(ANTOLOGIA) Culture-Se UFU - 1 Ed
(ANTOLOGIA) Culture-Se UFU - 1 Ed
(ANTOLOGIA) Culture-Se UFU - 1 Ed
UNIVERSIDADE FEDERAL DE
UBERLÂNDIA
FACULDADE DE DIREITO PROFESSOR
“JACY DE ASSIS”
ARTIMANHA APRESENTA:
1º CADERNO CULTURAL
REVISTA
CULTURE-SE
FASE I
SETEMBRO/2019 – MARÇO/2020
Diretor: Di Divulgação:
Ian Xavier Rodrigues Gi Giovanna Netto
Conselho Editorial: Aa Jady Gonçalves Varela
Jadir Gonçalves Rodrigues Pr Produção Editorial:
Leonardo Pires de Oliveira Ian Xavier Rodrigues
Comissão Editorial: Pedro Henrique Almeida
Gelson Pinheiro de Sousa Queiroz.
Ian Xavier Rodrigues
Júlia Dias Oliveira Rosa
Vitor Araújo Silva
APRESENTAÇÃO 7
PREFÁCIO 9
Já estava cansado...
Extenuado!
Perdi completamente a noção...
do tempo...
dos cheiros...
dos sons...
Estava desanimado...
...perdi completamente a vontade...
de viver...
de sentir...
de orar...
Estava compreendendo ...de verdade
o que eram aqueles sentimentos
(ou ausência de vários deles).
...
Lembro-me de escutar as palavras de um sábio milenar...
...dizendo para eu nunca desistir!
Caminhando ali...no vale das sombras
Olhava apenas para as coisas do chão.
...de certo que era apenas um desejo inconsciente:
Estar ali debaixo...a sete palmos.
...
Encontrei, ali, algo que não esperava...
Uma pequena flor...
...singela em todas características mais puras.
Abaixei, lentamente, olhando para ela e disse:
- Por que estás chorando?
E ela me respondeu:
- Porque em terras mortas... minha lágrima é a única coisa...que ainda
me alimenta.
Abaixei-me um pouco mais...
...e chorei o restante de lágrimas que ainda me restavam.
Dei àquela planta gotas salgadas de tristeza...
... as quais eram as únicas que possuía
para matar minha sede ...
...enquanto caminhava pelo vale da morte.
...
Lembrei novamente das palavras do meu grande mestre...
...após meu pequeno ato de bondade:
“Não temas mal algum, pois tu estás comigo. ”
E então...
Caminhei em direção à luz...
Parei diante da mesa preparada para mim, na presença de todos meus
inimigos.
Fiz a última refeição a mim concedida.
Prostrei-me diante de toda aquela misericórdia...
e o reino do céus...
...finalmente alcancei!
– Andraus – 8ºperíodo
TEMPOS
E o frasco se quebrou
O homem ganha o mundo
Ambição que desperta
Ira que aquece
Inveja que motiva
O Pai e o Homem já não se separam
É chegado o tempo
Tempo que varre as almas
Que desfaz os laços
Que corrói os caminhos
A fortuna da Mãe é o legado que deixou
No seu Sol
Na sua Lua
O primeiro brilha a chama ardente da busca
O segundo cintila o reflexo da pureza
Dois caminhos são um
E a magia sábia é rompida
Se desfazem
Em partes
Em peças
Nada tem
Nada resta
a não ser o caminho
DESCARTE MODERNO
E ao Chamado do povo
Em seu plangente coro
Com ma dúbia essência.
Serei eu 4 anos
Ou serei historia?
Serei mero fim de meu legado?
Ou serei falha de minha memória?
Serei eu o NOVO?
Ou serei, tempo perdido
Com tempo suficiente, do Velho
Serei um mito?
Ou somente o desespero
Serei mais um dentre outros mil?
Ou serei, presidente do Brasil.
dia 1.
escrevo e faço sucessivas concessões à palavra. apertamos as mãos num
acordo tácito e e numa briga feroz até os dedos se esmagarem, até as
minhas mãos de punho frágil doerem. eu e a palavra somos uma só, a
antítese dentro de um corpo que arde as esperas. eu e a palavra somos
dois seres que se engalfinham e vociferam banalidades. dizemos o
indizível, coisas vãs e incompreensíveis. nas nossas conversas, não
passamos de balbúrdia. babamos gracejos e depois destilamos carinho
misturado ao veneno do conviver impossível entre nós.
dia 2.
a palavra me traz inquietudes gritadas num sussurro martelando dia e
noite no ouvido. sou sonífero, a palavra é insônia. ela sempre pontual em
me fazer levantar para dar conta de suas urgências, ela sempre atrasada
e desaparecida.
dia 3.
hoje, eu e a palavra levantamos a bandeira da paz, celebrando o
compromisso de viver juntas e abraçadas. até dividimos uma taça de
vinho, o resultado que obtive foi um nada de palavras íntimas,
pateticamente cambaleantes, quentes de queimar a ponta da língua.
dia 4.
a festa do encontro só durou até a próxima noite, eu já sabia que seria
assim: pisco e pronto, já somos outra vez puro desencontro.
dia 5.
escrevo e faço sucessivas concessões à palavra, cedo a ela tudo o que
tenho, porque ela é o muito do que tenho. e ela tarda, é caprichosa, cheia
de vontades. mas isso eu também sou. somos absolutamente diferentes.
ela é do aceite, eu sou da recusa. somos absurdamente parecidas. escrevo
e faço sucessivas concessões à palavra, e isso tem um gosto que só dura
o tempo de mastigá-la, ela é de deglutição voraz, evapora entre os dentes,
e deixa um gosto bom que permanece na boca até a última gota. sorte a
minha.
dia 6.
viro a página, espero-a, ela não está, eu também não estou. quando
voltarmos, nos reconciliaremos, uma vez mais. e como se nada tivesse
acontecido, passaremos a limpo a nossa história e as nossas sedes. e
depois viraremos pó, sopro de fumaça. eu e a palavra viemos do mesmo
lugar, somo farinha do mesmo saco, gêmeas univitelinas, faces da mesma
moeda.
dia 7.
ficar o dia se demorando na cama.repouso, chuva, um livro na cabeceira,
um beijo de boa noite. fazer amor ou trepar, e depois sentir o corpo
cansado dos orgasmos. coleção de domingos. o dia da palavra. o dia de
descansar.
Queria multiplicar
Mudar
Comprar um duas portas, com ar.
Salário caiu.
Juros subiu.
Queria investir.
Faria o bancário rir.
no instante em que
a cachaça sobe à cabeça, entrevejo
entre embaçamentos e ardências
os ardores inominados que
descem rumo às minhas montanhas
e ponho-me a imaginar desvarios
de trepar no teu corpo-carvalho
no teu corpo carnavalesco
e ponho-me a imaginar montarias e cavalgações
e a escavar a tua fundura
e a recolher os teus cascalhos.
revela-te
traz as tuas velas e embarcações
para navegar nas minhas bússolas
e bacias hidrográficas,
acerca-te de mim.
– ANA C. MOURA – 9ºperíodo