Douglas Wilson - Sua Filha em Casamento
Douglas Wilson - Sua Filha em Casamento
Douglas Wilson - Sua Filha em Casamento
Sua Filha em
Casamento
Cortejo bíblico no m undo moderno
Sua Filha em Casamento
Cortejo bíblico no mundo moderno
DOUGLAS WILSON
Outros títulos da série:
Futuros Homens
Criando meninos para enfrentar gigantes
Reformando o Casamento
A vida conjugal conforme o Evangelho
Fidelidade
Como ser marido de uma só mulher
O Marido Federal
A liderança bíblica no lar
DOUGLAS WILSON
© CLIRE 2019. Authorized translation of the
American-English edition © 1997, Canon Press.
Todos os direitos reservados.
PRODUÇÁO EDITORIAL
Editor: Waldemir Magalhães
Tradução: Márcio Santana Sobrinho
Revisão: Waldemir Magalhães, Gerson Júnior
Designer: Heraldo Almeida
www.editoraclire.com.br
ISBN: 978-85-62828-54-6
Para Bem e Bekah, a quem o Senhor
tem abençoado com o pacto da graça...
vinculum matrimonii
SUMÁRIO
IN T R O D U Ç Ã O ....................................................................................................9
Apêndice: O JARDIM................................................................................119
0 STATUS D A S F I L H A S
O Senhor quer que sejamos cristãos bíblicos ao refletirmos
sobre esse assunto, e o ensino da Bíblia sobre o status ou
a posição das filhas deve ser nossa primeira área de consi
deração. Iremos começar tratando do status das filhas em
uma família bíblica:
nhor perdoará a ela. Todo voto e todo juramento com que ela
se obrigou, para afligir a sua alma, seu marido pode confirmar
ou anular. Porém, se seu marido, dia após dia, se calar para com
ela, então, confirma todos os votos dela e tudo aquilo a que ela
se obrigou, porquanto se calou para com ela no dia em que o
soube. Porém, se lhos anular depois de os ter ouvido, respon
derá pela obrigação dela. São estes os estatutos que o S enhor
M O D É S T IA E IN TR A N S IG Ê N C IA
A Bíblia claramente exige que as mulheres cristãs sejam
modestas. Frequentemente percebemos que há uma clara
relação entre o modo como uma mulher se veste e o fato
de haver ou não homens em volta dela — e, é claro, há
outra conexão relacionada ao tipo de homens que estarão
ao seu redor. E importante para os pais perceberem que a
modéstia exclui duas práticas que hoje, infelizmente, são
comuns entre os cristãos.
A Bíblia ensina que as mulheres não devem se vestir
de modo provocante (Mt 5.28). A tentação à concupiscên-
cia varia entre filhos e filhas. O s rapazes querem perceber ,
as moças querem ser percebidas. Nenhum dos sexos deve
ceder a esse impulso.
Os homens respondem visualmente às mulheres.
Imagine um jovem que vê uma garota na rua, a encara, e
fica louco para conhecê-la. Ao que ele está respondendo?
A sua grandeza de alma? A sua mente brilhante? A do
çura e gentileza de seu espírito? E claro que não! Ele está
respondendo à sua aparência. Ora, em si, não há nada de
errado nisso, nem com mulheres buscando ser lindas e
atrativas. Mas há uma profunda diferença entre buscar ser
atrativa e tentar ser sedutora.
Os pais são responsáveis pela modéstia de suas filhas.
Já foi mencionado neste livro que certo tipo de “proble
ma de relacionamento” não é de fato um problema real de
relacionamento. Se um rapaz simplesmente fala com uma
garota e imagina que ela gosta dele, e constrói esse rela
cionamento intenso em sua cabeça, então ele tem um pro
blema pessoal. D o mesmo modo, se uma mulher atrativa é
“cobiçável”, esse é um problema do homem. A Bíblia não
exige que as garotas bonitas usem “roupas dos tempos da
vovó” para não ser motivo de tropeço para o seu próximo.
Também é muito claro que as mulheres podem fazer
certas coisas que irão atrair “um olhar errado”, e estimular
os homens a responder de modo impuro. Dizendo de modo
simples, uma garota deve se “cobrir”. Ela não deve vestir-se
de um modo que um homem piedoso tenha de desviar-se
pegando outro caminho ou subir numa árvore para esca
par dela. Se ele tem de olhar para cima sempre que fala com
ela, um jovem piedoso deve pensar: “Onde está o pai dela?
Com o o pai permite que ela saia vestida desse jeito?”.
A resposta é que o pai dela a deixa sair vestida dessa
forma porque ele abdicou de sua responsabilidade. O prin
cípio é muito simples; se as meninas se vestem de forma
despudorada, elas irão atrair o tipo errado de atenção. Ga
rotos gostam de desejar e as garotas gostam de ser desejadas.
Os pais devem ensinar a suas filhas o domínio próprio por
meio do amor dentro de um relacionamento seguro que
exclua qualquer tendência à exibição. Além disso, as mães
piedosas irão ensinar às suas filhas as técnicas da modéstia.
Muitas vezes o pai cristão tem mais reservas do que o
mundo em tratar desse assunto com sua filha. Ele não quer
dizer: “não se vista assim, minha filha!”, por medo de fazê
-la pensar que ele tem uma mente maliciosa. E realmente
não quer ter de explicar à sua filha que cinqüenta por cento
da população mundial irá perceber o que ele acaba de no
tar, e ele não quer dizer a ela exatamente o que aqueles cin
qüenta por cento irão pensar. Ela pode fingir que não sabe,
mas, é claro, ela conhece perfeitamente que tipo de reação
aquele tipo de roupa irá causar. Ela pode não ter pensado
sobre isso profundamente, mas essa é a reação que deseja:
uma reação carnal. Ela deve aprender a fazer tal concessão.
O pai não deve esperar que, depois de se casar, o marido
dela ponha ordem na casa. Ou que talvez o novo padrão de
roupas da escola cristã local resolva o problema. Ele não
deve esperar que outra pessoa trate disso. O pai não pode
fugir da responsabilidade que pesa sobre ele.
Em segundo lugar, as mulheres cristãs não devem se
adornar de modo exagerado (lP e 3.3). Não devem pen
sar que têm o direito de ficar se exibindo no Shopping (Is
3.16-26). Em resumo, uma filha virgem deve ser ensinada
a vestir-se de modo compatível com a atitude do homem
honrado que irá pedir sua mão em casamento. Se a sua ma
neira de se vestir é sedutora, em vez de atrativa, então nem
todo homem que sentir-se atraído por ela estará interessa
do em casamento.
N o contexto de 1Pedro 3.3, vemos a instrução apos
tólica às mulheres casadas, mas o ensino se aplica igual
mente às solteiras. O modo como as jovens mulheres se
comportam quando são virgens também afeta o modo
como se comportam quando são casadas. Pedro diz que as
mulheres não devem deixar a “beleza” ser uma questão de
adorno exterior. Contudo, os cristãos modernos gostam
de reagir desproporcionalmente a quaisquer referências a
esse ensino apostólico, e acusam aqueles que mencionam
esse versículo de querer instituir uma “ditadura de roupas
cafonas”. A questão se complica ainda mais em razão da
queles crentes que pensam que o apóstolo está endossando
a simplicidade para as mulheres. Com o em muitos outros
assuntos, o equilíbrio encontra-se no meio.
Temos de entender a história e a cultura do primeiro
século. Na cultura do Império Romano, as mulheres cos
tumavam realmente extrapolar os limites na aparência pes
soal. O problema tratado por Pedro não é, em si, a questão
dos arranjos no cabelo, ou a falta de modéstia das tranças.
Não, Pedro está dirigindo sua atenção às mulheres que es-
tavam ostentando, exibindo-se. As mulheres daqueles dias
chegavam a trançar joias no cabelo, e, depois, salpicá-lo
com pó de ouro. Pedro está dizendo que as mulheres cris
tãs não devem se expor desse modo imodesto.
Alguns cristãos defendem, baseados num entendi
mento errado dessa passagem, que “é pecado usar maquia
gem”. Pedro está ensinando que é pecado para uma mulher
parecer que caiu com a cara no estojo de maquiagem, ou
que se maquiou com uma colher de pedreiro. “Não seja o
adorno da esposa o que é exterior, como frisado de cabelos,
adereços de ouro, aparato de vestuário; seja, porém
A questão é que as mulheres devem procurar ser belas
de certo modo, através do “homem interior” do coração.
Esse não é o equivalente cristão do “ela tem uma persona
lidade linda”. Sara é o exemplo dado por Pedro. D o mesmo
modo que ela obedeceu a Abraão, chamando-lhe senhor,
as mulheres cristãs devem buscar ser filhas dela, pratican
do o bem. Sara foi externamente uma mulher muito bonita,
mesmo na velhice, mas sua beleza se originava do interior
e, então, vinha à tona. D o mesmo modo, as filhas devem
ser ensinadas a cultivar a beleza interior de um espírito
manso e tranqüilo. A paz deve permear o comportamento
de uma jovem mulher. Deve haver uma ausência de ansie
dade, de modo que a mansidão interior se exteriorize. E tal
mansidão tornará as filhas belas em seu exterior.
Em nossa sociedade, as mulheres ouvem ad nauseam ,
por aqueles pacotes de mentiras periódicas chamados de
“revistas femininas”, que é responsabilidade delas vestir-se
de tal forma a conseguir “segurar” seu homem. Uma mu
lher pode ser capaz de fazer isso com sucesso aos 20 anos,
e ter de trabalhar um pouco mais duro nisso aos 30 e 40
anos. Sendo que, se ela ainda engole toda essa tolice, ela
realmente terá de trabalhar nisso aos 50 e 60 anos, porque
estará sempre competindo com as mulheres de 20 anos. Se
uma esposa trata a fidelidade no casamento como um prê
mio a ser obtido por meio da competição, então, em algum
lugar, em algum momento, ela será derrotada. Esse é o ca
minho do mundo. Mas se ela age como uma mulher cristã,
quanto mais velha se torna, mais linda e serena se torna
(lP e 3.5). Isso significa que os pais que estão preparando
suas filhas para serem dadas em casamento não devem dei
xar que elas se exibam em ostentação.
Considere o que Isaías pensa das filhas de Sião que
gostavam de exibir sua formosura no mercado. Deus não
tem consideração pela beleza externa quando ela é a única
coisa que existe. Se a beleza se limita simplesmente a uma
crosta externa, o resultado é drástico. Com o Provérbios
comenta, uma mulher linda sem discrição é como uma joia
de ouro no focinho de um porco. Essas duas coisas não
combinam. Uma mulher que é externamente atrativa sem
um espírito manso é, segundo a Escritura, antipática.
P O R O U T R O L A D O ...
A Bíblia é muito clara em exigir que os pais protejam suas
filhas. A Escritura é igualmente clara em dizer que os de-
veres femininos incluem ser modesta e fugir do exibicio
nismo ostentador. Por isso ser tão claro, muitos cristãos
conservadores têm enfatizado apenas esse ensino, em de
trimento de tudo o mais que a Bíblia diz a esse respeito. E
óbvio que quando uma garota sai de casa com uma blusa
desabotoada, o pai dela a está deixando desprotegida. E
menos óbvio que se ela reagir contra sua própria femini
lidade, e vestir um macacão o tempo todo, ela está igual
mente desprotegida, embora em uma área diferente.
A Bíblia tem em grande estima a importância da bele
za feminina. Isso é mencionado com frequência; é enfati
camente louvado. Além disso, o aspecto sexual envolvido
nisso não é oculto ou desprezado. Esse entendimento é
também algo que o pai deve cuidar em inculcar em seu lar.
Há três áreas que devem ser mencionadas aqui. A pri
meira diz respeito à beleza feminina, a segunda abrange o
alerta bíblico quanto ao enxerto cosmético à beleza femi
nina, e a última área envolve o elemento sexual. Todas elas
devem estar em harmonia com a discussão anterior sobre a
admoestação do apóstolo Pedro, e igualmente com a preo
cupação expressa pelo apóstolo Paulo: “Da mesma sorte,
que as mulheres, em traje decente, se ataviem com modés
tia e bom senso, não com cabeleira frisada e com ouro, ou
pérolas, ou vestuário dispendioso, porém com boas obras
(como é próprio às mulheres que professam ser piedosas)”
(lT m 2.9-10).
Primeiro, a Bíblia reconhece e aprova o fato óbvio da
beleza feminina — ela a admite como parte da criação de
Deus. O patriarca Abraão casou-se com uma mulher boni
ta. “Quando se aproximava do Egito, quase ao entrar, disse
a Sarai, sua mulher: Ora, bem sei que és mulher de formosa
aparência” (Gn 12.11). Quando Abraão chegou ao Egito,
ficou claro que os egípcios partilhavam dessa opinião (Gn
12.14). O interesse por mulheres bonitas aparentemente
se disseminou na família, porque Isaque também despo-
sou uma linda mulher. “A moça era mui formosa de aparên
cia, virgem, a quem nenhum homem havia possuído [...]”
(Gn 24.16). Jacó seguiu o exemplo de seu pai e do seu avô,
quando amou e desposou a Raquel. “Raquel era formosa
de porte e de semblante” (Gn 29.17). Por várias razões,
reagimos contra afirmações bíblicas tão claras. Uma razão
é que vivemos em uma época igualitária, e dizer que uma
mulher é muito bonita implica que outra mulher possa ser
um pouco menos bonita. A implicação está correta; o erro
está na conclusão igualitária de que há alguma injustiça
nisso.
A outra preocupação pode vir da parte de muitos
cristãos “conservadores” e santarrões, que se embaraçam
com o fato de a Bíblia registrar que Raquel era linda como
se tivesse sido esculpida à mão. Talvez digam: “Isso não é
muito bíblico”. Mas, de fato, a Bíblia é quem define aqui
lo que é bíblico ou não. O autor de Gênesis não diz sim
plesmente que ela era linda do pescoço para cima; ele nos
diz que ela tinha uma bela forma. Discutiremos isso mais
adiante, mas a modéstia cristã não exige que a mulher pa
reça um homem.
Abigail foi uma combinação maravilhosa de beleza
e inteligência (lSm 25.3). Ester era uma mulher linda (Et
2.7) que substituiu Vasti, outra linda mulher (Et 1.11). As
filhas de Jó foram comparadas em beleza a todas as outras
filhas de sua terra, e a Bíblia nos diz que elas eram mais
formosas (Jó 42.15). A beleza da noiva-descrita no livro
Cântico dos Cânticos era grande o suficiente para fazer o
marido temer (C t 6.4). Em várias partes da Bíblia, vemos a
beleza feminina sendo descrita e louvada. Claramente, não
há nada errado em que as filhas da igreja cristã busquem ser
bonitas desse modo. Isso é parte da ordem criada por Deus.
Os cosméticos também são parte do projeto divino.
Ao lerem as passagens anteriormente mencionadas, alguns
concluem erroneamente que maquiagem é algo pecami
noso, e que é vaidade para uma jovem adornar-se artifi
cialmente. C om o já discutimos, há um ponto quando uma
mulher está confiando em seus cosméticos e joias de um
modo pecaminoso. Mas esse ponto não é necessariamente
quando ela faz uso de tais coisas.
O Senhor se descreve adornando sua noiva pactuai,
Israel, desse modo. Obviamente, o exemplo seria impró
prio se Deus estivesse fazendo com sua noiva aquilo que
não é lícito a um homem fazer com sua própria noiva. Ve
jamos a descrição bíblica:
R E S P O S TA S P IED O S A S
Há quatro situações básicas para as quais uma garota cris
tã precisa ser preparada. Se foi bem criada, ela irá combi
nar em seu comportamento uma mansidão de espírito —
pronta a responder a um pretendente piedoso — com uma
firme e articulada habilidade de mandar alguém embora.
Vamos começar com as situações mais fáceis.
Primeiro, as filhas precisam saber como lidar com es
tranhos. Isso significa que garotas cristãs precisam aprender
um tipo de “indelicadeza piedosa”. Em uma cultura corrup
ta como a nossa, essa habilidade é cada vez mais necessária.
Se foi bem ensinada, ela irá aprender a incorporar em seu
comportamento uma mansidão de espírito que resultará em
beleza cristã, junto com uma firme e articulada habilidade
de dizer não de todas as maneiras apropriadas. Se a filha é
irresistivelmente atraente, ela precisará aprender uma “santa
indelicadeza”. Na rua, ela será abordada por homens des
pudorados que irão dar cantadas e fazer propostas sexuais.
Jovens cristãs precisam saber como responder secamente.
Em certas situações, ser educado é comprometer a fé.
Muitas mulheres cristãs têm aprendido que ser inde
licada é, digamos, indelicado. Mas quando a glória de Deus
está em questão, bem como a honra de uma virgem cristã,
as garotas cristãs precisam aprender a ser indelicadas. Essa
habilidade de reagir fortemente está sendo cada vez mais ne
cessária à medida que nossa cultura se deteriora. Quando os
anjos visitaram Ló em Sodoma, a casa dele foi logo rodeada
por sodomitas que queriam alguma diversão. Não estamos
longe dessa atitude que considera a atratividade sexual em
qualquer lugar como um tipo de propriedade pública.
Vários anos atrás, durante “O Caso Irã-Contras”,3
um pequeno incidente no meio da grande controvérsia re
velou o fato de que nós já tínhamos a mentalidade de So
doma. Talvez o leitor se recorde de que o secretário Oliver
N orth nomeou Fawn Hall, e ela era uma mulher muito
atraente que se tornou uma figura pública em razão da bal-
búrdia política. Uma das revistas pornográficas de sucesso
na época a convidou para pousar nua. Nossa sociedade ha
via chegado a um ponto no qual, se alguém é sexualmen
te atrativo, presume-se que existe o “direito” de exigir de
tal pessoa favores sexuais. Em uma cultura tal como essa,
as mulheres cristãs devem estar preparadas (no nome do
Senhor, para a glória de Deus) a dizer aos homens que a
abordam que “vão catar coquinho [...]” ou “vão ver se es
tou na esquina”.
Em segundo lugar, as moças cristãs precisam ser en
sinadas a “criar uma distância regulamentar” para conhe
cidos casuais. Filhas e pais precisam evitar ser ingênuos
quanto a desconhecidos amigáveis, seja na igreja, escola,
grupo de jovens, etc. Moças cristãs precisam saber como
“criar uma distância regulamentar” para conhecidos sem
ser grosseiras. Uma jovem cristã não deve pensar que só
CULMINAÇÃO DO CORTEJO
Se um homem vender sua filha para ser escrava, esta não lhe
sairá como saem os escravos. Se ela não agradar ao seu senhor,
que se comprometeu a desposá-la, ele terá de permitir-lhe o
resgate; não poderá vendê-la a um povo estranho, pois será
isso deslealdade para com ela. Mas, se a casar com seu filho,
tratá-la-á como se tratam as filhas. Se ele der ao filho outra
mulher, não diminuirá o mantimento da primeira, nem os
seus vestidos, nem os seus direitos conjugais. Se não lhe fizer
estas três coisas, ela sairá sem retribuição, nem pagamento em
dinheiro (Êx 21.7-11).
DETALHES DO CORTEJO
PO S S ÍVEIS O B JEÇ Õ E S AO C O R T E JO
Temos mostrado que os pais possuem autoridade legíti
ma nas “questões do coração”. Ao usar a expressão “ques
tões do coração”, devemos nos lembrar de que, em nossa
cultura, há uma tendência a pensar que o “coração” é que
possui a verdadeira autoridade soberana. Em questões do
coração, como é possível alguém se intrometer e dizer a
outrem o que se deve fazer? Pensamos que o romance é a
regra maior, ou o que manda é o “final feliz”. Mas, biblica-
mente falando, isso é completamente errado.
Uma objeção comum é dizer que os pais podem se
equivocar. Isso certamente acontece — vivemos em um
mundo caído, e os pais podem, e irão, se equivocar. Mas
o coração também é sujeito a erros, assim como pode ser
equivocada a resposta emocional de uma mulher, e o ímpe
to emocional que faz com que um homem importune uma
mulher, ou os jovens casais serem arrastados pela tenta
ção sexual. Todos esses comportamentos são exemplos de
queda, erro e pecado. Ao considerar o que devemos fazer, a
questão não é: “Poderemos errar indo por este caminho?”,
mas, antes: “O que a Bíblia ensina?”. Com o temos visto,
os exemplos bíblicos de autoridade paterna incluem pais
que não fizeram tudo que deveriam ter feito.
Outra objeção frequentemente apresentada é esta:
“Com o posso exigir que nossos filhos façam aquilo que
nós não fizem os?”. O s pais podem se perguntar se o com
portamento deles durante o cortejo (ou falta de cortejo) os
desqualifica para ensinar seus filhos nessa área. A resposta
bíblica para isso é: “de forma alguma” — devemos ensinar
aos nossos filhos a lei de Cristo, e não nossas próprias ex
periências pessoais. Nossa experiência pode ser usada para
nos ajudar a ensinar a lei de Deus, mas ela não “define o
conteúdo do ensino”. Quem define é a Bíblia.
Muito embora a maioria dos pais que estão preparan
do seus filhos para o cortejo não tenha se casado por meio
do cortejo bíblico, nem por isso estão desqualificados. Essa
é uma oportunidade que eles têm de voltar a uma prática
cultural tão antiga, como é o caso do cortejo bíblico. Esse
costume está sendo restaurado entre muitos cristãos. De
acordo a Palavra de Deus, o cortejo costumava ser parte
de nossa cultura, mas agora é uma prática cultural que está
quase em total desuso, e, como conseqüência, praticamen
te ninguém sabe nada a respeito. Por isso, possivelmente
nenhum leitor deste livro chegou ao casamento como re
sultado de um modelo de cortejo. Não é de surpreender
que essa questão ocorra a alguns leitores, e talvez a mesma
questão ocorra a seus filhos. Um filho pode chegar diante
dos seus pais e dizer: “Eu ouvi a história de como vocês
dois ficaram juntos — então, por que vocês estão queren
do me regular assim desse jeito?”.
A resposta básica é que a Bíblia ensina o que nós de
vemos fazer, e nossa experiência não pode estabelecer o
conteúdo daquilo que ensinamos aos nossos filhos. Ensi
namos aos nossos filhos aquilo que a Bíblia ensina. Se os
pais têm uma experiência bíblica realmente boa de cortejo,
então essa experiência irá fornecer boa sabedoria prática
no ensino daquilo que a Bíblia diz. Mas se os pais não tive
ram tal experiência, isso não significa que estão desqualifi
cados para ensinar a seus filhos aquilo que a Bíblia diz. Para
dar um exemplo extremo, muitos pais não mantiveram a
pureza sexual antes do casamento. Então essa desobediên
cia deve ser uma permissão para que seus filhos pratiquem
desobediência similar? A Bíblia estabelece um padrão de
moralidade e pureza sexuais. Os pais não devem ensinar
aquilo que fizeram como sendo a norma — a menos que,
biblicamente, o seja. Os pais que se mantiveram puros es
tão em uma posição melhor para ensinar aquilo que a Bí
blia exige que se ensine, mas todos os pais devem ensinar
o mesmo padrão. Se a obediência dos pais corresponde ao
ensino da Bíblia, então isso é verdadeiramente uma grande
bênção. Mas essa bênção não faz parte das qualificações
para que os pais possam ensinar. Os pais ensinam a seus
filhos porque Deus o exige. Em outras palavras, tais coi
sas não são exigências impostas pelos pais; são exigências
da Palavra de Deus. O s pais não têm de se defender ou
se desculpar para legitimar tais exigências; se elas estão na
Palavra, então eles devem transmiti-las a seus filhos.
Outra questão que pode ser levantada é: “Com o nos
sa família vai conhecer esses outros jovens?”. Pode parecer
simplista, mas os pais devem conhecer os jovens trazendo-
-os para a sua casa de vez em quando. Os pais de jovens
devem ser hospitaleiros com outros jovens. Contudo, ao
fazer isso, devem ter o cuidado de se resguardar contra
qualquer tipo de “quase namoro” não supervisionado. Gru
pos de jovens reunidos num lar para atividades sociais não
devem ser “separados” tendo garotas de um lado e garotos
de outro, quando todos eles sabem quem fica com quem.
Seis jovens, sendo três garotas e três garotos, é tecnicamen
te “um grupo”, mas isso pode rapidamente se transformar
em outra coisa. Os pais devem esforçar-se para ter um clima
receptivo em casa, que seja relativamente “livre de riscos”.
Em tal contexto, os jovens podem conhecer uns aos outros
sem necessariamente assumir compromisso. Ao fazer isso,
manter uma quantidade distinta, e grupos com diferentes
idades (dentro do razoável) irá ajudar um pouco.
E claro que a prática do cortejo bíblico não torna o
mundo um lugar perfeito. Alguns jovens irão ter proble
ma em situações de grupo, mas isso não é realmente um
problema típico da relação menino/menina. Imagine uma
linda menina que não fez nada mais do que dizer “oi” a
algum pobre garoto, e ele imediatamente disse a si mesmo:
“ela me notou; ela gosta de mim”. Ele fica então desolado
quando ela cumprimenta outro menino da mesma forma.
Isso é certamente um problema, mas não é um problema
de relacionamento — é, antes, um problema pessoal. Se
alguém insiste em construir relacionamentos imaginários,
um grupo estabelecido não irá ajudar muito. Entretan
to, isso é uma falha de caráter, e não um problema com
o grupo, ou com a menina. Se alguém se machuca como
resultado de seu próprio delírio, então tal jovem precisa
de ensino, encorajamento e admoestação de seus pais de
modo pessoal.
Quando pais cristãos são hospitaleiros com os filhos
dos seus amigos, isso irá prevenir a suposição de que “se
meu filho não tiver um namoro recreativo, a única coisa
que nos resta é procurar o nome de sua futura esposa na
lista telefônica, ou, talvez, se tivermos sorte, no rol de
membros da igreja”. Há muitas formas de conhecer outras
pessoas sem recorrer ao namoro recreativo. Em muitas si
tuações de grupo de jovens reunidos, é possível um rapaz
chegar a conhecer uma moça melhor do que em uma situa
ção de namoro. Namoro não é o melhor jeito de se conhecer
alguém, mas é o melhor modo de se envolver com alguém.
Quando um rapaz chama uma menina para sair e ela aceita,
ela não estava tentando descobrir maneiras de causar a pior
primeira impressão possível. E ele pensa da mesma forma:
quer causar uma boa impressão também. Mas longe da
sabedoria e maturidade bíblicas, é muito mais difícil para
alguém saber aquilo que irá impressionar outra pessoa em
uma situação de grupo. Se um garoto chama uma garota
para jantar, ele pode dizer coisas amáveis — isso sempre
cai bem. Praticamente todo mundo conhece as regras para
causar boas impressões em uma situação de namoro. Mas
em um grupo, pequenos atos individuais de egoísmo pra
ticados contra outra pessoa , e não àquela na qual ele está
interessado, irão revelar muita coisa a seu respeito.
Se uma garota quer ser impressionada por um jovem,
ela precisa ver como ele fala com a própria mãe em casa, e
não quão doce ele pode ser do outro lado da mesa de jantar
de um restaurante onde está uma linda garota. Se ela quer
saber como ele irá falar com ela como esposa dentro de
dez ou quinze anos (e se for bem ensinada por seu pai, ela
deve querer saber), deve prestar bastante atenção no modo
como ele fala com a mãe. Ela não irá aprender isso no baile
de formatura, quando ele está mostrando o melhor de si e
ela está fazendo o mesmo. Eles podem enganar a si mes
mos ao pensar que, se namorarem desse modo, chegarão
a conhecer um ao outro. Em certo sentido isso é verdade:
eles estão por conhecer um ao outro, mas estão se unindo
primeiro. Antes de conhecerem um ao outro, enquanto es
tão ainda no campo das aparências, eles estão se unindo.
Isso significa que, quando souberem como o outro real
mente é (e eles fatalmente chegarão a saber), estarão na
difícil posição de não serem capazes de sair do relaciona
mento sem se ferir.
Assim, os pais podem prevenir tal coisa mesmo “dei
xando a turma à vontade”. E quando outros pais fazem o
mesmo, eles devem deixar que seus filhos freqüentem a
casa um do outro. Grupos sociais reunidos são simultanea
mente informativos e práticos.
Quando um casal se forma, e o garoto encoraja uma
resposta emocional da garota, e então consegue tal respos
ta, essa união foi resultado daquilo que os dois estavam
fazendo. N o momento em que eles descobrirem aquilo
que precisam saber antes de se unirem formalmente , des
cobrirão que já estão informalmente unidos. Por exemplo,
muitos anos atrás, um jovem veio me pedir conselhos.
Talvez ele não tivesse feito a coisa certa ao preparar sua
namorada para aceitar casar com ele. Parecia que ele havia
trabalhado deliberadamente nisso, mas quando me apre
sentou suas dúvidas, ficou claro que ele não estava fazen
do nada disso. Tendo feito todo esse preâmbulo, ele então
me disse: “Com o podemos saber se encontramos a pes
soa certa?”. Assim como alguém que “procura o que não
perdeu e quando acha não conhece”, muitos garotos não
sabem o que fazer e nem como fazer. E esse jovem não
tinha a menor ideia. Ele não tinha qualquer base objetiva
para fazer aquilo que estava fazendo. Sua namorada estava
presumindo que ele sabia o que estava fazendo, o que era
um terrível engano. Ela estava achando que ele estava to
mando a iniciativa de propósito e conscientemente, e por
isso ela estava respondendo emocionalmente. Nesse caso,
o problema foi o modelo de união por meio do namoro
recreativo.
Definitivamente, esse não é um bom modelo. A cerca
pactuai protege os jovens. A aliança de casamento também
protege. Ninguém pode entrar em um relacionamento de
casamento para descobrir o que significa estar casado com
alguém sem que tal pessoa já esteja casada com ela. Isso
significa que com o modelo bíblico de cortejo, o compro
misso vem primeiro, e o verdadeiro conhecimento íntimo
do cônjuge, depois. Nós não vamos primeiro descobrir
aquilo que outros conhecem em detalhes e, depois, assumir
um compromisso. A lógica dos namoros dos incrédulos
assemelha-se mais a um test drive do que ao cortejo de uma
virgem cristã. Por causa dessa mentalidade de test drive ,
não é de surpreender que a imoralidade esteja prevalecen
do. Se um homem precisa conhecer uma mulher antes de
assumir um compromisso, então porque ele deve se abster
do privilégio de conhecer como ela é na cama? N o padrão
de Deus, a sabedoria é exercida à medida que a informação
pública acerca de um pretendente, ou sobre uma jovem,
é cuidadosamente reunida. Toda intimidade se dá após o
compromisso; no padrão bíblico, nenhuma intimidade
precede o compromisso.
O utro possível problema é o do ciúme. Quando se
trata de cortejo {com vários pretendentes em potencial), é
preciso ter cuidado com ciúme ou competições entre os
pais. Em Colossenses 3.12-13, encontramos um princípio
geral aplicado ao relacionamento de um cristão com os de
mais crentes. O princípio geral também se aplica especifi
camente ao modo como agimos à medida que nossos filhos
crescem, deixam o lar, e tomam uma esposa. Esse princí
pio é o de que devemos revesti-nos, “de ternos afetos de
misericórdia, de bondade, de humildade, de mansidão, de
longanimidade. Suportai-vos uns aos outros, perdoai-vos
mutuamente”. Isso é importante e necessário em todas as
nossas relações, mas especialmente nesse assunto. Quando
um homem toma iniciativa e uma mulher responde com a
aprovação de seu pai, tudo é maravilhoso. Mas, geralmen
te, se a jovem é atrativa, mais de um homem estará interes
sado, e há a possibilidade óbvia de competição e rivalidade.
Agora, o fato de que os pais estão envolvidos no pro
cesso de cortejo não elimina a tentação de tais ciúmes. Por
exemplo, com o modelo moderno de namoro recreativo,
se um rapaz está interessado em uma garota específica e ele
pede para sair com ela, e alguém mais quer fazer o mesmo,
ele pode ficar com ciúme. Mas, como um cristão, ele sabe
que ela não está comprometida pactualmente com ele, ou
com algum outro rapaz. Consequentemente, seu ciúme
não tem base e ele sabe disso. A Bíblia ensina que dentro
do pacto matrimonial o marido deve ser ciumento; o ciúme
piedoso é exigido para a proteção da cerca do casamento
pactuai (2C o 11.2). Obviamente, se não há qualquer alian
ça, então não há qualquer base bíblica para ciúme — não há
nenhum compromisso pactuai, e, portanto, não há nenhu
ma quebra de pacto. Portanto, é fácil para um jovem cris
tão ver que seu ciúme é despropositado em situações de
namoro. E claro que a situação muda quando um garoto
e uma garota estão se vendo regularmente. Então, o ciúme
pode facilmente surgir sem garantia pactuai porque ambos
estão agindo com base em um pacto informal, implícito.
Tais pactos não representam proteção alguma, mas ajudam
a complicar ainda mais as coisas.
Porque o problema é evidente , um jovem cristão na
situação descrita anteriormente sabe que seu ciúme com
petitivo não é correto; é algo ímpio. Mas em uma situa
ção de cortejo, os pais podem estar sujeitos a tentações
similares, e podem estar menos prevenidos contra isso
porque toda a preocupação deles é “altruísta” — eles que
rem o melhor para o outro, no caso, seu filho ou filha. Por
ser algo feito em nome do outro , eles não se veem como
egoístas. Os pais ficam com um sentimento como se es
tivessem preocupados com mais alguém; isso não é outra
coisa senão amor paternal. Porque a contenda é em nome
do outro (seu filho ou filha), pode não ser fácil identifi
car as emoções como pecado — mas se trata de um peca
do pernicioso apesar de tudo. Cada cônjuge em potencial
em qualquer lugar do mundo tem o pleno direito de estar
perfeita e completamente desinteressado na filha ou filho
de alguém sem com isso ofendê-lo. Se tal falta de interesse
ofende, então os pais estão sendo possessivos com alguém
fora dos vínculos de um relacionamento pactuai. E isso é
pecado.
0 JARDIM
VELHO TESTAMENTO
E o que é cortejo
ou n a m o r o b í b l i c o ?
E M N O S S O M U N D O M O D E R N O , h o m e n s c m ul h er es são
pre par ados para se d e s s e n s ib iliz a re m de m o d o que p o ss a m sair mais
f a c i l m e n t e de um r e l a c i o n a m e n t o para o u t r o . F r e q u e n t e m e n t e isso
envol ve f a z e r q q u e b r a r o v o t o de c a s a m e n t o . Sair de um r e l a c i o n a m e n t o
para o u t r o t em se t o r n a d o um “p a s s a t e m p o n a c i o n a l ”. As pessoas
c o m e ç a m m ui t o c e d o no n a m o r o r ec re a t i v o e, a pesar dos alertas,
m u i t o s desses n a m o r o s levam a um r e l a c i o n a m e n t o sexual p r e c o c e .
D O U G L A S WILSON é p a s t o r da C h r i s t C h u r c h em M o s c o w ,
I d a h o , E s t a d o s U n i d o s , e e d i t o r da r e v i s t a C r e d e n d a / A g e n d a .
E l e é a u t o r de R e f o r m a n d o o C a s a m e n t o e F i d e l i d a d e , da s érie
b e s t - s e lle r s o b r e f a m í l i a , a m b o s p u b l i c a d o s pela e d i t o r a C L I R E .
C a s a d o c o m N a n c y , t e m t r ê s f i l h o s e um m o n t ã o de n e t o s .
CEN TRO
DE LITERATURA
REFORMADA