Cartilha - Oficina de Pais CNJ
Cartilha - Oficina de Pais CNJ
Cartilha - Oficina de Pais CNJ
PAIS E FILHOS
CARTILHA DO INSTRUTOR
CONSELHO NACIONAL DE JUSTIÇA
Presidente Ministro Ricardo Lewandowski
Corregedora Nacional de Justiça Ministra Nancy Andrighi
Conselheiros Ministro Lelio Bentes Corrêa
Carlos Augusto de Barros Levenhagen
Daldice Maria Santana de Almeida
Gustavo Tadeu Alkmim
Bruno Ronchetti de Castro
Fernando César Baptista de Mattos
Carlos Eduardo Oliveira Dias
Arnaldo Hossepian Salles Lima Junior
José Norberto Lopes Campelo
Luiz Cláudio Silva Allemand
Emmanoel Campelo de Souza Pereira
Fabiano Augusto Martins Silveira
EXPEDIENTE
Agradecimentos
Tribunal de Justiça do Estado de São Paulo, Tribunal de Justiça do Distrito Federal e dos Territórios, Tribunal de Justiça do Estado da Bahia, Tribunal de
Justiça do Estado do Rio Grande do Sul, Ministério da Justiça da Nova Zelândia, TV Rede Globo, TV Tribuna, 4.2 Produtora, Dra. Maria Berenice Dias,
Summus Editorial, Associação Eduardo Furkini, Instituto Cultural Vasco Carmano, Child Friendly Organization/Austrália, Márcio Ramos, Caraminhola
Produções Artísticas Ltda., Families Change/Canadá, NYCID ‑ New York Center for Interpersonal Development/USA, André Gomma de Azevedo, Jaqueline
Cherulli, Glória Mósquera, Maria Luiza Furtado Rocha, Márcia Sayad, Raquel Santos Pereira Chrispino, Natália Almino Gondine, Monica Tucunduva Spera
Manfio, José Eduardo Cordeiro Costa, Sirlei Martins da Costa, Luiz Eduardo Castro Neves, Izabel C. Peres Fagundes, Leoni Trench, Marly Freitas dos Santos,
Claudia Regina Mendes Carvalho, Barbara do Carmo Gomes Maracani, Miralda Dias Dourado de Lavor, Maurício Rodrigues da Silva, Denise dos Santos
Coutinho, Thaís Hilário Vieira, Mirella Poletti, Danilo B. Martinez, Fernanda G. Jorge, Fernanda Silveira de Souza, Isabela Oliveira Boitar, Renata Rodrigues
Carvalheira, Thomás Henrique Gasparini, Leoni Trench, Lourdes Santo de Lima, Maria Emilia Pimentel Duarte Lacombe, Marly Freitas dos Santos, Tamyris
Hernandes e Sandra Maria dos Santos Hernandez.
2016
CONSELHO NACIONAL DE JUSTIÇA
Endereço eletrônico: www.cnj.jus.br
SUMÁRIO
APRESENTAÇÃO................................................................................................. 7
JUSTIFICATIVA..................................................................................................... 8
PÚBLICO‑ALVO................................................................................................... 9
OBJETIVO GERAL................................................................................................ 9
OBJETIVOS ESPECÍFICOS..................................................................................... 10
METODOLOGIA................................................................................................. 12
RECURSOS.......................................................................................................... 12
DURAÇÃO DA OFICINA...................................................................................... 18
AVALIAÇÃO........................................................................................................ 20
CONSIDERAÇÕES FINAIS.................................................................................... 21
ROTEIRO................................................................................................. 25
OFICINA DE PAIS................................................................................................ 26
2. CARINHAS............................................................................................................... 195
VISITANTES..................................................................................................................... 196
2.3 São Paulo – Assis – Juíza Monica Tucunduva Spera Manfio.................................................. 213
2.4 São Paulo – Ipeúna – Oficina do Casamento – Adriana Rolim Ragazzini............................... 215
2.5 Minas Gerais – Uberaba – Promotora de Justiça Miralda Dias Dourado de Lavor.................. 217
6
APRESENTAÇÃO
A ruptura dos laços familiares oriunda do divórcio ou da dissolução da união estável
é estressante e traumática para crianças e adolescentes, porém são os conflitos de
longa duração que agravam ainda mais a situação. A forma como os filhos viven‑
ciam o período pós separação depende, em larga medida, da maneira como seus pais
negociam o término da vida conjugal e administram seus conflitos.
Os anos 1960 foram marcados por lutas em favor dos direitos civis, sociais, políticos
e econômicos. A conciliação de conflitos ganhou importância nos EUA nos anos 70
e deu origem ao que atualmente se denomina políticas de pacificação. Nesse con‑
texto a ética da reparação desponta como alternativa ou complemento à moral da
punição. O afeto surge como novo valor jurídico e restitui ao sujeito de direito seu
desejo como um valor a ser considerado, resgatando o sujeito de desejo.
Substituir a secular cultura de guerra por uma cultura de paz requer um esforço edu‑
cativo prolongado para modificar as reações à adversidade e construir um modelo de
desenvolvimento que possa suprimir as causas de conflito.
1 Cultura de paz: da reflexão à ação; balanço da Década Internacional da Promoção da Cultura de Paz e não Violência em Benefício das
Crianças do Mundo. Brasília: Unesco; São Paulo: Associação Palas Athena, 2010.
7
A cultura da Paz está intimamente ligada à Educação. Conforme já ensinava o gran‑
de educador brasileiro Paulo Freire, “Educação não transforma o mundo. Educação
muda as pessoas. E as pessoas transformam o mundo”. E a educação voltada para a
cultura de paz inclui a promoção da compreensão, da tolerância, da solidariedade e
do respeito às identidades nacionais, raciais, religiosas, por gênero e geração, entre
outras, enfatizando a importância da diversidade cultural.
O movimento mundial pela cultura de paz deve então ser “uma grande aliança de
movimentos existentes”, um processo que unifique todos aqueles que já trabalha‑
ram e que estão trabalhando a favor desta transformação fundamental de nossa
sociedade. O objetivo é permitir que toda pessoa ou organização contribua para esse
processo de transformação de uma cultura de violência para uma cultura de paz, em
termos de valores, atitudes e comportamento individual, bem como em termos de
estruturas e funcionamentos institucionais.
JUSTIFICATIVA
A experiência de trabalho com famílias que procuram o Judiciário em busca de solu‑
ção para seus conflitos e o desejo de contribuir efetivamente para profundas trans‑
formações em nossa sociedade, nos levaram a pensar em um instrumento de ajuda
a essas famílias.
8
em relação a esse momento novo em suas vidas e os pais podem refletir sobre seus
comportamentos e atitudes em relação aos filhos.
O cotidiano das Varas de Família nos revela a ausência de programas específicos para
ajudar os casais e os respectivos filhos no processo de divórcio.
A Oficina não é entidade mediadora ou consultiva. Trata‑se sim, e isso deve ser enfa‑
tizado, de um programa educacional e preventivo. Não tem a pretensão de orientar
casos específicos, nem tem por finalidade resolver disputas individuais.
PÚBLICO‑ALVO
O público‑alvo são:
OBJETIVO GERAL
A Oficina de Pais e Filhos tem como objetivo instrumentalizar as famílias que en‑
frentam conflitos jurídicos relacionados ao divórcio ou à dissolução da união está‑
vel, nos quais vários ajustes e mudanças pessoais ocorrem. A participação na Oficina
pretende auxiliar o casal em vias de separação a criar uma efetiva e saudável relação
parental junto aos filhos.
O fim do casamento pode ser bem mais estressante para os filhos, por essa razão a
Oficina é pensada com o objetivo de apoiar as famílias a entenderem o que ocorre
com as crianças e os adolescentes após a separação e, a partir disso, se organizarem
para colocar em prática mudanças eficientes para o bom entendimento familiar, bus‑
cando o menor dano emocional a todos os envolvidos.
9
A Síndrome de Alienação Parental é um transtorno psicológico que se caracteri‑
za por um conjunto de sintomas pelos quais um genitor, denominado cônjuge
alienador, transforma a consciência de seus filhos, mediante diferentes formas e
estratégias de atuação, com o objetivo de impedir, obstaculizar ou destruir seus
vínculos com o outro genitor, denominado cônjuge alienado, sem que existam
motivos reais que justifiquem essa condição. Em outras palavras, consiste em um
processo de programar uma criança para que odeie um de seus genitores sem jus‑
tificativa, de modo que a própria criança ingresse na trajetória de desmoralização
desse mesmo genitor.2
É uma realidade perversa, não havendo mais espaço para omissões dos profissionais
que são responsáveis por atender ao superior interesse da criança e do adolescente,
que têm o direito constitucionalmente assegurado à convivência familiar com am‑
bos os pais, mesmo que em espaços diferentes. O fim de um casamento não implica
privar o filho dos cuidados de quem o ama.
OBJETIVOS ESPECÍFICOS
A Oficina pretende auxiliar as famílias:3
• No reconhecimento de que a variação na forma de composição familiar
pode ser saudável às crianças e aos adolescentes, desde que estes figurem
sempre como a prioridade e não sejam arrastados para os conflitos dos pais.
• Realçar que cada família é única em seus talentos e virtudes, com os quais
é possível se desenvolver e reconstruir a nova vida.
• Buscar uma comunicação aberta e construtiva.
• Fornecer aos participantes informações úteis acerca das questões jurídicas
em que estão envolvidos, filhos e pais, no processo de divórcio ou disso‑
lução de união estável.
• Levar uma mensagem de esperança e encorajamento, demonstrando que
os pais, por meio de seu comportamento, podem fazer a diferença na ca‑
pacidade dos filhos para superarem o período de crise.
2 TRINDADE, Jorge; DIAS, Maria Berenice (Coord.). Incesto e alienação parental: realidades que a Justiça insiste em não ver. São Paulo: Revista
dos Tribunais, 2007.
3 ALMEIDA, Nelly; MONTEIRO, Susana. Os meus pais já não vivem juntos: intervenção em grupo com crianças e jovens de pais divorciados.
Lisboa: Coisas de Ler, 2012.
10
• Transmitir confiança aos pais em relação ao Poder Judiciário, ou seja, de
que as decisões emanadas daquele órgão sempre visam à solução mais
adequada às suas divergências e ao bem‑estar de seus filhos.
• Prover os pais de informações úteis e relevantes durante o trabalho de
auxílio no desenvolvimento de suas qualidades e conhecimentos para o
devido crescimento individual dos membros da família que se reconstrói.
4 ALMEIDA, Nelly; MONTEIRO, Susana. Os meus pais já não vivem juntos: intervenção em grupo com crianças e jovens de pais divorciados.
Lisboa: Coisas de Ler, 2012.
11
METODOLOGIA
A Oficina foi projetada para ser executada em uma única sessão, com duração de
cerca de quatro horas, e contém:
• Explanações feitas pelo(s) instrutor(es);
• Apresentação de vídeos;
• Período para questionamentos, discussões e prática das habilidades desen‑
volvidas;
• Dinâmica de grupo.
RECURSOS
Recursos Materiais:
Para a execução da Oficina de Pais e Filhos são necessários os seguintes recursos materiais:
• Espaço físico adequado (inclusive com acesso fácil a banheiro);
• Poltronas, cadeiras ou sofás confortáveis;
• Computador, TV ou projetor e caixas de som para a exibição dos eslaides
e vídeos;
• Crachás de identificação para os participantes e instrutores;
• Pranchetas;
• Canetas;
• Post‑its;
12
• Computador, impressora e papéis para a impressão dos textos e exercícios
que são passados aos participantes ao longo da Oficina, visando à fixação
das habilidades transmitidas;5
• Livro de presença;6
• Cartilha do divórcio para os pais;
• Cartilha do divórcio para os filhos adolescentes;
• Gibi “Meus pais não moram mais juntos. E agora?”;
• Cartilha da Oficina de Pais e Filhos para os instrutores;
• Eslaides da Oficina dos Pais;
• Eslaides da Oficina dos Filhos.
Oficina de Filhos
Para a execução da Oficina de Filhos são utilizados, ainda, diversos materiais lúdicos
e pedagógicos ou didáticos, compatíveis com as idades dos participantes, por pro‑
moverem a motivação e o entusiasmo deles nas sessões e por favorecerem a autorre‑
velação e a reflexão necessária à adaptação à nova realidade familiar.7
5 Os modelos de todos os textos e exercícios constam do Anexo desta Cartilha, denominado “Material de Apoio”.
6 Recomendamos que todas as pessoas que participarem da Oficina – pais, filhos, instrutores e visitantes– assinem o livro de presença.
7 ALMEIDA, Nelly; MONTEIRO, Susana. Os meus pais já não vivem juntos: intervenção em grupo com crianças e jovens de pais divorciados.
Lisboa: Coisas de Ler, 2011.
13
Como obter os Recursos Materiais:
Parcerias também podem ser buscadas para o fornecimento e/ou o custeio dos mate‑
riais utilizados na Oficina (pranchetas, crachás, papéis, canetas, projetor, televisão,
computador, etc.) e do lanche ofertado aos participantes.
8 Veja o inteiro teor do Regulamento para os cursos de formação de instrutores das Oficinas de Divórcio e Parentalidade no Anexo desta Cartilha.
9 Nos termos do artigo 151 do Estatuto da Criança e do Adolescente, “Compete à equipe interprofissional, entre outras atribuições que
lhe forem reservadas pela legislação local, fornecer subsídios por escrito, mediante laudos, ou verbalmente, na audiência, e bem assim
desenvolver trabalhos de aconselhamento, orientação, encaminhamento, prevenção e outros, tudo sob a imediata subordinação à auto‑
ridade judiciária, assegurada a livre manifestação do ponto de vista técnico.” (grifos nossos)
14
Recomendamos que o instrutor não atue no processo judicial que envolva os par‑
ticipantes da Oficina, até mesmo para que estes não se sintam inibidos diante da
equivocada percepção de que estão sendo julgados ou avaliados na Oficina.
Capacitação do instrutor
Os alunos que participam do curso teórico deverão fazer seu cadastro junto ao siste‑
ma “Cadastro Nacional de Instrutores da Justiça Consensual Brasileira” (CIJUC), do
CNJ, acessar a sua declaração de participação no referido curso e, após a comprova‑
ção da participação em cinco Oficinas, o seu certificado de instrutor da Oficina de
Parentalidade. Após um ano, a certificação expira e o aluno deverá ministrar mais
uma Oficina e comprovar esse fato no sistema para que ele gere novo certificado.
Perfil do instrutor
O instrutor não deve, entretanto, dar conselhos pessoais aos participantes da Ofici‑
na, já que esta consiste em um programa educacional e preventivo, não se prestando
à orientação de casos específicos. Assim, se instado a dar alguma orientação sobre
15
determinada disputa, deve o instrutor recomendar a consulta a um profissional es‑
pecializado (advogado, psicólogo, mediador, etc.).
VI – E
mpoderamento – dever de estimular os participantes a aprenderem a
melhor resolverem seus conflitos por meio da autocomposição.
10 A Oficina, um espaço livre de julgamentos e avaliações, bem se enquadra no conceito da campina descrita pelo poeta persa Rumi: “Muito
além das ideias de certo e errado, há uma campina. Nos encontramos lá.” Nela, não há certo e errado, mas acolhida, conexão, reflexão
e ressignificação.
16
direito de convivência, ação de execução de cumprimento de obrigação de fazer para
cumprimento do regime de direito de convivência, etc.), ou na fase pré‑processual.
Mesmo na hipótese de os pais já terem entabulado um acordo e este já ter sido judi‑
cialmente homologado, o seu encaminhamento à Oficina é desejável, considerando
que o objetivo primordial desse programa educacional não é apenas a resolução do
conflito jurídico, mas, principalmente, do conflito subjacente e a prevenção de no‑
vos conflitos, bem como, a harmonização e a estabilização das relações familiares.
Todos os familiares são convidados para participar da Oficina no mesmo dia para
que eles percebam que todos devem continuar unidos, a despeito do rompimento
do vínculo dos pais, com o objetivo comum de promover o bem‑estar dos filhos.
Esse convite pode ser feito por escrito, por meio de carta postal ou de Oficial de
Justiça, ou, então, oralmente, pelo Magistrado, Conciliador e Mediador, na própria
audiência ou sessão de conciliação ou mediação, ou pelo Psicólogo e Assistente So‑
cial, durante a realização do estudo psicológico ou social.
Os pais que participam da Oficina formam, em regra, dois grupos, que ocupam salas
distintas, sendo cada grupo composto por cerca de dez a 20 adultos, homens e mu‑
lheres, conforme o espaço disponível.11
Recomendamos que os casais sejam divididos entre as duas salas, por dois motivos:
11 Esse é o modelo utilizado no projeto piloto, implantado em São Vicente, no estado de São Paulo, mas pode ser flexibilizado conforme
as peculiaridades de cada localidade. Em São José dos Campos/SP, por exemplo, a Oficina é ministrada para um só grupo formado por
casais. Veja essa e outras experiências no Anexo II desta cartilha.
17
a) para a garantia de um ambiente tranquilo, livre de eventuais brigas e
discussões;
Recomendamos, também, que cada grupo seja misto, ou seja, composto por homens
e mulheres, para que aqueles ouçam o ponto de vista destas e vice‑versa, sobretudo
durante aqueles momentos de interação e expressão dos sentimentos.
Os jovens, filhos dos casais que participam da Oficina, em número variável, são
subdivididos em dois grupos:
• Grupo das crianças de seis a 11 anos de idade;12
• Grupo dos adolescentes de 12 a 17 anos de idade.
DURAÇÃO DA OFICINA
A Oficina foi planejada para uma única sessão de aproximadamente quatro horas,
incluindo o lanche‑convívio no fim da sessão, de cerca de meia hora, quando os pais
e os filhos se reencontram.
Este momento de convívio visa a promover o afeto positivo e o bem‑estar entre to‑
dos os participantes, unindo ainda mais pais e filhos.
Nas Comarcas em que houver limitação de espaço físico ou de instrutores, por exem‑
plo, os membros da família poderão ser encaminhados para a Oficina em dias distintos.
Nas Comarcas em que não houver profissional especializado para lidar com as crian‑
ças (psicólogo, assistente social ou pedagogo), a Oficina poderá ter como público‑al‑
vo apenas os pais e os filhos adolescentes, ou, então, somente os pais.
A Oficina também poderá ser ministrada em uma única sessão de quatro horas, ou, então,
em algumas sessões de menor duração, como, por exemplo, em duas sessões de duas horas.
12 Recomendamos que apenas as crianças com idade igual ou superior a seis anos sejam submetidas à Oficina, por possuírem capacidade
intelectual e poder de concentração mais elevados que as crianças mais jovens e, portanto, terem melhor compreensão e aproveitamento
desse programa educacional.
18
O período de execução da Oficina também poderá ser estendido, valendo‑se dos
mesmos materiais, porém, aumentando‑se os momentos de interação com os parti‑
cipantes. Ademais, a experiência tem revelado que os participantes da Oficina apre‑
ciam muito esses momentos de interação, porque é neles que eles encontram a opor‑
tunidade necessária para externar seus sentimentos e suas emoções e, também, para
sanar eventuais dúvidas. E sendo tais momentos estendidos, a duração da Oficina
poderá chegar a, pelo menos, seis horas.
Embora, a princípio, este período pareça longo, a experiência tem mostrado que os
pais que participam da Oficina gostam tanto do projeto e, sobretudo, da acolhida
diferenciada, que manifestam o interesse de participar de outras sessões.
Nesse caso, a Oficina também poderá ser conjugada com outros projetos que visam a
orientar os pais em relação ao exercício saudável e eficiente da parentalidade, como
a Escola de Pais (www.escoladepais.org.br). Assim, os instrutores poderão informar
os pais sobre tal possibilidade e efetuar os encaminhamentos necessários.
No Anexo II desta cartilha você terá acesso a algumas experiências exitosas com a Ofici‑
na de Parentalidade em nosso país e que revelam diversas formas possíveis de executá‑la.
19
nará bem não são ações recomendadas, porque, na primeira hipótese, a
pessoa tende a perceber tal atitude como insensibilidade do instrutor e a
segunda, como uma desvalidação de sentimentos.13
AVALIAÇÃO
Durante a Oficina, os participantes podem expressar‑se livremente sobre os temas
apresentados e dar a sua opinião e feedback sobre o programa, de forma a possibilitar
a sua constante reestruturação e, por conseguinte, aumentar o seu sucesso e eficácia.
13 AZEVEDO, André Gomma (Org.). Manual de Mediação Judicial. 2. ed. Brasília/DF: Ministério da Justiça e Programa das Nações Unidas para
o Desenvolvimento – PNUD, 2009. p. 215.
20
e deixam e‑mail ou telefone para contato no prazo de dois meses a partir da data da
Oficina, para avaliação do impacto dela na vida deles.
CONSIDERAÇÕES FINAIS
Enfim, esta Oficina de Pais e Filhos foi concebida com a finalidade de resgatar a respon‑
sabilidade das pessoas pela sua própria vida, transmitindo aos pais algumas informa‑
ções relevantes sobre os efeitos negativos dos conflitos aos filhos e o que eles podem
fazer para estabelecer boa parceria parental para que suas crianças e adolescentes vivam
em um ambiente tranquilo e se tornem pessoas emocionalmente saudáveis; e, ainda,
transmitindo aos filhos algumas ideias para melhor adaptação à transição familiar.
Se tivéssemos de descrever o objetivo da Oficina por meio de uma única palavra, ela
seria “empoderamento”.
Mas foi o educador brasileiro Paulo Freire que definiu a palavra empoderamento de uma
forma muito mais rica. Para ele, a pessoa, o grupo ou a instituição empoderada é aquela
que realiza, por si mesma, as mudanças e ações que a levam a evoluir e a se fortalecer.
Destarte, pode‑se dizer que Paulo Freire criou um significado especial para a palavra
Empoderamento no contexto da filosofia e da educação, não sendo um movimento
que ocorre de fora para dentro, como o Empowerment, mas sim internamente, pela
conquista.14
Implica, essencialmente, a obtenção de informações adequadas, um processo
de reflexão e tomada de consciência quanto a sua condição atual, uma clara
formulação das mudanças desejadas e da condição a ser construída. A estas
variáveis, de somar‑se uma mudança de atitude que impulsione a pessoa,
grupo ou instituição para a ação prática, metódica e sistemática, no sentido
dos objetivos e metas traçadas, abandonando‑se a antiga postura meramente
reativa ou receptiva. (SCHIAVO e MOREIRA, 2005)15
14 VALOURA, Leila de Castro. Paulo Freire, o educador brasileiro autor do termo Empoderamento, em seu sentido transformador. Disponível
em: <http://www.otics.org/rio/subpav/promocao‑da‑saude/cpai/CPAI%20‑%20Leituras%20interessantes/paulo‑freire‑o‑educador‑bra‑
sileiro‑autor‑do‑termo‑empoderamento‑em‑seu‑sentido‑transformador/view>. Acesso em: 30 jan. 2013.
15 SCHIAVO, Marcio R.; MOREIRA, Eliesio N. Glossário social. Rio de Janeiro: Comunicarte, 2005. Mencionado por VALOURA, Leite de Castro,
ob. cit.
21
E é isso que a Oficina de Pais e Filhos pretende fazer: empoderar os pais, transmi‑
tindo‑lhes ensinamentos relevantes para que reflitam sobre seus comportamentos,
mudem as atitudes que se mostrarem nocivas aos filhos e assumam a posição de
protagonistas da solução de seus próprios conflitos, tornando a sua vida e a vida de
seus filhos ainda melhor.
22
MENSAGEM PARA O INSTRUTOR
Querido(a) Instrutor(a),
23
problemas a longo prazo não são inevitáveis; os pais podem fazer algo para melhorar
a vida dos filhos e a vida deles próprios.
Muito obrigada!
Organizadora
24
ROTEIRO
OFICINA DE PAIS E FILHOS
Antes do início da Oficina, as salas dos pais e dos filhos já devem estar preparadas
para recebê‑los. As cadeiras deverão estar posicionadas; o computador, o aparelho de
som e a televisão ou projetor deverão estar ligados; os materiais a serem distribuídos
aos participantes deverão estar separados e disponíveis (cartilhas do divórcio para os
pais, cartilhas do divórcio para os filhos, gibi do divórcio para as crianças, exercícios,
fichas de avaliação, pranchetas, crachás, canetas, etc.); o livro de presença deverá
estar disponível e a lista dos participantes também.
Na medida em que vão chegando ao local onde será ministrada a Oficina, os pais e
os filhos vão sendo identificados e encaminhados às respectivas salas.16
Durante a identificação, cada um dos adultos recebe um crachá, seus materiais e uma fi‑
cha inicial de avaliação. Nessa ficha inicial de avaliação, além de outras informações, os
pais esclarecem se seu filho tem alguma restrição alimentar e quem será o responsável
por sua retirada após o término da Oficina. Essas informações são importantes e neces‑
sárias para evitar acidentes ou eventos desagradáveis durante a Oficina, como reações
alérgicas e retirada da criança ou do adolescente por pessoa não autorizada a fazê‑lo.
Essa recepção inicial dos participantes da Oficina poderá ser feita pelo(s) próprio(s)
instrutor(es) ou por outra(s) pessoa(s).
É muito comum, nessa fase inicial de expansão da Oficina pelo nosso país, a parti‑
cipação de visitantes nas Oficinas já implantadas. Geralmente, esses visitantes são
profissionais que atuam na área jurídica, como advogados, psicólogos, assistentes
sociais, promotores de Justiça, estagiários, mediadores, conciliadores, que querem
16 Como já salientado anteriormente, recomendamos que o casal seja dividido em salas distintas, para que não haja brigas e inibições durante
a Oficina.
25
conhecer melhor o projeto ou, então, pessoas que participaram do curso de forma‑
ção de instrutores do Conselho Nacional de Justiça (CNJ) e que precisam participar
de algumas Oficinas para adquirir experiência e levar o projeto às suas Comarcas.
Essas pessoas são muito bem‑vindas e também devem ser acolhidas pela equipe res‑
ponsável pela Oficina. Elas recebem, no início da Oficina, um folheto com algumas
informações a respeito dos trabalhos e algumas instruções, como, por exemplo: iden‑
tificar‑se na entrada e assinar o livro de presença; acomodar‑se no local indicado para
visitantes; colocar‑se na posição de ouvinte e não realizar intervenções durante o tra‑
balho; desligar o celular e outros aparelhos sonoros; não fotografar, filmar ou gravar a
Oficina; manter o sigilo para preservar os participantes; evitar conversar paralelas e ao
entrar na sala permanecer até o final para não interferir na apresentação da Oficina.
OFICINA DE PAIS
1. Acomodação:
Na sala, também deverá haver lugares específicos para os visitantes da Oficina, até
para que o instrutor possa diferenciá‑los dos participantes.
2. Apresentação do instrutor:
Diga seu nome, a sua posição (instrutor voluntário, por exemplo), agradeça a pre‑
sença de todos e fale sobre o objetivo da Oficina, até para que os pais se tranquili‑
zem e saibam que a Oficina não visa a julgá‑los ou a avalia‑los, mas, tão somente, a
ajudá‑los a superarem as dificuldades inerentes ao término do relacionamento, em
prol de seus próprios filhos.
26
1 Oficina de Filhos
INTRODUÇÃO
Objetivo da Oficina
Por exemplo:
Esta Oficina é um programa educacional que foi criado para ajudá‑los a superar
as dificuldades inerentes a essa fase de mudança e a proporcionar aos seus filhos
uma vida melhor, possibilitando que eles cresçam em ambiente tranquilo, lon‑
ge dos conflitos intensos, sem traumas.
Nesta Oficina, nós vamos conversar um pouco sobre esse momento delicado que
vocês e seus filhos estão enfrentando, fazer algumas atividades e assistir a alguns
vídeos. No final, nós ofereceremos um lanche para a sua família e vocês receberão
uma ficha de avaliação para nos dizer o que acharam da Oficina. E os seus co‑
mentários serão muito importantes para nos ajudar a aprimorar a Oficina e a aju‑
dar cada vez mais as famílias a superarem esse momento delicado em suas vidas.
17 Recomendamos que o instrutor não especifique sua profissão, apresentando‑se apenas como voluntário, para que alguns participantes
não se sintam intimidados diante da percepção de estarem sendo analisados, avaliados ou julgados durante a Oficina, o que, por exemplo,
poderia ocorrer se ele se apresentasse como psicólogo.
27
E como estamos aqui pensando no bem‑estar de seus filhos, eu gostaria que vo‑
cês se apresentassem e dissessem os nomes e as idades deles.”
Em seguida, cada pai/mãe se apresenta, fala o seu nome e o nome e a idade de seu
filho. O objetivo desta dinâmica é que os pais se conheçam, se integrem ao grupo e
se lembrem de que participam da Oficina com o intuito de ajudar seus filhos.
Como a Oficina é flexível, é possível, também, que neste momento seja executada
alguma outra dinâmica de apresentação dos participantes, a critério do instrutor.
Assim, por exemplo, cada participante poderá ser indagado a respeito do que trouxe
para a Oficina. Neste caso, geralmente as respostas são: esperança, ansiedade, etc.
Caso seja adotada essa dinâmica, recomendamos que, no final da Oficina, cada par‑
ticipante seja indagado a respeito do que está levando da Oficina.
2 Oficina de Filhos
A EXPERIÊNCIA DO DIVÓRCIO PARA OS ADULTOS
O divórcio é comum:
» No Brasil, quase 30% dos casamentos terminam
em divórcio (IBGE – 2011)
» Nos Estados Unidos, cerca de 50% dos
casamentos terminam em divórcio
(divorcestatistics.org)
28
• Portanto, o divórcio faz parte da nossa realidade e ninguém precisa se
envergonhar por ser divorciado. O divórcio deixou de ser tabu em nossa
sociedade há muito tempo, passando a ser um acontecimento natural da
vida, um evento previsível no ciclo de vida familiar.
2 Oficina de Filhos
A EXPERIÊNCIA DO DIVÓRCIO PARA OS ADULTOS
2 Oficina de Filhos
A EXPERIÊNCIA DO DIVÓRCIO PARA OS ADULTOS
FAMÍLIA NUCLEAR
29
2 Oficina de Filhos
A EXPERIÊNCIA DO DIVÓRCIO PARA OS ADULTOS
FAMÍLIA MONOPARENTAL
2 Oficina de Filhos
A EXPERIÊNCIA DO DIVÓRCIO PARA OS ADULTOS
FAMÍLIA RECOMPOSTA
Há a família recomposta, formada pelo pai ou pela mãe que se separou, se casou
novamente e teve outro filho, fruto dessa nova união.
30
2 Oficina de Filhos
A EXPERIÊNCIA DO DIVÓRCIO PARA OS ADULTOS
FAMÍLIA AMPLIADA
Há a família ampliada, formada por outros membros da família além do pai, da mãe
e do filho, como avós, tios, sobrinhos, etc.
2 Oficina de Filhos
A EXPERIÊNCIA DO DIVÓRCIO PARA OS ADULTOS
FAMÍLIA BINUCLEAR
Há a família binuclear, formada pelos dois núcleos que ser formaram após o divór‑
cio, o núcleo do pai e o núcleo da mãe.
31
2 Oficina de Filhos
A EXPERIÊNCIA DO DIVÓRCIO PARA OS ADULTOS
FAMÍLIA HOMOAFETIVA
2 Oficina de Filhos
A EXPERIÊNCIA DO DIVÓRCIO PARA OS ADULTOS
FAMÍLIA CANGURU
32
2 Oficina de Filhos
A EXPERIÊNCIA DO DIVÓRCIO PARA OS ADULTOS
FAMÍLIA UNIPESSOAL
Há, também, a família unipessoal, formada por uma só pessoa, que vive sozinha e
que já é considerada pelo IBGE como família.
Portanto, a sua família não acabou diante do divórcio, apenas mudou a forma.
2 Oficina de Filhos
A EXPERIÊNCIA DO DIVÓRCIO PARA OS ADULTOS
33
»» perda de esperanças e expectativas: o desfazimento do sonho do amor
eterno;
»» perda de rotina e estrutura: a rotina muda com o divórcio;
»» lidando com questões legais: enfrentar uma ação judicial e definir as conse‑
quências legais do término do relacionamento pode ser estressante;
»» mudanças sociais: com o divórcio, geralmente ocorre uma queda no pa‑
drão de vida da pessoa diante do aumento das despesas, dada a necessi‑
dade de se manter mais uma casa;
»» mudanças no papel parental: a pessoa que permanece com os filhos aca‑
ba assumindo mais responsabilidades em relação a eles do que tinha du‑
rante o casamento, quando podia dividir tais responsabilidades com o
marido/a mulher; por outro lado, a pessoa que não permanece com os
filhos acaba reduzindo, muitas vezes, o convívio com eles, que antes era
diário;
»» perda de amigos e parentes por afinidade (sogros, cunhados): muitos
amigos e parentes do ex acabam se afastando ou reduzindo o contato;
»» mudanças na estrutura da família: diante do divórcio, a estrutura da famí‑
lia muda, como já vimos no eslaide anterior.
2 Oficina de Filhos
A EXPERIÊNCIA DO DIVÓRCIO PARA OS ADULTOS
Interaja com os pais, dizendo‑lhes que o divórcio, até por conta de todas as perdas e
mudanças que costuma acarretar, como já visto, proporciona emoções fortes para os
envolvidos. Pergunte‑lhes: “E como você se sente diante do divórcio?”
34
Como o objetivo da Oficina é, também, acolher os pais e fazê‑los se sentir acolhidos,
após cada resposta, valide o sentimento do participante, parafraseando‑o. Isso o fará
se sentir acolhido e compreendido.
A interação com os pais é importante, até para que eles possam exteriorizar os seus
sentimentos, que, muitas vezes, não são compartilhados com ninguém nessa fase
difícil de suas vidas. No entanto, também é importante que você se mantenha foca‑
do no tempo e nos assuntos a serem ainda abordados durante a Oficina. Caso algum
pai tenha necessidade de se expressar mais do que os outros, para que ele não tome
todo o tempo da Oficina e prejudique o regular andamento dela, ofereça‑se para
conversar melhor com ele durante o intervalo ou após a Oficina.
Portanto, ao conversar com o pai que demande mais atenção, seja genérico e aborde
os temas da Oficina. Não dê conselhos. Caso ele precise de orientação específica e de‑
talhada, instrua‑o a procurar um profissional, fazendo inclusive o encaminhamento,
se necessário e possível.
2 Oficina de Filhos
A EXPERIÊNCIA DO DIVÓRCIO PARA OS ADULTOS
35
É interessante enfatizar que muitos pais sentem esses fortes sentimentos, se concen‑
tram neles e se esquecem de que seus filhos também sofrem com o divórcio diante
das mudanças que ele lhes acarreta.
2 Oficina de Filhos
A EXPERIÊNCIA DO DIVÓRCIO PARA OS ADULTOS
SEU FILHO!
“Vocês visualizam alguma mudança que seus filhos enfrentarão diante de seu
divórcio?”
Após as respostas dos pais, você pode apontar algumas mudanças que os filhos cos‑
tumam experimentar diante do divórcio, apresentando o próximo eslaide.
3 Oficina de Filhos
A EXPERIÊNCIA DO DIVÓRCIO PARA OS FILHOS
É bom frisar que muitas dessas mudanças podem gerar desconforto para os filhos,
especialmente porque eles precisam de rotina e segurança para se desenvolver emo‑
cionalmente saudáveis.
36
3 Oficina de Filhos
A EXPERIÊNCIA DO DIVÓRCIO PARA OS FILHOS
É importante dizer aos pais que durante muito tempo acreditou‑se que todo divórcio
causava traumas para os filhos. No entanto, após a realização de muitas pesquisas,
descobriu‑se que nem todo divórcio causa trauma aos filhos e que os pais podem pra‑
ticar algumas condutas para ajudar os filhos a superarem as dificuldades da separação,
sem desenvolverem traumas. Descobriu‑se, também, que o que causa trauma aos fi‑
lhos não é necessariamente o divórcio dos pais, mas alguns fatores a ele relacionados:
b) perda parental – a redução drástica dos filhos com um dos genitores após o
divórcio, geralmente aquele que sai de casa, também pode ser traumatizante;
A respeito dos conflitos intensos dos pais, você pode enfatizar que:
• Mais grave do que o divórcio para os filhos é o conflito intenso e contínuo
dos pais.
• Pesquisas demonstram que o conflito intenso é muito mais grave para os
filhos do que o divórcio, e que os filhos de pais que vivem juntos, mas em
constante conflito, apresentam mais problemas do que os filhos de pais
divorciados que não mais estão em conflito.
E como os pais arrastam os filhos para os conflitos? É isso que veremos no próximo
eslaide.
37
3 Oficina de Filhos
A EXPERIÊNCIA DO DIVÓRCIO PARA OS FILHOS
Depois que os participantes responderem a essa pergunta, avance nos eslaides, mos‑
trando as seguintes respostas:
• BRIGAM NA FRENTE DOS FILHOS.
• FALAM MAL UM DO OUTRO NA FRENTE DOS FILHOS.
• USAM OS FILHOS COMO MENSAGEIROS.
• USAM OS FILHOS COMO ESPIÕES.
• USAM OS FILHOS PARA SE VINGAR DO EX.
Em seguida, é relevante frisar que todas essas condutas são nocivas ao desenvolvi‑
mento saudável dos filhos e devem ser evitadas.
“E por que o envolvimento dos filhos nos conflitos dos pais é tão prejudicial
para eles e deve ser evitado? É o que os próximos eslaides vão nos mostrar.”
38
3 Oficina de Filhos
A EXPERIÊNCIA DO DIVÓRCIO PARA OS FILHOS
Pesquisas mostram que a exposição aos conflitos dos pais é mais danosa aos filhos
do que o divórcio em si. Altos níveis de conflito entre os pais resultam em problemas
emocionais, físicos e de autoestima para os filhos, como veremos a seguir.
3 Oficina de Filhos
A EXPERIÊNCIA DO DIVÓRCIO PARA OS FILHOS
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3 Oficina de Filhos
A EXPERIÊNCIA DO DIVÓRCIO PARA OS FILHOS
3 Oficina de Filhos
A EXPERIÊNCIA DO DIVÓRCIO PARA OS FILHOS
40
3 Oficina de Filhos
A EXPERIÊNCIA DO DIVÓRCIO PARA OS FILHOS
3 Oficina de Filhos
A EXPERIÊNCIA DO DIVÓRCIO PARA OS FILHOS
Falta de apetite
3 Oficina de Filhos
A EXPERIÊNCIA DO DIVÓRCIO PARA OS FILHOS
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3 Oficina de Filhos
A EXPERIÊNCIA DO DIVÓRCIO PARA OS FILHOS
3 Oficina de Filhos
A EXPERIÊNCIA DO DIVÓRCIO PARA OS FILHOS
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3 Oficina de Filhos
A EXPERIÊNCIA DO DIVÓRCIO PARA OS FILHOS
Solidão.
3 Oficina de Filhos
A EXPERIÊNCIA DO DIVÓRCIO PARA OS FILHOS
Medo.
3 Oficina de Filhos
A EXPERIÊNCIA DO DIVÓRCIO PARA OS FILHOS
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3 Oficina de Filhos
A EXPERIÊNCIA DO DIVÓRCIO PARA OS FILHOS
3 Oficina de Filhos
A EXPERIÊNCIA DO DIVÓRCIO PARA OS FILHOS
3 Oficina de Filhos
A EXPERIÊNCIA DO DIVÓRCIO PARA OS FILHOS
Depressão.
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3 Oficina de Filhos
A EXPERIÊNCIA DO DIVÓRCIO PARA OS FILHOS
Ansiedade.
3 Oficina de Filhos
A EXPERIÊNCIA DO DIVÓRCIO PARA OS FILHOS
3 Oficina de Filhos
A EXPERIÊNCIA DO DIVÓRCIO PARA OS FILHOS
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3 Oficina de Filhos
A EXPERIÊNCIA DO DIVÓRCIO PARA OS FILHOS
Em seguida, repita os dizeres desse eslaide para os pais, com o intuito de responsa‑
bilizá‑los pela vida dos filhos:
“Vocês sabiam que seus filhos podiam apresentar todas essas reações ao seu
conflito com o ex? Mas agora vocês sabem. E o que vocês vão fazer sobre isso?
Vocês têm duas opções: ou vocês ignoram o que aprenderam hoje e continuam
envolvendo seus filhos no conflito, sabendo que isso poderá lhes trazer todas
aquelas consequências negativas, inclusive sérios problemas emocionais, ou vo‑
cês podem seguir as nossas ideias para mudar e ajudar seus filhos.
Mas se vocês optarem em continuar agindo da mesma forma, seus filhos conti‑
nuarão sofrendo e poderão repetir o mesmo padrão de conduta na vida deles,
permitindo que os filhos deles também sejam envolvidos em seus próprios con‑
flitos.
Se, entretanto, vocês optarem em ajudar seus filhos, eu tenho uma boa notícia!
Há várias coisas que vocês podem fazer para ajudá‑los a terem uma vida me‑
lhor! E é sobre isso que vamos conversar daqui a pouco.”
Esse momento da Oficina é muito importante para que os pais entendam que eles
são responsáveis pela vida dos filhos e que eles sempre têm a opção de proporcionar
aos filhos uma vida mais tranquila, equilibrada e saudável. Mas, para tanto, eles,
pais, devem se esforçar e seguir as orientações transmitidas na Oficina.
Mas antes de mostrar‑lhes tais ideias e as boas práticas parentais, vamos falar um
pouco mais sobre o conflito intenso dos pais, esse grande vilão da história.
46
3 Oficina de Filhos
A EXPERIÊNCIA DO DIVÓRCIO PARA OS FILHOS
O CONFLITO INTENSO
DOS PAIS
E como os filhos se sentem
quando são colocados no meio
do conflito dos pais?
Vídeo Novela Salve Jorge, de Glória Perez, da TV REDE GLOBO
Este eslaide visa a fazer breve introdução ao vídeo exibido logo em seguida, que
representa uma cena da Novela Salve Jorge, de Glória Perez, da TV Rede Globo, na
qual a personagem Raíssa, constantemente arrastada para o conflito dos pais, fica
perturbada ao presenciar o pai deixar a plateia do teatro onde está dançando logo
após a chegada da mãe. Trata‑se de uma cena marcante, que consegue revelar, com
exatidão, como uma criança se sente ao flagrar o conflito intenso entre os pais.
Oficina de Filhos
Esta cena fala por si só, mas é importante frisar que esta Oficina visa a ajudar os pais
a não protagonizarem uma cena como essa, para que seus filhos não experimentem
a mesma decepção que a pequena Raíssa experimentou.
47
3 Oficina de Filhos
A EXPERIÊNCIA DO DIVÓRCIO PARA OS FILHOS
EXERCÍCIO:
Nesse eslaide, proponha um exercício para os pais, pedindo‑lhes que pensem, silen‑
ciosamente, sobre as seguintes perguntas:
“E você, já foi arrastado para o conflito de seus pais?” “O que você sentiu?”
O propósito dessas perguntas é alertar os pais sobre a tendência dos filhos de repeti‑
rem o padrão de conduta dos pais, seja esse padrão positivo ou negativo.
Assim como alguns dos pais podem estar repetindo o modo como seus pais agiram
no passado, seus filhos também poderão vir a repetir o modo como eles, pais, estão
agindo no presente.
E para demonstrar essa tendência dos filhos de repetirem o padrão de conduta dos
pais, será exibido, a seguir, o filme “Vida Maria”, um curta metragem do Diretor
Márcio Ramos, que retrata a vida quotidiana no sertão do Ceará e mostra, com pre‑
cisão, como os filhos acabam repetindo as condutas dos pais, sem perceber o quanto
elas são nocivas.
48
3 Oficina de Filhos
A EXPERIÊNCIA DO DIVÓRCIO PARA OS FILHOS
CUIDADO:
Portanto, cuidado. Você exerce uma influência muito grande na vida de seu
filho. Ele está te observando todos os instantes, mesmo sem você perceber. Ele
observa como você trata as pessoas, como você resolve seus problemas, como
você come, como você fala. Ele aprende a se comportar por meio do seu com‑
portamento. Ele aprende a se relacionar com as pessoas pela observação de
como você também se relaciona com elas. Que tipo de influência você quer ter
sobre o seu filho? Você deseja que ele tenha um relacionamento semelhante ao
seu no futuro, com a esposa ou o marido dele?
Vamos exibir agora um filme que bem retrata como as crianças imitam os adultos.”
49
3 Oficina de Filhos
A EXPERIÊNCIA DO DIVÓRCIO PARA OS FILHOS
Em seguida, será exibido o vídeo “Children See, Children Do” (“As crianças veem,
as crianças fazem”), produzido por uma organização australiana, denominada “Chil‑
dfriendly”.
Oficina de Filhos
Depois da exibição desse filme, lembre os pais da importância deles estarem atentos
à forma como agem na frente dos filhos, para que eles não reproduzam as mesmas
condutas. Por exemplo:
“Lembrem‑se, sempre. Seus filhos aprendem o que vivenciam. Eles estão sempre
observando vocês, mesmo sem vocês perceberem. Então, se vocês resolverem os
seus conflitos com brigas e discussões, é assim que seus filhos também resolve‑
rão os seus próprios conflitos, inclusive os conflitos que eles venham a ter com
vocês. Além disso, eles ainda sofrerão vários prejuízos por estarem expostos aos
seus conflitos.”
50
Por outro lado, os pais também poderão ser uma influência positiva na vida dos
filhos. É o que veremos no próximo eslaide.
3 Oficina de Filhos
A EXPERIÊNCIA DO DIVÓRCIO PARA OS FILHOS
Esse filme revela que os pais também podem ser uma influência boa na vida dos
filhos, ensinando‑lhes práticas mais amorosas e colaborativas.
3 Oficina de Filhos
A EXPERIÊNCIA DO DIVÓRCIO PARA OS FILHOS
Após esse eslaide, que visa a enfatizar aos pais que eles têm o poder de escolher que
tipo de influência querem exercer na vida de seu filho, iniciamos o próximo capítulo
da Oficina, que consiste nas boas práticas parentais, ou seja, o que os pais podem
fazer para ajudar efetivamente seus filhos a serem mais estáveis e felizes.
“Nós vimos que os pais influenciam os filhos e que essa influência pode ser ne‑
gativa, causando‑lhes traumas, ou positivas, proporcionando‑lhes um desenvol‑
vimento emocional saudável. Que influência vocês querem ter na vida de seus
51
filhos? Eu tenho uma boa notícia: se vocês quiserem ser uma influência positiva
na vida de seus filhos, há coisas que vocês podem fazer para ajudá‑los a superar
as dificuldades dessa nova fase de suas vidas, sem maiores traumas. E é sobre
isso que vamos falar agora!”
Oficina de Filhos
4
O QUE FAZER PARA
AJUDAR SEU FILHO
4 Oficina de Filhos
O QUE FAZER PARA AJUDAR SEU FILHO
FOCO 1: VOCÊ
» Garanta a sua segurança
» Permita-se um tempo
» Reflita sobre o passado para ter um futuro melhor
» Liberte-se dos ressentimentos
» Administre as mudanças no orçamento familiar
» Mude o foco da relação conjugal para a relação parental
» Foque suas qualidades
Com esse eslaide, procuramos transmitir aos pais que eles devem focar neles mesmos
para poderem ajudar os filhos, com base no princípio de que a pessoa deve estar
bem para ajudar o outro. É que ninguém pode dar o que não tem. E para dar tran‑
quilidade aos filhos, os pais também precisam de tal tranquilidade. Ademais, essa
abordagem visa a mostrar para os pais a nossa preocupação sincera com o bem‑estar
deles, e não apenas com o de seus filhos. Eles, como pessoas, também merecem a
nossa empatia e compaixão.
52
FOCO 1: VOCÊ:
• Você precisa cuidar de você mesmo para poder cuidar adequadamente de
seu filho e ser um modelo de conduta para ele.18
• Os pais que cuidam de suas próprias necessidades emocionais, físicas e so‑
ciais, de forma geral, têm mais condições de ajudar seus filhos e de tomar
as decisões adequadas ao longo de suas vidas.
Em seguida, comente cada uma das dicas para que os pais promovam o seu bem‑estar:
• Garanta a sua segurança: a segurança é imprescindível para que uma pessoa
possa ajudar a outra. Garanta inicialmente a sua segurança, protegendo‑se de
qualquer ameaça física, emocional e psíquica. Se necessário, procure ajuda.
• Permita‑se um tempo: o divórcio é um processo emocionalmente desgas‑
tante que exige muito tempo para ser superado. As emoções associadas ao
divórcio podem ser vividas como ondas: há dias bons em que a pessoa se
sente mais forte e preparada para enfrentar a realidade e há dias em que
tudo volta a parecer um pesadelo e a vontade de sair da cama ou de casa é
muito pouca ou, até mesmo, inexistente. Permita‑se um tempo (de um a
três anos) para superar o divórcio e reconstruir a sua vida.
• Reflita sobre o passado para ter um futuro melhor: Os pais devem aprender
com cada processo doloroso que enfrentam na vida para evitar repetições de
estratégias inadequadas em situações futuras. Devem refletir sobre a sua par‑
te de responsabilidade para o divórcio, em vez de culpar ou responsabilizar
totalmente a outra parte ou de se colocar no papel de uma vítima inocente.
Portanto, aprenda sobre você mesmo antes de começar a namorar nova‑
mente. Questione‑se: “Por que eu me atraí por meu ex? O que funcionou em
nosso casamento? Por que? O que não funcionou? Por que? Com que tipo
de pessoas eu me dou melhor? Por que?” Esses questionamentos evitam que
os mesmos problemas se repitam em eventual novo relacionamento.
• Liberte-se dos ressentimentos: É importante que os pais libertem-se dos res‑
sentimentos em relação àqueles que lhes fizeram algum mal, como o ex ou
algum familiar, para que possam continuar vivendo uma vida tranquila e
saudável, em prol de si próprios e de seus filhos. Para tanto, eles devem ul‑
trapassar a atribuição de culpa e aprender a enviar amor a todos, em vez de
raiva e ressentimento.
18 Como ensina Wayne Dyer, “Você não pode oferecer aquilo que não tem”. Ainda nesse sentido: “Se é amor e alegria aquilo que você quer
dar e receber, então lembre-se de que não pode oferecer aquilo que não tem, mas que pode mudar a sua vida, mudando o que está
dentro de si, se estiver disposto a fazer mais um quilômetro.”(DYER, Wayne. “10 Segredos para o sucesso e paz interior”. Ed. Pergaminho,
Cascais – Portugal. 1ª. Edição, 2004, pg. 55/56).
53
Wayne Dyer19conta uma história bem interessante sobre a importância dessa
atitude:
“Era uma vez um mestre que respondia sempre à crítica, à reprovação e à
troça com gentileza. Um dos seus discípulos perguntou-lhe, certa vez, como
conseguia reagir com tanta tranquilidade a ataques tão ferozes. O mestre
respondeu com uma pergunta: “Se alguém te oferecer um presente e tu não
o aceitares, a quem pertence o presente?”
Dyer sugere que a pessoa pergunte a si própria: “Por que motivo hei de permitir
que algo que pertence a outra pessoa seja a fonte do meu ressentimento?”20
Ele também prega que “o ressentimento é como um veneno que circula
pelo organismo, minando todos os nossos órgãos e defesas. Lembre-se: o que
mata não é a picada, mas o veneno.”21
• Administre as mudanças no orçamento familiar: Com o divórcio os rendi‑
mentos da família são separados e as despesas aumentam (custa mais manter
duas casas do que uma). Consequentemente, o padrão de vida dos filhos
pode cair. E isso será ainda mais grave se o pai ou a mãe que saiu de casa
deixar de contribuir com as despesas dos filhos. Portanto, é importante que
você administre bem as mudanças no orçamento familiar. Procure, se o caso,
um curso de economia doméstica. Há vários deles gratuitos na internet.
• Mude o foco da relação conjugal para a relação parental: Uma tarefa difícil
para muitos pais que enfrentam o divórcio é distinguir a relação conjugal
da relação parental. Muitos pais acabam misturando as duas relações e
permitem que os seus sentimentos sobre o ex prejudiquem o relaciona‑
mento deste com os filhos. E os filhos sofrem intensamente porque eles
necessitam do amor e do apoio de ambos os pais. Se você está lutando
com essas emoções, concentre‑se em suas responsabilidades parentais e
tente separar a relação conjugal da relação parental. Procure ver o seu ex
como pai/mãe de seu filho, e não como ex‑marido/ex‑esposa. A respeito
54
dessa importante e necessária estratégia, há um lindo poema, “Pais se
separam, filhos são para sempre”, da Veronica A. da Motta. Esse poe‑
ma consta do Anexo I dessa cartilha e poderá ser distribuído aos pais
nesse momento da Oficina para maior reflexão sobre o tema.
• Foque suas qualidades: Todas as pessoas têm qualidades. Você também as
tem. Preste atenção nelas e mantenha sua autoestima elevada; você preci‑
sa dela para ajudar seu filho.
• Cuide da saúde física e mental:
»» Durma bem.
»» Faça exercícios físicos.
»» Faça refeições saudáveis.
»» Afaste‑se dos vícios: Evite usar drogas e álcool para lidar com o estresse.
Formas mais saudáveis para reduzir o estresse incluem exercícios físicos,
repouso, ajuda dos amigos, da família e de grupos de apoio, e crença
espiritual.
»» Continue a rir.22
»» Recupere‑se antes de entrar em um novo relacionamento.
»» Procure alguma forma de equilíbrio: ore, medite, siga a sua crença religio‑
sa ou espiritual, etc.
4 Oficina de Filhos
O QUE FAZER PARA AJUDAR SEU FILHO
PROCURE AJUDA,
SE NECESSÁRIO
Procurar ajuda é sinal de força, não fraqueza.
Nesse eslaide, os pais são orientados a respeito de quando procurar ajuda, especial‑
mente ajuda profissional, para se sentirem melhor.
22 A respeito da importância do riso para o ser humano, Osho elaborou a seguinte frase: “Aprenda a ri mais. A risada é tão sagrada quanto
a prece.”
55
Você pode lhes dizer:
Use sua rede de apoio, não tenha medo de pedir a ajuda de amigos, familiares
ou até mesmo colegas de trabalho que estão perto de você.
Se você está sentindo raiva intensa, medo, tristeza, vergonha ou culpa, encontre
um profissional para ajudá‑lo a trabalhar com esses sentimentos.
A ajuda psicológica para os pais que lidam com o divórcio pode ser muito va‑
liosa. Você pode precisar de tal ajuda nos seguintes casos:
• Sentimentos prolongados de tristeza, raiva, ressentimento, desamparo
e desespero.
• Retiro prolongado das atividades sociais usuais.
• Significante e não planejado ganho ou perda de peso.
• Uso ou abuso excessivo de álcool ou outras substâncias químicas.
• Uso frequente de Boletins de Ocorrência ou do Poder Judiciário, o que
pode ser um sintoma de raiva não resolvida.
• Aumento de queixas físicas, como dores de cabeça, dores abdominais
ou dores nas costas.
• Falta de habilidade para cuidar dos filhos como você já cuidou um
dia.
• Perda de interesse em permanecer com as pessoas amadas.”
56
4 Oficina de Filhos
O QUE FAZER PARA AJUDAR SEU FILHO
O segundo foco dos pais para ajudar os filhos devem ser os próprios filhos.
É importante esclarecer aos pais que seus filhos também têm direitos, que devem
ser respeitados por todos, principalmente por aqueles que devem protegê‑los: os
próprios pais.
Assim, para ajudar os filhos, os pais devem inicialmente conhecer os seus direitos e
respeitá‑los.
4 Oficina de Filhos
O QUE FAZER PARA AJUDAR SEU FILHO
57
4 Oficina de Filhos
O QUE FAZER PARA AJUDAR SEU FILHO
4 Oficina de Filhos
O QUE FAZER PARA AJUDAR SEU FILHO
4 Oficina de Filhos
O QUE FAZER PARA AJUDAR SEU FILHO
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4 Oficina de Filhos
O QUE FAZER PARA AJUDAR SEU FILHO
Sentir-se seguro.
4 Oficina de Filhos
O QUE FAZER PARA AJUDAR SEU FILHO
4 Oficina de Filhos
O QUE FAZER PARA AJUDAR SEU FILHO
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4 Oficina de Filhos
O QUE FAZER PARA AJUDAR SEU FILHO
4 Oficina de Filhos
O QUE FAZER PARA AJUDAR SEU FILHO
4 Oficina de Filhos
O QUE FAZER PARA AJUDAR SEU FILHO
60
• Sentir‑se como ele se sente sobre o divórcio dos pais: os pais devem res‑
peitar os sentimentos dos filhos, independentemente de quais sejam esses
sentimentos (raiva, alívio, etc.). Os pais devem ensinar os filhos que os
sentimentos não são bons ou maus; as ações, entretanto, podem gerar
resultados bons ou maus.
• Expressar o seu sentimento: expressar o seu sentimento é importante para
que seu filho não somatize doenças.
• Formular perguntas sobre o que vai acontecer e por que: seu filho precisa
dessas respostas para sentir‑se seguro.
• Amar e ser amado pelo pai e pela mãe: seu filho deve sempre receber a
mensagem positiva de ambos os pais de que ele pode continuar amando
os dois. Os filhos querem e precisam do amor e da aprovação dos dois pais.
Seu filho precisa saber que é normal e aceitável amar e ver os dois pais, e
ele precisa ouvir isso de vocês dois!
• Sentir‑se seguro: seu filho precisa sentir‑se seguro física, emocional e psi‑
quicamente para poder se desenvolver regularmente.
• Conversar com alguém se ele precisar de ajuda.
• Não tomar partido: caso seu filho seja forçado ou induzido a escolher en‑
tre o pai e a mãe, ele poderá apresentar conflitos internos.
• Não levar mensagem de um pai para o outro: os filhos não podem ser usa‑
dos como mensageiros ou espiões. Isso pode fazê‑los sentirem‑se usados
e aumentar os seus sentimentos de revolta e frustração. Os filhos se sen‑
tem desconfortáveis quando um dos pais lhes pede para transmitir uma
mensagem negativa para o outro pai ou para responder perguntas sobre o
outro pai e sobre o que está acontecendo na casa dele. Crianças pequenas
têm muita dificuldade para lidar com o estresse e podem “esquecer” de
dar as mensagens. Os pais não podem punir uma criança por esquecer‑se
de entregar mensagens, especialmente se se trata de uma mensagem ne‑
gativa, ou se elas se recusam a responder questões e espionar o outro pai.
• Não ouvir um dos pais falar mal do outro: qualquer ataque direto ou indi‑
reto ao pai ou à mãe de seu filho pode ser visto por este como um ataque
a ele mesmo, já que ele se identifica com ambos os pais.
• Não ser usado como tábua de salvação por um dos pais: alguns filhos,
especialmente pré‑adolescentes e adolescentes, podem tentar assumir
algumas das responsabilidades dos adultos na ausência de um dos pais.
Embora seja bom para você ter ajuda em casa, e benéfico para seu filho
ter tarefas regulares, as crianças também devem ter a chance de “serem
61
apenas crianças”. Incentive seu filho a continuar suas atividades e interes‑
ses, incluindo sair com seus amigos. Tente não deixar que ele se torne seu
apoio emocional. Em vez disso, escolha um adulto que tem uma perspec‑
tiva neutra e é mais maduro.
• Não ter preocupação de adulto: lembre‑se, as crianças devem: estudar,
brincar e praticar esportes. Nada mais!
4 Oficina de Filhos
O QUE FAZER PARA AJUDAR SEU FILHO
Esse vídeo revela como os pais violam os direitos de seus filhos e como os filhos se
sentem diante de tal situação. Ele retrata as agruras de uma jovem, cujos pais se se‑
pararam consensualmente, mas a separação consensual não representou a harmonia
dos pais, mas, ao contrário, o início de grandes e prolongados conflitos, em detri‑
mento da estabilidade emocional dos filhos.
Após a exibição desse vídeo, é interessante perguntar aos pais: “Será que seu filho,
no lugar dessa jovem, relataria algo diferente?”.
4 Oficina de Filhos
O QUE FAZER PARA AJUDAR SEU FILHO
O JOGO SUJO
“Se você não pagar a pensão alimentícia, não vai ver seu filho”
O MENSAGEIRO
“Diga ao seu pai que se a namoradinha dele estiver lá no próximo
final de semana você não vai à casa dele”
O MANIPULADOR
“Eu comprei um ingresso para o show do Batman, mas é bem no
dia de visitas da mamãe!”
62
4 Oficina de Filhos
O QUE FAZER PARA AJUDAR SEU FILHO
O ESPIÃO
“Com quem a sua mãe está saindo?”
O PAI EXTRAVAGANTE
Presentes caros e até incompatíveis com a renda
O ESTRAGA PRAZER
“Seu pai te levou para aquele circo xinfrim?”
O DESTRUIDOR DE IMAGEM
“Sua mãe é irritante!”
Esses eslaides retratam os jogos que alguns pais jogam, violando os direitos do filho.
4 Oficina de Filhos
O QUE FAZER PARA AJUDAR SEU FILHO
Por meio desse eslaide e dos seguintes, queremos mostrar para os pais o quanto é im‑
portante que eles reconheçam e respeitem a necessidade de seus filhos expressarem
os seus sentimentos, especialmente nesta fase difícil do divórcio, em que tantos são
os sentimentos.
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4 Oficina de Filhos
O QUE FAZER PARA AJUDAR SEU FILHO
4 Oficina de Filhos
O QUE FAZER PARA AJUDAR SEU FILHO
EXPRESSAR SEUS
SENTIMENTOS!
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Esse eslaide visa a mostrar aos pais que eles devem estimular os filhos a expressar
não somente os sentimentos negativos em relação ao divórcio, mas, também, os
positivos em relação ao pai ou à mãe, ou a qualquer outro membro da família, sem
ser repreendidos por isso.
4 Oficina de Filhos
O QUE FAZER PARA AJUDAR SEU FILHO
Essa criança desenhou o pai, a mãe e o padrasto, como integrantes de sua família,
mas preferiu não exibir o desenho para o pai, para que ele não percebesse o senti‑
mento positivo dela em relação à mãe e ao padrasto, deixando‑o na Oficina.
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4 Oficina de Filhos
O QUE FAZER PARA AJUDAR SEU FILHO
4 Oficina de Filhos
O QUE FAZER PARA AJUDAR SEU FILHO
Essa criança desenhou a mãe, o pai e ela própria, e, ainda, enfatizou o quanto ela
ama a sua família do jeito que ela é, mas também se recusou a mostrar o desenho
para a mãe, temendo que ela ficasse brava com o amor manifestado ao pai.
Portanto, todos esses desenhos revelam uma triste realidade vivenciada pelas crian‑
ças e pelos adolescentes por ocasião do divórcio dos pais, a saber, a impossibilidade
de expressarem seus verdadeiros sentimentos tanto em relação ao momento de vida
que enfrentam como em relação aos personagens dessa nova dinâmica familiar.
66
4 Oficina de Filhos
O QUE FAZER PARA AJUDAR SEU FILHO
Os pais devem ser instruídos a respeito de como eles podem ajudar seus filhos a ex‑
pressarem seus sentimentos:
• Estimulando‑os a lidarem com os sentimentos e a exterioriza‑los. E há
muitas maneiras saudáveis de os filhos lidarem com os sentimentos:
»» falar sobre seus sentimentos com a frequência que gostariam com os pais,
amigos, irmãos e parentes;
»» escrever sobre sentimentos e experiências em um diário;
»» desenhar e pintar;
»» fazer exercícios e atividades criativas;
»» chorar. Chorar faz que os sentimentos sejam colocados para fora.
• Evitando compensá‑los com alimentos. Se seu filho tiver algum sentimen‑
to negativo, evite compensá‑lo com alimentos e outras delícias. Isso não
funciona e, a longo prazo, estabelece padrão nocivo de comportamento,
fazendo que, no futuro, qualquer frustração seja compensada com alimen‑
tos, levando à obesidade.
• Validando os sentimentos deles.
67
4 Oficina de Filhos
O QUE FAZER PARA AJUDAR SEU FILHO
Esses exemplos são bem explicativos e revelam como os pais, ainda que bem‑inten‑
cionados, acabam invalidando os sentimentos dos filhos.
4 Oficina de Filhos
O QUE FAZER PARA AJUDAR SEU FILHO
Esse filme, elaborado especialmente pela Produtora 4.2 para a Oficina de Pais e Fi‑
lhos, com base no livro “Como Falar para seu Filho Ouvir e como Ouvir para seu
Filho Falar”, de Adele Faber e Elaine Mazlish, Summus Editorial, revela justamente
como o filho se sente quando seus sentimentos são invalidados pelos pais.
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4 Oficina de Filhos
O QUE FAZER PARA AJUDAR SEU FILHO
E como validar os sentimentos dos filhos? Seguem algumas respostas para os pais:
• Olhe para seu filho quando você estiver conversando com ele.
• Ajude seu filho a identificar o que ele está sentindo. Um forte sentimento
pode ser esmagador e desconhecido. Colocar um nome ao sentimento
pode reduzir a ansiedade causada por uma emoção estranha e desconhe‑
cida nas crianças.
• Para identificar os sentimentos de seu filho, observe‑o. Sua linguagem cor‑
poral e comportamento, muitas vezes, indicam as suas emoções. Então
você pode dizer coisas como: “Parece que você está se sentindo triste / frustra‑
do / desapontado / irritado/com medo.” É importante dizer isso de maneira
calma, sem julgamento. O objetivo é ajudar seu filho a identificar os seus
sentimentos e aprender a agir sobre eles de uma forma que não prejudique
a si mesmo ou aos outros. Aliás, sentimentos agradáveis, como felicidade
e alegria também merecem atenção.
• Quando as crianças e os adolescentes expressam sentimentos com pala‑
vras, eles estão assumindo um risco. Se você validar os sentimentos deles,
eles vão ser muito mais propensos a expressar seus sentimentos novamen‑
te. Se, entretanto, a sua resposta for negativa, eles podem não querer arris‑
car novamente. É surpreendente como os pais fazem muitas declarações
invalidando os sentimentos de seus filhos sem pensar.
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4 Oficina de Filhos
O QUE FAZER PARA AJUDAR SEU FILHO
Por exemplo:
“Não é tão ruim assim. Supere isso.” “Parece que você está se sentindo triste.
Às vezes, falar sobre isso ajuda”.
É importante dizer:
• Se o filho fala, “Eu acho que o divórcio é uma droga”, os pais podem reagir
de formas diferentes. Se eles disserem “não seja louco”, eles estarão invali‑
dando os sentimentos do filho e desencorajando‑o a continuar expressando
seus sentimentos. Mas se os pais disserem “Eu entendo que você se sente
triste e bravo com essas mudanças. O divórcio é difícil, mas sempre se lembre
que o papai e a mamãe amam você”, o filho se sentirá compreendido e terá
mais coragem de continuar expressando os seus sentimentos para os pais.
• Às vezes, pode ser muito difícil manter a calma. Por exemplo, o seu filho
um dia poderia dizer: “Eu te odeio!” Pense, entretanto, no lado positivo,
que esse pode ser um momento de aprendizado. Primeiro, ajude seu filho
a identificar que ele está sentindo raiva. Verifique se este é um sentimento
normal de se ter quando os pais estão se divorciando. Quando as coisas se
acalmarem, não se esqueça de dizer ao seu filho que você se sentiu ferido
quando ele disse “eu te odeio”, não pelo fato dele ter ficado com raiva,
mas, sim, pelo fato dele tê‑la expressado dessa forma.
• Deixe seu filho ser honesto. Seu filho pode estar relutante em comparti‑
lhar seus sentimentos verdadeiros por medo de magoá‑lo. Deixe‑o saber
que tudo o que ele diz está bem. Se ele não é capaz de compartilhar seus
sentimentos honestos, ele vai ter mais dificuldade em trabalhar com eles.
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4 Oficina de Filhos
O QUE FAZER PARA AJUDAR SEU FILHO
Esse vídeo, que também foi elaborado especialmente pela Produtora 4.2 para a Oficina
de Pais e Filhos, retrata a mesma cena anterior, mas desta vez a mãe valida os sentimen‑
tos do filho. E quanta diferença esse gesto produz na vida do filho e da própria mãe!
“Vocês perceberam como uma pequena mudança na atitude dessa mãe acarre‑
tou tanta mudança na qualidade do relacionamento entre ela e o filho? O seu
relacionamento com seu filho também poderá melhorar se você seguir esses
passos simples para validar os sentimentos dele: olhe para ele quando ele estiver
falando com você; escute ele e dê um nome ao sentimento dele.”
4 Oficina de Filhos
O QUE FAZER PARA AJUDAR SEU FILHO
EXERCÍCIO
RECONHECENDO OS SENTIMENTOS
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4 Oficina de Filhos
O QUE FAZER PARA AJUDAR SEU FILHO
Esse exercício, assim como os demais exercícios que passamos para os pais durante
a Oficina, visa a auxiliá‑los a firmar e a desenvolver as habilidades transmitidas na
própria Oficina. A critério do instrutor, e conforme a disponibilidade de tempo, este
exercício poderá ser explicado na Oficina, por meio do exemplo dado, e entregue
aos pais como lição de casa, sem necessidade de devolução, já que o objetivo não é
julgá‑los, mas apenas ajudá‑los.
4 Oficina de Filhos
O QUE FAZER PARA AJUDAR SEU FILHO
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4 Oficina de Filhos
O QUE FAZER PARA AJUDAR SEU FILHO
Anteriormente, mostramos aos pais quando eles devem procurar ajuda de um profis‑
sional para lidar melhor com seus fortes sentimentos. Agora, mostramos‑lhes quan‑
do eles devem procurar ajuda para seus filhos.
4 Oficina de Filhos
O QUE FAZER PARA AJUDAR SEU FILHO
EXERCÍCIO
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4 Oficina de Filhos
O QUE FAZER PARA AJUDAR SEU FILHO
EXERCÍCIO
4 Oficina de Filhos
O QUE FAZER PARA AJUDAR SEU FILHO
EXERCÍCIO
4 Oficina de Filhos
O QUE FAZER PARA AJUDAR SEU FILHO
EXERCÍCIO
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4 Oficina de Filhos
O QUE FAZER PARA AJUDAR SEU FILHO
EXERCÍCIO
Esse exercício visa a auxiliar os pais a fazerem uma autoavaliação a respeito de suas
condutas, sem necessidade de explanarem os resultados para a classe, somente para
que eles percebam se já têm observado as boas práticas parentais ou se precisam de‑
senvolver um pouco mais as habilidades transmitidas durante a Oficina.
4 Oficina de Filhos
O QUE FAZER PARA AJUDAR SEU FILHO
Como já vimos, as pesquisas revelam que nem todo divórcio causa trauma para os
filhos e que os grandes fatores traumatizantes, muitas vezes associados ao divórcio,
são: a) dificuldades financeiras; b) perda parental; e c) conflitos intensos dos pais.
Pois bem, tais pesquisas também revelam que a resiliência dos filhos à separação dos
pais depende de dois fatores: a) o relacionamento harmônico e contínuo dos filhos
75
com ambos os genitores após o divórcio; e b) o relacionamento harmônico entre os
genitores após o divórcio.
Assim, é importante enfatizar aos pais que a harmonia entre eles após o divórcio é
fundamental para que seus filhos superem a separação sem maiores traumas e, por‑
tanto, que eles deverão se esforçar para manter tal harmonia em seu relacionamento
pós‑divórcio.
Por outro lado, também é importante ressaltar que, nas famílias em que tenha
havido violência doméstica, deve‑se preocupar muito mais com a segurança fí‑
sica e emocional do que com a cooperação entre os pais. A segurança da criança
e do adolescente deve ser preservada.
4 Oficina de Filhos
O QUE FAZER PARA AJUDAR SEU FILHO
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»» Seu filho é parte mãe e parte pai, de forma que ouvir coisas desagradáveis
sobre um de seus pais, especialmente do outro pai, pode ferir a autoes‑
tima dele. Lembre‑se que seu filho ama seus pais e não quer ouvir coisas
desagradáveis sobre qualquer um deles.
»» Mesmo que a relação conjugal acabe, a relação parental continua e é nela
que você deve focar. O que mais importa agora é seu filho!
»» Discutir sobre o relacionamento antigo apenas torna mais difícil trabalhar
junto com seu ex para ajudar seu filho.
• Para que possamos nos comunicar bem com a outra pessoa, fazendo que
ela entenda bem a mensagem que queremos lhe passar, sem ruídos, pre‑
cisamos sair de nossa zona de conforto e nos esforçar, aplicando alguns
ensinamentos sobre como melhorar a comunicação.
• A Comunicação não Violenta (CNV), de Marshall Rosenberg, é uma forma
de expressar os seus sentimentos assumindo a responsabilidade por eles
em vez de culpar a outra pessoa e, ainda, mostrando à outra pessoa, de
forma clara, o que ela poderá fazer para tornar a sua vida melhor.
Em seguida, será transmitido o vídeo especialmente elaborado pela Produtora 4.2 e pela
TV Tribuna para a Oficina de Pais e Filhos, “A Comunicação entre Pais Divorciados”.
4 Oficina de Filhos
O QUE FAZER PARA AJUDAR SEU FILHO
1. OBSERVAÇÃO
2. SENTIMENTO
3. NECESSIDADE
4. PEDIDO
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4 Oficina de Filhos
O QUE FAZER PARA AJUDAR SEU FILHO
4 Oficina de Filhos
O QUE FAZER PARA AJUDAR SEU FILHO
Entregue para os pais a folha com esse exercício, para que eles possam treinar a Co‑
municação não Violenta mencionada no vídeo anterior.
Se não houver tempo suficiente para que todo o exercício seja feito durante a Ofici‑
na, explique a dinâmica do exercício e peça para que ele seja feito em casa por cada
um dos pais.
Trata‑se de uma autoavaliação que visa tão somente a ajudar os pais a colocarem em
prática a habilidade transmitida durante a Oficina.
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4 Oficina de Filhos
O QUE FAZER PARA AJUDAR SEU FILHO
Colocar-se na posição do ex
4 Oficina de Filhos
O QUE FAZER PARA AJUDAR SEU FILHO
EXERCÍCIO
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Em seguida, para treinar os pais sobre como se colocar na posição do ex e ter uma
perspectiva diferente do conflito, sugerimos um pequeno exercício em duplas. Nas
duplas, cada um formula ao outro três questões:
De repente podemos olhar para a rua num dia de chuva e imaginar – o que,
de certa forma, significa sentir – o frio que um outro menino pode passar por
estar mal agasalhado.
Nossa capacidade de imaginar o que se passa é como uma faca de dois gumes.
O engano mais comum – e de graves consequências para as relações interpes‑
soais – não é imaginarmos as sensações de uma outra pessoa, e sim tentarmos
prever que tipo de reação ela terá diante de uma certa situação.
Costumamos pensar assim: “Eu, no lugar dela, faria desta maneira.” Julgamos
correta a atitude da pessoa quando ela age da forma que agiríamos.
Achamos inadequada sua conduta sempre que ela for diversa daquela que te‑
ríamos. Ou melhor, daquela que pensamos que teríamos, uma vez que muitas
vezes fazemos juízos a respeito de situações que jamais vivemos.
Cada vez que o outro não age de acordo com aquilo que pensávamos fazer no
lugar dele, experimentamos uma enorme decepção.
Entristecemo‑nos mesmo quando tal atitude não tem nada a ver conosco.
Vivenciamos exatamente a dor que tentamos a todo o custo evitar, que é a de
nos sentirmos solitários neste mundo.
Sem nos darmos conta, tendemos a nos tornar autoritários, desejando sempre
que o outro se comporte de acordo com nossas convicções. E assim procede‑
mos sempre com o mesmo argumento: “Eu no lugar dele agiria assim.”
80
A decepção será maior ainda se o outro agiu de modo inesperado em relação
à nossa pessoa. Se nos tratou de uma forma rude, que não seria a nossa rea‑
ção diante daquela situação, nos sentimos duplamente traídos: pela agressão
recebida e pela reação diferente daquela que esperávamos.
Aqueles que entendem que as diferenças entre as pessoas são maiores que as
que nos ensinaram a ver, desenvolvem uma atitude de real tolerância diante
de pontos de vista variados a respeito de quase tudo.
Extraia algumas ideias deste interessante texto e transmita‑as para os pais. Segue a
nossa sugestão:
• É importante que nos coloquemos no lugar da outra pessoa.
• Mas, ao fazê‑lo, não podemos desejar que ela se comporte de acordo com
nossas próprias convicções.
• Ao nos colocarmos no lugar da outra pessoa, precisamos entender que somos
diferentes uns dos outros e que aquela pessoa pode não pensar como nós.
• Esse entendimento nos ajuda a desenvolver uma atitude de real tolerância
diante de pontos de vista variados a respeito das coisas.
• Esse entendimento também nos ajuda a enxergar o outro com objetivida‑
de, como um ser à parte, independente de nós.
• E foi esse entendimento que fez que o homem do vídeo enxergasse as li‑
mitações e os sofrimentos do peixinho e, em consequência, o devolvesse
para seu habitat.
• Da mesma forma como aquele homem se colocou no lugar do peixinho
e enxergou suas limitações e sofrimentos, coloque‑se no lugar do seu ex,
lembrando‑se de que ele é diferente de você, e procure entender as neces‑
sidades e os sofrimentos dele, para que vocês se comuniquem e se relacio‑
nem melhor.
• Essa atitude contribuirá para que seu ex também se coloque no seu lugar
e entenda as suas necessidades e sofrimentos.
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4 Oficina de Filhos
O QUE FAZER PARA AJUDAR SEU FILHO
Oficina de Filhos
Nesse eslaide, pretendemos mostrar aos pais que existem várias perspectivas diferen‑
tes sobre o mesmo fato e que todas podem estar certas.
Sugerimos que, ao exibir essa imagem, você pergunte aos participantes o que eles
enxergam. Provavelmente, alguns enxergarão o casal de idosos, outros, o casal de
mexicanos. Depois das respostas, mostre para eles as diferentes perspectivas e enfa‑
tize que todas estão certas.
82
Oficina de Filhos
Sugerimos que você pergunte novamente aos participantes o que eles enxergam nessa
imagem. Provavelmente, alguns enxergarão os anjos, outros, os morcegos. Após, mos‑
tre para eles as diferentes perspectivas e enfatize que todas estão igualmente certas.
Nesse exercício, você também pode enfatizar que essa imagem retrata como todos
nós somos, anjos e demônios, pessoas com qualidades e defeitos. E as pessoas tanto
podem olhar para os defeitos das outras ou para as qualidades. E para que elas se re‑
lacionem bem com o ex, em prol dos filhos, precisam também olhar e reconhecer as
qualidades dele.
4 Oficina de Filhos
O QUE FAZER PARA AJUDAR SEU FILHO
Este e o próximo eslaide visam a dar algumas outras orientações para que os pais
possam exercer uma parentalidade mais eficiente para ajudar os filhos, residindo eles
ou não com os filhos.
83
Comente cada um dos tópicos abordados:
4 Oficina de Filhos
O QUE FAZER PARA AJUDAR SEU FILHO
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4 Oficina de Filhos
O QUE FAZER PARA AJUDAR SEU FILHO
23 CHERULLI, Jaqueline. Cartilha da Guarda Compartilhada. 2. ed. Poder Judiciário do Estado de Mato Grosso, [s.d.]. p. 5.
85
• Participe da vida escolar e extracurricular de seu filho: educar não é apenas
pagar a mensalidade escolar.
• Evite comprar o amor de seu filho: seu filho não precisa de presentes, mas
de pais presentes. Como ensina Augusto Cury “Bons pais atendem, dentro
das suas condições, os desejos dos seus filhos. Fazem festa de aniversário,
compram tênis, roupas, produtos eletrônicos, proporcionam viagens. Pais
brilhantes dão algo incomparavelmente mais valioso aos filhos. Algo que
todo o dinheiro do mundo não pode comprar: o seu ser, a sua história, as
suas experiências, as suas lágrimas, o seu tempo.”24
• Mantenha um contato regular com seu filho (telefone, e-mail, cartas, Fa‑
cebook, Whatsapp): lembre-se que a sua presença na vida de seu filho o
ajudará a sobreviver à turbulência da separação dos pais.25
• Respeite as necessidades de seu filho: lembre‑se que quanto mais seu filho
cresce, mais ele quererá permanecer com os amigos. Fique preparado e crie
outras formas de continuar o seu relacionamento com ele, respeitando as
necessidades dele, como, por exemplo, ofereça conduzi‑lo à casa de um
amigo ou ao destino dele e se comunique com ele mais frequentemente
por meio de e‑mail ou telefone.
• Não entre em pânico, não fique bravo nem se sinta insultado se seu filho
chorar e pedir pelo pai ou mãe durante o seu tempo de convivência com
ele: Somente pergunte a ele se ele gostaria de ligar para o outro pai/mãe.
Às vezes, as crianças (especialmente as pequenas) apenas necessitam ter
certeza de que o outro pai/mãe ainda está lá para elas.
• Pague a pensão alimentícia em dia, tendo em vista que:
»» A lei exige e seu filho necessita.
»» Pagar a pensão alimentícia no dia certo mostra para seu filho que você
está compromissado a tomar conta dele.
»» Pesquisas revelam que o pagamento pontual da pensão alimentícia está
relacionado ao aproveitamento escolar da criança, a um desenvolvimento
saudável e um bem‑estar emocional.
24 CURY, Augusto. “Pais brilhantes, Professores fascinantes. A educação inteligente: formando jovens pensadores e felizes”. Ed. Sextante, pg. 21.
25 Interessante, a respeito desse tema, o trecho do livro de Augusto Cury “Pais brilhantes, Professores fascinantes. A educação inteligente:
formando jovens pensadores e felizes”: “Nos divórcios é comum o pai prometer aos filhos que jamais os abandonará. Mas quando
diminui a temperatura da culpa, alguns pais também se divorciam dos seus filhos. Os filhos perdem a sua presença, às vezes não física,
mas emocional. Os pais deixam de curtir, sorrir, elogiar e ter momentos agradáveis com os filhos. Quando isso acontece, o divórcio gera
grandes sequelas psíquicas. Se a ponte for bem feita, se a relação continuar a ser poética e afetiva, os filhos sobreviverão à turbulência da
separação dos seus pais e poderão amadurecer” (ob. Cit., pg. 25).
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»» O pai ou a mãe que morar com o filho não precisará ligar para você e
perguntar pelo dinheiro, o nível de tensão não vai aumentar e o ambiente
em que seu filho reside vai ser mais estável.
4 Oficina de Filhos
O QUE FAZER PARA AJUDAR SEU FILHO
EXERCÍCIO
Este exercício visa a mostrar para os pais que existem formas deles reduzirem o con‑
flito intenso entre eles.
Assim, por exemplo, se João e Maria sempre brigam quando João vai retirar Pedri‑
nho, filho do casal, da casa de Maria, eles podem estabelecer que João vai retirar
Pedrinho da escola ou outro local neutro, para que o contato com Maria seja evitado
e não haja maiores brigas entre eles.
Se João e Maria sempre brigam quando se encontram, a melhor forma de João pagar
a pensão alimentícia para o Pedrinho, sem precisar encontrar Maria, é por depósito
em conta bancária ou transferência bancária.
Trata‑se de um exercício muito simples e que visa a mostrar para os pais que, mesmo
no caso da existência de conflitos intensos entre eles, há formas alternativas para que
eles possam exercer a parentalidade saudável, sem maiores traumas para os filhos.
Quando esse exercício é feito durante a Oficina, há uma troca muito grande e enri‑
quecedora entre os participantes, já que cada um pensa em uma resposta diferente
para as perguntas e, assim, aprende com os demais participantes a ampliar a mente
e a pensar em outras alternativas para a solução do mesmo problema.
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4 Oficina de Filhos
O QUE FAZER PARA AJUDAR SEU FILHO
ALIENAÇÃO PARENTAL
UMA VIOLÊNCIA CONTRA O PRÓPRIO FILHO
CONCEITO
Interferência na formação psicológica do menor que
compromete o vínculo entre ele e o genitor.
QUEM ALIENA?
Mãe
Pai
Terceiros (como os avós)
Por meio deste e dos seguintes eslaides, abordamos a questão da alienação parental,
com o intuito de alertar os pais sobre este ato de desamor ao filho e que tem sido
muito frequente na vida forense.
Se você, como instrutor, quiser saber um pouco mais sobre alienação parental, é
importante ler o que diz a lei.
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III – dificultar contato de criança ou adolescente com genitor;
VII – mudar o domicílio para local distante, sem justificativa, visando a di‑
ficultar a convivência da criança ou adolescente com o outro genitor, com
familiares deste ou com avós.
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VII – Mudar o domicílio para local distante, sem justificativa, visando a
dificultar a convivência da criança ou do adolescente com o outro geni‑
tor, com familiares deste ou com avós: De todas as situações comentadas,
esta última quase representa um ponto final na convivência, gerando ainda
mais sofrimento. Porém, isso não significa que todo o detentor da guarda
está impedido de mudar de domicílio. Significa que não o pode fazer sem
qualquer justificativa plausível.
Portanto, se você não trabalha na área jurídica e não se sente seguro para fazer mui‑
tas explicações a respeito de cada exemplo de ato de alienação parental, basta ler o
eslaide e apresentar o vídeo, que já é autoexplicativo.
4 Oficina de Filhos
O QUE FAZER PARA AJUDAR SEU FILHO
ALIENAÇÃO PARENTAL
UMA VIOLÊNCIA CONTRA O PRÓPRIO FILHO
COMO OCORRE?
A Lei n. 12.318/2010 identifica, com exemplos, as
condutas de Alienação Parental, em seu artigo 2º.
4 Oficina de Filhos
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ALIENAÇÃO PARENTAL
UMA VIOLÊNCIA CONTRA O PRÓPRIO FILHO
COMO OCORRE?
A Lei n. 12.318/2010 identifica, com exemplos, as
condutas de Alienação Parental, em seu artigo 2º.
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4 Oficina de Filhos
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ALIENAÇÃO PARENTAL
UMA VIOLÊNCIA CONTRA O PRÓPRIO FILHO
COMO OCORRE?
A Lei n. 12.318/2010 identifica, com exemplos, as
condutas de Alienação Parental, em seu artigo 2º.
4 Oficina de Filhos
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ALIENAÇÃO PARENTAL
UMA VIOLÊNCIA CONTRA O PRÓPRIO FILHO
COMO OCORRE?
A Lei n. 12.318/2010 identifica, com exemplos, as
condutas de Alienação Parental, em seu artigo 2º.
4 Oficina de Filhos
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ALIENAÇÃO PARENTAL
UMA VIOLÊNCIA CONTRA O PRÓPRIO FILHO
COMO OCORRE?
A Lei n. 12.318/2010 identifica, com exemplos, as
condutas de Alienação Parental, em seu artigo 2º.
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ALIENAÇÃO PARENTAL
UMA VIOLÊNCIA CONTRA O PRÓPRIO FILHO
COMO OCORRE?
A Lei n. 12.318/2010 identifica, com exemplos, as
condutas de Alienação Parental, em seu artigo 2º.
4 Oficina de Filhos
O QUE FAZER PARA AJUDAR SEU FILHO
ALIENAÇÃO PARENTAL
UMA VIOLÊNCIA CONTRA O PRÓPRIO FILHO
COMO OCORRE?
A Lei n. 12.318/2010 identifica, com exemplos, as
condutas de Alienação Parental, em seu artigo 2º.
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ALIENAÇÃO PARENTAL
UMA VIOLÊNCIA CONTRA O PRÓPRIO FILHO
COMO OCORRE?
A Lei n. 12.318/2010 identifica, com exemplos, as
condutas de Alienação Parental, em seu artigo 2º.
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4 Oficina de Filhos
O QUE FAZER PARA AJUDAR SEU FILHO
ALIENAÇÃO PARENTAL
UMA VIOLÊNCIA CONTRA O PRÓPRIO FILHO
Nesse eslaide, nós procuramos mostrar aos pais as consequências nocivas da aliena‑
ção parental para os filhos, que acabam somatizando doenças ou apresentando um
comportamento antissocial.
Esses conflitos podem aparecer na criança sob a forma de ansiedade, medo, inse‑
gurança, isolamento, tristeza, depressão, hostilidade, desorganização mental, difi‑
culdade escolar, baixa tolerância à frustração, irritabilidade, enurese (descontrole
urinário), transtorno de identidade ou de imagem, sentimento de desespero, culpa,
dupla personalidade, inclinação ao álcool e às drogas; em casos mais extremos, a
ideias ou comportamentos suicidas.
A Síndrome, uma vez instalada, faz que o menor, quando adulto, tenha grave com‑
plexo de culpa por ter sido cúmplice de grande injustiça contra o genitor alienado.
Por outro lado, o genitor alienador passa a ter papel de principal e único modelo
para a criança, que no futuro tenderá a repetir o mesmo comportamento.
93
reza sexual ou física. Afeta também o genitor alienado, além dos demais familiares
e amigos, privando a criança do necessário e salutar convívio com todo um núcleo
afetivo do qual faz parte e ao qual deveria permanecer integrada.
4 Oficina de Filhos
O QUE FAZER PARA AJUDAR SEU FILHO
ALIENAÇÃO PARENTAL
UMA VIOLÊNCIA CONTRA O PRÓPRIO FILHO
4 Oficina de Filhos
O QUE FAZER PARA AJUDAR SEU FILHO
Tem sido muito comum nos processos envolvendo conflitos familiares a acusação da
prática de ato de alienação parental pelo outro sem uma prévia reflexão ou análise
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do que poderia ter motivado a manifestação de repúdio da criança ou adolescente
contra genitor.
Como ensina Maria Berenice Dias, “Não se considera que qualquer manifestação de
repúdio da criança ou adolescente contra genitor, sem exame da dinâmica que lhe
dá origem, denuncie a presença de alienação parental”.
Assim, “É possível haver alguma contribuição, ainda que inconsciente e sutil, de cada
um dos envolvidos (genitores e filhos) para o aprofundamento do processo de aliena‑
ção parental. A abordagem que enfatiza a posição de vítima do genitor alvo (bem como
da própria criança ou adolescente) parece pouco contribuir para o rompimento da
dinâmica familiar que leva ao abuso emocional. Pode, ademais, reforçar o inadequado
posicionamento da criança como objeto ou instrumento. Nuances psíquicas e compor‑
tamentais do genitor alvo (por exemplo, passividade, fraquezas, explosões, pequenas
deficiências no exercício da paternidade ou maternidade, etc.) podem interferir no
processo de alienação parental. A identificação de alguma responsabilidade do genitor
alvo, na dinâmica que influi processo de alienação parental, também pode viabilizar
mudança de sua posição subjetiva (por exemplo, deixar de se ver como mera vítima),
com possível indução de dinâmica familiar mais saudável”. (ELIZIO LUIZ PEREZ)
Destarte, mesmo o “genitor que aparentemente só sofre alienação deve ser pensado
como ser ativo na dinâmica na qual está inserido, buscando‑se observar porque a
26 É necessário ter em mente que a família é um sistema em interação, em que cada um de seus membros tem responsabilidades e funções a
desempenhar, criando assim um jogo de interdependência e inter-relação. As partes unidas de um sistema estão em relação circular, num
circuito de retroalimentação: cada pessoa afeta e é afetada pelo comportamento de outra pessoa e do contexto em que está inserido.
95
situação de alienação está sendo possível, qual a sua atuação nesse sentido, qual a
sua corresponsabilidade nesse processo”. (BARBOSA; JURAS)
4 Oficina de Filhos
O QUE FAZER PARA AJUDAR SEU FILHO
De fato, o filho pode ter mais afinidade com um genitor do que com o outro por
vários motivos, como explicado no eslaide:
• por admirar aquele que vê como sendo o mais forte;
• para proteger aquele que vê como sendo o mais fraco;
• por se identificar com o sexo daquele genitor;
• pelas semelhanças existentes entre eles.
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4 Oficina de Filhos
O QUE FAZER PARA AJUDAR SEU FILHO
Esse eslaide revela que também é possível o filho manifestar sua preferência pela
companhia de um dos genitores diante da aliança com ele estabelecida. Geralmen‑
te, o filho estabelece aliança com aquele que após a separação assumiu os cuidados
diários até por uma questão de lealdade. Mas isso não significa que não ame o outro
genitor ou que o genitor preferido esteja praticando ato de alienação parental.
4 Oficina de Filhos
O QUE FAZER PARA AJUDAR SEU FILHO
Esse eslaide já revela outra dinâmica familiar possível nessa fase de reorganização
familiar: o filho rejeita um dos pais e se nega a ter contato com ele. Mas, atenção,
mesmo nesse caso mais extremo de rejeição, pode não ter havido ato de alienação
parental.
Com efeito, é possível que a rejeição não decorra da prática de alienação parental,
mas de alguma atitude do próprio genitor rejeitado, como, por exemplo, ter agredi‑
do fisicamente o filho durante o relacionamento ou ter sido constantemente omisso
na vida dele.
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4 Oficina de Filhos
O QUE FAZER PARA AJUDAR SEU FILHO
4 Oficina de Filhos
O QUE FAZER PARA AJUDAR SEU FILHO
Esse eslaide remete a uma cena da Novela Salve Jorge, de Glória Perez, da TV Rede
Globo, na qual o pai alienador Celso perde a guarda da filha Raíssa por conta dos
atos de alienação parental por ele praticados.
É importante enfatizar aos pais que aquele que pratica ato de alienação parental,
assim como Celso, pode até mesmo perder a guarda do filho, nos termos da Lei da
Alienação Parental (Lei n. 12.318/2010).
98
Para que você, instrutor, tenha uma noção mais completa a respeito das consequ‑
ências previstas pela referida Lei àquele que pratica ato de alienação parental ou
qualquer conduta que dificulte a convivência de criança ou adolescente com pai ou
mãe, transcrevemos os artigos 6º e 7º da Lei da Alienação Parental:
Art. 6º Caracterizados atos típicos de alienação parental ou qualquer conduta
que dificulte a convivência de criança ou adolescente com genitor, em ação
autônoma ou incidental, o juiz poderá, cumulativamente ou não, sem pre‑
juízo da decorrente responsabilidade civil ou criminal e da ampla utilização
de instrumentos processuais aptos a inibir ou atenuar seus efeitos, segundo
a gravidade do caso:
Embora esses artigos não precisem ser lidos aos participantes da Oficina, é importan‑
te que você, instrutor, saiba o seu teor, caso surja algum questionamento a respeito
das consequências legais da prática de ato de alienação parental.
Para a Oficina, basta dizer que a Lei prevê que o Juiz poderá até mesmo inverter a
guarda da criança ou do adolescente no caso de ato de alienação parental, assim
como ocorreu com os personagens da Novela Salve Jorge:
“Pais e mães devem tomar muito cuidado para não cometerem ato de alienação
parental, pois além deste ato poder causar consequências psicológicas danosas
para os filhos, como vimos anteriormente, também poderá causar a perda da
guarda deles, assim como ocorreu na Novela.”
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4 Oficina de Filhos
O QUE FAZER PARA AJUDAR SEU FILHO
EXERCÍCIO
4 Oficina de Filhos
O QUE FAZER PARA AJUDAR SEU FILHO
EXERCÍCIO
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EXERCÍCIO
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O QUE FAZER PARA AJUDAR SEU FILHO
EXERCÍCIO
Em seguida, os pais recebem a folha do exercício “Você é uma mãe ou um pai alie‑
nador?”, para que pratiquem na Oficina ou em casa, dependendo da disponibilidade
de tempo, e percebam se estão praticando algum ato que possa configurar alienação
parental. Trata‑se, mais uma vez, de uma autoavaliação, cujas respostas não são
transmitidas ao grupo nem ao instrutor. A finalidade é tão somente conscientizar os
pais a respeito de suas próprias condutas em relação aos filhos.
4 Oficina de Filhos
O QUE FAZER PARA AJUDAR SEU FILHO
EXERCÍCIO
Se a resposta for positiva, ou seja, se determinada conduta passou a ser praticada ape‑
nas após o divórcio (por exemplo, se o fato de o filho estar resfriado não impedia, du‑
rante o casamento, que o pai passeasse com ele, mas, agora, após o divórcio, impede),
101
pode tratar‑se de um indicativo da alienação parental e deve servir de alerta para o
genitor que estiver praticando aquela conduta.
Oficina de Filhos
5
ESCOLHAS
5 Oficina de Filhos
ESCOLHAS
Como os slides já são bastante autoexplicativos, basta ler o seu teor para os partici‑
pantes da Oficina.
102
5 Oficina de Filhos
ESCOLHAS
5 Oficina de Filhos
ESCOLHAS
5 Oficina de Filhos
ESCOLHAS
103
Esse vídeo é muito interessante, pois deixa bem claro que, independentemente do
tipo de guarda escolhido, pai e mãe continuam detendo o poder familiar em relação
aos filhos e, portanto, devem continuar participando ativamente da vida deles.
Esse vídeo também explica muito bem a diferença entre guarda compartilhada e
guarda alternada, o que é muito importante para esclarecer as dúvidas dos pais sobre
essa questão, já que muitos ainda confundem esses tipos de guarda.
5 Oficina de Filhos
ESCOLHAS
Todas as dúvidas que abordaremos nos próximos eslaides foram levantadas por pais
e mães durante as audiências realizadas em Varas Especializadas de Família e, por
isso, foram inseridas no programa, pois refletem as dúvidas que geralmente os parti‑
cipantes da Oficina também têm sobre o tema.
5 Oficina de Filhos
ESCOLHAS
104
5 Oficina de Filhos
ESCOLHAS
Seu filho poderá ser mais feliz e ter maior autoestima, por
perceber que ambos os pais se responsabilizam por ele.
5 Oficina de Filhos
ESCOLHAS
5 Oficina de Filhos
ESCOLHAS
105
5 Oficina de Filhos
ESCOLHAS
Não, necessariamente.
Nesse slide, é importante ressaltar que o que define a guarda compartilhada não é
o compartilhamento da residência do filho, mas, sim, dos cuidados diários com ele.
Quanto à residência do filho, dependendo do caso, pode ser compartilhada entre
os genitores, mas, também, pode ser estabelecida junto a um deles, apenas. Aliás,
muitos psicólogos recomendam que a residência do filho seja estabelecida junto a
um dos genitores, para que ele tenha um senso de estabilidade e segurança, tão im‑
portante na fase de desenvolvimento em que se encontra. Mas cada caso é um caso,
cada família é especial e única, e, portanto, a questão da residência deverá ser defi‑
nida de forma a atender o melhor interesse do filho. Como ensina a Juíza Jaqueline
Cherulli, o equilíbrio não deve ser matemático, mas afetivo.27
5 Oficina de Filhos
ESCOLHAS
Lembre-se, sempre:
independentemente do tipo de
guarda escolhido, pai e mãe sempre
serão pai e mãe e sempre serão
importantes na vida do seu filho!
27 Cherulli, Jaqueline. Cartilha Guarda Compartilhada. 2. ed. Poder Judiciário do Estado de Mato Grosso, p. 4.
106
O próximo slide remete ao vídeo especialmente elaborado para a Oficina de Pais e
Filhos, pela Produtora 4.2, com o depoimento da Desembargadora aposentada do
Rio Grande do Sul, Dra. Maria Berenice Dias, um grande nome no Direito de Família
Brasileiro.
Esse depoimento aborda as decisões que devem ser tomadas pelos pais quando eles
rompem o relacionamento e têm filhos menores: guarda, alimentos, direito de con‑
vivência, meios de solução de conflitos...
“Quando você se divorcia e tem filhos menores, você e seu ex precisam tomar
algumas decisões importantes: quem permanecerá com a guarda dos filhos?
Como será o convívio dos filhos com os genitores? Como as despesas dos fi‑
lhosserão custeadas? Vamos ouvir a Dra. Maria Berenice Dias, Desembargadora
aposentada do Tribunal de Justiça do Rio Grande do Sul, para ver o que ela nos
ensina sobre isso.”
Oficina de Filhos
6
O QUE FAZER SE O
CONFLITO CONTINUAR
Esse e os próximos eslaides visam a mostrar aos pais os diversos caminhos para a so‑
lução de seus conflitos, caso eles não consigam resolvê‑los sem o auxílio de terceiros,
bem como os respectivos pontos positivos e negativos.
107
6 Oficina de Filhos
O QUE FAZER SE O CONFLITO CONTINUAR
6 Oficina de Filhos
O QUE FAZER SE O CONFLITO CONTINUAR
6 Oficina de Filhos
O QUE FAZER SE O CONFLITO CONTINUAR
108
6 Oficina de Filhos
O QUE FAZER SE O CONFLITO CONTINUAR
Com esses eslaides, procuramos mostrar aos pais visão realista do processo litigioso,
com todas as suas implicações, e conscientizá‑los de que, ao enfrentarem um con‑
flito, eles devem fazê‑lo de forma responsável e construtiva, pensando, sempre, nos
interesses dos filhos, e não simplesmente pretendendo restaurar ou reparar um erro
do passado. Quando o conflito é abordado de maneira destrutiva, visando vingança,
e não à satisfação de necessidades e interesses de todos os membros da família, quem
mais perde são os filhos.
109
6 Oficina de Filhos
O QUE FAZER SE O CONFLITO CONTINUAR
6 Oficina de Filhos
O QUE FAZER SE O CONFLITO CONTINUAR
6 Oficina de Filhos
O QUE FAZER SE O CONFLITO CONTINUAR
110
6 Oficina de Filhos
O QUE FAZER SE O CONFLITO CONTINUAR
6 Oficina de Filhos
O QUE FAZER SE O CONFLITO CONTINUAR
111
para que eles também tenham a opção de resolver seus conflitos pacifica‑
mente pelos meios consensuais de solução de conflitos.
• Naturalmente, exige‑se elevado esforço para se colocar em prática algu‑
mas das ideias transmitidas nesta Oficina, já que isso implica lidar com
sentimentos fortes decorrentes do término de qualquer relacionamento
amoroso, mas os filhos merecem todo esse esforço.
• Embora os pais que participam da Oficina estejam já envolvidos, prova‑
velmente, em um processo judicial, salvo na hipótese de terem sido en‑
caminhados pelo Centro Judiciário de Solução de Conflitos e Cidadania
(Cejusc), na fase pré‑processual, ou seja, antes mesmo da instauração de
um litígio, eles sempre têm a opção de resolverem os seus conflitos amiga‑
velmente, seja pela conciliação, seja pela mediação.
• O procedimento é liderado por um mediador ou conciliador, que foi es‑
pecialmente treinado para agir como um facilitador para facilitar a co‑
municação das partes e, assim, viabilizar que elas próprias resolvam seus
conflitos e encontrem a melhor solução. Ele não é como o juiz e não tem
poder de decisão.
• Os pais poderão conversar com o conciliador ou o mediador antes de mo‑
verem a ação de divórcio, por meio do Cejusc de sua cidade, e, nessa hi‑
pótese, se eles fizerem um acordo, nem precisarão mover uma ação de
divórcio na Justiça, sendo o divórcio decretado pelo juiz coordenador do
referido Centro.
• Mas ainda que eles movam a ação de divórcio, porque inicialmente não
conseguiram fazer o acordo no Cejusc, ou sequer tentaram, o juiz poderá
encaminhar o processo ao Cejusc para que eles conversem com o conci‑
liador ou o mediador e, nesse caso, se eles conseguirem fazer um acordo, o
juiz do processo decretará o divórcio, com base naquele acordo, que valerá
entre eles. Se, entretanto, não conseguirem fazer o acordo, o juiz decidirá
por eles.
• Na mediação e na conciliação, os pais terão mais autonomia para decidir
as grandes questões do divórcio deles. Eles terão a chance de conversar
pessoalmente e escolher os caminhos que vão seguir, sem que alguém de‑
cida por eles. A rivalidade diminui bastante, e os pais percebem que estão
lutando juntos pela melhora do relacionamento da família.
• A mediação tem inúmeras vantagens:
»» A mediação possibilita às partes serem protagonistas da solução de seus
problemas.
112
»» A mediação concede oportunidade para as partes falarem sobre seus sen‑
timentos em um ambiente neutro e, com isso, compreenderem o ponto
de vista da outra parte e terem o seu ponto de vista também por aquela
compreendido.
»» O conteúdo das sessões de mediação familiar é confidencial, não poden‑
do ser objeto de prova em juízo.
»» A mediação facilita a comunicação entre as partes, estabelecendo‑a onde
ela era inexistente ou restabelecendo a comunicação onde ela se encon‑
trava perturbada.
»» A mediação ajuda a gerir os conflitos de forma que todos os interesses,
desejos e necessidades das partes sejam ponderados.
»» A mediação busca soluções criativas, adaptadas à situação específica de
cada família.
»» A mediação favorece uma parentalidade responsável e cooperativa.
»» A mediação reduz a manutenção do conflito, regulando‑o de forma edu‑
cada e pacífica.
Oficina de Filhos
7
OS PEDIDOS DOS FILHOS
DE PAIS SEPARADOS
Os próximos eslaides remetem aos “Pedidos dos Filhos de Pais Separados”, fruto de
um trabalho desenvolvido pelo Tribunal de Cochem, na Alemanha, que tem se des‑
tacado pela forma sensível como trata os conflitos familiares. Tais pedidos refletem
quais as condutas que os pais devem praticar para ajudar os filhos a superarem essa
fase de reorganização familiar, sem maiores traumas.
Sugerimos a leitura de todos os pedidos, de forma pausada, para que sejam eles
compreendidos pelos pais. Dependendo da disponibilidade de tempo, leia apenas
113
aqueles que você achar mais importantes e impactantes para o grupo. Outra opção
é permitir que cada participante, querendo, leia um pedido.
7 Oficina de Filhos
OS PEDIDOS DOS FILHOS DE PAIS SEPARADOS
Mãe e Pai !
7 Oficina de Filhos
OS PEDIDOS DOS FILHOS DE PAIS SEPARADOS
114
7 Oficina de Filhos
OS PEDIDOS DOS FILHOS DE PAIS SEPARADOS
7 Oficina de Filhos
OS PEDIDOS DOS FILHOS DE PAIS SEPARADOS
Ajudem-me a manter o contato com aquele entre vocês com quem não fico
sempre. Marque o seu número de telefone para mim, ou escreva-me o seu
endereço em um envelope. Ajudem-me, no Natal, ou no seu aniversário,
para poder preparar um presente para o outro. Das minhas fotos,
façam sempre uma cópia para o outro.
7 Oficina de Filhos
OS PEDIDOS DOS FILHOS DE PAIS SEPARADOS
115
7 Oficina de Filhos
OS PEDIDOS DOS FILHOS DE PAIS SEPARADOS
Não fiquem tristes quando eu for com o outro. Aquele que eu deixo não
precisa pensar que não vou mais amá-lo daqui alguns dias. Eu preferia
sempre ficar com vocês dois, mas não posso dividir-me em dois pedaços,
só porque a nossa família se rasgou.
7 Oficina de Filhos
OS PEDIDOS DOS FILHOS DE PAIS SEPARADOS
7 Oficina de Filhos
OS PEDIDOS DOS FILHOS DE PAIS SEPARADOS
116
7 Oficina de Filhos
OS PEDIDOS DOS FILHOS DE PAIS SEPARADOS
7 Oficina de Filhos
OS PEDIDOS DOS FILHOS DE PAIS SEPARADOS
7 Oficina de Filhos
OS PEDIDOS DOS FILHOS DE PAIS SEPARADOS
Não briguem na minha frente. Sejam ao menos tão educados quanto vocês
seriam com outras pessoas ou tanto quanto exigem de mim.
117
7 Oficina de Filhos
OS PEDIDOS DOS FILHOS DE PAIS SEPARADOS
Não me contem coisas que ainda não posso entender. Conversem sobre isso
com outros adultos, mas não comigo.
7 Oficina de Filhos
OS PEDIDOS DOS FILHOS DE PAIS SEPARADOS
Deixem-me levar os meus amigos na casa de cada um. Eu desejo que eles
possam conhecer a minha mãe e o meu pai, e achá-los simpáticos.
7 Oficina de Filhos
OS PEDIDOS DOS FILHOS DE PAIS SEPARADOS
118
7 Oficina de Filhos
OS PEDIDOS DOS FILHOS DE PAIS SEPARADOS
7 Oficina de Filhos
OS PEDIDOS DOS FILHOS DE PAIS SEPARADOS
7 Oficina de Filhos
OS PEDIDOS DOS FILHOS DE PAIS SEPARADOS
Não sejam sempre “ativos” comigo. Não tem de ser sempre alguma coisa
de louco ou de novo quando vocês fazem alguma coisa comigo.
Para mim, o melhor é quando somos simplesmente felizes para
brincar e que tenhamos um pouco de calma.
119
7 Oficina de Filhos
OS PEDIDOS DOS FILHOS DE PAIS SEPARADOS
Tentem deixar o máximo de coisas idênticas na minha vida, como estava antes
da separação. Comecem com o meu quarto, depois com as pequenas coisas
que eu fiz sozinho com meu pai ou com minha mãe.
7 Oficina de Filhos
OS PEDIDOS DOS FILHOS DE PAIS SEPARADOS
Sejam amáveis com os meus outros avós, mesmo que, na sua separação, eles
ficaram mais do lado do próprio filho. Vocês também ficariam do meu lado se
eu estivesse com problemas! Não quero perder ainda os meus avós.
7 Oficina de Filhos
OS PEDIDOS DOS FILHOS DE PAIS SEPARADOS
120
7 Oficina de Filhos
OS PEDIDOS DOS FILHOS DE PAIS SEPARADOS
Oficina de Filhos
8
SEJA A MUDANÇA QUE
VOCÊ DESEJA PARA O MUNDO
8 Oficina de Filhos
SEJA A MUDANÇA QUE VOCÊ DESEJA PARA O MUNDO
121
Esse eslaide apresenta um vídeo muito interessante, elaborado com base na famosa
frase de Mahatma Gandhi, um grande líder e pacifista indiano, “Seja a mudança que
você deseja para o mundo”.
Oficina de Filhos
9
FICHA DE AVALIAÇÃO
Nesse momento, entregue aos pais a ficha de avaliação da Oficina, explicando que
eles têm a opção de preenchê‑la ou não, de se identificarem ou não, e que é muito
importante que eles a preencham para que possamos obter o feedback do trabalho
realizado e aperfeiçoar a Oficina cada vez mais.
122
No final do lanche, agradeça a presença de todos e deseje‑lhes boa sorte nesta nova
fase de suas vidas, lembrando que eles podem fazer a diferença na vida de seus filhos.
Oficina de Filhos
AGRADECIMENTOS
Este último eslaide representa nossos agradecimentos a todos aqueles que viabiliza‑
ram o desenvolvimento da Oficina, que é fruto da união de várias pessoas interessa‑
das em promover a paz social.
Muito obrigado a você também, querido/a instrutor/a, pela sua valorosa ajuda.
123
OFICINA DOS FILHOS ADOLESCENTES
Os adolescentes chegam e são acomodados na sala que já deve estar preparada com
o material que será utilizado.
Oficina de Filhos
1
INTEGRAÇÃO DO GRUPO:
APRESENTAÇÃO
Oficina de Filhos
2
O DIVÓRCIO DE MEUS PAIS
124
2 Oficina de Filhos
O DIVÓRCIO DE MEUS PAIS
2 Oficina de Filhos
O DIVÓRCIO DE MEUS PAIS
Explique aos adolescentes que o divórcio ocorre por várias razões, que podem ser
desentendimentos, brigas constantes, motivos financeiros, incompatibilidade de gê‑
nios, falta de amor etc. O importante é frisar que, independentemente dos motivos
que ensejaram o divórcio dos pais, o divórcio não foi culpa do adolescente. E enten‑
der isso é o primeiro passo para que o adolescente possa superar essa fase delicada
de reestruturação familiar.
125
2 Oficina de Filhos
O DIVÓRCIO DE MEUS PAIS
2 Oficina de Filhos
O DIVÓRCIO DE MEUS PAIS
Em complemento aos eslaides anteriores, esses dois eslaides visam a deixar claro
para o adolescente que ele não é culpado pelo divórcio dos pais.
126
• Os pais têm suas próprias razões para o divórcio e ficar procurando culpa‑
dos não mudará nada.
• Assim como o divórcio não é culpa do adolescente, a reconciliação tam‑
bém não é sua responsabilidade.
Ademais, as pesquisas revelam que, às vezes, alguns adolescentes até criam situações
desagradáveis na esperança de que os pais se reconciliem. Por exemplo, o adolescen‑
te pode ficar doente ou até mesmo fugir de casa, na esperança de que isso fará que
seus pais voltem a ficar juntos.
Daí a importância de enfatizar bem para o adolescente que participa da Oficina que
ele não foi o responsável pelo divórcio e que ele também não será o responsável pela
reconciliação.
O adolescente que acha que é responsável pela reconciliação dos pais e nutre a falsa
esperança de que seus pais se reconciliarão terá muita dificuldade para superar os
estágios de luto e demorará muito para se adaptar ao divórcio dos pais.
2 Oficina de Filhos
O DIVÓRCIO DE MEUS PAIS
Mais uma vez, queremos deixar claro para o adolescente que a culpa do divórcio não
é dele, ainda que ele possa ter essa equivocada percepção diante do fato de os pais se
aborrecerem com ele mais facilmente que antes.
127
É importante ressaltar ao adolescente que:
• É muito comum que os pais estejam menos pacientes que o normal, pois
eles também estão passando por um momento muito difícil em suas vidas.
Por causa disso, podem ficar irritados por coisas que não os irritavam antes.
• O adolescente deve entender que seus pais também são humanos e que
este é um momento passageiro, o qual será ultrapassado de forma mais
leve se ele puder ajudar.
Oficina de Filhos
3
MUDANÇAS VIVIDAS
128
3 Oficina de Filhos
MUDANÇAS VIVIDAS
Nessa parte da Oficina, procura‑se focar no que não mudará justamente para que o
adolescente sinta um pouco da segurança que lhe é tão importante.
3 Oficina de Filhos
MUDANÇAS VIVIDAS
Com esse eslaide, procura‑se enfatizar ao adolescente o que não mudará na vida dele.
Leia, pois, cada um desses itens e os complemente, conforme sugestão que segue:
• Os seus pais são e sempre serão os seus pais: eles podem não se amar mais,
mas eles sempre amarão você. Existe ex‑marido, existe ex‑esposa, mas não
existe ex‑ pai nem ex‑mãe.
• Você pode amar igualmente os dois: não é preciso que você escolha um
lado ou que se sinta obrigado a amar apenas o pai ou a mãe, qualquer que
tenha sido o motivo do divórcio. A relação que os pais têm entre si não
afeta o amor que eles sentem pelos filhos.
129
• Você continua sendo a pessoa especial que sempre foi: por mais confuso,
triste ou deslocado que você possa estar agora, isso é passageiro – e normal.
• Seus pais continuam sendo as pessoas que sempre foram: assim como você,
seus pais estão se adaptando a essa nova vida e precisam de tempo para tanto.
3 Oficina de Filhos
MUDANÇAS VIVIDAS
Nesse eslaide, nós procuramos mostrar ao adolescente que a família dele não acabou
com o divórcio, apenas mudou, até porque existem vários tipos de família, e não
apenas a família tradicional ou nuclear.
130
3 Oficina de Filhos
MUDANÇAS VIVIDAS
FAMÍLIA NUCLEAR
3 Oficina de Filhos
MUDANÇAS VIVIDAS
FAMÍLIA MONOPARENTAL
3 Oficina de Filhos
MUDANÇAS VIVIDAS
FAMÍLIA RECOMPOSTA
131
Há a família recomposta, formada pelo pai ou pela mãe que se separou, se casou
novamente e teve outro filho, fruto dessa nova união.
3 Oficina de Filhos
MUDANÇAS VIVIDAS
FAMÍLIA AMPLIADA
Há a família ampliada, formada por outros membros da família além do pai, da mãe
e do filho, como avós, tios, sobrinhos, etc.
3 Oficina de Filhos
MUDANÇAS VIVIDAS
FAMÍLIA BINUCLEAR
Há a família binuclear, formada pelos dois núcleos que se formaram após o divórcio,
o núcleo do pai e o núcleo da mãe.
132
3 Oficina de Filhos
MUDANÇAS VIVIDAS
FAMÍLIA HOMOAFETIVA
3 Oficina de Filhos
MUDANÇAS VIVIDAS
FAMÍLIA CANGURU
133
3 Oficina de Filhos
MUDANÇAS VIVIDAS
FAMÍLIA UNIPESSOAL
Há, também, a família unipessoal, formada por uma só pessoa, que vive sozinha, e
que já é considerada pelo IBGE como família.
Portanto, a sua família não acabou diante do divórcio, apenas mudou a forma.
Oficina de Filhos
4
AS EMOÇÕES QUE SINTO
134
4 Oficina de Filhos
AS EMOÇÕES QUE SINTO
Aqui, abre‑se espaço para que cada adolescente diga como se sentiu quando soube
do divórcio dos pais e como se sente agora.
Choque
O choque é uma reação normal a uma experiência traumática. Ele pode deixar você
distraído, desanimado ou com vontade de chorar todo o tempo. Ele vai passar.
Confusão
Você pode sentir‑se confuso se não tiver informação suficiente sobre o que está
acontecendo na sua família e o porquê. Se você sentir‑se confuso, em vez de tomar
conclusões precipitadas e encontrar culpados, faça perguntas aos seus pais.
135
Culpa
Muitos adolescentes se sentem responsáveis pelo divórcio dos pais. Mas os pais se
divorciam por causa de problemas no relacionamento deles, e não por causa dos
filhos. NÃO É SUA CULPA!
Raiva
Quando o choque começa a passar, você pode sentir muita raiva, especialmente
dos seus pais – por causar tudo isso, por não se esforçar o suficiente para prevenir o
divórcio, por fazer que você tenha de enfrentar tantas mudanças na sua vida, por
deixar você na mão.
Às vezes, você também acaba agindo com raiva com pessoas que não têm nada a
ver com o divórcio de seus pais, como seus amigos, sua professora, seu cachorro. Por
pequenas coisas, você se irrita, sente vontade de gritar, de bater na parede e acha
que o mundo está contra você. Na verdade, você só está zangado. Muito zangado.
A raiva somente se torna prejudicial quando você a expressa de um jeito que possa
ferir você mesmo ou os outros, ou quando você não a expressa de forma alguma. E
você pode escolher como lidar com a sua raiva.
Infelizmente, há pessoas que lidam mal com a raiva, porque elas não foram ensi‑
nadas a lidar com ela. Algumas pessoas lidam com a raiva sem expressá‑la ou então
a expressam intensamente. O problema em não expressar a raiva é que ela pode
aparecer de formas inesperadas. Além disso, como as pessoas não adivinham o que
você quer ou precisa, se você não se expressar, as suas necessidades podem não ser
satisfeitas, o que pode deixá‑lo ainda com mais raiva.
A pior forma de lidar com a raiva é com a violência física ou verbal. Isso pode incluir
gritos, palavrões, provocações, brigas etc. Violência nunca é uma opção. A melhor
forma de lidar com a raiva é saber o que você quer e precisa e saber como você pode
conseguir isso – sem desrespeitar as necessidades e vontades das outras pessoas.
Ansiedade
136
O divórcio dos seus pais pode deixá‑lo ansioso por vários motivos:
• Você pode ficar preocupado com tantas indefinições – o que vai acontecer,
onde você vai morar, como você vai se sair com todas as mudanças, etc.
• Você pode sentir que deve tomar partido, ou escolher entre o seu pai ou
a sua mãe.
• Você pode ficar preocupado com os seus relacionamentos no futuro,
achando que como o relacionamento de seus pais não deu certo os seus
também não darão. Mas isso não ocorrerá necessariamente. O que aconte‑
ce nos seus próprios relacionamentos depende de você, não de seus pais.
Alívio
O mais importante é saber que é normal ter qualquer tipo de sentimento nesta fase
de sua vida e que os sentimentos não são bons ou maus, mas apenas sentimentos.
Tristeza
Você pode se sentir triste por estar enfrentando a perda de várias coisas: a sua vida
antiga, o seu contato diário com sua mãe e com seu pai, os almoços em família...
Tristeza é natural. Mas há algumas coisas que você pode fazer para se sentir melhor,
como você verá mais adiante.
E você pode ou não chorar. Se você não tiver vontade de chorar, não force o choro. Mas
se você tiver vontade de chorar, chore. Isso ajuda a liberar os sentimentos ruins do corpo.
Se a tristeza estiver durando muito tempo, ou impedindo que você faça as coisas que
você normalmente faz, procure ajuda.
Vergonha
137
Alguns adolescentes se preocupam com o que as outras pessoas vão pensar. Mas o
divórcio é muito comum atualmente: no Brasil, um quarto dos casamentos termina
em divórcio; nos Estados Unidos da América, metade dos casamentos termina em
divórcio. Isso significa que muitas pessoas já passaram por isso e outras ainda vão
passar. E da mesma forma que muitos outros adolescentes superaram essa fase difícil
de transição, você também superará.
Saudade
Você poderá sentir saudade do tempo em que vivia com seu pai e com sua mãe no
mesmo local. Você também poderá sentir saudade da sua mãe quando estiver com
seu pai, e do seu pai quando estiver com sua mãe. Essas idas e vindas podem deixá‑lo
triste, confuso e estressado.
Você pode se sentir dividido e confuso, porque está feliz de rever seu pai, mas tam‑
bém está triste por deixar a sua mãe. E quando você está começando a se acostumar
com um local, é hora de ir embora para o outro. Tenha paciência. Leva tempo para
se ajustar a essas transições.
Se você não consegue ver um de seus pais com tanta frequência, é normal que se
sinta triste e se preocupe com ele. Pensar em alguém que você ama e sentir saudade
desta pessoa é normal. Você não precisa esconder esses sentimentos.
E você pode permanecer em contato com o pai com quem você não está morando
de várias formas. Talvez você possa ligar para ele, ou escrever cartas, ou mandar um
e‑mail. Há várias formas de se sentir próximo à pessoa que você ama e que não está
ao seu lado.
Esperança
Alguns adolescentes realmente acreditam que seus pais vão voltar a viver juntos. E
eles se esforçam para fazer com que essa reconciliação aconteça. Mas seus pais não
resolveram se divorciar de um dia para o outro. É provável que eles tenham chegado
a esse ponto depois de muito tentar salvar o relacionamento deles, e a decisão de se
divorciar é final. É difícil, mas é provavelmente melhor para você começar a aceitar
a situação como ela é, para que possa se acostumar às mudanças e seguir na sua vida.
138
4 Oficina de Filhos
AS EMOÇÕES QUE SINTO
Sentindo-se melhor:
» Converse sobre seus sentimentos.
» Escreva sobre seus sentimentos.
» É normal chorar.
» Faça exercícios físicos.
» Faça algo criativo.
» Escute suas músicas favoritas.
» Pense positivo.
Por meio desse eslaide, pretendemos mostrar ao adolescente que há muitas coisas
que ele pode fazer para se sentir melhor.
Uma das melhores coisas que você pode fazer por você é conversar sobre seus senti‑
mentos. Conversar sobre os sentimentos alivia a tensão, ajuda a se sentir melhor e a
enxergar as coisas sob perspectiva diferente.
139
• Seu professor favorito, aquele professor com quem você se sente confor‑
tável: às vezes, conversar com alguém que não conhece sua família muito
bem – como um professor da escola – pode ser muito útil, porque ele pode
ser objetivo.
• Algum outro adulto que você conheça e em quem confie, como o pai de
um amigo próximo.
• Um psicólogo ou um conselheiro: pode ser aquele que trabalha na sua
escola. O psicólogo estuda para ajudar as pessoas com problemas emo‑
cionais, e conversar com ele nessa fase difícil da vida pode ser muito útil.
Algumas pessoas acham que mostrar os seus sentimentos não é legal. Isso não é
verdade. Os sentimentos fazem parte de nós e nos ajudam a expressar o que está no
nosso coração. E faz parte do nosso crescimento aceitar os nossos sentimentos. Não
tenha medo de expressá‑los.
Tente escrever sobre os seus sentimentos em um papel ou diário. Você pode escre‑
ver o quanto você quiser, o que você quiser e como você quiser, sem compromisso
em manter uma ordem lógica, parágrafos bem estruturados, caligrafia linda e uma
pontuação e gramática perfeitas. Apenas libere seus sentimentos. Depois de algum
tempo, você verá o progresso que está fazendo enquanto você se acostuma com as
mudanças na sua vida.
É normal chorar
Chorar pode fazer você sentir‑se melhor, porque libera os sentimentos, em vez de
mantê‑los dentro de você. Você pode chorar sozinho ou acompanhado. Você pode
chorar na frente de seu pai, de sua mãe ou de alguém mais que você ame. Você pode
chorar se você for menina ou menino. Você pode chorar independentemente de sua
idade.
Mas se você não tiver vontade de chorar, não force o choro. Isso também é normal.
Exercícios físicos
140
Faça algo criativo
• Escreva uma história, ou um poema sobre uma criança cujos pais estão se
divorciando. Invente uma história com um final feliz, em que a criança
aprende a lidar com as mudanças em sua vida.
• Escreva uma canção.
• Desenhe, esculpa ou pinte. Use sua criatividade. Abuse das cores.
• Dance!
A música mexe com nossos sentimentos, acalma‑nos e nos faz sentir melhor.
Pense positivo
As coisas vão melhorar! Você pode estar vivendo um momento difícil diante do divór‑
cio de seus pais, mas você vai superá‑lo. Outras pessoas conseguiram superar essa fase
e reencontrar a felicidade. Você também conseguirá. Você pode até achar que, de al‑
guma forma, a sua vida tornou‑se melhor do que antes, com menos brigas, mais paz...
4 Oficina de Filhos
AS EMOÇÕES QUE SINTO
Questionário
“Como lidar com os meus sentimentos sobre o
divórcio de meus pais?”
141
4 Oficina de Filhos
AS EMOÇÕES QUE SINTO
4 Oficina de Filhos
AS EMOÇÕES QUE SINTO
4 Oficina de Filhos
AS EMOÇÕES QUE SINTO
142
4 Oficina de Filhos
AS EMOÇÕES QUE SINTO
4 Oficina de Filhos
AS EMOÇÕES QUE SINTO
4 Oficina de Filhos
AS EMOÇÕES QUE SINTO
143
Lembre-se, sempre, a Oficina não é um espaço de julgamentos e avaliações, mas de
acolhida, escuta qualificada28, reflexões e ressignificações. Para preservar este espaço
contra os julgamentos - que tanto desconectam as pessoas - o instrutor deve seguir
os princípios mencionados no início desta Cartilha, especialmente os princípios da
imparcialidade e neutralidade.
Não cabe ao instrutor julgar ou avaliar as respostas fornecidas por cada adolescente
durante essa atividade. Ainda que a resposta pareça inadequada, cabe ao instrutor
validar o sentimento do adolescente para que este se sinta acolhido.
Não cabe ao instrutor ditar regras de conduta ou aplicar seu próprio juízo de valor,
dizendo qual a resposta “certa” e qual a “errada”. Não há respostas certas ou erradas.
O exercício é um disparador da expressão dos sentimentos. Os adolescentes precisam
externalizar os sentimentos que estão experimentando nessa fase sensível de suas
vidas, e não podem ser repreendidos por fazê-lo.
O que o instrutor pode fazer é um reforço positivo às respostas mais ideais apresenta‑
das pelo grupo de adolescentes para que aquele que apresentou uma resposta menos
ideal reflita sobre outras possibilidades de ação diante daquele sentimento que pode
estar sentindo.
Ademais, como nós veremos mais adiante, ao longo da Oficina serão abordadas al‑
gumas estratégias que os adolescentes poderão adotar para melhor se adaptarem a
essa fase de reorganização familiar, e que lhes permitirão uma melhor reflexão sobre
as estratégias por eles eleitas para a satisfação de suas necessidades.
Oficina de Filhos
5
LIDANDO COM O
SENTIMENTO DOS SEUS PAIS
28 Sobre o poder da escuta, lindas as palavras de Rubem Alves, in “O amor que acende a lua”:”O que as pessoas mais desejam é alguém
que as escute de maneira calma e tranquila. Em silêncio. Sem dar conselhos. Sem que digam: “Se eu fosse você”. A gente ama não é a
pessoa que fala bonito. É a pessoa que escuta bonito. A fala só é bonita quando ela nasce de uma longa e silenciosa escuta. É na escuta
que o amor começa. E é na não-escuta que ele termina. Não aprendi isso nos livros. Aprendi prestando atenção.”
144
O divórcio é difícil para todos e, assim como os filhos, os pais estão muito fragiliza‑
dos e podem ter dificuldades para lidar com os próprios sentimentos. Nessa parte da
Oficina, procuramos mostrar ao adolescente a necessidade de ele também focar o
seu olhar nos seus pais, lembrando que eles também têm seus próprios sentimentos
e sofrimentos.
5 Oficina de Filhos
LIDANDO COM O SENTIMENTO DOS SEUS PAIS
5 Oficina de Filhos
LIDANDO COM O SENTIMENTO DOS SEUS PAIS
Sentindo-se melhor
» Abrace e beije seus pais.
» Diga “eu te amo” com mais frequência.
» Escreva recados ou faça desenhos para mostrar
que você se importa com eles.
» Aproxime-se e dê um lenço quando um deles
estiver chorando.
» Diga a um parente ou amigo próximo o que está
acontecendo em casa e peça ajuda.
145
Em seguida, é importante enfatizar novamente que o divórcio é difícil para todos
e, assim como os filhos, os pais estão muito fragilizados e podem ter problemas em
lidar com os próprios sentimentos.
146
5 Oficina de Filhos
LIDANDO COM O SENTIMENTO DOS SEUS PAIS
Esse eslaide complementa o anterior, mostrando aos filhos como é importante que
eles se coloquem no lugar de seus pais, até para que eles tenham uma percepção
diferente a respeito de como seus pais estão se sentindo diante do divórcio e os com‑
preendam melhor.
Esse eslaide é seguido por um vídeo, “O Peixinho”, que ganhou o festival de Berlim
como melhor curta metragem, e que também é exibido na Oficina dos Pais.
Oficina de Filhos
6
PRESO NO MEIO DO
CONFLITO DOS PAIS
147
• Isso pode ocorrer porque os pais também estão confusos e não sabem ain‑
da agir de outra forma.
• O adolescente pode fazer a parte dele para melhorar essa situação, como
veremos mais adiante.
6 Oficina de Filhos
PRESO NO MEIO DO CONFLITO DOS PAIS
Vídeo
“Depoimento da Jovem”
Produtora 4.2
6 Oficina de Filhos
PRESO NO MEIO DO CONFLITO DOS PAIS
148
Com esse eslaide, procuramos mostrar ao adolescente como ele pode estar sendo
arrastado para o meio do conflito de seus pais.
Leia para o adolescente cada um desses itens e enfatize que os pais não sabem o quão
prejudicial isso é aos filhos, e que não o fariam se soubessem. Afinal, eles os amam!
Seguem algumas sugestões sobre o que falar a respeito de cada item desse eslaide:
• Sendo utilizado como mensageiro para transmitir recados de um pai para
o outro. Alguns recados são normais. Por exemplo: “diga à sua mãe que
vou chegar quinze minutos atrasado amanhã”; “diga para seu pai que
nasceu o bebê da minha irmã”. Mas outros recados não são admissíveis.
Por exemplo: “diga ao seu pai que é ele quem deve vir buscar você no dia
da convivência, e não a namorada dele!”; “diga à sua mãe que a pensão
alimentícia é para pagar as suas despesas e não as roupas novas dela!”.
Você não deve dar alguns tipos de recados: recados que podem começar
brigas ou que podem magoar; recados que exigem respostas, ainda que
elas pareçam normais; recados que criticam a outra pessoa; recados sobre
o dinheiro; recados sobre relacionamentos pessoais (por exemplo, sobre o
novo namoro de sua mãe ou de seu pai); qualquer recado que você não se
sinta confortável em dar para o seu pai ou sua mãe.
• Sendo utilizado como informante para dizer a um dos pais sobre a vida
pessoal do outro.
• Ouvindo afirmações negativas de um pai sobre o outro ou sobre outro
membro da família.
• Sendo usado por um dos pais para entregar o cheque da pensão alimentí‑
cia para o outro ou a mensagem de que o cheque está atrasado.
• Sendo obrigado a tomar partido ou a escolher apenas um dos pais para
continuar amando.
149
6 Oficina de Filhos
PRESO NO MEIO DO CONFLITO DOS PAIS
6 Oficina de Filhos
PRESO NO MEIO DO CONFLITO DOS PAIS
Com esses dois eslaides, procuramos mostrar ao adolescente o que ele pode fazer
para escapar do conflito intenso dos pais.
Leia cada uma dessas dicas e acrescente alguns comentários sobre elas, como, por
exemplo:
• Diga‑lhes como você se sente. Eles podem não perceber que o comporta‑
mento deles está fazendo mal a você, mas, uma vez que eles percebam,
eles vão parar. É importante que você mostre os seus sentimentos sem cul‑
par ninguém. Sempre tente tratar respeitosamente a pessoa com que você
estiver bravo. Por quê? Porque se você agir dessa forma, você conseguirá
fazer que as coisas melhorem entre vocês.
• Diga‑lhes que você prefere não carregar mensagens, ou espionar o outro
pai. Se os seus pais quiserem dizer algo entre eles, eles devem fazê‑lo eles
150
mesmos. Se os seus pais quiserem uma informação, eles devem simples‑
mente perguntar um ao outro.
• Diga‑lhes que você não quer ouvi‑los reclamar um sobre o outro, porque
isso magoa você.
• Diga‑lhes que eles próprios precisam trabalhar os problemas deles. Isso
não é o seu trabalho.
• Diga‑lhes que você ama os dois e que você não vai escolher apenas um
para continuar amando.
• Não se envolva nas discussões de seus pais. Se eles começarem a discutir
na sua frente, vá para outro lugar.
• Quando seus pais se acalmarem, diga‑lhes que você ficou triste com aquela
discussão e que gostaria que eles não mais discutissem na sua frente. Seja
paciente e persistente. Aos poucos, eles vão entender que essa conduta
está fazendo mal a você e vão parar de agir assim.
• Depois de algum tempo, os seus pais vão aprender a ser mais educados
um com o outro e vão se lembrar de que eles continuam dividindo o que
é mais importante na vida deles: você!
6 Oficina de Filhos
PRESO NO MEIO DO CONFLITO DOS PAIS
Vídeo
“Filho dividido”
Tinpot Production – Irlanda
151
Oficina de Filhos
7
NOVOS FAMILIARES
PADASTRO/MADRASTA, IRMÃOS POR AFINIDADE E MEIO-IRMÃOS
É relevante frisar:
• É normal que alguns pais que acabaram de ficar solteiros retomem suas
vidas e saiam com várias pessoas diferentes ou comecem a namorar e até
mesmo se casem novamente, o que pode fazer que você se sinta enciuma‑
do ou traído, por achar que o divórcio é ainda muito recente.
• Quando isso acontecer, você deve se lembrar de algumas coisas importantes:
»» Seus pais não serão infiéis se eles saírem com outras pessoas. Eles não são
mais casados. O divórcio terminou o casamento deles.
»» Ainda que seus pais namorem ou se casem novamente, eles continuarão
sendo seus pais.
»» Você não precisa chamar o novo marido de sua mãe de “pai”, nem a nova
esposa de seu pai de “mãe”, a menos que você queira.
»» Você pode gostar do novo namorado da sua mãe, e até mesmo amá‑lo,
sem ser desleal ao seu pai.
»» Você pode gostar da nova namorada do seu pai, e até mesmo amá‑la,
sem ser desleal à sua mãe.
»» Você não deve julgar os novos amigos ou namorados de seus pais.
»» Você não deve tentar afastar as pessoas. Assim como você não foi res‑
ponsável pelo divórcio de seus pais, você não é responsável pelos novos
relacionamentos deles.
152
»» Você sempre será o filho de seus pais e deles terá todo o seu amor.
• Também pode ser que o novo marido ou esposa tenha filhos, ou venha a
ter filhos com seu pai/mãe. Nesses casos, você terá irmãos por afinidade ou
meio‑irmãos. Você pode vir a gostar de verdade de seus irmãos por afinida‑
de, mas é preciso que não se feche a esta possibilidade por ciúme ou inse‑
gurança de perder o amor de seus pais. Eles te amam e nada mudará isso.
Oficina de Filhos
8
ACEITAÇÃO DA SITUAÇÃO
FAMILIAR
8 Oficina de Filhos
ACEITAÇÃO DA SITUAÇÃO FAMILIAR
“Sinto-me orgulhoso
de minha família”
153
Sugerimos, agora, uma nova atividade, bastante dinâmica e descontraída, que os
jovens costumam gostar muito. Tal atividade visa a direcionar o foco dos jovens aos
bons sentimentos e experiências, fazendo um contraponto aos sentimentos negati‑
vos explorados anteriormente.
Nesse momento, propomos uma conversa com os adolescentes sobre o que eles
gostam a respeito de sua família, com o intuito de valorizar os aspectos positivos da
nova composição familiar.
154
Oficina de Filhos
9
GUARDA E DIREITO À
CONVIVÊNCIA
9 Oficina de Filhos
GUARDA E DIREITO À CONVIVÊNCIA
GUARDA UNILATERAL
Você vive com um de seus pais que toma conta de você
diariamente. O outro supervisiona os seus interesses.
GUARDA COMPARTILHADA
Seu pai e sua mãe continuam corresponsáveis pelos
cuidados diários com você mesmo após a separação.
Nessa parte da Oficina, é importante ler o teor do eslaide e enfatizar que, indepen‑
dentemente do sistema de guarda ou de convivência fixado, o pai e a mãe são muito
importantes na vida do filho e continuam amando‑o como sempre amaram.
155
Oficina de Filhos
10
MEUS NOVOS
CONHECIMENTOS
10 Oficina de Filhos
MEUS NOVOS CONHECIMENTOS
PALAVRAS CRUZADAS
Propomos, agora, mais duas atividades: Palavras Cruzadas e Árvore das Sugestões.29
156
SEGUE O MODELO DAS PALAVRAS CRUZADAS:
HORIZONTAIS
6. Para me sentir melhor, quando eu estiver triste, posso escutar minhas _____________
favoritas.
VERTICAIS
1. Conforme a música do Legião Urbana, “Pais e Filhos”, “você vive criticando seus
pais por tudo. Isto é um _____________________________. Eles são crianças como
você. O que você vai ser quando você crescer?”
4. Eu posso continuar convivendo com meu pai ou minha mãe com quem não moro
mais por meio das _______________________________________.
157
Respostas:
158
10 Oficina de Filhos
MEUS NOVOS CONHECIMENTOS
Sugestões. Essa atividade tem por objetivo fazer que cada adolescente reflita sobre a
melhor forma de enfrentar e superar o divórcio dos pais.
Cada adolescente recebe alguns post‑its e uma caneta e é instruído a escrever uma
mensagem para os adolescentes que participarem da próxima Oficina, contendo um
conselho que o próprio adolescente gostaria de ter recebido.
É comum surgirem mensagens do tipo “isso vai passar, aguente firme” ou “fique
calmo, raiva não ajuda em nada”. Elas não precisam ser assinadas, podendo perma‑
necer no anonimato.
Esse painel, por sua vez, é afixado no local onde ocorrerá o lanche‑convívio, nos
últimos trinta minutos da Oficina, para que os pais dos adolescentes possam ter
acesso a ele.
159
10 Oficina de Filhos
MEUS NOVOS CONHECIMENTOS
Lembre-se, sempre!
» Você não está sozinho!
» Você continua sendo a pessoa especial e única que
sempre foi!
» Converse sobre as mudanças e os seus sentimentos!
» Você vai superar o divórcio e ficar bem novamente!
» Tudo vai dar certo!
10 Oficina de Filhos
MEUS NOVOS CONHECIMENTOS
160
Finalmente, com o intuito de reforçar a ideia de que as mudanças dependem da
atitude de cada pessoa, exibimos aos adolescentes esse vídeo motivacional, que tam‑
bém é exibido aos pais.
Oficina de Filhos
AGRADECIMENTOS
Esses últimos eslaides representam nossos agradecimentos a todos aqueles que con‑
tribuíram para o desenvolvimento da Oficina.
161
OFICINA DAS CRIANÇAS
1. INTEGRAÇÃO DO GRUPO
2. MUDANÇAS VIVIDAS
Sugestões:
a. “Turminha do Enzo”
Sinopse: Os pais de Enzo decidem se separar. Sua amiga Nina e a sua professora An‑
dreia o ajudam a atravessar este momento tão difícil. Ele se sente culpado pela sepa‑
162
ração, mas acaba percebendo que continua tendo uma família, que seus pais o amam
da mesma forma e que poderá conviver com os dois, só que em casas separadas.
Sinopse: Quando mamãe e papai‑urso contaram a Diná que iriam se divorciar, ela fi‑
cou muito triste e assustada. Para onde o papai iria? Será que ela o veria novamente?
Com o passar do tempo, porém, Diná aprendeu que, embora o papai não estivesse
mais morando com ela e mamãe, muitas das melhores coisas não se alterariam:
mamãe seria sempre sua mãe, papai seria sempre seu pai e Diná continuaria sendo
muito amada por ambos.
Sinopse: Os pais de Stanley há muito vinham batendo bicos até que um dia papai
resolveu se mudar para outro ninho. Isto o deixou assustado e muito chateado, pois
logo seria o dia do voo dos pais, na escola. Stanley teve medo de que seu pai não
mais participasse da sua vida, mas no decorrer da história percebe que continua ten‑
do o amor do pai e da mãe e que ter dois ninhos também pode ser bom.
Material Utilizado: giz de cera, lápis de cor ou canetinhas e uma folha nos seguintes
moldes:
163
Solicite aos participantes que façam o desenho de sua família.
Essa atividade visa apenas a estimular a criança a expressar seus sentimentos sobre a
sua família, de forma que os desenhos produzidos não devem ser analisados.
A criança poderá levar para casa seu desenho, caso assim deseje.
“Algumas palavras e caras ajudam a descrever como você se sente sobre o fato
de seus pais não morarem mais juntos. Circule a cara que melhor descreve como
164
você se sente. Você pode compartilhar sua página dos sentimentos com seus
pais ou amigos.”
Peça aos participantes que escrevam suas dúvidas, preocupações ou questões ainda
não respondidas sobre a separação dos pais (Por exemplo: como aconteceu? Por que
aconteceu?). Estimule com as crianças uma reflexão sobre as preocupações partilha‑
das e sobre as emoções identificadas. Esse é o momento para trabalhar e desconstruir
algumas crenças como: “meus pais estão se separando por minha culpa” ou “meus
pais podem voltar a morar juntos”.
5. LISTA DO BEM‑ESTAR
165
Lembre aos participantes que esta lista poderá ser consultada em momentos de
necessidade.
Peça às crianças que fiquem em círculo e estabeleça algumas regras como: cuidado
com a sucata; cada criança poderá pegar quantos materiais quiser; cada criança po‑
derá construir a sucata com um amigo se assim desejar ou construí‑la individual‑
mente; cada criança terá total liberdade para construir o que quiser.
166
Caso perceba que a criança apresenta alguma dificuldade para executar o trabalho
após aproximadamente 20 minutos do início dessa atividade, ofereça‑lhe, mas
sem fazer comentários, revistas do tipo “PROFESSOR SASSA – EDITORA ZÁ” OU
“IDÉIAS PARA ESCOLA”, para que ela tenha algumas ideias a respeito de possíveis
construções.
Ao final, cada participante conta sobre a sua construção para o grupo, se assim dese‑
jar, e, em seguida, permanece com ela, podendo escolher leva‑la para casa.
7. SUPERANDO O DIVÓRCIO
Após a apresentação, convide as crianças para falarem dos momentos que mais gos‑
taram e quais conselhos dariam para um amigo que estivesse passando pela mesma
situação. Sugerimos que tais conselhos sejam escritos em post its, que poderão ser fi‑
xados em uma árvore desenhada em uma das paredes ou cartolinas, para que outros
participantes possam compartilhar.
8. ENCERRAMENTO
Jogos Cooperativos:
Jogos cooperativos são dinâmicas de grupo que têm por objetivo despertar a consci‑
ência de cooperação e promover efetivamente a ajuda entre as pessoas.
Segundo Fabio Brotto, jogos cooperativos são jogos com uma estrutura alternativa
onde os participantes “jogam uns com os outros, ao invés de uns contra os outros”
(DEACOVE, 1974, p. 1).
Joga‑se para superar desafios e não para derrotar os outros; joga‑se para se gostar do
jogo, pelo prazer de jogar. São jogos onde o esforço cooperativo é necessário para se
atingir um objetivo comum e não para fins mutuamente exclusivos.
167
No jogo cooperativo aprende‑se a considerar o outro que joga como um parceiro, e
não como um adversário, fazendo que o participante desenvolva a habilidade de se
colocar no lugar do outro e não priorizar apenas o seu lado.
Entre os resultados dessa prática, de acordo com várias pesquisas já efetuadas, pode‑
mos destacar os seguintes:
• Melhoria das relações interpessoais;
• Melhoria das competências no pensamento crítico;
• Maior capacidade para aceitar as perspectivas dos outros;
• Harmonizar conflitos e superar crises.
Essa atividade pode ser realizada várias vezes até que todos se sintam abraçados.
168
qualquer (como “uuu”, palmas, “chiiiii”, etc.); um dos participantes fica no meio do
círculo e “toca o piano”, tocando os pés dos demais participantes, os quais deverão
emitir o som escolhido assim que tocados. Ao final todos juntos compõem uma
música.
3. JOGO DAS CORES: o instrutor mostra aos participantes três cartões das seguintes
cores: verde, amarelo e vermelho. Para cada um desses cartões se escolhe um movi‑
mento diferente como colocar a mão nos joelhos, bater palmas e fazer um som com
a boca. Decidido o movimento relacionado a cada cartão, o instrutor apresenta os
cartões ao grupo, um de cada vez, aleatoriamente, e todos realizam o movimento.
ORIENTAÇÕES FINAIS
Como instrutor, lembre‑se de que sua atitude deve ser sempre de acolhimento, evi‑
tando emitir valores. As partilhas e conversas realizadas com as crianças devem ser
sigilosas, porém, caso identifique alguma situação mais delicada, procure orientação
com o Coordenador da Oficina ou com o responsável técnico pelo projeto.
As crianças ao final da Oficina podem levar o material produzido para guardar como
lembrança ou mesmo para consulta no futuro.
Gostaríamos de enfatizar que cada criança tem um ritmo e nem sempre todas as
crianças conseguirão participar de todas as atividades sugeridas nesta Cartilha. Sin‑
ta‑se à vontade para fazer alterações e adaptações necessárias.
169
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
1. Brotto, Fábio Otuzi. Jogos cooperativos: o jogo e o esporte como um exercício de convivência Campi‑
nas, SP: [s.n.], 1999.
2. ORLICK, Terry. The cooperative sports & games book: without competition. New York: Pantheon Books,
1978. 182 challenge.
3. Terry Orlick, publicou, em 1978, o livro “Winning through Cooperation”. Pela riqueza de informa‑
ções e amplitude da abordagem, essa obra é reconhecida mundialmente como uma das principais fontes
de inspiração para a compreensão dos Jogos Cooperativos.
“O que as pessoas mais desejam é alguém que as escute de maneira calma e tranquila.
Em silêncio. Sem dar conselhos. Sem que digam: “Se eu fosse você”. A gente ama não é a
pessoa que fala bonito. É a pessoa que escuta bonito. A fala só é bonita quando ela nasce
de uma longa e silenciosa escuta. É na escuta que o amor começa. E é na não escuta que
ele termina. Não aprendi isso nos livros. Aprendi prestando atenção.”
BOA SORTE!
170
ANEXO I
172
MATERIAL DE APOIO
Você encontrará, neste Anexo, os materiais importantes e necessários para a exe‑
cução da Oficina, como modelos de decisão judicial convidando as partes para o
programa, carta convite, ficha de avaliação, exercícios, poemas, letras de música, etc.
Sinta‑se à vontade para usar esses modelos ora disponibilizados para facilitar o seu
trabalho, sem prejuízo da possibilidade de criar os próprios modelos.
173
OFICINA DE PAIS
1.a) No caso de o filho ter entre seis e 17 anos e acompanhar os pais na Oficina:
Ressalto, também, que a Oficina não visa a avaliar ou julgar os pais, mas, apenas,
ajudá‑los, bem como seus filhos menores, a superarem esta fase de reorganização
familiar, prevenindo novos conflitos e tendo um pouco mais de paz em suas vidas,
objetivo primordial do Poder Judiciário.
174
1.b) No caso de o filho ter menos de seis anos e não acompanhar os pais na Oficina:
Ressalto, também, que a Oficina não visa a avaliar ou julgar os pais, mas, apenas,
ajudá‑los, bem como seus filhos menores, a superarem esta fase de reorganização
familiar, prevenindo novos conflitos e tendo um pouco mais de paz em suas vidas,
objetivo primordial do Poder Judiciário.
175
1.c) No caso de as partes já terem entabulado acordo no processo:
176
2. MODELO DE CARTA CONVITE
A Oficina não visa a avaliar ou julgar os pais, mas, apenas, ajudá‑los, bem como seus
filhos menores, a superarem esta fase de reorganização familiar e a terem mais paz
em suas vidas, objetivo primordial do Poder Judiciário.
__________________________________________
Juiz(a) de Direito
177
3. CASAIS SE SEPARAM – PAIS E FILHOS SÃO PARA SEMPRE
Verônica A. da Motta – In: Família, separação e mediação: uma visão psicojurídica. São
Paulo: Método, 2007.
178
4. EXERCÍCIO “Reconhecendo os sentimentos”
(FABER, Adele; MAZLISH Elaine. Como falar para seu filho ouvir e como ouvir para seu
filho falar. São Paulo: Summus Editorial, 2003. p. 37.)
______________________________
______________________________
______________________________
4. “Eu não sei por que os
professores têm de encher a ______________________________ ______________________________
gente com tanta lição para o fim
de semana.”
______________________________
______________________________
5. “Janete está se mudando e ela
é minha melhor amiga.” ______________________________ ______________________________
______________________________
179
5. EXERCÍCIO “Ajudando nosso filho”
Veja esta lista e verifique como você já está ajudando seu filho a se adaptar ao divór‑
cio dos pais e a crescer em um ambiente saudável. Circule as habilidades que você
gostaria de desenvolver mais:
• Eu digo ao nosso filho que o divórcio não foi culpa dele.
• Eu não falo mal do meu ex para o nosso filho ou na presença dele.
• Eu tento evitar discutir na frente do nosso filho.
• Eu não peço para nosso filho dar recados ao meu ex.
• Eu tento trabalhar com o meu ex uma forma consistente de disciplinar
nosso filho.
• Eu estou me esforçando para passar tempo com cada um de nossos filhos.
• Eu digo ao nosso filho que é bom ele amar o pai/a mãe.
• Eu não comparo o nosso filho com meu ex.
• Eu não fico culpando o meu ex pelas preocupações, medos e problemas
do nosso filho.
• Eu estou tentando ajudar nosso filho a não se sentir envergonhado por
causa do divórcio.
• Eu entendo que o divórcio não me torna um fracassado.
• Eu avisei os professores de nosso filho sobre o divórcio para que eles pos‑
sam ajudá‑lo.
• Eu não estou fazendo muitas mudanças na vida de nosso filho de uma só
vez.
• Eu não pergunto ao nosso filho com quem ele quer viver ou quem ele ama
mais.
• Eu estou encorajando o nosso filho a se dedicar às suas atividades normais.
• Eu estou tentando manter o controle emocional o máximo que eu posso.
• Eu não estou despejando todas as minhas emoções sobre o nosso filho.
• Eu estou encorajando o convívio de nosso filho com meu ex.
• Eu sei que as coisas vão melhorar.
180
6. EXERCÍCIO “Como reduzir o nível de conflito”
João e Maria sempre brigam quando João vai retirar o Pedrinho, filho do casal, da
casa de Maria, o que deixa Pedrinho muito triste. O que eles podem fazer para redu‑
zir o conflito durante o exercício do direito de convivência?
João e Maria sempre brigam quando se encontram. Qual a melhor forma de João
pagar a pensão alimentícia para o Pedrinho, sem precisar encontrar Maria?
181
7. EXERCÍCIO “Comunicação não violenta”
Lembre‑se. A Comunicação Não Violenta tem quatro componentes, embora nem sempre
todos eles precisem estar presentes:
1. OBSERVAÇÃO
2. SENTIMENTO
3. NECESSIDADE
4. PEDIDO
“Seu irresponsável! Você sempre chega atrasado no dia de visita e deixa todo mundo à sua
disposição. Parece que nem liga para o próprio filho! Se isso acontecer novamente eu não
vou mais permitir que você visite nosso filho!”
“Sua maluca! Você falou para o nosso filho que eu não estou nem aí para ele? Agora ele
está com frescura para sair comigo. Eu vou tirar a guarda dele de você!
182
8. EXERCÍCIO “Você é uma mãe ou um pai alienador(a)?”
Veja esta lista e verifique se você já está ajudando seu filho a manter uma ligação saudável
com o pai/mãe. Circule as habilidades que você gostaria de desenvolver mais:
• Eu permito que nosso filho fale negativa ou desrespeitosamente sobre o
outro pai/mãe.
• Eu dou ao nosso filho alternativas tentadoras que possam interferir com
o tempo do outro pai/mãe com ele (por exemplo: filho, seria tão bom se
pudéssemos ir à loja de brinquedos neste final de semana (justamente o
final de semana reservado à visitação paterna/materna)
• Eu dou ao nosso filho poder de decisão sobre o tempo gasto com o outro
pai/mãe.
• Eu mostro para nosso filho como fico magoado e traído se ele apresenta
quaisquer sentimentos positivos em relação ao outro pai/mãe.
• Eu uso nosso filho como um mensageiro ou espião.
• Eu peço para nosso filho mentir para o outro pai/mãe ou trair a confiança
dele.
• Eu fico sem jantar e depois digo ao filho que o outro pai/mãe não dá di‑
nheiro suficiente para que todos possam jantar.
• Eu infrinjo o tempo do outro pai/mãe com telefonemas excessivos ou ati‑
vidades programadas.
• Eu intercepto presente de aniversário do outro pai/mãe e digo ao nosso
filho que ele/ela não enviou nenhum presente.
• Eu não passo a ligação do outro pai/mãe ao nosso filho e digo‑lhe que o
pai/mãe não ligou.
183
9. FICHA DE AVALIAÇÃO INICIAL
Obrigado por aceitar o convite para participar da Oficina de Pais e filhos! Sua
avaliação é muito importante para o aprimoramento do nosso trabalho, para isso
contamos com a sua colaboração respondendo este questionário.
( ) Sim ( ) Não
______________________________________________________________________________
______________________________________________________________________________
______________________________________________________________________________
184
10. FICHA DE AVALIAÇÃO FINAL
Obrigado por ter participado da Oficina de Pais e Filhos! Sua avaliação é muito importante
para o aprimoramento do nosso trabalho, para isso contamos com a sua colaboração res‑
pondendo este questionário.
APRESENTAÇÃO:
MATERIAL
INSTRUTORA
ESPAÇO
DURAÇÃO
______________________________________________________________________________
______________________________________________________________________________
185
6. VOCÊ ACHA QUE A OFICINA O AJUDOU A REFLETIR SOBRE A FORMA DE AGIR
EM RELAÇÃO A SEUS FILHOS? ( ) SIM ( ) NÃO
( ) sim ( ) não
CASO VOCÊ TENHA RESPONDIDO “SIM” À ÚLTIMA PERGUNTA, POR FAVOR, NOS
INFORME:
E‑MAIL: ______________________________________________________________________
MUITO OBRIGADO!
186
11. MODELOS DE CERTIFICADO DE PRESENÇA
Modelo 1
Parabéns!
______________________________________________________________________
JUIZ(A) DE DIREITO COORDENADOR(A) DO CENTRO JUDICIÁRIO
DE SOLUÇÃO DE CONFLITOS E CIDADANIA
187
Modelo 2
CERTIFICADO
______________________________ , ________________________
Local data
_________________________________ _____________________________________
Psicóloga do CEJUSC Juiz(a) de Direito Coordenador
de __________________ do CEJUSC de _______________
188
OFICINA DOS FILHOS ADOLESCENTES
d) OUTRO ___________________________________________________________
2. PAI DE RUTE LHE CONTOU COISAS RUINS SOBRE SUA MÃE. MUITAS VEZES
ELA ACHA QUE NÃO PODE SER VERDADE O QUE O PAI LHE CONTA, MAS, AO
MESMO TEMPO, ELA ACREDITA NO PAI PORQUE ELE NUNCA MENTIU PARA ELA
ANTES. QUAL A MELHOR FORMA DE RUTE RESOLVER ESTE PROBLEMA?
d) OUTRO ___________________________________________________________
3. SONIA ODEIA ANDAR ENTRE A CASA DO PAI E DA MÃE. COMO SONIA PODE
RESOLVER SEU PROBLEMA?
d) OUTRO ___________________________________________________________
189
4. ANTONIO ACHA QUE OS PAIS SE DIVORCIARAM POR CAUSA DELE, PORQUE
ELE ESTAVA O TEMPO TODO METIDO EM CONFUSÃO E OS PAIS SEMPRE DISCU‑
TIAM COM ELE. COMO ANTONIO PODE ULTRAPASSAR ESTE PROBLEMA?
a) ADMITIR QUE A CULPA É SUA E PEDIR AOS PAIS QUE SE JUNTEM NO‑
VAMENTE, PROMETENDO SE COMPORTAR MELHOR.
d) OUTRO ___________________________________________________________
d) OUTRO ___________________________________________________________
___________________________________________________________________
d) OUTRO ___________________________________________________________
Questionário extraído da obra: ALMEIDA, Nelly; MONTEIRO, Susana. Os meus pais já não
vivem juntos: intervenção em grupo com crianças e jovens de pais divorciados. Lisboa: Coisas
de Ler, 2012.
190
2. PALAVRAS CRUZADAS
HORIZONTAIS
6. Para me sentir melhor, quando eu estiver triste, posso escutar minhas _____________
favoritas.
VERTICAIS
1. Conforme a música do Legião Urbana, “Pais e Filhos”, “você vive criticando seus
pais por tudo. Isto é um _____________________________. Eles são crianças como
você. O que você vai ser quando você crescer?”
4. Eu posso continuar convivendo com meu pai ou minha mãe com quem não moro
mais por meio das _______________________________________.
191
192
3. LETRA DA MÚSICA “Pais e Filhos” – Legião Urbana
193
OFICINA DOS FILHOS CRIANÇAS
1. MINHA FAMÍLIA
194
2. CARINHAS
3. LISTA DO BEM‑ESTAR
195
VISITANTES
A Oficina de Pais e Filhos tem como objetivo orientar as famílias que enfrentam con‑
flitos jurídicos relacionados ao divórcio ou à dissolução da união estável, nos quais
vários ajustes e mudanças pessoais ocorrem. A participação na Oficina pretende au‑
xiliar o casal em vias de separação a criar uma efetiva e saudável relação parental
junto aos filhos.
A Oficina de Pais e Filhos é ministrada em uma única sessão com duração de quatro
horas, onde são utilizados vídeos e dinâmicas, por Instrutores devidamente capaci‑
tados para esse fim. Durante a Oficina, os participantes poderão expressar‑se livre‑
mente sobre os temas apresentados, compartilhar experiências, com espaço para
questionamentos, discussões e prática das habilidades desenvolvidas.
A Oficina para os filhos é realizada por meio de atividades lúdicas, trabalho com su‑
cata, desenhos, leitura de livros, apresentação de vídeos e discussões em grupo para
os adolescentes.
Enfim, a Oficina de Pais e Filhos foi concebida com a finalidade de resgatar a res‑
ponsabilidade das pessoas pela sua própria vida, transmitindo aos pais algumas in‑
formações relevantes sobre os efeitos negativos dos conflitos para os filhos e o que
eles podem fazer para estabelecer uma boa parceria parental, para que suas crianças e
adolescentes vivam em um ambiente tranquilo e se tornem pessoas emocionalmen‑
te saudáveis. Pretende, ainda, transmitir aos filhos algumas ideias para uma melhor
adaptação nesse momento de transição familiar.
196
Este trabalho é aberto a pessoas que estejam interessadas em se tornar multiplicado‑
ras e também a profissionais que queiram reproduzir o curso em outras esferas.
OBRIGADA!
197
2. FICHA DE AVALIAÇÃO
Nome: _______________________________________________________________________
Profissão: ____________________________________________________________________
Cidade: ______________________________________________________________________
( ) Sim ( ) Não
( ) Sim ( ) Não
MÉTODO
MATERIAL
198
PROFISSIONAIS
ESPAÇO
DURAÇÃO
199
ANEXO II
200
Neste Anexo, você encontrará o Regulamento para os cursos de formação de ins‑
trutores das Oficinas de Divórcio e Parentalidade do Conselho Nacional de Justiça,
elaborado pelo Comitê Gestor do Movimento pela Conciliação; o artigo elaborado
pela organizadora da Oficina de Parentalidade e Divórcio, juíza Vanessa Aufiero da
Rocha, “Oficinas de Parentalidade e Divórcio: como a nova política pública de pre‑
venção e resolução de conflitos familiares, a educação parental, pode contribuir para
a humanização da Justiça da Família e a estabilização e a pacificação das relações
familiares”; e, ainda, algumas experiências exitosas com a Oficina de Pais e Filhos
pelo Brasil afora.
201
1. REGULAMENTO PARA OS CURSOS DE FORMAÇÃO DE INSTRUTORES DAS
OFICINAS DE DIVÓRCIO E PARENTALIDADE
Art. 2º As Oficinas serão ministradas com base em material pedagógico fornecido aos
participantes do treinamento pelo Comitê Gestor Nacional da Conciliação.
§2º O material pode ser utilizado por quaisquer pessoas ou entidades interessadas,
sem fins lucrativos, porém a certificação ocorrerá somente nos cursos oficiais promo‑
vidos por tribunais e entidades parceiras.
§2º As instituições que desejarem formar instrutores para ministrar as Oficinas de‑
vem celebrar instrumento de parceria com o tribunal local.
202
Art. 5º A participação no curso implica o compromisso de ministrar, no prazo de um
ano após a conclusão da parte teórica, ao menos cinco Oficinas de Divórcio e Paren‑
talidade, não remuneradas, observando as diretrizes da Oficina definidas no art. 9º.
§1º Para receber a declaração, os participantes deverão ter frequência de 100% (cem
por cento).
§2º A carga horária do curso será de, no mínimo, oito horas, em formato sempre
presencial.
§1º A comprovação se dará mediante envio da lista de presença e das avaliações dos
participantes da Oficina, para cada uma das oficinas ministradas, referendadas pelo
Nupemec do respectivo Tribunal.
§2º Os documentos listados no §1º deverão ser inseridos pelos instrutores em forma‑
ção no sistema Cadastro Nacional de Instrutores da Justiça, conforme orientações
posteriores.
Art. 8º A certificação terá validade por um ano, contado do implemento das condi‑
ções para a respectiva emissão.
§1º Vencida a certificação, o instrutor deverá ministrar pelo menos uma Oficina gra‑
tuita por ano, nas mesmas condições definidas no art. 9º.
203
mas os filhos não poderão participar da Oficina dos Pais nem os pais poderão parti‑
cipar da Oficina dos Filhos.
IV – A Oficina dos Filhos, principalmente a Oficina dos Filhos Crianças, deve ser
executada preferencialmente com o auxílio de pessoas que tenham experiência em
lidar com crianças, como psicólogos, assistentes sociais e pedagogos.
Art. 10. Os casos omissos serão apreciados e decididos pelo Comitê Gestor Nacional
da Conciliação.
204
2. ALGUMAS EXPERIÊNCIAS EXITOSAS COM A OFICINA DE PAIS E FILHOS
PELO BRASIL AFORA
2.1 São Paulo – São José dos Campos – Juiz José Eduardo Cordeiro Rocha
Instalei a Oficina de Pais em São José dos Campos/SP no ano de 2013. Eu tinha di‑
ficuldade para a obtenção de duas salas para atender os casais que participariam da
dinâmica. Daí eu tive a ideia de realizar a Oficina no próprio salão do Júri, único
espaço disponível na ocasião. Minha dificuldade consistia em evitar eventual dis‑
cussão das partes no momento dos trabalhos. Eu precisava de algum anteparo, que
reduzisse o contato visual entre o casal, mas que, por outro lado, não representasse
um muro ou divisão, o que acentuaria a ideia de separação e remeteria ao próprio
processo de divórcio. Era necessário algo suave e, ao mesmo tempo, que guardasse
alguma relação com os propósitos da Oficina. Nada melhor que se valer da arte para
essa finalidade e tanto melhor se o trabalho artístico fosse feito por crianças, que
representariam exatamente aquilo que ligava o casal.
Entrei em contato com as escolas municipais de São José dos Campos/SP e elabo‑
rei um rodízio entre elas, com o compromisso de que os professores trabalhariam
o tema Família com os alunos em sala de aula e o produto dessa atividade seriam
desenhos ou pinturas feitos por eles. Os trabalhos infantis seriam encaminhados ao
Fórum e expostos no salão do Júri no dia da Oficina.
A ideia deu muito certo. Não apenas para contornar algum inconveniente que ad‑
viria do contato visual entre as partes e para tornar o salão do Júri mais acolhedor,
como também para fomentar a discussão do tema Família entre as crianças, assim
como a importância do diálogo.
O receio inicial que eu tinha em colocar o casal reunido no mesmo recinto logo de‑
sapareceu. Venho realizando as Oficinas já faz dois anos, às vezes sozinho, às vezes
com a participação de algum voluntário. Nesse período todo jamais tive algum inci‑
dente, sequer discussão, entre os participantes, tanto assim que alterei o suporte que
serve para a fixação dos trabalhos infantis, a fim de permitir um pouco de contato
visual entre os participantes.
Hoje posso dizer com segurança que alguns receios que eu tinha para a instalação
das Oficinas não passavam de mitos e tomo a liberdade de enumerá‑los:
205
Parentalidade pelo país. A pergunta que se deve fazer é o que eu posso fazer
para tornar o salão do Júri um lugar mais acolhedor? O uso da criatividade será
de grande valia para isso.
3) Juiz não deve realizar Oficina, pois perderá a imparcialidade: sou instrutor
formado no primeiro curso promovido pelo Conselho Nacional de Justiça
e ministrei todas as Oficinas que se realizaram em São José dos Campos/SP,
muitas delas sozinho, e posso afirmar com segurança que nunca me vi em
situação que comprometesse minha imparcialidade ou mesmo que me colo‑
casse em contato com peculiaridades do caso concreto submetido a Juízo.
Atualmente, são convidados a passar pela Oficina de Pais todos os casais, com filhos,
em processos de divórcio e dissolução de união estável em trâmite nas três Varas
de Família de São José dos Campos/SP. Na semana seguinte à realização da Oficina,
ocorrem audiências de conciliação com os participantes, nas três Varas de Família,
de forma concentrada, o que facilita a obtenção de dados quantitativos acerca do
número de acordos e reconciliações obtidos.
206
Ao longo dessas experiências, foi possível notar que as pessoas sentem grande neces‑
sidade de serem ouvidas e de dividir seus problemas e indagassem sobre a possibili‑
dade de dar continuidade ao trabalho iniciado. Isso me levou a firmar um convênio
com a Universidade Paulista (Unip) para a prestação de assistência psicológica gra‑
tuita a todos aqueles que passassem pelas Oficinas e que estivessem interessados em
prosseguir, agora com abordagem mais aprofundada.
Juiz Titular da 2ª Vara da Família e das Sucessões de São José dos Campos/SP
207
2.2 São Paulo – Palmital – Assistente Social Ivana C. F. Paião
Baseada no projeto piloto da Juíza Vanessa Aufiero, em Palmital, optou‑se por algumas
modificações, dadas as peculiaridades da localidade. A oficina, como no projeto piloto,
materializa‑se num único encontro, porém, com a duração de duas horas e meia.30
30 No projeto piloto a Oficina tem a duração de quatro horas. Assim como no projeto piloto, ao final da oficina, em Palmital, os pais recebem
a cartilha do divórcio e os adolescentes, a cartilha do adolescente.
31 Os instrutores são voluntários de diversas áreas: escreventes e chefe de seção do fórum, assistentes sociais, psicólogos, advogados conse‑
lheiros tutelares.
208
A indicação para a participação dos pais nas oficinas aconteceu com base em processos
que tramitavam pelas varas e casos reincidentes nos conselhos tutelares ou que tives‑
sem, por um motivo ou outro, estado no Cejusc. Os pais foram intimados judicial‑
mente ou convidados pelo CEJUSC, Conselho Tutelar ou mesmo pelo Serviço Social.32
32 Durante o planejamento dos trabalhos, a equipe concluiu que não somente os casais que vivenciavam o conflito advindo da separação/
divorcio poderiam participar da oficina, mas todos, inclusive os que pleiteavam a guarda dos filhos consensualmente. Tal participação
estaria vinculada ao caráter preventivo.
209
No encontro com os pais, que são separados em salas diferentes, de forma que os
ambientes fiquem com pessoas de ambos os sexos, uma ação proposital, para que o
homem possa ouvir o que uma mulher tem a dizer e o contrário aconteça também;
a atividade se inicia com a apresentação dos objetivos e explicação sobre o funcio‑
namento da oficina. O que geralmente se percebe é que as pessoas desconhecem os
trabalhos da oficina, normalmente indagam o que irá acontecer e até se reservam
inicialmente.
Outros exemplos são oferecidos, em que um dos pais, ou os pais de modo recíproco,
usa(m) a criança para atingir ao outro, como quando a madrasta comprou o tênis
que o adolescente tanto desejava e ao chegar em casa, a mãe lhe pergunta sobre o
presente. Ao saber que foi presente da madrasta, a mãe queima o tênis. Ou ainda, do
pai que fala para a criança “amanhã é dia de sua mãe vir te buscar para a visita, se
você não for eu te compro uma boneca”, não sendo suficiente, os instrutores apre‑
sentam outros tipos de atitudes para que os pais reflitam, como ao dizerem: Seu pai
não paga a pensão alimentícia, então você não vai com ele. Procuram mostrar que a
criança ao assistir o conflito entre os pais, pode assimilar, reproduzir o que aprende
com os adultos e este não é o melhor caminho.
No decorrer, são exibidos vídeos da novela Salve Jorge, procurando impactar aquele
que assiste, para que se autoavalie, reflita sobre as atitudes que pratica.
A oficina não pretende apenas levar a pessoa à reflexão, mas também oferecer recur‑
sos para que a pessoa crie alternativas de ação. Assim é apresentada a necessidade de
os pais elegerem focos de atenção, sobre si mesmo e o filho. Estes focos contemplam
210
a necessidade de procurar ajuda de especialista, uma vez que isto não implica fraque‑
za, mas no fato de reconhecer que a partir disso poderá haver mudanças significati‑
vas na relação com o filho e o ex, ou seja, procura qualificar a relação.
Um dos vídeos mostra o depoimento de uma jovem vivenciou a separação dos pais
e o quanto isso a afetou.
Para clarear ainda mais, é exibido vídeo sobre a comunicação não violenta, mostran‑
do as várias formas de se vivenciar a mesma situação. Este vídeo mostra os senti‑
mentos do pai, mãe e da criança, que convivem o conflito. A cena retratada mostra
a reação da mãe quando o pai, atrasado, vai buscar o filho para visita. O conflito,
já instalado, tende a aflorar mediante acusações mútuas, acontecendo na frente da
criança. Depois, a cena é reproduzida, mas com tom diferente, ou seja, o pai chega
atrasado, mas há postura diversa entre pai e mãe.
Portanto, são oferecidas duas situações: a primeira mostra o conflito e a atitude dos
adultos que não percebem que a criança está presenciando a discussão. A segunda,
exibe o amadurecimento, uma convivência “adulta” entre os pais, que priorizam a
saúde e bem‑estar da criança, por isso comportam‑se de forma diferente.
É ofertado momento aos pais para expressarem seus sentimentos, relatarem suas his‑
tórias, solicitem intervenção especializada para si e o filho. Também lhes é oferecida
a oportunidade de agendarem audiência, no CEJUSC, onde poderão construir alter‑
nativas que melhor lhes satisfaçam e também ao filho. A construção de alternativas
pelas pessoas que vivenciam a situação coaduna com a justiça da pacificação, pois
uma decisão proferida pelo terceiro, ou seja, pelo juiz, pode não satisfazer a todos e
dar causa a outras ações.
Mas, não podemos deixar de destacar a importância do momento em que os pais ma‑
nifestam sobre suas histórias e sentimentos e mesmo a avaliação sobre a oficina. São
momentos riquíssimos em que se pode ouvir depoimentos, ou seja, os pais têm a opor‑
tunidade de socializar suas dúvidas, dificuldades, ensejos. Vejamos alguns exemplos:
211
“A oficina está de parabéns pela iniciativa de falar desse assunto tão compli‑
cado. Deus faz as pessoas como elas são e por isso a convivência nem sempre
é boa. Mas o mundo é um lugar que vale a pena. Gostaria de participar como
voluntario em outras oficinas”. (PAI A)
“...percebi que não estou sozinha nesta jornada. Debatido e ouvido, pais e
mãe com os mesmos sentimentos, desespero, medo. Percebi que o meu filho
é um bem muito grande na minha vida. Preciso de ajuda...” (MÃE B)
“Foi uma experiência muito boa, me vi ali no telão em algumas situações, vou
procurar ser mais atencioso em relação ao meu filho e a mãe. Pois a minha
prioridade e minha vida é o meu filho que é tudo o que eu tenho”. (PAI C)
Notamos também que entre uma e outra oficina o grupo de pais participantes tem
aumentado, por exemplo, na segunda oficina, em Palmital, participaram 58 pais e
17 crianças. Está sendo comum, depois da primeira edição da oficina, que pessoas,
voluntariamente, solicitem a participação.
212
2.3 S
ão Paulo – Assis – Juíza Monica Tucunduva Spera Manfio
Mesmo durante a existência das Varas cumulativas, antes da conversão desta Vara
(antiga 2ª Vara Cível) em Vara da Família, nós já percebíamos que, principalmente,
na área de Família, existem conflitos que não são solucionados por meio de decisão
judicial. E, com a conversão da Vara e ao conhecer o trabalho da Oficina de Pais e
Filhos, em palestra proferida pela Dra. Vanessa Aufiero da Rocha, na Escola Paulista
da Magistratura, fomos buscar informações para a efetiva instalação.
Na Vara da Família e das Sucessões de Assis, assim que é distribuída uma ação de
Divórcio, Reconhecimento e Dissolução de sociedade de fato, alteração de guarda,
mudança do regime de convivência, entre outras demandas, e que percebemos que
existe conflito entre os envolvidos e com filhos menores, nós inicialmente enca‑
minhamos as partes e seus filhos para a Oficina de Pais e Filhos, já também com
intimação da audiência de tentativa de conciliação, previamente designada pelo
CEJUSC, para, no máximo, dez dias. Somente se nessa audiência não houver acordo,
inicia‑se o prazo para apresentação da contestação, com posterior encaminhamen‑
to dos autos ao Setor Técnico, para agendamento de entrevista, prosseguindo‑se a
instrução.
213
participante tenha necessidade de ser inserido no mercado de trabalho, com busca
de emprego ou curso profissionalizante.
As salas das crianças são enfeitadas com temas infantis, balões, jogos, brinquedos
pedagógicos. Há um intervalo, em que servimos a elas pipoca, refrigerante, água e
doces.
Diante dos resultados positivos obtidos, nossa ideia para esse ano é realizar novas
parcerias, para formação de novos instrutores e outra equipe, com o objetivo de
atingir também pessoas que ainda não ingressaram com ação.
Sinto‑me, assim, privilegiada e satisfeita por ter instalado a Oficina de Pais e Filhos
em Assis, como forma de colaboração com a harmonização das relações familiares e
porque demonstra a importância da reunião de forças e esforços na contribuição da
Justiça, buscando‑se atingir o verdadeiro escopo do Poder Judiciário, que é a pacifi‑
cação da social, com dignidade.
214
2.4 S
ão Paulo – Ipeúna – Oficina do Casamento – Adriana Rolim Ragazzini
Antes de assumir a Serventia para a qual fui delegada, trabalhei um tempo com me‑
diação, conciliação e arbitragem na cidade de Sorocaba, onde chegamos a montar
uma Câmara de Mediação e Arbitragem.
O que pude observar foi que as pessoas têm grandes dificuldades em comunicar-se,
não aprendemos a nos comunicar, falar aquilo que queremos, e que muitas vezes,
nem sabemos o que queremos.
A grande maioria das pessoas são treinadas a ter grande expectativas em relação ao
casamento, expectativas veladas, muitas vezes de fundo inconsciente e irracional,
permeiam a forma com que cada um se relaciona com o outro, moldando as percep‑
ções do que acontece na relação. Assim, muitas vezes sem perceber, um dos parcei‑
ros passa a esperar que o outro supra toda a sua necessidade de atenção, carinho e
reconhecimento de que necessita, gerando uma grande armadilha. É uma armadilha
comum, pois no inicio de um relacionamento o outro realmente consegue suprir,
mas com o tempo isso se torna um fardo pesado demais para os ombros de qualquer
um e a aquilo que encantava, sufoca; aquilo que nutria, passa a sugar e a relação
entra numa crise silenciosa, progressiva e muitas vezes letal.
Por isso, quando assumi a delegação como Oficiala de Registro Civil, senti a neces‑
sidade de fazer algo, pelo menos esclarecer os nubentes dessas expectativas, já é um
começo.
Quando tomei conhecimento do trabalho feito pela Dra. Vanessa Aurifero da Rocha,
decidi me juntar e trazer a Oficina de pais e filhos para o casamento, que é onde tudo
começa.
215
Com esses conceitos em mente, o participante está pronto para trabalhar a comuni‑
cação empática, ou seja, desenvolver a relação mútua de confiança e compreensão
entre duas pessoas.
Seguimos explicando que mesmo assim, conflitos surgirão, e que são saudáveis, se
resolvidos de uma forma inteligente e saudável. Para isso explicamos algumas téc‑
nicas simples para aplicarem no dia a dia.
Para finalizar trabalhamos a autoestima de cada participante, chave para que tudo
isso funcione. Mesmo porque, se cada um não aprender a se aceitar e gostar de si
mesmo, não existe como compreender e gostar do outro.
5 chave -autoestima.
216
2.5 Minas Gerais – Uberaba – Promotora de Justiça Miralda Dias Dourado de Lavor
As oficinas têm ocorrido, desde então, uma vez ao mês, com exceção de janeiro. Em
Uberaba existem três Varas de Família, sendo que cada juiz convida dez famílias por
mês, gerando um total mensal de 30 famílias. Os convites são expedidos a partir do
despacho inicial ou em qualquer fase processual. Muitos são entregues em audiên‑
cia, diante dos conflitos percebidos pelos juízes e promotores ou por sugestão da
equipe psicossocial.
Para a primeira oficina o Juiz Diretor do Foro de Uberaba autorizou fotocópias das
cartilhas de instrutores, pais e adolescentes. A partir da segunda oficina as cartilhas
estão sendo fotocopiadas pela UFTM. Entretanto, o Funemp (Fundo Especial do
Ministério Público do Estado de Minas Gerais) autorizou a impressão gráfica das
217
Cartilhas de Pais, de Adolescentes e do Gibi. O procedimento de licitação iniciou‑se
e há probabilidade de impressão de cerca de 13 mil cartilhas no total. Com isso,
garante‑se a distribuição do material às famílias convidadas por mais de um ano.
Já foram convidadas mais de 200 famílias, embora nem todas tenham comparecido.
A adesão de todos os convidados ainda é um desafio que vem sendo enfrentado com
divulgação de resultados e conscientização de advogados, para isso, conta‑se com o
apoio da OAB. Os contatos posteriores com participantes revelaram os benefícios
que as oficinas trouxeram para inúmeras famílias. Obviamente, não se pode “tocar”
todos ou resolver os conflitos como num passe de mágica. Mas, o retorno dos par‑
ticipantes contatados demonstra muitos ganhos nas relações pais e filhos. Note‑se
que, 74% dos entrevistados perceberam mudanças nas vidas após sua participação
nas oficinas; 95% relataram que estas ajudaram a refletir sobre a forma de agir com
os filhos e 82% recordam‑se dos prejuízos causados pela alienação parental.
Digna de elogios e encômios é a equipe que elaborou todo o material didático para
a execução das oficinas, especialmente a Doutora Vanessa Aufiero da Rocha, por
sua dedicação incansável e paciência com todos os que solicitam seu auxílio para
implantação do projeto.
218
3. ARTIGO “Oficinas de Parentalidade e Divórcio: como a nova política pública
de prevenção e resolução de conflitos familiares, a educação parental,
pode contribuir para a humanização da Justiça da Família e a estabilização
e a pacificação das relações familiares
RESUMO
Fruto de uma postura reflexiva sobre o papel do Poder Judiciário como protagonista
da cultura de paz, e dentro de uma política pública de tratamento adequado dos con‑
flitos, a Oficina da Parentalidade e do Divórcio surge como novo instrumento de har‑
monização e estabilização das relações familiares, oferecendo um espaço de reflexão e
ressignificações para os protagonistas dos conflitos familiares a respeito da importância
do exercício de uma parentalidade responsável e colaborativa para o saudável desen‑
volvimento emocional dos filhos, especialmente na fase de transição familiar motiva‑
da pela ruptura do relacionamento dos pais, e estimulando‑os a restabelecerem uma
convivência dialógica, cordial e respeitosa, e a resolverem seus conflitos pacificamente.
INTRODUÇÃO
219
Eu sei que vou te amar
(Vinicius de Moraes)
Muitas pessoas ainda acreditam no sonho do amor eterno. Elas acreditam que seus
relacionamentos amorosos perdurarão para sempre, deixando‑se embalar pelos ver‑
sos de Vinicius de Moraes.
A realidade tem nos mostrado que nesses tempos de amor líquido e substituição dos
relacionamentos por conexões passageiras,33 esta chama tem se apagado com muita
frequência.34
33 BAUMAN, Zygmunt. Amor líquido: sobre a fragilidade dos laços humanos. Trad. de Carlos Alberto Medeiros. Rio de Janeiro: Jorge Zahar,
2004. p. 10/12.
34 Pesquisas do IBGE revelam que o divórcio tem se tornado cada vez mais comum em nossa sociedade, sendo registrados, em 2011, 351.153
divórcios (fonte: http://g1.globo.com/brasil/noticia/2012/12/brasil‑tem‑taxa‑de‑divorcios‑recorde‑em‑2011‑diz‑ibge.html).
220
Mas embora comum, o divórcio ainda é um evento no ciclo vital que causa muito
impacto na vida das pessoas. E não somente na vida das pessoas que decidem se di‑
vorciar, mas, também, na vida de outras pessoas que não participaram de tal decisão
e que, entretanto, são inexoravelmente por ela afetadas, os filhos!
A respeito dos efeitos do divórcio dos pais para os filhos, durante muito tempo se
sustentou o paradigma do trauma, no sentido de que todo divórcio causava efeitos
deletérios severos e duradouros para os filhos.35
Com o decorrer dos anos e a realização de novos estudos empíricos desse fenômeno
cada vez mais comum na vida da sociedade, indicando que apenas um quarto ou um
terço dos filhos do divórcio apresentam distúrbios duradouros, construiu‑se o para‑
digma da resiliência, no sentido de que os filhos podem ser resilientes ao divórcio
dos pais, adaptando‑se à nova fase de suas vidas sem traumas, se presentes alguns
fatores importantes, como a qualidade do relacionamento dos filhos com ambos os
genitores após o divórcio e a qualidade do relacionamento entre os genitores.36
Pesquisas revelam que o que causa trauma aos filhos não é necessariamente o divór‑
cio, mas, sim, alguns fatores que comumente a ele estão relacionados, como dificul‑
dades financeiras decorrentes da redução do padrão de vida que a separação acarreta;
a redução drástica do convívio dos filhos com um dos genitores após o divórcio; e os
conflitos intensos e prolongados dos genitores (KELLY37; KELLY & EMERY38; SAND‑
LER, WOLCHIK, MACKINNON, AYERS & ROOSA39).
Nesse mesmo sentido, pesquisas revelam que os filhos de pais ainda casados e em
constante conflito sofrem mais do que os filhos de pais divorciados e não mais envol‑
vidos em conflitos intensos e prolongados (HETHERINGTON e STANLEY‑HAGAN)40,
o que indica que o grande vilão da história não é o divórcio, mas a abordagem des‑
trutiva dos conflitos pelos genitores.
As pesquisas também revelam que esses conflitos intensos e mal administrados dos
pais são nocivos aos filhos, podendo acarretar‑lhes sérias consequências, como difi‑
culdade em conviver com outras pessoas; aumento no comportamento agressivo em
casa e na escola; dificuldade em aceitar o “não”; dificuldade para dormir, pesadelos
221
frequentes, sono inquieto; falta de apetite; dificuldade em seguir ordens de profes‑
sores e outras figuras de autoridade; redução da autoestima e da autoconfiança; sen‑
timento de culpa e de impotência; sintomas físicos como dores de cabeça, dores de
estômago, câimbras nas pernas ou ataques de asma; regressão para etapas anteriores
no seu processo de desenvolvimento; insegurança sobre qual lado eles devem tomar;
solidão; medo; muita tristeza e sofrimento; raiva consciente e intensa; depressão;
ansiedade; medo de serem rejeitados ou abandonados; comportamentos de risco e
delinquência (HETHERINGTON).41
Mas embora o relacionamento harmônico dos pais seja tão importante para que
os filhos sejam resilientes ao divórcio, consigam se ajustar a essa nova fase de suas
vidas e desenvolver‑se emocionalmente saudáveis, a experiência nas Varas de Famí‑
lia indica que muitos pais e muitas mães, embora desejem o melhor para os filhos,
acabam abordando os seus conflitos de uma forma hostil e destrutiva, prejudicando
aqueles que deveriam proteger: seus próprios filhos. E estes, inocentes e vulneráveis,
são arrastados para o meio do conflito dos pais, presenciando brigas e discussões e
sendo por eles usados como mensageiros, espiões e meros instrumentos de vingança.
Eles são coisificados pelos próprios pais e desconsiderados como sujeitos de direito.
E esses genitores, que tanto amam seus filhos e desejam o melhor para eles, acabam
agindo desta forma, porque não conseguem elaborar as dores do divórcio psicológi‑
co e acabam transferindo para a relação parental todos os sentimentos de frustração,
raiva, decepção, mágoa que experimentaram durante e após a relação conjugal, que
não foi apta a satisfazer suas necessidades. E guiados por tais sentimentos, eles não
conseguem perceber que a parentalidade e a conjugalidade não se confundem, e que
aquela não termina ou diminui após a ruptura desta.
Eles também vivem em uma sociedade imersa na cultura do litígio, ou, como susten‑
ta Humberto Maturana, na cultura patriarcal,42 que valoriza a guerra, a competição,
a luta, as hierarquias, a autoridade, o poder, a justificação racional do controle e da
dominação dos outros por meio da apropriação da verdade, e, portanto, veem a bri‑
ga como uma forma comum e aceitável de resolução de conflitos.
Muitos desconhecem os efeitos negativos de seus conflitos intensos para seus filhos,
ou, embora desconfiem desses efeitos, não conseguem mudar seu comportamento
porque nunca receberam as ferramentas e os instrumentos adequados e necessários
para tanto. E acabam aceitando os limites de seu próprio campo de visão como os
limites do mundo.43
222
Assim, pais e mães acabam reproduzindo, no cenário judicial, os horrores vivencia‑
dos fora dele, competindo incessantemente para obterem a morte judicial do adver‑
sário, sendo muito comum usarem os próprios filhos para atingirem tal propósito,
em um sistema judicial que acolhe o litígio como forma legítima de se relacionar.
3. A
DECISÃO JUDICIAL E OS CONFLITOS FAMILIARES
Nas sensíveis questões familiares, o papel tradicional do juiz, que é decidir o caso de
acordo com o ordenamento jurídico vigente, parece não ser o mais adequado para a
solução dos conflitos, já que a decisão judicial, cujo aspecto estático não acompanha
a natural evolução do conflito humano familiar,44 resolve o litígio, mas não neces‑
sariamente o conflito subjacente, que muitas vezes sobrevive a ela, redundando no
ajuizamento de novas ações.
Não se contentando com a única missão de julgar e aplicar a lei, o Poder Judiciário
vive um momento histórico único de redimensionamento e humanização, visando
a concretizar a sua missão de viabilizar e pacificar a convivência humana.
44 O litígio tratado pelo juiz é a tradução jurídica de uma fotografia de uma situação em um dado momento e não reflete o dinamismo
do conflito, conforme sustenta Béatrice Blohorn‑Brenneur: “The static aspect of the judgment moves away from the evolving aspect of
human conflict. The litigation dealt with by the judge is the juridical translation of a photograph of a situation at a given moment. In this
binary system which creates a winner and a loser, the parties will compete to obtain the judicial death of the adversary. How is it possible
to integrate dynamism to transform the static aspect of the judgment?” (Blohorn‑Brenneur, Béatrice. When mediation transforms judges
and justice. Disponível em: <http://www.gemme.eu/en/article/when‑mediation‑transforms‑judges‑and‑justice‑by‑bbrenneur>. Acesso
em: 10 set. 2014).
45 Como adverte Cintia Gonçalves Costi, a frustração com a própria falta de habilidade para ajudar os litigantes é um dos fatores causadores
de estresse nos magistrados. COSTI, Cintia Gonçalves. A saúde do magistrado: um breve levantamento bibliográfico. Revista da EMESC/
Escola Superior da Magistratura do Estado de Santa Catarina, volume 1, n. 1, ago. 1995. Florianópolis, SC: ESMESC, 1995, p. 213.
223
E nessa era pós‑moderna, marcada por tantas mudanças paradigmáticas na forma
de se pensar, o juiz, também suscetível a tais mudanças, procura cada vez mais des‑
vencilhar‑se do papel de técnico adstrito exclusivamente aos dispositivos legais, tor‑
nando‑se, nas palavras de Silvio de Salvo Venosa,46 um “ser humano de seu tempo”:
...cabe ao operador do Direito, na contemporaneidade, ser um “ser humano
do seu tempo”. De nada adianta a lei apontar para a função social do con‑
trato, se o advogado ou juiz é pessoa acomodada, inculta, que não conhece
a sociedade que o rodeia, sua história, suas dificuldades, seus anseios. Cada
vez mais se exige que o profissional do Direito seja pessoa antenada com a
realidade social, mundano, no primeiro sentido semântico do termo, ou seja,
um homem ou uma mulher do mundo.
Para o Ministro, neste século XXI, que considera “o século do Poder Judiciário”, é
preciso que o magistrado busque outras formas para a solução dos conflitos sociais:
Para que nós possamos dar conta desse novo anseio por Justiça, dessa bus‑
ca pelos direitos fundamentais, é preciso mudar a cultura da magistratura,
mudar a cultura dos bacharéis em Direito, parar com essa mentalidade, essa
ideia de que todos os conflitos e problemas sociais serão resolvidos mediante
o ajuizamento de um processo. Nós precisamos buscar meios alternativos
de solução de controvérsias. Nós precisamos buscar não apenas resolver as
questões litigiosas que se multiplicam na sociedade por meio de uma decisão
judicial, mas sim buscar formas alternativas, devolvendo para a própria socie‑
dade a solução de seus problemas”.48
46 VENOSA, Silvio de Salvo Venosa. Aplicação do direito: perfil dos novos aplicadores; em especial, o direito de família. In: PEREIRA, Rodrigo
da Cunha (Org.) Família e solidariedade. Rio de Janeiro: IBDFAM – Lumen Juris, 2008. p.426.
47 Entrevista disponível em <http://www.cnj.jus.br/index.php?option=com_content&view=article&id=29380:o‑seculo‑xxi‑marca‑a‑era‑dos
‑direitos‑e‑do‑poder‑judiciario‑afirma‑ricardo‑lewandowski&catid=223:cnj&Itemid=4640>. Acesso em: 15 ago. 2014.
48 Idem
49 Entrevista disponível em <http://stj.jus.br/portal_stj/publicacao/engine.wsp?tmp.area=398&tmp.texto=103403>. Acesso em: 8 jun. 2014.
224
Na sábia fala do Presidente do Tribunal de Justiça de São Paulo, José Renato Nalini,
“O juiz que apenas sabe direito é um ser incompleto e, sobretudo, infeliz... Mais
relevante do que dominar a ciência jurídica é tentar penetrar na alma humana”.50
Esse compromisso com a pacificação social torna o Poder Judiciário um dos prota‑
gonistas da cultura de paz e corresponsável pela transformação da cultura do litígio,
pautada em desconfiança e competição, em uma cultura de alteridade, diálogo e
responsabilidade partilhada.
No âmbito da Justiça de Família essa reflexão é ainda mais imperiosa dada a insufi‑
ciência do meio tradicional de resolução de conflitos para a pacificação e a estabili‑
zação das relações familiares, notadamente diante dos fortes sentimentos e emoções
experimentados pelo ex‑casal conjugal e que muitas vezes motivam suas posturas
adversariais e beligerantes.
50 O Presidente do Tribunal de Justiça de São Paulo, José Renato Nalini, fala sobre os predicados que o juiz deve ter, na entrevista intitulada
“A urgência da reflexão ética responsável para as novas gerações”. Disponível em <www.stj.jus.br/publicacoseriada/index.php/boleti‑
mdaenfam/article/viewfile/1567/1562>. Acesso em: 5 maio 2014
51 Essa nova visão de paz, dentro do contexto da cultura de paz, que demanda a presença de justiça social e uma adesão profunda de cada
ser humano aos princípios de liberdade, justiça, igualdade e solidariedade entre todos os seres, é muito bem explicada pelo Professor
Jean‑Paul Lederach39: “Para que haja paz não basta a ausência de violência, é necessária a presença de uma interação e inter‑relação
positiva e dinâmica: o apoio mútuo, a confiança, a reciprocidade e a cooperação”. DISKIN, Lia. Vamos Ubuntar? Um convite para cultivar a
paz; coleção abrindo espaços: educação e cultura para a paz. 2008. UNESCO Office Brasil; Fundação Vale (Brasil); Palas Athena Association
(Brasil).
225
5. A GESTÃO ADEQUADA DOS CONFLITOS FAMILIARES E A INTERDISCIPLI‑
NARIDADE
É necessário valer‑se de outros meios para a gestão dos conflitos familiares, dentro
de uma política pública de tratamento adequado dos conflitos, que visa a garantir
o princípio constitucional de acesso à justiça, inscrito no inciso XXXV, do artigo 5º
da Constituição Federal.
Para que o juiz gerencie adequadamente os conflitos familiares, é necessário que ele
vá além do julgamento legal e incentive processos e mecanismos que restaurem a
paz e preservem as relações futuras das partes, o que inclui buscar “o intercâmbio
científico e operacional entre os agentes encarregados de iluminar conflitos huma‑
nos no agrupamento em fase ou em risco de ruína, para solução do emocional e do
jurídico, objetivando o reequilíbrio das relações e o restauro da paz dentro da célula
familiar que é a base da sociedade” (CEZAR‑FERREIRA).52
Como o domínio do Direito, por si só, não torna o juiz apto a desenvolver a sua fun‑
ção de pacificador e protagonista da cultura de paz, para que ele exerça adequada‑
mente tal função, sobretudo nas relações familiares, a conversa com outros saberes
é imprescindível, como alerta a Ministra Nancy Andrighi: “O intercâmbio da Psico‑
logia com o Direito, em síntese, permite que, ao finalmente levar em consideração
o emocional em simetria com o racional, sem jamais prescindir dos valores da alma,
o jurídico encontre o caminho natural e lógico da Justiça.”54
E nesse intercâmbio do Direito com o Serviço Social e a Psicologia, surge uma me‑
todologia inovadora, que otimiza o papel do Poder Judiciário de protagonista da
cultura de paz, promove a tão desejada estabilização e pacificação das relações fa‑
miliares, assentadas no apoio mútuo, na confiança, no respeito, na reciprocidade e
na cooperação, e transforma o litígio em uma oportunidade única de crescimento e
amadurecimento para as partes: a Educação Parental.
52 CEZAR‑FERREIRA, Verônica A. da Motta. Família, separação e mediação: uma visão psicojurídica. 3. ed. Rio de Janeiro: Forense; São Paulo:
Método, 2011. p. 48.
53 BARBOSA, Luciana de Paula Gonçalves; CASTRO, Beatriz Chaves Ros. Alienação parental: um retrato dos processos e das famílias em
situação de litígio. Brasília: Liber Livro, 2013. p. 66.
54 CEZAR‑FERREIRA, Verônica A. da Motta, ob. cit., p. 16.
226
6. A EDUCAÇÃO E O PODER JUDICIÁRIO
Como um dos protagonistas da cultura de paz, o Poder Judiciário do século XXI deve
ter coragem de romper padrões e desenvolver formas criativas para lidar com as situa‑
ções conflituosas inerentes à convivência em sociedade e promover a pacificação social.
Uma dessas formas pode ser valer‑se de sua função pedagógica e educativa para
viabilizar a transformação qualitativa da sociedade e instrumentalizá‑la para uma
convivência mais dialógica e harmoniosa.
Destarte, uma educação que transforme os cidadãos, tornando‑os sensíveis aos outros,
e que imponha um senso de responsabilidade com respeito aos direitos e liberdades, ca‑
paz de resgatar a humanidade das pessoas55, é o componente crucial da cultura de paz.
55 Emanuel Kant fala sobre esse poder da educação de resgatar tal humanidade nas pessoas: “O homem só se torna homem pela educação”.
56 MARILLAC, Luísa de. O direito entre togas, capas e anéis. Porto Alegre: Nuria Fabris, 2009. p. 132, in SPLENGER, Fabiana Marion; SPLENGER
NETO, Theobaldo. A crise das jurisdições brasileiras e italianas e a mediação como alternativa democrática da resolução de conflitos. In:
SPLENGER, Fabiana Marion; SPENGLER NETO, Theobaldo (Orgs.) Mediação enquanto política pública [recurso eletrônico]: o conflito, a
crise da jurisdição e as práticas mediativas. 1.ed. Santa Cruz do Sul: EDUNISC, 2012.
227
André Felipe Veras de Oliveira,57 por sua vez, também defende essa função pedagó‑
gica do Poder Judiciário:
A democracia, reconquistada no País faz duas décadas, exige de todos nós,
operadores do Direito, diuturna difusão social da educação jurídica e da in‑
formação, para que as iniquidades possam, cada vez mais, sucumbir a uma
ordem jurídica justa a que todos tenham acesso. O juiz, a quem incumbe
ministrar justiça, tem papel fundamental nesse processo pedagógico, pois
dele são as decisões que irão repercutir in loco, na sociedade. E se o que se
busca é um afetivo acesso efetivo acesso à justiça, é também preciso que a
intervenção judiciária preserve, tanto quanto possível, a integridade da di‑
mensão participativa do jurisdicionado, de modo dessa forma demonstre ser
ele diretamente responsável pelo resultado que vier a alcançar a partir da
deflagração do processo.
O Poder Judiciário pode se valer de sua função pedagógica para criar um espaço pro‑
pício ao diálogo, à compreensão, ao respeito às estruturas de pensamento diversas e
à solidariedade, especialmente nas delicadas causas judiciais de família, baseadas em
conflitos emocionais, em que o acordo dos pais mostra‑se a melhor solução possível,
mas, como destaca Veronica A. da Motta, depende muitas vezes de um preparo deles:
Para a realização do acordo, no entanto, o casal deveria ser preparado, partici‑
pando de alguma prática indicada por especialista, desde que possibilitadora
de ressignificações. Essa prática poderia ser uma media ção psicojurídica, uma
intervenção focada na relação entre pais e filhos ou outra da mesma natureza.
A busca de auxílio deveria ser feita antes da separação consensual; se não por
iniciativa do casal, por indicação do advogado. Uma perícia relacional tam‑
bém poderia contribuir para o conjunto das provas.58
Por meio da educação parental, o Poder Judiciário pode exercer sua função pedagó‑
gica e gerir mais adequadamente os conflitos familiares, promovendo a conscien‑
tização dos pais a respeito da importância do exercício de uma parentalidade coo‑
perativa, responsável e saudável para o desenvolvimento emocional de seus filhos,
especialmente na fase de ruptura do relacionamento conjugal, e preparando‑os para
a construção de um acordo que satisfaça as necessidades de todos.
Muitos países já adotam a educação parental para a prevenção e a resolução dos con‑
flitos familiares, como Estados Unidos, Austrália, Nova Zelândia, Canadá e Inglaterra,
encaminhando os pais que apresentam algum conflito jurídico relacionado ao exer‑
cício da parentalidade dissociada da conjugalidade para as Oficinas de Parentalidade.
57 OLIVEIRA, André Felipe Veras. A função pedagógica do Juiz como fator de colaboração para o acesso à Justiça. Disponível em: <www.
emerj.tjrj.jus.br/revistaemerj_online/edicoes/.../revista27_254.pdf>. Acesso em: 10 jun. 2014.
58 CEZAR‑FERREIRA, Verônica A. da Motta, ob. cit., p. 129.
228
enfrentam, a ruptura de seu relacionamento pode ser menos traumática para eles e
para os respectivos filhos.59
Nessas Oficinas, os pais recebem orientações a respeito dos efeitos negativos que
seus conflitos geram para os filhos, das boas práticas parentais e de algumas ques‑
tões legais relevantes, como guarda, direito de convivência, alimentos, etc., com o
propósito de proteger os filhos dos efeitos tóxicos e nocivos dos conflitos intensos e
contínuos dos pais e fortalecer os relacionamentos entre eles.
59 POLLET, Susan L.; LOMBREGLIA, Melissa. A Nationwide Survey of Mandatory Parent Education. Family Court Review, April 2008, Volume
46, Number 2, p. 375.
60 FRAZEE, Evelyn and POLLET L. Susan. The NY State Parent Education and Awareness Program. The New York State Bar Association Journal,
July/August 2008.
61 FRAZEE, Evelyn and POLLET L. Susan. Ob. cit.
62 POLLET, Susan L. and LOMBREGLIA, Melissa. Ob. Cit.
229
costumava fazer anteriormente. Assim nasceu a primeira Oficina de Prevenção de
Alienação Parental em nosso país, com o propósito de explicar os princípios básicos
do Direito de Família e os valores a serem observados por pais e mães separados
sobre a paternagem e a maternagem, sempre valorizando o direito dos filhos de con‑
viverem com ambos os genitores.63
63 Informações prestadas pela Dra. Raquel Santos Pereira Chrispino à autora durante o I Encontro Estadual de Mediação do Rio de Janeiro,
promovido em Friburgo, em setembro de 2014.
64 Informações colhidas pela extinta Coordenadoria da Família e Sucessões do Tribunal de Justiça de São Paulo em julho de 2014.
65 Informações prestadas durante e após os cursos de capacitação de instrutores das Oficinas de Parentalidade e Divórcio promovidos em
Brasília, em 2013 e 2014, pelos alunos.
230
9.1. CONCEITO
A Oficina não é terapia nem a substitui nos casos indicados. É um programa edu‑
cacional, que oferece informações baseadas em pesquisas científicas a respeito da
importância do exercício de uma parentalidade responsável e do convívio qualitati‑
vo dos filhos com ambos os genitores para o saudável desenvolvimento emocional
deles, sobretudo nos casos de reorganização familiar, visando a estimular a trans‑
formação pessoal e o desenvolvimento de novas formas de convivência entre os
integrantes de uma família, pautadas não na competição e na desconfiança, mas na
responsabilidade partilhada e no diálogo constante e saudável.
9.2. PÚBLICO‑ALVO
231
espaço tranquilo de reflexões e ressignificações, livre de tensões, e, ainda, para que a
presença do ex não iniba o outro durante os momentos de interação da Oficina, em
9.3. METODOLOGIA
Com uma visão mais humanística e procurando atender as famílias de forma mais
sistêmica, global, integral, que não se esgota apenas no racional, mas que engloba o
emocional, a Oficina reconhece e valoriza as emoções de seus participantes, procu‑
rando despertá‑las com os vídeos exibidos e, em seguida, convida‑os à reflexão sobre
suas condutas e fornece‑lhes estratégias para a obtenção de resultados mais eficientes
e saudáveis no exercício da parentalidade.
Durante a Oficina também são realizados alguns breves momentos de interação, nos
quais as pessoas são convidadas a falar e a refletir sobre seus sentimentos, suas expe‑
riências sobre determinadas questões relacionadas ao término do relacionamento e
sobre as novas habilidades aprendidas no encontro.
66 Conforme ensina a Neurociência, a emoção interfere no processo de retenção de informação. É por isso que embora a Oficina tenha
duração relativamente curta, ao transmitir as informações com emoção, ela consegue convidar as pessoas a repensarem e a transformarem
suas atitudes.
67 “Toda dor pode ser suportada se sobre ela puder ser contada uma história.” (Hannah Arendt)
232
conflito – conduz os interessados a reenquadrar situações, mudar percepções, colo‑
car‑se nos sapatos do outro, ver as razões que o outro tem para adotar determinadas
atitudes, enfim, desenvolver empatia e alteridade.
9.4. CONTEÚDO
A Oficina dos Pais visa a criar um espaço seguro e confiável para a compreensão da
diferença entre conjugalidade e parentalidade, mostrando que a parentalidade deve
desvincular‑se da noção de família conjugal e aproximar‑se da concepção de família
como grupo de afeto e solidariedade,68 que a extinção do sistema conjugal não deve
implicar a extinção do sistema parental, que para o bem‑estar dos filhos a relação
parental não deve ser intoxicada por toda frustração, mágoa, decepção, raiva, tris‑
teza e tantos outros sentimentos experimentados durante a conjugalidade, que “as
dificuldades inerentes à relação amorosa (a seu fim ou à impossibilidade de seu esta‑
belecimento) não podem impedir que o pai e a mãe percam totalmente a capacidade
de falarem respeitosamente entre si, devendo manter a habilidade de, pelo menos,
conversarem um com outro sobre a criança”,69 e ao mostrar aos filhos, por meio
de suas condutas, que ambos os pais são capazes de atendê‑los e estão dispostos a
fazê‑lo, transmitem‑lhes a confiança de serem amados e protegidos.70
A Oficina também transmite aos pais a informação de que para ajudar os filhos
a superarem as dificuldades inerentes à extinção da conjugalidade, cada um deles
deve cuidar de si próprio e ser um modelo de comportamento para eles. Os pais
68 BRUNO, Denise Duarte. A guarda compartilhada na prática e as responsabilidades dos pais. In Congresso Brasileiro de Direito de Família
(7: 2009: Belo Horizonte/MG). Família e Responsabilidade: Teoria e Prática do Direito de Família. Coordenador por Rodrigo da Cunha
Pereira. Porto Alegre: Magister/IBDFAM, 2010. p. 230.
69 BRUNO, Denise Duarte. Ob. cit., p. 227.
70 BRUNO, Denise Duarte. Ob. cit., p. 228.
71 SOBOLEWSKI, J. M. King V. The importance of the coparental relationship for nonresident fathers’ ties to children. Journal of Marriage
and Family, vol. 67, p. 1196‑1212, 2005.
72 WHITESIDE, M.F. The parental alliance following divorce: An overview. Journal of Marital and Family Therapy, vol. 24, p. 3‑24, 1998.
73 Para Albert Bandura, “a maior parte do comportamento humano é aprendida por imitação”.
233
que cuidam de suas próprias necessidades, de forma geral, têm mais condições de
ajudar seus filhos e de tomar as decisões mais adequadas durante suas vidas. E os
pais podem cuidar de si próprios garantindo a sua segurança, protegendo‑se de qual‑
quer ameaça física, emocional e psíquica; permitindo‑se um tempo para superar o
divórcio e reconstruir a sua vida; refletir sobre o passado para ter um futuro melhor;
prestando atenção nas mudanças do orçamento familiar, já que as mudanças oriun‑
das do divórcio tendem a ensejar uma queda no padrão de vida; diferenciando a
relação conjugal da relação parental, não permitindo que os seus sentimentos sobre
o ex atrapalhem o relacionamento deste com os filhos; focando em suas próprias
qualidades para poderem ajudar seu filho; cuidando da saúde física e mental, dor‑
mindo bem, fazendo exercícios físicos, fazendo refeições saudáveis, afastando‑se dos
vícios, valendo‑se de formas saudáveis para reduzir o estresse, continuando a rir,
recuperando‑se antes de entrar em um novo relacionamento e procurando alguma
forma de equilíbrio.
A Oficina almeja transmitir aos pais importantes ensinamentos para que reflitam so‑
bre seus comportamentos, mudem as atitudes que se mostrarem nocivas aos filhos,
adotem um comportamento mais colaborativo para enfrentar as relações litigiosas,
sem violência, e empoderá‑los para que realizem, por si mesmos, as mudanças e ações
que os levam a evoluir e a se fortalecer, valendo‑se inclusive de técnicas mais eficien‑
tes e respeitosas de comunicação e protagonizando a solução dos próprios conflitos.
234
divórcio sentem‑se abandonados por aquele pai ou aquela mãe. Eles geralmente so‑
frem problemas de autoestima e passam a se ver como não amados. Portanto, para o
desenvolvimento de qualquer criança ou adolescente, o ideal é que tanto o pai como
a mãe estejam presentes em sua vida e participem efetivamente de sua educação.
A Oficina visa a transmitir aos pares parentais a ideia de que eles podem interagir e
resolver seus conflitos com dignidade e respeito, por meio de relações dialógicas e
justas, de forma a inviabilizar a sua escalada e a eclosão de violência. E no caso de
eventual persistência desses conflitos, eles podem escolher conscientemente o méto‑
do mais adequado de resolução de conflitos. Neste aspecto, a Oficina visa a priorizar
o princípio de que o processo é um lugar de busca de soluções imparciais, e não de
busca de ganhar ou perder, e também a demonstrar os danos emocionais decorren‑
tes do processo litigioso em comparação aos métodos consensuais de resolução de
conflitos como a conciliação e a mediação.
A Oficina dos Filhos visa a construir um espaço seguro para que os filhos expressem
seus sentimentos sobre o divórcio dos pais e as dificuldades inerentes a essa fase de
vida, e, ainda, a fornecer‑lhes estratégias para lidar com tais dificuldades.
Procura‑se transmitir aos filhos um senso de estabilidade nessa fase de tantas instabili‑
dades, mostrando‑lhes que a despeito das mudanças, algumas coisas não vão mudar em
suas vidas, como, por exemplo, seus pais ainda são e sempre serão os seus pais; os filhos
podem amar igualmente o pai e a mãe; os filhos continuam sendo as pessoas especiais e
únicas que sempre foram; os pais continuam sendo as pessoas que sempre foram.
235
Procura‑se transmitir aos filhos algumas estratégias para eles se sentirem melhor nes‑
ta fase de vida, como conversar ou escrever sobre seus sentimentos, fazer exercícios
físicos, exercitar sua criatividade, escutar suas músicas favoritas e pensar positivo.
Também são transmitidas aos filhos algumas estratégias importantes para liber‑
tarem‑se do conflito dos pais, como, por exemplo, dizendo‑lhes como se sentem
quando são utilizados como informantes para dizer a um dos genitores sobre a vida
pessoal do outro, quando ouvem afirmações negativas de um genitor sobre o outro,
quando são obrigados a tomar partido ou a escolher apenas um dos genitores para
continuar amando.
Finalmente, os filhos são lembrados, ao término da Oficina, de que eles continuam sen‑
do as pessoas especiais e únicas que sempre foram, que é importante conversarem sobre
as mudanças e os seus sentimentos, que vão superar o divórcio e ficar bem novamente.
O feedback das pessoas que participam da Oficina, obtido pelas fichas de avaliação pre‑
enchidas ao término do programa, das audiências de conciliação ou mediação realizadas
após a Oficina, das manifestações dos advogados no curso do processo, tem sido consis‑
temente positivo, revelando que ela se mostra como importante e eficaz instrumento de
harmonização e estabilização das relações familiares, sobretudo nessa fase tão sensível
de reorganização familiar, acarretando uma maior compreensão dos pais sobre as neces‑
sidades dos filhos; uma redução dos conflitos entre os pais; uma redução da exposição
dos filhos aos conflitos dos pais; uma melhor comunicação entre o par parental; uma
redução da necessidade ou do desejo de litigar e um aumento da cooperação; uma maior
adesão ao processo de mediação e um aumento do índice de acordos.74
Os pais expressam gratidão pelas informações que recebem e pela forma por meio
da qual as recebem. Os comentários geralmente feitos pelos pais que participam da
Oficina incluem:
74 No ano de 2013, na Comarca de São Vicente, 70% das famílias que participaram da Oficina de Parentalidade e Divórcio entabularam
acordo nos respectivos processos, aumentando o índice de acordo na fase processual, que era de aproximadamente 50%.
236
“Eu gostaria de ter participado da Oficina antes que eu pudesse fazer algo
prejudicial para meus filhos....”.
Exemplo desse feedback é a carta escrita voluntariamente por uma participante da Ofici‑
na de Parentalidade e Divórcio promovida no Fórum João Mendes, Capital, São Paulo:
Gostaria de agradecer a todos que fazem parte da oficina de pais e filhos. Pois
a cada palavra dita entendida e sentida, as lágrimas caiam sem conseguir
controlar.
Perceber as atitudes erradas e começar a mudar. Requer passar por esta oficina
para conhecer o quanto prejudicamos nossos filhos.
Fiquei chocada o quanto prejudicamos aqueles que dizemos amar tanto. Mas
a situação é tão delicada para perceber que prejudicamos nossos lhos, agimos
sem perceber, não conhecemos outras formas.
Eu fiquei muito triste comigo, mas não sabia como fazer. É fácil culpar o
outro, mas se perceber, assumir para si mesma que é culpada é dolorido. É
uma dor, mas percebi que posso fazer diferente sem agredir, sem prejudicar.
Obrigada a cada um, pois com vocês aprendi que posso mudar as situações.
Não vou prejudicar a minha filha. A situação é delicada mas dar para passar
por este desafio sem prejudicar nossos filhos e aquele que amamos por certo
tempo (que é o papai).
Todos os pais deveriam passar por esta oficina para aprender a lidar melhor
com nossos filhos, nossos sentimentos.
Hoje percebo, penso e depois falo ou faço. Não é fácil a primeira vez, mas
com treino e dedicação eu consegui.
237
Quando queremos mudar, conhecer, aprender, trocar o velho por novo, re‑
quer disciplina, vontade.
Nos conhecer, nos descobrir, acreditar que somos capazes, é como a imagem
de um peixe no aquário: tem espaço pequeno, mas quando descobre o mar,
se sente livre para conhecer outros caminhos, busca novas experiências, me
respeitar, me aceitar como sou.
Eu quero viver, aprender, melhorar, nadar no mar e você quer ser peixe do
mar ou aquário?
“Parece chato e irrelevante, mas a Oficina é o que você deve fazer, porque
vai te ajudar a perceber que a única coisa que mudou na sua vida depois
disso é que seus pais só se afastaram, que mesmo assim continuarão te
amando, e você consegue entender o que eles estão passando.”
“Isso será para o bem deles, pois já que chegaram a essa decisão, não es‑
tava dando certo os dois ficarem juntos. Mas eles, mesmo que separados,
não vão deixar de te amar e de ser seus pais. Vocês sempre serão uma
família e sempre irão ver um ao outro, pelas visitas.”
“Sempre que meus pais brigarem, vou mandar eles virem na Oficina, por‑
que na Oficina resolve muita coisa sobre familiares. Foi uma coisa muito
boa na minha vida. Eu peço muito obrigado.”
CONSIDERAÇÕES FINAIS
Embora não seja uma solução mágica para todos os problemas familiares, a Oficina
de Parentalidade e Divórcio tem se mostrado como mais um meio à disposição do
Poder Judiciário para o tratamento adequado dos conflitos familiares e a prevenção
de prejuízos emocionais às famílias que enfrentam a ruptura do relacionamento dos
pais, orientando‑as a desconstruírem modelos de comunicação violenta e a desen‑
volverem novas formas de linguagem, mais pacificadoras, produzindo possibilidades
de diálogo, reflexões e revisões de conceitos, pensamentos e posturas, e busca de
75 Mensagens coletadas durante a Oficina de Adolescentes ministrada no CEJUSC de São Vicente, SP, em 2013.
238
soluções possíveis para que as necessidades de todos os integrantes da família sejam
atendidas, especialmente as dos filhos.
A Oficina está afinada com a ética do cuidado. Da mesma forma que o ser humano
precisa cuidar do outro para realizar a sua humanidade, para crescer no sentido ético
do termo, ele também precisa ser cuidado para que possa superar obstáculos e dificul‑
dades da vida humana e atingir sua plenitude.76 A Oficina visa a concretizar essa ética
do cuidado, cuidando dos pais e das mães, por meio da transmissão do conhecimen‑
to – um dos ingredientes essenciais para o cuidado,77 e que “representa uma atitude
de ocupação, preocupação, responsabilização e envolvimento com o outro; entra na
natureza e na constituição do ser humano” (Leonardo Boff)78 – para que eles também
possam cuidar de seus filhos, e, juntos, possam superar obstáculos e dificuldades ine‑
rentes à ruptura conjugal ou à conjugalidade que sequer se estabeleceu.
76 WALDOW, Vera Regina. Cuidar: expressão humanizadora da enfermagem. Petrópolis: Vozes, 2006. p. 10.
77 MAYEROFF, M. On Caring. New York: Harper Perennial, 1990.
78 BOFF, L. Saber cuidar: ética do humano – compaixão pela Terra. Petrópolis: Vozes, 1999.
79 “Todas as relações sociais têm a base no amor. Uma vez ele sedimentado, dá espaço para a construção das mais diversas relações. Há
em cada um de nós uma biologia do amor que pede para ser acionada, que deseja uma condição favorável para emergir e expressar‑se.
Render‑se ou não se render à biologia do amor, pode ser um desafio importante para a condição humana”. (MATURANA, H. Reflexões
sobre o amor. In: MAGRO, C; GRACIANO, M; VAZ, N. (Orgs.). A ontologia da realidade. Belo Horizonte: UFMG, 1997).
239
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