TCC Cleyriane Moura Costa Correções II Prof . Garlandia

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1

FACULDADE ECOAR DO RIO GRANDE DO SUL – FAECO


CURSO DE BACHARELADO EM SERVIÇO SOCIAL

CLEYRIANE MOURA DA COSTA

A ATUAÇÃO DO ASSISTENTE SOCIAL E O PAPEL DA FAMÍLIA JUNTO AS


PESSOAS COM TRANSTORNO MENTAL

JOSÉ DE FREITAS/PI
2017
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CLEYRIANE MOURA DA COSTA

A ATUAÇÃO DO ASSISTENTE SOCIAL E O PAPEL DA FAMÍLIA JUNTO AS


PESSOAS COM TRANSTORNO MENTAL

Trabalho de Conclusão de Curso apresentado a


Faculdade Ecoar do Rio Grande do Sul – FAECO,
para fins de aprovação no Curso de Serviço Social
para a obtenção do Título de Bacharel em Serviço
Social. Orientador Prof. Garlândia da Silva Sousa

JOSÉ DE FREITAS-PI
2017
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CLEYRIANE MOURA DA COSTA

A ATUAÇÃO DO ASSISTENTE SOCIAL E O PAPEL DA FAMÍLIA JUNTO AS


PESSOAS COM TRANSTORNO MENTAL

Trabalho de Conclusão de Curso apresentado a


Faculdade Ecoar do Rio Grande do Sul – FAECO,
para fins de aprovação no Curso de Serviço Social
para a obtenção do Título de Bacharel em Serviço
Social. Orientadora Profª. Garlandia da Silva Sousa.

Aprovada em: _______/ ______/ 2017.

BANCA EXAMINADORA

_________________________________________________________
Orientador: Profª Garlandia da Silva Sousa

_________________________________________________________
1º Membro

_________________________________________________________
2º Membro
4

A perversidade não provém de um problema


psiquiátrico, mas de uma racionalidade fria
combinada a uma incapacidade de considerar os
outros como seres humanos.
Freitas, 2001
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DEDICATÓRIA

Dedico esta pesquisa a Deus, por estar sempre


guiando os meus passos, e pela oportunidade de
realização e superação por mais essa formação
em meu curriculum profissional. A toda a minha
família, professores e amigos que me
incentivaram a vencer mais este obstáculo em
minha vida.
6

AGRADECIMENTOS

Nesse momento de conclusão dessa pesquisa, quero agradecer a Deus por ter me dado
a capacidade de realização dessa pesquisa.
Aos meus pais, por me ensinarem a importância do conhecimento para a minha
formação pessoal e profissional, ao meu esposo, pelo amor, carinho, paciência e incentivo nessa
realização de minha formação superior.
Aos meus amigos pessoais, de cursos e demais colegas, por estarmos sempre
compartilhando saber.
Agradeço ainda aos meus professores da FAECO, em especial a orientadora,
Professora Garlandia, pela compreensão, paciência e dedicação a minha pessoa e por colaborar
com a correção minuciosa dessa pesquisa.
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RESUMO

O presente trabalho tem como tema a Atuação do Assistente Social e o Papel da Família Junto
as Pessoas com Transtorno Mental A saúde mental requer ao mínimo do discernimento para
não se deixar influenciar pelo preconceito que esta pesquisa traz consigo, pois muitas são
frequentemente intitulados como loucos, débeis, imbecis, entre outros, por isso o objetivo da
presente pesquisa é compreender a atuação do Assistente Social no papel da família junto as
pessoas com transtorno mental, tendo por destaque a atuação com os grupos familiares,
especificando ainda analisar a atuação do Assistente Social, visto ainda a Identificação e refletir
o papel da família diante da pessoa com transtorno mental, assim como investigar as mediações
que o profissional realiza, desta forma, essa pesquisa foi realizada a partir de uma abordagem
qualitativa, caracterizando-se como uma pesquisa de natureza bibliográfica, focalizada em
teóricos, e de campo com o objetivo de mostrar informações a respeito do problema aqui
exposto, pois fundamentamos nossa pesquisa em autores relacionados ao tema, tais como:
AMARANTE (1995), DURAND (2000), KINOSHITA (1996) e ROMAGNOLI (2007), estes
que ao decorrer desta pesquisa, nos fundamentaram em nossas considerações a frente, esta
pesquisa ainda se deu no Centro de Atenção Psicossocial – CAPS de José de Freitas, portanto,
esperamos que esta pesquisa, contribua de modo significativo, esclarecendo ao máximo o
quanto é importante o papel da família na qual ela tem um papel único na estimulação e na
integração social das pessoas com transtornos mental, visando o adiantamento da família para
os que se sentem seguros e protegidos, tendo êxito ao decorrer de seu tratamento.
Palavras-chave: Assistente Social. Transtorno Mental. Família. Saúde Mental.
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ABSTRACT

Mental health requires a minimum of discernment not to be influenced by the prejudice that
this research brings with it, since many are often called crazy, weak, imbeciles, among others,
so the purpose of this research is to understand the role of the Social Worker In the role of the
family with people with mental disorders, with emphasis on the work with the family groups,
specifying also analyze the work of the Social Worker, also the Identification and reflect the
role of the family before the person with mental disorder, as well as investigate The mediations
that the professional performs, this way, this research was carried out from a qualitative
approach, being characterized as a research of bibliographical nature, focused on theoreticians,
and field with the objective of showing information about the problem here exposed , Because
we base our research on authors related to the theme, such as: AMARANTE (1995), DURAND
(2000), KINOSHITA (1996) and ROMAGNOLI (2007), which in the course of this research
we e based on our considerations forward, this research was still carried out at the Center for
Psychosocial Attention - CAPS de José de Freitas , Therefore, we hope that this research will
contribute significantly, clarifying as much as possible the role of the family in which it has a
unique role in the stimulation and social integration of people with mental disorders, aiming the
advancement of the family to the Who feel secure and protected, succeeding in the course of
their treatment.
Keywords: Social Worker. Mental Disorder. Family. Mental health.
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LISTA DE SIGLAS E ABREVIATURAS

ABAS – Associação Brasileira de Assitência Social


CAPS – Centro de Atenção Psicossocial
CEAS – Centro de Estudo e Ação Social
CRESS / SP – Conselho Regional de Serviço Social seccional São Paulo
LOAS – Lei Orgânica do Assistente Social
PROEXC / UFVJM – Programa de Extensão Curricular da Universidade Federal do Vale do
Jequinhonha Mineiro
PTMs – Portadores de Transtornos Mentais
SUS – Sistema Único de Saúde
UFVJM – Universidade Federal do Vale do Jequinhonha Mineiro
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SUMARIO
1 INTRODUÇÃO --------------------------------------------------------------------------------------- 11
2 O APARECIMENTO DO SERVIÇO SOCIAL E A ATUAÇÃO JUNTO AO
TRANSTORNO MENTAL--------------------------------------------------------------------------- 15
2 1 Serviço Social e Sua Origem ------------------------------------------------------------------- 15
2 2 O Serviço Social e a Reforma Psiquiátrica --------------------------------------------------- 17
3 DESAFIOS PARA ATUAÇÃO DO ASSISTENTE SOCIAL, JUNTO AS FAMILIAS
COM PESSOAS COM TRANSTORNO MENTAL -------------------------------------------- 23
31 O Trabalho do Assistente Social com o Grupo Familiar ------------------------------------ 24
32 A Família e Sua Contribuição Junto ao Tratamento de Pessoas com Transtorno Mental------- 25
4 TRAJETÓRIA METODOLÓGICA ------------------------------------------------------------- 29
4 1 Natureza do Estudo ------------------------------------------------------------------------------ 29
4 2 Cenário da Pesquisa------------------------------------------------------------------------------ 29
4 3 Sujeito da Pesquisa------------------------------------------------------------------------------- 29
4 4 Analise e Interpretação dos Dados------------------------------------------------------------- 30
CONSIDERAÇÕES FINAIS ------------------------------------------------------------------------- 33
REFERÊNCIAS ---------------------------------------------------------------------------------------- 34
APÊNDICES--------------------------------------------------------------------------------------------- 36
Entrevista (questionário) -------------------------------------------------------------------------------- 37
ANEXOS ------------------------------------------------------------------------------------------------- 38
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1 INTRODUÇÃO
Sabe-se que o Serviço Social é uma profissão tem como objetivo intervir para que
possa buscar e diminuir as desigualdades sociais, dando informações de forma que possa
contribuir aos seus usuários em atendimento humanizado buscando sempre a conscientização
sobre seus direitos em especial nas unidades Básicas de Saúde. Para isso podemos afirmar
especificamente que na área da saúde podemos dizer que a atuação do assistente social é voltada
para atender a população independente do convenio que o mesmo possuir, sendo que o
assistente social atuando na área da saúde tem suas competências para intervir junto aos
usuários e seus familiares, orientando, acompanhando e incluindo nos serviços disponibilizados
na rede básica de saúde.
Podemos contextualizar que o serviço social estar em constante organização devido a
reforma psiquiátrica da em relação a saúde mental que ocorreu no início do século XX. Em
busca da autonomia, inserção social, qualidade de vida e cidadania ao indivíduo com transtorno
mental e dependência.
Sendo o novo modelo de atendimento à Política de Saúde Mental do Ministério da
Saúde entrou em vigor após a homologação da Lei nº 10.216 de 06 de abril de 2001 que dispõe
sobre a proteção e os direitos das pessoas com transtorno mentais e reformula o modelo
assistencial em saúde mental. O serviço de atenção à saúde mental desenvolvido no Centro de
Atenção Psicossocial (CAPS) dispõe a substituição da internação de longos períodos em
hospitais psiquiátricos, conhecidos como "Sanatórios" ou "Manicômios", onde o indivíduo era
excluído da sociedade em todos os segmentos fazendo com que estes perdessem sua identidade,
sendo "abordados" como improdutivos e isolados do contexto social.
De acordo com Iamamoto (2011): No momento histórico compreendido entre 1940 e
1960, a saúde mental demandou do serviço social uma atuação voltada para a higiene social,
expressa através da moralização do indivíduo e da família (Barbosa e Silva, 2007). Nos anos
1970, a proposta da desinstitucionalização consubstancia outro projeto assistencial na saúde
mental. Simultaneamente o serviço social vivencia um momento histórico de grande
importância para a profissão, influenciado pela perspectiva teórica marxista. A repercussão
disso foi que as metodologias clássicas do serviço social na saúde mental foram contestadas
pela psiquiatria dos problemas sociais e por seu viés psicologizante.
O desempenho do (a) assistente social no CAPS é influenciado pela restrição de
recursos físicos, humanos e financeiros, que inclusive entram em confronto com o que é
disposto na legislação da saúde mental em vigor, sendo necessário que haja uma análise
dialética permitindo conhecer a realidade como um todo e não como algo fragmentado e
12

focalizado. Portanto o (a) profissional de serviço social trabalha em situações adversas, e muitas
vezes acabam em descrédito na possibilidade de mudanças na política pública de saúde mental,
causando perdas tanto ao usuário como para o assistente social que se vê bloqueado nas suas
dimensões ético-político, teórico-metodológico e técnico operativo.
O indivíduo era excluído da sociedade e trancafiado nos hospitais psiquiátricos,
"favorecendo" muitas vezes ao familiar a não obrigatoriedade do cuidado com o membro da
sua família, tendo ainda resquícios no comportamento até os dias atuais. A prática de atenção,
atendimento e acompanhamento em saúde mental é inerente ao profissional de Serviço Social
desde o surgimento da profissão no Estado Brasileiro, ficando evidente que sempre foi e ainda
é uma das expressões da questão social concentrada em nossa sociedade.
Destacamos que objetivo geral deste trabalho visa compreender a atuação do
Assistente Social no papel da família junto as pessoas com transtorno mental, dando ênfase no
trabalho realizado aos usuários e seus familiares. Assim como os objetivos específicos que
analisarão a atuação do Assistente Social, identificar e refletir o papel da família diante da
pessoa com transtorno mental e investigar as mediações que o profissional realiza, bem como
o devido destaque sobre a sua importância e atuação. Diante do exposto surgiu como questão:
Compreender a atuação do Assistente Social no papel da família junto as pessoas com
transtorno mental
Para isso iremos buscar o as possibilidades de intervenção junto onde a justificativa
do serviço social na saúde e muito extensiva, e também iremos analisar algumas situações que
nos despertaram o interesse sobre o contexto do tema aqui objeto de estudo.
A pratica do assistente social vem se acrescentando cada dia mais, e tem se tornado
imprescindível na acessão e atenção na saúde, com isso sua mediação vai se expandido e se
solidificando diante da convicção do processo saúde-doença que é determinado socialmente no
conceito de saúde. Através destes autores é notório observar que todos os estudos analisados
pontuam que os profissionais precisam estar à frente das demandas que lhes são impostas, sendo
articuladora, dinâmica, inovadora, mediadora e propositiva, pois o profissional, ainda, encontra
várias dificuldades em trabalhar com as políticas sociais devido à negligência e precarização da
saúde.
O Assistente Social tem atuado principalmente no bojo do movimento da Reforma
Psiquiátrica, proporcionando aos usuários melhores condições de vida, pois ocorreram reduções
no número de internações psiquiátricas, bem como o deslocamento para outras cidades. Bisneto
(2007) sobre o trabalho do profissional de serviço social e Iamamoto (2011) afirmam que: Foi
observado que as suas atitudes diante das demandas, com os usuários e das dificuldades
13

encontradas para exercer seu trabalho. Dessa forma, apesar das dificuldades, todas as ações da
profissional sempre foram pautadas no código de ética da profissão e voltadas ao bem-estar do
usuário.
Para Iamamoto (2011) O serviço social atua de forma a ajudar no processo de inserção
ou reinserção do portador de transtorno mental na sociedade. Trabalhando controle social,
realizando encaminhamentos, atividades educativas. Em linhas gerais, este se articula como os
demais profissionais no sentido de proporcionar uma melhor qualidade de vida ao portador de
transtorno mental, seja através da estabilização do seu quadro psíquico, ou por meio da
orientação para o seu ingresso na vida em sociedade, seja no mercado de trabalho, na escola,
entre outros (BISNETO,2007).
É importante destacar que os resultados das ações do Serviço Social, onde nem sempre
estão perceptíveis, levando em consideração que o processo interventivo do Serviço Social onde
o processo ocorre de forma gradativa e nem sempre e vista pelas pessoas as quais são
beneficiarias. Sobre o trabalho do profissional de serviço social, foi observado que as suas
atitudes diante das demandas, com os usuários e das dificuldades encontradas para exercer seu
trabalho.
Assim, apesar das dificuldades, todas as ações da profissional sempre foram pautadas
no código de ética da profissão e voltadas ao bem-estar do usuário. Iamamoto (2011) O percurso
desta reflexão nos remete a uma visão ampla acerca da importância do profissional de Serviço
Social no âmbito da saúde mental. Assim sendo, este estudo nos permitiu algumas contribuições
importantes para a análise do Serviço Social no campo da saúde mental, como fundamento para
o campo de pesquisa que certamente serão abordadas em reflexões futuras.
Desta forma esta pesquisa encontra-se dividida em 02 Capítulos, no tópico II o assunto
abordado será: O aparecimento do Serviço Social e a atuação junto ao trabalho mental e no
tópico III será abordado os desafios para atuação do assistente social junto as famílias com as
pessoas com transtorno mental onde o mesmo terá alguns tópicos para que possamos
compreender toda a problemática que o assunto envolve.
Com isso, mostraremos que a Reforma Psiquiátrica traz em seu centro uma série de
medidas que devem ser aplicadas com seriedade e compromisso nos é visível que seus
princípios não foram integralmente materializados, cabe ressaltar a ausência de vontade
política, principalmente por questões de ordem financeira, que impossibilita a implantação dos
chamados serviços alternativos em detrimento das longas internações, servindo mais uma vez
como exemplo os Centros de Atenção Psicossocial que contribuem para a cidadania do PTM
bem como auxilia a família em seus cuidados.
14

Concluímos que os assistentes sociais têm que investir mais na sistematização de suas
experiências em saúde mental e, sobretudo com o grupo familiar, aprofundando os diferentes
ângulos implicados na matéria. É importante o investimento dos profissionais para que outros
membros das famílias passem a participar da gestão do cuidado cotidiano da pessoa com
transtorno mental, que tende a ficar ao encargo de uma única pessoa.
15

2 A ATUAÇÃO DO ASSISTENTE SOCIAL E O PAPEL DA FAMÍLIA JUNTO AS


PESSOAS COM TRANSTORNO MENTAL

Se colocar à disposição da família para escutá-las, demonstrando atenção e


importância para os diversos problemas que ela apresenta, algo aparentemente simples e que
poderia ser realizado por qualquer outra pessoa mesmo sem formação acadêmica, é na verdade
uma etapa do caminho a ser percorrido na busca de algo maior, cujo diferencial está na
intencionalidade do assistente social que pode se deixar levar pelos limites institucionais e
outros desafios a serem superados ou então propor e efetivar mudanças na realidade dessa
família vítima da exclusão social.

2 1 Serviço Social e Sua Origem

O serviço social surge da iniciativa particular de grupos e frações de classe que se


manifestaram, principalmente, por intermédio da Igreja Católica. Seu surgimento aconteceu na
Europa onde a profissão sofria influências da industrialização. Kinochita (1996, p 55-59): A
origem ocorreu por volta de 1930 quando a desenvolvimento das atividades industriais onde
atrai trabalhadores das áreas rurais e o processo de industrialização no Brasil. Onde o mesmo
surge da forma assistencialista pelas damas da caridade (mulheres de classe que manifestaram
principalmente por mediação da igreja católica), que ofereciam assistência aos mais
necessitados, em especial aos trabalhadores.
Surgem em 1920 à associação das senhoras católicas em São Paulo e em 1923 a liga
das senhoras católicas do Rio de Janeiro. Tinham como objetivo não apenas o socorro aos
indigentes, mas atender e amenizar determinadas complicações tendo em vista que no
desenvolvimento capitalista principalmente as questões sociais que envolvem crianças e
mulheres as mais prejudicadas.
Em 1937, surge o Instituto de Educação Familiar e Social. 1938 – Começa a funcionar
o curso regular da Escola Técnica de Serviço Social. Em 1940, surge diversas escolas do
Serviço Social nas capitais do Estado. Em agosto de 1946 foi fundada a Pontifica Universidade
Católica de São Paulo, foi incorporado a Escola do Serviço Social de São Paulo.
Em 1947, Associação Brasileira de Assistente Social (ABAS) o 1° código de Ética do
Assistente Social. “Maria Kiehl e Alberlina Ramos as primeiras Brasileiras a receberem
formação na área, na Escola de Serviço Social de Bruxelas” (CRESS-SP 2006). Após 1930,
com o andamento da industrialização, um grande êxodo de pessoas que saem da zona rural para
a cidade em busca de emprego a procura, elevando uma aglomeração de pessoas nas cidades e
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levando muitas pessoas ao desemprego tendo em vista a grande demanda no mercado de


trabalho. Com esta grande demanda de trabalho fez com que muitas pessoas tinham que
trabalhar em ambientes insalubres onde a exploração de mulheres e crianças era feita de maneira
acerbada, havia falta de moradia, levando a precariedade de saúde e saneamento básico.
Estas situações de precariedade fizeram com que as pessoas ficassem vulneráveis e em
condições de riscos. Podendo se observar que todos os problemas que havia, existia as damas
de caridade onde elas realizavam um trabalho filantrópico onde o mesmo ia desde a construção
de casas de abrigo a distribuição de remédios, comidas dentre outros donativos. Sendo assim
houve um movimento de reconceituação, que se distingue pela renovação da profissão já que
não mais atendia as problemáticas no âmbito social fazendo com que houvesse um rompimento
com as diretrizes da Igreja.
O movimento de reconceituação tal como se expressou em sua tônica dominante na
América Latina, representou um marco decisivo no desencadeamento do processo de revisão
crítica do serviço social no continente (Furegato, 2002. pag. 54) o público participante do curso
era predominante feminino constituído de mulheres jovens com formação religiosa, vindas de
classes dominantes. Em 1932 o CEAS (Centro de Estudo e Ação Social) fundou meio de
trabalhos manuais, conferências, conselhos sobre higiene, procuravam atrair as operárias assim
aproximar da classe trabalhadora estudando o seu ambiente e necessidades. Entretanto observa-
se que os primeiros assistentes sociais registram as suas atividades cuja natureza é doutrinária
e assistencial. O tratamento é feito basicamente por encaminhamento, colocação em emprego,
para os necessitados os abrigos regularização da família, todos os assistidos são fichados
(Furegato, 2002. Pag. 56).
Publicações do serviço social eram limitadas, apenas uma publicação Regular- Revista
Serviço Social- reproduzia o pensamento as preocupações e o desenvolvimento da profissão,
indicando a fase inicial em que o serviço social se encontrava difundindo e propagando a
doutrina e o pensamento social da igreja.
No passar do tempo, o serviço social mudou a sua forma de atuar, recorrendo, as
descobertas cientificas, pelo desenvolvimento dos estudos sociológicos e pela intensidade dos
problemas sociais da época. Colocava em movimento o sentimento a inteligência e a vontade
para o serviço da pessoa humana. A representação do profissional assistente social teve
limitações nas fases da constituição, e na ausência da bagagem teórica, então ficando a
clemências das influências externas. A ideologia católica era o fundamento da reforma social
tendo em vista à questão social a decadência dos costumes e o desenvolvimento do liberalismo
e comunismos, tendo em vista reconstruir a sociedade e curar as imperfeições da ordem social.
17

O serviço social tem como objetivo remediar as deficiências dos indivíduos e da


coletividade melhora as condições do ser humano, reduzindo as condições de conflitos nas
populações. Em meio a esses conflitos surge a divisão social do trabalho consequência
inevitável do progresso. Com o início da industrialização e do crescimento desordenado das
populações e das áreas urbanas contratou-se que era preciso controlar os operários, essa foi à
primeira missão do Serviço Social no Brasil.
Na transição dos anos 1970 aos 1980 foi construído o projeto Ético Político do Serviço
Social, onde se observa que neste momento o Brasil passava por grandes transmutações no
perímetro político econômico, onde neste momento conforme Romagnoli (2006) destaca-se
que: “muitas vezes, os familiares assumem o lugar de ignorantes”, destituídos de qualquer saber
sobre si mesmos e sobre o doente, o que os impede de se reconhecerem como sujeitos
autônomos. Dessa maneira, ocupam um lugar de alienação que não possibilita que realizem,
por si mesmos, novas experiências, dificultando o lugar de um grupo ativo no processo de
construção da vida. E assim, na tentativa de resolver os problemas voltados para o transtorno
mental, os familiares passam a organizar suas vidas em torno das vivências da doença mental.

2 2 O Serviço Social e a Reforma Psiquiátrica

Ao longo dos anos, com o movimento da reforma psiquiátrica, vários aspectos


relacionados à loucura vieram sofrendo mudanças, tais como: tratamento, visão da sociedade,
vivência do louco junto à família e o manejo diante da loucura, dentre outros, com o intuito de
intervir na cultura e nos preconceitos da sociedade a respeito da loucura e dos loucos. De acordo
com Amarante (1995), essas mudanças foram do tipo: epistemológica, criações de novos
dispositivos e estratégias, revisões de conceitos dentro da dimensão jurídico-política,
transformações no campo social, político, cultural e na forma de ver e lidar com a loucura
Amarante (2001) entende por Reforma Psiquiátrica um processo complexo no qual essas quatro
dimensões simultâneas se articulam e se retroalimentam.
Por um lado, o processo se dá pela dimensão epistemológica que opera uma revisão e
reconstrução no campo teórico da ciência, da psiquiatria e da saúde mental. Por outro, na
construção e invenção de novas estratégias e dispositivos de assistência e cuidado, tais como os
centros de convivência, os núcleos e centros de atenção psicossocial, as cooperativas de
trabalho, dentre outras.
Na dimensão jurídica política temos, a revisão de conceitos fundamentais na legislação
civil, penal e sanitária (irresponsabilidade civil, periculosidade etc.) e a transformação, na
prática social e política, de conceitos, tais como cidadania, direitos civis, sociais e humanos
18

finalmente, na dimensão cultural, um conjunto muito amplo de iniciativas vão estimulando as


pessoas a questionarem princípios, preconceitos, opiniões formadas com rela a loucura. É a
transformação do imaginário social com relação à loucura, não como lugar de morte, de
ausência e de falta, mas de desejo e de vida vale lembrar que a Reforma Psiquiátrica, no Brasil,
inicia-se no fim da década de 70. O Movimento dos Trabalhadores de Saúde Mental foi o
principal ator no projeto dessa reforma, pelas graves denúncias expressas no modelo até então
vigente. Esse movimento traz propostas de reformulação do sistema assistencial e consolida o
pensamento crítico acerca do saber psiquiátrico tradicional.
Em 1989 formula-se o projeto de Lei n. 3.657/89 de autoria do Deputado Paulo
Delgado, que propõe a extinção progressiva dos manicômios, a proibição da 13 construção de
novos hospitais psiquiátricos públicos e a contratação de leitos privados (BRASIL, 1989).
Apenas em 2001, o projeto é aprovado e torna-se a Lei 10.216 (BRASIL, 2001). A lei dispõe
sobre a proteção e os direitos das pessoas portadoras de transtornos mentais (PTM), e
redireciona o modelo assistencial em saúde mental no Brasil, garantindo o direito de o portador
de transtorno mental ser tratado, preferencialmente, em serviços comunitários de saúde mental.
Com essa proposta, a internação só é indicada se os recursos extra-hospitalares se mostrarem
insuficientes e as ações de cuidado passam a acontecer no espaço em que o sujeito vive, em
dispositivos não-hospitalares.
Nessa perspectiva, o tratamento se realiza com o propósito de melhorar a vida
cotidiana e não exclusivamente de reduzir o sintoma, e, principalmente, busca-se promover
laços sociais para vencer a exclusão. Os Centros de Atenção Psicossocial (CAPS) são serviços
preconizados a partir do início do movimento da reforma psiquiátrica, como substitutivos aos
hospitais psiquiátricos. São serviços de saúde abertos e comunitários do Sistema Único de
Saúde (SUS), sendo locais de referência e tratamento para pessoas que sofrem com transtornos
mentais, psicoses, neuroses graves e demais quadros, cuja severidade e/ou persistência
justifiquem sua permanência num dispositivo de cuidado intensivo, comunitário, personalizado
e promotor de vida (BRASIL, 2004).
Além desse tipo de serviço, vários outros foram criados como também diversas
parcerias são estabelecidas visando à intersetorialidade e à abrangência do portador de
transtorno mental como um ser biopsicossocial. Por outro lado, a Reforma Psiquiátrica buscou,
e ainda busca, instituir o papel da família como parte responsável no tratamento do portador de
transtorno mental. Mas, ao mesmo tempo, temos que atentar para que, a partir do momento em
que conseguimos a família como parceira no tratamento, que esta seja responsável pela parte
19

que lhe cabe, temos que cuidar para que não fique fadada ao instituído, esquecida, sem suporte
e repetindo práticas já fixadas e que não deram certo.
Em nosso entender, consideramos a necessidade de que aconteçam processos em que
haja muito mais força instituinte transitando no seio familiar, possibilitando que os familiares
do doente saiam do lugar da queixa, que deixem de ser vítimas e carregadores de um fardo.
Talvez essa força possa ser usada para promover um novo sentido para a vida, mais prazerosa
do que o espaço da doença possa permitir. O desafio que cabe aos profissionais da saúde mental
é estar apontando para essa direção. Como permitir que isso aconteça, com quais recursos, de
qual forma é possível que o meio familiar seja “agradável” tanto para o portador de transtorno
mental quanto para os familiares.
Segundo Melman (2001) nossa sociedade atribui grande importância à família. Lugar
obrigatório dos afetos, dos sentimentos e do amor. Foco mais ativo da sexualidade, a família
moderna tem procurado sem cessar respostas para suas questões e contradições. A família
tornou-se muito especial, instrumento decisivo para o funcionamento social, responsabilizando-
se quase integralmente pela educação, desenvolvimento e formação das crianças, pela
felicidade e bem-estar das pessoas. Nesse sentido, se a família é tão relevante, se a família é
tudo ou quase tudo, ela também se torna responsável por tudo o que possa suceder a seus
membros, inclusive, atualmente, pela participação ativa da inserção do portador de transtorno
mental na sociedade. Romagnoli (1996) ainda acrescenta que:

“A família, enquanto organização constitui-se num arsenal de regras e valores


sociais, produzindo modelos de comportamento, mantendo normas sociais
ditadas pelas instituições, integrando seus membros ao sistema social. Tem
ainda como função "produzir" indivíduos adultos, criá-los, educá-los, para que
se integrem à sociedade como mantenedores da ordem. Sua função oficial é
operar como produtora de sujeitos "condicionados" e "adestrados" para agir
de modo a conservar e reproduzir o estabelecido, se apresentando como uma
entidade universal, imutável, natural e sagrada” (Romagnoli, 1996, p.32).

Portanto, o vínculo genealógico persiste, por definição, enquanto sobrevivem as


pessoas ligadas por essa relação, mesmo que não seja a relação mais harmônica. Por muitas
vezes, esta relação é conflituosa e mantém-se arrastando por toda uma vida a instabilidade
emocional.
De certo modo, nomear um relacionamento parental traz consigo uma atribuição de
estabilidade e força e é baseada nesses pressupostos, a sociedade refere-se à “família como um
porto seguro”. Mas é preciso salientar que a família consanguínea não precisa e não pode ser
tudo. Além de valorizá-la em excesso, as pessoas também apresentam uma forte tendência a
20

idealizá-la, esperando encontrar em seu seio tudo aquilo de que necessitam, todo o apoio, o
afeto inesgotável, a resposta para todos os males.
Esse processo de idealização conduz à ilusão de pensar que a única solução para que
se possa sustentar um paciente e inseri-lo na comunidade passa, necessariamente, pela família
(Melman, 2001). Muitas vezes, os serviços de saúde também trabalham com a idéia de que é
na família que o portador de transtorno mental estará bem, por idealizá-la. Parte-se, na maioria
das vezes, da idéia de que a família, porque é família, tem essa condição, como se, só por estar
ali, o usuário estaria cuidado e se relacionando bem.
E sabemos que cada família é única e vai constituir suas relações e valores. Se para
algumas famílias é possível um convívio harmônico com o portador de transtorno mental, para
outras, não é. Melman (2001) ainda afirma que os aspectos objetivos e subjetivos dos parentes,
assim como as maneiras de lidar com as dificuldades, são decisivamente influenciados pelos
valores e representações acerca da loucura presentes em um determinado momento histórico.
Cada indivíduo, família ou comunidade apresenta formas de olhar os fenômenos no
mundo, que são reflexos de contextos culturais, religiosos, ideológicos, econômicos, dentre
outros. E estes fatores irão influenciar na dinâmica de funcionamento de cada família. Sabemos
que é única a dinâmica de cada família, mas podemos perceber alguns pontos em comum entre
as famílias a partir das entrevistas realizadas, como nos mostra o item seguinte.
Com a crise do petróleo instaurada entre as décadas de 70 e 80 do século XX, os países
capitalistas realizaram profundas transformações no aparelho estatal e na sociedade,
principalmente no que concerne ao surgimento de novas tecnologias. Que contribuíram para
uma reestruturação da economia capitalista, redefinições na hegemonia das grandes potências
econômicas, amenizando os entreves ideológico e principalmente, o surgimento da
globalização de mercados.
Essas transições ocorridas no cenário mundial provocaram nos países de terceiro
mundo, especialmente no Brasil, recessão, inflação, desvalorização cambial, desmonte da
Legislação Trabalhista e consequentemente, um grande número de pessoas desempregadas,
agravando-se a questão social e ampliando a exclusão social, ou seja, a inexistência de acesso
aos mínimos sociais: saúde, educação, habitação, etc. Em meados dos anos 80, paralelos às
transições econômicas, a Assistência Social apresenta-se no cenário das políticas públicas como
um caráter de direito social e como meio de ampliação da cidadania.
Com a crise do Estado de Bem-Estar-Social, os seguidores do neoliberalismo
formularam seu plano de política social, propondo a redução nos gastos estatais: privatização e
21

seletividade. A política neoliberal entende a assistência como um atendimento somente aos


pobres, porém seletivo para isso afirma Leone (1999, p. 184):

“A perspectiva da Assistência como uma volta ao atendimento somente aos


pobres tem essa conotação porque nessas concepções a pobreza estrutural não
existe”, o que se deve afirmar é a concepção do pobre como indivíduo que não
acertou na vida e que, como tal, deve ser atendido, pois é uma exceção no jogo
equilibrado do mercado, por isso pode ser atendido localmente, por iniciativa
privada, não lucrativa e voluntária”.

Estrategicamente o Estado tem acionado a política de assistência social para enfrentar


a questão social, porém, tradicionalmente a política de assistência foi marcada por distorções
do sentido amplo, sobretudo na forma enraizada do paternalismo: da filantropia e pela escassez
de recursos destinados área social.
O que se registra na história da assistência é o trato aparente, da ajuda pontual e
personalizada a grupos de maior vulnerabilidade. Visando transformar esse quadro histórico
que marcou o assistencialismo e a filantropia no campo da política de assistência social
brasileira, em 7 de dezembro de 1993, é sancionada a Lei de nº 8.742, a tão sonhada Lei
Orgânica da Assistência Social, sendo esta, a última das legislações reguladoras das três
políticas que compõem o sistema da Seguridade Social, criado pela Constituição Federal de
1988, onde o seu capítulo I dispõe sobre definições e outros objetivos:

Art. 1º - A assistência social direito do cidadão e dever do Estado, é Política


de seguridade Social não contributiva, que provê os mínimos sociais realizada
através de um conjunto integrado de ações de iniciativa pública e da
sociedade, para garantir o atendimento das necessidades básicas.

E ainda aponta quanto aos objetivos da Política da Assistência:

Art. 2º A Assistência Social tem por objetivos: I – A proteção à família, à


maternidade, à infância, à adolescência e a velhice; II – O amparo às crianças
e adolescentes carentes; III – A promoção da integração ao mercado de
trabalho; IV – A habilidade e reabilitação das pessoas portadoras de
deficiência e a promoção de sua integração à vida comunitária; V – A garantia
de um salário-mínimo de benefício mensal à pessoa portadora de deficiência
e ao idoso que comprovem não possuir meios de prover a própria manutenção
ou de tê-la provida por sua família.

Conforme apresentado anteriormente, o parágrafo IV e V do Artigo 2º da LOAS,


apresenta a assistência social direcionada ao segmento específico desse estudo: o portador de
22

deficiência. Destacamos a importância de não limitar a assistência apenas à garantia de seguros


sociais, mas garantir a criação de ações que promovam a ruptura da discriminação e do
preconceito, principalmente, para com o deficiente mental.
A Assistência social percorreu caminhos conflituosos, vivendo permanente embate
com as formas capitalistas de organização do social. A promoção dessa política ao status de
direito reconhecido legalmente pela Constituição de 1988, criou as condições de efetivamente
serem executadas como uma política pública sujeita ao dever e a obrigação estatal.
Afirma Ferreira (1998, p. 33): A lei orgânica da assistência social é o instrumento legal
que orienta as transformações que devem ser postas em prática a fim de materializar os direitos
reconhecidos, assim como reorganizar o campo assistencial esta possui, assim, um significado
à política assistencial pública assistemática, descontínua e inócua e indica os caminhos para a
construção de uma política de assistência social que possa dar respostas mais efetivas e
sistemáticas à questão da miséria e da pobreza que, no Brasil, assume proporções dramáticas.
Os dispositivos que sistematizam as ações de assistência reforçam a aquisição de
direitos sociais do indivíduo, enquanto processos de exercício de cidadania, necessitando serem
reconhecidos efetivamente como direito constitucionalmente estabelecidos. A LOAS
corporificou esses dispositivos constitucionais e legitimou um sistema descentralizado e
participativo da assistência trazendo à tona a formação dos Conselhos de Assistência, nas três
esferas: federal, estadual e municipal.
Essa descentralização ainda que tímida, exige que os gestores locais entendam a
política da assistência como uma política de direitos. A abrangência da política de assistência
registra a importância do compromisso profissional. Uma política que requer a
interdisciplinaridade de ações profissionais e efetivas a necessidade do profissional de Serviço
social, nos órgãos gestores, nos municípios, em nível de conselho e implementação de
programas e ações integradas com outras políticas que contemplam a seguridade social.
As ações do Assistente Social no campo da assistência, como efetivação da LOAS e a
saúde mental se ampliaram, significativamente, no sentido de facilitar os processos de
organização social da população e intervir diretamente em ações educativas voltadas para o
resgate e a consolidação da cidadania.
23

3 – DESAFIOS PARA ATUAÇÃO DO ASSISTENTE SOCIAL JUNTO AS FAMÍLIAS


COM AS PESSOAS COM TRANSTORNO MENTAL

Ressaltamos nesse tópico que a atuação do assistente social diante da saúde mental,
especificamente tratando de certos equívocos concernentes a esta realidade e principalmente do
fazer profissional diante das demandas trazidas pela família do portador de transtorno mental.
De acordo com Durand (2000), seguir cegamente um modelo é uma condição muito
regredida, em que a capacidade de observar e reformular encontra-se prejudicada, tornando
praticamente impossível ajudar outros a saírem de posições igualmente regredidas. Conforme
Durand (2000) desenvolver modelos e alternativas para os problemas parece bastante
importante, mas, para que isso não se constitua numa atividade igualmente cega e anárquica, é
necessário ter referenciais que nos deixem iluminar os fatos para saber onde estamos, o que
pretendemos e por quê.
A tese das condições concretas é necessária para que ela aconteça de tal forma para
que a nossa prática não se constitua ou se resuma a um exercício ideológico, mas esteja voltada
para a observação do que se passa com as pessoas que atendemos. As teses se constroem com a
observação do que acontece nesse lugar e com essas pessoas. Isso implica sair dos muros onde
nos refugiamos dos desafios cotidianos que o trabalho nos apresenta. Esses desafios precisam
gradativamente serem conquistados e compreendidos pela sociedade, pois, somente assim,
conseguiremos num amplo coletivo, amenizar os ensinamentos e garantir o atendimento
integral, humanitário, com eficiência e eficácia, fazendo valer os princípios e diretrizes do SUS.
Vivemos hoje, um cenário onde a tendência está centrada na reversão do modelo
hospitalar para uma ampliação significativa da rede extra-hospitalar de base comunitária,
considerando que a saúde mental precisa ser entendida como um problema de saúde pública.
Alguns desafios precisam ser colocados em pauta para viabilizar uma política de saúde mental
que garanta os direitos dos usuários, primeiramente. Seu fortalecimento, voltando-se o cuidado
para grupos de pessoas com transtornos mentais de alta prevalência e baixa cobertura
assistencial; consolidar e ampliar uma rede de atenção de base comunitária e territorial,
promotora da reintegração social e da cidadania; implementar uma política de saúde mental
eficaz no atendimento às pessoas que sofrem com a crise social, com a violência e com o
desemprego; aumentar recursos do orçamento anual do SUS para a saúde mental. Esses desafios
precisam gradativamente serem conquistados e compreendidos pela sociedade, pois, somente
assim, conseguiremos num amplo coletivo, amenizar os tensionamentos e garantir o
24

atendimento integral, humanitário, com eficiência e eficácia, fazendo valer os princípios e


diretrizes do SUS.

3 1 O Trabalho do Assistente Social com o grupo Familiar

A partir da década de 40 o assistente social passa a integrar a equipe de profissionais


que atuavam no campo da saúde mental, sendo que na trajetória desse processo o Serviço Social
esteve desvalorizado por diversas vezes, reduzindo a relevância da atuação do profissional.
Torna-se possível visualizar esta realidade que tanto se distancia das atuais atribuições
do assistente social no campo da saúde mental ao analisar, por exemplo, o fazer profissional
nos anos 50, pois o Serviço Social era exercido nos hospitais psiquiátricos, porém em uma
condição de extrema inferioridade ao saber médico, cuja função limitava-se a serviços
burocráticos e rotineiros sem nenhuma intervenção transformadora no cotidiano de pacientes e
familiares. Embora esta atuação em nada contribuísse para a mudança da realidade dos usuários,
era a própria profissão que tinha seus valores pautados no conservadorismo prezando apenas
pela manutenção e reprodução da ordem estabelecida.
Porém, é na década de 70 que emergem iniciativas que causaram grande impacto tanto
para a saúde mental como o Serviço Social, sendo respectivamente o Movimento de Reforma
Psiquiátrica que estabelece a transformação do modelo de tratamento psiquiátrico, colocando a
exigência de superação da privação de liberdade para os serviços de atenção psicossocial diária
de acordo com as necessidades de cada indivíduo e também a busca pela construção de um
Projeto Profissional embasado na teoria social crítica de Marx, são as primeiras aproximações
junto ao marxismo, momento em que parte da categoria profissional questiona a sua atuação
com vistas à transformação social.
Assim como em qualquer campo de trabalho do assistente social, a sua atuação não
deve limitar-se ao atendimento isolado de determinado segmento, mas deve haver a
compreensão das relações sociais em que o sujeito está inserido, sendo o espaço familiar um
dos aspectos a serem priorizados para que haja continuidade das ações realizadas. Bisneto
(2007, p.120) aponta que:

algumas variáveis típicas na caracterização dos usuários de estabelecimentos


psiquiátricos que podem trazer implicação para a prática do Serviço Social,
sendo levantadas questões como a predominância de usuários pertencentes a
classe dominada, moradores de rua, assim como sujeitos com baixo nível de
escolaridade, sendo que apesar das instituições psiquiátricas não fazerem
distinção de classe social, são os empobrecidos que prevalecem trazendo
consigo não apenas as demandas emergenciais decorrentes de sua condição
25

social, mas principalmente questões implícitas que cabe ao assistente social


desvelá-las

Embora toda a equipe multiprofissional atue com um objetivo em comum, destaca-se


o trabalho do assistente social no sentido da compreensão e fortalecimento das relações sociais
e vínculos familiares do PTM, algo que perpassa o processo de saúde-doença, sendo uma das
principais metas dos CAPS, pois neste sentido a Lei n.10.216 de 6 de abril de 2001, dispõe em
seu Artigo 1º. Que:

Os direitos e a proteção das pessoas acometidas de transtorno mental, de que


trata esta Lei, são assegurados sem qualquer forma de discriminação quanto à
raça, cor, sexo, orientação sexual, religião, opção política, nacionalidade,
idade, família, recursos econômicos e ao grau de gravidade ou tempo de
evolução de seu transtorno, ou qualquer outra.

Ao contrário do que ocorre nos hospitais psiquiátricos, nos CAPS o trabalho é


direcionado à recuperação da autonomia do sujeito para que seja superada a relação de
dependência entre o PTM e a instituição, sendo percebida pelas internações que se tornam cada
vez mais frequentes, ampliando-se também o período de permanência.
O princípio da equidade colocado no Sistema Único de Saúde (SUS) rege da mesma
forma o trabalho desenvolvido nos CAPS, onde cada usuário é atendido em consonância com
as suas fragilidades, sendo assim, pode comparecer a instituição todos os dias, alguns dias da
semana ou até mesmo vez ou outra apenas para uma consulta. São realizadas oficinas
terapêuticas, psicoterapia, visitas domiciliares que se configuram como instrumentos que
possibilitam uma intervenção não somente junto ao PTM, mas considerando igualmente a
importância da participação familiar.
Dessa forma, o desafio consiste na superação do aprisionamento como solução a
loucura, demonstrando a sustentabilidade das respostas que são oferecidas a partir dos vários
serviços alternativos, respostas que são construídas dia-a-dia contando com as mais simples
ações, porém carregadas de conhecimento, compromisso, força de vontade, profissionalismo e
acima de tudo a indignação perante a opressão e discriminação contra o PTM e seus familiares.

3 2 A Família e sua Contribuição Junto ao Tratamento de Pessoas com Transtorno Mental


Conforme já discorrido anteriormente, tem-se na família uma instituição protetora,
decisiva na formação do sujeito em todos os aspectos, se colocando como referencial na vida
de seus membros e diante de tais características tão valorizadas é que se levantam polêmicas
26

diante de afirmações como a que aparece no texto intitulado de família faz bem ou mal à saúde
mental? Que coloca a seguinte realidade que deve ser considerada:

A psiquiatria sabe como são e quais são as consequências dos complexos e


dos vínculos ambivalentes que ligam filhos aos pais e vice-versa, como esses
relacionamentos são cheios de ódios, amores, culpas e conflitos. Como os
sentimentos são dissimulados sob a capa das boas intenções, mascarados por
doenças psicossomáticas, teatralizados nas chantagens emocionais e assim por
diante. (www.psiqweb.med.br)

Ainda que seja difícil a aceitação de tal realidade por parte de significativa parcela da
sociedade que se encontra presa a bases conservadoras, cabe ao assistente social compreender
a instituição familiar nas diferentes maneiras que ela se apresenta, não apenas como um espaço
natural e harmônico imune a conflitos e desentendimentos.
Mesmo que a situação acima descrita tenha sido colocada pela psiquiatria e se
referindo à família nuclear, é com esta família que o Serviço Social também vai se deparar,
porém considerando seus diferentes arranjos, devendo o profissional estar preparado para fazer
o desvelamento e enfrentamento das demandas trazidas pela mesma e não de forma a buscar
culpados pela condição em que o PTM se encontra, e é neste sentido que estão embasadas as
críticas aos assistentes sociais que têm na realização de um curso de terapia familiar a sua
“válvula de escape” para atuar no campo da saúde mental, consequentemente se desligando da
luta pela efetivação de direitos.
Um dos avanços que o Movimento de Reforma Psiquiátrica trouxe em seu bojo é a
priorização da família na participação das discussões que envolvem o PTM a fim de transformar
a saúde mental, resultando em um novo olhar acerca da loucura. Mesmo sendo de extrema
importância a participação da família no processo de acompanhamento, tratamento e cuidados
ao PTM, é preciso reconhecer que esta também tem suas fragilidades, pois se encontra em uma
situação complexa, responsável por uma pessoa que possui necessidades e comportamentos até
então desconhecidos, não tendo, muitas vezes, o preparo e apoio suficientes para lidar com esta
tarefa.
São diversos os desafios que se apresentam a família do PTM, pois ela também se
encontra instável em diferentes aspectos, principalmente pela dificuldade no convívio junto a
este sujeito que alterna momentos de lucidez com fortes crises e agressividade, situação
agravada quando este resiste ao reconhecimento e tratamento do transtorno, o que de certa
forma está relacionado ao preconceito e discriminação já tão cristalizados, colocando-se como
um dos obstáculos na busca por apoio e orientação.
27

Conforme Rosa (2000, p. 263) apresenta a realidade presente no cotidiano das famílias
cuidadoras de PTM: Contraditoriamente, a família, por partilhar os mesmos códigos culturais
da sociedade, tem também uma atitude reativa e segregadora em relação ao portador de
transtorno mental. Apresenta sentimentos de proteção simultâneos com sentimento de rejeição,
cuja ambiguidade constitui fonte de angústia.
Portanto, o que muitas vezes é interpretado como descaso e falta de responsabilidade
por parte dos familiares, é na verdade, a manifestação de suas dificuldades no cuidado ao PTM,
pois como já mencionado, pertencem a uma sociedade onde ainda há muito por se fazer em
relação à saúde mental, não somente em termos estruturais que muito já avançou, mas
principalmente a construção de uma consciência crítica que contemple a defesa dos direitos do
PTM bem como de sua família, porém esse processo não cabe a profissional algum por se tratar
de escolhas em que os sujeitos são livres para constituírem seus valores, absorvendo das
informações que lhe são repassadas aquilo que julgar relevante.
Temos na saúde mental um campo de atuação que não se restringe a medicina
justamente por sua abrangência, pois não está direcionada exclusivamente ao PTM, mas
também a sua família que se vê sobrecarregada física, econômica e emocionalmente, resultando
na ausência de perspectivas de transformação, sendo imprescindíveis outros profissionais
altamente capacitados para atender esta família nas diferentes dimensões.
As dificuldades físicas estão relacionadas à “correria” que integra o dia a dia de pais,
filhos, irmãos, avôs e cônjuges que acompanham o PTM em suas consultas e outras atividades,
sendo que dependendo do grau em que se encontra o transtorno, exige-se vigilância constante,
provocando um intenso desgaste, principalmente quando tais cuidados estão sob a
responsabilidade de uma única pessoa, normalmente mulheres que dedicam grande parte de seu
tempo a atenção ao PTM.
Tais obstáculos acentuam-se quando diz respeito à família de baixa renda, pois aquelas
que detém poder aquisitivo não enfrentam qualquer problema relacionado a aspectos materiais,
podendo, por exemplo, contratar um profissional que a auxilie no cuidado ao PTM, enquanto
na família desprovida de recursos financeiros há uma somatória de dificuldades, por se
dedicarem integralmente ao PTM muitos não conseguem conciliar com um emprego, a moradia
nem sempre corresponde as suas necessidades, a alimentação é insuficiente, o acesso à
educação e saúde de qualidade torna-se um desafio diante das impossibilidades de custear por
tais serviços e ausência de protagonismo para reivindicar este direito, o que é compreensível
acompanhando esta árdua realidade.
28

Emocionalmente, nem sempre nos é visível os sintomas, mas eles existem e muito
prejudicam a dinâmica familiar, são as frustrações e angústias geradas pela sensação de
fracasso, o sentimento de culpa por se responsabilizar ou não encontrar as causas que
provocaram a doença, as brigas e revoltas resultantes do constrangimento de se ter um PTM na
família e também quando o sujeito é acometido pelo transtorno em determinada fase da vida,
sendo que anteriormente existe uma história a ser relembrada constantemente, sendo preciso
enfrentar diariamente a sensação de perda.
Por isso, não raramente, percebe-se principalmente no membro que se apresenta como
cuidador, as consequências resultantes do preconceito, despreparo e desinformação, que se
manifestam no isolamento, distanciamento de amigos e familiares, enfim, compromete-se as
relações sociais, muitas vezes por opção do indivíduo que prefere evitar possíveis situações
e/ou comentários vexatórios que venham a ocorrer.
Neste sentido, Pereira (2000, p.254) relaciona as fragilidades apresentadas pela família
cuidadora do PTM e a atuação que o assistente social deve ter diante desta demanda:

É importante que os profissionais da área de saúde mental, de modo especial


os assistentes sociais em sua intervenção junto à família, atentem para esta
realidade, para quer propiciem àquela possibilidades de superar as
dificuldades vividas no convívio com o membro portador de transtorno
mental, dividindo com eles o tempo de cuidar, através da oferta de serviços
de atenção psicossocial diário, oferecendo-lhe o apoio necessário dos serviços
para lidar com o estresse do cuidado e convidando-o a participar da elaboração
dos serviços e de sua avaliação (e aqui não só a família, como também os
próprios usuários).

É preciso ressaltar que ainda existindo assistentes sociais que não sabem definir os
objetivos de seu trabalho na saúde mental, algo pode ser definido com precisão: o objeto do
profissional não se esgota no PTM e na busca por sua cura, mas também as fragilidades e a
importância de sua família nesse processo, sendo destacada por diversas vezes por ser o foco
do presente estudo.
29

4 TRAJETORIA METODOLOGICA

4 1 Natureza do Estudo

Esta pesquisa foi realizada a partir de uma abordagem qualitativa, que se enquadra
com o nosso propósito de estudo, que é de compreender a atuação do Assistente Social e o papel
da família junto as pessoas com transtornos mentais. Essa metodologia nos permite segundo
Phllipe Pinel que em um referencial se fala em saúde mental, pois no século XVIII, traz um
entendimento diferenciado acerca do tema estudado.
Pois conforme Phllipe Pinel a loucura é apresentada como um distúrbio do sistema
nervoso, ou seja, tratava-se de uma doença, colocando a possibilidade de cura e denunciando
as barbaridades contra os pacientes no intuito de contenção das crises, e enquanto o médico
psiquiatra propôs algumas mudanças como o treinamento para os funcionários entre eles os
Assistentes Sociais nas casas de saúde, fortalecendo os vínculos dos doentes com os familiares.
Nessa perspectiva, esta pesquisa vislumbra o pensamento de Marconi e Leone (1999) sobre a
pesquisa qualitativa que afirmam:

Metodologia qualitativa preocupa-se em analisar e interpretar aspectos mais


profundos, descrevendo a complexidade do comportamento humano,
fortalecendo assim a análise mais detalhada sobre as investigações, hábitos,
atitudes, tendências de comportamento entre outros.

Conforme afirmam os autores acima, a compreensão da atuação do Assistente Social


e o papel da família, junto as pessoas com transtornos mentais, optamos por uma pesquisa
bibliográfica descritiva e qualitativa. Dentro dessa pesquisa bibliográfica, focalizamos as
teorias e abordagens da atuação do Assistente Social e o papel da família junto s pessoas com
transtorno mental.

4 2 Cenário do Estudo
Esta pesquisa foi desenvolvida no Centro de Atenção Psicossocial – CAPS, que fica
localizado na Rua Pacifico Fortes Centro de José de Freitas –PI, e ainda teve como sujeito dessa
pesquisa 01 profissionais da Assitência Social que atua na referida instituição, neste município.
O CAPS, possui caráter aberto e comunitário, dotados de equipes multiprofissionais e
transdisciplinares, realizando atendimento a usuários com transtornos mentais graves e usuários
de outras drogas licitas ou ilícitas, portanto não é organismo de exclusão daqueles que decorrem
das moléstias sociais.
30

4 3 Sujeito da Pesquisa
Assistente Social do CAPS, esta mostrou-se bastante acessível e comprometida com
nossa pesquisa, vimos também que mediante as dificuldades encontradas, recebemos ajuda da
Assistente Social participante dessa pesquisa, com isso avaliamos que a participação da mesma
junto a nós no decorrer dessa pesquisa, nos foi de grande valia.

4 4 Análise e Interpretação de Dados

A análise e interpretação dos dados foi realizada a partir do levantamento e da pesquisa


bibliográfica, que foram inicialmente para que tivéssemos reflexões sobre a teoria substanciada
e a pratica em relação a atuação do Assistente Social, para isso prosseguimos realizando as
interpretações por meio dos instrumentos de coletas de dados em consonância com os autores
que dissertam sobre a temática em questão. Souza (2017)
O papel da família no cuidado e no tratamento da pessoa com transtorno mental para
os participantes deste estudo, o papel da família em relação à pessoa com transtorno mental é
estar presente, ter atitudes de zelo, proteção, afeto e compreensão. Também é o de
instrumentalizar-se, buscar conhecer a si mesmo, o transtorno mental, os sintomas e as possíveis
limitações que ele impõe ao familiar que adoeceu.
Há uma tendência em considerar a família como unidade efetiva de cuidados, em
esperar que ela assume o papel de cuidadora, nos momentos de doença quanto de saúde de seus
integrantes, ao almejar o alcance do equilíbrio e o bem-estar deles.
Assim, conforme a Lei n. 10.216 (2001):

“É sua função assistir os seus membros, atender às suas necessidades e prover


meios adequados de crescimento e desenvolvimento ser humano é racional,
possui inteligência para fazer escolhas, o que lhe confere poder de decisão e
o torna responsável pelos seus atos”.

É único e afetivo e também precisa estabelecer vínculos e redes sociais para garantir
sua sobrevivência. Pois além do aspecto biológico, há que se considerar o psicológico, espiritual
e social e é isso que lhe confere o caráter de singularidade e complexidade. Para muitos, o ser
humano, independentemente de suas limitações, tem uma particularidade: o poder de refletir e
externar o que sente. Assim, ele é um ser de sentimentos tanto positivos quanto negativos, e
essa característica de possuir e ser capaz de expressar as emoções é que o distingue dos demais
seres vivos GALERA (2002).
31

Dessa forma, destacamos aqui interrogações feitas durante nosso período de pesquisa,
segue as mesmas: Como você enquanto Assistente Social analisa a sua atuação, junto as famílias
que possuem portadores de transtornos mentais? Família existe o modelo ideal? Qual delas
oferece maior satisfação a seus membros? Enfim, as indagações são inúmeras, porém jamais se
obterá uma resposta concreta, pois a família é extremamente dinâmica, correspondendo
igualmente às transformações colocadas na sociedade, mas diante desta versatilidade algo é
inquestionável: a influência que ela exerce sobre o indivíduo, seja de forma positiva ou
negativa. Com isso Pereira (2000, p. 217) nos coloca que:

A questão familiar na perspectiva da atuação profissional daqueles que com


ela lida em seu cotidiano: A crença de que a instituição familiar exerce grande
influência na formação e na vida do indivíduo está presente em todas as
categorias profissionais que se interessam por trabalhar com aquela. O que
diferencia uma intervenção de outra é a forma como essa instituição é vista
pelos profissionais e como ela se insere nas diversas intervenções que a
abordam.

Conforme acima, em sua visão como é feito a identificação e como é refletida essa
junto as famílias com pessoas com transtorno mental? Nos foi respondido que: Antes de iniciar
uma discussão que nos aproxime da definição de saúde/doença mental, é importante apresentar
o significado de saúde propriamente dita, sendo assim, segundo a OMS (Organização Mundial
de Saúde): “Saúde é um estado de bem-estar físico, mental e social”, ou seja, a ausência de
doenças não é o único determinante, pois tal conceito se mostra abrangente, considerando todas
as relações que os indivíduos encontram-se inseridos e que rebatem em seu cotidiano, podendo
resultar em consequências de ordem econômica, política ou social e que acabam por
influenciarem em seu bem-estar em todos os aspectos. Para reforçar nossas palavras, citamos
Spadini e Souza (1996, 32):

A doença mental permanece até hoje obscura perante a medicina [...], no


entanto, o adoecer psíquico é facilmente percebido, pois em geral, são
apresentados pelos indivíduos que adoecem comportamentos fora daqueles
normalmente aceitos pela sociedade. Assim, não sendo entendida pela
comunidade como uma doença de causa já bem conhecida, tem sua definição
pela determinação cultural e de valores, e não apenas por fatores biológicos.

Damos continuidade interrogando que: em sua opinião, o trabalho realizado CAPS


vem promovendo a integração entre Assitência Social e convivência familiar? Sim, conforme
pois muitos dos clientes até outrora desconhecidos, agora são conhecidos e inseridos na
32

sociedade, pois notamos que o trabalho continuo dos assistentes sociais do CAPS, é de grande
relevância para a sociedade e mais ainda para os menos favorecidos.
Com isso, adentramos a mais uma questão que interroga como as famílias veem a
importância do profissional de Serviço Social em seu dia-a-dia? A atenção à família já faz parte
da história do assistente social, uma vez que, Neder (1996), afirma que:

Os assistentes sociais são os únicos profissionais que têm a família como


objeto privilegiado de intervenção durante toda sua trajetória histórica, ao
contrário de outras profissões que a privilegiam em alguns momentos e, em
outros, não a levam em consideração.

É comum perceber, principalmente no membro que se apresenta como cuidador, as


consequências resultantes do preconceito, despreparo e desinformação, que se manifestam pelo
próprio isolamento, distanciamento de amigos e familiares, enfim, comprometem-se as relações
sociais, muitas vezes por opção do indivíduo que prefere evitar possíveis situações e/ou
comentários vexatórios que venham a ocorrer.
Respondendo ainda a mais uma das questões quando um caso é investigado, há suporte
do CAPS para que o caso siga em frente? Foi respondido que:
Algumas reflexões acerca da atuação do Serviço Social no campo da saúde mental, na
perspectiva da concretização dos ideais do Movimento de Reforma Psiquiátrica, através de um
debate histórico e teórico. Para a resposta empreendida nessa questão, reforçamos nosso
entendimento com palavras do (CFESS, 2009):

“Os processos de trabalho do assistente social na saúde mental: um estudo nos


CAPS do município de Teresina - Piauí”, que tem como objetivo analisar os
processos de trabalho do Assistente Social na área da saúde mental com base
nos Parâmetros de Atuação do Assistente Social na Saúde”.

Sendo assim, foi ressaltado que a atuação do assistente social diante da saúde mental,
especificamente tratando de certos equívocos concernentes a esta realidade e principalmente do
fazer profissional diante das demandas trazidas pela família do portador de transtorno mental.
33

CONSIDERAÇÕES FINAIS
A partir dos dados coletados, percebemos o quanto ainda tem que se avançar no que
diz respeito à saúde mental, principalmente quando o assunto se relaciona ao preconceito e
discriminação aos quais estão submetidos a pessoa portadora de transtorno mental. Ainda que
a Reforma Psiquiátrica traga em seu bojo uma série de medidas que devem ser aplicadas com
seriedade e compromisso nos é visível que seus princípios não foram integralmente
materializados, cabe ressaltar a ausência de vontade política, principalmente por questões de
ordem financeira, que impossibilita a implantação dos chamados serviços alternativos em
detrimento das longas internações, servindo mais uma vez como exemplo os Centros de
Atenção Psicossocial que contribuem para a cidadania do PTM bem como auxilia a família em
seus cuidados.
Porém, há de se reconhecer que a saúde mental nos moldes em que se apresenta
atualmente traz consigo o resultado de inúmeras lutas de profissionais e usuários que buscam
pela efetivação de direitos e atendimento digno e de qualidade, entretanto não se aderiu a esta
concepção de forma majoritária, pois ainda hoje estão presentes, e com certa força, os grandes
hospitais psiquiátricos que prezam pelo isolamento e segregação do paciente como forma de
tratamento.
O PTM assim como sua família, devem ser contemplados enquanto sujeito de direitos
que podem e devem participar e opinar sobre os serviços que lhe são prestados, exigindo
respeito perante sua condição, todavia essa reivindicação nem sempre é possível, pois a família
muitas vezes encontra-se tomada pelo desgaste decorrente do difícil cotidiano que enfrentam,
geralmente acompanhado pela falta de apoio, desinformação, dificuldades financeiras, estando
submetidas a todo momento ao julgo da sociedade.
É neste contexto que se faz necessária a intervenção do assistente social enquanto um
profissional que contempla a importância da família em todos os momentos de sua atuação,
vislumbrando a família como um espaço de cuidados e proteção que deve ser merecedora de
atenção e investimentos, pois mesmo sendo grande a sua responsabilidade, sem contar com o
apoio do Estado, profissionais e sociedade civil, sozinha não conseguirá promover todos os
cuidados ao seu PTM.
Os assistentes sociais têm que investir mais na sistematização de suas experiências em
saúde mental e, sobretudo com o grupo familiar, aprofundando os diferentes ângulos implicados
na matéria. É importante o investimento dos profissionais para que outros membros das famílias
passem a participar da gestão do cuidado cotidiano da pessoa com transtorno mental, que tende
a ficar ao encargo de uma única pessoa.
34

REFERÊNCIAS
AMARANTE, Paulo (coord.). Loucos pela vida. Rio de Janeiro, Fiocruz, 1995.
____________, Paulo. Sobre duas proposições relacionadas à clínica e à reforma
psiquiátrica. In: QUINET, Antônio. Psicanálise e psiquiatria; controvérsias e convergências.
Rio de Janeiro: Rios Ambiciosos, 2001, p. 103-110.
BRASIL. Projeto de Lei 3.657/89: Propõe a extinção progressiva dos manicômios,
proibição da construção de novos hospitais psiquiátricos públicos e contratação deleitos
privados. Brasília, 1989.
BRASIL. Constituição Federal. Lei Federal 10.216 de 06 abr. 2001: Dispõe sobre a
proteção e os direitos dos portadores de transtorno mental. Brasília, 2001.
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35

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de Junho de 2017.
36

APÊNDICES
37

ROTEIRO DE ENTREVISTA

NOME:
CARGO NA INSTITUIÇÃO:
ESCOLARIDADE:
SEXO:

01- Como você enquanto Assistente Social analisa a sua atuação, junto as famílias que
possuem portadores de transtornos mentais?

02- Em sua visão como é feito a identificação e como é refletida essa junto as famílias
com pessoas com transtorno mental?

03- Em sua opinião, o trabalho realizado CAPS vem promovendo a integração entre
Assitência Social e convivência familiar?

04- Como as famílias veem a importância do profissional de Serviço Social em seu dia-
a-dia?

05- Quando um caso é investigado, há suporte do CAPS para que o caso siga em frente?
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ANEXOS
39

ANEXO – A

TERMO DE CONSENTIMENTO LIVRE E ESCLARECIDO – TCLE

Caro (a) participante,


Sou CLEYRIANE MOURA DA COSTA, formando (a) de Serviço Social da
Faculdade Ecoar do Rio Grande do Sul – FAECO. Estou desenvolvendo um estudo que tem
como objetivo compreender a atuação do Assistente Social no papel da família junto as pessoas
com transtorno mental e será desenvolvida uma entrevista para melhor compreensão deste
estudo.
Explicamos que entrevistarei a análise e a perspectiva de compreender a atuação do
Assistente Social no papel da família junto as pessoas com transtorno mental, considerado como
ferramenta de garantia e promoção dos direitos inerentes as pessoas que possuem familiares
portadores de transtornos mentais.
Neste sentido, estou solicitando sua contribuição nesse estudo. Nessa entrevista
conversaremos sobre vários assuntos, como por exemplo:
Analisaremos a atuação do Assistente Social; Identificação e reflexão sobre o papel da
família diante de pessoas com transtornos mentais e por fim investigar as mediações que são
realizadas pelo Assistente Social; e você preencherá um questionário sobre a atuação do
Assistente Social e o papel da família junto as pessoas com transtorno mental.
Quero esclarecer que essas informações são SIGILOSAS e, sobretudo seu nome não
será em nenhum momento exposto. Caso se sinta constrangida, envergonhada, durante essa
nossa entrevista, você tem o direito de pedir para interrompê-la, sem causar prejuízos.
Declaro ainda que:
I. Mesmo tendo aceitado participar, se por qualquer motivo, durante o andamento da entrevista,
resolver desistir, tem toda liberdade para retirar o seu consentimento.
II. Sua colaboração e participação poderão trazer benefícios para a compreensão de do meu
objeto de estudo que é Estatuto do Idoso: Avaliação e Perspectiva no Âmbito da Assistência
Social.
Estarei disponível para qualquer outro esclarecimento. Diante disso, gostaria muito de
poder contar com sua colaboração.

Atenciosamente,

________________________________________
CLEYRIANE MOURA DA COSTA

José de Freitas,____ de _______________de 2017.


40

ANEXO – B

TERMO DE CONSENTIMENTO PÓS – INFORMADO

Declaro que tomei conhecimento do estudo que tem como objetivo compreender a
atuação do Assistente Social no papel da família junto as pessoas com transtorno mental, a ser
realizado pelo (a) pesquisador (a) CLEYRIANE MOURA DA COSTA, compreende seu
propósito e concordo em participar da pesquisa, não me opondo a entrevista gravada com a
PAULA ANGELA SALES DE SANTIAGO, e estou ciente que em qualquer momento posso
retirar meu consentimento em participar da mesma.

Atenciosamente

________________________________________
Paula Ângela Sales de Santiago

José de Freitas,____ de _______________de 2017.


41

ANEXO – C

TERMO DE CONSENTIMENTO

Estamos desenvolvendo uma pesquisa intitulada Estatuto do Idoso: Avaliação e


Perspectiva no Âmbito da Assistência Social.
Esta pesquisa é desenvolvida por CLEYRIANE MOURA DA COSTA, aluno (a) do
curso de Serviço Social da Faculdade Ecoar do Rio Grande do Sul – FAECO, sob a orientação
da Professora GARLANDIA, caracterizando-se como Trabalho de Conclusão de Curso para
obtenção do título de bacharel em Serviço Social.
Com este estudo pretendemos analisar a atuação do Assistente Social; Identificação e
reflexão sobre o papel da família diante de pessoas com transtornos mentais e por fim investigar
as mediações que são realizadas pelo Assistente Social; e você preencherá um questionário
sobre a atuação do Assistente Social e o papel da família junto as pessoas com transtorno
mental.
Dessa forma, gostaríamos de contar com a sua participação, permitindo que realizemos
entrevista e que possamos gravá-las para que nenhuma informação seja perdida. Garantimos
resguardar o seu anonimato, bem como o nome de pessoas citadas na entrevista.
A pesquisa não lhe trará risco algum, e você poderá desistir de participar no momento
em que desejar, sem que isso lhe acarrete qualquer prejuízo. Se necessário, poderá entrar em
contato com o orientador da pesquisa pelo telefone (86) 99511 2123.
Orientador da Pesquisa.
Tendo sido informado sobre a pesquisa Estatuto do Idoso: Avaliação e Perspectiva no
Âmbito da Assistência Social, concordo em participar da mesma.
NOME: Paula Ângela Sales de Santiago

Atenciosamente,

________________________________
Cleyriane Moura da Costa

________________________________
Garlandia

José de Freitas, 21 de junho de 2017


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ANEXO - D
CARTA DE APRESENTAÇÃO

Venho por meio deste apresentar o aluno (a), CLEYRIANE MOURA DA COSTA,
acadêmico do Curso de Bacharelado em Serviço Social, para a realização pesquisa intitulada
com o tema: a atuação do assistente social e o papel da família junto as pessoas com transtorno
mental.
Tendo como objetivo geral: compreender a atuação do Assistente Social no papel da
família junto as pessoas com transtorno mental e ainda analisar a atuação do Assistente Social;
Identificação e refletir sobre o papel da família, diante da pessoa com transtorno mental e
investigar as mediações que o profissional realiza.
Esta pesquisa contribuirá de modo significativo para que os profissionais das diversas
áreas tenham uma compreensão sobre a temática em foco. Contamos com sua honrosa
colaboração.

Certos de sermos recebidos, subscrevemo-nos.

Atenciosamente,

_______________________________________________________________

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