Josh and Hazel's Guide To Not Dating - Christina Lauren
Josh and Hazel's Guide To Not Dating - Christina Lauren
Josh and Hazel's Guide To Not Dating - Christina Lauren
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— Ela disse que vocês iam ser melhores amigos? — Minha irmã franze a
testa para uma camiseta e a coloca de volta na pilha da Nordstrom Rack.
— Eu sou a melhor amiga dela.
— É o que ela disse. — Uma risada sobe no meu peito, mas não sai
quando lembro que Hazel aceitou a quarta margarita do Dave e me pediu
para grampear a blusa dela no cós da sua calça. — Ela é uma viagem.
— Ela me fez estranha, — diz Em. — Isso vai acontecer com você
também.
Eu acho que sei exatamente o que Em quer dizer, mas vendo o efeito
que Hazel teve em minha irmã - fazendo-a mais divertida, dando-lhe
confiança social que só agora, em retrospecto, posso realmente atribuir a
Hazel - eu não considero essa estranheza uma coisa ruim. E Hazel é tão
diferente de Tabby e Zach - tão diferente de todos, na verdade, mas
talvez do lado oposto da minha namorada e melhor amigo, ambos
tendem a ser calmos e observadores - que eu acho que pode ser divertido
tê-la por perto. Como manter uma cerveja interessante na geladeira que
você sempre fica surpreso e feliz em encontrar lá.
Isso é uma metáfora terrível? Olho para minha irmã e mentalmente
calculo a quantidade de dano físico que ela pode causar ao cabide que
está segurando.
— Ela é meio 'bagunça quente exasperante' e metade 'cor em uma
paisagem monótona.' — Em puxa a camisa do cabide e entrega para mim.
Eu a dobro no meu braço, deixando-a - como de costume. — Eu não
posso acreditar que Tabby não está aqui, novamente.
Eu não caio nessa. É a terceira vez que ela tenta me atrair para uma
conversa sobre a minha namorada.
— Ela não sabe que os relacionamentos dão trabalho?
Deslizando meu olhar para ela, eu a lembro, — Ela tem um prazo, Em.
— Será que ela realmente tem? — Sua voz é alta e apertada e ela atira
sua frustração em um par de shorts que ela joga de volta na pilha na
frente dela. — Essa evasão dela não parece... como...
Eu me preparo para isso com uma respiração profunda, esperando
que minha irmã não vá até lá.
— Como se ela estivesse traindo? — Ela pergunta.
E ela foi lá.
— Emily, — eu começo calmamente, — quando Dave está trabalhando
horas loucas na escola, e você vem jantar na minha casa e desabafar
sobre como você não o vê há dias, eu lhe digo: 'Bem, talvez ele esteja com
outra pessoa’?
— Não, mas Dave também não é um imbecil que só me dá cano.
Isso dispara meu fusível. — Qual é o seu problema com Tabby? Ela só
foi legal com você.
Ela recua com o meu volume, porque é muito alto, o que eu sei que é
raro. — Não é que você seja bom demais para ela, ou que ela é boa
demais para você, — ela diz, — é como se vocês estivessem em círculos
diferentes. Você tem valores diferentes.
É verdade que nossos pais - que se mudaram para cá de Seul quando
eram recém-casados e com dezenove anos - não são grandes fãs de
Tabitha, mas também acho que talvez não sejam grandes fãs de qualquer
garota não coreana com quem eu namore. Infelizmente, eu não acho que
isso é o que Emily quer dizer. Eu dou a ela um olhar perplexo.
Ela se vira para me encarar completamente, marcando razões em seus
dedos. — Tabby é a única pessoa que conheço que tem lençóis de seda.
Ela passa horas se preparando para acabar parecendo que acabou de sair
da cama. Você, por outro lado, adora acampar e ainda usa
ocasionalmente a calça de moletom que eu te dei no Natal nove anos
atrás.
Eu balanço minha cabeça, ainda não entendendo seu ponto.
— Ela pensa em Atração Mortal como um bom guia para a etiqueta
social. — Emily olha para mim. — Ela ri de Romy e Michele
completamente sem ironia, mas assistiu a quatro filmes de Christopher
Guest conosco sem dar um único sorriso. Até mesmo quando ela vem
para cá para visitá-lo, ela passa metade do seu tempo discutindo Quem
Vestiu Melhor nos comentários no Instagram.
Eu pisco, tentando ligar os pontos. — Então, o seu problema com ela
é... você acha que ela é superficial?
— Não, eu não estou dizendo isso. Se essas coisas a fazem feliz, tudo
bem. O que estou dizendo é que vocês não têm muito em comum. Eu vejo
vocês interagindo e é, tipo, silêncio, ou 'Você pode pegar as cenouras lá
no balcão?' Ela está muito, muito enredada no mundo da moda, e
Hollywood, e aparências. — Emily olha para mim, e eu recebo a
comunicação silenciosa enquanto eu mudo a carga de roupas que ela
selecionou para mim de um braço para o outro.
— Bem, então é conveniente para ela e para mim que eu não me
importo com o que eu uso. Obviamente, deixei as mulheres da minha vida
escolherem.
Os olhos de minha irmã se estreitam e vejo como ela astutamente
toma um rumo diferente. — O que vocês fazem quando ela está aqui?
Eu arquivo através das imagens das últimas visitas do Tabby. Sexo.
Caminhando até a esquina para compras. Tabby não queria fazer
canoagem ou caminhadas e eu não queria ir aos bares, então fizemos
mais sexo. Jantar nas proximidades, seguido de sexo.
Tenho certeza que minha irmã não quer esse nível de especificidade,
mas ela não precisa que eu responda, aparentemente, porque ela segue
em frente. — E o que você faz quando a visita?
Sexo, clubes, restaurantes lotados, todos em seus telefones mandando
mensagens para as pessoas do outro lado da sala, mais clubes, eu
reclamando dos clubes, eu caminhando sozinho pelo Runyon Canyon,
voltando a sua casa e fazendo mais sexo.
Emily olha para longe. — De qualquer forma, estou me intrometendo.
— Você está. — Eu a guio em direção ao caixa; estou ficando
entediado olhando para roupas.
Pago pelos nossos produtos, agradeço à mulher do caixa e saímos,
andando pelo caminho pavimentado do shopping externo, passando por
funcionários de quiosques que agitam agressivamente amostras de
creme para pele para nós. Emily olha para mim com reconciliação em seu
sorriso. — Vamos voltar ao que estávamos falando antes.
Estamos de acordo aqui. — Eu acho que nós estávamos falando sobre
o churrasco.
Ela desliza os olhos para mim. — Você quer dizer que estávamos
falando sobre Hazel.
Ah. Clareza me bate. Me virando, eu a paro com uma mão no ombro
dela. — Eu já tenho uma namorada.
Minha irmã faz uma careta para mim. — Estou ciente.
— Caso você esteja tentando começar algo entre mim e Hazel
Bradford, posso lhe dizer, sem qualquer dúvida, que não somos
compatíveis.
— Eu não estou tentando nada, — ela protesta. — Ela é divertida e
você precisa de mais diversão.
Eu lhe dou um olhar cauteloso. — Não tenho certeza se sou homem o
suficiente para lidar com a marca de diversão de Hazel.
Emily balança uma sacola de compras por cima do ombro e me mostra
um sorriso cheio de dentes. — Eu acho que só há uma maneira de
descobrir.
TRES
HAZEL
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Ela está esperando por mim na Barista quando andamos, mas é evidente
que ela está realmente esperando Winnie, porque são dois minutos
completos de voz de cachorrinho e carinho na orelha antes mesmo de me
dar uma olhada. Pelo menos me dá tempo para decidir o que vou pedir.
Mamãe olha para cima assim que a garçonete entrega um muffin e
latte para ela. — Ei, Hazie.
— Você já pediu?
— Eu estava com fome. — Com um anel em cada dedo, mamãe tira o
papel do muffin, olhando para Winnie. — Eu aposto que eu poderia
derrubar tudo isso no chão e ela não notaria.
Eu peço uma salada de frango ao molho curry e café preto e olho para
a minha cachorra. Mamãe está certa, ela está obcecada com o trio de
tentilhões salpicados debaixo da mesa ao nosso lado, casualmente
bicando migalhas de sanduíches. Eu posso ver a insanidade de Winnie
aumentando a cada bicada.
Um carro buzina, um casal passa com a coisa favorita de Winnie - um
bebê no carrinho - e nada.
Mas então mamãe derruba um enorme pedaço de muffin e Winnie se
lança em um instante como se sentisse alguma mudança na pressão
atmosférica. Seus movimentos são tão rápidos e predatórios que os
pássaros explodem, escapando para uma árvore.
Mamãe derruba outro pedaço de muffin.
— Pare com isso, você está a arruinando.
— Ela se chama Winnie A Poodle, — minha mãe me lembra. — Já está
arruinada.
— Por causa de você eu não posso comer uma única refeição sem ela
me observar como se eu estivesse desmontando uma bomba. Você está a
engordando.
Mamãe se inclina e beija Winnie no nariz. — Eu estou fazendo ela feliz.
Ela me ama. — Desta vez, Winnie pega o pedaço de muffin antes mesmo
de cair na calçada.
— Você é a pior.
Mamãe canta para minha cachorra, — A melhor, melhor, melhor.
— A melhor, — eu concordo, agradecendo a garçonete quando ela me
dá meu café. — A propósito, espertinha, eu gosto do seu corte de cabelo.
Mamãe levanta a mão, tocando-o como se ela tivesse esquecido que
tinha cabelo, sem qualquer autoconsciência. Ela sempre teve o cabelo
longo, principalmente porque ela esquece que está lá e, felizmente, é de
baixa manutenção: grosso e reto. Agora ele está cortado de forma que
ficou abaixo dos ombros dela e, pela primeira vez, há algumas camadas
na frente.
Eu alcanço, tocando as pontas. — Me chame de louca, mas parece que
você realmente teve outra pessoa cortando desta vez.
— Eu não poderia fazer camadas como essa, — ela concorda. —
Wendy tem uma garota que faz o cabelo dela. — Wendy é a melhor
amiga da mamãe, que se mudou para Portland cerca de dez anos atrás, e
foi outro atrativo para a mamãe se mudar para cá. Wendy é uma
republicana em primeiro lugar, uma corretora imobiliária em segundo
lugar, e, no tempo livre, se dedica a encher o saco do seu marido, Tom,
por ser preguiçoso. Eu a amo porque ela é basicamente da família, mas
honestamente eu não tenho ideia do que ela e mamãe encontram para
conversar. — Eu fui vê-la ontem. Eu acho que o nome dela era Bendy.
Algo parecido.
O prazer me enche como o sol. — Por favor, seja Bendy. Isso é
fantástico.
Mamãe franze a testa. — Espera. Brandy. Acho que juntei Brandy e
Wendy.
Eu dou risada enquanto tomo um gole do meu café quente. — Eu acho
que você juntou.
— De qualquer forma, eu não o cortava fazia tempo, e ele pareceu
gostar.
Faço uma pausa e dou outro longo e deliberado gole enquanto mamãe
olha diretamente para mim, seus olhos verdes brilhando de malícia.
— Glenn, hein? — Eu finjo girar meu bigode.
Ela murmura e gira seus anéis.
— Você tem visto muito ele ultimamente. — Glenn Ngo é um podólogo
de Sedona, Arizona, e cerca de dez centímetros mais baixo que a mamãe.
Eles se conheceram quando ela foi até ele porque seus pés estavam a
matando, e em vez de dizer a ela para parar de usar suas botas de caubói,
ele apenas deu a ela algumas inserções ortopédicas e então a convidou
para jantar.
Quem disse que o romance está morto?
Eu sabia que eles estavam namorando, mas eu não sabia que eles
estavam namorando a ponto de cortar meu cabelo do jeito que você gosta
desde que eu tenho zero vaidade.
— Mãe, — eu sussurro, — você e Glenn...? — Eu enterro minha colher
dentro e fora da minha xícara de café algumas vezes.
Seus olhos se arregalam e ela sorri.
Eu suspiro. — Sua safada.
— Ele é um podólogo!
— Esse é exatamente o meu ponto! — Eu abaixo a minha voz para um
sussurro, brincando, — Eles são fetichistas conhecidos.
— Você cala a boca, — diz ela, rindo enquanto se inclina para trás em
sua cadeira. — Ele é bom para mim e gosta de jardinagem. Eu não estou
dizendo nada com certeza, mas há uma chance de que ele esteja me
visitando em uma base mais... permanente.
— Dormindo juntos! Estou escandalizada!
Ela me dá um sorriso insolente e toma um gole de sua bebida.
— Ele se importa com a cantoria? — Eu pergunto.
Seu olhar de vitória é tudo. — Não.
Nossos olhos se mantêm uns nos outros, e nossos sorrisos mudam de
brincalhão para algo mais suave. Mamãe achou alguém bom, alguém que
eu posso dizer realmente a entende. Uma dor cutuca meu peito. Sem ter
que dizer isso, eu sei que nós duas questionamos se esses caras
realmente existem. O mundo parece cheio de homens que são
inicialmente fascinados por nossas excentricidades, mas que, em última
instância, esperam que elas sejam temporárias. Esses homens acabam
ficando perplexos porque não nos tornamos namoradas calmas e
potenciais esposas.
— E você — Ela pergunta. — Alguém... por aí?
— O que há com a ênfase? Você quer dizer, por aqui dentro da minha
calça? — Eu dou uma mordida na salada depositada na minha frente e a
mamãe dá um pequeno encolher de ombros como se dissesse: É, isso não
é exatamente o que eu quis dizer, mas vá em frente.
— Não. — Eu me endireito e afasto a preocupação leve de que sua
pergunta imediatamente desencadeou o seguinte pensamento, — Mas
adivinha quem eu encontrei? Não, não importa, você nunca vai adivinhar.
Lembra do meu tutor de anatomia?
Ela sacode a cabeça, pensando. — Aquele com a perna protética no seu
time de roller derby?
— Não, o que eu escrevi o e-mail enquanto estava cheia de
analgésicos.
A risada da mamãe é esse brilho ofegante. — Agora, disso eu me
lembro. Aquele de quem você gostou tanto. Josh alguma coisa.
— Josh Im. Eu também vomitei em seus sapatos. — Eu decido deixar o
sexo com colega de quarto de lado por agora. — Então, a coisa mais
estranha: ele é irmão de Emily!
Isso parece demorar alguns segundos para a mamãe processar. —
Emily, sua Emily?
— Sim!
— Eu pensei que o sobrenome de Emily era Goldrich?
Adoro que nunca ocorresse à minha mãe que uma mulher ficasse com
o sobrenome do marido. — Ela é casada, mãe. Esse é o nome de casada
dela.
Ela alimenta Winnie um punhado de migalhas de muffin. — Então,
você e o irmão dela...?
— Não. Deus, não. Eu sou uma idiota estabelecida com ele, e ele é
provavelmente um Cara Normal. — Nosso código compartilhado para o
tipo de homem que não apreciaria nossa marca particular de loucura. —
Além disso, ele tem namorada. Tabitha, — não posso deixar de
acrescentar de forma significativa, e mamãe faz uma careta de eeeca. —
Ele a chama de Tabby.
A careta de eeeca de mamãe se aprofunda.
— Eu sei, certo? — Eu cutuco minha salada. — Mas ele é realmente
muito legal? Tipo, você não olharia para ele e automaticamente pensaria
que ele é um banqueiro.
— Bem, o que ele é?
— Fisioterapeuta. Ele é todo musculoso. — Eu manobrei um enorme
pedaço de alface na minha boca para bater na imagem de Josh Im
trabalhando suas mãos fortes sobre minhas coxas doloridas.
Mamãe não diz nada a isso; ela parece estar esperando por mais, então
eu engulo com esforço e me venturo para o condado da Falação.
— Nós passamos um tempo juntos no churrasco de Emily ontem à
noite, e é estranho porque eu sinto que já que ele me viu no meu modo
mais insano, e ele tem uma namorada, eu não tenho que tentar diminuir
minha loucura em torno dele. Eu sempre quis ser amiga dele e aqui está
ele! Meu novo amigo! E ele olha para mim como se eu fosse esse inseto
fascinante. Como um besouro, não uma borboleta, e tudo bem porque ele
já tem uma borboleta e quando você pensa sobre isso, os besouros são
ótimos. É legal. — Por alguma razão inexplicável, repito novamente. — É
legal.
— Isso é legal. — A maneira como mamãe me estuda está me fazendo
sentir como se tivesse me esquecido de me vestir esta manhã; é com esse
foco materno do tipo: Minha filha adulta conhece sua própria mente?
Eu balanço minha cabeça para ela e ela ri, distraidamente acariciando
Winnie.
— Você — é tudo o que ela diz.
Eu rosno. — Não, você.
Ela olha para mim com tanta adoração. — Você, você, você.
QUATRO
JOSH
Eu posso perdoar Josh por nunca ter visto Aliens - porque ninguém é
perfeito - e a seu favor, ele tentou fingir que não estava apavorado na
cena de abertura quando o alienígena dos sonhos arrancou o torso de
Ripley. Se ele acha que isso é ruim, imagine sua reação quando Hudson,
Hicks e Vasquez encontrarem todos os colonos encapotados nos
corredores. Buuum! Aliens em todo lugar!
No final, ele não iria tão longe a ponto de concordar comigo que é o
melhor filme de todos os tempos, mas antes de sair, ele conseguiu
trabalhar nas frases: Game over, man, game over e They mostly come out
at night. Mostly. Claramente, sou uma influência estelar.
Eu passo algum tempo na manhã seguinte com Winnie no parque.
Enquanto ela descansa na grama ao meu lado, eu olho para as nuvens,
tentando encontrar animais nelas e me perguntando o que é que me atrai
tanto em Josh Im. Não é só que ele é bonito. Não é só que ele é gentil. É o
centro calmo dele que é um puxão gravitacional para o meu caótico. Toda
vez que eu encontrei seus olhos - daquela primeira noite do vômito até
agora - eu senti um zumbido suave dentro do meu esterno: eu sou um
satélite que encontrou seu farol no espaço seguro.
Alguns dias depois do nosso encontro de amigos, eu embosco Josh no
trabalho para levá-lo em um intervalo de sorvete. Em parte, é porque no
fundo eu realmente quero tomar sorvete para o almoço todos os dias
neste verão, mas em parte, também, é a lembrança da expressão de Josh
enquanto ele lia as mensagens da Tabby. Ele parecia ter sido chutado.
Ainda estou esperando por ele para me atualizar, para me contar o que
aconteceu com ela, mas apesar da demonstração de emoção que ele
compartilhou comigo na minha casa, ele voltou para o seu estado de
espírito neutro e equilibrado.
Eu tenho medo de dizer a Emily o que a mensagem dizia, porque eu
tenho a impressão de que ela não gosta da Senhorita Tabitha, e também
sinto que a última coisa que Josh precisa é de uma irmã opinativa que lhe
diga como se sentir sobre isso. Eu só vou ter que ser mulher e perguntar
a ele sobre isso sozinha.
— Então... — Eu sorrio sobre o meu sorvete para ele.
Ele sabe exatamente o que está vindo e apenas me olha fixamente.
Eu devo ser muito fácil de ler porque parece que Josh nunca se
surpreende com qualquer coisa que eu diga. — Você ama ou odeia a
maneira que eu já me intrometi em sua vida?
Ele dá uma mordida no seu sorvete de menta e chocolate e engole. —
Eu permaneço indeciso.
— E ainda assim você está aqui. — Eu passo a mão sobre a mesa ao ar
livre, gesticulando para a beleza diante de nós: seu pequeno copo do
tamanho para crianças e meu enorme cone gotejante de duas bolas. —
Desfrutando de uma pausa magnífica do trabalho.
Josh arqueia uma sobrancelha. — Eu não recusaria sorvete.
Eu reconheço isso com um aceno sábio. — Bem, independentemente
disso, Jimin, eu gosto de você.
— Eu sei que você gosta.
— E como alguém que você nunca namoraria, mas que em breve será
sua melhor amiga, posso dizer sem segundas intenções que eu não gosto
que você esteja em um relacionamento com uma vagabunda
potencialmente traidora.
Seus olhos se arregalam. — Uau. Vamos direto ao ponto.
— Ha! — Eu bato na minha coxa. — Isso saiu um pouco pior do que o
pretendido. O que eu quis dizer — eu limpo minha garganta
delicadamente — você conversou com Tabby desde domingo?
— Nós trocamos algumas mensagens. — Ele me dá um olhar
desconfiado antes de voltar sua atenção para o seu copo de sorvete
novamente, raspando em torno da borda. — E sim, percebo que isso
parece estranho, já que estamos no mesmo fuso horário. Ela está
evitando essa conversa. Talvez eu também esteja.
Espera. Já se passaram cinco dias desde que ela mandou aquela
mensagem estranha e eles não falaram um com o outro? Eu me sentiria
como uma granada com o pino solto. Mas, eu provavelmente tendo a
exagerar as coisas ao invés de me acalmar - mas estar em um
relacionamento e se perguntando se a infidelidade está acontecendo e
não precisar saber o mais rápido possível?
— Vocês dois estão mortos por dentro?
Ele não perde uma batida. — Nós podemos estar.
— Por que você não vai a L.A. e faz isso pessoalmente?
Ele olha para mim, deixando cair a pequena colher em seu copo vazia.
— Então aqui é onde eu fico preso. Ela não vai se mudar para cá. Eu
entendo isso agora. Então, se resolvermos isso, ou eu mudo para L.A...
— Credo. — Eu franzo meu nariz.
— Exatamente, ou ela e eu… o que? Temos um relacionamento de
longa distância para sempre?
— Se você for nessa direção, vai ficar com cotovelo de tenista porque é
muito sexo por telefone. — Eu lambo uma gota que derrete do meu
sorvete no meu cone e, acrescento, — Ainda bem que você é
fisioterapeuta.
Josh me olha impassível.
— Talvez ela pudesse conseguir um emprego em algum lugar mais
acessível para vocês dois...
Ele sacode a cabeça. — Eu tenho uma clínica estabelecida aqui, Haze.
— Ou, — eu continuo, sentindo o brilho quente me encher quando
percebo que ele encurtou meu nome por causa da familiaridade, — ela
poderia decidir que L.A. não é para ela. Geografia é apenas espaço; você
não pode deixar que isso fique entre vocês, se é bom.
Josh me olha, sem piscar. — Eu pensei que você não queria que eu
estivesse com uma 'vagabunda traidora'?
— Claro que não. Mas nós realmente sabemos se ela é traidora? — Eu
dou uma longa lambida no meu sorvete. — Você não falou com ela.
Ele resmunga alguma coisa e se levanta para jogar seu copo em uma
lixeira próxima. — Eu preciso voltar ao trabalho.
Segurando meu cone, fico de pé, seguindo-o pelo quarteirão. Ele está
andando de volta todo duro e soldado, e eu tenho que correr para
acompanhar. A colher superior do meu sorvete escorrega e cai na calçada
com um splat doloroso. Eu olho para a colher, desamparada.
— Eu posso ver você pensando se está tudo bem para pegar essa
colher e colocá-la de volta. — Ele descansa a mão no meu braço. — Não
faça isso.
O chocolate e a manteiga de amendoim começam a derreter e um
gemido sai de dentro de mim. — Estava tão delicioso. Eu estou te
culpando por andar tão rápido e com raiva.
Sua mão fica lá, e eu olho para ele com um beicinho que desliza para
longe quando percebo que ele está trabalhando com essa coisa da Tabby
em seus pensamentos como uma peça de Tetris.
— Você deveria ir para L.A, — digo a ele. — Se é para consertar as
coisas ou terminá-las, isso não pode ser feito por telefone e,
definitivamente, não por mensagem.
— Zach e Emily acham que eu deveria terminar, e eles nem sabem
sobre a mensagem. — Ele deixa cair a mão de volta para o seu lado. —
Minha mãe e meu pai não gostam dela também. Obrigado por pelo menos
considerar a possibilidade de que ela não seja uma vagabunda traidora.
— Ele faz uma pausa. — Estou preocupado que ela seja, no entanto.
— Por que eles não gostam dela? — Eu pergunto.
Endireitando-se, ele se vira para começar a andar novamente. Dou um
adeus ao meu sorvete derretido antes de seguir com relutância. — Eles
não se conhecem muito bem.
— Como isso é possível? Vocês estão juntos há dois anos!
— Tabby nunca se esforçou para construir um relacionamento com
Umma - minha mãe - e meu pai é quieto com todo mundo, mas eu não
tenho certeza se ela já tentou conversar com ele. Especialmente para os
meus pais, isso é uma coisa muito difícil de superar.
Ele procura seu celular no bolso quando toca com um tom que eu
entendi que é da Tabby. Eu vejo como ele lê a mensagem algumas vezes e
depois olha para mim.
— Parece que você e Tabby estão na mesma página. — Ele me mostra
a mensagem.
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Dois dias, dois voos, mais drama do que uma noite de bêbado em um
dormitório de calouros, e aqui estou: de volta para casa. Então, é claro,
minha porta não abre.
Sacudindo a chave livre, eu me ajoelho até que eu esteja nivelado com
a fechadura. Eu substituí as duas maçanetas quando eu terminei de
renovar as varandas da frente e de trás apenas um ano atrás, e não
consigo pensar em uma única razão pela qual a porta da frente estaria
bloqueada.
A menos que, eu penso, inclinando-se para ver mais de perto, alguém
tentou forçá-la a abrir.
Hazel.
Eu me endireito, olhando para baixo para o meu relógio enquanto
debato o que fazer. Este dia não passou de um pesadelo, e mesmo
sabendo que eu deveria ir para a casa da minha irmã e dormir no sofá, a
única coisa que quero agora é tirar a roupa e subir na minha própria
cama. É depois das duas da manhã, o que significa que Hazel
provavelmente está lá dentro e dormindo no quarto de hóspedes, então
não há problema em me deixar entrar e explicar tudo de manhã, certo?
Com isso decidido, pego minha bolsa e desço as escadas, indo em
direção ao quintal.
A luz da rua não chega a este lado da casa: é úmida e sombreada por
árvores mesmo na luz do dia. Agora, está escuro. Eu puxo meu celular do
meu bolso, acendendo a lanterna no chão até chegar ao portão. Eu não
estive aqui atrás faz algumas semanas; a dobradiça protesta enquanto eu
a abro, e meus passos sufocam na grama molhada enquanto faço meu
caminho até as escadas dos fundos e para a porta. Felizmente, essa
fechadura parece bem. Eu destranco rapidamente e silenciosamente,
apenas para tropeçar em algo assim que entro. Um sapato - um de pelo
menos seis pares aleatórios empilhados ao acaso no canto e
derramando-se no tapete. Exausto e cansado demais para me importar,
eu a empurro do caminho.
Um banho terá que esperar.
Estou indo em direção ao meu quarto quando a luz do meu celular
pega um movimento. Eu me viro para ver um saco de salgadinho no
balcão, um rastro de migalhas levando a uma caixa de pizza vazia e uma
pia cheia de pratos sujos. Dentro do meu peito, algo coça para limpar
tudo agora, mas estou distraído quando ouço um suspiro atrás de mim.
Virando, eu levanto meus braços bem a tempo.
— Mer... — é tudo o que eu digo antes que eu sinta uma pontada de
dor e tudo fique preto.
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Estou tão cansado e durmo tão profundamente que esqueço suas últimas
palavras até acordar e entrar na cozinha para encontrar Hazel em shorts,
meias argyle na altura dos joelhos, uma camisa polo e uma boina. Eu a
conheço bem o suficiente agora para perceber que esta deve ser sua
fantasia de Indo Jogar Golfe. Ela também está usando meu avental e
parada na pia com uma nuvem de fumaça preta em volta dela.
— Eu não estou acostumada com o seu fogão, — ela diz para explicar,
tentando virar o corpo para esconder o que está acontecendo na frente
dela.
— É só gás. — Eu me inclino para pegar uma toalha e usá-la para
envolver a alça da panela de ferro fundido ainda fumegante. O aroma de
bacon queimado rapidamente satura minha camiseta. Andando com a
panela para a porta dos fundos, eu a coloco na varanda de concreto do
lado de fora para esfriar.
— Eu tenho gás em casa, mas não faz isso.
— Não faz o que? — Eu digo por cima do meu ombro. Fogo?
— Não fica assim tão quente!
Fechando a porta atrás de mim, jogo a toalha no balcão e examino o
dano. Eu acho que ela fez panquecas. Ou pelo menos é o que indica o
líquido bege que escorre pela frente dos gabinetes inferiores. Há um saco
rasgado de farinha e o que tem que ser o conteúdo de toda a minha
despensa espalhada pelo balcão. Há pratos em todos os lugares. Eu tomo
uma respiração profunda e calma antes de continuar.
— É um fogão de nível profissional. — Eu pego a lata de lixo para
colocar um punhado de cascas de ovos quebradas dentro. — Ele tem a
boca mais alta, então fica quente mais rápido e pode gerar uma chama
maior.
Ela coloca um sotaque britânico. — Fascinante, jovem senhor.
Winnie senta obedientemente do lado de fora da cozinha e assiste com
o que eu juro que é um olhar que só pode significar: Você vê o que eu
tenho que tolerar?
Sim, Winnie. Eu vejo.
— Hazel, o que você está fazendo?
Ela levanta as duas mãos. Em uma delas, há uma espátula do Mickey
Mouse que ela deve ter trazido da sua casa; a outra palma está manchada
de roxo. Eu nem quero saber. — Estou fazendo o café da manhã antes de
irmos jogar golfe.
— Poderíamos ter tomado café da manhã fora. — Pelo que parece,
teremos que fazer isso de qualquer maneira.
— Quero dizer, obviamente, o bacon está um pouco mais... queimado
do que eu normalmente gosto, — diz ela, — mas ainda temos panquecas.
— No fogão, ela prepara duas das panquecas mais tristes que já vi.
Voltando-se para mim, ela segura o prato com orgulho. — Quantas você
quer?
Estou surpreso com a onda de carinho que faz um ângulo no meu
peito. Hazel quase criou um incêndio em minha cozinha, eu tenho uma
contusão na minha testa por causa do seu guarda-chuva e uma fechadura
para consertar, mas eu ainda prefiro engolir um prato cheio de
panquecas feias do que ferir seus sentimentos enquanto ela está vestindo
argyle e uma boina. — Só as duas está bom.
— Bom, — ela diz brilhantemente, colocando o prato no balcão e
depositando uma garrafa de xarope de ácer ao lado dele. Pronta para
começar outro lote, ela pega um jarro de massa e despeja-o no que eu
posso dizer daqui que é uma panela muito quente. — Eu conversei com
sua irmã esta manhã.
Eu olho para cima de onde eu estou delicadamente raspando alguns
dos pedaços queimados. — Já? — Eu olho para o relógio no fogão. — São
apenas oito da manhã.
— Eu sei, mas mandei uma mensagem para ela ontem à noite quando
pensei que alguém estava invadindo. Tive que atualizá-la dizendo que
não estava sendo assassinada na cama, o que me levou a dizer a ela que
você está em casa.
Ótimo. Se há alguém que vai se vangloriar disso, é Emily. Ela pode até
dar uma festa. Eu volto para minhas panquecas. — O que ela disse?
— Eu não dei a ela nenhum outro detalhe. Ela quer que você ligue para
la quando estiver acordado.
— Eu tenho certeza que ela quer, — eu digo, mal alto o suficiente para
ela ouvir, mas ela ouve.
— Você sabe, você não precisa contar tudo a ela. Dizer que você
terminou as coisas é muito.
— Como você acha que vai funcionar? — Eu olho para cima quando
ela coloca uma mecha de cabelo atrás da orelha, expondo a longa linha de
seu pescoço. — Você seria capaz de evitar contar que Tabby estava me
traindo por mais de um ano?
Hazel olha para mim intrigada. — Não é minha história para contar.
A ideia de não ter que compartilhar os detalhes faz com que o alívio
me atravesse, frio e ágil. Emily nunca acabaria com os, eu te disse’s.
Eu olho para baixo para ver uma triste Winnie olhando para mim, seus
olhos castanhos implorando para eu deixar cair alguma coisa. Eu rasgo
um pedaço de panqueca e cuidadosamente o alimento para a cachorra.
— Não mime ela, — Hazel me diz por cima do ombro.
— Hazel. A cachorra que você não quer que eu mime está usando uma
camiseta da Mulher Maravilha.
Eu ouço o clique do fogão sendo desligado, e então ela está lá na minha
frente, encostada na outra ponta do balcão. — Seu ponto?
— Eu não tenho um. — Eu alimento a cachorra outro pedaço de
panqueca. — Mas eu realmente tenho que ir jogar minigolfe?
Ela arranca um pedaço de panqueca muito quente e a come. — Você
não tem que ir. Mamãe e eu estávamos indo, e eu não achava que você
gostaria de ficar sozinho.
Assim que ela diz isso, eu sei que ela está certa. Mas eu também
deveria fazer ir lá em casa. Já faz algumas semanas desde que passei
algum tempo com minha família. — Eu ia para a casa dos meus pais mais
tarde.
Ela encolhe os ombros. — Você decide. Se você quiser vir com a gente,
eu posso ir à casa do seus pais com você depois. Ainda não os conheci.
— Você não tem que cuidar de mim, Hazel.
Ela se afasta do balcão e me dá um sorriso culpado. — OK. Desculpa.
Eu estou sendo muito Hazel.
Observo-a lavar a louça e limpar a cozinha de maneira bastante
competente enquanto eu belisco meu café da manhã. Ela não está
fazendo beicinho, e não parece que eu tenha machucado seus
sentimentos - ela honestamente parece ter ouvido algo no meu tom que
eu não pretendia. — O que isso significa, — eu pergunto, — ser muito
Hazel?
Virando-se com um pano de prato na mão, ela encolhe os ombros. —
Eu costumo ser muito tagarela, boba demais, exuberante demais,
aleatória demais, ansiosa demais. — Ela abre as mãos. — Muito Hazel.
Ela é todas essas coisas, mas é por isso que eu gosto dela. Ela é
inteiramente sua própria pessoa. Eu alcanço seu pulso quando ela se
move para sair da cozinha. — Onde estamos indo jogar minigolfe?
..........
Nunca me ocorreu que conhecer os pais de Josh pudesse ser algo para o
qual eu precisasse me preparar. Eles são apenas pessoas, certo? Emily
mencionou que eles são super protetores (particularmente com Josh, já
que ele não é casado), mas... quais pais não são? Eu sei que sua mãe está
sempre enchendo a geladeira dele com comida, mas isso também não é
incomum. Sério, se não fosse pela minha mãe e seu jardim próspero, eu
provavelmente teria morrido de fome.
Eu me lembro de Josh dizer que era tradição familiar trazer frutas,
então eu o fiz parar na loja em nosso caminho, onde montei a maior e
mais fantástica cesta de frutas que consegui.
— Você sabe, um par de maçãs teria sido mais que suficiente, — diz
ele, fechando a porta do carro e me encontrando no meio da entrada
estreita.
Eu olho para ele por cima de um abacaxi particularmente alto. — Eu
quero fazer uma boa primeira impressão.
— Você é doida. Você sabe disso, certo?
A cesta começa a escorregar e eu a ajusto, o evitando quando ele está
prestes a tomá-la da minha mão. — Escute, — digo a ele, — planejo dar o
discurso de madrinha em seu casamento um dia. Não é hora de arriscar.
Ele ri, levando-me até os degraus para uma pequena varanda cheia de
samambaias em vasos.
A porta está destrancada e Josh entra. — Appa? — Ele chama,
acenando para eu entrar. — Umma? — seguido por um fluxo de palavras
que eu não entendo.
Eu tropeço na lombada sexual que é o som de Josh falando em
coreano, mas minha atenção é imediatamente capturada por uma voz do
outro lado da casa.
— Jimin-ah?
— Minha mãe, — ele explica em voz baixa, e começa a tirar os sapatos
e colocá-los ordenadamente do lado da porta. — Umma, — ele chama, —
eu trouxe alguém.
Eu faço o mesmo, conseguindo tirar minhas sandálias assim que uma
adorável mulher de cabelos escuros vira a esquina para a sala de estar.
Eu não tenho certeza se eu realmente percebi exatamente o quanto
Emily e Josh são parecidos até agora, quando vejo a amalgamação de
suas características em pé na minha frente. A mãe de Josh é pequena,
assim como a filha, com cabelos escuros na altura do queixo que se
levantam rebelamente nas extremidades do lado esquerdo. Ela não está
sorrindo ainda, mas parece haver um sorriso permanentemente
residindo em seus olhos.
Josh coloca a mão no centro das minhas costas. — Esta é minha amiga
Hazel.
— Hazel da Yujin-ah?
Eu sinto uma pitada de rivalidade entre irmãos quando suas
sobrancelhas se juntam. — Bem... minha Hazel também, — diz ele, e eu
não tenho que dizer que estou muito feliz por isso. — Haze, esta é minha
mãe, Esther Im.
— É um prazer conhecê-la, Hazel. — Seu sorriso se espalha para a sua
boca e assume todo o seu rosto. É o mesmo sorriso inesperado de Josh.
Eu já a amo.
Meu primeiro instinto é sempre abraçar as pessoas como se houvesse
alguma linha direta que levasse do meu coração às minhas extremidades.
Felizmente, estou segurando a maior cesta de frutas do mundo e meus
braços estão ocupados.
Infelizmente, todos os K-dramas que eu já vi escolhem este exato
momento para passar pelo meu cérebro e eu me curvo, me curvo
profundamente até a altura da minha cintura e mandando maçãs e
laranjas cruzando o chão imaculado da Sra. Im.
Algumas coisas acontecem em rápida sucessão. Primeiro, deixo
escapar uma série de palavrões - algo que eu não deveria estar fazendo
na frente da mãe de ninguém, muito menos a doce umma coreana do
meu novo melhor amigo. Em seguida, eu jogo o resto da cesta em um
Josh muito surpreso e despreparado e mergulho no chão, correndo pelo
tapete em minhas mãos e joelhos.
Josh nem parece mais horrorizado por minhas travessuras, — Hazel.
— Eu os pego! — Eu digo, pegando freneticamente as frutas e fazendo
uma cesta com a frente da minha camisa por segurança.
— Hazel. — Seu tom é mais firme agora, e eu sinto suas mãos na
minha cintura enquanto ele me arrasta de volta para eles e me ajuda a
ficar de pé.
O furacão Hazel ataca novamente.
— Eu sinto muito, — eu digo, alisando meu cabelo e torcendo minha
saia para que fique na direção certa. — Eu estava tão ansiosa para
conhecê-la e, claro, isso significa que eu faço algo como derrubar uma
cesta de frutas. — Com o máximo de graça que posso reunir, eu puxo
algumas tangerinas do meu decote. — Posso colocá-las na geladeira para
você?
..........
Sentada no balcão da cozinha, eu olho para o copo de água que Josh põe
na minha frente, e murmuro, — Nesse ritmo, eu nem serei convidada
para o casamento.
A mãe de Josh está no fogão, jogando cebolas em um pote que parece
ser pelo menos tão velho quanto Josh.
— Do que você está falando? — Ele sussurra, e se ajoelha ao meu lado.
— Ela começou a falar em coreano. Ela estava dizendo que me odiava?
— Claro que não. Ela acha que você é uma garota bem engraçada.
Bem engraçada? Ou bem, e engraçada? Isso é meio elogio ou dois
sólidos? De qualquer maneira, meus olhos se arregalam e eu sorrio. —
Sua mãe é bem virgula inteligente.
Sem esperar que eu traduzisse isso, Josh bate com um dedo no meu
nariz e se move para o balcão, procurando algo em um armário muito
alto para sua mãe alcançar. Ele não é exatamente o que você chamaria de
alto como uma arvore, mas ele tem pelo menos alguns centímetros acima
de mim, e parece um gigante em pé ao lado dela.
Sra. Im olha para mim. — Então, Hazel, onde mora sua família?
— Meu pai faleceu há alguns anos, mas minha mãe mora aqui em
Portland.
— Eu sinto muito em ouvir isso. — Ela se vira novamente para me dar
um sorriso simpático. — A avó de Josh morreu no ano passado. Nós
ainda sentimos muito a falta dela. — Ela coloca o arroz em duas tigelas,
entregando uma para Josh, que imediatamente a ataca. — Você não tem
irmãos ou irmãs?
— Não senhora. Apenas eu.
Ela atravessa a cozinha para colocar a outra tigela na minha frente.
Cheira incrível. — E você é professora?
Eu pego meus pauzinhos - de metal, não de madeira - e levo a primeira
mordida na minha boca. É delicioso - arroz frito e legumes. Eu posso me
casar com Josh se isso significa que eu vou comer assim todos os dias.
— Ela ensina junto com Emily, — oferece Josh.
— Oh, isso é bom, — diz ela. — Eu gosto que Yujin-ah tenha bons
amigos no trabalho.
Bons amigos. Consigo tirar meu rosto da comida e fazer um sinal de
positivo, assim que a bomba cai.
— E Tabby? — Sra. Im pergunta. — Faz muito tempo desde que a
vimos.
Meus olhos se voltam para os de Josh. Como a alma gêmea que eu
sempre soube que ele seria, Josh já está procurando os meus olhos. Eu
dou-lhe um aceno de cabeça encorajador, um feito para lembrá-lo de que
esta é a sua vida e ele só tem que dizer às pessoas tanto - ou tão pouco -
quanto ele quiser.
Mesmo que essas pessoas sejam sua família.
Limpando a garganta, Josh finge estar super absorvido em sua tigela
vazia. Ele é um ator terrível.
— Na verdade, eu queria falar com você sobre isso. — Ele limpa a
garganta novamente. — Tabby e eu terminamos.
Agora, obviamente, eu sou uma pessoa de fora e tenho conhecimento
apenas das coisas que me disseram, mas eu não acho que eu estaria fora
da base em descrever a reação imediata da mãe dele como uma maldita
euforia.
Porém, ela faz o seu melhor para parecer casual, beliscando a cintura
dele com uma careta antes de colocar outra colher de arroz frito em sua
tigela, mas o gene da terrível atuação é obviamente genético. — Então
Tabby não é mais sua namorada.
— Não. — O olhar dela desliza para mim e Josh lê a pergunta
silenciosa lá. — Não, — ele diz a ela de forma significativa, e eu poderia
ficar ofendida se não tivesse essa deliciosa tigela de arroz me deixando
feliz.
— Tabby nunca visitou, — ela dramaticamente sussurra para mim, e
depois se move para a geladeira. — Deveríamos fazer um grande jantar
para comemorar.
..........
..........
..........
— Eu não sei como você fez isso. — Emily entra na sala de estar com
uma tigela de pipoca em um braço e uma garrafa de vinho no outro. —
Não só você fez meu irmão ir para um bar para um encontro às cegas,
mas você também ganhou um cruzeiro de merda, e ele se divertiu.
Claramente você é a rainha da diversão.
— Ei! — Eu olho na direção da minha irmã.
— Na verdade, eu não fiz ele ir a lugar nenhum.
Eu me viro para onde Hazel está enrolada no sofá do meu lado e
sorrio. Hazel: defendendo minha honra como bons amigos fazem.
— Eu nem precisei. Sua natureza competitiva fez com que manipulá-lo
fosse muito mais fácil do que eu imaginava.
— Ei! — Eu olho para Hazel agora.
Emily solta uma risada, que por sua vez faz Winnie latir de onde ela
está deitada em meus pés.
— Você também? — Eu pergunto a cachorra, curvando-se para afagar
seu pelo. Ela é tão ruim quanto sua dona, um incômodo total, e ainda
assim... de alguma forma, é cativante.
— Meu irmão exigente em um cruzeiro econômico. Eu nunca pensei
que veria isso.
— Oh, não comece a se preocupar com ele ainda. — Hazel estica suas
longas pernas apenas o suficiente para invadir meu espaço. — O cruzeiro
não é até a próxima primavera. Tenho certeza que ele vai descobrir uma
maneira de sair dessa.
Com o filme pronto para começar, eu jogo o controle remoto para a
mesa e me viro para ela. — Com essa atitude, boa sorte ao me pedir para
mandar Imodium do continente.
Dave se junta a nós na sala de estar. — Vocês têm certeza de que vocês
não são casados?
Hazel faz uma careta antes de jogar um pedaço de pipoca nele. Winnie
imediatamente a come.
— A única pessoa com quem eu brigo confortavelmente assim é com
minha esposa, — ele diz, — e é uma habilidade que levou anos para ser
aperfeiçoada. — Contornando o sofá, ele cai na almofada ao lado da
minha irmã. Eles parecem tão fáceis juntos. É difícil não pensar se algum
dia vou ter isso. A julgar pelos meus resultados com Cali, não parece
bom.
Felizmente, tenho pouco tempo para pensar nisso porque Hazel enfia
o pé no meu rim, tentando abrir espaço para Winnie debaixo do
cobertor. Eu empurro o pé dela. — Você sabe que há outro lado nesse
sofá, certo?
Dave olha para nós, convencido. — Tá vendo?
— David, credo. — Hazel puxa o cobertor. — Nós apenas comemos.
Emily pega um punhado de pipoca e se recosta no sofá. — Então, de
volta ao encontro duplo da desgraça, o que aconteceu com aqueles dois?
Eu suponho que eles não querem ver vocês dois de novo, já que vocês
basicamente são melhores amigos de jogos nerds que planejam nunca
transar.
— Oh, nós não dissemos a você a melhor parte... — Eu começo, mas
Hazel me interrompe.
— O cruzeiro é a melhor parte, Jimin.
Eu a empurro para fora do sofá e continuo. — Eles foram para casa
juntos.
A boca de Emily se abre. — Não acredito.
— Acredite. — Hazel acena feliz de onde ela caiu no chão, como se ela
estivesse emocionada por eles. — Eu parei na minha antiga escola para
deixar uma caixa de suprimentos ontem e vi Cali na sala dos professores
passando corretivo em um chupão gigante. Quem é que dá chupões hoje
em dia? Honestamente...
— Mas você vai fazer isso de novo, certo? — Emily pergunta,
observando Hazel subir de volta para o sofá, inserindo-se
grosseiramente no meu espaço novamente. — Por favor, não deixe meu
irmão voltar a ficar em casa de calça de moletom.
Hazel joga um pedaço de pipoca na boca e me dá um pequeno encolher
de ombros. — Eu não sei, o que você acha?
— Do topo da minha cabeça, — eu digo, — não consigo pensar em
nenhum amigo que eu queira alienar. Mas eu não me sou contra tentar.
Hazel considera isso. — Sim, não sei de ninguém do meu novo ou
antigo emprego - eu tenho que manter meu verniz de comportamento
profissional. E a maioria das minhas amigas são casadas ou gay, ou até
mais estranhas do que eu.
Eu franzo a testa para ela. — Isso é difícil de acreditar.
— Conhecemos toneladas de pessoas! — Emily intervém, indo para a
borda do sofá e virando-se para o marido. — E aquela adorável menina
no seu quiropratico?
Dave procura em sua memória por um rosto. — A ruiva? Ela é lésbica.
— Não há como Josh ter sorte em breve, — diz Hazel, — então isso
não importa.
Emily se endireita. — Oh! E o seu irmão? Ele iria se divertir muito com
Hazel.
— Meu irmão está noivo.
Emily nivela-lo com um olhar plano. — David, todos nós sabemos que
isso não vai durar."
— Podemos querer deixá-lo seguir seu curso independentemente.
Hazel pega a garrafa de vinho e murmura para mim, — Acho que
vamos precisar disso.
— E aquele cara no consultório do dentista, — diz Dave, — aquele que
faz o agendamento? — Ele olha em volta do sofá. — Temos que
encontrar um caderno para escrever tudo isso.
Emily vasculha uma gaveta da mesinha e eu levanto minha taça para
Hazel reabastecer.
Lápis na mão, Emily começa a fazer anotações. — O cara que faz seu
gramado está sempre brincando com Winnie, Josh. E ele é muito fofo.
Dave olha para ela de onde ele está pegando um biscoito. — Ele não
tem, tipo, dezenove anos?
— Você pode estar certo. — Ela se vira para Hazel. — Haze, você tem
algum problema com homens mais jovens?
Hazel arrota antes de responder. — Não.
— Joshy, e você?
— Acho os homens mais jovens bem, mas prefiro uma mulher. E pelo
menos com idade suficiente para votar, por favor.
Os olhos de David se iluminam. — E se nós os fizéssemos perfis de
namoro online no Grindr ou eharmony ou um desses?
As sobrancelhas de Emily se unem. — Eu não acho que o Grindr é o
caminho certo. Deixa eu pesquisar no Google.
Hazel se inclina contra o meu ombro, olhando para eles. — Eles nem
precisam de nós aqui para isso.
Eu tomo um gole de vinho. — Eu acho que você está certa.
— Você sabe... minha cabeleireira é muito fofa, — diz Hazel, pensativa.
— E engraçada também. Você pode gostar dela.
— Mesmo?
Ela olha para mim. Ela está tão perto, seus olhos de uísque parecem
mais leves hoje à noite. — Hm-hm. Ela gosta de pescar. Você gosta de
pescar?
— Eu gosto.
— Eu marquei com ela na próxima semana. — Com uma mão, ela
amarra o cabelo para cima em cima de sua cabeça. — Talvez eu fale com
ela?
— Mas e você? — Eu pergunto. — Se vamos fazer isso, eu ainda quero
que façamos isso juntos. — Hazel abre a boca para responder, mas para.
Eu sigo o seu olhar para onde Emily e Dave estão nos observando. — O
que?
— Nada. — Emily se inclina para escrever algo, e eu estou supondo
que é apenas um rabisco porque nós a pegamos de surpresa. — Vocês
são fofos juntos.
Hazel se senta, orgulhosa. — Isso é porque nós somos ambos
insanamente atraentes. — Ela olha para mim. — Eu acho que Josh
poderia gostar da minha cabeleireira, no entanto. Mas ele não pode
estragar tudo porque eu realmente amo meu cabelo agora.
Eu levanto meu copo. — Palavra de escoteiro.
Dave pega o braço de Emily. — Você conhece aquele barista em
Heavenly Brews? Aquele que você acha que está sempre flertando com
você?
Emily levanta as mãos em defesa. — Tudo o que estou dizendo é que
ele nunca me cobra por um café duplo.
— De qualquer forma, eu poderia falar com ele sobre Hazel. —
Olhando na direção de Hazel, ele acrescenta: — Ele é muito fofo, tanto
quanto os caras podem ser. Cabelos escuros, atlético. Não há tendências
psicóticas óbvias que eu notei, e ele faz um cappuccino muito bom. Eu
acho que ele está fazendo pós-graduação ou algo assim.
Hazel inclina a cabeça de um lado para o outro. — Estou interessada.
Os baristas tendem a gostar das garotas peculiares.
Algo pulsa em mim quando a ouço se descrevendo assim.
— Temos um plano, então? — Emily pergunta. — Hazel vai falar com
a cabelereira dela e Dave pode falar com o barista gostoso. Nos
encontraremos aqui para finalizar os detalhes?
Hazel oferece uma mão e eu me aproximo para sacudi-la. Isso tudo
está se tornando muito... comunal. Eu só espero que ninguém fique
investido em alguém por mim antes de eu ficar.
NOVE
HAZEL
..........
— Ele caiu no rio? — Mamãe olha para mim, seu café da manhã
abandonado no prato.
— Sim. Ele estava vestindo o colete salva-vidas e conseguiram tirá-lo
da água, mas ele bateu com a cabeça em um dos postes de aço quando
caiu.
— Oh meu Deus. Ele está bem?
— Estou bem. — Josh caminha lentamente para a cozinha, um novo
hematoma do tamanho de um morango na testa. Winnie começa a andar
trás dele. — Só um pouco devagar para começar esta manhã. E caso você
esteja se perguntando, é difícil dormir com uma cachorra de 20 quilos no
peito.
— Ela ama você, — eu digo.
Ele olha para mim com um sorriso cansado, mas mal contido. — O
amor dela é tão sufocante quanto o seu.
Sorrio brilhantemente para ele do outro lado do balcão. — Você diz as
coisas mais legais.
Mamãe puxa uma cadeira. — Josh, querido, sente-se. Eu trouxe o café
da manhã e Hazel estava fazendo café. — Para mim, ela acrescenta, —
Você terminou de lhe dar concussões ou vamos nos preparar para uma
terceira pessoa?
Eu me movo para objetar, mas Josh fala antes que eu possa. — Estou
bem, realmente, — ele insiste, mas senta de qualquer maneira. — Ainda
bem que tomei banho ontem à noite antes de ir para a cama. Quem sabia
que o rio cheirava tão mal?
Eu estico minha mão para colocar um prato na frente dele, e pressiono
um beijo cuidadoso no lado livre de hematomas da sua cabeça. — Eu
acho que foi menos o rio e mais o cobertor encharcado de peixe em que
você foi envolvido depois de puxarem você para fora.
..........
..........
Meu apartamento está pronto algumas semanas antes do início das aulas,
durante o último suspiro úmido do verão.
Tão feliz quanto tenho certeza de que Josh vai estar por tirar eu e
Winnie de seu espaço limpo, acho que ele quase sente nossa falta.
Um pouco.
Eu digo isso porque até o último dia eu acho que até Josh ficou
surpreso com o quão normal estava começando a ficar vivendo juntos.
Alto? Sim. Caótico? Absolutamente. Mas também: confortável. Ouso dizer,
fácil?
Em um dia típico, Josh se arrastava para fora da cama, Winnie seguia
sonolenta atrás dele, para encontrar a xícara de café que eu tinha servido
para ele no balcão. Eu cozinhava alguma variação de comida de café da
manhã queimada, e conversávamos enquanto comíamos, mandávamos
mensagens de texto um para o outro o dia todo, depois voltávamos para
casa, jantávamos juntos e dormíamos assistindo TV. Foi o mais próximo
de estar em um relacionamento normal que eu já estive. Acho que
também tem sido bom para o Josh: o nome Tabby não foi citado em
semanas.
Eu sempre amei meu apartamento e moro sozinha, mas quando eu
ando pela porta recém pintada e paro no novo piso de madeira para
estudar o que eles fizeram, é impossível não notar o quão vazia está.
Winnie parece ter chegado a uma conclusão semelhante. Farejando
um caminho pela porta, ela faz um rápido círculo na sala da frente antes
de sair novamente, emitindo um suspiro pesado e, em seguida, caindo no
tapete.
— Eu sei o que você quer dizer, — eu digo a ela, fazendo o meu
caminho para dentro e largando minhas malas no sofá recém-entregue.
Fora isso, não há muito moveis. Muito foi arruinado quando o cano
quebrou, e o que poderia ser recuperado era velho e realmente não valia
a pena salvar de qualquer maneira. Como toda pessoa de vinte e poucos
anos que conheço, encomendei este novo sofá na IKEA, mas parece estar
a um milhão de milhas de distância do couro macio e gasto da sala de
estar de Josh.
Winnie está relutante em admitir que é aqui que vamos ficar. Mesmo
depois de persuadi-la, ela insiste em acampar perto da porta. Teimosa.
Desempacotei algumas coisas e coloquei o resto dos animais em seus
lugares, coloquei novos lençóis no novo colchão e inspecionei as louças e
os armários de cozinha atualizados. Com nada mais do que comida para
animais na casa e nenhum desejo real de corrigir isso hoje à noite, eu
peço jantar e trabalho em desembaraçar as cordas e ligar a TV
novamente.
Eu estou no estágio do processo de configuração da tecnologia, onde
estou choramingando e de bruços no chão da sala quando meu telefone
toca na esquina onde o joguei há não muito tempo atrás.
Um afeto aperta meu coração, mas eu o empurro antes de começar a
digitar uma resposta.
Penso nisso quando olho em volta da sala limpa e iluminada. Paredes
vazias, uma pilha de caixas que precisam ser desempacotadas, um
labradoodle descontente. Eu suponho que poderia ser pior.
Eu tiro algumas fotos, incluindo uma onde metade do meu rosto ocupa a
maior parte da tela, e outra onde uma massa de cordas emaranhadas fica
ao lado de uma TV triste e escura.
Porque Josh é um cuidador, meu telefone toca quase imediatamente.
— Casa da Hazel de Hedonismo, boa tarde.
— Você quer que eu vá ajudar? — Ele pergunta, e há uma sensação
dentro do meu peito. Vitória, sim, porque eu esperava que ele viesse, mas
outra coisa também. Como chuva quente, um cobertor mais quente. Eu
realmente quero vê-lo. E eu quero dizer, o mesmo acontece com Winnie.
Olhe para ela. — Eu poderia ligar a TV enquanto você trabalha em outras
coisas.
Como uma mulher forte e independente, eu deveria dizer a ele que
não, que eu cuidarei disso sozinha - o que eu faria, no final das contas -
mas RuPaul's Drag Race está passando hoje à noite e dizer não seria
ineficiente e inconveniente.
— Eu pedi o jantar, — eu digo no lugar. Mais do que suficiente para
dois, agora que penso nisso. — Winnie ficará feliz em te ver. Talvez ela
até pare de se arrastar por aqui.
— Deixe-me tomar banho e eu vou estar aí em vinte.
— Combinado. Eu provavelmente ainda estarei neste mesmo lugar
quando você chegar aqui, então entre.
— Entendi. Ah, e Haze?
Eu sorrio para o meu celular. — Hmm?
— Diga a Winnie que também sinto falta dela.
DEZ
JOSH
Depois de ajudá-la a mudar as coisas para a nova sala de aula, quase não
vejo Hazel por dias - o que, dado o fato que ela só se mudou há uma
semana, é estranhamente desorientador. Eu passei de uma relação de
longo prazo para ser solteiro e ter minha vida virada de cabeça para
baixo com uma espécie de colega de quarto, em questão de dias. Você
acha que eu ficaria feliz em ter meu próprio espaço novamente e não
precisar me preocupar com o que alguém está fazendo - ou em que
colocando fogo. Você acha que eu estaria pronto para encontrar algum
tipo de novo normal. E, no entanto, você estaria errado.
Quem sabia que o normal poderia ser tão chato?
Assim como eu já vi minha irmã fazer meia dúzia de vezes antes, Hazel
mergulha nessa intensa zona de professores, e eu não posso criticá-la por
ser tão focada. Pelo que posso supor ao observar de suas decorações
alegres e seus quadros de avisos, o início do ano letivo é melhor do que o
Natal e os aniversários combinados.
— Eu adoro ser professora, — ela diz ao telefone logo após a primeira
festa de volta às aulas. Não sei se já ouvi o mesmo entusiasmo de Em
depois de uma dessas coisas, mas Hazel é Hazel. Ela ama demais. — Eu
sou uma bagunça quente noventa por cento do tempo, mas cara, terceira
série é a minha praia.
— Eu não estou surpreso, — digo a ela. — Igual as crianças de oito
anos de idade, você também tem dificuldade para pegar coisas em
prateleiras altas e lembrar de usar o banheiro antes de longos passeios
de carro.
— Boa, Jimin.
Um pequeno órgão desconhecido em mim dói com a maneira como
estamos tendo uma conversa tão familiar por telefone, em vez de ser
através do sofá.
No dia seguinte - o primeiro dia de Hazel ensinando em Riverview -
sou recebido por um barulho constante e agudo enquanto ando pelas
portas. Soa um pouco como um enxame de abelhas, emanando no
corredor do refeitório. A sala de aula de Hazel é a número 12, então
depois de acenar para Dave pela janela de vidro do escritório da diretora,
e observar minha irmã enquanto ela arruma um borrão caótico de alunos
da quinta série, eu atravesso o corredor para a porta escrita Uma
Maravilhosa Sala!
Pela janelinha, posso vê-la de pé na frente da sala, observando
enquanto a turma trabalha de forma independente e já estou rindo. Essa
é a Hazel - é claro que ela está vestindo algo assim. Seu vestido azul é
preso na cintura por um cinto decorado com maçãs vermelhas e livros
coloridos. Eu estou recebendo vibes da Senhorita Frizzle, um visual que
eu não teria adivinhado que eu gostaria, mas uma olhada no pescoço
longo e delicado de Hazel e no brilho suave de seu rabo de cavalo e...
bem, aqui estamos nós.
Ela me vê através do vidro, sorrindo amplamente antes de caminhar
até mim - mesmo que eu esteja acenando para ela para indicar que posso
esperar até que os alunos fossem na cafeteria para o almoço. Seus olhos
são whisky e flerte. Seus lábios são um vermelho cereja selvagem. Algo
dentro de mim estremece.
— Bem-vindo à festa! — Brincos de lápis de madeira balançam com a
pequena e alegre sacudida de sua cabeça.
Eu entrego a ela uma maçã e um monte de girassóis embrulhados em
celofane. — Eu pensei em te ver no almoço - eu queria te desejar um feliz
primeiro dia.
Ela pega as flores e as abraça ao peito. — Você já fez isso quando me
mandou uma mensagem esta manhã!
— Bem, eu estou feliz que eu decidi vir aqui ou eu teria perdido tudo
isso. — Eu movimento dos seus dedos dos pés até o topo de sua cabeça,
onde, aliás, há uma tiara em seu cabelo.
Ela dá um pequeno giro. — Você gostou? É a minha fantasia
tradicional de primeiro dia de aula.
— E pensar que minha irmã está vestindo apenas um cardigã novo.
Como tem sido até agora?
— Muito bom! Nenhum colapso emocional e apenas um incidente de
queimada no intervalo. Os alunos estão fazendo suas metas para o ano.
Você quer entrar e conhecê-los?
Eu estou no meio de dizer não quando ela pega minha jaqueta e me
puxa para dentro.
— Classe. — Vinte e oito parem de olhos levantam dos papéis e se
concentram em mim. — Eu quero que vocês conheçam o meu melhor
amigo, Josh.
Há um coro de oooohs e um rebelde solitário que grita, — Então ele é
seu namorado? — Seguido por um coro de risos.
Hazel dá uma inclinação bem praticada de sua cabeça e a sala
rapidamente se acalma. — Josh é um convidado em nossa sala de aula,
então devemos nos comportar da melhor maneira possível, mas ele
também é irmão da Sra. Goldrich. Vamos todos receber nosso novo
amigo em nossa sala de aula.
— Bem-vindo, amigo, — eles dizem em uníssono, e sem o persistente
escândalo do namorado para prender a atenção deles, eles rapidamente
perdem o interesse e voltam para seus projetos.
— Muito bem, Srta. Bradford. Isso foi impressionante — digo a ela. —
Você é incrível em mandar em pequenos humanos. Se apenas Winnie
obedecesse a você tão bem.
— A única maneira que Winnie me escuta é se eu colocar um pãozinho
na minha cabeça, — diz ela, e se vira para colocar as flores em sua mesa.
— E obrigada novamente por isso. Você perde apenas para um unicórnio
em relação a melhores amigos, Josh Im.
— Eu queria vê-la em seu território, e isso me deu uma boa desculpa
para dar uma atualização sobre o desenvolvimento dos encontros-duplos
de Josh e Hazel."
— Ooooh! — Ela bate as mãos, observando enquanto eu pego meu
telefone.
— Meu amigo Dax é veterinário e cria pôneis Shetland ou algo assim
em Beaverton. Muito bonito também. — Eu abro meu aplicativo no
Facebook e encontro seu nome.
— Você tem um amigo veterinário com pôneis e só agora está me
contando sobre ele? Um texugo falante imaginário recuperou o segundo
lugar na hierarquia de melhores amigos.
— Eu esqueci completamente, — eu digo, e clico no perfil dele,
ampliando a imagem para que ela possa ver. — Fomos para o colégio
juntos e ele apareceu no meu feed esta manhã.
Hazel se inclina para um olhar mais atento. — Ele estaria trazendo um
pônei no encontro?
— Eu certamente posso pedir isso.
Ela pega meu telefone e rola pelas outras fotos dele. — Ele não é ruim
de se olhar e a perspectiva de futuros passeios de pônei adoça o pote.
— Devo ligar para ele? — Eu pergunto, a estudando.
Ela me devolve meu celular. — Eu tenho pensado em chamar a salva-
vidas na minha piscina, — diz ela em vez de uma resposta, seus lábios
franzidos, como se ela estivesse considerando. — Ela parece muito legal
e pode salvar sua vida se você cair no rio novamente.
— Eu não caí no rio, fui mais ou menos empurrado.
— Pela gravidade.
Eu ignoro isso. — Talvez pudéssemos preparar alguma coisa para
sexta-feira?
— Vou parar na piscina a caminho de casa e avisá-la.
O volume da aula atrás de nós está aumentando, e eu sei que essa é a
minha sugestão para deixá-la ir. — Legal, eu vou ligar para Dax e
podemos coordenar.
É só quando estou de volta ao meu carro que eu registro a razão pela
qual eu estava pensando em um encontro duplo novamente: quero
passar um tempo com Hazel.
..........
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..........
..........
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Eu devo ter dormido sob Josh nos novos pisos de madeira do meu
corredor, porque eu não me lembro de ir para a cama. O único lembrete
de que a noite passada aconteceu é o fato de que estou nua, dolorida e
um pouco pegajosa. Josh se foi.
Mas Josh sendo Josh, há uma pequena nota no meu travesseiro que diz,
simplesmente, Eu vou te ligar mais tarde hoje de manhã J.
Eu não vejo o Josh faz três dias, mas estamos enviando mensagens como
antes, sobre nada em particular. Hoje, eu disse a ele como Winnie latiu e
soou como se ela dissesse “Me dê!” Ele respondeu que seu sanduíche de
salada de frango tinha maionese demais. Eu disse a ele que encontrei um
biquíni perfeito para usar em nosso Cruzeiro de Diarreia na próxima
primavera. Ele me disse para não mencionar diarreia depois que ele
comeu maionese demais.
Apesar de tudo, eu diria que as coisas estão tão próximas do normal
quanto podem ficar.
A questão é saber se ainda estamos fazendo toda a coisa do encontro
duplo depois que fizemos toda a coisa do sexo bêbado. Por razões óbvias,
é diferente agora, mas digo a mim mesma que não tem que ser. Nenhum
de nós está nisso para um relacionamento amoroso, mas fazer esse jogo
de encontros juntos tem sido superdivertido e uma boa distração do
trabalho, e contas, e ter que ser uma adulta o tempo todo. Eu nem
sempre confio em meu julgamento quando se trata de caras, mas Josh
nunca intencionalmente me juntou com lixo (os encontros seis e sete
devem ser retirados do registro). Eu também gosto de estar perto dele, e
quando os encontros são ruins, nós temos um ao outro.
Aparentemente, não sou a único que precisa de uma verificação de
status. Quando nos encontramos com Emily e Dave para o jantar, a
primeira coisa que eles perguntam é como os encontros estão indo. A
reação imediata de Josh é olhar para mim para responder porque, ha!
Essa é uma ótima pergunta!
— Bem, — eu digo, respirando fundo e debatendo-me um pouco. Eu
tento perder tempo tirando meus sapatos e colocando-os com uma
precisão de laser ao lado dos de Josh na porta, mas na minha cabeça, a
imagem dele se movendo propositadamente sobre mim parece bloquear
qualquer esperança de pensamento coerente. Eu pretendo dizer a eles
apenas que a maioria dos encontros tem sido um fracasso e ver o que
eles sugerem sobre seguir em frente, mas na verdadeira forma Hazel,
minha boca decide assumir e o que sai é — Josh e eu acabamos fazendo
sexo depois que fugimos do encontro sete.
O silêncio preenche a pequena entrada como névoa e eu me viro para
Josh para me salvar. Seus olhos estão arregalados, como se ele estivesse
vendo um avião cair e rezando silenciosamente para que ele suba no
último minuto. Nós dois sabemos que não vai subir.
— Então, isso aconteceu! — Eu faço uma pequena dança espástica. —
Foi muito divertido.
Eu fecho meus olhos porque Oh, Deus, por que eu disse isso?
Josh limpa a garganta.
— Nós concordamos que foi uma coisa de uma vez só. Nós
concordamos, — eu repito, levantando a mão em um gesto que pretende
invocar a compreensão, ou algo assim.
Josh não vem em meu socorro, então estou livre para tornar isso mais
estranho para todos. O que eu faço. — Mas quero dizer, para duas
pessoas que uma esteve dentro da outra, estamos bem, certo? Estamos
bem. Eu acho que estamos prontos para voltar a fazer planos para o
próximo encontro?
Eu aceno, procurando por consenso em torno de mim. Emily olha para
nós de olhos arregalados. — Vocês... o quê?
Em algum momento durante o meu falatório sem fôlego, Dave
inclinou-se, incapaz de conter o riso.
Emily se vira para olhar para o irmão, algum tipo de comunicação
silenciosa acontecendo. Como sempre, Josh é levemente inexpressivo e,
engolindo em seco, parece voltar a focar e acena para mim com um
sorriso lento. — Sim, estamos bem. Nada mudou, graças a Deus.
Emily diz algo para Josh em coreano e ele responde, em voz baixa. Este
não é o momento para pensar em como ele soa gostoso.
Eu encontro os olhos de Dave, porque nenhum de nós tem idéia do que
eles acabaram de dizer, mas não podemos fingir que achamos que não é
sobre o sexo que seu cunhado teve com a melhor amiga de sua esposa.
Estranho!
Dave bate palmas e o momento se solta. Josh coloca a mão na parte
inferior das minhas costas, silenciosamente dizendo-me para liderar o
caminho para a sala de jantar, onde Dave colocou sua última obra-prima
culinária sobre a mesa.
Josh se senta à minha esquerda, e Emily e Dave sentam-se à nossa
frente. Eu vejo como Dave derrama vinho no copo de sua esposa, e meus
olhos se arregalam quando ele enche quase até a borda. Josh e eu
olhamos enquanto ela levanta e toma metade antes de respirar
novamente.
Eu olho para Josh, que olha para mim ao mesmo tempo. Nós
compartilhamos um olhar de Isso está indo bem! e o seu muda para um
olhar de Bom, o que você esperava? Eu não posso discutir.
Dave me entrega o pão. Josh coloca um pouco de frango para o prato.
O silêncio é homicida.
Emily termina seu vinho e Dave a serve mais. Para uma coisinha tão
pequena, Emily pode realmente beber.
— Winnie está com vermes, — eu digo a mesa, e espalho um pouco de
manteiga no meu pão. — Levei ela para o veterinário mais cedo. Eu
estava tão preocupada que teria que tratá-lo com alguma pomada em sua
bunda, mas - não - apenas uma pílula.
Eu tomo um gole de vinho e sorrio para eles. Josh abaixa o garfo e
cobre a testa. Mas depois de alguns segundos todos riem e Emily olha
para mim com meu tipo favorito de carinho.
— Ela não tem vermes. Eu estava apenas brincando.
Eu não sou nada, se não uma quebra-gelo decente.
Depois disso, a conversa acaba fluindo. Dave fala sobre as calhas de
chuva que ele tem que limpar novamente neste fim de semana. Emily nos
conta sobre um garoto em sua classe que não chegou ao banheiro a
tempo e fez cocô nas calças, e como aquele pobre garoto vai ser
conhecido como Peter Popô até os oitenta anos. Eu falo sobre o projeto
em que estamos trabalhando, onde os alunos escolhem várias carreiras
para escrever um pequeno relatório sobre, e um dos meus rapazes
informou à classe que seu pai (um cirurgião plástico) ganha a vida
tocando em peitos. Josh nos fala sobre sua nova paciente, uma mulher de
setenta anos usando prótese de quadril e que o pediu em casamento dez
vezes na semana passada.
Mesmo considerando como a noite começou, o jantar foi bom, na
maioria das vezes.
E assim que penso nisso - no carro, quando Josh me leva para casa - eu
me viro para ele e digo, — O jantar estava quase perfeito. Na maioria das
vezes.
Se ele pega a piada de Aliens, eu não sei dizer. Ele olha para frente e me
dá um meio sorriso minúsculo apontado para o para-brisa.
Eu suspiro e enfio o dedo na covinha da bochecha direita dele. —
Precisamos conversar sobre isso?
Ele engole, apertando as mãos no volante. — Conversar sobre o quê?
Eu aceno, abaixando minha mão e dizendo um silencioso — Ok — para
a janela do lado do passageiro. Eu também posso jogar esse jogo. Sexo?
Que sexo?
— Você quer dizer sobre nós fazendo sexo? — Ele diz. — Ou o fato de
você ter dito a minha irmã e cunhado, também conhecido como sua
melhor amiga e seu chefe?
Ugh. Estômago revirando. Angústia. Eu olho para ele novamente. —
Apenas saiu, me desculpe.
Ele sacode a cabeça. — Eu realmente não me importo que eles saibam.
— Eu apenas deixei escapar. Estou devastada.
— Eles provavelmente veriam em nossos rostos de qualquer maneira,
— ele me tranquiliza. E apesar de termos conversado por telefone, é bom
falar sobre isso também. Cara a cara. Nada entre nós. Hazel e Josh.
— Às vezes sua falta de filtro me mata, — diz ele. — Não é nem que
você não tenha um filtro; você não tem um funil.
— Mas, falando sério. — Eu me viro no meu lugar para encará-lo,
puxando minha perna para baixo de mim. — Eu entendo o que foi, e não
há razão para mudar alguma coisa. De certa forma, isso faz sentido. Você
é meu melhor amigo e atraente. Claro que eu, bêbada, te ataquei.
Seu sorriso escorrega um pouco. — É assim que você se lembra?
— Quero dizer, você participou, — eu admito, — mas eu praticamente
implorei para você me mostrar seus produtos.
Isso o faz rir e eu posso dizer que ele lutou contra isso por alguns
segundos. — Porque eu vi você fazendo xixi. Você é irreal.
Eu afundo no meu lugar. — Eu nunca vou superar isso.
— Você vomitou cachorro quente ao vivo, — diz ele, poupando-me um
pequeno olhar em um sinal vermelho, — mas eu vendo você fazer xixi é a
mortificação que vai ficar com você para sempre?
— Eu também ainda estou mortificada com a coisa do cachorro-
quente. — Eu estremeço com a memória visceral que passa por mim. —
Estou emocionada por você lembrar disso.
Ele estica a mão, pegando a minha. — Estamos bem, Haze. Eu prometo.
Com um pequeno aperto, ele solta e minha mão parece estranhamente
fria.
..........
Mamãe se abaixa, nem mesmo tentando ser sutil quando tira do bolso do
avental um pequeno biscoito marrom e entrega para Winnie. Senhor, a
mulher nem sequer tem um cachorro e tem biscoitos de cachorro em seu
avental de jardinagem. — Ok, garota. — Ela descansa as mãos nos
quadris. — Coloca tudo para fora.
Levanto-me, tirando a sujeira da minha bunda e ajustando minhas
luvas. — Colocar o que para fora?
Seus olhos se estreitam e ela cobre meu queixo, deixando uma mancha
de sujeira lá enquanto ela inclina meu rosto para o sol. —Você está
diferente hoje.
Eu prendo a respiração, sentindo meu rosto começar a esquentar na
mão dela. Seus olhos relaxam, expressão amolecida. — Coloca tudo para
fora, querida.
— Na outra noite, Josh e eu... — Eu dou de ombros.
Ela morde os lábios antes de dizer, — Eu sabia.
— Oh, vamos lá. Você não sabia. Nem eu sabia.
— Intuição de mãe.
— Eu acho que isso é um mito.
Ela gargalha como se eu fosse uma idiota. — Pelo menos foi divertido?
— Acho que sim? Eu estava bêbada, mas pelo que eu lembro foi muito
bom, sim.
Mamãe cantarola e puxa uma pequena erva onde ela vê perto de seu
sapato.
Eu gemo. Eu pensei que dizer a ela me faria sentir melhor, mas eu
ainda me sinto toda torcida por dentro. — E as coisas já estão diferentes.
Decidimos que eles não ficariam, mas...
— Vocês ‘decidiram'? Oh, crianças. — Ela ri enquanto pega a pequena
pá e um pacote de raiz de repolho, e inclina o queixo para eu segui-la até
o próximo canteiro de flores. — Querida, isso não é algo que você possa
decidir. Sexo muda as coisas.
Nós nos agachamos ao lado da terra recém-virada, e eu tiro um
conjunto de raízes da embalagem, entregando-a a ela uma vez que ela
cavou um pequeno buraco. — Mas eu não quero que as coisas mudem, —
eu digo.
Mamãe descansa a mão suja no joelho onde está agachada sobre, e se
vira para olhar para mim. — Mesmo? Você quer que seja assim entre
você e Josh para sempre? Arrumando encontro ruins um para o outro?
Chegando em casa para apenas Winnie?
— E Vodka, Janis e Daniel Craig.
Ela ignora meu mecanismo de defesa de humor e abre outro buraco,
estendendo a mão para outro cubo de terra e raiz.
— Eu não sei como explicar isso, — acrescento calmamente,
entregando a raiz.
— Experimente.
— Josh sempre foi essa pessoa que eu admirei. Quero dizer, ele é lindo,
todos nós sabemos disso. Mas ele também tem esse tipo de inteligência e
equilíbrio, e é emocionalmente controlado. Eu nunca fui capaz de lidar
com esse tipo de calma, mas ele tem isso tão naturalmente. — Eu enfio a
ponta da pequena pá no chão. — E como amigo? Ele é simplesmente...
adorável. Fiel e consciente e gentil e pensativo. Eu meio que adoro ele. —
Mamãe ri e eu lhe dou outro montão de raízes. — Eu sei que sou como o
Chiqueirinho em Charlie Brown, e tenho caos ao meu redor, mas é como
se ele nem se importasse. Ele não precisa que eu mude ou finja ser outra
pessoa. Ele é minha pessoa. Ele é meu melhor amigo.
Mamãe se endireita, examinando seu trabalho. — Eu não sei, querida,
isso parece maravilhoso para mim.
Um traço escuro de ansiedade passa por mim. — E é. Era. Mas então
nós fizemos sexo. O problema é que eu sei, em algum nível instintivo, que
não sou a pessoa certa para Josh. Eu sou confusa e boba e volúvel. Eu
esqueço de pagar contas e canto músicas para o meu cachorro em
público antes de perceber o que estou fazendo. Passei um verão inteiro
discutindo com o conselho da cidade sobre não poder ter galinhas no
meu apartamento, e se lembra daquela vez que comprei todos aqueles
balões porque eles eram um centavo cada um e então eu nem conseguia
colocar no meu carro? Eu sei, sem dúvidas, que esse não é o tipo de
mulher que ele precisa.
Um pouco de fogo cintila nos olhos dela. — Como você pode dizer
isso?
Eu dou de ombros. — Eu o conheço. Ele me ama como amiga. Talvez
como uma irmã.
— Ele fez sexo com você, — mamãe me lembra, e eu sinto a memória
como um pulso no meu peito. — Na maioria dos lugares, isso não é uma
coisa de irmã fazer. Hazel, querida, você está apaixonada por ele?
Sua pergunta bate em mim e eu não tenho idéia do porquê. Nós
estávamos a caminho disso por toda essa conversa. Eu pressiono minhas
mãos no meu estômago, fazendo um balanço do que está lá e tentando
traduzir a dor em palavras. — Eu não estou, você sabe, porque eu acho
que há uma falha de segurança em algum lugar aqui dentro. Eu não acho
que eu voltaria disso.
Mamãe assente com a cabeça, seus olhos suavizando. — É estranho
que eu nunca tenha tido um desses? Eu nunca tive um amor que pudesse
me consumir. Eu quero saber como é esse tipo de fogo.
— Eu não tenho certeza se eu quero isso. Se eu colocar meu coração
nas mãos de alguém e ele seguir em frente, acho que isso me destruiria.
Mamãe se levanta, passando um polegar enlameado ao longo do meu
queixo. — Eu entendo, querida. Eu só quero que você tenha o mundo. E
se o seu mundo é Josh, então quero que você seja corajosa e vá atrás dele.
— Porque você é minha mãe.
Ela acena com a cabeça. — Algum dia você vai entender.
QUINZE
JOSH
Embora ela pareça uma pessoa consciente e amável, não estou mais
confiante de que ela seja boa para o Josh. Para ser honesta, talvez seja
hora de admitir que não sou uma boa casamenteira - nós tivemos muitos
insucessos.
Estamos jantando em um dos restaurantes de John Gorham, o Tasty n
Sons. Toro Bravo é provavelmente o meu restaurante favorito em
Portland, mas eu nunca fui a esse restaurante dele, e eu propositalmente
não comi nada desde o café da manhã para que eu pudesse encher minha
boca e exigir que Josh me levasse para casa em um carrinho de mão, com
encontro ou sem encontro.
Quando eu a pego, Sasha parece fantástica. Ela está vestindo jeans
pretos e uma camiseta vermelha fofa que deixa seus peitos lindos. Bom
trabalho, cânhamo! Seu cabelo está preso em algum tipo de trança de
Rapunzel que parece pesar cerca de trinta quilos. Quando entramos no
restaurante lotado, as cabeças se viram. Tenho certeza de que, se Josh e o
cara que ele está trazendo - alguém chamado Jones - não aparecer, Sasha
e eu poderíamos ter uma noite bem legal só de garotas.
Mas uma mão sobe na parte de trás do restaurante e acena para nós;
claro que Josh já está aqui.
— Oh meu Deus, é ele? — Sasha se inclina para o lado, olhando para a
mesa onde Josh está agora. Eu começo a concordar que sim, eu sou a
mais generosa estudante de yoga de sua classe e ela deveria me dar um
desconto, mas então a pessoa ao lado dele se levanta também, e oh.
Minha cabeça fica em branco por um, dois, três, quatro respirações.
Eu já conheço "Jones."
Ele não é o Jones Algumas Coisa. Ele é o Tyler Jones.
Eu raramente tenho momentos que me deixam sem palavras, mas este
é um desses. Tyler foi meus seis meses. Seis meses juntos seguidos por
anos dele me manipulando estudiosamente para pensar que poderíamos
voltar a ser algo algum dia para que eu pudesse dormir com ele de novo e
de novo.
Josh sabe sobre Tyler, mas não a extensão dos jogos que ele jogou, e
sem dúvida Josh não tem idéia de que meu ex Tyler é o amigo de
academia que ele chama de Jones.
E droga, Ty parece bem. Ele ainda tem aquele cabelo macio e loiro de
skatista que cai sobre o olho esquerdo dele. O sorriso que faz meus
joelhos ficarem bambos não mudou com o tempo, a cicatriz no queixo
ainda é a melhor maneira de melhorar o rosto, e ele ainda é insanamente
alto sem um bom motivo. Hoje à noite ele tem uma camiseta de flanela
bem usada e calças de brim perfeitamente surradas que cobrem o que eu
sei ser um pau mágico. Aposto que debaixo da mesa eu veria o seu
requerido Chuck Taylors preto e no bolso de trás dele estava o boné dos
Yankees. É como andar de volta à minha vida de seis anos atrás.
O sorriso é apagado do rosto de Tyler quando ele me vê e se move em
volta da mesa. Ele empurra seu caminho através da multidão, vindo para
mim como um predador, e eu sou a presa sem habilidades de
sobrevivência - apenas enraizada no lugar. Sasha fez seu caminho até
Josh e eu suponho que eles estão fazendo as apresentações sem nós,
porque tudo que eu posso realmente ver é Tyler se aproximando,
cabeças girando porque - vamos encarar - ele é um homem gostoso em
uma missão. Antes de decidir se vou ficar, ou me virar e correr, seus
braços estão em volta da minha cintura e eu estou fora do chão com o
rosto pressionado no meu pescoço enquanto ele diz meu nome, e diz
outra vez, e outra vez.
Hazel, Hazel, Hazel.
Oh meu Deus.
Puta merda, o que você está fazendo aqui?
Como você está?
Eu não tinha ideia de que seria você!
Puta merda. Puta merda. Puta merda.
Os olhos de Josh encontram o meu amplo olhar sobre o ombro de
Tyler, e eu posso vê-lo tentando entender isso. Sem contexto, deve
parecer um inferno de uma saudação para duas pessoas que não se
conhecem. Suas sobrancelhas se franzem em questão, e eu digo um
simples Tyler sem emitir um som.
Eu posso distinguir o palavrão daqui. Tyler Jones? seus lábios dizem
em seguida, e eu aceno.
Sasha coloca a mão em seu braço para redirecionar sua atenção de
volta para ela, mas eu posso dizer que ele está apenas dez por cento lá. A
cada segundo ele olha para mim e eu o observo como se ele pudesse de
alguma forma me orientar sobre o que fazer aqui.
— Eu não posso acreditar que é você, — diz Tyler, colocando meus pés
de volta no chão, colocando as mãos na minha mandíbula, e se
inclinando, assim estamos cara-a-cara.
Eu mordo meu lábio, me afastando um pouco porque tenho a nítida
impressão de que ele está prestes a me beijar. — Foi... uma surpresa para
mim também.
— Sério? — Sua boca assume uma curva habilmente cética. — Eu
pensei que Josh tivesse dito a você quem você estava encontrando.
— Sim, mas... eu nunca te conheci como 'Jones'.
Só agora ocorre a ele que eu não estava tentando surpreendê-lo com
esse encontro "cego", e que eu não tinha ideia de que ele estaria aqui.
Deus, é tão típico de Tyler pensar que tudo isso foi orquestrado para ele.
Ele se abaixa novamente, encontrando meus olhos. — Espero que seja
uma boa surpresa?
Isso me abala um pouco, essa demonstração de hesitação.
— Eu ainda estou decidindo — digo a ele. — A última vez que te vi,
você estava saindo do meu quarto sem dizer adeus. Você partiu para a
Europa no dia seguinte com a pessoa que mais tarde percebi ser sua
namorada.
Seus olhos seguram os meus, e ele está balançando a cabeça o tempo
todo que eu estou falando, como se minhas palavras fossem presentes
concedidos por uma deusa benevolente. — Eu era um merda. Eu era um
merda total para você, Hazel, e isso me assombra todos os dias. — Tyler
solta um suspiro trêmulo e parece genuinamente devastado. — Caramba,
eu não posso acreditar que você está aqui.
Ele me puxa de novo para seu peito e minha expressão de surpresa é
esmagada contra seu torso.
Meus dedos estão tremendo quando sua mão gigante os engole e ele
me puxa, levando-me de volta para a mesa onde Josh e Sasha estão
sentados e pedindo bebidas. Eu chego bem quando Josh está dizendo, —
Eeee a mulher chegando agora vai ter um Bulleit duplo com gengibre. —
Ele encontra meus olhos e acrescenta, — Em um copo pequeno.
Josh sabe que preciso beber tudo de uma vez agora. Deve estar escrito
em todo o meu rosto.
— Josh, cara! — Tyler bate na mesa e os saleiros e salgadinhos se
batem. — Você não me disse que Hazel é Hazel Bradford! Você sabia que
ela é o amor da minha vida?
O queixo de Josh cai no chão, e eu também quero gargalhar
cordialmente com a declaração de Tyler. Quantas Hazels ele conheceu
em sua vida? Eu também quero soltar um grito de banshee alto o
suficiente para quebrar todas as janelas do estabelecimento.
— Nós ficamos juntos por dois anos e meio, cara, — diz Tyler, e
quando eu começo a corrigir esse cálculo, ele vê Sasha e pede desculpas
por ser rude (Tyler? Pedindo desculpas por desprezo social?) chegando a
apertar sua mão com aquela que não está enrolada na minha. —
Desculpe, desculpe. Eu sou o Tyler.
— Sasha, — diz ela, atordoada, como se fôssemos tão fascinantes
quanto a televisão quando foi inventada.
— Estou totalmente enlouquecendo agora. — Tyler olha para mim e
limpa a mão livre na testa como se estivesse suando pelo choque de tudo.
— Josh e eu trabalhamos juntos às vezes. Eu não tinha ideia de que ele
estava me juntando com a minha ex. Eu tenho pensado sobre essa
mulher todos os dias nos últimos quatro anos.
Eu nem sei como absorver esses superlativos, então eu apenas dou a
ele um sorriso apertado e sento em frente a Josh, que está olhando para
mim com uma intensidade tão singular que eu me preocupo que ele
esteja queimando um ponto vermelho na minha testa.
A entrega de nossas bebidas, e o tempo que Tyler leva para pedir uma
para si, me dá alguns segundos de oxigênio e espaço para a cabeça.
..........
..........
..........
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Assim que ele vai embora, nós dois caímos de volta na grama e olhamos
para as nuvens agitadas.
— Pode chover, — eu digo.
— Essa nuvem parece uma tartaruga.
Eu sigo para onde ela está apontando. — Parece uma tigela de pipoca
para mim.
Ela responde a isso com um simples — Eu sinto que você e Tyler não
gostam mais um do outro.
Virando a cabeça para o lado para olhar para ela, eu digo, — O que faz
você pensar isso?
— Houve alguma coisa de testosterona acontecendo agora.
— Sobre ele te chamando de ‘querida’? — Eu olho para o céu. — Eu
não sei, eu acho que ‘querida’ é o apelido mais horrível do mundo.
Isso pode ser hipérbole; eu só não gosto de Tyler hoje.
— Você nunca chamou alguém de ‘querida’? Nem mesmo Tabby?
— Nem mesmo Tabby.
Ela faz um pequeno ruído pensativo ao meu lado e depois fica quieta.
— Você se divertiu em seu encontro na outra noite? — Eu pergunto.
Eu posso ouvi-la sorrir quando ela diz, — Você quer dizer, antes de
você aparecer?
— Sim.
— Estava tudo bem. Eu não estava me sentindo ótima, e ele realmente
gosta de relembrar sobre os velhos tempos, mas parece que ele está se
esforçando tanto, eu realmente não quero iludir ele.
Quando eu não respondo, ela acrescenta, — Acho que você está certo
de que vale a pena lhe dar outra chance.
O ar ao meu redor fica parado. — Quando eu disse para lhe dar outra
chance?
Seu pescoço fica vermelho e ela olha para mim com a testa franzida. —
Na manhã seguinte... da última vez que nós... você disse para lhe dar
outra chance.
Me empurrando para cima em um cotovelo, eu olho para ela. — Eu
disse que se é onde está sua cabeça está, então vale a pena lhe dar outra
chance. Era sobre você, e o que você precisa explorar, não sobre ele e o
que ele merece ou o que eu acho que você deveria fazer.
Ela absorve isso por algumas respirações silenciosas antes de se
afastar. — A coisa estranha sobre o nosso jogo de namoro é que me faz
sentir que preciso sair disso com alguém no final.
Eu olho para ela, para os poucos fios de cabelo que se soltaram de seus
coques, e do jeito que eu posso dizer que ela não se incomodou em se
maquiar esta manhã e ela ainda parece impressionante.
— Eu acho que nós dois sabemos que isso é besteira.
Ela acena com a cabeça. — Eu sei. Mas é um sentimento.
— E mesmo que isso fosse verdade, não tem que ser com Tyler, — eu
lembro a ela.
Ela se vira para mim novamente, e seu olhar se arrasta para a minha
boca. — Não. Não tem que ser com Tyler.
VINTE
HAZEL
..........
— Então, volta um pouco. Josh te deu um boné e foi aí que você decidiu
que está apaixonada por ele?
Eu deixo cair um abacate no meu carrinho de compras e rosno para
Emily. É um feriado escolar e parece que estou lutando contra algum tipo
de problema estomacal, então convidei-a a se juntar a mim para ir no
mercado essa manhã. Talvez um pouco cedo demais, a julgar pela
expressão dela. — Você está prestando atenção?
— Acho que sim, mas meu cérebro ainda está em espiral desde as
primeiras palavras que saíram da sua boca há meia hora.
Ela tem um ponto justo. A primeira coisa que eu disse quando ela
entrou em Giuseppe, meu carro, foi "Eu estou apaixonada por seu irmão, e
eu preciso que você me diga se eu tenho uma chance".
Emily ficou em silêncio por cerca de dez segundos de boca aberta
antes de exigir que eu começasse do começo.
Mas quando foi o começo?
Foi o começo quando eu vi Josh pela primeira vez em uma festa há dez
anos e havia algo sobre ele que apenas... me encantou? Ou foi o começo
quando ele veio e fizemos argila e descobrimos que Tabby estava o
traindo?
Ou foi o começo da noite bêbada no meu apartamento, ou a noite
sóbria, sonolenta e carinhosa na minha cama?
Faz apenas seis meses desde que começamos a sair, mas já parece que
ele é esse redwood na floresta da minha vida, e então começar do começo
é desconcertante.
Eu comecei com a noite em que ele trouxe Tyler para o Tasty n Sons.
Ela já sabia muito disso - como eu tinha sido pegada de surpresa, como
estava em conflito. Claro, agora eu sei que estava em conflito porque
estou fodidamente amando Josh Im, mas na época parecia muito mais
complicado. E eu detalhei tudo - do meu choro, a Josh aparecendo do
nada, ao sexo noturno e na manhã seguinte, quando parecia que minha
cabeça estava cheia de bolas de algodão e Josh me disse para dar outra
chance a Tyler.
Eu rosnei novamente. — Tyler tinha acabado de me dizer como eu
estava sendo constrangedora, e então Josh apareceu com esse boné
idiota — aponto para ele, ainda empoleirado na minha cabeça — e me
disse que eu parecia ridícula e para nunca tirar isso. Você não entende?
Emily para perto de uma exibição de bananas. — Sim. Entendi.
— E? Josh vai esmagar meu coração como uma uva debaixo de uma
bota?
— Você quer saber, — ela diz cuidadosamente, — Se Josh está
apaixonado por você também?
Eu concordo. Meu coração está subindo do meu peito para a minha
garganta. Eu não acho que eu poderia dar outra palavra com a pergunta
colocada tão claramente no espaço entre nós.
— Eu sei que Josh tem sentimentos por você. — Ela muda sua cesta
para o outro braço. — Eu sei que ele estava tentando descobrir o que eles
eram, e onde você estava com isso. — Emily estremece. — Eu não quero
lhe dar falsas esperanças e dizer que eu acho que ele sente o mesmo,
porque ele tem sido muito cuidadoso em não ser muito... descritivo de
seus sentimentos quando fala comigo.
Eu gemo.
— Por que você não pergunta a ele?
— Porque eu sou uma covarde? — Eu digo, o que eu achei que já
estava bem estabelecido. Quando ela não morde a isca, eu tento de novo.
— Porque pedir pode arruinar tudo.
— Hazie, você sabe que eu odeio estourar sua bolha, mas eu não acho
que as coisas vão ser como eram antes de qualquer maneira. Vocês já
fizeram sexo. Duas vezes. A maioria dos amigos não faz sexo, ponto final.
— Franzindo a testa, ela se vira e começa a andar novamente. — O que
me lembra, eu preciso pegar alguns absorventes.
A cor do produto em uma caixa ao longo do corredor fica toda
ondulada nas bordas, e a rachadura perto dos meus pés não se registram
no meu cérebro até que Emily esteja lá, curvando-se para colocar as
coisas de volta na minha cesta, olhando para mim de onde ela está
ajoelhada. — Hazel.
— Oh meu Deus. — Meu coração é um punho, socando socando
socando, e uma sensação de ficar de cabeça para baixo se agarra ao meu
estômago.
Ela fica de pé, segurando minha cesta, e eu não posso me concentrar
em seu rosto porque meu coração está batendo nos meus olhos.
— Você está bem?
— Não. — Eu fecho meus olhos, tentando limpar o filme de pânico da
superfície. Os abrindo, eu encontro o olhar de Emily. — Eu não menstruo
em... dois meses.
VINTE E UM
JOSH
J— Estou fora. Dave deve estar em casa em breve. Se Umma lhe deu
arroz, não o deixe aqui. Eu não preciso de nenhum.
E.
..........
Nas últimas vinte e quatro horas, carreguei por aí o papel mais precioso
que já segurei. No bolso do meu jeans, tenho certeza que vai se dobrar
em mil pedaços. Minha bolsa é igual da Mary Poppins, então se eu colocar
lá, provavelmente nunca mais vou ver. Na palma da minha mão suada,
posso sentir o papel fotográfico fino ficando mole e se rasgando por
causa do manuseio, mas simplesmente não consigo colocá-lo para baixo.
Estou obcecada com essa foto de ultrassom. No momento em que o
coloco na mesa, ou mesa de cabeceira ou balcão, quero pegá-lo de volta e
olhar mais uma vez para o texto branco nas bordas pretas: Bradford,
Hazel 12 de novembro 9s3d E então meus olhos caem para o objeto de
maior interesse: minha minúscula bolha doce, uma figura branca e
nebulosa em um mar de preto salpicado. Nove semanas e três dias e já é
o amor da minha vida.
Eu pressiono minha mão no meu estômago, e meu pulso se agita. O
embrião na foto parece um ursinho de goma, enrolado em um delicado C.
Meu monstrinho, eu penso. Meu pequeno e doce monstro, com um
batimento cardíaco vibrante, pequenos brotos como membros e que é
metade eu, meio Josh Im.
Não é minha reação preferida, mas a náusea rola do meu estômago. Eu
tenho tempo suficiente para colocar meu precioso pedaço de papel para
baixo e ir direto para o banheiro antes de perder o biscoito e três goles
de água que eu tomei hoje. Acho que não foi um problema estomacal
depois de tudo.
Depois de escovar os dentes e quase vomitar de novo, volto para a
cozinha. Eu recebi uma mensagem de Josh perguntando se estou em casa
hoje.
Se eu não tivesse acabado de vomitar meus biscoitos, eu poderia tê-los
vomitado agora. Com uma mão trêmula, eu digito que sim.
Eu olho para a foto novamente, e meu coração parece muito cheio.
Depois de marcar uma consulta de última hora com meu médico
ontem e fazer um exame de sangue, depois uma ultrassonografia no
consultório - onde Emily segurou minha mão úmida e nós duas choramos
quando o monstro ficou claro - me dei vinte e quatro horas para digerir a
notícia, e pedi que Emily jurasse sigilo absoluto.
Sua resposta? “Eu já mandei uma mensagem para Dave e sinto muito
por isso. Mas se você acha que eu vou contar ao meu irmão que ele
engravidou na nossa melhor amiga, você está chapada.”
Hoje, liguei para uma substituta no trabalho e passei o dia inteiro
andando pelo meu bairro, olhando intermitentemente para a foto. Estou
apaixonado por ele.
Estou apaixonada por Josh.
E eu estou grávida.
Ontem, quando cheguei em casa, estava suada e em pânico e acabei
vomitando. Agora, quando olho para a foto, sinto-me exultante.
Bem, exultante com as coisas estranhas e exaustivas que estão
acontecendo no meu corpo agora. A Dra. Sanders me disse para não
pesquisar gravidez no Google - disse que é um campo minado de pânico -
e, em vez disso, ela me deu alguns panfletos e recomendações de livros.
Mas tenho certeza de que todas as pessoas a quem ela deu esse conselho
o ignoraram da mesma forma que eu ignorei. Infelizmente, a internet me
diz que é normal ficar cansada no primeiro trimestre.
Então, quando Josh bate na minha porta, eu estou de bruços no sofá,
uma perna jogada sobre as costas do mesmo. Tudo que consigo fazer é
gemer um — Está aberto.
Josh entra, tirando os sapatos. Ele cumprimenta Winnie enquanto ela
corre para ele. E apenas a visão dele no meu apartamento é um alívio que
eu até tenho que engolir um soluço.
Ele está carregando flores e vestindo minha camisa roxa favorita.
Empurrando para me sentar, percebo que não esperava Josh Chique. Eu
sou Hazel Cansada agora, usando uma velha camiseta da Lewis & Clark e
um short com salpicos de tinta, com meu cabelo enfiado em um coque
sob o meu boné de CHEESY.
Por algum motivo – algum motivo, ha! Gravidez - sinto minha garganta
apertar novamente. — Bem, você está bonito.
Franzindo as sobrancelhas, Josh caminha ao redor do sofá, sentando-
se ao meu lado, alcançando sob a aba do chapéu para colocar a mão livre
na minha testa. — Você está se sentindo bem?
Agora essa é a pergunta de um milhão de dólares. — Sim.
— Você parece…
Grávida? — Cansada?
Ele sorri. — Eu ia dizer ‘corada’.
Se eu vou dizer a ele que estou carregando o filho dele, deve ser fácil
começar com as admissões menores. Mas minhas palavras saem roucas,
— É provavelmente porque estou absurdamente feliz em ver você.
Seus olhos mergulham para meus lábios e, por sua vez, meu olhar se
desloca pelo seu rosto, pelo nariz, pela mandíbula, maçãs do rosto e
depois de volta para os seus olhos.
— Estou feliz em ver você também. — Josh se inclina para frente - ele
está um pouco sem fôlego - e pressiona um beijo na minha bochecha. Eu
escovei meus dentes, mas Deus, eu espero que eu ainda não cheire como
vomito. — Eu estive pensando em você o dia todo.
Ele esteve? Um raio atravessou meu peito.
— Hum. Eu também.
Ele ri disso como se eu estivesse brincando e fica de pé, indo até a
cozinha para encontrar um vaso para as flores.
— No forno, — eu digo a ele... o que poderia significar tantas coisas
agora.
O som voa pela cozinha - sem dúvida Josh congelou e está
silenciosamente aceitando isso - mas então o rangido da porta do forno
rompe o silêncio, e eu ouço um suave, — Hmm.
— Se eu as colocar em cima da geladeira, — eu explico, — Vodka
pousa nas bordas e derruba elas.
Ele liga a torneira e ouço a água enchendo o vaso. — Faz sentido.
Mas faz? Faz sentido colocar meus vasos de flores no forno que não
está em uso, para que meu papagaio não os derrube? Essas são as coisas
que outras pessoas podem questionar - mas não Josh.
Ele nunca, nem uma vez, me pediu para ser alguém que eu não sou.
Quando ele retorna, suas mãos estão livres, e ele retoma seu lugar ao
meu lado no sofá, puxando minhas pernas em seu colo. Pela primeira vez
em nossa amizade, quando suas mãos sobem sobre minhas pernas, estou
intensamente consciente do quanto não é eu estou.
Eu deixo escapar, — Eu não me depilei hoje.
Sua mão corre até minha canela mesmo assim. — Eu não me importo.
— Eu tomei banho, mas depois... — Eu aponto para a minha cabeça, e o
chapéu empoleirado lá. — Deixei como está.
— Eu não me importo com sua aparência. — Suas mãos voltam para
baixo e polegares fortes cravam no arco do meu pé. Meus olhos se
cruzam um pouco de prazer.
Isso é novo. Esse tipo de toque e os sorrisos desajeitados e hesitantes.
Eu sei porque estou sendo uma idiota desajeitada - estou grávida e
apaixonada - mas por que ele está?
— O que há com você? — Eu pergunto baixinho. — Por que você está
me massageando e me trazendo flores e parecendo particularmente
adorável?
Limpando a garganta, ele olha para onde suas mãos trabalham nos
meus pés. — Sim, sobre isso. — Ele olha para mim. — Você vai sair com
Tyler novamente?
Eu dou uma risada. — Negatório.
Ele balança a cabeça e balança a cabeça, e continua balançando a
cabeça enquanto seu olhar lentamente se move de volta para as minhas
pernas, até meus quadris, tronco, peito e rosto. — Bem, então você sairia
comigo algum dia?
Toda a minha vida eu assumi que tinha um coração dentro do meu
peito. Mas a força me batendo por dentro não pode ser apenas um único
órgão. Eu sabia que ele estava suficientemente atraído por mim para
fazer sexo - duas vezes - mas para querer sair comigo?
— Como em um encontro?
— Como em um encontro. — Sua mão se move para cima da minha
canela, sobre o meu joelho, em torno do interior da minha coxa, onde ele
faz círculos enlouquecidos com o polegar. — Mas só eu e você desta vez.
E assim, sou calor líquido. Meu coração pulou na minha garganta. —
Você quer ficar aqui esta noite?
Sem hesitar, ele responde, — Sim.
— Quero dizer, como uma festa de pijama sem pijama, nus.
Ele se inclina até que sua respiração se misture com a minha, e ele
gentilmente tira meu boné de beisebol, jogando-o no chão. — Eu sabia o
que você queria dizer.
Seus dedos liberam meu cabelo livre do coque, e ele encontra meus
olhos por apenas um suspiro antes de se inclinar o resto do caminho e
me beija até o choque sair dos meus olhos arregalados.
Não é o nosso primeiro beijo, mas de certa forma parece que é. Sim,
conheço a boca dele, mas nunca conheci essa emoção antes, o aperto
cuidadoso, a maneira como as mãos dele vêm para o meu rosto para que
ele possa me inclinar como ele quer, para que ele possa se inclinar para a
frente enquanto eu me inclino para trás até que ele está pairando sobre
mim no sofá, sua calça está lisa contra o interior das minhas coxas.
— Eu preciso te dizer algumas coisas, — eu digo contra seus lábios.
— Eu também.
— Coisas grandes, — enfatizo.
Ele concorda. — Vamos dizer todas as nossas grandes coisas depois,
ok? Não há pressa.
Eu tenho um pulso de ansiedade - eu realmente preciso contar a ele -
mas a conversa de eu estou carregando seu bebe é uma conversa bastante
intensa e seu corpo parece concordar com a metade inferior do meu que
o sexo pode vir em primeiro lugar, sem problema. Além disso, não é
como se eu pudesse engravidar outra vez.
Minhas roupas parecem se dissolver assim que ele as toca. Eu não me
lembro realmente de tirar minha camisa. Meus shorts são arrastados
pelas minhas pernas.
Nossos olhos se encontram e eu tenho certeza que ele pode ver a
mania nos meus porque ele sorri e então se transforma em uma risada
quando minha boca se abre quando ele desabotoa sua camisa - muito
devagar. Eu começo de baixo, encontrando suas mãos no meio, e juntos
nós a empurramos para fora de seus ombros. Eles estão quentes e duros
sob minhas mãos quando eu tento puxá-lo de volta sobre mim, mas ele
resiste, deslizando as calças e chutando-os em uma poça no chão.
— Josh?
Ele se curva, beijando meu pescoço, cantarolando. — Hazel?
— Isso é uma coisa do tipo 'Ha ha, nós vamos fazer isso só três vezes'?
— Não para mim, — diz ele, e quando sua boca encontra minha
clavícula, ele raspa seus dentes através dela. — Para mim, é uma coisa do
tipo 'vamos fazer isso de novo e de novo'. — Ele me beija uma vez,
levemente na boca. — Eu quero que nós fiquemos juntos. Não apenas
como amigos. OK?
Dentro de mim, há um punho enrolado em volta do meu coração,
apertando. — Sim.
— Mas eu não quero fazer isso no sofá.
— Tipo, nunca?
Ele dá pequenos beijos no meu queixo, meu pescoço, minha orelha. —
Algum dia, com o tempo vamos batizar cada móvel daqui, mas agora... —
Ele se afasta, levantando o queixo em direção ao quarto.
Eu imagino uma nuvem de poeira de desenhos animados atrás de mim
enquanto eu praticamente corro para lá. Josh, é claro, faz uma
aproximação mais calma e entra alguns segundos depois de eu me lançar
no centro do colchão. Meu nível de energia se recuperou
milagrosamente.
— Eu não quero me sentir como se estivesse arrastando você até aqui,
— ele brinca.
Mas meu sorriso é apenas um lampejo, porque tudo fica muito intenso
assim que ele põe um joelho no colchão e sobe na minha cama, entre
minhas pernas.
Josh Im.
Josh Im está na minha cama, prestes a ficar nu, e - pela aparência das
coisas - prestes a me foder muito, muito bem.
— Estou preocupada que eu possa fazer muito barulho hoje à noite, —
eu falo, sem fôlego.
— Isso não seria uma coisa ruim. — Suas mãos reduziram o meu foco
para apenas isso: a sensação de seus dedos arrastando minha calcinha
pelas minhas pernas. O jeito que ele olha para mim. O calor de suas
palmas sobre meus joelhos, os espalhando enquanto ele se ajoelha.
A corda com nós dentro de mim começa a desdobrar-se, soltando-se
quando me pergunto se essa gravidez não é nem um pouco ruim. Pode
ser a melhor coisa. Imagino amanhã de manhã, como ele poderia sair da
minha cama, ainda nu, com o cabelo em pé como uma floresta de seda. Eu
imagino beijá-lo, me distrair e esquecer o que eu deveria estar fazendo
antes de me lembrar de novo.
O resto do pensamento é interrompido quando suas mãos deslizam
para cima e para baixo em minhas pernas, me atormentando, puxando o
peso pesado para baixo em minha barriga, me deixando tão faminta para
ele me tocar que eu sofro. Eu me levanto em um cotovelo, querendo
retaliar a provocação, e ele ri em uma respiração apertada e incrédula
quando meus dedos vão até ele, acima de sua cueca. Ele está quente na
minha mão, aço pulsante.
— Você está tão duro. — Eu sou ótima em afirmar o óbvio.
Ele observa minhas mãos enquanto eu puxo o elástico para baixo, mas
ele não faz o que eu espero depois que ele tira a cueca. Ele não se levanta
sobre mim e se acomoda entre as minhas pernas. Ele se abaixa, beijando
o interior de cada joelho, uma coxa e depois a outra. Sua respiração é
quente quando ele sobe de novo - a poucos centímetros de distância de
onde meu batimento cardíaco se instalou - e ele olha para o meu rosto
entre as minhas pernas.
— Tudo bem?
— O que? Sim. Claro. Sim. — Francamente, é uma luta não agarrar o
cabelo dele e puxá-lo para baixo.
Ele sorri, mas não é um sorriso que eu já vi antes. É um sorriso
perigoso; ele é um vilão de cinema, o sedutor, aquele que te rouba, mas te
fode muito bem primeiro.
E então ele se abaixa e me beija entre as minhas pernas, e meu corpo
se torna uma bomba.
Ele coloca pequenos beijos – do lugar mais baixo, onde eu estou
molhada e dolorida, até o pavio que ilumina sob a pressão doce de sua
boca. Eu posso sentir quando ela se abre, sentir o calor de sua expiração
em todo o lugar mais sensível quando ele geme. Sua língua afasta minha
sanidade, mas perde o lugar onde eu mais preciso - intencionalmente -
deslizando ao redor e ao redor, mergulhando dentro de mim e, em
seguida, se arqueando para cima, provocando, focando em seu alvo.
Lentamente, sedutoramente circulando.
A tensão no meu corpo é tão forte e eu sinto uma necessidade tão
profunda que é quase dolorosa. Eu preciso de sua língua lá, e eu o quero
dentro de mim, e eu sinto que quero sair da minha pele, estou tão
desesperada para senti-lo.
— Por favor.
Ele se afasta apenas um pouco e eu choramingo em tormento quando
ele beija minhas coxas novamente, falando para elas. — Hmm?
— Josh. — Minha mão vai para seu cabelo, pressionando comandos
silenciosos de rádio para o cérebro abaixo: Me chupe. Me chupe.
— Eu poderia ficar louco aqui.
Minha outra mão mergulha no meu próprio cabelo, puxando para me
impedir de gritar. Eu solto um apertado, — Quero dizer, isso seria bom.
Sua boca pressiona quente contra o topo da minha coxa, e sinto
minhas pernas tremendo contra suas mãos enquanto ele sussurra, —
Não é bom quando eu tomo meu tempo?
— Oh. Oh meu Deus, sim, é bom. — Eu pareço ter corrido uma
maratona.
— Você parece seda em minha boca. — Meu cérebro derrete dentro do
meu crânio com suas palavras e o calor delas em toda a minha pele, e
Josh - a fera – dá um chupão na parte interna da minha coxa. Eu juro que
ele está sorrindo quando ele diz, — Você está tremendo.
— Eu sei... é porque eu quero... — Um soluço parece subir na minha
garganta com a força deste desejo, e meu batimento cardíaco está por
toda parte, batendo contra a minha pele.
— Você quer...? — Ele volta para onde eu queria, olhos fechados, e a
sucção extrai qualquer coerência de mim.
Eu já fiz sexo oral antes, mas nunca desse jeito. Nunca com tal foco, tal
precisão. Sua boca se fixa sobre mim, sugando suavemente enquanto ele
geme. Ele não me provoca nem lambe, não empurra seus dedos em mim.
Ele apenas permanece ali, mas parece ser apenas uma questão de
segundos antes que eu sinta uma mudança dentro de mim, uma maré
entrando e uma onda se formando. Quando ele geme - um som
espontâneo e encorajador - eu me inclino, caindo com a cabeça
pressionada de volta no travesseiro e meu corpo todo se enrolando de
prazer.
Eu fico não-verbal por uns bons trinta segundos depois, deitada na
cama em uma pose que eu realmente espero que pareça uma Deusa
Saciada do que uma Mendiga Deflacionada, mas eu não me importo. —
Essa foi a experiência sexual mais entorpecente da minha vida.
Ele ri em um beijo na minha coxa. — Que bom.
— Eu não quero saber onde você aprendeu essa técnica em particular.
Josh não se incomoda em discutir, ele apenas beija o meu umbigo até
meus seios, onde ele para e fica um pouco enquanto meu cérebro retorna
da órbita. Meus seios são macios e sensivelmente sensíveis, mas o gentil
ataque de sua língua e suas mãos parece fazer com que meu corpo se
esqueça de que eu acabei de gozar a menos de dois minutos atrás. Eu
puxo seus ombros, impaciente.
— Aqui em cima.
— Eu gosto de estar aqui, — diz ele entre os meus seios, mas ele vem
até mim de qualquer maneira, ajoelhado entre as minhas pernas. Ele
hesita, e então, — Nós poderíamos usar camisinha também, se você
quiser? Eu não quero que você sinta que isso é tudo sua
responsabilidade.
Faço um esforço para não deixar uma risada minúscula e histérica
explodir, seguida por um Bem, agora que você mencionou... — Tudo bem,
— eu digo em vez disso.
— Tem certeza?
Eu engulo. Amanhã. — Sim.
Ele permanece ajoelhado ali, olhos vagando pelo meu corpo, mãos
subindo e descendo pelas minhas coxas. — Eu queria isso há algum
tempo agora. — Pausando, ele acrescenta, — Quero dizer, esse tipo de
sexo.
O punho gentil ao redor do meu coração se aperta. — Eu também.
Sua voz está rouca de frustração, talvez por todo o tempo
desperdiçado. — Por que você não me contou?
— Por que você não me contou?
— Eu pensei que você queria Tyler.
— Eu pensei que você ficaria melhor com... outra pessoa.
Suas sobrancelhas se franzem. — Quem?
— Apenas alguém menos Hazel.
Josh franze a testa para mim. — Podemos falar sobre isso?
— Nós não podemos fazer isso depois do sexo? — Porque suas mãos
não pararam seu circuito lento para cima e para baixo nas minhas coxas,
para cima e para baixo, e sobre meus quadris e eu estou derretendo nos
lençóis.
— Não. Você está me ouvindo?
— Só um pouco.
— Você é perfeita pra mim.
Uma estrela nasce dentro da minha caixa torácica. — Eu sou?
Ele assente com a cabeça, me prendendo com sua atenção. — Você é.
Ele olha para o meu rosto por mais algumas respirações antes de
retomar sua leitura visual do meu corpo nu. Pairando acima de mim, ele
é uma estátua: ombros largos, peito volumoso e liso. O cabelo preto e
macio no baixo do umbigo, e seu pênis - perfeito, saliente para cima. Isso
traz à mente barras de aço, vigas em I, engenharia de precisão e...
Suas palavras saem baixas, — Você está encarando.
— Porque você é perfeito ali.
Eu amo o jeito que o sorriso dele sai em sua voz. — 'Ali'?
— Em todos os lugares, mas... ali, em particular. — Eu aponto, e ele
pega a minha mão, levantando-a sobre a minha cabeça e prendendo-a no
travesseiro enquanto ele se inclina sobre mim. Seu pau toca o interior da
minha coxa. — Eu estava pensando que você tem a forma de meu
vibrador favorito.
— Esse é um elogio que eu não ouvi antes.
Eu abro minha boca para responder, mas ele se curva, me beijando
uma vez. — Haze, eu te amo, mas vou perder a cabeça se não entrar em
você em breve.
Nós dois ficamos imóveis e suas palavras saltam pelo espaço entre
nós.
Ele me ama?
Eu olho para ele, e a bolha rolante de emoção sobe da minha barriga,
através do meu peito e até a minha garganta. Eu mordo meu lábio, mas
nem meus dentes conseguem prender meu sorriso. Ele escapa e Josh vê,
e seu sorriso de resposta é aliviado a princípio, mas depois cai em foco
sério.
— Eu amo, você sabe, — diz ele.
A emoção crua pinta sua expressão. Eu sinceramente nunca vi
ninguém me olhar desse jeito... é mais que desejo. É necessidade.
Minha mão vai até a parte de trás do seu pescoço, para puxá-lo para
baixo assim que ele está caindo sobre mim e sua boca cobre a minha com
um gemido silencioso. Com uma mudança de seus quadris para frente,
ele está pressionando em mim, e nós dois choramingamos quando ele
desliza para dentro, profundamente.
Não é gentil ou lento, nem mesmo no começo. Seus quadris balançam
nos meus e logo eles estão batendo enquanto ele grunhe a cada
empurrada. Josh se levanta com um gemido, enganchando minhas pernas
sobre seus braços e me abrindo mais. Seus sons são rítmicos e roucos, e
algo sobre eles – o rangido e a vibração do prazer de Josh - deixa meu
corpo ainda mais selvagem. Ele roça sua pélvis na minha, fodidamente
rápido...
— Jimin.
Seu ritmo falha, e sua risada sai como uma explosão de ar contra o
meu pescoço. — Essa foi, — ele está sem folego, — a primeira vez que
você disse o meu nome certo.
Eu estaria comemorando, mas meu orgasmo está bem ali bem aqui e
minhas costas se afastam do colchão quando começo a gozar. Josh
grunhe palavras suaves e encorajadoras enquanto o prazer irrompe
através de mim, continuando, e continuando, e finalmente eu o sinto
flexionar em todos os lugares - dentro de mim, sob minhas mãos e contra
minhas coxas. Eu ouço o ar se prender na garganta dele, seu aliviado —
Sim, — e então ele está tremendo através de um longo gemido,
pressionado tão profundamente dentro de mim.
Com cuidado, ele solta minhas pernas e abaixa o corpo para que
fiquemos peito a peito suado. Josh me beija através de respirações
afiadas e irregulares. — Eu planejei que isso fosse mais fazendo-amor e
menos... foda-desesperada.
Uma emoção minúscula percorre o caminho do meu corpo com o raro
palavrão saindo dos seus lábios. — Você não ouvirá reclamações de mim.
Cuidadosamente, ele se afasta, observando a retirada de seu corpo
enquanto observo seu rosto. Eu amo sua pequena carranca, seu pequeno
grunhido quando ele desliza de mim.
Sua carranca se aprofunda e ele abaixa uma mão, me tocando. — Eu
machuquei você?
— Não?
Ele olha para cima. — OK. Tem certeza? — Ele levanta os dedos. —
Você está sangrando.
..........
Na cama de Hazel, durmo igual uma pedra. Eu não acho que eu sequer
sonhei, ou se eu sonhei, foi apenas uma série de flashes nebulosos de seu
corpo, e sua risada, e o calor irreal dela em volta de mim a noite toda.
Nós acordamos com a explosão de seu alarme, emaranhados, com as
cobertas chutadas no chão. Estou nu, ela está vestindo apenas calcinha, e
apesar de eu entrar em consciência lentamente, preso em um calor
melado, eu não estou pronto para sair, Hazel se senta depois de apenas
algumas respirações em consciência e olha para mim, olhos desfocados.
Seus olhos ficam desfocados por alguns segundos antes de ela piscar,
limpando-os e se curvando, beijando-me com um beijo suave. — Você
ainda está aqui.
Em uma onda de felicidade, me pergunto se vamos morar juntos ... e
quando.
Hazel se afasta e sua atenção está presa acima do meu ombro. Ela faz
uma careta para os lençóis na cesta no canto, os que tiramos da cama e
substituímos antes de cair no colchão em uma pilha exausta. Como se
lembrando, ela se levanta, e se move rapidamente para fora do quarto e
para o banheiro, fechando a porta do corredor com um clique sólido.
Ontem à noite não foi a primeira vez que encontrei sangue durante o
sexo, mas talvez tenha sido para ela? Eu mal posso imaginar isso, mas
parece tê-la abalado mais do que eu esperava.
Rolando para me sentar, eu olho para o lado da cama, piscando para
Winnie, onde ela olha com adoração do chão. — Bom dia, querida. — Eu
esfrego a cabeça dela e posso dizer que ela está se segurando para não
pular aqui e se juntar a mim, mas felizmente, ela resiste. Estar nu na
cama com Hazel é uma felicidade. Estar nu na cama com seu cachorro
seria estranho.
Na cozinha, e dentro de uma das vasilhas de Muppet da Hazel,
encontro apenas grãos de café suficientes para preparar duas canecas.
Quando ela sai - ainda vestida apenas de calcinha - eu tenho duas xícaras
prontas, e alcanço sua forma amarrotada de sono, puxando-a entre as
minhas pernas.
— Você saiu, — ela murmura no meu pescoço.
Seu peito pressionado contra o meu distrai o suficiente para fazer com
que suas palavras demorem a ser processadas. Então, ao invés de
responder com algo espirituoso, eu apenas beijo o pescoço dela e
pergunto, — Que horas você tem que estar na escola?
— Normalmente, sete e meia, e eu estaria tão atrasada que
provavelmente colocaria minhas roupas ao contrário. Mas eu vou passar
no meu médico antes de ir. Eles sabem que vou chegar um pouco
atrasada hoje.
O médico dela? Não tenho certeza de como perguntar sobre o que
aconteceu ontem à noite, então eu vou para o vago. — Você está bem esta
manhã?
Uma pequena hesitação, então, — Você está brincando? Eu estou
incrível.
Ela é incrível - pele cremosa, sardas enlouquecedoras no ombro, o
volume total de seus seios - e o pensamento de que ela é minha, e eu sou
dela, rola na minha cabeça. Uma explosão de luz corta através de mim,
um flash de alegria, e eu estico a mão, agarrando a parte de trás do seu
pescoço e me a puxando.
No minuto em que nossos lábios se tocam, minha mente se acalma,
mas meu corpo parece decolar, rumo a esse lugar onde não consigo
pensar, só posso sentir. Meus dedos passam da curva exposta de sua
garganta até a sua clavícula. Suas mãos vêm para a minha cintura
imediatamente e eu a sinto se empurrar para cima na ponta dos pés,
fechando qualquer distância entre nós e se alongando, ansiosa por um
beijo e outro.
É casto, mas não é simples. Nada com Hazel nunca é simples.
Eu inclino a cabeça dela, beijando seu lábio inferior, sua bochecha, sua
mandíbula.
Eu olho por cima do seu ombro para o relógio iluminado na frente do
fogão. São 7:18. Eu respiro, silenciando a necessidade de recuperar o
tempo perdido.
Minha boca pousa na dela e permanece lá. Ela sorri.
— Bom dia, Josh Im.
Eu beijo seu cabelo caótico. — Está sendo bom.
Eu me permito saborear isso, a simples alegria de ficar de pé na luz
brilhante de sua cozinha, os braços em volta um do outro, e sabendo que
eu não tenho que me segurar agora. Mas é o jeito que ela está me
segurando - o jeito que ela se agarra com o rosto pressionado no meu
pescoço - que me dá uma pausa. Ela não está mordendo de brincadeira o
meu ombro, ou ameaçando deixar chupões gigantes em minha pele. Ela
não está perguntando se quero andar de patins até a padaria antes do
trabalho. Ela está tão quieta.
Claro, tudo bem Hazel ficar quieta às vezes, mas isso parece diferente.
Parece um silêncio cheio de algo - uma preocupação, uma dúvida, talvez
uma incerteza.
Eu procuro em meu cérebro por algo para dizer. Eu quero perguntar a
ela se ela sabe sobre Emily estar grávida. Quero perguntar-lhe se ela vai
ficar em minha casa esta noite e todas as noites depois. Eu quero pedir a
ela para dizer as palavras mais uma vez antes de sair para o trabalho, o
calmo eu também te amo, você sabe.
Ela vira seus luminosos olhos castanhos para o meu rosto. — No que
você está pensando?
— Eu estava me perguntando o que você está pensando, — eu digo
com um sorriso.
— Temos grandes coisas para discutir, — diz ela em voz baixa. — Se
lembrar?
— Ainda? Eu pensei que o ‘eu te amo’ era essa coisa. O que tem mais?
Ela se alonga, me beijando. — Você me ama?
— Eu amo.
— E você está livre hoje à noite?
Eu corro minhas mãos pelo corpo dela. — Você não quer conversar
agora, enquanto se arruma?
Ela balança a cabeça e arrasta seus lábios nos meus, para frente e para
trás. — Hoje à noite. — Com um sorriso, ela se afasta e se vira para ir ao
seu quarto.
Há uma pilha de correspondências no balcão, um livro para colorir de
Harry Potter e um recibo embaixo de uma pilha de moedas. Três letras se
destacam para mim.
t.d.g.
Ao meu lado, o joelho de Hazel salta para cima e para baixo. Eu a alcanço,
colocando uma mão calmante lá.
— Eu vou morder minhas unhas até o talo, — ela sussurra. Seus olhos
estão fixos na sala de espera, na pintura genérica de um buquê de flores.
Eu estico uma mão, persuadindo a sua mão para baixo com a minha.
Meu coração está alojado em algum lugar da minha garganta; parece que
nós dois podemos usar uma âncora agora.
Se apaixonar, ser amado. A realidade de que estamos juntos agora é
suficiente para fazer minha respiração ficar firme e quente no meu peito.
E estar aqui, com uma foto de ultrassom na mão... A mente, gira.
Mas esta é Hazel. Somos muito maiores que esse momento, não
importa o que aconteça por trás da porta branca que leva aos
consultórios. É estranho pensar que eu sabia há anos que, de alguma
forma, acabaríamos aqui? Ou a retrospectiva é apenas a explicação mais
conveniente para a coincidência?
Eu aperto a mão dela e ela olha para mim com expressão firme.
— Você sabe, — eu digo, dando-lhe o sorriso mais genuíno que posso
dar, — não importa o que aconteça lá atrás, ficaremos bem.
— Eu sabia que queria filhos, mas acho que não percebi o quanto até
que isso aconteceu.
— Nós podemos não ter dezessete filhos, mas chegaremos lá.
Ela ri. — Eu vou convencer você.
— Você nunca vai me convencer a ter dezessete filhos. — Ela rosna
quando eu digo isso, então eu adiciono um compromisso, — Mas que tal
isso: após essa consulta, vamos tomar milk-shakes.
— Promete?
— Eu prometo.
— Cereja, — diz ela. — Não. Espera. Biscoitos e creme.
— Um de cada.
Finalmente, eu recebo um sorriso verdadeiro de Hazel. — Você sabe o
que eu continuo repetindo na minha cabeça?
— O que?
— ‘Eu amo Josh Im mais do que amei qualquer coisa na minha vida’. —
Ela morde o lábio. — Não diga isso a Winnie.
Eu me inclino para frente e descanso meus lábios nos dela. Contra
minha boca, ela está macia, tremendo um pouco. O beijo se aprofunda um
pouco, e minha mão vai até o seu pescoço, onde meus dedos encontram o
pulso dela perfurando sua pele. Eu poderia me perder no jeito que ela se
inclina em mim, eu poderia me afogar na sensação dela. Mas então a
porta larga se abre e seu nome é chamado.
EPILOGO
JOSH
Quando Hazel desce os degraus da frente, ela está usando meias laranja,
uma minissaia preta e uma blusa roxa. Seu coque está escondido sob um
chapéu de bruxa gigante e instável. Com a luz da varanda, ela está quase
brilhando.
Eu olho para a minha própria roupa - camiseta preta, jeans, tênis - e
depois volto para cima novamente. — Sinto que não vi uma mensagem
importante hoje.
— Target não tinha coisas de Halloween.
— Mas ainda temos um mês até o Halloween.
Dando de ombros, ela se move para onde eu estou encostado no carro
e desliza os braços em volta do meu pescoço. — Apenas entrando no
espírito.
Eu toco meus lábios nos dela. — Porque você demoraria tanto tempo
do contrário?
— Você por acaso está me levando para algum lugar Halloweenizado?
Todas as sextas-feiras são noites fora, e hoje é a minha vez de planejar.
Na semana passada, Hazel me levou a um lugar onde pintamos
autorretratos com nossas mãos e pés, e depois fizemos um piquenique
no capô do meu carro. Minhas noites fora tendem a ser um pouco mais
padronizadas.
— Só jantar, — eu digo. — Um novo lugar abriu perto de Emily e Dave.
Achei que poderíamos tentar.
Depois de uma pequena interpretação do Running Man na calçada,
Hazel sobe no banco do passageiro. Seus dedos vêm em direção aos meus
quando eu fico atrás do volante e me afasto da calçada, e com a mão livre
ela aumenta a música tocando no rádio, cantando mal, alto, feliz.
— Espera, — diz ela, olhando para mim e deixando escapar uma
risada. — Isso é Metallica.
Eu concordo. — Me leva de volta ao pior show de todos os tempos.
Ela solta um grito falso. — O que eu estava pensando? Tyler!
— Não tenho idéia.
— Eu queria que você viesse ao meu apartamento e dissesse: 'Eu te
amo, Hazel Bradford, por favor, seja minha para todo o sempre'.
— E eu fiz isso.
Ela balança a cabeça com vigor. — Você fez.
No sinal vermelho, ela se inclina, me beijando. Um beijo curto se
transforma em um beijo mais longo, com a língua e o som e a aceleração
de sua respiração e a minha. No sinal verde, ela me deixa focar na
estrada, mas sua mão na minha coxa logo passa para os dedos
desabotoando minha calça jeans, seus dentes e rosnados no lóbulo da
minha orelha.
Em vez do restaurante, encontramos o caminho de volta para minha
antiga casa - vazia, entre inquilinos - e voltamos às nossas raízes: fazendo
amor no chão.
..........
..........
Sábado de manhã, Miles desce a colina, os pés mal ficando debaixo dele.
Hoje, ele é Elsa - com exceção de suas botas de caubói vermelhas - com
uma peruca Disney bem-amada se desdobrando atrás dele enquanto
corre.
Ao meu lado, sua irmã, Jia, o observa, os olhos se estreitando enquanto
ela dá longas e cuidadosas lambidas através em sua casquinha de
sorvete. — Ele vai cair.
Eu concordo. — Talvez.
— Appa. — Ela vira seus olhos para mim. — Diga a ele para ir mais
devagar.
— Ele está na grama, — eu a lembro. — Ele vai ficar bem.
Não convencida, ela se levanta, gritando para seu irmão mais novo. —
Nam dongsaeng!
Só quando ela grita, ele cai, tropeçando sobre uma bota e rolando
alguns metros no gramado. Ele vem rindo. — Noona, você me viu?
— Eu vi você. — Suprimindo um sorriso, Jia se senta novamente.
Olhando para mim novamente, ela dá uma sacudida dramática de sua
cabeça. — Ele é selvagem, Appa. — Ela se parece com sua mãe.
Nós concordamos que por dentro, ela é toda eu.
Hazel sobe a colina, segurando uma bandeja de cafés e chocolates
quentes em uma mão e pegando a mão de Miles na outra. Ela consegue
começar a correr com ele, subindo a colina em nossa direção sem
derramar nada. Quando ela se aproxima, eu pego a bandeja da mão dela
para evitar que ela pressione sua sorte.
— Mamãe, você me trouxe chocolate quente? — Jia pergunta.
Se inclinando, Hazel a levanta do banco, a embalando por um beijo
antes de girar em círculos selvagens que fazem Jia rir
descontroladamente e minha pressão subir.
— Sim, — diz Hazel, — e mandaram colocar chantilly extra por cima.
— Haze, — eu digo suavemente. — Cuidado. — Ela está grávida de
quase sete meses, e parece que desde o primeiro, ela tem mais e mais
energia a cada vez.
Ela me dá um sorriso indulgente, colocando Jia no chão, e nossa filha
envolve seus braços ao redor do meio da mãe. Ela beija a barriga de
Hazel. — Mamãe, me fale sobre a vez em que eu estive em sua barriga.
Hazel olha para mim de novo e se joga de pernas cruzadas na grama.
— Mamãe descobriu que ia ter um bebê. Ela e Appa estavam tão felizes.
— Ela encostou o rosto de Jia, inclinando-se para beijar seu nariz e - para
não ser ignorado - Miles subiu no colo de Hazel.
Ela tira o cabelo do rosto dele, falando com Jia. — Mas eu descobri que
eu tinha que ficar muito quieta e parada por um tempo. — Ela abaixa a
voz para um sussurro. — Mamãe não era boa em ficar quieta e parada.
Ela era?
Jia sacode a cabeça, muito séria agora.
— Mas você era, — sussurra Hazel, — não era?
Minha assente com a cabeça, sorrindo orgulhosa.
— Você ensinou a mamãe a ficar quieta, calma e parada. E então eu
fiquei, porque você me mostrou como, e foi assim que tudo acabou bem.
— Agora eu! — Miles ruge.
— Você, meu pequeno monstrinho agitado, — diz Hazel, — não sabia
como ficar calmo, quieto ou parado. E tudo bem, porque Jia também
ensinou ao corpo da mamãe como ter um bebê lá dentro, e assim
poderíamos ser tão bobos quanto queríamos todos os dias!
— Obrigado, Noona! — Miles sai de Hazel, atacando sua irmã.
Os dois lutam na grama, enroscados no vestido de Miles, chocolates
quentes esquecidos.
Uma mão se aproxima do meu joelho, batendo, e ajudo Hazel a se
levantar do gramado, me levantando também para envolver meus braços
em volta dela. — Tem certeza de que você está pronta para outro?
— Não volte atrás agora. Quase três já foram, — diz ela, — só faltam
quatorze.
— Continue sonhando, Bradford.
Se esticando, ela me beija, com os olhos abertos, lábios descansando
nos meus.
Sou otimista; eu sempre esperei ter uma boa vida. Mas sonhar com
algo assim teria parecido enormemente egoísta.
— Às vezes imagino voltar no tempo, — ela diz, lendo minha mente, —
e dizendo a mim mesmo que acabaria aqui. Com Josh Im.
— Você teria acreditado?
Ela solta uma risada rouca. — Não.
Eu não posso puxá-la para mais perto quanto eu quero, peito a peito,
coxa a coxa, então eu coloco meus dedos em seu coque, o soltando para
que seu cabelo caia ao redor de seus ombros. A respiração dela falha -
penso na expressão faminta e possessiva no meu rosto. Ela também
parece um pouco selvagem: suas bochechas estão rosadas por causa do
vento, seus olhos brilhantes e âmbar.
— Eu pensei que este era o seu plano o tempo todo, — eu digo,
beijando-a novamente.
— Nos meus sonhos.
Eu olho para Jia e Miles. Ela está tirando grama da saia dele, o
ajudando a endireitar sua peruca. E assim que ela termina, ele desce a
colina novamente sob o olhar atento de sua irmã.
— Bem, — digo, — tenho certeza de que, se alguém voltasse no tempo
e me dissesse que eu terminaria com Hazel Bradford, soaria louco o
suficiente para ser verdade.