Complicacoes em Escleroterapia
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Complicações em Escleroterapia
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Complicações em Escleroterapia
INTRODUÇÃO
A escleroterapia continua sendo o vasculite; uso de contraceptivos orais;
procedimento mais realizado pelos cirurgiões reposição hormonal; gravidez ; antibióticos
vasculares brasileiros. Não há como negar sua (minociclina produz pigmentação pós
importância em nossa vida profissional. Dentro escleroterapia por provável interferência na
deste contesto, a escleroterapia merece todo degradação da hemossiderina); distúrbios do
cuidado e atenção possíveis. O médico deve metabolismo do ferro.
estar atento para todos os detalhes desde a
escolha da droga até a marca da agulha e AS COMPLICAÇÕES MAIS ENCONTRADAS
seringa a ser utilizada. Apesar de ser um
procedimento simples, o grau de exigência Hiperpigmentações, recidivas, aparecimento
destes pacientes é muito alto como costuma de telangiectasias secundárias mais finas que
acontecer em todos procedimentos estéticos as originais, não desaparecimento, edema
onde os insucessos costumam ser fortemente temporário, urticária localizada, bolhas ou
criticados. vesículas devido a compressão por faixas ou
O conhecimento das complicações é esparadrapo, necrose cutânea (úlcera), injeção
imprescindível para que o realizador do método linfática, flebite – tromboflebite, trombose
possa evitá-las. Uma boa formação na venosa profunda, embolia, reação alérgica
especialidade com conhecimento anatômico- sistêmica.
fisiológico das veias e das patologias
vasculares é indispensável. Devemos pensar HIPERPIGMENTAÇÃO PÓS -
antes de tudo em não causar danos. Uma ESCLEROTERAPIA
medida conveniente é comunicar as possíveis
complicações existentes, mesmo as raras. Há dois tipos básicos de hipercromia pós-
Alguns médicos fazem isso por escrito, com escleroterapia : hipercromia pós-inflamatória
folhetos explicativos, o que costuma aumentar e deposição de hemossiderina.
a confiança do paciente mesmo diante de uma A hipercromia pós-inflamatória é decorrente
complicação. da resposta tecidual ao resíduo necrótico do
Durante a anamnese deve-se investigar: vaso destruido. Obviamente ela é tanto maior
alergias; tendência a hiperpigmentação quanto mais calibrosa for a veia tratada.
(melasma gravídico, cicatrizes ou foliculites Normalmente as telangiectasias finas de até 1-
hiperpigmentadas, pele morena tipo III a IV 2 mm têm parede muito fina e ao serem
ou pele amarela); distúrbios de coagulações; esclerosadas deixam pequeno volume de tecido
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necrótico que não gera um processo acreditam que a oxidação do ferro presente
inflamatório suficiente para causar nas lesões levaria a formação de radicais livres
hipercromia. Quando tratamos veias maiores, que por sua toxicidade estimulariam os
normalmente também mais profundas, o risco melanócitos piorando as lesões.
de hipercromia pós-inflamatória aumenta. Os vasos maiores que 3 mm têm maior chance
Outra possível causa para a hipercromia pós- de formar coágulos pós escleroterapia.
inflamatória é o extravasamento da solução
esclerosante. Drogas menos agressivas como
glicose 75%, polidocanol 0,5% causariam menos
risco de hipercromia quando injetadas fora do
vaso, em relação a, por exemplo, etanolamina,
glicerina crômica, polidocanol 2%. O resultado
destas agressões é uma estimulação dos
melanócitos que passam a liberar grande
quantidade de melanina que se aprofunda
anormalmente na derme. Seu tratamento é
difícil e lento, como veremos adiante. Este tipo
de lesão é muito parecida com a produzida na
cirurgia de varizes quando se manipula
Figura 1 – Hiperpigmetação Pós Esclerose
excessivamente ou grosseiramente as incisões
para a retirada de colaterais
A deposição de hemossiderina tem uma
seqüência diferente. Ao realizarmos uma
sessão de escleroterpia, algumas
telangiectasias ficam contraídas, sem sangue.
Outras ficam ectasiadas com grande volume de
sangue coagulado. Este coágulo protegido pela
parede do vaso será absorvido mais
lentamente do que se estivesse disperso nos
tecidos. Este tempo prolongado antes que seja
reabsorvido pelos macrófagos, permite a
transformação da hemoglobina em
hemossiderina e ferro livre. Quando o vaso se Figura 2 - Hiperpigmentação pos escleroterapia com
rompe há uma dispersão destes componentes glicose hipertônica
que não serão identificados como corpo
estranho, permanecendo indefinidamente no
local. Estudos histológicos demonstraram que a
pigmentação ocre é causada pela alteração da
cor da derme pela hemossiderina. O pigmento
fica predominantemente na derme superficial
podendo às vezes estar presente nas regiões
perianexiais ou na derme média,
principalmente em áreas localizadas do
tornozelo. Fenômeno semelhante ocorre na
insuficiência venosa crônica decorrente dos
repetidos extravasamentos de hemacias pelas
fendas endotelias que estão dilatadas devido Figura 3 - Hiperpigmentação associada Angiogenese
ao aumento de histamina e prostaglandinas
produzidas pelos mastócitos das paredes
vasculares inflamadas. Alguns autores
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TRATAMENTO
Figura 10 – Escara pos escleroterapia
O tratamento das hiperpigmentações é feito
com cremes tópicos formulados ou prontos que
contêm basicamente um ou mais
despigmentantes inibidores da tirosinase
(hidroquinona, arbutin, ácido kójico, ácido
fítico, vitamina C, complexos vegetais como
Melawhite, Biowhite, Skin Ligthning Complex),
associados a adsorventes da melanina
(Antipolon), um agente esfoliante para
apressar a retirada das camadas superficiais
onde se deposita grande parte do pigmento
liberado (ácido retinóico, alfa hidroxiacidos),
corticóide, vitamina K1, antinflamatórios,
Figura 11 – Hematoma pos esclerose antiedematosos, venotróficos. A combinação
destes agentes leva em conta o grau e tipo de
lesão a ser tratada.
O componente mais importante é o
despigmentante. Normalmente se utiliza um ou
dois produtos sendo a hidroquinona a mais
receitada. A concentração recomendada é de 2
a 5% e pode ser associada aos outros agentes
como ácido fítico (0,5 a 1%), ácido kójico (2 a
4%), arbutin (1 a 2%). Por ser o mais
importante dos despigmentantes, vários
profissionais costumam usá -lo isoladamente
prescrevendo cremes prontos como Claripel (
Figura 12 – Hematoma pos eslerose 4%), Clariderme (2%). Há também alguns
produtos importados como: Eldoquin, Solaquin,
PREVENÇÃO Eldopaque, Melanex.
Há várias formas para se evitar a formação de Entre os agentes esfoliantes, destacamos o
microtrombos. As mais usadas são o ácido retinóico e o ácido glicólico. O ácido
enfaixamento compressivo, uso de retinóico (0,05 a 0,1%) é o mais eficiente além
vasoconstrictores tópicos pré-escleroterapia de ter também um efeito normalizador das
(digitoxina 0,05%, benzopirona 2%, colesterol- funções do melanócito. No caso de alergia,
escina 0,5%), repouso com membros elevados irritação ou pele sensível pode-se utilizar o
imediatamente após cada tratamento e mais ácido glicólico de 5 a 8%. Também no caso do
recentemente a crioescleroterapia, injeção do ácido retinóico temos cremes prontos como:
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com pele clara com intolerância a dor, uma boa baixo peso molecular. Como medida
alternativa são os lasers atuais (KTP, Neodímio profiláticas devemos sempre utilizar as
Yag, luz pulsada). compressões prolongadas, principalmente
quando realizamos esclerose de veias de médio
EDEMA calibre, suspender as terapias de
Uma das possíveis complicações pós anteconsseepicionais orais ou reposição
escleroterapia é o edema dos membros estrogenicas diante das complicações. Uma vez
inferiores que duram cerca de 2 a 7 dias. Este que tanto as estrogênias quanto as
edema é mais comum no tornozelo e está progesteronas implicam na promoção de
relacionado a escleroterapia de veias do pé e trombose mesmo em pequenas dosagem em
tornozelo, grande quantidade de estudos. Este risco se relaciona no período de
telangiectaisas de perna em uma mesma sessão uso se prolongado até cerca de uma semana
ou de escleroterapia de veias maiores da após sua interrupção.
perna. O tratamento de telangiectasias do pé Sabemos que mesmo o mais referenciado
e tornozelo normalmente levam ao edema. profissional experiente, apesar de todos os
Quando realizado, deve ser feito utilizando-se cuidados referidos não estar incento de
pouco esclerosante e poucas punções mesmo complicações. Pois só temos quando
que isto represente maior número de sessões. praticamos.
O tratamento de grande número de REAÇÃO ALÉRGICA
telangietasias numa mesma área implica em um Escleroterapia pode causar desde reações
volume maior de esclerosante com oclusão de alérgicas simples como uma urticária até um
eventuais veias normais. O que não é o choque anáfilático. O médico deve manter no
desejável. E escleroterapia não é o tratamento consultório arsenal terapêutico adequado para
indicado para veias maiores. este tipo de complicação. As manifestações
O tratamento do edema pode ser feito através mas comuns relatadas são mal estar,
de repouso, antinflamatórios, meia elástica. hipotenção, desmaio, e taquicardia. Outras
TROMBOFLEBITE SUPERFICIAL manifestações sistêmicas mais severas
A Tromboflebite pode estar relacionada com a também podem ser encontradas vômito,
técnica utilizada e a má avaliação em relação a dispnéia, broncoespasmo, convulsões, arritmia
indicação do vaso a ser esclerosado. Devemos cardíaca, depressão respiratória e edema de
tentar evitar a esclerose de vasos de grande glote. O tratamento varia de acordo com a
calibre ou próximo com comunicação a vasos gravidade do quadro desde simples observação
tronculares ou ainda a predisposição do por alguns minutos até administração de
paciente a trombose, flebite (vasculite; corticóide intravenoso (hidrocortisona) e
trombofilias; estado de hipercoabilidade em adrenalina.
geral). Sendo muito importante estes dados na
análise. ANÁLISE DE ALGUMAS SUBSTÂNCIAS
Ocorre em media de 1 – 3 semanas após a Polidocanol. Incidência estimada em torno de
injeção, ocorrendo um endurecimento, eriteme 0,01% poderá ocorrer efeito adverso quando
e uma maior sensibilidade dolorosa neste local. também se utiliza dose massisa como
Podendo ser simples ou gerar complicações parestesias ou formigamento da língua ou
maiores com migração de coágulos até o sensação estranha no paladar. De regeneração
sistema profundo ou até mesmo a veia rápida. Poderá ocorrer também toxicidade
perfuro-comunicante e com consequentemente cardíaca e reação sistêmica semelhante as
embolia venosa pulmonar. Devemos diante ocorridas com lindocaina e procaina em
destes coágulos quando possível drenalo ou paciente já hipertensas não havendo a
aspiralos realizar compressões adequadas; hipersensibilidade.
orientações quanto a deambulação; prescrição Glicose hipertônica. Nos parece atualmente o
de ante -inflamatórios, soluções heparinoides, esclerosante mais seguro de proteção de
havendo casos de até se utilizar heparina de alegencidade e outras complicações, exceto
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pigmentação, sem sobra de duvida é a glicose Diante de tudo revisado sabemos que o
hipertonica, porém é comum na prática sucesso do método estará associado ao bom
angiologica associar a esta substância o senso do angiologista, um bom esclerosante e
anestésico lidocaina, no intuito de amenizar a uma boa técnica ligada a experiência de cada
dor do paciente deixando assim a condição do um. Pois ainda buscamos um esclerosante
risco de alergia e complicações até como perfeito assim como o método ideal em mãos
anafiloxia por conta do anestésico. responsáveis.
CONSIDERAÇÕES FINAIS
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