A Formação Da Personalidade (Padre Leonel Franca S. J.)
A Formação Da Personalidade (Padre Leonel Franca S. J.)
A Formação Da Personalidade (Padre Leonel Franca S. J.)
da personalidade
Editor:
Felipe Denardi
Preparação do texto:
Jefferson Bombachim
Vitório Armelin
Diagramação:
Pedro Spigolon
Capa:
Gabriela Haeitmann
Revisão de provas:
Luiz Fernando Alves Rosa
Verônica Rezende
Desenvolvimento de eBook:
Loope Editora | loope.com.br
ISBN: 978-85-94090-26-3
Conselho editorial:
Adelice Godoy
César Kyn d’Ávila
Silvio Grimaldo de Camargo
Capa
Folha de Rosto
Créditos
Formação
Escola única
Educação
Educação sexual
Educação social
O direito de educar
A família
A escola
O Estado e a escola
Laicidade
Conclusão
Unidade e dispersão em pedagogia
Progresso e tradição em pedagogia
Escola Nova e pedagogia social
Pedagogia social I
Pedagogia social II
Pedagogia socialista
O pensamento social
Unidade da pedagogia católica
Renascimento da pedagogia católica
As responsabilidades do educador
Sobre o Manifesto Educacional
O ensino no Brasil
Humanismo e Idade Moderna
I
II
Política educacional
O ensino religioso na Constituição — Aspecto pedagógico
Discurso na inauguração de uma sede de escotismo
Meditação
Escola leiga I
Escola leiga II
Escola leiga III – A
Escola leiga III – B
Ensino do catecismo
Ensino religioso
O decreto de 30 de abril de 1931
Leituras
I - Regras de consciência
II - Leituras de romances
Leituras
III - Boas leituras
Leituras
IV - Boas leituras
Ação Católica e educação
Ação Católica no campo escolar
Moral leiga I
A moral e os destinos do homem
Moral leiga II
A moral e o dever
Moral leiga III
A moral e a sanção
Deus é sanção da ordem moral
Padre Leonel Franca
O que é formação.
Formação abrange:
I — Aquisição de técnicas.
II — Formação da personalidade:
1º prova de sinceridade.
2º vida que só transmite a vida.
Oportunidade da juventude.
Rio, abril, 1938.
Formação
I — desenvolver
a) o organismo,
b) a inteligência,
c) a vontade.
4 Deus não criara o homem tal qual nasce hoje sob os nossos olhos, isto é,
sujeito ao erro, ao vício, à miséria e à morte.
5 Cf. Rm 7, 14–15 — NE.
6 “Limiti della coscienza”, na Riv. di Filosofia, setembro–outubro de 1913.
7 Schule und Charakter, trad. franc. L’école et le Caractere, pp. 118–120.
8 “Une instruction universelle et se perfectionnant sans cesse est le seul remède
aux causes générales des maux de l’espèce humaine”. Condorcet citado por A.
Fouillée, p. 424, que depois critica (p. 427): “Le defaut general de notre sistème
d’enseignement a été la predominance de la conception intellectualiste et
rationaliste, héritée du dernier siècle et qui attribue à la connaissance, surtout
scientifique, um rôle exagere dans la conduite morale” (Revue des Deux Mondes,
15 de janeiro de 1897).
9 Victor Hugo.
Educação sexual
II — Na organização escolar:
organização social da aula,
senso social na exigência de disciplina,
questão do self-government,
vantagens possíveis,
cautelas práticas.
Conclusão.
Educação cristã — solícita sempre da formação social.
Importância da personalidade do mestre.
A. M. D. G.
A. M. D. G.
A FAMÍLIA
A. M. D. G.
34 IRC, p. 252.
35 Jo 17, 11 e 22 — NE.
36 Das Kulturproblem der Kirche, p. 35. De Hovre, I, p. 128.
37 Base física do espírito, p. 9.
38 Wilbrandet, Sozialismus, Iena, 1921; apud De Hovre, I, p. 129.
39 C. Jarlot, S.J., RA. LIII (1932), p. 690.
40 Cf. Munnynk, La V. I., XVIII, 1932, p. 223.
41 Romano Guardini, L’esprit de la Liturgie, pp. 12–13.
42 Christus, p. 228.
A alma da pedagogia social
II — Meios práticos.
Desenvolver os sentimentos sociais naturais, principalmente a
solidariedade.
Completar com a formação religiosa só capaz de assegurar o
sacrifício e combater os sofismas do egoísmo.
Riquezas sociais do cristianismo:
a) formação integral da alma — caridade cristã,
b) comunhão dos santos.
Vida sacramental sobretudo eucarística.
A. M. D. G.
Ao Sacré-Coeur, 09/11/1933.
Pedagogia social
II
A. M. D. G.
Erros do socialismo.
Direitos do indivíduo:
a vida física,
a vida intelectual,
a vida livre,
a vida moral;
vida de família,
vida divina.
Deveres sociais:
A. M. D. G.
76 Paulsen.
77 Harnack: “A religião e sobretudo o amor de Deus e do próximo, eis o que dá
sentido à vida; a ciência é disto incapaz. Que me seja permitido falar aqui de
minha própria experiência, como de quem há trinta anos se ocupa de ciência.
É belo consagrar-se à ciência pura e ai daquele que a menospreza ou nela se
endurece. Mas quanto aos problemas da origem da vida e da sua finalidade, a
ciência não os resolve hoje como os não resolvia há dois ou três mil anos”.
78 Dupanloup.
79 Rudolf Allers: “Nunca encontrei um caso de nevrose em que o último problema,
o último conflito, não se resolvesse num problema de vida não resolvido […]. Por
isto, compreendemos que uma terapêutica inteligente, dedicada, paciente,
puramente religiosa da alma, provoca simultaneamente e, em muitos casos, a
cura religiosa e a cura da nevrose, porque a ação vai logo ao problema central”.
80 Cf. De Hovre, II, p. 429.
Renascimento da pedagogia católica
Stanley Hall:
Se a Igreja Católica nos parece em atraso em matéria de higiene e ciência
aplicada, em quase todos os outros domínios ela tem muito mais a ensinar
que a aprender dos que estão fora de seu grêmio.83
F. W. Förster:
Para aprofundar os problemas fundamentais de sua missão, em nenhum
outro lugar poderão os educadores aprender mais que nos outros clássicos
que penetraram e descreveram o cristianismo em toda a sua profundidade. É
um dislate que o valor de um livro dependa da época em que foi escrito. Só
um cego poderá negar que sobre a vida interior as grandes fontes do
cristianismo podem informar-nos melhor que a literatura moderna no domínio
da filosofia, da pedagogia e da psicologia, devido à grande ignorância dos
imperecíveis tesouros espirituais da Igreja.
Paulsen:
A obra de Förster cria uma atmosfera nova; respira-se outro ar: é como se
ouvíramos um homem sóbrio que fala entre os clamores de ébrios. […] Com
razão salienta Förster que à velha Igreja reverte o mérito imperecível de
haver sempre tomado a peito a educação da vontade e de ter formado nos
santos os heróis do sacrifício. Que nós vivemos ainda hoje de sua tradição é
para mim fora de dúvida. Que levianamente nós deixamos destruir e dissipar
esta herança preciosa por toda espécie de teorias perversas, eis na realidade
o grande perigo dos nossos dias.84
Spranger:
A pedagogia experimental é o simples estudo das vias e meios como se
soubéramos com certeza onde está o fim. É esta estreiteza da pedagogia que
combato. Pode fiar-se o linho sem saber donde vem nem para onde vai o
produto obtido. Mas a educação não é um trabalho de usina.
Willmann:
A vida psíquica não se revela senão quando se considera como um todo,
quando pode ser abraçada do alto. À observação e experimentação que
investigam as minúcias deve associar-se o projeto superior que, do ponto de
vista dos destinos do homem e dos problemas fundamentais da vida, irradie
sobre o labirinto de nossa vida interior. A vida da alma consiste em que a
alma vive de alguma coisa. Registrar simples atividades psíquicas é ridículo e
acaba eliminando a alma.97
A. M. D. G.
Drei sint Einer in mir: der Hellene, der Christ und der Deutsche.
Ach! und die Kampfe der Zeit Kämpf ich eignen Gemüt!
Könnt in jeden Gefühl sie versöhoren, in jeden Gedanken,
Bildung, Glaube, Natur, wäre, ich ein suiger Mensch.108
107 Oferecemos aos leitores de Verbum esta página do R. Pe. Leonel Franca,
S.J. Representa sua contribuição para a “Semana de humanismo” realizada em
1947 na Universidade Católica. Nem omitamos a anotação que o autor
acrescentou ao original: “As páginas que se seguem representam apenas as
primeiras notas de um estudo que não pôde receber a última elaboração. Assim
são apresentadas e assim deverão ser lidas. Era idéia inicial tratar em duas
contribuições distintas o problema do Humanismo e Idade Moderna e Letras
clássicas na formação humanística. Não sendo possível multiplicar
demasiadamente os assuntos, na segunda parte deste trabalho se resumirão
apenas alguns princípios gerais que poderão contribuir para o estudo da
momentosa questão pedagógica. Com esta condensação de dois temas num só
estudo, se nenhum foi esquecido, ambos foram um tanto sacrificados”. Verbum,
dezembro de 1948 (tomo V, fasc. 4). Comparar com O Ratio (parte está nesse
livro).
108 Gerbel, V Hum. der Lex. der Paedg.
109 Castiello, A Humane Psychology of Education. Nova York, Sheed and Ward,
1936, p. 166.
110 Castiello, p. 143.
111 Charmot, L’Humanisme et l’humain. Paris, Spes, 1934, p. 28.
112 Castiello, p. 143, ad sensum.
Política educacional
Meditação e devaneio.
a) combatendo a dispersão,
b) eliminando os imprevistos.
A. M. D. G.
Rio, 10/08/1928.
Escola leiga
II
1872 18.000
1882 16.000
1886 23.000
1889 27.000
1896 36.000
1901 34.457
1908 33.619
1911 40.333140
Nós…
Afronta dos avós, produziremos
Raça pior, mais vil que nos afronte.
A. M. D. G.
Rio, 12/09/1928
Escola leiga
III – A
167 Amtsblatt des bayerischen Staatsministerium für Unterricht und Kallis, 1920,
pp. 127 e ss.
168 Apud Monte, p. 463.
169 Art. 33 da lei de 1906. Monte, p. 435.
170 Monte, p. 486.
171 Idem, p. 438.
172 Idem, p. 445.
173 Idem, p. 452.
174 Idem, p. 464. Sobre a Prússia, cf. p. 441.
175 Monte, pp. 432–434.
176 Idem, p. 439.
177 Idem, p. 446.
178 Ler AAS, 1925, p. 46.
179 Études, 140, p. 215.
180 Le libéralisme, Paris, 1902, pp. 161–162.
181 Discours du 30 Set. 1902.
182 DAFC.
183 Pandiá Calógeras, “Emendas religiosas”, no O Jornal de 24 de outubro 1925.
184 Mt 19, 14; Mc 10, 14; Lc 18, 16 — NE.
Ação católica da professora — visando o futuro e o presente.
Ensinar a religião:
a) na escola (incidentemente),
b) fora da escola — catecismo.
Ensino pessoal.
Ensino dirigido e aconselhado.
Grandeza do ministério catequético.
Cristianismo — religião da caridade.
Prova de amor ao próximo.
Maior dom da caridade a verdade — a verdade religiosa, de que é
principal credora a infância.
Eficácia da primeira educação para a vida terrena.
Conseqüências para a eternidade. Os que se extraviam
geralmente
voltam. (Verlaine).
O catecismo, prova do amor de Deus. — Diligis? Pasce.
O amor do apostolado.
O ministério é só aparentemente humilde — influência do
anonimato — e realmente de sacrifício — prova por isso do amor de
Deus.
Pensamento que deve alentar no sacrifício.
A. M. D. G.
A. M. D. G.
II — Leitura de romances.
Influência psicológica das idéias.
Influência do romance.
Escolha dos romances.
Critérios.
IV — Boas leituras.
I
REGRAS DE CONSCIÊNCIA
202 Eymieu.
203 P. 42.
204 P. 45.
205 Pp. 46–47.
206 P. 73.
207 Hoornaert, p. 3.
208 Marcel Prévost. V. Hoornaert, p. 25. Confissão de Proal, Eymieu, p. 99.
209 Ver Divórcio, p. 235.
210 Hoornaert, pp. 27 e 49.
211 Les Demi-Vierges de Proust. Hoornaert: pp. 23–24.
212 Hoornaert, p. 24.
A leitura em geral.
A boa leitura.
Indispensável:
I — Para defender a fé.
Insuficiente o estudo do Colégio:
a) Pela amplidão do objeto — imensidade do domínio da
fé;
b) pela evolução do sujeito — maior capacidade de
apreender as razões de credibilidade — argumentos morais.
Ex. Unidade da Igreja.
Santidade.
Autoridade dos seus adversários.
Conclusão.
A. M. D. G.
III
BOAS LEITURAS
213 Aristóteles.
214 Curso de religião escrito pelo Monsenhor Eugène-Ernest Cauly, o chamado
“Catecismo Cauly”, e o Curso de apologética cristã do Padre Walter Devivier, S.J.
— NE.
215 Cf. Mt 10, 32; Lc 12, 8 — NE.
216 Bergson (sobre os místicos).
217 Psicologia da fé, p. 118.
218 Idem, p. 119.
A leitura como meio de desenvolver positivamente a vida
religiosa facilitada pelo amadurecimento dos anos.
Conseqüências práticas:
IV
BOAS LEITURAS
a) no campo político;
b) no campo pedagógico.
A. M. D. G.
É COM o mais vivo prazer que de novo aqui vos vejo reunidas,
atraídas pela grandeza do mesmo ideal e pelo zelo do mesmo
bem. A constância e benevolência com que seguistes, no ano
passado, as nossas reuniões que começamos modestamente, o
zelo e espírito de sacrifício, com que, durante a época agitada dos
exames, já pesada pelos primeiros rigores do verão, vos
encerrastes aqui para o recolhimento benfazejo dum retiro espiritual,
bem mostram o quanto de vós pode esperar a Igreja e a pátria nesta
tarefa imensa e carregada de responsabilidades de formação das
gerações futuras. Com o novo ano, recomeçamos com novo ardor.
A natureza só se conserva porque se renova sempre. Quando
apontam os primeiros sóis da primavera, toda ela se prepara para a
grande festa anual com todo o entusiasmo de uma novidade. E as
primaveras assim se sucedem com os seus encantos que nunca
envelhecem. Na nossa atividade espiritual, imitemos a natureza.
Não voltemos os olhares para o que já se foi. Flores que já
desabrocharam, riqueza de frutos já colhidos; esqueçamo-los no
passado para só pensarmos em preparar novas primaveras que, na
exuberância de sua seiva, tragam a promessa das colheitas
abundantes do outono.
A educação da infância ocupa hoje em todo o mundo um dos
setores mais amplos e mais importantes da Ação Católica. Para
onde convergem, condensados, pertinazes e repetidos os esforços
inglórios dos demolidores da ordem cristã, aí desabrocha em
prodígios de zelo e de sacrifícios a caridade dos corações em que
se imprimiu indelevelmente a palavra salvadora de Cristo: “Deixai vir
a mim os pequeninos”.232 A batalha em torno da escola é, hoje,
como sempre, decisiva. Quem nela vencer, conseguindo plasmar as
almas tenras das novas gerações que surgem, terá reconstituído, à
sua imagem e semelhança, a sociedade de amanhã. E não por uma
simples questão de cronologia: o tempo na sua marcha incoercível
vai, dia a dia, recalcando as ondas humanas e substituindo as
gerações que declinam pelas fileiras dos novos que sobem. Quando
amanhã os frios da velhice nos engelharem na inação de uma
aposentadoria forçada ou a morte nos riscar da lista dos que contam
na cidade dos vivos, é a petizada gárrula e despreocupada das
nossas escolas que terá nas mãos fortes dos que começam os
destinos da nossa sociedade. É questão de anos. Mas é também
questão de psicologia. O homem é normalmente na sua idade
adulta o que dele houverem feito na infância. As impressões que se
gravam na cera virgem dos corações são indeléveis. Desde Horácio
até Musset, os poetas cantaram esta persistência dos perfumes que
primeiro embalsamaram a nossa primeira idade. Mais grave do que
a poesia, a observação psicológica nos mostra que nas alminhas
em flor, eminentemente sugestíveis e plásticas, providencialmente
inclinadas a imitar, receber e assimilar, a energia vital toda se
concentra em elaborar estes primeiros extratos de imagens,
impressões, reações espontâneas, que constituirão o fundo
subconsciente mas inamissível de nossa vida intelectual e moral. As
primeiras lições do lar e da escola descrevem-se para sempre nas
fibras mais profundas e ainda virgens do nosso coração.
Daí a importância capital da primeira formação religiosa do
homem. Não o ignora a impiedade; melhor do que ela o sabe a
Igreja, a quem foi confiada por missão divina a educação espiritual
da humanidade. E a luta escolar, que é uma luta de almas, enche
com a grandeza de uma epopéia e às vezes com as angústias
dolorosas de uma tragédia a história social de todos os povos cultos
da nossa civilização ocidental. Ainda o ano passado, as aulas
parlamentares do Reichstag vibraram, durante meses, dos debates
encandecidos em torno da confessionalidade da escola pública. Os
socialistas, partidários incorrigíveis da laicização do ensino oficial,
deram assalto poderoso contra o ensino religioso nas escolas
alemãs, confessionais. Ainda uma vez foram batidos. Numa pastoral
coletiva da primavera de 1922 o episcopado alemão refletia ainda
uma vez e consagrava a palavra de ordem, que na questão escolar,
desde Bismarck, une todos os católicos da Germânia. “Pela defesa
dos seus direitos escolares, os católicos poderão morrer, ceder
nunca”.
Qual a triste situação do regime escolar, no Brasil, vós bem o
sabeis. Sob a influência momentânea de uma minoria insignificante
— positivista e liberal — a laicização do ensino foi inscrita na nossa
carta constitucional de 1891. Assim, de golpe, sem brado de
protesto, sem uma tentativa de organização de resistência, a grande
maioria das famílias foi esbulhada de um dos seus direitos naturais
inalienáveis e inatingíveis: o de educar religiosamente os seus
filhos.
Pior que a lei foi a hermenêutica que lhe inspirou a sua
interpretação. Enquanto os nossos melhores constitucionalistas
como Rui Barbosa, Pedro Lessa, Pandiá Calógeras proclamam a
perfeita compatibilidade do ensino religioso com a letra do § 6 do
art. 72 da nossa Constituição, a jurisprudência que prevaleceu na
prática de quase todos os estudos da federação excluiu todo o
ensino religioso na formação da nossa juventude, com
incomensurável dano do país. Sem a religião, subtraiu-se o único
fundamento eficaz, teórico e prático da formação das consciências.
Hoje nas nossas escolas públicas poderá instruir-se mais ou menos
bem, mas educar, formar caracteres, insculpir profundamente nas
almas o respeito eficaz do dever, isso não é possível. Todas estas
expressões clássicas conservam-se ainda na nossa linguagem
como uma homenagem forçada à virtude. Ainda se diz aos nossos
meninos que devem ser homens de caráter, dedicados, prontos a
qualquer sacrifício pelo dever, a todos os heroísmos pela pátria.
Ainda se confessa que só este fundamento das virtudes individuais
condiciona a paz das famílias e a existência da sociedade. Mas,
digamos a verdade toda como ela é, sem Deus todas estas palavras
sonoras e belas não passam de abstrações vazias e ineficazes. Não
é mister remontar a altas filosofias para demonstrá-lo — e pode ser
que este ano demos largamente esta demonstração —; aí está a
demonstrá-lo inelutavelmente a experiência social de outros países,
e a experiência social do nosso. O nível moral do nosso povo que
sabe ler não se elevou. E enquanto as nossas escolas forem leigas,
serão incorrigivelmente incapazes de educar o homem que é
essencialmente religioso. Do regime das escolas públicas norte-
americanas, ainda assim melhores do que as nossas, mas também
elas leigas, disse recentemente um professor de Princeton que eram
“um sistema de matar almas”.233 É o pecado original do laicismo
escolar.
Tal é, sem otimismos ingênuos, e sem pessimismos
paralisadores de iniciativas generosas, a nossa situação atual no
Brasil. O dever católico já está de si mesmo traçado; urge ganhar o
tempo perdido, e reparar os erros passados e para isto, trabalhar,
agir. Ação dupla:
Alfred Fouillée:
Em nossos dias, mais que há trinta anos, é a própria moral que está em jogo
[…]. A fim de me esclarecer nestes assuntos li com o maior cuidado o que
escreveram os meus contemporâneos nos sentidos mais diversos e
contraditórios. Tentei formar uma opinião sobre todas as opiniões. Deverei
confessá-lo? Encontrei no domínio moral tal desconchavo [desarroi] de idéias
e de paixões […] que me pareceu indispensável pôr em evidência o que se
poderia chamar a sofística contemporânea.240
20 de setembro de 1929.
A. M. D. G.
A MORAL E O DEVER
A. M. D. G.
A MORAL E A SANÇÃO
A. M. D. G.
Tristão de Athayde