Livro de Biosseguranca

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VIGILÂNCIA EPIDEMIOLÓGICA

FUNASA
Biossegurança em
Laboratórios
Biomédicos e de
Microbiologia
Biossegurança em Laboratórios
Biomédicos e de Microbiologia

Brasília, outubro de 2001


© 2001

Edição original em inglês: Biosafety in Microbiological and Biomedical Laboratories


– editado pelo CDC - Centro de Controle e Prevenção de Doenças / Estados
Unidos e pelo Instituto Nacional de Saúde / Estados Unidos - 4ª edição – Maio de
1999 - HHS Publicação Nº (CDC) 93-8395

É permitida a reprodução parcial ou total desta obra, desde que citada a


fonte.

Revisão Técnica da Tradução:


Núcleo de Biossegurança/NuBio
Vice-Presidência de Tecnologia
Fundação Oswaldo Cruz
Endereço: Av. Brasil, 4036 - 7º andar - sala 716
Telefone: (21) 590-9122 R-257/258, Fax: (21) 590-9122
Cep: 21 040-961, Rio de Janeiro

Distribuição e informação:
Coordenação Geral de Laboratórios de Saúde Pública
Centro Nacional de Epidemiologia
Fundação Nacional de Saúde
Setor de Autarquias Sul Quadra 4, bloco N, 6º andar, sala 619
Telefones: (061) 314.65.50/6556
70058-902 - Brasília – DF

Impresso no Brasil / Printed in Brazil

FICHA CATALOGRÁFICA

Biossegurança em laboratórios biomédicos e de microbiologia / editado


por Jonathan Y. Richmond, Robert W. Mckinney; organizado por Ana Rosa
dos Santos, Maria Adelaide Millington, Mário Cesar Althoff. - Brasília :
Ministério da Saúde : Fundação Nacional de Saúde, 2000.
290 p. il; 21,5x14 cm

Tradução de: Biosafety in Microbiological and Biomedical Laboratories

1. Laboratórios de saúde pública. I. Richmond, Jonathan Y. II. Mckinney,


Robert W. III. Santos, Ana Rosa. IV. Millington, Maria Adelaide. V. Althoff,
Mário. VI. Ministério da Saúde. VII. Fundação Nacional de Saúde.
APRESENTAÇÃO

O imprevisível e diversificado comportamento das doenças infecci-


osas emergentes e reemergentes tem acarretado a discussão das condi-
ções de biossegurança nas instituições de ensino, pesquisa, desenvolvi-
mento tecnológico e de prestação de serviços. A despeito do avanço
tecnológico, o profissional de saúde está freqüentemente exposto a ris-
cos biológicos e de produtos químicos, cujo enfrentamento está
consubstanciado na adequação das instalações do ambiente de trabalho
e na capacitação técnica desses profissionais. O manejo e a avaliaçào
de riscos são fundamentais para a definição de critérios e de ações, e
visam minimizar os riscos que podem comprometer a saúde do homem,
dos animais, do meio ambiente ou a qualidade dos trabalhos desenvolvi-
dos - Biossegurança.
A Biossegurança constitui uma área de conhecimento relativamente
nova, regulada em vários países no mundo por um conjunto de leis, pro-
cedimentos ou diretrizes específicas. No Brasil, a legislação de
Biossegurança foi criada em 1995 e, apesar da grande incidência de do-
enças ocupacionais em profissionais de saúde, engloba apenas a
tecnologia de engenharia genética, estabelecendo os requisitos para o
manejo de organismos geneticament modificados.
A segurança dos laboratórios e dos métodos de trabalho transcen-
de aos aspectos éticos implícitos nas pesquisas com manipulação gené-
tica. Medidas de biossegurança específicas devem ser adotadas por la-
boratórios e aliados a um amplo plano de educação baseado nas normas
nacionais e internacionais quanto ao transporte, conservação e manipu-
lação de microorganismos patogênicos.
Ao apresentar este livro, tradução autorizada do original em inglês
“Biosafety in Microbiological and Biomedical Laboratories - 4ª Edition -
CDC-INH, 1999, esperamos atender às necessidades de conhecimentos
básicos de biossegurança laboratorial, dos profissionais participantes do
Programa Nacional de Capacitação em Biossegurança Laboratorial, que
está sendo desenvolvido pelo Centro Nacional de Epidemiologia da Fun-
dação Nacional de Saúde - CENEPI/FUNASA, e constituir um roteiro
atualizado de condutas gerais de segurança para os profissionais que
atuam na Rede Nacional de Laboratórios de Saúde Pública.

Brasília/DF, Agosto de 2000

JARBAS BARBOSA DA SILVA JUNIOR


Diretor do CENEPI / FUNASA
Organizado por:
Coordenação Nacional de Laboratórios de Saúde Pública
Centro Nacional de Epidemiologia
Fundação Nacional de Saúde
Equipe Técnica:Ana Rosa dos Santos
Maria Adelaide Millington (Coordenadora)
Mário Cesar Althoff

Revisão Técnica da Tradução:


Núcleo de Biossegurança/NuBio
Vice-Presidência de Tecnologia
Fundação Oswaldo Cruz
Equipe Técnica: Bernardo Elias Corrêa Soares
Francelina Helena Alvarenga Lima e Silva
Leila Macedo Oda (Coordenadora)
Sheila Sotelino da Rocha
Telma Abdalla de Oliveira Cardoso

Tradução de: Denise Bittar


DEDICATÓRIA

Esta quarta edição de Biossegurança em Laboratórios


Biomédicos e Microbiológicos é dedicada à vida e realizações de
John H. Richardson, D.V.M, M.P.H.

Dr. Richardson foi o pioneiro e incessante defensor da


segurança para educação biológica. Ele foi o co-editor das duas
primeiras edições da BLBM, cujas normas são agora aceitas como
“o padrão ouro” internacional para a condução segura de uma
pesquisa microbiológica. Ele adaptou os programas de quarentena
de animais importados para os Estados Unidos e o de manejo de
organismos biológicos perigosos em laboratórios de pesquisas. Ele
foi sócio-presidente e ex-presidente da Associação Americana de
Segurança Biológica (American Biological Safety Association) e
auxiliou no desenvolvimento do programa de qualificação dos
profissionais da área de segurança biológica. Após uma longa e
ilustre carreira no Serviço de Saúde Pública (Public Health Service),
ele atuou como Diretor de Segurança do Meio Ambiente e na
Secretaria de Saúde da Universidade de Emory antes de tornar-se
um renomado Consultor de Biossegurança.

Talvez, o aspecto mais importante, por ter sido um cavalheiro


e defensor da saúde pública, os muitos amigos e associados que
tiveram o privilégio de conhecê-lo e trabalhar ao seu lado sentirão
muito a sua falta.
Editores:

Jonathan Y. Richmond, Ph.D.


Diretor do Escritório de Saúde e Segurança
Serviço de Saúde Pública
Centros de Prevenção e Controle da Doença
1600 Clifton Road N.E.
Atlanta, Georgia 30333

Robert W. McKinney, Ph. D.


Diretor da Divisão de Segurança
Serviço de Saúde Pública
Institutos Nacionais de Saúde
Building 31, Room 1C02
Bethesda, Maryland 20892
EDITORES CONVIDADOS:

Centros para Prevenção e Controle da Doença

Robert B. Craveb, M.D. Chefe do Departamento de Epidemiologia


Divisão de Doença Provocada por
Arbovírus
Centro Nacional de Doenças Infecciosas

Mark L. Eberhard, Ph.D. Chefe da Divisão de Biologia e


Diagnósticos
Divisão de Doenças Parasitárias
Centro Nacional de Doenças Infecciosas

Thomas Folks, Ph. D. Chefe da Divisão de HIV e


Retrovirologia
Divisão de AIDS, DST e Laboratório de
Pesquisa.
Centro Nacional de Doenças Infecciosas.

Bradford Kay, Dr.P.H. Consultor Senior do Laboratório da


Divisão de Bacteriologia e Doenças
Micóticas.
Centro Nacional de Doenças Infecciosas.

Richard C. Knudsen, Ph.D. Chefe do Laboratório de Segurança


Secretaria da Saúde e Segurança

Brian W. J. Mahy, Sc.D, Ph.D. Diretor da Divisão de Doenças Virais e


Rickettsiais.
Centro Nacional de Doenças Infecciosas.

C.J. Peters, M.D. Chefe da Divisão de Patógenos


Especiais
Centro Nacional de Doenças Infecciosas

ii
Margaret A.Tipple, M.D. Chefe do Programa de Atividades
Externas
Secretaria da Saúde e Segurança

Instituto Nacional de Saúde

John Bennett, M.D. Chefe da Seção de Micologia do Instituto


Nacional de Alergias e Doenças
Infecciosas

David Hackstadt, Ph.D Microbiologista do Rocky Mountain


Laboratory.

Deborah E. Wilson, Dr.P.H. Chefe da Divisão de Segurança e Saúde


Ocupacional
Departamento de Segurança.

Editores individuais convidados

Jonathan Crane, A.I.A Arquiteto


Atlanta, GA

Peter J. Gerone, Sc.D Diretor do Centro de Pesquisa Regional


de Primatas de Tulane
Centro Médico da Universidade de Tulane
Convington, Louisiana.

Thomas Hamm, D.V.M, Ph.D Consultor


Cary, NC

Debra L. Hunt, Dr. P.H. Diretor da Segurança Biológica e


Controle de Infecções.
Centro Médico da Universidade de Duke
Durham, North Carolina.

iii
Peter Jahrling, Ph.D. Cientista Senior de Pesquisa
Divisão de Avaliação da Doença
USAMRIID
Frederick, Maryland.

Thomas Kost, Ph.D. Chefe do Departamento de Ciências


Moleculares.
Glaxo Welcome, Inc.
Research Triangle Park, NC.

Editor técnico

Marie J. Murray Editor-Escritor


Atlanta, GA

iv
CONTEÚDO

SEÇÃO I
Introdução .............................................................................. 01
SEÇÃO II
Princípios de Biossegurança .................................................. 08

SEÇÃO III
Níveis de Biossegurança Laboratorial ..................................... 19
Tabela 1. Resumo dos Níveis de Biossegurança Recomendados
para Agentes Infecciosos .................................................... 59

SEÇÃO IV
Critérios para os Níveis de Biossegurança para
Animais Vertebrados ................................................................ 60
Tabela 1. Resumo dos Níveis de Biossegurança
Recomendados para as Atividades nas quais Animais
Vertebrados Invertebrados`Naturalmente ou Experimentalmente
são Utilizados ................................................................. 86

SEÇÃO V
Avaliação dos Riscos ............................................................. 87

SEÇÃO VI
Níveis de Biossegurança Recomendados para Agentes
Infecciosos e Animais Infectados ........................................... 96

SEÇÃO VII
Relação dos Agentes ............................................................. 100
Seção VII-A: Agentes Bacterianos ......................................... 100
Seção VII-B: Agentes Fúngicos ............................................. 133
Seção VII-C: Agentes Parasitários ......................................... 142
Seção VII-D: Prions ................................................................ 150
Seção VII-E: Agentes Ricketisiais .......................................... 165
Seção VII-F: Agentes Virais (não incluindo o arbovírus) .......... 171
Seção VII-G: Arbovírus e Vírus Zoonóticos Relacionados ....... 205

v
Arbovírus Designados para o Nível de Biossegurança 2 ....... 205
Tabela 1. Arbovírus e Arenavírus Designados para o Nível
de Biossegurança 2. ................................................... 208
Tabela 2. Cepas de Vacina de Vírus do NB-3/4 que Podem Ser
Manipulados em um Nível de Biossegurança 2.
Arbovírus e Arenavírus Designados para o Nível de
Biossegurança 3. ........................................................ 211
Tabela 3. Arbovírus e Alguns Outros Vírus Designados
para o Nível e Biossegurança 3 (baseado em
experiência insuficiente). ............................................. 216
Tabela 4. Arbovírus e Alguns Outros Vírus Designados
para oNível de Biossegurança 3. ................................ 217
Arbovírus, Arenavírus e Filovírus Designados ao Nível
de Biossegurança 4. ................................................... 219
Tabela 5. Arbovírus, Arenavírus e Filovírus Designados
para o Nível de Biossegurança 4. ................................ 221

APÊNDICE A
Contenção Primária: Cabines de Segurança Biológica ........... 224
Tabela 1. Comparação das Cabines de Segurança
Biológica. .................................................................... 229
Figura 1. Cabine de Segurança Biológica Classe I ............ 230
Figura 2a. Cabine de Segurança Biológica Classe II,
Tipo A ......................................................................... 231
Figura 2b. Cabine de Segurança Biológica Classe II,
Tipo B1 ....................................................................... 232
Figura 2c. Cabine de Segurança Biológica Classe II,
Tipo B2 ....................................................................... 233
Figura 2d. Cabine de Segurança Biológica Classe II,
Tipo B3 ....................................................................... 234
Figura 3. Cabine de Segurança Biológica Classe III........... 235

APÊNDICE B
Imunoprofilaxia ....................................................................... 236

vi
287
APÊNDICE C
Transporte e Transferência de Agentes Biológicos .......... 238
Figura 1. Embalagem e Rotulagem de Substâncias
Infecciosas ................................................................ 244
Figura 2. Embalagem e Rotulagem de Amostras Clínicas .... 244

APÊNDICE D
Patógenos Animais ............................................................ 245

APÊNDICE E
Fontes de Informações ...................................................... 248

APÊNDICE F
Segurança do Laboratório e Resposta de Emergência para
Laboratórios Biomédicos e de Microbiologia ............... 250

APÊNDICE G
Gerenciamento Integrado de Roedores e Insetos ............ 256

APÊNDICE H
Trabalhos com Células e Tecidos Humanos e de Outros Primatas ... 261

APÊNDICE I
Normas para o Trabalho com Toxinas de Origem Biológica .... 264

ÍNDICE REMISSIVO
Índice Remissivo ................................................................ 270

vii
PREFÁCIO

Essa publicação descreve as combinações das práticas


microbiológicas padrões e as especiais, dos equipamentos de
segurança e instalações que constituem os Níveis de Biossegurança
de 1-4 recomendados para um trabalho que envolva uma variedade
de agentes infecciosos em vários estabelecimentos laboratoriais.

Essas recomendações possuem um caráter consultivo. A


intenção é o de fornecer um guia voluntário ou código de prática,
assim como os objetivos para operações de um nível mais alto.
Esses conselhos são também oferecidos como um guia e uma
referência na construção das instalações de um novo laboratório e
na reforma de instalações já existentes.

Porém, a aplicação destas recomendações em uma operação


de um laboratório particular deverá se basear na avaliação do risco
de agentes e de atividades especiais, ao invés de ser utilizado
como um código universal e genérico aplicável a todas as situações.

Desde a publicação da terceira edição do livro Biossegurança


em Laboratórios Biomédicos e Microbiológicos, ocorreram inúmeros
eventos que acabaram por influenciar algumas das mudanças feitas
nesta quarta edição.

• Em resposta à preocupação global concernente às doenças


infecciosas emergentes e as reemergentes, a seção de
Avaliação de Riscos foi ampliada para proporcionar ao
laboratorista informações adicionais para facilitar a implantação
de tais determinações.

• Devido a grande demanda de projetos e construções de


laboratórios biomédicos e microbiológicos, particularmente nos
Níveis de Biossegurança 3 e, incorporamos esclarecimentos e
acréscimos às Seções “Instalações”, em particular às Seções III
e IV. O objetivo é a expansão de nossa abordagem baseada na
atuação com o objetivo de obtermos uma contenção apropriada.

viii
• Com a identificação da encefalopatia espongiforme bovina (EEB)
na Inglaterra houve um aumento significativo do interesse sobre
doenças provocadas por prions. Por esta razão, acrescentamos
um apêndice para direcionar as várias preocupações
associadas ao trabalho com estes agentes.

• Como tem ocorrido várias infecções associadas a laboratórios


envolvendo agentes previamente conhecidos e desconhecidos,
modificamos ou acrescentamos vários Resumos das
Características de Agentes nesta edição.

• Os resumos de agentes agora contêm informações sobre os


requisitos necessários para obtenção de licenças para o
transporte de microrganismos infecciosos. O motivo para essa
modificação foi a preocupação em relação ao crescente
transporte nacional e internacional de microorganismos
infecciosos.

• E finalmente, nestes últimos anos, houve um aumento nas


preocupações em relação ao bioterrorismo, o que tem provocado
um considerável interesse nas questões que envolvem a
biossegurança. Portanto, acrescentamos um apêndice para
ajudar a concentrarmos nossas atenções nas necessidades de
aumento de segurança em nossos laboratórios de microbiologia.

Gostaríamos também de agradecer as contribuições de muitos


da comunidade científica que proporcionaram idéias para
aperfeiçoarmos essa edição. Em particular, temos um grande débito
com o Comitê Técnico de Revisão (Technical Review Committee)
da Associação Americana de Segurança Biológica (American
Biological Safety Association) por seus amáveis comentários e
sugestões.

ix
SEÇÃO I

Introdução

Laboratórios de microbiologia são, com freqüência, ambientes


singulares de trabalho que podem expor as pessoas próximas a
eles ou que neles trabalham a riscos de doenças infecciosas
identificáveis. As infecções contraídas em um laboratório têm sido
descritas por meio da história da microbiologia. Os relatórios de
microbiologia publicados na virada do século descreveram casos
de tifo, cólera, mormo, brucelose, e tétano associados a
laboratórios1. Em 1941, Meyer e Eddie2 publicaram uma pesquisa
de 74 casos de brucelose associados a laboratório, ocorrido nos
Estados Unidos, e concluíram que “a manipulação de culturas ou
espécies ou ainda a inalação da poeira contendo a bactéria Brucella
é eminentemente perigosa para os trabalhadores de um
laboratório”.Inúmeros casos foram atribuídos à falta de cuidados
ou a uma técnica de manuseio ruim de materiais infecciosos.

Em 1949, Sulkin e Pike3, publicaram a primeira de uma série


de pesquisas sobre infecções associadas a laboratórios. Eles
constataram 222 infecções virais, sendo 21 delas fatais. Em pelo
menos um terço dos casos, a provável fonte de infecção estava
associada ao manuseio de animais e tecidos infectados. Acidentes
conhecidos foram registrados em 27 (12%) dos casos relatados.

Em 1951, Sulkin e Pike4, publicaram a segunda de uma série


de pesquisas baseada em um questionário enviado a 5.000
laboratórios. Somente um terço dos 1.342 casos citados foram
relatados na literatura. A Brucelose era a infecção mais
freqüentemente encontrada nos relatórios em relação às infecções
contraídas em um laboratório e juntamente com a tuberculose, a
tularemia, o tifo, e a infecção estreptocócica contribuíam para 72%
de todas as infecções bacterianas e 31% das infecções causadas
por outros agentes. O índice total de mortalidade era de 3%.
Somente 16% de todas as infecções relatadas estavam associadas
a um acidente documentado. A maioria destes estavam relacionados
ao uso de pipetas, seringas e agulhas.

1
Introdução

Essa pesquisa foi atualizada em 19655, quando houve um


acréscimo de 641 novos casos ou de casos que não havia sido
relatados anteriormente. Em 19766, houve uma nova atualização
perfazendo um total acumulativo de 3.921 casos. A brucelose, o
tifo, a tularemia, a tuberculose, a hepatite e a encefalite eqüina
venezuelana eram as infecções mais comumente relatadas. Menos
de 20% de todos os casos estavam associados a um acidente
conhecido. A exposição aos aerossóis infecciosos era considerada
como sendo uma fonte plausível, mas não confirmada de infecção
para mais de 80% dos casos onde as pessoas infectadas haviam
“trabalhadas com o agente”.

Em 19677, Hanson e colaboradores relataram 428 casos


patentes de infecções de arbovírus associados a laboratório. Em
alguns casos, a capacidade de um dado arbovírus de produzir uma
doença humana foi primeiramente confirmada como o resultado de
uma infecção não intencional da equipe laboratorial. No caso, os
aerossóis infecciosos eram considerados a fonte mais comum de
infecção.

Em 1974, Skinholj8 publicou os resultados de uma pesquisa


que mostrava que o corpo de funcionários dos laboratórios clínicos
dinamarqueses apresentava uma relatada incidência de hepatite
(2,3 casos ao ano por 1.000 funcionários) sete vezes maior que a
população em geral. De maneira semelhante, uma pesquisa de 1976
realizada por Harrington e Shannon9 indicou que os trabalhadores
de laboratórios médicos na Inglaterra apresentavam “um risco cinco
vezes maior de adquirir uma tuberculose do que a população em
geral”.A Hepatite B e a shigelose também eram conhecidas por
serem um contínuo risco ocupacional. Junto com a tuberculose,
essas eram as três causas mais comuns de infecções associadas
a laboratório relatadas na Grã-Bretanha.

Embora esses relatórios sugerissem que os funcionários de


laboratórios corriam um elevado risco de se contaminarem pelos
agentes que eles próprios manipulavam, os índices atuais de
infecção não se encontram disponíveis. Porém, os estudos de
Harington e Shannon e os de Skinhoj10 indicam que as equipes

2
Introdução

laboratoriais apresentavam maiores índices de tuberculose,


shigelose e de hepatite B do que a maioria da população em geral.

Ao contrário das ocorrências documentadas de infecções


contraídas por funcionários de laboratórios, esses laboratórios que
trabalham com agentes infecciosos não representam uma ameaça
à sociedade. Por exemplo, embora 109 casos de infecções
associadas a laboratórios tenham sido registrados nos Centros de
Prevenção e Controle de Doença de 1947 a 197311, nenhum caso
secundário foi relatado nos membros da família ou em contatos
comunitários. O Centro Nacional de Doença Animal relatou uma
experiência12 semelhante, sem nenhum caso secundário ocorrido
nos contatos laboratoriais e não laboratoriais em relação aos 18
casos de infecções associadas a laboratório no período de 1960 a
1975. Através de um caso secundário da Doença de Marburg
contraído pela esposa de um caso primário, concluiu-se que a
infecção havia sido sexualmente transmitida dois meses após o
marido ter recebido alta do hospital13. Três casos secundários de
varíola foram relatados em dois surtos associados a laboratório na
Inglaterra em 197314 e 197815. Relatos anteriores de seis casos de
febre Q entre os funcionários de uma lavanderia comercial que
lavava os uniformes e roupas de um laboratório que manipulava o
agente16, um caso de uma pessoa que visitava o laboratório17 e
dois casos de febre Q em contatos domiciliares de um
rickettsiologista18 também foram constatados. Existe o relato de um
caso de transmissão do vírus B de macaco de um tratador de animais
infectados para a sua esposa, aparentemente provocado pelo
contato do vírus com a pele lesionada do indivíduo19. Esses casos
são representativos da natureza esporádica e da pouca freqüência
das infecções na comunidade de trabalhadores de laboratório que
lidam com agentes infecciosos.

Na revisão de 1979 20, Pike chegou a conclusão que “o


conhecimento, as técnicas e o equipamento para a prevenção das
infecções laboratoriais já estão disponíveis”.Nos Estados Unidos,
porém, nenhum código de prática, padrões, diretrizes ou outras
publicações proporcionaram descrições detalhadas das técnicas,
equipamento e outras considerações ou recomendações para um

3
Introdução

maior esfera de ação das atividades laboratoriais conduzidas com


uma variedade de agentes infecciosos exóticos e nativos. O folheto
Classificação dos Agentes Etiológicos Baseando-se no Grau de
Risco21 serviu como uma referência geral para várias atividades
laboratoriais que utilizam agentes infecciosos. Neste folheto, o
conceito sobre a classificação dos agentes infecciosos e das
atividades laboratoriais em quatro níveis ou classes, serviu como
um formato básico para as edições anteriores do Biossegurança
em Laboratórios Biomédicos e Microbiológicos (BLBM). Esta quarta
edição do BLBM continua a descrever especificamente as
combinações de práticas microbiológicas, instalações laboratoriais,
equipamento de segurança e recomendações sobre suas utilizações
nas quatro categorias ou nos quatro níveis de biossegurança de
operação laboratorial com agentes infecciosos que afetam homens.

As descrições dos Níveis de Biossegurança de 1-4 paralelas


àquelas contidas nas Diretrizes do NIH para Pesquisa Envolvendo
o DNA Recombinante22, 23, estão de acordo com os critérios gerais
originalmente usados para a designação dos agentes infecciosos
para as Classes de 1-4 na Classificação dos Agentes Etiológicos
Baseando-se no Grau de Risco24. Quatro níveis de biossegurança
também são determinados para as atividades de doenças
infecciosas utilizando pequenos animais de laboratórios. As
recomendações para os níveis de biossegurança para agentes
específicos são feitas com base no risco potencial do agente, da
função ou da atividade do laboratório.

Desde o início dos anos 80, os laboratórios aplicam esses


fundamentos em atividades associadas com manipulações
envolvendo o vírus da imunodeficiência humana (HIV). Mesmo antes
do HIV ter sido identificado como o agente causador da Síndrome
da Imunodeficiência Adquirida (AIDS), os princípios que regulam a
manipulação de um patógeno presente no sangue já eram
considerados adequados para um trabalho laboratorial seguro.
Normas também foram publicadas para os trabalhadores da área
de saúde sob o título de Precauções Universais25. De fato, as
Precauções Universais e esta publicação tornaram-se a base do
manuseio seguro de sangue e de fluídos corporais, como descrito

4
Introdução

na recente publicação OSHA, intitulada Padrão de Patógenos San-


guíneos26.
No final dos anos 80 havia uma grande preocupação com o
lixo médico-hospitalar, o que levou a publicação do Ato de
Rastreamento de Lixo Hospitalar de 1988 27 . Os princípios
estabelecidos nos volumes anteriores do BLBM para o manuseio
de dejetos potencialmente infecciosos como um risco ocupacional
foi reforçado pela Pesquisa do Conselho Nacional intitulada
Biossegurança em Laboratórios: Práticas Prudentes para o
Manuseio e Remoção de Materiais Infecciosos28.
No momento em que esta publicação estava sendo editada,
há uma preocupação crescente em relação ao reaparecimento do
M. tuberculosis e a segurança dos trabalhadores de laboratórios e
equipamentos da área de saúde. Os princípios descritos no BLBM
que tentam assegurar as práticas, procedimentos e instalações de
segurança na saúde são aplicáveis ao controle deste patógeno
aéreo incluindo sua cepas resistentes a inúmeras drogas
(multidrogas resistentes)29, 30. As tecnologias com DNA recombinante
estão sendo aplicadas rotineiramente em laboratórios para modificar
a composição genética de vários microorganismos. Uma avaliação
completa de riscos deve ser conduzida quando nos referimos a
estas atividades e a seus resultados e desconhecidos.
A experiência tem demonstrado a importância das precauções
tomadas com as práticas, procedimentos, e instalações dos Níveis
de Biossegurança de 1-4 descritas para as manipulações de agentes
etiológicos em montagem de laboratórios e dependências animais.
Embora não exista nenhum tipo de relatório nacional que descreva
as infecções associadas a laboratórios, casos curiosos sugerem
que uma rígida adesão a essas normas contribui para um meio de
trabalho mais seguro e saudável para a equipe do laboratório, seus
colaboradores e a comunidade ao redor. Para reduzir ainda mais o
potencial de risco de infecções associadas a laboratórios, as normas
apresentadas aqui devem ser consideradas como uma orientação
mínima para contenção das mesmas. Estas devem ser adaptadas
para cada laboratório em particular e podem ser utilizadas
juntamente com outras informações científicas disponíveis.

5
Introdução

Referências:

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Safety Conference. Lexington, Kentucky.
2. Meyer, K.F., Eddie, B. 1941. Laboratory Infections due to Brucella.
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4. Sulkin, S.E., Pike, R.M. 1951. Survey of laboratory-acquired infec-
tions. Am J Public Health 41 (7):769-781.
5. Pike, R.M., Sulkin, S.E., Schulze, M.L. 1965. Continuing impor-
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infection. Public Health Rep 63(42): 1364-1370.
17. Oliphant, J.W., Parker, R.R. 1948. (16)
18. Beeman, E.A. 1950. Q-fever – an epidemiological note. Pub Hlth
Rep 65 (2):88-92.

6
Introdução

19. Holmes, G.P., Hilliard J.K., Klontz, K.C., et al. 1990. B virus (Herp-
esvirus simiae) Infection in Humans: Epidemiologic Investigation of a
Cluster. Ann of Int Med 112: 833-839.
20. Pike, R.M. 1979. Laboratory-associated infections, incidence, fatali-
ties, causes and prevention. Ann Ver Microbiol 33:41-66.
21. Centers for Disease Control, Office of Biosafety. 1974. Classification
of Etiologic Agents on the Basis of Hazard, 4th Edition. U.S Depart-
ment of Health, Education and Welfare, Public Health Service.
22. National Institutes of Health. 1994. Guidelines for Research Involving
Recombinant DNA Molecules. (Washington: GPO) Federal Regis-
ter. 59FR34496.
23. National Cancer Institute, Office of Research Safety, and the Special
Committee of Safety and Health Experts. 1978. Laboratory Safety
Monograph: A Supplement to the NIH Guidelines for Recombinant
DNA Research. Bethesda, MD, National Institutes of Health.
24. Centers for Disease Control. Office of Biosafety. 1974. (20)
25. Centers for Disease Control. 1988. Update: Universal Precautions
for Prevention of Transmission of Human Immunodeficiency Virus,
Hepatitis Virus and Other Bloodborne Pathogens in Healthcare Set-
tings. MMWR, 37:377-382,387, 388.
26. U.S Department of Labor, Occupational Exposure to Bloodborne
Pathogens, Final Rule. Fed. Register 56:64175-64182.
27. U.S. Congress, 1988. Medical waste Tracking Act of 1988. H.R.
3515, 42 U.S.C. 6992-6992k.
28. Biosafety in the laboratory. Prudent Practices for the Handling and
Disposal of Infectious Materials, 1989. National Research Council.
National Academy Press, Washington, D.C.
29. Centers for Disease Control. 1990. Guidelines for Preventing the
Transmission of Tuberculosis in Health-Care Settings, with Special
Focus on HIV-Related Issues. MMWR 39, Nº. RR-17.
30. Centers for Disease Control. 1992. National Action Plan to Combat
Multi-Drug-Resistant Tuberculosis. Meeting The Challenge of Multi-
Drug-Resistant Tuberculosis: Summary of a Conference Manage-
ment of Persons Exposed to Multi-Drug-Resistant Tuberculosis.
MMWR 41, Nº RR –11.

7
SEÇÃO II

Princípios de Biossegurança

O termo “contenção” é usado para descrever os métodos de


segurança utilizados na manipulação de materiais infecciosos em
um meio laboratorial onde estão sendo manejados ou mantidos. O
objetivo da contenção é o de reduzir ou eliminar a exposição da
equipe de um laboratório, de outras pessoas e do meio ambiente
em geral aos agentes potencialmente perigosos.

A contenção primária, a proteção da equipe do laboratório e


do meio de trabalho contra a exposição aos agentes infecciosos, é
proporcionada por uma boa técnica de microbiologia e pelo uso de
um equipamento de segurança adequado. O uso de vacinas pode
fornecer um elevado nível de proteção pessoal. Já a contenção
secundária, a proteção do meio ambiente externo ao laboratório
contra a exposição aos materiais infecciosos, é proporcionada pela
combinação de um projeto das instalações e das práticas
operacionais. Desta forma, os três elementos de contenção incluem
a prática e a técnica laboratorial, o equipamento de segurança e o
projeto da instalação. A avaliação do risco do trabalho a ser
realizado com um agente específico determinará a combinação
adequada destes três elementos.

Prática e Técnica Laboratorial. O elemento de contenção


mais importante é a adesão rígida às práticas e técnicas
microbiológicas padrões. As pessoas que trabalham com agentes
infecciosos ou com materiais potencialmente contaminados devem
se conscientizar sobre os riscos potenciais, e devem ser treinadas
e estarem aptas a exercerem as técnicas e práticas necessárias
para o manuseio seguro destes materiais. Cabe ao diretor ou a
pessoa responsável pelo laboratório, a responsabilidade também
pelo fornecimento ou pela elaboração de um treinamento adequado
para o corpo de funcionários.

Cada laboratório deverá desenvolver ou adotar um manual


de biossegurança ou de operações que identifique os riscos que

8
Princípios de Biossegurança

serão ou que poderão ser encontrados e que especifique também


as práticas e procedimentos específicos para minimizar ou eliminar
as exposições a estes perigos. Os funcionários devem receber
informações sobre os riscos especiais e devem ler e seguir todas
as práticas e procedimentos solicitados. Um cientista treinado e
com grande conhecimento das técnicas laboratoriais apropriadas,
dos procedimentos de segurança e dos perigos associados ao
manuseio de agentes infecciosos deve ser o responsável pela
condução do trabalho envolvendo quaisquer agentes ou materiais
infecciosos.

Quando as práticas laboratoriais padrões não forem


suficientes para controlar os perigos associados a um agente ou a
um procedimento laboratorial em particular, medidas adicionais
poderão ser necessárias. O diretor do laboratório será o
responsável pela seleção das práticas adicionais de segurança que
devem estar relacionadas aos riscos associados aos agentes ou
aos procedimentos.

A equipe, as práticas de segurança e as técnicas laboratoriais


deverão ser complementadas com um projeto apropriado das
instalações e das características da arquitetura, do equipamento
de segurança e das práticas de gerenciamento.

Equipamento de Segurança (Barreiras Primárias). O


equipamento de segurança inclui as cabines de segurança biológica
(CSB), recipientes adequados e outros controles da engenharia
de segurança projetados para remover ou minimizar exposições
aos materiais biológicos perigosos. A cabine de segurança biológica
(CSB) é o dispositivo principal utilizado para proporcionar a
contenção de borrifos ou aerossóis infecciosos provocados por
inúmeros procedimentos microbiológicos. Três tipos de cabines de
segurança biológica (Classe I, II e III) usados em laboratórios de
microbiologia estão descritos e ilustrados no Apêndice A. As cabines
de segurança biológica Classe I e II, que possuem a frente aberta,
são barreiras primárias que oferecem níveis significativos de
proteção para a equipe do laboratório e para o meio ambiente
quando utilizado com boas técnicas microbiológicas. A cabine de

9
Princípios de Biossegurança

segurança biológica Classe II também fornece uma proteção con-


tra a contaminação externa de materiais (por exemplo, cultura de
células, estoque microbiológico) que serão manipulados dentro das
cabines. A cabine de segurança biológica Classe III hermética e
impermeável aos gases proporciona o mais alto nível de proteção
aos funcionários e ao meio ambiente.

Um outro exemplo de barreira primária é o copo de segurança


da centrífuga, um recipiente conectado à centrífuga projetado para
evitar que aerossóis sejam liberados durante uma centrifugação.
Para minimizarmos este perigo, controles de contenção como as
cabines de segurança biológicas (CSB) ou os copos da centrífuga
deverão ser utilizadas ao manipularmos agentes infecciosos que
possam ser transmitidos através da exposição aos aerossóis.

O equipamento de segurança também pode incluir itens para


a proteção pessoal como luvas, aventais, gorros, proteção para
sapatos, botas, respiradores, escudo ou protetor facial, máscaras
faciais ou óculos de proteção. O equipamento de proteção pessoal
freqüentemente é usado em combinação com as cabines de
segurança biológica e outros dispositivos que façam a contenção
os agentes, animais ou materiais que estão sendo manipulados.
Em alguns casos nos quais torna-se impossível trabalhar em capelas
de segurança biológica, o equipamento de segurança pessoal deve
formar a barreira primária entre os trabalhadores e os materiais
infecciosos. Os exemplos incluem certos estudos animais, necropsia
animais, atividades de produção em grande escala do agente e
atividades relacionadas à manutenção, serviços ou suporte da
instalação do laboratório.

Projeto e Construção das Instalações (Barreiras


Secundárias). O planejamento e a construção das instalações
contribuem para a proteção da equipe do laboratório,
proporcionando uma barreira de proteção para as pessoas que se
encontram fora do laboratório e para as pessoas ou animais da
comunidade contra agentes infecciosos que podem ser liberados
acidentalmente pelo laboratório. A gerência do laboratório deve
ser a responsável por instalações que estejam de acordo com o

10
Princípios de Biossegurança

funcionamento do mesmo e com o nível de biossegurança reco-


mendado para os agentes que forem ali manipulados.

As barreiras secundárias recomendadas dependerão do risco


de transmissão dos agentes específicos. Por exemplo, o risco das
exposições para grande parte dos trabalhos laboratoriais em
dependências de um Nível De Biossegurança 1 e 2 será o contato
direto com os agentes ou as exposições inadvertidas através de
um meio de trabalho contaminado. As barreiras secundárias nestes
laboratórios podem incluir o isolamento da área de trabalho ao
acesso público, disponibilidade de uma dependência para
descontaminação (por exemplo, uma autoclave) e dependências
para lavagem das mãos.

Quando o risco de contaminação através da exposição aos


aerossóis infecciosos estiver presente, níveis mais elevados de
contenção primária e barreiras de proteção secundárias poderão
ser necessários para evitar que agentes infecciosos escapem para
o meio ambiente. Estas características do projeto incluem sistemas
de ventilação especializados em assegurar o fluxo de ar
unidirecionado, sistemas de tratamento de ar para a
descontaminação ou remoção do ar liberado, zonas de acesso
controlado, câmaras pressurizadas como entradas de laboratório,
separados ou módulos para isolamento do laboratório. Os
engenheiros responsáveis pelo projeto devem levar em
consideração as recomendações específicas para ventilação como
as encontradas no Manual de Aplicações para Calefação,
Ventilação e Refrigeração (Applications Handbook for Heating,
Ventilation and Air-Conditioning - HVAC) publicado pela Sociedade
Americana de Engenheiros de Calefação, Refrigeração e
Condicionamento de Ar (American Society of Heating, Refrigerating
and Air-Conditioning Engineers – ASHRAE)1.

Níveis de Biossegurança. Os quatro níveis de


biossegurança (NB) estão descritos na Seção III, e consistem de
combinações de práticas e técnicas de laboratório, equipamento
de segurança e instalações do laboratório. Cada combinação é
especificamente adequada para as operações realizadas, vias de

11
Princípios de Biossegurança

transmissões documentadas ou suspeitas de agentes infecciosos


e funcionamento ou atividade do laboratório.

Os níveis de biossegurança recomendados para os


organismos da Seção VII (Resumo dos Agentes) representam as
condições nas quais o agente pode ser manuseado com segurança.
O diretor do laboratório é especificamente e primariamente o
responsável pela avaliação dos riscos e pela aplicação adequada
dos níveis de biossegurança recomendados. Geralmente, o trabalho
com agentes desconhecidos deve ser conduzido em um nível de
biossegurança recomendado pela Seção VII. Quando temos uma
informação específica disponível que possa sugerir a virulência, a
patogenicidade, os padrões de resistência a antibióticos, a vacina
e a disponibilidade de tratamento, ou outros fatores
significativamente alterados, práticas mais (ou menos) rígidas
poderão ser adotadas.

Nível de Biossegurança 1 - As práticas, o equipamento


de segurança e o projeto das instalações são apropriados para
o treinamento educacional secundário ou para o treinamento
de técnicos, e de professores de técnicas laboratoriais. Este
conjunto também é utilizado em outros laboratórios onde o
trabalho, com cepas definidas e caracterizadas de
microorganismos viáveis e conhecidos por não causarem
doenças em homens adultos e sadios, é realizado. O Bacillus
subtilis, o Naegleria gruberi, o vírus da hepatite canina infecciosa
e organismos livres sob as Diretrizes do NIH de DNA
Recombinantes são exemplos de microorganismos que
preenchem todos estes requisitos descritos acima. Muitos
agentes que geralmente não estão associados a processos
patológicos em homens são, entretanto, patógenos oportunos
e que podem causar uma infecção em jovens, idosos e
indivíduos imunosupressivos ou imunodeprimidos. As cepas de
vacina que tenham passado por múltiplas passagens in vivo não
deverão ser consideradas não virulentas simplesmente por
serem cepas de vacinas.

O Nível de Biossegurança 1 representa um nível básico


de contenção que se baseia nas práticas padrões de

12
Princípios de Biossegurança

microbiologia sem uma indicação de barreiras primárias ou se-


cundárias, com exceção de uma pia para a higienização das
mãos.

Nível de Biossegurança 2 - As práticas, os


equipamentos, a planta e a construção das instalações são
aplicáveis aos laboratórios clínicos, de diagnóstico, laboratórios
escolas e outros laboratórios onde o trabalho é realizado com
um maior espectro de agentes nativos de risco moderado
presentes na comunidade e que estejam associados a uma
patologia humana de gravidade variável. Com boas técnicas de
microbiologia, esses agentes podem ser usados de maneira
segura em atividades conduzidas sobre uma bancada aberta,
uma vez que o potencial para a produção de borrifos e aerossóis
é baixo. O vírus da hepatite B, o HIV, a salmonela e o Toxoplasma
spp. são exemplos de microorganismos designados para este
nível de contenção. O Nível de Biossegurança 2 é adequado
para qualquer trabalho que envolva sangue humano, líquidos
corporais, tecidos ou linhas de células humanas primárias onde
a presença de um agente infeccioso pode ser desconhecido.
Os laboratoristas que trabalham com materiais humanos devem
consultar o livro Padrão de Patógenos Transmitidos pelo Sangue
da OSHA (OSHA Bloodborne Pathogen Standard2) para as
precauções específicas necessárias.

Os perigos primários em relação aos funcionários que


trabalham com esses agentes estão relacionados com acidentes
percutâneos de as exposições da membrana mucosa ou com a
ingestão de materiais infecciosos. Deve-se tomar um extremo
cuidado com agulhas contaminadas ou com instrumentos
cortantes. Embora os organismos rotineiramente manipulados
em um Nível de Biossegurança 2 não sejam transmitidos através
de aerossóis, os procedimentos envolvendo um alto potencial
para a produção de salpicos ou aerossóis que possam aumentar
o risco de exposição destes funcionários devem ser conduzidos
com um equipamento de contenção primária ou com dispositivos
como a CSB ou os copos de segurança da centrífuga. Outras
barreiras primárias, como os escudos para borrifos, proteção

13
Princípios de Biossegurança

facial, aventais e luvas devem ser utilizados de maneira ade-


quada.

As barreiras secundárias como pias para higienização das


mãos e instalações para descontaminação de lixo devem existir
com o objetivo de reduzir a contaminação potencial do meio
ambiente.

Nível de Biossegurança 3 - As práticas, o equipamento


de segurança, o planejamento e construção das dependências
são aplicáveis para laboratórios clínicos, de diagnósticos,
laboratório escola, de pesquisa ou de produções. Nestes locais,
realiza-se o trabalho com agentes nativos ou exóticos que
possuam um potencial de transmissão via respiratória e que
podem causar infecções sérias e potencialmente fatais. O
Mycobacterium tuberculosis, o vírus da encefalite de St. Louis
e a Coxiella burnetii são exemplos de microorganismos
determinados para este nível. Os riscos primários causados aos
trabalhadores que lidam com estes agentes incluem a auto-
inoculação, a ingestão e a exposição aos aerossóis infecciosos.

No Nível de Biossegurança 3, enfatizamos mais as


barreiras primárias e secundárias para protegermos os
funcionários de áreas contíguas, a comunidade e o meio
ambiente contra a exposição aos aerossóis potencialmente
infecciosos. Por exemplo, todas as manipulações laboratoriais
deverão ser realizadas em uma CSB (Cabine de Segurança
Biológica) ou em um outro equipamento de contenção como
uma câmara hermética de geração de aerossóis. As barreiras
secundárias para esse nível incluem o acesso controlado ao
laboratório e sistemas de ventilação que minimizam a liberação
de aerossóis infecciosos do laboratório.

Nível de Biossegurança 4 – As práticas, o equipamento


de segurança, o planejamento e construção das dependências
são aplicáveis para trabalhos que envolvam agentes exóticos
perigosos que representam um alto risco por provocarem
doenças fatais em indivíduos. Estes agentes podem ser

14
Princípios de Biossegurança

transmitidos via aerossóis e até o momento não há nenhuma


vacina ou terapia disponível. Os agentes que possuem uma
relação antigênica próxima ou idêntica aos dos agentes do Nível
de Biossegurança 4 também deverão ser manuseados neste
nível. Quando possuímos dados suficientes, o trabalho com
esses agentes deve continuar neste nível ou em um nível inferior.
Os vírus como os de Marburg ou da febre hemorrágica Criméia
- Congo são manipulados no Nível de Biossegurança 4.

Os riscos primários aos trabalhadores que manuseiam


agentes do Nível de Biossegurança 4 incluem a exposição
respiratória aos aerossóis infecciosos, exposição da membrana
mucosa e/ou da pele lesionada as gotículas infecciosas e a auto-
inoculação. Todas as manipulações de materiais de diagnóstico
potencialmente infecciosos, substâncias isoladas e animais
naturalmente ou experimentalmente infectados apresentam um
alto risco de exposição e infecção aos funcionários de laboratório,
à comunidade e ao meio ambiente.

O completo isolamento dos trabalhadores de laboratórios


em relação aos materiais infecciosos aerossolizados é realizado
primariamente em cabines de segurança biológica Classe III ou
com um macacão individual suprido com pressão de ar positivo.
A instalação do Nível de Biossegurança 4 é geralmente
construída em um prédio separado ou em uma zona
completamente isolada com uma complexa e especializada
ventilação e sistemas de gerenciamento de lixo que evitem uma
liberação de agentes viáveis no meio ambiente.
O diretor do laboratório é primariamente e especificamente
responsável pela operação segura do laboratório. O
conhecimento e julgamento dele/dela são críticos para a
avaliação dos riscos e para a aplicação adequada destas
recomendações. O nível de biossegurança recomendado
representa as condições sob as quais o agente pode ser
manipulado com segurança. As características especiais dos
agentes utilizados, o treinamento e experiência dos empregados
e a natureza da função do laboratório poderão posteriormente
influenciar o diretor quanto à aplicação destas recomendações.

15
Princípios de Biossegurança

Dependências para Animais. Os quatro níveis de


biossegurança também são descritos para as atividades que
envolvem o trabalho de doenças infecciosas com animais
experimentais. Estas quatro combinações de práticas, equipamento
de segurança e de instalações são denominadas de Níveis de
Biossegurança Animal 1, 2, 3, e 4 e proporcionam níveis crescentes
de proteção aos funcionários e ao meio ambiente.

Laboratórios Clínicos. Os laboratórios clínicos,


especialmente aqueles situados em clínicas e hospitais recebem
amostras clínicas requisitando uma grande variedade de
diagnósticos e serviços de apoio clínico. Geralmente, a natureza
infecciosa do material clínico é desconhecida e as amostras são
freqüentemente submetidas a uma ampla solicitação de exame
microbiológico em relação aos múltiplos agentes (por exemplo, o
escarro pode ser submetido a uma cultura de “rotina”, ácido
resistente e cultura fúngica. É responsabilidade do diretor do
laboratório estabelecer procedimentos padrões no laboratório que,
de fato, direcionem a questão do perigo da infecção imposto pelas
amostras clínicas.

Com exceção de circunstâncias extraordinárias (por exemplo,


suspeita de uma febre hemorrágica), o processamento inicial de
uma amostra clínica e a identificação sorológica de substâncias
isoladas poderá ser realizado de forma segura em um Nível de
Biossegurança 2 - o nível recomendado para o trabalho com
patógeno do sangue como o vírus da hepatite B e o HIV. Os
elementos de contenção descritos no Nível de Biossegurança 2
deverão estar de acordo com o padrão da OSHA, “Exposição
Ocupacional aos Patógenos Transmitidos através do Sangue”3, 4
publicado pela Administração de Saúde e Segurança Ocupacional.
Isto requer o uso de precauções específicas para todas as amostras
clínicas de sangue ou outros materiais potencialmente infecciosos
(Precauções ou Padrões Universais) 5 . Além disto, outras
recomendações específicas para laboratórios clínicos podem ser
obtidas através do Comitê Nacional de Padrões para Laboratórios
Clínicos (National Committee for Clinical Laboratory Standard)6.

16
Princípios de Biossegurança

As recomendações para o nível de Biossegurança 2 e os


requerimentos do OSHA enfocam a prevenção à exposição por
contato com a pele e mucosas à materiaias clínicos. Barreiras
primárias, como as cabines de segurança biológica ( Classe I e II),
devem ser usadas quando procedimentos que causam gotejamento,
pulverização e salpicos de gotas. As cabines de segurança biológica
também devem ser usadas quando do início da manipulação de
espécimes clínicos, cuja natureza do teste requerer, ou em presença
de um agente que reconhecidamente transmite infecções por
aerossóis (por ex.; M. tuberculosis) ou quando o uso de uma cabine
de segurança biológica (Classe II) é indicado para proteger a
integridade do espécime.

A segregação das funções de um laboratório clínico e o


acesso limitado ou restrito a estas áreas é de responsabilidade do
diretor da instituição. É responsabilidade também do diretor
estabelecer um padrão e procedimentos por escrito que direcionem
os riscos potenciais e os cuidados ou precauções necessárias a
serem implantadas.

Importação e Expedição Interestadual de Certos


Materiais Biomédicos. A importação de vetores e agentes
etiológicos de patologias humanas está sujeita aos regulamentos
da Public Health Service Foreign Quarentine. Os regulamentos do
Serviço de Saúde Pública e do Departamento de Transportes
especificam os requisitos necessários para a embalagem, rotulagem
e embarque de agentes etiológicos e amostras para diagnósticos
expedidos para o comércio interestadual (veja Apêndice).

O Departamento de Agricultura dos E.U. A regulamenta a


importação e expedição interestadual de patógenos animais e
proíbe a importação, posse ou uso de certos agentes patológicos
de animais exóticos que possam ser uma ameaça para aves e
criações em geral por provocarem sérias doenças (veja o Apêndice
D).

17
Princípios de Biossegurança

Referências:

1. American Society of Heating, Refrigerating, and air-Conditioning


Engineers, Inc. 1999. Laboratories”. In: ASHRAE Handbook, Heat-
ing, Ventilation, and Air-Conditioning Applications, Chapter 13.
2. U.S. Department of Labor, Occupational Safety and Health Adminis-
tration. 1991. Occupational Exposure to Bloodborne Pathogens, Fi-
nal Rule. Fed. Register 56: 64175-64182.
3. U.S. Department of Labor, Occupational Safety and Health Adminis-
trations. 1991. (2)
4. Richmond, J.Y. 1994. “HIV Biosafety: Guidelines and Regulations.”
In (G. Schochetman, J.R. George, Eds). AIDS Testing, Edition 2
(pp. 346-360). Springer-Verlag New York, Inc.
5. Centers for Disease Control. 1988. Update: Universal Precautions
for Prevention of Transmission of Human Immunodeficiency Virus,
Hepatitis B Virus and Other Bloodborne Pathogens in Healthcare
Settings. MMWR, 37: 377-382, 387, 388.
6. National Committee for Clinical Laboratory Standards (NCCLS). 1997.
Protection of laboratory workers from instrument biohazards and in-
fectious disease transmitted by blood, body fluids and tissue. Ap-
proved guideline. Dec. 1997, NCCLS Doc. M29-A (ISBN-1-56238-
339-6).

18
SEÇÃO III

Níveis de Biossegurança Laboratorial

Os principais requisitos exigidos para os quatro níveis de


biossegurança em atividades que envolvam microorganismos
infecciosos e animais de laboratório estão resumidos na Tabela 1
desta Seção e da Seção IV. Os níveis são designados em ordem
crescente, pelo grau de proteção proporcionado ao pessoal do
laboratório, meio ambiente e à comunidade.

Nível de Biossegurança (NB-1)

O Nível de Biossegurança 1 é adequado ao trabalho que


envolva agentes bem caracterizados e conhecidos por não
provocarem doença em seres humanos e que possuam mínimo
risco ao pessoal do laboratório e ao meio ambiente. O laboratório
não está separado das demais dependências do edifício. O trabalho
é conduzido, em geral, em bancada, com adoção das boas práticas
laboratoriais (BPL). Equipamentos específicos de proteção ou
características especiais de construção não são geralmente usados
ou exigidos. O pessoal do laboratório deverá ter treinamento
específico nos procedimentos realizados no laboratório e deverão
ser supervisionados por um cientista com treinamento em
microbiologia geral ou ciência correlata.

Os seguintes padrões e práticas especiais, equipamento de


segurança e as instalações deverão ser aplicados aos agentes
designados ao Nível de Biossegurança 1:

A. Práticas Padrões em Microbiologia

1. O acesso ao laboratório deverá ser limitado ou restrito de


acordo com a definição do diretor do laboratório quando
estiverem sendo realizados experimentos ou trabalhos com
culturas e amostras.

2. As pessoas deverão lavar as mãos após o manuseio de


materiais viáveis, após a remoção das luvas e antes de
saírem do laboratório.

19
Níveis de Biossegurança Laboratorial — NB1

3. Não é permitido comer, beber, fumar, manusear lentes de


contato, aplicar cosméticos ou armazenar alimentos para
consumo nas áreas de trabalho. As pessoas que usam
lentes de contato em laboratórios deverão usar também
óculos de proteção ou protetores faciais. Os alimentos
deverão ser guardados fora das áreas de trabalho em
armários ou geladeiras específicos para este fim.

4. É proibida a pipetagem com a boca; devem ser utilizados


dispositivos mecânicos.

5. Devem ser instituídas normas para o manuseio de agulhas.

6. Todos os procedimentos devem ser realizados


cuidadosamente a fim de minimizar a criação de borrifos ou
aerossóis.

7. As superfícies de trabalho devem ser descontaminadas,


pelo menos, uma vez ao dia e sempre depois de qualquer
derramamento de material viável.

8. Todas as culturas, colônias e outros resíduos deverão ser


descontaminados antes de serem descartados através de
um método de descontaminação aprovado como, por
exemplo, esterilização por calor úmido (autoclave). Os
materiais que forem ser descontaminados fora do laboratório
deverão ser colocados em recipientes inquebráveis, à prova
de vazamentos e hermeticamente fechados para serem
transportados ao local desejado. Os materiais que forem
enviados para descontaminacão fora da instituição deverão
também ser embalados de acordo com os regulamentos
locais, estaduais e federais, antes de serem removidos das
dependências do laboratório.

9. O símbolo de “Risco Biológico” deverá ser colocado na


entrada do laboratório em qualquer momento em que o

20
Níveis de Biossegurança Laboratorial — NB1

agente infeccioso estiver presente no local. Este sinal de


alerta deverá indicar o(s) agente(s) manipulado(s) e o nome
e número do telefone do pesquisador.

10. Deve ser providenciado um programa rotineiro de controle


de insetos e roedores. (ver Apêndice G).

B. Práticas Especiais Nenhuma

C. Equipamento de Segurança (Barreiras Primárias)

1. Os equipamentos especiais de contenção, tais como as


cabines de segurança biológica, não são geralmente
exigidas para manipulações de agentes de classe de risco
1.

2. É recomendado o uso de jalecos, aventais ou uniformes


próprios, para evitarem a contaminação ou sujeira de suas
roupas normais.

3. Recomenda-se o uso de luvas para os casos de rachaduras


ou ferimentos na pele das mãos. Algumas alternativas como
o uso de luvas de látex com talco deverão ser avaliadas.

4. Óculos protetores deverão ser usados na execução de


procedimentos que produzam borrifos de microorganismos
ou de materiais perigosos.

D. Instalações Laboratoriais (Barreiras Secundárias)

1. Os laboratórios deverão possuir portas para controle do


acesso.

2. Cada laboratório deverá conter uma pia para lavagem das


mãos.

3. O laboratório deve ser projetado de modo a permitir fácil


limpeza. Carpetes e tapetes não são apropriados para
laboratórios.

21
Níveis de Biossegurança Laboratorial — NB2

4. É recomendável que a superfície das bancadas seja im-


permeável à água e resistente ao calor moderado e aos
solventes orgânicos, ácidos, álcalis e químicos usados para
a descontaminação da superfície de trabalho e do
equipamento.

5. Os móveis do laboratório deverão ser capazes de suportar


cargas e usos previstos. Os espaços entre as bancadas,
cabines e equipamento deverão ser suficientes de modo a
permitir fácil acesso para limpeza.

6. Se o laboratório possuir janelas que se abram para o


exterior, estas deverão conter telas de proteção contra
insetos.

Níveis de Biossegurança 2 (NB-2)

O nível de Biossegurança 2 é semelhante ao Nível de


Biossegurança 1 e é adequado ao trabalho que envolva agentes
de risco moderado para as pessoais e para o meio ambiente. Difere
do NB-1 nos seguintes aspectos: (1) O pessoal de laboratório
deverá ter um treinamento específico no manejo de agentes
patogênicos e devem ser supervisionados por cientistas
competentes; (2) O acesso ao laboratório deve ser limitado durante
os procedimentos operacionais; (3) precauções extremas serão
tomadas em relação a objetos cortantes infectados; e (4)
Determinados procedimentos nos quais exista possibilidade de
formação de aerossóis e borrifos infecciosos devem ser conduzidos
em cabines de segurança biológica ou outros equipamentos de
contenção física.

Os seguintes padrões e práticas especiais, equipamentos de


segurança e instalações são aplicáveis aos agentes designados
para o Nível de Biossegurança 2:

A. Práticas Padrões de Microbiologia

1. O acesso ao laboratório deverá ser limitado ou restrito de


acordo com a definição do diretor do laboratório quando
estiver sendo realizado experimento.

22
Níveis de Biossegurança Laboratorial — NB2

2. As pessoas devem lavar as mãos após a manipulação de


materiais viáveis, após a remoção das luvas e antes de
saírem do laboratório.

3. É proibido comer, beber, fumar, manusear lentes de contato


e aplicar cosméticos nas áreas de trabalho. Os alimentos
deverão ser guardados fora das áreas de trabalho em
armários ou geladeiras específicas para este fim.

4. É proibida a pipetagem com a boca; devem ser utilizados


dispositivos mecânicos.

5. Devem ser instituídas normas para o manuseio de agulhas.

6. Todos os procedimentos devem ser realizados


cuidadosamente a fim de minimizar a criação de borrifos ou
aerossóis.

7. As superfícies de trabalho devem ser descontaminadas com


desinfetantes que sejam eficazes contra os agentes
manipulados, ao final do trabalho ou no final do dia e após
qualquer vazamento ou borrifada de material viável.

8. Todas as culturas, colônias e outros resíduos deverão ser


descontaminados antes de serem descartados através de
um método de descontaminação aprovado como, por
exemplo, esterilização por calor úmido (autoclave). Os
materiais que forem ser descontaminados fora do próprio
laboratório deverão ser colocados em recipientes
inquebráveis, à prova de vazamentos e hermeticamente
fechados para serem transportados ao local desejado.

9. Deve ser providenciado um programa rotineiro de controle


contra insetos e roedores (veja Apêndice G).

B. Práticas Especiais

1. O acesso ao laboratório deverá ser limitado ou restrito de


acordo com a definição do diretor, quando o trabalho com

23
Níveis de Biossegurança Laboratorial — NB2

agentes infecciosos estiver sendo realizado. Em geral, pes-


soas susceptíveis às infecções, ou pessoas que quando
infectadas possam apresentar sérias complicações, não
serão permitidas no laboratório ou nas salas dos animais.
Por exemplo, pessoas que estejam imunocomprometidas
ou imunodeprimidas poderão estar correndo um sério risco
de se contaminarem. Cabe ao diretor a decisão final quanto
à avaliação de cada circunstância e a determinação de quem
deve entrar ou trabalhar no laboratório ou na sala de
animais.

2. O diretor do laboratório deverá estabelecer normas e


procedimentos com ampla informação a todos que
trabalharem no laboratório sobre o potencial de risco
associado ao trabalho, bem como sobre os requisitos
específicos (por exemplo, imunização) para entrada em
laboratório.

3. O símbolo de “Risco Biológico” deverá ser colocado na


entrada do laboratório onde agentes etiológicos estiverem
sendo utilizados. Este sinal de alerta deverá conter
informações como o(s) nome(s) o(s) agente(s)
manipulado(s), o nível de biossegurança, as imunizações
necessárias, o nome e número do telefone do pesquisador,
o tipo de equipamento de proteção individual que deverá
ser usado no laboratório e os procedimentos necessários
para sair do laboratório.

4. O pessoal do laboratório deve estar apropriadamente


imunizado ou examinado quanto aos agentes manipulados
ou potencialmente presentes no laboratório (por exemplo,
vacina contra a hepatite B ou teste cutâneo para a
tuberculose).

5. Quando apropriado, dependendo do(s) agente(s)


manipulado(s), para referência futura, devem ser mantidas
amostras sorológicas da equipe do laboratório e de outras
pessoas possivelmente expostos aos riscos. Amostras

24
Níveis de Biossegurança Laboratorial — NB2

sorológicas adicionais devem ser colhidas periodicamente,


dependendo dos agentes manipulados ou da função das
instalações laboratoriais.

6. Os procedimentos de biossegurança devem ser


incorporados aos procedimentos operacionais padrões ou
a um manual de biossegurança específico do laboratório,
adotado ou preparado pelo diretor do laboratório. Todo
pessoal deve ser orientado sobre os riscos e devem ler e
seguir as instruções sobre as práticas e procedimentos
requeridos.

7. O diretor do laboratório deverá assegurar que o laboratório


e a equipe de apoio receba um treinamento apropriado
sobre os riscos potenciais associados ao trabalho
desenvolvido, as precauções necessárias para prevenção
de exposição e os procedimentos para avaliação das
exposições. A equipe de funcionários deverá receber cursos
de atualização anuais ou treinamento adicional quando
necessário e também no caso de mudanças de normas ou
de procedimentos.

8. Deve-se sempre tomar uma enorme precaução em relação


a qualquer objeto cortante, incluindo seringas e agulhas,
lâminas, pipetas, tubos capilares e bisturis.

a. Agulhas e seringas hipodérmicas ou outros instrumentos


cortantes devem ficar restritos ao laboratório e usados
somente quando não houver outra alternativa para
inoculação parenteral, flebotomia ou aspiração de fluídos
de animais de laboratório e de garrafas com diafragma.
Recipientes plásticos devem ser substituídos por
recipientes de vidro sempre que possível.

b. Devem ser usadas somente seringas com agulha fixa


ou agulha e seringa em uma unidade única descartável
usada para injeção ou aspiração de materiais infecciosos.

25
Níveis de Biossegurança Laboratorial — NB2

As agulhas descartáveis usadas não deverão ser do-


bradas, quebradas, reutilizadas, removidas das serin-
gas ou manipuladas antes de serem desprezadas. Ao
contrário, elas deverão ser cuidadosamente colocadas
em recipiente resistente a perfurações localizado con-
venientemente, utilizado para recolhimento de objetos
cortantes desprezados. Objetos cortantes não
descartáveis devem ser colocados em um recipiente cuja
parede seja bem resistente para o transporte até a área
para descontaminação, de preferência através de uma
autoclave.

c. As seringas que possuem um envoltório para a agulha,


ou sistemas sem agulha e outros dispositivos de
segurança deverão ser utilizados quando necessários.

d. Vidros quebrados não devem ser manipulados


diretamente com a mão, devem ser removidos através
de meios mecânicos como uma vassoura e uma pá de
lixo, pinças ou fórceps. Os recipientes que contêm
agulhas, equipamentos cortantes e vidros quebrados
contaminados deverão passar por um processo de
descontaminação antes de serem desprezados, de
acordo com os regulamentos locais, estaduais ou
federais.

9. Culturas, tecidos e amostras de fluídos corpóreos ou dejetos


potencialmente infecciosos devem ser colocados em um
recipiente com uma tampa que evite o vazamento durante
a coleta, o manuseio, o processamento, o armazenamento,
o transporte ou o embarque.

10. O equipamento laboratorial e as superfícies de trabalho


deverão ser descontaminadas rotineiramente com um
desinfetante eficaz após a conclusão do trabalho com
materiais infecciosos e especialmente após borrifos e
derramamentos ou depois que outras contaminações por
materiais infecciosos tenham ocorrido. O equipamento

26
Níveis de Biossegurança Laboratorial — NB2

contaminado deverá ser descontaminado de acordo com


as normas locais, estaduais ou federais antes de ser
enviado para conserto, manutenção ou acondicionamento
para transporte de acordo com as normas locais, estaduais
ou federais aplicáveis, antes de ser removido do local.

11. Respingos e acidentes resultantes de uma exposição de


materiais infecciosos aos organismos deverão ser
imediatamente notificados ao diretor do laboratório. A
avaliação médica, a vigilância e o tratamento deverão ser
providenciados e registros do acidente e das providências
adotadas deverão ser mantidos por escrito.

12. É proibida a admissão de animais que não estiverem


relacionados ao trabalho em execução no laboratório.

C. Equipamento de Segurança (Barreira Primária)

1. Devem ser usadas cabines de segurança biológica


mantidas de maneira adequada, de preferência de Classe
II, ou outro equipamento de proteção individual adequado
ou dispositivos de contenção física sempre que:

a. Sejam realizados procedimentos com elevado potencial


de criação de aerossóis ou borrifos infecciosos como
centrifugação, trituração, homogeneização, agitação
vigorosa, misturas, ruptura por sonificação, abertura de
recipientes contendo materiais infecciosos onde a
pressão interna possa ser diferente da pressão
ambiental, inoculação intranasal em animais e em cultura
de tecidos infectados de animais ou de ovos
embrionados.

b. Altas concentrações ou grandes volumes de agentes


infecciosos forem utilizados. Tais materiais só poderão
ser centrifugados fora das cabines de segurança se
forem utilizadas centrífugas de segurança e frascos

27
Níveis de Biossegurança Laboratorial — NB2

lacrados. Estes só deverão ser abertos no interior de


uma cabine de segurança biológica.

2. Proteção para o rosto (máscaras de proteção, protetor facial,


óculos de proteção ou outra proteção para respingos) deve
ser usada para prevenir respingos ou sprays proveniente
de materiais infecciosos ou de outros materiais perigosos,
quando for necessária a manipulação de microrganismos
fora das cabines de segurança biológica.

3. No interior do laboratório, os freqüentadores deverão utilizar


roupas apropriadas como jalecos, gorros ou uniformes de
proteção. Antes de sair do laboratório para as áreas externas
(cantina, biblioteca, escritório administrativo), a roupa
protetora dever ser retirada e deixada no laboratório, ou
encaminhada para a lavanderia da instituição. A equipe do
laboratório nunca deve levá-la para a casa.

4. Devem ser usadas luvas, quando houver um contato direto


com materiais e superfícies potencialmente infecciosas ou
equipamentos contaminados. O mais adequado é usar dois
pares de luvas. Essas luvas devem ser desprezadas quando
estiverem contaminadas, o trabalho com materiais
infecciosos for concluído ou quando a integridade da luva
estiver comprometida. Luvas descartáveis não poderão ser
lavadas, reutilizadas ou usadas para tocar superfícies
“limpas” (teclado, telefones, etc.), e não devem ser usadas
fora do laboratório. Alternativas como luvas de látex com
talco deverão estar disponíveis. As mãos deverão ser
lavadas após a remoção das luvas.

D. Instalações Laboratoriais (Barreiras Secundárias)

1. É exigido um sistema de portas com trancas em


dependências que abrigarem agentes restritos (como
definido em 42 CFR 72.6).

2. Considere a construção de novos laboratórios longe de área


públicas.

28
Níveis de Biossegurança Laboratorial — NB2

3. Cada laboratório deverá conter uma pia para a lavagem


das mãos. Recomendamos a construção de pias que
funcionem automaticamente ou que sejam acionadas com
o pé ou com o joelho.

4. O laboratório deverá ser projetado de modo a permitir fácil


limpeza e descontaminação. Carpetes e tapetes não são
apropriados para laboratório.

5. As bancadas deverão ser impermeáveis à água e resistentes


ao calor moderado e aos solventes orgânicos, ácidos, álcalis
e solventes químicos utilizados na descontaminação das
superfícies de trabalho e do equipamento.

6. Os móveis do laboratório devem suportar cargas e usos


previstos com espaçamento suficiente entre as bancadas,
cabines e equipamentos para permitir acesso fácil para
limpeza. As cadeiras e outros móveis utilizados no trabalho
laboratorial devem ser cobertos com um material que não
seja tecido e que possa ser facilmente descontaminado.

7. Cabines de segurança biológica devem ser instaladas, de


forma que a variação da entrada e saída de ar da sala, não
provoque alteração nos padrões de contenção de seu
funcionamento. As cabines de segurança biológica devem
estar localizadas longe de portas, janelas que possam ser
abertas, áreas laboratoriais muito cheias e que possuam
outros equipamentos potencialmente dilaceradores, de
forma que sejam mantidos os parâmetros de fluxo de ar
nestas cabines de segurança biológica.

8. Um lava olhos deve estar disponível.

9. A iluminação deverá ser adequada para todas as atividades,


evitando reflexos e luzes fortes e ofuscantes que possam
impedir a visão.

10. Não existem exigências em relação à ventilação. Porém, o


planejamento de novas instalações deve considerar

29
Níveis de Biossegurança Laboratorial — NB3

sistemas mecânicos de ventilação que proporcione um flu-


xo interno de ar sem que haja uma recirculação para os
espaços fora do laboratório. Caso o laboratório possua
janelas que se abram para o exterior, essas deverão possuir
telas para insetos.

Nível de Biossegurança 3 (NB-3)

O Nível de Biossegurança 3 é aplicável para laboratórios


clínicos, de diagnóstico, ensino e pesquisa ou de produção onde o
trabalho com agentes exóticos possa causar doenças sérias ou
potencialmente fatais como resultado de exposição por inalação. A
equipe laboratorial deve possuir treinamento específico no manejo
de agentes patogênicos e potencialmente letais devendo ser
supervisionados por competentes cientistas que possuam vasta
experiência com estes agentes.

Todos os procedimentos que envolverem a manipulação de


materiais infecciosos devem ser conduzidos dentro de cabines de
segurança biológica ou outro dispositivo de contenção física. Os
manipuladores devem usar roupas e equipamento de proteção
individual.

Sabe-se, porém, que algumas instalações existentes podem


não possuir todas as características recomendadas para um Nível
de Biossegurança 3 (por exemplo, uma área de acesso com duas
portas, selamento das entradas de ar). Nestas circunstâncias, um
nível aceitável de segurança para condução dos procedimentos
de rotina (por exemplo, procedimentos para diagnósticos
envolvendo a reprodução de um agente para identificação, tipagem,
teste de susceptibilidade, etc.) poderá ser conseguido através de
instalações do Nível de Biossegurança 2 garantindo-se que: (1) o
ar liberado do laboratório seja jogado para fora da sala, (2) a
ventilação do laboratório seja equilibrada para proporcionar um fluxo
de ar direcionado para dentro da sala, (3) o acesso ao laboratório
seja restrito quando o trabalho estiver sendo realizado e (4) as
Práticas Padrões de Microbiologia, as Práticas Especiais e o
Equipamento de Segurança para o Nível de Biossegurança 3 sejam

30
Níveis de Biossegurança Laboratorial — NB3

rigorosamente seguidas. A decisão de implementar essas modifi-


cações das recomendações do Nível de Biossegurança 3 deve ser
tomada somente pelo diretor do laboratório.

O seguinte padrão e práticas de segurança especiais,


equipamentos e instalações se aplicam aos agentes enumerados
no Nível de Biossegurança 3:

A. Práticas Padrões de Microbiologia

1. O acesso ao laboratório deve ser limitado ou restrito de


acordo com a definição do diretor do laboratório quando
experimentos estiverem sendo realizados.

2. As pessoas devem lavar as mãos após a manipulação de


materiais infecciosos, após a remoção das luvas e antes
de saírem do laboratório.

3. É proibido comer, beber, fumar, manusear lentes de contato


e aplicar cosméticos dentro da área de trabalho. As pessoas
que usarem lentes de contato em laboratórios deverão
também usar óculos de proteção ou protetores faciais. Os
alimentos devem ser armazenados fora do ambiente de
trabalho em armários ou geladeiras utilizadas somente para
este fim.

4. É proibido a pipetagem com a boca, devem ser utilizados


dispositivos mecânicos.

5. Devem ser instituídas normas para o manuseio de agulhas.

6. Todos os procedimentos devem ser realizados


cuidadosamente a fim de minimizar a criação de aerossóis.

7. As superfícies de trabalho devem ser descontaminadas


pelo menos uma vez ao dia e depois de qualquer
derramamento de material viável.

8. Todas as culturas, colônias e outros resíduos relacionados


devem ser descontaminados antes de serem descartados,

31
Níveis de Biossegurança Laboratorial — NB3

através de um método de descontaminação aprovado, como


por exemplo, a autoclavação. Os materiais que forem ser
descontaminados fora da área próxima ao laboratório
deverão ser colocados dentro de um recipiente rígidos, à
prova de vazamento e hermeticamente fechado para ser
transportado do laboratório. O lixo infeccioso de laboratórios
de Níveis de Biossegurança 3 deverá ser descontaminado
antes de ser removido para locais fora do laboratório.

9. Deve ser providenciado um programa rotineiro de controle


de insetos e roedores (veja o Apêndice G).

B. Práticas Especiais

1. As portas do laboratório devem permanecer fechadas


quando experimentos estiverem sendo realizados.

2. O diretor do laboratório deverá controlar e limitar o acesso


ao laboratório. Somente as pessoas necessárias para que
o programa seja executado ou o pessoal de apoio devem
ser admitidos no local. As pessoas que apresentarem risco
aumentado de contaminação ou que possam ter sérias
conseqüências caso sejam contaminadas, não serão
permitidas dentro do laboratório ou na sala de animais. Por
exemplo, pessoas imunocomprometidas ou imunodeprimidas
podem estar mais susceptíveis a uma contaminação. O
diretor deverá ser o responsável final pela avaliação de
cada caso e na determinação de quem deverá ou não entrar
ou trabalhar dentro do laboratório. Não é permitida a
entrada de menores no laboratório.

3. O diretor do laboratório deverá estabelecer normas e


procedimentos pelos quais só serão admitidas no laboratório
ou nas salas dos animais pessoas que já tiverem recebido
informações sobre o potencial de risco, que atendam todos
os requisitos para a entrada no mesmo (por exemplo,
imunização) e que obedeçam a todas as regras para entrada
e saída no laboratório.

32
Níveis de Biossegurança Laboratorial — NB3

4. Quando materiais infecciosos ou animais infectados esti-


verem presentes no laboratório ou no módulo de conten-
ção, deve ser colocado em todas as portas de acesso do
laboratório e das salas de animais um sinal de alerta con-
tendo o símbolo universal de risco biológico e a identifica-
ção do agente, do nome do Pesquisador principal ou de
outro responsável e endereço completo. O sinal de alerta
também deverá indicar qualquer requisito especial neces-
sário para a entrada no laboratório, tais como a necessida-
de de imunização, respiradores ou outras medidas de
proteção individual.

5. O pessoal do laboratório deve ser apropriadamente


imunizado ou examinado quanto aos agentes manipulados
ou potencialmente presentes no laboratório (por exemplo,
vacina para hepatite B ou teste cutâneo para tuberculose)
e exames periódicos são recomendados.

6. Amostras sorológicas de toda a equipe e das pessoas


expostas ao risco deverão ser coletadas e armazenadas
adequadamente para futura referência. Amostras
sorológicas adicionais poderão ser periodicamente
coletadas, dependendo dos agentes manipulados ou do
funcionamento do laboratório.

7. Um manual de biossegurança específico para o laboratório


deverá ser preparado e adotado pelo diretor do laboratório
e os procedimentos de biossegurança devem ser
incorporadas aos procedimentos operacionais padrão. Todo
pessoal deve ser orientado sobre os riscos especiais devem
ler e seguir as instruções sobre as práticas e procedimentos
requeridos.

8. A equipe do laboratório e a equipe de apoio deverão receber


treinamento adequado sobre os riscos potenciais
associados ao trabalho desenvolvido, os cuidados
necessários para evitar uma exposição perigosa ao agente
infeccioso e sobre os procedimentos de avaliação da

33
Níveis de Biossegurança Laboratorial — NB3

exposição. A equipe do laboratório deverá freqüentar cur-


sos de atualização anuais ou treinamento adicional quan-
do necessário e também em caso de mudanças de normas
e procedimentos.

9. Caberá ao diretor do laboratório assegurar que antes que


o trabalho com os organismos designados para o Nível de
Biossegurança 3 se inicie, toda a equipe do laboratório
demonstre estar apto para as práticas e técnicas padrões
de microbiologia e demonstrar habilidade também nas
práticas e operações específicas do laboratório. Podendo
estar incluído uma experiência anterior em manipulação de
patógenos humanos ou culturas de células, ou um
treinamento específico proporcionado pelo diretor do
laboratório ou por outros peritos na área de manejo de
práticas e técnicas microbiológicas seguras.

10. Deve-se tomar uma extrema precaução, quando objetos


cortantes, incluindo seringas e agulhas, lâminas, pipetas,
tubos capilares e bisturis forem manipulados.

a. Agulhas e seringas hipodérmicas ou outros instrumentos


cortantes devem ficar restritos ao laboratório e usados
somente quando não houver outra alternativa para
inoculação parenteral, flebotomia ou aspiração de fluídos
de animais de laboratório e de garrafas com diafragma.
Recipientes plásticos devem ser substituídos por
recipientes de vidro sempre que possível.

b. Devem ser usadas somente seringas com agulha fixa


ou agulha e seringa em uma unidade descartável (por
exemplo, quando a agulha é parte integrante da seringa)
usada para injeção ou aspiração de materiais infecciosos.
As agulhas descartáveis usadas não deverão ser
dobradas, quebradas, reutilizadas, removidas das
seringas ou manipuladas antes de serem desprezadas.
Ao contrário, elas deverão ser cuidadosamente
colocadas em um recipiente resistente a perfurações

34
Níveis de Biossegurança Laboratorial — NB3

localizado convenientemente, utilizado para recolhimento


de objetos cortantes desprezados. Objetos cortantes não
descartáveis deverão ser colocados em um recipiente
cuja parede deverá ser bem resistente para o transporte
até uma área para descontaminação, de preferência
através de uma autoclave.

c. Seringas que possuem um envoltório para a agulha, ou


sistemas sem agulhas e outros dispositivos de segurança
deverão ser utilizados quando necessários.

d. Vidros quebrados não devem ser manipulados


diretamente com a mão, devem ser removidos através
de meios mecânicos como uma vassoura e uma pá de
lixo, pinças ou fórceps. Os recipientes que contêm
agulhas, equipamentos cortantes e vidros quebrados
contaminados deverão passar por um processo de
descontaminação antes de serem desprezados, de
acordo com os regulamentos locais, estaduais ou
federais.

11. Todas as manipulações abertas que envolvam materiais


infecciosos deverão ser conduzidas no interior de cabines
de segurança biológica ou de outros dispositivos de
contenção física dentro de um módulo de contenção.
Nenhum trabalho onde tenhamos que abrir a pele para
alcançarmos os vasos deverá ser conduzido em bancadas
abertas. A limpeza deverá ser facilitada através do uso de
toalhas absorventes com uma face de plástico voltada para
baixo, recobrindo as superfícies de trabalho não perfuradas
das cabines de segurança biológica.

12. O equipamento laboratorial e as superfícies de trabalho


deverão ser descontaminadas rotineiramente com um
desinfetante eficaz após a conclusão do trabalho com
materiais infecciosos, especialmente no caso de
derramamento, vazamentos ou outras contaminações por
materiais infecciosos.

35
Níveis de Biossegurança Laboratorial — NB3

a. Vazamentos de materiais infecciosos deverão ser


descontaminados, contidos e limpos pela equipe de
profissionais especializados ou por outras pessoas
adequadamente treinadas e equipadas para trabalharem
com material infeccioso concentrado. Os procedimentos
para vazamento deverão ser desenvolvidos e
notificados.

b. O equipamento contaminado deverá ser descontaminado


antes de ser removido do laboratório para conserto,
manutenção ou para ser embalado para transporte de
acordo com os regulamentos locais, estaduais e federais
aplicáveis.

13. As culturas, tecidos, amostras de fluídos corpóreos ou


resíduos deverão ser colocados em um recipiente que evite
um vazamento durante a coleta, manuseio, processamento,
armazenamento, transporte ou embarque.

14. Todos os dejetos contendo materiais contaminados (por


exemplo, luvas, jalecos de laboratórios, etc.) em laboratório
deverão ser descontaminados antes de serem desprezados
ou reutilizados.

15. Vazamentos e acidentes que resultem em exposições


abertas dos materiais infecciosos aos organismos deverão
ser imediatamente relatados ao diretor do laboratório.
Avaliação médica adequada, vigilância e tratamento
deverão ser proporcionados e registros por escrito deverão
ser mantidos.

16. Animais e plantas que não estiverem relacionados ao


trabalho em desenvolvimento não deverão ser admitidos
dentro do laboratório.

C. Equipamento de Segurança (Barreiras Primárias)

1. Roupas de proteção como jalecos com uma frente inteira,


macacão ou uniforme de limpeza deverão ser usados pela

36
Níveis de Biossegurança Laboratorial — NB3

equipe quando estiver dentro do laboratório. A roupa de


proteção não deverá ser usada fora do laboratório. Antes
de ser lavada esta roupa deverá ser descontaminada e
deverá ser trocada depois de contaminada.

2. Todos deverão usar luvas quando estiverem manuseando


materiais infecciosos, animais infectados e equipamentos
contaminados.

3. Recomenda-se a mudança freqüente das luvas


acompanhada de lavagem das mãos. As luvas descartáveis
não deverão ser reutilizadas.

4. Todas as manipulações de materiais infecciosos, necropsias


de animais infectados, coleta de tecidos ou líquidos de
animais infectados ou de ovos embrionados, etc., deverão
ser conduzidas em uma cabine de segurança biológica de
Classe II ou de Classe III (veja Apêndice A).

5. Quando um procedimento ou processo não puder ser


conduzido dentro de uma cabine de segurança biológica
devem ser utilizadas combinações apropriadas de
equipamentos de proteção individual (por exemplo,
respiradores, protetores faciais) com dispositivos de
contenção física (por exemplo, centrífugas de segurança e
frascos selados).

6. A proteção facial e o respirador deverão ser usados quando


a equipe estiver dentro de salas contendo animais
infectados.

D. Instalações do Laboratório (Barreiras Secundárias)

1. O laboratório deverá estar separado das áreas de trânsito


irrestrito do prédio com acesso restrito. É exigido um sistema
de dupla porta com sistema de intertravamento automático
como requisito básico para entrada no laboratório a partir
de corredores de acesso ou outras áreas contíguas. As

37
Níveis de Biossegurança Laboratorial — NB3

portas deverão conter fechaduras (Veja Apêndice F). Uma


sala para a troca de roupas deverá ser incluída no
laboratório.

2. Cada sala do laboratório deverá possuir uma pia para


lavagem das mãos. A pia deverá ser acionada
automaticamente sem o uso das mãos e estar localizada
perto da porta de saída.

3. As superfícies das paredes internas, pisos e tetos das áreas,


onde os agentes de NB-3 são manipulados, deverão ser
construídas e mantidas de forma que facilitem a limpeza e
a descontaminação. Toda a superfície deve ser selada e
sem reentrâncias. As paredes, tetos e pisos deverão ser
lisas, impermeáveis e resistentes a substâncias químicas e
desinfetantes normalmente usados em laboratórios. Os
pisos deverão ser monolíticos e anti - derrapante. O uso de
revestimento de piso deverá ser levada em consideração.
Orifícios ou aberturas nas superfícies de pisos, paredes e
teto deverão ser selados. Dutos e espaços entre portas e
esquadrias devem permitir o selamento para facilitar a
descontaminação.

4. As bancadas deverão ser impermeáveis e resistentes ao


calor moderado e aos solventes orgânicos, ácidos, álcalis
e solventes químicos utilizados para descontaminação de
superfícies e equipamentos.

5. Os móveis do laboratório deverão suportar cargas e usos


previstos com espaçamento suficiente entre as bancadas,
cabines e equipamentos para permitir acesso fácil para a
limpeza. As cadeiras e outros móveis utilizados em um
laboratório deverão ser cobertos por uma material que não
seja tecido e possa ser facilmente descontaminado.

6. Todas as janelas do laboratório deverão ser fechadas e


lacradas.

7. Um método para descontaminação de todos os dejetos do


laboratório deverá estar disponível para a equipe e utilizado

38
Níveis de Biossegurança Laboratorial — NB3

de preferência dentro do laboratório (por exemplo,


autoclave, desinfecção química, incineração, ou outros
métodos aprovados de descontaminação). Deve-se
considerar os meios de descontaminação de equipamentos.
Caso o lixo seja transportado para fora do laboratório, ele
deverá ser adequadamente lacrado e não deverá ser
transportado em corredores públicos.

8. Deverão existir cabines de segurança biológica em todos


os laboratórios. Estas cabines deverão estar localizadas
distantes de portas, de venezianas, do almoxarifado e de
áreas do laboratório que possuam um grande movimento.

9. O laboratório deverá ter um sistema de ar independente,


com ventilação unidirecional onde o fluxo de ar penetra no
laboratório através da área de entrada. O sistema de ar
deverá tirar o ar “contaminado” para fora do laboratório e
jogar o ar de áreas “limpas” para dentro do mesmo. O ar de
exaustão não deverá recircular em outras áreas do prédio.
A filtração e outros tratamentos do ar liberado não são
necessários, mas poderão ser utilizados dependendo das
condições do local, dos agentes específicos manipulados
e das condições de uso. O ar liberado deverá ser jogado
fora de áreas ocupadas e de entradas de ar, ou deverá ser
filtrado através de filtro HEPA (High Efficiency Particulated
Air). A equipe do laboratório deverá verificar
constantemente se o fluxo de ar (para dentro do laboratório)
está funcionado de forma adequada. Recomenda-se que
um monitor visual seja instalado para indicar e confirmar a
entrada direcionada do ar para dentro do laboratório.
Devemos considerar a instalação de um sistema de controle
HVAC para evitar uma pressurização positiva contínua do
laboratório. Alarmes audíveis também são recomendados
para notificar a equipe de uma possível falha no sistema
HVAC.

10. O ar exaurido de uma cabine de segurança biológica Classe


II, filtrado pelo HEPA poderá recircular no interior do
laboratório se a cabine for testada e certificada anualmente.

39
Níveis de Biossegurança Laboratorial — NB3

O ar exaurido das cabines de segurança biológica deve


ser retirado diretamente para fora do ambiente de trabalho
através do sistema de exaustão do edifício. As cabines
deverão estar conectadas de maneira que evitem qualquer
interferência no equilíbrio do ar das cabines ou do sistema
de exaustão do edifício (por exemplo, uma abertura de ar
entre o exaustor das cabines e o duto do exaustor). Quando
as cabines de segurança biológica Classe III forem utilizados,
estas deverão estar conectadas diretamente ao sistema de
exaustores. Se as cabines de Classe III estiverem
conectadas ao sistema de insuflação do ar, isto deverá ser
feito de tal maneira que previna uma pressurização positiva
das cabines (veja Apêndice A).

11. Centrífugas de fluxo contínuo ou outros equipamentos que


possam produzir aerossóis deverão ser refreadas através
de dispositivos que liberem o ar através de filtros HEPA
antes de serem descarregados no do laboratório. Esses
sistemas HEPA deverão ser testados anualmente. Uma outra
alternativa seria jogar o ar de saída das cabines para fora,
em locais distantes de áreas ocupadas ou das entradas de
ar.

12. As linhas de vácuo deverão ser protegidas por sifões


contendo desinfetantes líquidos e filtros HEPA, ou o
equivalente. Os filtros deverão ser substituídos quando
necessário. Uma alternativa é usar uma bomba a vácuo
portátil (também adequadamente protegida com sifões e
filtros).

13. Um lava olhos deve estar disponível no laboratório.

14. A iluminação deverá ser adequada para todas as atividades,


evitando reflexos e brilhos que possam ofuscar a visão.

15. O projeto da instalação e os procedimentos operacionais


do Nível de Biossegurança 3 devem ser documentados. Os
parâmetros operacionais e das instalações deverão ser

40
Níveis de Biossegurança Laboratorial — NB4

verificados quanto ao funcionamento ideal antes que o es-


tabelecimento inicie suas atividades. As instalações deve-
rão ser verificadas pelo menos uma vez ao ano.

16. Proteções adicionais ao meio ambiente (por exemplo,


chuveiros para a equipe, filtros HEPA para filtração do ar
exaurido, contenção de outras linhas de serviços e a
descontaminação dos efluentes) deverá ser considerada
em conformidade com as recomendações para manipulação
dos agentes, com as normas de avaliação de risco,
condições do local ou outras normas locais, estaduais ou
federais aplicáveis.

Nível de Biossegurança 4 (NB-4)

O Nível de Biossegurança 4 é indicado para o trabalho


que envolve agentes exóticos e perigosos que exponham o indivíduo
a um alto risco de contaminação de infecções que podem ser fatais,
além de apresentarem um potencial relevado de transmissão por
aerossóis. Os agentes com uma relação antigênica próxima ou
idêntica aos dos agentes incluídos no Nível de Biossegurança 4
deverão ser manipulados neste nível até que se consigam dados
suficientes para confirmação do trabalho neste nível ou para o
trabalho em um nível inferior. A equipe do laboratório deverá ter
um treinamento específico e completo direcionado para a
manipulação de agentes infecciosos extremamente perigosos e
deverá ser capaz de entender as funções da contenção primária e
secundária, das práticas padrões específicas, do equipamento de
contenção e das características do planejamento do laboratório.
Os trabalhadores deverão ser supervisionados por cientistas
competentes, treinados e com vasta experiência no manuseio destes
agentes. O acesso ao laboratório deverá ser rigorosamente
controlado pelo diretor. A instalação deverá ser em um edifício
separado ou em uma área controlada dentro do edifício, que seja
totalmente isolada de todas as outras. Um manual de operações
específico para as instalações deverá ser preparado ou adotado.

Dentro do ambiente de trabalho, todas as atividades deverão


permanecer restritas às cabines de segurança biológica Classe III

41
Níveis de Biossegurança Laboratorial — NB4

ou de Classe II usadas com roupas de proteção com pressão posi-


tiva, ventiladas por sistema de suporte de vida. O laboratório do
Nível de Biossegurança 4 deverá possuir características específi-
cas quanto ao projeto e a engenharia para prevenção da dissemi-
nação de microorganismos dentro do meio ambiente.

As seguintes práticas de segurança padrões e especiais e


as instalações se aplicam aos agentes pertencentes ao Nível de
Biossegurança 4:

A. Práticas Padrões de Microbiologia

1. O acesso ao laboratório deverá ser limitado pelo diretor,


quando experimentos estiverem sendo realizados.

2. A norma para uma manipulação segura de objetos


perfurocortantes deverão ser instituídas.

3. Todos os procedimentos deverão ser cuidadosamente


realizados para minimizar a produção de aerossóis.

4. As superfícies de trabalho devem ser descontaminadas


pelo menos uma vez ao dia e depois de qualquer vazamento
de material viável.

5. Todo o lixo deverá ser descontaminado antes de ser


desprezado através de um método de descontaminação
aprovado tal qual a autoclavação.

6. Deve-se providenciar um programa rotineiro de controle de


insetos e roedores (ver Apêndice G).

B. ` Práticas Especiais

1. Somente as pessoas envolvidas na programação e no


suporte ao programa a ser desenvolvido e cujas presenças
forem solicitadas no local ou nas salas do laboratório
deverão ter permissão para entrada no local. As pessoas

42
Níveis de Biossegurança Laboratorial — NB4

que estiverem imunocomprometidas ou imunodeprimidas


estarão correndo um alto risco de adquirirem infecções.
Portanto, estas pessoas que forem susceptíveis ou as
pessoas em que uma eventual contaminação possa
provocar sérios danos, como no caso de crianças ou
gestantes, não receberão permissão para entrarem no
laboratório ou nas salas de animais.

O supervisor do labora tório deverá ter a


responsabilidade final no controle do acesso. Por questão
de segurança, o acesso ao laboratório deverá ser
bloqueado por portas hermeticamente fechadas. A entrada
deverá ser controlada pelo diretor do laboratório, por outra
pessoa responsável pelo controle dos riscos biológicos ou
por outra pessoa responsável pela segurança física da
instalação. Antes de entrar no laboratório, as pessoas
deverão ser avisadas sobre o risco potencial e deverão ser
instruídas sobre as medidas apropriadas de segurança. As
pessoas autorizadas deverão cumprir com rigor as
instruções dadas e todos os outros procedimentos aplicáveis
para a entrada e saída do laboratório. Deverá haver um
registro, por escrito, de entrada e saída de pessoal, com
data, horário e assinaturas.

2. Quando materiais infecciosos ou animais infectados


estiverem presentes no laboratório, deve ser colocado em
todas as portas de acesso do laboratório e das salas de
animais um sinal de alerta contendo o símbolo universal de
risco biológico. O sinal de alerta deverá identificar o agente,
relacionar o nome do diretor do laboratório ou outra pessoa
responsável e também indicar qualquer requisito especial
necessário para a entrada na área (por exemplo,
necessidade de imunização, respiradores ou outras
medidas de proteção individual).

3. O diretor do laboratório deverá ser o responsável por


assegurar que, antes de iniciar o trabalho com organismos
pertencentes ao Nível de Biossegurança 4, toda a equipe

43
Níveis de Biossegurança Laboratorial — NB4

demonstre uma alta competência em relação às práticas e


técnicas microbiológicas e em práticas e operações
especiais específicas do laboratório. Isto poderá incluir uma
experiência anterior no manuseio de patógenos humanos
ou culturas de células, ou um treinamento específico
fornecido pelo diretor do laboratório ou por outro perito com
experiência nestas técnicas e práticas microbiológicas
singulares.

4. A equipe do laboratório deverá receber imunizações para


os agentes manipulados ou potencialmente presentes no
laboratório.

5. Amostras sorológicas de toda a equipe do laboratório e de


outras pessoas expostas a um elevado risco deverão ser
coletadas e armazenadas. Amostras sorológicas adicionais
deverão ser periodicamente coletadas, dependendo dos
agentes manipulados ou do funcionamento do laboratório.
Ao estabelecer um programa de vigilância sorológica deve-
se considerar a disponibilidade dos métodos para a
avaliação do anticorpo do(s) agente(s) em questão. O
programa para o teste das amostras sorológicas deverá
ter um intervalo a cada coleta e o responsável pelo projeto
deverá comunicar os resultados aos participantes.

6. Um manual sobre biossegurança deverá ser preparado ou


adotado. A equipe deverá ser avisada quanto aos perigos
e riscos especiais e deverão ler e seguir as instruções sobre
as práticas e procedimentos.

7. A equipe do laboratório e a equipe de apoio deverão receber


treinamento adequado sobre os perigos e riscos associados
ao trabalho, as precauções necessárias para a prevenção
de exposições e os procedimentos de avaliação da
exposição. A equipe também deverá participar de cursos
de atualização anual ou treinamento adicional quando
necessário em caso de mudanças nos procedimentos.

8. A entrada e saída de pessoal do laboratório devem ocorrer


somente após uso do chuveiro e troca de roupas. Os

44
Níveis de Biossegurança Laboratorial — NB4

funcionários deverão usar o chuveiro de descontaminação


a cada saída do laboratório. A entrada e saída de pessoal
por antecâmara pressurizada somente deverão ocorrer em
situações de emergência.

9. Para adentrar ao laboratório, a roupa comum, deverá ser


trocada (nos vestiários externos) por roupa protetora
completa e descartável. Todas as roupas usadas no
laboratório, incluindo roupas de baixo, calças e camisas ou
macacões, sapatos e luvas deverão ser fornecidas e
utilizadas por todas as pessoas que entrarem no laboratório.
Ao deixar o local e antes de se dirigirem para as áreas de
banho, as pessoas deverão retirar a roupa usada no
laboratório no vestiário interno. As roupas sujas deverão
passar pela autoclave antes de serem lavadas.

10. Estoques e materiais necessários para o laboratório


deverão ser descontaminadas em autoclave de dupla porta,
câmara de fumigação ou sistema de antecâmara
pressurizada antes de serem utilizados. Após garantir a
segurança das portas externas, a equipe dentro do
laboratório deverá retirar os materiais abrindo as portas
interiores da autoclave, da câmara de compressão ou da
câmara de fumigação. Estas portas deverão ser trancadas
depois da retirada dos materiais.

11. Deve-se sempre tomar extrema precaução com qualquer


objeto perfurocortante contaminado, como seringas e
agulhas, lâminas, pipetas, tubos capilares e bisturi.

a. Agulhas e seringas hipodérmicas ou outros instrumentos


cortantes são restritos ao laboratório e usados somente
quando não houver outra alternativa para inoculação
parenteral, flebotomia ou aspiração de fluídos de animais
de laboratório e de garrafas com diafragma. Recipientes
plásticos devem ser substituídos por recipientes de vidro
sempre que possível

b. Devem ser usadas somente seringas com agulhas fixas


ou agulha e seringa em uma unidade única e descartável

45
Níveis de Biossegurança Laboratorial — NB4

(por exemplo, quando a agulha é parte integrante da


seringa) usada para injeção ou aspiração de materiais
infecciosos. As agulhas descartáveis usadas não
deverão ser dobradas, quebradas, reutilizadas,
removidas das seringas ou manipuladas antes de serem
desprezadas. Ao contrário, elas deverão ser
cuidadosamente acondicionadas em um recipiente
resistente a perfurações localizado convenientemente,
utilizado para recolhimento de objetos cortantes
desprezados. Objetos cortantes não descartáveis
deverão ser acondicionados em um recipiente cuja
parede deverá ser bem resistente para o transporte até
uma área para descontaminação, de preferência através
de uma autoclave.

c. As seringas que possuem um envoltório para a agulha,


ou sistemas sem agulha e outros dispositivos de
segurança deverão ser utilizados quando necessários.

d. Vidros quebrados não devem ser manipulados


diretamente com a mão, devem ser removidos através
de meios mecânicos como uma vassoura e uma pá de
lixo, pinças ou fórceps. Os recipientes que contêm
agulhas, equipamentos cortantes e vidros quebrados
contaminados deverão passar por um processo de
descontaminação antes de serem desprezados, de
acordo com os regulamentos locais, estaduais ou
federais.

12. O material biológico viável ou intacto, a ser removido de


cabines Classe III ou do laboratório de Nível de
Biossegurança, deverá ser acondicionado em recipiente de
contenção primária lacrado e inquebrável. Este, por sua
vez, deverá ser acondicionado em um segundo recipiente
também selado e inquebrável que deverá passar por um
tanque de imersão contendo desinfetante, uma câmara de
fumigação ou por uma câmara de compressão planejada
com este propósito.

46
Níveis de Biossegurança Laboratorial — NB4

13. Nenhum material, com exceção do material biológico que


deverá permanecer intacto ou viável poderá ser removido
de um laboratório de Nível de Biossegurança 4, sem antes
ter sido autoclavado ou descontaminado. Equipamentos ou
materiais que não resistam a temperaturas elevadas ou ao
vapor deverão ser descontaminados utilizando-se gases ou
vapor em uma câmara de compressão ou em uma câmara
específica para este fim.

14. O equipamento do laboratório deverá ser descontaminado


rotineiramente após o trabalho com materiais infecciosos e
especialmente depois de vazamentos, gotejamentos ou
outras contaminações por material infeccioso. O
equipamento deverá ser descontaminado antes de ser
enviado para conserto ou manutenção.

15. Vazamentos de materiais infecciosos deverão ser refreados


e limpos por profissionais especializados ou outros
propriamente treinados e equipados para o trabalho com
material infeccioso concentrado. Um procedimento para
vazamento deverá ser desenvolvido e adotado pelo
laboratório.

16. Um sistema de notificação de acidentes e exposições


laboratoriais, absenteísmo de empregados e doenças
associadas ao laboratório deverá ser organizado, bem como
um sistema de vigilância médica. Relatos por escrito
deverão ser preparados e mantidos. Deve-se ainda, prever
uma unidade de quarentena, isolamento e cuidados médicos
para o pessoal contaminado por doenças conhecidas ou
potencialmente associado a laboratório.

17. Todos os materiais não relacionados ao experimento que


estiver sendo realizado no momento (por exemplo, plantas,
animais e roupas) não deverão ser permitidos no
laboratório.

47
Níveis de Biossegurança Laboratorial — NB4

C. Equipamento de Segurança (Barreiras Primárias)

Todos os procedimentos dentro do laboratório deverão ser


conduzidos em cabines de segurança biológica Classe III ou cabines
de Classe II usadas em associação com roupas de proteção pessoal
com pressão positiva e ventiladas por sistema de suporte de vida.

D. Instalação do Laboratório (Barreiras Secundárias)

Existem dois modelos de laboratório de Nível de


Biossegurança 4: (A) é o Laboratório Cabine onde todas as
manipulações do agente são realizadas em uma cabine de
segurança biológica Classe III, e o (B) que é o “Laboratório
Escafandro” onde a equipe usa uma roupa de proteção. Os
laboratórios de Nível de Biossegurança 4 podem se basear em um
dos modelos ou em uma combinação dos dois modelos na
construção de um só laboratório. Se a combinação for utilizada,
cada tipo deverá atender todos os requisitos identificados para o
mesmo.

(A) Laboratório Cabine (veja Apêndice A)

1. O laboratório de Biossegurança 4 deverá estar separado


do prédio ou em uma área claramente demarcada e isolada
dentro de um prédio. As salas do laboratório deverão ser
planejadas para assegurar a passagem através de no
mínimo duas portas antes de entrarmos nas salas contendo
as cabines de segurança biológica Classe III (sala das
cabines). Devem estar previstas câmaras de entradas e
saídas de pessoal, para troca de roupas, separadas por
chuveiro. Deve ser previsto, ainda, um sistema de autoclave
de duas portas, um tanque de imersão contendo
desinfetante, uma câmara de fumigação ou uma ante-sala
ventilada para descontaminação na barreira de contenção
para o fluxo de materiais, estoques ou equipamentos que
não passam no interior dos pelos vestiários para chegarem
até a sala.

48
Níveis de Biossegurança Laboratorial — NB4

2. Inspeções diárias de todos os parâmetros de contenção


(por exemplo, fluxo de ar direcionado) e sistemas de suporte
de vida deverão estar concluídos antes que o trabalho se
inicie dentro do laboratório para asseguramos que este
esteja funcionando de acordo com os parâmetros de
operação.

3. As paredes, os pisos e tetos da sala contendo as cabines e


do vestiário interno deverão ser construídas de maneira
que formem uma concha interna selada que facilitará a
fumigação e que evitará a entrada e saída de animais e
insetos. Os pisos deverão ser totalmente selados e
revestidos. As superfícies internas desta concha deverão
ser resistentes a líquidos e produtos químicas para facilitar
a limpeza e a descontaminação da área. Aberturas ao redor
das portas das salas de cabine e dentro dos vestiários
internos deverão ser minimizadas e facilmente seladas para
facilitar a descontaminação. O sistema de drenagem do piso
da sala da cabine deverá estar conectado diretamente ao
sistema de descontaminação do dejeto líquido. O sistema
de esgoto e outra linha de serviço deverão conter filtros
HEPA e proteções contra animais nocivos, parasitas, etc.

4. As bancadas deverão possuir superfícies seladas e sem


reentrâncias que deverão ser impermeáveis à água e
resistentes ao calor moderado e aos solventes orgânicos,
ácidos, álcalis e solventes químicos utilizados na
descontaminação das superfícies de trabalho e dos
equipamentos.

5. Os móveis do laboratório deverão ter uma construção


simples e deverão suportar cargas e usos previstos. O
espaçamento entre as bancadas, as cabines e armários e
o equipamento deverá ser suficiente para facilitar a limpeza
e a descontaminação. As cadeiras e outros móveis usados
em um laboratório deverão ser cobertos por um material
que não seja tecido e que possa ser facilmente
descontaminado.

49
Níveis de Biossegurança Laboratorial — NB4

6. Pias com acionamento automático ou que sejam acionadas


sem uso das mãos, deverão ser construídas próximas à
porta da sala da cabine e perto dos vestiários internos e
externos.

7. Se existir um sistema central de vácuo, este não deverá


servir as áreas fora da sala das cabines. Filtros HEPA em
série deverão ser colocados da forma mais prática possível
em cada ponto onde será utilizado ou próximo da válvula
de serviço. Os filtros deverão ser instalados de forma a
permitir a descontaminação e a substituição local dos
mesmos. Outras linhas utilitárias, como a de gás e líquidos,
que convergem para a sala das cabines deverão ser
protegidas por dispositivos que evitem o retorno do fluxo.

8. Se houver bebedouros de água, eles deverão ser acionados


automaticamente ou através dos pés e deverão estar
localizados nos corredores do local, fora do laboratório. O
serviço de abastecimento da água dos bebedouros deverá
ser isolado do sistema de distribuição e abastecimento de
água das áreas laboratoriais e deverá ser equipado com
um dispositivo que previna o retorno do fluxo.

9. As portas de acesso ao laboratório deverão possuir trancas


e fechamento automático.

10. Todas as janelas deverão ser inquebráveis e seladas.

11. Todos os laboratórios deverão possuir autoclaves de duas


portas para a descontaminação de materiais que passem
pelas cabines de segurança biológica Classe III em pelas
salas com cabines. As portas das autoclaves que se abrem
para fora da barreira de contenção deverão ser seladas às
paredes da barreira de contenção. Estas portas deverão
ser controladas automaticamente de forma que a porta
externa da autoclave somente possa ser aberta depois que
o ciclo de “esterilização” da autoclave tenha sido concluído.

12. Todos os laboratórios deverão possuir tanques de imersão


contendo desinfetantes, câmaras de fumigação ou métodos

50
Níveis de Biossegurança Laboratorial — NB4

equivalentes de descontaminação de forma que os materi-


ais e equipamentos que não possam ser descontaminados
em uma autoclave possam ser removidos de maneira se-
gura das cabines de segurança biológica Classe III e das
salas com as cabines.

13. Efluentes líquidos vindos da parte suja dos vestiários internos


(incluindo os vasos sanitários), das pias das salas das
cabines, do sistema de esgoto (se utilizado), das câmaras
da autoclave e de outras fontes dentro da sala das cabines
deverão ser descontaminados através de um método de
descontaminação comprovado, de preferência através de
um tratamento por calor – antes de serem jogados no esgoto
sanitário. Os efluentes vindo de chuveiros e vasos sanitários
limpos deverão ser jogados no esgoto sem antes passar
por um tratamento. O processo usado para a
descontaminação de dejetos líquidos deverá ser validado
fisicamente e biologicamente.

14. Todos os laboratórios deverão possuir um sistema de


ventilação sem uma re-circulação. Os componentes de
abastecimento e de liberação do sistema deverão estar
equilibrados para assegurar um fluxo de ar direcionado da
área de menos risco para área(s) de maior risco potencial.
O sistema de ar no laboratório deverá prever uma pressão
diferencial e fluxo unidirecionado de modo a assegurar
diferencial de pressão que não permita a saída do agente
de risco. O fluxo de ar direcionado/pressão diferencial
deverá ser monitorado e deverá conter um alarme que
acuse qualquer irregularidade no sistema. Um dispositivo
visual que monitorize a pressão de maneira apropriada, que
indique e confirme o diferencial da pressão da sala das
cabines deverá ser providenciado e deverá ser colocado
na entrada do vestiário. O fluxo de ar de entrada e saída
também deverá ser monitorado, e um sistema de controle
HEPA deverá existir para evitar uma contínua pressurização
positiva do laboratório. A cabine de Classe III deverá ser
diretamente conectada ao sistema de exaustores. Se a
cabine de Classe III estiver conectada ao sistema de

51
Níveis de Biossegurança Laboratorial — NB4

abastecimento, isto deverá ser feito de forma que previna


uma pressurização positiva da cabine.

15. O ar que entra e sai da sala das cabines, do vestiário interno


e da ante-sala deverá passar pelo(s) filtro(s) HEPA. O ar
deverá ser liberado longe dos espaços ocupados e das
entradas de ar. O(s) filtro(s) deverá(ão) estar localizado(s)
de maneira mais próxima possível da fonte a fim de minimizar
a quantidade de canos potencialmente contaminados.
Todos os filtros HEPA deverão ser testados e certificados
anualmente. O alojamento dos filtros HEPA deverá ser
projetado de maneira que permita uma descontaminação
in situ do filtro antes deste ser removido, ou antes, da
remoção do filtro em um recipiente selado e de contenção
de gás para subseqüente descontaminação e/ou destruição
através da incineração. O projeto do abrigo do filtro HEPA
deverá facilitar a validação da instalação do filtro. O uso de
filtros HEPA pré-certificado pode ser vantajoso. A vida média
de filtros HEPA de exaustão pode ser prolongada através
de uma pré-filtração adequada do ar insuflado.

16. O projeto e procedimentos operacionais de um local de Nível


de Biossegurança 4 deverão ser documentados. O local
deverá ser testado em função do projeto e dos parâmetros
operacionais para ser verificado se realmente atendem a
todos os critérios antes que comecem a funcionar. Os locais
deverão ser checados novamente pelo menos uma vez ao
ano e os procedimentos neles existentes deverão ser
modificados de acordo com a experiência operacional.

17. Sistemas de comunicações apropriados deverão ser


instalados entre o laboratório e o exterior (por exemplo, fax,
computador, interfone).

(B) Laboratório “Escafandro”

1. A instalação de Nível de Biossegurança 4 consiste de um


edifício separado ou de uma área claramente demarcada e

52
Níveis de Biossegurança Laboratorial — NB4

isolada dentro do edifício. As salas deverão ser construídas


de forma que assegurem a passagem através dos vestiários
e da área de descontaminação antes da entrada na(s)
sala(s) onde o trabalho com os agentes do NB-4 (área do
escafandro). Vestiários interno e externo, separados por
um chuveiro deverão ser construídos para a entrada e saída
da equipe que trabalha no laboratório escafandro. Uma área
para o uso do escafandro, projetada especialmente para o
local, também será construída para proporcionar uma
proteção pessoal equivalente àquela proporcionada pelas
cabines de segurança biológica Classe III. As pessoas que
entrarem nesta área deverão vestir uma roupa de peça
única de pressão positiva e que seja ventilada por um
sistema de suporte de vida protegido pelo sistema de filtros
HEPA. O sistema de suporte de vida inclui compressores
de respiração de ar, alarmes e tanques de ar de reforço de
emergência. A entrada nesta área deverá ser feita através
de uma câmara de compressão adaptada com portas
herméticas. Um chuveiro químico para descontaminação da
superfície da roupa antes que o trabalhador saia da área
deverá ser instalado. Um gerador de luz, automaticamente
acionado em casos de emergência, será instalado para
evitar que os sistemas de suporte de vida, os alarmes, a
iluminação, os controles de entrada e saída e as cabines
de segurança parem de funcionar. A pressão do ar dentro
da roupa deverá ser positiva em relação à área ao redor
do laboratório. Já a pressão do ar dentro da área da roupa
deverá ser menor que aquela das áreas adjacentes. A
iluminação e os sistemas de comunicação de emergência
deverão ser instalados. Todas as aberturas e fendas dentro
da concha interna da sala da roupa de proteção, do
chuveiro químico e das fechaduras deverão ser seladas.

2. Uma inspeção diária de todos os parâmetros de contenção


(por exemplo, o fluxo de ar direcionado, chuveiros químicos)
e dos sistemas de suporte de vida deverão estar concluídos
antes que o trabalho no laboratório se inicie para garantir
que o laboratório esteja operando de acordo com os
parâmetros operacionais.

53
Níveis de Biossegurança Laboratorial — NB4

3. Uma autoclave com duas portas deverá ser instalada na


barreira de contenção para descontaminação dos dejetos
a serem removidos da área do laboratório escafandro. A
porta da autoclave, que se abre para a área externa da
sala escafandro, deverá ser automaticamente controlada
de forma que a porta exterior só possa ser aberta depois
que o ciclo de “esterilização” esteja concluído. Um tanque
de imersão, uma câmara de fumigação, ou câmara de
compressão deverá ser colocado no local para permitir a
passagem de materiais, suprimentos ou equipamentos que
serão trazidos para o interior do laboratório escafandro,
através dos vestiários. Estes dispositivos podem também
ser utilizados para a remoção de materiais, suprimentos ou
equipamentos que não possam ser descontaminados em
uma autoclave.

4. As paredes, pisos e tetos do laboratório escafandro deverão


ser construídos de maneira que formem uma concha interna
selada, que facilite a fumigação e que evite a entrada de
animais e insetos (veja Apêndice G). As superfícies internas
desta concha deverão ser resistentes a líquidos e soluções
químicas, facilitando a limpeza e a descontaminação da área.
Todas as aberturas e fendas nestas estruturas e superfícies
deverão ser seladas. Qualquer sistema de drenagem do
piso deverá conter sifões cheios de desinfetante químico
de eficácia comprovada contra o agente alvo e deverão
estar conectados diretamente ao sistema de
descontaminação de dejetos líquidos. O esgoto e outras
linhas de serviço deverão conter filtros HEPA.

5. Acessórios internos como dutos de ventilação, sistemas de


suprimento de luz e água deverão ser instalados de maneira
que minimizem a área da superfície horizontal.

6. As bancadas deverão possuir superfícies seladas e sem


emendas que deverão ser impermeáveis e resistentes ao
calor moderado e aos solventes orgânicos, ácidos, álcalis
e solventes químicos utilizados na descontaminação das
superfícies de trabalho e nos equipamentos.

54
Níveis de Biossegurança Laboratorial — NB4

7. Os móveis do laboratório deverão ter uma construção sim-


ples e deverão suportar cargas e usos previstos. Reco-
menda-se o uso de materiais não porosos. Os espaços entre
os bancadas, as cabines e armários e o equipamento de-
verão ser suficientes para facilitar a limpeza e a
descontaminação. As cadeiras e outros móveis do
laboratório deverão ser cobertos por um material que não
seja tecido e que possa ser facilmente descontaminado.

8. Pias com funcionamento automático ou que sejam acionadas


sem o uso das mãos, deverão ser construídas próximas à
área em conjunto com a roupa de proteção. A construção
de pias para a lavagem das mãos nos vestiários internos e
externos deverá ser considerado básico para a avaliação
de risco.

9. Se existir um sistema central de vácuo, este não servirá as


áreas fora do laboratório conjunto com a roupa de proteção.
Os filtros HEPA enfileirados deverão ser colocados da forma
mais prática possível em cada ponto onde será utilizado ou
próximo da válvula de serviço. Os filtros deverão ser
instalados para que permitam a descontaminação e a
substituição local dos mesmos. Outros serviços de gás e
líquidos para estas áreas conjuntas deverão ser protegidas
através de dispositivos que evitem o retorno do fluxo.

10. As portas de acesso ao laboratório deverão possuir trancas


e fechamento automático. As portas internas e externas ao
chuveiro químico e as internas e externas às entradas de
ar deverão ser trancadas para evitar que ambas as portas
sejam abertas simultaneamente.

11. Todas as janelas deverão ser resistentes e deverão ser


seladas.

12. Efluentes líquidos provenientes das pias, dos canos de


esgoto do piso (se utilizado), das câmaras da autoclave e

55
Níveis de Biossegurança Laboratorial — NB4

de outras fontes dentro da barreira de contenção deverão


ser descontaminados através de um método de
descontaminação comprovado, de preferência através de
um tratamento com calor – antes de serem jogados no
esgoto sanitário. Os efluentes vindo de chuveiros e vasos
sanitários limpos deverão ser jogados no esgoto sem antes
passar por um tratamento. O processo usado para a
descontaminação de dejetos líquidos deverá ser validado
fisicamente e biologicamente.

13. Todos os laboratórios deverão possuir um sistema de


ventilação sem re-circulação. Os componentes de
insuflação e exaustão de ar do sistema deverão estar
equilibrados para assegurar um fluxo de ar direcionado da
área de menos risco para área(s) de maior perigo.
Recomendamos o uso de ventiladores para o abastecimento
e para a liberação de ar. O fluxo de ar direcionado/pressão
diferencial entre as áreas adjacentes deverá ser monitorado
e deverá conter um alarme para indicar qualquer
irregularidade no sistema. Um dispositivo visual que
monitore a pressão de maneira apropriada, que indique e
confirme o diferencial da pressão da sala das cabines deverá
ser providenciado e deverá ser colocado na entrada do
vestiário. O fluxo de ar nos componentes de abastecimento
e escape também deverá ser monitorado, e um sistema de
controle HVAC deverá ser instalado para evitar uma
pressurização positiva do laboratório.

14. O ar que abastece a área conjunta, o chuveiro químico e a


câmara de compressão deverão passar através do filtro
HEPA. O ar que sai desta área conjunta, do chuveiro químico
e das câmaras de compressão e de descontaminação
deverá passar por dois filtros HEPA em série antes de ser
jogado para fora do laboratório. O ar deverá ser lançado
distante dos espaços ocupados e das entradas de ar. O(s)
filtro(s) HEPA deverão estar localizados de maneira mais
próxima possível da fonte a fim de minimizar a extensão
dos canos potencialmente contaminados. Todos os filtros

56
Níveis de Biossegurança Laboratorial — NB4

HEPA deverão ser testados e certificados anualmente.


O abrigo para os filtros HEPA deverá ser projetado de
maneira que permita uma descontaminação in situ do
filtro antes deste ser removido. Uma outra alternativa
seria a remoção do filtro em um recipiente primário e
hermético ao gás para subseqüente descontaminação
e/ou destruição através da incineração. O projeto do
abrigo do filtro HEPA deverá facilitar a validação da
instalação do filtro. O uso de filtros HEPA pré-certificados
pode ser vantajoso. A vida média de filtros HEPA
exaustores pode ser prolongada através de uma pré-
filtração adequada do ar fornecido.

15. O posicionamento dos pontos de entrada e saída de ar


deverá ser de forma que os espaços de ar estáticos
dentro do laboratório escafandro sejam minimizados.

16. O ar de saída tratado e o liberado das cabines de


segurança biológica Classe II, localizadas no local onde
os trabalhadores vestem a roupa de pressão positiva,
poderá ser jogado para dentro do ambiente de trabalho
ou para o exterior através do sistema de exaustores do
local. Se o ar tratado for liberado para fora através dos
exaustores, este deverá estar diretamente conectado a
este sistema, de maneira que evite qualquer interferência
no equilíbrio do ar das cabines ou do sistema de
exaustores.

17. O projeto e procedimentos operacionais de um local de


Nível de Biossegurança 4 deverão ser documentados.
O local deverá ser testado em função do projeto e dos
parâmetros operacionais para que se verifique se
realmente atendem a todas as necessidades antes que
comecem a funcionar. Os locais deverão ser checados
novamente uma vez ao ano e os procedimentos neles
existentes deverão ser modificados de acordo com a
experiência operacional.

57
Níveis de Biossegurança Laboratorial — NB4

18. Sistemas de comunicações apropriados deverão ser insta-


lados entre o laboratório e o exterior (por exemplo, fax, com-
putador, interfone).

58
Tabela 1. Resumo dos Níveis de Biossegurança Recomendados para Agentes Infecciosos.
NB AGENTES PRÁTICAS EQUIPAMENTO DE SEGURANÇA INSTALAÇÕES (Barreiras Secun-
(Barreiras Primárias) dárias)

Que não são conhecidos Práticas Padrões de microbiologia Não são necessários Bancadas abertas com pias pró-
1 por causarem doenças ximas.
em adultos sadios.

Associados com doenças Prática de NB-1 mais: Barreiras Primárias= Cabines de Clas- NB-1 mais: Autoclave disponível.
humanas, risco = lesão · Acesso limitado se I ou II ou outros dispositivos de con-
2 percutânea, ingestão, ex- · Avisos de Risco Biológico tenção física usados para todas as
posição da membrana · Precauções com objetos manipulações de agentes que provo-
mucosa. perfurocortantes. quem aerossóis ou vazamento de ma-
· Manual de Biossegurança que de- teriais infecciosos; Procedimentos Es-
fina qualquer descontaminação de peciais como o uso de aventais, luvas,
dejetos ou normas de vigilância proteção para o rosto como necessário.
médica.
59

Agentes exóticos com Práticas de NB-2 mais: Barreiras Primárias = Cabines de Clas- NB-2 mais:
potencial para transmis- · Acesso controlado se I ou II ou outros dispositivos de · Separação física dos corredo-
3 são via aerosol; a doen- · Descontaminação de todo o lixo contenção usados para todas as mani- res de acesso.
ça pode ter conseqüên- · Descontaminação da roupa usada pulações abertas de agentes; Uso de · Portas de acesso dupla com
cias sérias ou até fatais. no lab. antes de ser lavada. aventais, luvas, proteção respiratória fechamento automático.
· Ar de exaustão não recirculante.
· Amostra sorológica quando necessária.
· Fluxo de ar negativo dentro do
laboratório.
Agentes exóticos ou peri- NB-3 mais: Barreiras Primárias = Todos os proce- NB-3 mais:
gosos que impõem um · Mudança de roupa antes de entrar. dimentos conduzidos em cabines de · Edifício separado ou área iso-
4 alto risco de doenças que · Banho de ducha na saída. Classe III ou Classe I ou II juntamente lada.
ameaçam a vida, infec- · Todo o material descontaminado na com macacão de pressão positiva com · Sistemas de abastecimento e
ções laboratoriais transmi-
saída das instalações. suprimento de ar. escape, a vácuo, e de descon-
tidas via aerosol; ou rela-
cionadas a agentes com taminação.
risco desconhecido de · Outros requisitos sublinhados
transmissão. no texto.

59
SEÇÃO IV

Critérios para os Níveis de Biossegurança para Animais


Vertebrados

Caso sejam usados animais experimentais, a administração


da instituição deverá fornecer instalações adequadas, equipe para
cuidar dos animais e estabelecer práticas que assegurem níveis
apropriados para a qualidade, segurança e cuidados para com o
meio ambiente. As instalações para animais de laboratório
consistem de um tipo especial de laboratório. Como princípio geral,
os níveis de biossegurança (as instalações laboratoriais, as práticas
e os requisitos operacionais) indicado para o trabalho envolvendo
agentes infecciosos in vivo e in vitro são similares.

Porém, é bom lembrarmos que as salas onde se encontram


os animais podem apresentar alguns problemas singulares. No
laboratório de microbiologia, as condições de risco são provocadas
pela equipe do laboratório ou pelo equipamento usado por eles.
Nas salas dos animais, as atividades dos próprios animais podem
apresentar novos riscos. Os animais podem produzir aerossóis,
morder e arranhar e podem estar infectados por uma doença
zoonótica.

Essas recomendações presumem que as dependências de


um laboratório de experimentação animal, as práticas operacionais
e a qualidade do tratamento ao animal atendam a padrões e
regulamentos aplicáveis (por exemplo, Guide for the Care and Use
of Laboratory Animals1 e Laboratory Animal Welfare Regulations2)
e que espécies adequadas tenham sido selecionadas para os
experimentos animais. Além deste aspecto, a organização deverá
ter um plano de segurança e de saúde ocupacional. A publicação
recente do Institute of Medicine, Occupational Health and Safety
Care of Research Animals3, auxilia muito.
O ideal seria que as dependências para animais de
laboratórios usados nos estudos de doenças infecciosas ou não
infecciosas possuíssem um isolamento físico de outros locais, onde
são realizadas atividades tais como a reprodução animal e a

60
Critérios para os Níveis de Biossegurança para Animais Vertebrados

quarentena; de laboratórios clínicos e especialmente de depen-


dências onde pacientes são atendidos. No momento da elabora-
ção do projeto das instalações, deve-se considerar o fluxo de pes-
soas no local, de forma que minimize o risco de infecções.

As recomendações, detalhadas abaixo, descrevem quatro


combinações de práticas, equipamentos de segurança e
dependências para experimentos com animais infectados por
agentes que provocam, ou que possam provocar infecções
humanas. Essas quatro combinações, designadas de Níveis de
Biossegurança para Animais (NBA) 1-4, proporcionam níveis
crescentes de proteção ao pessoal e ao meio ambiente, e são
recomendadas como padrões mínimos a serem seguidos em
atividades que envolvam animais de laboratórios infectados. Os
quatro níveis descrevem as dependências para animais e práticas
aplicáveis para o trabalho com animais infectados por
microorganismos pertencentes aos Níveis de Biossegurança 1-4,
respectivamente.

Os pesquisadores inexperientes quanto à condução destes


tipos de procedimentos deverão procurar ajuda com pessoas que
possuam experiência com esse trabalho especial para que possam
realizá-lo com segurança.

Padrões para as instalações e práticas de manuseio de


vetores e hospedeiros invertebrados não estão incluídos nos
padrões de trabalhos para animais de laboratório comumente
utilizados. O livro Laboratory Safety for Arboviruses and Certain
Other Viruses of Vertebrates 4, preparado pelo Subcomitê de
Segurança de Laboratórios de Arbovírus (SALS) do Comitê
Americano de Vírus de Artrópodes, serve como uma referência útil
no planejamento e operação das dependências onde serão
realizados trabalhos com artrópodes.

Nível de Biossegurança Animal 1 (NBA-1)

O Nível de Biossegurança Animal 1 (NBA-1) é recomendado


para o trabalho que envolva agentes bem caracterizados, que não

61
Nível de Biossegurança Animal — NBA-1

sejam conhecidos por provocarem doenças em humanos adultos


sadios e que apresentem um risco potencial mínimo para a equipe
laboratorial e para o meio ambiente.

A. Práticas Padrões

1. O chefe do laboratório de experimentação animal deverá


estabelecer normas, procedimentos e protocolos para
situações de emergência. Cada projeto deverá ser
submetido a uma pré-aprovação pelo Comitê Institucional
de Tratamento e Uso de Animais (IACUC) e pelo Comitê
Institucional de Biossegurança (IBC). Quaisquer práticas
especiais deverão ser aprovadas neste momento.

2. Somente as pessoas que trabalham ou que fazem parte da


equipe de apoio deverão receber autorização para entrarem
no local. Antes de entrarem, essas pessoas deverão ser
avisadas quanto aos riscos biológicos potenciais e deverão
receber instruções sobre os procedimentos de segurança
apropriados.

3. Um programa de vigilância médica adequado deverá ser


instituído.

4. Um manual de segurança deverá ser preparado ou adotado.


A equipe deverá ser avisada sobre os riscos especiais,
deverão ler e seguir as instruções sobre as práticas e os
procedimentos.

5. É proibido comer, beber, fumar, manusear lentes de contato


e aplicar cosméticos. Os alimentos para uso humano
deverão ser guardados somente em áreas designadas para
esse fim, e não serão permitidos nas salas de trabalho ou
nas salas dos animais.

6. Todos os procedimentos deverão ser realizados com


cuidado para minimizarmos a criação de aerossóis e
borrifos.

62
Nível de Biossegurança Animal — NBA-1

7. As superfícies de trabalho deverão ser descontaminadas


após o uso ou depois de qualquer derramamento de
materiais viáveis.

8. Todos os rejeitos da sala de animais (incluindo tecidos,


carcaças e o material das camas de animais contaminados)
deverão ser transportados da sala dos animais em
recipientes, rígidos, cobertos e a prova de vazamento para
serem adequadamente desprezados de acordo com os
requisitos locais ou institucionais aplicáveis. Recomenda-
se a incineração.

9. Normas quanto ao manuseio seguro de objetos cortantes


deverão ser instituídas.

10. A equipe deverá lavar as mãos após ter manuseado culturas


e animais, depois da remoção das luvas e antes de saírem
da sala dos animais.

11. Um aviso de risco biológico deverá ser colocado na entrada


da sala de animais quando agentes infecciosos estiverem
presentes no local. O aviso de risco deverá identificar o(s)
agente(s) infeccioso(s) em uso, o nome e o número do
telefone da pessoa responsável e indicar os requisitos
especiais para a entrada na sala dos animais (por exemplo,
necessidade de imunização e do uso de respiradores).

12. Deve ser providenciado um programa rotineiro de controle


de insetos e roedores (veja Apêndice G).

B. Práticas Especiais: Nenhuma.

C. Equipamentos de Segurança (Barreiras Primárias):

1. Recomenda-se o uso de jalecos, aventais e/ou uniformes


próprios nas dependências. Estes deverão permanecer no
local e não deverão ser usados fora das dependências do
laboratório de experimentação animal.

63
Nível de Biossegurança Animal — NBA-1

2. As pessoas que tiverem contato com primatas não-huma-


nos deverão avaliar o risco de exposição das mucosas e
usar uma proteção para os olhos e a face5.

D. Instalações (Barreiras Secundárias):

1. As dependências do laboratório de experimentação animal


deverão estar separadas das áreas do edifício abertas ao
público.

2. As portas externas do laboratório deverão ser fechadas e


trancadas automaticamente. As portas das salas dos
animais deverão abrir para dentro, fechar automaticamente
e serem mantidas fechadas quando os animais estiverem
presentes. As portas internas da sala da ante-sala deverão
abrir para fora ou deslizarem vertical ou horizontalmente.

3. As dependências deverão ser planejadas, construídas e


mantidas de tal forma a facilitar a limpeza e a manutenção.
As superfícies das paredes, pisos e tetos deverão ser
impermeáveis a água.

4. Acessórios internos, como fixação de luzes, dutos de ar, e


canos de gás e água deverão ser instalados de tal forma a
minimizar áreas de superfície horizontal.

5. Janelas não são recomendadas. Qualquer janela deverá


ser resistente a quebra. Em todos os locais possíveis as
janelas que porventura existirem, deverão ser seladas. Se
as dependências para animais possuírem janelas que são
abertas, estas deverão conter telas para insetos.

6. Se houver sistema de drenagem no piso, os ralos deverão


sempre conter água e/ou um desinfetante adequado.

7. A ventilação a ser instalada deverá estar de acordo com a


última edição do Guide for Care and Use of Laboratory
Animals6. Não deverá haver nenhuma recirculação do ar

64
Nível de Biossegurança Animal — NBA-2

exaurido. Recomenda-se que as salas para os animais se-


jam mantidas com uma pressão negativa em relação aos
corredores adjuntos.

8. A dependência deverá conter uma pia para lavagem das


mãos.

9. As caixas e gaiolas deverão ser lavadas manualmente ou


em uma máquina para a lavagem mecânica de caixas e
gaiolas. Esta máquina deverá ter enxágüe final com água a
uma temperatura de pelo menos 72ºC (1800F).

10. A iluminação deverá ser adequada para todas as atividades,


evitando reflexos e brilhos que possam impedir a visão.

Nível de Biossegurança Animal 2 (NBA-2)

O Nível de Biossegurança Animal 2 envolve práticas para o


trabalho com agentes associados a doenças humanas. Esse nível
é indicado tanto para riscos advindos da ingestão, quanto para
exposições da membrana mucosa e cutânea. O NBA-2 baseia-se
nos requisitos de práticas padrões, procedimentos, equipamentos
de contenção e instalações do NBA-1.

A. Práticas Padrões

1. Além das normas, procedimentos e protocolos padrões para


situações de emergência estabelecidas pelo diretor do local,
normas e procedimentos especiais deverão ser
desenvolvidos quando necessário e deverão ser aprovados
pelo Comitê Institucional de Tratamento e Uso de Animais
(IACUC) e pelo Comitê Institucional de Biossegurança (IBC).

2. O acesso às salas dos animais deverá ser limitado,


permitindo o acesso ao menor número de pessoas possível.
As pessoas que receberem autorização para entrar nas
salas para trabalharem ou realizarem algum tipo de serviço
quando o trabalho estiver sendo realizado, deverão ser
avisadas em relação aos riscos em potencial.

65
Nível de Biossegurança Animal — NBA-2

3. Um programa de vigilância médica adequado deverá ser


adotado. Toda a equipe deverá ser imunizada e testada
contra os agentes manuseados ou potencialmente
presentes (por exemplo, vacina de Hepatite B, teste cutâneo
para TB). Quando apropriado, um sistema de vigilância
sorológica deverá ser implementado7.

4. Um manual de biossegurança deverá ser preparado ou


adotado. A equipe do laboratório deverá ser avisada sobre
os riscos especiais, deverão ler e seguir as instruções sobre
as práticas e procedimentos.

5. É proibido comer, beber, fumar, manusear lentes de contato


e aplicar cosméticos. Os alimentos de uso humano deverão
ser guardados somente em áreas designadas para esse
fim e não serão permitidos dentro das salas para os animais
ou salas de procedimentos.

6. Todos os procedimentos deverão ser realizados com


cuidado para minimizarmos a criação de aerossóis e
borrifos.

7. O equipamento e as superfícies de trabalho na sala deverão


ser rotineiramente descontaminados com um desinfetante
de ação comprovada, após o trabalho com o agente, e
especialmente depois de borrifos, derramamentos ou de
outras contaminações com materiais infecciosos.

8. Todas as amostras infecciosas deverão ser coletadas,


etiquetadas, transportadas e processadas de maneira que
contenha e previna a transmissão do(s) agente(s). Todos
os rejeitos da sala para animais (incluindo tecidos, carcaças
e o material das camas contaminadas dos animais, sobra
de alimentos e objetos perfurocortantes) deverão ser
transportados da sala de animais em recipientes rígidos,
cobertos e a prova de vazamentos, de acordo com os
requisitos locais aplicáveis. A superfície exterior dos
recipientes deverá ser desinfetada antes do material ser

66
Nível de Biossegurança Animal — NBA-2

transportado. Antes da incineração o conteúdo deverá ser


autoclavado.

9. Normas para um manuseio seguro de objetos


perfurocortantes deverão ser adotadas:

a. As seringas e agulhas ou outros instrumentos


perfurocortantes deverão ficar restritos ao laboratório e
deverão ser usados somente quando não houver uma
outra alternativa, como nos casos de injeção parenteral,
flebotomia, aspiração de líquidos de animais e de
garrafas de diafragma.

b. Usar seringas que possuam envoltório para a agulha,


ou sistemas que não utilizam agulhas e outros dispositivos
de segurança quando apropriados.

c. Recipientes de plástico deverão ser substituídos por


recipientes de vidro sempre que possível.

10. A equipe deverá lavar as mãos após o manuseio de culturas


e animais, após a remoção das luvas, e antes de sair das
dependências dos animais.

11. Um aviso de risco biológico deverá ser colocado na entrada


da sala dos animais sempre que houver agentes infecciosos
presentes. Este aviso deverá conter a identificação do(s)
agente(s) infeccioso(s), deverá relacionar o nome e o
telefone da pessoa responsável e deverá indicar os
requisitos especiais (por exemplo, necessidade de
imunização e do uso de respiradores) para a entrada na
sala dos animais.

12. Um programa de controle de insetos e roedores deverá ser


adotado (veja Apêndice G).

B. Práticas Especiais
1. As pessoas que tratam dos animais e as que dão suporte
ao programa, deverão receber treinamento adequado sobre

67
Nível de Biossegurança Animal — NBA-2

os riscos potenciais associados ao trabalho, sobre as pre-


cauções necessárias para evitar exposições e os procedi-
mentos de avaliação da exposição. A equipe deverá rece-
ber cursos anuais de atualização, ou treinamento adicional
quando forem necessárias mudanças de normas ou proce-
dimentos. Os registros de todo o treinamento fornecido
deverão ser mantidos. Em geral, as pessoas expostas a
um elevado risco de contaminação ou para quem as infec-
ções possam ser perigosas, não serão permitidas dentro
da sala para animais, a menos que procedimentos especi-
ais possam eliminar os riscos extras.

2. Somente animais usados para o(s) experimento(s) serão


permitidos na sala.

3. Todo o equipamento deverá ser adequadamente


descontaminado antes de ser removido da sala.

4. Respingos e acidentes que resultem em exposições a


materiais infecciosos deverão ser imediatamente relatados
ao chefe do laboratório. Uma avaliação médica, vigilância e
tratamento deverão ser providenciados e registros por
escrito deverão ser mantidos.

C. Equipamento de Segurança (Barreira Primária)

1. Os aventais, uniformes, ou jalecos de laboratório deverão


ser usados enquanto a pessoa estiver dentro da sala dos
animais. O jaleco do laboratório deverá ser removido e
mantido dentro da sala. Antes de sair da sala, os aventais,
uniformes e jalecos deverão ser removidos. As luvas
deverão ser usadas ao manipular animais infectados e
quando for inevitável o contato da pele com os animais
infectados.
2. O equipamento de proteção individual deverá ser baseado
nas determinações da avaliação do risco (veja Seção V).
Protetores respiratórios e para olhos/rosto deverão ser
usados por todos que entrarem nas salas de animais que
abrigam primatas não-humanos8.

68
Nível de Biossegurança Animal — NBA-2

3. Cabines de segurança biológica, assim como outros dispo-


sitivos de contenção física e/ou equipamento de conten-
ção física (por exemplo, respiradores, protetores faciais)
deverão ser usados ao conduzir procedimentos que apre-
sentem um alto potencial de criação de aerossóis. Estes
procedimentos incluem necropsia de animais infectados,
coleta de tecidos, líquidos de animais ou ovos infectados e
inoculação intranasal de animais.

4. Quando necessário, os animais deverão ser alojados em


equipamentos de contenção primária apropriados às
espécies animais. Sistemas com filtros de caixas ou gaiolas
deverão sempre ser manipuladas em cabines de
biocontenção animal, recomendadas para roedores,
adequadamente projetadas e operadas.

D. Instalações (Barreiras Secundárias)

1. A dependência para animais deverá ser separada das áreas


que são abertas ao trânsito irrestrito de pessoas dentro do
edifício.

2. O acesso às dependências deverá ser limitado através de


portas hermeticamente fechadas. As portas externas
deverão ser fechadas e trancadas automaticamente. As
portas das salas dos animais deverão se abrir para dentro,
ser fechadas automaticamente e mantidas fechadas quando
os animais estiverem presentes. As portas internas da sala
da ante-sala deverão ser abertas para fora ou deslizarem
vertical ou horizontalmente.

3. As dependências deverão ser planejadas, construídas e


mantidas de tal forma a facilitar a limpeza e a manutenção.
As superfícies das paredes, pisos e tetos deverão ser
impermeáveis a água.

4. Acessórios internos, como fixação de luzes, dutos de ar, e


canos de gás e água deverão ser instalados de tal forma a
minimizar áreas de superfície horizontal.

69
Nível de Biossegurança Animal — NBA-3

5. As janelas não são indicadas. Qualquer janela deverá ser


resistente a quebra. Em todos os locais possíveis, as janelas
que porventura existirem, deverão ser seladas.

6. Se houver sistema de drenagem no piso, os sifões deverão


sempre conter desinfetante adequado.

7. O ar exaurido deverá ser jogado para o lado de fora do


prédio, sem recircular por outras salas. A ventilação a ser
instalada deverá estar de acordo com a última edição do
Guide for Care and Use of Laboratory Animals. A direção
do fluxo de ar na sala dos animais deverá ser para dentro;
e as salas para os animais deverão ser mantidas sob
pressão negativa em relação aos corredores adjuntos.

8. As caixas e gaiolas deverão ser lavadas manualmente ou


em uma máquina para a lavagem mecânica de caixas e
gaiolas. Esta máquina deverá ter enxágüe final com água a
uma temperatura de pelo menos 72ºC (1800F).

9. Deverá existir uma autoclave dentro do laboratório de


experimentação animal para descontaminação do lixo
infeccioso.

10. A sala de manutenção de animais infectados deverá conter


uma pia para lavagem das mãos, assim como em qualquer
outro lugar do laboratório.

11. A iluminação deverá ser adequada para todas as atividades,


evitando reflexos e brilhos que possam impedir a visão.

Nível de Biossegurança Animal 3 (NBA – 3)

O Nível de Biossegurança Animal 3 envolve as práticas


adequadas para o trabalho com animais infectados por agentes
nativos ou exóticos que apresentem potencial elevado de
transmissão por aerossóis e risco de provocar doenças fatais ou
sérias. O NBA-3 baseia-se nos requisitos de práticas padrões,

70
Nível de Biossegurança Animal — NBA-3

procedimentos, equipamentos de contenção e instalações do


NBA-2.

A. Práticas Padrões

1. Além das normas, procedimentos e protocolos padrões para


situações de emergência estabelecidas pela chefia do
laboratório, normas e procedimentos especiais deverão ser
desenvolvidos quando necessário e deverão ser aprovadas
pelo Comitê Institucional de Tratamento e Uso de Animais
(IACUC) e pelo Comitê Institucional de Biossegurança (IBC).

2. O chefe do laboratório limitará o acesso às salas dos


animais, ao menor número de pessoas possível. As pessoas
que receberem autorização de entrada, para trabalharem
ou realizarem algum tipo de serviço, deverão ser avisadas
em relação ao risco em potencial.

3. Um programa de vigilância médica adequado deverá ser


adotado. Toda a equipe deverá ser imunizada e testada
contra os agentes manuseados ou potencialmente
presentes (por exemplo, vacina de Hepatite B, teste cutâneo
para TB). Quando apropriado, um sistema de vigilância
sorológica deverá ser adotado9. Em geral, as pessoas que
podem estar passando por um risco crescente de adquirirem
a infecção ou para quem as infecções possam ter sérias
conseqüências, não serão permitidas dentro da sala para
animais, a menos que procedimentos especiais possam
eliminar os riscos extras.

4. Um manual de biossegurança deverá ser preparado ou


adotado. A equipe do laboratório deverá ser avisada sobre
os riscos especiais, deverão ler e seguir as instruções sobre
as práticas e procedimentos.

5. É proibido comer, beber, fumar, manusear lentes de contato


e aplicar cosméticos. Os alimentos de uso humano deverão
ser guardados somente em áreas designadas para esse

71
Nível de Biossegurança Animal — NBA-3

fim e não serão permitidos dentro das salas para animais


ou das salas de procedimentos.

6. Todos os procedimentos deverão ser realizados


cuidadosamente para minimizar a produção de aerossóis e
borrifos.

7. Os equipamentos e as superfícies de trabalho na sala


deverão ser rotineiramente descontaminados com
desinfetante que possua ação comprovada, após o trabalho
com agentes infecciosos, e especialmente após borrifos,
derramamentos ou outras contaminações com materiais
infecciosos tenham ocorrido.

8. Todos os rejeitos da sala de animais (incluindo tecidos,


carcaças e o material das camas dos animais contaminados,
alimentação que não tenha sido utilizada e objetos
perfurocortantes) deverão ser transportados da sala dos
animais em recipientes rígidos, a prova de vazamentos e
cobertos, para serem desprezados de forma adequada e
de acordo com os requisitos locais ou institucionais
aplicáveis. Recomendamos a incineração. A superfície
externa dos recipientes deverá ser desinfetada antes da
remoção do material (veja Práticas Especiais Nº 3 abaixo).

9. Normas quanto ao manuseio seguro de objetos


perfurocortantes deverão ser instituídas.

a. As seringas e agulhas ou outros instrumentos


perfurocortantes deverão ser restritos ao laboratório e
somente usados quando não houver outra alternativa,
como nos casos de injeção parenteral, flebotomia,
aspiração de líquidos de animais e de garrafas de
diafragma. Os recipientes de plástico deverão ser
substituídos por recipientes de vidro sempre que
possível.

b. As seringas que possuem um envoltório para a agulha,


ou sistemas sem agulhas e outros dispositivos de
segurança deverão ser utilizados quando necessários.
72
Nível de Biossegurança Animal — NBA-3

c. Vasilhas plásticas deverão ser substituídas por


vasilhames de vidro sempre que possível.

10. A equipe deverá lavar as mãos após ter manuseado culturas


e animais, depois da remoção das luvas e antes de sair da
sala dos animais.

11. Um aviso de risco biológico deverá ser colocado na entrada


da sala do laboratório de experimentação animal, quando
agentes infecciosos estiverem presentes no local. O aviso
de risco deverá identificar o(s) agente(s) infeccioso(s) em
uso, relacionar o nome e o número do telefone da pessoa
responsável e indicar os requisitos especiais para a entrada
na sala dos animais (por exemplo, necessidade de
imunização e do uso de respiradores).

12. Todas as amostras infecciosas deverão ser coletadas,


etiquetadas, transportadas e processadas de maneira que
façam a devida contenção e previnam a transmissão de
agentes.

13. As pessoas que cuidam dos animais de laboratório e as


que dão suporte ao programa, deverão receber treinamento
adequado sobre os riscos potenciais associados ao
trabalho, sobre as precauções necessárias para evitar
exposições e os procedimentos de avaliação da exposição.
A equipe deverá receber cursos anuais de atualização, ou
treinamento adicional quando forem necessárias mudanças
de normas ou procedimentos. Os registros de todo o
treinamento fornecido deverão ser mantidos.

14. Um programa de controle de insetos e roedores deverá ser


adotado.

B. Práticas Especiais

1. As caixas e gaiolas dos animais deverão passar pela


autoclave ou terão que ser descontaminadas antes que o
73
Nível de Biossegurança Animal — NBA-3

material da cama seja removido e antes de serem lavadas.


O equipamento deverá ser descontaminado de acordo com
as normas locais, estaduais ou federais antes de ser
embalado para transporte ou remoção do local, para reparo
ou manutenção.
2. Deve-se desenvolver um procedimento para o caso de
respingos. Somente o pessoal adequadamente treinado e
equipado para trabalhar com materiais infecciosos deverá
limpar os respingos. Respingos e acidentes que resultem
em uma exposição direta com materiais infecciosos deverão
ser imediatamente relatados ao chefe do laboratório. Uma
avaliação médica, vigilância e tratamento deverão ser
providenciados e registros por escrito deverão ser mantidos.

3. Todos os rejeitos provenientes das salas de animais deverão


passar pela autoclave antes de serem incinerados ou serem
tratados através de outro método de esterilização.

4. Os materiais que não tiverem relação alguma com o


experimento (por exemplo, plantas ou animais que não forem
ser utilizados no ensaio) não serão permitidos na sala.

C. Equipamento de Segurança (Barreiras Primárias)

1. Uniformes ou roupas específicos deverão ser usadas pelas


pessoas que entrarem na sala de animais. Estas vestimentas
terão toda à frente protegida, ou seja, as vestimentas que
são abotoadas na frente não são adequados. O uniforme
deverá ser retirado e deixado na sala de animais NBA-3.
Antes de sair das salas, as roupas ou uniformes deverão
ser removidos e adequadamente acondicionados e
descontaminados antes de serem lavados ou descartados
(no caso de uniformes descartáveis).

2. O equipamento de proteção individual deverá ser usado


de acordo com as determinações da avaliação de riscos.

a. O equipamento de proteção individual deverá ser usado


em todas as atividades envolvendo manipulações de
material infeccioso ou de animais infectados.

74
Nível de Biossegurança Animal — NBA-3

b. A equipe deverá usar luvas ao manusear animais


infectados. Essas luvas deverão ser removidas
assepticamente e autoclavadas juntamente com outros
lixos da sala de animais antes de serem descartadas.

c. Protetores respiratórios e para olhos/rosto deverão ser


usados por todos que entrarem nas salas de animais.

d. Botas, sapatilhas ou pró-pés ou outro tipo de proteção


para os pés, e banhos desinfetantes para os pés ou
“lava-pés” deverão ser avaliados e usados onde forem
indicados.

3. Podemos reduzir o risco de formação de aerossóis


infecciosos advindos da manipulação de animais infectados
ou dos materiais utilizados nas camas infectadas, se os
animais forem colocados em sistemas de confinamento
parcial, como caixas cobertas com filtros e paredes rígidas,
colocadas em locais com ventilação direcionada para o
interior das mesmas (por exemplo, cabines de fluxo laminar),
ou outros sistemas similares de contenção primária.

4. As cabines de segurança biológica e outros dispositivos de


contenção física deverão ser usados ao conduzir
procedimentos que possuam um alto risco de criação de
aerossóis. Esses incluem a necropsia de animais infectados,
coleta de tecidos, líquidos de animais ou ovos infectados e
inoculação intranasal de animais. Em um laboratório NBA-
3, todo o trabalho deverá ser realizado em uma barreira
primária, caso contrário as pessoas deverão usar protetores
respiratórios dentro da sala.

D. Instalações (Barreiras Secundárias)

1. A dependência para os animais deverá ser separada das


áreas que são abertas ao trânsito irrestrito de pessoas
dentro do edifício.
75
Nível de Biossegurança Animal — NBA-3

2. O acesso às dependências deverá ser limitado através de


portas que se fecham e se trancam automaticamente, com
sistema de intertravamento, ou leitura ótica ou cartão
magnético. A entrada de pessoal para a sala dos animais
deverá ser realizada através de uma antecâmara
pressurizada, que deverá incluir chuveiro(s) e um vestiário
para troca de roupa. Um acesso adicional com porta dupla
(air-lock) deverá ser construído ou uma autoclave com porta
dupla deverá existir no local para o fluxo de suprimentos e
rejeitos dentro e fora do laboratório, respectivamente. As
portas para as salas de animais deverão se abrir para dentro
e deverão se fechar automaticamente. As portas internas
da ante-sala dentro de uma sala para animais deverão ser
abertas para fora ou deslizarem vertical ou horizontalmente.

3. As instalações de um laboratório de experimentação animal


NBA-3 deverão ser planejadas, construídas e mantidas de
forma que facilitem a limpeza e a manutenção. As superfícies
das paredes, pisos e tetos deverão ser impermeáveis a água.
Selar as juntas, fendas ou aberturas em paredes, pisos e
tetos. Penetrações das linhas de serviço, tais como água,
luz, gás, e outras devem ser vedadas e os espaços entre
as portas e esquadrias deverão permitir um selamento para
facilitar a descontaminação do ambiente.

4. Cada sala para animais deverá conter uma pia para lavagem
das mãos acionada automaticamente ou sem o uso das
mãos perto das portas de saída. O sifão da pia deverá conter
um desinfetante adequado após o uso da mesma.

5. Acessórios internos, como fixação de luzes, dutos de ar, e


canos de gás e água deverão ser instalados de tal forma a
minimizar áreas de superfície horizontal.

6. Qualquer janela deverá ser resistente a quebra. Em todos


os locais possíveis, as janelas que porventura existirem,
deverão ser vedadas. Se as instalações para animais
possuírem janelas que são abertas, estas deverão conter
telas contra insetos.

76
Nível de Biossegurança Animal — NBA-3

7. Se houver sistema de drenagem no piso, estes deverão


sempre conter um desinfetante adequado.

8. A ventilação instalada deverá estar de acordo com a última


edição do Guide for Care and Use of Laboratory Animals.
Os sistemas de entrada de ar e exaustão devem ser
interligados. Esse sistema cria um fluxo de ar direcionado,
retirando o ar contaminado de dentro do laboratório,
jogando-o para fora e ao mesmo tempo retira o ar das áreas
“limpas” e o joga para dentro do laboratório. O ar exaurido
não pode recircular em nenhuma outra área do prédio.
Filtração ou outros tipos de tratamento do ar exaurido
podem não ser necessários, mas deverão ser considerados,
baseados nos requisitos do local, nos microorganismos
específicos manipulados e nas condições de uso. O ar
exaurido deverá ser lançado para longe de áreas ocupadas
e de entradas de ar, ou poderá ser filtrado através de filtros
HEPA. A equipe deverá verificar se a direção do ar insuflado
(para dentro das áreas dos animais) está apropriada.
Recomenda-se o uso de monitores visuais que indiquem e
confirmem o fluxo de ar direcionado para dentro do recinto.
Devemos considerar a instalação de um sistema de controle
de HVAC para evitar a pressurização positiva nas áreas
onde estão os animais. Alarmes audíveis devem ser
considerados para evidenciar qualquer falha no sistema de
controle HVAC.

9. O ar filtrado pelo HEPA de uma cabine de segurança


biológica Classe II poderá recircular dentro da sala para
animais se a cabine for testada e aprovada anualmente.
Quando o ar exaurido das cabines de segurança biológica
classe II, for lançado para fora do ambiente de trabalho,
através do sistema de exaustão do edifício, as cabines
deverão estar conectadas de maneira que evitem qualquer
interferência no equilíbrio do ar das cabines ou do sistema
de exaustão do edifício (por exemplo, uma conexão metálica
entre o exaustor das cabines e que se prende ao duto dos
exaustores do edifício). Quando as cabines de segurança

77
Nível de Biossegurança Animal — NBA-3

biológica Classe III forem utilizadas, elas deverão estar


conectadas diretamente ao sistema de exaustão. Se as
cabines de Classe III estiverem conectadas ao sistema de
insuflação, isto deverá ser feito de tal maneira que previna
a pressurização positiva das cabines (veja Apêndice A).

10. As caixas e gaiolas deverão ser lavadas manualmente ou


em uma máquina para a lavagem mecânica de caixas e
gaiolas. Esta máquina deverá ter enxágüe final com água a
uma temperatura de pelo menos 72ºC (1800F).

11. Deverá existir uma autoclave dentro da sala de


experimentação animal NBA-3, onde o risco está contido,
para descontaminação de lixo infeccioso antes de ser
removido para outras áreas do local.

12. Se houver um sistema de vácuo (por exemplo, central ou


local), cada conexão de serviço deverá possuir um sifão
contendo desinfetante líquido e um filtro HEPA em linha,
colocado o mais próximo possível de cada ponto de uso ou
da válvula de serviço. Os filtros deverão ser instalados de
tal forma que permitam a descontaminação e a substituição
dos mesmos no local.

13. A iluminação deverá ser adequada para todas as atividades,


evitando reflexos e brilhos que possam impedir a visão.

14. O projeto de edificação e os procedimentos operacionais


do laboratório de experimentação animal NBA-3, deve ser
documentado. O local deverá ser testado em função do
projeto e dos parâmetros operacionais para verificarmos
se realmente eles atendem a todas as necessidades antes
que comecem a operar. Os locais deverão ser checados
novamente pelo menos uma vez ao ano e os procedimentos
neles existentes deverão ser modificados de acordo com a
experiência operacional.

15. Proteções adicionais ao meio ambiente (por exemplo,


chuveiros para a equipe, filtros HEPA para filtração do ar

78
Nível de Biossegurança Animal — NBA-4

exaurido, contenção de outras linhas de serviços, e a pro-


visão da descontaminação dos efluentes) deverão ser con-
siderados, se recomendados devido às características
dos agentes manipulados, determinado pela avaliação do
risco das condições locais, ou por outros regulamentos
locais, estaduais ou federais.

Nível de Biossegurança Animal 4 (NBA-4)

O Nível de Biossegurança Animal 4 envolve as práticas


adequadas para o trabalho com agentes perigosos ou exóticos que
exponha o indivíduo a um alto risco de infecções que podem ser
fatais, além de apresentarem um potencial elevado de transmissão
por aerossóis ou de agentes relacionados com um risco de
transmissão desconhecido. O NBA-4 baseia-se nos requisitos de
práticas, procedimentos, equipamento de contenção e instalações
padrões do NBA-3. Os procedimentos deverão ser desenvolvidos
no próprio local para direcionar as operações específicas das
cabines de segurança biológica Classe III ou no “laboratório
escafandro”.

A. Práticas Padrões

1. Além das normas, procedimentos e protocolos padrões para


situações de emergência estabelecidas pela chefia do
laboratório, normas e procedimentos especiais deverão ser
desenvolvidos, quando necessário, e deverão ser
aprovadas pelo Comitê Institucional de Tratamento e Uso
de Animais (IACUC) e pelo Comitê Institucional de
Biossegurança (IBC).

2. O chefe do laboratório deverá limitar o acesso às salas dos


animais, permitindo o acesso ao menor número de pessoas
possível. As pessoas que receberem autorização de
entrada, para trabalharem ou realizarem algum tipo de
serviço, deverão ser avisadas em relação ao risco em
potencial.

3. Um programa de vigilância médica adequado deverá ser


adotado para todas as pessoas que entrarem em um

79
Nível de Biossegurança Animal — NBA-4

laboratório NBA-4. Esse programa deverá incluir imuniza-


ções, coleta para acompanhamento sorológico, disponibili-
dade de aconselhamento pós-exposição e potencial
profilaxia10. Em geral, as pessoas que podem estar passan-
do por um crescente risco de adquirirem a infecção ou para
quem as infecções possam ser perigosas, não serão per-
mitidas dentro da sala para animais a menos que procedi-
mentos especiais possam eliminar os riscos extras. A avali-
ação deverá ser realizada pelo médico do trabalho.

4. Um manual de biossegurança específico para o local deverá


ser preparado ou adotado. A equipe do laboratório deverá
ser avisada sobre os riscos especiais, deverão ler e seguir
as instruções sobre as práticas e procedimentos.

5. É proibido comer, beber, fumar, manusear lentes de contato


e aplicar cosméticos. O alimento de uso humano deverá
ser guardado somente em áreas designadas para esse fim
e não será permitido dentro das salas para os animais ou
salas de procedimentos.

6. Todos os procedimentos deverão ser realizados


cuidadosamente para minimizar a produção de aerossóis e
borrifos.

7. Os equipamentos e as superfícies de trabalho na sala


deverão ser rotineiramente descontaminados com
desinfetante que possua ação comprovada, após o trabalho
com agentes infecciosos, e especialmente após borrifos,
derramamentos ou outras contaminações com materiais
infecciosos tenham ocorrido.

8. Um procedimento para borrifos deverá ser desenvolvido e


instituído. Somente o pessoal adequadamente treinado e
equipado para esse tipo de trabalho deverá limpar os
borrifos de materiais infecciosos. Borrifos e acidentes que
resultem em uma exposição direta com materiais infecciosos
deverão ser imediatamente relatados ao chefe do

80
Nível de Biossegurança Animal — NBA-4

laboratório. Uma avaliação médica, vigilância e tratamento


deverão ser providenciados e registros por escrito deverão
ser mantidos.

9. Todos os rejeitos provenientes das salas de animais


(incluindo tecidos animais, carcaças e material da cama
contaminado), outros materiais que serão descartados e
as roupas ou uniformes usados que irão ser encaminhados
para a lavanderia, deverão ser esterilizadas em uma
autoclave de porta dupla (veja B-4 abaixo). Recomendamos
a incineração de materiais descartáveis.

10. Normas quanto ao manuseio seguro de objetos


perfurocortantes deverão ser instituídas.

a. As seringas e agulhas ou outros instrumentos


perfurocortantes deverão ser restritos a sala dos animais
e deverão ser usados somente quando não houver uma
outra alternativa, como nos casos de injeção parenteral,
coleta de sangue ou aspiração de líquidos de animais
de laboratório e de garrafas de diafragma.

b. As seringas que possuem um envoltório para a agulha,


ou sistemas sem agulhas e outros dispositivos de
segurança deverão ser utilizados quando necessários.

c. Vasilhas plásticas deverão ser substituídas por


vasilhames de vidro sempre que possível.

11. Um aviso de risco biológico deverá ser colocado na entrada


da sala do laboratório de experimentação animal, quando
agentes infecciosos estiverem presentes no local. O aviso
de risco deverá identificar o(s) agente(s) infeccioso(s) em
uso, relacionar o nome e o número do telefone da pessoa
responsável e indicar os requisitos especiais para a entrada
na sala dos animais (por exemplo, necessidade de
imunização e do uso de respiradores).

12. As pessoas que cuidam dos animais de laboratório e as


que dão suporte ao programa deverão receber treinamento

81
Nível de Biossegurança Animal — NBA-4

adequado sobre os riscos potenciais associados ao traba-


lho, sobre as precauções necessárias para evitar exposi-
ções e os procedimentos de avaliação da exposição. A equi-
pe deverá receber cursos anuais de atualização, ou treina-
mento adicional quando forem necessárias mudanças de
normas ou procedimentos. Os registros de todo o treina-
mento fornecido deverão ser mantidos.

13. As caixas e gaiolas dos animais deverão passar pela


autoclave ou terão que ser descontaminadas antes que o
material da cama seja removido e antes de serem lavadas.
Os equipamentos e as superfícies de trabalho deverão ser
rotineiramente descontaminados com desinfetante que
possua ação comprovada, após o trabalho com materiais
infecciosos, e especialmente depois de borrifos,
derramamentos ou outras contaminações com materiais
infecciosos tenham ocorrido. Os equipamentos deverão ser
descontaminados de acordo com qualquer regulamento
local, estadual ou federal antes de ser removido do local
para reparo ou manutenção.

14. As pessoas responsáveis pelo trabalho com animais


infectados deverão trabalhar em pares. Baseado na
avaliação dos riscos (veja Seção V), procedimentos, tais
como o uso de caixas ou gaiolas de contenção, realização
de trabalho somente com animais anestesiados ou outros,
que visem reduzir as possíveis exposições do trabalhador
deverão ser adotados.

15. Os materiais não relacionados ao ensaio (por exemplo,


plantas e animais que não forem ser utilizados) não serão
permitidos no local.

B. Práticas Especiais

1. Medidas adicionais deverão ser efetivadas para controle


do acesso (por exemplo, um sistema de guarda durante 24
horas para entrada e saída de pessoas). A equipe deverá

82
Nível de Biossegurança Animal — NBA-4

entrar ou sair do local somente através do vestiário e das


salas de banhos. Cada vez que saírem do local, a equipe
deverá tomar banho. A entrada ou a saída de pessoal por
antecâmara pressurizada somente deverá ocorrer em
situações de emergência.

2. Em uma operação na cabine de segurança biológica Classe


III, a roupa do pessoal deverá ser retirada no vestiário
externa e deixada lá mesmo. O traje laboratorial completo,
incluindo peças íntimas, calças e camisas ou macacões,
sapatos e luvas deverão ser fornecidos e usados pelo
pessoal. Ao sair, deverão retirar os trajes laboratoriais no
vestiário interno antes de entrar na sala de banho. A roupa
suja (usada) deverá ser esterilizada na autoclave.

3. Nos procedimentos operacionais em laboratórios NBA-4,


deverá ser necessária a mudança completa de roupa. Um
banho será necessário após a remoção da roupa
descontaminada. As roupas sujas do laboratório deverão
ser autoclavadas antes de serem lavadas.

4. Os materiais e suprimentos que forem introduzidos no


laboratório deverão passar por uma autoclave de porta
dupla ou por uma câmara de fumigação. Depois que a porta
externa estiver trancada, as pessoas dentro do laboratório
deverão abrir a porta interna e retirar os materiais. As portas
da autoclave e da câmara de fumigação deverão ser
interligadas de maneira que a porta externa só seja aberta
depois que o “ciclo de esterilização” tenha sido concluído
ou depois que a câmara de fumigação tenha sido
descontaminada.

5. Um sistema para notificação de acidentes, incidentes,


exposições e absenteísmo deve ser estabelecido, e um
outro sistema para a vigilância médica de doenças
potencialmente associadas ao trabalho em laboratório. Um
aspecto essencial para esta vigilância/notificação é a
disponibilidade de um local para quarentena, isolamento e

83
Nível de Biossegurança Animal — NBA-4

atendimento médico de pessoas com suspeitas de conta-


minação.

6. As amostras sorológicas coletadas deverão ser analisadas


periodicamente. Os resultados deverão ser comunicados
aos participantes.

C. Equipamento de Segurança (Barreiras Primárias)

1. Os animais infectados com microorganismos da classe de


risco 4 deverão ser alojados dentro de cabines de segurança
biológica classe III em um laboratório NBA-4. Em um
laboratório NBA-4 “escafandro”, toda a equipe deverá vestir
macacões com pressão positiva e ventilados com um
sistema de suporte de vida. Os animais infectados deverão
ser alojados em um sistema de contenção parcial (como
em caixas abertas colocadas em locais ventilados, caixas
de paredes sólidas, possuindo um sistema de ventilação e
a exaustão feita através de filtros e abertas em fluxos
laminares ou outros sistemas de contenção primária
equivalentes).

2. O uso de materiais descartáveis que não requerem limpeza,


incluindo caixas e gaiolas de animais, deverão ser levadas
em consideração. Esses materiais descartáveis deverão
passar pela autoclave na saída do laboratório e depois
incinerados.

D. Instalações (Barreiras Secundárias)

Os laboratórios NBA-4 poderão ser incluídos como uma


parte integrante dos Laboratórios NBA-4 de Cabine ou aos
Laboratórios NBA-4 “de Escafandro” como descrito na Seção III
deste documento. Os requisitos para instalações descritos na seção
Laboratório NB-4 deverão ser utilizados juntamente com o uso das
caixas descritas na seção de equipamentos acima.

84
Nível de Biossegurança Animal — NBA-4

Referências:

1. Guide for the Care and Use of Laboratory Animals, National Acad-
emy Press, Washington, DC, 1996.
2. U.S. Department of Agriculture. Laboratory Animal Welfare Regula-
tions – 9 CRF, Subchapter A, Parts 1, 2 and 3.
3. Occupational Health and Safety in the Care of Research Animals.
National Academy Press, Washington, D.C., 1996.
4. Subcommittee on Arbovirus Laboratory Safety for Arbovirus and Cer-
tain Other Viruses for Vertebrates. 1980. Am J Trop Med Hyg 29(6):
1359-1381.
5. Centers for Disease Control and Prevention. 1998. Fatal
Cercopithecine herpesvirus 1 (B Virus) Infection Following a Muco-
cutaneous Exposure and Interim Recommendations for Worker Pro-
tection. MMWR 47 (49); 1073-6, 1083.
6. Guide for the Care ands Use of Laboratory Animals (1)
7. Occupational Health and Safety in the Care of Research Animals
(3).
8. Centers for Disease Control and Prevention. 1998. (5)
9. Occupational Health and Safety in the Care of Research Animals (3)
10. Occupational Health and Safety in the Care of Research Animals.
(3)

85
Tabela 1. Resumo dos Níveis de Biossegurança Recomendados para as Atividades nas quais Animais Vertebrados Infectados Natural-
mente ou Experimentalmente são Utilizados.
BSL Agentes Práticas Equipamentos de Segurança Instalações (Barreiras Secundárias)
(Barreiras Primárias)
Desconhecidos por causarem Cuidado com o animal e práticas de Cuidados normais, solicitados, Instalações animal padrões.
1 doenças em adultos humanos gerenciamento padrões, incluindo programas de por cada espécie. - Nenhuma recirculação do ar exaurido.
sadios vigilância médica adequados. - Recomendação de fluxo de ar
direcionado.
- Recomendação de pia para lavagem de
mão.
Associados com doenças hu- Práticas de NBA-1 mais: Equipamento de NBA-1 mais barreiras primári- Instalações de NBA-1 mais:
manas. Risco: exposição - Acesso limitado. as: equipamento de contenção adequado para - Autoclave à disposição.
2 cutânea, ingestão, exposição da - Avisos de risco espécies animais; PPES: jalecos, luvas, - Pia para lavagem de mãos dentro da
membrana mucosa. - Precaução com objetos perfurocortantes. proteção facial e respiradores quando necessá- sala de animais.
- Manual de biossegurança. rios. - Uso de lavagem mecânica das caixas e
- Descontaminação de todo o lixo infeccioso e gaiolas.
de caixas e gaiolas de animais antes da lava-
gem.
Agentes nativos ou exóticos Práticas de NB-2 mais: Práticas de NBA-2 mais: Equipamento de NBA-2 mais:
com elevado potencial de trans- · Acesso controlado - Acesso controlado. - Equipamento de contenção para manu-
3 missão por aerossóis; doenças · Descontaminação de todo o lixo - Descontaminação das roupas antes de serem tenção dos animais.
- Cabines SB de Classe I ou II para ma-
que podem causar sérios da- · Descontaminação da roupa usada no lab. lavadas. nipulações (inoculação, necropsia) que
nos à saúde. antes de ser lavada. - Descontaminação das caixas e gaiolas antes possam criar aerossóis infecciosos.
· Amostra sorológica do material da cama ser removida. PPEs: proteção respiratória adequada.
- Lavagem dos pés com desinfetante. Instalações de NBA-2 mais:
- Separação física dos corredores de
acesso.
- Fechamento automático, porta dupla de
acesso.
- Linhas de penetrações seladas.
- Janelas vedadas.
- Autoclave presente no local.

Agentes exóticos ou perigosos Práticas de NBA-3 mais: Equipamento de NBA-3 mais: Instalaçoes de NBA-3 mais:
que imponham alto risco de do- - Entrada através do vestiário para troca de - Equipamento de máxima contenção (CSB Clas- - Edifício separado ou área isolada.
4 ença fatal, transmissão por roupa onde a roupa pessoal é removida e a do se III ou de contenção parcial junto com maca- - Sistemas de insuflação e exaustão,
aerossóis, ou relacionada a laboratório vestida; banho na saída. cão pressurizado positivamente com ar) usa- vácuo e sistemas de descontaminação.
agentes com risco de transmis- - Todos os lixos deverão ser descontaminados do para todas as atividades e procedimentos. - Outros requisitos enfatizados no texto.
são desconhecido. antes da remoção do local.

86
SEÇÃO V

Avaliação dos Riscos

A palavra “risco” indica a probabilidade que um dano, um


ferimento ou uma doença ocorra. No contexto dos laboratórios
biomédicos e de microbiologia, a avaliação do risco se concentra
primariamente na prevenção de infecções relacionadas aos
laboratórios. Ao endereçar atividades laboratoriais que envolvam
materiais infecciosos ou potencialmente infecciosos, a avaliação
do risco é um exercício essencial e produtivo. Ele auxilia a designar
os níveis de biossegurança (instalações, equipamentos e práticas)
que reduzirão para um risco mínimo, a exposição de trabalhadores
e do meio ambiente a um agente perigoso. A intenção desta seção
é a de fornecer um guia e o de estabelecer parâmetros para a
seleção do apropriado nível de biossegurança.

A avaliação do risco pode ser qualitativa ou quantitativa. Na


presença de riscos conhecidos (por exemplo, níveis residuais de
gás de formaldeído depois da descontaminação do laboratório), a
avaliação quantitativa poderá ser realizada. Mas em muitos casos,
os dados quantitativos estarão incompletos ou ausentes (por
exemplo, a investigação de um agente desconhecido ou de uma
amostra sem rótulo). Os tipos, subtipos e variantes dos agentes
infecciosos envolvendo vetores diferentes ou raros, a dificuldade
de avaliar as medidas de um potencial de amplificação do agente e
as singulares considerações dos recombinantes genéticos são
alguns dos vários desafios na condução segura de um laboratório.
Diante tal complexidade, nem sempre os métodos de amostragem
quantitativa significativos estão à nossa disposição. Desta forma, o
processo de avaliação do risco para o trabalho com materiais
biológicos perigosos pode não depender de um algoritmo prescrito.

O diretor do laboratório ou o principal pesquisador deverá


ser o responsável pela avaliação dos riscos que implique no
estabelecimento de níveis de biossegurança para o trabalho. Isto
deverá ser realizado em colaboração com o Institutional Biosafety
Committee (e/ou outros profissionais ou instituições se necessário)
para assegurar a obediência às normas e regras estabelecidas.

87
Avaliação dos Riscos

Ao realizar a avaliação do risco qualitativo, todos os fatores


de risco deverão ser identificados e explorados. Informações
relacionadas deverão estar disponíveis, na forma de um manual.
Consultas às Normas do NIH de DNA Recombinante, Normas de
Biossegurança em Laboratórios Canadenses e Normas de
Segurança da Organização Mundial de Saúde deverão ser
consideradas. Em alguns casos, devemos confiar nas fontes de
informações, como os dados de campo de um “expert” no assunto.
Essa informação deverá ser interpretada pela sua tendência em
aumentar ou diminuir o risco de uma infecção adquirida em
laboratório1.

O desafio da avaliação do risco se encontra naqueles casos


onde uma informação completa sobre esses fatores não está à
nossa disposição. Uma abordagem conservadora é geralmente
aconselhada quando as informações forem insuficientes nos
forçando a um julgamento subjetivo. As Precauções Universais
deverão sempre ser recomendadas.

Os fatores de interesse em uma avaliação dos riscos incluem:

• A patogenicidade do agente infeccioso ou suspeito,


incluindo a incidência e gravidade da doença (ex.
morbidade média contra uma mortalidade alta, doença
aguda versus doença crônica). Quanto mais grave a
potencialidade da doença adquirida, maior será o risco.
Por exemplo, o Sthaphilococcus aureus raramente
provoca uma doença grave ou fatal em um indivíduo
contaminado em um laboratório e está relegado ao NB-2.
Já vírus como o Ebola, Marburg e da febre de Lassa, que
provocam doenças com alta taxa de mortalidade e para
as quais não existem vacinas ou tratamentos são
trabalhadas em um NB-4. Porém, a gravidade da doença
precisa ser amenizada por outros fatores. O trabalho com
um vírus humano de imunodeficiência (HIV) e com o vírus
da Hepatite B também é feito em um NB-2, embora eles
possam causar uma doença potencialmente fatal. Mas
esses vírus não são transmitidos através de aerossóis, e

88
Avaliação dos Riscos

a incidência de uma infecção adquirida em laboratório é


extremamente baixa para o HIV. No caso da Hepatite B, já
existe uma vacina eficaz contra esta patologia.

• A via de transmissão (por exemplo, parenteral, via aérea


ou por ingestão) de agentes isolados recentemente pode
não estar definitivamente estabelecida. Os agentes que
podem ser transmitidos via aerosol têm provocado grande
parte das infecções laboratoriais. Ao planejar o trabalho
com um agente relativamente não caracterizado e com
um modo de transmissão desconhecido, o mais seguro é
considerar o potencial de transmissão por via aerosol.
Quanto maior o potencial do aerosol, maior o risco.

• A estabilidade do agente é um aspecto que envolve não


somente a infectividade de aerossóis (por exemplo, de
bactérias formadoras de esporos), mas também a
capacidade de sobreviver por um tempo extra do agente
no meio ambiente. Fatores como a dissecação, a
exposição à luz solar ou ultravioleta, ou a exposição a
desinfetantes químicos deverá ser considerada.

• A dose infecciosa do agente é um outro fator a ser


considerado. A dose infecciosa pode variar de uma a
milhares de unidades. A natureza complexa da interação
dos microorganismos e do hospedeiro apresenta um
desafio significativo até mesmo para o mais saudável e
imunizado trabalhador de laboratório, e pode impor um
sério risco àqueles com menos resistência. O grau de
imunização do trabalhador do laboratório está diretamente
relacionado à sua susceptibilidade à doença provocada
por um agente infeccioso.

• A concentração (número de organismos infecciosos por


unidade de volume) será importante na determinação do
risco. Essa determinação deverá considerar o meio que
contém o organismo (por exemplo, tecido sólido, sangue
viscoso ou escarro ou meio líquido) e a atividade

89
Avaliação dos Riscos

laboratorial planejada (por exemplo, amplificação,


sonificação ou centrifugação do agente). O volume do
material concentrado a ser manipulado também é
importante. Na maioria dos casos, os fatores de risco
aumentam com o aumento do volume de trabalho de
microorganismos de alta titulação, uma vez que um
manuseio adicional dos materiais é freqüentemente
solicitado.

• A origem do material potencialmente infeccioso é


também fundamental para a avaliação dos riscos. A
palavra “origem” pode se referir à localização geográfica
(por exemplo, doméstico ou originários de outros países);
hospedeiro (por exemplo, animal ou ser humano infectado
ou não); ou natureza da fonte (por exemplo,
potencialmente zoonótica ou associada a um outro surto
de doença). Sob outro ângulo, esse fator pode também
levar em consideração o potencial dos agentes que
ameaçam as aves e os animais de criação.

• A disponibilidade de dados gerados por estudos


animais, na falta de dados humanos, poderá fornecer
informações úteis para uma avaliação do risco. As
informações sobre a patogenicidade, a infectividade e a
via de transmissão em animais podem proporcionar
informações valiosas. Porém, sempre devemos tomar
cuidado em traduzir dados de uma espécie animal para
os de outras espécies.

• A disponibilidade de uma profilaxia eficaz estabelecida ou


de uma intervenção terapêutica é outro fator importante
a ser considerado. A forma mais comum de profilaxia é a
imunização com uma vacina eficiente. A avaliação do risco
inclui a determinação da disponibilidade de imunizações
eficazes. Em alguns casos, a imunização pode afetar o
nível de biossegurança (por exemplo, o vírus Junin do
grupo NB-4 pode ser trabalhado no NB-3 por um
trabalhador imunizado). A imunização também pode ser

90
Avaliação dos Riscos

passiva (por exemplo, o uso de uma imunoglobulina


sorológica nas exposições ao HBV). Apesar de importante,
a imunização somente servirá como uma camada adicional
de proteção mediante os controles de engenharia, as
práticas e procedimentos padrões e o uso de equipamento
de proteção individual. Ocasionalmente, a imunização ou
a intervenção terapêutica (terapia com antibióticos ou
antiviral) pode ser particularmente importante nas
condições de campo. A oferta de imunizações é parte do
gerenciamento do risco.

• A vigilância médica assegura que as normas de segurança


decididas realmente produzam os resultados positivos
esperados. A vigilância médica também é parte da
administração do risco. Podemos incluir o banco de soro,
monitoramento da condição de saúde do trabalhador e a
participação em um gerenciamento pós-exposição.

• A avaliação do risco também pode incluir uma avaliação


da experiência e nível de capacitação das pessoas
expostas a riscos como os laboratoristas e as pessoas
que cuidam dos animais, da limpeza e manutenção (veja
Seção III). Uma educação adicional também pode ser
necessária para garantir a segurança das pessoas que
trabalham em cada um dos níveis de biossegurança.

Os agentes infecciosos cujo risco é avaliado freqüentemente


serão classificados em uma destas categorias:

Materiais contendo agentes infecciosos conhecidos.


As características da maioria dos agentes infecciosas são
conhecidas. As informações úteis para a avaliação do risco podem
ser obtidas através de pesquisas laboratoriais, vigilância da doença
e estudos epidemiológicos. Os agentes infecciosos conhecidos por
causarem infecções associadas a laboratório estão incluídas no
Resumo das Características dos Agentes neste volume (veja Seção
VII). Outras fontes incluem o manual do American Public Health
Association, Control of Communicable Diseases 2. Os artigos

91
Avaliação dos Riscos

literários sobre infecções adquiridas em laboratório também pode-


rão ser úteis3, 4, 5, 6, 7, 8.

Materiais contendo agentes infecciosos


desconhecidos. O desafio aqui é estabelecer o nível de
biossegurança mais adequado tendo, em mãos, somente
informações limitadas. Com freqüência essas serão amostras
clínicas. Algumas perguntas que poderão auxiliá-lo em uma
avaliação do risco são as seguintes:

1. Por que um agente infeccioso é considerado suspeito?


2. Quais são os dados epidemiológicos disponíveis? Qual
via de infecção é indicada? Qual é o índice de morbidade
ou de mortalidade associado ao agente?
3. Quais são os dados médicos disponíveis?

As respostas a essas perguntas podem identificar o agente


ou o agente substituto cujas características encontradas no Resumo
das Características dos Agentes e poderão ser utilizadas para
determinarmos um nível de biossegurança. Na ausência de dados
concretos, recomenda-se uma abordagem conservadora.

Materiais contendo moléculas de DNA recombinantes.


Essa categoria de agentes inclui os microorganismos que foram
geneticamente modificados através de tecnologias do DNA
recombinante. Essas tecnologias continuam a serem desenvolvidas
rapidamente. Os projetos experimentais designados para extrair
novos vírus, bactérias, levedo e outros microorganismos
recombinantes se tornaram comuns nos dias de hoje. É muito
provável que futuras aplicações da tecnologia do DNA recombinante
produzirão novos vírus híbridos. A publicação do National Institutes
of Health chamado Guidelines for Research Involving Recombinant
DNA Molecules9 é um excelente ponto de referência para a seleção
de um nível de biossegurança adequado para o trabalho que
envolva microorganismos recombinantes.

Ao selecionar um nível de biossegurança apropriado para


este trabalho, talvez o maior desafio seja avaliar o aumentado do

92
Avaliação dos Riscos

risco biológico associado a uma modificação genética em particu-


lar. Em grande parte dos casos, a seleção de um nível de
biossegurança adequado começa ao estabelecermos a classifica-
ção do vírus não modificados. Entre os vírus recombinantes, agora
rotineiramente desenvolvidos estão o adenovírus, alfavírus,
retrovírus, vírus vacínia, herpesvírus e outros designados para
expressar os produtos de genes heterólogos. Porém, a natureza
da modificação genética e a quantidade de vírus deverão ser cui-
dadosamente considerados ao selecionar um nível de
biossegurança adequado para o trabalho com um vírus
recombinante.
Entre os pontos a serem considerados no trabalho com os
microorganismos recombinantes estão:
• O gene inserido codifica uma toxina conhecida ou uma
toxina relativamente descaracterizada?
• A modificação possui um potencial para alterar o alcance
do hospedeiro ou o tropismo celular do vírus?
• A modificação possui um potencial para aumentar a
capacidade de replicação do vírus?
• O gene inserido codifica um oncogene conhecido?
• O gene inserido possui o potencial para alterar o ciclo
celular?
• O DNA viral se integra ao genoma do hospedeiro?
• Qual é a probabilidade de que cepas de vírus competentes
replicados sejam geradas?

A lista de perguntas não significa que seja uma questão


inclusiva. Pelo contrário, elas servem como um exemplo de
informação necessário para julgarmos se um nível de biossegurança
maior é necessário para o trabalho com microorganismos
geneticamente modificados. Já que em muitos casos as respostas
para essas perguntas não serão definitivas, é importante que a
empresa possua um Comitê Institucional de Biossegurança
constituída e informada, como enfatizado pelos estatutos do NIH,
para verificar a avaliação do risco.
Materiais que possam conter ou não agentes
infecciosos desconhecidos. Na ausência de informações que
possam sugerir a infectividade do agente, deve-se considerar as
precauções universais.
93
Avaliação dos Riscos

Estudos Animais. Estudos laboratoriais que envolvam ani-


mais poderão apresentar muitos tipos diferentes de riscos físicos,
biológicos e ao meio ambiente. Os riscos específicos presentes em
qualquer dependência para animais em particular são únicos,
variando de acordo com as espécies envolvidas e com a natureza
da pesquisa desenvolvida. A avaliação do risco quanto ao perigo
biológico deverá se concentrar particularmente no potencial das
instalações animais para uma aumentada exposição de patógenos
humanos e aos agentes zoonóticos.

Os próprios animais podem introduzir novos perigos


biológicos nas instalações. As infecções latentes são mais comuns
em animais capturados no campo ou em animais vindo de
populações não selecionadas. Por exemplo, o vírus-b do macaco
apresenta um risco latente aos indivíduos que lidam com símios.
As vias de transmissão animais devem também ser consideradas
na avaliação do risco. Os animais que transmitem vírus através de
disseminação respiratória ou disseminação na urina ou fezes são
muito mais perigosos do que aqueles que não o fazem. As pessoas
que lidam com animais experimentais em locais de pesquisas e que
trabalham com agentes infecciosos apresentam um risco muito maior
de exposição devido às mordidas, arranhões e aerossóis
provocados por eles. A Seção IV descreve as práticas e instalações
aplicáveis ao trabalho de animais infectados por agentes listados
nos Níveis de Biossegurança de 1-41.

Outras aplicações. O processo de avaliação dos riscos


descritos também se aplica às operações laboratoriais que não
envolvam o uso de agentes primários de doenças humanas. É
verdade que os estudos microbiológicos de patógenos específicos
de hospedeiros animais, do solo, água, alimentos, rações e outros
materiais naturais ou industrializados impõem riscos
consideravelmente menores para os laboratoristas. Ainda assim,
os microbiologistas e outros cientistas que trabalhem com esses
materiais podem achar de grande valor estas práticas, equipamentos
de contenção e recomendações para as instalações descritas neste
livro, para o desenvolvimento de padrões operacionais que atenda
todas as necessidades de suas próprias avaliações.

94
Avaliação dos Riscos

Referências:

1. Knudsen, R.C. 1998. Risk Assessment for Biological Agents in the


Laboratory. In J. Richmond, Ph. D, R.B.P. (ed.) Rational Basis for
Biocontainment: Proceedings of the Fifth National Symposium on
Biosafety. American Biological Safety Association, Mundelein, IL.
2. Benenson, Abram S., Editor. Control of Communicable Diseases
Manual. 16th Edition, 1995. American Public Health Association,
Washington, D.C. 200005.
3. Collins, C.H. Laboratory-acquired infections, history, incidence,
causes and prevention. Butterwoths, and Co.Ltd. 1983.
4. Richmond, Jonathan Y., McKinney, Robert W. Editors. Biosafety in
Microbiological and Biomedical Laboratories. Public Health Service,
3rd Edition, May, 1993.
5. Sewell, David L. Laboratory Associated Infections and Biosafety.
Clinical Microbiology Reviews, 8:389-405, 1995.
6. Sulkin, S.E., Pike, R.M. 1949. Viral Infections contracted in the labo-
ratory. New England J. Medicine. 241:205-213.
7. Sulkin, S.E., Pike, R.M. 1951. Survey of Laboratory Acquired infec-
tions. Am J Public Health 41:769-781.
8. Sullivan, J.F. Songer, J.R., Estrem, I.E. 1978. Laboratory acquired
infections at the National Animal Disease Center, 1960-1975. Health
Laboratory Sci. 15: 58-64.
9. National Institutes of Health. Guidelines for Research Involving Re-
combinant DNA Molecules. (Washington: GPO, 1998) Federal Reg-
ister. 59FR34496.

Outras Fontes:

• NIH Guidelines for Recombinant DNA Molecules:


http://www.NIH.gov/od/orda/toc.html
• NIH Office of Recombinant DNA Activities:
http://www.NIH.gov/od/orda

95
SEÇÃO VI

Níveis de Biossegurança Recomendados para Agentes


Infecciosos e Animais Infectados

A seleção de um nível de biossegurança adequado para o


trabalho envolvendo um agente ou um estudo animal em particular
depende de um número de fatores (veja a Seção V, Avaliação dos
Riscos). Alguns destes fatores mais importantes são: a virulência,
a patogenicidade, a estabilidade biológica, a rota de disseminação
e a transmissibilidade do agente; a natureza ou função do
laboratório; os procedimentos e manipulações envolvendo o agente;
a endemicidade do agente e a disponibilidade de vacinas ou de
medidas terapêuticas eficazes.

A relação sumária dos agentes apresentada nesta seção


proporciona um guia para a seleção dos níveis de biossegurança
adequados. As informações específicas sobre riscos laboratoriais
relacionados com um agente em particular e as recomendações
sobre uma conduta segura de procedimentos que possam reduzir
significativamente o risco de doenças associadas ao trabalho
laboratorial, também se encontram relacionadas nesta seção. As
relações sumárias dos agentes incluem um ou mais dos seguintes
critérios: o agente é um fator de risco comprovado para os
trabalhadores que manipulam materiais infecciosos (por exemplo,
vírus da hepatite B, M. tuberculosis); o potencial para as infecções
associadas ao trabalho laboratorial é elevado mesmo na falta de
um documento prévio das infecções adquiridas em laboratório (por
exemplo, arbovírus exóticos); ou as conseqüências da infecção
serão graves.

As recomendações para o uso de vacinas e toxóides estão


incluídas nas relações sumárias dos agentes, assim como os
produtos licenciados disponíveis, além dos produtos em investigação
pelo Investigational New Drug (IND) – (veja o Apêndice B,
Imunoprofilaxia). Quando aplicável, as recomendações para o uso
destes produtos serão baseadas nas recomendações do Public
Health Service Advisory Committeee on Immunization Practice, e
são específicas às pessoas que estão expostas a este tipo de risco,

96
Níveis de Biossegurança Recomendados para Agentes Infecciosos e Animais Infectados

que trabalham em laboratório ou as que têm de entrar em áreas


laboratoriais. Essas recomendações específicas de maneira alguma
deverão impedir o uso rotineiro destes produtos como o toxóide
tetânico-diftérico, a vacina contra pólio, a vacina contra influenza e
outras, porque o risco potencial de exposição da comunidade,
independe de quaisquer riscos laboratoriais. Precauções
adequadas deverão ser tomadas na administração de vacinas
atenuadas de vírus vivo em indivíduos com sistema auto-imune
alterado ou com outra condição médica (por exemplo, gravidez),
na qual uma infecção viral pode resultar em conseqüências
adversas.

As avaliações dos riscos e os níveis de biossegurança


recomendados nas relações sumárias dos agentes referem-se a
uma população de indivíduos imune competentes. As pessoas com
a imunocompetência alterada poderão ser expostos gradativamente
aos riscos. A imunodeficiência pode ser hereditária, congênita ou
induzida por um número de doenças neoplásicas ou infecciosas,
por terapia ou por radiação. O risco de se tornar infectado ou a
conseqüência de uma infecção pode também ser influenciado por
fatores tais como: idade, sexo, raça, gravidez, cirurgias (por
exemplo, esplenectomia, gastrostomia), predisposição a doenças
(por exemplo, diabetes, lúpus eritematoso) ou uma função fisiológica
alterada. Estas e outras variáveis deverão ser consideradas na
aplicação das avaliações dos riscos às atividades específicas dos
indivíduos selecionados.

O nível de biossegurança escolhido para um agente é


baseado nas atividades associadas ao crescimento e manipulação
das quantidades e concentrações dos agentes infecciosos
requeridos para realizar a identificação ou a tipagem. Se as
atividades com os materiais infecciosos provocarem um menor risco
aos trabalhadores do que aquelas atividades associadas com a
manipulação de culturas, recomenda-se um nível de biossegurança
menor. Por outro lado, se as atividades envolverem grandes volumes
e/ou altas concentrações (“quantidades de produção”) ou se as
manipulações geralmente provocarem a formação de aerossóis ou
que sejam intrinsicamente perigosos, podem ser indicados
precauções individuais específicas e de elevar os níveis de
contenção primária a secundária.

97
Níveis de Biossegurança Recomendados para Agentes Infecciosos e Animais Infectados

O termo “quantidades de produção” se refere a grandes vo-


lumes ou altas concentrações de agentes infecciosos considera-
dos volumosos em relação àquelas usadas para a identificação e a
tipagem. A propagação e a concentração dos agentes infecciosos,
como ocorre na fermentação em grande escala, na produção de
antígeno e de vacinas e em inúmeras atividades comerciais e de
pesquisa, lidam claramente com massas significativas de agentes
infecciosos que são considerados “quantidades de produção”. Po-
rém, em termos de um risco potencialmente aumentado em função
da massa de agentes infecciosos, é impossível definir como “quan-
tidades de produção” os volumes ou concentrações finitas de qual-
quer agente. Portanto, cabe ao diretor do laboratório realizar uma
avaliação das atividades conduzidas e das práticas selecionadas,
dos equipamentos de contenção e das instalações apropriadas ao
risco, independente do volume ou da concentração do agente en-
volvido.

Haverá casos em que o diretor do laboratório terá que


selecionar um nível de biossegurança maior que o recomendado.
Por exemplo, um nível de biossegurança maior poderá ser indicado
pela natureza única da atividade proposta (por exemplo, a
necessidade de uma contenção especial para aerossóis gerados
experimentalmente para estudos de inalação) ou pela proximidade
das áreas de risco do laboratório (por exemplo, um laboratório de
diagnósticos localizado próximo às áreas de atendimento de
pessoas). Da mesma forma, um nível de biossegurança
recomendado pode ser adaptado para compensar a ausência de
certas proteções recomendadas. Por exemplo, nas situações em
que é recomendado Nível de Biossegurança 3, pode-se conseguir
um nível satisfatório de proteção nas operações rotineiras ou
repetitivas (por exemplo, procedimentos para diagnóstico
envolvendo a reprodução de um agente para identificação, tipagem
e teste de susceptibilidade) nos laboratórios onde as características
construtivas satisfaçam as recomendações para o Nível de
Biossegurança 2, providos das boas práticas microbiológicas, de
práticas especiais e de equipamentos de segurança para que o
Nível de Biossegurança 3 seja rigorosamente seguido.

Um exemplo envolve o trabalho com o vírus da


imunodeficiência humana (HIV). O trabalho de rotina para o
98
Níveis de Biossegurança Recomendados para Agentes Infecciosos e Animais Infectados

diagnóstico do vírus com amostras clínicas pode ser feito com se-
gurança em um nível de Biossegurança 2, usando as práticas e
os procedimentos do Nível de Biossegurança 2. O trabalho de
pesquisa (incluindo co-cultivo, estudos de replicação do vírus, ou
manipulações envolvendo o vírus concentrado) pode ser feito em
instalações NB-2, usando as práticas e os procedimentos de NB-3.
As atividades de produção de vírus, incluindo as concentrações
virais, requerem instalações NB-3 e o uso de práticas e
procedimentos de NB-3 (veja o resumo dos agentes).

A decisão de adaptar as recomendações do Nível de


Biossegurança 3, como foi feito no exemplo acima, deverá ser
tomada somente pelo diretor do laboratório. Essa adaptação, porém,
não é indicada para as operações ou atividades de produção de
agentes onde os procedimentos freqüentemente são mudados. O
diretor do laboratório também deverá ter uma atenção especial ao
estabelecer procedimentos de segurança para os materiais que
possam conter um agente suspeito. Por exemplo, soro de origem
humana pode conter vírus da hepatite B e desta forma, todo o
sangue ou fluidos derivados do sangue deverão ser manuseados
sob condições que evitem ao máximo a exposição cutânea, da
membrana mucosa ou parenteral do pessoal. O escarro enviado
ao laboratório para o ensaio do bacilo da tuberculose deverá ser
manipulado sob condições que evitem a formação de aerossóis
durante a manipulação dos materiais clínicos ou das culturas.

Os agentes infecciosos que atendam os critérios


anteriormente estabelecidos estão relacionados pela categoria do
agente na Seção VII. Para usar esses sumários, primeiro localize o
agente na lista através da categoria adequada ao mesmo. Segundo
utilize as práticas, os equipamentos de segurança e o tipo de
instalação recomendada nas relações dos agentes como descrito
na Seção VII para o trabalho com materiais clínicos, culturas,
agentes infecciosos, ou animais infectados.

O diretor do laboratório também será o responsável pela


avaliação dos riscos e pela utilização adequada das práticas, dos
equipamentos de contenção e das instalações para os agentes
não incluídos na lista dos agentes.

99
SEÇÃO VII

Relação dos Agentes

• Seção VII-A: Agentes Bacterianos


Agente: Bacillus anthracis

Numerosos casos de carbúnculo adquiridos no laboratório


que acontecem primariamente em locais onde são conduzidas
pesquisas do antraz, têm sido relatados1, 2. Nenhum caso de antraz
que não esteja associado a laboratório foi relatado nos Estados
Unidos desde o final dos anos 50 quando a vacina contra o
carbúnculo foi introduzida. Nenhum trabalho com o B. anthracis
requer considerações de segurança especiais devido ao seu uso
potencial no terrorismo biológico. Os animais naturalmente e
experimentalmente infectados oferecem um risco potencial à equipe
do laboratório e aos tratadores de animais.

Riscos no Laboratório: O agente pode estar presente no


sangue, em exudatos de lesão de pele, no líquido cerebroespinhal,
no líquido pleural, no escarro e raramente na urina e fezes. O
contato direto e indireto da pele intacta e rachada com culturas e
superfícies laboratoriais contaminadas, inoculações parenterais por
acidente e raramente através de aerossóis infecciosos são
considerados como riscos primários para os trabalhadores de um
laboratório.

Precauções Recomendadas: As práticas, o equipamento de


contenção e as dependências do Nível de Biossegurança 2 deverão
ser os procedimentos indicados para as atividades que utilizem
materiais clínicos e quantidades de culturas infecciosas para
diagnóstico. As práticas, os equipamentos de contenção e as
dependências do Nível de Biossegurança Animal 2 são as
recomendadas para estudos que utilizem roedores de laboratório
infectados experimentalmente. Já as práticas, o equipamento de
contenção e as dependências do Nível de Biossegurança 3 são
indicados para o trabalho que envolva quantidades ou

100
Relação dos Agentes — Agentes Bacterianos

concentrações de produção de culturas, e para as atividades com


um alto potencial para a produção de aerossóis.

Observação: Uma vacina licenciada está disponível através


dos Centers for Disease Control and Prevention; porém, a
imunização de toda a equipe não é recomendada a não ser que o
freqüente trabalho com amostras clínicas ou culturas para
diagnóstico esteja previsto (por exemplo, laboratório de diagnóstico
de doença animal). Nestas dependências, a imunização é
recomendada para todas as pessoas que trabalhem com o agente,
todas as pessoas que trabalhem na mesma sala do laboratório onde
as culturas são manuseadas e para as pessoas que trabalhem com
animais infectados.

Transferência do Agente: A licença para a importação deste


agente pode ser obtida junto com o CDC. Já para exportação ligue
para o Department of Commerce. É necessário um registro do
laboratório com o CDC antes de enviar ou receber esse agente.
Uma licença para importação ou transporte doméstica pode ser
obtida através da USDA/APHIS/VS.

Agente: Bordetella pertussis

O Bordetella pertussis, um patógeno presente no sistema


respiratório humano e de distribuição mundial, é o agente causador
da coqueluche. A doença é tipicamente uma doença que ocorre na
infância; entretanto, o agente tem sido cada dia mais associado
com a doença em adultos3, 4, 5. Vários surtos em trabalhadores da
área da saúde foram relatados na literatura6, 7. Adolescentes e
adultos com doença atípica ou sem diagnóstico podem servir como
reservatórios da infecção e podem transmitir o patógeno para recém-
nascidos e crianças8. Oito casos de infecção em adultos pelo B.
pertussis foram documentados em um instituto de grandes
pesquisas. Os indivíduos infectados não trabalhavam diretamente
com o microorganismo, mas possuíam um acesso aos espaços em
comum de um laboratório onde o agente era manipulado. Um caso
de transmissão secundária para uma pessoa da família foi também
documentado9. Um incidente semelhante ocorreu em uma grande

101
Relação dos Agentes — Agentes Bacterianos

universidade do Meio-Oeste dos Estados Unidos que resultou em


dois casos documentados de infecção adquirida em laboratório e
um caso documentado de transmissão secundária10 . Outras
infecções com o B. pertussis adquiridas em laboratório foram
relatadas, assim como a transmissão de adulto para adulto no local
de trabalho11, 12. As infecções adquiridas em laboratórios resultantes
de manipulação de amostras clínicas ou substâncias isoladas não
foram relatadas. A incidência desta infecção disseminada no ar é
influenciada pela intimidade e freqüência da exposição de indivíduos
susceptíveis.

Riscos em Laboratório: O agente pode estar presente em


secreções respiratórias, mas não é encontrado no sangue ou tecido.
Uma vez que o modo de transmissão é via respiratória, quanto maior
a geração de aerossóis durante a manipulação de culturas ou de
suspensões concentradas do agente, maior será o risco.

Precauções Recomendadas: As práticas, o equipamento de


contenção e as dependências do Nível de Biossegurança 2 são
recomendados para todas as atividades que envolvam a
manipulação de materiais ou culturas conhecidamente ou
potencialmente infecciosas. Já o Nível de Biossegurança Animal 2
deverá ser usado para o alojamento de animais. Os dispositivos e
equipamentos de contenção primária (por exemplo, cabines de
segurança biológica, conchas de segurança para centrífugas ou
centrífugas de segurança especialmente projetadas) deverão ser
utilizados para as atividades que provavelmente irão causar a
formação de aerossóis potencialmente infecciosos. As práticas, os
procedimentos e as dependências do Nível de Biossegurança 3
são indicados para produções em grande escala.

Observação: As vacinas contra a coqueluche estão


disponíveis, mas não são atualmente recomendadas para uso em
adultos. Sugerimos ao leitor consultar as recomendações atuais
do Advisory Committee on Immunization Practices (ACIP) publicada
no CDC Morbidity and Mortality Weekly Report (MMWR) para a
vacinação de adultos contra a coqueluche.

Transferência do Agente: A licença de importação deste


agente deverá ser obtida junto ao CDC.

102
Relação dos Agentes — Agentes Bacterianos

Agente: Brucella (B. abortus, B. canis, B. melitensis, B. suis).

A Brucelose continua sendo a infecção bacteriana associada


a laboratório mais comumente relatada13, 14,15. O B. abortus, o B.
canis, o B. melitensis e o B. suis têm provocado várias doenças em
trabalhadores de laboratórios 16, 17,18. A hipersensibilidade aos
antígenos da Brucella é também prejudicial à equipe do laboratório.
Casos ocasionais têm sido atribuídos à exposição a animais
infectados experimentalmente ou naturalmente e aos seus tecidos.

Riscos em Laboratório: O agente pode estar presente no


sangue, no líquido cerebroespinhal, no sêmen e ocasionalmente
na urina. A maioria dos casos associados a laboratório ocorreu em
dependências para pesquisas e envolveu a exposição ao agente
Brucella largamente produzido. Vários casos em laboratórios clínicos
também foram constatados em culturas bacteriológicas
desprezadas19. O contato direto da pele com culturas ou com
amostras clínicas infecciosas de animais (por exemplo, sangue,
secreções uterinas) está comumente envolvido nestes casos. Os
aerossóis formados durante os procedimentos laboratoriais têm
provocado grandes surtos20, 21. Pipetagem com a boca, inoculações
parenterais acidentais e sprays lançados nos olhos, nariz e boca
também têm provocado infecções.

Precauções Recomendadas: Recomenda-se as práticas do


Nível de Biossegurança 2 para atividades que envolvam amostras
clínicas de origem humana ou animal contendo ou potencialmente
contendo Brucella spp. patogênico. Já as práticas, o equipamento
de contenção e as instalações do Nível de Biossegurança 3 e do
Nível de Biossegurança Animal 3 são recomendados,
respectivamente, para todas as manipulações de culturas do
Brucella spp. patogênico relacionadas neste resumo e para estudos
de animais experimentais.

Observação: Embora as vacinas humanas contra a


brucelose tenham sido desenvolvidas e testadas em outros países
com limitado sucesso, até o momento da publicação deste volume,
nenhuma vacina humana encontrava-se à disposição nos Estados
Unidos22.

103
Relação dos Agentes — Agentes Bacterianos

Transferência do Agente: A licença para a importação deste


agente deve ser conseguida junto ao CDC e a licença de exportação
deverá ser obtida no Department of Commerce. No caso de envio
ou recebimento deste agente é necessário obter um registro do
laboratório com o CDC. A licença para importação ou transporte
doméstico deste agente poderá ser obtida no USDA/APHIS/VS.

Agente: Burkholderia pseudomallei (Pseudomonas


pseudomallei)

Dois casos de melioidose associados a laboratório foram


relatados: um associado à exposição massiva da pele aos aerossóis;
e o segundo provocado pela formação de aerossóis durante uma
destruição de uma cultura, que se supunha ser de Ps. Cepacia, em
frasco aberto através das ondas sonoras de alta freqüência24.

Riscos em Laboratório: Este agente pode estar presente no


escarro, sangue, exsudatos de um ferimento e em vários tecidos,
dependendo do local da infecção. O contato direto com culturas e
materiais infecciosos de homens, animais ou do meio ambiente, a
ingestão, auto-inoculação e exposição aos aerossóis e perdigotos
infecciosos são considerados como riscos primários de um
laboratório. O agente tem sido encontrado em sangue, escarro e
materiais de abscesso e pode estar presente em amostras de solo
e de água de áreas endêmicas.

Precauções Recomendadas: As práticas, equipamento de


contenção e as instalações do Nível de Biossegurança 2 são
recomendadas para todas as atividades que envolvam líquidos
corporais, tecidos e culturas reconhecidamente ou potencialmente
infecciosas. Deve-se usar luvas ao manusear animais infectados
durante a necropsia e quando existir a possibilidade de contato
direto da pele com os materiais infecciosos destes animais. A
contenção primária e precauções pessoais adicionais, como àquelas
descritas para o Nível de Biossegurança 3, podem ser indicadas
para atividades com um alto potencial para produção de aerossóis
ou perdigotos, e para as atividades envolvendo quantidades ou
concentrações de produção de materiais infecciosos. As vacinas
não se encontram atualmente a disposição para o uso em homens.
104
Relação dos Agentes — Agentes Bacterianos

Transferência do Agente: Entre em contato com o Department


of Commerce para uma licença de exportação do agente.

Agente: Campylobacter (C. jejuni/C. coli, C. fetus subsp. fetus).

O C. jejuni / C. coli gastroenteritis raramente é a causa de


doenças associadas a laboratório, embora alguns casos adquiridos
em laboratórios tenham sido documentados25, 26,27. Numerosos
animais domésticos e selvagens, incluindo aves, animais de
estimação, animais de fazenda, animais de laboratório e pássaros
selvagens são reconhecidos como reservatórios e são uma fonte
potencial de infecção para as pessoas que cuidam destes animais
e que trabalham no laboratório. Animais experimentalmente
infectados também são uma fonte potencial de infecção28.

Riscos em Laboratório: As campylobacters patogênicas


podem ser encontradas em amostras fecais em grande número. A
C. fetus subsp. fetus pode também estar presente no sangue,
exudatos de abscessos, tecidos e escarro. A ingestão ou inoculação
parenteral da C. jejuni constitui os riscos primários de um laboratório.
A ingestão oral de 500 microorganismos provocou uma infecção
em um indivíduo29. A importância da exposição aos aerossóis não é
conhecida.

Precauções Recomendadas: As práticas, equipamento de


contenção e as instalações do Nível de Biossegurança 2 são
recomendadas para atividades que envolvam culturas ou materiais
clínicos potencialmente infecciosos. As práticas, equipamento de
contenção e as instalações do Nível de Biossegurança Animal 2
são recomendadas para atividades com animais experimentalmente
ou naturalmente infectados. As vacinas, atualmente, não se
encontram a disposição para o uso em humanos.

Transferência do Agente: Para obtenção de uma licença para


importação, entre em contato com o CDC.

Agente: Chlamidia psittaci, C. pneumoniae, C. trachomatis.

As infecções como a psitacose, tracoma e o linfogranuloma


venéreo já foram, no passado, as infecções bacterianas mais
105
Relação dos Agentes — Agentes Bacterianos

comuns associadas a laboratório30. Em casos relatados antes de


195531, a maioria das infecções diagnosticadas era de psitacose e
esta era a doença que apresentava o mais alto índice de mortalidade
de agentes infecciosos adquiridos em laboratório. O contato e a
exposição aos aerossóis infecciosos ao manusear, cuidar ou realizar
necropsias em animais naturalmente ou experimentalmente
infectados são as maiores fontes de transmissão da psitacose
associada a laboratório. Ratos e ovos infectados são fontes menos
importantes do C. psittaci. Os animais de laboratório não são fontes
relatadas de infecção humana com o C. trachomatis.

Riscos em Laboratório: A bactéria C. psittaci pode estar


presente nos tecidos, fezes, secreções nasais e sangue de pássaros
infectados, e no sangue, escarro e tecidos de homens infectados.
A C. trachomatis pode estar presente nos líquidos genitais, bulbares
e conjuntivais de homens infectados. A exposição aos aerossóis e
perdigotos infecciosos produzidos durante o manuseio de pássaros
e tecidos infectados é o risco primário para os trabalhadores de um
laboratório que trabalham com a bactéria psitacose. Já os riscos
primários em um laboratório em relação ao C. trachomatis se
encontram na inoculação parenteral acidental e na exposição direta
ou indireta das membranas mucosas dos olhos, nariz e boca aos
líquidos genitais, bulbares e conjuntivais, aos materiais de culturas
de células e aos líquidos de ovos infectados. Os aerossóis
infecciosos também podem ser uma fonte potencial de infecção.

Precauções Recomendadas: As práticas, o equipamento de


contenção e as instalações do Nível de Biossegurança 2 são os
recomendados para atividades envolvendo a necropsia de pássaros
infectados e no diagnóstico de tecidos ou de culturas conhecidas
por conterem ou por estarem potencialmente infectadas com a C.
psittaci ou a C. trachomatis. Para reduzirmos o risco de formação
de aerossóis de fezes e secreções nasais infectadas contidas nas
asas e nas superfícies externas do pássaro, o melhor procedimento
é molhar as asas dos pássaros infectados com um detergente-
desinfetante antes de realizar a necropsia. As práticas, o
equipamento de contenção, as instalações e a proteção respiratória
do Nível de Biossegurança Animal 2 são os procedimentos indicados

106
Relação dos Agentes — Agentes Bacterianos

para as pessoas que realizam trabalhos com pássaros engaiolados


naturalmente ou experimentalmente infectados. Recomenda-se o
uso de luvas para a necropsia dos pássaros e ratos, para a abertura
de ovos inoculados e quando houver a possibilidade de contato
direto da pele com tecidos infectados, líquido bulbar e outros
materiais clínicos. As instalações e práticas do Nível de
Biossegurança 3 são indicadas para as atividades com alto potencial
de produção de perdigotos ou aerossóis e para as atividades
envolvendo grandes quantidades ou concentrações de materiais
infecciosos.

Observação: Atualmente, as vacinas para esses agentes não


se encontram disponíveis para o uso humano.

Transferência dos Agentes: Para obter uma licença para


exportação dos agentes, entre em contato com o Department of
Commerce.

Agente: Clostridium botulinum

Embora só exista um relatório32 sobre o botulismo associado


ao manuseio do agente ou da toxina no laboratório ou no trabalho
com animais naturalmente ou experimentalmente infectados, as
conseqüências de tais intoxicações ainda são consideradas bem
graves. O trabalho com culturas de C. botulinum requer
considerações especiais de segurança devido ao uso potencial
destas culturas no terrorismo biológico.

Riscos em Laboratório: O C. botulinum ou a sua toxina pode


estar presente em uma variedade de produtos alimentícios, em
materiais clínicos (soro, fezes) e amostras do meio ambiente (solo,
água de superfície). A exposição à toxina do C. botulinum é
considerada o risco laboratorial primário. Esta toxina pode ser
absorvida após a ingestão ou contato posterior com a pele, ou com
as membranas mucosas, incluindo o trato respiratório. A inoculação
parenteral acidental também representa uma significativa exposição
à toxina. O crescimento das culturas em caldos quando sob ótima
produção de toxina pode conter uma DL50 de 2x 106 ratos por mL34.

107
Relação dos Agentes — Agentes Bacterianos

Precauções Recomendadas: As práticas, equipamento de


contenção e instalações do Nível de Biossegurança 2 são as
indicadas para todas as atividades com materiais conhecidos por
conter ou potencialmente conter a toxina. Um toxóide pentavalente
do botulismo (ABCDE) encontra-se disponível através dos Centers
for Disease Control and Prevention, como uma nova droga de
pesquisa (IND). Este toxóide é indicado para as pessoas que
trabalham com culturas de C. botulinum ou com suas toxinas.
Soluções de hipoclorito de sódio (0.1%) ou de hidróxido de sódio
(0.1 N) inativam a toxina prontamente, e são recomendadas para a
descontaminação das superfícies de trabalho e perdigotos de
culturas ou de toxinas. Cuidados pessoais e contenção primária
adicional, como as recomendadas para o Nível de Biossegurança
3, são indicadas para as atividades com um alto potencial para a
produção de aerossóis ou perdigotos e para as atividades
envolvendo quantidades grandes de toxinas. As práticas,
equipamento de contenção e instalações do Nível de Biossegurança
Animal 2 são indicadas para estudos de diagnósticos e titulação da
toxina.

Transferência do Agente: Para obter uma licença de


importação para este agente, entre em contato com o CDC.

Agente: Clostridium tetani

Embora o risco de infecção da equipe do laboratório seja


insignificante, cinco incidentes relacionados à exposição do pessoal
durante a manipulação da toxina foram relatados35.

Riscos em Laboratório: A inoculação parenteral acidental e


a ingestão da toxina são consideradas como risco primário para a
equipe laboratorial. Como não se tem certeza se a toxina pode ser
absorvida através das membranas mucosas, os riscos associados
aos aerossóis e perdigotos ainda permanecem desconhecidos.

Precauções Recomendadas: As práticas, equipamento de


contenção e as instalações do Nível de Biossegurança 2 são
indicadas para atividades envolvendo a manipulação de culturas

108
Relação dos Agentes — Agentes Bacterianos

ou toxinas. Embora o risco de tétano associado a laboratório seja


baixo, a administração de um toxóide tétano-difteria adulto em
intervalos de 10 anos, reduz o risco de exposição à toxina e de
contaminação por ferimento do pessoal do laboratório e dos
tratadores de animais, e é, portanto, altamente recomendada36. O
leitor deverá consultar as atuais recomendações do Advisory
Committee on Immunization Practices (ACIP) publicadas no CDC
Morbidity and Mortality Weekly Report (MMWR) para a vacinação
de adultos contra o C. tetani.

Transporte do Agente: Para obter uma licença de importação


para esse agente, entre em contato com o CDC e com o Department
of Commerce para uma licença de exportação. O registro do
laboratório com o CDC será necessário antes do envio ou
recebimento deste agente.

Agente: Corynebacterium diphtheriae

As infecções com o C. diphteriae associadas a laboratório


têm sido relatadas, mas as associadas a animais de laboratório
ainda não foram relatadas37.

Riscos em Laboratório: O agente pode estar presente em


exudatos ou secreções de nariz, garganta (amídala), faringe, laringe,
ferimentos, sangue e sobre a pele. A inalação, a inoculação
parenteral acidental e a ingestão são os riscos primários em um
laboratório.

Precauções Recomendadas: As práticas, equipamento de


contenção e as instalações do Nível de Biossegurança 2 são as
indicadas para todas as atividades utilizando materiais clínicos ou
culturas potencialmente ou conhecidamente infectadas. Já as
práticas do Nível de Biossegurança Animal 2 são indicadas para
estudos que utilizem animais de laboratórios infectados. Embora o
risco da difteria associado a laboratório seja baixo, a administração
de um toxóide tétano-difteria adulto em intervalos de 10 anos pode
posteriormente reduzir o risco de exposições à toxina e a trabalhos
com materiais infecciosos pela equipe do laboratório e aos tratadores

109
Relação dos Agentes — Agentes Bacterianos

de animais38. O leitor deverá consultar as atuais recomendações


do Advisory Committee on Immunization Practices (ACIP) publicadas
no CDC Morbidity and Mortality Weekly Report (MMWR) para a
vacinação contra o C. diphteriae.

Transferência do Agente: Para obtenção de uma licença para


este agente, entre em contato com o CDC.

Agente: Escherichia coli (organismos produtores (VTEC/SLT)


de citotoxina)

As cepas produtoras de citotoxina (VTEC/SLT) da Escherichia


coli (também chamada de cepas enterohemorrágicas) são riscos
comprovados para as pessoas que trabalham em laboratórios nos
Estados Unidos e em outros locais39, 40,41. A síndrome urêmica
hemolítica ocorre em uma pequena proporção de pacientes
(geralmente crianças) e é a responsável pela maioria das mortes
associadas às infecções com esses organismos. Os animais
domésticos de fazendas (em particular os bovinos) são reservatórios
significativos do organismo. Porém, os pequenos animais
experimentalmente infectados também são fontes de infecções no
laboratório.

Riscos em Laboratório: A E. coli enterohemorrágica é


geralmente isolada nas fezes. Uma grande variedade de alimentos
contaminados com esses agentes pode servir como veículo de
transmissão e incluem a carne moída crua e produtos de laticínio
não pasteurizados. Ela raramente é encontrada no sangue de
homens e animais infectados. A ingestão é o risco laboratorial
primário. A importância da exposição aos aerossóis ainda não é
conhecida.

Precauções Recomendadas: As práticas, equipamento de


contenção e as instalações do nível de Biossegurança 2 são as
indicadas para todas as atividades utilizando materiais clínicos ou
culturas conhecidamente ou potencialmente infecciosos. Já as
práticas do Nível de Biossegurança Animal 2 são indicadas para as
atividades com animais naturalmente ou experimentalmente

110
Relação dos Agentes — Agentes Bacterianos

infectados. Atualmente, as vacinas para uso em homens não se


encontram a disposição. O leitor deve consultar as recomendações
atualizadas do ACIP relacionadas no CDC Morbidity and Mortality
Weekly Report (MMWR) sobre a existência de indicações para a
vacinação contra cepas enterohemorrágicas de E. coli.

Transferência do Agente: A licença para importação deste


agente deverá ser obtida no CDC.

Agente: Francisella tularensis

A tularemia tem sido uma infecção bacteriana associada a


laboratório comumente relatada42. Quase todos os casos ocorreram
nas dependências onde a pesquisa da tularemia estava sendo
realizada. Casos ocasionais têm sido relacionados ao trabalho com
animais naturalmente ou experimentalmente infectados ou seus
ectoparasitas. Embora não tenha sido relatado, existem casos que
ocorreram em laboratórios. O trabalho com culturas de F. tularensis
requer uma segurança especial devido ao seu potencial uso no
terrorismo biológico.

Riscos em Laboratório: O agente pode estar presente em


exudatos de lesões, secreções respiratórias, líquido
cerebroespinhal, sangue, urina, tecidos de animais infectados e
líquidos de artrópodes infectados. O contato direto da pele ou de
membranas mucosas com materiais infecciosos, inoculação
parenteral acidental, ingestão e exposição aos aerossóis e
perdigotos infecciosos resultaram em infecção. A infecção tem sido
mais comumente associada às culturas do que aos materiais clínicos
e animais infectados. A dose 25% a 50% infecciosa para homens é
de aproximadamente 10 microorganismos pela via respiratória43.

Precauções Recomendadas: As práticas, equipamento de


contenção e as dependências do Nível de Biossegurança 2 são
indicadas para as atividades com materiais clínicos de origem
humana ou animal contendo ou potencialmente contendo Francisella
tularensis. Já as práticas, equipamento de contenção e as
instalações do Nível de Biossegurança 3 e do Nível de

111
Relação dos Agentes — Agentes Bacterianos

Biossegurança Animal 3 são indicadas, respectivamente, para to-


das as manipulações de culturas e para estudos de animais expe-
rimentais.

Observação: A vacinação contra a F. tularensis encontra-


se a disposição para a população e deve ser levada em
consideração para as pessoas que trabalham com materiais
infecciosos ou roedores infectados. A vacina também é
recomendada para as pessoas que trabalham com o agente ou
animais infectados e para aquelas que trabalham dentro ou que
entram no laboratório ou na sala para animais onde as culturas ou
animais infectados estão sendo mantidos44. O leitor deverá consultar
as recomendações atualizadas do Advisory Committee on
Immunization Practices (ACIP) publicadas no CDC Morbidity and
Mortality Weekly Report (MMWR) sobre as recomendações para
vacinas contra a F. tularensis.

Transferência do Agente: Para obtenção de licença para


importação do agente, entre em contato com o CDC. Se a licença
for para exportação deste agente, entre em contato com o
Department of Commerce. O registro do laboratório com o CDC é
necessário antes do envio ou recebimento deste agente.

Agente: Heliobacter pylori

Desde a sua descoberta em 1982, a Heliobacter Pylori tem


recebido uma grande atenção como um agente causador da
gastrite45. O habitat principal do H. pylori é a membrana mucosa
gástrica humana. A infecção com este agente pode ser longa quanto
à duração, com poucos ou nenhum sintoma, ou pode-se apresentar
como uma doença gástrica aguda. Tanto as infecções humanas
associadas a laboratórios experimentais ou as acidentais foram
relatadas46, 47. O agente pode estar presente nas secreções gástricas
ou orais e nas fezes. A transmissão, embora não seja completamente
clara, acredita-se ser através da via oral-fecal ou oral-oral.

Riscos em Laboratório: Este agente pode ser encontrado nas


secreções gástricas e orais ou nas fezes. A ingestão é o principal

112
Relação dos Agentes — Agentes Bacterianos

risco dentro de um laboratório. A importância da exposição aos


aerossóis é desconhecida.

Precauções Recomendadas: As práticas, equipamento de


contenção e as instalações do Nível de Biossegurança 2 são
indicadas para as atividades com materiais clínicos e culturas
conhecidamente ou potencialmente infectados por este agente. Já
as práticas, equipamento de contenção e as instalações do Nível
de Biossegurança Animal 2 são indicadas para atividades com
animais naturalmente ou experimentalmente infectados. Atualmente,
as vacinas não se encontram a disposição para o uso em homens.

Transferência do Agente: A licença para importação do agente


poderá ser obtida através do CDC.

Agente: Leptospira interrogans – todos os sorotipos

A leptospirose é um risco laboratorial muito bem documentado.


Pike relatou 67 infecções associadas a laboratório e 10 mortes48, e
ainda três casos foram relatados em outros locais49.

Um coelho infectado experimentalmente foi identificado como


uma fonte de contaminação do L. interrogans sorotipo
icterohemorrhagiae50. O contato direto e indireto com líquidos e
tecidos de mamíferos naturalmente ou experimentalmente infectados
durante o manuseio, o cuidado, ou a necropsia é uma fonte
potencial de infecção. Em animais com infecções renais crônicas, o
agente é encontrado na urina em numerosas quantidades por longos
períodos.

Riscos em Laboratório: O agente pode ser encontrado na


urina, sangue e tecidos de animais e homens infectados. A ingestão,
a inoculação parenteral acidental e o contato direto ou indireto da
pele ou da membrana mucosa com culturas, tecidos ou líquidos
corporais infectados – especialmente a urina – são considerados
riscos laboratoriais primários. Ainda não se conhece a importância
da exposição aos aerossóis.

Precauções Recomendadas: As práticas, equipamento de


contenção e as instalações do Nível de Biossegurança 2 são

113
Relação dos Agentes — Agentes Bacterianos

indicadas para todas as atividades que envolvam o uso ou a mani-


pulação de tecidos, líquidos corporais e culturas conhecidamente
ou potencialmente infecciosas e para o alojamento de animais
infectados. Recomenda-se o uso de luvas para o manuseio e a
necropsia de animais infectados e quando houver uma possibilida-
de de contato direto da pele com os materiais infectados.
Atualmente, as vacinas contra este agente não se encontram a
disposição para uso em homens.

Transferência de Agentes: Uma licença para importação


destes agentes poderá ser obtida junto ao CDC. Uma licença para
importação ou transporte doméstico deste agente poderá ser obtida
no USDA/APHIS/VS.

Agente: Listeria monocytogenes

A Listeria monocytogenes oferece um risco potencial para a


equipe de laboratório. Os bacilos aeróbicos, gram-positivos e não
formadores de esporos são hemolíticos e catalase positivos51. As
bactérias têm sido isoladas no solo, poeira, alimento humano,
animais e humanos assintomáticos52, 53. A maioria dos casos de
listerose aconteceram devido à ingestão de alimentos
contaminados, mais notavelmente de queijos suaves, carne crua e
vegetais crus não lavados54. Embora adultos e crianças saudáveis
possam contrair a infecção por Listeria , elas geralmente não
adquirem uma doença séria. Já as mulheres grávidas, os recém-
nascidos e as pessoas com um sistema imune deficiente fazem parte
do grupo de risco e adquirem a forma grave da doença.

Riscos em Laboratório: A Listeria monocytogenes pode ser


encontrada nas fezes, líquido cerebroespinhal e no sangue, assim
como em alimentos e materiais provenientes do meio ambiente55, 56.
Os animais naturalmente ou experimentalmente infectados são uma
fonte de exposição aos trabalhadores de laboratório e as pessoas
que zelam dos animais, e para outros animais. A ingestão é o modo
de exposição mais provável, mas a Listeria também pode causar
infecções nos olhos e na pele após uma exposição direta. As
infecções causadas por este agente em mulheres grávidas ocorrem

114
Relação dos Agentes — Agentes Bacterianos

com mais freqüência no terceiro semestre e podem precipitar o


parto. A transmissão transplacentária deste agente oferece um grave
risco ao feto e pode até resultar em um abscesso disseminado,
contribuindo para o índice de mortalidade de aproximadamente
100%57.

Precauções Recomendadas: As práticas, equipamento de


contenção e as instalações do Nível de Biossegurança 2 são
indicadas para todas as atividades com amostras clínicas e culturas
reconhecidas ou suspeitas de conterem o agente. Recomenda-se
o uso de luvas e proteção para os olhos ao manusear culturas
infectadas. As práticas, equipamento de contenção e as instalações
do Nível de Biossegurança Animal 2 são indicadas para atividades
com animais naturalmente ou experimentalmente infectados.
Atualmente, as vacinas não se encontram a disposição para uso
humano58. Mulheres grávidas que trabalham com este agente em
um laboratório de diagnóstico ou de pesquisa deverão ser
informadas sobre os riscos potenciais associados ao agente,
incluindo os riscos potenciais para o feto.

Transferência do Agente: Uma licença para importação ou


transporte doméstico deste agente poderá ser obtida através do
USDA/APHIS/VS.

Agente: Legionella pneumophila, outros agentes semelhantes


a Legionella.

Devido a uma presumida exposição aos aerossóis ou


perdigotos durante estudos animais com o agente da Febre de
Pontiac (L. pneumophilia), um único documento apresentando um
caso de legionelose associado a laboratório foi relatado 59. A
transmissão de homem para homem ainda não foi documentada.

As infecções experimentais são prontamente produzidas em


cobaias e ovos de galinha embrionários60. Coelhos de laboratórios
também desenvolvem anticorpos, mas não a doença clínica,
enquanto que os camundongos são resistentes a exposição
parenteral. Estudos não publicados dos Centers for Disease Control

115
Relação dos Agentes — Agentes Bacterianos

and Prevention mostram que a transmissão de animais para ani-


mais não acontece em uma variedade de espécies mamíferas e
avícolas experimentalmente infectadas.

Riscos em Laboratório: Este agente pode ser encontrado no


líquido pleural, tecido, escarro e fontes do meio ambiente (por
exemplo, água de torre). Uma vez que o modo natural de transmissão
aparentemente é via aérea, o maior risco potencial é a produção
de aerossóis durante a manipulação de culturas ou de outros
materiais que contenham uma grande concentração de
microorganismos infecciosos (por exemplo, tecidos e o saco vitelino
infectado).

Precauções Recomendadas: As práticas, equipamento de


contenção e as instalações do nível de Biossegurança 2 são
indicadas para todas as atividades envolvendo o uso ou a
manipulação de materiais clínicos ou de culturas sabiamente ou
potencialmente infecciosas. Já as práticas do Nível de
Biossegurança 3 com dispositivos de contenção primários e
equipamentos (por exemplo, cabines de segurança biológica,
conchas de segurança em centrífugas) são usadas para atividades
que possivelmente produzem aerossóis potencialmente infecciosos
e para as atividades que envolvam quantidades de produção de
microorganismos.

Observação: Atualmente, as vacinas para uso em homens


não se encontram a disposição.

Transferência do Agente: A obtenção de uma licença para


importação deste agente deverá ser feita através do CDC.

Agente: Mycobacterium leprae

A transmissão parenteral acidental da lepra de homens para


homens tem sido relatada após a contaminação de um cirurgião
através de uma picada acidental de uma agulha61, e através do uso
de uma agulha para tatuagem provavelmente contaminada62. Não
existem casos relatados que tenham sido provocados pelo trabalho

116
Relação dos Agentes — Agentes Bacterianos

em um laboratório envolvendo biópsias ou outros materiais clínicos


de origem humana e animal. Embora a lepra que ocorre
naturalmente ou as doenças semelhantes à lepra tenham sido
relatadas em tatus63 e em primatas não humanos64, 65, o ser humano
é o único reservatório importante desta doença.

Riscos em Laboratório : O agente infeccioso pode ser


encontrado em tecidos e exudatos de lesões de homens infectados
e em animais naturalmente ou experimentalmente infectados. O
contato direto da pele e das membranas mucosas com materiais e
inoculações parenterais acidentais infecciosas é considerado risco
primário de um laboratório, associado com o manuseio de materiais
clínicos infecciosos.

Precauções Recomendadas: As práticas, equipamento de


contenção e as instalações do Nível de Biossegurança 2 são
indicadas para todas as atividades com materiais clínicos
sabidamente ou potencialmente infecciosos de homens e animais
infectados. Um cuidado especial deve ser tomado para evitar uma
inoculação parenteral acidental com instrumentos cortantes
contaminados. As práticas, equipamento de contenção e as
instalações do Nível de Biossegurança Animal 2 são indicadas para
estudos animais que utilizem roedores, tatus e primatas não
humanos. Atualmente, as vacinas para uso em humanos não se
encontram a disposição.

Transferência do Agente: Para obtenção de uma licença para


importação deste agente deverá ser feita através do CDC.

Agente: Mycobacterium spp. diferente do M. tuberculosis, M.


bovis ou M. leprae.

Pike relatou 40 casos de “tuberculose” não-pulmonar que se


acreditava estar relacionada a acidentes ou incidentes ocorridos
no laboratório ou na sala de autópsia66. Provavelmente, essas
infecções eram provocadas por um outro tipo de micobactéria que
não a M. tuberculosis ou a M. bovis. Um número de micobactérias
que são ubíquas na natureza é associado com outras doenças que

117
Relação dos Agentes — Agentes Bacterianos

não a tuberculose ou a lepra em homens, animais domésticos e


selvagens. Em relação às características, esses organismos são
infecciosos, mas não são contagiosos. Já clinicamente, as doenças
associadas com as infecções por essas “atípicas” bactérias podem
ser divididas, em geral, em três categorias:

1. Doenças semelhantes à tuberculose, que podem estar


associadas com a infecção pelo complexo M. kansasii,
M. avium e raramente pelos M. xenopi, M. malmoense, M.
asiaticum, M. simiae e M. szulgai.

2. Limfadenitis, que podem estar associadas com a infecção


pelo complexo M. scrofulaceum, M. avium e raramente
pelo M. fortuitum e M. kansasii.

3. Úlceras de pele e infecções de ferimentos do tecido


mole, que podem estar associadas com infecção pelo M.
ulcerans, M. marinum, M. fortuitum e M. chelonei.

Riscos em Laboratório: Os agentes podem ser encontrados


no escarro, exudatos de lesões, tecidos e em amostras do meio
ambiente (por exemplo, solo e água). O contato direto da pele ou
da membrana mucosa com materiais infecciosos, ingestão e
inoculação parenteral acidental é o risco primário laboratorial
associado aos materiais clínicos e às culturas. Um risco de infecção
potencial aos trabalhadores de laboratório é também oferecido pelos
aerossóis infecciosos criados durante a manipulação do caldo de
culturas ou homogeneização de tecidos contendo esses organismos
associados com a doença pulmonar.

Precauções Recomendadas: As práticas, equipamento de


contenção e as instalações do Nível de Biossegurança 2 são
indicadas para atividades com materiais clínicos e culturas de
Mycobacterium spp. com exceção dos tipos M. tuberculosis ou M.
bovis. As práticas, equipamento de contenção e as instalações do
Nível de Biossegurança Animal 2 são indicadas para estudos animais
com a micobactéria que não a M. tuberculosis, M. bovis ou M. leprae.
Atualmente, as vacinas para uso humano ainda não se encontram
disponíveis.
118
Relação dos Agentes — Agentes Bacterianos

Transferência do Agente: A obtenção de uma licença para


importação do agente deverá ser feita através do CDC.

Agente: Mycobacterium tuberculosis, M. bovis.

As infecções com a Mycobacterium tuberculosis e a M. bovis


(incluindo a BCG) são um risco comprovado aos trabalhadores de
laboratório assim como para outras pessoas que podem estar
expostas aos aerossóis infecciosos no laboratório67, 68, 69, 70,71. A
incidência da tuberculose em pessoas que trabalham com a M.
tuberculosis em laboratório tem sido relatada como sendo três vezes
maior do que em pessoas que não trabalham com o agente.
Primatas não-humanos infectados naturalmente ou
experimentalmente são uma fonte comprovada de infecção humana
(por exemplo, o índice de conversão anual de tuberculina em
pessoas que trabalham com primatas não-humanos infectados é
de aproximadamente 70/10. 000 se comparada ao índice de menos
de 3/10. 000 da população em geral)73. Cobaias ou camundongos
experimentalmente infectados não oferecem o mesmo risco, uma
vez que núcleos em perdigotos não são produzidos pela tosse nestas
espécies; porém, o dejeto de animais infectados pode se tornar
contaminado e servir como uma fonte de aerossóis infecciosos.

Riscos em Laboratório: Os bacilos da tuberculose podem ser


encontrados no escarro, líquidos de lavagem gástrica, líquido
cerebroespinhal, urina e nas lesões em vários tecidos74. A exposição
aos aerossóis produzidos em laboratório é o risco mais importante
encontrado. Os bacilos da tuberculose podem sobreviver em
esfregaços fixados com o calor75 e podem ser nebulizados na
preparação de secções congeladas e durante a manipulação de
culturas líquidas. Devido à baixa dose infecciosa do M.tuberculosis
para homens (i.e., DI50 < 10 bacilos) e, em alguns laboratórios, um
alto índice de isolamento de organismos resistentes ao ácido
originado de amostras clínicas (>10%)76, o escarro e outras amostras
clínicas de casos de tuberculose suspeitos ou já comprovados deve
ser considerados potencialmente infecciosos e manipulados com
os adequados cuidados.

Precauções Recomendadas: As práticas, equipamento de


contenção e as instalações do nível de Biossegurança 2 são
119
Relação dos Agentes — Agentes Bacterianos

indicadas para as manipulações de materiais clínicos que não pro-


duzam aerossóis como a preparação de esfregaços ácido-resis-
tentes. Todas as atividades que formem aerossóis deverão ser
conduzidas em cabines de segurança biológicas Classe I ou II. Re-
comenda-se o uso de uma bandeja para aquecer a lâmina ao
invés de secá-la em um Bico de Bunsen. A liquidificação ou a
concentração do escarro para a coloração ácido-resistente pode
também ser conduzida de forma segura em uma bancada aberta,
tratando, primeiramente, a amostra (em uma cabine de segurança
Classe I ou II) com um igual volume de solução de hipoclorito de
sódio a 5% (branqueamento doméstico não diluído) e depois
esperando 15 minutos antes da centrifugação77, 78.

As práticas, equipamento de contenção e as instalações do


Nível de Biossegurança 3 são indicadas para atividades laboratoriais
na propagação e manipulação de culturas de M. tuberculosis ou
M. bovis, e para estudos animais que utilizem primatas não-humanos
naturalmente ou experimentalmente infectados com a M.
tuberculosis ou a M. bovis. Estudos animais utilizando cobaias ou
camundongos podem ser conduzidos em um Nível de
Biossegurança Animal 279.

Observação: O teste cutâneo com uma proteína purificada


derivada (PPD) de pessoas que trabalham em laboratórios e que
apresentem um teste cutâneo negativo podem ser usados como
um procedimento de vigilância. Uma vacina de vírus vivo atenuado
(BCG) encontra-se a disposição, mas não é usada nos Estados
Unidos para equipes de laboratório. O leitor deve consultar as
recomendações atuais do Advisory Committee on Immunization
Practices (ACIP) publicadas no CDC Morbidity and Mortality Weekly
Report (MMWR) para as recomendações atuais para vacinação.

Transferência do Agente: A obtenção de uma licença para


importação deste agente é conseguida no CDC. Já a licença para
importação e transporte doméstico do M. bovis deve ser obtida
através do USDA/APHIS/VS.

Agente: Neisseria gonorrhoeae


As infecções gonocócicas associadas a laboratório têm sido
relatadas nos Estados Unidos80.
120
Relação dos Agentes — Agentes Bacterianos

Riscos em Laboratório: Esse agente pode ser encontrado


em exudatos cervicais, uretrais e conjuntivais, líquido sinovial, urina,
fezes e líquido cerebroespinhal. A inoculação parenteral acidental
e o contato direto ou indireto da membrana mucosa com materiais
infecciosos são os riscos primários laboratoriais conhecidos. A
importância dos aerossóis não foi ainda determinada.

Precauções Recomendadas: As práticas, equipamento de


contenção e as instalações do Nível de Biossegurança 2 são
indicadas para todas as atividades que envolvam o uso ou a
manipulação de materiais clínicos ou de culturas. Recomenda-se o
uso de luvas ao manipular animais laboratoriais infectados e quando
houver a possibilidade do contato direto da pele com os materiais
infecciosos. Cuidados de contenção primária ou pessoal, como as
descritas para o Nível de Biossegurança 3, podem ser indicados
para a produção de perdigotos ou aerossóis e para as atividades
envolvendo quantidades de produção ou concentrações de
materiais infecciosos. As vacinas, atualmente, não estão disponíveis
para uso em humanos.

Transferência do Agente: A obtenção e uma licença para


importação deste agente deverão ser feitas através do CDC.

Agente: Neisseria meningitis

A meningite meningocócica é um risco demonstrado, mas raro


de ocorrer com trabalhadores de laboratório81, 82,83.

Riscos em Laboratório: O agente pode ser encontrado em


exudatos faringíneos, líquido cerebroespinhal, sangue e saliva. A
inoculação parenteral, a exposição da membrana mucosa a
perdigotos e a ingestão são os riscos primários para a equipe do
laboratório.

Precauções Recomendadas: As práticas, equipamento de


contenção e as instalações do Nível de Biossegurança 2 são
indicadas para todas as atividades que utilizem líquidos corpóreos,
tecidos e culturas conhecidamente ou potencialmente infecciosas.

121
Relação dos Agentes — Agentes Bacterianos

Precauções pessoais e de contenção primária adicional, como as


descritas para o Nível de Biossegurança 3, podem ser indicadas
para atividades com um alto risco potencial para formação de
perdigotos ou aerossóis, e para as atividades que envolvam
quantidades de produção ou concentrações de materiais infecciosos.

Observação: As vacinas para a N. meningitidis estão


disponíveis e devem ser consideradas para as pessoas que
trabalham regularmente com materiais infecciosos. O leitor deve
consultar as atuais recomendações do Advisory Committee on
Immunization Practices (ACIP) publicadas no CDC Morbidity and
Mortality Weekly Report (MMWR) para as recomendações sobre
vacinação contra a N. meningitidis.

Transferência de Agentes: A obtenção de uma licença para


importação deste agente deve ser feita através do CDC.

Agente: Salmonella – todos os sorotipos com exceção do typhi

A salmonelose é um risco documentado para as pessoas que


trabalham em uns laboratório84, 85,86. Os hospedeiros -
reservatórios primários incluem um amplo espectro de animais
domésticos e selvagens incluindo os pássaros, mamíferos e répteis,
sendo que todos podem servir como uma fonte de infecção para a
equipe laboratorial.

Riscos em Laboratório: O agente pode ser encontrado nas


fezes, sangue, urina e em alimentos, rações e materiais provenientes
do meio ambiente. A ingestão ou a inoculação parenteral é um
perigo primário para um laboratório. A importância da exposição
aos aerossóis ainda é desconhecida. Animais naturalmente ou
experimentalmente infectados são uma fonte potencial de infecção
para funcionários do laboratório e para os que tratam dos animais,
além de serem perigosos para outros animais também.

Precauções Recomendadas: As práticas, equipamento de


contenção e as instalações do Nível de Biossegurança 2 são
indicadas para as atividades com materiais clínicos e culturas

122
Relação dos Agentes — Agentes Bacterianos

conhecidas por possuírem ou potencialmente conterem os agen-


tes. As práticas, equipamento de contenção e instalações do Nível
de Biossegurança Animal 2 são recomendadas para atividades com
animais naturalmente ou experimentalmente infectados. As vacinas
ainda não se encontram a disposição da população.

Transferência do Agente: A licença para importação deste


agente deve ser obtida através do CDC.

Agente: Salmonella typhi

A febre tifóide é um risco comprovado para pessoas que


trabalham em laboratório87, 88,89.

Riscos em Laboratório: Esse agente pode ser encontrado


nas fezes, sangue, vesícula biliar (bile) e urina. O ser humano é o
único reservatório conhecido da infecção. A ingestão e a inoculação
parenteral do agente representam o risco primário em laboratório.
Não se conhece ainda a importância da exposição aos aerossóis.

Precauções Recomendadas: As práticas, equipamento de


contenção e as instalações do Nível de Biossegurança 2 são
indicadas para todas as atividades que utilizem materiais clínicos e
culturas sabidamente ou potencialmente infecciosas. As práticas
do Nível de Biossegurança 3 são indicadas para atividades que
possivelmente provoquem a formação de aerossóis ou de atividades
que envolvam quantidades de produção de microorganismos.

As vacinas para a S. typhi estão disponíveis no mercado e


devem ser consideradas para as pessoas que trabalhem
regularmente com materiais potencialmente infecciosos. O leitor
deve consultar as recomendações atuais do Advisory Committee
on Immunization Practices (ACIP) publicadas pelo CDC Morbidity
and Mortality Weekly Report (MMWR) para as recomendações sobre
a vacinação contra a S. typhi.

Transferência do Agente: A licença para importação pode


ser conseguida através do CDC.

123
Relação dos Agentes — Agentes Bacterianos

Agente: Shiguella spp.

A shigelose é um risco comprovado aos trabalhadores de um


laboratório, com dúzias de casos relatados só nos Estados Unidos
e Grã-Bretanha90, 91, 92,93. Embora surtos tenham ocorrido em primatas
não-humanos em cativeiro, somente o ser humano é considerado
um reservatório significativo da infecção. Porém, cobaias, outros
roedores e primatas não-humanos experimentalmente infectados
também são fontes comprovadas de infecção.

Riscos em Laboratório: Esse agente pode ser encontrado


nas fezes e raramente no sangue de animais e humanos infectados.
A ingestão e a inoculação parenteral do agente são os riscos
primários de um laboratório. A dose oral 25%-50% infecciosa do
agente da S. flexneri para humanos é de aproximadamente 200
microorganismos94. Ainda não se sabe a importância da exposição
aos aerossóis deste agente.

Precauções Recomendadas: As práticas, equipamento e as


instalações do Nível de Biossegurança 2 são indicadas para todas
as atividades que utilizem materiais clínicos ou culturas sabidamente
ou potencialmente infecciosas. Já as práticas e instalações do Nível
de Biossegurança Animal 2 são indicadas para atividades com
animais infectados experimentalmente ou naturalmente. As vacinas
não se encontram a disposição no mercado para uso em homens.

Transferência do Agente: A licença para a exportação deste


agente deverá ser obtida no Department of Commerce.

Agente: Treponema pallidum

A sífilis é um risco comprovado para as pessoas de um


laboratório que manipulam ou coletam materiais clínicos de lesões
cutâneas. Pike relacionou 20 casos desta infecção associada a
laboratório95. O ser humano é o único reservatório conhecido deste
agente. Um exemplo é o caso onde o agente foi transmitido a um
indivíduo da equipe de um laboratório que trabalhava com uma
suspensão concentrada do T. pallidum obtido de um coelho com

124
Relação dos Agentes — Agentes Bacterianos

orquite experimental96. A transferência hematogênica da sífilis tem


ocorrido através da transfusão de uma unidade de sangue fresco
obtida de um paciente com sífilis secundária. O T. pallidum se
encontra presente na circulação durante a sífilis primária e
secundária. O número mínimo de organismos do T. pallidum (DL50)
necessários para infectar um indivíduo através de uma injeção
subcutânea é de 2397. A concentração do T. pallidum no sangue de
pacientes durante o início da sífilis, porém, ainda não foi
determinada.

Nenhum caso de infecção associado a laboratórios animais


foi relatado até o momento; porém cepas do T. pallidum (Nichols e
possivelmente outras) adaptadas a coelhos conservaram suas
virulências em homens.

Riscos em Laboratório: Esse agente pode ser encontrado


em materiais coletados de lesões cutâneas, de membranas
mucosas primárias e secundárias e no sangue. A inoculação
parenteral acidental, o contato das membranas mucosas e de pele
lesada com os materiais infecciosos e possivelmente com aerossóis
infecciosos são os riscos primários para as pessoas que trabalham
em laboratório.

Precauções Recomendadas: As práticas, equipamento de


contenção e as instalações do Nível de Biossegurança 2 são
indicadas para todas as atividades que envolvam o uso ou a
manipulação de sangue ou material de lesões de homens ou de
coelhos infectados. Recomenda-se o uso de luvas quando houver
a possibilidade do contato direto da pele com os materiais da lesão.
O monitoramento sorológico periódico deve ser considerado para
pessoas que trabalham com materiais infecciosos. As vacinas,
atualmente, não se encontram disponíveis para o uso em humanos.

Transferência do Agente: A licença para importação do agente


de verá ser obtida através do CDC.

Agente: Vibrionic enteritis (Vibrio cholerae, V.


parahaemolyticus).

A enterite vibriônica causada pelo Vibrio cholerae ou pelo


Vibrio parahaemolyticus é uma doença associada a laboratório
125
Relação dos Agentes — Agentes Bacterianos

documentada, mas rara98. Os animais naturalmente ou experimen-


talmente infectados são uma fonte potencial de infecção.

Riscos em Laboratório: Os vibriões patogênicos podem ser


encontrados nas fezes. A ingestão do V. cholerae e a ingestão ou
inoculação parenteral de outros vibriões constituem os riscos
primários laboratoriais. A dose infecciosa oral humana é de
aproximadamente 106 organismos99. A importância da exposição aos
aerossóis ainda é desconhecida. O risco de infecção após uma
exposição oral pode ser aumentado em indivíduos aclorídricos.

Precauções Recomendadas: As práticas, equipamento de


contenção e as instalações do Nível de Biossegurança 2 são
indicadas para atividades com culturas ou materiais clínicos
potencialmente infecciosos. Já as práticas, equipamento de
contenção e as instalações do Nível de Biossegurança Animal 2
são indicados para atividades com animais naturalmente ou
experimentalmente infectados. Embora existam vacinas contra a
cólera, não se recomenda o uso rotineiro pela equipe laboratorial.
O leitor deve consultar as atuais recomendações do Advisory
Committee on Immunization Practices (ACIP) publicadas no CDC
Morbidity and Mortality Weekly Report (MMWR) sobre as
recomendações para a vacinação humana contra V.
parahaemolyticus.

Transferência do Agente: A licença para exportação deste


agente deverá ser obtida através do Department of Commerce.

Agente: Yersinia pestis

A peste é um risco laboratorial comprovado, mas raro. Nos


Estados Unidos há relatos desta infecção100, 101. O trabalho com o Y.
pestis requer considerações especiais de segurança devido ao seu
alto uso potencial no terrorismo biológico.

Riscos em Laboratório: Este agente pode ser encontrado no


líquido bulbar, sangue, escarro, líquido cerebroespinhal, fezes e
urina humana, dependendo da forma clínica e estágio da doença.

126
Relação dos Agentes — Agentes Bacterianos

Os riscos primários para a equipe do laboratório se constituem do


contato direto com culturas e materiais infecciosos de homens ou
animais, aerossóis ou perdigotos infecciosos produzidas durante a
manipulação de culturas e de tecidos infectados. Na necropsia de
roedores, o risco primário para a equipe laboratorial inclui a
inoculação parenteral acidental, a ingestão e a picada de pulgas
infectadas coletadas em roedores.

Precauções Recomendadas: As práticas, equipamento de


contenção e as instalações do Nível de Biossegurança 2 são
indicadas para todas as atividades que envolvam o manuseio de
materiais clínicos e culturas potencialmente infecciosas. Deve-se
tomar um cuidado especial para evitar a produção de aerossóis de
materiais infecciosos e durante a necropsia de roedores
naturalmente ou experimentalmente infectados. Recomenda-se o
uso de luvas ao manusear roedores de laboratório coletados no
campo ou infectados e quando houver a possibilidade do contato
direto da pele com os materiais infecciosos. A necropsia de roedores
é idealmente conduzida em uma cabine de segurança biológica.
Precauções individuais e de contenção primária adicional, como as
descritas para o Nível de Biossegurança 3, são recomendadas para
atividades com um alto potencial para formação de perdigotos ou
aerossóis, para o trabalho com cepas resistentes a antibióticos e
para as atividades envolvendo quantidades ou concentrações de
produção de materiais infecciosos.

Observação: A vacina para o Y. pestis está à disposição


para uso em humanos e deve ser usada pela equipe do laboratório
que trabalha com materiais infecciosos ou roedores infectados. O
leitor deve consultar as recomendações atuais do Advisory
Committee on Immunization Practices (ACIP) publicadas no CDC
Morbidity and Mortality Weekly Report (MMWR) para maiores
informações sobre a vacinação contra o Y. pestis.

Transferência do Agente: A licença para importação deste


agente deverá ser obtida através do CDC. Já a licença para
exportação deve ser conseguida através do Department of
Commerce. É necessário o registro do laboratório junto ao CDC
antes do envio ou recebimento deste agente.

127
Relação dos Agentes — Agentes Bacterianos

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132
• Seção VII-B: Agentes Fúngicos
Agente: Blastomyces dermatitidis

Infecções locais associadas a laboratório têm sido relatadas


após a inoculação parenteral acidental com tecidos ou culturas
infectadas contendo formas da B. dermatitidis semelhantes à
levedura 1, 2, 3, 4, 5, 6, 7,8. Infecções pulmonares ocorreram depois de
uma suposta inalação de conídios; duas pessoas desenvolveram
pneumonia e uma apresentou uma lesão osteolítica de onde se
retirou amostra da. B. dermatitis para cultura 9,10. Provavelmente,
as infecções pulmonares estão associadas somente às formas
semelhantes à levedura formadoras de esporos (conídio).

Riscos em Laboratório: Formas semelhantes a leveduras


podem ser encontradas nos tecidos de animais infectados e em
amostras clínicas. A inoculação parenteral (subcutânea) destes
materiais pode provocar granulomas locais. As culturas das formas
fúngicas da B. dermatitidis contendo conídios infecciosos, solo
processado ou outras amostras ambientais podem oferecer um risco
quanto à exposição aos aerossóis.

Precauções Recomendadas: As práticas e as instalações do


Nível de Biossegurança 2 e Nível de Biossegurança Animal 2 são
indicadas para as atividades com materiais clínicos, tecidos animais,
culturas, amostras ambientais e animais infectados.

Transferência do Agente: A licença para importação deste


agente deverá ser obtida através do CDC. O registro do laboratório
junto ao CDC deverá ser obtido antes do envio ou recebimento
deste agente.

Agente: Coccidioides immitis

A coccidioidomicose adquirida em laboratório é um risco


documentado11, 12, 13, 14, 15, 16, 17, 18, 19, 20, 21,22. Smith relatou que de 31
infecções adquiridas em laboratórios da sua instituição, 28 (90%)
resultaram em uma doença clínica, onde mais da metade destas
infecções adquiridas na natureza eram assintomáticas23.

133
Relação dos Agentes — Agentes Fúngicos

Riscos em Laboratório: Devido ao tamanho (2-5 milimicrons),


os artroconídios tendem a ser prontamente espalhados no ar e
retidos nos profundos espaços pulmonares. Quanto maior o
tamanho da esférula (30-60 milimícrons) mais reduzida será a
eficácia desta forma de fungo como um patógeno aéreo.

As esférulas dos fungos podem estar presentes em amostras


clínicas e tecidos animais. Já os artroconídios infecciosos são
encontrados em culturas e solo mofados ou em outras amostras de
locais naturais. A inalação do artroconídio contido nas amostras
ambientais ou nas culturas da forma fúngica é um perigo sério dentro
de um laboratório. Um risco teórico dentro de um laboratório é
imposto por amostras clínicas ou tecidos de animais ou homens
infectados que foram armazenados ou embalados de forma a
produzir a germinação de artroconídios. Há um único relatório sobre
um veterinário com uma coccidiodomicose que se iniciou 13 dias
depois da autópsia de um cavalo com esta infecção, embora o
veterinário morasse em uma área endêmica 24. A inoculação
percutânea acidental da esférula pode resultar na formação de um
granuloma local25. A doença disseminada ocorre com uma freqüência
muito maior em negros e em filipinos do que em brancos.

Precauções Recomendadas: As práticas e as instalações do


Nível de Biossegurança 2 são indicadas para o manuseio e
processamento de amostras clínicas, identificação isolada e
processamento dos tecidos animais. Já as práticas e as instalações
do Nível de Biossegurança Animal 2 são indicadas para estudos de
experimentação animal quando a via de transmissão do agente é a
via parenteral.

As práticas e as instalações do Nível de Biossegurança 3


são indicadas para a reprodução e manipulação de culturas que
formam esporos já identificados como C. immitis, e para o
processamento de solo ou outros materiais do meio ambiente que
contenham ou possivelmente contenham artroconídios infecciosos.

Transferência do Agente: a licença para importação deste


agente deverá ser obtida através do CDC. O registro do laboratório
deverá ser obtido junto ao CDC antes do envio ou recebimento
deste agente.

134
Relação dos Agentes — Agentes Fúngicos

Agente: Cryptococcus neoformans

A inoculação acidental de uma pesada quantidade de


Cryptococcus neoformans nas mãos de um trabalhador de
laboratório ocorreu durante a injeção ou a necropsia de animais de
laboratórios26, 27. Mas não houve a formação de um granuloma local
e nem uma lesão, sugerindo uma baixa patogenicidade por esta
via. As infecções respiratórias como conseqüência de exposição
laboratorial ainda não foram registradas.

Riscos em Laboratório: A inoculação parenteral acidental de


culturas ou de outros materiais infecciosos representa um risco
potencial para a equipe laboratorial, particularmente àqueles que
possam estar imunodeprimidos. Mordidas de camundongos
experimentalmente infectados e as manipulações de materiais do
meio ambiente infeccioso (por exemplo, excrementos de pombos)
também representam um risco primário ao pessoal do laboratório.

Precauções Recomendadas: As práticas e as instalações do


Nível de Biossegurança 2 e do Nível de Biossegurança Animal 2
são indicadas, respectivamente, para atividades com materiais
clínicos, ambientais ou de culturas sabidamente ou potencialmente
infecciosas e ainda com animais infectados experimentalmente.

O processamento do solo ou de outros materiais do meio


ambiente que contenha ou que potencialmente contenha células
infecciosas semelhantes à levedura deverá ser conduzida em
cabines de segurança biológicas Classe I ou II. Esta precaução
também é indicada para a cultura do estado perfeito ou sexual do
agente.

Transferência do Agente: A licença para importação deste


agente deverá ser obtida através do CDC.

Agente: Histoplasma capsulatum

A histoplasmose associada a laboratório é um risco


comprovado em instalações onde são conduzidos trabalhos de

135
Relação dos Agentes — Agentes Fúngicos

investigação ou de diagnósticos28, 29,30. As infecções pulmonares são


resultantes de culturas que formam fungos31. Já uma perfuração na
pele durante uma autópsia de um indivíduo infectado32 e uma
inoculação parenteral acidental de uma cultura viável 33 provoca
uma infecção local. A coleta e processamento de amostras de solo
retiradas de áreas endêmicas têm provocado infecções pulmonares
em trabalhadores de laboratório. Os esporos encapsulados são
resistentes a secagem e podem permanecer viáveis durante longos
períodos de tempo. O pequeno tamanho do conídio infeccioso
(menos que 5 mícrons) possibilita sua dispersão no ar e a retenção
intrapulmonar. Furcolow relatou que em camundongos 10 esporos
foram quase que tão infecciosos quanto uma dose letal de 10.000
a 100.000 esporos34.

Riscos em Laboratório: O estágio infeccioso deste fungo


dimórfico (conídio) está presente nas culturas de formas
esporuladas e no solo de áreas endêmicas. A forma de levedura
em tecidos ou líquidos de animais infectados pode produzir uma
infecção local após uma inoculação parenteral. As práticas e
instalações do Nível de Biossegurança 2 e Nível de Biossegurança
Animal 2 são indicadas para o manuseio e processamento de
materiais clínicos, identificação de substâncias isoladas, tecidos
animais e culturas fúngicas, identificação de culturas na rotina de
laboratórios de diagnósticos e para estudos animais experimentais
quando a via do agente for parenteral.

As práticas e instalações do Nível de Biossegurança 3 são


indicadas para a reprodução e manipulação de culturas já
identificadas como de H. capsulatum, e para o processamento de
solo ou de outros materiais ambientais conhecidos por conter ou
possivelmente conter conídio infeccioso.

Transferência do Agente: A licença para importação deste


agente deve ser feita através do CDC.

Agente: Sporothrix schenckii

O S. schenckii tem causado um número expressivo de


infecções locais na pele e nos olhos de pessoas que trabalham em

136
Relação dos Agentes — Agentes Fúngicos

laboratórios35. A maioria dos casos está associada a acidentes que


ocorrem com borrifos do material de uma cultura dentro do olho36, 37,
arranhão38 ou mordida de um animal infectado40, 41 ou ao injetar39
material infectado na pele. As infecções dermatológicas são
causadas também pelo manuseio de culturas42, 43 ou necropsias de
animais45 sem que ocorra um conhecido erro técnico na hora do
procedimento. Não houve nenhum caso de infecção pulmonar
resultante da exposição laboratorial, embora se supõe que a doença
pulmonar tenha ocorrido naturalmente como resultado de uma
inalação.

Precauções Recomendadas: As práticas e instalações do


Nível de Biossegurança 2 e do Nível de Biossegurança Animal 2
são indicadas para todas as atividades em laboratórios e em
atividades com experimentação animal com S. schenckii.
Recomenda-se o uso de luvas ao manusear animais
experimentalmente infectados e durante operações com culturas
líquidas (caldos) que possam resultar em uma contaminação da
mão.

Transferência do Agente: A licença para importação deste


agente deverá ser obtida junto ao CDC.

Agente: Membros patogênicos dos Gêneros Epidermophyton,


Microsporum e Trychophyton.

Embora as infecções de pele, cabelo e unhas provocadas


por estes fungos dermatofídites estejam entre as infecções humanas
mais freqüentes, o processamento do material clínico ainda não foi
associado às infecções laboratoriais. As infecções relatadas foram
adquiridas através de contatos com animais de laboratórios
naturalmente ou experimentalmente infectados (camundongo,
cobaias, etc.) e ocasionalmente com o manuseio de culturas46, 47,
48,49
.

Perigos em Laboratório: Os agentes podem ser encontrados


na pele, cabelo e unhas de hospedeiros humanos e animais. O
contato com animais de laboratórios infectados que apresentem

137
Relação dos Agentes — Agentes Fúngicos

infecções aparentes ou não aparentes é considerado como risco


primário para a equipe do laboratório. As culturas e materiais clínicos
não são uma fonte importante de infecção humana.

Precauções Recomendadas: As práticas e instalações do


Nível de Biossegurança 2 e do Nível de Biossegurança Animal 2
são indicadas para todas as atividades em laboratórios e em
atividades com experimentação animal com os dermatofitídes. Os
animais infectados experimentalmente devem ser manipulados com
luvas descartáveis.

Transferência do Agente: A licença para importação deste


agente deverá ser obtida junto ao CDC.

Agente: Fungos diversos

Vários fungos têm provocado sérias infecções em


hospedeiros imunocompetentes após uma provável inalação ou
inoculação parenteral acidental de fontes do meio ambiente. Esses
agentes são os Penicillium marneffei, Exophiala (Wangiella)
dermatitidis, Fonsecaea pedrosoi, Ochroconis gallopavum,
Clauduphialopora bantians e Ramichlorisium mackenzieim. Embora
nenhuma infecção causada por grande parte destes agentes
associados a laboratórios tenha sido registrada, a gravidade desta
patologia adquirida naturalmente é suficiente para adotarmos
cuidados especiais no laboratório. O Penicillium marneffei causou
uma infecção local por inoculação acidental em um laboratorista50.
Já o Stachybotrus atra provavelmente não é o agente causador da
infecção em seres humanos quando o fungo ou fomitos contidos
no mofo são inalados, embora a ingestão de grãos mofados que
possuíam o fungo tenha envenenado animais.

Riscos em Laboratório: A inalação de conídios em culturas


de fungos com esporos ou a injeção acidental na pele durante um
procedimento de infecção de animais de experimentação são riscos
teóricos aos trabalhadores de um laboratório.

Precauções Recomendadas: As práticas e instalações do


Nível de Biossegurança 2 são indicadas para a reprodução e
manipulação de culturas conhecidas por conterem esses agentes.

138
Relação dos Agentes — Agentes Fúngicos

Transferência do Agente: A licença para importação deverá


ser obtida junto ao CDC.

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141
• Seção VII-C: Agentes Parasitários

Agente: Protozoários Parasitas de Tecido e Sangue Humanos

Infecções com o Plasmodium spp. (incluindo o P. cynomolgi),


o Trypanosoma spp e a Leishmania spp. adquiridas em laboratório
foram relatadas1, 2, 3, 4, 5, 6, 7, 8, 9, 10, 11,12. Embora nenhuma infecção
laboratorial com a Babesia spp. tenha sido relatada, um indivíduo
pode adquirir uma infecção através de uma picada acidental com
agulha ou através de uma picada de um carrapato infectado.

Embora infecções associadas a animais de laboratório não


sejam comuns, a malária transmitida pelo mosquito realmente ocorre.
Outras fontes diretas potenciais de infecção para a equipe de um
laboratório incluem o contato com um material extraído de uma lesão
de roedores que apresentam uma leishmaniose cutânea e o contato
com fezes ou sangue de animais experimentalmente ou naturalmente
infectados com T. cruzi13.

Riscos em Laboratório: Os estágios contagiosos destes


agentes podem estar presentes no sangue, fezes, fluído
cerebroespinhal, medula óssea ou em outros tecidos de biópsia,
exudatos de lesão e artrópodes infectados. Dependendo do
parasita, os riscos primários laboratoriais incluem a ingestão,
penetração na pele através de ferimentos ou microabrasões,
inoculação parenteral acidental e transmissão através de vetores
artrópodes. A exposição aos aerossóis ou perdigotos de organismos
nas membranas mucosas dos olhos, nariz ou boca é considerada
como um risco potencial quando o trabalho com culturas de
Leishmania spp., T. cruzi ou com homogeneização de culturas ou
de sangue contendo hemoflagelados é realizado. Os indivíduos
imunocomprometidos devem evitar qualquer trabalho com esses
agentes vivos.

Precauções Recomendadas: As práticas e instalações do nível


de Biossegurança 2 são indicadas para atividades com estágios
infecciosos dos parasitas acima relacionados. Os artrópodes

142
Relação dos Agentes — Agentes Parasitários

infectados devem ser mantidos em dependências que impeçam a


exposição do pessoal do laboratório ou a saída do artrópode para
fora do local. A contenção primária (por exemplo, cabine de
segurança biológica) ou proteção pessoal (por exemplo, proteção
facial) pode ser indicada quando o trabalho com culturas de
Leishmania spp., de T. cruzi, ou a homogeneização de tecidos ou
de sangue contendo hemoflagelados forem realizados 14, 15 .
Recomenda-se o uso de luvas para atividades onde exista a
possibilidade do contato direto da pele com os estágios infecciosos
dos parasitas acima listados. O tratamento apropriado para a maioria
das infecções provocadas por protozoários existe e as informações
sobre dosagem, fonte da droga, etc. se encontram a disposição16.

Transferência do Agente: A licença para importação deste


agente deverá ser obtida através do CDC.

Agente: Protozoários Parasitas do Intestino Humano.

Infecções com o Toxoplasma spp.; Entamoeba spp.; Isospora


spp.; Giardia spp.; Sarcocystis spp. e o Cryptosporidium spp.
associadas a laboratório foram relatadas17, 18, 19, 20,21. Nenhuma infecção
laboratorial com microsporídios foi registrada, mas a ingestão de
esporos encontrados nas fezes, urina, escarro, fluído
cerebroespinhal ou culturas pode provocar uma infecção.

Infecções associadas ao laboratório de experimentação animal


têm sido relatadas e constituem uma fonte direta de infecção para
as pessoas que trabalham nestes laboratórios e que estão em
contato com as fezes de animais naturalmente ou experimentalmente
infectados. No caso de roedores inoculados experimentalmente com
o Toxoplasma via intraperitoneal, o contato com o líquido peritoneal
pode provocar uma exposição aos organismos infecciosos.

Já as infecções com o Cryptosporidium adquiridas em


laboratório ocorrem com regularidade em quase todos os
laboratórios que trabalham com esse agente, especialmente
aqueles nos quais os bezerros são usados como fonte de oócitos.
Outros animais infectados experimentalmente também oferecem

143
Relação dos Agentes — Agentes Parasitários

riscos potenciais. A evidência circunstancial sugere que a trans-


missão aérea de oócitos deste pequeno organismo pode aconte-
cer. Uma obediência rigorosa a todas essas recomendações reduz
a ocorrência de infecções nos laboratórios e em tratadores de ani-
mais.

Riscos em Laboratório: Os estágios ativos infecciosos podem


ser encontrados nas fezes ou em outros fluídos e tecidos corporais.
Dependendo do parasita, a ingestão é o risco primário laboratorial.
Embora não se conheça o nível do risco, as exposições das
membranas mucosas dos olhos, nariz ou boca aos aerossóis ou
perdigotos de trofozoítas podem ser riscos potenciais quando
trabalhos com culturas de amebas que vivem livremente, como a
Naegleria fowleri, Acanthamoeba ou a Balamuthia estão sendo
realizados. Os indivíduos imunocomprometidos devem evitar o
trabalho com organismos vivos. Devido às graves conseqüências
da toxoplasmose em fetos em desenvolvimento e em mulheres
sorologicamente negativas que podem engravidar, cabe ao
supervisor do laboratório informar essas mulheres sobre os riscos
potenciais ao feto. Caso os empregados bem informados sobre os
riscos se recusarem a ficar expostos a esses agentes, o laboratório
deverá designar outras atividades em uma área de trabalho onde
o Toxoplasma não esteja sendo manipulado. O trabalho com oócitos
contagiosos oferece um risco maior de se adquirir uma infecção.
As picadas de agulhas com material contendo taquizoítas ou
bradizoítas através da membrana mucosa ou de abrasões na pele
também são riscos significativos. A infecção por taquizoítas ou
bradizoítas através da membrana mucosa ou de abrasões da pele
também são possíveis. Os laboratórios que conduzem estudos
somente com materiais de parasitas mortos ou inativados e com
frações de parasitas não oferecem riscos significativos de infecção.

Precauções Recomendadas: As práticas e instalações do


Nível de Biossegurança 2 são indicadas para atividades com estágios
contagiosos dos parasitas acima listados. A contenção primária (por
exemplo, cabine de segurança biológica) ou a proteção pessoal
(por exemplo, protetor facial) pode ser indicada em trabalhos
envolvendo culturas de Naegleria fowleri ou Cryptosporidium. O

144
Relação dos Agentes — Agentes Parasitários

tratamento apropriado para a maioria das infecções provocadas


por protozoários já existe e mais informações sobre a dose, fonte
das drogas, etc. estão disponíveis22.

Transferência do Agente: A licença para importação deste


agente deverá ser obtida através do CDC.

Agente: Trematódeos Parasitas de Humanos (Schistosoma


spp. e Fasciola spp.)

Infecções com o Schistosoma spp. e a Fasciola spp. adquiridas


em laboratório têm sido relatadas. Nenhuma infecção estava
diretamente associada aos animais de laboratório, com exceção
dos moluscos infectados, que são os hospedeiros intermediários23,
24, 25,26
.

Riscos em Laboratório: Os estágios contagiosos do


Schistosoma spp. (cercária) e da Fasciola spp. (metacercária)
podem ser encontrados, respectivamente, na água ou encistados
em plantas de aquários de laboratórios usados para manter os
caracóis hospedeiros. A penetração das cercárias do esquistossomo
na pele e a ingestão da metacercária de qualquer trematódeo são
considerados riscos primários. A dissecção ou o esmagamento de
caracóis infectados pelo esquistossomo pode também resultar na
exposição da pele ou da membrana mucosa aos tecidos contendo
as cercárias. Além disto, a metacercária pode ser transferida
inadvertidamente das mãos para a boca através dos dedos ou das
luvas, depois do contato com a vegetação aquática contaminada
ou com as superfícies contaminadas do aquário. A maioria das
exposições laboratoriais ao Schistosoma spp. supostamente
resultaria em baixas cargas de vermes com um potencial mínimo
da doença. Drogas seguras e eficazes para o tratamento da
esquistossomose já se encontram no mercado.

Precauções Recomendadas: As práticas e instalações do


Nível de Biossegurança 2 são indicadas para atividades com os
estágios contagiosos dos parasitas acima citados. Recomenda-se
o uso de luvas onde houver um contato direto com água contaminada

145
Relação dos Agentes — Agentes Parasitários

por cercárias, ou onde houver vegetação contendo metacercária


de caracóis infectados experimentalmente ou naturalmente. Jalecos
de mangas compridas ou outro traje de proteção deverão ser
usados quando um trabalho ao redor do aquário ou em outras fontes
de água que possam conter cercárias do esquistossomo estiver
sendo realizado. Os caracóis e as cercárias encontradas na água
proveniente do aquário do laboratório devem ser eliminados através
de substâncias químicas (por exemplo, hipoclorito, iodo) ou através
do calor antes de serem jogados no esgoto. O tratamento
apropriado para grande parte das infecções causadas por
trematódeos existe, e as informações sobre a fonte das drogas,
dosagens, estão disponíveis27.

Transferência do Agente: A licença para importação do agente


deve ser obtida junto ao CDC.

Agente: Cestóides Parasitas de Humanos – Echinococcus


granulosus, Taenia solium (cysticercus cellulosae ) e
Hymenolepis nana.

Embora nenhuma infecção com o E. granulosus ou a T. solium


relacionada a laboratório tenha sido relatada, as conseqüências
destas infecções após a ingestão de ovos infectados por E.
granulosus ou T. solium são potencialmente sérias. A H. nana é um
parasita cosmopolita que não requer um hospedeiro intermediário
e a contaminação se dá diretamente através da ingestão de fezes
humanas ou de roedores infectados.

Riscos em Laboratório: Os ovos infectados podem ser


encontrados nas fezes de cães ou de outros canídeos (hospedeiro
definitivo do E. granulosus) ou nas fezes humanas (o hospedeiro
definitivo da T. solium). A ingestão de ovos infectada destas fontes
é considerada como risco primário em laboratórios. Os cistos e fluído
de cistos do E. granulosus não são infecciosos para o homem. Já
os cistos que contêm a larva da T. solium (Cysticercus cellulosae)
prontamente produzem a infecção humana com a solitária adulta.
A ingestão de um único ovo infectado pelos dois parasitas e
proveniente das fezes do hospedeiro definitivo pode potencialmente

146
Relação dos Agentes — Agentes Parasitários

resultar em uma séria patologia. A ingestão dos ovos da H. nana


nas fezes do hospedeiro definitivo pode causar uma infecção
intestinal.

Precauções Recomendadas: As práticas e instalações do


Nível de Biossegurança 2 são indicadas para o trabalho com os
estágios contagiosos destes parasitas. Deve-se dar uma atenção
especial a higiene pessoal (por exemplo, a lavagem das mãos) e
evitar a ingestão de ovos infectados. Recomenda-se o uso de luvas
quando houver um contato direto com as fezes ou com superfícies
contaminadas por fezes frescas de cães infectados por E.
granulosus, com humanos infectados pela T. solium adulta ou com
humanos ou roedores infectados pela H. nana. O tratamento
adequado para muitas infecções causadas por cestóides existe e
informações sobre a fonte das drogas, dosagem, etc. já se
encontram disponíveis28.

Transferência do Agente: A licença para importação deste


agente deve ser obtida através do CDC.

Agente: Nematóides Parasitas de Humanos

Infecções por Ascaris spp.; Strongyloides spp; ancilóstomos


e Enterobius spp. já foram relatadas. As reações alérgicas a vários
componentes antigênicos de nematóides (por exemplo, antígenos
de Ascaris nebulizados) podem representar um risco ao indivíduo
sensível. As infecções associadas a laboratório (incluindo
artrópodes) não foram registradas, mas as larvas contagiosas
encontradas nas fezes de primatas não-humanos infectados com o
Strongyloides spp. são consideradas como um risco potencial de
infecção para trabalhadores de laboratório e tratadores de animais.

Riscos em Laboratório: Os ovos e larvas de fezes frescas do


hospedeiro definitivo não são geralmente infecciosos, uma vez que
o desenvolvimento dos estágios infecciosos pode levar de um dia
até várias semanas. A Trichinella preocupa porque o tecido fresco
ou digerido pode conter larvas que seriam infecciosas se ingeridas.
A ingestão de ovos infectados ou a penetração na pele de larvas

147
Relação dos Agentes — Agentes Parasitários

infectadas são os riscos primários para as pessoas que trabalham


em um laboratório e as que tratam dos animais. Os artrópodes
infectados com os parasitas filariais oferecem um risco potencial
para a equipe laboratorial. É comum o desenvolvimento de uma
hipersensibilidade em trabalhadores de laboratórios que
freqüentemente são expostos aos antígenos aerolizados de Ascaris
spp.

Precauções Recomendadas: As práticas e instalações do


Nível de Biossegurança 2 são indicadas para atividades que
envolvam os estágios contagiosos relacionados. A exposição aos
antígenos sensibilizados aerolizados do Ascaris spp. deve ser
evitada. Uma contenção primária (por exemplo, cabine de segurança
biológica) pode ser necessária para o trabalho com estes materiais
por indivíduos hipersensíveis. O tratamento adequado para maior
parte das infecções causadas por nematóides existe, e maiores
informações sobre a dosagem, fonte das drogas e etc. já se
encontram disponíveis32.

Transferência do Agente: A licença para importação deste


agente deve ser obtida junto ao CDC.

Referências:

1. Centers for Disease Control. 1980. Chaga’s disease, Kalamazoo,


Michigan. MMWR 20(13):147-8.
2. Eyles, D.E., Coatney, G.R., and Getz, M.E. 1960. Viax-type ma-
laria parasite of macaques transmissible to man. Science 131:1812-
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tions for working with Trypanosoma cruzi. Trans R Soc Trop Med
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tion/enteric parasites. Part II. Blood and tissues parasites. Infect
Control Hosp Epidemiol 12:59-65;111-121.

148
Relação dos Agentes — Agentes Parasitários

6. Pike, R.M. 1976. Laboratory-associated infections: Summary and


analysis of 3.921 cases. Health Lab Sci 13:105-114.
7. Robertson, D.H.H., Pickens, S., Lawson, J.H., Lennex, B. 1980. An
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fined stock. I and II. J Infect 2:105-112,113-124.
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9. Herwaldt, B.L., Juranek, D.D. 1995. Protozoa and Helminthes. In:
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11. Receveur, M.C., Le Bras, M., Vingendeau, P. 1993. Laboratory-ac-
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12. Sewell, D.L. 1995. Laboratory-acquired infections and biosafety. Clin
Microbiol Ver 8:389-405.
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mansoni. Trans R Soc Trop Med Hyg 87:554.
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30. Lettau. 1991. (5).
31. Pike. 1976. (6).
32. Anonymous. 1995. (16).

149
• Seção VII-D: Prions

Os Centros para Controle e Prevenção da Doença e os


Institutos Nacionais de Saúde gostariam de expressar seus
agradecimentos a Jiri Safar, M.D; Darlene Groth, A.B; Stephen J.
DeArmond, M.D., Phd. e Stanley B. Prusiner, M.D., da University of
California San Francisco, San Francisco, CA, pelas contribuições
neste campo emergente e na preparação desta seção.

Os prions são partículas Infecciosas de Proteináceos que


não possuem ácidos nucléicos1. Os prions são em grande parte, se
não totalmente, compostos por um isoforme anormal de uma
proteína celular normal. Em mamíferos, os prions são compostos
de um isoforme anormal, patogênico da proteína priônio (PrP),
chamada de PrPSc. O expoente “Sc” inicialmente derivou-se do termo
scrapie (tronco), já que a “scrapie” é um distúrbio degenerativo
contagioso do sistema nervoso de ovinos e caprinos provocado
pelos prions. Uma vez que todas as doenças causadas por prions
conhecidas (Tabela 6) em mamíferos envolvem o metabolismo
aberrante do PrP semelhante ao observado na “scrapie”, o uso de
um expoente “Sc” é indicado para todos os isoformes PrP
patogênicos, anormais2. Neste contexto, o expoente “Sc” é utilizado
para designar a isoforma do PrP semelhante à do “scrapie”.

Um gene cromossômico decodifica os genes PrP e não PrP


que são encontrados em preparações purificadas dos prions. O
PrPSc é derivado do PrPC (o isoforme celular do PRP) por um
processo pós-translacional onde o PrPSc adquire um alto conteúdo
da enzima b da ovelha3. Nem os ácidos nucléicos específicos de
prions e nem as partículas semelhantes ao vírus foram detectados
nas preparações infecciosas purificadas. Em fungos, evidências
de três prions diferentes foram acumuladas4.

Os prions em mamíferos causam a “scrapie” e outras doenças


neurodegenerativas relacionadas ao homem e animais (Tabela 6).

150
Relação de Agentes — Prions

As doenças provocadas pelos prions também são referidas como


encefalopatias espongiformes transmissíveis (TSEs)5.

Tabela 1. As doenças causadas por Prions

Patologias Hospedeiro Prions Isoforma Patogênica


(Abreviação) Natural do PrP

Scrapie ovelhas e cabras scrapie prions OvPrPSc

Encefalopatia visão prions TME MkPrPSc


Transmissível de Visão
(TME)

Doença Crônica alce e veado de prions CWD MdePrSc


Distrófica(CWD) orelhas longas

Encefalopatia Espongiforme gado prions BSE BoPrPSc


Bovina (BSE)

Encefalopatia Espongiforme gatos prions FSE FePrPSc


Felina (FSE)

Encefalopatia Exótica antílope africano e prions EUE UngPrPSc


Ungulado (EUE) niala

Kuru humanos prions kuru HuPrPSC

Doença de Cretzfeldt- humanos prions CJD HuPrPSc


Jakob (CDJ)

Síndrome de Gerstmann – humanos prions GSS HuPrPSc


Stäussler-Scheinker (GSS)

Insônia familiar Gatal (FFI) humanos prions FFI HuPrPSc

Prions específicos de espécies. Diferente de alguns vírus, as


propriedades dos prions mudam dramaticamente quando são
passados de uma espécie para outra. Os resultados de estudos
transgênicos (Tg) em camundongos indicam que, quando os prions
de homens são passados para os camundongos, a patogenicidade
potencial dos não transgênicos para os humanos diminui
drasticamente6. Os prions que são reproduzidos em camundongos
não transgênicos são agora prions de camundongo e prions não

151
Relação de Agentes — Prions

humanos. Estes prions de camundongos contêm o PrPSc, o PrPSc


não humano. Esta mudança específica da espécie na molécula do
PrPSc é acompanhada pela alteração na patogenicidade do prions.
Em contraste aos prions humanos, os prions de camundongo são
altamente patogênicos para o próprio camundongo. Nossa
compreensão destas mudanças específicas na patogenicidade do
prions de cada espécie é proveniente, em grande parte, de estudos
de camundongos que apresentam uma variedade de transgenes
PrP. Uma vez que o PrPSc produzido no camundongo é derivado do
PrPC não é possível determinar a origem do prions inicialmente
inoculado no camundongo7.

Vale a pena observar que a susceptibilidade de espécies em


particular a um prions de outras espécies pode ser profundamente
afetada pelas diferentes cepas de prions. As propriedades
manifestadas pelas cepas de prions como o período de incubação
e os perfis neuropatológicos parecem estar contidas na estrutura
do PrPSc.

Tais considerações dos princípios básicos da biologia priônica


ajudam a formar a base para a classificação da biossegurança de
diferentes prions.

Classificação do Nível de Biossegurança: Os prions humanos


e os reproduzidos em macacos e chimpanzés são manipulados no
Nível de Biossegurança 2 ou 3, dependendo dos estudos que estão
sendo conduzidos. Os prions BSE são igualmente manipulados no
Nível de Biossegurança 2 ou 3, devido à possibilidade dos prions
terem sido transmitidos aos seres humanos na Grã-Bretanha e na
França9.

Todos os outros prions animais são considerados patógenos


do Nível de Biossegurança 2. Portanto, baseado na nossa
compreensão atual sobre a biologia do prions descrita acima, assim
que os prions humanos são passados para camundongos ocorre a
produção do PrPSc de camundongo. Neste caso, estes prions devem
ser considerados como prions do Nível de Biossegurança 2, embora
os prions humanos sejam manipulados no Nível de Biossegurança

152
Relação de Agentes — Prions

3 em grande parte das condições experimentais. Uma exceção a


esta regra é no caso de camundongos que apresentam transgenes
de camundongo/humanos quiméricos ou humanos. Esses
camundongos transgênicos produzem prions humanos quando
infectados por prions humanos e devem ser tratados no Nível de
Biossegurança 2 ou 3, de acordo com os procedimentos descritos
acima. Os mecanismos do prions disseminado em ovelhas e caprinos
que são os responsáveis pelo desenvolvimento do “scrapie” ainda
são desconhecidos10, 11. Acredita-se que os prions CWD, TME, BSE,
FSE e EUE ocorrem depois do consumo de alimentos infectados
por prions12, 13, 14,15.

Doenças Humanas provocadas por Prions: Os mesmos


cuidados usados em pacientes com AIDS ou com hepatite são
certamente adequados para as patologias provocadas por prions
e pacientes que estão morrendo devido a esta patologia. Em
contraste a essas doenças viróticas, as doenças provocadas por
prions não são transmissíveis e nem contagiosas 16. Não há
evidências sobre a transmissão através de contato ou de aerossóis
de prions de um indivíduo para outro. Porém, esses agentes se
tornam contagiosos sob algumas circunstâncias, como por exemplo,
no ritual de canibalismo na Nova Guiné que provoca a doença
chamada de kuru, na administração do hormônio do crescimento
contaminado por prions que resultará na CJD iatrogênica e no
transplante de enxertos de tecido da dura-máter contaminado por
prions que provocam a doença em outras pessoas. Já as doenças
CJD, GSS e FFI familiares, são doenças provocadas por prions
dominantes herdados. Cinco mutações diferentes do gene PrP
mostraram ser geneticamente ligadas ao desenvolvimento da
doença congênita. Muitos prions de doenças congênitas foram
transmitidos aos chimpanzés, macacos e camundongos portadores
de transgenes PrP humano20, 21,22.

Procedimentos Cirúrgicos: Os procedimentos cirúrgicos em


pacientes diagnosticados como portadores da doença priônica
devem ser minimizados. Acredita-se que a CJD tenha sido
transmitida de um paciente portador da CJD para dois outros que,
momentos depois, sofreram procedimentos neurocirúrgicos na

153
Relação de Agentes — Prions

mesma sala de cirurgia23. Embora não existam documentos que


comprovem a transmissão de prions aos homens através da
exposição da pele intacta ou das membranas e gástricas aos
perdigotos de sangue ou de líquido cerebroespinhal, o risco da
ocorrência de tais infecções é uma possibilidade. A esterilização
dos instrumentos e a descontaminação da sala de cirurgia deve
ser realizada, de acordo com as recomendações descritas acima.

Por ser importante o estabelecimento de um diagnóstico


“definitivo” de uma doença provocada por prions e a distinção entre
casos familiares e esporádicos e as adquiridas pela contaminação
ocorrida através de procedimentos médicos ou da ingestão de
alimentos contaminados por prions, deve-se obter o tecido cerebral
não-fixado. Em todos os casos de suspeita de uma doença priônica,
um mínimo de um centímetro cúbico de córtex cerebral não-fixado
deve fazer parte da biópsia. Essa amostra deve ser biseccionada a
partir da superfície cortical até a substância branca do cérebro
adjacente, com uma metade da amostra fixada em formalina e a
outra metade congelada.

Autópsias: As autópsias de rotina e o processamento de


quantidades de tecidos fixados em formalina contendo prions
humanos requerem os cuidados de um Nível de Biossegurança 221.
Na autópsia, todo o cérebro deve ser coletado e cortado em
secções coronais de aproximadamente 4 cm de espessura.
Pequenos blocos de tecidos podem facilmente ser removidos de
cada secção coronal e colocados em um fixador para posterior
análise histopatológica. Cada secção coronal deverá ser
imediatamente lacrada por calor em uma sacola de plástico para
carga pesada. Presupõe-se que o exterior desta sacola esteja
contaminado por prions e por outros patógenos. Com luvas novas
ou com a ajuda de um assistente que esteja usando luvas sem
contaminação, esta sacola contendo a amostra deverá ser colocada
em outra sacola plástica que não possua uma superfície exterior
contaminada. As amostras, então, deverão ser congeladas em gelo
seco ou colocadas diretamente em um freezer com temperatura de
– 70º C para armazenamento. Deve-se obter e congelar, no mínimo,
uma secção coronal do hemisfério do cerebelo contendo o tálamo
e uma do hemisfério cerebelar e do tronco cerebral.

154
Relação de Agentes — Prions

A ausência de qualquer tratamento eficaz para doenças


priônicas demanda muita cautela. As maiores concentrações de
prions se encontram na área do sistema nervoso central. Baseado
em estudos animais há a possibilidade de que altas concentrações
de prions sejam encontradas no baço, timo, nódulos linfáticos e
pulmões. O principal cuidado a ser tomado quando estiver realizando
um trabalho com material contaminado ou infectado por prions é o
de evitar a perfuração da pele25. A pessoa que estiver realizando o
procedimento deverá utilizar luvas resistentes a perfurações. Caso
ocorra uma contaminação acidental da pele, a área deverá ser
esfregada com hidróxido de sódio a 1 N durante cinco minutos e
depois enxaguada com enormes quantidades de água. As Tabelas
de 2-5 proporcionam procedimentos para a redução de perfurações
na pele, formação de aerossóis e contaminação da sala de cirurgia,
das superfícies do necrotério e dos instrumentos. As amostras não-
fixadas de cérebro, medula espinhal e de outros tecidos contendo
prions humanos deverão ser processadas com extremo cuidado
em um Nível de Biossegurança 3.

Encefalopatia Espongiforme Bovino. O risco de contaminação


humana pelos prions BSE ainda não está muito claro. Talvez, a
abordagem mais prudente seja estudar os prions BSE em
dependências de um Nível de Biossegurança 2 ou 3 dependendo
das amostras a serem estudadas, como observado para prions
humanos (cérebro, medula espinhal).

Doenças priônicas em roedores experimentais. Os


camundongos e hamsters são os animais experimentais de escolha
para todos os estudos da doença priônica. Com o desenvolvimento
do camundongo transgênico, que é altamente susceptível aos prions
humanos, o uso de chimpanzés e macacos raramente é necessário.
As maiores titulações de prions (~ 109,5 DI50/g) são encontradas no
cérebro e na medula espinhal de roedores de laboratório infectados
com cepas adaptadas de prions26, 27, e as menores titulações (~ 106
DI50 /g) estão presentes no baço e no sistema linforeticular28, 29.

Propriedades Físicas dos Prions. A menor partícula de um


prions infeccioso é provavelmente de um dímero de PrPSc. Esta

155
Relação de Agentes — Prions

estimativa é consistente com o tamanho de um alvo de radiação


ionizante de 55 ± 9 kDa30. Portanto, os prions podem não ser
contidos pela maioria dos filtros existentes que de forma eficaz
eliminam as bactérias e vírus. Além disto, os prions se agregam às
partículas de tamanho não uniforme e assim, os detergentes não
conseguem solubilizá-los, exceto sob condições de desnaturação
onde a infectividade é perdida31, 32. Os prions resistem à inativação
através da nuclease33, irradiação de UV a 254 nm34, 35 e tratamento
com psoralens36, cátions divalentes, queladores do íon metal, ácidos
(entre pH 3 e 7), hidroxilamina, formalina, ebulição ou proteases37,
38
.

Inativação dos prions. Os prions se caracterizam pela extrema


resistência aos procedimentos convencionais de inativação incluindo
a irradiação, a ebulição, calor seco e agentes químicos (formalina,
betapropiolactona, álcoois). Embora a infectividade do prions em
amostras purificadas seja diminuída pela prolongada digestão com
proteases39, 40, os resultados de ebulições em dodecilsulfato de sódio
e uréia são variáveis. A esterilização de extratos cerebrais de
roedores com altas titulações requer o uso da autoclave a 132 º C
durante quatro horas e meia. Os solventes orgânicos
desnaturadores como o fenol, os reagentes caotrópicos como o
tiocianato de guanidina e os álcalis como o NaOH podem também
ser utilizados para a esterilização41, 42, 43, 44,45. Os prions são inativados
através do NaOH a 1 N, cloridrato ou isocianato de guanidínio a 4.0
M, hipoclorito de sódio (concentração livre de cloro ³ 2) e autoclave
a vapor a 132º C durante quatro horas e meia46, 47, 48,49. Recomenda-
se que o dejeto seco seja autoclavado a 132º C durante quatro
horas e meia ou então incinerado. Grandes volumes de dejetos
líquidos infecciosos contendo altas titulações de prions podem ser
totalmente esterilizados através do tratamento com NaOH a 1 N
(concentração final) ou através de uma autoclave a 132º C durante
quatro horas e meia. Os vasilhames plásticos, que podem ser
descartados como dejeto seco, são altamente recomendáveis. Uma
vez que o procedimento de vaporização com paraformaldeído não
diminui a titulação do prions, as cabines de segurança devem ser
descontaminadas com NaOH a 1 N, seguido de HCI a 1 N e depois
enxaguadas com água. Os filtros HEPA devem ser autoclavados e
incinerados.

156
Relação de Agentes — Prions

Embora não haja evidências que possam sugerir que a trans-


missão via aerosol ocorra na doença natural, é mais prudente evi-
tar a formação de aerossóis ou perdigotos durante a manipulação
de tecidos ou líquidos e durante a necropsia de animais
experimentais. Recomenda-se também, o uso de luvas para
atividades que propiciem o contato direto da pele com tecidos e
líquidos infecciosos. Os tecidos fixados em formaldeídos e
embebidos em parafina, especialmente tecidos cerebrais,
permanecem infecciosos. Alguns pesquisadores recomendam que
tecidos de casos suspeitos de doenças priônicas fixados em
formaldeídos sejam imersos durante 30 minutos em ácido fórmico
a 96% ou em fenol antes de ser processado histopatologicamente50,
mas esse tratamento pode distorcer a neuropatalogia microscópica.

Manuseio e processamento de tecidos de pacientes com


suspeita de doença por prions. As características especiais do
trabalho com prions requerem uma atenção particular com as
instalações, equipamentos, normas e procedimentos envolvidos.
As considerações relacionadas sublinhadas nas seguintes tabelas
devem ser incorporadas à administração dos riscos laboratoriais
para este trabalho.

Tabela 2. Precauções padrões* para autópsias de pacientes


com suspeita de doença por prions.
*Não confundir com “Procedimentos Universais Padrões”

1. O atendimento deverá ser limitado a um patologista experiente


e uma equipe pequena. Os membros da equipe deverão evitar
o contato direto com o corpo, mas deverão assistir ao
procedimento através do manuseio dos instrumentos e
recipientes da amostra.

2. Um traje padrão para autópsia é obrigatório.

a. Ao invés de um avental de tecido, deve-se usar uma roupa


descartável e a prova de água.

b. Luvas resistentes a cortes e perfurações deverão ser


colocadas debaixo de dois pares de luvas cirúrgicas ou

157
Relação de Agentes — Prions

luvas “chain mail”, que deverão ser usadas entre dois pa-
res de luvas cirúrgicas.

c. Os aerossóis são formados principalmente durante a


abertura do crânio com uma serra Stryker. Uma proteção
respiratória adequada deverá ser utilizada (PAPR).

3. Para reduzir a contaminação da sala de autópsia:

a. A mesa de autópsia deverá ser coberta com um lençol


descartável com fundo plástico à prova d’água.

b. Os instrumentos contaminados deverão ser colocados em


um papel absorvente.

c. O cérebro deverá ser removido, enquanto a cabeça deverá


ser colocada em um saco plástico para a redução da
nebulização e de borrifos.

d. O cérebro poderá ser colocado em um recipiente com um


revestimento de saco plástico para pesagem.

e. O cérebro deverá ser colocado em uma tábua de corte e


as amostras adequadas serão dissecadas para o
congelamento instantâneo (veja Tabela 4).

f. O cérebro ou os órgãos a ser fixado deverá ser


imediatamente colocado em um recipiente com um tampão
neutro de formalina a 10%.

g. Na maioria dos casos de suspeita de doença priônica, a


autópsia pode ser limitada somente ao exame do cérebro.
Em casos que exijam uma autópsia completa, devemos
considerar o exame e amostragem dos órgãos torácicos e
abdominais in situ.

Tabela 3. Procedimentos de descontaminação da sala de


autópsia.

1. Os instrumentos (grampos) e as lâminas da serra deverão ser


colocados em uma placa grande de aço inoxidável que deverá

158
Relação de Agentes — Prions

ser imersa durante uma hora em hidróxido de sódio a 2 N ou


durante duas horas em hidróxido de sódio a 1 N, e depois
deverão ser bem enxaguados em água antes de serem
autoclavados a uma temperatura de 134º C (autoclave de vapor
com deslocamento de gravidade) por 1 hora; autoclave de
vapor para cargas porosas por um ciclo de 18 minutos a 30
libras por polegada quadrada ou seis ciclos de 3 minutos a 30
libras por polegada quadrada).

2. A serra Stryker deverá ser descontaminada através de


repetidas umidificações com uma solução de hidróxido de sódio
a 2 N por um período de um hora. Uma lavagem adequada
deverá ser realizada para remoção do NaOH residual.

3. O papel absorvente que cobre a mesa e envolve os


instrumentos, as roupas descartáveis, etc. deverão ser
duplamente embaladas em sacos adequados para lixos
infecciosos para posterior incineração.

4. Quaisquer áreas suspeitas de contaminação da mesa ou da


sala de autópsia deverão ser descontaminadas através de
repetidos banhos de uma solução de hidróxido de sódio a 2 N
durante uma hora.

Tabela 4. Procedimentos de corte do cérebro.

1. Após a adequada fixação em formaldeído (pelo menos de 10-


14 dias), o cérebro deverá ser examinado e cortado sobre
uma mesa coberta com um papel absorvente que possua a
parte de trás coberta por um material impermeável.

2. As amostras para a histologia deverão ser etiquetadas com o


termo: “As precauções da CJD”. Para laboratórios que não
possuam equipamento para coloração e imersão ou um
micrótomo exclusivo para doenças infecciosas incluindo a CJD,
blocos de tecido fixado através da formalina poderão ser
colocadas em ácido fórmico absoluto a 96% durante 30
minutos, seguido de uma solução de tampão neutro de formalina
a 10% por pelo menos 48 horas51. O bloco de tecido será,

159
Relação de Agentes — Prions

então, imerso em parafina como normalmente é realizado. As


técnicas neurohistológicas ou imunohistoquímicas padrões não
são afetadas pelo tratamento com o ácido fórmico; porém, de
acordo com a nossa experiência, os cortes de tecidos se tornam
quebradiços e danificados durante o seccionamento.

3. Todos os instrumentos e superfícies que tiveram um contato


com o tecido deverão ser descontaminados como descrito na
Tabela 3.

4. Os resíduos de tecidos, fragmentos de cortes e solução de


formaldeído contaminado deverão ser descartados como lixo
hospitalar descartável para eventual incineração.

Tabela 5. Preparação do tecido

1. Os técnicos de histologia deverão usar luvas, aventais, jalecos


e proteção facial.

2. A fixação adequada de pequenas amostras de tecidos (por


exemplo, biópsias) de um paciente com suspeita de doença
priônica deverá passar por uma pós-fixação em ácido fórmico
absoluto a 96% durante 30 minutos, seguido de 48m horas
em formalina fresca a 10%.

3. O dejeto líquido deverá ser coletado em um garrafão para lixo


de 4 litros contendo 600 ml de hidróxido de sódio a 6 N.

4. As luvas, moldes imersos e todos os materiais de manipulação


deverão ser descartados como lixo de perigo biológico.

5. As fitas de tecido deverão ser processadas manualmente para


prevenir a contaminação dos processadores de tecido.

6. Os tecidos que deverão ser imersos em um molde descartável.


Caso seja utilizado, as pinças deverão ser descontaminados.

7. Ao preparar as secções, recomenda-se o uso de luvas. Os


cortes não usados deverão ser coletados e desprezados em
um container para lixo de perigo biológico. A faca deverá ser
160
Relação de Agentes — Prions

lavada com uma solução de NaOH a 1-2N e deverá ser des-


cartada imediatamente em um recipiente para “objetos cor-
tantes biológicos”. As lâminas deverão ser etiquetadas com
os dizeres “Precauções contra CDJ”. O bloco seccionado
deverá ser fixado com parafina.

8. Coloração de rotina:

a. As lâminas deverão ser processadas manualmente.


b. Os reagentes deverão ser preparados em cálices de 100
ml descartáveis.
c. Após a colocação da lamínula, as lâminas deverão ser
descontaminadas ao mergulhá-las em uma solução de
NaOh a 2 N durante 1 hora.
d. As lâminas deverão ser etiquetadas como “CDJ –
Infecciosos”.

9. Outras sugestões:
a. Os cálices descartáveis ou as estantes para lâminas
poderão ser usados para os reagentes.
b. As lâminas para a imunocitoquímica poderão ser
processadas em placas de Petri descartáveis.
c. O equipamento deverá ser descontaminado como descrito
acima.

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51. Brown P., Wolff A., Gajdusek D.C. 1990. (38)

164
• Seção VII-E: Agentes Rickettsiais
Agente: Coxiella burnetii

Dos agentes rickettisiais, a Coxiella burnetii provavelmente é


o agente que apresenta o maior risco de uma infecção laboratorial.
O organismo é altamente contagioso e incrivelmente resistente à
secagem e as condições ambientais1. A dose infecciosa dos
organismos da Fase I virulenta em laboratórios animais tem sido
calculada como sendo tão pequena quanto um único
microorganismo. A dose humana infecciosa estimada ID25-50
(inalação) para a febre Q é de 10 organismos2. O resumo de Pike
indica que a febre Q é a segunda infecção associada a laboratório
mais comumente relatada, com surtos envolvendo 15 ou mais
pessoas registradas em várias instituições3, 4. Vários mamíferos
domésticos e selvagens são os hospedeiros naturais da febre Q e
podem servir como fontes potenciais de infecção para as pessoas
que trabalham em um laboratório e para os tratadores de animais
de laboratórios. A exposição a ovelhas naturalmente infectadas e
freqüentemente assintomáticas e seus filhotes são parte de um risco
documentado ao pessoal5, 6. Embora rara, a C. burnetii é conhecida
por causar infecções crônicas como a endocardite ou a hepatite
granulomatosa.

Riscos em Laboratório: A necessidade do uso de ovos


embrionários ou de técnicas de cultura celular para a reprodução
da C. burnetii leva a extensivos procedimentos de purificação. A
exposição aos aerossóis contagiosos e inoculação parenteral são
as fontes mais prováveis de contágio para as pessoas que
trabalham em laboratórios e as que tratam de animais7. Os agentes
podem ser encontrados em artrópodes infectados, no sangue, urina,
fezes, leite e tecidos de hospedeiros animais ou humanos
infectados. As placentas de ovelhas infectadas podem conter até
109 organismos por grama de tecido8, enquanto que o leite pode
conter 105 organismos por grama.

Precauções Recomendadas: As práticas e as instalações do


Nível de Biossegurança 2 são indicados para procedimentos

165
Relação de Agentes — Agentes Rickettsiais

laboratoriais não reprodutivos, incluindo os exames sorológicos e


a coloração de impressão dos esfregaços. As práticas e instalações
do Nível de Biossegurança 3 são indicadas para atividades
envolvendo a inoculação, incubação e a coleta de ovos embrionados
ou de culturas de células, a necropsia de animais infectados e a
manipulação de tecidos infectados. Uma vez que cobaias e outros
roedores podem conter o agente nas fezes ou urina9, os roedores
experimentalmente infectados deverão ser mantidos sob um Nível
de Biossegurança Animal 3. O isolamento clonal específico de cepas
não virulentas (Fase II) pode ser considerado para condições de
contenção inferiores10.

Spinelli 11 e Bernard 12 descreveram as precauções


recomendadas para as instalações, quando ovelhas são utilizadas
como animais experimentais. Uma nova Fase I de investigação, a
vacina contra a febre Q (IND), já se encontra disponível para os
indivíduos incluídos no Special Immnunizations Program (USAMRIID),
em Fort Detrick, Maryland. O uso da vacina deve se limitar aos
indivíduos que estão expostos a altos riscos e que não tenham
demonstrado sensibilidade ao antígeno da febre Q. Os indivíduos
que possuem uma doença cardiovalvular não deverão trabalhar
com a C. burnetii.

Transferência do Agente: A licença para importação deste


agente deve ser obtida através do CDC. No caso de uma licença
para exportação, esta deverá ser conseguida através do Department
of Commerce. O registro do laboratório junto ao CDC é necessário
para o envio ou recebimento do agente. Já a licença para importação
ou transporte doméstico deste agente poderá ser obtida através
do USDA/APHI/VS.

Agente: Rickettsia prowazekii, Rickettsia typhi (R. mooseri),


Orientia (Rickettsia) tsutsugamushi e os agentes do
Grupo da Febre Maculosa de doença humana;
Rickettsia ricketsii, Rickettsia conorii, Rickettsia
akari, Rickettsia australis, Rickettsia siberica e
Rickettsia japonicum.

Pike relatou 57 casos de tifo (tipo não especificado) associado


a laboratório, 56 casos de tifo epidêmico com três mortes e alguns

166
Relação de Agentes — Agentes Rickettsiais

casos de tifo murino13. Mais recentemente, três casos de tifo murino


foram relatados em um laboratório de pesquisa14. Dois destes três
casos estavam associados ao manuseio de materiais infecciosos
em bancadas abertas e o terceiro caso foi provocado por uma
inoculação parenteral acidental. Esses três casos representaram
uma incidência de 20% das pessoas que trabalham com materiais
infecciosos.

A febre maculosa das Montanhas Rochosas é um risco


documentado para as equipes laboratoriais. Pike relatou 63 casos
adquiridos em laboratório, dos quais 11 foram fatais15. Oster, por
sua vez, registrou 9 casos que ocorreram por um período de 6
anos em um laboratório, que acreditava serem resultantes de uma
exposição aos aerossóis infecciosos16.

Riscos em Laboratório: A inoculação parenteral acidental e a


exposição aos aerossóis contagiosos são as fontes mais prováveis
de infecções associadas a laboratório17. A transmissão bem sucedida
através de aerossóis contaminados por R. rickettsii foi documentada
experimentalmente em primatas não-humanos18. Cinco casos de
varíola por riquétsia registrados por Pike estavam associados a
exposição às picadas de ácaros infectados19.

Mamíferos naturalmente ou experimentalmente infectados,


seus ectoparasitas e seus tecidos infectados são considerados riscos
potenciais de infecção humana. Os organismos são relativamente
instáveis sob condições ambientais normais.

Precauções Recomendadas: As práticas e instalações do


Nível de Biossegurança 2 são indicadas para procedimentos
laboratoriais não reprodutivos, incluindo procedimentos sorológicos
e de anticorpo fluorescente e ainda a coloração de impressão dos
esfregaços. As práticas e instalações do Nível de Biossegurança 3
são indicadas para todas as outras manipulações de materiais
sabiamente ou potencialmente infecciosos, incluindo a necropsia
de animais experimentalmente infectados e trituração de seus
tecidos, a inoculação, incubação e coleta de ovos embrionados e
culturas de células. As práticas e instalações do Nível de

167
Relação de Agentes — Agentes Rickettsiais

Biossegurança Animal 2 são indicadas para o alojamento de mamí-


feros, com exceção dos artrópodes, experimentalmente infectados.
Já as práticas e instalações do Nível 3 são indicadas para estudos
animais com artrópodes naturalmente ou experimentalmente
infectados por agentes rickettsiais da doença humana.

Devido ao valor comprovado da terapia com antibióticos nos


estágios iniciais da infecção, é essencial que os laboratórios que
trabalham com a riquétsia possuam um sistema eficaz de relato de
doenças febris na equipe laboratorial, uma avaliação médica de
casos potenciais e, quando indicado, a instituição de uma terapia
antibiótica adequada. As vacinas, atualmente, não estão a
disposição para uso em homens (veja a seção seguinte sobre
Vigilância).

Transferência do Agente: A licença para importação deste


agente deve ser obtida através do CDC. No caso de uma licença
para exportação, esta deverá ser conseguida através do Department
of Commerce. O registro do laboratório junto ao CDC é necessário
para o envio ou recebimento do agente.

Vigilância da Equipe Laboratorial em relação às Infecções


Rickettsiais Adquiridas em Laboratórios.

Sob circunstâncias naturais, a gravidade da doença causada


por agentes rickettsiais varia consideravelmente. Em laboratório,
inoculações muito grandes são possíveis, o que poderia produzir
respostas raras, mas muito sérias. A vigilância da equipe em relação
às infecções por rickéttsias adquiridas a laboratório pode reduzir
de forma dramática o risco de sérias conseqüências da doença.

A experiência mostra que as infecções quando


adequadamente tratadas com quimioterapia anti-rickettisial
específica no primeiro dia da doença, geralmente não provocam
sérios problemas no indivíduo. A demora em adotar esta
quimioterapia, porém, pode resultar em uma doença debilitante ou
muito aguda variando com períodos crescentes de convalescença

168
Relação de Agentes — Agentes Rickettsiais

no caso do tifo e em morte no caso de tifo rural em infecções por R.


rickettsii. A chave para a redução da gravidade da doença
provocada por infecções associadas a laboratório é um sistema
confiável de vigilância que inclui: 1. Disponibilidade total de um
médico experiente; 2. Doutrinação de toda a equipe sobre os riscos
potenciais do trabalho com agentes rickettisiais e as vantagens de
uma terapia precoce, 3. Um sistema de relatórios para todas as
exposições conhecidas e para todos os acidentes ocorridos, 4.
Relatórios de todas as doenças febris, especialmente as associadas
a dor de cabeça, mal-estar e prostração quando não existir nenhuma
outra causa e 5. Uma atmosfera de não punição que possa motivar
o relato de qualquer doença febril.

Os agentes rickttesiais podem ser manipulados em um


laboratório com um perigo real mínimo quando um sistema
adequado de vigilância for complementado por uma equipe que
tenha conhecimento sobre os riscos de infecções por riquétsias e
usos de medidas seguras recomendadas pelo Resumo das
Características dos Agentes.

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Relação de Agentes — Agentes Rickettsiais

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170
• Seçào VII-F: Agentes Virais (não incluindo o arbovírus)
Agentes: Hantavírus

O trabalho com o vírus de Hantaan (febre hemorrágica com


síndrome renal) e outros hantavírus (Puumala, Seul e Sin Nombre
sendo ou não registrados no International Catalogue of Arboviruses
and Certain Other Viruses – 1985, como o vírus El Moro Canyon)
em ratos, ratazana e outros roedores de laboratório, deverá ser
conduzido com especial cuidado devido ao risco extremo de
contágio por aerossóis, especialmente da urina de roedores
infectados.

A Síndrome Pulmonar por Hantavírus (HPS) é uma nova


doença grave e freqüentemente fatal, causada pelo vírus Sin
Nombre e/ou um vírus relacionado 1. A maioria dos casos de
patologias humanas resultou de exposições a roedores selvagens
naturalmente infectados. Os vetores artrópodes não são conhecidos
como transmissores do hantavírus. Nenhuma transmissão de um
indivíduo para outro foi provocada por um vírus associado a essa
doença.

Riscos em Laboratório: A transmissão laboratorial do


hantavírus de roedores para os homens através do aerossol é bem
documentada2, 3, 4,5. As exposições às excreções de roedores, material
fresco para necropsia e roupas que envolvem os animais de
laboratório são supostamente associadas ao risco. Outras vias
potenciais de infecção incluem a ingestão, o contato de materiais
contagiosos com membranas mucosas ou pele rachada e, em
particular, mordidas de animais.

Quatro trabalhadores de laboratório foram infectados


enquanto trabalhavam com o vírus Hantaan adaptado a uma cultura
de células. Embora os procedimentos associados às infecções ainda
não estejam bem explicados, esses quatro indivíduos trabalharam
repetidas vezes com culturas de hantavírus e realizaram a
centrifugação do vírus concentrado6. O RNA viral foi detectado em
amostras de necropsias e no sangue e plasma de um paciente

171
Relação de Agentes — Agentes Virais

coletados no início da doença7. As implicações destas descobertas


para a infectividade do sangue ou dos tecidos são desconhecidas.

Precauções Recomendadas: As práticas e instalações do


Nível de Biossegurança 2 são indicadas para o manuseio laboratorial
de soros de pessoas potencialmente infectadas com os agentes
da HPS. O uso de uma cabine de segurança biológica certificada é
recomendado para todas as manipulações com líquidos humanos
corporais quando existe um potencial para a formação de borrifos
ou aerossóis.

Amostras de tecidos potencialmente infectados deverão ser


manipuladas em instalações do NB-2 seguindo as práticas e
procedimentos do NB-3. A reprodução do vírus em culturas de
células deverá ser realizada em uma instalação do NB-3, seguida
das práticas e procedimentos do NB-3. O crescimento em grande
escala do vírus, incluindo a preparação e manuseio dos
concentrados virais, deverá ser feito em instalações de contenção
do NB-4.

Espécies de roedores experimentalmente infectados


conhecidos por não apresentarem o vírus nas fezes poderão ser
alojados em instalações do NBA-2, usando práticas e procedimentos
do NBA-2. As cabines de segurança e outros dispositivos de
contenção física primária deverão ser utilizados onde procedimentos
com um alto potencial para formação de aerossóis estiverem sendo
conduzidos. O soro ou amostras de tecidos de roedores
potencialmente infectados deverá ser manipulado em NB – 2,
usando práticas e procedimentos de um NB-3. Todo o trabalho
envolvendo a inoculação do vírus contendo amostras do P.
maniculatus ou outras espécies permissivas deverá ser conduzido
em NBA-4.

Transferência do Agente: A licença para importação destes


agentes deve ser conseguida através do CDC. A licença para
exportação deverá ser conseguida junto ao Department of
Commerce e é necessário o registro do laboratório junto ao CDC
antes do envio ou recebimento destes agentes.

172
Relação de Agentes — Agentes Virais

Agente: Hendra e Vírus Semelhantes a Hendra (inclusive o


vírus anteriormente conhecido como Morbilivirus
Eqüino)

Surtos de um paramixovírus anteriormente desconhecido, que


foi primeiramente chamado de morbilivírus eqüino e posteriormente
denominado de “vírus Hendra”, ocorreram em cavalos na Austrália
em 1994 e 19958, 9, 10,11,12. Três pessoas que possuíam um contato
próximo com cavalos enfermos desenvolveram a encefalite ou a
doença respiratória e duas falecerem. Nenhum surto associado à
doença humana foi reconhecido, mas dois indivíduos que
trabalhavam em chiqueiro de porcos lembraram de uma doença
que tiveram semelhante à gripe, na mesma época em que ocorreram
os surtos. Além disto, todos os dois indivíduos possuíam titulações
neutralizadoras de anticorpos ao vírus de Menangle. De 1998 a
1999, um surto da doença provocado por um vírus semelhante,
mas distinto do Hendra aconteceu na Cingapura e Malásia13. Nestes
dois países, a doença humana - caracterizada por febre, dor de
cabeça grave, mialgia e sinais de encefalite – acometeu indivíduos
que tiveram um contato próximo com porcos (isto é, fazendeiros e
trabalhadores de abatedouros). Poucos pacientes desenvolveram
uma doença respiratória. Metade das pessoas infectadas por esse
vírus faleceram. O(s) hospedeiro(s) natural(is) da Hendra e de vírus
semelhantes a Hendra não foram identificados. Porém, na Austrália
os morcegos eram animais suspeitos de carregarem o vírus Hendra.
Estudos epidemiológicos e laboratoriais estão em andamento.

Nenhuma infecção adquirida em laboratório é conhecida por


ter sido resultante da exposição ao Hendra ou ao vírus semelhante
a Hendra. Porém, deve-se observar que nos surtos da Austrália e
da Malária/Cingapura, o vírus foi reconhecido como um significativo
patógeno veterinário. Estudos laboratoriais foram limitados aos
laboratórios de doenças infecciosas humanas e/ou veterinárias de
alta contenção. Os cientistas e veterinários da saúde pública, por
sua vez, têm acompanhado de perto todos estes estudos.

Riscos em Laboratório: O modo exato de transmissão ainda


não foi estabelecido. Todos os casos até hoje estavam associados

173
Relação de Agentes — Agentes Virais

ao contato próximo com cavalos, e com o sangue ou líquidos cor-


porais de cavalos (Austrália) ou de porcos (Malásia/Cingapura). O
vírus Hendra e o semelhante a ele foram encontrados nos tecidos
de animais contaminados durante os surtos descritos acima. Em
um recente surto na Malásia e em Cingapura, o antígeno viral foi
descoberto no sistema nervoso central, tecidos renais e pulmonares
de casos humanos fatais14.

Precauções Recomendadas: Devido aos riscos


desconhecidos para os trabalhadores do laboratório e ao impacto
potencial sobre criações de animais nativos, o vírus deverá ser
pesquisado ou diagnosticado no laboratório. Os fiscais da saúde e
os gerentes dos laboratórios deverão avaliar a necessidade de se
realizar um trabalho com esse vírus e a capacidade das
dependências antes de iniciarem qualquer trabalho com o Hendra,
com o vírus semelhante ao Hendra ou com vírus suspeitos
relacionados. Especialistas em doenças da saúde pública e
veterinária deverão desenvolver planejamentos como estudos
laboratoriais e transporte de amostras e de substâncias isoladas
para o laboratório. Até que mais informações sejam conseguidas,
o manuseio de amostras clínicas humanas ou tentativas de
isolamento deste vírus deverá ser realizado em dependências de
um NB-3 e por pessoas experientes. O NB-4 (laboratório escafandro
ou cabines de segurança Classe III) deverá ser utilizado em qualquer
trabalho envolvendo animais contaminados ou envolvendo grandes
quantidades de vírus15.

Transferência do agente: A licença para importação deste


agente deve ser obtida através do CDC. No caso de uma licença
para exportação, esta deverá ser conseguida através do Department
of Commerce. O registro do laboratório junto ao CDC é necessário
para o envio ou recebimento do agente.

Agente: Vírus da Hepatite A, Vírus da Hepatite E

As infecções com os vírus da hepatite A e E adquiridas em


laboratório não parecem ser importantes riscos ocupacionais para
as equipes laboratoriais. Porém, a doença é um risco documentado
para as pessoas que manuseiam animais e para outros que
trabalham com chimpanzés e outros primatas não-humanos

174
Relação de Agentes — Agentes Virais

experimentalmente ou naturalmente contaminado16. O vírus da he-


patite E parece ser um risco menor para as pessoas que trabalham
com ele do que o grande risco envolvendo os que manuseiam o
vírus da hepatite A, exceto durante a gravidez quando a infecção
pode resultar em uma doença fatal ou grave. Os trabalhadores
que manipulam outros primatas recentemente capturados e sus-
ceptíveis (macacos coruja, sagüis) podem também estar correndo
um sério risco.

Riscos em Laboratório: Os agentes podem ser encontrados


nas fezes, saliva e sangue de humanos e primatas não-humanos
contaminados. A ingestão de fezes, água de vaso sanitário e de
outros materiais contaminados é o risco primário para a equipe
laboratorial. A importância da exposição aos aerossóis não foi
demonstrada. Cepas atenuadas ou não virulentas dos vírus da
hepatite A resultantes de passagens em série em cultura celular
foram descritas17, 18.

Precauções Recomendadas: As práticas, equipamento de


segurança e instalações do Nível de Biossegurança 2 são indicados
para atividades com fezes humanas ou de primatas não - humanos
conhecidamente ou potencialmente contaminada. Já as práticas e
instalações do Nível de Biossegurança Animal 2 são indicadas para
atividades que usem primatas não-humanos naturalmente ou
experimentalmente contaminados. Os tratadores de animais deverão
usar luvas e tomar outras precauções adequadas para evitar
possíveis exposições fecal-oral. Uma vacina inativada licenciada
contra a hepatite A está disponível na Europa. Nos Estados Unidos
encontramos somente uma vacina de pesquisa que é a
recomendada para os trabalhadores de laboratório. As vacinas
contra a hepatite E não estão disponíveis para o uso em humanos.

Transferência do Agente: A licença para importação este


agente deverá ser obtida junto ao CDC.

Agente: Vírus da Hepatite B, Vírus da Hepatite C (anteriormente


conhecido como Vírus não-A e vírus não-B) e Vírus
da Hepatite D

A hepatite B tem sido uma das infecções associadas a


laboratório19 mais freqüentemente encontrada e os trabalhadores

175
Relação de Agentes — Agentes Virais

de laboratório são reconhecidos como o grupo de maior risco de


contaminação por este vírus20. Os indivíduos contaminados pelo
vírus da hepatite B correm o risco de contraírem o vírus da hepatite
D (delta), que é incompleto e requer a presença do vírus da hepatite
B para se reproduzir.

A infecção por hepatite C pode acontecer em um laboratório.


A prevalência do anticorpo da hepatite C é levemente maior em
trabalhadores da área da saúde pública do que na população em
geral. Evidências epidemiológicas indicam que a hepatite C é
disseminada predominantemente pela via parenteral21, 22,23.

Riscos em Laboratório: O vírus da hepatite B pode ser


encontrado no sangue e produtos sanguíneos de origem humana,
na urina, sêmen, líquido cerebroespinhal e saliva. A inoculação
parenteral, exposição das membranas mucosas e da pele lesada
aos perdigotos são os riscos primários laboratoriais. O vírus pode
ser estável no sangue ou nos componentes do sangue seco. Cepas
atenuadas ou não virulentas não foram identificadas.

O vírus da Hepatite C tem sido detectado primariamente em


sangue e soro, menos freqüentemente na saliva e raramente em
urina ou semen. E aparece ser relativamente instável, quando
estocado em temperatura ambiente, e em congelamentos e
descongelamentos repetidos.

Precauções Recomendadas: As práticas, equipamento de


contenção e instalações do Nível de Biossegurança 2 são indicadas
para todas as atividades utilizando líquidos corporais e tecidos
conhecidamente ou potencialmente contaminados. Precauções
pessoais e contenção primária adicional, como as descritas para o
Nível de Biossegurança 3, podem ser indicadas para atividades
com potencial para a formação de perdigotos ou aerossóis e para
as atividades envolvendo quantidades ou concentrações de
produção de materiais infecciosos. As práticas, equipamento de
contenção e instalações do Nível de Biossegurança Animal 2 são
indicadas para atividades que utilizem chimpanzés ou outros
primatas não-humanos contaminados naturalmente ou
experimentalmente. Deve-se usar luvas quando trabalhos com

176
Relação de Agentes — Agentes Virais

animais contaminados estiverem sendo realizados ou quando hou-


ver a possibilidade de contato da pele com materiais contamina-
dos. As vacinas recombinantes licenciadas contra a hepatite B es-
tão disponíveis e são altamente recomendadas e oferecidas aos
trabalhadores e laboratórios24. Já as vacinas contra a hepatite C e
D ainda não estão disponíveis para uso humano.

Além destas precauções recomendadas, as pessoas


que trabalham com o HBV, HVC ou outros patógenos do
sangue deverão consultar o ASHA Bloodborne Pathogen
Standard 25. Questões relacionadas à interpretação destes
padrões deverão ser direcionadas aos escritórios federais,
regionais e estaduais da OSHA.

Transferência do Agente: A licença para importação destes


agentes deverá ser obtida através do CDC.

Agentes: Herpesvirus simiae (Cercopithecine herpesvirus [CHV-


1], B-virus)

O CHV-1 é um alfaherpesvírus que ocorre naturalmente


contaminando símios livres ou em cativeiro incluindo a Macaca
mulatta, M. fascicularis e outros membros do gênero. Em símios
este está associado a lesões orais vesiculares agudas, assim como
infecções latentes e freqüentemente recrudescentes26. A infecção
humana tem sido documentada em pelo menos 50 casos,
geralmente com um resultado fatal ou com sérias seqüelas de
encefalites27, 28, 29, 30, 31, 32,33. Vinte e nove casos fatais de infecções
humanas (com um índice de fatalidade de 58%) com o CHV-1 foram
relatados 34, 35, 36,37.

Embora o CHV-1 apresente um risco potencial aos


trabalhadores de laboratórios que manipulam esse agente, as
infecções humanas com o CHV-1 adquiridas em laboratório, com
raras exceções, se limitaram aos trabalhadores que tiveram um
contato direto com os símios. As culturas celulares primárias de
símios, incluindo as células dos rins do macaco reso
comercialmente preparadas, ocasionalmente podem ser

177
Relação de Agentes — Agentes Virais

assintomaticamente contaminadas com o CHV-1 e estavam com-


prometidas em um caso humano38.

O treinamento específico periódico sobre a avaliação do risco,


a compreensão dos modos de transmissão e exposição ao CHV-1
e o uso adequado de equipamentos de proteção pessoal são itens
altamente recomendados para as pessoas que trabalham com ou
que possuam um contato direto com símios, seus tecidos e com um
meio ambiente potencialmente contaminado por eles (incluindo
gaiolas, brinquedos e materiais de dejetos). É necessário um
treinamento adequado para primeiros socorros e para o
abastecimento, além de um apoio médico emergencial.

Riscos em Laboratório: O alojamento assintomático acontece


na maioria das transmissões entre os macacos e os trabalhadores
humanos, embora o maior risco de se adquirir o vírus CHV-1 de
símios seja através da mordida de um macaco contaminado e que
possua lesões ativas. A contaminação da pele rachada ou das
membranas mucosas por secreções orais, oculares ou urogenitais
de símios contaminados durante suas infecções recrudescentes
ou primárias é também perigosa e tem provocado pelo menos um
caso de mortalidade ocupacional39. A estabilidade de partículas virais
em gaiolas e outras superfícies não é conhecida, mas o risco
potencial dever ser reconhecido para cortes ou abrasões
provocados por estas superfícies potencialmente contaminadas.
Acredita-se que outros alfaherpesvírus não irão persistir no meio
ambiente por longo tempo. O trabalho experimental com animais
indica que a importância da exposição aos aerossóis do CHV-1 é
possivelmente mínima. Cepas atenuadas ou não virulentas ainda
não foram identificadas.

O agente também pode ser encontrado em vísceras torácicas


e abdominais e nos tecidos nervosos de símios naturalmente
contaminados. Esses tecidos e as culturas preparadas a partir deles,
são riscos potenciais40.

Precauções Recomendadas: As práticas e instalações do


Nível de Biossegurança 2 são indicadas para todas as atividades

178
Relação de Agentes — Agentes Virais

envolvendo o uso ou manipulação de tecidos líquidos corporais e


materiais para cultura de tecidos de símios. As práticas e precau-
ções individuais adicionais, como as detalhadas para o Nível de
Biossegurança 3, são indicadas para atividades envolvendo o uso
ou a manipulação de qualquer material conhecido por conter ou
por suspeitamente conter o CHV-1, incluindo a reprodução in vitro
do vírus para diagnóstico. Seria pudente limitar as manipulações
de culturas positivas contendo altas titulações de vírus para
instalações do Nível de Biossegurança 4 (CSB de Classe III ou
laboratório escafandro - veja Seção III), dependendo da decisão
do diretor do laboratório.

As práticas e instalações do Nível de Biossegurança 4 são


recomendadas para as atividades envolvendo a reprodução e a
manipulação de quantidades e concentrações de produção de CHV-1.

Todas as colônias de símios, mesmo as que acreditamos não


possuírem o anticorpo do CHV-1, devem ser vistas como
naturalmente contaminadas. Os animais com lesões orais sugestivas
de uma infecção pelo vírus B ativo deverão ser identificados e
manipulados com extremo cuidado. Os estudos com animais
experimentalmente contaminados por CHV-1 deverão ser
conduzidos em um ANB-3.

Existem normas para o trabalho seguro com símios e estas


deverão ser consultadas41, 42. O uso de luvas, máscaras e jalecos
ou macacões de laboratórios é recomendado para todas as pessoas
enquanto estiverem trabalhando com primatas não-humano –
especialmente símios e outras espécies do Velho Mundo – e para
todas as pessoas que entrarem nas salas de animais onde os
primatas não-humanos são alojados. Para minimizar o potencial da
exposição da membrana mucosa43, alguma forma de barreira deverá
ser utilizada para prevenir a contaminação dos olhos, boca e narinas
por borrifos e perdigotos. O uso de diferentes tipos de equipamento
de proteção individual (óculos de proteção, óculos com escudos
sólidos ou escudos faciais usados juntamente com máscaras e
respiradores) deve ser obrigatório para a avaliação do risco em
laboratório. As especificações do equipamento deverão ser

179
Relação de Agentes — Agentes Virais

balanceadas com o trabalho realizado, de maneira que as barrei-


ras selecionadas não aumentem o perigo apresentado pelo local
de trabalho obscurecendo a visão e contribuindo para o aumento
de mordidas, picadas por agulhas ou arranhões de animais.

As drogas antivirais representam grandes promessas em


relação à terapia de coelhos contaminados com H. simiae e a
limitada experiência clínica44, 45 sugere que esta pode ser estendida
ao homem46, 47. Devido à gravidade da infecção com este vírus,
pessoas com experiência médica deverão estar constantemente
presentes e disponíveis para que pudessem gerenciar os incidentes
envolvendo as exposições ao agente ou as infecções suspeitas. A
transmissão de homens para homens foi documentada em um único
caso, mostrando que se devem tomar cuidado com líquidos
vesiculares, secreções orais e secreções conjuntivais de pessoas
contaminadas48. As vacinas não estão disponíveis para o uso em
humanos.

Transferência do Agente: A licença para a importação deste


agente deverá ser obtida junto ao CDC.

Agente: Herpesvírus Humano

Os herpesvírus são patógenos humanos ubíquos e são


comumente encontrados em uma variedade de materiais clínicos
submetidos ao isolamento do vírus. Embora poucos vírus sejam
agentes comprovadamente causadores de infecções associadas a
laboratórios, eles são patógenos primários e oportunistas,
especialmente em hospedeiros imunocomprometidos. Os vírus
herpes simples 1 e 2, e o vírus da varicela apresentam algum risco
pelo contato direto e/ou aerossóis. Já os citomegalovírus e o vírus
Epstein-Barr apresentam riscos de infecção relativamente baixos
para as equipes de laboratórios. O risco de uma infecção laboratorial
tendo os herpesvírus 6 e 7 como agentes etiológicos ainda é
desconhecido. Embora esse grupo diversificado de agentes virais
nativos não atenda aos critérios para que possam ser incluídos no
resumo das características dos agentes (isto é, risco comprovado
ou alto risco potencial para infecções associadas a laboratório e

180
Relação de Agentes — Agentes Virais

para graves seqüelas provocadas por uma infecção), a freqüência


de sua presença em materiais clínicos e o uso comum deste grupo
em pesquisas garante sua inclusão nesta publicação.

Riscos em Laboratório: Os materiais clínicos e as substâncias


isoladas dos herpesvírus apresentam um risco de infecção após a
ingestão, inoculação parenteral acidental, exposição das
membranas mucosas dos olhos, nariz ou boca aos perdigotos ou
inalação de materiais concentrados nebulizados. As amostras
clínicas contendo o Herpesvirus simiae (vírus B) mais virulento podem
ser inadvertidamente submetidas a diagnóstico de uma suspeita
infecção por herpes simples. O vírus também foi encontrado em
culturas de células renais primárias do macaco reso. O
citomegalovírus pode ser um risco especial durante a gravidez
devido à infecção potencial do feto.

Precauções Recomendadas: As práticas, equipamento de


contenção e instalações do Nível de Biossegurança 2 são indicadas
para atividades que utilizem materiais clínicos sabidamente ou
potencialmente infecciosos ou culturas de agentes virais nativos
que estejam associadas ou sejam identificadas como patógeno
primário de doença humana. Embora existam poucas evidências
de que os aerossóis infecciosos sejam uma fonte significativa de
infecções associadas a laboratório, é mais prudente evitar a
formação de aerossóis durante a manipulação de materiais clínicos
ou de produtos isolados, ou durante a necropsia de animais. Os
dispositivos de contenção primária (cabines de segurança biológica)
constituem a barreira básica de proteção dos trabalhadores para
evitar a exposição de aerossóis infecciosos.

Transferência do Agente: A licença para importação destes


agentes deverá ser obtida junto ao CDC.

Agente: Influenza

As infecções adquiridas em laboratórios e que possuem o


vírus da influenza como agente causador não são normalmente
documentadas na literatura. Entretanto deve-se considerar dados

181
Relação de Agentes — Agentes Virais

informais e relatórios publicados que indicam que quando novas


cepas que apresentam um desvio ou uma flutuação antigênica fo-
ram introduzidas em um laboratório para o diagnóstico ou pesquisa
acabaram por causar infecções deste tipo49.

As infecções adquiridas em laboratórios animais, por sua vez,


não foram relatadas, mas há uma grande possibilidade de
transmissão através de doninhas infectadas para o ser humano e
vice e versa.

Riscos em Laboratório: O agente pode ser encontrado em


tecidos ou secreções respiratórias de humanos ou de grande parte
de animais contaminados e na cloaca de muitas espécies de aves
contaminadas. O vírus pode ser disseminado em múltiplos órgãos
de algumas espécies animais infectadas.

O risco laboratorial primário é a inalação do vírus através de


formação de aerossóis de materiais de animais contaminados ou
pela aspiração, suspensão ou mistura de amostras contaminadas
pelo vírus. A manipulação genética tem um potencial de alterar o
alcance, a patogenicidade e a composição dos vírus da influenza.
Existe um potencial desconhecido na introdução de vírus humanos
transmissíveis com uma nova composição antigênica.

Precauções Recomendadas: As práticas e instalações do


Nível de Biossegurança 2 são indicadas para o recebimento e
inoculação rotineira de amostras laboratoriais para diagnósticos.
O material para autópsia deverá ser manipulado em uma cabine de
segurança biológica usando os procedimentos do Nível de
Biossegurança 2.

Atividades Utilizando Cepas de Vírus Não Contemporâneas:


Os requisitos para a Biossegurança no caso de uma infecção
adquirida em laboratório e transmissão subseqüente, devem estar
de acordo com as informações disponíveis sobre a patogenicidade
e virulência das cepas que estão sendo usadas e o potencial de
danos para o ser humano ou para a sociedade. As atividades de
produção e pesquisa utilizando cepas contemporâneas podem ser
realizadas com segurança usando as práticas de contenção do Nível

182
Relação de Agentes — Agentes Virais

de Biossegurança 2. A susceptibilidade à infecção com cepas hu-


manas não contemporâneas mais velhas, recombinantes, ou com
substâncias isoladas de animais garante o uso de procedimentos
de contenção do Nível 2. Mas não há evidências para infecções
adquiridas em laboratório com referência as cepas A/PR/8/34 e A/
WS/33, ou com suas variantes neurotrópicas mais comumente
usadas.

Transferência de Agente: A licença para importação deste


agente deverá ser feita junto ao CDC. Já a licença para importação
ou transporte doméstico deverá ser obtida junto ao USDA/APHIS/VS.

Agente: Vírus da Coriomeningite Linfocítica

As infecções com o vírus LCM adquiridas em laboratórios


são bem documentadas onde ocorram infecções em roedores de
laboratório – especialmente camundongos, hamsters e cobaias50,
51,52
. Os camundongos desprotegidos podem oferecer riscos
especiais por alojarem infecções crônicas silenciosas. As culturas
celulares, que inadvertidamente se tornaram contaminadas,
representam uma fonte potencial de infecção em de disseminação
do agente. As infecções naturais são encontradas em primatas não-
humanos, incluindo chimpanzés e macacos sagüis (o vírus Callitrichid
é um vírus coriomeningite linfocítica) e pode ser fatal para os sagüis.
Os suínos e cães são vetores menos importantes.

Riscos em Laboratório: Esse agente pode ser encontrado no


sangue, líquido cerebroespinhal, urina, secreções da nasofaringe,
fezes e tecidos de hospedeiros animais contaminados e
possivelmente do homem. A inoculação parenteral, inalação,
contaminação das membranas mucosas ou de peles rachadas por
tecidos ou líquidos contaminados de animais infectados são os riscos
mais comuns. A transmissão por aerossóis também é bem
documentada53. O vírus pode oferecer um risco especial durante a
gravidez devido à infecção potencial do feto.

Precauções Recomendadas: As práticas e instalações do


Nível de Biossegurança 2 são indicadas para as atividades que

183
Relação de Agentes — Agentes Virais

utilizam líquidos corporais sabidamente ou potencialmente infecci-


osos e passagem de cultura celular de cepas de células cerebrais
de camundongo adaptadas para laboratório. As práticas e instala-
ções do Nível de Biossegurança Animal 2 são adequadas para es-
tudos em camundongos adultos com cepas de passagem cerebrais
de rato. Porém, a contenção e precauções individuais adicionais,
como as descritas para o Nível de Biossegurança 3, são indicadas
para atividades que possuam um alto potencial para a formação de
aerossóis ou atividades que envolvam quantidades ou concentra-
ções de produção de materiais infecciosos. Estas precauções tam-
bém são recomendadas para a manipulação de tumores contami-
nados infectáveis, isolamento de campo e materiais clínicos de ca-
sos humanos. As práticas e instalações do Nível de Biossegurança
Animal 3 são recomendadas para o trabalho com hamsters conta-
minados. As vacinas não estão disponíveis para uso em huma-
nos54.

Transferência do Agente: A licença para importação deste


agente deve ser obtida junto ao CDC.

Agente: Poliovírus

As infecções com o poliovírus adquiridas em laboratórios são


raras e se limitam às pessoas que trabalham diretamente com este
vírus em laboratório e que não são vacinadas55. Existem no mínimo
12 casos documentados de infecções por poliovírus associados a
laboratório, incluindo duas mortes entre 1941 e 197656. Porém, uma
vez que ~1% das infecções com o poliovírus resultou em patologia,
sem uma confirmação laboratorial é impossível estimar precisamente
os números das infecções adquiridas em laboratório. Com vacinas
eficazes, instalações laboratoriais eficazes, tecnologia e
procedimentos são bem possível que estas infecções já sejam raras
em laboratórios. Mas, se os trabalhadores de um laboratório se
contaminarem, esses se tornarão uma fonte de vírus para a
população não vacinada57. As infecções em animais, associadas a
laboratório, entretanto, não tem sido relatadas58, mas os primatas
não-humanos experimentalmente ou naturalmente contaminados
poderiam ser uma fonte de infecção se expostos às pessoas não

184
Relação de Agentes — Agentes Virais

imunizadas. Os ratos transgênicos apresentam o receptor humano


para o poliovírus e podem também ser fontes potenciais de infec-
ção humana.

Riscos em Laboratório: Esse agente está presente nas fezes


e em secreções de garganta de pessoas infectadas. A ingestão ou
a inoculação parenteral de tecidos ou líquidos infecciosos por
trabalhadores não imunizados é considerada como risco primário
de infecção em laboratórios. As exposições laboratoriais oferecem
um risco insignificante para as pessoas adequadamente imunizadas.

Precauções Recomendadas: As práticas e instalações do


Nível de Biossegurança 2 são indicadas para todas as atividades
que utilizam líquidos sabidamente ou potencialmente infecciosos e
materiais clínicos contendo ou suspeitos de conter cepas do tipo
selvagens. Todos os trabalhadores de laboratórios que trabalhem
diretamente com o agente deverão possuir um atestado de
vacinação ou provas sorológicas da imunidade a todos os três tipos
de poliovírus59. As práticas e instalações do Nível de Biossegurança
Animal 2 são indicados para estudos de vírus virulentos em animais.
Á menos que existam fortes razões científicas para o trabalho com
poliovírus virulentos (que foram erradicados dos Estados Unidos),
os laboratórios deverão usar cepas de vacina oral Sabin de
poliovírus atenuado. Essas não oferecem risco algum à equipe
imunizada dos laboratórios.

A Organização Mundial de Saúde (WHO) tem publicado guias


documentadas60 relacionados ao trabalho com este poliovírus
selvagem. A partir de 1999, os laboratórios que manipulam o
poliovírus deverão estabelecer um NB-2 (específico para pólio) para
todos os trabalhadores que manipulam ou que forem manipular o
poliovírus selvagem. As NB-2 para pólio seguem os requisitos do
NB-2 tradicional quanto às instalações, práticas e procedimentos
com os seguintes acréscimos: 1) todos os estoques de poliovírus e
materiais potencialmente infecciosos serão descartados quando não
houver mais a necessidade de retê-los para a realização de pesquisa
ou diagnósticos; 2) todas as pessoas que entrarem no laboratório
deverão estar completamente imunizadas contra o vírus da pólio;
3) o acesso ao laboratório deverá ser restrito; 4) todos os poliovírus

185
Relação de Agentes — Agentes Virais

selvagens retidos no laboratório deverão ser relacionados e arma-


zenados em uma área separada e segura com acesso limitado; 5)
somente os vírus que forem prontamente identificáveis por méto-
dos moleculares serão usados se as cepas de vírus selvagens ou
estoques de trabalho forem necessários; e 6) o descarte de
poliovírus selvagens, materiais infecciosos e materiais
potencialmente infecciosos deverá ser feito utilizando a esterilização
e/ou a incineração.

Todos os laboratórios que desejarem guardar materiais


contaminados por poliovírus selvagem ou potencialmente infeccioso
deverão começar a implementação dos procedimentos de
contenção do Nível de Biossegurança 3 para pólio e fornecer a
documentação necessária para implementação até o segundo ano.
No caso de laboratórios que desejarem ser qualificados como uma
instalação de NB-3/pólio e quiserem reter materiais contaminados
por poliovírus deverão, então, ser relacionados na Agency/
Institutional e no National Inventories. Já os que não desejarem a
conversão para uma contenção de NB específica para a pólio
deverão destruir todos os materiais contendo o poliovírus selvagem
ou potencialmente infecciosos através da incineração ou uso da
autoclave. Uma outra alternativa seria o contato com um depósito
designado pela Organização de Saúde Pública específico para
contenção de agentes de um NB-3/pólio, e que serão responsáveis
pelo transporte e armazenamento dos materiais selecionados.

Quando a imunização pela OPV (vacina oral de poliovírus


vivos) terminar, todo o trabalho com o poliovírus selvagem ficará
restrito a laboratórios de contenção máxima (NB-4). Essas deverão
ser em laboratórios cabines ou laboratórios de roupa de proteção
(Seção III).

Transferência do Agente: A licença para a importação deste


agente deverá ser obtida junto ao CDC.

Agente: Poxvírus

Casos esporádicos de infecções por poxvírus (catapora,


vacínia, yabapox, tanabox) foram relatados 61 . Evidências

186
Relação de Agentes — Agentes Virais

epidemiológicas sugerem que a transmissão do vírus do macaco


para homens ou de roedores para homens possa ter ocorrido na
natureza, mas não nas dependências de um laboratório. Animais
de laboratórios naturalmente ou experimentalmente contaminados
são fontes potenciais de infecção para pessoas que trabalham em
um laboratório e que não são vacinadas. Vírus da vacínia
recombinantes reproduzidos geneticamente oferecem um risco
potencial ainda maior para a equipe laboratorial devido ao contato
direto ou contato com materiais clínicos de voluntários ou animais
contaminados.

Riscos em Laboratório: Esses agentes podem ser encontrados


em líquidos de lesões ou em escaras, secreções respiratórias ou
tecidos de hospedeiros contaminados. A ingestão, inoculação
parenteral e a exposição de membranas mucosas ou da pele
rachada aos perdigotos ou aerossóis de líquidos ou tecidos
infecciosos são os riscos primários para trabalhadores de
laboratórios e tratadores de animais. Alguns poxvírus são estáveis
em temperatura ambiente quando secos e podem ser transmitidos
através dos fomitos.

Precauções Recomendadas: A posse e uso do vírus da varíola


ficam restritos ao Collaborating Center for Smallpox and Other
Poxvirus Infections da Organização Mundial de Saúde localizado
nos Centros de Controle e Prevenção de Doenças em Atlanta,
Geórgia. As práticas e instalações do Nível de Biossegurança 2
são recomendadas para todas as atividades envolvendo o uso ou
a manipulação de poxvírus, com exceção do vírus da varíola, que
apresentam um grande risco de infecção aos homens. Todas as
pessoas que trabalham dentro de um laboratório ou que forem entrar
nas áreas de laboratórios ou áreas dos animais onde atividades
com os vírus vaccínia, vírus da varíola bovina e de macacos
estiverem sendo conduzidas deverão possuir um atestado de
vacinação. Esta imunização deverá ter sido realizada dentro de um
período de dez anos. As atividades com os vírus relacionados acima
em quantidades maiores que as apresentadas nas culturas para
diagnóstico, poderão também ser conduzidas em um Nível de
Biossegurança 2, mas por pessoas imunizadas – já que todas as

187
Relação de Agentes — Agentes Virais

manipulações de materiais viáveis deverão ser realizadas em cabi-


nes de segurança biológica Classe I ou II. Indivíduos imunodeprimidos
correm um risco de adquirirem uma patologia ainda mais grave
quando infectado por um poxvírus64.

Transferência do Agente: A licença para importação deste


agente deverá ser obtida junto ao CDC. No caso de uma licença
para exportação, esta deverá ser obtida através do Department of
Commerce. O registro dos laboratórios junto ao CDC deverá ser
obtido antes do envio ou recebimento destes agentes.

Agente: Vírus da Raiva

As infecções provocadas por este agente e adquiridas em


laboratório são extremamente raras. Somente duas foram
documentadas. Todas as duas resultaram de uma suposta exposição
a nevoas infecciosa de altas titulações, sendo uma formada em um
local de produção da vacina65 e a outra em um local de pesquisa66.
Os animais naturalmente ou experimentalmente contaminados, seus
tecidos e excreções constituem uma fonte potencial de exposição
para o pessoal do laboratório e tratadores de animais.

Riscos em Laboratório: Este agente pode estar presente em


todos os tecidos de animais contaminados. As maiores titulações
são encontradas em tecidos, glândulas salivares e saliva do Sistema
Nervoso Central. A inoculação acidental, cortes ou farpas de
equipamento laboratorial contaminado, mordidas de animais
infectados e exposição de membranas mucosas ou pele rachada a
líquidos ou tecidos contaminados, são as fontes mais prováveis de
riscos para a equipe laboratorial e tratadores de animais. Já os
aerossóis contaminados ainda não foram demonstrados como
sendo um perigo comprovado ao pessoal que trabalha com materiais
clínicos e que conduzem exames de diagnósticos. Cepas fixas ou
atenuadas deste vírus são supostamente menos perigosas, mas
os únicos dois casos comprovados de raiva adquiridos em
laboratórios resultaram de exposição de um Padrão Viral Desafiador
(CVS) fixo e de uma cepa atenuada derivada de uma cepa SAD
(Street Alabama Dufferin), respectivamente67, 68.

188
Relação de Agentes — Agentes Virais

Precauções Recomendadas: As práticas e instalações do


Nível de Biossegurança 2 são indicadas para todas as atividades
que utilizam materiais sabidamente ou potencialmente infecciosos.
A imunização é recomendada para todos os indivíduos antes que
se inicie o trabalho com o vírus da raiva ou com animais infectados,
ou atividades que envolvam o diagnóstico, produção ou pesquisa
do vírus. A imunização também é recomendada para todos os
indivíduos que forem entrar na mesma sala onde o vírus da raiva
ou de animais contaminados estiver sendo usado. Embora não seja
sempre possível abrir o crânio ou retirar o cérebro de um animal
infectado dentro de uma cabine de segurança biológica, é essencial
o uso de luvas pesadas de proteção para prevenir cortes ou farpas
de instrumentos cortantes ou de fragmentos de ossos e também o
uso de um escudo facial para proteção das membranas mucosas
dos olhos, nariz e boca quanto à exposição destas aos perdigotos
infecciosos ou fragmentos de tecidos. Se a serra de Stryker for
usada para abrir o crânio, evite o contato do cérebro com a lâmina
da serra. A contenção primária e as precauções individuais
adicionais, como as descritas para o Nível de Biossegurança 3,
poderão ser indicadas para atividades com um alto potencial de
formação de aerossóis ou perdigotos e para as atividades que
envolvam quantidades ou concentrações de materiais infecciosos
em grande escala.

Transferência do Agente: A licença para importação deste


agente deverá ser obtida junto ao CDC.

Agente: Retrovírus, incluindo o Vírus da Imunodeficiência


Humana e o Vírus da Imunodeficiência Símia(HIV e SIV)

Os dados sobre a transmissão da HIV ocupacional em


trabalhadores de um laboratório são coletados através de dois
sistemas de vigilância nacional apoiados pelos CDC: vigilância
quanto a: 1) AIDS e 2) pessoas infectadas pelo HIV que não
adquiriram a infecção através de exposições ocupacionais. Para
propósitos de vigilância, os trabalhadores de laboratórios são
definidos como as pessoas, incluindo estudantes e estagiários, que
trabalham ou já trabalharam em um laboratório para diagnóstico

189
Relação de Agentes — Agentes Virais

do HIV ou laboratório clínico a partir de 1987. Os casos reportados


nestes dois sistemas são classificados como uma transmissão
ocupacional possível ou documentada. As que são classificadas
como transmissão ocupacional documentada possuem evidências
de uma soroconversão do HIV (um teste HIV negativo no momento
da exposição que se alterou e se tornou positivo) seguido de uma
discreta exposição ocupacional percutânea ou mucocutânea ao
sangue, líquidos ou outras amostras clínicas ou laboratoriais. Até
junho de 1998, o CDC havia registrado 16 trabalhadores de
laboratórios (todos clínicos) nos Estados Unidos com transmissão
ocupacional documentada69.

Em 1992, dois trabalhadores de diferentes laboratórios


desenvolveram o Vírus da Imunodeficiência de Símios (SIV) após
terem se exposto. Um caso estava associado a uma picada de
agulha que aconteceu enquanto o trabalhador estava manipulando
uma agulha contaminada com sangue após uma hemorragia em
um macaco infectado por SIV70. Já o outro envolveu um trabalhador
que manipulava amostras de sangue de um macaco infectado pelo
SIV sem usar luvas. Embora ele não se lembrasse deste incidente
específico, este indivíduo apresentou dermatites nos antebraços e
mão enquanto trabalhava com amostras de sangue infectado71. O
primeiro trabalhador apresentou uma soroconversão e, portanto
não apresentou evidência alguma de infecção pelo SIV. O segundo
era soropositivo durante pelo menos nove anos sem evidência
alguma da doença ou de deficiência imunológica.

Publicações recentes72, 73 identificaram a prevalência (4/231,


1.8%) da infecção por vírus espumosos de símios (SFV) entre
humanos ocupacionalmente expostos a primatas não-humanos. O
diagnóstico de infecções por SFV inclui a soropositividade, detecção
de DNA proviral e isolamento do vírus espumoso. O SFV se originou
do macaco-verde africano (uma pessoa) e de babuínos (três
pessoas). Essas infecções ainda não provocaram doenças ou
transmissão sexual, e podem representar infecções endpoints
benignas.

Riscos em Laboratório: O HIV tem sido isolado do sangue,


sêmen, saliva, lágrimas, urina, líquido cerebroespinhal e tecido de

190
Relação de Agentes — Agentes Virais

pessoas infectadas e de primatas não-humanos experimentalmen-


74
te infectados . O CDC recomenda que o cuidado com o sangue e
líquidos corporais seja usado consistentemente quando amostras
75, 76
de sangue contaminadas estejam sendo manipuladas . Esta
abordagem, chamada de “precauções universais”, inclui a
necessidade de identificar as amostras clínicas obtidas de pacientes
soropositivos ou de se realizar um teste HIV da amostra.

Embora o risco de um HIV adquirido ocupacionalmente ser


primariamente através da exposição ao sangue contaminado, deve-
se usar luvas quando outros líquidos corporais como fezes, saliva,
urina, lágrimas, suor, vômito e leite do seio humano estiverem sendo
manipulados. Este procedimento também reduzirá o potencial de
exposição a outros microorganismos que possam causar outros
tipos de infecções.

No laboratório, deve-se supor que o vírus esteja presente


em todas as amostras sanguíneas e clínicas contaminadas por
sangue, em qualquer tecido ou órgão (que não seja a pele intacta)
humano (vivo ou morto) não fixado, em culturas de HIV, em todos
os materiais derivados de culturas de HIV e em/sobre equipamentos
e dispositivos que tenham um contato direto com qualquer um destes
materiais.

Já o SIV tem sido isolado no sangue, líquido cerebroespinhal


e em uma varieda d e de tecidos de primatas não-humanos
infectados. Existem dados limitados sobre a concentração do vírus
no sêmen, saliva, líquido cerebroespinhal, urina, leite materno
humano e no líquido amniótico. No laboratório, deve-se supor que
o vírus esteja presente em todas as culturas com SIV, em animais
experimentalmente infectados ou inoculados com SIV, em todos os
materiais derivados de culturas de HIV ou de SIV e em/sobre todos
os equipamentos de dispositivos que tenham um contato direto com
77
qualquer um destes materiais .

No laboratório, a pele (especialmente quando arranhões,


cortes, abrasões, dermatites ou outras lesões estiverem presen-
tes) e as membranas mucosas dos olhos, nariz e boca deverão ser
consideradas como vias de entradas potenciais destes retrovírus.

191
Relação de Agentes — Agentes Virais

Não se sabe se a infecção pode ocorrer via trato respiratório. A


necessidade do uso de objetos cortantes no laboratório deverá ser
avaliada. Agulhas, instrumentos afiados, vidros quebrados e ou-
tros objetos afiados deverão ser cuidadosamente manipulados e
adequadamente descartados. Deve-se tomar cuidado para preve-
nir a formação de borrifos ou vazamento do líquido de cultura de
células contaminadas e de outros
78
materiais contendo o vírus ou
potencialmente contaminados .

Precauções Recomendadas:

Além das seguintes precauções recomendadas, as pes-


soas que trabalham com o HIV, SIV ou outros patógenos pre-
sentes no sangue deverão
79
consultar o OSSHA Bloodborne
Pathogen Standard . As questões relacionadas à interpre-
tação deste Padrão deverão ser dirigidas aos escritórios
Federais, regionais ou estaduais da OSHA.

1. O padrão do NB-2 e práticas especiais, equipamento de con-


tenção e instalações são indicadas para as atividades que
envolvam todas as amostras clínicas contaminadas com san-
gue, líquido corporal e tecidos de todos os homens ou de
animais laboratoriais inoculados ou infectados com SIV ou HIV.

2. As atividades como a produção de quantidades em grande


escala para laboratórios de pesquisas de HIV ou SIV, manipu-
lação de preparações concentradas de vírus e condução de
procedimentos que possam formar perdigotos ou aerossóis,
deverão ser realizadas em um local de NB-2, mas usando
práticas e equipamentos de contenção adicionais recomen-
dadas para o Nível de Biossegurança 3.

3. As atividades que envolvem volumes em escala industrial ou


preparação de HIV ou SIV concentrado deverão ser conduzi-
dos em um local de NB-3, usando práticas e equipamento de
contenção 3.

4. Primatas não-humanos ou outros animais infectados com HIV


ou SIV deverão ser alojados em instalações de NB-2 usando
práticas especiais e equipamento de contenção de NBA-2.

192
Relação de Agentes — Agentes Virais

Comentários Adicionais:

1. Não existem evidências que as roupas usadas em laboratório


representam um risco para a transmissão do retrovírus; po-
rém, as roupas contaminadas pelo HIV ou o SIV deverão ser
descontaminadas antes de serem encaminhadas para a lavan-
deria ou descartadas. A equipe do laboratório deverá retirar a
roupa usada neste local antes de se dirigirem às áreas não
pertencentes ao laboratório.

2. As superfícies de trabalho deverão ser descontaminadas com


um germicida químico apropriado depois do procedimento ser
concluído, quando as superfícies estiverem excessivamente
contaminadas e no final de cada dia de trabalho. Muitos
80, 81, 82, 83,84
desinfetantes químicos vendidos comercialmente
poderão ser utilizados para a descontaminação das superfícies
do laboratório e de alguns instrumentos, para limpeza local de
roupas contaminadas usadas em laboratório e para vazamento
de materiais infecciosos. A descontaminação imediata de
vazamentos ocorridos deverá ser uma prática padrão.

3. O soro humano de qualquer fonte usado como um controle ou


reagente em um teste deverá ser manipulado em um NB-2.

4. Recomenda-se que todas as instituições estabeleçam normas


por escrito em relação ao gerenciamento das exposições em
laboratório do HIV e SIV juntamente com as leis federais,
estaduais e locais aplicáveis. Tais normas deverão considerar
como confidenciais questões como o consentimento para
realização de teste, administração de terapia de drogas
profiláticas adequadas85, aconselhamento e outros itens
relacionados. Se um trabalhador do laboratório expuser a
membrana mucosa ou parenteral ao sangue, líquido corporal
ou material de cultura viral, o material utilizado deverá ser
identificado e, se possível, testado para verificação da presença
do vírus. Se o material fonte for HIV positivo para o antígeno,
vírus ou anticorpo, ou não possuir quantidade suficiente para
realização do teste, o trabalhador deverá ser aconselhado

193
Relação de Agentes — Agentes Virais

sobre o risco de infecção e deverá ser avaliado clinicamente e


sorologicamente para evidência de uma infecção por HIV. A
profilaxia pós-exposição deverá ser oferecida de acordo com
as últimas normas. O trabalhador deve ser advertido a relatar
e procurar atendimento médico caso haja a ocorrência de um
86
quadro agudo de febre, com 12 semanas após a exposição .
Uma vez que a doença possui características singulares, se o
indivíduo apresentar sintomas como febre, erupções ou
linfoadenopatias, estes poderão ser indicativos de uma
infecção recente ao HIV. Se no início (no momento da
exposição) o teste for negativo, o trabalhador deverá refazer
o teste 6 semanas depois da exposição e a partir daí
periodicamente (isto é, na 12ª semana e no 6º, 9º e 12º mês
após a exposição). Durante este acompanhamento, os
trabalhadores expostos deverão ser aconselhados a
87, 88, 89, 90,91
prevenirem a transmissão do HIV .

5. Outros agentes patogênicos oportunistas e primários poderão


estar presentes nos líquidos corporais e tecidos de pessoas
infectadas com o HIV. Os trabalhadores de laboratórios deverão
seguir as práticas de biossegurança aceitas para assegurar
uma proteção máxima contra a exposição inadvertida aos
agentes que podem também estar presentes em amostras
92,
clínicas ou em amostras obtidas de primatas não-humanos
93,94
.

A pesquisa envolvendo outros retrovírus humanos (isto é,


vírus linfotrópico-T tipo I e II) e de símios está sendo desenvolvida
em muitos laboratórios. Uma vigilância recente para essas infecções
revelou a exposição e infecção ocupacional pelo vírus espumoso
do símio entre zeladores de animais de locais de pesquisa
95, 96
laboratoriais . As precauções destacadas acima deverão ser
suficientes enquanto o trabalho com esses agentes estiver sendo
conduzido.

Os laboratórios que trabalham com vetores do retrovírus,


especialmente os que possuírem genomas moleculares infecciosos
de longa duração (HIV-1), deverão ser manipulados em NB-2 sob a

194
Relação de Agentes — Agentes Virais

prática de NB-2/3. Isto inclui os clones infecciosos derivados de


vírus não-humanos, mas que possuem uma esfera de hospedeiro
xemotrópio (especialmente para células humanas).

Transferência do Agente: A licença para importação deste


agente deverá ser obtida junto ao CDC.

Agente: Encefalopatias Espongiformes Transmissíveis (por


agentes da Creutzfeldt-Jakob, kuru e outros agentes)

As infecções por encefalopatias espongiformes transmissíveis


e adquiridas em laboratório (doenças priônica) ainda não foram
documentadas. Porém, existe uma evidência de que a doença de
Creutzfeldt-Jakob (CJD) tenha sido iatrogenicamente transmitida
aos pacientes através de transplantes de córnea, transplante da
dura-máter e extração do hormônio do crescimento das glândulas
pituitárias humanas e através da exposição aos eletrodos
97
eletroencefalográficos contaminados . A infecção é sempre fatal.
Não se conhece um reservatório não-humano para a CDJ ou para
a kuru. Os primatas não-humanos e outros animais de laboratórios
foram contaminados através da inoculação, mas não existem
evidências de uma transmissão secundária. A “scrapie” de ovelhas
e cabras, a encefalopatia espongiforme bovina e a encefalopatia
de visões são encefalopatias espongiformes transmissíveis de
animais que são semelhantes às doenças humanas transmissíveis.
Entretanto, não existem evidências de que as doenças animais
possam ser transmitidas ao homem. (Veja também a Seção VII-D,
Prions).

Riscos em Laboratório: Altas titulações de um agente


transmissível foram encontradas no cérebro e medula espinhal de
pessoas com kuru. Em pessoas com a doença de Creutzfeldt-Jakob
e as variantes da Síndrome de Gerstmann-Sträussler-Schenker,
encontrou-se um agente transmissível semelhante no cérebro,
baço, fígado, nódulos linfáticos, pulmões, medula espinhal, rins,
córnea e lentes e no líquido espinhal e sangue. A inoculação
parenteral acidental, especialmente de tecidos nervosos, incluindo
amostras de tecidos não fixados, é extremamente perigosa. Embora

195
Relação de Agentes — Agentes Virais

os tecidos não - nervosos sejam bem menos infecciosos, todos os


tecidos de homens e de animais infectados com esses agentes
deverão ser considerados potencialmente perigosos. O risco de
uma infecção através de aerossóis, perdigotos e de exposições da
pele intacta, das membranas mucosas e gástricas não é conhecido;
mas não há evidência de contaminações por transmissão através
de aerossóis ou contato. Esses agentes são caracterizados pela
extrema resistência aos procedimentos de inativação convencionais
incluindo a radiação, a ebulição, o calor seco e as substâncias
químicas (formalina, betapropiolactona, álcool). Porém, eles foram
inativados através do uso de NaOH a 1 N, ao hipocloreto de sódio
(concentração sem cloro ³ 2%) e da autoclave a vapor durante
quatro horas e meia em uma temperatura de 132º C.

Precauções Recomendadas: As práticas e instalações do


Nível de Biossegurança 2 são indicadas para todos as atividades
utilizando tecidos e líquidos sabiamente ou potencialmente
infecciosos de homens naturalmente infectados e de animais
experimentalmente infectados. Deve-se tomar um extremo cuidado
para evitar a auto-inoculação acidental ou outras inoculações
98
parenterais traumáticas de tecidos e líquidos infecciosos . Embora
não haja evidências que sugiram a transmissão via aerossóis na
doença natural, é mais prudente evitar a formação de aerossóis ou
perdigotos durante a manipulação de tecidos e líquidos e durante
a necropsia de animais experimentais. Recomenda-se muito o uso
de luvas para as atividades que proporcionem o contato da pele
com tecidos e líquidos infectados. Os tecidos fixados em formaldeído
e imersos em parafina, especialmente os tecidos do cérebro,
permanecem infecciosos. Recomenda-se, então, que os tecidos
de casos suspeitos de encefalopatia fixados em formalina, sejam
imersos em ácido fórmico a 96% durante trinta minutos antes do
99
processamento histopatológico . As vacinas não estão disponíveis
100
para uso em humanos .

Transferência do Agente: A licença para importação destes


agentes deverá ser obtida através do CDC. A licença para
importação ou transporte doméstico do vírus da encefalopatia
espongiforme bovina poderá ser obtido através do USDA/APHIS/
VS.
196
Relação de Agentes — Agentes Virais

Agente: Vírus da Estomatite Vesicular (VSV)

Um número de infecções por cepas nativas do VSV adquiri-


101
das em laboratório foi relatado . As atividades laboratoriais com
essas cepas apresentam dois diferentes níveis de risco ao pessoal
do laboratório e estão relacionadas, pelo menos em parte, à histó-
ria das passagens das cepas utilizadas. As atividades que usam
criações, seus tecidos infectados e substâncias virulentas isoladas
destas fontes são um perigo demonstrado aos funcionários do
102, 103
laboratório e aos tratadores de animais . Os índices de
soroconversão e doença clínica em pessoas que trabalham com
104
estes materiais são altos . Riscos semelhantes podem estar
105
associados às cepas exóticas como a Piry .

Em contraste, informações não oficiais indicam que as


atividades com cepas menos virulentas adaptadas a laboratório
(por exemplo, Indiana, San Juan e Glascow) são raramente
associadas com a soroconversão ou com a doença. Essas cepas
são comumente utilizadas por biólogos moleculares, freqüentemente
em grandes volumes e altas concentrações, sob condições de
contenção mínima ou nenhuma contenção primária. Algumas cepas
do VSV são consideradas organismos restritos pelos regulamentos
da USDA (9CFR 122.2). Ratos infectados experimentalmente não
serviram como uma fonte documentada de infecção humana.

Riscos em Laboratório: O agente pode ser encontrado no


líquido vesicular, tecidos de animais infectados e no sangue e
secreções de garganta de homens infectados. A exposição aos
aerossóis ou perdigotos contaminados, ao contato direto da pele e
da membrana mucosa com os tecidos e líquidos infectados e a
auto-inoculação acidental, são os perigos primários associados com
a substância virulenta isolada. A inoculação parenteral acidental e
a exposição aos aerossóis infectados representam os riscos
potenciais ao pessoal que trabalha com cepas menos virulentas
adaptadas aos laboratórios.

Precauções Recomendadas:As práticas e instalações do nível


de biossegurança 3 são indicadas para atividades que envolvam o

197
Relação de Agentes — Agentes Virais

uso ou a manipulação de tecidos infectados e substâncias virulen-


tas isoladas de animais de criação infectados naturalmente ou ex-
perimentalmente. As luvas e a proteção respiratória são recomen-
dadas para a necropsia e manuseio de animais infectados. As prá-
ticas e instalações do Nível de Biossegurança 2 são indicadas para
atividades que utilizam cepas adaptadas em laboratórios de baixa
virulência. As vacinas não estão disponíveis para uso em huma-
nos.

Transferência do Agente: A licença para exportação deste


agente deverá ser obtida no Department of Commerce. Já a licença
para importação ou transporte doméstico para este agente deverá
ser obtido no USDA/APHIS/VS.

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and the Certain Other Viruses of Vertebrates. 1980. (85).

204
• Seção VII-G: Arbovírus e Vírus Zoonóticos Relacionados

Arbovírus Designados para o Nível de Biossegurança 2

O American Committee on Arthropod-Borne Viruses (ACAV)


registou 537 casos de arbovírus até dezembro de 1997. Em 1979,
o subcomitê da ACAV sobre a Segurança quanto ao Arbovírus em
Laboratório (SALS – Subcommittee on Arbovírus Labroratory
Safety) classificaram e registraram 424 vírus no Catalogue
1
of
Arboviruses and Certain Other Viruses of Vertebrates (Catálogo
de Arbovírus e Alguns Outros Vírus de Vertebrados) em um dos
quatro grupos de práticas, equipamento de segurança e instala-
ções recomendadas. Essas recomendações estão 2descritas nesta
publicação como Níveis de Biossegurança 1-4 . A SALS tem
atualizado periodicamente a publicação de 1980, fornecendo uma
lista suplementar para os arbovírus registrados desde 1979.

As classificações da SALS se baseiam nas avaliações do ris-


co derivadas de informações fornecidas por uma pesquisa mundial
de 585 laboratórios que trabalham com o arbovírus. A SALS reco-
menda que o trabalho com grande parte destes agentes seja con-
duzido em um nível semelhante ao Nível de Biossegurança 2 (Ta-
bela 2). A SALS também reconhece cinco cepas de vacinas
comumente usadas, nas quais a atenuação foi firmemente
estabelecida. Esses vírus podem ser manipulados com segurança
em um Nível de Biossegurança 2, uma vez que as pessoas que
trabalham com essas cepas de vacinas são imunizadas (Tabela 2).
A SALS classificou todos os vírus registrados, com os quais a ex-
periência laboratorial é insuficiente como um Nível de Biossegurança
3 (Tabela 3) e reavalia a classificação assim que recebe novas
informações.

Os vírus classificados como um NB-2, estão relacionados por


ordem alfabética na Tabela 1 e incluem os seguintes agentes que
são relatados
3, 4,5
como causadores de infecções adquiridas em labo-
ratório .

Vírus Casos

Estomatite Vesicular** 46
Febre do carrapato do Colorado 16
Dengue* 11
Pichinde 17

205
Relação de Agentes — Arbovírus e Vírus Zoonóticos Relacionados

Encefalomielite eqüina ocidental** 7 (2 mortes)


Rio Bravo 7
Kunjin 6
Catu 5
Caraparu 5
Rio Ross 5
Bunyamwera 4
Encefalomielite eqüina do leste** - * 4
Zika 4
Apeu 2
Marituba 2
Tacaribe 2
Murutucu 1
O’nyong nyong 1
Modoc 1
Oriboca 1
Ossa 1
Keystone 1
Bebaru 1
Bluetongue *-** 1

* Licença de exportação obtida através do Department of Commerce.


** A licença para importação ou transporte doméstico para este
agente pode ser obtido através do USDA/APHIS/VS.

Os resultados de uma pesquisa realizada pela SALS indicam,


claramente, que a fonte suspeita das infecções adquiridas em
laboratório relacionadas acima não foi a exposição aos aerossóis
infecciosos. A recomendação de que o trabalho com os 342 vírus
relacionados acima na Tabela 1 seja conduzido em um Nível de
Biossegurança 2, baseou-se na existência de uma experiência
laboratorial durante toda a história para a avaliação dos riscos do
trabalho com este grupo de vírus de riscos. Isto indica que (a)
nenhuma infecção aberta e associada ao laboratório foi relatada;
(b) as infecções foram provocadas por exposições diferentes das
exposições aos aerossóis; ou (c) se a doença provocada pela
exposição aos aerossóis foi documentada, ela é rara.

206
Relação de Agentes — Arbovírus e Vírus Zoonóticos Relacionados

Riscos em Laboratório: Os agentes relacionados neste gru-


po podem ser encontrados no sangue, líquido cerebroespinhal,
tecidos do sistema nervoso central e outros tecidos e em artrópodes
infectados, dependendo do agente e do estágio da infecção. Os
riscos primários em laboratórios são impostos pela inoculação
parenteral acidental, contato do vírus com pele rachada ou
membranas mucosas e mordidas de roedores e artrópodes de
laboratório. Porém, os aerossóis infecciosos podem também ser
uma fonte potencial de infecção.

Precauções Recomendadas: As práticas, equipamento de


segurança e instalações do Nível de Biossegurança 2 são indicados
para as atividades com materiais clínicos potencialmente
infecciosos, ovos embrionados e roedores. A infecção de galinhas
recém-nascidas pelos vírus da encefalomielite eqüina ocidental e
do leste é especialmente perigosa e deverá ser manipulada por
pessoas imunizadas em condições de um Nível de Biossegurança
3. As vacinas investigacionais (IND) contra a encefalomielite eqüina
do leste e a ocidental estão a disposição através do Centro de
Prevenção e Controle da Doença (telefone 404-639-3356) e através
do Instituto de Pesquisa Médica de Doenças Infecciosas do Exército
(USDAMRIID) em Fort Detrick, Maryland (telefone 301-619-2833).
O uso destas vacinas é recomendado para as pessoas que
trabalham diretamente e regularmente com esses dois agentes no
laboratório.

Antes de 1988, foram relatados 12 casos de dengue


adquiridos em laboratórios. Porém, de 1988 até 1991, somente
quatro casos foram documentados. Em todos os quatro casos, não
se usou uma roupa de segurança apropriada (jaleco de manga
comprida amarrado atrás, luvas, máscaras e óculos de proteção) e
em três casos a contenção para aerossói potenciais em uma cabine
s

de biossegurança de fluxo laminar foi ignorada. Esses sprays ou


líquidos infectados possivelmente contaminaram a pele desprotegida
ou rachada. Um fator adicional nestes casos foi o trabalho com
quantidades de vírus altamente concentradas. A manipulação
segura do vírus da dengue em laboratório (particularmente em
preparações concentradas) requer uma obediência severa às
recomendações do Nível de Biossegurança 2.

207
Relação de Agentes — Arbovírus e Vírus Zoonóticos Relacionados

Grandes quantidades e/ou altas concentrações de qualquer


vírus possui um potencial para superar os mecanismos imunes
naturais e a imunidade induzida pela vacina. Quando um vírus do
Nível de Biossegurança 2 é produzido em grandes quantidades ou
em altas concentrações, os diretores dos laboratórios deverão
garantir que a roupa de proteção adequada seja usada, como
descrita no parágrafo acima, e que as manipulações sejam
realizadas em cabines de biossegurança de fluxo laminar (Veja
também a Seção V, Avaliação do Risco).

Transferência do Agente: A licença para importação destes


agentes deverá ser conseguida através do CDC. O registro do
laboratório junto ao CDC é necessário antes do envio ou
recebimento destes agentes.

Tabela 1. Arbovírus e Arenavírus designados para o Nível d


Abras Bagaza Bouiboui
Abu Hammad Bahig Bujaru
Acado Bakau Bunyamwera
Acara Baku Bunyp Creek
Aguacate Bandia Burg El Arab
Alfuy Bangoran Bushbush
Almpiwar Bangui Bussuquara
Amapari Banzi Buttonwillow
Ananindeua Barur Bwamba
Anhangá Batai Cacao
Anhembi Batama Cache Valley
Anófilo A Bauline Caimito
Anófilo B Bebaru California enc.
Apeu Belmont Calovo
Apoi Benevides Candiru
Aride Benfica Cape Wrath
Arkonam Bertioga Capim
Aroa Bimiti Caraparu
Aruac Birao Catu
Arumowot Bluetongue* Chaco
Aura Boracéia Chagres
Avalon Botambi Chandipuras
Babahoyo Boteke Changuinola

208
Relação de Agentes — Arbovírus e Vírus Zoonóticos Relacionados

Chardleville Gomoka Kannamangalam


Chenuda Gossas Kao Shuan
Chilibre Grand Arbaud Karimabad
Chobar gorge Great Island Karshi
Clo Mor Guajara Kasba
Corriparta Guama Kemerovo
Cotia Guaratuba Kern Canyn
Cowbone Ridge Guaroa Ketapang
Csiro Village Gumbo Limbo Keterah
Cuiabá Hart Park Keuraliba
D’Aguilar Highlands J Keystone
Dengue-1 Huacho Kismayo
Dengue-2 Hughes Klamath
Dengue-3 Icoaraci Kokobera
Dengue-4 Ieri Kolongo
Dera Ghazi Khan Ilesha Koongol
do Leste ** Ilha Carey Kowanyama
Doença Hem. Ep Ilheus Kunjin
Edge Hill Ingwavuma Kununurra
Encef. Eqüina Inkoo Kwatta
Encef. Eqüina Ippy La Crosse
Ocid.** ° Irituia La Joya
Erve Isfahan Landjia
Eubenangee Itaporanga Langat
Eyach Itaqui Lanjan
Feb. do carrapato Jamestown Canyon Las Maloyas
do Colorado Japanaut Latino
Febre do Mosquito- Johnson Atoll Le Bombo
Pólvora (Naples) Joinjakaka Le Dantec
Febre do Mosquito- Juan Diaz Lednice
Pólvora (Sicilian) Jugra Lipovnik
Febre Hem de Jurona Lokern
Símios Jutiapa Lone Star
Flanders Kadam Lukuni
Floresta Barmah Kaeng Khoi M’poko
Forte Morgan Kaikalur Madrid
Frijoles Kaisodi Maguari
Gamboa Kamese Main Drain
Gan Gan Kammavanpettai Malakal
209
Relação de Agentes — Arbovírus e Vírus Zoonóticos Relacionados

Manawa Ntaya Sakhalin


Manitoba Nugget Salehabad
Manzanilla Nyamanini San Angelo
Mapputta Nyando Sandjimba
Maprik O’nyong-nyong Sango
Marco Okhotskiy Sathuperi
Marituba Okola Sawgrass
Marrakai Olifantsvlei Sebokele
Mataría Oriboca Seletar
Matruh Ossa Serra do Navio
Matucare Pacora Shark River
Melao Pacui Sharmonda
Mermet Palyam Shuni
Minatitlan Paraná Silverwater
Minnal Pata Simbu
Mirim Pathum Thani Sindbis
Mitchell River Patois Sixgun City
Modoc Pichinde Snowshoew hare
Mono Lake Pixuna Sokuluk
Mont. Myotis leuk Pongola Soldado
Morcego Dakar Ponteves Sororoca
Morcego Entebe Precarious Point Stratford
Morcego Lagos Pretoria Sunday Canyon
Morcego Mount Prospect Hill Tacaiuma
Elgon Puchong Tacaribe
Morcego Phnom- Punta Salinas Taggert
Penh Punta Toro Tahyna
Moriche Qalyub Tamiami
Mosqueiro Quaranfil Tanga
Mossuril Rede Mahogany Tanjong Rabok
Murutucu Restan Tataguine
Mykines Rio Bravo Tehran
Navarro Rio Grande Tembre
Ncgaigan Ross River Tembusu
Nepuyo Royal Farm Tensaw
Nique Sabo Tete
Nkolbisson Saboya Tettnang
Nola Saint Floris Thimiri
210
Relação de Agentes — Arbovírus e Vírus Zoonóticos Relacionados

Thottapalayan Umatilla Warrego


Tibrogargan Umbre Whataroa
Timbo Upolu Witwatersand
Timboteua Urucuri
Wongal
Toscana Usutu
Toure Uukuniemi Wongorr
Tribec Vellore Wyeomyia
Triniti Venkatapuram Yaquina Head
Trivittatus Vinces Yata
Tsuruse Virgin River Yogue
Turlock VS-Indiana Zaliv Terpeniya
Tyndholmur VS-New Jersey
Wad Medani Zegla
Tyuleniy
Uganda S Wallal Zika
Uma Wanowrie Zirqa

* A licença para a exportação deste agente deve ser obtida através


do Department of Commerce.
** A vacina já se encontra disponível e é recomendada para todas
as pessoas que trabalham com o agente.
° a licença para importação ou para o transporte doméstico para
este agente poderá ser obtido junto ao USDA/APHIS/VS.

Transferência do Agente: A licença para importação destes


agentes dever ser obtida através do CDC. O registro do laborató-
rio junto ao CDC é necessário para o envio ou recebimento destes
agentes.

Tabela 2. Cepas vacinais de vírus do NB-3/4 que podem ser


manipulados em um Nível de Biossegurança 2.

Vírus Cepa da Vacina


Chikungunya* 131/25
C
Junin* ândida Nº 1
Febre do Vale Rift* 20 MP-12
Encefalomielite Eqüina Venezuelana* TC-83
Febre amarela* 17-D

* A licença para exportação deve ser obtida através do Department


of Commerce.
211
Relação de Agentes — Arbovírus e Vírus Zoonóticos Relacionados

Arbovírus e Arenavírus Designados para o Nível de


Biossegurança 3.

A SALS recomenda que o trabalho com os 184 arbovírus


incluídos nas listas por ordem alfabética das Tabelas 3 e 4 seja
conduzido pelas práticas, equipamento de segurança e instalações
semelhantes as do Nível de Biossegurança 3. Essas recomendações
baseiam-se nos seguintes critérios: para a Tabela 3, a SALS
considerou a experiência inadequada laboratorial para a avaliação
de risco, sem levar em consideração as informações disponíveis
sobre a gravidade da doença. Para os agentes relacionados na
Tabela 4, a SALS registrou as infecções adquiridas em laboratórios
abertos e que eram transmitidas através de aerossóis e na ausência
de vacinas. A SALS considerou que a doença natural em homens é
potencialmente grave, ameaça à vida ou causa seqüelas. Os
arbovírus também foram classificados no NB-3 se causassem
doenças em animais domésticos em países fora dos Estados Unidos.

As infecções associadas ao laboratório ou ao laboratório


animal com os seguintes agentes de NB-3 foram relatados6, 7,8:

Vírus Casos (SALS)

Encefalomielite Eqüina Venezuelana* ° 150 (1 morte)


Febre do Vale Rift *° 47 (1 morte)
Chikungunya * 39
Febre Amarela* 38 (8 mortes)
Encefalite Japonesa* 22
Encefalite Ovina° 22
Nilo Oeste 18
Coriomeningite Linfocítica* 15
Orungo 13
Piry° 13
Wesselsbron° 13
Mucambo 10
Bhanja 6
Hantaan* 6
Mayaro 5

212
Relação de Agentes — Arbovírus e Vírus Zoonóticos Relacionados

Spondweni 4
Encefalite do Vale Murray 3
Semliki Forest 3 (1 morte)
Powassan 2
Dugbe 2
Issyk-kul 1
Koutango 1

° A licença para a exportação destes agentes deve ser obtida no


Department of Commerce.
A licença para a importação ou transporte doméstico do agente
deverá ser conseguida junto ao USDA/APHIS/VS.

Grandes quantidades e altas concentrações do Vírus da


Floresta de Semliki são comumente usadas ou manipuladas por
biólogos moleculares sob condições de uma contenção moderada
ou baixa. Embora os anticorpos tenham sido demonstrados em
indivíduos que trabalhavam com esse vírus, a primeira infecção
aberta (e fatal) adquirida em laboratório foi relatada em 1979. Uma
vez que o resultado desta infecção pode ter sido influenciada por
uma via de exposição incomum ou por uma alta dose, um hospedeiro
comprometido ou uma cepa de vírus mutante, este caso e seu
resultado não são exemplos típicos. Mais recentemente, o SFV foi
associado ao surto de doença febris entre soldados europeus cuja
9
base militar era em Bangui . A via de exposição não foi determinada
na infecção laboratorial fatal; uma vez que os mosquitos foram os
prováveis vetores destas infecções naturais. A SALS continua a
classificar este vírus (SFV) como um vírus do NB-3, com advertência
de que a maioria das atividades com esse vírus pode ser conduzida
com segurança em um Nível de Biossegurança 2.

Alguns vírus (por exemplo, a meningoencefalite turca de


Israel, Akabane) estão relacionados em um NB-3, não por serem
uma ameaça à saúde humana, mas por serem doenças exóticas
de aves ou criações domésticas.

Riscos em Laboratório: Os agentes relacionados neste grupo


podem ser encontrados no sangue, líquido cerebroespinhal, urina

213
Relação de Agentes — Arbovírus e Vírus Zoonóticos Relacionados

e exudatos dependendo do agente específico e estágio da doen-


ça. Os riscos laboratoriais primários são a exposição aos aerossóis
de soluções infecciosas e roupas de cama de animais, inoculação
parenteral acidental e o contato com a pele rachada. Alguns des-
tes agentes (por exemplo, o VEE) podem ser relativamente está-
veis no sangue seco ou em exudatos. Para os vírus de um NB-3/4,
as cepas atenuadas existem e podem ser manipuladas em um NB-
2, como relacionado na Tabela 2.

Precauções Recomendadas: As práticas, equipamento de


segurança e instalações do Nível de Biossegurança 3 são indicadas
para as atividades que usam materiais clínicos potencialmente
infecciosos e culturas de tecido, animais e artrópodes infectados.

Um vírus vivo atenuado licenciado se encontra a disposição


para a imunização contra a febre amarela. Recomenda-se o uso
desta vacina para as pessoas que trabalham com este agente ou
com animais infectados e a pessoas autorizadas a entrarem na
sala onde os agentes ou os animais infectados estejam presentes.
Realmente, para esta vacina, a infectividade dos aerossóis e alto
índice de fatalidade do vírus da febre amarela fazem com que ele
seja classificado como um vírus do NB-4. Para a encefalomielite
eqüina venezuelana, a vacina investigacional TC-83 proporciona
uma excelente proteção contra muitas cepas epizoóticas. Esta
proteção pode se estender a outras cepas de VEE do complexo,
incluindo os vírus Everglades, Mucambo, Tonate e Cabassou. A
vacina TC-38 deverá ser usada como parte de um programa de
segurança e pode ser particularmente importante para a proteção
das pessoas que trabalham com animais infectados e vírus
concentrados. A administração da vacina e o uso deste complemento
inativado (C-84) deverão ser determinados por peritos com
experiência no uso destas vacinas dentro das restrições compatíveis
com as drogas de pesquisas. De forma semelhante, a vacina IND
inativada está a disposição para o vírus da febre do Vale Rift. Uma
vacina de vírus Junin atenuado (Cândida nº 1) também está
disponível. Essas vacinas de IND podem ser obtidas através do
U.S Army Medical Research and Material Command, após consulta
ao USAMRIID (telefone 301-619-2833).

214
Relação de Agentes — Arbovírus e Vírus Zoonóticos Relacionados

A SALS tem diminuído a classificação do risco biológico do


vírus Junin para o nível de Biossegurança 3, já que todas as pes-
soas do grupo de risco são imunizadas e o laboratório se encontra
equipado com filtros HEPA de exaustão. A SALS também diminuiu a
classificação do vírus da encefalite transmitida pelo carrapato da
Europa Central (CETBE) para o Nível de Biossegurança 3, já que
todas as pessoas do grupo de risco são imunizadas. Uma vacina
IND inativada para o CTEBE se encontra disponível através da
USAMRIID e é recomendada para todos os funcionários de
laboratórios e tratadores de animais que trabalham com o agente
ou os animais infectados e também para todas as pessoas que
entrarem nos laboratórios ou nas salas de animais quando o agente
estiver sendo usado.

Contenção acentuada do Nível de Biossegurança 3: Podem


ocorrer situações onde são necessárias intensificações das práticas
e equipamentos do nível de Biossegurança 3. Um exemplo desta
situação seria um laboratório de NB-3 realizar testes de diagnósticos
em amostras de pacientes com febre hemorrágica quando se
suspeita de uma febre amarela ou dengue. Quando a origem das
amostras é a África, o Oriente Médio ou a América do Sul, o potencial
está presente em amostras que contenham agentes etiológicos
como o arenavírus, filovírus ou outros vírus que são geralmente
manipulados em laboratórios de NB-4. As intensificações aos
laboratórios de NB-3 podem incluir uma ou mais destas três
categorias a seguir: a) aumentada proteção respiratória individual
contra os aerossóis; b) filtração pelo HEPA do ar liberado do
laboratório; c) descontaminação de efluentes líquidos de
laboratórios. Um treinamento apropriado para as pessoas que tratam
os animais deverá ser considerado.

Biocontenção de Agentes Infecciosos Desconhecidos: As


decisões em relação à classificação do perigo biológico para
materiais que contenham um vírus infeccioso deverão se basear
em todas as informações disponíveis em relação ao agente. Os
vírus isolados de pacientes humanos infectados deverão ser
manipulados em um nível de biossegurança 3 com precauções
intensificadas, como detalhado no resumo as características do

215
Relação de Agentes — Arbovírus e Vírus Zoonóticos Relacionados

agente Hantavírus, ou de preferência em um NB-4, a menos que se


tenha certeza que o agente não é infeccioso através de aerossóis.
Todas as amostras desconhecidas deverão ser manipuladas em
um NB-3, a menos que haja evidências de uma transmissão através
de aerossóis (que iria requer uma contenção do NB-4). A SALS
continuará a avaliar a infectividade e os dados sobre virulência
para todos os vírus registrados no Catalogue of Arboviruses and
Certain Other Viruses of Vertebrates e para vírus recentemente
desenvolvidos antes do registro.

Transferência do Agente: A licença para a importação destes


agentes deverá ser conseguida junto ao CDC.

Tabela 3. Arbovírus e alguns outros vírus designados para o


Nível de Biossegurança 3 (baseado em experiência
insuficiente)

Adelaide River Cacipacore Iaco


Água Preta Calchaqui Ibaraki
Alenquer Cananéia Ife
Almeirim Canindé Iguape
Altamira Chim Inhangapi
Andasibe Coastal Plains Inini
Antequera Connecticut Issyk-Kul
Araguari Corfou Itaituba
Aransas Bay Dabakala Itimirim
Arbia Douglas Itupiranga
Arboledas Enseada Jacareacanga
Babanki Estero Real Jamanxi
Batken Fomede Jarí
Belém Forecariah Kedougou
Berrimah Fort Sherman Khasan
Bimbo Gabek Forest Kindia
Bobaya Gadgets Gully Kyzylagach
Bobia Garba Lake Clarendon
Bozo Gordil Llano Seco
Buenaventura Gray Lodge Macaua
Cabassou¹, ² Gurupi Mapuera
216
Relação de Agentes — Arbovírus e Vírus Zoonóticos Relacionados

Mboke Palma Sendlec


Meaban Para Sepik
Moji Dos Compos Paramushir Shokwe
Monte Dourado Paroo River Slovakia
Munguba Perinet Somone
Naranjal Petevo Sripur
Nariva Picola Tai
Nasoule Playas Tamdy
Ndelle Pueblo Viejo Telok Forest
New Minto
Purus Termeil
Ngari
Radi Thiafora
Ngoupe
Razdan Tilligerry
Nodamura
Northway Resistencia Tinaroo
Odrenisrou Rochambeau Tlacotalpan
Omo Salanga Tonate¹,²
Oriximina San Juan Utinga
Ouango Santa Rosa Xiburema
Oubangui Santarém Yacaaba
Oubi Saraca Yaounde
Ourem Saumarez Reef Yoka
Palestina Sena Madureira Yug Bogdanovac

¹ A SALS recomenda que o trabalho com este agente deverá ser


feito somente em instalações de NB-3 que proporcionem a filtração
HEPA de todo o ar liberado antes de ser jogado para o laboratório.

² A vacina TC-83 está disponível e é recomendada para todas as


pessoas que trabalham com o agente.

Tabela 4. Arbovírus e alguns outros vírus designados para o


Nível de Biossegurança 3

Aino Central Eur. TBE b,d Chikungunya c,d


c
Akabane (Kumlinge. Hypr, Cocal
Banna a,f Hanzalova, Dhori
Bhanja Absettarov) Dobrava-Belgrade

217
Relação de Agentes — Arbovírus e Vírus Zoonóticos Relacionados

Doença Ovina de Junin c,d,h Orungo


Nairobi a º Kairi Peaton
Dugbe Kimberley Piry º
Enc. De Vale Murray Koutango Puumala
Encef. Japonesa h Kumlinge (Europa Rocio
Encefalite Eqüina Central, TBE) Sagiyama
Venezuelana c,d,h º Louping III a,c,h Sal Vieja
Estomatite Vesicular Mayaro San Perlita
(Alagoas) h º Menin. Tur. De Seuol
Everglades c,d Israel. Sin Nombre
Febre Amarela c,d Mopeia e
Spondweni
Febre do Rift Valley Middelburg
Thogoto
a,c,d,hº Mobala
Turuna
Flexal Mucambo c,d
c Ndumu Wesselsbron a,c º
Germiston
Getah Negishi West Nile
Haantan h Oropouche c Zinga g

a A importação, posse ou uso deste agente fica restrito ao regula-


mento ou norma administrativa do USDA. Veja o Apêndice D.

b O vírus da Encefalite do carrapato da Europa Central (CETBE)


não é um nome registrado no The International Catalogue of
Arboviruses – 1985. Até a questão do registro do nome ter sido
resolvida taxonomicamente, a CETBE se refere ao seguinte
grupo de flavivírus associado ao carrapato muito próximo, mas
não idêntico da Tchecoslováquia, Finlândia e Rússia como:
Absettarov, Hanzalova, Hypr e Kumlinge. Esses quatro vírus são
antigenicamente homogêneos e são diferenciados do vírus da
Encefalite Primavera-Verão da Rússia (RSSE)10, 11,12. Embora
haja uma vacina que confira imunidade ao grupo do CETBE de
vírus geneticamente homogêneos (> 98%), a eficácia desta
vacina contra as infecções causadas pelo vírus da CETBE ainda
não foi estabelecida. Desta forma, a SALS reclassificou o grupo
de vírus CETBE como do Nível de Biossegurança 3, quando as
pessoas estão imunizadas com a vacina contra a CETBE. O RSSE
continua classificado como um vírus pertencente ao Nível de
Biossegurança 4.

218
Relação de Agentes — Arbovírus e Vírus Zoonóticos Relacionados

c. A SALS também recomenda que o trabalho com estes agentes


seja conduzido somente em instalações do nível de
Biossegurança 3, que proporcione uma filtração HEPA de todo
o ar liberado antes de ser jogado para dentro do laboratório.

d. A vacina está disponível e é recomendada para todas as pesso-


as que trabalham com este agente.

e. Este vírus, atualmente está sendo registrado no Catalogue of


Arboviruses.

f. Os cientistas da República da China verbalmente relataram o


vírus Banna como sendo associado a casos graves de
encefalites. As traduções dos originais do chinês para o Inglês
não se encontravam a disposição para esta revisão.

g. O vírus Zinga é agora reconhecido como idêntico ao Vírus da


Febre do Rift Vale.

h. A licença para exportação deste vírus deve ser obtida junto ao


Department of Commerce.

i. Uma licença de importação ou transporte doméstico deste agente


pode ser obtido através do USDA/APHIS/VS.

Arbovírus, Arenavírus e Filovírus Designados ao Nível de


Biossegurança 4.

A SALS recomenda 13
que o trabalho com os 11 arbovírus,
arenavírus ou filovírus incluídos na Tabela 5 seja conduzido pela
prática, equipamento de segurança e instalações semelhantes as
do Nível de Biossegurança 4. Essas recomendações são basea-
das em casos documentados de infecções freqüentemente fatais
ocorridas naturalmente em homens e nas infecções transmitidas
por aerossóis em laboratórios. A SALS também recomenda que
alguns agentes com uma relação próxima com os agentes do Nível
de Biossegurança 4 (por exemplo, o vírus da Encefalite Primavera-
Verão da Rússia) também sejam provisoriamente manipulados neste
nível até que experiências laboratoriais suficientes indiquem a po-
sição do mesmo neste nível ou a reclassificação deste apara um

219
Relação de Agentes — Arbovírus e Vírus Zoonóticos Relacionados

nível menor. Como observado abaixo, com a imunização, a SALS


recomenda uma diminuição do nível de classificação do Vírus Junin
e do complexo de vírus da Encefalite do Carrapato da Europa Cen-
tral (Absettarov, Hanzalova, Hypr e Kumlinge) ao Nív e l de
Biossegurança 3. As infecções associadas a laboratório ou ao la-
boratório animal provocadas pelos seguintes agentes foram rela-
14, 15, 16, 17, 18, 19,20:
tadas
Vírus Casos (SALS)

Junin* 21 (1 morte)
Marburg* 25 (5 mortes)
Enc. Primavera-Verão 8
Enc. Hemorrágica Criméia-Congo 8 (1 morte)
Febre hemorrágica Omsk 5
Lassa* 2 (1 morte)
Machupo* 1 (1 morte)
Ebola* 1
Sabia* 3 (1 morte)

* A licença para exportação deste agente deverá tida junto ao


ser ob

Department of Commerce.

Os roedores são reservatórios naturais do vírus da Lassa


(Mastomys spp.), do Junin, do vírus Machupo (Calomys spp.),
Guaranito (Zygodontomys spp.) e talvez de outros membros deste
grupo. Os primatas não-humanos estavam associados aos surtos
iniciais da Doença da Floresta de Kyasanur (Presbytis spp.) e o
vírus da doença de Marburg (Cercopithecus spp.). Mais recentemen-
te, os filovírus relacionados com o Ebola foram associados com o
Macaca spp. e chimpanzés (Pan troglodytes). Os artrópodes são
os vetores naturais do complexo de agentes da encefalite do car-
rapato. O trabalho com ou a exposição aos roedores, aos primatas
não-humanos ou aos vetores naturalmente ou experimentalmente
infectados com esses agentes representa uma fonte potencial de
infecção humana.

Riscos em Laboratório: Os agentes infecciosos podem ser


encontrados no sangue, urina e secreções de garganta, sêmen e

220
Relação de Agentes — Arbovírus e Vírus Zoonóticos Relacionados

tecidos de hospedeiros humanos ou animais, artrópodes, roedo-


res e primatas não-humanos. A exposição respiratória aos aerossóis
infecciosos, a exposição da membrana mucosa aos perdigotos in-
fecciosos e a inoculação parenteral acidental são os perigos pri-
mários para o laboratório e para as pessoas que cuidam de ani-
21, 22
mais .

Precauções Recomendadas: As práticas e instalações do


Nível de Biossegurança 4 são indicadas para todas as atividades
que utilizem materiais sabiamente ou potencialmente infecciosos
de origem humana, animal ou artrópode. As amostras clínicas de
pessoas com suspeita de terem sido contaminadas pelos agentes
relacionados acima deverão ser submetidas a um exame laboratorial
23, 24
do Nível de Biossegurança 4 de máxima contenção .

Transferência do Agente: A licença para a importação destes


agentes deverá ser obtida no CDC. Já a licença para exportação
deverá ser conseguida no Department of Commerce. O registro do
laboratório é necessário junto ao CDC antes do envio ou
recebimento destes agentes.

Tabela 5. Arbovírus, Arenavírus e Filovírus designados para


o Nível de Biossegurança 4

Encefalite do carrapato da Europa Central


Febre hemorrágica Criméia-Congo
Ebola
Guaranito
Junin
Doença da Floresta de Kyasanur
Lassa
Machupo
Febre hemorrágica de Omsk
Encefalite Primavera-Verão da Rússia
Sabia

221
Relação de Agentes — Arbovírus e Vírus Zoonóticos Relacionados

Referências:

1. International Catalog of Arboviruses including Certain Other


viruses of Vertebrates. 1985. The Subcommittee on Informa-
tion Exchange of the American Committee on Arthropod-borne Vi-
ruses. Third edition. N. Karabatsos, Editor. American Society for
Tropical Medicine and hygiene. San Antonio, TX
2. Subcommittee on Arbovirus Laboratory Safety for Arboviruses and
Certain Other Viruses of vertebrates. 1980. Am J Trop Med Hyg 29
(6):1359-1381.
3. Hanson, R.P., et al. 1967. Arbovírus infections of laboratory workers.
Science 158: 1283-1286.
4. Pike, R.M. 1976. Laboratory-associated infections: Summary and
analysis of 3.921 cases. Htlh Lab Sci 13: 105-114.
5. Subcommittee on Arbovirus Laboratory Safety for Arboviruses and
Certain Other Viruses of Vertebrates. 1980. (2)
6. Hanson, R.P., et al. 1967. (3)
7. Pike, R.M. 1976 (4)
8. Subcommittee on Arbovirus Laboratory Safety for Arbovirus and Cer-
tain Other Viruses of Vertebrates. 1980. (4).
9. Mathiot, C.C. et al. 1990. An Outbreak of Human Semliki Forest
Virus Infections in Central African Republic. Am J Trop Med Hyg 42:
386-393.
10. Heinz, FX, Kunz, C: Molecular epidemiology of tick-borne encepha-
litis virus: peptide mapping of large non-strucutural proteins of Euro-
pean isolates and comparison with other flaviviruses. J. Gen. Virol.,
62: 271, 1982.
11. Calisher, CH: Antigenic classification and taxonomy of flaviviruses
(Family Flaviviridae) emphasizing a universal system for the taxonomy
of viruses causing tick-borne encephalitis. Acta virol. 32: 469, 1998.
12. Wallner, G. Mandi, CW, Ecker, M, Holzman, H, Stiasny, K, Kunz, C,
and Heinz, FX: Characterization and Complete genome sequences
of high- and – low-virulence variants of tick-borne encephalitis vírus.
J. Gen. Virol: 77 1035, 1996.
13. Killey, M.P. et al. 1982. Filoviridae: a taxonomic home for Marburg
and Ebola viruses? Intervirology 18: 24-32.
14. Edmond, R.T.D., et al. 1977. A case of Ebola virus infection. Br
Méd J 2: 541-544.
15. Hanson, R.P., et al. 1967. (3).
16. Hennessen, W. 1971. Epidemiology of “Marburg Vírus” disease. In:
222
Relação de Agentes — Arbovírus e Vírus Zoonóticos Relacionados

Martini, G.A., Siegert, R. eds., Marburg Vírus Disease. New


York: Springer-Verlag 161-165.
17. Leifer, E., Gocke, D.J., and Bourne, H. 1970. Lassa Fever, a
new virus disease of man from West Africa. II. Report of a labo-
ratory-acquired infection treated with plasma from a person
recently recovered from the disease. Am J Trop Hyg 19: 677-9.
18. Pike, R.M. 1976 (4).
19. Subcommittee on arbovirus Laboratory Safety for Arboviruses
and Certain Other Viruses of Vertebrates. 1980. (2).
20. Weissenbacher, M.C., et al. 1978. Inapparent infections with
Junin vírus among laboratory workers. J Infect Dis 137: 309-
313.
21. Leifer, E., Gocke, D.J., and Bourne, H. 1970 (24).
22. Weissenbacher, M.C., et al. (27).
23. Centers for Disease Control, Office of Biosafety. 1974. Classi-
fication of Etiologic Agents on the Basis of Hazard, 4th Edition.
U.S. Department of Health, Education and Welfare, Public Health
Service.
24. Oliphant, J.W., et al. 12949. Q fever in Laundry workers, pre-
sumably transmitted from contaminated clothing. Am J Hyg 49
(1):76-82.

223
APÊNDICE A

Contenção Primária: Cabines de Segurança Biológica

As cabines de segurança biológica (CSB) estão entre os mais


comuns e eficazes dispositivos de contenção primária utilizados em
laboratórios que trabalham com agentes infecciosos1. Os três tipos
gerais de cabines (Classe I, II e III) possuem características e
aplicações que serão descritas neste apêndice.

As CSB de Classe I e II adequadamente mantidas, quando


usadas em conjunto com boas técnicas de microbiologia,
proporcionam um sistema de contenção eficaz para uma
manipulação segura de microorganismos de risco moderado ou alto
(agentes do Nível de Biossegurança 2 e 3). Tanto as Cabines de
Classe I como as de Classe II possuem uma velocidade de fluxo de
ar (75-100 pés lineares por minuto) que proporcionam níveis de
contenção comparáveis para a proteção dos funcionários de
laboratório e do meio ambiente das áreas adjacentes contra
aerossóis infecciosos gerados dentro das cabines. As cabines de
segurança biológica de Classe II também protegem o próprio material
e a pesquisa através de uma filtração altamente eficiente (filtração
HEPA) do fluxo de ar sobre toda a superfície de trabalho (fluxo
laminar vertical). Já as Cabines de Classe III oferecem uma proteção
máxima para os trabalhadores do laboratório, para a comunidade
e para o meio ambiente porque todos os materiais perigosos estão
contidos em uma cabine ventilada e totalmente fechada.

CLASSE I

(Observação: as cabines de Classe I, atualmente, estão sendo


fabricadas em número limitado; muitas podem ser
substituídas por cabines de Classe II).

As Cabines de Segurança Biológica de Classe I (Fig. 1) é


uma cabine ventilada de pressão negativa operada por uma abertura
frontal e uma mínima velocidade de face para abertura de trabalho
de 75 pés lineares por minuto (lfpm). Todo o ar da cabine é liberado
através de um filtro HEPA para dentro ou para fora do laboratório.
A cabine de Classe I é projetada para a pesquisa geral de agentes

224
Apêndice A

microbiológicos de risco moderado e baixo e é útil para a contenção


de processadores, liquidificadores e de outros equipamentos. Essas
cabines não são apropriadas para a manipulação de materiais de
pesquisa que sejam vulneráveis a contaminação pelo ar, uma vez
que o fluxo interno do ar não filtrado do laboratório pode carregar
microorganismos contaminantes para dentro da cabine.

A cabine de Classe I pode também ser usada, com um painel


frontal fechado e sem as luvas de borracha, que aumentará a
velocidade do fluxo interno para aproximadamente 150 lfpm. Se
essas cabines equipadas estiverem ligadas através de dutos
externos de exaustão, elas poderão ser usadas para materiais
tóxicos ou com baixos níveis radioativos usados como auxiliares da
pesquisa microbiológica. Além disto, as ervas de braços longos de
borracha podem ser anexadas ao painel frontal com um dispositivo
de liberação da pressão do ar para proteção adicional. Nesta
configuração, é necessário instalar uma entrada de ar adaptada e
ajustada com um filtro HEPA na cabine.

CLASSE II

A Cabine de Segurança Biológica de Classe II (Fig. 2) é


projetada com um fluxo de ar interior com uma velocidade (75-100
lfpm), para proteger os funcionários um fluxo de ar laminar vertical
filtrado pelo sistema HEPA para proteção do produto e com ar de
saída, exaustão, filtrado pelo sistema HEPA para proteção do meio
ambiente. Os padrões do projeto, construção e atuação das cabines
de Classe II, assim como as listas de produtos que atendam a estes
padrões foram desenvolvidas pela National Sanitation Foundation
International2 em Ann Arbor, no Michigan. A utilização deste padrão
e desta lista deverá ser o primeiro passo na seleção e aquisição de
uma cabine de Classe II.

As cabines de Classe II são classificadas em dois tipos (A e


B) baseadas na construção, velocidades e padrões do fluxo de ar
e nos sistemas de exaustão. Basicamente, as cabines do Tipo A
são adequadas para pesquisas microbiológicas na ausência de
substâncias químicas voláteis ou tóxicas e de radionuclídeos, uma

225
Apêndice A

vez que o ar é recirculado dentro da cabine. As cabines do Tipo A


podem ter exaustão dentro do laboratório ou para fora através de
uma conexão metálica que se prende ao sistema de exaustores do
edifício.

As cabines do Tipo B são sub-divididas em Tipos B1, B2 e


B3. Uma comparação entre as características do projeto e as
aplicações está representadas nas Figuras 2b, 2c e 2d
respectivamente. As cabines do Tipo B possuem dutos rígidos
conectados ao sistema de exaustão do prédio e contém um sistema
de ar de pressão negativa. Essas características, mais uma
velocidade plena de 100 lfpm, permitem o trabalho a ser feito com
substâncias químicas tóxicas ou radionuclídeos.

É essencial que as cabines de proteção biológica I e II sejam


testadas e certificadas in situ no momento da instalação dentro do
laboratório, todas as vezes que a CSB for removida ou uma vez ao
ano. A verificação local pode atestar a performance da cabine
individual ou modelo, mas não poderá excluir os testes críticos antes
do uso em laboratório.

Como em qualquer equipamento do laboratório, as pessoas


deverão ser treinadas para o uso adequado das cabines de
segurança biológica. De particular interesse são as atividades que
possam romper o fluxo direcionado para o interior. Fatores como a
inserção e retirada repetida dos braços dos trabalhadores para
dentro e para fora das cabines, abertura e fechamento de portas
do laboratório ou do cubículo de isolamento, a colocação ou a
operação imprópria dos materiais ou dos equipamentos dentro da
câmara de trabalho ou uma caminhada vigorosa próxima a CSB
enquanto esta estiver sendo utilizada causam a liberação destas
partículas aerolizadas de dentro da cabine. As cabines de Classe I
e II deverão estar localizadas longe do fluxo de pessoas e da portas.
O fluxo de ar gerado por ventiladores, ventilação proveniente de
venezianas, metálicas em portas ou paredes outros dispositivos
para movimentação do ar podem interromper o padrão de fluxo de
ar na frente da cabine. A obediência severa a estas regras para
uso de CSB e a colocação adequada das mesmas em um laboratório

226
Apêndice A

são tão importantes na manutenção da capacidade de contenção


máxima do equipamento quanto o próprio funcionamento do equi-
pamento.

CLASSE III

A Cabine de Segurança Biológica de Classe III (Fig. 3) é


uma cabine totalmente fechada e ventilada, a prova de escape de
ar e oferece o mais alto grau de proteção ao pessoal e ao meio
ambiente contra aerossóis infecciosos, assim como a proteção de
materiais de pesquisa de contaminantes microbiológicos. As cabines
de Classe III são mais adequadas para o trabalho com agentes
perigosos que requerem uma contenção de um Nível de
Biossegurança 3 ou 4.

Todas as operações na área e trabalho da cabine deverão


ser realizadas através de braços com luvas de borracha ou por
meio de macacão. A cabine de Classe III é operada com pressão
negativa. O suprimento de ar é filtrado através do sistema HEPA e
o ar liberado da cabine é filtrado através de dois filtros HEPA em
série, ou a filtração HEPA é seguida de uma incineração, antes de
ser descartado para fora do local.

Todos os equipamentos necessários para uma atividade em


um laboratório, como as incubadoras, geladeiras e centrífugas
deverão ser uma parte integral do sistema de cabine. A cabine de
Classe III deverá ser conectada a uma autoclave de duas portas e/
ou um tanque de imersão química usado para esterilizar ou
desinfetar todos os materiais que saírem da cabine, e permitir que
os estoques entrem na cabine. Várias cabines de Classe II são,
portanto, tipicamente instaladas como um sistema interconectado.

MACACÃO INDIVIDUAL DE PRESSÃO POSITIVA

A proteção individual equivalente à fornecida por cabines de


Classe III, também pode ser obtida através do uso de uma vestimenta
de peça única e ventilada. O trabalhador deverá usá-la quando
estiver trabalhando com agentes do Nível de Biossegurança 3 ou 4

227
Apêndice A

em uma área de risco correspondente e usando CSB de Classe I


ou II. A roupa individual é mantida sob uma pressão positiva com
um sistema de suporte de vida para prevenir o vazamento dentro
desta vestimenta. Neste sistema de contenção, o trabalhador deverá
estar isolado dos materiais de trabalho.

A área escafandro deverá ser essencialmente equivalente a


uma cabine grande de Classe III. A entrada nesta área deverá ser
feita através da câmara de compressão adaptada com portas
herméticas. Um chuveiro químico deverá ser instalado como um
tanque de imersão para descontaminação das superfícies da roupa
e dos trabalhadores que entram e saem da área. O ar liberado da
área escafandro deverá ser filtrado através de dois filtros HEPA
instalados em séries. Toda a área deverá estar sob pressão negativa.

Assim como nas CSB III, as luvas das roupas individuais são
o componente mais vulnerável do sistema, pois estão sujeitas a
perfurações por objetos cortantes e mordidas de animais.

Outros dispositivos: As bancadas de fluxo laminar de ar


horizontal de “clean benches” são usados em instalações clínicas,
farmacêuticas e laboratoriais estritamente para garantir a proteção
do produto. Este equipamento nunca deverá ser usado para a
manipulação de materiais tóxicos, infecciosos, radioativos ou
sensibilizadores, uma vez que o trabalhador respira o ar liberado
da “bancada limpa”. As bancadas de fluxo laminar vertical podem
ser úteis para algumas manipulações de materiais limpos (por
exemplo, placa de agar), mas não deverão ser usados quando o
trabalho com materiais infecciosos estiver sendo conduzido.

Referências:

1. U.S Department of Health and Human Services. Primary Con-


tainment of Biohazards: Selection, Installation and Use of Bio-
logical Safety Cabinets. (Washington: GPO, 1995)
2. National Sanitation Foundation Standard 49. 1983. Class II (lami-
nar Flow) Biohazard Cabinetry. Ann Arbor, Michigan.

228
Tabela 1. Comparação das Cabines de Segurança Biológica.
Tipo Velocidade Padrão de fluxo Radionuclídeos/ Níveis de Proteção do
frontal do ar Substâncias Biossegurança Produto
Químicas
Classe I* 75 Frontal; atrás e acima Não 2, 3 Não
com a frente através do filtro HEPA.
aberta
Classe II 75 70% de ar recircu-lado Não 2, 3 Sim
Tipo A através do HEPA; exaustão
através do HEPA.

Tipo B1 100 30% de ar recirculado Sim 2, 3 Sim


através do HEPA; exaustão (Níveis baixo/
de ar via HEPA e dutos. volatilidade)

Tipo B2 100 Nenhuma recir-culação do Sim 2, 3 Sim


ar; total exaustão via HEPA
e dutos
Tipo B3 100 Idêntica às Cabines IIA, mas Sim 2, 3 Sim
o sistema de ventilação plena
sob pressão negativa para
sala e exaustão através de
dutos.
Classe III NA Entradas e saída do ar Sim 3, 4 Sim
através do filtro HEPA 2
* os compartimentos para as luvas poderão ser acrescentados e aumentarão a velocidade frontal para 150 lfpm; as luvas podem ser adicionadas com a
liberação da pressão da entrada de ar que permitirá o trabalho com radionuclídeos/químicos.

229
Figura 1
Cabine de Segurança Biológica Classe I. A. abertura frontal, B. vidraça
corrediça. C. filtro HEPA para exaustão, D. espaço de exaustão.

Ar ambiente

Ar potencialmente
contaminado

Ar filtrado por filtro HEPA

VISTA LATERAL
Figura 2a
Cabine de segurança Biológica Classe 2, Tipo A. A. abertura frontal, B.
vidraça corrediça, C. filtro HEPA para exaustão, D. espaço posterior,
E. filtro HEPA para o suprimento de ar, F. ventilador.

Ar ambiente

Ar potencialmente contaminado

Ar filtrado por filtro HEPA

VISTA LATERAL

231
Figura 2b
Cabine de segurança biológica Classe II, Tipo B1 (desenho clássico). A. abertura frontal, B. vidraça corrediça, C. filtro
HEPA para exaustão, D. filtro HEPA para o suprimento de ar, E. espaço de exaustão com pressão negativa,, F.
ventilador, G. filtro HEPA adicional para o suprimento de ar. Observação: O exaustor da cabine necessita ser conectado
ao sistema de exaustores do edifício.

Conexão necessária de sistema de exaustores do edifício


232

Ar ambiente

Ar potencialmente contaminado

Ar filtrado por filtro HEPA

VISTA LATERAL VISTA FRONTAL


232
Figura 2c
Cabine de Segurança Biológica Classe II, Tipo B2. A. abertura frontal, B. vidraça corrediça, C. filtro HEPA para exaustão,
D. filtro HEPA para suprimento de ar, E. espaço de exaustão com pressão negativa, F. tela do filtro. Observação: O filtro
de carbono do sistema de exaustores do edifício não está mostrado nesta figura. O ar de exaustão na cabine deverá ser
conectado ao sistema de exaustores do edifício.

Conexão necessária de sistema de exaustores do edifício

Ar ambiente

Ar potencialmente contaminado

Ar filtrado por filtro HEPA

VISTA LATERAL VISTA FRONTAL


233
Figura 2d
Cabine de Segurança biológica Classe II. Tipo B3 (modelo de mesa). A. abertura frontal, B. vidraça corrediça, C. filtro
HEPA de exaustão, D. filtro HEPA para suprimento de ar, E. espaço de pressão positiva, F. espaço de pressão
negativa. Observação: Os exaustores da cabine deverão ser conectados aos sistemas dos exaustores do edifício.

Conexão necessária de sistema de exaustores do edifício

Ar ambiente

Ar potencialmente contaminado

Ar filtrado por filtro HEPA

VISTA LATERAL VISTA FRONTAL


234
Figura 3
Cabine de Segurança Biológica de Classe III. A.compartimento para fixação de luvas longas de borracha à cabine, B.
vidraça corrediça, C. filtro HEPA para exaustão, D. filtro HEPA para o suprimento de ar, E. autoclave dupla saída na
extremidade ou caixa de passagem da cabine. Observação: Um tanque de imersão química pode ser instalado e deverá
ser colocado abaixo da superfície de trabalho da CSB com o acesso por cima. O sistema de exaustores da cabine
necessita ser conectada a um sistema de exaustores independente.

Conexão necessária de sistema de exaustores do edifício

Ar ambiente

Ar potencialmente contaminado

Ar filtrado por filtro HEPA

VISTA LATERAL VISTA FRONTAL


235
APÊNDICE B

Imunoprofilaxia

Um nível adicional de proteção para pessoas do grupo de


risco pode ser conseguido através de imunizações profiláticas ade-
quadas. È essencial uma norma organizacional por escrito que
defina as pessoas do grupo de risco, especifiquem os riscos e os
benefícios das vacinas específicas e que faça distinção entre as
vacinas solicitadas e as recomendadas. Ao desenvolver essas nor-
mas organizacionais, essas recomendações e requisitos deverão
ser especificamente concentrados em doenças infecciosas que
serão ou provavelmente serão encontradas em um local em parti-
cular.

As vacinas licenciadas nas quais os benefícios (níveis de


anticorpo considerados como protetores) excedem os riscos (por
exemplo, as reações locais ou sistêmicas) deverão ser requisita-
das para todas as pessoas claramente identificadas. Exemplos
destas preparações incluem as vacinas contra a hepatite B, febre
amarela, anti-rábica e contra a pólio. As recomendações para apli-
cação de vacinas menos eficazes, como as associadas aos altos
índices de reações locais ou sistêmicas, as que produzem reações
muito graves com o uso repetido e as vacinas não licenciadas da-
das sob os protocolos de uma nova droga de pesquisa (IND), de-
verão ser cuidadosamente consideradas. Os produtos com essas
características (por exemplo, as vacinas contra a cólera, o antraz e
a tularemia) podem ser recomendados, mas não poderão ser re-
quisitados para o trabalho. Um registro completo das vacinas rece-
bidas baseando-se nos requisitos ou recomendações ocupacionais
deverá ser mantido em cada ficha médica do trabalhador.

As recomendações para o uso e vacina adaptadas da lista


mencionada no Public Health Service Advisory Committee on
Immunization Practices, estão incluídas no resumo das caracterís-
ticas dos agentes na Seção VII e estão elaboradas nas referências
1, 2
abaixo . O leitor deverá consultar as recomendações atuais da
ACIP publicadas no CDC Morbidity and Mortality Weekly Report
(MMWR). Deve-se dar uma atenção particular para os indivíduos
que estão ou que podem se tornar imunodeprimidos, uma vez que

236
Apêndice B

as recomendações para administração de vacinas podem ser dife-


rentes das recomendações indicadas para um adulto
imunologicamente competente.

Referências:

1. Centers for Disease Control and Prevention. General Recom-


mendations on Immunization Recommendations of the Advisory
Committee on Immunization Practices (ACIP), January 28, 1994. /
Morbidity and Mortality Weekly Report (MMWR) 43(RR01); 1-38.
2. Centers for Disease Control and Prevention. 1997. Immunization
of Health-Care Workers: Recommendations of the Advisory Com-
mittee on Immunization Practices (ACIP) and the Hospital Infec-
tion Control Practices Advisory Committee (HICPAC)
Morbidity and Mortality Weekly Report (MMWR) 46 (RR-18); 1-42.

237
APÊNDICE C

Transporte e Transferência de Agentes Biológicos

Os agentes biológicos incluem os agentes infecciosos de


homens, plantas e animais, assim como as toxinas que podem ser
produzidas por micróbios e por material genético potencialmente
perigoso por si só ou quando introduzido em um vetor adequado.
Agentes etiológicos e substâncias infecciosas são termos
intimamente relacionados e são encontrados nas normas de
transporte e de transferência. Os agentes biológicos podem existir
em culturas purificadas e concentradas, mas também podem ser
encontrados em uma variedade de materiais como fluídos corpóreos,
tecidos, amostras de solo e etc. Agentes biológicos e materiais
suspeitos de contê-los, ou que sabidamente os contêm, são
reconhecidos pelos governos federais e estaduais como materiais
perigosos e o transporte e a transferência destes materiais deverão
estar sujeitos ao controle normativo.

O termo transporte se refere ao acondicionamento e envio


destes materiais pelo ar, terra ou mar, geralmente feito por uma
empresa comercial. Já o termo transferência se refere ao processo
de mudança de local destes materiais.

Transporte

Os regulamentos sobre o transporte de agentes biológicos


são definidos de forma a assegurar proteção ao público e aos
trabalhadores da rede de transporte à exposição a qualquer agente
que possa estar presente na embalagem. A proteção é obtida
através de: (a) requisitos para um rigoroso acondicionamento que
suporte manipulações bruscas e a contenção de todo o material
líquido dentro da embalagem sem que ocorra vazamento para o
lado de fora, (b) rotulagem adequada das embalagens com o
símbolo de risco biológico e outros rótulos que alertem os
trabalhadores da rede de transporte sobre o conteúdo perigoso da
embalagem, (c) documentação sobre o conteúdo perigoso da
embalagem contendo informações necessárias para o caso de uma
situação de emergência e, (d) treinamento de trabalhadores da
rede de transporte para que possam se familiarizar com os

238
Apêndice C

conteúdos perigosos de forma a serem capazes de responder às


situações de emergência.

Regulamentos

Serviço Público de Saúde 42 CRF Parte 72. Transporte


Interestadual de Agentes Etiológicos. Este regulamento está sendo
revisado para harmonizar-se com outros regulamentos
internacionais e dos E.U.A. Uma cópia do regulamento atual poderá
ser conseguida através da internet no:
http://www.cdc.gov/od/ohs

Departamento de Transporte. 49 CFR Partes 171-178.


Regulamentos para transporte de Materiais Perigosos. Este se
aplica aos agentes biológicos e as amostras clínicas. Maiores
informações poderão ser obtidas através da internet no site:
http://dot.gov.rules.html

Serviço Postal dos Estados Unidos. 39 CFR Parte 111. Envio Postal
de Agentes Etiológicos. Codificados no Manual de Postagem
Doméstica 124.38: Preparações dos Agentes Etiológicos. Uma cópia
do Manual de Postagem Doméstica poderá ser obtida através do
Setor de Publicação do Governo através do telefone 1-202-512-
1800 ou através do site na internet:
http://www.access.gpo.gov

Administração da Segurança e da Saúde Ocupacional (OSHA). 29


CFR Parte 1910.1030 Exposição Ocupacional aos Patógenos do
Sangue. Estabelece os requisitos mínimos para acondicionamento
e rotulagem para o transporte de sangue e de fluídos corpóreos
dentro do laboratório e fora dele. Maiores informações poderão
ser adquiridas no escritório local da OSHA ou no site:
http://osha.gov

Regulamentos sobre Produtos Perigosos (DGR). Associa-


ção Internacional de Transporte Aéreo (IATA). Esses regulamen-
tos fornecem os requisitos para o acondicionamento e rotulagem
de substâncias e materiais infecciosos e de amostras clínicas que

239
Apêndice C

possuam uma baixa probabilidade de conterem substâncias infec-


ciosas. Estes são os regulamentos seguidos pelas empresas aére-
as. Eles se baseiam nos regulamentos do Comitê de Peritos em
Transporte de Produtos Perigosos, Secretariado das Nações Uni-
das e as Instruções Técnicas para o Transporte de Produtos Peri-
gosos via aérea que são fornecidas pela Organização Internacio-
nal da Associação Civil (ICAO). A cópia do DGR poderá ser obtida
através do telefone 1-800-716-6326 ou através do site:
http://www.iata.org ou http://who.org

Requisitos Gerais de Acondicionamento para Transporte de


Agentes Biológicos e de Amostras Clínicas

A Figura 1 mostra o acondicionamento do tipo “triplo”


(container primário, embalagem secundária com contenção de água,
embalagem externa resistente a impacto) necessário para agente
biológico oriundo de doença humana ou de materiais suspeitos de
contê-los ou que sabidamente os contém. Esta embalagem requer
a colocação de um rótulo externo, com os dizeres “Substância
Infecciosa”, mostrado na Figura 2. Esta embalagem deverá atender
aos testes de performance enfatizados nos regulamentos do DOT,
USPS, PHS e da IATA.

As amostras clínicas com uma baixa probabilidade de conter


um agente infeccioso também necessitam de um acondicionamento
“triplo”, mas os testes de performance só exigem que a embalagem
não apresente vazamentos após o teste de uma queda de quatro
pés. O DOT, o PHS e a IATA exigem um rótulo externo identificando
a embalagem como “Amostra Clínica”.

Transferência

Os regulamentos para a transferência de agentes biológi-


cos visam assegurar que a mudança de posse dos materiais bio-
lógicos esteja dentro dos interesses do público e da nação. Estes
regulamentos exigem a documentação dos trabalhadores, insta-
lações e justificativa da necessidade de transferência do agente
e subseqüente aprovação deste processo por uma autoridade

240
Apêndice C

federal. Os seguintes regulamentos se aplicam nesta categoria:

Importação de Agentes Etiológicos de Doenças Humanas

42 CFR Parte 71 Quarentena Estrangeira. Parte 71.54


Agentes, Hospedeiros e Vetores Etiológicos. Este regulamento exige
uma licença para a importação (obtida nos Centros de Prevenção
e Controle de Doenças) dos agentes etiológicos de doenças
humanas e de quaisquer materiais, incluindo animais e insetos vivos
que possam contê-los. Um requerimento e maiores informações
sobre as licenças para importação poderão ser obtidos através do
telefone 1-888-CDC-FAXX e dando entrada no documento número
101000 ou no site:
http://www.cdc.gov/od/ohs/biosty/imprtper.html

Importação de Agentes Etiológicos de Criações, Aves e de Outras


Doenças em Animais.

9 CFR Partes 92, 94. 95 96, 122 e 130. Estes regulamentos


exigem que uma licença de importação obtida no Departamento de
Agricultura dos Estados Unidos (USDA), Serviço de Inspeção de
Saúde de Plantas e Animais (APHIS), Serviços Veterinários para a
importação ou transferência doméstica de agentes etiológicos de
criações, aves, outros animais e qualquer outro material que possa
conter estes agentes etiológicos. Maiores informações poderão ser
obtidas através do telefone (301) 734-3277 ou através do site:
http://aphisweb.aphis.usda.gov/ncie

Importação de Pestes de Plantas

7 CFR Parte 330. Regulamentos Federais de Pestes de


Plantas; Geral; Pestes de Plantas; Solo; Pedras e Produtos de
Ardósia; Lixo. Este regulamento exige uma licença para a importação
ou a transferência doméstica de pestes botânicas, agente biológicos
de plantas ou de qualquer material que possa contê-los. Maiores
informações poderão ser obtidas através do telefone 301-734-3277
ou através do site:
http://aphis.usda.gov./ppq/ppqpermits.html

241
Apêndice C

Transferência de Agentes Biológicos Selecionados de Doen-


ças Humanas

42 CFR Parte 72.6 Exigências Adicionais para Instalações


Que Realizam Transferências ou Recebimento de Agentes
Selecionados. Instalações que transferem ou importam agentes
selecionados deverão ser registrados junto ao CDC e cada trans-
ferência de um agente selecionado deverá ser documentada. Mai-
ores informações poderão ser conseguidas através do site:
http://www.cdc.gov/od/ohs/lrsat

Exportação de Agentes Etiológicos Humanos, Animais, Plantas


e Materiais Relacionados.

Departamento de Comércio. 15 CFR Partes 730 a 7999. Es-


tes regulamentos exigem que os exportadores de uma grande vari-
edade de agentes etiológicos humanos, plantas e doenças ani-
mais, incluindo o material genético, e produtos que poderão ser
usados na cultura de grandes quantidades de agentes, possuam
uma licença para exportação. Maiores informações poderão ser
obtidas através do telefone do DOC Bureau of Export Administration:
202-482-4811 ou através do site:
http://www.bxa.fedworld.gov ou http://www.bxa.doc.gov

As Figuras 1 e 2 ilustram o acondicionamento e rotulação de


substâncias e amostras clínicas infecciosas em volumes de menos
de 50 ml, de acordo com as provisões do sub-parágrafo 72.3 (a)
do regulamento do Interstate Shipment of Etiologic Agents (42 CFR,
Parte 72). A revisão depende ainda dos resultados dos requisitos
adicionais de rotulação de embalagens, mas até o momento da
publicação desta quarta edição do BMBL, essas modificações não
haviam sido concluídas.

Para maiores informações sobre qualquer cláusula deste


regulamento, entre em contato com:
Centers for Disease Control and Prevention
Attn: External Activities Program
Mail Stop F-05
1600 Clifton Road N.E.

242
Apêndice C

Atlanta, GA 30333
Telephone: (404) 639-4418
FAX: (404) 639-2294.

Observe que o nome, endereço e número de telefone do


remetente deverão ser colocados no lado externo e interno dos
containers. Advertimos ao leitor consultar outras cláusulas adicionais
do Department of Transportation (49 CFR, Partes 171-180)
Hazardous Materials Regulations.

243
Figura 1. Embalagem e rotulagem de substâncias infecciosas

Recipiente primário
Embalagem de material absorvente
Cultura Tampa
Rótulo de risco biológico
Segundo recipiente
Fita a prova d’água ou recipiente
secundário
Cultura
Rótulo de Identificação
da Amostra Nome, telefone
Rótulo de Risco e endereço
Biológico do remetente.
Embalagem de
material de absorvente Outro
recipiente
Rótulo de
Substância
Infecciosa

Figura 2. Embalagem e rotulagem de amostras clínicas

Lista discriminada dos conteúdos Recipiente hermético primário


recipiente secundário
hermeticamente fechado Recipiente secundário hermeticamente
(lacrado em um saco fechado (lacrado em um saco plástico)
plástico)
embalagem de material absorvente
Recipiente hermético primário
Amostra ID

Rótulo de risco biológico


Embalagem de
material absorvente

Rótulo da amostra
clínica nome, telefone e endereço do
destinatário

244
APÊNDICE D

Patógenos Animais

Os patógenos que normalmente não são encontrados na criação


doméstica de aves e de gado poderão necessitar de um projeto laboratorial
especial, operação e características específicas de contenção, que
geralmente não estão especificadas nesta publicação. A importação,
posse ou uso dos seguintes agentes é proibida ou restrita por lei ou pelos
regulamentos ou normas administrativas do Departamento de Agricultura
dos Estados Unidos ou por políticas administrativas:

Doença do Cavalo Africano Mycoplasma mycoides


(mycoides)

Vírus da Febre Suína Africana* Vírus da doença de


ovinos africanos (vírus
Ganjam)

Vírus da Akabane Vírus da Doença de


Newscastle* (cepas
velogênicas)

Vírus da Influenza Aviária Peste dos pequenos


ruminantes* (praga
dos pequenos
ruminantes)

Besnoitia besnoiti Vírus da Febre do Vale


Rift*

Vírus da Língua Azul* Vírus de Rinderspest*

Vírus da Doença de Borna Varíola de ovinos e


caprinos*

Encefalopatia Espongiforme Bovina Vírus da Doença


Vesicular de Suínos*

245
Apêndice D

Agente da Febre Petequial Infeciosa Bovina Vírus da Doença de


Teschen*

Brucella abortus Theileria annulata


Brucellosis melitensis* Theileria lawrencei

Burckholderia mallei (Pseudomonas Theileria bovis


mallei – Glanders)

Vírus da varíola do camelo Theileria hirci

Febre Suína clássica Trypanosoma brucei

Cochliomya hominivorax (larva da Trypanosoma


Cochliomya hominivorax) congolense

Cowdria ruminantium (caudriose) Trypanosoma


equiperdum (dourine)

Encefalopatia Espongiforme Bovina, Trypanosoma evansi


variante da Doença de Creutzeldt-Jakob

Vírus da Febre Efemeral Trypanosoma vivax

Vírus da doença da mão-e-boca* Encefalomielite


Eqüina Venezuelana

Histoplasma (Zymonema) Vírus do Exantema


farciminosum Vesicular

Vírus da Encefalite Bovina Estomatite Vesicular

Vírus da doença da pele granulosa Doença hemorrágica


viral de coelhos

Mycobacterium bovis Vírus da Doença


de Wesselsbron

Mycoplasma agalactiae

246
Apêndice D

A importação, a posse, o uso ou o embarque interestadual


de patógenos animais, com exceção dos relacionados acima, pode
também estar sujeita aos regulamentos do Departamento de Agri-
cultura dos Estados Unidos.

A licença para importação atr avés do USDA/APHIS é


necessária para a importação de qualquer agente infeccioso animal
que estejam na lista de patógenos animais da USDA/APHIS. Esta
licença poderá ser requerida para a importação de qualquer outro
agente de infecção de aves e gado. Uma licença de importação
também é necessária para a importação de qualquer produto
derivado de aves ou de gado, tais como sangue, soro ou outros
tecidos.

Maiores informações poderão ser obtidas escrevendo para:

U.S Department of Agriculture


Animal and Plant Health Inspection Service
Veterinary Services, National Center for Import and Export
4700 River Road, Unit # 40
Riverdale, Maryland 20737-1231

Telefone: (301) 734-3277


Fax: (301) 734-8226

Internet: http: /www.aphis.usda.gov/ncei

247
APÊNDICE E

FONTES DE INFORMAÇÕES

As fontes de informações, consultas e recomendações so-


bre o controle de risco biológico, procedimentos de descontaminação
e outros aspectos do gerenciamento da segurança de um labora-
tório incluem:

Centers for Disease Control and Prevention


Attention: External Activities Program
Atlanta, Georgia 30333
Telefone: (404) 639-4418

National Institutes of Health


Attention: Division of Safety
Bethesda, Maryland
Telefone: (301) 496-1357

National Animal Disease Center


U.S Department of Agriculture
Ames, Iowa 50010
Telefone: (515) 862-8258

United States Department of Labor, Occupational Safety and Health


Administration
• Exposição Ocupacional aos Patógenos do Sangue, Regra Final
Fed Reg 1991; 56: 64041-64182
http://www.osha-slc.gov/OshStd_data/1910_1030.html.
• Regra Proposta para TB:
http://www.osha –
slc.gov/FedReg_osha_data/FED19980205.html.
• Padrões de Segurança e de Saúde. Ocupacional 29 CFR
Parte 1910: (http://www.oshda-slc.gov/OshStd_toc/
OSHDA_Std_toc_1910.html)

Normas:

Centros de Prevenção e Controle da Doença


• Tuberculose:
1994: http://www.cdc.gov/nchstp/tb/pubs/250001.pdf
1997 (Lab): http://www.cdc.gov/od/ohs/tbdoc2.html

248
Apêndice E

• Imunização para Trabalhadores da Área de Saúde:


http://www.cdc.gov/epo/mmwr/preview/rr4618.html
• Normas para Controle de Infecções em Trabalhadores da
Área de Saúde, 1998:
http://www.cdc.gov/ncidod/hip/draft_gu/waisgate.txt
• Profilaxia para o HIV:
http://www.cdc.gov/epo/mmwr/mmwr_rr.html

Departamento do Exército, DOD. 32 CFR Partes 626, 627 –


Programa de Segurança da Defesa Biológica: (http://www.gpo.gov)

Comitê Nacional dos Padrões de Laboratórios Clínicos (NCCLS)


• Normas aprovadas para a proteção de trabalhadores de
laboratórios aos agentes de risco biológico e doenças infecciosas
transmitidas pelo sangue, fluídos corpóreos e tecido. Dezembro
de 1997, NCCLS Doc. M29-A (ISBN1-56238-339-6. http://www/
[email protected] ).

Institutos Nacionais de Saúde


• Normas do NIH para Moléculas de DNA Recombinante:
http://www.NIH.gov/od/orda/toc.html
• Escritório do NIH para Atividades com DNA Recombinante
http://www.NIH.gov/od/orda

249
APÊNDICE F

Segurança do Laboratório e Resposta de Emergência para


Laboratórios Biomédicos e de Microbiologia

Normas tradicionais de segurança laboratorial enfatizam o


uso de boas práticas de trabalho, equipamento de contenção
adequado, dependências bem projetadas e controles
administrativos que minimizem os riscos de uma infecção acidental
ou ferimentos em trabalhadores de laboratório e que evitem a
contaminação do meio ambiente.

Embora os laboratórios clínicos e de pesquisas possam conter


uma variedade de materiais biológicos, químicos e radioativos
perigosos, até o momento, existem poucos relatórios sobre o uso
intencional de quaisquer destes materiais para ferir trabalhadores
1, 2, 3, 4, 5,6
de laboratórios ou outras pessoas .

Entretanto, há uma crescente preocupação sobre o possível


uso de materiais biológicos, químicos e radioativos como agentes
7, 8
para o terrorismo ,. Em resposta a essas preocupações, as
seguintes normas orientam essas questões de segurança
laboratorial (por exemplo, prevenção da entrada de pessoas não
autorizadas em áreas laboratoriais e prevenção da remoção não
autorizada de agentes biológicos perigosos).

Os seguintes itens são oferecidos como normas para os


laboratórios que usam agentes biológicos ou toxinas capazes de
causarem doenças sérias ou fatais aos homens e aos animais. A
maioria destes laboratórios estaria trabalhando sob condições de
Níveis de Biossegurança 3 ou 4 descritas nas Seções II e III. Porém,
os laboratórios de pesquisa, de produção e os clínicos que traba-
lham com patógenos recentemente identificados, patógenos ani-
mais de alto nível, e/ou toxinas não cobertas pelas recomendações
dos Níveis de Biossegurança 3 ou 4 deverão também seguir essas
normas para minimizar as oportunidades de remoção acidental ou
intencional destes agentes de um laboratório.

250
Apêndice F

1. Reconhecer que a segurança do laboratório está relaci-


onada, mas é diferente de um laboratório seguro.

• Envolver profissionais com experiência em segurança e


proteção para avaliação e desenvolvimento das
recomendações para um dado local ou laboratório.

• Revisar as normas e os procedimentos de segurança


regularmente. A administração deverá revisar as normas para
garantir que estão adequadas para as condições atuais e
consistentes com outras normas e procedimentos amplos do
local. Os supervisores do laboratório deverão assegurar que
todos os trabalhadores e visitantes de um laboratório
entendam os requisitos de segurança e sejam treinados e
equipados para seguirem os procedimentos estabelecidos.

• Rever as normas e os procedimentos quando ocorrer um


incidente ou quando uma nova ameaça for identificada.

2. Acesso controlado às áreas onde agentes biológicos ou


toxinas estejam sendo usadas ou armazenadas.

• As áreas dos laboratórios e de tratamento de animais deverão


ser separadas das áreas públicas dos edifícios onde se
encontram localizadas.

• As áreas do laboratório ou de cuidados animais deverão ser


trancadas todas às vezes.

• Os cartões-chaves ou dispositivos similares deverão ser


usados para permitir a entrada às áreas do laboratório e as
de cuidado do animal.

• Todas as entradas (incluindo as entradas para visitantes,


trabalhadores de manutenção, trabalhadores para realização
de reparos e outros que precisarem entrar ocasionalmente)
deverão ser registradas por um dispositivo semelhante a um
cartão-chave (preferível) ou através de assinatura no livro
de entrada.

251
Apêndice F

• Somente os trabalhadores necessários para a realização de


um trabalho deverão receber permissão para entrar somente
nas áreas e nas horas que um trabalho em particular for re-
alizado.
a. O acesso para estudantes, cientistas, etc, deverá ser
limitado ao horário em que os funcionários regulares
estiverem presentes.
b. O acesso para a limpeza, manutenção e consertos
rotineiros deverá ser limitado ao horário em que os
funcionários estiverem presentes.

• Os freezers, geladeiras, cabines e outros containers onde


estoques de agentes biológicos, materiais clínicos ou
radioativos deverão ser guardados, deverão ser trancados
quando não estiverem à vista dos trabalhadores (por exemplo,
quando localizados em áreas de armazenamento não
freqüentadas regularmente).

3. Saber quem está nas áreas do laboratório.

• Os supervisores e diretores do local deverão conhecer todos


os trabalhadores. Dependendo dos agentes biológicos
envolvidos e do tipo de trabalho a ser desenvolvido, deve-se
fazer uma revisão da limpeza e da segurança antes que novos
funcionários sejam designados para a área de trabalho.

• Todos os trabalhadores (incluindo estudantes, cientistas


visitantes e outros trabalhadores temporários) deverão usar
crachás de identificação. Estes crachás deverão conter no
mínimo uma fotografia, o nome do indivíduo e a data de
vencimento deste crachá. O uso de marcadores colorido ou
de outros símbolos facilmente identificável sobre os crachás
seria úteis para a identificação para indicar a liberação para
a entrada em áreas restritas (por exemplo, laboratórios de
NB-3 ou 4, áreas de tratamento de animal).

• Os visitantes deverão ser identificados com crachás e deverão


ser acompanhados ou autorizados a entrarem usando os
mesmos procedimentos como os usados para trabalhadores.
252
Apêndice F

4. Saber quais os materiais que estão sendo trazidos para


dentro da área laboratorial.

• Todos os materiais deverão ser verificados (visualmente ou


por raios-x) antes de serem trazidos para dentro do
laboratório.

• Os pacotes contendo amostras, substâncias bacterianas ou


isoladas, ou toxinas deverão ser abertos em uma cabine de
segurança ou em outro dispositivo de contenção adequado.

5. Saber quais materiais estão sendo removidos da área


laboratorial.

• Os materiais/toxinas biológicas que serão removidos para


outros laboratórios deverão ser embalados e rotulados de
acordo com todos os regulamentos locais, federais e
internacionais aplicáveis9.

a. As licenças necessárias (por exemplo, PHS, DOT, DOC,


USDA) deverão ser obtidas antes que os materiais sejam
acondicionados e rotulados.
b. Os recipientes (de preferência) ou o local de recebimento
dos materiais deverão ser conhecidos pelo remetente, e
este remetente deverá fazer um esforço para assegurar
que os materiais sejam enviados para um local equipado
com recursos para manipular estes materiais com
segurança.

• O transporte manual de materiais e toxinas biológicas para


outros laboratórios é considerado inadequado. Se os materiais
ou toxinas biológicas a serem carregadas manualmente forem
transportados por carregadores comuns, todos os
regulamentos deverão ser seguidos.

• Materiais contaminados ou possivelmente contaminados


deverão ser descontaminados antes de saírem da área do
laboratório. Os materiais químicos e radioativos deverão ser
253
Apêndice F

descartados de acordo com os regulamentos locais, federais


e estaduais.

6. Tenha um plano de emergência.

• O controle do acesso às áreas do laboratório poderá fazer


com que os procedimentos de emergência sejam dificultados.
Este fato deverá ser considerado quando os planos de
emergência forem desenvolvidos.
a. Uma avaliação da área laboratorial pelos funcionários do
local, com profissionais de fora, se necessário, para a
identificação dos aspectos de segurança e proteção
deverão ser conduzidos antes que um plano de
emergência seja desenvolvido.
b. Os administradores, diretores, principais pesquisadores e
trabalhadores do laboratório e os trabalhadores
responsáveis pela segurança do local deverão estar
envolvidos no planejamento de emergência.
c. A polícia, o corpo de bombeiro ou outras pessoas envolvidas
em situações de emergência deverão ser informados quanto
aos tipos de materiais biológicos em uso nas áreas laboratoriais
e deverão dar uma assistência no planejamento dos
procedimentos de emergência nas áreas laboratoriais.
d. Os planos deverão incluir a provisão de uma notificação imediata
dos diretores e trabalhadores do laboratório e pessoas
encarregadas pela segurança, ou outros indivíduos quando
ocorrer uma emergência, de maneira que possam lidar com as
questões de biossegurança caso ocorra.

• O planejamento de emergência laboratorial deverá ser coordenado


com planos de expansão. Fatores como ameaças de bombas,
problemas climáticos (furacão e inundação), terremotos, falta de
energia e outros desastres naturais (ou não naturais) deverão ser
considerados quando o plano de emergência estiver sendo
desenvolvido.

254
Apêndice F

7. Possua um protocolo para relato de incidentes.

• Os diretores do laboratório, em cooperação com os encarregados


pela segurança e proteção do local, deverão ter normas e procedimentos
no local para relatar e investigar os incidentes ou possíveis incidentes
(por exemplo, visitantes sem documentos, desaparecimento de
substâncias químicas, telefonemas incomuns ou ameaçadores).

Referências:

1. Torok T J, et al. A large community outbreak of salmonellenosis


caused by intentional contamination of restaurant salad bars.
JAMA 1997; Vol. 278; 389-395.
2. Kolavic SA, et al. An Outbreak of Shigella dysenteriae Type 2
Among Laboratory Workers due to Intentional Food
Contamination. JAMA 1997; Vol 278; 396-398.
3. Report to Congress on abnormal Occurrences with occurred
between July and September 1995, 3rd Event: NIH Incident,
Federal Register, February 26, 1996, Vol.61, Nº 38, pp. 7123-
7124.
4. U.S Nuclear Regulatory Commission, NUREG 1535, Ingestion
of Phosphorous-32 at MIT, Cambridge, MA Identified on Au-
gust 19, 1995.
5. U.S Nuclear Regulatory Commission, Preliminary Notification
of Event or Unusual Occurrence PNO-1-98-052, Subject: In-
tentional Ingestion of Iodine – 125 Tainted Food (Brown Uni-
versity), November 16, 1998.
6. National Institutes of Health (NIH) Issuance of Director’s Deci-
sion: The NIH Incident, Federal Register, September 24, 1997,
62 (185): 50018-50033.
7. Atlas RM, Biological weapons Pose Challenge for Microbiology
Community. ASM News 1998: Vol 64; 383-389.
8. Ruys, Theodorus, New York: Laboratory Design principles. In:
Handbook of Facilities Planning. Ruys, T, ed. New York: Van
Nostrand Reinhold, 1990; 257-264.
9. U.S Public Health Service. Final Rule: Additional Requirements
for Facilities Transferring or Receiving Select Agents. Federal
Register, Oct. 24, 1996; 61 FR 29327.
255
APÊNDICE G

Gerenciamento Integrado de Roedores e de Insetos

O gerenciamento de roedores e de insetos é uma parte


importante na administração de um local de pesquisa. Muitos
insetos, como mosquitos e baratas, podem ser vetores e espalhar
mecanicamente os patógenos de doenças e comprometem o meio
ambiente de pesquisa. Mesmo a presença de insetos inócuos
contribui para as condições fora dos padrões sanitários.

A abordagem mais comum para o controle de roedores e de


insetos tem sido a aplicação de produtos químicos, como uma
medida preventiva ou remediadora. Os tratamentos com pesticidas
podem ser eficazes e podem ser necessários como uma medida
corretiva, mas têm resultados limitados a longo prazo quando usados
sozinhos. As aplicações de pesticidas também apresentam potencial
de contaminação para o meio ambiente de pesquisa, através da
aerolização e volatilização do pesticida.

Para controlar os roedores e os insetos e para minimizar o


uso de pesticidas, é necessário empregar um programa de
abordagem que integre os serviços de limpeza, de manutenção e
de controle de roedores e de insetos. Este método de controle é
freqüentemente chamado de gerenciamento integrado de roedores
e de insetos(GIRI). O objetivo primário de um programa GIRI é de
prevenir os problemas causados pelos roedores e insetos, através
do gerenciamento do meio ambiente local de maneira que o torne
menos propício para a infestação de roedores e de insetos.
Juntamente com as aplicações limitadas de pesticidas, o controle é
conseguido através de estratégias de intervenções administrativas
e operacionais retroativas para corrigirem condições que propiciem
o surgimento de roedores e de insetos.

O GIRI é um serviço baseado em estratégias. A decisão de


implementar um programa GIRI deverá se basear não somente no
custo dos serviços, mas também na eficácia dos componentes do
serviço. O GIRI é específico para cada local e cada programa deverá
ser idealizado conforme o meio ambiente onde será aplicado. Os
serviços de GIRI em um laboratório serão diferentes daqueles

256
Apêndice G

aplicados em um edifício de escritórios ou em um local de tratamento


de animais.

Os programas de gerenciamento integrado de roedores e de


insetos (GIRI) são baseados nos vários componentes, que estão
inter-relacionados e que contribuem para o “gerenciamento do meio
ambiente” de pesquisa para controlar os roedores e os insetos.
São eles:

• Projeto do Local: A inclusão de questões e requisitos para o


gerenciamento de roedores e de insetos no planejamento, no
projeto e na construção, proporcionam a oportunidade de
incorporar características que auxiliam a impedir a presença de
roedores e de insetos, a minimizar o seu habitat e a promover
condições sanitárias adequadas. Isto poderá ajudar a reduzir a
necessidade de futuros serviços corretivos de gerenciamento
de roedores e de insetos, que podem ser um obstáculo para as
operações de pesquisa.

• Monitoramento: Armadilhas, inspeções visuais e entrevistas com


os funcionários são usadas para identificação das áreas e
condições que possam abrigar roedores e insetos. O
monitoramento é a atividade central de um programa de GIRI e
é usado no lugar de tratamentos preventivos com pesticidas.

• Manutenção do Local e do Saneamento Básico: Muitos dos


problemas com roedores e insetos podem ser prevenidos ou
corrigidos ao usarmos um saneamento adequado, reduzindo a
desordem e o habitat destes. A manutenção de registros das
deficiências estruturais e das condições de manutenção do local
pode ajudar a detectar problemas e determinar se as ações
corretivas foram concluídas de maneira satisfatória.

• Comunicação: Um membro da equipe do laboratório pode ser


designado para se reunir com os funcionários do gerenciamento
de roedores e de insetos, para assistí-los nas resoluções de
questões específicas do laboratório, que tenham impacto sobre
o gerenciamento de roedores e de insetos. As informações sobre
257
Apêndice G

as atividades de roedores e de insetos, e recomendações sobre


as práticas e condições do local que possam impactar o
gerenciamento de roedores e de insetos, devem ser
retransmitidos verbalmente ou por escrito para aquelas pessoas.
O treinamento dos indivíduos em questões relacionadas à
identificação, biologia e condições sanitárias pode também
promover a compreensão e a cooperação com os objetivos do
programa de GIRI.

• Manutenção de Registros: Um livro de registro pode ser usado


para anotar a atividade dos roedores e dos insetos, e as
condições pertinentes ao programa de GIRI. Este livro poderá
conter os protocolos e procedimentos para os serviços de GIRI
naquela instalação, folhas de dados sobre a segurança dos
pesticidas, rótulos dos mesmos, registros de tratamento; planos
para o uso, relatórios de pesquisa, etc.

• Controle de Roedores e de Insetos sem o Uso de Pesticidas:


Os métodos de controle como o uso de armadilhas, calafetagem
ou vedação, lavagem e congelamento podem ser aplicados de
forma segura e eficientemente, quando usados juntamente com
condições sanitárias e reparos estruturais adequados.

• Controle de Roedores e de Insetos usando Pesticidas: As


aplicações preventivas dos pesticidas deverão ser
desencorajadas, e os tratamentos deverão ficar restritos às
áreas de atividade conhecida de roedores e dos insetos. Quando
os pesticidas são aplicados, deve-se usar e aplicar produtos
menos tóxicos, de melhor eficácia, de maneira segura.

• Avaliação e Garantia de Qualidade do Programa: A revisão do


programa e a garantia da qualidade deverão proporcionar uma
avaliação contínua e objetiva das atividades e da eficácia do
GIRI. Isto é feito para assegurar que o programa esteja realmente
controlando os roedores e os insetos, e atendendo as
necessidades básicas do programa da instalação e de seus
ocupantes. Baseado nesta revisão, os protocolos de

258
Apêndice G

gerenciamento de roedores e de insetos podem ser modifica-


dos e novos procedimentos podem ser implementados.

• Perícia Técnica: Um entomologista qualificado pode fornecer


um guia técnico útil no desenvolvimento e implementação de
um programa GIRI. As pessoas responsáveis pelo
gerenciamento de roedores e de insetos deverão ser licenciadas
e certificadas através de uma agência regulamentadora
adequada.

• Segurança: Ao limitar o espectro dos tratamentos com pesticidas


e ao usarmos práticas de controle sem pesticidas, o programa
de GIRI poderá conseguir minimizar o potencial de exposição
do meio ambiente de pesquisa e da equipe de funcionários ao
pesticida.

Antes de iniciar qualquer tipo de programa de controle de


roedores e de insetos, o desenvolvimento de uma estrutura
operacional para os serviços GIRI poderá ajudar a promover a
colaboração entre especialistas no controle e o pessoal do local.
Esta estrutura pode também ser usada para incorporar as restrições
de instalação física laboratorial e questões operacionais e
processuais dentro do programa de GIRI. Um programa eficaz de
gerenciamento de roedores e de insetos é uma parte integral da
administração das instalações laboratoriais. Ao incluir uma política
de GIRI nos procedimentos de operação padrão de instalações
laboratoriais, aumentaremos a conscientização do programa.

O treinamento sobre os princípios e práticas do


gerenciamento estrutural (indoor) integrado ao gerenciamento de
roedores e de insetos e as informações sobre o programa do GIRI
estão disponíveis através de muitas fontes. Algumas delas são: os
departamentos de entomologia de universidades, escritórios de
extensão municipal, Sociedade Entomológica dos EUA,
departamentos estaduais de agricultura, associações estaduais de
controle de roedores e de insetos, estoques de equipamentos para
controle de roedores e de insetos e consultores de gerenciamento
de roedores e de insetos ou firmas de gerenciamento de roedores

259
Apêndice G

e de insetos. Há também cursos por correspondência em várias


universidades e cursos curtos e conferências de treinamento sobre
o gerenciamento estrutural de roedores e de insetos.

Informação Adicional:

Urban Entomolgy. 1996. Insect and mite Pests in the Human


Environment. W.H. Robinson. Chapman and Hall. New York.

Advances in Urban Pest Management. 1986. Gary W. Bennett and


John M. Owens, eds. Van Nostrand Reinhold Company. New York.

Common Sense Pest Control. 1991. Least-toxic solutions for four


home, garden, pests and community. William Olkowski, Sheila Daar,
Helga Olkowski. The Taunton Press., Inc.,

Internet:

• Associação Nacional de Controle de Roedores e de Insetos:


http://www.pestworld.org
• Rede de Biocontrole: http://www.bioconet.com

260
APÊNDICE H

Trabalhos com Células e Tecidos Humanos e de Outros Primatas

O Centers for Disease Control and Prevention e o National


Institutes of Health gostariam de expressar agradecimentos a Frank
P. Simione, M.S. e Jane Caputo, B.A. da American Type Culture
Collection (ATCC), uma organização global de biociência dedicada
aos padrões biológicos e à biodiversidade, por suas contribuições
na preparação deste Apêndice.

Pelo menos 24 casos documentados de infecção em


funcionários de laboratório que manipulam culturas de células
primárias (por exemplo, células renais do macaco rhesus) ocorreram
1, 2
nos últimos 30 anos . Embora um número limitado de infecções
adquiridas em laboratório tenha sido relatado como resultado da
manipulação de células humanas e de outros primatas, há um risco
significativamente maior em adquirir uma infecção pelo HIV ou HBV
através da exposição ao sangue humano e outros líquidos
3,4,5
corporais . Por esta razão, a OSHA desenvolveu um padrão para
6
patógenos do sangue. Os procedimentos foram publicados para
7,8
reduzir a contaminação de culturas celulares com microorganismos
9
ou com outras células.

Riscos Potenciais em Laboratórios: Os riscos potenciais


laboratoriais associados às células e tecidos humanos incluem os
patógenos do sangue HBV e HIV, assim como agentes tais como
Mycobacterium tuberculosis que podem estar presentes nos tecidos
pulmonares humanos. Outras células e tecidos de primatas também
10
apresentam riscos aos trabalhadores de laboratórios. Riscos
potenciais aos trabalhadores de laboratórios são apresentados por
células transformadas por agentes virais, como as SV-40, EBV ou
a HBV, assim como as células que carregam material genético viral.
As células humanas tumorigênicas também podem oferecer
11
potenciais riscos como resultado de uma auto-inoculação.

Práticas Recomendadas: Células humanas e de outros


primatas deverão ser manipuladas usando as práticas e a contenção
do Nível de Biossegurança 2. Todo o trabalho deverá ser realizado
em uma cabine de segurança biológica e todo o material deverá

261
Apêndice H

ser descontaminado
12,13,14,15
pela autoclave ou desinfetado antes de ser
descartado. Todos os funcionários que trabalham com célu-
las e tecidos humanos deverão ser registrados no Programa de
Patógenos do Sangue, e deverão trabalhar de acordo com as nor-
mas e políticas 16estabelecidas pelo Plano Institucional de Controle
da de Infecção. Os empregados deverão fornecer uma amostra
do soro, permitir a sua imunização contra o vírus da hepatite B e
serem avaliados por um profissional da área de saúde depois de
qualquer exposição incidental.

Referências:

1. Davidson, W.L. and Hummler, K. 1960. B-virus infection in man.


Annals of the New York Academy of Science 85 : 9970-979
2. National Research Council, 1989. Safe handling of infectious
agents. In: Biosafety in the laboratory, Prudent Practices for
the Handling and Disposal of Infectious Material, NRC, National
Academy Press, Washington, D.C. Pg 13-33.
3. McGarrity, G.J. and C.L. Hoerner. Biological Safety in the Bio-
technology Industry. In: Laboratory Safety: Principles and Prac-
tice. ASM Press, Washington, D.C., 1995.
4. Centers for Disease Control. 1988. Update: Universal Precau-
tions for Prevention of Transmission Human Immunodeficiency
Virus, Hepatitis B Virus and Other Bloodborne Pathogens in
Healthcare Settings. MMWR, 37: 377-382, 387, 388.
5. Centers for Disease control and Prevention, 1989. Guidelines
for Prevention of Transmission of Human Immunodeficiency Vi-
rus and Hepatitis B Virus to Healthcare and Public Safety Work-
ers. MMWR 38, N° S-6.
6. U.S Department of Labor, Occupational safety and Health Ad-
ministration. 1991. Occupational Exposure to Bloodborne
Pathogens. 29 CFR Part 1910. 1030:231-243.
7. McGarrity, G.J. and Coriell, L.L. 1971. Procedures to reduce
contamination of cells cultures. In vitro 6(4): 257-265.
8. McGarrity, G.J. 1976. Spread and control of mycoplasmal in-
fection of cell culture. In vitro 12: 643-648.
9. Nelson Rees, W.A., Daniels, D.W., and Flandermeyer, R.R.
1981. Cross-Contamination of Cells in Culture. Science 212:
446-452.
10. McGarrity, G.J. and C.L. Hoerner. 1995 (3).
11. Weiss, R.A. 1978. Why cell biologists should be aware of ge-

262
Apêndice H

netically transmitted viruses. National Cancer Institute Mono-


graph 48: 183-189.
12. Barkley, W.E. 1979. Safety considerations in the cell culture
laboratory. Methods Enzymol. 58: 6-54.
13. Grizzle, W.E. and Sarah S. Polt. 1988. Guidelines to avoid per-
sonnel contamination by infective agents in research laborato-
ries that use human tissues. Journal of Tissue Culture Meth-
ods. 11: 191-199.
14. Caputo, J.L 1988. Biosafety procedures in cell culture. Journal
of Tissue Culture Methods 11: 233-227.
15. Caputo J.L. Safety procedures. In: R. Ian Freshney and Mary
G. Freshney, Eds, Culture of Immortalized Cells, Wiley-Liss,
Inc. 1996.
16. Occupational Exposure to Bloodborne Pathogens (6).

263
APÊNDICE I

Normas para o Trabalho com Toxinas de Origem Biológica

Em reconhecimento ao crescente número de laboratórios


biomédicos e microbiológicos que trabalham com toxinas de origem
biológica, apresentamos as seguintes normas para o trabalho com
estas toxinas.

O material abaixo foi adaptado do Programa de Segurança


da Defesa Biológica, Requisitos de Segurança Técnica (DA
1
Pamphlet 385-69) e do Apêndice A do United States Department of
Labor Occupational Safety and Health Association rule “Occupational
2
Exposure to Hazardous Chemicals in Laboratories” .

Os gerentes de laboratórios e os encarregados pela


segurança das instalações deverão ser encorajados a utilizar as
referências relacionadas abaixo e a consultar peritos neste assunto
antes de usar qualquer toxina, para assegurar que as instalações,
equipamento de contenção, normas e procedimentos, programas
de treinamento de pessoal e protocolos de vigilância médica
específicos para a toxina e o para o laboratório são adequados.

Geral

As instalações, equipamento e procedimentos laboratoriais


para o trabalho com toxinas de origem biológica deverão refletir o
nível intrínseco de perigo imposto por uma toxina em particular,
assim como os riscos potenciais inerentes às operações realizadas.
Se a toxina e os agentes infecciosos forem usados, os dois deverão
ser levados em consideração quando o equipamento de contenção
for selecionado e os procedimentos e normas forem escritos. Caso
sejam usados animais, as práticas de segurança animal também
deverão ser consideradas.

Práticas Padrões

As práticas padrões relacionadas nos NB - 2 e 3 deverão ser


revisadas e incorporadas aos protocolos para o trabalho com as
toxinas.

264
Apêndice I

Práticas especiais

As práticas especiais relacionadas no NB - 2 e 3 deverão ser


revisadas e incorporadas aos protocolos apropriados para o trabalho
com as toxinas.

1. Cada laboratório deverá desenvolver um plano de


higienização química específico para a (s) toxina(s) usada(s)
naquele laboratório. O plano de higienização química deverá:
1) identificar os perigos que serão encontrados no uso normal
da toxina, e os perigos que poderão ser encontrados no caso
de um vazamento ou outro acidente, e 2) especificar as
práticas e normas a serem usadas para minimizar os riscos
(por exemplo, equipamento de contenção e proteção
individual, gerenciamento de vazamentos, gerenciamento de
3
exposições acidentais e vigilância médica) .

2. O treinamento específico para o uso de toxinas deverá ser


exigido e documentado para todos os funcionários de
laboratórios que trabalham com as toxinas antes que o
trabalho com este elemento seja iniciado e a partir daí, em
intervalos de tempo.

3. Um sistema de controle de inventário deverá ser adotado.

4. As toxinas deverão ser guardadas em salas de


armazenamento, cabines ou freezers trancadas quando não
estiverem sendo usados.

5. O acesso às áreas que contêm toxinas deverá ficar restrito


às pessoas que trabalham no local.

6. A preparação de recipientes primários contendo estoques


de soluções de toxinas e manipulações de containers
primários de formas secas de toxinas deverão ser conduzidas
em uma coifa química a vapor, em uma cabine com luvas
(“glove box”), em uma cabine de segurança biológica ou em
um sistema de contenção equivalente aprovado pelo

265
Apêndice I

responsável pela segurança. A filtração do ar liberado atra-


vés de filtros HEPA e/ou através de carvão poderá ser ne-
cessária, dependendo da toxina.

7. O usuário deverá verificar o fluxo de ar no interior da coifa ou


da cabine de segurança biológica antes de iniciar o trabalho.

8. Todo trabalho deverá ser feito dentro de uma área efetiva da


coifa ou da cabine de segurança biológica.

9. Quando as toxinas estão sendo usadas, a sala deverá conter


um aviso indicando “Toxinas em Uso – Somente Pessoas
Autorizadas”. Qualquer solicitação especial para a entrada
no recinto deverá ser colocada na entrada da sala. Somente
os funcionários cuja presença é necessária deverão ser
permitidos enquanto as toxinas estiverem sendo usadas.

10. Todas as operações de alto risco deverão ser conduzidas na


presença de duas pessoas experientes. Cada um deverá
estar familiarizado com os procedimentos aplicáveis,
mantendo o contato visual um com o outro e pronto a prestar
socorro no caso de um acidente.

11. Antes que os recipientes sejam removidos da sala, da coifa,


cabines ou da cabine com luvas (“glove box”) o exterior do
recipiente primário fechado deverá ser descontaminado e
colocado em um container secundário limpo. As toxinas
deverão ser transportadas somente em containers a prova
de vazamentos.

12. As roupas e equipamentos de proteção contaminados ou


potencialmente contaminados deverão ser descontaminados
utilizando métodos conhecidos pela eficácia contra toxinas
antes de serem removidos do laboratório para que possam
ser desprezados, limpos ou consertados. Caso a
descontaminação não seja possível/prática, os materiais (por
exemplo, luvas usadas) deverão ser descartados como lixo
tóxico. Os materiais contaminados com agentes infecciosos
266
Apêndice I

e as toxinas deverão também ser autoclavados ou converti-


dos em não infecciosos de outra maneira antes de deixar o
laboratório.

13. O interior da coifa, da cabine com luvas (”glove box”) ou da


cabine deverá ser descontaminado periodicamente, por
exemplo, no final de uma série de experimentos relacionados.
Até que seja descontaminada, a coifa, a cabine com luvas
(“glove box”) ou a cabine deverá conter um aviso indicando
que toxinas estão sendo usadas e que o acesso ao
equipamento e utensílios ficam restritos aos funcionários
autorizados.

Equipamento de Segurança

As normas para o uso de equipamento de segurança


relacionados nos Níveis de Biossegurança 2 e 3 (veja Seção III)
deverão ser revisadas e incorporadas adequadamente nos
protocolos para o trabalho com as toxinas.

1. Quando utilizando coifas a vapor com abertura frontal ou


cabine de segurança biológica, roupa de proteção, incluindo
as luvas e uma capa descartável que cubra o corpo e tenha
manga comprida (jaleco, avental ou traje semelhante) deverá
ser usado de maneira que as mãos e os braços estejam
completamente cobertos.

2. Uma proteção para os olhos deverá ser utilizada se um


sistema de contenção que possua uma abertura na frente
for usado.

3. Outro equipamento poderá ser necessário, dependendo das


características da toxina e do sistema de conte nção. Por
exemplo, use uma proteção respiratória adicional se a
formação de aerossóis ocorrer e se não for possível o uso
de um equipamento de contenção ou de outros controles de
engenharia de segurança.

267
Apêndice I

4. Quando manipular formas secas de toxinas que sejam


eletrostáticas:

a. Não use luvas (como as de látex) que ajudem a formar


eletricidade estática.

b. Use uma “glove box” ou uma cabine com luvas ou em


uma cabine de segurança biológica de Classe III.

5. Quando manipular toxinas que sejam perigosas para a mem-


brana percutânea (irritantes, provocam necrose no tecido ou
que sejam extremamente tóxicas para a exposição
dermatológica), selecione luvas que sejam conhecidas por
serem impermeáveis à toxina.

6. Considere a toxina e o diluente quando for selecionar luvas e


outras roupas de proteção.

7. Se agentes infecciosos e as toxinas forem usadas juntamen-


te com um sistema experimental, considere as duas quando
for selecionar os equipamentos e roupas de proteção.

Instalações do Laboratório

As recomendações de instalação do laboratório relaciona-


das para os Níveis de Biossegurança 2 e 3 (veja a Seção III) e os
padrões da OSHA* deverão ser revisados e incorporados de for-
ma apropriada nos protocolos para o trabalho com toxinas.

1. Linhas de Vácuo. Ao usar as linhas de vácuo juntamente


com sistemas de contenção de toxinas, estas deverão ser
protegidas com um filtro HEPA para prevenir a entrada de
toxinas nas linhas. Os ralos das pias deverão ser também
protegidos quando os aspiradores de água forem usados.

Referências

1. Department of the Army, DOD, 32 CFR Parts 626, 628 – Bio-


logical Defense Safety Program.

268
Apêndice I

2. United States Department of Labor, Occupational Safety and


Health Administration.. 29 CFR Part 1910 – Occupational Safety
and Health Standards.

3. United States Department of Labor, Occupational Safety and


Health Administration. 29 CFR Part 1910. (2).

4. United States Department Occupational Safety and Health Ad-


ministration. 29 CFR Part 1910. (2)

Referências Adicionais

American Industrial Hygiene Association - Biosafety Reference


Manual.
Heinsohn P.A.; Jacobs R.R., Concoby B.A. (eds) American Industrial
Hyigiene Association, Fairfax. 1995

National Research Council. Prudent Practices in the Laboratory:


Handling and Disposal of Chemicals. National Academy Press,
Washington D. C. 1995

CRC Handbook of Toxicology. Derelanko M.J., Hollinger M.A.; (eds)


CRC Press, Boca Raton 1995.

Ellenhorn’s Medical Toxicology: Diagnosis and Treatment of Human


Poisoning. Ellenhorn M.J., Schonwald S., Ordog G., Wasserrberger
J., Williams and Wilkins, Baltimore 1997

269
ÍNDICE REMISSIVO

Índice Remissivo

Agentes bacterianos ..................................................................100


Agentes parasitários ..................................................................142
Trematódeo ............................................................. 145, 146
Agentes virais ................................................... 171, 180, 181, 261
Agulhas e seringas ......................................................... 25, 34, 45
Antraz ................................................................................ 100, 236
Arbovírus e Arenavírus .................................................... 208, 212
Ascaris spp. ...................................................................... 147, 148
Avaliação dos riscos ........... 12, 15, 82, 87, 88, 90, 94, 96,99, 206
Bacillus anthracis .......................................................................100
Bacillus subtilis ............................................................................. 12
Besnoitia besnoiti ......................................................................245
Bioterrorismo ................................................................................ iv
BMBL ..........................................................................................242
Bordetella pertussis .......................................................... 101, 128
Botulismo ........................................................................... 107,108
Bovino ............................................................................... 110, 155
Abortus .................................................................... 103, 246
Canis ....................................................................... 103, 128
Melitensis ................................................ 103, 128, 129, 245
Suis ..................................................................................103
Brucelose .......................................................................... 1, 2, 103
CSB ............................................ 9, 10, 13, 14, 179, 224, 226, 228
Cabines de Segurança Biológica (CSB) .............................. 9, 224
Classe I ................... 9, 10, 17, 73, 100, 120, 135, 188, 224,
225, 226, 228, 229, 230
Classe II .......... 10, 17, 27, 37, 39, 42, 48, 57, 77, 224, 225,
227, 229, 233, 233, 234
Classe III . 10, 15, 37, 40, 41, 46, 48, 50, 51, 53, 73, 78, 79,
83, 84, 100, 174, 179, 224, 227, 228, 228, 268
Calomys spp ..............................................................................220
Campylobacter .......................................................... 105, 129, 130
Caudriose ..................................................................................246
Cercopithecus spp. .................................................................... 220
Chimpanzés ............................ 152, 153, 155, 174, 176, 183, 220,

270
Citomegalovírus ................................................................ 180, 181
Clostridium ........................................................................ 107, 108
Coccidioides immitis ................................................................... 133
Cólera ........................................................................... 1, 126, 136
Conídios .................................................................... 133, 134, 138
Contenção ....... 5, 8, 9, 10, 11, 12, 13, 14, 16, 21, 22, 27, 29, 30,
33, 35, 37, 41, 46, 48, 49, 50, 52, 53, 54, 56, 65, 69, 71, 73, 75,
79, 82, 84, 94, 97, 98, 99, 100, 102, 103, 104, 105, 106,
108, 109, 110, 111, 113, 115, 116, 117, 118, 119, 120, 121, 122,
123, 125, 126, 127, 143, 144, 148, 166, 172, 173, 176, 181, 182
183, 184, 186, 189, 192, 197, 207, 213, 215, 216, 221, 224,
225, 227, 228, 238, 240, 245, 250, 253, 261, 264, 265, 268, viii
Contenção primária ............ 8, 11, 12, 41, 45, 69, 75, 84, 97, 102,
108, 121, 122, 127, 143, 144, 148, 176, 181, 189, 197, 224
Contenção secundária .................................................................. 8
Coriomeningite linfocítica ..........................................................183
Coxiella burnetti .................................................. 14, 165, 169, 170
Cryptococcus neoformans ............................................... 125, 140
Descontaminação ... 11, 14, 20, 22, 23, 26, 29, 32, 35, 38, 39, 41,
42, 45, 46, 48, 49, 50, 51, 52, 53, 54, 55, 56, 57, 70, 73, 75,
78, 79, 87, 100, 108, 154, 158, 193, 215, 228, 248, 266
Dengue ..................................................................... 205, 207, 215
Difteria ........................................................................................109
Doença da Floresta de Kyasanur .................................... 220, 221
Ebola ................................................................... 88, 220, 221, 222
Encefalite ..................... 2, 14, 173, 177, 212, 213, 215, 218, 219,
220, 221, 246
Encefalomielite eqüina ............................. 206, 207, 211, 212, 214
Envio .......................104, 109, 112, 127, 133, 134, 166, 168, 172,
174, 188, 208, 211, 221, 238, 239
Equipamento de segurança ..... 4, 8, 9, 10, 11, 12, 14, 16, 19, 21,
27, 30, 36, 48, 68, 73, 74, 84, 175, 205, 207, 212, 214, 219, 267
Escherichia coli ................................................................. 110, 130
Fasciola spp ..............................................................................145
Febre amarela ................................. 211, 212, 214, 215, 236, 218
Febre maculosa das Montanhas Rochosas .............................167
Febre hemorrágica de Omsk ....................................................221
Febre de Pontiac ....................................................................... 115
Febre Q ........................................................................ 3, 165, 166

271
Febre tifóide ..............................................................................123
Filovírus ............................................................ 215, 219, 220, 221
Filtro HEPA ................................ 39, 52, 56, 57, 78, 224, 225, 229,
230, 231, 232, 233, 234, 235, 268
Francisella tularensis ........................................................ 111, 130
Giardia spp ................................................................................ 143
Hantavírus ......................................................................... 171, 216
Heliobacter pylori .............................................................. 112, 130
Hepatite ................ 2, 3, 12, 13, 16, 24, 33, 66, 71, 88, 89, 96, 99,
153, 166, 174, 175, 176, 177, 236, 262
Herpesvírus ................................................................ 93, 180, 181
Histoplasma ...................................................................... 135, 246
Capsulatum ............................................................. 135, 136
Farciminosum ................................................................... 245
Imunoprofilaxia .................................................................... 96, 236
Influenza ..................................................... 97, 181, 182, 201, 245
Instalações Animais ..................................................................... 94
Kuru .................................................................. 151, 153, 162, 195
Laboratórios Clínicos ............ 2, 13, 14, 16, 30, 61, 103, 249, 250
Laboratório escafandro ..................... 48, 53, 54, 57, 79, 174, 179
Legionella pneumophila ................................................... 115, 131
Leishmania spp................................................................. 142, 143
Lepra .................................................................................. 116, 118
Listeria monocytogenes ................................................... 114, 130
Limpeza ............ 21, 22, 29, 35, 36, 38, 49, 54, 55, 64, 69, 76, 84,
91, 193, 252, 256
Luvas ............... 10, 14, 19, 21, 23, 28, 31, 36, 37, 45, 63, 67, 78,
73, 75, 83, 100, 104, 107, 114, 115, 121, 125, 127, 137, 138,
143, 147, 154, 155, 157, 158, 160, 175, 176, 179, 189, 190, 191,
196, 198, 207, 225, 227, 228, 229, 235, 265, 266, 267, 268
Machupo ........................................................................... 220, 221
Malaria ....................................................................................... 148
Marburg ................................................... 3, 15, 88, 220, 222, 223
Metacercária ..................................................................... 145, 146
Meyer e Eddie ................................................................................ 1
Moldes ........................................................................................160
Mycobacterium ............................ 14, 116, 117, 118, 119, 245, 261
asiaticum .......................................................................... 118
bovis ................................................ 117, 118, 119, 120, 246

272
fortuitum ........................................................................... 118
kansasii ............................................................................ 118
leprae ............................................................... 116, 117, 118
malmoense ....................................................................... 118
marinum ........................................................................... 118
scrofulaceum .................................................................... 118
simiae .......................................... 7, 118, 177, 180, 181, 200
szulgai .............................................................................. 118
tuberculosis ............................... 5. 6, 7, 14, 17, 96, 117, 118
119, 120, 261
ulcerans ........................................................................... 118
xenopi ............................................................................... 118
Mycoplasma agalactiae ............................................................. 246
Mycoplasma mycoides ............................................................... 245
Naegleria ............................................................................. 12, 144
fowleri ............................................................................... 144
gruberi ................................................................................ 12
Neisseria ........................................................................... 120, 121
Meningitis .................................................................. 121, 132, 201
Níveis de Biossegurança (NB) ..................................................... 11
Nível de Biossegurança 1 ............................... 11, 12, 19, 22
Nível de Biossegurança 2 ................... 13, 16, 17, 22, 30, 98
99, 100, 102, 103, 104, 105, 106, 108, 109, 110, 111, 113,
115, 116, 117, 118, 119, 121, 122, 123, 124, 125, 126, 127,
133, 134, 135, 136, 137,138, 142, 144, 145, 147, 148, 152,
153, 154, 155, 165, 167, 172, 175, 176, 178, 181, 182, 183, 185,
187, 189, 196, 198, 205, 206, 207, 208, 211, 213, 224, 261
Nível de Biossegurança 3 ........... 14, 30, 31, 34, 40, 98, 99,
100, 102, 103, 104, 107, 108, 111, 116, 120, 121, 122,
123, 127, 134, 136, 152, 155, 166, 167, 176, 179, 184,
186, 189, 192, 197, 205, 207, 212, 214, 215, 217, 218,
219, 220, 227
Nível de Biossegurança 4 ............. 4, 14, 15, 41, 42, 43, 47,
48, 52, 57, 179, 218, 219, 221
Nível de biossegurança animal 1 ...................................... 61
Nível de biossegurança animal 2 .... 65, 100, 102, 105, 106,
108, 109, 110, 113, 115, 117, 118, 120, 123, 124, 126, 133,

273
134, 135, 136, 137, 138, 167, 168, 175, 176, 184, 185
Nível de biossegurança animal 3 ............ 70, 103, 111, 112,
166, 184
Nível de biossegurança animal 4 ...................................... 79
Normas .............................. 4, 5, 20, 23, 24, 25, 27, 31, 32, 34, 41,
62, 63, 65, 67, 68, 71, 72, 73, 74, 79, 81, 82, 87, 88, 91, 157,
179, 193, 194, 236, 238, 245, 248, 249, 250, 251,
255, 262, 264, 265, 267
Nova droga de pesquisa .................................................. 108, 236
Objetos cortantes ................ 22, 26, 34, 35, 46, 63, 161, 192, 228
Patógenos ......................... 5, 12, 13, 16, 17, 34, 44, 94, 152, 154,
177, 189, 192, 239, 245, 247, 248, 250, 256, 261, 262, ii
Patógenos Animais ............................................. 17, 245, 247, 250
Patógenos do sangue ............................. 177, 239, 248, 261, 262
Práticas laboratoriais .............................................................. 9, 19
Pipetagem ............................................................... 20, 23, 31, 103
Poliovírus .......................................................... 184, 185, 186, 201
Poxvírus .................................................................... 186, 187, 188
Praga .........................................................................................245
Precauções universais ............................................. 4, 88, 93, 191
Presbytis spp. ............................................................................220
Primatas .............. 64, 68, 117, 119, 124, 147, 167, 174, 175, 176,
179, 183, 184, 190, 191, 192, 194, 195, 220, 221, 261, iii
Prions .............................. 150, 151, 152, 153, 154, 155, 156, 157,
161, 163, 164, 195, ix
Protozoários parasitas ...................................................... 142, 143
Pseudomonas ................................................................... 104, 246
Pseudomallei .................................................................... 104
Projeto da instalação .............................................................. 8, 40
Psittaci ............................................................................... 105, 106
Quantidades de produção ................... 97, 98, 116, 121, 122, 123
Reações Alérgicas ..................................................................... 147
Retrovírus .................................................. 93, 189, 191, 193, 194
Rickéttsia ...................................................................................168
akari ................................................................................. 166
australis ............................................................................166
conorii ............................................................................... 166

274
coxiella burnetii ......................................... 14, 165, 169, 170
grupo da febre maculosa ................................................. 166
mooseri ............................................................................166
prowazekii ......................................................................... 166
rickettsii ........................................................... 167, 169, 170
Riscos laboratoriais ...................................... 96, 97, 113, 157, 214
Salmonella ................................................................ 122, 123, 132
SALS ......................................... 61, 205, 206, 212, 213, 215, 216,
217, 218, 219, 220
Schistosoma spp. ......................................................................145
Shiguella spp. ............................................................................124
Sífilis .................................................................................. 124, 125
Símio ..........................................................................................194
Sujeira .......................................................................................... 21
Taenia solium .............................................................................146
Tétano ................................................................................... 1, 109
Tatus .......................................................................................... 117
Tecnologias do DNA recombinante ............................................. 92
Transporte e Transferência de agentes biológicos ..................238
Toxinas de origem biológica ......................................................264
Toxóides ....................................................................................... 96
Toxoplasma spp. ................................................................. 13, 143
Treponema pallidum ......................................................... 124, 132
Trypanosoma ............................................................ 132, 148, 246
Cruzi ................................................................ 142, 143, 148
Evansi ............................................................................... 246
Vivax ................................................................................. 246
Tuberculose ............................... 1, 2, 3, 24, 33, 99, 117, 119, 248
Tularemia .......................................................... 1, 2, 111, 130, 236
Vacinas ...................... 8, 12, 88, 96, 97, 102, 103, 104, 105, 107,
111, 112, 113, 114, 115, 116, 117, 118, 121, 122,
123, 124, 125, 126, 168, 175, 177, 180, 184
196, 198, 205, 207, 212, 214, 236, 237
Vacínia ........................................................................ 93, 186, 187
Varíola ........................................................... 3, 167, 187, 245, 246
Vigilância ............................. 27, 36, 44, 47, 62, 66, 68, 71, 73, 74,
79, 81, 83, 91, 100, 120, 168, 169, 189, 194, 264, 265

275
Vírus Hendra ..................................................................... 173, 174
Vírus da doença de Borna ........................................................ 245
Vírus da estomatite vesicular ....................................................197
Vírus da febre efemeral ............................................................. 246
Vírus da febre do Vale Rift ........................................................ 214
Vírus da Imunodeficiência humana ................................ 4, 98, 189
Vírus da raiva ................................................................... 188, 189
Vírus Junin .......................................................... 90, 214, 215, 220
Yersinia pestis ............................................................................126

276

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