A Alta Performance Do Setor de Compras
A Alta Performance Do Setor de Compras
A Alta Performance Do Setor de Compras
Pós-graduação
Engenharia de Vendas - Turma 25
15/12/2017
RESUMO
Este artigo discute sobre o interesse por parte das grandes empresas em capacitar os
funcionários dos setores de compras, transformando seus compradores em profissionais
altamente capacitados para negociar estrategicamente com seus fornecedores, afim de
conseguirem vantagens competitivas no momento das negociações. A influência dos Keys
Performance Indicators (KPI’s) no setor de compras como ferramenta para auxiliar no
desenvolvimento e mensuração dos processos de compras e negociações, além dos Índices
de Desempenho de Fornecedores (IDF’s). As empresas estão cada vez mais preocupadas
em medir seus fornecedores e capacitar seus compradores para estarem mais preparados no
momento das negociações.
1 INTRODUÇÃO
A aquisição de bens e serviços a serem utilizados na produção e na revenda de produtos
pode ser considerada a atividade responsável por um dos maiores componentes do custo de
produção e das mercadorias vendidas. Alguns autores chegam a dimensionar a amplitude
desse impacto, observando que entre 50% e 60% do custo de produção ou revenda são
representados pela compra de componentes, materiais e serviços, que são adquiridos dos
fornecedores externos.
Visando alinhar eficiência e estratégia, com o intuito de se manterem competitivas e
sobreviverem a longo prazo, as organizações entenderam a importância de comprar bem, e
passaram a investir fortemente em seus setores de compras.
Apesar do setor de compras muitas vezes ser visto como um dos polos geradores de custos,
concentrando e direcionando estes custos aos recursos demandados, este setor exerce um
papel decisivo na eficiência das atividades. Sua importância, as vezes é negligenciada dentro
das organizações pela ausência de ferramentas que mensurem e forneçam dados confiáveis
de sua real contribuição. Os Keys Performance Indicators (KPI’s) ou indicadores de
desempenho, surgiram como uma solução para este tipo de situação, onde é preciso
mensurar o desempenho de atividades complexas, com uma avaliação sistêmica que englobe
os critérios específicos de cada área, tornando os setores de compras mais estratégicos,
mensuráveis e dinâmicos.
E é dentro deste novo cenário do processo de compras desenvolvido e controlado pelas
grandes empresas, onde se investe e se constrói profissionais de compras cada vez mais
competitivos e treinados para tornarem as negociações mais complexas e preparadas, é que
discorre este artigo, analisando dentro destas novas técnicas, os três pontos chaves de uma
negociação: qualidade, prazo e preço.
2 REFERENCIAL TEÓRICO
Há também um importante interveniente, que consegue por si só, na maioria dos casos,
decidir o estabelecimento de parcerias e contratos: o preço. Baily et al (2000, p.214) cita que
“quase todos os tipos de empresa são afetados pelo que os economistas denominam
mecanismo de preço, isto é, a teoria da oferta e da demanda”, o que pode gerar impactos
positivos ou negativos, dependendo de qual é o relacionamento estabelecido com o mercado
naquele momento. Nos casos em que o fornecedor é único e não há concorrentes que o
superem devido às especificidades do seu produto/ serviço, de fato a empresa será afetada
por quaisquer variações no preço, já que não há alternativa disponível no curto prazo.
Entretanto, se há uma livre concorrência que ofereça em qualidade semelhante determinado
produto/serviço e esteja pronta para fornecê-lo, a empresa poderá obter ganhos substanciais
pesquisando e comparando preços e negociando melhores condições. Conforme Baily et al
(2000), os profissionais de compras mais especializados lidam, todos os dias, com flutuações
de preços e demandas, e isso lhes confere experiência e sabedoria para avaliar qualquer
negociação e sobressair em condições imprevistas. Por isso, em mercados que favorecem a
livre disputa, as organizações serão amplamente beneficiadas pela atividade dos
compradores.
setor, e ressalta que a definição do indicador mais adequado pode ser um fator crítico na
eficiência na ferramenta.
Os KPI’s mais utilizados nas atividades de compras, conforme cita Hoinaski (2016) são: saving
de compras, lead time de compras, prazo médio de pagamento, evolução do preço, entrega
no prazo, custo dos suprimentos e volume de devoluções. O saving é a comparação entre o
que foi orçado e o que foi comprado, considerando também a diferença entre o último preço
e o atual, indicando o quanto de lucro e/ou economia a empresa obteve em determinada
operação de compra. O lead time é o intervalo de tempo gasto desde a requisição de compra
de material até a plena satisfação da demanda e serve para mensurar a eficiência do
processo.
Entrega no prazo é um importante indicador que mensura o nível de eficiência da empresa e
dos seus fornecedores, pois avalia todo o processo, desde o pedido do produto no fornecedor
até a entrega ao cliente final. O custo dos suprimentos apresenta qual foi o percentual das
vendas gasto nas compras de suprimentos, mensurando a eficácia das atividades através da
margem obtida. Por fim, o volume de devoluções se comparado com as vendas permite avaliar
a qualidade das compras e mostra onde será preciso realizar melhorias (HOINASKI, 2016).
3 AVALIAÇÃO DE FORNECEDORES
Segundo a Norma Brasileira ABNT ISO 9001, que dispõe sobre um modelo de gestão da
qualidade para organizações em geral, a organização deve assegurar que o produto adquirido
está conforme com os requisitos especificados de aquisição. O tipo e a extensão do controle
aplicado ao fornecedor e ao produto adquirido devem depender do efeito do produto adquirido
na realização subsequente do produto ou no produto final. É um conjunto de regras que
padronizam serviços e produtos para que a gestão das empresas sejam melhores e mais
eficazes.
A ISO 9001 tem relação direta com a avaliação feita com os fornecedores, porque quando
eles não têm qualidade e não atendem aos requisitos custo, qualidade e entrega, sua empresa
automaticamente também peca nesses critérios.
Não basta apenas conhecer seus concorrentes e o negócio de seus clientes; torna-se agora,
como caráter estratégico, conhecer também o processo de compras e avaliação de
fornecedores adotados pelo cliente.
Geralmente os processos de avaliações usados pelos compradores são baseados em
negociações passadas. O vendedor deve sempre se abastecer de informações antes de
sentar-se com compradores estrategicamente capacitados. Uma rápida pesquisa sobre
fornecimentos passados para um determinado cliente como: desconto concedido,
concorrentes participantes, pontualidade na entrega e realização de pós-venda, pode ser de
grande valia antes de se iniciar uma nova negociação com este mesmo cliente.
A classificação de fornecedores pelos setores de compras de algumas empresas passa por
modelos de avaliação e sistemática de monitoramento de desempenho.
Como exemplo, demonstra-se neste artigo o IDF – Índice de Desempenho do Fornecedor.
Este índice é calculado matematicamente através do Fornecimento Esperado e da Qualidade
Esperada, conforme fórmula e tabela de ponderação:
Uma falha causada pelo setor de expedição de um fornecedor, por exemplo, pode trazer
consequências desastrosas para clientes que primam pelo cumprimento do prazo de entrega,
fazendo com que este fornecedor seja impedido de participar de novas negociações com
estes clientes que utilizam de “notas” calculadas através de um IDF.
4 CONCLUSÃO
Os profissionais de compras passam agora a contarem com sistemas informatizados de
cálculos de desempenho de seus fornecedores.
As negociações tornam-se muito mais acirradas para os vendedores, os quais, em sua
maioria, estão despreparados para o alto nível de capacitação, informações e ações
estratégicas utilizadas pelos compradores.
As empresas investem não apenas em gerenciamento de relacionamento de clientes, mas
também de seus fornecedores, os quais hoje possuem “notas” de desempenho baseadas em
negociações passadas.
A seleção de fornecedores é uma prática que, no cenário estratégico, assume proporções
bem diversas daquelas observadas na seleção tradicional, onde a análise dos candidatos
considerava apenas os fatores chaves preço, qualidade e prazo. No novo ambiente, quesitos
como capacidade de gerenciamento do fornecedor, capacidade de processo e tecnologia,
aderência à regulamentação do ambiente, saúde financeira, certificação, programa da
produção e sistemas de controle, capacidade dos sistemas de informação, estratégias,
políticas e técnicas de vendas do candidato a fornecedor, são altamente influenciadores nas
negociações relacionais de longo prazo.
Conhecer estes processos, saber quais os pontos são mais relevantes para os setores de
compras, onde e de que forma estes pontos são utilizados para mensurarem e conceituarem
seus fornecedores, quais as estratégicas usadas pelos compradores no momento de uma
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negociação, são pontos fortes que ajudam na concessão ou não de benefícios adicionais que
certamente serão solicitados pelos compradores.
Os vendedores precisam se preparar mais, saber se estão sendo medidos e como são
medidos.
Sentar-se com compradores altamente capacitados e providos de ferramentas de controle de
fornecedores, treinados para conhecer seus vendedores tão bem quanto seus produtos ou
serviços, não é uma ação que deva ser executada sem um planejamento minucioso das
estratégias dos novos setores de compras.
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2017
AUTORIZAÇÃO DE PUBLICAÇÃO
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REFERÊNCIAS
BAILY, Peter ET AL. Compras: princípios e administração. São Paulo: Atlas, 2000.
GIL, Antonio Carlos. Como elaborar projetos de pesquisa. 5ª ed. São Paulo: Atlas, 2010.
HOINASKI, Fábio. Indicadores de suprimentos: 7 deles que você não pode ignorar. Artigo
blog, 2016. Disponível em: < https://ibid.com.br/blog/indicadores-de-suprimentos/ > Acessado
dia 09 Ago. 2017.