Bioética e Direitos Humanos
Bioética e Direitos Humanos
Bioética e Direitos Humanos
Humanos
Prof.ª Paula Dittrich Correa
Prof.ª Raquel Riffel
2018
Copyright © UNIASSELVI 2018
Elaboração:
Prof.ª Paula Dittrich Correa
Prof.ª Raquel Riffel
174.9574
C824b Correa, Paula Dittrich
Bioética e direitos humanos / Paula Dittrich Correa; Raquel
Riffel. Indaial: UNIASSELVI, 2018.
177 p. : il.
ISBN 978-85-515-0141-2
1.Bioética.
I. Centro Universitário Leonardo Da Vinci.
Apresentação
Para que você, acadêmico, possa ampliar seus conhecimentos, vamos
iniciar nossos estudos sobre Bioética e Direitos Humanos. O conteúdo deste
livro, bem como as orientações, contribuirá positivamente em relação ao
direcionamento do processo ensino e aprendizagem.
III
NOTA
Você já me conhece das outras disciplinas? Não? É calouro? Enfim, tanto para
você que está chegando agora à UNIASSELVI quanto para você que já é veterano, há
novidades em nosso material.
O conteúdo continua na íntegra, mas a estrutura interna foi aperfeiçoada com nova
diagramação no texto, aproveitando ao máximo o espaço da página, o que também
contribui para diminuir a extração de árvores para produção de folhas de papel, por exemplo.
Todos esses ajustes foram pensados a partir de relatos que recebemos nas pesquisas
institucionais sobre os materiais impressos, para que você, nossa maior prioridade, possa
continuar seus estudos com um material de qualidade.
IV
V
VI
Sumário
UNIDADE 1: QUESTÕES DE BIOÉTICA FRENTE AO AVANÇO TECNOLÓGICO............... 1
VII
UNIDADE 2: INTERFACE DOS DIREITOS HUMANOS............................................................... 53
VIII
2 JUSTIÇA SOCIAL............................................................................................................................... 116
2.1 CONCEITO DE JUSTIÇA SOCIAL.............................................................................................. 116
2.2 EVOLUÇÃO HISTÓRICA DO CONCEITO DE JUSTIÇA SOCIAL....................................... 120
2.3 BIOÉTICA E JUSTIÇA SOCIAL .................................................................................................. 123
RESUMO DO TÓPICO 1...................................................................................................................... 126
AUTOATIVIDADE................................................................................................................................ 127
IX
X
UNIDADE 1
OBJETIVOS DE APRENDIZAGEM
A partir desta unidade, você será capaz de:
PLANO DE ESTUDOS
Esta unidade está dividida em três tópicos. Você encontrará atividades que o
ajudarão na compreensão dos conteúdos apresentados e, ao final de cada um
deles, terá atividades que o ajudarão a assimilar os conhecimentos teóricos
adquiridos.
1
2
UNIDADE 1
TÓPICO 1
1 INTRODUÇÃO
Estudaremos, neste tópico, aspectos relacionados à bioética, ética, moral e
como esses assuntos se relacionam no contexto atual da vida do ser humano, bem
como, na atuação e conscientização do profissional diante da sua organização.
2 BIOÉTICA
Os avanços nas ciências biológicas e médicas e os problemas éticos gerados
evidenciaram a necessidade do estabelecimento de limites para a atuação dos
cientistas. Este processo se deu por meio de um estudo ético aplicado às ciências
da vida, conhecida por bioética.
3
UNIDADE 1 | QUESTÕES DE BIOÉTICA FRENTE AO AVANÇO TECNOLÓGICO
2.1 ORIGEM
Acadêmico! Você, certamente, já ouviu falar sobre a origem da vida, sobre
as várias teorias que envolvem esse contexto. E sobre a origem da bioética, você
tem conhecimento?
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TÓPICO 1 | A PESQUISA GENÉTICA INSERIDA NA BIOÉTICA
Prezado acadêmico! Você já deve ter ouvido que toda ação possui uma
reação, não é mesmo? Dessa forma, vamos conhecer um pouco sobre a Declaração
de Nuremberg, aprovada em 1946, que foi criada e aprovada após as atrocidades
de Hitler.
Mas você pensa que essa foi a única declaração que foi criada para preservar a
dignidade da pessoa humana? Não, pois outra declaração apareceu, foi a Declaração
de Helsinki, considerada um documento internacional de grande prestígio para a
regulação da pesquisa em seres humanos, desde o Código de Nuremberg.
Foi a partir dos avanços científicos que a bioética se impôs, como uma
reação imediata, frente aos problemas que surgem, desde as atrocidades nazistas,
até os recentes experimentos em manipulação genética.
2.2 DEFINIÇÃO
Agora que conseguimos compreender a origem da bioética, vamos estudar
a raiz da palavra, ou seja, seu significado.
5
UNIDADE 1 | QUESTÕES DE BIOÉTICA FRENTE AO AVANÇO TECNOLÓGICO
Você sabe quem foi Van Rensselaer Potter? Foi médico e biólogo que
criou o termo bioética, estabelecendo uma ligação entre os valores éticos e os
fatos biológicos. A bioética é considerada, em sua raiz, a ética nas ciências da
vida, da saúde e do meio ambiente, porém implica, obrigatoriamente, diversos
desdobramentos, todos eles imprescindíveis para a compreensão, para a prática e
para a caracterização da bioética. (CAMARGO, 2003).
Você pode questionar, para que saber tudo isso? Quando estudamos
algum assunto, precisamos nos dedicar e mergulhar fundo no conhecimento, para
conseguirmos fazer relação com os demais conteúdos e uni-los, com o objetivo de
nos tornarmos experts na área de conhecimento.
Diniz (2008) acredita que, além desses itens, a bioética também contribui
positivamente para evitar a degradação do meio ambiente, a destruição do
equilíbrio ecológico e do uso de armas químicas.
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TÓPICO 1 | A PESQUISA GENÉTICA INSERIDA NA BIOÉTICA
Então, qual é a relação dessa nova ciência com o homem? Relação sólida
de conduta compatível com a dignidade humana, em busca da moralidade com
o modo de agir das pessoas, nas áreas da ciência da vida, sempre investigando o
que é lícito ou tecnicamente possível.
Portanto, nos tempos atuais, a bioética tem lugar de destaque nos estudos
relacionados à conduta, saúde e vida dos seres humanos, pois trata de abordar
questões relacionadas à deontologia médica e tudo o que está relacionado com a
vida e a saúde.
2.3 PRINCÍPIOS
Você já tentou viver de uma maneira preguiçosa, baseada na mentira,
sendo inútil e medíocre, para perceber quais são as consequências? Se pensarmos
que podemos viver tudo isso ao contrário, ou seja, baseado nas verdades
fundamentais, então encontramos o significado de princípios.
Essa aplicação tem validade universal, pois serve tanto para pessoas,
famílias, organizações públicas e privadas, e o que é muito importante relatar
nesse pensamento é que independe de época ou situação.
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UNIDADE 1 | QUESTÕES DE BIOÉTICA FRENTE AO AVANÇO TECNOLÓGICO
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TÓPICO 1 | A PESQUISA GENÉTICA INSERIDA NA BIOÉTICA
A bioética anda junto com os direitos humanos, “não podendo, por isso,
obstinar-se em não ver as tentativas da biologia molecular ou da biotecnociência
de manterem injustiças contra a pessoa humana, sob a máscara modernizante de
que buscam o processo científico em prol da humanidade” (DINIZ, 2008, p. 19).
4 ÉTICA
Na trajetória do homem, desde a época das cavernas, houve muitas lutas e
conflitos, seja pela caça, pela posição de líder em grupos sociais, ou na criação de
artefatos, equipamentos, repercutindo essa conduta nos dias atuais, pela disputa
de cargos de alta hierarquia nas empresas, ou indústrias, mas visando os bons
costumes, a convivência harmônica entre as pessoas, bem como para a sociedade,
demonstrando o respeito pelos seus pares.
A ética prima por uma conduta correta e digna, visando aos valores
morais perante a sociedade. Você já pensou por que necessitamos estar ao lado da
ética? Você já pensou que na maioria das vezes, agimos de acordo com padrões
impostos pela sociedade, do que é bom e moral? Na verdade, a ética está intrínseca
ao nosso caráter, pois está ligada à maneira digna de agir, ou seja, necessitamos
demonstrar um comportamento adequado e correto.
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UNIDADE 1 | QUESTÕES DE BIOÉTICA FRENTE AO AVANÇO TECNOLÓGICO
4.1 CONCEITO
A ética sempre existiu na humanidade, intrinsecamente ou não, ela regula
a atitude das pessoas, padroniza comportamentos e regula a maneira de agir
dentro do convívio social. A ética foi conceituada por grandes filósofos, como
Sócrates, Aristóteles, entre outros, foi discutida dentro da teologia por padres e
pastores durante a Idade Média, até chegar aos conceitos atuais.
Nesse sentido, Srour (2005) corrobora que a ética se origina do grego ethos,
que significa caráter do indivíduo, maneira de agir, pensar e de se comportar,
ou seja, é utilizado para definir a forma como o homem age em determinadas
circunstâncias, visando o bem-estar, com atitudes que conseguem distinguir o
certo do errado, ponderando, dessa forma, suas atitudes.
Para Arruda (2002) a ética deve ser vista e analisada como um conjunto de
valores associados ao comportamento do indivíduo, cujas normas são resultado
da própria cultura de uma sociedade, se transformando em uma regra ética de
atitude, opção e escolha. Dessa forma, o autor cita algumas condutas compatíveis
com a ética, que podem ser exemplos de conduta para o indivíduo, como:
10
TÓPICO 1 | A PESQUISA GENÉTICA INSERIDA NA BIOÉTICA
b) Mesmo que num determinado momento sua opinião seja diversa da de outras
pessoas, é necessário ter coragem para se posicionar e assumir as decisões.
c) Ter equilíbrio frente às controvérsias do cotidiano é importante, pois a opinião
dos demais colegas pode não estar de acordo com a sua, mas o importante é
ouvir e dialogar sem agressividade.
Apesar dos vários conceitos trazidos para você, sobre ética, é importante
termos a noção de que quando falamos em ética, ela não está longe de nós, muito
pelo contrário, faz parte do nosso cotidiano, do nosso dia a dia.
Nas últimas décadas, se ouviu falar muito sobre ética, acabou virando
moda, todos acabam falando dela, admiram-na, mas muitos não querem fazer
parte desta inspiração, não a incorporam nos seus hábitos, deixando de lado a
noção do que é certo e do que é errado.
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UNIDADE 1 | QUESTÕES DE BIOÉTICA FRENTE AO AVANÇO TECNOLÓGICO
Vamos exemplificar, a fim de que essa questão fique mais simples, imagine
um médico que trabalha no pronto-socorro de um hospital e é surpreendido por
um atropelamento de uma criança, que em meio a uma anamnese, ou seja, um
exame físico, constata que é necessária uma transfusão de sangue para salvar essa
vida. Acontece que a criança e seus pais, por questões religiosas, não permitem
que o médico realize o procedimento. E agora? O que o médico deve fazer? Vamos
analisar a situação.
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TÓPICO 1 | A PESQUISA GENÉTICA INSERIDA NA BIOÉTICA
Nesse sentido, Vasquez (2006) corrobora com essa ideia, quando aduz que
o comportamento prático-moral, que se encontra no meio social, faz com que
o ser humano crie, a partir de determinados problemas, atitudes que o levem
a um denominador comum e avalie as situações de uma maneira, a partir das
experiências vividas, dentro da sociedade em que está inserido e das experiências
e dos costumes de suas comunidades.
Com relação à ética, podemos dizer que ela tenta entender o comportamento
humano e os motivos que geram determinadas condutas. Dessa forma, a ética é
utilizada sob forma de avaliar o bem e o mal, ou seja, utilizar nossa liberdade com
consciência e sabedoria em busca de caminhos corretos.
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UNIDADE 1 | QUESTÕES DE BIOÉTICA FRENTE AO AVANÇO TECNOLÓGICO
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TÓPICO 1 | A PESQUISA GENÉTICA INSERIDA NA BIOÉTICA
Admirado com o que viu, desceu pela abertura e, entre muitas maravilhas
que avistava, viu um grande cavalo de bronze, oco, com portinhas, então passou
a cabeça através de uma delas.
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UNIDADE 1 | QUESTÕES DE BIOÉTICA FRENTE AO AVANÇO TECNOLÓGICO
Tendo tomado o lugar entre os pastores, girou por acaso o anel, de tal
modo que a pedra ficou do lado de dentro de sua mão, e imediatamente ele se
tornou invisível para os seus colegas, falava-se dele como se tivesse partido, o que
o encheu de espanto.
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TÓPICO 1 | A PESQUISA GENÉTICA INSERIDA NA BIOÉTICA
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TÓPICO 1 | A PESQUISA GENÉTICA INSERIDA NA BIOÉTICA
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RESUMO DO TÓPICO 1
Neste tópico estudamos que:
• O termo “bioética” foi criado em 1971 pelo oncologista e biólogo Van Rensselaer
Potter.
20
AUTOATIVIDADE
( ) Ética.
( ) Bioética.
( ) Moral.
( ) Consciência humana.
21
22
UNIDADE 1
TÓPICO 2
1 INTRODUÇÃO
Nas últimas décadas, a medicina avançou com passos largos referente à
reprodução humana assistida, porém não conseguiu acompanhá-la com a edição
de normas ou legislações, a fim de contemplar expectativas legais, gerando
direitos e deveres na esfera da concepção artificial e manutenção da vida.
Bons estudos!
23
UNIDADE 1 | QUESTÕES DE BIOÉTICA FRENTE AO AVANÇO TECNOLÓGICO
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TÓPICO 2 | BIOÉTICA E A ENGENHARIA TECNOLÓGICA
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UNIDADE 1 | QUESTÕES DE BIOÉTICA FRENTE AO AVANÇO TECNOLÓGICO
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TÓPICO 2 | BIOÉTICA E A ENGENHARIA TECNOLÓGICA
Ferraz (2016) também corrobora com este conceito, informando que é uma
fecundação natural, onde o sêmen é introduzido nas trompas de falópio, para que
neste local ocorra o processo de fertilização.
27
UNIDADE 1 | QUESTÕES DE BIOÉTICA FRENTE AO AVANÇO TECNOLÓGICO
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TÓPICO 2 | BIOÉTICA E A ENGENHARIA TECNOLÓGICA
3 IMPLICAÇÕES LEGAIS
É importante esclarecer que o termo embrião é empregado para todas as
etapas do zigoto, desde a fecundação do óvulo até o estágio fetal que ocorre na
oitava semana de gravidez. Já a palavra feto é usada após esta fase, quando todos
os principais órgãos estão formados (FERNANDES 2005).
Uma outra questão que merece destaque está em torno dos embriões
excedentes, ou seja, aqueles embriões que não foram transferidos para o útero,
ou seja, os embriões que sobraram em virtude de não apresentarem bons sinais
de desenvolvimento, ou mesmo porque ultrapassaram o número máximo
recomendado para transferência.
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UNIDADE 1 | QUESTÕES DE BIOÉTICA FRENTE AO AVANÇO TECNOLÓGICO
Para Diniz (2008), o material celular humano vivo, desde seus primeiros
instantes, já é um ser humano merecedor de proteção jurídica, pelo que é e pelo
que irá ser. É um ser humano em desenvolvimento, distinto de seus genitores,
tendo, desde sua concepção, identidade genética própria e permanente.
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TÓPICO 2 | BIOÉTICA E A ENGENHARIA TECNOLÓGICA
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UNIDADE 1 | QUESTÕES DE BIOÉTICA FRENTE AO AVANÇO TECNOLÓGICO
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TÓPICO 2 | BIOÉTICA E A ENGENHARIA TECNOLÓGICA
Contudo, é preciso ter em conta o que afirma Almeida Junior (2005), que
o Direito é um fenômeno social, dessa forma, o avanço legal nunca é pari passu ao
avanço social, pois essa questão de reprodução humana assistida é bem discutida,
entretanto, o Direito ficou ultrapassado por essa temática.
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UNIDADE 1 | QUESTÕES DE BIOÉTICA FRENTE AO AVANÇO TECNOLÓGICO
poderá ser feita com o consentimento dos pais, que devem assinar termo de
consentimento livre e esclarecido, conforme norma específica do Ministério da
Saúde, que também regulamenta a terapia das células-tronco (BRASIL, 2005).
Nesse sentido, alguns projetos de lei (PL) no Brasil foram elaborados, mas
não foram aprovados pela Câmara dos Deputados ou Senado Federal. Vamos
conhecer alguns desses projetos.
34
TÓPICO 2 | BIOÉTICA E A ENGENHARIA TECNOLÓGICA
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UNIDADE 1 | QUESTÕES DE BIOÉTICA FRENTE AO AVANÇO TECNOLÓGICO
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TÓPICO 2 | BIOÉTICA E A ENGENHARIA TECNOLÓGICA
Além disso, foi realizada uma pesquisa no ano de 2002, com publicação no
New England Journal of Medicine, revelando que nos EUA, entre 1996 e 1997, foi
comparado o peso de bebês nascidos via fertilização in vitro com bebês nascidos
naturalmente, e chegou-se à conclusão de que os bebês via fertilização in vitro
teriam duas vezes mais chance de nascerem com baixo peso, ou seja, com menos
de 2,5 kg. (CORRÊA et al., 2008).
37
RESUMO DO TÓPICO 2
Ao final dos estudos do Tópico 2, você, acadêmico, terá compreendido
que:
38
AUTOATIVIDADE
( ) Fecundação in vitro.
( ) Clonagem.
( ) Inseminação artificial.
( ) Transferência de células-tronco.
( ) Fecundação espontânea.
( ) Não ocorrerá fecundação na trompa, pois já é implantado o embrião nas
trompas de falópio.
( ) Fecundação ocorrerá fora do corpo materno, para posteriormente ser
implantado no útero.
( ) A fecundação será induzida por medicamentos que estimulam a ovulação.
39
4 A Inseminação artificial foi a primeira técnica de reprodução humana
praticada pelos médicos, considerada um tratamento de baixa complexidade,
ou seja, um método simples de conceber um ser. Diante dessa afirmativa,
explique em quais situações é utilizada essa técnica.
40
UNIDADE 1
TÓPICO 3
1 INTRODUÇÃO
Certamente, você tem uma grande noção do que é engenharia,
normalmente se refere à construção de alguma coisa, então você consegue
responder: o que a engenharia genética constrói?
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UNIDADE 1 | QUESTÕES DE BIOÉTICA FRENTE AO AVANÇO TECNOLÓGICO
UNI
3 CLONAGEM HUMANA
Em 1993 foi a primeira vez que se ouviu falar em clonagem humana, porém,
a sociedade não foi receptiva a esta experiência, mesmo com o argumento de que
seria apenas mais uma técnica no rol de possibilidades de fertilização in vitro, e
assim, o assunto não vigorou. Porém, em 1997, quando foi noticiado o primeiro
mamífero clonado, a ovelha Dolly, fez ressurgir a ideia da clonagem humana.
UNI
A ovelha Dolly nasceu em 5 de julho de 1996 e seu nome foi uma referência à
cantora norte-americana Dolly Parton.
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TÓPICO 3 | BIOÉTICA E A ENGENHARIA GENÉTICA
Fusão Útero
Agora acadêmico! Você vai entender por que é uma técnica polêmica, pois
o objetivo é um tanto ousado, uma vez que ela tem o intuito de formar um novo
ser humano geneticamente idêntico a outro. A motivação, neste caso, seria ajudar
casais inférteis ou que perderam um filho e gostariam de ter outro igual.
45
UNIDADE 1 | QUESTÕES DE BIOÉTICA FRENTE AO AVANÇO TECNOLÓGICO
Namba (2015) traz uma questão importante, informando que nesse tipo de
clonagem, não se gera um clone idêntico ao progenitor, mas a diferença está no
resultado final da clonagem, pois o objetivo é criar somente tecidos em laboratório,
para posteriormente salvar vidas, como um transplante de órgãos, por exemplo.
46
TÓPICO 3 | BIOÉTICA E A ENGENHARIA GENÉTICA
Dolly teve uma vida normal e até deu à luz a alguns filhotes, entretanto,
viveu por seis anos, pois foi vítima de uma infecção pulmonar. Como não havia
possibilidade de um bom prognóstico, em 2003 ela foi sacrificada, para amenizar
seu sofrimento (EXAME, 2016).
47
UNIDADE 1 | QUESTÕES DE BIOÉTICA FRENTE AO AVANÇO TECNOLÓGICO
5 CÉLULAS-TRONCO
Além de estudarmos várias formas de reprodução, ainda precisamos
entender o que são células-tronco, você tem algum palpite? Elas são células que
conseguem se transformar em outros tecidos, outros órgãos, e assim, auxiliam no
tratamento de muitas doenças que acometem uma infinidade de indivíduos.
48
TÓPICO 3 | BIOÉTICA E A ENGENHARIA GENÉTICA
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UNIDADE 1 | QUESTÕES DE BIOÉTICA FRENTE AO AVANÇO TECNOLÓGICO
50
RESUMO DO TÓPICO 3
Parabéns, você chegou no final deste tópico e desta unidade com
sucesso, ampliando seus conhecimentos para que, no futuro, possa utilizá-los
com segurança, portanto, você é capaz de saber que:
51
AUTOATIVIDADE
( ) Clonagem.
( ) Transferência de células-tronco.
( ) Inseminação artificial.
( ) Transferência intratubária de gametas.
( ) Células-tronco embrionárias.
( ) Células hematopoiéticas.
( ) Células nervosas.
( ) Células cancerígenas.
52
UNIDADE 2
INTERFACE DOS DIREITOS HUMANOS
OBJETIVOS DE APRENDIZAGEM
A partir desta unidade, você será capaz de:
PLANO DE ESTUDOS
Esta unidade está dividida em três tópicos, em cada um deles, você encontra-
rá atividades que o auxiliarão na compreensão dos conteúdos apresentados.
Os três tópicos desta segunda unidade permitem conhecer os direitos huma-
nos relacionados à bioética.
53
54
UNIDADE 2
TÓPICO 1
1 INTRODUÇÃO
Caro acadêmico, seja bem-vindo a esta caminhada para estudar e
entender a bioética e os direitos humanos, presentes no nosso dia a dia.
A finalidade deste estudo é para que você receba as informações e
construa seu próprio conhecimento referente ao tema central, para que consiga
discutir o significado de biodireito, dentro do novo mundo moderno e rico em
biotecnologias, visando o aprimoramento para sua trajetória profissional.
2 DIREITOS HUMANOS
Vamos falar em direitos humanos, pensando no homem pré-histórico.
Naquela época, ele morava em cavernas e caçava com instrumentos rudimentares.
O que fez ele mudar de vida? Quem sabe foi a necessidade de caçar animais
maiores e, para isso, ele precisou improvisar outros instrumentos potentes e
cortantes, para que sua caçada fosse eficaz.
55
UNIDADE 2 | INTERFACE DOS DIREITOS HUMANOS
2.1 CONCEITO
Antes de conceituarmos direitos humanos, vamos começar estabelecendo
uma diferenciação entre eles e os direitos fundamentais, pois são facilmente
alinhados em um só plano. É fácil de explicar, porém, fácil de confundir, a diferença
primordial é que os direitos humanos são reconhecidos em nível internacional,
enquanto que direitos fundamentais é um termo aplicado aos direitos humanos
positivados em um determinado texto constitucional (DALLARI, 2004).
56
TÓPICO 1 | BIOÉTICA À LUZ DOS DIREITOS HUMANOS
Filho (2012, p. 20) diz que fazendo um compilado de ideias dos autores,
entende-se que os direitos humanos são um conjunto de direitos, positivados ou
não, com o objetivo de “assegurar o respeito à dignidade da pessoa humana,
por meio da limitação do arbítrio estatal e do estabelecimento da igualdade nos
pontos de partida dos indivíduos, em um dado momento histórico”.
Conjunto de direitos
57
UNIDADE 2 | INTERFACE DOS DIREITOS HUMANOS
Podemos caracterizar essa fala com a ideia de Ramos (2017, p. 33), quando
diz que:
Kinchescki (2006) corrobora com essa ideia, pois acredita que o homem
não era privilegiado por direitos garantidores de segurança, basta lembrar dos
pensamentos de Platão quando falava que o estatuto da escravidão era considerado
algo natural, além disso, uma seleta quantidade de pessoas possuía capacidade
58
TÓPICO 1 | BIOÉTICA À LUZ DOS DIREITOS HUMANOS
para dirigir um Estado, sendo que bastava aos desprivilegiados a obediência total
aos hierárquicos. Aristóteles concordava e também defendia que a condição de
escravo era natural, ficando seus direitos tolhidos, sem direito a nenhum tipo de
participação na cidade.
Bobbio (2004, p. 26) explica a questão de que os direitos não nascem todos
de uma vez, ou seja, nascem quando o aumento do poder do homem sobre o
homem cria novas ameaças à sua integridade física e mental, ou ainda, quando
“permitem novos remédios para as suas indigências, ameaças que são enfrentadas
através de demandas de limitações do poder”, esses remédios são uma forma de
fazer uma analogia, pois se os remédios curam enfermidades, então haverá uma
forma de proteção ao homem.
59
UNIDADE 2 | INTERFACE DOS DIREITOS HUMANOS
60
TÓPICO 1 | BIOÉTICA À LUZ DOS DIREITOS HUMANOS
Foi nesse contexto que um novo código internacional foi elaborado para
ser empregado a qualquer ser humano, em qualquer parte do mundo, a partir daí
esses direitos passaram a ser inerentes ou inalienáveis e, assim, não poderiam ser
reduzidos ou negados por qualquer motivo (KINCHESCKI, 2006).
61
UNIDADE 2 | INTERFACE DOS DIREITOS HUMANOS
2.3 CARACTERÍSTICAS
Há várias características encontradas de forma esparsa na doutrina,
porém, vamos citar as que nomeamos serem as mais importantes:
62
TÓPICO 1 | BIOÉTICA À LUZ DOS DIREITOS HUMANOS
Nesse ínterim, o indivíduo foi relegado a segundo plano, pois o foco era a
relação entre os entes soberanos, mas, felizmente, a ONU deu uma reviravolta no
sistema vigente da época e os direitos humanos começaram a ganhar notoriedade.
Filho (2012) conta que em 1979, um jurista tcheco, Karel Vasak, foi
convidado para ministrar uma palestra sobre direitos humanos na França, e para
sua apresentação ficar atraente, traçou um paralelo entre os direitos humanos e a
bandeira francesa. Assim, associou o azul que seria a cor da liberdade, o branco
que representaria a igualdade e o vermelho retrataria o valor da fraternidade ou
solidariedade.
63
UNIDADE 2 | INTERFACE DOS DIREITOS HUMANOS
64
TÓPICO 1 | BIOÉTICA À LUZ DOS DIREITOS HUMANOS
A Revolução Industrial foi o ponto alto para a criação dos direitos humanos
de segunda geração, pois conforme já estudamos, além de os trabalhadores
serem substituídos por máquinas que eles não sabiam nem operar, eles estavam
trabalhando em condições insalubres, assim, a classe trabalhadora começou a
exigir direitos sociais que fomentassem o respeito à dignidade.
Nesse sentido, Castilho (2012, p. 21) nos ensina que os direitos humanos
de terceira geração:
65
UNIDADE 2 | INTERFACE DOS DIREITOS HUMANOS
Fazendo um resumo até aqui, vimos que nos direitos de primeira geração
prevaleceu o valor da liberdade, associado aos direitos civis, políticos e religiosos,
todos considerados direitos do indivíduo. Posteriormente, encontram-se os
direitos de segunda geração, relacionando-os ao valor da igualdade, como: direitos
econômicos, sociais e culturais, cuja titularidade está relacionada à coletividade.
Numa terceira etapa constam os direitos de terceira geração, ligando-os aos
valores de fraternidade, através dos direitos ao desenvolvimento, meio ambiente
equilibrado e conquista da paz.
66
TÓPICO 1 | BIOÉTICA À LUZ DOS DIREITOS HUMANOS
Direitos de Liberdade
Direitos de igualdade Direitos de
-Ir e Vir, Prisão
- direitos sociais, Fraternidade -
Legal, Juiz natural,
culturais, econômicos. Direitos difusos.
Direitos Integridade física,
Direitos trabalhistas, Direitos do
Tutelados liberdade de expressão,
Direitos coletivos. consumidor,
religiosa, etc. Direitos
Estado deve fazer - ambientais, direito à
Negativos - Estado
Direitos prestacionais. paz, etc.
deve abster- se de fazer.
67
UNIDADE 2 | INTERFACE DOS DIREITOS HUMANOS
Alguns autores acreditam que essa geração ainda não está firmada, não se
concretizou completamente, pois há alguns assuntos polêmicos que não possuem
respaldo para o seu desenvolvimento, como direitos à bioética e direitos de
informática.
68
TÓPICO 1 | BIOÉTICA À LUZ DOS DIREITOS HUMANOS
69
UNIDADE 2 | INTERFACE DOS DIREITOS HUMANOS
Esses direitos são defendidos por dois órgãos que auxiliam nas questões
ligadas aos direitos humanos, previstos no Pacto de San José da Costa Rica,
esses órgãos são a Comissão Interamericana de Direitos Humanos e a Corte
Interamericana, instituídos pelo Pacto de San José da Costa Rica, inserido na
Parte II, dessa convenção.
70
TÓPICO 1 | BIOÉTICA À LUZ DOS DIREITOS HUMANOS
Para você ter noção de como o protocolo é formado, vamos tentar explicar
que ele é formado por 22 artigos, que estão dispostos da seguinte maneira: (i)
obrigações dos Estados (arts. 1º a 3º), (ii) restrições permitidas e proibidas e seu
alcance (arts. 4º e 5º), (iii) direitos protegidos (arts. 6º a 18), (iv) meios de proteção
(art. 19), disposições finais (arts. 20 a 22).
Vamos dar uma breve descrição de alguns artigos, não que os demais
sejam insignificantes, muito pelo contrário, todos possuem seu valor e seu
reconhecimento, mas escolhemos alguns para você ter noção do conteúdo do
Protocolo de San Salvador.
71
UNIDADE 2 | INTERFACE DOS DIREITOS HUMANOS
72
TÓPICO 1 | BIOÉTICA À LUZ DOS DIREITOS HUMANOS
UNI
73
RESUMO DO TÓPICO 1
Nesta unidade, estudamos que:
• O rol de direitos humanos não se finda por si mesmo, ou seja, sempre está
suscetível à entrada de novos direitos.
74
AUTOATIVIDADE
3 Com relação à evolução histórica dos direitos humanos, podemos dizer que:
( ) Direito à greve.
( ) Direito ao acesso a alimentos transgêneros.
( ) Direito de liberdade sem privação.
( ) Direito à libertinagem.
75
76
UNIDADE 2 TÓPICO 2
1 INTRODUÇÃO
A bioética e os direitos humanos são aliados e têm o objetivo de buscar
condutas e valores que a sociedade entende como essenciais para a convivência
humana com equilíbrio e com respaldo no princípio da dignidade humana.
Outro elemento importante foi a criação da ONU em 1945, que por meio
da assinatura da Carta das Nações Unidas, foi estabelecido o ideal da manutenção
da paz e da segurança internacional. Já em 1948 foi assinada a Declaração
Universal dos Direitos Humanos, que instituía a universalização desses direitos
e, finalmente, compreenderemos a internacionalização dos direitos humanos.
Bons estudos!
77
UNIDADE 2 | INTERFACE DOS DIREITOS HUMANOS
Cerca de seis milhões de crianças morrem a cada ano pela fraqueza de seu
sistema imunológico causada por fome e desnutrição, o que as torna incapazes de
superar doenças infecciosas curáveis, como diarreia, sarampo e malária (REVISTA
EXAME, 2016).
78
TÓPICO 2 | BIOÉTICA E DIREITOS HUMANOS: DELINEANDO O BIODIREITO
79
UNIDADE 2 | INTERFACE DOS DIREITOS HUMANOS
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TÓPICO 2 | BIOÉTICA E DIREITOS HUMANOS: DELINEANDO O BIODIREITO
3 BIOÉTICA E BIODIREITO
O Direito se vê diante da exigência das grandes transformações científicas,
haja visto as significativas mudanças sociais advindas das novas descobertas que,
consequentemente, implicam a bioética.
81
UNIDADE 2 | INTERFACE DOS DIREITOS HUMANOS
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TÓPICO 2 | BIOÉTICA E DIREITOS HUMANOS: DELINEANDO O BIODIREITO
Diniz (2008) salienta que a verdade jurídica não pode camuflar a ética e o direito,
assim como o progresso científico não poderá acobertar crimes contra a dignidade
humana, nem dar sentença normativa ilimitada aos destinos da humanidade.
UNI
83
UNIDADE 2 | INTERFACE DOS DIREITOS HUMANOS
84
TÓPICO 2 | BIOÉTICA E DIREITOS HUMANOS: DELINEANDO O BIODIREITO
Vida, ética e direito são as três facetas desta larga problemática que
se torna cogente e imperativa em busca de soluções impostergáveis,
ante os desafios, as ameaças, as incertezas, as apreensões causadas no
mundo moral e jurídico pelos avanços materiais da ciência e tecnologia.
85
UNIDADE 2 | INTERFACE DOS DIREITOS HUMANOS
Maluf (2015) diz que nenhum dos avanços científicos dos tempos modernos
nos atinge mais profundamente do que o progresso alcançado pela biomedicina,
pois diz respeito à nossa intimidade biológica, pois nossa produção genética
pode ser alvo da ciência especuladora, ou da ciência experimental. Dessa forma,
uma das funções do direito dentro da medicina é de não impedir os avanços das
ciências, mas impor limites para as descobertas científicas.
86
TÓPICO 2 | BIOÉTICA E DIREITOS HUMANOS: DELINEANDO O BIODIREITO
87
UNIDADE 2 | INTERFACE DOS DIREITOS HUMANOS
UNI
A AIDS é uma doença do sistema imunológico humano, causada pelo vírus HIV
e ainda não há cura para este mal, sendo a prevenção o melhor remédio.
Para alguns autores, além desses três princípios, ainda se pode destacar
outros importantes, como:
89
UNIDADE 2 | INTERFACE DOS DIREITOS HUMANOS
90
TÓPICO 2 | BIOÉTICA E DIREITOS HUMANOS: DELINEANDO O BIODIREITO
91
UNIDADE 2 | INTERFACE DOS DIREITOS HUMANOS
92
TÓPICO 2 | BIOÉTICA E DIREITOS HUMANOS: DELINEANDO O BIODIREITO
93
RESUMO DO TÓPICO 2
Neste tópico vimos que:
• O direito está confrontado com situações novas advindas dos avanços científicos
e tecnológicos.
94
AUTOATIVIDADE
1 A bioética surgiu com o avanço da medicina, assim, ela estuda as relações
jurídicas entre o direito e os avanços tecnológicos, bem como, questões
relacionadas à vida do ser humano e à dignidade da pessoa humana. Diante
dessa afirmativa, assinale a alternativa correta referente à bioética.
( ) A bioética representa o resgate da dignidade humana, frente aos progressos
técnico-científicos na área da saúde.
( ) A bioética e o direito não possuem correspondência alguma, ou seja, cada
um segue numa direção, ou seja, os ideais são totalmente divergentes.
( ) As ciências filosóficas, econômicas, jurídicas e médicas não se envolvem
com a bioética, pois esta é uma ciência que é independente.
( ) O biodireito e a bioética não se preocupam com o humanismo e sim com o
mecanicismo.
2 Explique por que a desigualdade social influencia na qualidade de vida.
3 A Segunda Guerra Mundial foi o estopim para as atrocidades cometidas
contra o ser humano, assim, a tortura, a fome, as doenças, os maus tratos,
foram itens que sensibilizaram a humanidade, com o reconhecimento para
a proteção dos direitos humanos, constituindo uma preocupação em nível
internacional. Diante dessa afirmativa, assinale a alternativa correta:
( ) A conquista dos direitos humanos permaneceu centralizada nos Estados
Unidos, não se dissipando para outros países.
( ) A Carta das Nações Unidas consolida o movimento de internacionalização
dos direitos humanos.
( ) A Declaração Universal dos Direitos Humanos não contribuiu positivamente
para a sustentação dos direitos humanos.
( ) As pessoas responsáveis pelas atrocidades humanas durante a Segunda
Guerra Mundial não foram julgadas pela violação aos direitos humanos.
4 Associe as duas colunas, relacionando os elementos voltados ao panorama
histórico dos direitos do homem.
1. Primeira geração
2. Segunda geração
3. Terceira geração
4. Quarta geração
( ) Direitos éticos e morais
( ) Direitos sociais
( ) Direitos ambientais
( ) Direitos individuais
95
Agora assinale a sequência correta dessa associação:
( ) 3, 2, 1, 4.
( ) 1, 3, 4, 2.
( ) 4, 2, 3, 1.
( ) 2, 3, 4, 1.
96
UNIDADE 2 TÓPICO 3
1 INTRODUÇÃO
O progresso técnico-científico oferta à sociedade uma vasta evolução em
termos econômicos, culturais e científicos. Entretanto, se as novas descobertas
científicas forem utilizadas inadequadamente, podem gerar uma desumanização
do ser humano, comprometendo seus direitos.
97
UNIDADE 2 | INTERFACE DOS DIREITOS HUMANOS
Em função da vida ser o bem mais precioso que alguém tem, existem
muitas legislações que evidenciam e que protegem o direito à vida, dessa
forma, surgem muitos assuntos contraditórios, mas ao final percebe-se que a
tutela sempre haverá em torno do bem comum, que é a vida, pois a evidência, a
dignidade e a liberdade estão indiscutivelmente juntas.
98
TÓPICO 3 | AVANÇOS TECNOLÓGICOS E DIGNIDADE DA PESSOA HUMANA: DESAFIOS E PERSPECTIVAS BIOÉTICAS
Ainda para Ramos (2017), São Tomás de Aquino acredita que o homem
é um ser único, racional, criado por Deus, conforme sua imagem e semelhança,
dessa forma, como o homem reflete Sua sabedoria, acaba gerando a dignidade,
que é inerente ao homem.
99
UNIDADE 2 | INTERFACE DOS DIREITOS HUMANOS
Podemos arriscar em dizer que a dignidade é uma qualidade que faz parte
do ser humano, é a natureza que está no seu íntimo, ou seja, é uma característica
individual que cada pessoa possui, por isso se diz que ela é intrínseca.
Dallari (2004) acredita que para os seres humanos não pode haver um
bem mais valioso do que a pessoa humana, e por ser dotada de inteligência,
consciência e vontade, possui uma dignidade, que a coloca acima de todas as
coisas da natureza.
Para o ser humano, não deve existir um bem mais precioso do que viver
com a consciência tranquila, com paz de espírito, com harmonia interior e
abnegando de qualquer tratamento degradante e desumano.
É indispensável a vida para que uma pessoa exista e, assim, tudo que a
pessoa conquistou ao longo da vida, como prestígio, posição social, riqueza e
seus direitos, acaba com a chegada da morte. Por conseguinte, tudo que a pessoa
detinha em sua posse perde o valor, perde o significado, deixa de ter sentido, por
isso, entende-se que a vida é o bem principal de qualquer pessoa, é o primeiro valor
moral que se possui. “Os cientistas podem até juntar num vidrinho, numa proveta,
os elementos que geram a vida, mas não conseguem criar esses elementos, pois
nenhum homem conseguiu dominar o começo da vida” (DALLARI, 2004, p. 33).
Assim, não é justo tirar a vida de alguém, pois estaria cometendo um ato
imoral, ofendendo um bem maior que é a vida, é preciso lembrar que nenhuma
vida vale mais ou menos que outra, pois perante a Constituição Brasileira, todos
somos iguais.
100
TÓPICO 3 | AVANÇOS TECNOLÓGICOS E DIGNIDADE DA PESSOA HUMANA: DESAFIOS E PERSPECTIVAS BIOÉTICAS
Com relação a esse assunto de direito à vida, não temos interesse de trazer
respostas prontas, mas nossa intenção é fazer você realizar uma reflexão sobre
algumas ideias trazidas por autores e tirar sua própria conclusão, com base nos
seus valores éticos e morais.
Para esta e muitas outras questões nasce uma longa reflexão ética a respeito
do direito à vida, e você, caro acadêmico, já faz parte dela, pois o respeito à vida
de uma pessoa significa ter todas as suas necessidades fundamentais atendidas e,
acima de tudo, lembrar que só existe respeito quando a vida, além de ser mantida,
pode ser vivida com dignidade.
101
UNIDADE 2 | INTERFACE DOS DIREITOS HUMANOS
Para Kfouri Neto (2002, p. 98), quem analisará, inicialmente, esse assunto
será o Conselho Federal de Medicina, que se utilizando de critérios éticos, aduz
que:
Em caso de haver recusa em permitir a transfusão de sangue, o médico,
obedecendo a seu Código de Ética, deverá observar a seguinte conduta:
1º Se não houver iminente perigo de vida, o médico respeitará a vontade
do paciente ou de seus responsáveis. 2º Se houver iminente perigo de
vida, o médico praticará a transfusão de sangue, independentemente
do consentimento do paciente ou de seus responsáveis.
Destaca-se que se houver conflito, essa questão será resolvida por meio do
Poder Judiciário, pois mesmo diante da liberdade religiosa, existirá interferência
judicial para a proteção do direito à vida, pois o médico tem a obrigação e o
dever, perante o seu Conselho, de garantir a vida e a saúde do paciente, sob pena
de ser responsabilizado civil e penalmente.
3.4 EUTANÁSIA
Já estudamos sobre células-tronco e clonagem humana, que são temas
que evocam discussões acaloradas, pois dizem respeito à vida humana, mais
precisamente, a cessação da existência do embrião.
Para Namba (2009), eutanásia significa morte serena, ou seja, morte sem
sofrimento para a pessoa que está convalidada, dessa forma, se age antes de a
pessoa morrer, antecipando a morte e aliviando sua angústia, aflição e martírio.
Pense num ente querido que sofre, por exemplo, um acidente de trânsito
e fica tetraplégico em estado vegetativo, em cima de uma cama, com fortes dores
e convulsões, qual seria o seu posicionamento? Permitiria aplicar eutanásia?
102
TÓPICO 3 | AVANÇOS TECNOLÓGICOS E DIGNIDADE DA PESSOA HUMANA: DESAFIOS E PERSPECTIVAS BIOÉTICAS
b) Eutanásia passiva: ocorre por omissão de uma ação médica, por exemplo, deixar
de utilizar a ventilação artificial em um paciente com insuficiência respiratória.
103
UNIDADE 2 | INTERFACE DOS DIREITOS HUMANOS
Mas o que isso tem a ver com dignidade humana? É simples, vamos pensar
no século passado, quando esse tema era utópico ou até mesmo visto de maneira
discriminatória. Hoje já existe uma multidão de pessoas que apoiam esta ideia e
trabalham para que a sociedade aceite homens e mulheres que trocam de sexo,
ou que se relacionam com pessoas do mesmo sexo, que possam adotar bebês, que
consigam inserção no mercado de trabalho, entre outros direitos.
Vieira (2006) diz que a evolução da identidade sexual não seguiu a via
correta, pois o sexo não deve ser considerado como um conjunto de caracteres
físicos e genéticos, mas deve agregar os caracteres psicológicos.
Namba (2009, p. 141) diz que para esses indivíduos aceitarem permanecer
com o sexo com que nasceram é um transtorno psíquico que os incomoda
diariamente, pois o “transexual não se conforma com a sua condição, afirmam
que eles possuem os elementos físicos de um sexo e o comportamento psicológico
de outro sexo”.
Cabe salientar que após a mudança de sexo, as pessoas ainda lutam contra
o preconceito, pois possuem dificuldades para conseguir emprego, apresentam
dificuldade para se inserirem no meio social, sem falar dos olhares displicentes e
duvidosos para esses gêneros.
104
TÓPICO 3 | AVANÇOS TECNOLÓGICOS E DIGNIDADE DA PESSOA HUMANA: DESAFIOS E PERSPECTIVAS BIOÉTICAS
A ação, que chegou à mais alta corte do Estado, provocou debate sobre
os direitos dos transgêneros, colocando em discussão o tipo de tratamento que
as escolas devem dar aos estudantes.
105
UNIDADE 2 | INTERFACE DOS DIREITOS HUMANOS
106
TÓPICO 3 | AVANÇOS TECNOLÓGICOS E DIGNIDADE DA PESSOA HUMANA: DESAFIOS E PERSPECTIVAS BIOÉTICAS
107
UNIDADE 2 | INTERFACE DOS DIREITOS HUMANOS
Filho (2012) acalenta essa ideia quando aduz que a Constituição de 1988
já tinha vistas na mudança dos tempos, anunciando que o abrigo à família não se
restringe apenas aos itens relativos ao matrimônio, mas alcança o ato decorrente
da união estável.
108
TÓPICO 3 | AVANÇOS TECNOLÓGICOS E DIGNIDADE DA PESSOA HUMANA: DESAFIOS E PERSPECTIVAS BIOÉTICAS
LEITURA COMPLEMENTAR
No dia 25.09.2003, o jovem havia lançado o livro intitulado "Eu lhe Peço o
Direito de Morrer", escrito com o auxílio de um jornalista, no qual afirmava: "Eu
nunca verei este livro porque eu morri em 24 de setembro de 2000 [...]. Desde aquele
dia, eu não vivo. Me fazem viver. Sou mantido vivo. Para quem, para que, eu não
sei. Tudo o que eu sei é que sou um morto-vivo, que nunca desejei esta falsa morte".
109
UNIDADE 2 | INTERFACE DOS DIREITOS HUMANOS
Após passar algumas horas presa, a mãe de Vincent foi posta em liberdade,
encontrando-se sob cuidados psiquiátricos enquanto aguarda uma posição do
Ministério Público francês.
FONTE: JUNIOR F, RODRIGUES C. O Caso de Vicent Hubert. 2012. Disponível em: <http://www.
egov.ufsc.br/portal/conteudo/o-caso-vincent-humbert>. Acesso em: 8 out. 2017.
110
RESUMO DO TÓPICO 3
Parabéns, você chegou no final deste tópico e desta unidade com
sucesso, ampliando seus conhecimentos para que, no futuro, possa utilizá-los
com segurança, portanto, você é capaz de compreender que:
• Para o ser humano, não deve existir um bem mais precioso do que viver com a
consciência tranquila.
111
AUTOATIVIDADE
112
UNIDADE 3
PROBLEMAS CONTEMPORÂNEOS
EM BIOÉTICA: A JUSTIÇA SOCIAL,
CIDADANIA E DIVERSIDADE CULTURAL
OBJETIVOS DE APRENDIZAGEM
A partir desta unidade, você será capaz de:
PLANO DE ESTUDOS
Esta unidade está dividida em três tópicos. No decorrer da unidade você en-
contrará autoatividades com o objetivo de reforçar o conteúdo apresentado.
1 INTRODUÇÃO
Caro acadêmico, estudamos, nas unidades anteriores, alguns dos
princípios e conceitos relacionados à bioética e aos direitos humanos, a partir de
diversos questionamentos diretamente ligados aos direitos e deveres dos seres
humanos enquanto cidadãos. Porém, agora, observaremos a bioética a partir dos
conflitos sociais, levando em consideração os princípios ligados à justiça social,
cidadania e diversidade cultural.
115
UNIDADE 3 | PROBLEMAS CONTEMPORÂNEOS EM BIOÉTICA: A JUSTIÇA SOCIAL, CIDADANIA E DIVERSIDADE CULTURAL
2 JUSTIÇA SOCIAL
Para compreender o que é justiça social e qual é a sua relação com a
bioética, faz-se necessário um resgate da terminologia justiça. Primeiramente, é
preciso dizer que a origem etimológica da palavra justiça vem do latim, justitia,
que significa direito, administração legal. Esta palavra latina, por sua vez, é
originária de justus, que traduzindo para o português significa justo e tem sua
origem na palavra jus, que significa correto, lei.
Você já pensou que a “justiça” nem sempre é justa? Que existe diferença
entre justiça e justiça social? Que a questão da justiça social surge para nos levar
a compreender que existem situações que devem analisar particularidades e não
ser tratadas como generalidades para não ser injusto?
Vamos adiante?
116
TÓPICO 1 | BIOÉTICA E JUSTIÇA SOCIAL: PROBLEMAS CONTEMPORÂNEOS
117
UNIDADE 3 | PROBLEMAS CONTEMPORÂNEOS EM BIOÉTICA: A JUSTIÇA SOCIAL, CIDADANIA E DIVERSIDADE CULTURAL
Nesse sentido, o Jornal Valor Econômico publicou uma matéria que trata
da desigualdade social no Brasil, na qual podemos perceber como a distribuição
de renda tem uma grande disparidade:
1% mais rico ganha 36 vezes mais que 50% mais pobres. No Brasil,
o ganho médio do 1% mais rico equivale a 36 vezes o que ganha a
metade mais pobre da população; a renda no Sudeste é 80% maior que
a do Nordeste; milhares de crianças ainda são obrigadas a trabalhar.
Os dados, divulgados ontem pelo IBGE, não deixam dúvida: a
desigualdade segue uma batalha a ser vencida no país. E, para
especialistas no tema, a partir da análise de uma série de indicadores,
ela provavelmente se aprofundou no ano passado (BÔAS, 2017, s.p.).
Ainda, Rawls (1997) faz outra observação sobre a questão da justiça social
que não se baseia apenas na redistribuição de renda e diz que podemos delineá-la
a partir de três elementos distintos: 1) garantia das liberdades fundamentais para
todos; 2) igualdade de oportunidades; 3) manutenção de desigualdades apenas
para favorecer os mais desfavorecidos.
118
TÓPICO 1 | BIOÉTICA E JUSTIÇA SOCIAL: PROBLEMAS CONTEMPORÂNEOS
Assim, Sandel (2011, p. 322) afirma que para se conseguir uma sociedade justa
não basta maximizar a utilidade ou garantir a liberdade de escolha, é preciso, sobretudo,
“raciocinar juntos sobre o significado da vida boa e criar uma cultura pública que aceite
as divergências que inevitavelmente ocorrerão”. Assim ele afirma que:
Nesse sentido, a justiça social parte do preceito de que, para que se alcance
um ponto em que a convivência social torne-se “justa”, é necessário que se estabeleça
certa compensação para aqueles que começaram a vida social em desvantagem.
É desse princípio que partem ações como a instituição de um salário-mínimo, o
seguro-desemprego, cotas raciais e as demais ações de seguridade social.
DICAS
119
UNIDADE 3 | PROBLEMAS CONTEMPORÂNEOS EM BIOÉTICA: A JUSTIÇA SOCIAL, CIDADANIA E DIVERSIDADE CULTURAL
Nesta perspectiva, Siqueira (1998, p. 72) afirma que o princípio da justiça pode
ser reconhecido por Platão e Aristóteles como uma “propriedade natural das coisas”.
Para justificar este entendimento Platão, em seu livro “A República”, descreve uma
sociedade naturalmente organizada, referindo-se a uma lei natural imutável. Neste
contexto, ele passa a categorizar os homens entre inferiores e superiores.
120
TÓPICO 1 | BIOÉTICA E JUSTIÇA SOCIAL: PROBLEMAS CONTEMPORÂNEOS
Já, segundo Aristóteles (1991), a justiça é vista como uma virtude do ser
humano, assim como a injustiça é vista por ele como um vício. Portanto, agir
com justiça seria uma forma de praticar a virtude, não causando nenhum mal ao
seu próximo e agir com injustiça seria a prática do vício, em que o ser humano
egoísta não se importa com as consequências de suas ações para com os seus
semelhantes.
Aristóteles (1991, s.p.) vai além e afirma que existe mais do que uma
espécie de justiça. Do ponto de vista do referido autor, a justiça não é apenas
uma virtude, mas também pode ser o exercício de uma justiça pré-estabelecida, a
partir da qual se pratica justiça quando se age dentro da lei, uma vez que para ele
“a maioria dos atos ordenados pela lei são aqueles que são prescritos do ponto de
vista da virtude considerada como um todo”.
A teoria de justiça proposta por Aristóteles, mais tarde, passa a ser objeto
de estudo de Tomás de Aquino, que a subdivide em três espécies distintas, sendo
elas: justiça legal, justiça distributiva e justiça comutativa. Isso fez com que os
tomistas do século XIX desenvolvessem um conceito de justiça social baseado
na justiça legal, a qual encontrou na “ética social cristã do século XX o principal
instrumento de sua difusão no discurso político e nos textos constitucionais,
como da Constituição Brasileira de 1988” (BARZOTTO, 2003, p. 1).
121
UNIDADE 3 | PROBLEMAS CONTEMPORÂNEOS EM BIOÉTICA: A JUSTIÇA SOCIAL, CIDADANIA E DIVERSIDADE CULTURAL
122
TÓPICO 1 | BIOÉTICA E JUSTIÇA SOCIAL: PROBLEMAS CONTEMPORÂNEOS
Neste sentido, John Rawls (1997) afirma que uma sociedade somente será justa
se os principais valores sociais, a exemplo da liberdade, igualdade de oportunidades,
ingresso e redistribuição das riquezas, assim como as bases sociais e o respeito a si
mesmo, forem distribuídos de maneira equitativa, a menos que uma distribuição
desigual de algum ou de todos esses valores redunde em benefício para todos.
Com o avanço dos estudos foi possível identificar, nos idos dos anos de
1990, conforme dados do Programa Conjunto das Nações Unidas sobre HIV/AIDS
(UNAIDS, 2017) que o aumento de infectados pelo vírus HIV/AIDS ocorria mais
entre a população social e economicamente menos favorecida, tendo em vista a
maior dificuldade de acesso a mecanismos de prevenção, levando à incorporação
da terminologia vulnerabilidade social no campo da bioética.
Assim, vemos que vulnerável quer dizer aquilo que pode ser fisicamente
ferido, ou ainda, significa uma pessoa frágil e incapaz de algum ato. Normalmente,
atribui-se esse termo a pessoas que possuem maior fragilidade diante de outras,
como idosos, crianças e deficientes físicos e mentais. Porém, o termo, não é apenas
utilizado nesse sentido, mas também para indicar a condição social de uma
pessoa perante outras, e diz-se vulnerável todas aquelas pessoas que têm maiores
obstáculos em relação ao acesso às questões relacionadas à saúde, educação,
cultura, lazer, políticas, resultando assim na desigualdade social.
123
UNIDADE 3 | PROBLEMAS CONTEMPORÂNEOS EM BIOÉTICA: A JUSTIÇA SOCIAL, CIDADANIA E DIVERSIDADE CULTURAL
Foi o que ocorreu no caso do vírus HIV/AIDS no início dos anos 1990.
Devido à dificuldade de acesso aos mecanismos de prevenção do vírus e certo
desconhecimento sobre como ele era transmitido, a população mais vulnerável,
diga-se, a população economicamente menos favorecida, foi a que mais sofreu
nesse período com o alastramento da doença.
DICAS
124
TÓPICO 1 | BIOÉTICA E JUSTIÇA SOCIAL: PROBLEMAS CONTEMPORÂNEOS
125
RESUMO DO TÓPICO 1
● A justiça é a virtude político-moral mais elevada, pela qual podem ser medidas
como um todo, as relações jurídicas, políticas e sociais – a estrutura básica da
sociedade.
● A justiça social é o mecanismo que busca fornecer o que cada cidadão tem por
direito, isto é, assegurar as liberdades políticas, os direitos básicos, oferecer
transparência na esfera pública e privada e oportunidades sociais.
● Vulnerável não se restringe apenas àquilo que pode ser fisicamente ferido, ou
ao significado de pessoa frágil e incapaz de algum ato, também é admitido
para se referir a todas as pessoas que possuem maior fragilidade, por exemplo,
idosos, crianças e deficientes físicos e mentais etc.
126
AUTOATIVIDADE
3 Explique a diferença entre justiça civil e a justiça social proposta por Kelsen.
127
128
UNIDADE 3
TÓPICO 2
1 INTRODUÇÃO
Caro acadêmico, até o momento abordamos um dos problemas atuais da
bioética que está relacionado à justiça social. A partir deste tópico, abordaremos
outro, vinculado ao conceito de cidadania.
2 CIDADANIA
Para iniciarmos a nossa discussão e compreender o conceito de cidadania,
imperioso se faz buscar sua origem etimológica, portanto, pudemos identificar
que a palavra cidadania também deriva do latim, civitas, que segundo o Dicionário
Etimológico (2008-2018, s.p.) quer dizer cidade ou ainda conjunto de direitos
atribuídos aos cidadãos.
Você sabia que, mesmo na Roma Antiga, nem todas as pessoas eram
consideradas cidadãs? E que dentre as pessoas não consideradas cidadãs podemos
citar os escravos e libertos? Que a plebe só era considerada cidadã diante do valor
de suas posses?
129
UNIDADE 3 | PROBLEMAS CONTEMPORÂNEOS EM BIOÉTICA: A JUSTIÇA SOCIAL, CIDADANIA E DIVERSIDADE CULTURAL
Assim, ele afirma que cidadania civil são os direitos necessários para
exercer a liberdade individual. A cidadania política são os direitos de ter
participação direta ou indireta do poder político, seja por meio do voto, seja por
meio de ser eleito a cargo político. A cidadania social, por sua vez, entende-se
como, um conjunto de direitos e deveres referentes ao sistema de educação, aos
serviços de saúde e de assistência social, bem como das instituições básicas para
uma vida civilizada (MARSHALL, 1967). Nesse sentido, Oscar (2002, s.p.) faz
uma distinção entre a cidadania e o exercício da cidadania, afirma ele que:
Cidadania é a reunião das liberdades e direitos sociais, políticos e
econômicos, ainda que não totalmente consolidados pela legislação.
O Exercício da Cidadania é o usufruto dessas liberdades e direitos
prometidos ou garantidos, devendo-se sempre reivindicar o
cumprimento do que é justo, lícito, útil, para todos os indivíduos.
130
TÓPICO 2 | BIOÉTICA E CIDADANIA: PROBLEMAS CONTEMPORÂNEOS
O autor ainda afirma que o exercício desses direitos não pode implicar em
algo ruim para o próximo, é preciso ter consciência dos limites, ter percepção do
que é bom ou ruim, do que é certo ou errado. Nossas atitudes para além de não
prejudicar o próximo, devem ser benéficas para toda sociedade.
Assim, percebe-se que a cidadania não é algo dado. Ela é uma conquista
de lutas constantes, deriva da nossa capacidade de organização, participação nas
decisões políticas e intervenção social, pois conforme vimos anteriormente, em
Marshall (1967), a plenitude da cidadania está relacionada a um conjunto de direitos.
A cidadania ativa pertencia apenas aos patrícios, que eram membros das
famílias importantes de Roma e tinham o direito de ocupar os cargos políticos.
As mulheres, mesmo sendo esposas de patrícios, não possuíam cidadania ativa e,
portanto, nunca poderiam participar da vida política ocupando algum cargo da
administração pública.
132
TÓPICO 2 | BIOÉTICA E CIDADANIA: PROBLEMAS CONTEMPORÂNEOS
Esse movimento foi muito importante porque influiu para que grande
parte do mundo adotasse o novo modelo de sociedade, criado em
consequência da Revolução. Foi nesse momento e nesse ambiente que
nasceu a moderna concepção de cidadania, que surgiu para afirmar
a eliminação de privilégios, mas que, pouco depois, foi utilizada
exatamente para garantir a superioridade de novos privilegiados.
Segundo Dallari (2017), para ser cidadão ativo precisava ser francês, do
sexo masculino e proprietário de bens imóveis, bem como ter uma renda mínima
anual elevada. Excluiu-se, portanto, as mulheres, os trabalhadores e as camadas
mais pobres da sociedade.
133
UNIDADE 3 | PROBLEMAS CONTEMPORÂNEOS EM BIOÉTICA: A JUSTIÇA SOCIAL, CIDADANIA E DIVERSIDADE CULTURAL
DICAS
Caro acadêmico, foi possível perceber até agora que existe um grande
consenso em relação às transformações que o conceito de cidadania sofreu e
ainda sofrerá durante o longo da história. Conforme Marshall (1967), a cidadania
se desdobra em três formas e tempos distintos, sendo que no século XVIII surgem
os direitos civis, no século XIX os direitos políticos e no século XX os direitos
sociais. Todos estes direitos compõem o conceito de cidadania.
134
TÓPICO 2 | BIOÉTICA E CIDADANIA: PROBLEMAS CONTEMPORÂNEOS
135
UNIDADE 3 | PROBLEMAS CONTEMPORÂNEOS EM BIOÉTICA: A JUSTIÇA SOCIAL, CIDADANIA E DIVERSIDADE CULTURAL
136
TÓPICO 2 | BIOÉTICA E CIDADANIA: PROBLEMAS CONTEMPORÂNEOS
137
UNIDADE 3 | PROBLEMAS CONTEMPORÂNEOS EM BIOÉTICA: A JUSTIÇA SOCIAL, CIDADANIA E DIVERSIDADE CULTURAL
138
TÓPICO 2 | BIOÉTICA E CIDADANIA: PROBLEMAS CONTEMPORÂNEOS
DICAS
139
UNIDADE 3 | PROBLEMAS CONTEMPORÂNEOS EM BIOÉTICA: A JUSTIÇA SOCIAL, CIDADANIA E DIVERSIDADE CULTURAL
Assim, o Brasil adota o critério do ius solis, isso quer dizer que basta nascer
no território brasileiro para ser considerado brasileiro nato. A previsão legal
está disposta no art. 12, I da CF/88. Além disso, o mesmo dispositivo apresenta
algumas hipóteses taxativas de aquisição de nacionalidade brasileira.
140
TÓPICO 2 | BIOÉTICA E CIDADANIA: PROBLEMAS CONTEMPORÂNEOS
141
UNIDADE 3 | PROBLEMAS CONTEMPORÂNEOS EM BIOÉTICA: A JUSTIÇA SOCIAL, CIDADANIA E DIVERSIDADE CULTURAL
Neste mesmo sentido, José Afonso da Silva (2007, p. 345-46) descreve que
a cidadania:
Dito isso, podemos perceber, ainda, que alguns direitos não produzem
os mesmos efeitos para algumas pessoas da sociedade, dentre elas, encontram-se
pessoas de classes socioeconômicas menos favorecidas, ou imigrantes e, nestes
casos, muitas vezes, não se preserva a cidadania.
Pensemos que, para que uma pessoa exerça sua cidadania ela precisa
poder ter acesso a todos os direitos civis, políticos e sociais. Neste sentido,
uma sociedade, para ser justa, deve compreender direitos iguais a todos e estes
compreendem todos os direitos humanos já citados nas unidades anteriores.
143
UNIDADE 3 | PROBLEMAS CONTEMPORÂNEOS EM BIOÉTICA: A JUSTIÇA SOCIAL, CIDADANIA E DIVERSIDADE CULTURAL
Queremos deixar claro que não se está aqui fazendo qualquer apologia
ao procedimento abortivo, tão pouco criando juízo de valor. O que se pretende
com esse assunto é despertá-lo para a realidade e demonstrar como é importante
ter um tratamento e atendimento de saúde adequado e o quanto a bioética ainda
precisa avançar no aspecto social, levando o máximo de informações quanto aos
riscos ao optar por esses procedimentos abortivos.
144
TÓPICO 2 | BIOÉTICA E CIDADANIA: PROBLEMAS CONTEMPORÂNEOS
DICAS
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UNIDADE 3
TÓPICO 3
1 INTRODUÇÃO
Caro acadêmico, até aqui discutimos questões relacionadas ao conceito
e à construção histórica de justiça social e cidadania, relacionando os assuntos
com a questão da bioética. Para além de entender, poder compreender a questão
atinente ao que é a diversidade cultural e o que são os direitos humanos, e
fazer uma interconexão correta entre ambos e extrair quais são os significados e
importância, faz-se necessário primeiramente compreender as partes de forma
isolada. Para, então, poder entender o todo e demais relações decorrentes.
Vamos lá!
2 OS DIREITOS HUMANOS
Comecemos ressaltando o que já vimos nas unidades anteriores sobre
direitos humanos para posteriormente fazer o link e compreender a relação com
a diversidade cultural.
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Além disso, observa a ONU (2017), que mesmo que um Estado Nacional
não faça parte de um tratado ou não tenha formulado reservas, poderá estar
comprometido com as disposições que se tornaram direito internacional
consuetudinário ou que constituírem normas imperativas do direito internacional,
como a proibição da tortura, por exemplo.
Tudo isso é importante ser frisado, para não ficar confuso ou gerar
dúvidas sobre como operam realmente os direitos humanos na vida cotidiana em
sociedade. Os detalhes fazem a grande ligação das coisas, situações etc.
E
IMPORTANT
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DICAS
Verifique como uma situação “pequena e simples” de uma hora para outra pode
tomar grandes e sérias proporções e afetar a vida cotidiana e, ainda, levar a consequências em
decorrência dos tratados internacionais de um país, e como isso afeta as pessoas. Baseado
em fatos reais, o filme “O terminal” faz a dramática narrativa da vida de um cidadão, no filme
retratado sob um “país fictício”, que ao acabar de aterrissar em Nova Iorque para fazer algo
muito simples e imediatamente depois retornar para seu país, foi obrigado a permanecer por
mais de um mês retido na área de trânsito internacional do aeroporto internacional John
F Kennedy, com a angustiante situação: não podia adentrar aos Estados Unidos e também
não podia sair! O fato: ao colocar os pés em solo norte-americano, seu país de origem
simplesmente deixou de existir no direito internacional, liquidando sua condição de “cidadão”.
Algo aparentemente “banal”, mas que implicou em uma dramática situação de direitos
humanos internacional sob uma pessoa “real”. The terminal (O terminal, em português do
Brasil). Estados Unidos. 2004. Direção Steven Spilberg. Roteiro Sacha Gervasi e Jeff Nathanson.
Baseado numa história de Andrew Niccol e Sacha Gervasi. Papel principal Tom Hanks.
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A ONU (2017) afirma que o Brasil deve tentar enfrentar seu problema
mais urgente, a desigualdade social. O país vem descobrindo a forte influência da
cultura, diversidade cultural, para a configuração dessa realidade, bem como seu
potencial de transformação social do cenário do mundo atual.
A UNESCO (2005) ressalta que falta ao Brasil uma abordagem cultural mais
profunda com relação, por exemplo, aos povos indígenas e aos afrodescendentes.
Estes dois grupos apresentam os piores indicadores socioeconômicos do país, em
contraste com a riqueza da diversidade cultural que possuem.
• Tradições indígenas.
• Línguas indígenas ameaçadas de desaparecimento.
• Conhecimento tradicional indígena sobre a natureza.
• Terras indígenas (há conflitos a respeito da expansão da fronteira agrícola e
dos investimentos em infraestrutura).
• Afirmação dos direitos dos povos indígenas.
• Influência da cultura africana na cultura e história do Brasil.
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Como aponta Diniz e Guilhem (2002), mais que uma metaética, a bioética
transpõe-se a um movimento cultural. Foi justamente nesse sentido a chamada
de atenção quanto ao grau de sensibilidade especificamente da bioética e sua
relação com a diversidade cultural.
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O filme é uma fina ironia acerca das questões fundamentais que afligem
a espécie humana e, é exatamente neste ponto, sob o espectro da moral, da
ética e da busca do sentido para a vida, que as pessoas acabam fazendo com os
replicantes tudo aquilo que as fazem sofrer e o que lhe acarretam as mazelas e
vicissitudes da vida. Blade Runner inicialmente polarizou a crítica especializada,
alguns não gostaram de seu ritmo, enquanto outros gostaram de sua temática
complexa. O filme se tornou um clássico e é atualmente considerado um dos
melhores filmes já feitos.
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