Calculo1c AM6
Calculo1c AM6
Calculo1c AM6
Março de 2007
Sumário
1 Os Números Reais 4
1.1 Os Números Racionais . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 4
1.2 Os Números Reais . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 7
1.3 Módulo de um Número Real . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 9
1.4 *Limitação de Subconjuntos de R . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 12
2 Funções 16
2.1 Noções Gerais . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 16
2.2 Operações com Funções . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 18
2.3 Definições Adicionais . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 19
2.4 Funções Trigonométricas . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 23
2.5 Funções Exponenciais e Logarı́tmicas . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 26
2.6 *Seqüências . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 28
2.6.1 Limite de uma Seqüência . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 29
3 Limite e Continuidade 34
3.1 Noção Intuitiva . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 34
3.2 Definições . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 36
3.3 Propriedades do Limite . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 40
3.4 Limites Laterais . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 42
3.5 Propriedades das Funções Contı́nuas . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 45
3.6 Limites Infinitos . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 48
3.7 Limites no Infinito . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 52
3.8 Limites Infinitos no Infinito . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 54
3.9 O Número e . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 57
3.10 Outras Propriedades das Funções Contı́nuas . . . . . . . . . . . . . . . . . . 58
3.11 *Limite de Funções e Seqüências . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 60
4 A Derivada 64
4.1 Motivação e Definição . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 64
4.2 A Derivada Como uma Função . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 69
4.3 Fórmulas e Regras de Derivação . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 70
4.4 A Regra da Cadeia . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 73
1
4.5 Derivação Implı́cita e Derivada da Função Inversa . . . . . . . . . . . . . . . 76
4.6 Derivadas de Ordens Superiores . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 78
4.7 Taxas Relacionadas . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 79
4.8 Aproximações Lineares e Diferencial . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 81
5 Aplicações da Derivada 84
5.1 Máximos e Mı́nimos . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 84
5.2 O Teorema do Valor Médio e suas Conseqüências . . . . . . . . . . . . . . . 86
5.3 Concavidade e Pontos de Inflexão . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 90
5.4 Regras de L’Hospital . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 94
5.5 Polinômios de Taylor . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 97
5.6 Assı́ntotas . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 101
5.7 Esboço de Gráficos de Funções . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 103
5.8 Problemas de Mı́nimos e Máximos . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 104
6 A Integral 107
6.1 A Integral de Riemann . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 107
6.2 Propriedades da Integral . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 110
6.3 O Primeiro Teorema Fundamental do Cálculo . . . . . . . . . . . . . . . . . 111
6.4 Antiderivadas ou Primitivas . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 113
6.5 O Segundo Teorema Fundamental do Cálculo . . . . . . . . . . . . . . . . . 114
6.6 O Logaritmo Definido como uma Integral . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 115
6.7 Mudança de Variável ou Regra da Substituição . . . . . . . . . . . . . . . . 117
6.8 Integração por Partes . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 120
2
8.4 A Substituição u = tg(x/2) . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 150
3
Capı́tulo 1
Os Números Reais
4
(M3) (elemento neutro) existe 1 ∈ Q, tal que x1 = x, para todo x ∈ Q ;
¡ ¢
(M4) (elemento inverso) para todo x ∈ Q, x 6= 0, existe y ∈ Q, y = x1 , tal que x·y = 1 ;
(D) (distributiva da multiplicação) x(y + z) = xy + xz, ∀ x, y, z ∈ Q .
Apenas com estas 9 propriedades podemos provar todas as operações algébricas com o
corpo Q. Vamos enunciar algumas e demonstrar outras a seguir.
Proposição 1.1. O elementos neutros da adição e da multiplicação são únicos.
Proposição 1.2. O elemento oposto e o elemento inverso são únicos.
Proposição 1.3 (Lei do Cancelamento). Em Q, vale
x + z = y + z =⇒ x = y .
Prova.
+(−z) (A1)
x + z = y + z =⇒ (x + z) + (−z) = (y + z) + (−z) =⇒ x + (z + (−z))
(A4) (A3)
= y + (z + (−z)) =⇒ x + 0 = y + 0 =⇒ x = y .
¤
Segue da lei do cancelamento que
Proposição 1.4. Para todo x ∈ Q, x · 0 = 0.
Proposição 1.5. Para todo x ∈ Q, −x = (−1)x.
Diremos que
½
a não-negativo, se a · b ∈ N
∈ Q é
b positivo, se a · b ∈ N e a 6= 0
e diremos que
a não-positivo, se a não for positivo
∈ Q é b
b negativo, se a não for não-negativo.
b
Sejam x, y ∈ Q. Diremos que x é menor do que y e escrevemos x < y, se existir t ∈ Q
positivo tal que
y = x + t.
Neste mesmo caso, poderemos dizer que y é maior do que x e escrevemos y > x. Em
particular, x > 0 se x for positivo e x < 0 se x for negativo.
Se x < y ou x = y, então escreveremos x ≤ y e lemos “ x é menor ou igual a y ”. Da
mesma forma, se y > x ou y = x, então escreveremos y ≥ x e, neste caso, lemos “ y é maior
ou igual a x ”. Escreveremos x ≥ 0 se x for não-negativo e x ≤ 0 se x for não-positivo.
A quádrupla ( Q , + , · , ≤ ) satisfaz as propriedades de um corpo ordenado, ou seja,
além das propriedades anteriores, também valem as propriedades seguintes:
5
(O1) (reflexiva) x ≤ x, para todo x ∈ Q ;
(O2) (anti-simétrica) x ≤ y e y ≤ x =⇒ x = y, para quaisquer x, y ∈ Q ;
(O3) (transitiva) x ≤ y , y ≤ z =⇒ x ≤ z, para quaisquer x, y, z ∈ Q ;
(O4) Para quaisquer x, y ∈ Q, x ≤ y ou y ≤ x ;
(OA) x ≤ y =⇒ x + z ≤ y + z ;
(OM) x ≤ y e z ≥ 0 =⇒ xz ≤ yz .
Proposição 1.6. Para quaisquer x, y, z, w no corpo ordenado Q, valem
¾
x≤y
(a) =⇒ x + z ≤ y + w.
z≤w
¾
0≤x≤y
(b) =⇒ xz ≤ yw.
0≤z≤w
Outras propriedades:
Sejam x, y, z, w ∈ Q. Então valem
• x < y ⇐⇒ x + z < y + z;
1
• z > 0 ⇐⇒ > 0;
z
• z > 0 ⇐⇒ −z < 0;
• Se z > 0, então x < y ⇐⇒ xz < yz;
• Se z < 0, então x < y ⇐⇒ xz > yz;
¾
0≤x<y
• =⇒ xz < yw;
0≤z<w
1 1
• 0 < x < y ⇐⇒ 0 < < ;
y x
• (tricotomia) x < y ou x = y ou x > y;
• (anulamento do produto) xy = 0 ⇐⇒ x = 0 ou y = 0.
6
1.2 Os Números Reais
Os números racionais podem ser representados por pontos em uma reta horizontal ordenada,
chamada reta real.
1 4 5
2 3 2
-
−3 −2 −1 0 1 2 3 4 5
-
0 1 P x
Prova.
(a) Se a for ı́mpar, então existe k ∈ Z tal que a = 2k + 1 . Daı́ segue que
(b) Suponha, por absurdo, que a não é par. Logo a é ı́mpar. Então, pela Proposição 1.7
(a), a2 também é ı́mpar, o que contradiz a hipótese. Portanto a é par necessariamente.
7
Proposição 1.8. A equação x2 = 2 não admite solução em Q .
Prova. Suponhamos, por absurdo, que x2³ =´2 tem solução em Q . Então podemos tomar
a a a 2
x = com a, b ∈ Z e irredutı́vel. Logo = 2 , ou seja, a2 = 2b2 e portanto a2 é par.
b b b
Segue da Proposição 1.7 (b) que a também é par. Portanto existe k ∈ Z tal que a = 2k .
Mas ¾
a2 = 2b2
=⇒ 2b2 = 4k 2 =⇒ b2 = 2k 2 .
a = 2k
a
Portanto b2 é par e, pela Proposição 1.7 (b), b também é par. Mas isto implica que é
b
redutı́vel (pois a e b são divisı́veis por 2 ) o que é uma contradição. Portanto não existe
a ³ a ´2
∈ Q tal que = 2. ¤
b b
Denotamos o conjunto dos números reais por R. Temos R ⊃ Q e todo número real que
não é racional é dito irracional.
Em R , definimos uma adição (+) , uma multiplicação (·) e uma relação de ordem (≤).
Então a quádrupla ( R , + , · , ≤ ) satisfaz as condições (A1) a (A4) , (M1) a (M4) , (D) ,
(O1) a (O4) , (OA) e (OM) como na seção anterior e portanto é um corpo ordenado.
Para resolver uma equação em x é necessário encontrar o conjunto dos números reais
x que satisfazem a equação. Para resolver uma inequação em x é necessário encontrar o
conjunto dos números reais x que satisfazem a desigualdade.
Exemplo 1.1. A inequação x − 2 < 4 resulta em x < 6.
Exemplo 1.2. Resolva a inequação −3(4 − x) ≤ 12.
Multiplicando a ambos os lados da desigualdade por − 13 , temos 4 − x ≥ −4. Subtraindo 4
resulta em −x ≥ −8 e multiplicando por −1 obtemos x ≤ 8.
Exemplo 1.3. Resolva a inequação πx + 1729 < 4x + 1.
Vamos começar adicionando o oposto de 1729 + 4x dos dois lados da inequação. Assim
ou seja
πx − 4x < 1 − 1729
que também pode ser escrita como
8
ou seja
1728
x> .
4−π
x+1
Exemplo 1.4. Qual é o sinal de em função de x?
1−x
O numerador é positivo quando x > −1, negativo quando x < −1 e zero quando x = −1. O
denominador é positivo quando x < 1, negativo quando x > 1 e zero quando x = 1. Portanto
a fração será positiva quando −1 < x < 1, negativa quando x < −1 ou x > 1 e zero quando
x = −1.
2x + 1
Exercı́cio: Resolva a inequação ≤ 0. [R : − 12 < x < 4].
x−4
Exemplo 1.6. A equação |x| = r, com r ≥ 0, tem como soluções os elementos do conjunto
{r, −r}.
O resultado do Exemplo 1.6 pode ser generalizado como no exemplo seguinte.
Exemplo 1.7.½ A equação¾|ax − b| = r, com r ≥ 0 e a 6= 0, tem como soluções os elementos
b+r b−r
do conjunto , .
a a
Exemplo 1.8. Resolva a equação |2x + 1| = 3.
Temos 2x + 1 = 3 ou 2x + 1 = −3, o que nos leva à solução x = 1 ou x = −2.
Sejam P e Q dois pontos da reta real de abscissas x e y respectivamente. Então a
distância de P a Q (ou de x a y) é dada por |x − y|. Assim |x − y| é a medida do segmento
P Q. Em particular, como |x| = |x − 0|, então |x| é a distância de x a 0.
O próximo exemplo diz que a distância de x a 0 é menor do que r, com r > 0, se e
somente se x estiver entre −r e r.
9
Exemplo 1.9. Seja com r > 0. Então |x| < r ⇐⇒ −r < x < r .
• x ≥ 0 =⇒ r > |x| = x,
• x ≥ 0 =⇒ |x| = x < r,
|x| < r
³ ´
r -
x
−r 0 r
De forma similar ao exemplo anterior, −r < ax − b < r. Somando b aos termos da inequação
obtemos
b − r < ax < b + r.
Logo,
b−r b+r
• a > 0 =⇒ <x< ;
a a
b+r b−r
• a < 0 =⇒ <x< .
a a
Como caso particular do Exemplo 1.10, se a distância de x a p for menor do que r, isto
é, |x − p| < r, r > 0, então x estará entre p − r e p + r. Geometricamente,
|x − p | < r
³ ´
r -
x
p−r p p+r
10
Exemplo 1.11. Para quaisquer x, y ∈ R, vale
| xy| = | x| | y| .
Temos que | xy|2 = (xy)2 = x2 y 2 = | x|2 | y|2 = (| x|| y|)2 . Como | xy| ≥ 0 e | x|| y| ≥ 0 resulta
| xy| = | x| | y|.
Exemplo 1.12 (Desigualdade triangular). Para quaisquer x, y ∈ R , vale
| x + y| ≤ | x| + | y| .
11
1.4 *Limitação de Subconjuntos de R
Definição 1.3. Um conjunto A ⊂ R será dito limitado, se existir L > 0 tal que | x| ≤ L,
para todo x ∈ A.
Proposição 1.9. Um conjunto A ⊂ R será limitado se, e somente se, existir L > 0 tal que
A ⊂ [−L, L].
Exemplo 1.15.
(a) A = [0, 1] é limitado
(b) N não é limitado mas é limitado inferiormente por 0, pois 0 ≤ x, para todo x ∈ N.
√
(c) B = √{x ∈ Q : x ≤ 2} não é limitado, mas é limitado superiormente por L, onde
L ≥ 2.
12
Definição 1.6. Seja A ⊂ R limitado superiormente (respectivamente limitado inferior-
mente), A 6= ∅.
• Se L ∈ R for cota superior (resp. cota inferior) de A e para toda cota superior (resp.
cota inferior) L de A, tivermos
L ≤ L (resp. L ≤ L ),
Analogamente temos
Exemplo 1.17.
13
Corolário 1.1. Seja A ⊂ R, A 6= ∅. Se A for limitado inferiormente, então existirá
L = inf A.
Prova. Suponhamos, primeiramente, que x > 0 e suponhamos, por absurdo, que A seja
limitado. Então existirá L = sup A pois A 6= ∅ (por que?). Logo, dado ² = x existirá m ∈ N
tal que L − x < mx (veja a Proposição 1.11). Portanto L < (m + 1)x o que contradiz a
suposição.
O caso x < 0 segue de modo análogo. ¤
Exemplo 1.19.
(a) Seja A = (a, b). Então o conjunto dos pontos de acumulação de A é [a, b].
Exemplo 1.20.
14
(a) Seja B = {1, 1/2, 1/3, . . .}. Então o conjunto dos pontos de acumulação de B é {0} e
o conjunto dos pontos isolados de B é o próprio conjunto B.
Observação: Podem haver conjuntos infinitos que não possuem pontos de acumulação (por
exemplo Z). No entanto, todo conjunto infinito e limitado possui pelo menos um ponto de
acumulação.
Pela propriedade arquimediana de R, podemos provar a proposição seguinte.
Exercı́cios:
√
(a) Mostre que se r for um número racional não nulo, então r 2 será um número irracional.
(c) Mostre que todo intervalo aberto contém um número infinito de números irracionais.
(d) Mostre que qualquer número real é ponto de acumulação do conjunto dos números
irracionais.
15
Capı́tulo 2
Funções
x ∈ A 7→ f (x) ∈ B .
Convenção: Se o domı́nio de uma função não é dado explicitamente, então, por convenção,
adotamos como domı́nio o conjunto de todos os números reais x para os quais f (x) é um
número real.
16
Definição 2.2. Sejam f : A → B uma função e A, B ⊂ R. O conjunto
é chamado gráfico de f .
Decorre da definição acima que G(f ) é o lugar geométrico descrito pelo ponto (x, f (x)) ∈
R × R, quando x percorre o domı́nio Df . Observe que, por exemplo, uma circunferência não
representa o gráfico de uma função.
Exemplo 2.1. Seja f : R → R. Temos
(a) função constante: f (x) = k;
(h) função algébrica: função construı́da usando operações algébricas começando com
√ (x − 4) √
polinômios; por exemplo, f (x) = x2 + 1, Df = R, g(x) = √ 3 x + 1, Dg =
4
x + 2x
(0, +∞).
¯
Definição 2.3. Sejam f : A → B e D ⊂ A. Denotamos por f ¯D a restrição de f ao
subconjunto D de A. Então
¯
f ¯D (x) = f (x), para todo x ∈ D.
17
Exemplo 2.2. Função definida por partes: definida de forma diversa em diferentes
partes de seu domı́nio; por exemplo,
½ ½
1 − x se x ≤ 1, x se x ≥ 0,
(a) f (x) = 2 (b) g(x) = |x| =
x se x > 1; −x se x < 0.
18
√ √
Exemplo 2.8. Se f (x) = 7 − x e g(x) = x − 2, então Df = (−∞, 7], Dg = [2, +∞) e
Df ∩ Dg = [2, 7]. Temos que,
√ √
(a) (f + g)(x) = 7 − x + x − 2 2 ≤ x ≤ 7,
√ √ p
(b) (f g)(x) = 7 − x x − 2 = (7 − x)(x − 2) 2 ≤ x ≤ 7,
³f ´ √ r
7−x 7−x
(c) (x) = √ = 2 < x ≤ 7.
g x−2 x−2
Definição 2.5. Dadas funções f : Df → R e g : Dg → R, com Imf ⊂ Dg , definimos a
função composta
h : Df → R
por
h(x) = g(f (x)), para todo x ∈ Df .
Neste caso, escrevemos h = g ◦ f .
Observação: Em geral, f ◦ g 6= g ◦ f.
x
Exemplo 2.10. Encontre f ◦ g ◦ h se f (x) = , g(x) = x10 e h(x) = x + 3.
x+1
(x + 3)10
f ◦ g ◦ h(x) = f (g(h(x))) = f (g(x + 3)) = f ((x + 3)10 ) = .
(x + 3)10 + 1
√ √
Exercı́cio: Se f (x) = x e g(x) = 2 − x, encontre e determine o domı́nio das funções:
√ q
4
√
(a) f ◦ g(x) = 2 − x, Df ◦g = (−∞, 2] (b) g ◦ f (x) = 2 − x, Dg◦f = [0, 4]
q
√ √
(c) f ◦ f (x) = 4
x, Df ◦f = [0, +∞) (d) g ◦ g(x) = 2− 2 − x, Dg◦g = [−2, 2].
19
• f é ı́mpar se, e somente se, f (−x) = −f (x), para todo x ∈ Df .
Observação: O significado geométrico de uma função par é que seu gráfico é simétrico em
relação ao eixo y e de uma função ı́mpar é que seu gráfico é simétrico em relação à origem.
Em particular, se existir um menor ω0 positivo tal que f seja ω0 -periódica, então diremos
que ω0 será o perı́odo mı́nimo de f .
Exemplo 2.12.
(a) f (x) = x − [x], onde [x] = max{n ∈ Z : n ≤ x} é a função maior inteiro, é 1-periódica
e o perı́odo mı́nimo de f é 1. Note que [x + 1] = [x] + 1.
½
1, se x ∈ Q
(b) f (x) = é r-periódica para cada r ∈ Q\{0}. Então f não tem
0, se x ∈ R\Q
perı́odo mı́nimo.
20
Observação: Note que f será injetora se, e somente se,
Exemplo 2.13. A função módulo f (x) = |x| não é injetora pois, por exemplo,
¯ | −+1| = |1|
e −1 6= 1. f não é sobrejetora pois Im(f ) = R ⊂ R. Agora, considerando f ¯R+ : R → R+
+
f −1 (y) = x ⇐⇒ f (x) = y, ∀ y ∈ B.
Com isto, fica fácil verificar que G(f −1 ) é a reflexão de G(f ) em torno da reta y = x.
√
Exercı́cio: Esboce os gráficos de f (x) = −x − 1 e de sua função inversa.
21
Definição 2.10. Diremos que f é limitada se, e somente se, o conjunto Im(f ) for limitado.
Caso contrário, a função f será dita ilimitada. Se A1 ⊂ A, então f será limitada em A1
se, e somente se, a restrição f |A1 for limitada.
Observação: Segue da Definição 2.10 que se existir L > 0 tal que
• Se valer a implicação x < y =⇒ f (x) > f (y), então f será estritamente decres-
cente.
22
Exemplo 2.17. f (x) = x2 é estritamente crescente para x > 0 e estritamente decrescente
para x < 0.
x+1
Exemplo 2.18. f (x) = é estritamente decrescente.
x
1 1
Observe que se x < y então f (x) = 1 + > 1 + = f (y).
x y
b = c,
cos B b = b,
cos C
©
©© a a
a© © b
C b
©©
b
©© B b = b,
sen B b = c.
sen C
c a a
Estas relações definem o seno e cosseno de um ângulo agudo, pois todo ângulo agudo é
um dos ângulos de um triângulo retângulo. Note que sen B b e cos B
b dependem apenas do
b e não do tamanho do triângulo.
ângulo B
Segue do Teorema de Pitágoras que
b + a2 cos2 B
a2 = b2 + c2 = a2 sen2 B b = a2 (sen2 B
b + cos2 B).
b
Logo
b + cos2 B.
1 = sen2 B b (2.1)
É claro que o seno e o cosseno de um ângulo agudo são números compreendidos entre 0 e 1.
A relação (2.1) sugere que para todo ângulo α, os números cos α e sen α são as coordenadas
de um ponto da circunferência de raio 1 e centro na origem de R2 . Usaremos isto para
estender as funções cosseno e seno para ângulos fora do intervalo (0, π/2).
Observação: Sempre que falarmos das funções seno e cosseno os ângulos serão sempre
medidos em radianos. Temos que πrad = 180o .
Se considerarmos a circunferência unitária centrada na origem do R2 e marcarmos, a par-
tir do eixo x, um ângulo t, então poderemos definir sen t e cos t de forma que as coordenadas
do ponto P sejam (cos t, sen t).
6
P = (cos t, sen t)'$
r r Q = (cos α, sen α)
@ t¡
@¡ α -
−1 1
&%
23
Assim, sen t e cos t coincidem com a definição original se 0 < t < π/2 e podem ser
estendidas para qualquer t ∈ R, se marcarmos ângulos positivos no sentido anti-horário e
ângulos negativos no sentido horário.
Proposição 2.3 (Propriedades).
(a) O seno é positivo no primeiro e segundo quadrantes e negativo no terceiro e quarto
quadrantes.
(c) O seno e cosseno são funções 2π-periódicas com imagem no intervalo [−1, 1].
24
r
1 + cos(2α)
(a) cos(α) = ± .
2
r
1 − cos(2α)
(b) sen(α) = ± .
2
A partir das fórmulas de adição obtemos
Proposição 2.7 (Transformação de Produto em Soma).
1 1
(a) cos(α) cos(β) = cos(α + β) + cos(α − β), [somando (a) e (c) da Proposição 2.4].
2 2
1 1
(b) sen(α)sen(β) = cos(α + β) − cos(α − β), [subtraindo (a) e (c) da Proposição 2.4].
2 2
1 1
(c) sen(α) cos(β) = sen(α + β) − sen(α − β) [subtraindo (b) e (d) da Proposição 2.4].
2 2
Proposição 2.8 (Transformação de Soma em Produto).
³α + β ´ ³α − β ´
(a) sen (α) + sen (β) = 2sen cos .
2 2
³α + β ´ ³α − β ´
(b) cos(α) + cos(β) = 2 cos cos .
2 2
α+β α−β α+β α−β
Prova. (a) Escreva α = + eβ = − e utilize (b) e (d) da Proposição
2 2 2 2
2.4.
(b) Escreva α e β como na parte (a) e utilize (a) e (c) da Proposição 2.4. ¤
De maneira análoga temos
Proposição 2.9 (Transformação de Subtração em Produto).
³α − β ´ ³α + β ´
(a) sen (α) − sen (β) = 2sen cos .
2 2
³α + β ´ ³α − β ´
(b) cos(α) − cos(β) = −2sen sen .
2 2
Definição 2.14. Definimos
sen(α)
• tg(α) = , D(tg) = {α : cos α 6= 0}
cos(α)
cos(α)
• cotg(α) = , D(cotg) = {α : senα 6= 0}
sen(α)
1
• cosec(α) = , D(cosec) = {α : senα 6= 0}
sen(α)
25
1
• sec(α) = , D(sec) = {α : cos α 6= 0}
cos(α)
• Se x = 0, então a0 = 1.
1
• Se x = −n, onde n é um inteiro positivo, então a−n = .
an
p √ √
• Se x = , onde p e q são inteiros e q > 0, então ap/q = q ap = ( q a)p .
q
• Se x for un número irracional. Considere o caso a > 1, então ax é o único número
real cujas aproximações por falta são as potências ar , com r racional menor do que x
e cujas aproximações por excesso são as potências as , com s racional maior do que x.
Em outras palavras, ax satisfaz a seguinte propriedade:
Se a < 1, ax satisfaz:
26
(c) (ab)x = ax bx ,
(d) Se a > 1 a função exponencial é estritamente crescente, ou seja, se x < y então
ax < ay .
(e) Se 0 < a < 1 a função exponencial é estritamente decrescente, ou seja, se x < y então
ax > ay .
³ 1 ´x
x
Exercı́cio: Esboce o gráfico da funções exponenciais f (x) = 2 e f (x) = .
2
Como a função exponencial é ou crescente ou decrescente, existe a função inversa.
Definição 2.16. A função inversa da função exponencial é chamada função logarı́tmica
com base a e denotada por loga . Assim,
loga x = y ⇐⇒ ay = x.
Observação: Note que loga x está definido para x > 0, a > 0 e a 6= 1. Além disso satisfaz
loga (ax ) = x, x ∈ R e aloga x = x, x > 0.
Proposição 2.11 (Propriedades). Sejam a > 0, a 6= 1, b > 0, b 6= 1. Então são válidas as
seguintes propriedades
(a) loga xy = loga x + loga y,
(b) loga xy = y loga x,
x
(c) loga = loga x − loga y,
y
(d) Se a > 1 a função logarı́tmica é estritamente crescente, ou seja, se x < y, então
loga x < loga y,
(e) Se 0 < a < 1 a função logarı́tmica é estritamente decrescente, ou seja, se x < y, então
loga x > loga y,
logb x
(f ) (Mudança de base) loga x = .
logb a
Exercı́cio: Esboce o gráfico da funções logarı́tmicas f (x) = log2 x e f (x) = log 1 x.
2
x
A função exponencial de base e onde e ≈ 2, 718281, f (x) = e , desempenha um papel
importante no cálculo.
Definição 2.17. A função logarı́tmica com base e é chamada logaritmo natural e deno-
tada por loge x = ln x.
Observe que como ln(ex ) = x, tomando x = 1 temos que ln e = 1.
Há varias formas de introduzir o número e. No capı́tulo seguinte o definiremos como um
limite. Mais adiante vamos definir o logaritmo natural utilizando integrais, nesse caso, o
número e será o único número satisfazendo ln e = 1.
27
2.6 *Seqüências
Nesta seção, consideraremos um caso particular de funções que são as seqüências.
Definição 2.18. Uma seqüência é uma função definida no conjunto dos números naturais
e com valores reais, ou seja, f : N → R.
Note que cada número natural é levado em um único número real
f
N → R
1 7 → f (1)
2 7 → f (2)
3 7 → f (3)
.. ..
. .
Se denotamos f (n) por xn , então a seqüência f estará unicamente determinada pela lista de
números {x1 , x2 , x3 , . . .} ou, abreviadamente, por {xn }. Desta forma, adotaremos a notação
{xn } ou {x1 , x2 , x3 , . . .} para representar uma seqüência. O número xn é chamado elemento
de uma seqüência e o conjunto imagem de f , Im(f ), é chamado conjunto dos valores de uma
seqüência.
Como uma seqüência é uma função particular, então estão definidas as operações de
soma, multiplicação por escalar, produto e quociente de seqüências.
Exercı́cio: Escreva as definições de soma, multiplicação por escalar, produto e quociente de
seqüências.
Exemplo 2.19. Temos
(a) f : N → R dada por f (n) = n ou {n} ou {0, 1, 2, 3, . . .} é uma seqüência cujo conjunto
dos valores é N.
½ ¾ ½ ¾
1 1 1 1 1
(b) f : N → R dada por f (n) = ou ou 1, , , , . . . é uma seqüência
½n + 1 n¾ +1 2 3 4
1 1 1
cujo conjunto dos valores é 1, , , , . . . .
2 3 4
(c) f : N → R dada por f (n) = (−1)n ou {(−1)n } ou {1, −1, 1, −1, . . .} é uma seqüência
cujo conjunto dos valores é {1, −1}.
½ ¾ ½ ¾
n n 1 2 3
(d) f : N → R dada por f (n) = ou ou 0, , , , . . . é uma seqüência
½n + 1 n +
¾ 1 2 3 4
1 2 3
cujo conjunto dos valores é 0, , , , . . . .
2 3 4
(e) f : N → R dada por f (n) = rn ou {rn } ou {1, r, r2 , r3 , . . .} é uma seqüência cujo
conjunto dos valores é {1, r, r2 , r3 , . . .} ( progressão geométrica).
28
2.6.1 Limite de uma Seqüência
Note que a seqüência ½ ¾
1 2 3
0, , , , . . .
2 3 4
tem a propriedade de que quanto maior for a variável n, mais próximo o valor
½ da ¾ seqüência
n n
em n, , fica de 1. Neste caso, diremos que o limite da seqüência é 1 e a
n+1 n+1
seqüência é dita convergente com limite 1. É preciso dar uma definição mais precisa da
noção de limite de uma seqüência.
Definição 2.19. Uma seqüência {xn } será dita convergente com limite ` se, dado ε > 0,
existir um natural N = N (ε) tal que
| xn − `| < ε, ∀ n ≥ N.
29
ou seja,
k1 − k2 (1 − ε)
n> . (2.3)
−ε
Desenvolvendo a parte direita de (2.2), obtemos
nε > k1 − k2 (1 + ε)
e, portanto,
k1 − k2 (1 + ε)
n> . (2.4)
ε
Estes resultados ((2.3) e (2.4)) indicam que podemos satisfazer a definição de convergência
k1 − k2 (1 − ε) k1 − k2 (1 + ε)
pegando um N natural que seja maior que ambos e .
−ε ε
Exercı́cio: Seja {xn } uma seqüência convergente com limite `. Mostre que a seqüência
{cos xn } será convergente com limite cos `.
O próximo resultado diz que, se uma seqüência for convergente, então o limite será único.
lim xn = `1 e lim xn = `2 ,
n→∞ n→∞
então `1 = `2 .
½ ¾
1
Exercı́cio: Mostre que a seqüência n sen é convergente com limite 1.
n
Definição 2.20. Uma seqüência será dita divergente, se ela não for convergente.
Exemplo 2.22.
(a) Sejam h(n) = 2n e {xn } uma seqüência. Então {x2n } é uma subseqüência de {xn }
chamada subseqüência dos pares.
(b) Seja h(n) = 2n + 1 e {xn } uma seqüência. Então {x2n+1 } é uma subseqüência de {xn }
chamada subseqüência dos ı́mpares.
(c) Seja h(n) = n + p, p ∈ N, e {xn } uma seqüência. Então {xn+p } é uma subseqüência
de {xn }.
(d) A subseqüência dos pares (ı́mpares) da seqüência {(−1)n } é a seqüência constante {1}
(resp. {−1}).
30
Proposição 2.13. Se {xn } for uma seqüência convergente com limite `, então toda sub-
seqüência de {xn } será convergente com limite `.
A Proposição 2.13 é importante pois implica no seguinte critério negativo de convergência
que é bastante utilizado.
Proposição 2.14. Se uma seqüência possuir duas subseqüências convergentes com limites
distintos, então a seqüência será divergente.
Exemplo 2.23. A seqüência {(−1)n } é divergente.
Definição 2.22. Uma seqüência será dita limitada se o seu conjunto de valores for limitado.
Caso contrário, a seqüência será dita ilimitada.
Observação: Note que a Definição 2.22 é coerente com a definição de função limitada dada
anteriormente (Definição 2.10).
Exemplo 2.24.
½ ¾
n
(a) A seqüência é limitada.
n+1
(b) A seqüência {(−1)n } é limitada.
½ ¾
1
(c) A seqüência cos é limitada.
n
(d) A seqüência {n} é ilimitada.
Proposição 2.15. Toda seqüência convergente é limitada.
Observação: Note que, apesar de toda seqüência convergente ser limitada, nem toda
seqüência limitada é convergente (por exemplo, {(−1)n } é limitada, mas não é convergente).
Proposição 2.16. Seja {xn } uma seqüência. Então {xn } será convergente com limite 0 se,
e somente se, {|xn |} for convergente com limite 0.
Observação: Mostraremos mais tarde que se {xn } é convergente com limite ` então {|xn |}
é convergente com limite |`| mas não é verdade que se {|xn |} é convergente então {xn } é
convergente (basta ver o que ocorre com a seqüência {(−1)}n ).
Exemplo 2.25. Considere a seqüência {rn }. Temos
(a) {rn } é convergente com limite 0, se | r| < 1;
31
Proposição 2.17. Se {xn } for convergente com limite 0 e {yn } for limitada, então {xn yn }
será convergente com limite 0.
½ ¾
1
Exemplo 2.26. A seqüência cos n é convergente com limite 0.
n
Proposição 2.18. Toda seqüência {xn } crescente (respectivamente decrescente) e limitada
é convergente com limite sup{xn : n ∈ N} (resp. inf{xn : n ∈ N}).
√ √
Exercı́cio: Mostre que a seqüência {xn } dada por x1 = 2, xn = 2 + xn−1 , n ≥ 2, é
convergente e encontre o seu limite.
Proposição 2.19 (Propriedades). Sejam {xn } e {yn } seqüências convergentes com limites
`1 e `2 respectivamente e seja c ∈ R. Então
(a) {cxn + yn } é convergente com limite c`1 + `2
Proposição 2.21. Se {xn } for uma seqüência convergente e xn ≤ 0, para todo n ∈ N, então
lim xn ≤ 0.
n→∞
Prova. Suponha que lim xn = `. Então dado ε > 0, existe N ∈ N tal que
n→∞
` − ε < xn < ` + ε, ∀ n ≥ N.
` − ε < xn ≤ 0, ∀ n ≥ N,
Proposição 2.22 (Teorema do Confronto). Sejam {xn } e {yn } duas seqüências convergentes
com mesmo limite `. Se {zn } é um seqüência tal que
xn ≤ z n ≤ y n , ∀ n ∈ N,
32
Prova. Dado ε > 0, seja N ∈ N tal que
` − ε ≤ xn ≤ zn ≤ yn ≤ ` + ε, ∀ n ≥ N.
Então vale |zn − `| < ε para todo n ≥ N e, portanto, lim zn = `. Isto conclui a prova. ¤
n→∞
Vejamos.
Definição 2.23.
• Diremos que uma seqüência {xn } diverge para +∞ se, dado R > 0, existir N ∈ N
tal que xn > R, para todo n ≥ N . Neste caso, escrevemos lim xn = +∞.
n→∞
• Diremos que uma seqüência {xn } diverge para −∞ se, dado R > 0 existir N ∈ N
tal que xn < −R, para todo n ≥ N . Neste caso, escrevemos lim xn = −∞.
n→∞
• Diremos que uma seqüência {xn } oscila, se ela não for convergente e não divergir para
+∞ ou para −∞.
Exemplo 2.27.
33
Capı́tulo 3
Limite e Continuidade
x x+1 x x+1
1, 5 2, 5 0, 5 1, 5
1, 1 2, 1 0, 9 1, 9
1, 01 2, 01 0, 99 1, 99
1, 001 2, 001 0, 999 1, 999
↓ ↓ ↓ ↓
1 2 1 2
6
¡
¡
f (x) ↓ ¡ f (x) = x + 1
tende 2 r ¡
¡
a2 ↑ ¡
¡
¡
¡
¡
r -
→1 ← x
quando x tende a 1
34
Da tabela vemos que quando x estiver próximo de 1 (de qualquer lado de 1) f (x) estará
próximo de 2. De fato, podemos tomar os valores de f (x) tão próximos de 2 quanto quisermos
tomando x suficientemente próximo de 1. Expressamos isso dizendo que o limite da função
f (x) = x + 1 quando x tende a 1 é igual a 2.
Definição 3.1 (Intuitiva). Escrevemos
lim f (x) = L
x→p
x2 − 1
Observe que f (x) = não está definida quando x = 1. Temos que para x 6= 1,
x−1
x2 − 1 (x − 1)(x + 1)
= = x + 1.
x−1 x−1
Como os valores das duas funções são iguais para x 6= 1, então os seus limites quando x
tende a 1 também. Portanto,
x2 − 1
lim = 2.
x→1 x − 1
x2 − 1
se x 6= 1
Exemplo 3.2. Seja f (x) = Determine o limite quando x tende a 1.
0x − 1 se x = 1.
Observe que para x 6= 1 a função f (x) é igual à função do exemplo anterior, logo lim f (x) = 2,
x→1
o qual não é o valor da função para x = 1. Ou seja, o gráfico desta função apresenta uma
quebra em x = 1, neste caso dizemos que a função não é contı́nua.
Definição 3.2. Uma função f é contı́nua em p se
• f (p) está definida,
35
Se f não for contı́nua em p, dizemos que f é descontı́nua em p.
Exemplo 3.3.
(a) A função f (x) = x + 1 é contı́nua em x = 1.
x2 − 1
(b) A função f (x) = não é contı́nua em x = 1 pois não está definida nesse ponto.
x−1
x2 − 1
se x 6= 1
(c) A função f (x) = não é contı́nua em x = 1 pois lim f (x) = 2 6=
0x − 1 se x = 1 x→1
0 = f (1).
3.2 Definições
Nesta seção vamos a dar a definição precisa de limite. Consideremos a seguinte função
½
2x − 1 se x 6= 3
f (x) =
6 se x = 3.
Intuitivamente vemos que lim f (x) = 5. Quão próximo de 3 deverá estar x para que f (x)
x→3
difira de 5 por menos do que 0,1?
A distância de x a 3 é |x − 3| e a distância de f (x) a 5 é |f (x) − 5|, logo nosso problema
é achar um número δ tal que
se |x − 3| < δ, mas x 6= 3 =⇒ |f (x) − 5| < 0, 1.
Se |x − 3| > 0 então x 6= 3. Logo uma formulação equivalente é achar um número δ tal que
se 0 < |x − 3| < δ =⇒ |f (x) − 5| < 0, 1.
0, 1
Note que se 0 < |x − 3| < , então
2
|f (x) − 5| = |(2x − 1) − 5| = |2x − 6| = 2|x − 3| < 0, 1.
0, 1
Assim a resposta será δ = = 0, 05. Se mudarmos o número 0,1 no problema para um
2
0, 01
número menor 0,01, então o valor de δ mudará para δ = . Em geral, se usarmos um
2
valor positivo arbitrário ε, então o problema será achar um δ tal que
se 0 < |x − 3| < δ =⇒ |f (x) − 5| < ε.
ε
E podemos ver que neste caso δ pode ser escolhido como sendo . Esta é uma maneira de
2
dizer que f (x) está próximo de 5 quando x está próximo de 3. Também podemos escrever
5 − ε < f (x) < 5 + ε sempre que 3 − δ < x < 3 + δ, x 6= 3,
36
ou seja, tomando os valores de x 6= 3 no intervalo (3 − δ, 3 + δ), podemos obter os valores de
f (x) dentro do intervalo (5 − ε, 5 + ε).
6 r
5+ε
f (x) ¢¢
está 5 r b¢
¢ ½
aqui ¢ 2x − 1 se x 6= 1
5−ε ¢ f (x) =
¢ 6 se x = 1.
¢
¢
¢
¢
¢ r -
¢ 3 x
¢ 3−δ 3+δ
¢ |{z}
quando x está aqui
Definição 3.3 (Limite). Seja f uma função definida sobre algum intervalo aberto que contém
o número p, exceto possivelmente o próprio p. Então dizemos que o limite de f (x) quando
x tende p é L e escrevemos
lim f (x) = L
x→p
6 6
f f (p) r f
L+ε L+ε
L b L b
L−ε L−ε
- -
p−δ p p+δ x p−δ p p+δ x
37
6
f 6 f
L+ε
L = f (p) f (p) r
L−ε b
- -
p−δ p p+δ x p x
Devemos fazer uma análise preliminar para conjeturar o valor de δ. Dado ε > 0, o problema
é determinar δ tal que
se 0 < |x − 2| < δ =⇒ |(3x − 2) − 4| < ε.
Mas |(3x − 2) − 4| = |3x − 6| = |3(x − 2)| = 3|x − 2|. Portanto, queremos
3|x − 2| < ε sempre que 0 < |x − 2| < δ
ou
ε
|x − 2| < sempre que 0 < |x − 2| < δ.
3
ε
Isto sugere que podemos escolher δ = .
3
ε
Provemos que a escolha de δ funciona. Dado ε > 0, escolha δ = . Se 0 < |x − 2| < δ,
3
então
ε
|(3x − 2) − 4| = |3x − 6| = |3(x − 2)| = 3|x − 2| < 3δ = 3 = ε.
3
Assim,
|(3x − 2) − 4| < ε sempre que 0 < |x − 2| < δ
logo, pela definição, lim (3x − 2) = 4.
x→2
Então L1 = L2 .
38
Podemos dar a definição precisa de função contı́nua.
Exemplo 3.6.
então existe
lim f (x) e lim f (x) = L.
x→p x→p
x2 − 4
Exemplo 3.7. Calcule lim .
x→2 x−2
Observe que para x 6= 2
x2 − 4 (x − 2)(x + 2)
= = x + 2.
x−2 x−2
x2 − 4
Sabemos que lim x + 2 = 4. Logo, pela proposição anterior lim = 4.
x→2 x→2 x − 2
x2 − 4
, x 6= 2
Exemplo 3.8. Determine L para que a função f (x) = x − 2 seja contı́nua em
L, x = 2
p = 2.
x2 − 4
Como lim = 4 devemos tomar L = 4.
x→2 x−2
39
3.3 Propriedades do Limite
Suponha que lim f (x) = L1 e lim g(x) = L2 . Então:
x→p x→p
¡ ¢
• lim f (x) + g(x) = lim f (x) + lim g(x) = L1 + L2 .
x→p x→p x→p
lim f (x)
f (x) x→p L1
• lim = = , se L2 6= 0 .
x→p g(x) lim g(x) L2
x→p
x3 + 1
Exemplo 3.11. Calcule lim 2 , [R : 1/4].
x→1 x + 4x + 3
(3 + h)2 − 9
Exemplo 3.12. Calcule lim , [R : 6].
h→0 h
De forma mais geral temos as seguintes propriedades. Seja n é um inteiro positivo, então
√ √
• lim n x = n p , se n for par supomos que p > 0.
x→p
p
n
q
• lim f (x) = n lim f (x), se n for par supomos que lim f (x) > 0.
x→p x→p x→p
√ √
x− 3 √
Exemplo 3.13. Calcule lim , [R : 1/2 3].
x→3 x−3
√
t2 + 9 − 3
Exemplo 3.14. Calcule lim , [R : 1/6].
t→0 t2
40
Os próximos três teoremas são propriedades adicionais de limites.
Teorema 3.2 (Teste da Comparação). Se f (x) ≤ g(x) quando x está próximo de p (exceto
possivelmente em p) e os limites de f e g existem quando x tende a p, então
Teorema 3.3 (do Confronto). Sejam f, g, h funções e suponha que existe r > 0 tal que
Se
lim f (x) = L = lim h(x)
x→p x→p
então
lim g(x) = L .
x→p
1
Exemplo 3.15. Mostre que lim x2 sen = 0.
x→0 x
1 1
Como −1 ≤ sen ≤ 1, multiplicando por x2 temos −x2 ≤ x2 sen ≤ x2 . Sabemos que
x x
2 2 2 1
lim −x = 0 = lim x . Então, pelo Teorema do Confronto, lim x sen = 0.
x→0 x→0 x→0 x
Exemplo 3.16. Seja f : R → R tal que |f (x)| ≤ x2 , ∀ x ∈ R.
Corolário 3.1. Suponha que lim f (x) = 0 e existe M ∈ R tal que |g(x)| ≤ M para x
x→p
próximo de p. Então
lim f (x)g(x) = 0 .
x→p
41
Teorema 3.4 (da Conservação do Sinal). Suponha que lim f (x) = L . Se L > 0, então
x→p
existe δ > 0 tal que para todo x ∈ Df ,
0 < |x − p| < δ =⇒ f (x) > 0 .
Analogamente, se L < 0, então existe δ > 0 tal que pata todo x ∈ Df ,
0 < |x − p| < δ =⇒ f (x) < 0 .
6
f (x)
1q
-
0 x
a −1
Quando x tende a 0 pela esquerda, f (x) tende a −1. Quanto x tende a 0 pela direita, f (x)
tende a 1. Não há um número único para o qual f (x) se aproxima quando x tende a 0.
Portanto, lim f (x) não existe. Porém, nesta situação podemos definir os limites laterais.
x→0
42
6
6 f
f (x)
↓
L L
↑
f (x)
- -
x→p x p←x x
lim f (x) = L
x→p−
lim f (x) = L
x→p+
ou seja, √
x<ε sempre que 0 < x < δ,
ou elevando ao quadrado
Isto sugere que devemos escolher δ = ε2 . Verifiquemos que a escolha é correta. Dado ε > 0,
seja δ = ε2 . Se 0 < x < δ, então
√ √ √
x < δ = ε, logo | x − 0| < ε.
√
Isso mostra que lim+ x = 0.
x→0
43
|x| |x|
Exemplo 3.19. Calcule lim+ e lim− .
x→0 x x→0 x
|x|
Note que f (x) = não está definida em 0. Temos
x
½
|x| 1, x>0
=
x −1, x < 0.
Portanto
|x| |x|
lim+ = lim 1 = 1 e lim− = lim −1 = −1.
x→0 x x→0 x→0 x x→0
Teorema 3.5.
• se f não admite um dos limites laterais em p, então não existe lim f (x).
x→p
|x|
Exemplo 3.20. Verifique se o limite lim existe.
x→0 x
|x| |x|
lim+ = lim 1 = 1 e lim− = lim −1 = −1.
x→0 x x→0 x→0 x x→0
|x|
Portanto não existe lim .
x→0 x
44
3.5 Propriedades das Funções Contı́nuas
Seguem das propriedades do limite, as seguintes propriedades das funções contı́nuas. Sejam
f e g funções contı́nuas em p e k = constante. Então:
• f + g é contı́nua em p .
• kf é contı́nua em p .
• f · g é contı́nua em p .
f
• é contı́nua em p , se g(p) 6= 0.
g
Exemplo 3.21. f (x) = xn , onde n ∈ N, é uma função contı́nua.
Exemplo 3.22. Toda função polinomial é contı́nua, pois é soma de funções contı́nuas.
Exemplo 3.23. Toda função racional é contı́nua em p se o denominador não se anular em
p, pois uma função racional é quociente de duas funções polinomiais.
Teorema 3.6. As funções trigonométricas são contı́nuas.
π
Prova. Assumamos primeiro que 0 < x < e consideremos a seguinte figura:
2
16
'$ P T
¡
¡x - Área do 4 OPA < Área do setor OPA < Área do 4 OTA
-1 O M A
&%
ou seja
sen x x tg x
< < portanto, 0 < sen x < x < tg x.
2 2 2
Se x < 0, −x > 0 então aplicamos a desigualdade para −x obtendo 0 < sen (−x) < −x =
|x|. Daı́ −|x| < sen x < |x|. Como lim ±|x| = 0, pelo Teorema do Confronto, lim sen x = 0
x→0 x→0
e como sen0 = 0, concluı́mos que a função seno é contı́nua em 0.
Em geral, para qualquer p, temos que
¯ ³ x − p ´ ³ x + p ´¯ ¯ ³ x − p ´¯ ¯x − p¯
¯ ¯ ¯ ¯ ¯ ¯
|senx − senp| = ¯2sen cos ¯ ≤ 2¯sen ¯ ≤ 2¯ ¯ = |x − p|.
2 2 2 2
Como lim (x − p) = 0, pelo Teorema do Confronto temos que lim senx − senp = 0, ou seja,
x→p x→p
lim senx = senp. Logo a função seno é contı́nua para todo p.
x→p
A prova da continuidade
³ x + p ´do cosseno
³ x − p ´é feita de maneira similar utilizando a igualdade
cos x − cos p = −2sen sen .
2 2
A continuidade das outras funções trigonométricas seguem das propriedades das funções
contı́nuas. ¤
45
Teorema 3.7 (O Primeiro Limite Fundamental).
sen x
lim = 1.
x→0 x
π
Prova. Já vimos que para 0 < x < vale a desigualdade 0 < sen x < x < tg x. Dividindo
2
x 1 sen x
por sen x obtemos 1 < < e conseqüentemente cos x < < 1, pois cos x > 0
sen x cos x x
π
para 0 < x < .
2
π
Por outro lado, se − < x < 0, aplicando a desigualdade a −x, obtemos cos(−x) <
2
sen (−x)
< 1. Utilizando a paridade das funções concluı́mos que
−x
sen x π
cos x < < 1, 0 < |x| < .
x 2
sen x
Como lim cos x = 1, pelo Teorema do Confronto, lim = 1. ¤
x→0 x→0 x
sen5x
Exemplo 3.24. Calcule lim .
x→0 x
sen5x sen 5x u=5x sen u
lim = 5 lim = 5 lim = 5.
x→0 x x→0 5x u→0 u
sen2 x
Exemplo 3.25. Calcule lim .
x→0 x2
46
Teorema 3.8.
(a) A função inversa de uma função contı́nua é contı́nua.
(b) As funções exponenciais e logarı́tmicas são contı́nuas.
Comentário: (a) Sabemos que o gráfico da função inversa é obtido refletindo o da função
em torno da reta y = x portanto, se o gráfico de f não tiver quebra isto acontecerá com o
de f −1 .
(b) Na seção 2.5 definimos a função exponencial ax de forma a preencher os buracos no
gráfico de ax , onde x racional. Em outras palavras, a função exponencial é contı́nua pela
propria definição. Portanto, sua função inversa loga x também é contı́nua.
ln x
Exemplo 3.28. A função f (x) = é contı́nua em (0, +∞) e x 6= ±1 , ou seja, em
x2 −1
(0, 1) e (1, +∞).
Teorema 3.9. Sejam f e g duas funções tais que Im(f ) ⊂ Dg e L ∈ Df . Se f for contı́nua
em L onde lim g(x) = L, então
x→p
¡ ¢
lim f (g(x)) = f lim g(x) = f (L).
x→p x→p
Prova. Como g é contı́nua em p, temos que lim g(x) = g(p). Uma vez que f é contı́nua em
x→p
g(p) podemos aplicar o Teorema anterior para obter
¡ ¢
lim f (g(x)) = f lim g(x) = f (g(p)),
x→p x→p
ou seja f ◦ g é contı́nua em p. ¤
Exemplo 3.30. h(x) = sen(x2 ) é contı́nua pois h(x) = f (g(x)), onde f (x) = sen x e
g(x) = x2 que são funções contı́nuas.
Exemplo 3.31. Onde a função h(x) = ln(1 + cos x) é contı́nua?
h(x) = f (g(x)), onde f (x) = ln x e g(x) = 1 + cos x que são funções contı́nuas. Portanto,
pelo Teorema h(x) é contı́nua onde está definida. Agora ln(1 + cos x) está definida quando
1 + cos x > 0. Assim, não está definida quando cos x = −1, ou seja, quando x = ±π, ±3π, ...
Exercı́cio: Calcule lim g(x2 − 4), sabendo que g é uma função contı́nua.
x→1
47
3.6 Limites Infinitos
1
Consideremos a função f (x) = 2 . Quando x se aproxima de 0, x2 também se aproxima de
x
1
0 e 2 fica muito grande. De fato, os valores de f (x) podem ficar arbitrariamente grandes se
x
tomarmos valores de x próximos de 0. Para indicar este comportamento usamos a notação
Definição 3.8 (Intuitiva). Seja f uma função definida a ambos lados de p, exceto possivel-
mente no próprio p.
•
lim f (x) = +∞,
x→p
significa que podemos fazer os valores de f (x) ficarem arbitrariamente grandes tomando
valores de x suficientemente próximos de p.
•
lim f (x) = −∞,
x→p
significa que podemos fazer os valores de f (x) ficarem arbitrariamente grandes, porém
negativos, tomando valores de x suficientemente próximos de p.
Definição 3.9 (Limite Infinito). Seja f uma função definida num intervalo aberto contendo
p, exceto possivelmente no próprio p. Então diremos que
• o limite de f (x) quando x tende a p é +∞ se, dado K > 0, existir δ > 0 tal que
f (x) > K para todo 0 < |x − p| < δ,
• o limite de f (x) quando x tende a p é −∞ se, dado K < 0, existir δ > 0 tal que
f (x) < K para todo 0 < |x − p| < δ.
48
Exercı́cio: Escreva as definições precisas dos limites laterais infinitos:
1
Exemplo 3.34. Prove que lim+ = +∞.
x→0 x
Dado K > 0, queremos achar δ > 0 tal que
1
>K sempre que 0 < x < δ,
x
ou seja
1
x< sempre que 0 < x < δ.
K
1 1
Isto sugere que devemos tomar δ = . De fato, seja K > 0 escolha δ = . Se 0 < x < δ,
K K
então
1 1
0<x<δ ⇒ > = K.
x δ
1
O que mostra que lim+ = +∞.
x→0 x
49
lim f (x) = −∞
x→p
• =⇒ lim (f · g)(x) = −∞
lim g(x) = +∞ x→p
x→p
lim f (x) = L
x→p
• =⇒ lim (f + g)(x) = +∞
lim g(x) = +∞ x→p
x→+p
lim f (x) = L
x→p
• =⇒ lim (f + g)(x) = −∞
lim g(x) = −∞ x→p
x→p
lim f (x) = −∞ lim (f + g)(x) = −∞
x→p x→p
• =⇒
lim g(x) = −∞ lim (f · g)(x) = +∞
x→p x→p
lim f (x) = L lim (f · g)(x) = −∞, L > 0
x→p x→p
• =⇒
lim g(x) = −∞ lim (f · g)(x) = +∞, L < 0.
x→p x→p
∞ 0
+∞ − (+∞), −∞ − (−∞), 0 · ∞, , , 1∞ , 00 , ∞0 .
∞ 0
cos x
Exemplo 3.35. Calcule lim .
x→0 x2
cos x 1
lim 2
= lim cos x 2 = 1 · (+∞) = +∞.
x→0 x x→0 x
sen x2
Exemplo 3.36. Calcule lim .
x→0 x4
sen x2 sen x2 1
lim = lim = 1 · (+∞) = +∞.
x→0 x4 x→0 x2 x2
A seguinte proposição será útil para calcular limites.
50
Proposição 3.2. Suponha que lim+ f (x) = 0 e que existe r > 0 tal que f (x) > 0 (re-
x→p
1
spectivamente f (x) < 0) para p < x < p + r. Então, lim+ = +∞ (respectivamente
x→p f (x)
−∞.)
Observação: Vale um resultado análogo para x → p− e para x → p.
Exemplo 3.37. Calcule os limites seguintes e interprete-os graficamente:
1 1 1
lim+ , lim− , lim .
x→1 x−1 x→1 x−1 x→1 x − 1
Temos
• lim+ (x − 1) = 0 = lim− (x − 1);
x→1 x→1
x2 + 3x
Exemplo 3.38. Calcule lim+ .
x→2 x2 − 4
x2 + 3x x2 + 3x 1 x2 + 3x 5
lim+ 2
= lim = lim = +∞ · = +∞.
x→2 x −4 x→2+ (x − 2)(x + 2) x→2+ x − 2 x + 2 2
x3 − 1
Exemplo 3.39. Calcule lim− .
x→1 x2 − 2x + 1
x3 − 1 (x − 1)(x2 + x + 1)
Observe que = . Assim,
x2 − 2x + 1 (x − 1)2
x3 − 1 1
lim− = lim (x2 + x + 1) = −∞ · 3 = −∞.
x→1 x2 − 2x + 1 x→1− x − 1
Exercı́cio:
(a) Calcule os limites laterais lim tg x e esboce o gráfico da função f (x) = tg x.
x→π/2±
x x
(c) Calcule os limites laterais lim± e esboce o gráfico da função f (x) = .
x→1 x−1 x−1
51
3.7 Limites no Infinito
Vamos analisar o comportamento de uma função f (x) quando os valores de x ficam arbitrari-
x2 − 1
amente grandes. Consideremos a função f (x) = 2 . Então f (x) assume os seguintes
x +1
valores:
x f (x)
0 −1
±1 0
±10 0, 98
±100 0, 9998
±1000 0, 99999
Observemos que, quando x for muito grande, então f (x) será aproximadamente igual a 1.
Este fato pode ser escrito seguinte forma
lim f (x) = 1 e lim f (x) = 1.
x→+∞ x→−∞
se, dado ε > 0, existir R > 0 tal que |f (x) − L| < ε sempre que x > R .
• Seja f uma função definida em algum intervalo (−∞, a). Então
lim f (x) = L
x→−∞
se, dado ε > 0, existir R < 0 tal que |f (x) − L| < ε sempre que x < R .
52
Definição 3.13. A reta y = L é chamada de assı́ntota horizontal da curva y = f (x) se
ou
lim f (x) = L ou lim f (x) = L.
x→+∞ x→−∞
1 1
Exemplo 3.40. Temos lim = 0 e lim = 0.
x→+∞ x x→−∞ x
1 ³ 1 ´n
lim n = lim = 0.
x→+∞ x x→+∞ x
1
Em geral, temos que lim r = 0 onde r é um número racional positivo.
x→±∞ x
x5 + x4 + 1
Exemplo 3.42. Calcule lim .
x→+∞ 2x5 + x + 1
¡ ¢
x5 + x4 + 1 x5 1 + x1 + x15 1 + x1 + x15 1+0+0 1
lim 5
= lim ¡ 1 1
¢ = lim 1 1 = = .
x→+∞ 2x + x + 1 x→+∞ x5 2 + 4 + 5 x→+∞ 2 + 4 + 5 2+0+0 2
x x x x
1
Um cálculo análogo mostra que o limite quando x → −∞ também é .
2
Observação: A estratégia para calcular limites no infinito de uma função racional consiste
em colocar em evidência a mais alta potência de x no denominador e numerador.
√
2x2 + 1
Exemplo 3.43. Ache as assı́ntotas horizontais de f (x) = .
3x + 5
53
Consideremos x → +∞, então x > 0.
q q q
√ x 2 (2 + 1
) |x| 2 + 1
2 + x12 √
2x2 + 1 x2 x2 2
lim = lim 5 = lim 5 = lim 5 = .
x→+∞ 3x + 5 x→+∞ x(3 + x ) x→+∞ x(3 + ) x→+∞ 3 + 3
x x
para indicar que os valores de f (x) tornam-se tão grandes quanto x. De forma análoga
utilizamos a notação
54
Quando x torna-se grande, x2 também fica muito grande. Por exemplo, 102 = 100, 1002 =
10.000, 10002 = 1.000.000. Portanto, podemos dizer que lim x2 = +∞.
x→+∞
Podemos estabelecer a definição precisa de limite infinito no infinito.
Definição 3.14 (Limite Infinito no Infinito). Seja f uma função definida em algum intervalo
(a, +∞).
•
lim f (x) = +∞
x→+∞
se, dado K > 0, existir R > 0 tal que f (x) > K sempre que x > R .
•
lim f (x) = −∞
x→+∞
se, dado K < 0, existir R > 0 tal que f (x) < K sempre que x > R .
6 R -
x
6
f (x)
K
K
f (x)
-
R x
6 x R 6
-
f (x)
K
f (x) K
-
x R
55
Observação: Todas as propriedades de limites infinitos dadas na seção 3.6 valem se substi-
tuirmos x → p por x → +∞ ou x → −∞.
Observação: Temos as mesmas indeterminações:
∞ 0
+∞ − (+∞), −∞ − (−∞), 0 · ∞, , , 1∞ , 00 , ∞0 .
∞ 0
Exemplo 3.47.
Observe que temos uma indeterminação da forma ∞−∞. Não podemos aplicar a propriedade
da soma. Contudo, podemos escrever
x3 + 3x − 1
Exemplo 3.49. Calcule lim .
x→+∞ 2x2 + x + 1
¡ ¢
x3 + 3x − 1 x3 1 + x32 − x13 1+0−0
lim 2
= lim ¡ 1 1
¢ = +∞ = +∞.
x→+∞ 2x + x + 1 2
x→+∞ x 2 + + x2 2+0+0
x
x3 − 3x2 + 1
Exemplo 3.50. Calcule lim .
x→−∞ 1 − 2x2
¡ ¢
x3 − 3x2 + 1 x3 1 − x3 + x13 ¡ 1¢
lim 2
= lim ¡1 ¢ = (−∞) − = +∞.
x→−∞ 1 − 2x x→+∞ 2
x x2 − 2 2
Exercı́cio:
p(x)
(b) Sejam p e q polinômios, com q 6= 0. Encontre os limites lim .
x→±∞ q(x)
(d) Verifique que lim ax = +∞, a > 1 e que lim ax = +∞, 0 < a < 1.
x→+∞ x→−∞
56
3.9 O Número e
Definimos o número e como o seguinte limite, assumindo que ele existe,
³ 1 ´x
e = lim 1+ .
x→+∞ x
A partir deste limite vamos calcular outros limites que serão úteis mais adiante.
³ 1 ´x
Exemplo 3.51. lim 1 + = e.
x→−∞ x
Fazendo x = −(t + 1), t > 0, temos
³ 1 ´x ³ 1 ´−t−1 ³ 1 ´t ³ t + 1 ´
1+ = 1− = 1+ .
x 1+t t t
Para x → −∞, t → +∞, assim
³ 1 ´x ³ 1 ´t ³ t + 1 ´
lim 1 + = lim 1 + = e.
x→−∞ x t→+∞ t t
³ ´ h1
Exemplo 3.52. lim+ 1 + h = e.
h→0
1
Fazendo h = , temos que para h → 0+, x → +∞, assim
x
³ ´ h1 ³ 1 ´x
lim+ 1 + h = lim 1 + = e.
h→0 x→+∞ x
Analogamente, temos que
³ ´ h1
Exemplo 3.53. lim− 1 + h = e.
h→0
Portanto,
³ ´ h1
lim 1 + h = e.
h→0
Observação: O número e também pode ser definido como o limite acima e claramente as
duas definições são equivalentes.
eh − 1
Exemplo 3.54. lim = 1.
h→0 h
57
Fazendo u = eh − 1 ou h = ln(1 + u) temos
eh − 1 u 1
= = 1 .
h ln(u + 1) ln(u + 1) u
Para h → 0, u → 0, assim
eh − 1 1 1
lim = lim 1 = = 1.
h→0 h u→0 ln(u + 1) u ln e
Observação: O número e também pode ser definido como um número tal que satisfaz o
limite acima.
Teorema 3.11 (da Conservação do Sinal para Funções Contı́nuas). Seja f contı́nua em p .
Se f (p) > 0, então existe δ > 0 tal que para todo x ∈ Df ,
Analogamente, se f (p) < 0, então existe δ > 0 tal que para todo x ∈ Df ,
Além do Teorema da Conservação do Sinal acima vamos apresentar três Teoremas im-
portantes envolvendo funções contı́nuas. Consideraremos f : [a, b] → R nos resultados desta
seção.
O TVI estabelece que uma função contı́nua assume todos os valores intermediários entre
os valores f (a) e f (b). Geometricamente, o TVI diz que se for dada uma reta horizontal
qualquer y = γ entre y = f (a) e y = f (b), como mostra a figura abaixo, então o gráfico de f
intercepta a reta y = γ pelo menos uma vez. Observe que o TVI não é verdadeiro em geral
para funções descontı́nuas.
58
6
f (b) f (x)
γ1
γ
f (a)
-
a c c1 c1 c1 b x
Teorema 3.13 (de Bolzano ou do Anulamento). Se f for contı́nua e f (a) e f (b) assumirem
sinais contrários, então existirá c ∈ (a, b) tal que f (c) = 0.
Exemplo 3.55. Mostre que x3 − 4x + 8 = 0 tem pelo menos uma solução real.
Seja f (x) = x3 − 4x + 8. Temos que f é uma função contı́nua e como f (0) = 8 > 0 e
f (−3) = −7 pelo Teorema do anulamento existe c ∈ (−3, 0) tal que f (c) = 0, ou seja, c é
uma solução da equação.
Exercı́cio:
(a) Existe um número que é exatamente um a mais que seu cubo? [R: sim, para algum
x ∈ (−2, 0)]
(b) A equação cos x = x tem pelo menos uma solução? e a equação 2 tgx − x = 1? [R:
sim, para algum x ∈ (0, π/2); sim, para algum x ∈ (0, π/4)]
Teorema 3.14 (de Weierstrass ou do Valor Extremo). Se f for contı́nua, então existirão
x1 , x2 ∈ [a, b] tais que
Observação: Neste caso, dizemos que f (x1 ) é um valor mı́nimo de f no intervalo [a, b] e
f (x2 ) é um valor máximo e, [a, b]. O Teorema de Weierstrass diz que, se f for contı́nua
em um intervalo fechado e limitado, então f assumirá os valores máximo e mı́nimo neste
intervalo.
59
Se o intervalo não for limitado o teorema de Weierstrass não vale necessariamente, por
exemplo, f (x) = x3 não é limitada em [0, +∞). Se o intervalo não for fechado, o resultado
também pode não ser válido, por exemplo, a função identidade f (x) = x não possui valor
máximo nem valor mı́nimo em (0, 2). Se a função não for
contı́nua, o resultado também não
2 se x = 1
precisa valer, por exemplo, considere a função f (x) = x se 1 < x < 3
2 se x = 3.
Como uma conseqüência do Teorema do Valor Intermediário e do Teorema de Weierstrass,
obtemos o seguinte resultado
Corolário 3.3. Sejam f : [a, b] → R uma função contı́nua, m = min{f (x) : x ∈ [a, b]} e
M = max{f (x) : x ∈ [a, b]}. Então Im(f ) = f ([a, b]) = [m, M ].
½ ¾
2 1 1
Exercı́cio: Prove que o conjunto A = x + ; ≤ x ≤ 2 admite máximo e mı́nimo.
2 2
lim f (x) = L.
x→b
Consideremos f : B ⊂ R → R uma função e b um ponto de acumulação de B. Supon-
hamos que limx→b f (x) = L. Podemos nos aproximar de b por pontos de B distintos de b.
Seja {bn } uma seqüência tal que bn ∈ B, bn 6= b e lim bn = b. Então podemos construir a
n→∞
seqüência {f (bn )} e perguntar se esta seqüência é convergente, ou seja, existe o limite
lim f (bn ) = L ? (3.1)
n→∞
Em outras palavras, quando nos aproximamos de b por pontos bn de B, com bn 6= b, é
verdade que f (bn ) se aproxima de L? Quando isto ocorre para qualquer seqüência f (bn ),
isto é, quando existe um único L tal que vale (3.1) para toda seqüência f (bn ), dizemos que
L é o limite de f em b e escrevemos
lim f (x) = L.
x→b
2x2 − 4x
Exemplo 3.56. Seja f : R\{1, 2} → R dada por f (x) = . Então o limite de
x2 − 3x + 2
f (x) quando x → 2 é 4.
Embora tenhamos 2 ∈ / Df no Exemplo 3.56, podemos nos aproximar de 2 por pontos x de
Df , com x 6= 2. Observe que, quando x ∈ Df se aproxima de 2, com x 6= 2, a função
2x
g(x) = se aproxima de 4. Então escrevemos
x−1
2x2 − 4x 2x x − 2 2x
lim 2 = lim · = lim = 4.
x→2 x − 3x + 2 x→2 x − 1 x − 2 x→2 x − 1
| {z }
g(x)
60
x
Exemplo 3.57. Seja f : R\{0} → R dada por f (x) = . Então o limite de f (x) quando
| x|
x → 0 não existe.
Embora 0 não pertença a Df no Exemplo 3.57, podemos nos aproximar de 0 por pontos de
(−1)n
Df . Note que, tomando bn = , temos bn ∈ Df , bn 6= 0 e lim bn = 0. Entretanto a
n
n n→∞
seqüência {f (bn )} = {(−1) } não é convergente e, portanto, o limite de f (x) quando x tende
a 0 não existe.
A noção intuitiva de limite usando seqüências se relaciona à definição precisa de limite
da forma seguinte.
lim f (bn ) = L.
n→∞
lim f (bn ) = L,
n→∞
então
lim f (x) = L.
x→b
Enunciamos este resultado apenas para mostrar que o caminho adotado para entender limite
é, de fato, equivalente à definição precisa e não faremos a prova deste resultado aqui.
Observações: Sejam f : B → R uma função e b ∈ R um ponto de acumulação de B e
suponhamos que exista lim f (x) = L. Note que
x→b
• lim f (x) = L significa que, uma vez especificado o erro ε > 0, para todo x suficiente-
x→b
mente próximo de b (isto é, 0 < |x − b| < δ) em B, o erro cometido ao aproximarmos
L por f (x) é menor que ε.
• É preciso excluir o ponto b mesmo que este pertença ao domı́nio da função (por exemplo
f (x) = 1 se x ∈ R\{1} e f (1) = 2).
61
• Não é possı́vel abrir mão do fato de que b deve ser um ponto de acumulação de B,
pois precisamos nos aproximar dele por pontos de B distintos de b o que equivale a b
ser um ponto de acumulação de B.
A proposição abaixo segue imediatamente do fato de que limites de seqüências são únicos
(Proposição 2.12) e da Proposição 3.3.
Proposição 3.4. Sejam f : B → R uma função, b ∈ R um ponto de acumulação de B e
suponha que o limite lim f (x) existe. Então o tal limite é único.
x→b
Também segue da Proposição 3.3 o seguinte critério negativo para existência de limite.
Proposição 3.5 (Critério Negativo). Sejam f : B → R uma função e b ∈ R um ponto de
acumulação de B. Se, para alguma seqüência {xn } com xn ∈ B, xn 6= b e lim xn = b, a
n→∞
seqüência {f (xn )} não for convergente, então o limite lim f (x) não existirá.
x→b
existirem e L+ = L− .
62
Definição 3.16. Sejam f : B → R uma função e b ∈ B. Diremos que f é contı́nua em b,
se valerem uma das seguintes afirmações:
Segue da definição acima que se f : B → R for uma função e {xn } for uma seqüência
convergente com limite b, então a seqüência {f (xn )} será convergente com
Teorema 3.15. Sejam f uma função e (xn )n∈A uma seqüência de elementos de Df tal que
xn → p e xn 6= p, ∀ n ∈ A. Então
Corolário 3.4. Seja f uma função. Se existem seqüências (xn )n∈A e (yn )n∈A de elementos
de Df tais que
xn −→ p , xn 6= p , ∀ n ∈ A
yn −→ p , yn 6= p , ∀ n ∈ A
e
lim f (xn ) = L1 e lim f (yn ) = L2 , L1 6= L2 ,
n→∞ n→∞
então
@ lim f (x) .
x→p
½
1, x∈Q
Exemplo 3.59. Seja f (x) = . Mostre que @ lim f (x) , ∀ p ∈ R .
0 , x 6∈ Q x→p
63
Capı́tulo 4
A Derivada
6 f
Tt
f (t) r T
f (t) − f (t0 )
f (t0 ) r
t − t0
-
t0 t t
64
Então, para cada t, a reta Tt que passa por (t0 , f (t0 )) e (t, f (t)) e tem coeficiente angular
mt , pode ser descrita pela equação
y − f (t0 ) = mt (s − t0 ), s∈R
onde
f (t) − f (t0 )
mt = .
t − t0
Assim, o coeficiente angular da reta Tt determina a velocidade média da partı́cula entre os
instantes t e t0 .
Notemos que, quando t se aproxima de t0 , a reta Tt “tende” à posição da reta T , ou
seja, quando t → t0 , o coeficiente angular, mt , da reta Tt tende para o valor do coeficiente
angular, m, da reta T . Logo
f (t) − f (t0 )
t → t0 =⇒ → m,
t − t0
ou seja
f (t) − f (t0 )
lim = m.
t→t0 t − t0
Isto mostra que a velocidade instantânea da partı́cula dada pelo coeficiente angular da reta
T é, de fato, o limite das velocidades médias dadas por mt .
Fazendo a mudança de variável t = t0 + h, temos
t → t0 ⇐⇒ h → 0.
f 0 (p) = L .
Neste caso,
f (x) − f (p) f (p + h) − f (p)
f 0 (p) = lim = lim .
x→p x−p h→0 h
65
• Quando f admitir derivada f 0 (p) em p , diremos que f é derivável ou diferenciável
em p .
Por definição
f (h) − f (0) 2h2
f 0 (0) = lim = lim = lim 2h = 0,
h→0 h h→0 h h→0
Definição 4.2 (Reta Tangente e Reta Normal). A equação da reta tangente a uma curva
y = f (x) no ponto (p, f (p)) é dada por (p, f (p))
Definimos a reta normal a uma curva y = f (x) no ponto (p, f (p)) como a reta que é
perpendicular à reta tangente nesse ponto.
66
6 f
T
f (p)
-
p x
1
Se f 0 (p) 6= 0, então o coeficiente angular da reta normal é − e sua equação
f 0 (p)
1
y − f (p) = − (x − p).
f 0 (p)
Se f 0 (p) = 0 então a equação da reta normal será x = p.
Exemplo 4.3. Seja f (x) = 2x2 − 3. Determine a equação da reta tangente ao gráfico de f
nos pontos
(a) (0 , f (0)); (b) (2 , f (2)).
(b) Já vimos que f 0 (2) = 8. Portanto, a equação da reta tangente é y − 5 = 8(x − 2) e a
1
equação da reta normal é y − 5 = − (x − 2).
8
Exemplo 4.4. Determine a equação da reta tangente ao gráfico de f (x) = 2x2 − 3 e paralela
à reta y = 2x + 3.
Pela condição de paralelismo, devemos ter que
1
f 0 (p) = 2 ou 4p = 2, logo p= .
2
Portanto a equação da reta tangente é
³1´ ³ 1 ´³ 1´ 5 ³ 1´
y−f = f0 x− , ou seja y+ =2 x− .
2 2 2 2 2
Taxas de Variação: Uma outra interpretação da derivada é como uma taxa de variação.
Consideremos o problema de uma partı́cula que se desloca sobre o eixo x com função de
posição x = f (t). Então definimos a velocidade instantânea como o limite das veloci-
dade médias em intervalos cada vez menores. Deste modo, a velocidade instantânea
da partı́cula no instante t é dada por
f (t + ∆t) − f (t)
v(t) = lim = f 0 (t) .
∆t→ 0 ∆t
67
De maneira análoga, a aceleração média da partı́cula entre os instantes t e t + ∆t é dada
por
v(t + ∆t) − v(t)
,
∆t
onde v(t + ∆t) − v(t) é a variação da velocidade entre os instantes t e t + ∆t , e a aceleração
instantânea ou simplesmente aceleração da partı́cula no instante t é dada por
(t + h)2 − t2
v(t) = lim = 2t,
h→0 h
e a aceleração é a derivada da velocidade,
2(t + h) − 2t
a(t) = lim = 2.
h→0 h
Assim, se y = f (x) for uma função posição, a taxa de variação representa a velocidade.
Suponhamos agora que uma quantidade y depende de outra quantidade x, de modo que y é
uma função de x, ou seja y = f (x). A taxa média de variação de f entre x e x + ∆x é
dada por
f (x + ∆x) − f (x)
.
∆x
A taxa de variação (instantânea) de f em x é dada por
f (x + ∆x) − f (x)
lim
∆x→0 ∆x
e coincide com a derivada f 0 (x) de f em x .
Observação: A taxa de variação tem uma interpretação especı́fica dependendo da ciência
à qual se refere. A seguir alguns exemplos:
• Suponha que a massa m de uma barra não homogênea seja uma função do comprimento,
m = f (x). Então definimos a densidade linear ρ como taxa de variação da massa em
relação ao comprimento, ou seja, ρ = f 0 (x).
68
• Se uma substância é mantida em uma temperatura constante, então seu volume V
depende de sua pressão P. Podemos considerar a taxa de variação do volume em relação
dV 1 dV
à pressão, ou seja, . A compressibilidade isotérmica é definida por β = − .
dP V dP
• Seja n = f (t) o número de indivı́duos em uma população no instante t. Então a taxa
de variação da população com relação ao tempo é chamada taxa de crescimento.
• Suponha que C(x) seja o custo total que uma companhia incorre na produção de x
unidades de um produto. A taxa de variação do custo em relação ao número de ı́tens
produzidos é chamado de custo marginal.
√ √
f (x + h) − f (x) x + h − 1 − x−1
f 0 (x) = lim = lim
h→0 h h→0 h
(x + h − 1) − (x − 1) 1
= lim √ √
h→0 h x+h−1+ x−1
1 1
= lim √ √ = √ .
h→0 x+h−1+ x−1 2 x−1
Notações alternativas. Seja y = f (x), onde f é uma função derivável. Podemos escrever,
alternativamente,
dy d df d
f 0 (x) = y 0 = = (y) = = f (x) = Df (x) = Dx f (x)
dx dx dx dx
para denotar a derivada de y ou f em relação à variável x .
O sı́mbolo dy/dx não é um quociente; trata-se simplesmente de uma notação. Utilizando
a notação de incremento, podemos escrever a definição de derivada como
dy f (x + ∆x) − f (x)
= lim .
dx ∆x→0 ∆x
69
Daı́, tomando ∆y = ∆f = f (x + ∆x) − f (x), podemos escrever
dy ∆y df ∆f
= lim ou = lim .
dx ∆x→0 ∆x dx ∆x→0 ∆x
Prova. Devemos mostrar que lim f (x) = f (p) ou equivalentemente que lim f (x) − f (p) = 0.
x→p x→p
Escrevemos
f (x) − f (p)
f (x) − f (p) = (x − p).
x−p
Assim
f (x) − f (p) f (x) − f (p)
lim f (x) − f (p) = lim (x − p) = lim lim (x − p) = f 0 (p)0 = 0.
x→p x→p x−p x→p x−p x→p
Portanto f é contı́nua em p. ¤
Observação: Note que não vale a recı́proca. A função f (x) = |x| do Exemplo 4.2 é contı́nua
em x = 0 mas não é diferenciável em x = 0.
½ 2
x x ≤ 1,
Exemplo 4.7. A função f (x) = é diferenciável em x = 1?
2 x>1
Como o lim− f (x) = 1 e lim+ f (x) = 2, f (x) não é contı́nua em x = 1, logo não é diferenciável
x→1 x→1
em x = 1.
( 1
x2 sen x 6= 0,
Exercı́cio: A função f (x) = x é diferenciável em x = 0?
0 x=0
70
(f ) f (x) = ex =⇒ f 0 (x) = ex ,
1
(g) f (x) = ln x =⇒ f 0 (x) = , x > 0.
x
Então,
y n − xn
f 0 (x) = lim = lim (y n−1 + y n−2 x + · · · + yxn−2 + xn−1 ) = nxn−1 .
y→x y − x y→x
√ √
Prova do item (c). Fazendo u = n y e v = n x temos que quando y → x, u → v. Assim
√ √
n y − n x
0 u−v 1 1 1 1 1 −1
f (x) = lim = lim n n
= lim un −vn = n−1 = n−1 = xn .
y→x y−x u→v u − v u→v
u−v
nv nx n n
ex+h − ex eh − 1
f 0 (x) = lim = ex lim = ex
h→0 h h→0 h
eh − 1
pois, como vimos na seção 3.9, lim = 1.
h→0 h
Prova do item (g).
ln(x + h) − ln x 1 ³x + h´
f 0 (x) = lim = lim ln .
h→0 h h→0 h x
h
Fazendo u = temos que para h → 0, u → 0, assim
x
³ h ´ h1 1 ¡ ¢1 1 1
lim ln 1 + = lim ln 1 + u u = ln e = ,
h→0 x u→0 x x x
¡ ¢1
pois, como vimos na seção 3.9, lim 1 + u u = e.
u→0
¤
O seguinte Teorema fornece regras para calcular derivadas.
71
Teorema 4.3 (Regras de Derivação). Sejam f e g funções deriváveis em p e k uma con-
stante. Então
µ ¶
f
(d) será derivável em p, se g(p) 6= 0 e, neste caso, teremos
g
µ ¶0
f f 0 (p)g(p) − f (p)g 0 (p)
(p) = , (Regra do Quociente).
g [g(p)]2
72
dy ex (1 − x)2 e dy
Como = , a inclinação da reta tangente em (1, 2
) é (1) = 0. Logo a equação
dx (1 + x2 )2 dx
da reta tangente é y = 2e .
Exercı́cio: Calcule f 0 (x) sendo
(a) f (x) = tg x; (b) f (x) = a0 + a1 x + a2 x2 + · · · + an xn ;
−x + 2 √
(c) f (x) = ; (d) f (x) = ex ( x + sec x).
x ln x
√
Exercı́cio: Seja y = 4x2 + x x. Calcule a derivada em relação a x.
ln t ds
Exercı́cio: Seja s = 2 . Calcule .
t +1 dt
dy dy dx
= , para todo t ∈ Dg .
dt dx dt
73
√
Exemplo 4.14. Calcule a derivada de h(t) = cos( t).
√ 1
Fazendo g(t) = t e f (x) = cos x, então h(t) = f (g(t)), g 0 (t) = √ , f 0 (x) = −sen x. Pela
2 t
Regra da Cadeia,
√ 1
h0 (t) = f 0 (g(t))g 0 (t) = −sen( t) √ .
2 t
Observação: Observe que ao aplicar a Regra da Cadeia diferenciamos primeiro a função de
fora f e avaliamos na função de dentro g(x) e então multiplicamos pela derivada da função
de dentro.
Podemos usar a Regra da Cadeia para derivar a função exponencial de qualquer base.
x
Seja a > 0 uma constante com a 6= 1. Escrevemos ax = eln a = ex ln a e pela Regra da Cadeia
d x d x ln a d
a = e = ex ln a (x ln a) = ex ln a ln a = ax ln a.
dx dx dx
Logo
(ax )0 = ax ln a.
Também podemos provar a Regra da Potência. Seja α uma constante e x > 0. Es-
α
crevemos xα = eln x = eα ln x e pela Regra da Cadeia
d α d α ln x d 1
x = e = eα ln x (α ln x) = xα α = αxα−1 .
dx dx dx x
74
Logo
(xα )0 = α xα−1 para todo x > 0.
g 0 (x)
(a) [eg(x) ]0 = eg(x) g 0 (x), (b) [ln g(x)]0 = ,
g(x)
(c) [cos g(x)]0 = −g 0 (x) seng(x), (d) [seng(x)]0 = g 0 (x) cos g(x).
Exemplo 4.18.
2 2 3x2
(a) [ex ]0 = ex 2x, (b) [ln x3 ]0 = ,
x3
(c) [senx5 ]0 = cos(x5 )5x4 , (d) [sen5 x]0 = 5sen4 x cos x.
Podemos usar a Regra da Cadeia para calcular a derivada de uma função na forma
f (x)g(x) onde f e g são deriváveis e f (x) > 0. Escrevemos
g(x)
f (x)g(x) = eln f (x) = eg(x) ln f (x) .
Então,
[f (x)g(x) ]0 = eg(x) ln f (x) [g(x) ln f (x)]0 ,
e portanto,
[f (x)g(x) ]0 = f (x)g(x) [g(x) ln f (x)]0 .
75
4.5 Derivação Implı́cita e Derivada da Função Inversa
Em geral, as funções são dadas na forma y = f (x). Entretanto, algumas funções são definidas
implicitamente por uma relação entre x e y. Por exemplo, x2 + y 2 = 25. Em alguns casos
é possı́vel
√ resolver uma equação para y em função de x. Na equação anterior, obteremos
y = ± 25 − x2 . Logo, teremos duas funções determinadas pela equação implı́cita. Algumas
vezes não é fácil resolver a equação para y em termos de x, tal como x3 + y 3 = 6xy. Para
calcular a derivada de y utilizamos a derivação implı́cita, que consiste em derivar a ambos
os lados da equação em relação a x e então resolver a equação resultante para y 0 .
dy
Exemplo 4.20. Se x2 + y 2 = 25, encontre .
dx
Derivando a ambos os lados da equação,
d 2 d d 2 d
(x + y 2 ) = 25 =⇒ x + y 2 = 0.
dx dx dx dx
Pela Regra da Cadeia,
d 2 d 2 dy dy
y = y = 2y .
dx dy dx dx
dy x
Assim, =− .
dx y
dy
Exemplo 4.21. Se x3 + y 3 = 6xy, encontre .
dx
Derivando ambos os lados da equação em relação a x, obtemos 3x2 + 3y 2 y 0 = 6y + 6xy 0 .
Resolvendo em y 0
2y 2 − x2
y0 = 2 .
y − 2x
Exemplo 4.22. Seja y = f (x) uma função diferenciável tal que xf (x) + sen(f (x)) = 4.
Determine f 0 (x).
Exercı́cio: Encontre y 0 se sen(x + y) = y 2 cos x.
Vamos usar a derivação implı́cita para encontrar derivadas de funções inversas. Considere
f inversı́vel. Então, para todo x ∈ Df −1 ,
f (f −1 (x)) = x.
[f (f −1 (x))]0 = x0 = 1.
76
Portanto, para todo x ∈ Df −1 , tal que f 0 (f −1 (x)) 6= 0, vale
1
(f −1 )0 (x) =
f 0 (f −1 (x))
e podemos enunciar o resultado seguinte.
Proposição 4.1 (Derivada de funções inversas). Seja f invertı́vel. Se f for diferenciável
em q = f −1 (p), com f 0 (q) 6= 0, e f −1 for contı́nua em p, então f −1 será diferenciável em p e
1
(f −1 )0 (p) = .
f 0 (f −1 (p))
1 1 1 −1
Exemplo 4.23. g(x) = x n =⇒ g 0 (x) = x n , onde x > 0 se n for par e x 6= 0 se n for
n
ı́mpar (n ≥ 2).
1
Note que g(x) = x n é a função inversa de f (x) = xn . Então
1 1 1 −1 1
g 0 (x) = (f −1 )0 (x) = =
xn . n−1 =
f 0 (f −1 (x))
nx n n
· ¸
−π π
Exemplo 4.24. A inversa da função f (x) = sen x, para x ∈ , , é a função g(x) =
2 2
arcsen x, para x ∈ [−1, 1]. Qual é a derivada de g(x) ?
· ¸
−π π
Observe que a função senx é injetora no intervalo , com imagem o intervalo [−1, 1].
2 2
Portanto, existe a função inversa g(x) = arcsen x, para x ∈ [−1, 1], dada por
y = arcsen x ⇐⇒ sen y = x.
78
Exemplo 4.25. A posição da partı́cula é dada pela equação s = f (s) = t3 −6t2 +9t. Encontre
a aceleração no instante t.
Para x ≤ 0 f (x) = −x2 , daı́ f 0 (x) = −2x. Para x > 0, f (x) = x2 , daı́ f 0 (x) = 2x. Em x = 0
devemos aplicar a definição. Note que
−x2 ½
f (x) − f (0) se x < 0, −x se x < 0,
= 2
x = = 2|x|
x−0 x
se x > 0
x se x > 0
x
f (x) − f (0)
Portanto, f 0 (0) = lim = 0. Agora, f 00 (x) = 2 se x < 0, f 00 (x) = 2 se x > 0, e
x→0 x−0
f 00 (0) não existe.
Exercı́cio: Seja s = x(t) derivável até 2a¯ ordem. Mostre que
µ ¶ µ ¶2 µ 2 ¶
d 2 ds ds 2 ds
s = 2s +s .
dt dt dt dt2
Exercı́cio: Seja f : R → (1, +∞) diferenciável e suponha que x2 ln(f (x)) = 3, para todo
x 6= 0. Mostre que, para todo x 6= 0, vale
µ ¶
0 1
f (x) = ln .
f (x)2f (x)
dz dz dy
= .
dx dy dx
Portanto, a taxa de variação de z com relação a x é o produto entre a taxa de variação de z
com relação a y e da taxa de variação de y com relação a x.
79
Exemplo 4.29. Suponha que está sendo bombeado ar para dentro de uma balão esférico,
e seu volume cresce a uma taxa de 50cm3 /s. Quão rápido o raio do balão está crescendo
quando o raio é 5cm.?
Seja r o raio e V o volume do balão no instante t. Sabemos que a taxa de crescimento do
dV dr
volume é = 50 e queremos determinar a taxa de crescimento do raio, quando r = 5.
dt dt
Pela Regra da Cadeia,
dV dV dr
= .
dt dr dt
4 dV
Lembrando que V = πr3 =⇒ = 4πr2 , logo
3 dr
dV dr dr 1 dV
= 4πr2 =⇒ = .
dt dt dt 4πr2 dt
dr 1
Concluı́mos que para r = 5, = .
dt 2π
Exemplo 4.30. Um tanque de água tem a forma de um cone circular invertido com base de
raio 2m e altura igual a 4m. Se a água está sendo bombeada dentro do tanque a uma taxa
de 2m3 /min, encontre a taxa na qual o nı́vel da água está elevando quando a água esta a
3m de profundidade.
Sejam V, r e h o volume da água, o raio da superfı́cie e a altura no instante t. Sabemos
dV dh
que = 2 queremos achar quando h = 3. Temos que h e V estão relacionadas pela
dt dt
1 r 2
equação: V = πr2 h. Por semelhança de triângulos = logo r = h/2. Substituindo na
3 h 4
1 h2 π 3
expressão para V, obtemos V = π h = h . Agora, derivando com relação a t,
3 2 12
dV πh2 dh dh 4 dV
= =⇒ = .
dt 4 dt dt πh2 dt
dV dh 8
Substituindo h = 3, = 2, temos =
dt dt 9π.
Exercı́cio: O raio r de uma esfera está variando, com o tempo, a uma taxa constante de
5(m/s). Com que taxa estará variando o volume da esfera no instante em que r = 2(m) ?
Exercı́cio: Um ponto P move-se sobre a elipse
4x2 + y 2 = 1 .
Sabe-se que as coordenadas x(t) e y(t) de P são funções definidas e deriváveis num intervalo
I. Verifique que
dy 4x dx
=− , para todo t ∈ I com y(t) 6= 0 .
dt y dt
80
Exercı́cio: Um homem anda ao longo de um caminho reto a uma velocidade de 4 pés/s. Um
holofote localizado no chão a 20 pés do caminho focaliza o homem. A que taxa o holofote
esta girando quando o homem está a 15 pés do ponto do caminho mais próximo da luz?
y = f (p) + f 0 (p)(x − p)
e a aproximação
f (x) ≈ f (p) + f 0 (p)(x − p)
é chamada aproximação linear ou aproximação pela reta tangente de f em p. A função
linear L(x) = f (p) + f 0 (p)(x − p) é chamada de linearização de f em p.
√ √ √
Exemplo 4.31. Aproxime os números 3, 98 e 4, 05 utilizando a função f (x) = x + 3.
1
Determinemos a equação da reta tangente em p = 1. Temos que f 0 (x) = √ . Logo a
2 x+3
aproximação linear é
1
L(x) = f (1) + f 0 (1)(x − 1) = 2 + (x − 1).
4
Agora,
p p
3, 98 = f (0, 98) ≈ L(0, 98) = 1, 995 e 4, 05 = f (4, 05) ≈ L(1, 05) = 2, 0125.
As idéias por trás das aproximações lineares são algumas vezes formuladas em termos de
diferenciais. Seja y = f (x) uma função diferenciável. Considerando dx como uma variável
independente, a diferencial é definida em termos de dx pela equação
dy = f 0 (x)dx.
81
6 f
T
f (x + dx)
6 r
∆y 6
dy = tg α dx = f 0 (x)dx
f (x) ? r r ?
¾ -
dx
α -
x x + dx
∆y − dy
−→ 0, quando dx → 0.
dx
Isto significa que o erro cometido ao aproximarmos ∆y por dy é pequeno quando comparado
a dx. Portanto
∆y ≈ dy
para dx suficientemente pequeno.
Na notação de diferenciais, a aproximação linear pode ser escrita como
Exemplo 4.32. O raio de uma esfera tem 21 cm, com um erro de medida possı́vel de no
máximo 0,05 cm. Qual é o erro máximo cometido ao usar esse valor de raio para computar
o volume da esfera?
4
Se o raio da esfera for r, então seu volume é V = π r3 . Denotamos o erro na medida do raio
3
por dr = ∆r. O erro correspondente no cálculo do volume é ∆V que pode ser aproximado
pela diferencial dV = 4πr2 dr. Quando r = 21 e dr = 0, 05, temos dV = 4π212 0, 05 ≈ 277.
Logo o erro máximo no volume calculado será de aproximadamente 277cm3 .
82
Exercı́cio: Utilizando a diferencial, calcule um valor aproximado para o acréscimo ∆ y que
a função y = x3 sofre quando se passa de x = 1 para 1 + dx = 1, 01. Calcule o erro ∆y − dy.
4
Exercı́cio: Seja V = π r3 .
3
(a) Calcule a diferencial de V = V (r)
83
Capı́tulo 5
Aplicações da Derivada
Exemplo 5.1. O valor máximo de f (x) = cos x é 1, o qual é assumido infinitas vezes.
84
12 − 8x 3
Temos que f 0 (x) = 2/5
. Então, f 0 (x) = 0 se 12 − 8x = 0, ou seja x = e f 0 (0) não
5x 2
existe.
Observação: É claro que todo ponto extremo de uma função diferenciável definida num
intervalo aberto é um ponto crı́tico e que nem todo ponto crı́tico é um ponto extremo. No
entanto, se f estiver definida em um intervalo aberto, deveremos procurar os pontos extremos
entre os pontos crı́ticos. Estes últimos são, em geral, mais fáceis de encontrar.
Observações:
• Note que, se I não for um intervalo aberto, o resultado acima poderá não ser verdadeiro.
Por exemplo, se f : [0, 1] → R for dada por f (x) = x, então os pontos extremos serão
x = 0 e x = 1. Em ambos os casos, teremos f 0 (x) = 1.
• Note, ainda, que não vale a volta. Um exemplo que ilustra este fato é a função f (x) = x3
que é estritamente crescente e é tal que f 0 (0) = 0.
• A função f (x) = |x| tem valor mı́nimo em x = 0, mas f 0 (0) não existe. Não podemos
tirar a hipótese de diferenciável.
O Teorema de Weierstrass 3.14 afirma que uma função contı́nua em um intervalo fechado
tem um valor máximo e um mı́nimo absoluto, mas não diz como encontrar esses valores
extremos. Notemos que o valor extremo ou ocorre num ponto crı́tico ou ocorre em um
extremo do intervalo.
Método do Intervalo Fechado. Para encontrar os valores máximos e mı́nimos absolutos
de uma função contı́nua f num intervalo fechado [a, b] :
3. O maior valor das etapas 1 e 2 é o valor máximo absoluto e o menor desses valores é
o mı́nimo absoluto.
Exemplo 5.3. Um triângulo isósceles tem uma base de 6 unidades e uma altura de 12
unidades. Encontre a área máxima possı́vel de um retângulo que pode ser colocado dentro do
triângulo com um dos lados sobre a base do triângulo.
85
estas variáveis não podem ser negativas. Segue-se que 0 ≤ x ≤ 3. Assim, nosso problema
pode ser formulado da seguinte maneira: encontre o valor máximo da função
Teorema 5.1 (de Rolle). Seja f : [a, b] → R uma função contı́nua em [a, b] e diferenciável
em (a, b). Se f (a) = f (b), então existirá c ∈ (a, b) tal que f 0 (c) = 0.
6
f 0 (c) = 0
f (x)
f (a) = f (b)
-
a c b x
Prova. Se f for constante em [a, b] então f 0 (x) = 0. Logo pode ser tomado qualquer
número c. Suponhamos agora que f não é constante. Como f é contı́nua, pelo Teorema
de Weierstrass 3.14, existem x1 e x2 tais que f (x1 ) ≤ f (x) ≤ f (x2 ), para todo x ∈ [a, b].
Como f não é constante, f (x1 ) 6= f (x2 ), logo x1 ou x2 pertence ao intervalo (a, b) e como
são pontos extremos, f 0 (x1 ) = 0 ou f 0 (x2 ) = 0. Portanto, existe c ∈ (a, b) tal que f 0 (c) = 0.
¤
86
Teorema 5.2 (do Valor Médio - TVM). Seja f : [a, b] → R uma função contı́nua em [a, b]
e diferenciável em (a, b). Então existe c ∈ (a, b) tal que
ou seja
f (b) − f (a)
f 0 (c) = .
b−a
Observação: O TVM nos diz que, se f for contı́nua em [a, b] e derivável em (a, b) , então
existirá c ∈ (a, b) tal que f 0 (c) é o coeficiente angular da reta S que passa por (a, f (a)) e
(b, f (b)). Veja a figura seguinte.
f
f (b) r s
f (a) r
-
a c c b
87
(a) h(x) é contı́nua em [a, b] pois é soma da função contı́nua f e um polinômio de grau 1.
(b) Analogamente, h(x) é diferenciável em (a, b).
(c) h(a) = h(b) = 0.
Logo, existe c ∈ (a, b) tal que h0 (c) = 0. Portanto,
• Se f 0 (x) > 0 para todo x ∈ (a, b), então f será estritamente crescente em [a, b].
• Se f 0 (x) < 0 para todo x ∈ (a, b) então f será estritamente decrescente em [a, b].
Prova. Queremos provar que se x1 < x2 então f (x1 ) ≤ f (x2 ). Pelo TVM aplicado a f em
[x1 , x2 ], existe um c ∈ (x1 , x2 ) tal que
Como f 0 (c) > 0 e x2 − x1 > 0 devemos ter que f (x2 ) − f (x1 ) > 0 ou seja, f (x1 ) < f (x2 ).
Logo f é crescente. A prova do outro item é análoga. ¤
É fácil ver que, se f for diferenciável e crescente (resp. decrescente) em (a, b), então
f 0 (x) ≥ 0 (resp. f 0 (x) ≤ 0), para todo x ∈ (a, b). O corolário a seguir mostra que a recı́proca
também é verdadeira.
Corolário 5.2. Seja f uma função contı́nua no intervalo [a, b] e diferenciável no intervalo
(a, b).
• Se f 0 (x) ≥ 0 para todo x ∈ (a, b), então f será crescente em [a, b].
• f 0 (x) > 0 em (−∞, 31 ) e (1, +∞) ⇒ f é estritamente crescente em (−∞, 13 ) e (1, +∞),
88
A proposição seguinte segue dos corolários do TVM.
Proposição 5.2 (Teste da Derivada Primeira). Seja f uma função contı́nua e c um ponto
crı́tico de f .
(i) Se o sinal de f 0 mudar de positivo para negativo em c, então f tem um máximo local
em c.
(ii) Se o sinal de f 0 mudar de negativo para positivo em c, então f tem um mı́nimo local
em c.
x2 − x
Exemplo 5.5. Determine os valores de máximo e mı́nimo locais de f (x) = e esboce
1 + 3x2
o gráfico.
0 3x2 + 2x − 1
Temos que f (x) = 2 2
. Como (1 + 3x2 )2 > 0 para todo x, o sinal de f 0 é dado
(1 + 3x )
pelo sinal do numerador 3x2 + 2x − 1 = 3(x + 1)(x − 31 ). Então,
1 1
• f 0 (x) = 0 se x = −1 e x = 3
⇒ x = −1 e x = 3
são pontos crı́ticos,
Considere f (x) = ex − x. Temos que f (0) = 1 e f 0 (x) = ex − 1 > 0 para x > 0. Assim f é
estritamente crescente em (0, +∞). Portanto f (x) = ex − x ≥ f (0) = 1 > 0.
x2
Exemplo 5.7. Determine os valores de máximo e mı́nimo locais de f (x) = e esboce
4 − x2
o gráfico.
8x
Temos que f 0 (x) = . Então,
(4 − x2 )2
• f 0 (x) = 0 se x = 0 ⇒ x = 0 é ponto crı́tico,
89
Portanto, x = 0 é um ponto de mı́nimo local com valor mı́nimo f (0) = 0.
Exercı́cio: Determine os intervalos de crescimento e decrescimento, os valores de máximo
2x2
e de mı́nimo e esboce o gráfico de f (x) =
x − 3x2
Exercı́cio: Seja a ∈ R.
(a) Prove que g(x) = x3 + 3x2 + 3x + a admite uma única raiz real.
• f tem concavidade para cima em (a, b) se, para quaisquer x, p ∈ (a, b), com x 6= p,
tivermos
f (x) > Tp (x).
Neste caso, f será dita côncava ou côncava para cima em (a, b).
• f tem concavidade para baixo em (a, b) se, para quaisquer x, p ∈ (a, b), com x 6= p,
tivermos
f (x) < Tp (x).
Neste caso, f será dita convexa ou côncava para baixo em (a, b).
O próximo teorema estabelece condições suficientes para que uma função f seja côncava
para cima ou para baixo.
Teorema 5.3. Seja f uma função derivável em (a, b). Valem as afirmações
(i) Se f 0 for estritamente crescente em (a, b), então f será côncava para cima em (a, b).
(ii) Se f 0 for estritamente decrescente em (a, b), então f será côncava para baixo em (a, b).
Corolário 5.3 (Teste da Concavidade). Seja f uma função derivável até segunda ordem em
(a, b) . Valem as afirmações
(i) Se f 00 (x) > 0, para todo x ∈ (a, b), então f será côncava para cima (a, b).
(ii) Se f 00 (x) < 0, para todo x ∈ (a, b), então f será côncava para baixo em (a, b) .
90
x2
Exemplo 5.8. Estude a concavidade de f (x) = e− 2 e esboce o gráfico.
x2 x2 x2
f 0 (x) = −xe− 2 e f 00 (x) = (x2 − 1)e− 2 . Como e− 2 > 0 para todo x, o sinal de f 00 é dado
pelo sinal de x2 − 1. Portanto,
• f 00 (x) > 0 em (−∞, −1) e (1, +∞) ⇒ f é côncava para cima em (−∞, −1) e (1, +∞),
(i) p ∈ (a, b) ⊂ Df ;
Definição 5.5. Se f for uma função diferenciável em p ∈ (a, b) e p for um ponto de inflexão
de f , diremos que p é um ponto de inflexão horizontal, se f 0 (p) = 0. Caso contrário
diremos que p é um ponto de inflexão oblı́quo.
Observação: Os pontos de inflexão horizontais são pontos crı́ticos, enquanto que os pontos
de inflexão oblı́quos não os são. No exemplo acima, x = 0 é um ponto de inflexão horizontal.
−x2
Exemplo 5.11. Os pontos x = −1 e x = 1 são pontos de inflexão oblı́quos de f (x) = e 2 .
Corolário 5.4. Se f for duas vezes diferenciável em (a, b) e p ∈ (a, b) for um ponto de
inflexão de f , então f ”(p) = 0.
Exercı́cio: Mostre que x = 0 é um ponto de inflexão de f (x) = x2n+1 , para todo número
natural n ≥ 1.
Teorema 5.4. Seja f três vezes diferenciável em (a, b) com derivada terceira contı́nua. Se
p ∈ (a, b) for tal que f 00 (p) = 0 e f 000 (p) 6= 0, então p será um ponto de inflexão de f .
91
Teorema 5.5. Sejam f : [a, b] → R derivável em (a, b) e p ∈ [a, b]. Valem as afirmações:
(i) Se f 0 (p) = 0 e f 0 for crescente em (a, b), então p será ponto de mı́nimo local de f .
(ii) Se f 0 (p) = 0 f 0 for decrescente em (a, b), então p será ponto de máximo local de f .
Proposição 5.3 (Teste da Derivada Segunda). Suponhamos que f : [a, b] → R admita
derivada de segunda ordem contı́nua em (a, b) e seja p ∈ [a, b]. Valem as afirmações:
(i) Se f 0 (p) = 0 e f 00 (p) > 0, então p será ponto de mı́nimo local de f .
x4
(a) f (x) = − x3 − 2x2 + 3; (b) f (x) = x2 e−5x .
4
(a) Temos f 0 (x) = x3 − 3x2 − 4x = x(x2 − 3x − 4). Portanto, x = −1, x = 0 e x = 4 são os
pontos crı́ticos de f. Como f 00 (−1) = 5, f 00 (0) = −4 e f 00 (4) = 20 concluı́mos que 0 é ponto
de máximo e −1 e 4 são pontos de mı́nimo.
2
(b) x = 0 é ponto de máximo e x = é ponto de mı́nimo.
5
Exemplo 5.14. Esboce o gráfico de f (x) = x2/3 (6 − x)1/3 .
Calculando as derivadas
4−x −8
f 0 (x) = , f 00 (x) = .
x1/3 (6
− x)2/3 x4/3 (6− x)5/3
Os pontos crı́ticos são x = 4, x = 0 e x = 6. Analisando o sinal da derivada primeira
• Se x < 0 ⇒ f 0 (x) < 0 ⇒ f é estritamente decrescente.
92
• Se x < 0 ⇒ f 00 (x) < 0 ⇒ f é côncava para baixo.
• Se 0 < x < 6 ⇒ f 00 (x) < 0 ⇒ f é côncava para baixo.
• Se x > 6 ⇒ f 00 (x) > 0 ⇒ f é côncava para cima.
O único ponto de inflexão é x = 6. Observe que as retas tangentes em x = 0 e x = 6 são
verticais.
1
Exemplo 5.15. Esboce o gráfico de f (x) = x2 + .
x
Calculando as derivadas
1 2x3 − 1 2 2(x3 + 1)
f 0 (x) = 2x − = , f 00 (x) = 2 + = .
x2 x2 x3 x3
1
O ponto crı́tico é x = √
3
. Analisando o sinal da derivada primeira
2
1 1
• f 0 (x) > 0 se x > √
3
2
⇒ f é crescente em ( √
3 , +∞).
2
1 1
• f 0 (x) < 0 se x < √
3
2
⇒ f é decrescente em (−∞, 0) e (0, 3 ).
√
2
1
Pelo teste da Derivada Primeira ou Segunda x = √
3
2
é um ponto de mı́nimo local. Analisando
o sinal da derivada segunda
• Se −1 < x < 0 ⇒ f 00 (x) < 0 ⇒ f é côncava para baixo.
• Se x > 0 ou x < −1 ⇒ f 00 (x) > 0 ⇒ f é côncava para cima.
O único ponto de inflexão é x = −1.
x
Exercı́cio: Esboce o gráfico de f (x) = .
1 + x2
Exercı́cio: Mostre que x = 0 é um ponto de mı́nimo e um ponto de inflexão para
½ √
x, x ≥ 0
f (x) =
x2 , x < 0.
93
5.4 Regras de L’Hospital
As regras de L’Hospital se aplicam a cálculos de limites que apresentam as seguintes inde-
terminações
0 ∞
ou .
0 ∞
f 0 (x) f (x)
e o limite lim 0
existir (finito ou infinito), então o limite lim também existirá e
x→p g (x) x→p g(x)
teremos
f (x) f 0 (x)
lim = lim 0 .
x→p g(x) x→p g (x)
f (x) − f (p)
lim
f 0 (x) f 0 (p) x→p x−p f (x) − f (p) f (x)
lim 0 = 0 = = lim = lim .
x→p g (x) g (p) g(x) − g(p) x→p g(x) − g(p) x→p g(x)
lim
x→p x−p
Observação: A 1a¯ regra de L’Hospital ainda será válida se, em lugar de x → p , tivermos
x → p+ , x → p− , x → +∞ ou x → −∞ .
1 − e2x
Exemplo 5.16. Calcule lim .
x→0 x
Como lim 1 − e2x = 0 e lim x = 0 pela Regra de L’Hospital,
x→0 x→0
94
a Regra de L’Hospital: Sejam f e g funções deriváveis em (p − r , p ) e em (p , p + r) ,
2¯
r > 0 , com g 0 (x) 6= 0 para 0 < |x − p| < r. Se
f 0 (x) f (x)
e o limite lim 0
existir (finito ou infinito), então o limite lim também existirá e
x→p g (x) x→p g(x)
teremos
f (x) f 0 (x)
lim = lim 0 .
x→p g(x) x→p g (x)
Observação: A 2a¯ regra de L’Hospital ainda será válida se, em lugar de x → p , tivermos
x → p+ , x → p− , x → +∞ ou x → −∞ . Esta regra também permanecerá válida caso
tenhamos −∞ em lugar de +∞ em um ou ambos os limites.
ex
Exemplo 5.18. Calcule lim .
x→+∞ x
ex (ex )0 ex
lim = lim = lim = +∞.
x→+∞ x x→+∞ x0 x→+∞ 1
tg x − x
Exemplo 5.19. Calcule lim .
x→0 x3
Como lim tg x − x = 0 e lim x3 = 0 usamos a Regra de L’Hospital
x→0 x→0
tg x − x sec2 x − 1
lim = lim .
x→0 x3 x→0 3x2
Como lim sec2 x − 1 = 0 e lim 3x2 = 0 usamos mais uma vez a Regra de L’Hospital
x→0 x→0
95
Exemplo 5.20. Calcule lim+ x ln x.
x→0
ln x
Observe que é uma indeterminação da forma 0 · −∞. Escrevendo x ln x = 1 obtemos uma
x
−∞
indeterminação da forma . Pela Regra de L’Hospital,
∞
1
ln x x
lim x ln x = lim+ 1 = lim+ = lim+ −x = 0.
x→0+ x→0
x
x→0 − x12 x→0
³1 1 ´
Exemplo 5.21. Calcule lim+ − .
x→0 x sen x
Observe que é uma indeterminação da forma ∞ − ∞. Escrevendo
³1 1 ´ sen x − x
− =
x sen x xsen x
0
obtemos uma indeterminação da forma e podemos aplicar a Regra de L’Hospital.
0
Exemplo 5.22. Calcule lim+ xx .
x→0
x
Observe que é uma indeterminação da forma 00 . Escrevemos xx = eln x = ex ln x , e como a
função exponencial é contı́nua,
³ ´
x x ln x
lim+ x = lim+ e = exp lim+ x ln x = e0 = 1.
x→0 x→0 x→0
1
Exemplo 5.23. Calcule lim x x .
x→+∞
1 1 ln x
Observe que é uma indeterminação da forma ∞0 . Escrevemos x x = eln x x = e x , e como a
função exponencial é contı́nua,
1 ln x
³ ln x ´
lim x x = lim e x = exp lim .
x→+∞ x→+∞ x→+∞ x
∞
Observe que temos uma indeterminação da forma , então pela Regra de L’Hospital
∞
1
ln x (ln x)0 x
lim = lim = lim = 0.
x→+∞ x x→+∞ x0 x→+∞ 1
Logo,
1
lim x x = e0 = 1.
x→+∞
³ 1 ´x+1
Exemplo 5.24. Calcule lim .
x→+∞ ln x
96
³ 1 ´x+1 ³ 1 ´
Observe que é uma indeterminação da forma 0∞ . Escrevemos = e(x+1) ln .
ln x ln x
Agora, ³ 1 ´
lim (x + 1) ln = +∞ · −∞ = −∞
x→+∞ ln x
e como a função exponencial é contı́nua,
³ 1 ´x+1 ³ 1 ´ ³ ³ 1 ´´
lim = lim e(x+1) ln = exp lim (x + 1) ln = 0.
x→+∞ ln x x→+∞ ln x x→+∞ ln x
³ 1 ´x
Exemplo 5.25. Calcule lim 1 + .
x→+∞ x
³ ´x ¡ ¢
1
Observe que é uma indeterminação da forma 1∞ . Escrevemos 1 + x1 = ex ln 1+ x . Agora
∞
temos uma indeterminação da forma 0 · ∞ que pode ser reduzida a . Então, pela regra de
∞
L’Hospital ¡ ¢
³ 1´ ln 1 + x1 1
lim x ln 1 + = lim 1 = lim =1
x→+∞ x x→+∞ x→+∞ 1 + 1
x x
e como a função exponencial é contı́nua,
³ ¡ ¢
1 ´x x ln 1+ x1
³ ³ 1 ´´
lim 1 + = lim e = exp lim x ln 1 + = e1 = e.
x→+∞ x x→+∞ x→+∞ x
Exercı́cio: Calcule os seguintes limites:
x 1
(a) lim , [R : 0]; (b) lim (x + 1) ln x , [R : e];
x→+∞ ex x→+∞
ex ln x
(c) lim 2 , [R : +∞]; (d) lim √ , [R : 0];
x→+∞ x x→+∞ 3 x
sen x x − tg x
(e) lim , [R : 0]; (f ) lim , [R : −2];
x→π 1 − cos x x→0 x − sen x
3x2 − 2x − 1 ³ 1 ´x
(g) lim , [R : 4]; (h) lim 1 + 2 , [R : 1].
x→1 x2 − x x→+∞ x
97
O exemplo mais simples de aproximação de uma função por um polinômio é a aprox-
imação linear (diferencial) que estudamos na seção 4.8. Assim como naquele caso, vamos
considerar a reta tangente ao gráfico de f (x) no ponto x = p
para aproximar a função f (x) para x no ao redor de p. A idéia básica é aproximar a função
f (x) ao redor de a por uma função linear que passe pelo ponto (p, f (p)) e cuja derivada seja
a mesma da função f (x) no ponto p.
Definimos o erro que se comete ao aproximar f (x) por L(x) por
ou seja, quando x → p, o erro E(x) tende a zero mais rapidamente do que (x − p).
Então definimos o polinômio de Taylor de ordem 1 de f (x) ao redor de p por
Suponhamos agora que a função f (x) seja duas vezes diferenciável e procuremos um
polinômio P (x), de grau no máximo 2, tal que
Ou seja, quando x → p, o erro E(x) tende a zero mais rapidamente que (x − p)2 .
Definimos o polinômio de Taylor de ordem 2 de f (x) ao redor de p por
f 00 (p)
P2 (x) = f (p) + f 0 (p)(x − p) + (x − p)2 ,
2
e temos que P2 é o polinômio de grau 2 que melhor aproxima localmente f (x) ao redor de p.
Exemplo 5.27. O polinômio de Taylor de grau 2 da função f (x) = ex ao redor do ponto
zero é P2 (x) = 1 + x + 21 x2 .
De forma geral, se a função dada f (x) for derivável até ordem n e procuramos um
polinômio P de grau n satisfazendo
99
onde f (x) é a função dada e Pn (x) é o polinômio de Taylor de grau n ao redor de p.
Exercı́cio: Verifique que, quando x → p, o erro Rn (x) tenderá a zero mais rapidamente que
(x − p)n .
O teorema a seguir nos fornece uma fórmula para o erro.
Teorema 5.6 (Fórmula de Taylor com resto de Lagrange). Suponhamos que a função f (x)
seja (n + 1) vezes diferenciável no ao redor do ponto p. Então
f n+1 (x̄)
Rn (x) = (x − p)n+1
(n + 1)!
100
para algum x ∈ [0, 1]. Logo,
¯ ³ 1 1 1 1 ´¯¯ 3
¯
¯e − 1 + 1 + + + + ... + ¯≤ .
2 3! 4! n! (n + 1)!
5.6 Assı́ntotas
Definição 5.6. A reta x = p é chamada de assı́ntota vertical para uma função f se
ou
lim f (x) = −∞ ou lim f (x) = −∞ ou lim f (x) = −∞.
x→p x→p− x→p+
2
Exemplo 5.33. A reta x = 3 é assı́ntota vertical de f (x) = .
x−3
Definição 5.7. A reta y = L é chamada de assı́ntota horizontal para uma função f se
x2 − 1
Exemplo 5.34. A reta y = 1 é assı́ntota horizontal de f (x) = .
x2 + 1
Definição 5.8. Seja f uma função. Se existir uma reta de equação y = mx + n tal que
ou
lim [f (x) − (mx + n)] = 0 ,
x→−∞
então tal reta será dita uma assı́ntota para f . Se m = 0, teremos uma assı́ntota hori-
zontal e, se m 6= 0, teremos uma assı́ntota oblı́qua.
101
Observação: A distância vertical entre a curva y = f (x) e a reta y = mx + n tende a 0.
x3
Exemplo 5.35. Determine as assı́ntotas de f (x) = e esboce o gráfico.
x2 + 1
Como x2 + 1 nunca é 0, não há assı́ntota vertical. Uma vez que lim f (x) = ±∞, não há
x→±∞
assı́ntotas horizontais. Escrevemos
x3 x
2
=x− 2 ,
x +1 x +1
então
x3 x
lim
2
− x = lim 2 = 0.
x→±∞ x + 1 x→±∞ x + 1
Em seguida, calcule
n = lim [f (x) − mx].
x→±∞
f (x) f (x)
Segue que lim = 2 e lim = −2. Assim m = 2 para x → +∞ e m = −2 para
x→+∞ x x→−∞ x
x → −∞. Determinemos agora n.
√ x+1 1
lim [ 4x2 + x + 1 − 2x] = lim √ = .
x→+∞ x→+∞ 4x2 + x + 1 + 2x 4
102
1 1
Logo, y = 2x + é assı́ntota para x → +∞. Analogamente vemos que y = −2x − é
4 4
assı́ntota para x → −∞. Para esboçar o gráfico calculamos as derivadas
8x + 1 15
f 0 (x) = √ f 00 (x) = √ .
2 4x2 + x + 1 4 4x2 + x + 1(4x2 + x + 1)
1
O único ponto crı́tico é x = − que é um ponto de mı́nimo local. Como f 00 > 0, f é côncava
8
para cima para todo x.
Exercı́cio:
5. Calcule os limites laterais de f nos pontos p tais que f não é contı́nua em p ou se f (p)
não estiver definida, mas p for um extremo do domı́nio de f .
7. Determine as assı́ntotas.
8. Localize as raı́zes de f.
103
Exercı́cio: Esboce o gráfico das seguintes funções:
2x2 x2
(a) f (x) = ; (b) f (x) = √ ;
x2 − 1 x+1
(c) f (x) = xex ; (d) f (x) = ln(4 − x2 );
x4 + 1 √3
(e) f (x) = ; (f ) f (x) = x3 − x2 .
x2
Exemplo 5.37. Encontre as dimensões do triângulo isósceles de maior área que esteja
inscrito na circunferência de raio R.
Calculando a derivada
x(3R − 2x)
A0 (x) = √ ,
2Rx − x2
3
temos que ou x = R é o único candidato a ponto de máximo no intervalo (0, 2R). Analisando
2
3
o sinal da derivada primeira vemos que de fato x = R é um ponto de máximo. Portanto
2
as dimensões são
3 √ 9 3
altura x = R e base y = 3R e daı́ z 2 = R2 + R2 = 3R2 .
2 4 4
Logo o triângulo é equilátero.
Exemplo 5.38. Uma lata cilı́ndrica é feita para receber um litro de óleo. Encontre as
dimensões que minimizarão o custo do metal para produzir a lata.
104
Seja r o raio da lata e h a altura em cm. Para minimizar o custo do material minimizamos
a área da superfı́cie total (topo, base e área lateral) dada por S = 2πr2 + 2πrh. Agora,
1000
como o volume V = πr2 h tem 1000cm3 , temos πr2 h = 1000 ou seja h = . Substituindo
πr2
1000 2000
na expressão da área total obtemos S(r) = 2πr2 + 2πr 2 = 2πr2 + . Logo, nosso
πr r
problema é minimizar a função
2000
S(r) = 2πr2 + r > 0.
r
Calculamos a derivada
2000 4(πr3 − 500)
S 0 (r) = 4πr − = .
r2 r2
q q q
O ponto crı́tico é r = 3 500
π
. Como S 0
(r) > 0 se r > 3 500
π
e S 0
(r) < 0 se r < 3 500
π
concluı́mos
q
que r = 3 500π
é um ponto de mı́nimo de S.
Portanto as dimensões da lata que exigem menor quantidade de material são:
r ³ 500 ´2/3 r
3 500 1000 3 500
raio r = e altura h = =2 = 2r.
π π π π
Exemplo 5.39. Os pontos A e B estão em lados opostos de um rio reto com 3km de largura.
O ponto C está na mesma margem que B, mas 2km rio abaixo. Uma companhia telefônica
deseja estender um cabo de A até C. Se o custo por km de cabo é 25% maior sob a água
do que em terra, como deve ser estendido o cabo, de forma que o custo seja menor para a
companhia?
Seja P um ponto na mesma margem que B e C e entre B e C, de tal forma que o cabo será
estendido de A para P e deste para C. Seja xkm a distância de B a P. Logo, (2 − x)km será
a distância de P até C e x ∈ [0, 2]. Seja k o custo por km em terra e 45 k o custo por km sob
a água. Se C(x) for o custo total, então
5√ 2
C(x) = 3 + x2 + k(2 − x) x ∈ [0, 2].
4
Para determinar o valor mı́nimo de C procuramos os pontos crı́ticos.
5kx
C 0 (x) = √ − k.
4 9 + x2
Logo x = ±4 são pontos crı́ticos, porém não pertencem ao intervalo [0, 2]. Assim, o mı́nimo
23 5 √
ocorre num dos extremos do intervalo. Calculando C(0) = k e C(2) = k 13, concluı́mos
4 4
que o valor mı́nimo ocorre quando x = 2. Logo para minimizar o custo, devemos estender o
cabo diretamente de A até C sob a água.
105
Exemplo 5.40. Uma caixa sem tampa será feita recortando-se pequenos quadrados con-
gruentes dos cantos de uma folha de estanho medindo 12 × 12 cm2 e dobrando-se os lados
para cima. Que tamanho os quadrados dos lados devem ter para que a caixa chegue a sua
capacidade máxima?
Denotamos por x a medida dos lados dos quadrados a serem recortados. O volume da caixa
é V (x) = (12 − 2x)2 x = 144x − 48x2 + 4x3 com 0 < x < 6, a qual é a função que devemos
maximizar. Derivando
106
Capı́tulo 6
A Integral
onde n ∈ N, é uma partição ou divisão de [a, b]. Neste caso, escrevemos P = (xi ).
... ... -
a = x0 x1 x2 xi−1 xi xn−1 b = xn x
∆P = max ∆xi
1≤i≤n
que é o “tamanho máximo” ou comprimento máximo que um intervalo [xi−1 , xi ] pode ter.
Sejam f : [a, b] → R e P = (xi ) uma partição de [a, b]. Para cada ı́ndice i seja ci um
número em [xi−1 , xi ] escolhido arbitrariamente.
c1 c2 ... ci ... cn
• • • • -
a = x0 x1 x2 xi−1 xi xn−1 b = xn x
107
6
f (c3 )
f (c2 )
f (ci ) y f
f (c1 )
cj
K
xj−1 xj -
• • • • •
a = x0 x1 x2 x3 xi−1 xi b = xn
? ? ® ?
f (cj ) c1 c2 c3 ci
n
X
f (ci )∆xi .
i=1
Observação: Note que a soma de Riemann é igual à soma das áreas dos retângulos que
estão acima do eixo x menos a soma das áreas dos retângulos que estão abaixo do eixo x .
Portanto a soma de Riemann é a diferença entre a soma das áreas dos retângulos que estão
acima do eixo x e a soma das áreas dos retângulos que estão abaixo do eixo x .
f
A2 ¾
-
a b
: A1
108
Sejam f uma função contı́nua definida em [a, b] e P = (xi ) uma partição tal que ∆P =
max ∆xi seja suficientemente pequeno. Então a área
1≤i≤n
A = A2 − A1 ,
pode ser aproximada pela soma de Riemann
n
X
f (ci )∆xi ,
i=1
ou seja,
n
X
A≈ f (ci )∆xi .
i=1
Fazendo ∆P −→ 0, temos
n
X
f (ci )∆xi −→ A
i=1
e, portanto,
n
X
lim f (ci )∆xi = A.
∆P →0
i=1
n
X
lim f (ci )∆xi = A
∆P →0
i=1
para toda partição de [a, b] com ∆P < δ, qualquer que seja a escolha de ci ∈ [xi−1 , xi ]. Neste
caso, escrevemos Z b
A= f (x) dx
a
que é chamada integral definida ou simplesmente integral de f em relação à x no inter-
valo [a, b].
109
Observação: De acordo com a definição, o limite não depende da escolha dos ci .
Propriedade: Se f for contı́nua em [a, b] então f é integrável em [a, b].
Z b
Definição 6.5. Se existir a integral f (x) dx , então definiremos
a
Z a Z b
f (x) dx = − f (x) dx .
b a
Z b
• A integral é positiva, isto é, se f (x) ≥ 0, para todo x ∈ [a, b], então f (x) dx ≥ 0.
a
Em particular, se g(x) ≤ f (x) para todo x ∈ [a, b], então
Z b Z b
g(x) dx ≤ f (x) dx .
a a
Z c Z b
• A integral é aditiva, isto é, se existirem as integrais f (x) dx e f (x) dx , com
Z b a c
Isto quer dizer que se f for integrável em todos os subintervalos de umZ intervalo [a, b],
a
então f será integrável em [a, b]. Em particular, quando c = a, teremos f (x) dx = 0.
a
110
6.3 O Primeiro Teorema Fundamental do Cálculo
O Primeiro Teorema Fundamental do Cálculo estabelece uma conexão entre cálculo integral
e o cálculo diferencial. Z x
Consideremos qualquer função contı́nua f com f (t) ≥ 0. Então a função g(x) = f (t) dt
a
pode ser interpretada como a área de f de a até x, onde x pode variar de a até b.
6
área = g(x)
6
f (t)
-
a x x+h b
Para calcular g 0 (x) por definição, primeiro observamos que, para h > 0, g(x + h) − g(x) é
obtida subtraindo-se as áreas, logo ela é a área sob o gráfico de f de x até x + h. Para h
pequeno essa área é aproximadamente igual à área do retângulo com altura f (x) e largura
h,
g(x + h) − g(x)
g(x + h) − g(x) ≈ hf (x), logo ≈ f (x).
h
Portanto, intuitivamente esperamos que
g(x + h) − g(x)
g 0 (x) = lim = f (x).
h→0 h
Isso é verdade em geral, como demonstra o seguinte Teorema.
Teorema 6.1 (Primeiro Teorema Fundamental do Cálculo - 1TFC). Seja f uma função
contı́nua em [a, b], então a função g definida por
Z x
g(x) = f (t) dt, a≤x≤b
a
0
é diferenciável em (a, b) e g (x) = f (x).
111
logo para h 6= 0, Z x+h
g(x + h) − g(x) 1
= f (t) dt.
h h x
Suponhamos que h > 0. Como f é contı́nua em [x, x + h], pelo Teorema de Weierstrass 3.14
existem x1 e x2 em [x, x + h] tais que f (x1 ) ≤ f (t) ≤ f (x2 ) para todo t ∈ [x, x + h]. Logo,
Z x+h
f (x1 )h ≤ f (t) dt ≤ f (x2 )h.
x
lim f (x1 ) = lim f (x1 ) = f (x), e lim f (x2 ) = lim f (x2 ) = f (x),
h→0 x1 →x h→0 x2 →x
g(x + h) − g(x)
g 0 (x) = lim = f (x),
h→0 h
e o 1TFC fica demonstrado. ¤
Z x √
Exemplo 6.1. Ache a derivada da função g(x) = 1 + t2 dt.
0
√ √
Como f (t) = 1 + t2 é contı́nua, pelo 1TFC g 0 (x) = 1 + x2 .
Z x4
Exemplo 6.2. Calcule a derivada de g(x) = sec t dt.
1
112
6.4 Antiderivadas ou Primitivas
Já sabemos que a derivada de uma função constante é zero. Entretanto, uma função pode
ter derivada zero em todos os pontos de seu domı́nio e não ser constante; por exemplo a
x
função f (x) = é tal que f 0 (x) = 0 em todo ponto de seu domı́nio, mas f não é constante.
|x|
O seguinte corolário do TVM mostra que se f tiver derivada zero num intervalo, então f
será constante nesse intervalo.
Corolário 6.1. Se f for contı́nua em [a, b] e diferenciável em (a, b) e f 0 (x) = 0 para todo
x ∈ (a, b), então f será constante.
Prova. Seja x0 ∈ [a, b] um ponto fixo. Para todo x ∈ [a, b], x 6= x0 , pelo TVM existe um x̄
pertence ao intervalo aberto de extremos x e x0 tal que
f (x) − f (x0 ) = f 0 (x̄)(x − x0 ).
Como f 0 (x) = 0 para todo x ∈ (a, b), temos que f 0 (x0 ) = 0, logo
f (x) − f (x0 ) = 0 =⇒ f (x) = f (x0 )
para todo x ∈ [a, b]. Portanto, f é constante. ¤
Corolário 6.2. Se duas funções definidas num intervalo I aberto tiverem mesma derivada
em todo ponto x ∈ I, então elas vão diferir por uma constante.
Exercı́cio: Encontre todas as funções f definidas em R tais que f 0 (x) = x2 e f 00 (x) = sen x.
Definição 6.6. Seja f : [a, b] → R. Uma primitiva ou antiderivada de f em [a, b] é uma
função derivável F : [a, b] → R tal que
F 0 (x) = f (x), para todo x ∈ [a, b] .
Observação: Se F for uma primitiva de f , então F será contı́nua, pois F é derivável.
Se F (x) é uma primitiva de f (x) então F (x) + k também será primitiva de f. Por outro
lado, se houver uma outra função G(x) primitiva de f, pelo visto anteriormente, F e G
diferem, neste intervalo, por uma constante. Segue que as primitivas de f são da forma
F (x) + k, com k constante. Denotamos por
Z
f (x) dx = F (x) + k, k constante
113
Z
x3
Exemplo 6.3. x2 dx = + k.
3
Z Z
Exemplo 6.4. dx = 1 dx = x + k.
Z Z
(a) c dx = cx + k; (b) ex dx = ex + k;
Z Z
xα+1
(c) xα dx = ; (d) cos x dx = sen x + k;
α+1
Z Z
1 1
(e) dx = ln x + k x > 0; (f ) dx = ln(−x) + k x < 0;
x x
Z Z
(g) sen x dx = − cos x + k; (h) sec2 x dx = tg x + k;
Z Z
(i) sec x dx = ln | sec x + tg x| + k; (j) tg x dx = − ln | cos x| + k;
Z Z
1
(k) sec xtg x dx = sec x + k; (l) dx = arctg x + k;
1 + x2
Z
1
(m) √ dx = arcsen x + k.
1 − x2
114
onde F é qualquer primitiva de f, ou seja, uma função tal que F 0 = f.
Z x
Prova. Seja g(x) = f (t) dt. Pelo 1TFC, g 0 (x) = f (x), ou seja, g é uma primitiva
a
de f . Pelo Corolário 6.2, duas primitivas só podem diferir por uma constante portanto,
F (x) − g(x) = k, onde k é uma constante. Fazendo x = a, a fórmula implica que F (a) = k
e fazendo x = b, temos F (b) − g(b) = k = F (a). Daı́,
Z b
F (b) − F (a) = g(b) = f (t) dt,
a
ou seja, a integral da derivada de uma função que é uma primitiva é a própria primitiva
calculada nos limites de integração.
1 1
Exercı́cio: Calcule a integral de f (x) = + 3 no intervalo [1, 2].
x x
Z π/8
Exercı́cio: Calcule sen 2x dx.
0
115
Observação: A função ln x está bem definida pois a integral de uma função contı́nua sempre
existe.
Propriedades do logaritmo.
(a) ln 1 = 0,
1
(b) ln0 x = para todo x > 0,
x
(c) ln(ab) = ln a + ln b, para todo a, b > 0,
³a´
(d) ln = ln a − ln b, para todo a, b > 0,
b
(e) ln(ar ) = r ln a para todo a > 0 e r racional.
Prova. A parte (a) segue da definição e a parte (b) do 1TFC 6.1. Para provar a parte (c),
seja f (x) = ln(ax), onde a é uma constante positiva. Pela Regra da Cadeia, temos
1 1
f 0 (x) = a= .
ax x
Portanto, f (x) e ln x tem a mesma derivada, então pelo Corolário 6.2, diferem por uma
constante:
ln(ax) = ln x + C.
Fazendo x = 1, temos que ln a = C. Assim,
ln(ax) = ln x + ln a,
e escolhendo x = b, fica demonstrada a propriedade (c).
(d) : Utilizando a parte (c) com a = 1/b, temos que
µ ¶ µ ¶
1 1
ln + ln b = ln 1 = 0, portanto ln = − ln b.
b b
Agora, µ ¶ µ ¶
³a´ 1 1
ln = ln a = ln a + ln = ln a − ln b.
b b b
A parte (e) é provada de maneira análoga. ¤
116
Por outro lado, fazendo t = 1/x, então t → +∞ quando x → 0+ . Portanto,
µ ¶
1
lim+ ln x = lim ln = lim − ln t = −∞.
x→0 t→+∞ t t→+∞
lim (1 + x)1/x = e.
x→0
e portanto
lim (1 + x)1/x = e.
x→0
Portanto, Z
f (g(x))g 0 (x) dx = F (g(x)) + k ,
117
ou, escrevendo F 0 = f, obtemos a Regra da Substituição:
Z Z
0
f (g(x))g (x) dx = f (u) du. (6.1)
Z √
Exemplo 6.7. Encontre 2x 1 + x2 dx.
Isto nos mostra que a mudança u = 1 + x4 não resolve o problema. Entretanto, se fizermos
u = x2 , teremos du = 2x dx, assim,
Z Z
x 1 1 1 1
4
dx = 2
du = arctg(u) + k = arctg(x2 ) + k.
1+x 1+u 2 2 2
Z
Exemplo 6.10. Encontre tgx dx.
118
Existem dois métodos para calcular uma integral definida por substituição. Um deles
consiste em calcular primeiro a integral indefinida e então usar o 2TFC. Por exemplo,
Z 2 √ ¯2
2 ¯
2 3/2 ¯ 2 2 2
2x 1 + x dx = (1 + x ) ¯ = (5)3/2 − (1)3/2 = ((5)3/2 − 1).
2
0 3 0 3 3 3
Um outro modo consiste em se mudar os limites de integração ao se mudar a variável.
Regra da Substituição para Integrais Definidas. Se g 0 for contı́nua em [a, b] e f for
contı́nua na variação de u = g(x), então
Z b Z g(b)
0
f (g(x))g (x) dx = f (u) du.
a g(a)
Prova. Seja F uma primitiva de f. Então, F (g(x)) é uma primitiva de f (g(x))g 0 (x), logo,
pelo 2TFC (Teorema 6.2), temos
Z b
f (g(x))g 0 (x) dx = F (g(b)) − F (g(a)).
a
Por outro lado, aplicando uma segunda vez o 2TFC também temos
Z g(b) ¯g(b)
¯
f (u) du = F (u)¯¯ = F (g(b)) − F (g(a)).
g(a) g(a)
¤
Z 1 √
Exemplo 6.11. Calcule 2x − 1 dx.
1/2
1
Fazendo u = 2x − 1, temos du = 2 dx ou 12 du = dx Quando x = , u = 0; quando
2
x = 1, u = 1. Assim,
Z 1 Z 1 Z ¯1
√ √ 1 1 1√ 1 2 3/2 ¯¯ 1
2x − 1 dx = u du = u du = u ¯ = .
1/2 0 2 2 0 23 0 3
Z e
ln x
Exemplo 6.12. Calcule dx.
1 x
1
Fazendo u = ln x, temos du = dx. Quando x = 1, u = ln 1 = 0; quando x = e, u = ln e = 1.
x
Assim, ¯1
Z e Z 1
ln x u2 ¯¯ 1
dx = u du = ¯ = .
1 x 0 2 0 2
119
Exercı́cio: Calcule as integrais
Z √ Z Z
sen x
(a) x x2 + 1 dx; (b) dx; (c) (2x − 1)3 dx;
cos3 x
Z Z Z
2 √ 2
(d) dx; (e) x2 3x + 2 dx; (f ) xe−x dx
3 + x2
Z 2 √ Z Z
2
2
√ 1
x
(g) x x2 + 1 dx; (h) x 3x + 2 dx; (i) dx.
1 0 0 x2 +1
ou seja,
f (x)g 0 (x) = [f (x)g(x)]0 − f 0 (x)g(x) .
Como f (x)g(x) é uma primitiva de [f (x)g(x)]0 , se existir uma primitiva de f 0 (x)g(x), então
também existirá uma primitiva de f (x)g 0 (x) e valerá a fórmula de integração por partes:
Z Z
0
f (x)g (x) dx = f (x)g(x) − f 0 (x)g(x) dx . (6.2)
du = f 0 (x) dx e dv = g 0 (x) dx
Z
Exemplo 6.13. Calcule x sen x dx.
120
Z
Exemplo 6.14. Calcule arctg x dx.
Z Z Z
1 1
arctg x |{z}
1 dx = uv − v du = (arctg x) x − x dx = x arctg x − ln(1 + x2 ) + k.
| {z } 1 + x2 2
u dv
Z
Exemplo 6.15. Calcule x2 ex dx.
Z Z
2 x 2 x
x |{z}
|{z} e dx = |{z}
x |{z}
e − ex dx.
2x |{z}
|{z}
f g0 f g f0 g
Portanto, Z
x2 ex dx = x2 ex − 2xex + 2ex + k.
Combinando a fórmula de integração por partes com o 2TFC, podemos avaliar integrais
definidas por partes. Sejam f e g duas funções com derivadas contı́nuas em [a, b], então
Z ¯b Z b
b ¯
f (x)g (x) dx = f (x)g(x)¯¯ −
0
f 0 (x)g(x) dx .
a a a
Z t
Exemplo 6.16. Calcule x ln x dx.
1
Z ¯t Z t Z
t
x2 ¯ 1 x2 t2 1 t
x |{z}
ln x dx = ¯
ln x − dx = ln t − x dx
1
|{z}
0
2 |{z} ¯1
|{z} x |{z}
0 |{z} 2 2 2 1
g f g
f f0 g
¯t
t2 1 x2 ¯¯ t2 1 1
= ln t − ¯ = ln t − t2 + .
2 2 2 1 2 4 4
121
Capı́tulo 7
Aplicações da Integral
122
v(t) 6
v = v(t)
-
a b t
Observação: Seja c ∈ [a, b] e suponha que v(t) ≥ 0 em [0, c] e v(t) ≤ 0 em [c, b] conforme a
figura.
v(t) 6
v = v(t)
- A1
-
a b t
A2 ¼
Exemplo 7.1. Uma partı́cula desloca-se sobre o eixo x com velocidade v(t) = 2 − t .
(a) Calcule o deslocamento entre os instantes t = 1 e t = 3.
123
Z µ ¶ ¯3
3 ¯ t2
Deslocamento = (2 − t) dt = ¯ = 0.
2t −
¯ 2
1 1
Z 3 Z 2 Z 3
Espaço percorrido = |2 − t| dt = (2 − t) dt − (2 − t) dt = 1.
1 1 2
Interpretação: em [1, 2) a velocidade é positiva, o que significa que neste intervalo a partı́cula
avança no sentido positivo; em (2, 3] a velocidade é negativa, o que significa que neste
intervalo a partı́cula recua, de tal modo que em t = 3 ela volta a ocupar a mesma posição
por ela ocupava no instante t = 1.
Exercı́cio: Uma partı́cula desloca-se sobre o eixo x com velocidade v(t) = 1 − t2 .
6
f
A
µ
6
-
a b
124
Seja P = (xi ) uma partição de [a, b] e ci 0 e ci 00 tais que
6 6
f f
- -
a b a b
X
Isto significa que a soma de Riemann f (ci 0 )∆xi se aproxima da área A por “falta” e a
X i
00
soma de Riemann f (ci )∆xi se aproxima da área A por “sobra”.
i
Daı́, fazendo ∆P = max ∆xi −→ 0 temos
1≤ i≤n
X X
lim f (ci 0 )∆xi ≤ lim A ≤ lim f (ci 00 )∆xi
∆d→0 ∆d→0 ∆d→0
i i
q q q
Z b Z b
f (x)dx A f (x)dx
a a
Z b
ou seja, A = f (x)dx .
a
Exemplo 7.2. A área do conjunto do plano limitado pelas retas x = 0, x = 1 e pelo gráfico
1
de f (x) = x2 é .
3
125
Caso 2: Seja A o conjunto hachurado conforme mostra a figura.
A
−f
6 6 6
A
6
- -
b b
a a
f f
Logo Z Z Z
b b b
área A = − f (x)dx = −f (x)dx = |f (x)| dx .
a a a
Exemplo 7.3. A área do conjunto do plano limitado pelas retas x = 0, x = 1 e pelo gráfico
3
de f (x) = x4 − x é .
10
-
a c d b
Então Z Z Z Z
c d b b
área A = f (x)dx − f (x)dx + f (x)dx = |f (x)| dx .
a c d a
Exemplo 7.4. A área do conjunto do plano limitado pelas retas x = −1, x = 1 e pelo gráfico
de f (x) = x3 é 1.
126
6
1 A1
g
-
a b
R
B
: A2
Portanto Z b
[f (x) − g(x)] dx = A1 + A2 .
a
127
As curvas y = x e y = x2 interceptam-se nos pontos x = 0 e x = 1. Então,
Z 1 Z 2
2
área = (x − x )dx + (x2 − x)dx = 1.
0 1
Exercı́cio: Encontre a área da região limitada pelas curvas y = sen x, y = cos x, x = 0 e
π √
x = . [R : 2 2 − 2]
2
128
Exemplo 7.7. Encontre
√ o volume do sólido obtido pela rotação em torno do eixo x da região
sob a curva y = x de 0 até 4.
√
Quando fatiamos através do ponto x, obtemos um disco com raio x. A área desta secção
transversal é √
A(x) = π( x)2 = πx.
Portanto, o volume do sólido é
Z Z ¯4
4 4
x2 ¯¯
V = A(x) dx = π x dx = π ¯ = 8π.
0 0 2 0
Z d
2
A(y) = π[R(y)] e o volume V = A(y) dy.
c
Exemplo 7.8. Calcule o volume do sólido obtido pela rotação, em torno do eixo y, da região
2
compreendida entre o eixo y e a curva x = , 1 ≤ y ≤ 4.
y
O volume é Z Z µ ¶2 µ ¶ ¯4
4 4
2 1 ¯¯
V =π A(y) dy = dy = 4π − = 3π.
1 1 y y ¯1
Exemplo 7.9. Calcule o volume do sólido obtido pela rotação, em torno do eixo x , do
conjunto ½ ¾
2 1
A = (x, y) ∈ R ; ≤ y ≤ x, 1 ≤ x ≤ 2 .
x
O volume V = V2 − V1 , onde V2 e V1 são os volumes obtidos pela rotação, em torno do eixo
x, dos conjuntos © ª
A2 = (x, y) ∈ R2 ; 0 ≤ y ≤ x , 1 ≤ x ≤ 2
e ½ ¾
2 1
A1 = (x, y) ∈ R ; 0 ≤ y ≤ , 1 ≤ x ≤ 2 .
x
Assim, Z Z
2 2
2 7π 1 π
V2 = π x dx = V1 = π dx = .
1 3 1 x2 2
7π π 11π
Portanto, V = − = .
3 2 6
129
Exemplo 7.10. Calcule o volume do sólido obtido pela rotação, em torno do eixo y , da
região compreendida entre a parábola y = x2 e a reta y = 2x no primeiro quadrante.
A reta e a parábola se cortam em y = 0 e y = 4, portanto os limites de integração são c = 0
e d = 4. O volume V = V2 − V1 , são os volumes dos sólidos obtidos pela rotação, em torno
√ y
do eixo y, das curvas R(y) = y e r(y) = , respectivamente. Assim,
2
Z 4 Z 4 2
√ 2 y π16
V2 = π ( y) dy = 8π V1 = π dy = .
0 0 4 3
16π 8π
Portanto, V = 8π − = .
3 3
Exercı́cio: Ache o volume de um sólido obtido pela rotação do eixo x do conjunto de pares
(x, y) tais que x2 + y 2 ≤ r2 , y ≥ 0 (r > 0). [R : 4πr3 /3].
Exercı́cio: Ache o volume de um sólido obtido pela rotação do eixo y da região limitada
por y = x3 , y = 8 e x = 0. [R : 96π/5].
Portanto uma aproximação para o volume V de S é dada pela soma dos volumes dessas
seções:
Xn n
X
V ≈ Vi = (2πci )f (ci )∆xi .
i=1 i=1
Esta aproximação torna-se melhor quando ∆P = max ∆xi → 0. Então definimos o volume
1≤i≤n
do sólido S obtido pela rotação, em torno do eixo y, da região limitada por
y = f (x), onde f (x) ≥ 0, y = 0, x = a e x = b por
n
X Z b
V = 2π lim ci f (ci )∆xi = 2π xf (x) dx.
∆P →0 a
i=1
Exemplo 7.11. Determine o volume do sólido obtido pela rotação, em torno do eixo y, da
região limitada por y = 2x2 − x3 e y = 0.
130
Z 2 Z 2 Z 2
2 3 32 16
V = 2π xf (x) dx = 2π x(2x − x ) dx = 2π (2x3 − x4 ) dx = 2π(8 − ) = π.
0 0 0 5 5
Exercı́cio: Ache o volume do sólido obtido pela rotação do eixo y do conjunto de todos os
x2
pares (x, y) tais que 0 ≤ x ≤ 2, 0 ≤ y ≤ + 1 e y ≥ x2 − 1. [R : 7π/2].
2
Aplicando o TVM 5.2 em cada intervalo [xi−1 , xi ], existe um ci ∈ (xi−1 , xi ) tal que
f (xi ) − f (xi−1 ) = f 0 (ci )(xi − xi−1 ) = f 0 (ci )∆xi .
Segue
n
X n
X
p p
L(P ) = (∆xi )2 + (f 0 (ci )∆xi )2 = (1 + (f 0 (ci ))2 ∆xi .
i=1 i=1
Então, definimos o comprimento da curva C por
n
X p Z bp
L = lim (1 + (f 0 (ci ))2 ∆xi = 1 + [f 0 (x)]2 dx.
∆P →0 a
i=1
131
√
√ 2
Exercı́cio: Calcule o comprimento da curva y = 1 − x2 , 0 ≤ x ≤
. [R : π/4].
2
x2 √ √
Exercı́cio: Calcule o comprimento da curva y = , 0 ≤ x ≤ 1. [R : 1/2[ 2 + ln(1 + 2)]].
2
g
g θ
2πR
R
r2
r1
132
A área do tronco é calculada pela subtração das áreas dos dois cones:
AT = π(r1 + r2 )g = 2πrg,
1
onde r = (r1 + r2 ).
2
Podemos generalizar para uma superfı́cie gerada pela revolução de uma poligonal plana
em torno de um eixo deste plano pois a área desta superfı́cie é a soma das áreas laterais de
troncos de cones.
Seja A a área lateral da superfı́cie gerada pela rotação da poligonal da figura abaixo.
Então temos
6 6
r r
r1 r `1
r r
r2 r `2
r r
r r
rn r `n
r r r
A = 2π r1 `1 + · · · + 2π rn `n
Agora vamos deduzir a área lateral de um sólido de revolução qualquer em torno do eixo
x pela aproximação da soma das áreas laterais de vários troncos de cone.
Consideremos f definida e positiva em [a, b] com derivada contı́nua em (a, b). Seja P =
(xi ) uma partição de [a, b]. Consideremos a poligonal com vertices (xi , f (xi )) e girando-a ao
redor do eixo x obtemos uma aproximação para a superfı́cie. A área de cada tronco de cone
é
f (xi ) + f (xi−1 ) p
Ai = 2π 1 + [f 0 (ci )]2 ∆xi ,
2
133
onde ci ∈ [xi−1 , xi ], como foi feito na seção 7.4. Quando ∆xi é pequeno temos que f (xi ) ≈
f (ci ) e também f (xi−1 ) ≈ f (ci ) pois f é contı́nua. Portanto,
p
Ai ≈ 2πf (ci ) 1 + [f 0 (ci )]2 ∆xi ,
n
X p Z b p
S = lim 2πf (ci ) 1 + [f 0 (ci )]2 ∆xi = 2π f (x) 1 + [f 0 (x)]2 dx .
∆P → 0 a
i=1
√
Exemplo 7.13. Encontre a área da superfı́cie obtida pela rotação da curva y = 4 − x2 ,
−1 ≤ x ≤ 1, ao redor do eixo x.
−x
Temos f 0 (x) = √ , e assim,
4 − x2
s
Z 1√ Z 1√ Z 1
x2 2
S = 2π 2
4−x 1+ dx = 2π 4−x √
2 dx = 4π 1 dx = 8π.
−1 4 − x2 −1 4 − x2 −1
7.6 Trabalho
Nesta seção, vamos definir trabalho realizado por uma força que varia com a posição. No
caso de uma força constante F, o trabalho realizado é definido pelo produto da força pela
distância d que o objeto se move:
Vamos considerar agora uma força F que atua sobre uma partı́cula que se desloca sobre
o eixo x . Suponhamos que esta força seja paralela ao deslocamento e variável com a função
de posição x . Então escrevemos
F~ (x) = f (x)~i ,
134
onde f (x) é a componente de F~ (x) na direção do deslocamento (isto é, na direção de ~i).
Consideremos o deslocamento da partı́cula de x = a até x = b com a < b e suponhamos
que f (x) seja contı́nua no intervalo [a, b]. Seja P = (xi ) uma partição do intervalo [a, b] e
escolhemos por amostragem ci ∈ [xi−1 , xi ] , i = 1, . . . , n. Se ∆xi = xi − xi−1 for suficien-
temente pequeno, f será praticamente constante no intervalo, e então podemos dizer que
trabalho realizado por F~ de xi−1 até xi será aproximadamente
τi = f (ci )∆xi .
−
→
Logo podemos aproximar o trabalho realizado por F de a até b pela soma dos trabalhos
realizados nos intervalos [xi−1 , xi ], i = 1, 2, . . . , n, isto é
n
X
τ≈ f (ci )∆xi .
i=1
n
X Z b
τ = lim f (ci )∆xi = f (x) dx .
∆P →0 a
i=1
135
Temos x = x(t). Logo dx = x0 (t) dt. Como x0 = x(t0 ) e x1 = x(t1 ), então para x = x0 , t = t0
e, para x = x1 , t = t1 . Assim
Z x1 Z t1 Z t1
0
f (x) dx = f (x(t) ) x (t) dt = f (x(t))v(t) dt. (7.3)
x0 t0 |{z} | {z } t0
x dx
136
6
f (c2 )
f (ci ) f
1 • 1
(c2 , f (c2 ))¾ •
- (ci , f (ci ))
2 2
-
a = x0 x1 • x2 x3 xi−1•xi b = x
n
? ?
c2 ci
µ ¶
f (ci )
O centro de massa do retângulo hachurado Ri é seu centro ci , . Sua área é f (ci )∆xi ;
2
assim sua massa é
mi = ρ ∆xi f (ci ) . (7.5)
|{z} | {z }
base altura
n
n
X 1X
ci ρ f (ci )∆xi f (ci )ρf (ci )∆xi
i=1 2 i=1
=
X n , n
X
ρ f (ci )∆xi ρ f (ci )∆xi
i=1 i=1
n
n
X 1X 2
ci f (ci )∆xi f (ci )∆xi
i=1 2 i=1
=
X n , n
.
X
f (ci )∆xi f (ci )∆xi
i=1 i=1
137
Daı́, fazendo ∆P = max ∆xi → 0, obtemos o centro de massa da região A
1≤i≤n
Z b Z b
1 2
a x f (x) dx 2
f (x) dx
(xc , yc ) =
Z b , Z ab
f (x) dx f (x) dx
a a
µ Z b Z b ¶
1 1 1 2
= x f (x) dx , f (x) dx .
área A a área A 2 a
Exemplo 7.17. Calcule o centro de massa da região limitada pelas curvas y = cos x, y =
0, x = 0 e x = π/2.
Z π/2 ¯π/2
¯
A área da região é: Área A = cos x dx = sen x¯¯ = 1; assim,
0 0
Z Z ¯π/2 Z
1 π/2 π/2 ¯ π/2
π
xc = x f (x) dx = x cos x dx = x sen x¯¯ − sen x dx = − 1,
área A 0 0 0 0 2
Z π/2 Z Z
1 1 1 π/2 2 2 1 π/2
yc = f (x) dx = cos x dx = (1 + cos(2x)) dx
área A 2 0 2 0 4 0
µ ¶ ¯π/2
1 1 ¯ π
= x + sen (2x) ¯¯ = .
4 2 0 8
³π π ´
Portanto o centro de massa é − 1, .
2 8
Se a região A está entre as curvas y = f (x) e y = g(x), onde f (x) ≥ g(x), então o mesmo
argumento anterior pode ser usado para mostrar que o centro de massa de
© ª
A = (x, y) ∈ R2 ; a ≤ x ≤ b , g(x) ≤ y ≤ f (x)
é dado por
µ Z b Z b ¶
1 1 1 2 2
(xc , yc ) = x [f (x) − g(x)] dx , [f (x) − g (x)] dx .
área A a área A 2 a
Exemplo 7.18. Determine o centro de massa da região A limitada pela reta y = x e pela
parábola y = x2 .
A área da região é ¯1
Z 1
2 x2 x3 ¯¯ 1
Área A = (x − x ) dx = − ¯ = .
0 2 3 0 6
138
Portanto, µ ¶ ¯1
Z 1
2 x3 x4 ¯¯ 1
xc = 6 x(x − x ) dx = 6 − ¯ = ,
0 3 4 0 2
Z 1 µ 3 ¶ ¯ 1
1 x x5 ¯¯ 2
yc = 6 (x2 − x4 ) dx = 3 − ¯ = .
2 0 3 5 0 5
µ ¶
1 2
O centro de massa é , .
2 5
Exercı́cio: Determine o centro de massa da região A limitada pela reta y = 1 e pela parábola
y = x2 . [R : (0, 2/5)].
139
Capı́tulo 8
Técnicas de Integração
Com o Segundo Teorema Fundamental do Cálculo podemos integrar uma função a partir de
uma primitiva ou integral indefinida. Neste capı́tulo desenvolveremos outras técnicas para
calcular integrais indefinidas.
Observe que cos3 x = cos2 x cos x = (1−sen2 x) cos x. Fazendo u = sen x temos du = cos x dx.
Z Z Z
u3 1
cos x dx = (1 − sen x) cos x dx = (1 − u2 ) du = u −
3 2
+ k = sen x − sen3 x + k.
3 3
Z
Exemplo 8.2. Calcule sen(3x) cos(2x) dx.
1
Observe que sen(3x) cos(2x) = [sen(5x) + sen(x)]. Então,
2
Z Z
1 1 1
sen(3x) cos(2x) dx = [sen(5x) + sen(x)] dx = − cos(5x) − cos x + k.
2 10 2
Z
Exemplo 8.3. Calcule sen4 (x) dx.
1 1
Observe que sen2 (x) = (1 − cos(2x)) e cos2 x = (1 + cos(2x)). Então,
2 2
Z Z Z
4 1 2 1
sen (x) dx = (1 − cos(2x)) dx = (1 − 2 cos(2x) + cos2 (2x)) dx
4 4
140
Z µ ¶
1 1 1 3x sen(4x)
= (1 − 2 cos(2x) + (1 + cos(4x)) dx = − sen(2x) + + k.
4 2 4 2 8
Z
Exemplo 8.4. Calcule sen5 x cos2 x dx.
Observe que sen5 x cos2 x = (sen2 x)2 cos2 x sen(x) = (1 − cos2 x)2 cos2 x senx. Fazendo u =
cos x temos du = −senx dx e assim
Z Z Z
sen x cos x dx = (1 − cos x) cos x senx dx = (1 − u2 )2 u2 (−du)
5 2 2 2 2
Z µ ¶
2 4 6 u3 u 5 u7 cos3 x cos5 x cos7 x
=− (u − 2u + u ) du = − −2 + +k =− +2 − + k.
3 5 7 3 5 7
Z
Estratégia para avaliar senm x cosn x dx.
Z Z
Estratégia para avaliar sen(mx) cos(nx) dx ou sen(mx) sen(nx) dx ou
Z
cos(mx) cos(nx) dx. Utilize a identidade correspondente:
141
(b) 2sen a sen b = cos(a − b) − cos(a + b),
Podemos usar uma estratégia semelhante para avaliar integrais envolvendo potências de
tangente e secante.
Z
Exemplo 8.5. Calcule tg6 x sec4 x dx.
Observe que tg6 x sec6 x = tg6 x sec2 x sec2 x = tg6 x(1 + tg2 x) sec2 x . Fazendo u = tgx temos
du = sec2 x dx e assim
Z Z Z
tg x sec x dx = tg x(1 + tg x) sec x dx = u6 (1 − u2 ) du
6 4 6 2 2
u7 u9 tg7 x tg9 x
= + +k = + + k.
7 9 7 9
Z
Exemplo 8.6. Calcule tg5 x sec7 x dx.
Observe que tg5 x sec7 x = tg4 x sec6 x sec xtgx = (sec2 x − 1)2 sec6 x sec x tgx. Fazendo u =
sec x temos du = sec x tgx dx e assim
Z Z Z
tg x sec x dx = (sec x − 1) sec x sec x tgx dx = (u2 − 1)2 u6 du
5 7 2 2 6
Então faça u = tg x.
142
Exercı́cio: Calcule as seguintes integrais
Z Z Z
(a) sen(3x) cos(5x) dx; (b) sen3 (3x) dx; (c) cos5 x dx;
Z Z Z
3 3
(d) sen (3x) cos (3x) dx; (e) sen2 x cos2 x dx; (f ) sec x tg2 x dx.
π π
Como 1 − sen2 t = cos2 t, a mudança x = sen t , − < t < , elimina a raiz do integrando.
2 2
Temos dx = cos t dt. Então,
Z √ Z √ Z √ Z Z
2
1 − x dx = 2
1 − sen t cos t dt = cos t cos t dt = | cos t| cos t dt = cos2 t dt,
2
π π
pois cos t ≥ 0 se − < t < . Assim,
2 2
Z √ Z Z µ ¶
2 2 1 1
1 − x dx = cos t dt = + cos(2t) dt
2 2
1 1 1 1
= t + sen(2t) + k = t + sen t cos t + k.
2 4 2 2
π π
Devemos retornar à variável x original. Como x = sen t − < t < , segue t = arcsenx e
√ 2 2
cos t = 1 − x2 ; logo
Z √
1 1 √
1 − x2 dx = arcsenx + x 1 − x2 + k, −1 < x < 1.
2 2
Z
√
Exemplo 8.8. Calcule x2 x + 1 dx.
143
Fazendo u = x + 1, temos x = u − 1 e du = dx. Então,
Z Z Z Z
2
√ 2
√ 2 1/2
¡ 5/2 ¢
x x + 1 dx = (u − 1) u du = (u − 2u + 1)u du = u − 2u3/2 + u1/2 du
2 2 2 2 4 2
= u7/2 − 2 u5/2 + u3/2 + k = (x + 1)7/2 − (x + 1)5/2 + (x + 1)3/2 + k.
7 5 3 7 5 3
Z √
Exemplo 8.9. Calcule 1 + x2 dx.
π π
Como 1 + tg2 t = sec2 t, a mudança x = tg t , − < t < , elimina a raiz do integrando.
2 2
Temos dx = sec t dt. Então,
Z √ Z p Z Z
2
1 + x dx = 1 + tg t sec t dt = | sec t| sec t dt = sec3 t dt,
2 2 2
π π
pois sec t ≥ 0 se − < t < . Agora,
2 2
Z Z Z Z
3 2
sec t dt = sec t sec
|{z} | {z }t dt = |{z}
sec t tg t − sec t tg t tg t = sec t tg t− sec t(sec2 t−1) dt.
|{z} | {z } |{z}
f g0 f g f0 g
Portanto,
Z Z
3
2 sec t dt = sec t tg t − sec t dt = sec t tg t + ln | sec t + tgt| + k.
Exercı́cio: Indique, em cada caso, qual a mudança de variável que elimina a raiz do inte-
grando.
Z √ Z √
2
(a) 1 − 4x2 dx, [R : 2x = sen t]; (b) 5 − 4x2 dx, [R : √ x = sen t];
5
Z √ Z p
2
(c) 3 + 4x2 dx, [R : √ x = tg t]; (d) 1 − (x − 1)2 dx, [R : x − 1 = sen t];
3
Z √ Z √
1 1
(e) x − x2 dx, [R : x − = sen t]; (f ) x2 − 1 dx, [R : x = sec t].
2 2
144
8.3 Primitivas de Funções Racionais
Nesta seção mostraremos como integrar qualquer função racional (quociente de polinômios)
expressando-a como soma de frações parciais. Consideremos a função racional
P (x)
f (x) =
Q(x)
onde P e Q são polinômios. É possı́vel expressar f como soma de frações mais simples desde
que o grau de P seja menor que o grau de Q. Se o grau de P for maior ou igual ao grau de
Q, então primeiro dividimos os polinômios,
P (x) R(x)
= S(x) + ,
Q(x) Q(x)
Uma segunda etapa consiste em fatorar o denominador Q(x) o máximo possı́vel. Pode
ser mostrado que qualquer polinômio Q pode ser fatorado como produto de fatores lineares
e de fatores quadráticos irredutı́veis.
Finalmente, devemos expressar a função racional como uma soma de frações parciais.
Explicamos os detalhes dos diferentes casos que ocorrem.
145
Observação: Note que, para aplicarmos o teorema, o grau do numerador deve ser estrita-
mente menor do que o grau do denominador do lado esquerdo das igualdades em (i) e (ii)
do Teorema 8.1.
Z
P (x)
Procedimento para calcular dx , onde grau P < 2 .
(x − α)(x − β)
• Se α 6= β , então o Teorema 8.1 (i) implica que existem A, B ∈ R tais que
P (x) A B
= + .
(x − α)(x − β) x−α x−β
Portanto
Z Z Z
P (x) A B
dx = dx + dx = A ln |x − α| + B ln |x − β| + k .
(x − α)(x − β) x−α x−β
146
8.3.2 Denominadores Redutı́veis do 3o Grau
Teorema 8.2. Sejam α, β, γ, m, n, p ∈ R, com α , β , γ 6= 0. Então existem A, B, C ∈ R
tais que
mx2 + nx + p A B C
(i) = + + ;
(x − α)(x − β)(x − γ) x−α x−β x−γ
mx2 + nx + p A B C
(ii) 2
= + + ;
(x − α)(x − β) x − α x − β (x − β)2
mx2 + nx + p A B C
(iii) = + + .
(x − α)3 x − α (x − α)2 (x − α)3
Z
2x + 1
Exemplo 8.14. Calcule dx.
x3 − x2 − x + 1
Como 1 é raiz de x3 − x2 − x + 1, sabemos que (x − 1) é um fator e obtemos x3 − x2 − x + 1 =
(x − 1)(x2 − 1) = (x − 1)2 (x + 1). A decomposição em frações parciais é
2x + 1 A B C
= + + .
x3 2
−x −x+1 x + 1 (x − 1) (x − 1)2
Então, 2x + 1 = A(x − 1)2 + B(x + 1)(x − 1) + C(x + 1). Fazendo x = 1 obtemos 3 = 2C
3 1
ou C = . Fazendo x = −1, obtemos −1 = 4A ou A = − . Fazendo x = 0, obtemos
2 4
1 3 1
1 = − − B + ou B = . Assim,
4 2 4
Z Z Z Z
2x + 1 1 1 1 1 3 1
3 2
dx = − dx + dx + dx
x −x −x+1 4 x+1 4 x−1 2 (x − 1)2
1 1 3 1
= − ln |x + 1| + ln |x − 1| − + k.
4 4 2x−1
147
Escrevamos o denominador como soma de quadrados x2 +2x+2 = x2 +2x+1+1 = (x+1)2 +1.
Fazendo u = x + 1, temos du = dx;
Z Z Z Z Z
2x + 1 2x + 1 2(u − 1) + 1 2u −1
2
dx = 2
dx = 2
du = 2
du + 2
du
x + 2x + 2 (x + 1) + 1 u +1 u +1 u +1
mx2 + nx + p A Bx + D
2
= + 2 .
(x − α)(ax + bx + c) x − α ax + bx + c
Z
x5 + x + 1
Exemplo 8.17. Calcule dx .
x3 − 8
148
Observe que x3 − 8 = (x − 2)(x2 + 2x + 4). Dividindo obtemos
x5 + x + 1 2 8x2 + x + 1 2 8x2 + x + 1
= x + = x + .
x3 − 8 x3 − 8 (x − 2)(x2 + 2x + 4)
8x2 + x + 1 A Bx + C
2
= + 2 .
(x − 2)(x + 2x + 4) x − 2 x + 2x + 4
149
8.4 A Substituição u = tg(x/2)
A substituição u = tg(x/2) transforma qualquer função racional envolvendo seno e cosseno
em uma função racional de polinômios. Observemos que
sen(x/2)
sen x = 2sen(x/2) cos(x/2) = 2 cos2 (x/2).
cos(x/2)
Assim,
2tg(x/2) 2u
sen x = 2
= .
1 + tg (x/2) 1 + u2
Também temos que
cos x = 1 − 2sen2 (x/2) = cos2 (x/2) sec2 (x/2) − 2 cos2 (x/2)tg2 (x/2),
logo,
1 − tg2 (x/2) 1 − u2
cos x = = .
1 + tg2 (x/2) 1 + u2
Z
1
Exemplo 8.18. Calcule dx.
cos x + sen x
1 2
Fazendo u = tg(x/2), temos que du = (1 + tg2 (x/2))dx, então dx = du. Utilizando
2 1 + u2
as identidades trigonométricas anteriores,
1 − u2 + 2u
cos x + sen x = .
1 + u2
Assim, Z Z
1 1
dx = 2 du,
cos x + senx 1 − u2 + 2u
a qual pode ser integrada utilizando frações parciais. Note que
µ ¶
1 1 1 1 1
= = √ − ,
u2 − 2u − 1 (u − a)(u − b) 2 2 u−a u−b
√ √
onde a = 1 + 2 e b = 1 − 2. Portanto,
Z
1 1
dx = √ (ln |u − b| − ln |u − a|) + k
cos x + senx 2
1 ³ √ √ ´
= √ ln |tg(x/2) − 1 + 2| − ln |tg(x/2) − 1 − 2| + k.
2
Exercı́cio: Calcule as integrais:
Z
1
(a) dx, [R : ln |tg(x/2)| − ln |1 + tg(x/2)| + k; ]
1 − cos xsen x
Z · µ ¶ ¸
1 2 2tg(x/2) + 1
(b) dx, R : √ arctg √ +k .
2 + sen x 3 3
150
Capı́tulo 9
Integrais Impróprias
Z b
Na definição de integral definida f (x) dx exige-se que a função f esteja definida num
a
intervalo limitado e fechado [a, b] e que f seja limitada nesse intervalo. Neste capı́tulo
estendemos o conceito de integral definida para casos mais gerais.
Fazendo b → +∞, temos A → 1. Isto quer dizer que a área A do conjunto ilimitado
{(x, y) ∈ R2 : 0 ≤ y ≤ f (x), x ≥ 1}
é finita e igual a 1.
Z ∞ Z t
f (x) dx = lim f (x) dx,
a t→∞ a
se o limite existir.
151
Z b
• Se f (x) dx existe para cada número t ≤ b, então definimos
t
Z b Z b
f (x) dx = lim f (x) dx
−∞ t→−∞ t
se o limite existir.
Quando uma das integrais impróprias acima existir e for finita, diremos que ela é
convergente. Caso contrário, ela será dita divergente.
Observação: As integrais impróprias podem ser interpretadas como uma área, desde que
f seja uma função positiva.
Z ∞
1
Exemplo 9.1. Determine se a integral dx é convergente ou divergente.
1 x
Z ∞ Z t ¯t
1 1 ¯
dx = lim dx = lim ln |x|¯¯ = lim ln t = ∞.
1 x t→∞ 1 x t→∞
1
t→∞
Exercı́cio: Determine a área A da região do primeiro quadrante limitado pela curva y = 2−x ,
o eixo x e o eixo y. [R : 1/ ln 2].
Z ∞
1
Exercı́cio: Determine a convergência ou não da integral dx, p ∈ R. [R : Converge
1 xp
⇔ p > 1].
152
Z a Z ∞
Definição 9.2. Se as integrais f (x) dx, f (x) dx existem e são convergentes, então
−∞ a
definimos
Z ∞ Z a Z ∞
f (x) dx = f (x) dx + f (x) dx.
−∞ −∞ a
Z a Z ∞
Observação: Se uma das integrais impróprias f (x) dx ou f (x) dx for divergente,
Z ∞ −∞ a
Calculemos as integrais.
Z Z ¯t
∞
1 t
1 ¯
dx = lim dx = lim arctg x ¯ = π.
1 + x2 t→∞ 1 + x2 t→∞ ¯ 2
0 0 0
Z Z ¯0
0
1 0
1 ¯
dx = lim dx = lim arctg x ¯ = π.
1 + x2 t→−∞ 1 + x2 t→−∞ ¯ 2
−∞ t t
Portanto, Z ∞
1 π π
dx = + = π.
−∞ 1 + x2 2 2
Z ∞
2
Exercı́cio: Calcule xe−x dx. [R : 0].
−∞
153
Z ∞ Z ∞
(ii) Se g(x) dx é divergente, então f (x) dx também é divergente.
a a
Z ∞
2
Exemplo 9.5. Mostre que e−x dx é convergente.
1
2
Não podemos avaliar diretamente a integral pois a primitiva de e−x não é uma função
elementar. Observe que se x ≥ 1, então x2 ≥ x, assim −x2 ≤ −x e como a exponencial é
2
crescente e−x ≤ e−x . Assim,
Z ∞ Z ∞ Z t
−x2 −x
e dx ≤ e dx = lim e−x dx = lim (e−1 − e−t ) = e−1 .
1 1 t→∞ 0 t→∞
154
Z ∞ Z ∞
1 1
Portanto, como a integral 2
dx converge, dx também é convergente.
1 x 1 1 + x2
Entretanto, as integrais convergem para valores diferentes.
Z ∞ Z t µ ¶ ¯t
1 1 1 ¯¯ 1
2
dx = lim 2
dx = lim − ¯ = lim 1 − = 1.
1 x t→∞ 1 x t→∞ x 1 t→∞ t
Z Z ¯t
∞
1 1 t ¯
dx = lim dx = lim arctg x ¯ = lim (arctg t − arctg 1) = π .
1 + x2 2 ¯
1 1 1+x
t→∞ t→∞
1
t→∞ 4
Z ∞
3
Exemplo 9.9. Analise a convergência de x
dx.
1 e −5
1 3
As funções f (x) = x
e g(x) = x são positivas e contı́nuas em [1, ∞) e
e e −5
f (x) 1/ex ex − 5 1 5 1
lim = lim x
= lim x
= lim − x = .
x→∞ g(x) x→∞ 3/(e − 5) x→∞ 3e x→∞ 3 3e 3
Z ∞ Z ∞ Z ∞
1 −x 3
Portanto, como a integral dx = e dx converge, dx também con-
1 ex 1 1 ex − 5
verge.
{(x, y) ∈ R2 : 0 ≤ y ≤ f (x), 0 ≤ x ≤ 4}
é finita e igual a 4.
155
• Seja f uma função contı́nua em (a, b] e descontı́nua em a, definimos
Z b Z b
f (x) dx = lim+ f (x) dx,
a t→a t
Z 5
1
Exemplo 9.10. Calcule √ dx.
2 x−2
1
Observemos que f (x) = √ não é contı́nua em x = 2. Então,
x−2
Z Z 5 ¯5 ³√ ´
5
1 1 ¯
1/2 ¯
√ √
√ dx = lim+ √ dx = lim+ 2(x − 2) ¯ = lim+ 2 3 − t − 2 = 2 3.
2 x−2 t→2 t x−2 t→2 t t→2
Z π/2
Exemplo 9.11. Determine se sec x dx converge ou diverge.
0
Z Z ¯t
π/2 π/2 ¯
sec x dx = lim − sec x dx = lim − ln | sec x + tg x|¯¯ = ∞,
0 t→π/2 0 t→π/2 0
Z 3
1
Exemplo 9.12. Calcule dx.
0 x−1
1
Observemos que f (x) = não é contı́nua em x = 1. Então,
x−1
Z 3 Z 1 Z 3
1 1 1
dx = dx + dx.
0 x−1 0 x−1 1 x−1
156
Agora,
Z 1 Z ¯t
1 t
1 ¯
dx = lim− dx = lim− ln |x − 1|¯¯ = lim− (ln |t − 1| − ln | − 1|) = −∞,
0 x−1 t→1 0 x−1 t→1 0 t→1
tratada como uma integral imprópria. Daı́, se f (x) dx e f (x) dx forem convergentes,
Z b a c
1
Exercı́cio: Esboce o gráfico de f (x) = e calcule a área A da região sob o gráfico
(x − 3)2/3 √
da função f , acima do eixo x e entre as retas x = 1 e x = 5. [R : 2 3 2].
Exercı́cio: Calcule
Z 4 µ ¶−2 Z π/2
3 cos x
(a) x− dx, [R : Diverge]; (b) √ dx, [R : 2].
3/2 2 0 sen x
157