Os Grandes Grupos de Rochas

Fazer download em pdf ou txt
Fazer download em pdf ou txt
Você está na página 1de 62

Manual de Rochas Ornamentais para Arquitetos 79

4. OS GRANDES GRUPOS DE ROCHAS

As rochas naturais são classificadas em três grandes grupos:

• Rochas Magmáticas ou ígneas. Resultam do resfriamento de um líquido pastoso


complexo, denominado magma, gerado pela fusão parcial de rochas no interior
da Terra. Um magma que atinge a superfície da Terra é denominado de lava.
Efusões de magmas podem ser observados nos muitos vulcões ativos existentes
no círculo de fogo peri-Pacífico. As rochas magmáticas são as mais homogêneas
das rochas naturais. A sua granulação varia desde fina a gigante. A granulação
reflete a velocidade de resfriamento do magma. Magmas que resfriam
rapidamente geram rochas de granulação fina, densa ou desprovida de cristais
(vidros vulcânicos); os de esfriamento lento, rochas de granulação média a
grossa. Fato característico nas rochas magmáticas é a presença de fraturas de
contração, pois o volume de uma rocha é menor que o do magma (ou lava) que a
originou. As principais rochas magmáticas são os granitos (feldspato e quartzo),
dioritos (feldspato e anfibólio), sienitos (feldspato), gabros (feldspato, piroxênio e
olivina) e basalto (feldspato, piroxênio e olivina). Rochas de mesma composição
mineralógica, mas de resfriamento lento (a grandes profundidades, rochas
plutônicas) e, portanto de granulação média a grossa, e de resfriamento rápido
(em pequenas profundidades ou sobre a superfície terrestre, hipoabissais e
vulcânicas, respectivamente) e portanto de granulação fina a densa tem nomes
diferentes, como os exemplos abaixo:

ROCHAS PLUTÔNICAS ROCHAS HIPOABISSAIS OU


EFUSIVAS
Granito Riolito
Granodiorito Dacito
Sienito Traquito
Diorito Andesito
Gabro Diabásio, basalto
Peridotito Komaliito
Manual de Rochas Ornamentais para Arquitetos 80

• Rochas Metamórficas. Resultam de rochas pré-existentes que sofreram posterior


aquecimento e deformação por esforços no interior da Terra nas faixas
orogênicas ou em torno de magmas. Pelo aquecimento os minerais das rochas
pré-existentes reagem entre si formando novos – os minerais metamórficos. Esse
fenômeno assemelha-se à queima do tijolo de adobe que se transforma em tijolo
cristalino. Os esforços aplicados sobre a rocha durante seu metamorfismo geram
estruturas lineares ou planares. As estruturas planares cerradas são
denominadas de foliação, as mais espaçadas de xistosidade ou gnaissificação.
Estas permitem a partição das rochas em placas mais ou menos espessas e
regulares. São exemplos de rochas metamórficas a pedra mineira, as ardósias,
os itabiritos, os mica-xistos, os gnaisses, etc. Por metamorfismo os calcários
transformam-se em mármores, os arenitos em quartzitos, os basaltos e gabros
em anfibolitos, granitos em gnaisses e migmatitos, estes com estruturas
(desenhos) intrincados, complexos e de grande beleza. Outra rocha metamórfica
típica é o esteatito (pedra sabão), constituído por uma mistura de talco e
serpentina, com estruturas maciças ou planares. São gerados a partir de rochas
magmáticas magnesianas como os dunitos, peridotitos e piroxenitos.

• Rochas Sedimentares. Resultam da acumulação e compactação dos produtos


gerados pelo intemperismo de rochas pré-existentes, produtos estes
denominados de sedimentos. O intemperismo pode ser químico ou físico. No
primeiro caso os minerais da rocha pré-existente são alterados quimicamente
com a produção de novos, com destaque para as argilas formadas às custas do
feldspato e dos minerais ferromagnesianos (micas, anfibólios, piroxênios,
olivinas). Durante a alteração o sódio, o cálcio e o magnésio são extraídos dos
minerais e levados em solução para o mar onde pode precipitar sob forma de
calcários, dolomitos e evaporitos. Alguns minerais resistem ao ataque químico
com ênfase para o quartzo. No segundo caso a rocha é desagregada
naturalmente liberando os minerais que não são alterados pelo intemperismo
químico. Os arenitos (rochas formadas por grãos de quartzo) e os argilitos e
folhelhos (formada por grãos de argila) são as rochas sedimentares mais
Manual de Rochas Ornamentais para Arquitetos 81

importantes. Também os calcários e dolomitos (formados por grãos de


carbonatos de cálcio e/ou magnésio) são comuns. Como as partículas liberadas
pelo intemperismo e transportadas pelas águas se decantam por gravidade,
muitas rochas sedimentares apresentam planos de estratificação que são planos
de fraqueza que permitem o rompimento da rocha em forma de placas, à
semelhança das rochas metamórficas. É o caso de alguns arenitos, folhelhos,
calcários, ritmitos e varvitos. Estas placas são utilizadas em revestimentos
rústicos ou empilhados na construção de muros. Com o aumento da espessura
dos depósitos de sedimentos a carga (peso) resultante provoca a sua
compactação e endurecimento. Entretanto, rochas sedimentares são menos
compactas que as magmáticas e metamórficas. Exceções são rochas
silicificadas, nas quais soluções ricas em sílica (SiO2) percolam e cimentam os
detritos sedimentares formando uma rocha dura. Por isso, alguns arenitos
silicificados são denominados de quartzitos e encontram larga aplicação em
revestimentos externos.

5. OS PRINCIPAIS TIPOS DE ROCHAS ORNAMENTAIS

5.1. ROCHAS MAGMÁTICAS

BASALTO
Conceituação:

É a rocha magmática extrusiva (vulcânica) mais freqüente encontrada


na crosta terrestre. Os derrames basálticos representam os equivalentes efusivos
dos gabros e diabásios, respectivamente rochas ígneas plutônicas e hipoabissais.
Os basaltos ocorrem tanto nos fundos dos oceanos quanto nos
continentes onde ocupam extensas áreas. resultam da fusão parcial de rochas do
manto terrestre.
É comercialmente chamada de "pedra ferro".
Manual de Rochas Ornamentais para Arquitetos 82

Composição mineralógica:

A massa fundamental da rocha é composta por feldspato (plagioclásio)


calco-sódico (bytownita a anortita) associada com piroxênio (augita) na companhia
ou não de olivina. Adicionalmente em alguns basaltos aparecem a hornblenda
castanha e a biotita da mesma cor (Foto 33).
Todos os principais minerais formadores dos basaltos (feldspatos,
piroxênios e olivinas) podem ocorrer sob forma de grandes cristais (fenocristais)
inseridos numa matriz de granulação fina (Foto 34).

Características físicas:

• coloração escura;
• granulação fina;
• holocristalina ou hialocristalina;
• pode apresentar fenocristais:
¤ plagioclásios tabulares, branco-cinzentos,
¤ piroxênio com intenso brilho vítreo,
¤ olivinas esverdeadas;
• podem aparecer, em sua massa, pequenas cavidades arredondadas (amígdalas)
que são os moldes de bolha de gases que escapam das lavas durante sua
cristalização.

Características químicas e mecânicas:

• rocha compacta, de alta resistência mecânica devido à granulação fina;


• baixa resistência à abrasão pela ausência de quartzo.

Aplicação:

• revestimento de paredes (de interiores e exteriores) (Foto 35)


Manual de Rochas Ornamentais para Arquitetos 83

• revestimento de muros, calçada ("pedra preta" do "mosaico português");


• lastro ferroviário;
• agregado graúdo de concretos;
• muros de arrimo.

Outras observações:

• não se recomenda sua utilização em pisos exteriores, pois é um material não


abrasivo, que pelo desgaste vai sendo "polido", tornando-se muito derrapante em
dias chuvosos, além de apresentar acentuada perda de brilho. Por ser uma rocha
rica em ferro, freqüentemente adquire cor castanha de óxido de ferro quando
sofre alteração.

FOTO 33 - FOTO DE UM BLOCO DE


BASALTO EM ESTADO BRUTO
(10x7 cm)
(Fonte: Schumann, W., 1985)
Manual de Rochas Ornamentais para Arquitetos 84

FOTO 34 - FOTO DE BLOCOS DE BASALTO EM ESTADO BRUTO


(12x6 cm)
(Fonte: Schumann, W., 1985)
Manual de Rochas Ornamentais para Arquitetos 85

FOTO 35 - UTILIZAÇÃO DE BASALTO (BLOCOS COM


DIMENSÕES NA MÉDIA DE 20X15 cm) EM PAREDE EXTERNA DE
CASARÃO ANTIGO - BOTUCATU, SP
-
Manual de Rochas Ornamentais para Arquitetos 86

DIORITO
Conceituação:

Rocha ígnea plutônica, escura.


Rocha efusiva correspondente ao diorito é denominada andesito.

Composição mineralógica:

É formado essencialmente por plagioclásio sódico-cálcico (oligoclásio


ou andesina), associado com mineral máfico, geralmente um anfibólio (hornblenda).
Também pode conter quantidades menores de biotita ou piroxênios (augita ou
hiperstênio). O plagioclásio pode se associar ou não com quantidades menores de
feldspato.
O quartzo pode atingir até 10% do volume da rocha no quartzo diorito.
Os principais minerais acessórios são magnetita, ilmenita e apatita,
sendo menos comuns a titanita e o zircão. Normalmente os minerais claros
(feldspatos) e escuros (ferromagnesianos) ocorrem em quantidades e dimensões
aproximadamente iguais conferindo aos dioritos uma textura tipo "sal com pimenta"
(Foto 37).

Características físicas:

Forma plutônica:
• coloração escura;
• eqüigranular com granulação de média a grossa. Às vezes exibe textura
porfirítica, com fenocristais de feldspatos e/ou hornblenda (Foto 36);
• textura holocristalina.

Forma hipabissal:
• coloração escura, ocasionalmente esverdeada ou rosada por alteração
hidrotermal;
Manual de Rochas Ornamentais para Arquitetos 87

• granulação média a fina. Freqüentemente são porfiríticas, com fenocristais de


feldspato e de minerais máficos;
• textura holocristalina.

Forma efusiva (andesito):


• coloração em tons de cinza, púrpura, castanho, verde (por alteração hidrotermal),
até quase preto;
• granulação fina, em parte vítrea. Textura freqüentemente porfirítica, com
fenocristais de plagioclásio (oligoclásio-andesina), hornblenda, augita ou placas
de biotita;
• textura hialocristalina.

Características químicas e mecânicas:

• resistência à abrasão menor que a do granito pela ausência de maiores teores de


quartzo, mas maior que a dos gabros e basaltos;
• não reage com ácidos;
• elevada resistência mecânica.

Aplicação:

• revestimento de paredes (de interiores e exteriores) (Foto 38);


• revestimento de pisos (de interiores e exteriores), detalhes decorativos em pisos,
soleiras e rodapés;
• objetos decorativos;
• tampos de mesa e balcões de cozinha;
• lápides;
• pedra de construção (brita para concreto);
• cascalho para estradas.

Outras observações:
Manual de Rochas Ornamentais para Arquitetos 88

• dioritos, gabros e diabásios de coloração verde e esverdeada recebem o nome


comercial de "rocha verde". Freqüentemente a cor verde resulta da percolação
da rocha por fluidos hidrotermais contendo cobre;
• dioritos orbiculares apresentam massas esféricas ou ovóides, de diâmetro
centimétricos a métrico, constituído de camadas concêntricas, alternadamente
ricos em minerais claros e escuros. Tem aspecto extremamente vistoso, mas são
rochas raras;
• apresentam perda de brilho em ambientes de alto tráfego;
• devido ao seu alto teor de minerais ferro-magnesianos (cerca de 80%) produzem,
por oxidação, freqüentes manchas castanhas, difusas ou concentrações de
óxidos de ferro em fraturas.

1 cm

FOTO 36 - PLACA POLIDA DE DIORITO


PORFIRÍTICO
(Fonte: Caruso, L. G. coord., 1990)
Manual de Rochas Ornamentais para Arquitetos 89

FOTO 37 - BLOCO BRUTO (11x8 cm) DE


DIORITO EQUIGRANULAR
(Fonte: Schumann, W., 1985)
Manual de Rochas Ornamentais para Arquitetos 90

FOTO 38 - PAREDE EXTERNA DE LABORATÓRIO MÉDICO


REVESTIDA COM PINTURA AMARELA E PLACAS POLIDAS (30x30
cm) DE DIORITO EQUIGRANULAR - BOTUCATU, SP
Manual de Rochas Ornamentais para Arquitetos 91

GRANITO
Conceituação:

Rocha magmática mais freqüente da crosta terrestre.


Os granitos ocorrem num contexto geológico muito variado. A sua
maior concentração ocorre nos arcos magmáticos das cadeias de montanhas. Os
arcos magmáticos são o produto da fusão de rochas acima da zonas de subducção
que se formam por ocasião do fechamento dos oceanos. Corpos menores ocorrem
também em áreas estáveis (cratons), geralmente associados a falhas, domos
crustais ou vales tectônicos.
A maioria desses corpos de rocha é nitidamente intrusiva,
apresentando contato abrupto com as rochas encaixantes, e é rodeada por uma
auréola metamórfica (metamorfismo de contato).
Os granitos encontram-se expostos na superfície pela erosão das
cadeias de montanhas. Supõe-se que essas rochas derivem dos magmas
produzidos pelo aquecimento e fusão parcial das rochas nas áreas de subducção.
Nestes sítios devido aos esforços associados à subducção e ao forte fluxo de calor,
as rochas pré-existentes são dobradas e metamorfizadas. Nos locais de maior calor
ocorre a geração do magma granítico que, assim, origina as cadeias de montanhas.
Geralmente o termo granito é empregado para qualquer rocha dura,
resistente e muitas vezes de considerável valor econômico. Comercialmente um
grande número de rochas é denominado impropriamente de "granito", incluindo até
rochas não magmáticas. Além disso, recebem "nomes fantasia" dependendo da
coloração e local de extração ("Vermelho Capão Bonito", "Amarelo Arabesco",
"Amarelo Minas", "Verde Esperança", "Verde Candeias", "Verde Ubatuba", "Azul
Bahia", "Café Bahia", "Café Olinda", "Preto São Gabriel", "Dourado Paulista", "Ouro
Mel", "Ouro Novo", "Lilás Gerais", "Rosa Biritiva", etc.).
Manual de Rochas Ornamentais para Arquitetos 92

Composição mineralógica:

Constituído essencialmente por feldspatos ( potássico e plagioclásio


em proporções muito variáveis), quartzo, mica (biotita e/ou muscovita) e anfibólio
(em geral hornblenda) (Foto 39 e Figura 52). Piroxênios são raros e típicos dos
charnokitos, granitos de cor cinza esverdeada ("Verde Ubatuba").
Os principais minerais acessórios são magnetita, ilmenita, apatita,
zircão, esfênio (ou titanita), topázio, fluorita. Andaluzita, cordierita e granada são
minerais típicos de granitos aluminosos.

Características físicas:

• coloração (determinada pela cor do feldspato) branca, acinzentada, rosada,


avermelhada, esverdeada, amarelada, acastanhada (Fotos 40 e 41);
• textura variável de acordo com a forma de jazimento:
¤ corpos plutônicos: granulação grossa, holocristalinos, textura eqüigranular, ou
porfirítica;
¤ formas hipabissais: granulação média, holocristalinas, eqüigranulares ou
porfirítica;
¤ formas efusivas: granulação fina, hialocristalinas ou vítreas. Freqüentemente
perfeita com fenocristais de feldspato e/ou quartzo em massa vítrea (matriz)
ou de granulação fina;
• os fenocristais, quando aparecem, são dominantemente de feldspatos
potássicos. Têm forma externa bem desenvolvida (euhedral) e podem atingir até
10 cm. A orientação, ocorre devido ao fluxo do magma durante a intrusão dos
minerais constituintes;
• arranjo mineral (trama) caótico ou orientado.

Características químicas e mecânicas:

• elevada resistência à abrasão por seu elevado teor de quartzo;


• não reage com ácidos;
Manual de Rochas Ornamentais para Arquitetos 93

• baixo índice de absorção d'água, que aumenta nas rochas porfiríticas.

Aplicação:

• revestimento de paredes (de interiores e exteriores) (Figura 42);


• revestimento de pisos (de interiores e exteriores), detalhes decorativos em pisos,
soleiras e rodapés (Figura 43);
• elementos estruturais (pilares, colunas);
• objetos decorativos;
• tampos de mesa e balcões de cozinha;
• lápides;
• pedra de construção, pavimentação e de arremates marginais (guias de
calçadas).

Outras observações:

• a oxidação da granada em certos granitos pode causar manchas acastanhadas;


• alguns minerais acessórios (principalmente sulfetos) podem causar manchas
localizadas devido à sua oxidação;
• em granitos de coloração clara as manchas de umidade são mais visíveis que
nos de coloração escura;
• Nas placas podem ocorrer manchas oleosas, por utilização de areia suja e
argamassas impróprias, na ocasião do assentamento das placas.
Manual de Rochas Ornamentais para Arquitetos 94

M
1 cm

FOTO 39 - PLACA DE GRANITO POLIDO FIGURA 52 - DESENHO ESQUEMÁTICO DA


(Fonte: Schumann, W., 1985) FOTO 39, DESTACANDO A MINERALOGIA
DA ROCHA/ (Q=QUARTZO, F=FELDSPATO,
M=MICA)
(Fonte: Schumann, W., 1985)

1 cm

FOTO 40 - VARIEDADES POLIDAS DE GRANITO


(Fonte: Maresch, W.; Medenbach, O.; Trochium M. H. D. ,
1987
Manual de Rochas Ornamentais para Arquitetos 95

FOTO 41 - BLOCOS BRUTOS (4 a 5x8 cm) DE GRANITO


(Fonte: Schumann, W., 1985)
Manual de Rochas Ornamentais para Arquitetos 96

FOTO 42 - UTILIZAÇÃO DE GRANITO (PLACAS POLIDAS, 20x30


cm) EM AMBIENTE EXTERNO - BOTUCATU, SP
Manual de Rochas Ornamentais para Arquitetos 97

FOTO 43 - AMBIENTE INTERNO (HALL DE ELEVADOR) REVESTIDO COM PLACAS POLIDAS


CLARAS DE GRANITO (30x30 cm) E BORDAS DE PLACAS ESCURAS DE DIORITO (10x60 cm) -
BOTUCATU, SP (Extraído de IAMAGUTI, 1998)
Manual de Rochas Ornamentais para Arquitetos 98

SIENITO
Conceituação:

Rocha magmática plutônica, caracterizada por elevados teores de


feldspato potássico e baixos teores de quartzo (inferiores a 20% do volume da
rocha). Sua ocorrência é bastante rara constituindo menos de 1% das rochas
plutônicos.
A forma hipabissal é representada por espólitos, diques e sills de
microssienito. O equivalente efusivo denomina-se traquito.
O sienito ocorre na forma de corpos isolados (stocks, geralmente de
pequenas dimensões). Às vezes formam o anel externo de plutons graníticos
diferenciados, um caso especial de sienitos são os fenitos, rochas encaixantes
alteradas hidrotermalmente pelas soluções liberadas durante a cristalização do
pluton sienítico.

Composição mineralógica:

Compreende principalmente feldspato alcalino e/ou plagioclásio sódico


(albita ou oligoclásio), associados a minerais escuros, como biotita, ao lado de
hornblenda e piroxênio, às vezes sódico.
Assemelha-se ao granito na aparência (Foto 44), mas se difere-se dele
por conter menos de 20% de quartzo. Os minerais acessórios comuns são apatita,
titanita, zircão e magnetita. Característico de alguns sienitos é a presença de
feldspatóides tais como a nefelina e a sodalita, esta com forte cor azul (granitos
azuis da Bahia).
De acordo com a variação na composição mineralógica e de
granulação, a família dos sienitos reúne:
• sienitos alcalinos - (rocha mais freqüente do clã) muito ricos em feldspatos
alcalinos (potássicos e sódicos);
• monzonito - apresenta teores de feldspatos alcalinos e plagioclásio
aproximadamente iguais;
Manual de Rochas Ornamentais para Arquitetos 99

• traquito - (equivalente efusivo do sienito) apresenta predominância de feldspato


alcalino sobre quantidades limitadas de quartzo e plagioclásio cálcico;
• microssienito - constituído essencialmente de feldspatos alcalinos associados a
pequenas quantidades de biotita, hornblenda, piroxênio ou quartzo.

Características físicas:

• coloração branca, cinza, marrom, rosa ou vermelha (Fotos 44 e 45);


• granulação média a grossa;
• textura eqüigranular, algumas vezes porfirítica (com fenocristais de feldspatos ou
máficos) ou fluidal, cristais iso-orientados pela ação do fluxo magmático e comum
nos traquitos (cristais traquíticos).

Características químicas e mecânicas:

• pouco resistente à abrasão, por conter pequenos teores de quartzo;


• os feldspatóides reagem com ácidos, gelatinizando-se;
• alta resistência mecânica e baixa porosidade.

Aplicação:

• pedra de construção;
• a variedade larvikito é usada para fins ornamentais (arquitetura, monumentos,
memoriais e túmulos), devido ao brilho pronunciado e reflexos multicolorido
(schillerização) dos seus feldspatos, lembrando o brilho das asas de borboletas
azuis (Foto 46);
• a variedade sodalita sienito é muito procurada pela intensa cor azul deste
feldspatóide.
Manual de Rochas Ornamentais para Arquitetos 100

Outras observações:

• facilmente trabalhado devido ao conteúdo elevado de feldspato, que proporciona


facilidade de ser serrada (maior serrabilidade) e polida.

1 cm

FOTO 44 - SUPERFÍCIE POLIDA DE PLACAS DE


SIENITO
(Fonte: Caruso, L. G. coord., 1990)
Manual de Rochas Ornamentais para Arquitetos 101

FOTO 45 - BLOCOS BRUTOS DE SIENITO (COM DIMENSÕES


APROXIMADAS DE 4x7 cm). A AMOSTRA SUPERIOR DIREITA É UM
LARVIKITO COM COR E REFLEXO TÍPICO AZULADO
(AHILHERIZAÇÃO)
(Fonte: Schumann, W., 1985)
Manual de Rochas Ornamentais para Arquitetos 102

FOTO 46 - UTILIZAÇÃO DO SIENITO (PLACAS POLIDAS DE 60x40 cm) EM FACHADA DE EDIFÍCIO -


BOTUCATU, SP
Manual de Rochas Ornamentais para Arquitetos 103

5.2. ROCHAS SEDIMENTARES

ARENITO
Conceituação:

Rocha sedimentar que provém da consolidação de sedimentos


constituídos principalmente por grãos de quartzo (areias, silte). Os arenitos formam-
se em numerosos ambientes de sedimentação: marinho, lacustre, praial, estuarino,
fluvial, eólico e periglacial.
Essa rocha apresenta composição variada desde o arenito puro (orto-
arenito) composto quase totalmente por grãos de quartzo associados a pequenas
porcentagens de argila, até o arenito impuro no qual os grãos maiores de areia se
associam com pequenos fragmentos de rocha, numa massa mais fina (matriz) de
silte e argila.
O "limpo", reflete um transporte, durante o qual os grãos de quartzo são
bem lavadas e selecionadas pelas águas correntes e provém de áreas submetidas a
intenso intemperismo químico. Quando as águas transportadoras são lamacentas, a
deposição é rápida, e a fonte foi submetida a um intemperismo físico originando os
arenitos impuros.

Composição mineralógica:

O quartzo é o mineral principal, podendo também ocorrer feldspatos,


micas, granadas, zircão e fragmentos de rochas. Esses grãos podem estar
cimentados por argila, sílica, carbonato (calcita) ou por óxido de ferro (hematita ou
goethita).

Características físicas:

• coloração variada, que depende da natureza do cimento e do ambiente de


exposição (oxidante ou redutor):
¤ sílica e calcita como material cimentante: amarelados, brancos, cinzentos
(Foto 47);
Manual de Rochas Ornamentais para Arquitetos 104

¤ óxido de ferro como material cimentante: avermelhados (Foto 47), castanhos;


• granulação fina a grossa;
• apresenta estratificação plano-paralela, estratificação cruzada, marcas de ondas
e concreções, que podem dar uma bela movimentação às rochas.

Características químicas e mecânicas:

• arenitos silicificados são bastante resistentes à abrasão e ao ataque químico,


podendo ser utilizados em ambientes exteriores (Foto 48);
• arenitos não silicificados são porosos, apresentando elevado índice de absorção
d'água e pouca resistência mecânica à desagregação.

Aplicação:

• revestimento de muros e muretas, paredes exteriores (arenito silicificado);


• revestimento de paredes e pisos de ambientes interiores;
• revestimento de calçadas, muito usado no "mosaico português";
• decoração em ambientes rústicos.

Outras observações:

• o arenito não silicificado apresenta elevado índice de absorção d’água, portanto


há algumas restrições quanto ao seu uso tanto em ambientes externos quanto
internos (ambientes úmidos).
Manual de Rochas Ornamentais para Arquitetos 105

1 cm

FOTO 47 - ARENITOS DE DIVERSAS COLORAÇÕES E


ACABAMENTOS DE SUPERFÍCIE (POLIDO, APARELHADO,
RANHURADO, APICOADO)
(Fonte: Schumann, W., 1985)
Manual de Rochas Ornamentais para Arquitetos 106

FOTO 48 - UTILIZAÇÃO DE BLOCOS IRREGULARES APARELHADOS DE ARENITO


SILICIFICADO EM FACHADA RESIDENCIAL - BOTUCATU, SP (Extraído de IAMAGUTI, 1998)
Manual de Rochas Ornamentais para Arquitetos 107

CALCÁRIO
Conceituação:

Rocha sedimentar com, no mínimo, mais de 50% de carbonato de


cálcio.
Calcário é derivado do termo latino ("calcarius") que significa, que
contém cal.
Sua origem pode ser orgânica (acumulação de restos de conchas,
corais, etc.) e química (precipitação do carbonato de cálcio). Depósitos de calcário
de origem orgânica são os mais freqüentes.

Composição mineralógica:

Rocha monomineral de calcita. Calcários impuros contém também


teores variáveis de quartzo, silte, dolomita, argila, óxido de ferro e fragmentos de
rochas.
Sílica pode ocorrer na forma de sílex finamente cristalizado formando
estratos ou massas nodulares (bonecos de sílex) no calcário.
Há diversas variedades de calcários, dependendo de sua composição
ou textura:
• giz - variedade de granulação fina, poroso, composto em sua maior parte por
conchas de foraminíferos;
• coquina - consiste em aglomerados consolidados de conchas inteiras ou
fragmentadas, parcialmente consolidados;
• calcário litográfico - granulação extremamente fina;
• calcário argiloso - com o aumento do teor de argila, passam gradualmente para
marga;
• calcário oolítico - composto de pequenas concreções, semelhantes a ovas de
peixe.
Manual de Rochas Ornamentais para Arquitetos 108

Características físicas:

• coloração variável: branca (calcário puro), cinzenta, creme, amarelada,


avermelhada, castanha ou preta (Foto 49);
• granulação variando de muito fina até grosseira, de aspecto sacaróide;
• maciço ou estratificação pobre ou rico em fósseis (Foto 49).

Características químicas e mecânicas:

• o calcário tem baixa resistência ao risco e à abrasão, deixando-se riscar sem


dificuldade pelo canivete;
• efervesce na presença de ácido clorídrico diluído;
• não é resistente ao fogo (fácil decriptação);
• susceptível de ataque por maresia (sal + água = ácido clorídrico).

Aplicação:

• revestimento e ornamentação de paredes (Foto 50);


• decoração;
• material de construção (cimento, pedra de construção, cal);
• diminuição da acidez do solo (calcificação);
• como fundente na metalurgia;
• produção de barrilha.

Outras observações:

• o calcário, quando metamorfizado, origina o mármore calcítico;


• não deve ser usado como revestimentos de ambientes exteriores, pois são
facilmente alterados (ambiente litorâneo, gases de combustão, chuva ácida);
• não é recomendado para revestimento de piso, devido à baixa resistência ao
risco e à abrasão;
Manual de Rochas Ornamentais para Arquitetos 109

• a utilização de produtos de limpeza à base de ácidos e/ou amônias deve ser


totalmente evitada.

1 cm

FOTO 49 - PLACA BRUTA DE CALCÁRIO COM


ESTRUTURAS SEDIMENTARES
(Fonte: Bigarella, J. J.; Leprevost, A.; Bolsanello, A., 1985)

FOTO 50 - UTILIZAÇÃO DE PLACA DE CALCÁRIO (DIMENSÕES APROXIMADAS DE 12x14 cm),


IRREGULARMENTE APARELHADAS, EM REVESTIMENTO DE FACHADA RESIDENCIAL -
CURITIBA, PR
Manual de Rochas Ornamentais para Arquitetos 110

5.3. ROCHAS METAMÓRFICAS

ARDÓSIA
Conceituação:

Rocha metamórfica originada pelo metamorfismo regional, incipiente


(de baixo grau), sobre rochas argilosas ou folhelhos mais ou menos silcosos e
arenosos.
Caracteriza-se por uma estrutura plano-paralela muito intensa e
cerrada (foliação), feição típica dos esforços orientados que atuam no metamorfismo
regional, mas faltam no metamorfismo de contato.

Composição mineralógica:

Seus componentes principais são quartzo, sericita e clorita (define a


coloração esverdeada da pedra). Ocasionalmente contém carbonato quando
derivada de margas (argilas calcíferas). Comum é a ocorrência de piritas.

Características físicas:

• coloração preta com tonalidade acinzentada, esverdeada, azulada, acastanhada


e avermelhada (Foto 51);
• granulação fina a muito fina;
• aspecto sedoso;
• apresenta recristalização incipiente e uma foliação (clivagem ardosiana)
marcante, que freqüentemente não coincide com a estratificação original da
rocha;
• pode conter fósseis, porém quando presentes, aparecem deformados.

Características químicas e mecânicas:

• baixa a média resistência à abrasão, dependendo do domínio de material meta-


silicoso ou meta-argiloso;
Manual de Rochas Ornamentais para Arquitetos 111

• inerte ao ataque ácido, quando não carbonático.

Aplicação:

• revestimento de muros, muretas, paredes, pisos em ambientes exteriores (Foto


52);
• revestimento de paredes e pisos em ambientes interiores;
• mobiliário - mesas, cadeiras, bancos, tampões de pias, lousas;
• decoração.

Outras observações:

• foliação marcante, conhecida como clivagem ardosiana, permite o


desdobramento do material em lâminas delgadas de grandes áreas;
• a oxidação de piritas, que podem ocorrer ou não, pode provocar o aparecimento
de nódulos castanhos na superfície da rocha. Essas manchas normalmente
comprometem a estética do material;
• a utilização de material tipo sinteco, como impermeabilizante, sobre a superfície
da rocha pode provocar manchamentos na pedra (por perda da tonalidade
natural e posterior desgaste da película), além de tornar a superfície
escorregadia.
Manual de Rochas Ornamentais para Arquitetos 112

FOTO 51 - BLOCO DE ARDÓSIA PRETA


BRUTA (5x8 cm)
(Fonte: Schumann, W., 1985)

FOTO 52 - UTILIZAÇÃO DE PLACAS DE ARDÓSIA VERDE (15x30 cm) EM ESCADARIA -


BAURU, SP
Manual de Rochas Ornamentais para Arquitetos 113

GNAISSE
Conceituação:

Rocha metamórfica formada por metamorfismo regional de pressão e


temperatura bastante elevadas.
É conhecido popularmente como "rocha movimentada" devido ao
aspecto listrado de seus minerais segregados em faixas claras e escuras (Foto 53 e
Figura 53).
Os gnaisses ocorrem associados com migmatitos e granitos, nas
regiões centrais dos cinturões metamórficos. Muitos corpos gnaissicos são
atravessados por veios graníticos ou pegmatíticos.

Composição mineralógica:

O metamorfismo pode afetar rochas ígneas, sedimentares, ou mesmo


em metamórficas (poli-metamorfismo), resultando em uma variedade de associações
minerais. Nos gnaisses de rochas ígneas os nomes seguem a composição da rocha
pré-metamórfica: gnaisse granítico, gnaisse diorítico, gnaisse sienítico.
Seus minerais encontram-se concentrados em faixas milimétricas a
centimétricas alternadas escuras, xistosas, ricas em muscovita, biotita, hornblenda e,
ocasionalmente, piroxênio e faixas claras, granulares, contendo quartzo e feldspato.
(Foto 53).
Gnaisses derivados de sedimentos areno-argilosos-feldspáticos
(arcósios) são ricos em biotita, muscovita, granada, feldspato potássico e quartzo.
Gnaisses gerados sob condições extremas de metamorfismo regional
denominam-se de granulitos.
Manual de Rochas Ornamentais para Arquitetos 114

Características físicas:

• encontrado em tonalidades de branco, cinza, amarelo, marrom e rosa (Foto 55);


• estrutura orientada com formação de bandas alternadamente em tons claros e
escuros (gnaissificação), que permite o desmembramento plano-paralelo da
rocha.

Características químicas e mecânicas:

• elevada resistência à abrasão;


• boa resistência à compressão;
• dificilmente se deixa cortar em blocos;
• não reage com ácidos.

Aplicação:

• revestimento de paredes (de interiores e exteriores);


• revestimento e detalhes em pisos (de interiores e exteriores), soleiras e rodapés
(Foto 55);
• tampos de mesa e balcões de cozinha;
• peitoris de janelas;
• pavimentação urbana e de estradas, calçadas.

Outras observações:

• a presença de granada, que pode oxidar formando manchas acastanhadas, pode


comprometer a estética do revestimento.
Manual de Rochas Ornamentais para Arquitetos 115

1 cm

FOTO 53 - SUPERFÍCIE POLIDA DE GNAISSE FIGURA 53 - ESQUEMA DA FOTO 54


(Fonte: Maresch, W.; Medenbach, O.; Trochium M. H. MOSTRANDO O ARRANJO PARALELO DOS
D. , 1987) MINERAIS PLACÓIDES E SUA ALTERNÂNCIA
COM MINERAIS CLAROS GRANULOSOS
(QUARTZO E FELDSPATO) OU COLUNARES
(MICAS, ANFIBÓLIOS, PIROXÊNIOS
(Fonte: Schumann, W., 1985)

FOTO 54 - BLOCOS DE GNAISSE BRUTO (5x8 cm)


(Fonte: Schumann, W., 1985)
Manual de Rochas Ornamentais para Arquitetos 116

FOTO 55 - UTILIZAÇÃO DE PLACAS POLIDAS DE GNAISSE


(30x30 cm) EM PISO DE COZINHA. OBSERVAR A COLORAÇÃO
CASTANHA RESULTANTE DA ALTERAÇÃO DE MAGNETITA -
BOTUCATU, SP (Extraído de IAMAGUTI, 1998)
Manual de Rochas Ornamentais para Arquitetos 117

ITABIRITO
Conceituação:

Rocha metamórfica, que representa uma variedade de quartzito com


grande quantidade de hematita e magnetita (quartzito hematítico). Normalmente
marcado pela alternância entre camadas de coloração cinza/preto (hematita) e clara
(quartzo) ou espessuras variáveis, desde milimétricas a centimétricas.

Composição mineralógica:

Constituído principalmente por grãos de quartzo, palhetas micáceas e


hematita e magnetita placóide, além de rara clorita e actinolita e/ou grunerita (um
anfibólio fibroso esverdeado).

Características físicas:

• cores escuras em tons de cinza, grafite ou preto, podendo ter reflexos


esverdeados (Foto 56);
• granulação varia de fina a grosseira;
• rocha muito homogênea;
• textura sacaroidal;
• foliação metamórfica, condicionada pelos minerais micáceos e placóides,
determinando ocorrência de planos de partição, que permite o desmembramento
da rocha em placas irregulares;
• brilho perláceo a metálico.

Características químicas e mecânicas:

• pode ocorrer manchas castanhas devido à oxidação de minerais metálicos;


Manual de Rochas Ornamentais para Arquitetos 118

• apresenta baixa resistência à compressão no plano perpendicular à estratificação


plano-paralela (foliação);
• comercializado sob forma de placas irregulares com dimensões variáveis.

Aplicação:

• revestimento de paredes (de interiores e exteriores) (Foto 57);


• raramente usado como revestimento de pisos (de interiores e exteriores);
• por intemperismo rapidamente perde sua estética original.

1 cm

FOTO 56 - PLACA DE ITABIRITO BRUTO POBRE


EM HEMATITA
(Fonte: Bigarella, J. J.; Leprevost, A.; Bolsanello, A., 1985)
Manual de Rochas Ornamentais para Arquitetos 119

FOTO 57 - UTILIZAÇÃO DE ITABIRITO EM MURO RESIDENCIAL - BOTUCATU, SP


Manual de Rochas Ornamentais para Arquitetos 120

MÁRMORE
Conceituação:

Rocha metamórfica gerada pelo metamorfismo regional atuando sobre


calcários e dolomitos. Podem ser formadas também por metamorfismo de contato
em torno de rochas plutônicas.
Os mármores encontram-se associados a quartzitos, filitos e diferentes
tipos de xistos em seqüências metamórficas geradas a partir de sedimentos.
Material muito utilizado desde a Antigüidade em monumentos
(estatuas) ou revestindo palácios e mansões. Suas características típicas
associadas ao elevado custo imprimem requinte e nobreza ao ambiente em que é
aplicado.
Os nomes dados aos mármores são muitos e se referem ao lugar de
origem, estrutura, textura, desenho, cor ou simplesmente à criatividade da indústria
de rochas ornamentais ("Branco Carrara", "Branco Espírito Santo", "Crema Marfil",
"Estremoz Vergado", "Rosso Verona", "Rosa Borba", "Calacata", "Travertino
Romano", "Arabescado", etc.).

Composição mineralógica:

Composto essencialmente por calcita (mármore calcítico) e/ou dolomita


(mármore dolomítico).
Quando a rocha original contem areia, silte ou argila, o mármore
resultante pode conter flogopita, diopsídio, tremolita, grossulária, olivina e
serpentina, além de outros minerais, algumas vezes conferindo à rocha vistosas
manchas de veios esverdeados.

Características físicas:

• coloração que varia entre branca, cinza, amarela, vermelha, rosa, verde, azul e
preta. Raramente o mármore apresenta um colorido uniforme (Fotos 58 e 59):
Manual de Rochas Ornamentais para Arquitetos 121

¤ óxidos de ferro - cor vermelha;


¤ inclusões de sulfeto de ferro - cores preto-azuladas;
¤ carbonatos de manganês, ferro, limonita, óxido hidratado de ferro - tons
amarelos e acastanhados;
¤ silicatos ferrosos (clorita, epídoto, glauconita, diopsídio e olivina) - tons
verdes;
¤ inclusões de grafita e materiais betuminosos - cores azul, cinzenta e negra;
• granulação varia de fina a grossa, eqüigranular;
• estruturas sedimentares muitas vezes preservadas, podendo apresentar
acamamento ou faixas que comumente remetem às antigas estruturas primárias;
• rara xistosidade e clivagem nos mármores puros;
• raramente apresentam de fósseis e cavidades.

Características químicas e mecânicas:

• baixa resistência à abrasão;


• resistência mecânica menor que a do granito;
• reação com ácidos, menos pronunciado nos mármores dolomíticos.

Aplicação:

• revestimento de paredes (de interiores e exteriores não agressivos);


• revestimento de pisos (de interiores), detalhes decorativos em pisos, soleiras e
rodapés, em pavimentos de baixo tráfego (Foto 60);
• objetos decorativo (esculturas e estátuas);
• tampos de mesa;
• lápides;

Outras observações:
Manual de Rochas Ornamentais para Arquitetos 122

• a baixa dureza do material restringe sua aplicação em pisos de ambientes de alto


tráfego, o que acarretaria seu alto desgaste e perda de suas qualidades (brilho) e
da estética arquitetônica (perda da homogeneidade da superfície assentada);
• por efervescer na presença de ácidos, não deve ser utilizado como revestimento
em ambientes exteriores agressivos (gases de combustão, maresia, chuvas
ácidas), a não ser que seja executado um processo de proteção e
impermeabilização pós-assentamento;
• devido à reação com ácidos, deve-se, também, evitar sua aplicação em
banheiros e balcões de cozinha, local onde são encontrados produtos de limpeza
e ácidos, naturais (cítricos) ou não.
Manual de Rochas Ornamentais para Arquitetos 123

A B

C D

1 cm

FOTO 58 - VARIEDADES DE MÁRMORE POLIDO. NAS


AMOSTRAS A E D OS VEIOS BRANCOS SÃO DE
CALCITA RECRISTALIZADA EM FRATURAS. OS VEIOS
E MANCHAS CINZA ESVERDEADAS EM B RESULTAM
DE SILICATOS DE CÁLCIO E MAGNÉSIO
(Fonte: Schumann, W., 1985)
Manual de Rochas Ornamentais para Arquitetos 124

FOTO 59 - VARIEDADES DE MÁRMORE BRUTO (5x7


cm). NOTAR A COLORAÇÃO HETEROGÊNEA DAS
ROCHAS
(Fonte: Schumann, W., 1985)
Manual de Rochas Ornamentais para Arquitetos 125

FOTO 60 - UTILIZAÇÃO DE PLACAS POLIDAS DE MÁRMORE


(40x40 cm) DE DIFERENTES CORES CONSTRUINDO UM
MOSAISCO EMHALL DE ENTRADA RESIDENCIAL - BAURU, SP
Manual de Rochas Ornamentais para Arquitetos 126

QUARTZITO
Conceituação:

Rocha metamórfica, derivada de arenitos por metamorfismo de contato


ou regional, moderado a intenso.
É encontrado em associações com outras rochas metamórficas como
filitos, xistos e mármore derivadas de sedimentos. Apresenta foliação mais ou menos
desenvolvida.
Comercialmente é denominado "pedra mineira".

Composição mineralógica:

Formado principalmente por grãos de quartzo recristalizados (80%), ao


lado de teores variáveis de mica (mica quartzito) e feldspato (feldspato quartzito),
aglutinados ou não por cimento silicoso. Quartzitos constituídos quase
exclusivamente por grãos de quartzo são denominados de ortoquartzitos.

Características físicas:

• cores claras em tons de branco, amarelo, rosa, verde ou cinza (Foto 63), que
refletem a luz;
• granulação fina a grossa;
• textura engrenada ou sacaroidal;
• maciça ou foliada;
• pode haver preservação de estruturas sedimentares primárias, estratificação ou
acamamentos gradacionais;
• foliação metamórfica é condicionada por minerais micáceos e por grãos de
quartzo deformados e recristalizados, que permitem o desmembramento da
rocha em placas mais ou menos espessas e regulares.
• placas com superfície áspera;
Manual de Rochas Ornamentais para Arquitetos 127

• brilho sedoso os quartzitos micáceos (comercialmente denominados "carranca");


• cores verdes vivas são devido à presença de muscovita com ferro bivalente.

Características químicas e mecânicas:

• alta resistência à abrasão nos ortoquartzitos e menor nos quartzitos micáceos;


• elevada absorção d'água, nos quartzitos com textura sacaróide;
• inexistência de minerais reativos torna o material inerte a agentes de alteração
(produtos de limpeza, cítricos, chuvas ácidas);

Aplicação:

• revestimento de paredes (ambientes interiores ou exteriores), muros e muretas


(Foto 64);
• revestimento de pisos (interiores e exteriores);
• revestimento de bordas de piscinas, por sua porosidade e superfície rugosa,
aspectos que impedem que o piso se torne escorregadio mesmo quando
molhado (Foto 63);
• objetos de ornamentação;
• quando alterados, como saibro em vias férreas.

Outras observações:

• a elevada absorção d'água, fruto de elevada porosidade, evita o empoçamento


de água e facilita a drenagem de pisos externos;
• a refração da luz solar, proporcionada por sua coloração clara, permite que o
material funcione como refratário térmico, evitando o aquecimento de ambientes;
• o material é antiderrapante, devido à aspereza de sua superfície.
Manual de Rochas Ornamentais para Arquitetos 128

1 cm

FOTO 61 - PLACA DE QUARTZITO BRUTO,


AVERMELHADO E FRATURADO SEGUNDO DUAS
DIREÇÕES
(Fonte: Maresch, W.; Medenbach, O.; Trochium M. H. D. ,
1987)

FOTO 62 - PLACAS DE QUARTZITOS (20x15 cm) COM CORES VARIADAS E


ESTRIAS METAMÓRFICAS DE FOLIAÇÃO
(Fonte: SA - Sales Andrade., s.d.)
Manual de Rochas Ornamentais para Arquitetos 129

FOTO 63 - UTILIZAÇÃO DE PLACAS QUARTZITO MICÁCEO (40x40 cm) EM BORDA DE PISCINA.


NOTAR OS TRAÇOS DE FOLIAÇÃO NA ROCHA
(Fonte: SA - Sales Andrade., s.d.)

20 cm

FOTO 64 - UTILIZAÇÃO DE QUARTZITO ROSA (COMERCIALMENTE DENOMINADO "CACO


SOBRADINHO ROSA") REVESTINDO MURETA EM RESIDÊNCIA - BOTUCATU, SP
Manual de Rochas Ornamentais para Arquitetos 130

XISTOS
Conceituação:

Rocha resultado de metamorfismo regional com intensidade média,


atuando sobre diversos tipos de rochas sedimentares ou ígneas, resultando no
profuso desenvolvimento de minerais placóides, colunares e fibrosos, quer com
forma primária, quer resultante da recristalização de minerais (principalmente
quartzo), sob esforços e elevadas temperaturas.
O termo xisto tem essencialmente um significado estrutural
caracterizando rochas com estruturas planares contínuas bem desenvolvidas, mas
menos cerradas e contínuas que as dos filitos e ardósias, mas mais potentes que as
dos gnaisses. De acordo com sua composição distinguem-se vários tipos de xistos
com ênfase para os quartzo xistos ("pedras madeira"), muscovita xistos, biotita
xistos, clorita xistos, talco xistos ("pedra sabão"), hornblenda xisto, etc.

Composição mineralógica:

A composição mineralógica dá indícios a respeito da natureza da rocha


original, anterior ao metamorfismo:
• quartzo xisto - predominância de quartzo e muscovita. Deriva arenitos levemente
aluminosos.
Os xistos micáceos reúnem uma ampla variedade de rochas ricas em
minerais placóides, fibrosos e micáceos. De acordo com o domínio do mineral
placóide são definidos os seguintes tipos principais de xistos:
• mica xisto - composto por biotita e/ou muscovita e quantidades variáveis de
quartzo, feldspato, granada, etc. É produto metamórfico de rochas argilosas
(pelíticas), mais ou menos silicoso e feldspático",
• clorita xisto e hornblenda xisto - rico em clorita, epidoto, actinolita ou hornblenda
e quantidade variáveis de feldspato e quartzo. Resulta do metamorfismo de
rochas ígneas básicas (basaltos, gabros, dioritos);
Manual de Rochas Ornamentais para Arquitetos 131

• talco xisto - talco e serpentina são seus constituintes principais. Deriva do


metamorfismo dos peridotitos, dunitos e piroxenitos;
• xistos carbonáticos - resultam do metamorfismo de calcários, dolomitos, calco-
arenitos e margas. Como tal, contém quantidades variáveis de carbonatos,
quartzo e minerais placóides.

Características físicas:

Quartzo xistos (Foto 67) :


• cores claras em tons de amarelo, creme, cinza e verde;
• presença de minerais laminares (micas), granulares e achatados quartzo
recristalizado);
• arranjo paralelo dos minerais resultando em xistosidade ondulada, que propicia
esfoliação pronunciada;
• mais grosseira que a dos filitos.

Mica xistos (Foto 68):


• coloração varia de acordo com a mica presente na rocha:
¤ muscovita - coloração cinzenta a prateada;
¤ biotita - coloração castanha ou preta;
• granulação fina, média ou grossa;
• aparência laminada notável (boa xistosidade), devido ao arranjo paralelos dos
minerais micáceos.

Talco xistos (Foto 69):


• cores claras em tonalidades de branco, esverdeado-rosado, cinza-esverdeado;
• sensação untuosa ao tato;
• marca tecidos como o talco;
• composto principalmente por talco, serpentina, tremolita e carbonatos.
Manual de Rochas Ornamentais para Arquitetos 132

Características químicas e mecânicas:

Quartzo xistos:
• não reagem com ácidos (a não ser o fluorídrico);
• grande resistência à abrasão;
• elevada porosidade.

Xistos carbonáticos:
• reage (efervescência) com ácidos provocando liberação de gás carbônico.

Mica xistos:
• não reage na presença de ácidos;
• baixa resistência à alteração;
• elevada porosidade.

Clorita xistos:
• não reagem com ácido;
• baixa resistência à abrasão.

Talco xistos:
• baixíssima dureza (riscado pela unha);
• baixa porosidade nas variedades mais compactas (pedra sabão);
• não reage com ácidos a não ser na presença de quantidades maiores de
carbonatos.

Actinolita e hornblenda xistos


• não reagem com ácidos;
• baixa resistência à abrasão;
• elevada porosidade devido ao intemperismo e microfraturamento da rocha;
Manual de Rochas Ornamentais para Arquitetos 133

Aplicação:

Quartzo xistos:
• revestimento de paredes (ambientes interiores ou exteriores) (Foto 70), muros e
muretas;
• revestimento de pisos (interiores e exteriores), utilizando-se, geralmente, cacos
do material.

Mica xistos:
• revestimento de paredes (ambientes interiores ou exteriores) (Fotos 70 e 71),
muros e muretas;
• revestimento de pisos (interiores e exteriores), utilizando-se, geralmente, cacos
do material.

Talco xistos:
• revestimento de paredes (ambientes interiores ou exteriores), muros e muretas;
• revestimento de soleiras e rodapés;
• ornamentação em esquadrias de portas e janelas;
• fabricação de objetos de decoração (esculturas, cinzeiros, vasos, cache-pots,
chafarizes);
• panelas refratárias.

Outras observações:

Quartzo xistos e mica xistos


• devido à forte orientação dos minerais, esse material pode esfoliar-se,
favorecendo a infiltração de água.

Talco xistos:
Manual de Rochas Ornamentais para Arquitetos 134

• sua baixa dureza, caracteriza-o como uma "pedra mole", fácil de se trabalhar e
esculpir. Foi muito utilizada por Aleijadinho, cujas obras são marcos nas cidades
históricas de Minas Gerais.
• o talco xisto isento de minerais carbonatados é de grande utilidade técnica por
ser refratário ao fogo.

1 cm

FOTO 65- SUPERÍCIE LISA DE UM FIGURA 54 - ESQUEMA DOS


QUARTZO XISTO PLANOS DE ACAMAMENTO
(Fonte: Maresch, W.; Medenbach, O.; DO XISTO DA FOTO AO LADO
Trochium M. H. D. , 1987) (Fonte: Schumann, W., 1985)

1 cm

FOTO 66- SUPERÍCIE ÁSPERA DE FIGURA 55 - ESQUEMA DA


UM QUARTZO XISTO ORIENTAÇÃO DOS MINERAIS
HOMOGÊNEO (XISTOSIDADE) DO XISTO DA
(Fonte: Maresch, W.; Medenbach, O.; FOTO AO LADO
Trochium M. H. D. , 1987) (Fonte: Schumann, W., 1985)

FOTO 67 - BLOCO BRUTO DE


QUARTZO XISTO (6x9 cm)
(Fonte: Schumann, W., 1985)
Manual de Rochas Ornamentais para Arquitetos 135

FOTO 68 - BLOCO BRUTO DE MICA


XISTO (7x10 cm). NOTAR A
XISTOSIDADE BEM DESENVOLVIDA
(Fonte: Schumann, W., 1985)

FOTO 69 - BLOCO BRUTO DE TALCO


XISTO (6x10 cm). NOTAR A
SUPERFÍCIE MENOS REGULAR QUE A
DA MICA XISTO, DEVIDO À SUA
ESTRUTURA MAIS COMPACTA
(Fonte: Schumann, W., 1985)
Manual de Rochas Ornamentais para Arquitetos 136

20 cm

FOTO 70 - REVESTIMENTO DE PAREDE COM DOIS TIPOS DE


XISTOS: O DA DIREITA, MICA XISTO ROSADO ("PEDRA
MADEIRA ROSA"); O DA ESQUERDA, QUARTZO XISTO
AMARELO-ESVERDEADO ("PEDRA MADEIRA VERDE
ABACATE") - BOTUCATU, SP
Manual de Rochas Ornamentais para Arquitetos 137

15 cm

FOTO 71 - UTILIZAÇÃO DE MICA XISTO ("PEDRA MADEIRA


GRAFITE") NO REVESTIMENTO DE MURO RESIDENCIAL -
BOTUCATU, SP
Manual de Rochas Ornamentais para Arquitetos 138

FOTO 72- UTILIZAÇÃO DE TALCOXISTO ("PEDRA SABÃO") COMO


REVESTIMENTO DE DEGRAUS DE ESCADA E ORNAMENTAÇÃO DE
BATENTE DE PORTA. DEVIDO À SUA BAIXA RESISTÊNCIA À
ABRASÃO, A UTILIZAÇÃO COMO PISOS É RECOMENDADA
SOMENTE EM ESCADARIAS DE TRÁFEGO MUITO RESTRITO -
BOTUCATU, SP
Manual de Rochas Ornamentais para Arquitetos 139

A composição mineralógica básica das principais rochas ornamentais


está visualizada na Figura 56. Cada tipo de rocha pode apresentar aspectos dos
seus minerais constituintes.

ARENITO ARDÓSIA

Quartzo Quartzo
Feldspato Clorita
Mica Mica

ITACOLOMITO GNAISSE

Quartzo
Quartzo
Feldspato
Mica
Anfibólio

GRANITO MARMORE (calcário)

Quartzo

Feldspato Calcita

Mica Min.
Acessórios
Min.
Acessórios

FIGURA 56 - COMPOSIÇÃO MINERALÓGICA SIMPLIFICADADAS PRINCIPAIS ROCHAS


ORNAMENTAIS
Manual de Rochas Ornamentais para Arquitetos 140

MÁRMORE (dolomítico) MICAXISTO

Quartzo
Dolomita
Mica
Min.
Acessórios Min.
Acessórios

QUARTZITO TALCOXISTO

Talco
Quartzo
Clorita
Feldspato
Quartzo
Mica
Mica

FIGURA 56 (CONTINUAÇÃO)- COMPOSIÇÃO MINERALÓGICA SIMPLIFICADA DAS


PRINCIPAIS ROCHAS ORNAMENTAIS

Você também pode gostar