃO EM SALA
DE AULA10
10
Reprodução TOTAL tópico 13 - Melo, Keylla Rejane Almeida; Os usos da leitura e da escrita
na educação infantil / Keylla Rejane Almeida Melo – 2014. 167f. Dissertação (Mestrado em Educação) –
Universidade Federal do Piauí, Teresina, 2014. Orientação: Profa. Dra. Antonia Edna Brito. Disponível em:
http://leg.ufpi.br/subsiteFiles/ppged/arquivos/files/Disserta%20KEYLLA%202014%201.pdf
63
aquisição da leitura e da escrita pela criança; as diversas concepções de leitura
e de escrita que têm fundamentado as diversas práticas; e uma reflexão sobre
seus usos no cotidiano da Educação Infantil.
64
Portanto, é importante levar em conta essa realidade circunscrita na
sociedade moderna no ensino da leitura e da escrita, pois ler e escrever são
habilidades lingüísticas cuja aprendizagem depende de um amplo processo de
participação em práticas sociais de leitura e de escrita, a partir das quais as
crianças refletem sobre a língua, construindo suas hipóteses. Imersas em
práticas sociais através das quais afirmam gradativamente a sua identidade
individual e coletiva, as crianças vão percebendo que a escrita representa algo,
buscando assim, sua função e significado sociais. É essa busca que as faz
imprimir marcas no papel imitando a escrita e folhear livros emitindo sons
como se estivessem lendo convencionalmente. Por isso, reafirma-se a
importância de o meio no qual vivem as crianças possibilitarem ricas vivências
de escrita e de leitura no seu cotidiano. Kato (1995, p. 10) afirma que:
Duas crianças podem estar na mesma fase cognitiva, mas uma pode
enfrentar mais dificuldade que a outra se não tiver tido a estimulação ambiental
de que falamos ou se entre o seu dialeto e a forma ortográfica e o dialeto
prestigiado pela escola houver uma maior distância.
65
deste conhecimento passa necessariamente pela mediação do outro”
(STEMMER, 2010, p. 132). Isso quer dizer que a linguagem escrita precisa ser
ensinada às crianças, pois estas não a adquirem de forma espontânea apenas
tendo contato com material escrito, é preciso uma intervenção competente do
professor.
66
ensino. No entanto, por mais que sejam apenas uma reprodução do real, estão
intimamente relacionadas às suas funções sociais.
67
inserir com competência nessa cultura, precisa transitar por estas duas
modalidades da linguagem escrita.
69
criança está sendo atendida cada vez mais cedo, não apenas com atividades de
cuidado, mas também de educação. Portanto, a criança como um ser ativo, cuja
curiosidade aguçada lhe impulsiona a buscar compreender o sentido das coisas,
envolvida nesse contexto letrado, tem todas as condições para antecipar
processos que até então as gerações anteriores construíam numa etapa mais
tardia do seu desenvolvimento.
70
A experiência tem nos mostrado o quanto estes dois métodos estão
presentes no cotidiano da Educação Infantil até os dias de hoje. Sendo, portanto,
indícios de uma preocupação demasiada dos educadores infantis com o método,
resultado da crença de que a criança, ao ingressar na escola, não possui
conhecimentos de sua língua materna ou, se os possui, não servem como ponto
de partida para a aquisição da leitura e da escrita. É, portanto, bastante
diversificada a forma como cada instituição de Educação Infantil concebe a
linguagem escrita, o que denota usos diferentes da leitura e da escrita.
71
externos ao sujeito, desconsiderando a ação deste como construtor do saber.
Escolher um método a priori, sem diagnosticar os conhecimentos prévios da
turma e adotá-lo como panaceia para o ensino da leitura e da escrita em sala de
aula é não levar em conta que as crianças são diferentes, portanto, aprendem de
forma diferente, em ritmos diferenciados, por caminhos distintos. É importante,
pois, acrescentar que não se está defendendo a total extinção dos métodos, até
porque, como bem ressalta Cagliari (2007, p. 70), “[...] na prática, nenhuma
ação de ensinar e de aprender se realiza sem a presença concomitante de algum
método. Existe sempre um modo de fazer as coisas”. E o referido autor (p. 69)
acrescenta que o problema é que muitos “[...] métodos não sabem o que fazer
quando o professor ensina e o aluno não aprende”.
72
limitados a textos e atividades do livro didático. Textos variados,
cuidadosamente selecionados, em diversos suportes textuais, em diferentes
tempos e espaços, proporcionarão à criança perceber a importância da
linguagem escrita e se apropriar de seus usos de forma competente.
73
fundamental avaliar o nível de conceitualização de cada criança quando esta
ingressa na escola, para que todas tenham as mesmas condições de
ensino/aprendizagem. Saber em qual nível de conceitualização a criança se
encontra é o ponto de partida para, posteriormente, a escolha dos meios
adequados para o atendimento a todas as crianças no processo de aquisição da
leitura e da escrita. Porém, a pesquisa de Ferreiro e Teberosky (1999, p. 256)
mostrou que “[...]
74
utiliza grafismos mais definidos, mais próximos das letras. Assim, ela acredita
que “[...] para poder ler coisas diferentes (isto é, atribuir significados
diferentes), deve haver uma diferença objetiva nas escritas” (FERREIRO E
TEBEROSKY, 1999, p. 202).
75
A ênfase na aquisição da linguagem escrita como processo meramente
perceptivo- motor não favorece uma concepção desse tipo de linguagem como
objeto social, carregado de significado cultural, como bem explicita o autor.
Compreender o funcionamento da língua é um processo de desenvolvimento
que depende de muitas aprendizagens, entre elas, aprender a refletir sobre os
usos dessa língua. É explorando a linguagem escrita que a criança vai
descobrindo suas regularidades e irregularidades. Juntar, mecanicamente,
partes menores da língua para formar unidades maiores, seja na codificação ou
na decodificação dos símbolos, não ajuda o sujeito a construir o sentido do que
lê ou escreve. Não há dúvida de que é importante o conhecimento das letras, de
seus sons, de como podemos juntá-las para formar palavras, mas enfatizar
apenas isso não leva a usos competentes das habilidades linguísticas de ler e de
escrever.
Dessa forma, é importante destacar que “[...] aquilo que está em jogo na
compreensão da escrita são aspectos cognitivos e linguísticos, e não motores e
sensoriais” (TEBEROSKY, 2009, p. 29). Nessa perspectiva, é recomendável
que a escola repense suas concepções de leitura e de escrita e, mais ainda, sua
concepção de criança, reconhecendo-a como sujeito ativo no processo de
construção de conhecimentos e isso inclui a leitura e a escrita. Para isso, uma
prática que tem trazido muitos benefícios nesse processo é a exploração
cotidiana pelas crianças de diferentes textos, tanto para ler como para escrever,
pois a leitura e a escrita são processos inter-relacionados, mas distintos, que
precisam ser igualmente trabalhados continuamente.
76
possibilitam às crianças criarem suas próprias estratégias de leitura, testando
hipóteses, buscando encontrar regularidades na língua.
77
processo de leitura compreensiva e de expressão escrita, já que o ponto de
partida é aquilo que é significativo para elas.
78
muitos destes são produzidos a partir da transformação das plantas em produtos
que são vendidos em farmácia.
79
questões práticas; ter acesso à informação e a formas superiores de pensamento;
e assumir os usos formais e poéticos da linguagem escrita”. Nesse
entendimento, a escrita assume uma função ampliada, relacionada aos
contextos sociais, numa perspectiva de utilização autônoma, crítica e
transformadora.
11
Tópico 14 - Autor: Giselle Gasparini Magri – Autor ; Giselle Gasparini Magri. Disponível em:
https://pedagogiaaopedaletra.com/alfabetizacao-infantil-atraves-do-brinquedo/
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BRINQUEDO: CARACTERIZAÇÃO GERAL
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Aristóteles (século IV a.C.). Segundo Kishimoto (1995), Platão colocava a
importância de a criança aprender brincando para combater a opressão e a
violência, enquanto Aristóteles enfatizava a necessidade de se utilizar em jogos
“sérios” na educação de crianças pequenas, como forma de prepará-las para a
vida. Posteriormente, esta mesma preocupação ressurgiu no século XVIII,
associada à redescoberta da infância e das particularidades infantis e se tornou
valorizada com as concepções de Rousseau sobre a natureza infantil. Esse
filósofo e pedagogo buscaram mostrar, em seus estudos, que a infância não
devia mais ser compreendida apenas como uma etapa que precede a idade
adulta, mas, sim, como um período da vida que possui características e
necessidades próprias.
83
Ainda segundo Ariés, é somente a partir do século XVIII, quando
surgem novas descobertas, entre inúmeras outras no campo da medicina
(descoberta de vacinas, de novos medicamentos, da relação higiene/saúde),
possibilitada por novas condições de vida que se estavam colocando ao homem,
e quando a família passa a reorganizar o seu espaço e a relação entre seus
membros que surge o moderno sentimento de infância. E é esse sentimento que
vai corresponder a duas atitudes contraditórias em relação à criança: uma a
considera ingênua, inocente, graciosa; a outra, que surge concomitantemente à
primeira, mas a ela se contrapõe, toma a criança como um ser incompleto,
imperfeito, que necessita da moralização e da educação do adulto. É dessa
preocupação, antes não encontrada, de preservar a moralidade da criança e
também de educá-la, que surge a necessidade de se proibir os jogos entendidos
como “maus” e recomendar-se àqueles então conhecidos como “bons”.
84
criança a observar e seguir o caminho da natureza, de forma gradual e
cuidadosa.
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de “dons”, os quais ainda são utilizados nos dias de hoje nos jardins de infância
e nas escolas maternais. São eles: modelagem, picagem, recortes, tecelagem,
desenhos e trabalho com contas e agulhas.
1 O QUE É O BRINQUEDO.
BRINQUEDO:
86
Divertimento, passatempo, brincadeira;
Assim,
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Brougère (1995), em seu livro “Brinquedo e Cultura”, também faz uma
diferenciação entre jogo e brinquedo. Para este autor, o brinquedo é um objeto
que a criança manipula livremente, sem estar condicionado às regras ou a
princípios de utilização de outra natureza. O brinquedo é um objeto infantil; o
jogo, ao contrário, pode ser destinado tanto à criança quanto ao adulto, sem
restrição de uma faixa etária, enquanto o brinquedo, para um adulto, torna-se
sempre motivo de zombaria, de ligação com a infância.
O QUE É BRINCAR
89
“As crianças brincam porque a hereditariedade e o instinto as levam a
recapitular as atividades ancestrais importantes para o indivíduo” (Stanley Ha
11).
90
De seu lado, Bomtempo (1986) faz um levantamento de como as
crianças brincam. Segundo ela, as crianças têm várias maneiras de brincar, tanto
sozinhas, como em grupo. Quando a criança é muito pequena, por exemplo, seu
mundo, de certo modo, é muito restrito; ela não tem condições de brincar com
um número grande de pessoas; no máximo, com duas ou três crianças, ou
sozinhas. Além disso, nem sempre ao dividir os brinquedos, as crianças, nessa
idade, estão brincando juntas e, sim, muitas vezes, brincam uma ao lado da
outra, porém, sem brincar uma com a outra. Ao falar de crianças maiores, a
autora coloca que estas já conseguem se organizar em grupos mais amplos e,
na maioria das vezes, dividem tarefas, desenvolvendo atividades iguais ou
semelhantes.
Cunha (1998), por sua vez, coloca que “brincando a criança experimenta,
descobre, inventa, exercita e confere suas habilidades” (p. 9). Acrescenta ainda
que brincar é um dom natural que contribuirá no futuro para o equilíbrio do
adulto, pois o ato de brincar é indispensável à saúde física, emocional e
intelectual da criança.
91
representação que fazem da sua realidade, dos conhecimentos adquiridos e de
seus desejos e sentimentos.
92
conhecimento do mundo, em suas múltiplas dimensões. Esses filósofos e
educadores criaram, assim, concepções de desenvolvimento, em cada uma das
quais encontram-se implícitas visões de mundo, homem, realidade, ciência e
educação. Segundo Oliveira (1991), podem ser destacadas três concepções a
respeito do desenvolvimento: a Inatista, a Ambientalista e a Interacionista.
93
Os interacionistas admitem uma recíproca influência entre o indivíduo e
o meio e consideram que os fatores biológicos e sociais estão em constante
interação no processo de desenvolvimento infantil. Discordam, assim, da
concepção inatista, que despreza o papel do ambiente, e da ambientalista,
porque ignora os fatores maturacionais.
Piaget, por sua vez, acredita que o pensamento vem antes da linguagem,
sendo esta apenas uma forma de expressão, uma vez que o pensamento é
viabilizado pela coordenação dos esquemas sensório-motores e não pela
linguagem. Já Vygotsky defende que pensamento e linguagem são processos
interdependentes desde o início da vida. A aquisição da linguagem pela criança
possibilita o aparecimento da imaginação. Assim, ela adquire uma função
central no desenvolvimento cognitivo.
97
vida. Para que haja, portanto, o desenvolvimento da inteligência, Piaget admite
a necessidade de o indivíduo se adaptar ao meio e, a partir do contato com o
mesmo, garantir a construção do seu próprio pensamento, do ato de conhecer.
O estágio pré-operacional vai dos dois aos sete anos. Sua principal
característica é o desenvolvimento da linguagem e a capacidade de representar.
Já o estágio das operações concretas, que vai dos sete aos doze anos,
ocorre quando a criança começa a aplicar o raciocínio lógico para os problemas
concretos, ou seja, o pensamento opera sobre os objetos manipuláveis.
98
2.2.1. O Período Sensório-Motor
99
Assim, os reflexos vão-se transformando, os esquemas vão ganhando
forma, tornam-se mais numerosos, aperfeiçoando-se, permitindo ao bebê
adaptar-se e satisfazer suas necessidades.
100
A criança, nesta fase, apresenta atos mais completos de inteligência
prática. Para chegar a um objeto desejado, a criança vai moldando,
transformando os esquemas até chegar ao objetivo desejado. Assim, ela percebe
que pode alcançar determinado objeto com a ajuda de um adulto ou através de
outros objetos.
101
A característica marcante desta fase é que a criança começa a pensar para
agir, ou seja, ela passa a ser capaz de representar mentalmente objetos e
situações simples. Torna-se capaz de pensar mais rápido e, em consequência,
com mais agilidade, devido ao uso da imaginação, pois, agora a criança é capaz
de imaginar o que vai acontecer, ao contrário da fase anterior, em que ela tinha
que experimentar. Começa a entrar no mundo simbólico, o que significa dizer
que ela já tem organizados esquemas mentais que permitem representar
mentalmente objetos ausentes.
Percebe-se, assim, que a criança, nestes dois estágios que cobrem a idade
pré-escolar – o sensório-motor e o pré-operacional –, vai progressivamente se
desenvolvendo e construindo, na interação com o meio, as estruturas cognitivas
que lhe permitirão conhecer o mundo que a circunda, as pessoas e os objetos
que fazem parte dele e, o que é muito mais importante, estabelecer as relações
que lhe permitirão entender esse mundo em suas múltiplas dimensões.
104
De acordo com Bomtempo (1990), Piaget faz uma relação entre os
estágios de desenvolvimento cognitivo e o aparecimento de vários tipos de
brincadeiras e jogos e considera a evolução destes desde as adaptações
puramente reflexas até o momento em que a criança se submete sozinha às
regras previamente inventadas por ela.
105
significa que, nos meses iniciais da vida, as ações do bebê estão limitadas aos
reflexos. Mas, à medida que ocorre a maturação do sistema nervoso e a
interação criança-meio, o comportamento dos reflexos vai-se modificando,
aparecendo em seu lugar as ações voluntárias.
Segundo Piaget,
106
lançando novas tentativas, até chegar a outras descobertas, encontrando
situações novas e divertidas que poderá realizar com aquele balde cheio de
areia.
107
A noção de tempo é construída juntamente com a noção de movimento.
Isto ocorre quando a criança começa a ser capaz de guardar na memória
acontecimentos vividos, como, por exemplo, de, com o passar do tempo,
encontrar algum objeto que guardou e lembrar tal acontecimento.
108
É preciso enfatizar que os jogos simbólicos são muito importantes para
o desenvolvimento infantil. Nestes, a criança sempre está em busca de
explorações, criando, imaginando. Em grupo, ou sozinha, ela se organiza, tanto
em função de brinquedos, de objetos que estão presentes em seu quotidiano
(sapato, meia, bolsa), de objetos não estruturados (pedaço de pau, pedaços de
panos velhos, roda), como em função de expressões e ações corporais: ela
assume diferentes papéis de diferentes maneiras.
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Esta é a importância, que, segundo Oliveira, tem a brincadeira de faz-de-
conta: ela ajuda a criança a reviver situações de medo, alegria, ansiedade,
permitindo que ela aprenda a trabalhar com situações que lhe trouxeram
emoções fortes e difíceis, sendo esta uma forma de encarar seus conflitos e suas
emoções.
Em seu relato, o autor coloca que essa menina, que recusava qualquer
contato com o mundo, através da brincadeira de esconde-esconde, conquistou
seu espaço no mundo (ela descobrira a tragédia de sua vida: tinha um pai
desconhecido e uma mãe que tentara livrar-se do feto no quarto mês de
gravidez. Em sua produção verbal, ela disse que precisava de um pai). Por meio
110
da brincadeira, essa menina foi capaz de se encontrar e, ao mesmo tempo,
perceber os outros.
A autora cita um exemplo dado por Freud, em que, “ao observar uma
criança que sofria a ansiedade da separação da mãe, notou que a criança
brincava com uma colher presa a um barbante. Ela atirava a colher e puxava-a
de volta repetidamente. No jogo, a criança foi capaz de controlar ambos os
fenômenos – perda e recuperação” (p. 67). Assim, ao brincar, a criança pode
obter o controle que não tem da realidade e superar frustrações e dificuldades
psicológicas em maior ou menor grau.
111
realidade, vivenciar a experiência mais marcante da infância: a alegria de
brincar.
CONCLUSÃO
Uma criança em idade pré-escolar canta, dança, ri, chora, briga, brinca,
pula, grita, enquanto faz novas descobertas.
112
É através do brincar que a criança começa a perceber as características
dos objetos, seu funcionamento e os acontecimentos ao seu redor. Participando
com ela nessa atividade, podemos ajudá-la a construir e a dirigir seu raciocínio
para uma visão crítica da própria realidade.
REFERÊNCIAS
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Educação infantil. Disponível em:
https://pt.wikipedia.org/wiki/Educa%C3%A7%C3%A3o_infantil
http://www.planetaeducacao.com.br/portal/artigo.asp?artigo=1084
http://insgmacae.com.br/redefamiliaescola/a-alfabetizacao-na-
educacao-infantil/
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CURSO DE CAPACITAÇÃO E
APERFEIÇOAMENTO EM
ALFABETIZAÇÃO E LETRAMENTO NA
EDUCAÇÃO INFANTIL
https://bit.ly/2UQOGL7
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