Método Harmonia Funcional
Método Harmonia Funcional
Método Harmonia Funcional
Aplicada na
Composição e Análise
Prof: João Gabriel Fonseca
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ÍNDICE:
1. Conceitos Básicos………….....2
2. Tonalidade……………………..4
3. Campo Harmônico……………5
4. Inversão de Acordes…………..9
5. Acordes Suspensos…………...11
6. Rearmonização Diatônica…....12
7. Extensões Diatônicas………....14
8. Dominante Secundário……….16
9. Dominantes Substitutos……....19
10. Escalas Menores………………20
11. Análise Harmônica…………….23
12. Acorde Diminuto……………….27
13. Modos Gregos…………………..30
14. Acorde de Empréstimo Modal...32
Curso de Harmonia Funcional APLICADA A COMPOSIÇÃO E ANÁlise
JOÃO GABRIEL fONSECA
-Conceitos Básicos
● Escalas
A nossa música ocidental utiliza basicamente 12 sons. São eles:
C - C#/Db - D - D#/Eb - E - F - F#/Gb - G- G#/Ab - A - A#/Bb - B
Essa é a chamada Escala Cromática, que possui todas as notas do nosso sistema
musical. Essas notas são separadas pela distância de um semitom ou de um tom.
-Semi-tom é o menor intervalo, sendo representado pela distância de somente
um sustenido entre duas notas. Ex: C-C#, Db-D, F-E
-Um Tom é igual a distância de dois semitons, ou seja, dois sustenidos. Ex: C-
D, E-F#, Bb-Ab
Como pode perceber pelos exemplo, essas distâncias são contadas de maneira
tanto ascendente quanto descendente.
Você pode agrupar essas notas em diversas escalas, sendo a cromática uma delas.
Uma das mais utilizadas é a Escala Maior Natural, que pode ser gerada a partir de
qualquer nota da Escala Cromática. Essa é uma escala que possui somente 7 sons,
e para gerá-la você pode seguir uma fórmula simples:
Escolha qual Escala Maior você quer gerar, pegue a nota que dá nome a Escala, e
a partir dela escreva as notas separadas pelos seguintes intervalos:
T-T-st-T-T-T-st
Ex: Escala de Ré Maior
D - E - F# - G - A - B - C# - D
T T st T T T st
Você pode gerar qualquer Escala Maior dessa maneira
● Graus da Escala
É o nome que se dá a cada nota numa escala a partir da posição em que ela
aparece na escala.
Pegue por exemplo essa escala de Ré Maior que geramos:
D - E - F# - G - A - B - C# - D
-D (1º grau ou tônica)
-E (2º grau ou segunda)
-F# (3º grau ou terça)
-G (4º grau ou quarta)
-A (5º grau ou quinta)
-B (6º grau ou sexta)
-C# (7º grau ou sétima)
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● Intervalos
As notas musicais são separadas entre elas por intervalos. O que faz um acorde ter
uma sonoridade específica, é justamente a distância entre as notas que estão sendo
tocadas simultaneamente.
Darei exemplos a partir de C:
C-Db (Segunda Menor)
1 Semitom
C-D (Segunda Maior)
1 Tom
C-Eb (Terça Menor)
1 Semitom e 1 Tom
C-E (Terça Maior)
2 Tons
C-F (Quarta Justa)
2 Tons e 1 Semitom
*C-F# (Quarta Aumentada)
3 Tons
*C-Gb (Quinta Diminuta)
3 Tons
C-G (Quinta Justa)
3 Tons e 1 Semitom
C-Ab (Sexta Menor)
4 Tons
C-A (Sexta Maior)
4 Tons e 1 Semitom
C-Bb (Sétima Menor)
5 Tons
C-B (Sétima Maior)
5 Tons e 1 Semitom
*Os intervalos levam em consideração não só a distância dos sons, mas também o
nome que dá aos mesmos. Por exemplo, apesar de D# e Eb terem o mesmo som, a
distância entre C e D# é de uma Segunda Aumentada, enquanto a distância entre
C e Eb é de uma Terça Menor.
Isso é explicado pelo fato de que a distância entre C e D (independente de qualquer
sustenido ou bemol) nunca pode ser diferente de uma segunda, afinal na Escala
Cromática, D aparece logo em seguida de C, e E aparece duas notas depois de C,
sendo uma Terça. E é por isso que na tabela os intervalos de Quarta Aumentada e
Quinta Justa têm a mesma distância, apesar de serem intervalos diferentes.
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-Tonalidade
● O que é?
É um sistema que hierarquiza as notas musicais a partir de uma escala (que é
geralmente maior ou menor) e que dá funções específicas aos acordes dentro de
um universo.
● Onde se aplica?
Toda música tonal (que possui tom) possui uma tonalidade central, o que significa
que você poderá encontrar acordes de tônica, subdominante e dominante com suas
funções bem definidas. A partir disso, você pode saber como se guiar durante uma
composição, um improviso ou até um acompanhamento, pois cada função dessa
possui uma sonoridade específica que pode ser explorada pelo músico.
● Como funciona?
A partir de qualquer escala maior você consegue extrair um campo harmônico, que
nada além é do que os acordes que podem ser formados a partir das notas desta
determinada escala. É como se fosse um cardápio de opções de acordes,
utilizando apenas as notas diatônicas (da tonalidade). Cada acorde desse
campo harmônico possui uma função específica dentro dessa tonalidade, e mesmo
acordes que são comuns em diferentes tonalidades não possuem a mesma função
entre elas.
|| C | Am | F | G | C ||
|| F | Dm | Bb | C | F ||
|| G | Em | C | D | G ||
Perceba como os acordes de C, F e G, apesar de terem se repetido nestas
progressões, soam bastante diferentes dentre si dentro do contexto. Na verdade,
essas três progressões são as mesmas, porém em diferentes tonalidades. Isso fica
mais claro quando você entende como se gera um campo harmônico.
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-Campo Harmônico
● O que é?
Como dito no capítulo anterior, é um cardápio de opções de acordes, utilizando
apenas as notas diatônicas e que é gerado a partir das escalas maior ou menor.
● Como funciona?
Os acordes que compõem um Campo Harmônico tonal são triádicos ou tetrádicos,
ou seja, são acordes de três ou quatro sons respectivamente. Esses acordes são
gerados através da sobreposição de sons em intervalos de terça maior ou menor.
Observe:
Esta é a escala de Dó Maior. A primeira nota é Dó, seguida por Ré, depois Mi, Fá,
Sol, Lá e finalmente Si.
C-D-E-F-G-A-B
*(essas letras foram adotadas ainda na Idade Média para dar nome as notas.
Frequentemente utilizamos dessa maneira na música popular)
Para gerarmos acordes a partir destas notas, seguimos uma fórmula
simples:
Escala Maior: Escala Menor:
Terça Maior + Terça Menor Terça Menor + Terça
Maior
Exemplo:
C - E - G = Dó Maior
(A terça maior de Dó, é Mi e a terça menor de Mi é Sol)
D - F - A = Ré Menor
(A terça menor de Ré, é Fá e a terça maior de Fá é Lá)
sétimo grau da escala, você irá perceber que sua composição não pode
ser formada utilizando a fórmula apresentada. Isso é porque o sétimo
grau gera um acorde Diminuto.
Acorde Diminuto:
Terça Menor + Terça Menor
B-D-F
(A terça menor de Si, é Ré e a terça menor de Ré é Fá)
[Se tentarmos montar um acorde maior ou menor a partir do sétimo
grau, sua terça ou sua quinta teriam que ser notas de fora da
escala. Por exemplo o Si: Sua terça menor é D, mas a terça maior
de D é F#, gerando um acorde de Si Menor. F# não faz parte da
escala de Dó, consequente Si Menor também não. Se tentarmos
montar um acorde maior, verá que a terça maior de B é D#, que por
sua vez também está fora da escala de Dó.]
Cada acorde aqui possui uma função específica, e essa função está atrelada ao seu
grau dentro da escala:
I, iii, vi -> Tônica¹
ii, IV -> Subdominante
V, vii° ² -> Dominante
● Tétrades
Como dito anteriormente, o Campo Harmônico pode possuir tríades ou tétrades. A
diferença está no número de sons, enquanto a tríade possui apenas três, a tétrade
possui 4, que no caso se refere a sétima do acorde. A tétrade é encontrada do
mesmo jeito que o acorde Menor e Maior, com sobreposição de terças, e as sétimas
podem ser maiores ou menores (sétima maior é a nota que está um semitom logo
abaixo da tônica, enquanto a sétima menor está um tom inteiro).
Se fizermos a sobreposição de terças de todos os graus da escala maior de Dó,
iremos achar isso:
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Você pode observar que quase todas as tétrades seguiram uma sequência lógica, a
qual os acordes Maiores possuem sétima maior, e os acordes Menores possuem
sétima menor, porém há uma exceção:
● Trítono
Diabolus in musica como foi conhecido na Idade Média, é um intervalo de 3 tons
inteiros caracterizado pela sua dissonância. Sua dissonância é tão efetiva que
durante a Idade Média, a Igreja baniu o uso deste intervalo e o compositor ou o
instrumentista que ainda insistisse nesse intervalo em apresentações públicas
poderia até ser levado para a fogueira!
Este intervalo aparece no Campo Harmônico tetrádico em dois acordes, no V7 e no
viiØ, e ele é o responsável pela tensão específica que há nesses dois acordes. Não
é coincidência que eles são os dois acordes que têm função Dominante, e o próprio
acorde de V7 é chamado de Acorde Dominante, sendo o principal acorde a
recorrer quando se busca uma tensão diatônica. Ainda sobre o V7, ele é geralmente
resolvido no I7M (ou apenas no I mesmo), sendo uma regra geral na música que o
quinto grau se resolve de maneira mais firme no I. Você pode resolver o V7 em
qualquer outro acorde de função tônica, mas nenhum será tão efetivo quanto o I.
-Inversão de Acordes
Você já deve ter reparado que geralmente a tônica do acorde é também a nota mais
grave do mesmo. A inversão trabalha com o conceito de que outros graus podem
ser a nota mais grave de um acorde, gerando uma sonoridade diferente e te dando
a possibilidade de fazer um contorno melódico usando o baixo dos acordes de uma
música.
Existem, basicamente, três tipos de Inversão:
-1ª Inversão, cuja a terça está no baixo
-2ª inversão, cuja a quinta está no baixo
-3ª inversão, cuja a sétima está no baixo
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-Baixo Pedal:
|| C | F | G | F | C ||
Consiste em você utilizar a mesma nota como baixo de toda a
progressão. Neste caso, é muito comum abrir mão das três progressões
tradicionais e colocar até mesmo outros graus no baixo, já que é uma
progressão que busca mais efeito do que cadências e clareza
harmônica.
|| C | F/C | G/C | F/C | C ||
Assim como a outra, dá outro clima para a mesma progressão
-Cadencial:
Há ainda uma utilidade mais específica para acordes de tônica que
utilizam a segunda inversão. Você pode encontrar progressões como
essa aqui:
|| C/G | G7 | C7M ||
Esse tipo de inversão usado em C, é para que haja um baixo pedal em
relação a dominante, sendo uma boa substituição para o clássico ii-V.
-Outros tipos:
Você é afinal livre para inverter seus acordes da maneira que quiser, e
com isso é possível que encontre as mais variadas inversões pelo
mundo afora. É importante acentuar que algumas inversões
descaracterizam acordes, como por exemplo um C6/A, que não vai soar
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como C6 e sim como um Am7, e é por isso que muitas vezes é mais
interessante não fugir muito das regras ditas neste capítulo.
Há um tipo de “inversão” que é muito comum de encontrar, que é o
acorde com o baixo na nona (C/D, por exemplo). Na verdade esse tipo
de acorde não é uma inversão, e sim uma maneira mais fácil de cifrar
acordes suspensos, já que é mais fácil escrever C/D do que Dsus7(9),
especialmente para os pianistas.
-Acordes Suspensos
Os acordes suspensos são acordes que não são nem maiores ou menores, no lugar
da terça se utiliza a quarta ou a segunda. São cifrados como sus4, sus7 ou sus2,
representando suspenso com o quarto grau no lugar da terça, suspenso com a
sétima (geralmente utiliza a quarta no lugar da terça) e suspenso com o segundo
grau no lugar da terça respectivamente.
No nosso contexto tonal eles geralmente são utilizados no lugar dos acordes de
dominante, mais comumente usados de duas maneiras:
● Contextos Não-Tonais:
O acorde suspenso também é muito utilizado em harmonias modais (harmonia
baseada nos modos gregos), harmonias sem um ponto tonal definido (que estão em
constante modulação) e harmonias de acordes de estrutura constante (harmonia em
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que todos os acordes têm a mesma qualidade), justamente por ser um acorde que
não é nem maior nem menor, dando menos intenção tonal a uma composição.
Nesses contextos ele geralmente não é pensado como dominante, e sim como um
acorde de repouso como qualquer outro.
-Rearmonização Diatônica
● O que é?
É o ato de você mudar a harmonia de uma música baseado nas funções dos
acordes tocados.
● Como funciona?
É algo simples, você modifica os acordes originais de uma canção mantendo duas
coisas como base:
-Função Harmônica
-Melodia
É importante que a melodia não choque com as notas do acorde escolhido na
rearmonização. Vamos rearmonizar uma música como Ciranda Cirandinha e
observar como isso funciona:
-Extensões Diatônicas
Extensões de acorde nada além são do que notas da escala que são acrescentadas
a tríades ou tétrades, geralmente sem função específica, para “embelezamento” do
acorde ou para contemplar a melodia. São notas que entram no acorde e que não
fazem parte de sua estrutura, sendo geralmente nonas*, quartas ou sextas.
As extensões de quarta e de sexta aparecem escritas de duas maneiras: (4) e
(11), e 6 e (13) respectivamente. O uso de uma ou de outra é baseado no uso
ou não da sétima no acorde. Se um acorde for Dm7 por exemplo, se utiliza
Dm7(11) e não Dm7(4), pois essa extensão de quarta seria tocada
supostamente uma oitava acima, já que teria que ser uma nota mais aguda
que a sétima. Isso é algo teórico, na prática a extensão pode aparecer na
mesma oitava da sétima ou acima. Já um acorde triádico como A por exemplo,
se escreve A6. Se você vê um A(13) em alguma cifra, na verdade é um acorde
de A7(13), justamente por conta dessa regra da oitava da sétima.
Essas extensões também podem aparecer alteradas, como por exemplo: (#11),
(b9), (#9), (b13), sendo respectivamente a Quarta Aumentada, Nona Menor,
Nona Aumentada e Décima Terceira Menor.
(*A nona é uma questão a parte. Se seguir essa regra você poderia escrever F2,
porém em todos os casos se utiliza 9. A diferença é de que quando a 9 é
acrescentada a uma tríade, você utiliza add9 (Fadd9 por exemplo, que vem de
adding 9) e quando ela é acrescentada a uma tétrade, você utiliza F7(9) ou até
mesmo F9, nesse caso valendo a mesma regra que foi dita no exemplo de A(13).)
Como estamos estudando extensões diatônicas, as extensões com notas fora da
escala não serão abordadas por agora. Esse tipo de extensão se chama extensão
alterada, e será falado sobre mais pra frente.
Existem algumas extensões a serem evitadas em todos os graus:
-No terceiro grau se utiliza a 4ª (Em(4) e Em7(11)). A 6 maior é evitada por não
fazer parte da tonalidade de Dó Maior, e a sexta menor é evitada por
obscurecer o acorde, o confundindo com uma inversão do primeiro grau por
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-Dominante Secundário
● O que é?
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A música segue:
| G#7 | C#m7 | F#7 | B7 ||
Os acordes de G#7 e F#7 são dominantes não diatônicos que não
fazem parte de nenhuma modulação (mudança de tonalidade) nem
de nenhuma tonicalização (mudança momentânea de tonalidade),
logo são Dominantes Secundários.
Observe que nessa música, esses dominantes se resolvem em
seus respectivos graus (G#7 é dominante de C#m7, e F#7 é
dominante de B7), mas isso não é uma regra. Você pode ter um
Dominante Secundário que resolve em outro grau, ou até mesmo
que frustra uma resolução, como por exemplo na música “Coração
Vagabundo” de Caetano Veloso:
| Gm7 | A7 | Am7(b5) D7(b9) | Gm7(9) ||
A música está em Gm, portanto A7 é um Dominante Secundário
sem resolução, pois seu acorde seguinte é um Am7(b5).
● ii-V7
Já foi comentado em outro capítulo a respeito dos ii-V7 e sua utilidade numa
música. O que ainda não foi dito, foi a respeito dos ii-V7 menores, que por sua vez
são um pouco diferentes:
ii-V7 maior = | iim7 | V7 | I7M ||
ii-V7 menor = | iim7(b5) | V7 | im7 ||
Foi dado como exemplo a resolução no primeiro grau, porém essa relação de ii-V7 é
muito utilizada com Dominantes Secundários também, criando tensões que podem
ser resolvidas em qualquer grau ou até não ser resolvidas. Você pode acrescentar
ii-V7 para enriquecer quaisquer harmonias as quais a melodia permita. Veja por
exemplo em nossa progressão:
| A7M | G#m7(b5) C#7 | F#m7 | C#m7 | Bm7 | E7 ||
Adicionei ao segundo compasso um ii-V7 menor resolvendo no sexto grau. Esse ii-
V7 em especial é muito bem utilizado, pois o acorde diminuto é diatônico a
tonalidade.
(Você pode utilizar um ii-V7 menor para resolver num acorde maior ou um ii-V7
maior resolvendo em um acorde menor sem problemas, e esse caso de
resolução de ii-V7 maior resolvendo em menor é especialmente comum com
Dominantes Secundários, pois muitas vezes o ii do grau em que você busca
resolver é de uma tonalidade distante, fazendo com que soe como um “acorde
perdido”. Nesse caso, é melhor utilizar um iim7 que será ou diatônico ou de
uma tonalidade mais próxima.)
● Extensões de Dominantes
Este é o único caso em que a extensão de um acorde pode alterar a função dele,
que é o caso das extensões que acompanham acordes de dominante.
Dominantes que fazem parte de progressões maiores, como por
exemplo o iim7-V7, é geralmente acompanhado das extensões (9) e
(13).
Dominantes que fazem parte de progressões menores, como por
exemplo o iim7(b5)-V7, é geralmente acompanhado das extensões (b9)
e (b13).
(Como sempre, você pode utilizar uma extensão de dominante menor e resolver
num acorde maior, o que é falado aqui é que ao ouvir um dominante acompanhado
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de uma extensão como (b9), você naturalmente vai esperar que o acorde seguinte
seja menor. Você pode inclusive aproveitar tal expectativa para frustrar o ouvinte
com a resolução num grau maior)
*EXCEÇÃO!
O Dominante Secundário que resolve no segundo grau de uma
tonalidade maior (acorde menor), utiliza a extensão de (9) no lugar
de (b9) quando o compositor quiser preservar o uso de extensões
diatônicas. Isso é porque a b9 nos Dominantes Secundários que
resolvem no segundo grau seria uma nota que não está presente
numa tonalidade maior.
Veja:
Na tonalidade de Lá Maior por exemplo, o segundo grau é um Bm7. Seu
Dominante Secundário seria F#7. A extensão de (b9) de F#7 seria um G
natural, nota que não está presente na tonalidade de Lá Maior. Nesse
caso utilizamos G# que é diatônico e seria a extensão de (9) de F#7.
Em outros Dominantes Secundários não observamos esse problema, a
regra de Dominante menor e maior pode ser respeitada sem maiores
questões.
-Dominantes Substitutos
Já falamos sobre Trítono em um capítulo anterior, que é um intervalo que produz
uma dissonância muito característica e que é responsável pelas tensões mais
utilizadas na música. Falamos também a respeito do acorde de dominante (5º grau),
que possui um trítono que é resolvido tradicionalmente no primeiro grau. O
Dominante Substituto é um outro dominante que possui o mesmo trítono do
dominante e que pode ser usado como substituto (como o nome sugere).
● Como assim?
Vamos pegar como exemplo o acorde de E7. Este acorde é
composto pelas notas E, G#, B e D, e o trítono é produzido pelo
intervalo entre o G# e o D. Este trítono é resolvido no acorde de A
ou Am. Existe outro acorde que possui o mesmo trítono de E7, e
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● Extensão
Se pensarmos de uma maneira tonal, iremos perceber que este tipo de acorde
teoricamente é um acorde muito distante tonalmente. É recomendado que este tipo
de acorde venha acompanhado de uma extensão de (#11), para que sua
sonoridade como Dominante Substituto seja mais clara.
Veja por exemplo na progressão que trabalhamos no capítulo passado:
-Escalas Menores
Existem três tipos de Escalas Menores:
● Menor Natural
● Menor Harmônica
● Menor Melódica
Ou seja, é igual a Escala Menor Harmônica, porém com uma sexta maior.
Ex:
A-B-C-D-E-F#-G#
● Onde Aplicar?
-A Escala Menor Natural tem a mesma aplicação de sua relativa maior. Você pode
utilizá-la nos acordes diatônicos a tonalidade da escala ou de sua relativa maior.
Ex: Aplicar Dm Natural numa progressão como essa:
|| Dm7 | Gm7 | Am7 | Bb7M ||
Observe que todos os acordes são diatônicos a tonalidade de Dm ou F.
-A Escala Menor Harmônica é aplicada em Dominantes Menores (ou seja, Acordes
de Dominante que são ou supostamente deveriam ser resolvidos em Acordes
Menores, incluindo Dominantes Secundários).
Ex: Aplicar Dm Natural e Am Harmônica numa progressão como essa:
|| Dm7 | Gm7 | E7(b13) | Am7 | Bb7M ||
|-Dm natural-----|Am harmônica|-Dm natural-----|
Perceba que Dm natural foi utilizado nos acordes diatônicos a tonalidade. Quando o
acorde de Dominante Secundário (E7(b13)) foi utilizado, ele não era diatônico e ele
é um dominante que resolve num acorde menor, então você utiliza a escala de Am
harmônica.
(Por que?
Nessa progressão utilizamos o Dominante Secundário D7(9), acorde
que é composto por D, F#, A, C e E. Você pode observar que essa é
uma progressão em Fá maior, logo F# não é um nota diatônica, então
você não pode utilizar a escala de Fá Maior neste acorde.
-Análise Harmônica
Agora chegou a hora de utilizar tudo que estudamos até agora para que possamos
aplicar na parte de análise. Iremos analisar a partir da ótica da relação escala-
acorde, qual escala foi utilizada em qual momento da música e o porquê. Esse
estudo é muito importante para a Improvisação (que vive basicamente disso), para a
Composição (entender porque aquela nota específica foi utilizada na melodia e
quais outras posso usar) e também Arranjo (entender qual escala usar para montar
frases e/ou rearmonizar passagens). A música a ser analisada será “Você é Linda”
de Caetano Veloso.
Essa é a harmonia
||: F#m7 | C#m7 | D7M | G#m7 C#7(b9) |
| D7M | D#m7(b5) G#7 | C#m7 F#7 | Bm7 E7:||
|| A | C#m7 | D7M | Bm7 | Dm7 G7 | A ||
Agora, para descobrir qual das duas tonalidades é a correta, se faz a análise
contrária a anterior, observando as cadências ii-V7.
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A música começa com um acorde de sexto grau menor, seguido por um acorde
de terceiro grau menor e de quarto grau maior. Todos eles são acordes
diatônicos, então não tenha dúvida de que a escala usada será a da tonalidade.
Em seguida vem um ii-V7 menor, que resolveria no sexto grau (Fá# menor),
porém tem a sua resolução frustrada em um quarto grau maior. Nesta cadência,
o ii é menor com sétima, sendo ele aparentemente parte de uma cadência ii-V7
maior. Porém, o V7 é acompanhado da extensão de (b9), indicativo de
dominante para acordes menores.
É uma cadência que mistura tanto o maior quanto o menor, então a análise deve
respeitar isso. Deve-se tratar o iim7 da cadência como se ele fizesse parte de
uma cadência maior, logo a escala utilizada seria de F# Maior pelo acorde ser
diatônico a essa tonalidade. Já o acorde seguinte dá a intenção de que irá se
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resolver num acorde menor, então se deve analisá-lo como um V7 para acorde
menor.
-Acorde Diminuto
Este é um tipo de acorde que é composto por tônica, terça menor, quinta diminuta e
sétima diminuta (um semitom abaixo da sétima menor). É um acorde que possui
dois trítonos, logo é claro que ele possui função de dominante. Porém essa não é a
única função dele, veja:
-Dominante
Você pode utilizar o acorde Diminuto para substituir um Acorde Dominante, basta
usar o Acorde Diminuto que está um semitom acima do acorde que deseja
substituir.
Ex:
|| C7M | Dm | G7 | C ||
|| C7M | Dm | G#° | C ||
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Esta não é única maneira de utilizar um Acorde Diminuto Dominante. Por possuir
dois trítonos, o Acorde Diminuto Dominante pode ser resolvido de quatro maneiras
diferentes. Vamos usar o próprio G#° como exemplo:
G# - B - D - F
Essa é a composição do acorde. Os trítonos estão entre os intervalos de B e F, e
G# e D. Quais os acordes que possuem esses mesmos trítonos?
B e F: G7 (G, B, D, F) e Db7 (Db, F, Ab, Cb*)
*Possui o mesmo som de B
G# e D: E7 (E, G#, B, D) e Bb7 (Bb, D, F, Ab*)
*Possui o mesmo som de G#
Já deu pra observar que C, F# (ou Gb), A e Eb (ou D#) são os acordes os quais
G#° pode ser resolvido. Esses acordes de resolução podem ser tanto maiores
quanto menores.
-Diminuto Auxiliar
É um Diminuto que possui o mesmo baixo do acorde o qual ele resolve. Nesse
caso, a resolução não é semelhante a resolução do Diminuto Dominante, é uma
resolução mais de embelezamento da música e de movimento harmônico. É muito
utilizado em Choros.
Ex:
|| A7M | A° | A7M ||
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|| A7M | E° | E7 | A7M ||
-Diminuto de Passagem
É um diminuto que talvez seja o mais utilizado, aparecendo um semitom acima ou
abaixo de um determinado acorde para explorar um movimento cromático. O
movimento ascendente é especialmente efetivo, por conta do Acorde Diminuto ter
uma resolução um semitom acima. Esse Diminuto Ascendente pode ser usado tanto
para resolução em um Acorde Menor quanto em um Acorde Maior.
|| C C#° | Dm | G7 | Am7 ||
Já o Diminuto Descendente é um pouco mais delicado, por gerar um trítono que não
é resolvido (ele só resolve um tom inteiro descendente). É muito comum
compositores utilizarem o SubV7 no lugar de um Diminuto Descendente quando
eles buscam o efeito de tensão e resolução. Os compositores que utilizam o
Diminuto Descendente buscam um efeito puramente de movimento cromático.
|| C B° | Bb7(#11) A7 | Dm7 ||
● Escalas Utilizadas
-Nos Diminutos com função Dominante, Auxiliares, Descendentes e
Ascendentes com resolução em acordes Maiores você vai utilizar a chamada
Escala Diminuta, também conhecida como Tom-Semitom. Ela leva esse nome por
ser justamente formada pelo intervalo de Tom e Semitom.
Ex:
G# - A# - B - C# - D - E - F - G - G#
T st T st T st T st
Você vai utilizar a Escala Diminuta que leva o nome do Acorde Diminuto utilizado.
-Nos Diminutos Ascendentes com resolução em acordes Menores você utiliza a
Escala Menor Harmônica do acorde o qual o Diminuto será resolvido ou também a
Escala Diminuta.
Ex:
|| G7M | G#° | Am ||
No compasso do acorde de G#° você aplica a Escala Menor Harmônica de A [A- B -
C - D - E - F - G# - A]. Nesta escala você encontra todos os graus do acorde
Diminuto em questão.
● Extensões Disponíveis
Em qualquer acorde Diminuto você pode utilizar as seguintes extensões:
-G#°7M
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-G#°(9)
-G#°(11)
-G#°(b13)
Essas extensões são geradas através da Escala Diminuta.
-Modos Gregos
Os Modos Gregos nada além são do que maneiras diferentes de organizar e pensar
a Escala Maior Natural baseadas na organização da música da Grécia antiga. Cada
modo leva o nome da região o qual ele vem.
(Modos nada além são do que maneiras diferentes de pensar qualquer escala. Por
exemplo, se começar a Escala Menor Melódica a partir do segundo grau, você tem
um modo da Escala Menor Melódica. Os modos da escala maior levam esse nome
justamente pela referência com a música grega antiga.)
Os 7 Modos são:
-Jônico: É o mesmo que a Escala Maior Natural
T-T-st-T-T-T-st
-Dórico: É semelhante a Escala Menor Natural, porém com a Sexta maior
T-st-T-T-T-st-T
-Frígio: É semelhante a Escala Menor Natural, porém com a Segunda menor
st-T-T-T-st-T-T
-Lídio: É semelhante a Escala Maior Natural, porém com a Quarta aumentada
T-T-T-st-T-T-st
-Mixolídio: É semelhante a Escala Maior Natural, porém com a Sétima menor
T-T-st-T-T-st-T
-Eólio: É o mesmo que a Escala Menor Natural
T-st-T-T-st-T-T
-Lócrio: É semelhante a Escala Menor Natural, porém com a Segunda menor e a
Quinta diminuta
Curso de Harmonia Funcional APLICADA A COMPOSIÇÃO E ANÁlise
JOÃO GABRIEL fONSECA
st-T-T-st-T-T-T
Mas isso são sete escalas diferentes. Esses não deveriam ser somente
maneiras diferentes de pensar uma Escala Maior Natural?
E são. Essa ordem das escalas não foi à toa, e para exemplificar isso vamos usar a
Escala Maior de Bb.
Bb-C-D-Eb-F-G-A
O modo Jônico é exatamente igual a escala. Mas o modo Dórico, é a mesma
coisa de começar essa mesma escala a partir de C.
C-D-Eb-F-G-A-Bb-C
T st T T T st T
Se fizer a sobreposição de terças com esses modos, vai gerar exatamente o mesmo
Campo Harmônico da Escala Maior Natural (Jônio), apenas começando de graus
diferentes.
-Empréstimo Modal
Como o nome diz, é quando um acorde de outra tonalidade aparece em uma
harmonia tonal, sendo ele considerado um “empréstimo” de um modo da tonalidade.
● Como assim?
Veja essa seguinte harmonia:
|| C7M(9) | Em7(9) | F7M | Fm6 | C7M ||
Apesar de termos poucos compassos, já podemos afirmar que é uma harmonia em
C. Apesar de estar em C, temos um compasso de Fm6, que não faz parte do
Campo de Dó, sendo que não é uma modulação e nem uma tonicalização. Isso é
um Acorde de Empréstimo Modal, sendo um acorde emprestado da tonalidade de
Eb (também conhecido como C Eólio*).
(*A escala de C Eólio é composta por C, D, Eb, F, G, Ab, Bb. São exatamente as
mesmas notas da Escala Maior Natural de Eb. O fato do acorde de Fm6 vir de um
empréstimo de um modo de C, explica o porquê do nome “Empréstimo Modal”.)