MST - 201 - Cláudio Roddrigues Silva
MST - 201 - Cláudio Roddrigues Silva
MST - 201 - Cláudio Roddrigues Silva
Educação do MST,
do owenismo e
do cartismo britânico
Princípios em comum
Educação do MST, do owenismo e do cartismo britânico: princípios em comum [recurso eletrônico] / Cláudio Rodrigues da
Silva -- Porto Alegre, RS: Editora Fi, 2021.
256 p.
ISBN - 978-65-5917-201-6
DOI - 10.22350/9786559172016
1. Democratização da educação; 2. Movimento dos Trabalhadores Rurais sem Terra; 3. Cartismo; 4. Owen, Robert, 1771-
1854; I. Título.
CDD: 370
Índices para catálogo sistemático:
1. Educação 370
Agradecimentos
Introdução 11
Capítulo I 23
Conjunturas de fundação e atuação dos movimentos
1.1 Conjuntura de fundação e atuação do Owenismo e do Cartismo ............................. 24
1.2 Notas sobre o Movimento Owenista .................................................................................. 36
1.3 Notas sobre o Movimento Cartista...................................................................................... 41
1.4 Conjuntura de fundação e atuação do MST ..................................................................... 47
1.5 Notas sobre o MST ................................................................................................................... 59
Capítulo II 66
Projetos próprios de educação
Capítulo III 95
Negação dialética do ensino oficial
Capítulo IV 124
Gestão democrática
Capítulo V 151
Formação dos próprios educadores
Capítulo VI 169
Articulação entre ensino e trabalho produtivo
Conclusão 216
Referências 224
Introdução
1
A especificação do cartismo britânico tem por objetivo distinguir ou evitar associações com o cartismo português
(SARDICA, 2012), cujos objetivos e pressupostos são outros.
2
Em dados momentos, também mencionados, respectivamente, apenas como owenistas ou owenismo, e como
cartistas ou cartismo.
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3
Isso pode ser analisado de forma mais detalhada no livro Educação democrática, trabalho e organização produtiva
no Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST) – de Neusa Maria Dal Ri e outros autores, publicado em
2019, pelas editoras Cultura Acadêmica, Oficina Universitária e Lutas Anticapital.
16 | Educação do MST, do owenismo e do cartismo britânico: princípios em comum
(1987a, 1987b; 1987c) e Dal Ri (2012; 2013), aventa-se que alguns dos prin-
cípios educativos adotados pelo MST já estavam presentes em movimentos
sociais de trabalhadores de outros momentos históricos. Isso reitera a tese
apresentada por Dal Ri (2012; 2013) da existência de princípios educativos
transcendentes e comuns a movimentos de trabalhadores, especialmente
a partir da Revolução Industrial. Esta pesquisa pretende contribuir para a
verificação e demonstração dessa hipótese, especificamente em relação ao
MST, aos owenistas e aos cartistas.
A relevância de se pesquisar o MST decorre do fato de, conforme Dal
Ri e Vieitez (2008, p. 183, grifos dos autores), ser “[...] uma organização
coletiva de massas que luta para alcançar determinados objetivos sociais”
e que criou um sistema educacional próprio.
Segundo o MST (2010, p. 23), seu “[...] trabalho com educação [...]
está organizado em todo o país, desde a educação infantil à educação su-
perior, em várias áreas do conhecimento”. Além disso, suas iniciativas
educacionais são reconhecidas por diversas organizações sociais e acadê-
micas nacionais e internacionais e, não sem contradições, pelo Estado, que
financia parte dessas atividades por meio de Programas, tais como o Pro-
grama Nacional de Educação na Reforma Agrária (PRONERA) (INCRA,
2010; SECOM, 2011)4.
Dal Ri e Vieitez (2008, p. 28) ressaltam ainda que “[...] a práxis edu-
cacional [...] do MST é diferenciada tanto em relação à escola oficial quanto
em relação a outras proposições críticas existentes”, o que torna significa-
tiva e pertinente a pesquisa da experiência pedagógica deste Movimento,
“[...] dada a sua originalidade e possíveis virtualidades teóricas e práticas”.
4
Em decorrência de medidas adotadas pelo governo federal, especialmente após o golpe que, em 2016, interrompeu
o mandato da então Presidenta Dilma Rousseff, diversas políticas voltadas ao campo, inclusive na área da educação,
foram prejudicadas ou interrompidas.
Cláudio Rodrigues da Silva | 17
A educação produzida pelo MST [...] pode e deve servir como uma referência
ao movimento democrático ou socialista. Porém, com a observância de que
tanto o trabalho associado quanto a educação que aparece a ele articulada,
particularmente as escolas de orientação democrática do Movimento, são for-
mas organizacionais de transição, as quais emergem numa acepção negativa
como recusa dos sujeitos sociais a certos determinantes capitalistas, e numa
acepção positiva como parte de um processo que busca construir uma socie-
dade democrático-igualitária ou socialista.
18 | Educação do MST, do owenismo e do cartismo britânico: princípios em comum
1
Marx e Engels destacam também aspectos contraditoriamente positivos – a curto e, possivelmente, longo prazos –
do modo de produção capitalista, quando comparado ao modo de produção feudal. Entre esses aspectos destacam-
se, por um lado, o fato de, no capitalismo, os trabalhadores deixarem de estar presos ou vinculados à terra ou ao
feudo e ao senhor feudal, haja vista o fim do estatuto da servidão. Por outro lado, ressaltam que o capitalismo resultou
em diversos impactos negativos sobre as condições de vida das classes trabalhadoras (MARX, 1984; MARX; ENGELS,
1982).
26 | Educação do MST, do owenismo e do cartismo britânico: princípios em comum
Numa ordem social organizada, tais aperfeiçoamentos seriam uma coisa; po-
rém, num regime em que reina a guerra de todos contra todos, uns poucos
indivíduos se apossam das vantagens que deles derivam e subtraem à maioria
os seus meios de subsistência. Qualquer aperfeiçoamento de máquinas põe al-
guns operários na rua e quanto mais importante é o progresso, maior é a
parcela da classe jogada no desemprego; assim, todo aperfeiçoamento mecâ-
nico tem, para um bom número de operários, os mesmos efeitos de uma crise
comercial, gerando miséria, sofrimentos e crime. (ENGELS, 2008, p. 174)
2
Estes são os movimentos delimitados nesta pesquisa. Há que se considerar também, entre outros, os anarquistas e
os marxistas, pesquisados no âmbito do projeto de pesquisa mais amplo (DAL RI, 2012).
28 | Educação do MST, do owenismo e do cartismo britânico: princípios em comum
3
Isso pode ser verificado também no MST, que tem um número significativo de integrantes – direção, militância,
base e massa –, que têm (ou tinham, antes de entrarem no Movimento) poucos – ou às vezes nenhum – anos de
educação escolar (SCOLESE, 2008). Por outro lado, há, principalmente entre os quadros, pessoas com elevada
formação escolar. Entretanto, nenhum desses segmentos, no âmbito do MST, é excluído das práticas e dos discursos
políticos por causa da situação acadêmica. Ressalta-se, no entanto, que o Movimento investe na educação escolar de
seus integrantes, especialmente para fins de formação de quadros para a luta política e de técnicos para as
cooperativas. Evidência disso é que o estudo é um princípio do MST (DAL RI, 2013; STEDILE; FERNANDES, 2001).
Cláudio Rodrigues da Silva | 31
Pode até ser que ele [industrial] tenha aberto uma escola, uma igreja, um salão
de leitura; você visitará essas instalações, mas não saberá que ele só tolera no
salão de leitura materiais que defendem os interesses da burguesia e despede
os trabalhadores que para lá levam jornais ou livros cartistas ou socialistas.
4
Mesmo não sendo (auto)apresentados ou (auto)denominados como socialistas utópicos, alguns dos principais
pressupostos desse movimento estão presentes em determinados movimentos sociais de trabalhadores na
atualidade, em especial os baseados na Economia Solidária, com forte influência do owenismo. Todavia, a Economia
Solidária comporta variadas tendências com significativas diferenças teórico-práticas entre si (DAL RI; VIEITEZ,
2008; NOVAES, 2011).
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Tradução livre dos textos em inglês.
42 | Educação do MST, do owenismo e do cartismo britânico: princípios em comum
Uma vez que os operários não respeitam a lei, mas apenas reconhecem sua
força enquanto eles mesmos não dispõem da força para mudá-la, é mais que
natural que avancem propostas para modificá-la, é mais que natural que, no
lugar da lei burguesa, queiram instaurar uma lei proletária. A proposta do
proletariado é a Carta do Povo (People’s Charter), cuja forma possui um
caráter exclusivamente político e exige uma base democrática para a Câmara
Alta. O cartismo é a forma condensada da oposição à burguesia. Nas
associações e nas greves, a oposição mantinha-se insulada, eram operários ou
grupos de operários isolados a combater burgueses isolados; nos poucos casos
em que a luta se generalizava, na base dessa generalização estava o cartismo
– neste, é toda a classe operária que se insurge contra a burguesia e que ataca,
em primeiro lugar, seu poder político, a muralha legal com que ela se protege.
(ENGELS, 2008, p. 262, grifos do autor)
Cláudio Rodrigues da Silva | 43
6
Tradução livre dos textos em inglês.
44 | Educação do MST, do owenismo e do cartismo britânico: princípios em comum
• The John Street Institute, Fitzroy Square (off Tottenham Court Road) WCl.
• Birkbeck School, London Mechanics' Institute, Southampton Buildings, Chan-
cery Lane, WC2.
• Birkbeck School, City Road, Finsbury, EC I.
• Ellis's Academy, George St, Euston Square, NWI.
• Stanton's Day School, City o f London Mechanics' Institute, Gould Square,
Crutched Friars, EC3.
• Mutual Instruction Society, Circus St, New Road, Marylebone, NWl.
• Finsbury Mutual Instruction Society, 66 I3unhill Row, ECl.
• Soho Mutual Improvement Society, 2 Little Dean St, Wl.
• Eclectic Institute, 72 Newman St, Oxford St, W I. 242 High Holborn, WCl.
The National Hall under the proprietor ship of William Lovett.
O MST teve sua gestação no período de 1979 a 1984, e foi criado formalmente
no Primeiro Encontro Nacional de Trabalhadores Sem Terra que aconteceu de
20 a 22 de janeiro de 1984, em Cascavel, no Estado do Paraná. Esse encontro
teve a participação de trabalhadores rurais de doze estados, onde já se desen-
volviam ocupações ou outras formas de luta ou de resistência na terra, bem
como de diversas entidades que se colocavam como apoiadoras ou, em alguns
casos, articuladoras dessas lutas. (CALDART, 2004, p. 101-102)
7
Ferraro (2009 apud PERES, 2012) aponta relações entre latifúndio, concentração de renda e analfabetismo.
Cláudio Rodrigues da Silva | 51
8
No Brasil, as primeiras políticas educacionais para as massas em áreas urbanas datam do contexto da Proclamação
da República (REIS FILHO, 1981; SOUZA, 1998) e, para as áreas rurais, com variações conforme as Unidades da
Federação, datam, como é o caso do Estado de São Paulo, da década de 1930 (ÁVILA, 2013; MORAES, 2019; SOUZA,
2009).
Cláudio Rodrigues da Silva | 55
Essa visão poderia ser uma síntese da história do pensamento político e edu-
cacional ao longo do século 20: a escola rural apenas das primeiras letras,
milhões de camponeses condenados ao analfabetismo, a educação básica do
campo ignorada e marginalizada. Ignorada inclusive pelas pesquisas, pela re-
flexão pedagógica, pelas propostas curriculares e até pelas Leis de Diretrizes e
Bases da educação Nacional. (ARROYO, 2004, p. 7)
Essa política pode ainda ter diversos impactos negativos para a edu-
cação e a pedagogia do MST, haja vista a especificidade de seu processo
educativo. O Movimento reage a essa política com a campanha “Fechar
escola é crime!” (MST, 2009; 2011b).
Além da dimensão político-ideológica e das implicações para o pro-
jeto educativo do MST, a instalação, a manutenção, o funcionamento ou o
fechamento de escolas e outros equipamentos públicos podem impactar
direta ou indiretamente nas condições materiais de vida dos trabalhadores
9
Coutinho (2008) faz menção ao fato de parte significativa dessas populações ter sido, durante décadas, excluída do
direito ao voto, haja vista a proibição desse direito a pessoas não alfabetizadas.
56 | Educação do MST, do owenismo e do cartismo britânico: princípios em comum
10
Considerando-se as implicações com as categorias público e estatal (MINTO, 2005; SANFELICE, 2005b), o que
hegemonicamente são apresentadas como políticas públicas seriam, em última instância, políticas de governo ou de
Estado. Oliveira (2011, p, 329) considera que políticas de governo “[...] são aquelas que o Executivo decide num
processo elementar de formulação e implementação de determinadas medidas e programas, visando responder as
demandas da agenda política interna, ainda que envolvam escolhas complexas.” Segundo essa autora (2011, p. 329),
políticas de Estado “[...] são aquelas que envolvem mais de uma agência do Estado, passando em geral pelo
Parlamento ou por instâncias diversas de discussão, resultando em mudanças de outras normas ou disposições
preexistentes, com incidência em setores mais amplos da sociedade.”
11
Várias dessas questões não são exclusividade de países periféricos do capitalismo, ou seja, atingem, em maior ou
menor grau, também amplos setores das classes trabalhadoras de países centrais (ESTEVE, 1999; TORRES
SANTOMÉ, 2003). Entretanto, questões como índice de analfabetismo, analfabetismo funcional, evasão, níveis de
escolaridade (para além do Ensino Fundamental), entre outros, em tese, não são coerentes com a posição do Brasil
em termos de economia, de posição no ranking mundial de Produto Interno Bruto (PIB), e em termos de posição no
ranking de educação escolar, posições essas muito discrepantes, se comparadas a outros países com PIB menor ou
aproximado ao brasileiro (RODRIGUES NETO, 2012).
Cláudio Rodrigues da Silva | 57
O discurso da educação como panacéia para todos os males é muito antigo. Ele
nasceu com a sociedade capitalista, como parte de um discurso ideológico pro-
duzido para atribuir à escola um papel central no cuidado com a infância, com
a transmissão de saberes considerados socialmente relevantes, com a forma-
ção do cidadão e com a qualificação do trabalhador. Apareceu já com essa
característica geral, abstrata, a-histórica, como se essa escola sempre tivesse
existido, cumprido um papel central no desenvolvimento e na vida dos indiví-
duos. No Brasil isso não foi diferente, pois desde o Império esse repetitivo
discurso de que ‘a educação é fundamental para...’ sempre esteve presente,
sendo acionado para justificar a diferença de desenvolvimento econômico e
social, em comparação com os chamados países desenvolvidos.
Sabemos muito bem que a educação não tem todo esse poder de determinar
os rumos da sociedade. Reduz tudo a um aspecto, ideologicamente escamote-
ando que sem uma profunda transformação econômica, política e social, pouco
avançaremos na resolução dos graves problemas gestados pelo próprio desen-
volvimento da sociedade burguesa – como a miséria, as guerras, a destruição
do meio ambiente, o desemprego estrutural e outros. (LOMBARDI, 2006, p. 4)
O MST não adota essa abordagem; além disso, tem uma concepção
própria e diferenciada de educação e de pedagogia (DAL RI, 2004; DAL RI;
VIEITEZ, 2008). Todavia, o objetivo do MST não se restringe a propiciar a
seus integrantes – direção, militância, base e massa –, educação escolar de
qualidade, eficiente e eficaz, ou seja, que resulte ou garanta efetivo apren-
dizado dos conhecimentos técnico-científicos em conformidade com a
concepção hegemônica. A apropriação dos conhecimentos técnico-cientí-
ficos é considerada importante pelo MST, porém, não é o único nem o
objetivo maior ou final do Movimento, que dedica especial atenção à di-
mensão político-ideológica da educação. Além disso, o MST nega
Cláudio Rodrigues da Silva | 59
Outra coisa que assimilamos [...] é ter abertura para aprender com os outros.
Nunca tivemos pretensão de ser os primeiros. Não estamos inventando o fogo.
Desde as primeiras lutas, sempre houve essa vocação de querer saber onde os
outros erraram, onde acertaram. Com o objetivo de aprender, fizemos várias
conversas, seja com os remanescentes dos líderes das Ligas Camponesas, da
ULTAB, do Master, seja com a CPT.
[...] fomos buscar nos pensadores clássicos de várias matrizes algo que pu-
desse contribuir com nossa luta. Lemos Lenin, Marx, Engels, Mao Tsé-Tung,
Rosa Luxemburgo. De uma forma ou de outra, captamos alguma coisa de to-
dos eles. Sempre tivemos uma luta ideológica e pedagógica dentro do
movimento de combater rótulos. (STEDILE; FERNANDES, 2001, p. 60)
Sob o sistema atual isso nunca pode ser atingido, enquanto sob o sistema ver-
dadeiro e racional, que eu estou propondo agora a você, um eterno, bom e
mais benéfico emprego e ocupação, físico e mental, pode ser fornecido facil-
mente para todos os que desejá-lo, e em breve todos vão descobrir as muitas
e grandes vantagens para si e para todos os outros que eles irão experimentar
por estarem tão ocupados. E, em consequência de que nenhuma das classes
trabalhadoras está sendo forçada a viver ociosa, uma verdadeira riqueza abun-
dante em breve estará em todo lugar. (OWEN, 1967b, p. XV)
sim, pela conciliação dos interesses das classes sociais, ou seja, do capital
e do trabalho.
A vinculação entre trabalho e educação é uma das principais caracte-
rísticas do projeto owenista, especialmente porque, conforme as
respectivas classes ou faixas etárias, todas as pessoas seriam educadas
para estarem aptas ao exercício de todas as funções previstas para o novo
mundo moral (OWEN, 1967a; 1967b; 2002).
Para que essas mudanças ou transformações fossem concretizadas,
Owen (1967a; 1967b; 2002) aposta na formação de um caráter racional na
humanidade, principalmente pela vivência das relações sociais, nos mol-
des preconizados pela nova visão de sociedade, e por intermédio da
educação e do ensino, em especial das novas gerações, ainda não afetadas
pelos maus hábitos inerentes ao caráter irracional da velha sociedade.
A razão é um dos recorrentes valores mencionados nos escritos owe-
nistas. Com menor recorrência, também está presente nos textos cartistas
e, em certa medida, com outras categorias, também no MST. Isso se deve
principalmente ao fato de que, para aqueles Movimentos, a razão seria a
forma de se buscar ou de se chegar à verdade e, assim, evitar os mitos ou
as superstições que, até então, eram utilizados para fins de explicar, justi-
ficar ou legitimar o status quo. Um exemplo bastante emblemático disso
seria a tese do direito divino dos reis (TEIXEIRA, 2002).
Todavia, ainda que atribua também alta importância à educação,
Owen (1967a; 1967b; 2002), inclusive pelas matrizes teóricas que o teriam
influenciado, em especial o empirismo, atribui alta importância às circuns-
tâncias e ao ambiente, o que demandaria, simultaneamente, alterações
reais nas condições materiais de vida e na formação econômico-social.
Assim, não teria fundamento a tese de que os utópicos, por conse-
guinte, os owenistas, teriam conseguido ou apostado em mudanças
68 | Educação do MST, do owenismo e do cartismo britânico: princípios em comum
[...] sistema de formação não pode ser esperado pela produção de qualquer
outro do que uma população fraca em corpo e faculdades mentais, e com há-
bitos geralmente destrutivos de seus próprios confortos, do bem-estar que os
rodeia, e fortemente calculado para subjugar todos os afetos sociais.
1
Segundo Teixeira (2002, p. 29), “Nisso consiste exatamente a sua utopia. Deslumbrados com os avanços da ciência,
tinham uma fé inabalável na razão e na onipotência do pensamento, acreditando, por isso, que a educação e a
universalização do conhecimento científico eram o único caminho para transformar a sociedade e o homem. E, nesse
sentido, sempre que usarmos a designação ‘utópicos’, daqui para frente, ela terá esse exato sentido: projetos de
organização da sociedade, desligados da realidade política e social da época, e fé inabalável na ciência e na educação
como meios de transformação da realidade.”
Cláudio Rodrigues da Silva | 69
Estes planos devem ser desenvolvidos para treinar crianças desde a mais tenra
infância em bons hábitos [...] (que, naturalmente, irão impedi-las de adquirir
hábitos da mentira e do engano). Elas devem posteriormente ser racional-
mente instruídas, e seu trabalho ser útil. Tais hábitos e educação vão
impressionar então com um desejo ardente e ativo para promover a felicidade
[...]. Elas também irão assegurar, com o menor número de exceções possíveis,
[...] saúde do corpo e paz de espírito. (OWEN, 1967b, p. 270)
2
Tradução livre dos textos em inglês.
Cláudio Rodrigues da Silva | 71
3
Neste excerto verifica-se consonância com apontamentos de Marx, em especial em A questão judaica (2002) e nos
Manuscritos econômico-filosóficos (2004). São levantadas questões caras tanto ao trabalho, quanto ao capital, e que
geram polêmicas, em especial entre setores do marxismo, principalmente no que se refere à igualdade, justiça,
propriedade, entre outras (ENGELS, 1877; LESSA, 2011; MÉSZÁROS, 2002a; PASUKANIS, 1972).
4
Contudo, são proposições ou reivindicações que, a rigor, parecem inviáveis de implementação de forma perene,
radical e generalizada no capitalismo, a exemplo do que ocorreu/ocorre com direitos – inclusive os denominados
direitos fundamentais – conquistados pelas classes trabalhadoras no Brasil, e a exemplo de outros direitos
conquistados no denominado estado do bem-estar social, em alguns países, mas constantemente sujeitos a ataques
do capital e a retrocessos, conforme a correlação de forças e as conjunturas. Os efeitos da intensificação da crise
econômica, entre os quais se destaca o aumento do desemprego e os retrocessos em termos de direitos, que vêm
ocorrendo em países centrais do capitalismo, em especial na Europa (BEVILAQUA, 2011; LESSA, 2011; RECH, 2011),
exemplificam essa questão.
74 | Educação do MST, do owenismo e do cartismo britânico: princípios em comum
Temos que entender estes princípios como nosso horizonte, o lugar onde que-
remos chegar enquanto transformação da educação. A sua implementação
certamente será diferenciada em cada realidade específica, dependendo do
momento histórico, da correlação de forças políticas, das pessoas com quem
trabalhamos, das alianças e parcerias que conseguimos estabelecer com o con-
junto da sociedade. (MST, 1996, p. 27)
Quer dizer uma educação que se organiza, que seleciona conteúdos, que cria
métodos na perspectiva de construir a hegemonia do projeto político das clas-
ses trabalhadoras, visando através de cada prática, em última instância, o
5
Partindo do que apontam Dal Ri e Vieitez (2008) e Luzuriaga (1963), o que o Movimento apresenta como princípios
pedagógicos estão, a rigor, mais para princípios educativos, se se considerar a Pedagogia como uma parte da ciência
que se dedica a estudar questões relacionadas ao processo de ensino-e-aprendizagem.
76 | Educação do MST, do owenismo e do cartismo britânico: princípios em comum
[...] nos limites da nossa realidade imediata ou das nossas lutas específicas.
Isto não nos levaria aos objetivos maiores de mudança. Por isso é também
característica essencial de nossa educação a preocupação com a abertura de
horizontes de nossos/nossas estudantes, de modo que pratiquem aquele velho
princípio, também filosófico, de que ‘nada do que é humano me pode ser es-
tranho’. (MST, 1996, p. 6, grifos do autor)
Cláudio Rodrigues da Silva | 77
Quer dizer, aberta para entender e para ajudar a construir as novas relações
sociais e interpessoais que vão surgindo dos processos políticos e econômicos
mais amplos em que o MST está inserido; aberta também para trabalhar pe-
dagogicamente as contradições e os conflitos que aparecem nestes processos.
(MST, 1996, p. 7)
[...] a relação necessária que a educação e a escola devem ter com os desafios
do seu tempo histórico. No caso das práticas educacionais que acontecem no
meio rural, esta relação não pode, hoje, desconsiderar a questão da luta pela
Reforma Agrária e os desafios que coloca para a implementação de novas re-
lações sociais de produção no campo e na cidade.
78 | Educação do MST, do owenismo e do cartismo britânico: princípios em comum
O que poderíamos dizer usando uma expressão mais curta: educação onilate-
ral. A palavra onilateral vem de Marx, que usava a expressão ‘desenvolvimento
onilateral do ser humano’, para chamar a atenção de que uma práxis educativa
revolucionária deveria dar conta de reintegrar as diversas esferas da vida hu-
mana que o modo de produção capitalista prima por separar. Ou seja, uma
educação onilateral se opõe a uma educação unilateral, que se preocupa só
com um lado ou dimensão da pessoa, ou só com um lado de cada vez; só o
intelecto, ou só as habilidades manuais, ou só os aspectos morais, ou só os
políticos. (MST, 1996, p. 8, grifos do autor)
Terra,6 e que no dia a dia educa as pessoas que dele fazem parte. E o princípio
educativo principal desta pedagogia é o próprio movimento. (MST, 1999, p. 5,
grifos do autor).
6 “Alguns esclarecimentos sobre a grafia do nome Sem Terra: A condição (individual) de sem (a) terra, ou seja, a
de trabalhador ou trabalhadora do campo que não possui sua terra de trabalho, é tão antiga quanto a existência da
apropriação privada deste bem natural. No Brasil, a luta pela terra e mais recentemente a atuação do MST, acabaram
criando na língua portuguesa o vocábulo sem- terra, com hífen, e com o uso do s na flexão de número (os ‘sem-
terras’), indicando uma designação social para esta condição de ausência de propriedade ou de posse da terra de
trabalho, e projetando, então, uma identidade coletiva. O MST nunca utilizou em seu nome nem o hífen, nem o s, o
que historicamente acabou produzindo um nome próprio, Sem Terra, que é também sinal de uma identidade
construída com autonomia. O uso social do nome já alterou a norma referente à flexão de número, sendo hoje já
consagrada a expressão os sem-terra. Quanto ao hífen, fica como distintivo da relação entre esta identidade coletiva
de trabalhadores e trabalhadoras da terra e o Movimento que a transformou em nome próprio, e a projeta para além
de si mesma.” (MST, 1999, p. 5, grifos do autor).
80 | Educação do MST, do owenismo e do cartismo britânico: princípios em comum
[...] não acreditamos numa pedagogia centrada nos conteúdos, ou seja, na-
quela que considera que os conteúdos são a parte mais importante do processo
educativo, sendo o seu domínio teórico a demonstração de que a pessoa está
sendo bem educada. [...] Partimos da convicção pedagógica de que os
82 | Educação do MST, do owenismo e do cartismo britânico: princípios em comum
[...] brota do desejo de não cortar raízes. É uma das pedagogias produzidas
em experiências de escola do campo que buscaram integrar a escola com a
família e a comunidade do educando. No nosso caso, ela permite uma troca de
conhecimentos e o fortalecimento dos laços familiares e do vínculo dos
educandos com o assentamento ou acampamento, o MST e a terra. (MST,
1999, p. 10)
7
Ressalta-se, no entanto, que a concepção de educação do campo do MST diverge, inclusive pelos princípios
enunciados nesta pesquisa, tanto na dimensão teórica, quanto na dimensão prática, da concepção de educação do
campo constante em documentos governamentais, bem como de concepções defendidas por determinados setores
ou movimentos sociais, ainda que o MST participe de discussões e ações conjuntamente com essas instituições ou
organizações, inclusive no que se refere à formulação ou implementação de propostas para políticas públicas.
90 | Educação do MST, do owenismo e do cartismo britânico: princípios em comum
A educação precisa assumir as tarefas que lhe cabem neste processo de forta-
lecimento de nossa organicidade, de clareza do projeto político dos
trabalhadores e de construção prática da sociedade da justiça social e da dig-
nidade humana, em nosso país, em nosso continente, no mundo.
[...] uma Escola do Campo, vinculada a um movimento de luta social pela Re-
forma Agrária no Brasil. Ela é uma escola pública, com participação da
comunidade na sua gestão e orientada pela Pedagogia do Movimento, que
como vimos, é na verdade o movimento de diversas pedagogias.
8
O caso da Escola “Construindo o caminho” (SILVA; DAL RI, 2019a) exemplifica isso.
9
A importância da adequação de todo o currículo pode ser reiterada pelo próprio sentido etimológico, pois currículo
remete a percurso ou a caminho (BERTICELLI, 1999), caminho esse, na perspectiva desta pesquisa, a ser realizado
para se chegar à formação econômico-social pretendida.
Cláudio Rodrigues da Silva | 93
mesmo tempo em que diverge em relação aos princípios e aos valores ine-
rentes à velha sociedade, cuja educação considera má e imprópria,
protestou contra a inexistência de um sistema nacional de educação fran-
queado às classes trabalhadoras, ainda que, inclusive por seu
conhecimento empírico, pudesse inferir antecipadamente o caráter polí-
tico-ideológico e a ineficácia – em termos de ensino de conhecimentos
técnico-científicos – da educação que provavelmente seria propiciada aos
trabalhadores pelas classes hegemônicas, num eventual sistema nacional
de ensino.
O owenismo é incisivo quanto ao caráter inconciliável da educação e
dos rudimentos do ensino propiciados, nos moldes da época, a parcelas
das classes trabalhadoras por algumas iniciativas, como, por exemplo, es-
colas das fábricas e escolas dominicais religiosas, devido à ideologia e à
visão de mundo difundidas por essas escolas (OWEN, R., 1967a; 1967b;
1968; 2002; OWEN, R. D., 1968).
A rigor, a educação concebida e executada por Owen seria inexequí-
vel, fosse nas escolas do Estado, nas dominicais religiosas ou nas escolas
das fábricas. Essa inviabilidade decorreria de diversos motivos, em espe-
cial pelo fato de nas escolas de New Lanark serem aplicados, de maneira
plena ou embrionária, os princípios enunciados nesta pesquisa.
Além disso, haveria outras especificidades relacionadas à dimensão
mais pedagógica, pois, à época, Owen adotava teorias e práticas pedagógi-
cas inovadoras e progressistas, tanto em termos de conteúdos, quanto de
metodologias. Inclusive por isso, contrariava a concepção de educação he-
gemônica, provocando reações adversas de setores mais conservadores
(OWEN, R., 1967a; 1967b; 1968; OWEN, J., 1968).
Contudo, ao mesmo tempo em que reivindica a criação de um sis-
tema de educação nacional para as classes trabalhadoras, Owen instituiu
um sistema próprio de educação, segundo ele, boa e adequada para os
Cláudio Rodrigues da Silva | 97
1
A Empresa de Assessoria Pedagógica (EAP) era vinculada ao Instituto de Educação Josué de Castro – responsável,
entre outros, pelos cursos de Técnico em Administração de Cooperativas e de Magistério. Realizava consultoria
independente, buscando contribuir para o processo de desenvolvimento da auto-organização e da responsabilidade
dos estudantes. Quando da realização de cursos “Os estudantes deveriam passar de um estágio inicial de anomia e
descontrole para um estágio de planejamento e organização final. Este processo mostrou-se, afinal, complexo e
complicado, resultando na evasão de diversos alunos. Por este motivo, a forma de gestão sofreu modificações, e hoje
toda a escola é ‘a empresa’.” A EAP foi extinta ficando essa incumbência a cargo do Setor de Educação do MST
(MENEZES NETO, 2003, p. 84).
Cláudio Rodrigues da Silva | 99
O MST educa as pessoas que dele fazem parte à medida que as coloca como
sujeitos enraizados neste movimento da história e vivendo experiências de for-
mação humana, que são próprias do jeito da organização participar da luta de
classes, principal forma em que se apresenta o movimento da história. (MST,
2001c, p. 20)
O MST (2001c, p. 51) ressalta, ainda, que “Valores têm ocupado pouco
espaço na agenda pedagógica das escolas. Costumam fazer parte do
102 | Educação do MST, do owenismo e do cartismo britânico: princípios em comum
2
A questão da insuficiência e da precariedade da educação escolar estatal para as áreas rurais é um problema
histórico no Brasil, desde as primeiras políticas governamentais para essa modalidade de educação (ÁVILA, 2013;
SOUZA, 2009) até a atualidade (CALDART, 2012; FERREIRA; BRANDÃO, 2011; RIBEIRO, 2012).
104 | Educação do MST, do owenismo e do cartismo britânico: princípios em comum
Esse é um dos motivos pelos quais o Movimento tem que negar dia-
leticamente a educação oficial, pois prima pela educação política e escolar
de seus integrantes, assim, quer e tem necessidade de escolas em todos os
acampamentos e assentamentos, visando à apropriação dos conhecimen-
tos técnico-científicos pelos Sem Terra.
Por outro lado, mais especificamente a partir dos anos 1990, com a
vigência do Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA) (BRASIL, 1990),
crianças e adolescentes considerados em idade escolar são obrigados a fre-
quentar regularmente a escola estatal ou escola reconhecida e autorizada
pelo Estado (BRASIL, 1996b), sob risco de tipificação de abandono intelec-
tual3, o que pode gerar sanções para as pessoas legalmente responsáveis
(BRASIL, 1990).
3
Isso suscita a seguinte problematização: o que interessa ao Estado brasileiro é a frequência, e não o efetivo
aprendizado dos conhecimentos científicos, pois diante da contumaz ineficácia do ensino, em última instância,
responsabilidade legal do Estado, não há responsabilização de governantes ou de gestores do Estado pelo abandono
intelectual de um significativo contingente de pessoas. Isso, por um lado, pode ser indício de que se trata mais de
uma questão formal, ou seja, o que interessa é o alto percentual de matrícula, de estudantes dentro da escola, de
forma que, num trocadilho a partir de Bourdieu e Champagne (1990), as pessoas não mais estejam excluídas do
interior, mas passam a estar excluídas no interior. Reforça, ainda, o quase bicentenário apontamento de Engels
(2008) de que as classes hegemônicas, por intermédio do Estado inclusive, renegam os conhecimentos científicos às
classes trabalhadoras.
106 | Educação do MST, do owenismo e do cartismo britânico: princípios em comum
Nossa proposta de educação está sendo posta em prática toda vez que nos or-
ganizarmos para lutar por uma nova escola; toda vez que reunirmos o
assentamento para tratar sobre a educação que interessa desenvolver para
nossos filhos e filhas; toda vez que um assentado ou uma assentada aprende-
rem a ler e escrever; toda vez que mais um jovem descobre o valor de
continuar estudando; toda vez que aumentamos o número de sem terra que
se formam na perspectiva de continuar a luta... toda vez que tentamos concre-
tizar estes princípios. (MST, 1996, p. 27)
Cláudio Rodrigues da Silva | 107
4
Althusser (1999) – bem como outros autores, como, por exemplo, Bourdieu e Passeron, Baudelot e Establet e
também Bowles e Gintis, analisados por Dal Ri (2004) – parece ser evitado ou não ser bem recebido, especialmente
na área da Pedagogia, pela abordagem incisiva que faz sobre a escola enquanto aparelho ideológico do Estado. Uma
análise rigorosa da educação escolar estatal na atualidade talvez leve à corroboração dos apontamentos de Althusser,
bem como de outros autores, o que, como aponta Dal Ri (1997; 2004), não implica concluir que a escola não possa
ser tornada um espaço de contradições e de luta pela hegemonia. É oportuno ressaltar que Althusser (1980), como
destacado no próprio livro, não pretendeu desenvolver uma teoria, mas, sim, notas para uma investigação sobre o
tema.
Cláudio Rodrigues da Silva | 109
escolar, pois o direito à educação pública e gratuita foi uma das conquistas
das classes trabalhadoras. O que o MST tenta é ocupar escolas estatais. O
Estado teria papel importante na efetivação dos direitos reivindicados pelo
MST (CALDART, 1997; STEDILE; FERNANDES, 2001).
Considerando-se, ainda, a correspondência necessária entre a escola,
enquanto um aparelho ideológico, e a formação econômico-social que a
concebe, em tese, seria inviável a democratização radical de todas as esco-
las no modo de produção capitalista, pois, considerando-se que a escola
oficial educa para a sociabilidade hegemônica, há incompatibilidade entre
uma educação democrática radical e este modo de produção, segundo Gu-
tierrez (1983) e Mészáros (2002a; 2005), inerentemente antidemocrático
e heterogestionário.
Porém, o MST tenta remediar os pontos mais prementes ou estraté-
gicos da educação escolar estatal para a instrumentalização dos Sem Terra
e, em alguma medida, das classes trabalhadoras, com os conhecimentos
técnico-científicos, em certa medida, necessários ou mesmo indispensá-
veis em diferentes esferas da vida social na atualidade.
Tensionando a legislação, o MST (1996; 1999; 2001c), quando ocupa
escolas, tenta adequar o currículo – conteúdos, metodologias, avaliações,
entre outros aspectos – à sua concepção de educação, portanto, a suas ide-
ologia e visão de mundo. A LDB/1996 prevê uma margem de adequação
do currículo às necessidades ou às características das próprias comunida-
des.
Entretanto, dependendo inclusive do posicionamento político-ideoló-
gico do corpo de funcionários das escolas (CALDART, 1997; DAL RI;
VIEITEZ, 2008), pode haver negativa ou resistência à adequação com vis-
tas a atender as reivindicações e à implementação dos princípios do
Movimento.
116 | Educação do MST, do owenismo e do cartismo britânico: princípios em comum
casa para morar até que a reforma da primeira casa fosse concluída. Dessa
perspectiva, é inviável uma negação mecânica, ou seja, a recusa incondici-
onal e a priori da escola estatal. Entretanto, como ressalta Mészáros
(2005), a lógica do capital é incorrigível, e o capital, irreformável.
A educação escolar estatal foi decorrência de um processo
contraditório, pois, ao mesmo tempo que havia/há interesse e necessidade
desse aparelho para a constituição e a consolidação dos Estados Nacionais,
para a difusão da ideologia hegemônica e para a preparação de força de
trabalho, contraditoriamente, foi fundamental para ampliação – lenta e
gradual, em termos de obrigatoriedade, idade, anos ou níveis de ensino –
do acesso das classes trabalhadoras à escola e, em certa medida, aos co-
nhecimentos técnico-científicos. Porém, esse avanço decorre
principalmente de embates desencadeados por trabalhadores e seus
movimentos sociais, conforme a correlação de forças em cada momento
histórico (BASBAUM, 1982; DAL RI; VIEITEZ, 2008; PONCE, 1981;
SANFELICE, 2005a).
O principal marco da educação pública é a Revolução Francesa,
quando “[...] os representantes do povo transformam o tipo estatal de
educação anterior, dando origem à educação pública nacional, que se
realiza no correr do século XIX.” (LUZURIAGA, 1959, p. 2, grifos do autor).
A instituição de um sistema oficial de ensino resultou na interferência
e controle direto do Estado, por intermédio de seus governantes e gesto-
res, na educação das classes trabalhadoras, o que é entendido, por
determinados movimentos de trabalhadores, como, por exemplo, os car-
tistas, como algo problemático.
Luzuriaga (1959) entende que foi com a intervenção do Estado, em
1870, que a educação na Inglaterra foi progressivamente sendo tornada
118 | Educação do MST, do owenismo e do cartismo britânico: princípios em comum
5
A rigor, há diferença entre democratização, que etimologicamente remete a poder decisório, e massificação do
acesso à educação. Assim, não há uma relação necessária entre massificação do acesso e democratização da educação,
Cláudio Rodrigues da Silva | 119
foi objeto de debates e embates durante todo o seu percurso, até porque,
mesmo entre setores dos próprios movimentos sociais de trabalhadores, a
temática da educação não era consensual em todos os aspectos.
Reitera-se que, já na primeira metade do século XIX, portanto, antes
da constituição de sistemas estatais para educação escolar em massa, se-
tores das classes trabalhadoras que eram contrários ao controle estatal da
educação dos trabalhadores já sustentavam uma posição enfática, qual
seja, uma educação custeada pelo Estado – que, a rigor, é sustentado com
impostos, tributos ou taxas cobrados compulsoriamente dos trabalhadores
–, porém, sob gestão das classes trabalhadoras (DAL RI, 2004; LOMBARDI,
2011; MANACORDA, 1992).
O direito à educação escolar, assim como outros direitos, é decorrên-
cia de embates intensos entre e intra classes sociais. Em torno do currículo,
há disputas de variadas ordens entre forças reacionárias, conservadoras e
progressistas6. Estão em jogo concepções de educação, de trabalho, enfim,
de formação econômico-social. Segundo Luzuriaga (1959, p. 3), “Como é
sabido, a educação pública em cada país não é um fato isolado, mas está
intimamente relacionada com a concepção do mundo e da vida
predominante em cada momento de sua história.”
Além disso, como apontado, um sistema escolar, assim como outros
direitos sociais, demanda recursos financeiros. Sabe-se que o orçamento
estatal é disputado tanto entre classes sociais quanto internamente a elas,
isto é, por suas frações, até porque os equipamentos estatais de uso cole-
tivo também fazem parte da dinâmica de acumulação do capital, portanto,
da dinâmica da luta de classes. Assim, as disputas em torno da educação
escolar especialmente tornam-se mais acirradas, principalmente quando,
6
Disputas em torno do currículo escolar não são inócuas ou desinteressadas, pois, subjacentes a cada concepção de
currículo, há, necessariamente, ideologias e visões de mundo. Um exemplo de disputa que tem ganhado algum
destaque é aquela que ocorre entre criacionismo e evolucionismo.
120 | Educação do MST, do owenismo e do cartismo britânico: princípios em comum
[...] integrado por grande variedade de elementos. Entre êles figuram, além
daquela concepção geral da vida e do mundo, o regime político e social, a or-
ganização administrativa do Estado, a participação dos municípios e das
autoridades provinciais na vida pública, as ideias pedagógicas predominantes,
o grau de desenvolvimento das instituições educacionais, a maior ou menor
intervenção dos grupos profissionais, etc.
Gestão democrática
owenista, que fariam dela uma espécie de educação do futuro, mais espe-
cificamente pelo vínculo entre ensino e trabalho produtivo.
Engels (1877, p. 152-153), refutando críticas realizadas por Dühring,
então professor da Universidade de Berlin, comenta experiências owenis-
tas ressaltando sua importância para as lutas das classes trabalhadoras.
Se houvesse tido em suas mãos o seu Book of the New Moral World, não só
teria visto afirmado nele o mais definido comunismo, com o dever geral de
trabalhar e o direito de participar eqüitativamente do produto do trabalho –
equidade dentro de cada idade, como Owen salienta sempre – como também,
perfeitamente esboçado, o edifício da sociedade comunista do futuro, com os
seus planos, a sua planta e a sua perspectiva. Mas, quando o estudo das obras
pessoais dos representantes da ideologia socialista se reduz ao simples conhe-
cimento do título, ou, quando muito, de qual é o tema de alguns livros, como
é o caso do Sr. Dühring, não há outra solução senão precipitar-se em afirma-
tivas absurdas e inventadas. Owen não só pregou o ‘comunismo decidido’
como também o praticou durante cinco anos (do fim da década de 1830 ao
início da década de 1840) na colônia de Harmony Hall de Hampshire, cujo
comunismo não deixava, quanto à sua decisão, nada a desejar. Eu mesmo tive
ocasião de falar pessoalmente com várias pessoas que haviam pertencido a
essa colônia comunista experimental.
Para o MST (1999, p. 18), é necessário que a escola abra “[...] espaços
para a participação da comunidade, respeitando a sua organização e as
orientações do MST.” Para isso, são previstas diferentes instâncias de par-
ticipação nas escolas. Essas instâncias, segundo o Movimento (1999, p. 18-
19), são a Assembleia, o Conselho Escolar, as Plenárias e a Coordenação ou
Direção.
A Assembleia “Normalmente [...] é a instância máxima da gestão,
onde participam os educandos, educadoras e a comunidade [...]” (MST,
1999, p. 19). O Conselho Escolar, conforme o Movimento (1999), tem a
incumbência de acompanhar o dia a dia da escola, sendo formado por re-
presentantes dos educandos, dos educadores e da coordenação e renovado
periodicamente.
As Plenárias visam à melhoria da gestão, podendo ser convocadas
pelo Conselho Escolar para decidir sobre variadas questões que envolvem
o cotidiano da escola ou das Unidades de Produção (MST, 1999).
Já a Direção, em conformidade com o princípio da gestão democrática
do Movimento, é eleita pelos educandos, educadores e pela comunidade,
podendo ser transformada em uma Coordenação, que, segundo o princí-
pio da direção coletiva, compartilha tarefas e poder com os demais
membros da Coordenação (MST, 1999). Assim, a direção deixa de estar
centralizada na pessoa do diretor.
A auto-organização é um componente fundamental da gestão demo-
crática nas escolas do MST, em todos os níveis e modalidades de educação,
inclusive na formação de educadores. Por auto-organização o Movimento
(MST, 1999, p. 14, grifos do autor) entende
[...] o direito dos educandos assumir posturas próprias, sem a tutela das edu-
cadoras, assumindo a responsabilidade pelas decisões tomadas. Isto implica
em tempos e espaços onde não sejam as educadoras a fazer a pauta, nem sejam
elas a coordenar, e nem mesmo participar da discussão. Seu papel é apenas o
de alertar para equívocos de análises e riscos não percebidos, em vista do
aprendizado, sem impor nem propor soluções. (MST, 1999, p. 14, grifos do au-
tor)
1
Em determinadas escolas, a dinâmica de participação e de consecução dos processos decisórios sequer aproxima-se
da concepção liberal (SILVA, 2019).
Cláudio Rodrigues da Silva | 139
2
Aproveita-se a premissa da participação enquanto dever no Movimento (1996) para uma problematização sobre a
tese tornada quase senso comum, especialmente na área da Pedagogia, de que direito é algo necessariamente facul-
tativo e, dessa forma, tudo o que é colocado como dever tem vinculação necessária com o autoritarismo. Não
obstantes algumas variações, comumente a frequência obrigatória à escola e o ensino obrigatório dos conteúdos do
currículo formal são apresentados e considerados democráticos, até porque se julga importante ou mesmo impres-
cindível o aprendizado desses conteúdos para o exercício da cidadania, por exemplo. Partindo dessa linha de
raciocínio, pode-se inferir que, se ensino-e-aprendizagem obrigatórios da participação nos processos decisórios da
escola são considerados autoritarismo ou mesmo se são tratados como facultativos, é porque não se considera im-
portante nem mesmo imprescindível o aprendizado da participação política, não obstante a recorrência de menções
à formação para a cidadania e para a democracia constantes em documentos de escolas, como, por exemplo, no
Projeto Político-pedagógico, e na legislação. Entretanto, no caso da negativa ou do cerceamento da participação, a
escola ensina obrigatoriamente a não participação. Isso pode fornecer elementos para inferências sobre a concepção
de participação, de cidadania e de democracia praticada ou ensinada pela escola oficial, seja pelo currículo formal,
seja pelo currículo oculto, principalmente.
Cláudio Rodrigues da Silva | 141
3
Os cartistas e os owenistas também enfrentaram resistências por suas ousadias em relação a usos e costumes
vigentes à época.
Cláudio Rodrigues da Silva | 143
Ao que tudo indica, a atuação mais efetiva dos homens está voltada à realização
objetiva das questões econômicas, tendendo a arrefecer com a conquista da
terra e a formação dos assentamentos. A positividade desta conquista para o
movimento como um todo é obviamente incontestável, mas pode também se
converter numa regressividade – tendo em vista a retomada das relações hie-
rarquicamente estruturadas – sobretudo para as mulheres que experimentam,
neste processo, o retorno à antiga condição de seres submetidos à dominação
patriarcal. (PINASSI, 2009, p. 79)
Nas escolas oficiais, a participação política das crianças e dos jovens em movi-
mentos ou entidades políticas além de não ser incentivada é, muitas vezes,
reprimida, dado que o liberalismo dissemina a idéia de que entre educação e
política não pode haver nenhuma ligação.
4
O MST reconhece a necessidade de se considerar as diferentes faixas etárias, de forma a tornar pertinente e
compreensível o processo de participação de crianças de tenra idade (MST, 2001c). Todavia, incentiva a participação
das crianças desde tenra idade em todas as atividades do Movimento, mesmo porque, como ressaltado, na vida real
cotidiana, as crianças Sem Terrinha vivenciam todas as atividades, inclusive as lutas do Movimento, participação
essa que é uma necessidade, pois, quando das ocupações ou das desocupações, por exemplo, o mais comum é que as
crianças estejam presentes (DAL RI, 2004; DAL RI; VIEITEZ, 2008; STEDILE; FERNANDES, 2001). Cada território
tem autonomia para decidir determinados critérios de participação nos processos decisórios, em especial no que se
refere à idade mínima e temas em votação (DAL RI; VIEITEZ, 2008; SILVA; DAL RI, 2019a).
5
Assim como democracia e, por extensão, gestão democrática, o termo igualdade passou por um processo de
ressignificação, sendo hoje tornado lugar comum. Todavia, é uma questão complexa, que ainda atrai ou afasta muitos
setores sociais, que, comumente, fazem a apologia ou o descarte a priori desse tema, que carece de maiores e
constantes problematizações, pois a própria formação econômico-social é dinâmica, o que faz com que novos desafios
ou demandas sejam incorporados às relações sociais e de produção.
Cláudio Rodrigues da Silva | 145
No MST a criança não é tratada como uma não pessoa ou como uma
futura pessoa. Os princípios da gestão democrática e do vínculo entre tra-
balho produtivo e educação contribuem para isso. Dentro de seu universo
e de sua capacidade, a criança é colocada em circunstâncias para familia-
rização e aprendizado da ideologia e da visão de mundo do Movimento
(MST, 2001c).
6
Contraditoriamente, não raramente, pessoas com idade muito avançada também são colocadas na condição de
infantes, pois, associadas à senilidade, são entendidas e apresentadas como incapazes de decidir adequadamente os
rumos ou certos assuntos pertinentes à própria vida. Mesmo as mais sutis hierarquias verticais parecem formas de
subalternização ou de dominação de determinados grupos sobre outros, criando uma espécie de mosaico de pequenas
hierarquias que corroboram ou naturalizam as hierarquias verticais mais amplas.
7
Além da infantilização ou marginalização, não raramente, estudantes, independentemente de suas idades, são
tratados ora como adultos, ora como crianças, conforme as conveniências e os interesses institucionais.
146 | Educação do MST, do owenismo e do cartismo britânico: princípios em comum
1
Os castigos corporais, há séculos, eram considerados uma espécie de recurso pedagógico ou complemento desse
(MANACORDA, 1992).
Cláudio Rodrigues da Silva | 153
2
Além da dimensão mercantil, ou seja, a angariação de recursos financeiros com a oferta de cursos, instituições as
mais diversas e das mais variadas tendências criam ou mantêm cursos de formação de professores, e algumas têm
escolas próprias, desde a Educação Infantil até a Pós-graduação lato ou stricto sensu, visando à adequação da
educação às respectivas ideologias e visões de mundo. Exemplo disso são escolas corporativas, escolas confessionais
religiosas das mais diferentes matrizes, entre outras.
160 | Educação do MST, do owenismo e do cartismo britânico: princípios em comum
3
Estudos que analisam, por exemplo, livros didáticos, demonstram equívocos e preconceitos em relação a
determinados grupos étnicos (REIS, 2008).
4
Partindo do que apontam Demo (1988) e Löwy (1992), verifica-se que se, por um lado, a ciência necessariamente
contém ideologia, por outro, na ideologia pura não há ciência.
5
Análises dos equívocos ou falhas, das mais diversas espécies, em livros didáticos (REIS, 2008) usados especialmente
por escolas estatais brasileiras, inclusive aqueles livros aprovados pelo Plano Nacional do Livro Didático (PNLD),
exemplificam a qualidade do conhecimento técnico-científico propiciado pelo Estado às classes trabalhadoras.
Cláudio Rodrigues da Silva | 163
6
Exemplos mais recentes disso são revoluções ocorridas no século XX, como, por exemplo, a russa, a cubana, a
chinesa, entre outras (HOBSBAWM, 1995).
164 | Educação do MST, do owenismo e do cartismo britânico: princípios em comum
A ação desse currículo incide sobre a formação dos educandos de diversos mo-
dos. Entretanto, dentre seus ensinamentos, o mais importante é aquele que
decorre de que as relações pedagógicas são réplicas, ainda que em clave esco-
lar, das relações sociais fundamentais dominantes. Desse ponto de vista, a
escola burguesa, uma organização burocrática, transmite aos alunos por meio
da vivência das relações escolares, a percepção e a visão de que as relações
burocráticas são as relações naturais e eternas da sociedade. Em uma palavra,
uma das lições ministrada na escola que decorre imediatamente da vivência
consiste na sensação e na visão de que a burocracia é a forma mais racional de
organização social, além de ser a única forma eficiente de organização do tra-
balho.
educação das novas gerações desde tenra idade (MST, 1996; 1999; 2001c),
em conformidade com seus princípios.
O trabalho de desconstruir e de (re)construir sobre novas bases, a
partir de novas referências e de novas lógicas, as concepções de educação
e de trabalho, portanto, de relações sociais e de relações de produção é um
processo não raramente árduo e moroso, que envolve vários fatores, tanto
no plano mais pessoal ou individual, quanto no plano mais coletivo, o que
torna premente a necessidade da educação, em especial das novas gera-
ções e da formação dos próprios educadores (LOVETT; COLLINS, 1840;
MST, 1996; 1999; 2001c; OWEN, 1967a; 1967b).
A lógica hegemônica de formação e de trabalho docente é, não sem
contradições, pautada e reprodutora da divisão social hierárquico-vertical
do trabalho, que dicotomiza a teoria e a prática, concepção e execução, di-
cotomias essas que têm relações diretas com o trabalho alienado e
estranhado.
No entendimento de Dal Ri e Vieitez (2008, p. 289),
O fato de o trabalho pedagógico ter, ainda hoje, uma feição individual e arte-
sanal, aliado à pouca penetração que o taylorismo tem na escola, em sua
dimensão mais diretamente operacional, são propícios à visão de que as rela-
ções sociais na instituição são radicalmente diferentes daquelas do mundo da
produção. Entretanto, as características diferenciadas da escola não modificam
o fato fundamental de que a ordenação escolar está, também, presidida por
uma variante da burocracia, ou seja, um sistema de poder hierárquico inerente
à sociedade de classes que coloca alunos, professores e funcionários em uma
relação de dependência e subordinação ao capital, ainda que, no caso da escola
pública, esta subordinação ocorra pela mediação do Estado e suas estruturas.
[...] o trabalho torna-se mais regular e a atenção a ele mais constante, na pro-
porção da importância das máquinas empregadas e, consequentemente, eles
adquirem hábitos mais regulares de vida, gostam mais de aprender a ler e
escrever e não são inferiores, em termos de conduta moral e religiosa, se com-
parados à ampla maioria da população trabalhadora da Inglaterra. (OWEN,
1967b, p. 26)
1
À época, uma preocupação bastante pertinente, se se considerar os apontamentos, entre outros, do próprio Owen
(1967a; 1967b), de Engels (2008) e de Marx (1984) sobre as condições insalubres das fábricas, das escolas das
Cláudio Rodrigues da Silva | 171
fábricas, bem como das habitações de significativa parcela dos trabalhadores na Inglaterra, em especial em Londres
e outros grandes centros industriais.
172 | Educação do MST, do owenismo e do cartismo britânico: princípios em comum
[...] deve ser feita uma análise do processo educacional em andamento, plane-
jar a intencionalidade pedagógica dali para a frente, ver como melhorar o
ambiente educativo e como envolver melhor os educandos no processo, com-
binar como serão desenvolvidas as atividades pedagógicas. (MST, 1999, p. 26)
As pessoas se educam nas ações porque é o movimento das ações que vai con-
formando o jeito de ser humano. As ações são produzidas através de relações
sociais [...]. Não estamos falando de qualquer ação, ou do agir pelo agir, sem
intencionalidade alguma. Estamos falando de ações que produzem obras (ma-
teriais ou espirituais) que se tornam espelho onde as pessoas podem olhar
para o que são, ou ainda querem ser; e estamos falando principalmente do
trabalho e da produção material de nossa existência. (MST, 2001c, p. 45)
Portanto, para o MST (2001c, p. 45), a educação tem que ser eminen-
temente prática, o que não implica desprezar a dimensão teórica e coletiva,
pois “Não há verdadeira educação sem ações, sem trabalho e sem obras
coletivas.” Tanto para o quesito da prática, quanto para o da coletividade,
o trabalho é fundamental, porque “Faz parte do processo educativo o en-
volvimento do educando na produção, seja no trabalho individual seja no
trabalho coletivo. Se os educandos morarem em um alojamento, o ideal é
que ele tenha uma área produtiva.” (MST, 1999, p. 47).
O Movimento (1999) recomenda a realização de atividades na área da
escola, atividades essas que não demandam altos investimentos ou
180 | Educação do MST, do owenismo e do cartismo britânico: princípios em comum
Em algumas de nossas escolas isto quer dizer, por exemplo, que são as crianças
as responsáveis pela construção e manutenção do parque de brinquedos da
escola ou do acampamento, assentamento; em outras têm sido o cuidado com
a horta; em outras ainda, é a criação de um grupo de teatro para fazer apre-
sentações públicas que tragam apoio à luta pela Reforma Agrária; há também
experiência onde os educandos, junto com os educadores, assumem o trabalho
numa pequena agroindústria de doces para gerar renda extra para o coletivo.
O tipo de trabalho e de processo produtivo depende das condições objetivas de
cada local, da idade e experiências anteriores dos educandos envolvidos, e tam-
bém da criatividade do conjunto da coletividade escolar. (MST, 2001c, p. 58)
2
Ressalta-se que mercadoria é mais do que um objeto ou um produto, ou seja, é uma relação com diversas
implicações determinantes no modo de vida das pessoas de determinada formação econômico-social (MARX, 1984).
3
Ainda que reivindique recursos financeiros estatais para viabilizar a reforma agrária, os assentamentos e as escolas,
entre outros equipamentos públicos, o Movimento alega enfrentar dificuldades financeiras para a manutenção de
suas atividades, como, por exemplo, o Jornal Sem Terra (MST, 2013). Outro exemplo é a Escola Nacional “Florestan
Fernandes”, que conta com o apoio da Associação dos Amigos da Escola Nacional “Florestan Fernandes” (AAENFF)
para sua manutenção (AAENFF, 2013).
Cláudio Rodrigues da Silva | 185
4
Agroecologia, diferentemente do agronegócio, é pautada pelos pressupostos da sustentabilidade, tendo uma visão
de mundo subjacente a ela. No caso do MST, a perspectiva é a do trabalho associado, contrária à lógica de produção
do capital, que entende o meio ambiente, por conseguinte, a vida humana inclusive, como mercadoria. Um ponto
bastante destacado e diferenciador da agroecologia em relação ao agronegócio é o combate ao uso de agrotóxicos
(GUHUR; TONÁ, 2012; SANTOS; NOVAES, 2013).
186 | Educação do MST, do owenismo e do cartismo britânico: princípios em comum
5
Segundo Damásio (1996) trata-se de um equívoco cartesiano a dicotomia entre razão e emoção, entre corpo e mente.
Cláudio Rodrigues da Silva | 187
1
Na atualidade há países que adotam variados sistemas de governo e se apresentam ou são entendidos como
democráticos. Mészáros (2002b) problematiza o caráter democrático do sistema bipartidário adotado nos Estados
Unidos da América, país (auto)apresentado como guardião mundial da democracia (LOSURDO, 2004). Há povos
originários que não adotam categorias da Ciência Política hegemônica ocidentalocêntrica para nomear suas formas
de organização ou de governo e nem por isso é necessariamente exercida opressão sobre suas populações. Lenin
(1983) aventa que, quanto mais perfeita, mais próxima estaria a democracia de sua extinção; no entanto, pode-se
inferir que, nessa perspectiva, a extinção da democracia não implicaria autoritarismo. É uma questão que carece de
problematizações para não ficar restrita a análises lineares e nominalistas.
Cláudio Rodrigues da Silva | 195
2
Entretanto, nem todas as iniciativas de formação dos próprios educadores implicam negação da educação
hegemônica ou estatal no que se refere à sua essência, ou seja, ideologia, visão de mundo ou modo de produção.
Comumente o que outras iniciativas colocam em questão é a qualidade do ensino, a especificidade do currículo,
metodologias de ensino, entre outras.
Cláudio Rodrigues da Silva | 197
3
O capital adota o trabalho aliado ao ensino como uma forma de disciplinar e qualificar a força de trabalho. A
burguesia recorreu à alegação de viver do próprio trabalho para questionar os privilégios da nobreza e da realeza,
que viviam do trabalho alheio. A Igreja Católica também faz apologia ao trabalho – ora et labora –, já que a Bíblia é
permeada de citações apologéticas ao trabalho. O nazismo também, de certa forma, colocou o trabalho como um
princípio, quando colocou a inscrição o trabalho liberta no portal do campo de concentração de Auschwitz. O trabalho
relacionado ao ensino, bem como a ginástica ou exercícios físicos, também permeiam o currículo desde os primórdios
da educação escolar estatal no Brasil (SOUZA, 2008). Portanto, assim como os demais princípios, é necessário
questionar a concepção de trabalho, pois, em conformidade com a sua visão de mundo, o capital também tem o
trabalho alienado e estranhado aliado ao ensino como forma de disciplinar as classes trabalhadoras para a subalter-
nidade (DAL RI; VIEITEZ, 2008; SOUZA, 2010), como pode ser verificado, por exemplo, na LDB/1996. A tese da
educação para a formação de força de trabalho não é uma invenção ou fixação marxista. Pode ser verificada na
própria legislação (BRASIL, 1988; 1996b). Sem pretensão de aprofundamento nessa questão, destaca-se que em leis
e outros documentos oficiais federais e paulistas, como, por exemplo, das décadas de 1930, 1940 e 1960, a educação
escolar como formação de força de trabalho e vinculada às políticas econômicas do Estado é explícita e direta
(MORAES, 2014; SILVA, 2019), enquanto que, na legislação atual (BRASIL, 1988; 1996b), assume preponderância a
questão da cidadania aliada à questão do trabalho, uma evidência da continuidade do trabalho enquanto categoria
central, ao contrário das teses, como aponta Antunes (1997), que dão adeus ao trabalho. Além disso, verifica-se
também que, conforme o projeto político-econômico das frações de classe no poder, a educação escolar foi utilizada
inclusive como forma de evitar fluxos migratórios do campo para a cidade, com finalidades eminentemente
econômicas, como se pode verificar tanto naquelas leis, quanto em bibliografias específicas (ÁVILA, 2013; MORAES,
2019).
4
Em decorrência das significativas mudanças ocorridas nos processos de trabalho, bem como nas legislações,
tradições, usos e costumes, a questão do trabalho de crianças e adolescentes foi tornada mais complexa, porém, um
campo ainda passível de problematizações, principalmente em se tratando de um princípio educativo. Para tratar
dessa questão faz-se necessário analisar as próprias mudanças ocorridas com as categorias trabalho, educação e
infância. Owen (1967a; 1967b), que era reiterativo em relação à importância dos primeiros anos de idade para a
internalização de valores e para a formação do caráter, defendia o trabalho para crianças da segunda classe, ou seja,
dos cinco aos dez anos, decorrência talvez das próprias condições e da natureza do trabalho daquele contexto. O
posicionamento de Owen em relação à idade considerada adequada para o início do trabalho muda, em dados
momentos, o mesmo ocorrendo em relação aos estudos; a rigor, defende que a inserção nos processos regulares de
trabalho produtivo ocorra após os dez anos de idade. Fourier (1973), por exemplo, defendia a familiarização, de
maneira lúdica, com o trabalho a partir dos dois anos de idade.
Cláudio Rodrigues da Silva | 201
5
Há, na atualidade, diversas vertentes de cooperativismos, desde as cooperativas tradicionais ou capitalistas, que
recorrem à exploração do trabalho assalariado, até as que operam da perspectiva do trabalho associado, isto é, não
recorrem à exploração do trabalho alheio, em especial por intermédio do assalariamento (DAL RI; VIEITEZ, 2008;
VIEITEZ; DAL RI, 2009).
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6
Exemplo disso são as situações de golpes de Estado, como ocorreu no Brasil, em 1964 (STEDILE; FERNANDES,
2001).
Cláudio Rodrigues da Silva | 205
7
Chama a atenção o fato de que várias das questões que têm, cada vez mais, ganhado espaço em debates, como, por
exemplo, urbanismo, poluição do ar, das águas, enfim, diversos assuntos relacionados à qualidade de vida, já eram
Cláudio Rodrigues da Silva | 209
levantados por Engels (2008), na primeira metade do século XIX, quando analisou a situação da classe trabalhadora
na Inglaterra.
210 | Educação do MST, do owenismo e do cartismo britânico: princípios em comum
mesmo assim, a escola parece não ter perdido sua centralidade no que se
refere à difusão, à internalização e à reprodução da ideologia e da visão de
mundo hegemônicas. Entretanto, como aponta Dal Ri (2004), a escola é
um espaço contraditório, podendo ser tornado um locus de iniciativas con-
tra-hegemônicas, a exemplo do que faz o MST.
Além disso, a escola é a principal agência de certificação do ensino
formal, na atualidade, um dos mais elementares pré-requisitos para a de-
nominada empregabilidade. Portanto, é a agência basilar da meritocracia,
segundo Dal Ri (2004), uma das principais premissas do capital para legi-
timação dos lugares ou posições das pessoas nas hierarquias sociais
verticais, principalmente no que se refere ao lugar que se ocupa na produ-
ção, quesito que, a rigor, define a classe social a que se pertence.
Partindo do argumento de Marx e Engels (1999) de que a ideologia
dominante em determinada formação econômico-social é a ideologia da
classe dominante, pode-se inferir que a classe trabalhadora em geral não
teve e ainda não tem ideologia e visão de mundo próprias, fazendo com
que prevaleçam a ideologia e a visão de mundo daquela classe.
Mas, alguns segmentos ou movimentos sociais de trabalhadores têm
ideologias e visões de mundo, porém, em certa medida, ainda não são ge-
neralizáveis a toda a classe trabalhadora. Assim, essas ideologias e visões
de mundo não têm condições de serem tornadas hegemônicas, ainda que
contenham princípios universalizáveis, não só para a classe trabalhadora,
mas para toda a humanidade e demais dimensões da natureza em geral,
ou seja, do meio ambiente em sua totalidade, condição imprescindível para
a vida humana.
Embora muitos dos elementos das ideologias e das visões de mundo
desses Movimentos sejam comuns e possam interessar à toda a classe tra-
balhadora, outras questões mais prementes e mais particulares
sobressaem-se ou se sobrepõem àquelas que são ou seriam universais
212 | Educação do MST, do owenismo e do cartismo britânico: princípios em comum
Todo ser humano, independente do lugar onde mora neste mundo, está atin-
gido pelo projeto neoliberal, que está caracterizado principalmente pelo
fenômeno da ‘exclusão social’: uns poucos ficam dentro do sistema de um re-
lativo bem estar, a grande maioria dos homens fica fora. Vivem ‘sem’: sem
Terra, sem Teto, sem Documentos, sem Segurança Social, sem Trabalho...
(MST, 2007, p. 109)
educação, por mais radical que se apresente e por mais que faça incisivas
críticas à ordem social vigente, se não resultar em intervenções na reali-
dade, torna-se inócua, resvalando numa espécie de idealismo. Os
princípios enunciados não teriam efeito algum se não fossem colocados
em prática pelos Movimentos.
Esta pesquisa contribui no sentido de ajudar a trazer à tona, em
forma de cotejamento, alguns aspectos da atuação, em especial no campo
da educação, de Movimentos, em certa medida, considerados – fazendo
uso de palavras de Teixeira (2002) – utópicos, hereges e malditos. Ainda
que Teixeira (2002), dentre os Movimentos analisados nesta pesquisa, es-
teja fazendo referência apenas aos owenistas, pode-se cogitar a
contemplação dos cartistas e especialmente do MST nessa tríade. Maldito
porque comumente todo movimento (auto)organizado contra-hegemô-
nico de trabalhadores é assim considerado pelas classes hegemônicas.
Herege porque, além de não comungar com a ideologia e com a visão de
mundo hegemônicas, o MST não se prende a um ou outro autor ou cor-
rente teórica, mas se apropria deles conforme a própria dinâmica do
Movimento. Utópico – numa acepção científica, como apontado por Man-
nheim (1972) – porque busca uma formação econômico-social que ainda
não existe, mas que é passível de concretização.
A importância principal do MST, assim como de outros movimentos
sociais de trabalhadores, é fazer com que estes se auto-organizem e, com
isso, tenham capacidade de tensionar os limites impostos pela ordem so-
cial vigente. Isso, possibilita, por um lado, verificar que o sistema do capital
não é algo tão simples e fácil de ser superado, mas, por outro lado, possi-
bilita constatar também que o capital não é a-histórico, eterno, invencível.
Entretanto, para esse enfrentamento é necessário um projeto político-ide-
ológico que inclui necessariamente um projeto educativo organicamente
vinculado à práxis política e econômica.
220 | Educação do MST, do owenismo e do cartismo britânico: princípios em comum
Pues bien, la historia de la educación nos sirve para orientarmos no solo sobre
el pasado, sino tambien sobre el presente, ya que éste se halla constituído em
gran parte por aquél. Por eso los estúdios históricos sobre la educación y la
pedagogia se han multiplicado em los últimos años y por eso han llegado a
constituir uma parte esencial en la enseñanza de la ciencia de la educación.
(LUZURIAGA, 1959, p. X)
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