Hammer - Catálogo 05

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ESTÚDIO

HAMMER
A FANTÁSTICA FÁBRICA DE HORROR
HAMMER
HAMMER
HAMMER
HAMMER
HAMMER
Ministério do Turismo apresenta
Banco do Brasil apresenta e patrocina

ESTÚDIO
HAMMERA FANTÁSTICA FÁBRICA DE HORROR

ORGANIZAÇÃO E IDEALIZAÇÃO
Eduardo Reginato e Danilo Crespo
PRODUÇÃO GRÁFICA
José de Aguiar e Marina Pessanha
Centro Cultural Banco do Brasil

Ministério do Turismo e Banco do Brasil apresentam e patro-


cinam Estúdio Hammer – A Fantástica Fábrica de Horror,
mostra inédita com os famosos filmes clássicos de horror
produzidos pelo mais antigo e tradicional estúdio de
cinema inglês.
Os curadores Eduardo Reginato e Danilo Crespo selecio-
naram 30 longas-metragens, desde os produzidos nos anos
1950, até o início da decadência do Estúdio nos anos 1970.
Entre os filmes que serão exibidos, destacam-se “O Vampiro
da Noite”, “O Cão dos Baskervilles”, baseado no clássico
de Sherlock Holmes, “A Maldição da Múmia”, “O Horror
de Frankenstein” e “Atração Mortal”, entre outros.
Ao realizar este projeto, o Banco do Brasil reafirma o
seu apoio à arte cinematográfica e mantém o seu compro-
misso com uma programação de qualidade, além de ofere-
cer ao público o contato com uma filmografia que dominou
o mercado global de terror e que continua sendo influente
para as novas produções.
“ SIM, SOU EU,
DRÁCULA.
SEJA BEM-VINDO
A MINHA CASA.”
Danilo Crespo e Eduardo Reginato
curadores

H
ammer Film Productions, uma produtora de cinema
famosa por seus filmes de horror. Mas ela foi muito
mais que isso: da riqueza de detalhes até seu sangue
mais vermelho do que nunca, o estúdio deu forma ao imagi-
nário ocidental trazendo com maestria seus memoráveis
monstros para a tela do cinema. Até hoje quando pensa-
mos em vampiros, é o Drácula da Hammer, interpretado
por Christopher Lee, que visualizamos. Seu terror formou
gerações inteiras – sim, mais de uma, pois além do sucesso
em seu auge, houve também uma sobrevida após o fim da
produtora: eram os filmes de terror que passavam tarde
da noite não só no Reino Unido e Estados Unidos, mas
também no Brasil pelo Corujão da Rede Globo e no mundo
todo realmente.
Apesar de ter sido fundada originalmente em 1934, os
seus grandes sucessos só viriam muito depois. Nos anos 50,
a televisão começou a se tornar um item indispensável na
casa de cada cidadão britânico. Consequentemente, a maio-
ria das produtoras de cinema do Reino Unido passavam por
um momento complicado porque estavam perdendo espaço
para esse novo rival. Uma exceção, no entanto, marcou a
história: no meio de gigantes e com orçamentos limitados,
uma companhia caiu no gosto popular ao trazer o horror
em cores vivas para as telonas com público recorde. É claro
que estamos falando do Estúdio Hammer.
Na segunda metade da década de 50, eles apostaram em
trazer de volta clássicos da literatura de horror que tinham
sido gravados pela Universal nos anos 30. Um monstro que
parecia humano em Drácula e um humano que parecia
um monstro em Frankenstein. Depois do sucesso arreba-
tador inicial, vieram continuações e outros monstros terrí-
veis como a Múmia, Zumbis e Bruxas. Logo a companhia
se tornaria uma verdadeira fábrica de filmes: mais de 100
filmes produzidos nos 20 anos seguintes. Fantástica pela
qualidade de seus filmes e por tornar imagem viva o que
antes era apenas imaginação. Durante essa jornada, eles
fizeram filmes de diversos gêneros, mas se tornaram sinô-
nimo de horror. Ao ver o nome, o público já sabia o que
esperar: monstros, gritos e sangue.
Às vezes, a nostalgia anuvia nossa lembrança. O caso dos
filmes de horror da Hammer é o oposto: ao revisitá-los já em
outro século, nos deparamos com cenas marcantes, atua-
ções magníficas, excelentes trilhas originais e uma profunda
simbologia por trás da imagem. Com o sucesso, o estúdio
fez com que sua icônica dupla de atores Christopher Lee
(Conde Drácula, a Criatura, a Múmia) e Peter Cushing (Dr.
Van Helsing, Barão von Frankenstein, Sherlock Holmes)
se tornassem verdadeiros astros. Além deles, o principal
diretor da Hammer, Terence Fisher, foi responsável pelos
mais célebres filmes da produtora, notável por produzir
um cinema verdadeiramente impactante. Exemplo disso
é o início de O Vampiro da Noite (1958), em que o público
espera um monstro horrível e é recebido por um homem
bonito e cordial. É quando começamos a confiar em sua
aparência que os horrores do vampirismo vêm à tona!
Ah, a aventura e o horror começavam quando a luz
apagava! Olhos injetados de sangue, mulheres sensuais
gritando de pavor, cavaleiros destemidos e refinados, mons-
tros, mais monstros e Van Helsing! E eram paixões por
vampiras voluptuosas, respeito por Drácula e admiração
pelo cientificismo de Van Helsing que faziam a cabeça de
nós, admiradores da Hammer.
Tudo que se podia desejar de aventura só precisava de
uma madrugada para viver.
Quanto o cinema de horror da Hammer trouxe de felici-
dade para gerações? Quantas crianças não cruzaram pedaços
de galhos para formar uma cruz e afugentar um garoto que
usava presas falsas de plástico que vinham de brinde quando
se comprava um suspiro rosa na venda da esquina? Quantos
não assustaram seus irmãos mais novos fingindo saírem
garras das profundezas escuras debaixo da cama? Quantos
não cravaram estacas de mentira em seus amiguinhos que
fingiam se dissolver como Christopher Lee no final dos
filmes? Ô, infância boa regada a horror de brincadeira!
Brincadeira que vai tomando teu coração. Vai te trans-
formando naquilo que depois vão te chamar: gente do terror.
E a gente do terror cresce e vai percebendo que o terror
é também muito sério, muito intenso e faz refletir sobre a
realidade do mundo. Encontramos gente do terror em tudo
que é lugar. Podemos ser amigos a vida inteira de gente do
terror, podemos amar intensamente gente do terror, pode-
mos criar pequenas gentes de terror que um dia vão conti-
nuar o ciclo de gritos, risadas e sangue falso para outras
gentes de terror.
Pois o terror é uma reflexão sobre desbravar o desco-
nhecido e lutar contra nossos medos. O terror é uma metá-
fora da vida e de como decidimos vivê-la. Terror nos gera
arrepios, nos dá vertigem, muitas vezes até traumatiza. Mas
fascina, pois sempre queremos saber o que está além da
porta do castelo. Sempre queremos saber o quanto supor-
tamos adentrar no nevoeiro.
O terror desde cedo nos ensina como sobreviver aos mais
diversos cenários de devastação e medo. O terror nos instrui
a enfrentar quem realmente representa o mal e perceber
muito antes de todos os sinais nos céus, as sombras estra-
nhas nas ruas, os risos demoníacos nas entrelinhas daquilo
que falam que é verdade com intenção de te vampirizar e
transformar em “morto-vivo”.
Gostar de literatura e filmes de terror nos leva além e
aquém: além vemos o mundo desmascarado e percebemos
o horror dos monstros de verdade e aquém voltamos às
nossas claras lembranças e à nostalgia de um mundo melhor
onde górgonas, zumbis, vampiros, vampiras, criaturas de
Frankenstein e múmias nos tranquilizam em seu terror de
faz de conta. Nos filmes de terror vivemos a inocência de
saber que no final o bem sempre vence o mal.
Ainda sorrimos muito quando o sol nasce e as cinzas do
mal desaparecem espalhadas pelo vento.
Os créditos surgem. Foi uma produção Hammer.

THE END
1
TIVESTE SEDE DE SANGUE, E EU COM SANGUE TE SACIO:
A História do Estúdio Hammer

Jack Hunter

UMA BREVE HISTÓRIA DA


HAMMER
17

Jack Hunter

DRÁCULA E OS VAMPIROS
41

Jack Hunter

FRANKENSTEIN E OUTROS
MONSTROS
62
2
LEIA-OS, OS FILHOS DA NOITE

Cesar Almeida

AS NOIVAS DE DRÁCULA
85

Danilo Crespo

A HAMMER ESTÁ NOS DETALHES:


Drácula – o Perfil do Diabo
96

Marcelo Miranda

ENTRE BANDAGENS, MORTES E


MALDIÇÕES:
As várias múmias da Hammer
106

Filipe Furtado

FRANKENSTEIN, O MALDITO
117
Carlos Primati

MUITO ALÉM DE
FRANKENSTEIN E DRÁCULA:
A maravilhosa galeria
de monstros da Hammer
130

Eduardo Reginato

VÍTIMAS, JAMAIS!
O unívoco entre Carmilla e Ingrid Pitt
142

Beatriz Saldanha

MONSTRUOSIDADES FEMININAS
EM QUATRO FILMES DA HAMMER
152

Eduardo Reginato

A MUTAÇÃO DO VAMPIRO
Drácula, de selvagem força da
natureza à CEO das trevas
164

Carlos Fofaun Fortes

A LENDA DOS SETE VAMPIROS


179
3
ENTREVISTAS:
Por trás do Horror

MICHAEL CHRISTOPHER
CARRERAS LEE
191 212

TERENCE PETER
FISHER CUSHING
204 220

SESSÃO DE FOTOS
227

SOBRE OS AUTORES
269

FILMOGRAFIA
275
1
TIVESTE SEDE
DE SANGUE, E
EU COM SANGUE
TE SACIO:
A HISTÓRIA DO
ESTÚDIO HAMMER
Jack Hunter

UMA BREVE
HISTÓRIA DA
HAMMER
Tradução de Danilo Crespo.
Publicado originalmente em House
of Horror: The Complete Hammer
Films Story sob o título A Brief
History of Hammer (Creation Books;
1973, revisado em 1994).

P
ara todo cinéfilo, a palavra “Hammer” é sinônimo
de horror. Mas quando a Hammer ficou famosa pelo
mundo com suas novas versões de Frankenstein e
Drácula nos anos 1950, e Peter Cushing e Christopher Lee
começaram a jornada para se tornarem os novos Karloff e
Lugosi, ela já tinha muitos anos de filmes de experiência.
Portanto, tinha alicerces sólidos para perseguir o novo inte-
resse que descobriu nos filmes de horror, com uma equipe
de trabalhadores e muitos conhecimentos técnicos dos
métodos de produção mais econômicos.
Ainda assim, poucos, mesmo dentro da própria Hammer,
ainda lembram as experiências em produção de filmes que
começou lá nos anos 1930. Por trás da produtora naquela
época, assim como depois, estava William Hinds e seu
filho Anthony, figuras importantes no grande sucesso que
a empresa viria a obter. William Hinds era originalmente
um homem de negócios com uma franquia de joalherias,
que se arriscava como comediante nos palcos amadores
através do nome Will Hammer. Ele entrou no ramo da
distribuição de filmes formando uma empresa chamada
Exclusive com um dono de cinema, Enriqué Carreras, cujo

18
filho James (depois Sir James Carreras) e o neto Michael,
também teriam papéis importantes no futuro de conquis-
tas da Hammer.
Quando a Hammer Productions Ltd. foi registrada em
novembro de 1934, Will Hammer era o presidente; os dire-
tores administrativos eram George A. Gillings e H. Fraser
Passmore; sendo os outros diretores George Mozart, que
também atuou em duas produções da empresa, e J. Elder
Wills, um diretor de arte já reconhecido que dirigiu dois
filmes da nova produtora e mais tarde voltou como produ-
tor de arte de diversos filmes nos anos 1950.
O primeiro filme da Hammer a ser lançado foi A Vida
Pública de Henrique IX (1935), uma comédia com Leonard
Henry como um artista de rua desempregado em Londres
que se apresenta num pub e seu sucesso o leva aos grandes
palcos. O título, claro, era esperto, chamava atenção por
ser uma variação do título do famoso filme histórico com
Charles Laughton, e o filme era feito bem o suficiente para
ser distribuído pela Metro-Goldwyn-Mayer, embora sua
duração (60 minutos) o tornasse um filme B – o segundo
de uma sessão dupla. A segunda produção da Hammer
foi mais ambiciosa: O Navio Fantasma (1936). Parecia um
enorme passo e é interessante notar que entre os envolvi-
dos no mistério marítimo estava nada mais nada menos que
o antigo Conde Drácula, Bela Lugosi, certificando que o
filme fosse lançado nos Estados Unidos.

19
Então, a Hammer fez A Canção da Liberdade (1936) com
Paul Robeson, logo depois do seu sucesso com Bozambo e
agora ele estava interpretando um escravo africano que se
torna um famoso cantor e retorna a sua terra para salvar a
população de feiticeiros. O próprio Hammer, assim como
George Mozart, apareciam como coadjuvantes. Em seguida,
veio Um Amor de Esporte (1937), uma farsa (gênero simi-
lar à sátira) com um fundo de automobilismo adaptado do
sucesso no teatro de Stanley Lupino e estrelando o próprio
autor e Laddie Cliff como irmãos em “luta contínua com
a depressão financeira”. Depois, não há nenhum sinal de
outras produções Hammer. Quando começou a segunda
guerra mundial, ela não estava mais listada como uma produ-
tora de cinema britânica ativa.
Essas primeiras produções, no entanto, receberam novo
fôlego quando foram relançadas pela Exclusive, embora
tivessem sido manuseadas originalmente por outras distri-
buidoras maiores. E quando a empresa foi incentivada pela
ABC cinema circuit a abastecer o mercado com filmes B
britânicos de baixo orçamento depois da guerra, esse foi
o ímpeto para reformular a Hammer em 1947 como uma
produtora subsidiária da Exclusive, para suplementar os
filmes que ela recebia de produtores britânicos indepen-
dentes como a Marylebone Studios de Henry Halsted.
(A atual Hammer só foi registrada em fevereiro de 1949.
Chamaram-na de Hammer Film Productions Ltd. com

20
William Hinds [Will Hammer], Enriqué Carreras, James
Carreras e Anthony Hinds como diretores.)
O primeiro resultado foi o modesto thriller de 46
minutos, Patrulha do Rio (1948), uma coprodução
Hammer-Knightsbridge sobre um jovem agente alfande-
gário tentando pegar uma gangue de contrabandistas de
nylon. O filme foi seguido pelo mais ambicioso Dick Barton:
O Agente Especial (1948), coproduzido com a Marylebone e
baseado no reconhecimento da série de rádio que contava as
aventuras de Barton. No filme, Dick Barton (Don Stannard)
passa um feriado numa pequena vila pescadora e acaba arrui-
nando os planos de um fanático de poluir o abastecimento de
água britânico com bombas de germes. Ele foi bem recebido
o suficiente para fazerem Dick Barton Contra-ataca (1950,
Barton versus criminosos internacionais com armas atômi-
cas), que parece ter sido produzida pela própria Exclusive em
vez da Hammer, e Dick Barton Na Baía (1950), uma produ-
ção Hammer com Barton resgatando um cientista britânico,
inventor do raio da morte, das mãos do agente estrangeiro
que o prendeu num farol em Beachy Head. A série provavel-
mente teria continuado caso seu astro, Don Stannard, não
tivesse morrido num acidente de trânsito.
Programas de rádio britânicos também deram a ideia para
outras produções desse período da Hammer e da Exclusive.
Fizeram duas histórias com Archibald Berkeley Willoughby,
As Aventuras de P.C. 49 e Celia: o Sinistro Caso da Pobre Tia

21
Nora, um thriller de comédia com uma investigadora; O
Homem de Preto, com Valentine Dyall contando a história
de duas vilãs; e Meet Simon Cherry, com um reverendo
dando uma de detetive. É possível ver um indicativo do
futuro sucesso da Hammer em Quarto para Deixar (1950),
adaptado de uma peça da BBC de Margery Allingham, que
ecoa Ódio que Mata de Marie Belloc Lowndes na sua histó-
ria de uma família da Era Vitoriana que acreditava que seu
senhorio, o sinistro Dr. Fell (Valentine Dyall), talvez fosse
Jack, o estripador.
Outras produções com elementos convencionais de
comédia, crime e romance foram feitas, muitas delas adap-
tadas de peças de teatro, mas muitos eram fillers para a
programação da TV com atores britânicos de menor fama
e fraco apelo para a maioria do vasto mercado americano
(embora a maioria das produções fosse usada para saciar
o apetite voraz da televisão americana.) O primeiro filme
a ser especialmente montado para uma aceitação geral
americana foi Aguaceiro (1951) com o muito conhecido
ator de Hollywood, Robert Preston, no papel principal.
Foi feito pela Hammer, o primeiro filme a ser gravado no
novo estúdio Bray em Windsor (originalmente uma casa
privada), e foi lançado nos Estados Unidos pela United
Artists. O resto do elenco era todo britânico e o filme usava
um artifício bastante comum de tornar o personagem de
Preston canadense para que o público britânico o aceitasse

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melhor. Preston era um dos mais talentosos atores que a
Hammer-Exclusive importaram, e o filme teve a sorte de
Preston fazer um ótimo preparo para o palco e, também, um
bom trabalho com os outros atores, o que logo o levou de
volta aos grandes papéis de Hollywood. Em Aguaceiro, ele
era um agente da inteligência no Ministério de Relações
Exteriores que localiza e dá fim aos dois criminosos que
acidentalmente mataram sua esposa grávida. Ele então
tenta cometer suicídio e fica contemplando a futilidade da
vingança pessoal. Era um negócio bem sombrio comparado
com os filmes que estavam por vir.
A grande vantagem que os produtores de cinema britâ-
nicos tinham nessa época era que eles conseguiam abaste-
cer o mercado americano sem gastar tanto com os filmes B.
Esses filmes estavam rapidamente acabando em Hollywood
graças aos custos crescentes e ao mercado em queda. Logo
a Hammer conseguiu o ator americano Richard Carlson
para estrelar Enigma em Londres (1952) e deram à distri-
buidora RKO Radio um filme aceitável para as agendas de
lançamentos americanas. Quando a RKO decidiu reviver
sua série de aventura Saint (O Santo) no ano seguinte, fez
os acertos para que a Hammer produzisse o filme (chamado
O Santo no Castelo Sinistro) e despachou Louis Hayward
para retratar Simon Templar, o detetive criado por Leslie
Charteris, assim como no primeiro filme de Saint da RKO,
O Santo Em Nova Iorque, em 1938.

23
No entanto, o maior contato de coprodução da empresa
britânica era com o produtor e distribuidor americano,
Robert L. Lippert. Havia também a vantagem da Exclusive
distribuir as produções americanas da Lippert, aumentando
assim consideravelmente o número de filmes distribuídos. No
lado da produção, mais de uma dúzia de filmes foram feitos
pela Hammer e pela Exclusive usando astros americanos e
um diretor americano (Sam Newfield), e frequentemente
envolvendo escritores americanos da Lippert, notavel-
mente Richard Landau. A primeira coprodução foi The Last
Page (reintitulada Man Bait por Lippert) em que George
Brent, perto do fim de sua carreira, interpreta um livreiro
de Londres chantageado por Diana Dors, sua jovem assis-
tente, em conluio com o namorado (Peter Reynolds). Outra
estrela americana, Marguerite Chapman, era o convencio-
nal par romântico para um final feliz. Terence Fisher era o
diretor (seu primeiro trabalho para a Hammer-Exclusive);
Frederick Knott, mais conhecido como o autor de Disque
M para Matar fez o roteiro a partir de uma peça de James
Hadley Chase. Com isto, havia muito mais talento marcante
do que qualquer outro filme anterior da Hammer, e isso
funcionou comercialmente. Terence Fisher continuou com
um drama menor sobre contrabando, Asas do Perigo (1952)
com Zachary Scott, então dirigiu Paul Henreid e Lizabeth
Scott em Stolen Face (1952 também). No cirurgião plástico
da Harley Street (interpretado por Henreid), esse filme tem

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o protótipo do tipo de cientista médico louco que aparece-
ria nos futuros filmes de horror genuínos da Hammer. Aqui,
quando o cirurgião perde a namorada (Lizabeth Scott),
ele está tão perturbado que decide modelar o rosto de uma
paciente, uma psicopata criminosa (Mary Mackenzie),
para que se torne a exata réplica das características de sua
amada; ele falha, no entanto, em modelar também seu cará-
ter e encontra nela uma verdadeira ameaça a sua futura
felicidade quando seu antigo amor inesperadamente volta.
Dama na Neblina (1952) teve Cesar Romero como um
repórter americano tentando resolver o mistério de um
homicídio. Num engenhoso exemplo de corte de custos
e providenciando o tipo incomum de locação que era tão
valiosa para camuflar um lugar-comum do enredo, o tiroteio
no clímax acontece num estúdio de cinema abandonado.
Jogo Perigoso (1952) estrelou Dane Clark como o ingênuo
apostador que se separa de uma mulher da alta sociedade
e também de gângsteres que infestam as casas de apostas
londrinas. Clark teve sorte de ser chamado para a Inglaterra
para mais dois filmes sob o acordo Lippert-Exclusive; caso
contrário, esses atores visitantes normalmente eram troca-
dos a cada filme, ou faziam mais um filme no máximo.
A Volta do Criminoso e Triângulo de Quatro Lados (ambos
de 1953) foram feitos fora do acordo com Lippert, sendo
coproduções com Alexander Paal. O primeiro tinha Paul
Henreid como um advogado que tenta livrar um homem

25
injustamente preso por assassinato, enquanto uma perso-
nagem pouco importante, interpretada por Kay Kendall,
a secretária do herói, fez um excelente papel e saiu do
filme com honras e marcada para coisas melhores no futuro.
Triângulo de Quatro Lados merece comentário especial como
o primeiro experimento da Hammer em ficção científica,
embora a ideia de duplicar uma mulher para compensar
a perda da original já tivesse sido tentada em Stolen Face.
Aqui, os aspectos científicos receberam ênfase a tal ponto
que, como em outros filmes de ficção científica, esse se
tornou o principal chamariz e estrelas de “nome” podiam
ser dispensadas, permitindo que o dinheiro fosse investido
em sets e outras parafernálias. Dois cientistas trabalham
num celeiro numa vila remota e ambos se apaixonam pela
mesma garota (Barbara Payton, a única atriz que tinha certo
reconhecimento na época). Ela escolhe casar com um (John
Van Eyssen), deixando o outro (Stephen Murray) sozi-
nho, ele supera sua tristeza através do trabalho e termina a
máquina que vai duplicá-la perfeitamente. A sua máquina
funciona tão bem que a sua criação também prefere seu
rival romântico! Por fim, criador e criatura morrem em
um daqueles incêndios que servem para limpar o enredo
e tornar a vida neste planeta segura da ciência – a menos
que uma continuação fosse exigida…
Seguindo com a Lippert, Exclusive colocou Barbara
Payton em The Flanagan Boy ou, nos EUA, Bad Blonde (1953),

26
dirigido por Reginald LeBorg, de Hollywood, e estrelando
Tony Wright como um boxeador levado ao suicídio pelo seu
amor à loira Miss Payton. Hammer criou Spaceways (1953),
o filme britânico que se aproveitou do ciclo de filmes de
espaço de Hollywood que inclui Rocketship X-M (Lippert,
1950) e Destino à Lua (Eagle-Lion, 1950). O aspecto espa-
cial era uma mudança interessante para a história de crime
com Howard Duff como cientista espacial que é acusado
de ter matado sua esposa e o amante dela e botado seus
corpos num satélite experimental que vai circular a terra
por um bom tempo até muito depois de sua morte. Para
provar sua inocência, o cientista vai num foguete recuperar
o satélite.
A Luva Negra (1954) misturou música e crime com Alex
Nicol como um idolatrado trompetista, atração principal
de um evento no London Palladium e que precisa esca-
par dos fãs por tempo suficiente para resolver um assassi-
nato. As contribuições musicais de Kenny Baker ajudaram
a aumentar o apelo do filme. Três Paradas para Matar foi
feito para outra distribuidora americana sem ser a Lippert
e tinha Tom Conway fazendo papel dele mesmo como
um detetive tentando descobrir um mistério no mundo da
moda de Londres.
Casa com os Lyons (1954) é uma adaptação da série de
rádio de longa data. Com o filme foi possível perceber a
Exclusive tomando conta primariamente do mercado interno

27
com o diretor Val Guest que inicia uma duradoura asso-
ciação com a Exclusive e a Hammer mesmo que de forma
intermitente. Nele, a família Lyon – Ben e Bebe, Richard
e Barbara – e mais alguns outros personagens familiares são
postos numa nova casa com novos problemas como uma
cozinha que explodiu e um porão alagado. Os resultados
foram bons o suficiente para que uma continuação apare-
cesse logo depois – Os Lyons em Paris (1955) – com Ben e
Bebe celebrando suas bodas de prata na França.
The House Across The Lake, ou Heat Wave nos EUA, foi para
a Lippert, e era incomum por dois motivos. O primeiro: foi o
único filme desses anos iniciais que foi para outra distribui-
dora que não a Exclusive. Segundo: teve a escrita e a direção
do talentoso Ken Hughes, que fazia uma imitação habilidosa
e eficaz do melodrama de Hollywood ao contar a história de
um romancista de entretenimento rápido (Alex Nicol) que
se torna o bode expiatório no esquema de uma mulher para
assassinar seu marido rico (Sidney James). Normalmente,
Hughes estava ocupado entregando filmes similares para
outra empresa britânica, a Anglo-Amalgamated, que, assim
como a Hammer, tinha se tornado hábil em fazer thrillers
para abastecer o mercado americano.
Paulette Goddard veio para Os Quatro Profanos, fazendo
parceria com outro ator americano, William Sylvester (que
tinha feito toda sua carreira na Grã-Bretanha), na história de
um gerente de finanças que é vítima de amnésia e suspeito

28
de assassinato. Contratado para Matar (1954) usava uma
ideia parecida mas engenhosa de um falido (Dane Clark)
chantageando o amigo para que o matasse e sua esposa se
beneficiasse do seguro de vida. Ele tem dificuldade conside-
rável em se manter vivo depois de mudar de ideia. 36 Horas
(1954) teve Dan Duryea como um homem com tempo limi-
tado para resolver o assassinato de sua esposa. Corrida para
a Morte (1954) contou com Richard Conte e Mari Aldon
com automobilismo como pano de fundo e Stirling Moss
como um dos vários atores convidados. Jogo Mortal (1955)
teve como fonte um romance de Nicholas Bentley e um
cenário diferente (Espanha); a história de Lloyd Bridges
no meio de um esquema de contrabando era bem o estilo
da Hammer naquela época. Casei-me com a Morte (1955)
apresentou Dane Clark como um americano sem grana que
aceita dinheiro para casar com uma bela herdeira (Belinda
Lee) e acaba se envolvendo com assassinato. A Gaiola de
Vidro (1955) foi um mistério nas feiras londrinas com John
Ireland e a jovem Honor Blackman; o filme foi o último
dos programados para a Lippert, que logo desistiu de ser
distribuidora e se filiou à 20th Century-Fox para a produ-
ção de filmes de baixo orçamento em Hollywood feitos
em Regalscope.
Restando como nota de rodapé nesse período para a
Hammer estão os únicos filmes em cores, um aditivo custoso
que provavelmente valeu a pena com A Espada de Robin

29
Hood (1954), que também introduziu a Hammer ao campo
da aventura de fantasia. Don Taylor interpretou um equi-
valente econômico de Erroll Flynn como Robin Hood,
e junto com o Frade Tuck de Reginald Beckswith deu
uma mãozinha a Richard, o coração de leão, de Patrick
Holt. Não tão bem-sucedido foi o custo adicional do uso de
cores em Círculo Quebrado (1955), um drama animado com
Forrest Tucker como contrabandista profissional tentando
ajudar um cientista polonês a escapar dos Comunistas e,
também, acabando com os planos de traí-lo do seu emprega-
dor (Marius Goring). Ficou clara a necessidade decadente
desse tipo de filme, já que ele teve que esperar dois anos
para um lançamento nos Estados Unidos e ainda cortaram
23 minutos de sua duração.
O que aconteceu foi que, a cada dia que passava, o
público tinha mais entretenimento na TV. Os que iam ao
cinema precisavam receber mais pelo seu dinheiro: os filmes
se tornaram mais longos (e, através do CinemaScope, mais
amplos), eliminando a necessidade de filmes B. Havia menos
oportunidades, devido ao fechamento de cinemas, e isso
diminuiu a receita já que os filmes B recebiam cachê fixo
independente do sucesso do filme principal.
Para sucesso internacional, um filme agora precisava
de grandes astros (além dos recursos de uma empresa
pequena como a Hammer) ou algum apelo extraordinário
para compensar pelas suas ausências. A Hammer encontrou

30
esse apelo em Terror que Mata (1955, The Quatermass
Xperiment) e rapidamente deixou para trás seus anos de
formação: atarefados mas de menor importância. Exclusive
logo sairia da jogada lançando apenas algumas produções
menores da Hammer, um ou dois filmes B britânicos, e um
ou outro título americano, além de, claro, continuar a ter
seus filmes mais antigos para contratação. Ela acabou enfim
em 1968. Enquanto isso, a Hammer encontrou a fórmula
do sucesso com seus filmes de horror e fantasia (analisados
em detalhes nos próximos capítulos); o resto da história é
dela apenas.
Os primeiros grandes sucessos em horror/fantasia come-
çaram com Terror que Mata, que veio num momento difícil
para a indústria cinematográfica quando financiamentos
estavam em falta, e como demorou um pouco para que
eles recebessem retorno, a Hammer embarcou em vários
curtas-metragens. Com a exceção de um ou dois dramas
(como um thriller de 29 minutos chamado A Man On The
Beach, de Joseph Losey), a maioria era registro de viagem
ou musical, normalmente aprimorado por ser a cores e em
CinemaScope – esse segundo, um bônus para o público
acostumado com filmes B em preto e branco. Os grandes
filmes de Hollywood eram tão longos normalmente que esses
curtas-metragens encontraram seu lugar rapidamente. Em
1956, muitas produções anglo-americanas menores foram
feitas, Mulheres Sem Homens, uma história de cadeia com

31
humor e emoção, mas nenhum grande astro. A Hammer
tentou contribuir para os filmes de guerra britânicos com
Michael Carreras dirigindo Baionetas de Aço (1957), a histó-
ria de uma unidade militar cansada da batalha que precisa
manter a posição diante do ataque inimigo em Túnis, 1943,
que teve excelentes cenas de batalha espalhadas pela tela
widescreen num processo chamado Hammerscope, e que
também trazia a novidade dos alemães falarem sua língua
nativa com legenda.
Foi outro filme, no entanto, que causou grande impacto:
O Campo na Ilha Sangrenta (1958). A película ousou retratar
os tipos de atrocidades cometidos contra soldados britâ-
nicos prisioneiros de guerra, abertamente mostrando os
japoneses como arrogantes e brutais que não se importa-
vam. Esse filme foi acusado de sensacionalismo – talvez
com razão – mas era o antídoto necessário para acabar
com a atitude de gentleman prevalente em outros filmes de
guerra britânicos, normalmente feitos com a família como
público-alvo e que tentavam evitar que rancores antigos
despertassem. O filme fez tanto sucesso que eventualmente
teve uma continuação, O Segredo na Ilha Sangrenta (1965).
Suicídio ou Assassinato? (1958) levou a Hammer para a
área dos thrillers adultos com Mandy Miller interpretando
a criança adolescente que acreditava que seu padrasto tinha
matado sua mãe e feito parecer suicídio, assim como ter
matado o pai dela antes disso. Dessa forma, fazia um uso

32
elaborado de um equipamento para respiração, o snorkel. A
persistência dela acaba botando a própria vida em perigo.
Comédia para (primariamente) o mercado doméstico foi
outra característica da atividade da Hammer com Riacho
mais acima (1958) sendo a continuação do sucesso Riacho
acima!, Frankie Howerd estrela como um marinheiro que
usa o navio para cruzeiros de luxo quando o comandante
não está vendo. A Hammer também se aproveitou do super
sucesso da série de TV The Army Game, ao passá-la para as
telonas com I Only Arsked (1959).
A Dez Segundos do Inferno (também 1959) foi um raro
exemplo da Hammer se envolver no trabalho Hollywoodiano.
O drama pós-guerra foi um dos muitos em que o diretor
Robert Aldrich escalou o “do contra” Jack Palance no papel
de herói e Jeff Chandler igualmente contra as expectativas
como vilão. Ambos membros da unidade de desarmamento
de bombas tentando ser o último sobrevivente para rece-
ber a grana de um bolão que fizeram cientes de que muitas
mortes ocorreriam. A dupla também briga na disputa por
uma glamourosa alemã (Martine Carol). A Hammer colocou
Bernard Bresslaw, o comediante desajeitado de The Army
Game e I Only Arsked, num tratamento cômico da histó-
ria do médico e o monstro, Patinho Feio (1959). Bresslaw
faz o papel de descendente estúpido do médico Jekyll que
redescobre a fórmula de seu avô e torna a si mesmo Teddy
Hyde, ganhando a confidência que lhe faltava na antiga

33
personalidade e se tornando o terror das pistas de dança e
membro de uma gangue de assaltantes de joalherias. [Jerry
Lewis explora a mesma ideia com resultados mais memo-
ráveis em O Professor Aloprado (Paramount, 1963).]
Foi através de outro drama de guerra que a Hammer
novamente causou um impacto substancial, quebrando ainda
mais com a tradição gentleman ao sugerir em Turbilhão de
Sangue (1959) que os próprios britânicos não eram sempre
honoráveis na guerra e foram capazes de atirar em dois
reféns para conseguir a informação de um terceiro. Essa
ação foi criticada por outros soldados britânicos no filme
como um crime de guerra, e qualquer tipo de redenção
acontece talvez pela morte dos soldados britânicos quando
eles por sua vez são capturados pelos japoneses e se recu-
sam a falar. Stanley Baker era o principal ator do elenco
sob a direção de Val Guest que tinha feito Ilha Sangrenta.
Não Entre em Pânico, Cara! foi outra comédia britânica,
adequada para sua época, O Estigma da Infância (1960)
foi um drama potencialmente explosivo sobre molestação
infantil que, embora se passe no Canadá expondo a hipo-
crisia e corrupção de uma cidade pequena, levantou receio
de que estivesse estimulando o que tentou condenar. Nesse
caso, a película saiu como filme B sem muito alarde, não
deu lucros e, por isso, fez com que a Hammer “deixasse
as ‘mensagens’ para o correio” e se limitasse a entreter. O
que eles fizeram muito bem com A Mancha Verde (1960),

34
de Val Guest, um thriller pesado com incríveis locações
na área de Manchester, estrelando Stanley Baker como
inspetor da polícia rastreando um fugitivo que se torna
um assassino (John Crawford) e tendo que lidar com uma
esposa ranzinza (Maxine Audley) que detesta o tempo
que seu marido passa no trabalho. Billie Whitelaw tem um
momento de nudez discreta que foi uma grande surpresa
para um filme britânico do período.
A Seita do Dragão Vermelho (1961) conta a história dessa
organização de 1919 em Hong Kong – uma seita assassina
empenhada na escravidão branca e no contrabando de
ópio. O herói do filme (Geoffrey Toone) acaba vingando
a morte de sua filha ao matar o líder Tong Chung King
(Christopher Lee), mas não sem antes ser sujeito a torturas
refinadas como raspagem de ossos. Bert Kwouk também
aparece em algumas das cenas de arte marcial no início.
Também em 1961, Passaporte Para a China teve o ator
americano Richard Basehart e foi dirigido por Michael
Carreras. Estranho Assalto (também em 1961) foi, além de
incomum, um emocionante thriller sobre um gerente de
banco (Peter Cushing) obrigado a esvaziar os cofres para
um homem (André Morell) que tem a família dele como
refém. Contado inteiramente sem violência direta e, ainda
assim, cheio de ameaças, foi posto de lado por 2 anos e
lançado discretamente como filme B, principalmente por
ser tão curto.

35
Em contraste, Fim de Semana Complicado e Cuidado,
Marinheiro! foram comédias que fizeram muitos rirem de
forma despretensiosa, enquanto Robin Hood, o Invencível
(1960) trouxe o Robin Hood da televisão, Richard Greene,
para as telonas a cores. Um jovem Oliver Reed aparece
como o vilão, Melton. Mais aventuras de fantasia com apelo
imediato para o público mais jovem ao redor do mundo segui-
ram. Piratas do Rio Sangrento (1962), A Patrulha Fantasma
(1963) e Piratas Diabólicos (1964) formam uma ótima trilo-
gia de filmes de pirata. Oliver Reed novamente aparece nos
dois primeiros, enquanto Christopher Lee domina tanto em
Piratas do Rio Sangrento, de John Gilling, como o degola-
dor Laroche, quanto em Piratas Diabólicos, de Don Sharp,
como o impiedoso Capitão Robeles. A Patrulha Fantasma
é o mais interessante dos três, sendo o mais aterrorizante e
inventivo, e envolve contrabando nos pântanos de Romney
pelo notório pirata Clegg (Peter Cushing) e seus homens,
a patrulha fantasma. Eles são capazes de assustar qual-
quer um que observa, disfarçando um vigia como espan-
talho enquanto carregam uísque ilegal em carros fúnebres,
levando um ar grotesco para a vida rural.
Oliver Reed também esteve em O Cavaleiro Audaz
(1963) de Peter Gilling, como um dos homens de Cromwell
na Guerra Civil Inglesa, e (talvez equivocadamente) foi o
personagem do título em O Bandido de Kandahar (1965),
pele marrom e de barba como um rebelde sádico lutando

36
contra os bretões; foi a última atuação de Reed pela Hammer,
o último de uma aprendizagem de qualidade, antes de ir
trabalhar com grandes como Michael Winner e Ken Russel.
Um Desafio para Robin Hood (1967) foi uma produção menor
com um bom entretenimento de Natal para toda a família;
assim como o último filme de Robin Hood da Hammer, foi
também o último de aventuras de fantasia.
Pelos anos seguintes, a Hammer se concentraria
exclusivamente nos mercados de horror e fantasia, mas
em 1971 eles esbarraram num jeito muito mais barato de
conseguir arrecadar ótimas bilheterias na Grã-Bretanha,
se juntando a outras produtoras que estavam fazendo
spin-offs ou adaptações de séries de comédia da TV para
o cinema. Claro, essa ideia não era novidade para a
Hammer, mas só então os filmes com origens na TV come-
çaram a proliferar – tanto que eles logo se tornariam o
foco principal da indústria cinematográfica britânica em
declínio. Nem todos esses filmes tiveram sucesso e isso
era indicativo do bom julgamento da Hammer em sua
primeira tentativa no campo com Nos Ônibus (1971) que
acabou sendo o grande sucesso interno do ano, supos-
tamente tendo arrecadado mais de um milhão de libras
nos primeiros seis meses de seu lançamento. Motim nos
Ônibus (1972) era a continuação inevitável, seguida logo
por É o seu Funeral, Ame seu Vizinho, Drama na Família,
Homem Por Cima e Homem em Casa.

37
Esses filmes eram, no entanto, anátemas para os verda-
deiros fãs da Hammer, e acabaram funcionando como subs-
titutos para a genialidade em causar suspense e arrepios já
bem estabelecida da empresa. Ainda assim, essa tentativa
de diversificação foi uma necessidade das tendências do
mercado; no início dos anos 70, o interesse por filmes de
vampiro e monstro já tinha atingido seu ápice e acabaram
num excesso de sangue barato. O sucesso da Hammer fez
crescer vários imitadores menores e mais rudimentares, cuja
proliferação ironicamente estava acabando com o mercado
agora. O gosto do público havia se tornado mais sofisticado,
em busca de filmes de horror com grande orçamento como
O Exorcista (Warner, 1974), com os quais a Hammer não
podia competir financeiramente, ou filmes marginais, extre-
mos como O Massacre da Serra Elétrica (Bryanston, também
1974), contra os quais eles não queriam competir dado o seu
niilismo implacável (em voga na época). As tendências do
cinema também mudaram; os punhos e pés letais de Bruce
Lee anunciaram a era do Kung Fu no cinema. Mais uma
vez a Hammer, líder do mercado por tanto tempo, tentou
embarcar na onda dos outros.
E então, em 1974, Michael Carreras foi para Hong
Kong a fim de tentar manter a Hammer viva. Ele contra-
tou a Shaw Brothers para dois filmes: um, Lenda dos Sete
Vampiros, era uma improvável fusão de vampiros ocidentais
e artes marciais orientais; o outro, Me Chamam O Destruidor,

38
um thriller de ação como muitos outros que tinha Stuart
Whitman no papel principal. Carreras dirigiu esse filme ele
mesmo, mas nem as artes marciais de Ti Lung conseguiram
salvar alguma coisa do caos que foi o casamento forçado
entre oriente e ocidente. Ambos não harmonizaram bem,
pelo contrário, um atacou o outro.
Uma última incursão em coprodução com a Alemanha
resultou em Uma Filha para o Diabo (1976), mas novamente
o estilo gótico da Hammer não foi bem recebido nos tempos
modernos. Foi o último filme de horror da Hammer.
Até o início dos anos 70, a Hammer tinha preservado
uma combinação de fatores que resultaram numa sole-
nidade firme com a qual os personagens cumpriam seus
deveres, não importa o quão incríveis; e a repetição da
fórmula de sucesso modificada apenas para uma censura
mais branda ao melhorar o horror gráfico e o número de
mamilos. Apenas nas tentativas mais tardias de se atuali-
zar e diversificar – como trazer Drácula para o presente,
as comédias ou as coproduções internacionais incompa-
tíveis – acabaram por enfraquecer a Casa do Horror. Isso
se provaria fatal quando combinado com o último desas-
tre: a crise financeira em 1974, que na prática acabou com
os produtores de filmes independentes da Grã-Bretanha.
Depois disso, a Hammer podia apenas ceder ao seu antigo
rival, a televisão, emprestando seu nome para algumas
séries (produzidas por Brian Lawrence e Roys Skeggs) e

39
alugando seus filmes clássicos para serem reprisados tarde
da noite por espectadores nostálgicos pelo terror elegante
do passado.

40
Jack Hunter

DRÁCULA E OS
VAMPIROS
Tradução de Danilo Crespo.
Publicado originalmente em House
of Horror: The Complete Hammer
Films Story sob o título Dracula and
the Vampires (Creation Books; 1973,
revisado em 1994).

A
pós o sucesso de Frankenstein em 1957, a Hammer
rapidamente seguiu com o próximo candidato óbvio a
remake: o Drácula de Bram Stoker. Com os mesmos
atores principais e quase o mesmo time de produção, O
Vampiro da Noite (1958) teve resultados de bilheteria igual-
mente espectaculares. Christopher Lee saiu de sua maquia-
gem de monstro anterior para fazer o papel que o tornaria
mundialmente conhecido para sempre; sua interpretação
como Conde Drácula foi tão definitiva que sempre que
pensam em Drácula, imaginam Lee. Sua imagem escura,
viril e cheia de tensão sexual – lábios brilhando de sangue
reluzente – revolucionou a indústria dos filmes de horror de
todo o mundo. Peter Cushing interpreta o nêmesis perene
do Conde, o eminente vampirologista Dr. Van Helsing,
armado com crucifixos, alho em flor e outras parafernálias
de seu ofício deveras especializado. Novamente filmado
em opulentas cores, o filme era muito mais explícito tanto
em sexualidade quanto em derramamento de sangue, com
as vítimas femininas de Drácula claramente gostando em
vez de resistir aos seus avanços. A comparação de Van
Helsing entre vampirismo e dependência de drogas dá
ênfase aos temas de doença e delírio. Em grande parte,

42
foi esse reconhecimento e o desenvolvimento gradual dos
aspectos sexuais inerentes ao mito do vampiro que torna-
ram os filmes da Hammer tão influentes no gênero ao longo
dos próximos quinze anos.
O roteiro de Jimmy Sangster era uma versão reduzida do
romance de Stoker, fazendo algumas mudanças no enredo
pelo caminho, mas basicamente preservando os pontos
fortes do original. O papel de Jonathan Harker, interpre-
tado por John Van Eyssen, está entre as principais mudan-
ças na história. Ele aparece como um caçador de vampiros
que vai ao Castelo Drácula já ciente da natureza vampí-
rica do Conde e planejando matá-lo enquanto finge ser o
novo bibliotecário. Nem é preciso dizer que ele falha e é
assassinado não muito depois do início do filme, embora
seu famoso encontro com as três vampiras seja retratado
sem alterações. Outros toques incluem o artifício da luz
solar ser fatal ao Conde, e isso, junto com os outros deta-
lhes por trás da mitologia vampírica definida por Sangster
no roteiro, se tornaram cânone para os cineastas de filmes
de vampiros.
Dirigido por Terence Fisher, os momentos mais memo-
ráveis do filme incluem a cena em que Harker enfia a estaca
no coração de uma bela e jovem vampira descansando em
seu caixão, transformando-a em uma velha enrugada diante
dos olhos dele; a visita noturna de Drácula ao quarto de
Lucy; e o último confronto entre o Conde e Van Helsing

43
no castelo, no qual Drácula é atingido pela luz da manhã
e se torna nada mais que um punhado de poeira, um anel
de sinete e uma mecha de cabelo que o vento espalha pelo
chão enquanto descem os créditos. Típico do “sadismo” e
“perversão sexual” de Fisher são os takes em que a pele de
Lucy é queimada pelo crucifixo, enquanto acontece a inva-
são inexorável tanto da casa imaculada de Mina quanto do
seu corpo pelo vampiro. Ao mesmo tempo, seus protetores
olham do chão em impotência e isso tudo ilustra o conceito
de “besta interior”, o vírus diabólico na carne virgem.
O Vampiro da Noite provavelmente ainda é o melhor
exemplo do estilo clássico da Hammer, e combina os talen-
tos dos atores principais com os membros chave da equipe
de produção que fariam o estilo se tornar mundialmente
famoso. É frequentemente considerado o melhor filme de
vampiro já feito, um reconhecimento adequado para seu
incrível impacto inicial.
As Noivas de Drácula (1960) manteve Peter Cushing
como Van Helsing, mas a Hammer foi forçada a substi-
tuir Lee por David Peel como vampiro principal, o Barão
Meinster; Drácula nem aparece. Peel, no entanto, oferece
um contraste interessante a Lee, loiro em vez de moreno,
um pouco mais adoentado e afeminado comparado com
a caracterização agressiva de Lee. De fato, Meinster é
mantido trancado em seu castelo por uma mãe autoritária
(Marita Hunt), que prefere escolher ela mesma as vítimas

44
femininas para satisfazer as necessidades vampíricas dele.
Ele também tem uma enfermeira (Freda Jackson), uma
idosa louca e má. Meinster acaba morrendo queimado num
velho moinho cujas hélices formam uma sombra paralisante
de crucifixo no chão. As personagens femininas bem defi-
nidas dão ênfase ao estado de espírito feminino do filme.
Além disso, o uso do, agora familiar, suntuoso e saturado
tecnicolor de Terence Fisher ajudou a tornar As Noivas de
Drácula um dos filmes mais atraentes e admirados em toda
obra da Hammer.
[Entre A Noite do Vampiro e As Noivas de Drácula, a
Hammer conseguiu os direitos da novela clássica de Richard
Matheson Eu sou a Lenda, a história do último homem na
terra perseguido por uma raça noturna de carniçais vampi-
ros. O próprio Matheson fez o roteiro, e só se pode supor
que problemas com a censura impediram o filme – a ser inti-
tulado Night Creatures – de ser feito. O livro acabou tendo
duas versões para o cinema, Mortos que Matam (AIP Italy,
1964) e A Última Esperança da Terra (Warners,1971) – nem
um dos dois com roteiro do autor Matheson. De todos os
projetos abortados da Hammer, esse parece ser o que se
tornaria um clássico do horror.]
A próxima excursão da Hammer em território vampiro
seria O Beijo do Vampiro (1964), não teve nem Cushing, nem
Lee, e corajosamente tirou qualquer menção a Drácula;
em vez disso, conhecemos o Dr. Ravna (Noel Willman),

45
cujo castelo é o quartel-general do círculo de vampiros da
Bavária, e seu adversário Professor Zimmer (Clifford Evans).
Um jovem casal em lua de mel na floresta tolamente aceita
a hospitalidade de Ravna, e se torna presas para vampiros.
A noiva (Jennifer Daniel) é resgatada pela intervenção de
Zimmer, que gera um ataque de morcegos vingativos aos
vampiros. Uma aura de desordem sexual é de novo esta-
belecida, desde o take de abertura chocante de Zimmer
empurrando a espada contra o corpo contaminado de sua
filha. A história que ele conta da ruína dela nas mãos de
Ravna realmente faz o vampirismo parecer uma doença
venérea. Inteligentemente dirigido por Don Sharp, o filme
foi um bom retorno ao território familiar para a companhia,
no melhor de sua forma naquela época.
Um ano depois veio o tão esperado ocorrido – o retorno
de Christopher Lee como Conde Drácula. Terence Fisher
mais uma vez na direção, e Drácula – o Príncipe das Trevas
(1965) não decepcionou com sua mistura de Lee, mulhe-
res luxuriosas, e poesia visual temperada com toques quase
sádicos de violência. Peter Cushing, no entanto, achou
suspeita a sua ausência – ele não voltaria ao papel de Van
Helsing até 1972. O filme inicia com o final de O Vampiro
da Noite, o Drácula original da Hammer, em que o Conde é
reduzido a cinzas. Não demora até que um dos fiéis segui-
dores de Drácula atraia e capture um descuidado visitante
noturno do castelo e, numa cena bem chocante para sua

46
época, nós o vemos suspender o corpo do homem sobre o
caixão de seu mestre e cortar sua garganta com uma faca
sacrificial. Sangue jorra sobre as cinzas, trazendo de volta
o Conde à vida e a sua forma familiar. Essa cena possui um
forte simbolismo do religioso/antirreligioso que voltaria a
aparecer na série.
Drácula logo ataca Helen (Barbara Shelley) que é drama-
ticamente transformada de uma megera frígida para um
animal selvagem e sexual. A cena de sua eventual purifica-
ção com ela se mexendo, presa numa mesa de monastério
por sacerdotes para que receba a estaca, é uma das mais
eficazes do ciclo. A cena é uma cristalização do horror
libidinoso do clero, apesar da posição declarada de Fisher
sobre a subjugação da sexualidade devassa dar à imagem
uma ambivalência inquieta e distinta.
O novo reino do Conde é terminado prematuramente
quando ele é encurralado no gelo e um tiro habilidoso de rifle
faz com que ele caia e submerja fatalmente na água corrente.
Lee voltou em Drácula – o Perfil do Diabo (1968),
desta vez dirigido por Freddie Francis, cujos talentos
fotográficos puderam ser notados pelos efeitos de filtro
que anunciam a presença de Drácula. No filme, a igreja
é representada por um padre renegado, o Monsenhor
(Rupert Davies), a quem é dada a tarefa de acabar com
qualquer resquício de Drácula. A sexualidade do vampi-
rismo é tornada ainda mais explícita que antes, com

47
Drácula quase fazendo amor com suas vítimas consensu-
ais enquanto se prepara para sugar seu sangue. Veronica
Carlson coestrela como Maria, a desafortunada moça
que cai sob o encanto hipnótico do Conde.
Ironicamente, a ressurreição do vampiro de seu túmulo
gelado é precipitada por um padre ferido, que sangra sobre
seu corpo. No fim, o Drácula é empalado por uma enorme
cruz e morre com sangue saindo de cada orifício. Notável
por sua orientação extraordinariamente religiosa, o filme
aponta o caminho para o elemento satânico que a Hammer
traria em futuros filmes do Drácula.
Para interesse geral, novo talento ficou em evidência
quando Peter Sasdy, diretor famoso por seus trabalhos na
televisão, ganhou controle sobre O Sangue de Drácula (1970).
Apesar de dizer em 1969 que “Eu acho que teria que ser
forçado para fazer o papel pela quarta vez”, Christopher
Lee voltou a interpretar o Conde.
Dessa vez, a história se passava na Inglaterra Vitoriana.
Três homens de negócios, que clandestinamente gerem um
bordel terrível, e um jovem aristocrata depravado (Ralph
Bates) adquirem um frasco contendo o sangue seco do
finado Conde Drácula. Na cripta de uma igreja abandonada,
eles fazem um ritual profano de magia negra e Drácula é
trazido de volta do túmulo ao custo da vida do aristocrata
diletante. Uma vez revivido, Drácula parte numa missão
particular de vingança contra os homens de negócio e suas

48
famílias, até ser encurralado numa capela e aparentemente
destruído pelo jovem herói do filme (Anthony Corlan).
A posição de Drácula como “anticristo” é enfatizada
pelos rituais satânicos que o trazem de volta à vida, e
também sua oposição polar à noção de família nuclear – as
filhas transformadas em anjas castradoras para dar conta
da vingança sobre os opressores patriarcais. De agora em
diante, sempre haveria uma marca de lealdade à Satã envol-
vida nos procedimentos.
Mais tarde naquele mesmo ano, Drácula voltou, com
pressa quase indecente em O Conde Drácula, de Roy Ward
Baker. Mal tentam explicar sua ressurreição desta vez, o
filme abre com o Conde (Christopher Lee de novo) sendo
queimado vivo pelos camponeses depois da morte de uma
local. Ele sobrevive para se tornar o anfitrião friamente
educado de visitantes intrépidos, e açoita terrivelmente seu
servo Klove (Patrick Troughton) quando ele deixa alguns
escaparem. Simon (Dennis Waterman) é o bravo vingador
de um irmão morto, e ainda assim recua diante dos pode-
res de Drácula. Só é salvo da morte por um raio terminal
que atinge o corpo do Conde, queimando-o como uma
tocha na torre do seu castelo. A interpretação de Lee como
Drácula chega ao seu pico físico. Ele recebe mais tempo
na tela e parece sublime com sua palidez e suas lentes de
contato vermelhas, levando a momentos espetaculares de
sádica violência.

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O próximo filme de vampiro da Hammer foi um dos
melhores da companhia, e surpreendentemente não teve
Drácula. Em vez disso, a Hammer decidiu utilizar uma nova
fonte de literatura clássica de horror, a obra de J. Sheridan
Le Fanu. O resultado foi uma audaciosa versão da histó-
ria de vampiras lésbica Carmilla. Atração Mortal (1970)
também foi a única coprodução da Hammer com a espe-
cialista em filmes de horror AIP, que foi responsável pelo
ciclo de Edgar Allan Poe de Roger Corman. O filme conta
a história de um ângulo lésbico liberal, e tem Ingrid Pitt
como a linda vampira Mircalla Karnstein, que trouxe uma
injeção de puro sexo para a tela.
Mircalla se levanta do túmulo para se vingar da morte
de seus parentes e mata não só algumas vítimas masculi-
nas mas também muitas jovens voluptuosas – a câmera se
demora nos seios à mostra enquanto a sedução dela ataca.
Dentre suas conquistas estão algumas estrelas da Hammer:
Pippa Steele, Madeline Smith e Kate O’Mara. O grande
adversário de Mircalla é o Barão Hartog (Douglas Wilmer),
embora Peter Cushing apareça como General Spielsdorf,
pai de uma das vítimas, e remova enfim a cabeça da vampira.
Algumas impactantes sequências etéreas marcam a carni-
ficina lésbica.
O sucesso do filme levou a uma continuação ainda mais
explícita: Luxúria de Vampiros (1971). Uma verdadeira orgia
de magia negra, lesbianismo, derramamento de sangue e,

50
quase de passagem, vampirismo; o filme foi estilosamente
dirigido por Jimmy Sangster e mais ou menos repete Atração
Mortal, com a jovem sueca Yutte Stensgaard retratando
Milcarla/Mircalla. Michael Johnston interpreta um jovem
estudante do sobrenatural que investiga a lenda de Karnstein,
se apaixona por Mircalla e quase não escapa com vida. Do
corpo nu dela, a abertura sangrenta é um ritual satânico
do Conde Karnstein (Mike Raven) que a revive com o
sangue da garganta cortada de uma camponesa pingando
no caixão. A Mircalla de Stensgaard é esplendidamente
má, cruel e uma figura sexual predatória. Ela afunda seus
caninos na garganta de um dos professores (Ralph Bates)
de uma escola preparatória para garotas, e ataca também
outra estudante, Pippa Steele, em numerosos encontros ao
luar. Mircalla finalmente é morta quando uma viga cai e a
atravessa enquanto o castelo pega fogo.
A quantidade de violência gráfica, lésbicas e nudez
excedem a de Atração Mortal. Uma tendência que teria seu
pico no terceiro épico de Karnstein, As Filhas de Drácula
(1971). No filme, Mircalla é interpretada por Katya Wyeth,
trazida de volta ao castelo familiar durante um tipo de ritual
sacrificial de magia negra feito por um parente (Damien
Thomas), iniciando-o nos eternos deleites do vampirismo
antes de inaugurar um grande derramamento de sangue
na comunidade. Peter Cushing está presente novamente,
interpretando o principal adversário dos vampiros, Gustav

51
Weil, dessa vez o líder hipócrita de uma irmandade puritana.
Weil finalmente decapita uma de suas sobrinhas idênticas
depois que ela se torna vampira e sua irmã inocente quase
é queimada por engano. O próprio Weil é morto por um
machado nas costas, num ótimo fim que lembra Matthews
Hopkins em O Caçador de Bruxas (Tigon, 1968). As sobri-
nhas são interpretadas por verdadeiras gêmeas, Madeleine
e Mary Collinson, anteriormente reconhecidas pela beleza
num filme erótico suave chamado A Máquina do Amor. Um
roteiro excepcionalmente forte. Os três filmes de Karnstein
vêm da caneta de Tudor Gates, roteirista em Barbarella
(Paramount, 1968), de Roger Vadim. Ele desenvolve a
oposição entre os caçadores e os caçados borrando a distin-
ção entre bem e mal, o que fez de As Filhas de Drácula um
dos melhores filmes do catálogo da Hammer.
Em 1971, houve também um filme não oficial na série
de Drácula: A Condessa Drácula. Como em As Noivas de
Drácula, esse filme tinha o Conde apenas no nome, e é
uma versão da verdadeira Condessa Elizabeth Bathory
(como explicado no livro de Valentine Penrose, The Bloody
Countess), uma aristocrata húngara que foi levada a julga-
mento em 1611 por se banhar no sangue de quinhentas
jovens assassinadas. A envelhecida Condessa, interpretada
por Ingrid Pitt, descobre por acaso que o sangue de garo-
tas – precisam ser virgens – tem efeito rejuvenescedor. Ela,
então, ordena uma série de assassinatos e literalmente se

52
banha no sangue das virgens até sua juventude e beleza
voltarem por completo, mas descobre que precisa continuar
esse tratamento caso queira continuar com aspecto belo, o
que a leva a iniciar um romance com um hussardo (Sandor
Eles). Ela chega até o altar com ele antes do horror final:
sem sangue de virgens por muito tempo, seu rosto fica cheio
de rugas e se desintegra numa terrível velhice enquanto
ela fala os votos de casamento. O diretor Peter Sasdy, logo
após O Sangue de Drácula, aqui se arrisca para sublinhar o
tema da “antifamília” com Bathory sendo a péssima mãe
que come os filhos, e produz um conto de fadas sangrento
com muitas cenas impactantes. [Sasdy chegaria à apote-
ose/nadir do tema em 1975 com o chocante Bebê Infernal,
produzido pela AIP.]
Em O Circo dos Vampiros (1972), o ciclo de vampiros
da Hammer foi estendido com uma história de vampiros
metamorfos que são tanto os acrobatas quanto os animais
na trupe viajante. Ambientado na Sérvia, século XIX, a
história conta da visita deles a um vilarejo já vítima de uma
praga e suas inevitáveis consequências.
A costumeira mistura de sangue e sexo já estava bem
em evidência. Em algum momento, o vampiro principal
é até forçado a dizer “uma luxúria alimenta aos outros”,
enquanto ele hesita entre que forma de penetração deve
vir primeiro – a dos caninos ou a do falo. O filme deu a
Robert Young sua primeira chance de dirigir um longa, e

53
a fé depositada pela Hammer foi paga com uma direção
precisa e eficaz.
Christopher Lee finalmente voltou como Drácula em
Drácula no Mundo da Minissaia (1972), apesar de suas, agora
públicas, reclamações acerca da série. Ao imaginar correta-
mente que o cenário do século XIX já se esgotara, a Hammer
corajosamente optou por fundir o velho com o novo e fazer
um discípulo de Drácula dos tempos modernos invocá-lo
dos mortos na Londres dos anos 1970. Interpretado por
Christopher Neame, o discípulo chamado Alucard organiza
uma cerimônia de magia negra, sexo e drogas num cemité-
rio esquecido de uma igreja em Chelsea com uma gangue
de adolescentes entediados em busca de emoção (inclusive
com uma das estrelas da Hammer, Caroline Munro). Logo,
os restos mefíticos retornam à forma de carne, e a maldição
do vampiro está presente na King’s Road. O filme marca um
ótimo retorno de Peter Cushing, não como Van Helsing, mas
seu descendente, Lorrimer. A tentativa de vingança contra
a jovem Jessica Van Helsing (a bela Stephanie Beacham)
é arruinada por Lorrimer, e os dois inimigos de longa data
se enfrentam num violento e climático confronto em que
Drácula acaba empalado. “Há apenas um Drácula, e sua
época não deve ser mudada nunca” foi como Christopher
Lee resumiu o projeto.
Tentando alongar essa breve fórmula com Os Ritos
Satânicos de Drácula (1973), a Hammer finalmente deixou

54
a bola cair. A história conta com Lorrimer Van Helsing
(Cushing novamente) sendo chamado pela polícia para inves-
tigar uma missa de magia negra numa grande casa de campo.
A casa é guardada por jovens vestidos de preto como solda-
dos de assalto, e vampiras nuas são encontradas deitadas em
caixões nos tenebrosos porões. Logo, Van Helsing desco-
bre que seu antigo adversário Conde Drácula está por trás
de tudo, e tem sua sobrinha Jessica (agora, Joanna Lumley)
preparada no altar de sacrifício. Drácula na sua busca por
vingança está preparando um veneno que acabará com toda
a raça humana; naturalmente Van Helsing prevalece, e o
Conde morre numa camisa de força de espinhos sangrenta. O
filme é uma tentativa absurda de trazer Drácula para o enredo
moderno do apocalipse. Foi a última gota para Christopher
Lee, e ele nunca mais utilizaria sua famosa capa preta.
Um filme melhor foi Capitão Cronos – o Caçador de
Vampiros (1973), outro independente de séries no mundo dos
vampiros dirigido e roteirizado por Brian Clemens, famoso
pela série de televisão Os Vingadores. Conta a história do
Capitão Cronos (Horst Janssen), um caçador de vampiros
do século XIX, que – com seu colega corcunda Professor
Grost (John Cater) – investiga um surto de vampirismo.
Marcado por algumas imagens impactantes – notavelmente
a fileira de flores que murcham quando passam os vampi-
ros – Capitão Cronos foi outra tentativa da mesma histó-
ria de sempre.

55
A Hammer só produziria mais um filme de vampiro.
Numa tentativa desesperada de emendar novas tendências
no cinema com seus temas tradicionais, eles decidiram levar
Drácula ao oriente em A Lenda dos Sete Vampiros (1974). Um
monge chinês viaja para a tumba de Drácula, e é tomado
por sua presença demoníaca. A ideia de vampiros orientais
era boa em si, mas o pecado da Hammer foi incluir o Conde,
criando um filme de Drácula sem Christopher Lee. O sempre
leal Peter Cushing voltou como Van Helsing, mas não conse-
guiu carregar o filme sozinho, com as coisas parecendo
estranhas no meio das artes marciais. O ingrato trabalho
de substituir Lee caiu nas mãos de John Forbes-Robertson,
mas ninguém teria conseguido. Ironicamente, o filme tem
vários momentos e imagens excelentes: Chang Sen como
monge possuído interpretou a apropriação de sua alma com
uma categoria de gelar o sangue; houve uma sequência
inteligente quando David Chiang empala um vampiro e a
si mesmo na mesma estaca; a cena em que os mortos-vivos
saem de seus túmulos e vão mancando até sua presa, e o
galopar em cavalos apocalípticos foi um dos melhores de
toda a obra da Hammer. Ainda assim, o filme não foi um
grande sucesso, o Drácula da Hammer, e todos os outros
vampiros, finalmente foram mortos.
Em retrospecto, os sete filmes com Christopher Lee
como Drácula formam não só o núcleo do cânone dos vampi-
ros da Hammer, mas também dos seus filmes de horror.

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Apesar de diferentes escritores e diretores envolvidos, e
o período de quinze anos, esses filmes são incrivelmente
uniformes em conteúdo e textura, muito mais do que, por
exemplo, os do ciclo do Drácula da Universal. Apenas a série
de Frankenstein, com Peter Cushing no papel recorrente
do Barão, emularia tal consistência na obra da Hammer.
Os filmes de Drácula – especialmente aqueles feitos por
Terence Fisher – exemplificam a máxima da Hammer: o
que é bom eventualmente vencerá o mal. É esse tom moral
que fez com que os filmes fossem bem recebidos em todo
o mundo, apesar do conteúdo violento ou blasfemo.
O Conde Drácula personifica o mal no seu ponto de maior
perigo – quando é fatalmente atraente. Essa dualidade é o
centro do trabalho de Fisher, e normalmente é expressada
pela justaposição de reprimidos e sexualidade descontrolada.
O vampiro homem é o perfeito incorporamento de Eros e
Thanatos, um arquétipo do inconsciente cuja vinda pres-
sagia todo tipo de delírio erótico. As vítimas mulheres de
Drácula se tornam canibais psicossexuais perturbadas que
precisam ser destruídas, purificadas (por isso Van Helsing, o
auge do controle e razão, é celibatário). Sim, o vampirismo
se assemelha a uma doença venérea, e a perversidade sexual
fervente em As Noivas de Drácula, por exemplo, é melhor
resumida quando Meinster finalmente ataca sua mãe e Van
Helsing grita “Ele tomou o sangue da própria mãe!” – indig-
nado pelo ato que ele claramente considera mais incestuoso

57
que matricida. A preponderância do simbolismo religioso nos
filmes também pode ser rastreada até as suas origens carnais
– o vampiro/anticristo é justamente repelido pelo crucifixo,
já que o sangue de Cristo na cruz há dois mil anos usurpa o
poder do sangue menstrual (ou sexual) das mulheres; como
toda religião misógina, o Cristianismo estará sempre entre a
mulher e o reconhecimento da carne.
Como o Conde, Christopher Lee foi tão ou mais impor-
tante que Fisher, e fez de Drácula uma figura inesquecível
– indiferente, digno, austero, ainda assim extremamente
sexual, e capaz de “explodir em atividade como um tigre
quando necessário.” Ele refinou até o beber sangue de
acordo com seus próprios padrões nobres. “Eu acaricio a
vítima,” ele disse, “…nunca a beijando nos lábios. Então, eu
escondo o que acontece. É mais eficaz deixar para a imagi-
nação.” A mordida em si nunca é mostrada; Lee conclui:
“Sangue, o símbolo de virilidade, e a atração sexual ligada a
ele, sempre foram associadas ao tema universal do vampi-
rismo. Eu tentei sugerir isso sem destruir tudo por exage-
rar na ênfase.”
Parece, de fato, que a dignidade do Drácula da Hammer
foi preservada pela atenção de Lee a complexidades do
personagem sempre que permitido; ele conhecia o persona-
gem original de Bram Stoker, baseado nas lendas de Vlad
Tepes, também conhecido como “Dracul” ou “O empala-
dor” de Wallachia.

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“Acima de tudo, eu nunca esqueci que o Conde Drácula
era um cavalheiro, um membro da alta aristocracia, e, no
início de sua vida, um líder…. você nunca me vê sair de
um caixão ou local de descanso – seria ridículo.”
Estranhamente, a Hammer parece ter seriamente errado
nos valor atribuído à importância de um personagem princi-
pal; em cada um dos filmes o próprio Lee era para ser mais
ou menos um ator de trechos – o seu tempo em tela diminui
ao longo da série – tendo que se contentar com diálogos
em que envia garotas para devorarem seus namorados. Em
Drácula – o Príncipe das Trevas, sua fala é restringida a rosnar
como um animal. O tempo em tela e caracterização dados
ao Drácula eram mínimos, com toda a atenção indo para os
personagens de época e protagonistas. Talvez a ideia mais
interessante foi dar o pano de fundo da Inglaterra, uma vez
que o Conde sai das fronteiras limitantes da Transilvânia.
Em O Sangue de Drácula, por exemplo, nós vemos a ação
acontecer com a hipocrisia social Vitoriana. O asilo de
pobres com citações bíblicas na parede é uma fachada
para o bordel de Russell Hunter, e o pai moral tirânico é,
na verdade, um dos mais envolvidos com um sindicato do
vício. Da mesma forma, vemos Christopher Neame como
londrino em Drácula no Mundo da Minissaia, o primeiro
de dois filmes contemporâneos de Drácula, roteirizado por
Don Houghton e dirigido por Alan Gibson, embora mais
uma vez, existam apenas tentativas clichê de tentar refazer

59
a época. Mais interessante nesse sentido é o filme final da
série, Os Ritos Satânicos de Drácula, que ironicamente teria
funcionado muito bem como um suspense sem a presença
sobrenatural de Drácula.
É fácil ver porque o último filme foi a gota d’água para
Christopher Lee. Seu papel no filme era como o de Fu
Manchu ou outro vilão qualquer. Um dos poucos estudio-
sos do material de Stoker, Lee estava insatisfeito com a
forma que o Conde estava sendo retratado desde o primeiro
filme e discutiu com alguns executivos da Hammer sobre o
assunto. É parcialmente por isso que há um espaço de sete
anos entre o primeiro e segundo filmes dele no papel de
Drácula, embora o medo de typecasting – o ator que acaba
sempre lembrado por um personagem só – também tenha
sido um problema. No terceiro filme de Drácula, Drácula
– o Perfil do Diabo, Lee não gostou nem um pouco da cena
em que ele tira a estaca do próprio corpo. “Todo mundo
sabe que uma estaca no coração é o fim de um vampiro”,
disse. Ele foi contrariado.
De qualquer forma, a última palavra deve ir para
Christopher Lee, por sua interpretação do papel que fez os
filmes de Drácula imortais: “Eu sempre tentei dar ênfase
à solidão do mal e particularmente deixar claro que, por
mais terríveis que fossem as ações do Conde Drácula, ele
estava possuído por um poder oculto além de seu controle.
Era o Diabo, tendo-o em sua mão, que o fez cometer esses

60
terríveis crimes, desde tempos imemoriais. Ainda assim,
sua alma sobrevivendo nesse embrulho carnal era imortal
e não poderia ser destruída de forma alguma. Tudo isso
explica a grande tristeza que tentei pôr em minha inter-
pretação. O público, eu acho, fica mais chocado com um
vampiro triste do que com um feroz.”

61
Jack Hunter

FRANKENSTEIN
E OUTROS
MONSTROS
Tradução de Danilo Crespo.
Publicado originalmente em House
of Horror: The Complete Hammer
Films Story sob o título Frankenstein
and Other Horrors (Creation Books;
1973, revisado em 1994).

E
m 1957, a Hammer deu um passo crucial para seu perí-
odo de horror com A Maldição de Frankenstein, depois
de investigações que concluíram que o público preferia
monstros mais próximos de uma empática forma humana em
vez de algo “completamente fora desse mundo.” A famosa
história de Frankenstein e seu Monstro, de Mary Shelley,
parecia ideal, especialmente por ser domínio público. Jimmy
Sangster baseou seu roteiro no livro dela, em vez do clássico
filme de horror da Universal de 1931. O enredo, de qualquer
forma, acabou se assemelhando bastante ao do filme, com o
Barão Victor Frankenstein que se deixa levar por seu entu-
siasmo científico e assassina um grande cientista para obter
seu cérebro e utilizá-lo na criatura que secretamente monta
com partes humanas. Seu sócio, Paul Krempe (interpretado
por Robert Urquhart), fica tão horrorizado que tenta parar
Frankenstein; na briga, o cérebro é danificado de forma
que quando a criatura consegue vida, ela possui violentas
tendências criminosas. Isso resulta numa série de assassina-
tos pelos quais Frankenstein recebe a culpa e é condenado
à guilhotina.
Talvez mais que qualquer coisa, o filme é famoso por
trazer os dois atores que nos próximos 15 anos seriam o

63
prato principal, e rosto, da Hammer: Peter Cushing (Barão
Frankenstein) e o já muito ocupado, porém não tão conhe-
cido na época, Christopher Lee (a Criatura). Terence Fisher
dirigiu o primeiro da série de horror da Hammer, através
do qual ele também atingiu a fama.
Na época, o filme teve um problema aparente: foi negado
o uso da reconhecida maquiagem de Jack Pierce da Universal
feita anteriormente para o monstro de Karloff; o maquiador
da Hammer, Phil Leakey, mesmo que não fizesse algo tão
impactante, em retrospectiva fez algo igualmente eficaz,
muito mais fiel à descrição do livro de Mary Shelley (tradu-
ção de Pietro Nassetti): “…Sua pele amarela mal encobria
os músculos e artérias da superfície inferior. Os cabelos eram
de um negro luzidio e como que empastados. Seus dentes eram
de um branco imaculado. E, em contraste com esses detalhes,
completavam a expressão horrenda dois olhos aquosos, pare-
cendo diluídos nas grandes órbitas em que se engastavam, a
pele apergaminhada e os lábios retos e de um roxo enegrecido.”
Mais do que em qualquer outro ator no papel, Lee conse-
guia passar a angústia mental da criatura, assim como sua
deformidade física.
A caracterização de Peter Cushing como Barão também
foi notável, apresentando-o como uma figura arrogante,
cruel e rebelde, o anti-herói de Byron; tão forte seu retrato
que era ele, e não a criatura, que voltaria em outros filmes,
trazendo novas monstruosidades à vida.

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O filme teve diversas vantagens: ele tinha o apelo de ser
um filme de terror completamente britânico; foi filmado em
cor, isso era incomum na época para o tipo de filme, mas
muito eficaz em aumentar o impacto do sangue e da violên-
cia voraz; levava seus personagens a sério, e recuperava a
dignidade do monstro, que nas mãos da Universal tinha se
tornado uma paródia patética; e, por último, foi feito com
cuidado, talvez até inspiração, e os cenários, música, foto-
grafia ficaram todos excelentes. Apesar de uns ataques críti-
cos – foi condenado por ser doente e sádico, com um crítico
do Observer dizendo que era “uma das meia-dúzia de pelí-
culas mais repugnantes que eu já vi” – o filme acabou se
tornando um grande sucesso na Inglaterra, e o filme que
mais arrecadou dólares entre o estúdios britânicos naquele
ano; a Hammer rapidamente anunciou uma continuação.
A Vingança de Frankenstein (1958) salvou o pescoço de
Peter Cushing da guilhotina previsto para acontecer desde o
filme anterior – um padre bem útil toma seu lugar na deca-
pitação – e permitiu ao Barão se disfarçar como Dr. Stein,
continuando seus experimentos num hospital pobre onde
ele tenta ajudar seu assistente deformado Hans (Michael
Gwynn) ao fazer o transplante de seu cérebro para um corpo
saudável. Quando o cérebro é danificado numa briga, Hans
se torna o “monstro” com fome de carne humana. O Dr.
Stein quase não escapa da multidão furiosa, e acaba indo
morar na Harley Street de Londres como Professor Frank.

65
O Barão aqui é mostrado sob luzes contrastantes – de um
lado, um médico dedicado lutando para ajudar seus pacien-
tes, do outro, um experimentador cruel, construindo corpos
de partes removidas dos próprios internados. Terence Fisher
novamente foi o diretor, cuidadosamente elaborando essa
dicotomia tão típica de seus protagonistas.
É relatado que no final de 1957 Michael Carreras voou
para Hollywood para supervisionar a nova série de TV da
Columbia, que seria chamada Tales of Frankenstein e se
basearia no estilo dos primeiros dois filmes de Frankenstein
da Hammer. Parece, no entanto, que a Columbia estava
realmente interessada em se apropriar do nome da Hammer
para produzir uma série qualquer e sem qualquer relação.
O piloto, The Face In The Tombstone Mirror, foi filmado mas
nunca passou disso.
Haveria, então, uma pausa de seis anos mais ou menos para
o próximo filme oficial na série, quando o cineasta Freddie
Francis dirigiu O Monstro de Frankenstein (1964). Barão
Frankenstein (mais uma vez Peter Cushing) está fugindo de
mais camponeses enraivecidos, quando ele encontra uma de
suas criações antigas, o monstro semi-humano (interpretado
por Kiwi Kingston) que ficou preservado numa geleira. Ele
recruta um hipnotizador para ajudar a reativar seu cérebro
danificado – o resto da criatura responde a uma carga de
eletricidade –, o Barão logo se encontra numa disputa pelo
controle da coisa, que é enviada pelo hipnotizador para

66
roubar e matar. Mesmo quando Frankenstein recupera sua
criação, ele é incapaz de impedir que ela fique bêbada de
brandy e então consuma uma dose agonizante de clorofór-
mio; tanto Barão e Criatura parecem morrer num incêndio.
A maquiagem de Kingston lembra um pouco Karloff pela
primeira vez, e o enredo parece ser deliberadamente uma
referência aos dias da Universal, mas não de forma parti-
cularmente memorável.
Terence Fisher fez um belo retorno em 1967 para
dirigir …E Frankenstein Criou A Mulher (último filme
gravado nos estúdios Bray), um filme excêntrico que, junto
com Frankenstein Tem que Ser Destruído (1969), marca o
auge da série.
Peter Cushing, deitado numa maca como o defunto
congelado do Barão Frankenstein, é eletricamente trazido
de volta à vida por seus fiéis discípulos. Dessa vez, ele não
vai apenas reviver o corpo afogado de uma jovem garota,
Christina (Susan Denberg), tornando-a loira e linda, mas
também transferindo a alma de seu namorado Hans, guilho-
tinado por um crime que não cometeu, para que ela seja
o instrumento de sua vingança para depois se matar pela
segunda vez.
O resultado é um filme bastante bonito, de tom poético,
num cenário pastoral vemos a sedução fatal do hermafro-
dita, a alma assassina de um homem dentro do corpo de
uma mulher; atraindo homens um a um com promessas

67
sexuais para matá-los no momento da consumação. Numa
cena bizarra no clímax, Christina, tendo conseguido matar
sua terceira e última vítima, fala com a cabeça decepada de
Hans nas suas mãos e a cabeça responde na voz da própria
Christina; o pesadelo se torna insustentável e ela precisa se
matar de novo.
Um conflito similar de corpo e alma acontece em
Frankenstein Tem que Ser Destruído. Jimmy Sangster rece-
beu um tempo de folga depois de escrever para a Hammer
O Estranho de um Mundo Perdido, e, por isso, o assistente de
direção Bert Batt foi incentivado a fazer um roteiro com uma
história que ele criou junto de Anthony Nelson Keys, um
dos produtores chave da Hammer. O elenco, além do rosto
familiar de Peter Cushing como o Barão, também incluía um
ator chamado Simon Ward, que logo se tornaria um rosto
familiar para o público britânico, demonstrando o interesse
contínuo da Hammer de desenvolver novos talentos. Dessa
vez, o Barão tenta a sorte com transplante cerebral e seques-
tra Brandt, um cirurgião louco que tem o conhecimento
para ajudá-lo mas morre antes, e deixa seu cérebro para que
o Barão o ponha no corpo de Richter (Freddie Jones), um
professor morto. O professor se recupera, agora acreditando
ser o cirurgião, e vai visitar sua esposa, que naturalmente
não o reconhece e fica aterrorizada com suas cicatrizes. O
desgraçado acaba buscando vingança contra Frankenstein,
levando-o para uma casa e causando um incêndio.

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O enredo complicado é mais interessante do que o normal,
e a direção de Terence Fisher mais uma vez complementa
a história perfeitamente. Freddie Jones, na maquiagem
menos monstruosa da série, é eficaz e emocionante, e sua
cena com a esposa de Brandt é aterrorizantemente pode-
rosa. Novamente, o espectador é posto na posição de julgar
se os experimentos do Barão podem ser compensados por
suas boas intenções.
Os próximos dois filmes exemplificariam um dilema
comum para a Hammer no início dos anos 70; como quase
sempre era o caso, suas tentativas de atualizar sua fórmula
para bater com as mudanças de tendências no cinema resul-
tavam numa autoparódia involuntária. E como o brilhante
Carne para Frankenstein (Bryanston, 1974) provaria, mesmo
no formato de paródia, o estilo da Hammer estava sendo assi-
milado e remodelado e reapresentado por outros cineastas.
O primeiro, O Horror de Frankenstein (1970), uma das
aventuras como diretor de Jimmy Sangster, apresentou o
novo galã da Hammer Ralph Bates como Victor Frankenstein,
um descendente do Barão original, que segue os passos do
pai ao reviver uma tartaruga quando jovem, e então mais
adiante na vida contratando um ladrão de túmulos (Dennis
Price) para trazê-lo partes humanas, inclusive o cérebro
de um professor que ele mesmo envenenou. O cérebro cai
acidentalmente; não é surpresa quando o monstro (David
Prowse) vive durante uma tempestade elétrica, ele fica louco

69
e foge para cometer um assassinato antes que seu criador o
prenda no porão. O monstro também é útil ao matar a esposa
do ladrão de túmulos (Joan Rice) e a empregada/amante
de Victor (Kate O’Mara) quando ela ameaça chantageá-lo;
ele eventualmente morre num acidente que o encharca de
ácido. O enredo é essencialmente o do primeiro filme de
Frankenstein costurado com alguns toques de humor doen-
tio e algumas cenas de sexo gratuito e horror, com o monstro
sendo nada empático e brutal. Foi o único filme da série que
não contou com Peter Cushing.
Cushing – e Terence Fisher – voltaram em Frankenstein
e o Monstro do Inferno (1973). Nesse filme Cushing inter-
preta o Dr. Victor, o médico num hospício em Carlsbad.
Ele é reconhecido por um de seus admiradores mais fervo-
rosos, o Dr. Helder (Shane Briant), cujos experimentos
imitativos o levaram à instituição. Logo, o recém-chegado
descobre que Frankenstein está fazendo um monstro com
as partes dos internados que morreram.
Eventualmente o monstro (Dave Prowse de novo, mas
com outra maquiagem) escapa e é forçado a uma luta fatal
contra uma multidão de lunáticos delirantes. Madeline
Smith aparece como a anja, uma muda. O monstro se parece
com um homem das cavernas, e o filme é outra tentativa de
repaginar o mito para um mercado mais jovem. O horror e
violência (com cirurgia cerebral aberta), embora excessivos
para a Hammer, foram considerados leves para os padrões

70
do cinema da época, resultando num fracasso, especial-
mente decepcionante por ser um filme de Fisher. Foi o
último filme de Frankenstein da Hammer.
Depois do sucesso incrível de A Maldição de Frankenstein
e O Vampiro da Noite, os estúdios de Hollywood estavam
muito animados que a Hammer era boa em fazer filmes de
horror bem polidos e comerciais mas com limites orçamen-
tários e logo começaram a entregar-lhes propriedades que
eles possuíam para o tratamento de remake. Para a Universal,
Jimmy Sangster fez A Múmia (1959), de novo trazendo o
time de sucesso Christopher Lee e Peter Cushing. Lee fazia
o personagem do título, a Múmia chamada Kharis, um antigo
amante da princesa no túmulo que volta à vida para vingar
a profanação da tumba dela por um grupo de exploradores.
A semelhança de uma das mulheres atuais (Yvonne
Furneaux) com o seu antigo amor o distrai de sua missão
homicida, e ele a leva através de um pântano para ser final-
mente morto por um grupo de perseguidores. Cushing
interpreta o marido dessa mulher.
Lee faz uma múmia muito poderosa e rápida, e o diretor
Terence Fisher nos mostra os ritos fúnebres de Kharis com
detalhes sádicos típicos: antes de ser enterrado vivo, sua
língua é esticada para fora com um alicate e cortada com
uma faca. Lee futuramente diria com seu humor seco de
sempre: “Eu só mato três pessoas no filme – e não de uma
forma fantasmagórica. Eu quebro os pescoços delas.”

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Cushing e Lee foram unidos mais uma vez naquele
mesmo ano, numa nova versão de O Cão dos Baskerville,
Cushing de Sherlock Holmes, Lee como Sir Henry e André
Morell fazendo o papel de Watson. A obra de Conan Doyle
deu à Hammer um clássico cheio de elementos de terror
que a companhia sabia colocar em prática com estilo. O
diretor Terence Fisher evidentemente utilizou a oportu-
nidade para sublinhar o antagonismo entre as forças do
“mal” em funcionamento (como mostrado na violação da
sequência inicial) e o posicionamento racional de Holmes
no lado do bem. [Peter Cushing ainda faria o mesmo papel
como Holmes numa excelente série da BBC2.]
O Homem que Enganou a Morte (também de 1959) era a
versão de Jimmy Sangster de O Homem que Desafiou a Morte
filmada originalmente pela Paramount em 1945. Vagando
como o homem de 104 anos que se mantém aparentando ter
apenas um terço dessa idade fazendo cirurgias periódicas
numa glândula. Quando seu cirurgião de sempre se recusa
a renovar o processo, ele o mata e rapta uma mulher (Hazel
Court), chantageia o cirurgião e amante dela (Christopher
Lee) para que ele o opere. O homem é eventualmente enga-
nado, e volta terrivelmente a sua idade real como Dorian
Gray, de Oscar Wilde, e morre num dramático incêndio.
Os Estranguladores de Bombaim (1960) de Terence Fisher
veio a ser o filme mais brutal e notoriamente sádico até então.
A história se passa na Índia em 1826 e lida com o culto dos

72
thuggee, que irrompeu quando adoradores da deusa Kali
começaram a roubar, estrangular e, muitas vezes, muti-
lar milhares de vítimas, enterrando-as em valas comuns
e acabando com a autoridade da Companhia Britânica
das Índias Orientais. A peituda Marie Devereux inter-
preta a criada de Kali e agente da destruição. Mais adiante,
sua organização secreta é pega, mas não antes de vermos
horrores como cegamentos, evisceração, decapitações e
castração (implícita). Gravado em sombrio preto e branco,
Estranguladores mostra uma visão típica de Fisher das forças
da Luz contra a Escuridão.
Fisher também dirigiu O Monstro de Duas Caras (1960),
o primeiro de dois tratamentos sérios do clássico de Robert
Louis Stevenson. O escritor Wolf Mankowitz deu um toque
engenhoso ao conhecido enredo, fazendo de Hyde um
galã, de barba feita, descolado e sádico em contraposição
ao delirante e bestial personagem de filmes anteriores. O
Dr. Jekyll (Paul Massie) por contraste é um barbudo e
sombrio cientista que muda sua personalidade por curiosi-
dade científica e, portanto, descobre uma forma útil de se
vingar da infidelidade de sua esposa com seu melhor amigo
(Christopher Lee novamente). Tendo sucesso ao matar
os dois, ele não consegue resistir a mais assassinatos, mas
no geral, o filme é lento. [Lee por acaso teve a chance de
interpretar o Dr. Jekyll em O Soro Maldito (Amicus, 1971);
sua performance como Hyde é eletrizante.]

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Maldição do Lobisomem (também 1960), baseado no clás-
sico O Lobisomem de Paris, de Guy Endore, deu à Terence
Fisher uma chance ainda melhor de explorar sua preocu-
pação predominante: a natureza dual da humanidade e
seu universo. Oliver Reed foi protagonista pela primeira
vez, interpretando o desafortunado Léon, nascido no dia
do Natal como resultado de um estupro bestial, e, portanto,
condenado a se tornar um lobisomem.
Reed é excelente como o atormentado Léon e também
como o feroz lobisomem (um ótimo trabalho na maquia-
gem de Roy Ashton). Logo no início, com uma terrível
violação da servente por um imundo, sifilítico mendigo, o
filme, o primeiro (e surpreendentemente único) tratamento
de licantropias, é uma aula na exposição da história dos
lobisomens. O jovem Léon revela traços de sua verdadeira
natureza no seu batismo, quando sem querer faz com que a
fonte de água benta ferva, e já adolescente vaga pela noite
deixando um rastro de animais mutilados. Adulto, vemos
ele se tornar lobisomem a cada lua cheia, matando várias
pessoas até que o amor de uma mulher o ajuda a resistir a
sua natureza licantrópica. Quando o relacionamento deles
é interrompido, ele se transforma mais uma vez e é final-
mente morto por uma bala de prata.
Fisher novamente tem a chance de experimentar com
simbolismo religioso, enquanto expande a oposição dentro de
Léon para explorar vários elementos e relações antagônicas

74
– que sugerem conflitos cósmicos e psíquicos; a constru-
ção do filme é apropriadamente simétrica. O resultado é
cheio de camadas, incomuns para um filme adulto, um dos
melhores da Hammer e também um dos melhores filmes a
tratar sobre licantropia.
[Outro filme de 1960, A Sombra do Gato, é geralmente
atribuído à Hammer, embora tenha como crédito de
produção “BHP”. Dirigido por John Gilling, fotografado
monocromaticamente por Arthur Grant e feito em Bray,
é, no mínimo, um filme da Hammer em tudo menos no
nome. Uma meditação sobre o conto O Gato Negro de
Edgar Allan Poe, esse filme incomum é um pouco exage-
rado, mas notável pela sustentação de sua ambienta-
ção expressionista.]
Terence Fisher voltou para o remake de O Fantasma
da Ópera (1962), mas foi uma proposta menos interessante
que em filmes anteriores, apesar da incrível atmosfera dos
cenários. Herbert Lom interpretou o personagem do título,
que Lon Chaney e Claude Rains tinham feito em versões
anteriores. Heather Sears interpreta a jovem cantora de
ópera para quem o Fantasma dá sua grande chance, e cuja
vida ele salva ao sacrificar a sua própria. Comparado a
Chaney, a maquiagem de Roy Ashton deixa a desejar.
Apenas o esplendor sinistro do covil do Fantasma foi comple-
tamente realizado. No fim das contas, foi um remake sem
muito propósito.

75
A Múmia voltou em A Maldição da Múmia (1964) dessa
vez interpretada por Dickie Owen. Removida das tumbas
do Egito sem cautela e levada em tour por um showman
americano, a múmia de Ra-Antef acorda em busca de
vingança contra aqueles que o trataram tão mal. Ela final-
mente encontra seu fim num esgoto subterrâneo. Esse não
foi tão bom quanto o primeiro filme da Múmia.
Tendo feito todos os filmes tradicionais de monstro, a
Hammer foi atrás da mitologia grega e trouxe A Górgona
(1964). Transportando a ação para a Transilvânia, a história
conta que os camponeses estavam petrificados literalmente
por uma Górgona, uma monstruosa mulher com serpentes
terríveis e assoviantes no cabelo. Ela possuiu a linda Carla
(Barbara Shelley, que era para os filmes de horror britâ-
nicos o que Barbara Steele era para os italianos), traba-
lhando secretamente em conjunto com o neurocirurgião
Namaroff (Peter Cushing). Christopher Lee faz as honras
como Meister, o professor universitário que vai salvar o
povo do mal finalmente cortando a cabeça dela como um
Perseu moderno. Apesar da disposição de Shelley para fazer
ambos os papéis (mesmo com cobras vivas em sua cabeça),
a Górgona foi retratada por Prudence Hyman. Novamente
dirigido por Terence Fisher, essa foi uma incomum porém
divertida tentativa de nova criatura.
A Epidemia de Zumbis (1966) de John Gilling fala
sobre um culto vodu em funcionamento na mais sombria

76
Cornualha do século XIX, com um fidalgo que cria um
bando de zumbis para trabalhar em suas minas de esta-
nho. O filme tem túmulos abertos, os mortos andando nos
campos, e a heroína (Diane Clare) sendo resgatada de uma
cerimônia vodu no ardente clímax. Uma incrível sequência
esverdeada de sonho, mostrando zumbis de olhos brancos
abrindo caminho na terra de seus túmulos, é a peça central
do filme e foi provavelmente uma inspiração para o clássico
de George Romero A Noite dos Mortos-Vivos (Water Reade
Organisation, 1968).
Epidemia de Zumbis foi seguido imediatamente por
outro filme de John Gilling, A Serpente (também 1966), que
também se passava na Cornualha do século XIX, portanto
possibilitando a reutilização dos cenários do filme ante-
rior em Bray.
Desta vez, é uma forma de magia negra oriental; uma
vila está com medo depois de várias mortes causadas por
mordida de cobra venenosa. Esses fenômenos, desco-
brem enfim, é o resultado da transformação periódica
da local Anna Frankling (interpretada por Jacqueline
Pearce) numa mulher-cobra – causada por uma maldi-
ção de uma seita malaia. Ela, ao fim, morre em chamas.
Dentre vários momentos bizarros, há uma cena em que a
mulher-cobra se contorce ao ouvir o canto do seu mestre
sobrenatural, e também sua mordida incestuosa em seu
pai se destaca.

77
Ambos os filmes têm a fotografia magistral de Arthur
Grant, e ambos possuem algumas das imagens mais estra-
nhas do catálogo da Hammer; e também são dos mais pessi-
mistas. Além de ser parte dos mais interessantes da Hammer,
são os melhores trabalhos diretoriais de John Gilling.
Aquele mesmo ano teve o lançamento de Rasputin: O
Monge Louco, de Don Sharp, estrelando Christopher Lee
em um de seus papéis mais eficazes para a companhia.
Na superfície, um drama histórico, o filme alcança uma
ambiência de puro mal, quase sobrenatural, ajudada pela
performance demoníaca de Lee como o monge. Rasputin
é retratado deixando suas ordens religiosas para explorar
seu estranho poder de cura, ele logo hipnotiza a dama de
companhia da Czarina para que ela machuque o próprio
filho e, assim, ele possa curá-lo e ganhar o gosto da corte
real – e entrar na cama da Czarina. Sharp aumenta o terror
aos poucos na história: Rasputin corta fora a mão de um de
seus adversários, e desfigura outro com ácido; os horrores
de seu eventual e prolongado assassinato culminam num
pulo do parapeito em grande estilo. Esse filme foi gravado
na sequência de Drácula – o Príncipe das Trevas, e não tem
apenas os mesmos cenários, como os próprios astros, Lee
e Barbara Shelley.
Em O Sarcófago Maldito (1967), outra Múmia (o dublê
Eddie Powell) é removida contra o conselho dos locais de
seu lugar de descanso egípcio e é levada para um museu.

78
Mata todos em seu caminho até que a bela arqueologista
Claire (Maggie Kimberley) encontra o ritual sagrado capaz
de fazer a Múmia virar poeira. O procedimento é feito dessa
vez através da performance de Catherine Lacey como uma
adivinha desdentada olhando loucamente para sua bola de
cristal: é preciso ser dito que o enredo básico da Múmia já
estava em sobreuso.
Felizmente, o último filme da Hammer do subgênero
foi mais divertido: Sangue no Sarcófago da Múmia (1971) foi
baseado num livro não tão famoso de Bram Stoker chamado
A Joia das Sete Estrelas [que também foi filmado – tediosa-
mente – como Reencarnação (Warners, 1980) com Charlton
Heston]. Novamente, uma expedição rouba a tumba anciã
e traz de volta o corpo mumificado para a Inglaterra. Dessa
vez, no entanto, o corpo pertence à Rainha Tera, cuja mão
decepada, adornada por um rubi impagável, ainda sangra.
O rubi é dado à Margaret (Valerie Leon), e sua transferên-
cia permite que a rainha egípcia se vingue da profanação
da sua tumba através da nova dona do anel.
Leon traz uma ótima mudança para os filmes da Múmia
e algumas cenas são cheias de sangue. Michael Carreras
finalizou o filme como diretor após a morte de Seth Holt
alguns dias antes do fim das gravações.
Em As Mãos do Estripador (também 1971), dirigido por
Peter Sasdy, Eric Porter interpreta um psiquiatra que utiliza
técnicas freudianas para tentar curar impulsos homicidas

79
que tomam conta de Anna (Angharad Rees), a infeliz filha
de Jack, o estripador, toda vez que ela é beijada. Vários
assassinatos acontecem, incluindo o da empregada Dolly,
uma falsa médium (Dora Bryan) que é atravessada por uma
lança numa porta, e uma prostituta que é apunhalada no
olho por um alfinete de chapéu. Até o benfeitor de Anna
quase perde a esperança quando é esfaqueado no flanco ao
persegui-la pela “câmara sussurrante” na igreja de St. Paul
o que resulta na morte dela ao pular da sacada.
Tratando de possessão, reencarnação e repulsa sexual,
Mãos do Estripador apresenta ideias interessantes porém não
realizadas e está entre os filmes que menos chama atenção
da Hammer. Muito melhor foi O Médico e a Irmã Monstro,
do mesmo ano, dirigido por Roy Ward Baker. Essa brilhante
variação de um velho tema tem Dr. Jekyll (Ralph Bates)
transmutando em sua versão feminina, ou anima, quando
sob a influência de drogas metamórficas que ele criou. Pela
primeira vez, atores diferentes foram necessários para os
dois papéis, e a sexy Martine Beswick fez a mortal Irmã
Hyde. O enredo também consegue trazer Jack, o estripador,
que leva a culpa pelas mortes das prostitutas esfaqueadas
por Beswick, além dos ladrões de túmulo Burke e Hare,
que têm finais dolorosos, um linchado pela multidão, e o
outro jogado num poço de calcário depois de darem ao
Dr. Jekyll corpos para seus experimentos. Uma das mais
memoráveis cenas tem a recém-transformada Irmã Hyde

80
examinando seu novo corpo feminino no espelho, tocando
os próprios seios numa exibição autoerótica desenfreada. O
filme recebe um tratamento muito mais evidente do tema
da androginia levemente presente em …E Frankenstein
Criou a Mulher, e é um dos projetos mais originais e pode-
rosos da Hammer.
Demônios da Mente (1972) foi uma tentativa atípica de
examinar os primeiros experimentos com psiquiatria para
controlar a mente humana. Robert Hardy faz o papel de
um Barão na Bavária da década de 1830 que acredita que
sua família está amaldiçoada com um mal hereditário e,
portanto, mantém seu filho (Shane Briant) e filha (Gillian
Hills) trancados, ao considerar erroneamente que são insa-
nos desde o nascimento. Patrick Magee aparece como
o protopsicanalista que reconhece a loucura do próprio
Barão e o incesto na família, e conclui que o Barão, na
verdade, está subconscientemente fazendo que seu filho
cometa assassinatos pavorosos. Michael Hordern tem uma
performance perturbadora como padre louco que empala
os doentes mentais com cruzes na crença de que eles estão
possuídos pelo Diabo. Num encontro final e violento, o
Barão é perfurado na barriga por uma cruz em chamas;
apenas sua filha escapa para começar uma nova vida.
Demônios da Mente é um filme excêntrico e atraente,
inteligente e visualmente bem feito. Uma impressionante
estreia de Peter Sykes. Estranhamente, a Hammer fez muito

81
pouco com o filme, mas ainda é um de seus experimen-
tos refrescantes. Foi também o último filme de horror de
época da Hammer.

82
2
LEIA-OS,
OS FILHOS
DA NOITE
Cesar Almeida

AS NOIVAS DE
DRÁCULA
U
ma carruagem atravessa em desabalada correria as
paisagens lúgubres da Transilvânia. Sua única passa-
geira viaja aterrorizada. Uma narração avisa ao espec-
tador de que, embora o século XIX esteja chegando ao fim,
a magia e a feitiçaria ainda imperam na região. O Conde
Drácula, rei dos vampiros, está morto. Seus discípulos, por
outro lado, continuam espalhando a praga do vampirismo
pelo mundo. Assim, com um ritmo alucinante e uma atmos-
fera sombria perfeita, tem início As Noivas de Drácula, sem
sombra de dúvida um dos maiores clássicos da Hammer
Film Productions e do horror gótico cinematográfico.
Em 1958, o sucesso estrondoso de O Vampiro da Noite
(Dracula no Reino Unido), devido em parte à presença icônica
de Christopher Lee no papel título, consolidou uma nova era
de sangue vermelho nas telas após o êxito de A Maldição de
Frankenstein (The Curse of Frankenstein) no ano anterior.
O público parecia ávido pela combinação de cores vibran-
tes e toques de sensualidade oferecidos pela Hammer, e a
velha produtora britânica precisava aproveitar o novo filão.
Nos primeiros meses de 1959, o produtor Anthony Hinds
confiou ao roteirista Jimmy Sangster a missão de escrever
uma continuação para a saga de Drácula.

86
Sangster entregou um roteiro intitulado Disciple of
Dracula, no qual o Barão Meinster, outro vampiro aris-
tocrático, caça duas jovens estudantes inglesas em uma
escola de moças. Pouco depois, Peter Bryan, responsá-
vel pela adaptação da Hammer de O Cão dos Baskervilles
(The Hound of the Baskervilles), foi chamado para revisar
a história. Bryan introduziu o Dr. Van Helsing na trama,
vivido com garra por Peter Cushing no filme original. Ao
contrário da lenda mais recorrente, não há confirmação
de que Christopher Lee tenha sido convidado a repetir o
papel de Conde Drácula, embora o roteiro inicial de Jimmy
Sangster apresentasse o personagem.
Peter Cushing, então no ápice da carreira, não gostou
do roteiro de Sangster/Bryan, principalmente do seu final,
que mostrava o Dr. Van Helsing invocando uma revoada de
morcegos através da feitiçaria para destruir o Barão Meinster.
Segundo Cushing, e com toda a razão, isso destoava da
forma como seu personagem fora concebido. Outros auto-
res, incluindo até mesmo o produtor Anthony Hinds, fize-
ram ainda mais alterações no roteiro para agradar Cushing
– o que talvez explique as várias pontas soltas na história,
porém, o resultado final da produção é a prova de que um
roteiro inconsistente nem sempre gera um filme ruim.
Problemas superados, e com a segurança do mestre
Terence Fisher na cadeira de diretor, a produção do
agora renomeado As Noivas de Drácula (The Brides of

87
Dracula) seguiu em frente. Filmado entre janeiro e março
de 1960 nos estúdios Bray, e com locações externas no
Black Park Country Park em Wexham, condado de
Buckinghamshire, Brides of Dracula teve sua premiere em
Londres no dia 7 de julho, chegando aos cinemas de todo
o país no mês seguinte.
O filme começa acompanhando Marianne Danielle
(Yvonne Monlaur), uma jovem parisiense que está viajando
para o leste europeu com a intenção de assumir um cargo
de professora em uma escola para moças. A carruagem
que a transporta faz uma parada em um vilarejo sombrio,
populado por gente rude e supersticiosa. É neste cenário
de horror que Marianne se vê abandonada quando sua
carruagem parte sem avisá-la. Então, a jovem professora
é acolhida pela Baronesa Meinster (Martita Hunt), uma
mulher misteriosa que parece despertar o temor e a anti-
patia dos habitantes locais. Hospedada no castelo da famí-
lia Meinster, Marianne descobre que o filho da baronesa é
mantido prisioneiro, presumidamente por ser insano. Mas
ao encontrar o Barão Meinster (David Peel) acorrentado
como um animal, ela se compadece da situação e decide
ajudá-lo. O que a moça não sabe é que está libertando um
vampiro perigoso. Logo, como uma praga, o Barão Meinster
começa a atacar garotas do já assustado vilarejo. Por sorte, o
Dr. Van Helsing (Peter Cushing) havia sido convocado pelo
padre local para investigar a ação de vampiros na cidade.

88
Van Helsing percebe que Marianne se tornou o principal
alvo do vampiro e tenta protegê-la ao mesmo tempo em
que caça o monstro e seus acólitos.
Dirigido por Terence Fisher com maestria habitual, As
Noivas de Drácula é uma verdadeira obra-prima do horror
gótico, embora apresente algumas falhas. Fisher, cine-
asta já veterano em 1960, vinha de uma série de parcerias
de sucesso com a Hammer, criando releituras modernas
e inovadoras para histórias contadas inúmeras vezes nas
décadas anteriores, estabelecendo assim novas convenções
para o cinema de horror. Definição esta que o cineasta não
apreciava nem um pouco: “eu me oponho a que meus filmes
sejam chamados de horror”, disse certa vez, “prefiro que
meu trabalho seja conhecido como macabro”. Ele também
tinha uma preferência por chamar o gênero de “contos de
fadas para adultos”. Mesmo trabalhando com orçamentos
apertados, Fisher encontrou nas produções da Hammer o
veículo ideal para expressar suas crenças pessoais, desen-
volvendo uma abordagem própria como diretor (o que só
foi reconhecido muito tempo após sua morte em 1980).
Em As Noivas de Drácula, Fisher investe nos ambientes
escuros e nas cenas noturnas, contrastando com as sequências
bem iluminadas de suas obras anteriores, como o confronto
entre Drácula e Van Helsing no final de O Vampiro da Noite,
por exemplo. A diferença de abordagem no tratamento
da iluminação vai além de uma questão visual: se em sua

89
primeira obra vampiresca a luz surge como salvação, aqui
uma sombra tem impacto decisivo no desfecho da trama.
Fisher era habilidoso na construção do suspense, omitindo
a princípio detalhes que podiam ser mais chocantes para
então pegar o espectador desprevenido com uma cena explí-
cita. Dessa forma, ele criou alguns dos grandes momentos
arrepiantes de sua carreira: Greta (Freda Jackson), como se
fizesse um parto, ajuda uma vampira recém transformada
a sair da tumba; Marianne, velando o corpo de uma amiga
morta, testemunha a “ressurreição” da mulher; e o Dr. Van
Helsing, no ponto alto do filme, usa seus conhecimentos
científicos e religiosos para tratar a mordida de vampiro
que pode transformá-lo no monstro que tanto combate.
O roteiro oferecia ao cineasta uma oportunidade de
lidar com temas que o interessavam, como a sedução do
mal (evidente na relação ambígua entre a heroína Marianne
Danielle e o vampiro) e a união de racionalismo (ciência)
e misticismo (representado pelas crenças cristãs) na bata-
lha contra forças sobrenaturais. A visão de mundo através
do cristianismo permeia sua obra, tanto que o autor Paul
Leggett, no livro Terence Fisher: Horror, Myth and Religion,
chega a considerá-lo um apologista cristão na linha de
escritores como C.S. Lewis.
É importante destacar também outros aspectos visuais
de As Noivas de Drácula, como a imponência dos cenários
de Bernard Robinson, quase todos reutilizados de outras

90
produções da Hammer, mas com modificações inteligentes,
além das florestas sombrias e da fotografia espetacular de
Jack Asher, criador de uma atmosfera única, muitas vezes
imitada e nunca alcançada.
Compensando a ausência de Christopher Lee, um ótimo
elenco foi reunido para esta continuação, a começar pela
presença de Peter Cushing, um dos maiores atores de sua
época, capaz de se entregar por completo em qualquer papel
que interpretava. O heroico Van Helsing de Cushing é repre-
sentado de maneira quase divina, sempre acompanhado de
uma trilha sonora de tom celestial (composta por Malcolm
Williamson). Mas se suas características de “guerreiro de
Deus” foram amplificadas, Terence Fisher, em sintonia
com seu interesse pela “sedução do mal”, destaca também
uma faceta sádica no personagem, um prazer em caçar e
matar os monstros. Nem o herói divino escapa de uma atra-
ção sombria: o sorriso de Van Helsing ao cravar a estaca no
coração de uma vampira é um retrato desta figura um tanto
contraditória, agora mais fiel à criação de Bram Stoker do
que em suas representações prévias. Cushing viria a interpre-
tar Van Helsing em outras três ocasiões: Drácula no Mundo
da Minissaia (Dracula A.D. 1972), Os Ritos Satânicos de
Drácula (The Satanic Rites of Dracula) e A Lenda dos Sete
Vampiros (The Legend of the 7 Golden Vampires). Surgidos
nos primeiros anos de decadência da Hammer, nenhum
desses filmes teve uma boa acolhida junto ao público.

91
Mas quem conduz a narrativa por todo o terço inicial
da história é a atriz francesa Yvonne Monlaur, que tinha
acabado de estrelar outro clássico britânico, Circo dos
Horrores (Circus of Horrors), ao lado de Anton Diffring
e Donald Pleasence. É notório o fato de que a Hammer
procurava escalar suas heroínas com base em atributos físi-
cos, sem qualquer preocupação com talento (problema que
se agravou nos anos 1970). Monlaur, entretanto, podia ter
uma expressividade limitada, mas consegue uma interpre-
tação convincente na pele da professora Marianne Danielle,
mesmo que o roteiro irregular a obrigue a oscilar entre deter-
minação e desamparo. Por outro lado, as visões um tanto
conflitantes dos roteiristas quanto à personagem acabaram
por dar a ela uma ambiguidade pouco comum em uma era
dominada pelas donzelas em perigo unidimensionais.
O posto de vilão ficou a cargo do ator David Peel, então
mais acostumado às produções para a TV, sem nenhum
papel relevante no cinema. Apesar da tarefa ingrata de
personificar um vampiro qualquer em um filme que exibe
o nome Drácula no título, ele não decepciona. Como o
Barão Meinster, Peel equilibra elegância aristocrática e
uma pendência para o sadismo debaixo da falsa aparên-
cia de fragilidade. Mostrando-se um inimigo temível, seus
duelos com Peter Cushing são memoráveis. Infelizmente,
a maquiagem de monstro não lhe cai muito bem, mas Peel
compensa a deficiência com a força da atuação.

92
Por fim, duas atrizes veteranas têm um desempenho
marcante, roubando a cena em alguns momentos. Freda
Jackson impressiona como Greta, a fiel empregada dos
Meinster, uma personagem que, embora humana, conse-
gue ser tão assustadora quanto os monstros aos quais serve.
Martita Hunt, por sua vez, interpreta com sobriedade a
Baronesa Meinster, mãe do vampiro. De porte imponente
e misterioso, ela transmite uma aura sinistra e ao mesmo
tempo trágica, despertando piedade quando transformada
em morta-viva pelo próprio filho.
É curioso perceber que a trama de As Noivas de Drácula,
assim como aconteceu com outro filme britânico do mesmo
ano, The City of the Dead (também conhecido como Horror
Hotel), de John Llewellyn Moxey, segue uma estrutura
semelhante à de Psicose (Psycho), clássico absoluto dirigido
por Alfred Hitchcock e lançado um mês antes: a primeira
meia hora é centralizada na heroína, que é obrigada a passar
a noite em um lugar onde vive um assassino; apenas depois
outros personagens são introduzidos e há uma investigação
sobre a estadia problemática da heroína naquela noite. A
diferença é que, na obra da Hammer, a protagonista inicial
sobrevive à noite no castelo/hotel.
Enfim, a reunião de tantos elementos atrativos se provou
um sucesso de público, cumprindo os objetivos comer-
ciais de Anthony Hinds. Como de costume, a crítica da
época não deu maior atenção ao trabalho do produtor e

93
seus parceiros hoje lendários. Os tabloides dominicais da
Inglaterra preferiram ressaltar a ausência de Christopher
Lee e comentar sobre a suposta homossexualidade do ator
David Peel, o que gerou alguma controvérsia (vale lembrar
que a homossexualidade ainda era considerada crime na
Inglaterra em 1960). Peel se aposentaria das telas no ano
seguinte. A revista Motion Picture Exhibitor até foi elogiosa,
destacando que “o sangue corre realmente vermelho” no
filme. Nos Estados Unidos, a Daily Variety o considerou
“tecnicamente bem feito e embelezado pela cor”, mas afir-
mou que ele poderia ter sido mais assustador caso fosse
em preto e branco. Uma opinião peculiar, levando em
conta que as cores fortes eram um dos principais atrativos
das produções da Hammer, e que talvez evidencie uma
postura conservadora por parte da revista. Já o New York
Times, numa resenha breve e cheia de zombarias, acusou
a obra de ser apenas uma repetição formulaica das histó-
rias com vampiros “que gostam de afundar suas dentadu-
ras superdimensionadas no pescoço de garotas bonitas”.
Opinião semelhante à proferida pelo Jornal do Brasil (RJ) ao
apontar uma “insistente preocupação de repetir argumento
atrás de argumento” da produtora inglesa, “não trazendo
nenhum aspecto novo ao tratamento dos jovens contami-
nados pelo vampirismo”.
A passagem do tempo se encarregou de dar ao filme, e
a todo o panteão da Hammer, seu devido valor. As Noivas

94
de Drácula pode ter muitas falhas como o roteiro esbura-
cado e alguns efeitos especiais que para a época já eram
precários (e parecem ainda piores hoje). Contudo, a dire-
ção de Terence Fisher e o elenco encabeçado por Cushing
compensam qualquer defeito que o filme possa ter, uma
obra que continua fascinante mesmo após sessenta anos
de seu lançamento.

95
Danilo Crespo

A HAMMER ESTÁ
NOS DETALHES:
DRÁCULA – O PERFIL
DO DIABO
F
oi Martin Scorsese quem disse: “Na minha adoles-
cência, eu ia com grupos de amigos ver certos filmes.
Se nós víssemos a logo da Hammer, saberíamos de
cara que seria um filme muito especial. Uma experiên-
cia surpreendente. E chocante.” As letras roxas sobre o
fundo preto avisam: A Hammer Film Production. E logo
depois, o vermelho toma a tela como se fosse sangue, e
vemos o nome: Dracula, seguido pelo resto do título has
risen from the grave. E a música de suspense aumenta!
Em português, chamaram de Drácula – o Perfil do Diabo.
Sentimos nos primeiros segundos olhando para tela o
mesmo que o jovem Scorsese sentia: haverá emoção,
vampiros e, claro, sangue.
Os paradigmas mudam com o tempo. A cada dia que
passa, as mudanças acontecem cada vez mais rápido.
Perceber as mudanças de posicionamento e necessida-
des é muito difícil. Livros e teorias são desenvolvidos e
os mais perspicazes, os visionários, tiram proveito disso
ou, pelo menos, vivem de acordo com os tempos. O feito
é mais fácil no papel do que na prática, hoje nós bate-
mos a cabeça para tentar entender o que está aconte-
cendo, como pode tudo parecer tão absurdo. A Hammer

97
é, na minha opinião, um perfeito exemplo de empresa
que compreendeu o absurdo que é o presente e o trans-
formou em incríveis películas.
O estúdio ganhou notoriedade por seus filmes de horror
e fantasia. Suas séries clássicas, Frankenstein, Drácula, a
Múmia. E é lembrado frequentemente por isso, por todo
sangue (e não foi pouco!) e monstros que pôs nas telas
do mundo inteiro. O segredo da Hammer foi muito além
desses elementos. Naturalmente, a visão deles não era do
nosso tempo, do futuro, mas sim do tempo deles, o presente.
Vou explicar.
Num momento dos anos 1950 em que as companhias
produtoras do Reino Unido passavam dificuldade, a Hammer
foi além. Trouxe milhões de libras para seu país com o arre-
cadamento dos seus filmes, criou empregos e grandes astros
como Peter Cushing, Christopher Lee e Terence Fisher.
Foi durante as gravações de Drácula – o Perfil do Diabo
que a Hammer teve seu trabalho reconhecido e recebeu o
Queen’s Award to Industry, a primeira companhia de cinema
a ganhar tal distinção. Reza a lenda que o grupo do governo
apareceu no set bem na hora que eles estavam gravando a
cena final de Christopher Lee, sua morte sangrenta.
Por se tratar de um tempo cada vez mais distante, novas
gerações não se lembrarão deles. Talvez apenas o próprio
Christopher Lee seja reconhecido por seu papel como
Sauron em Senhor dos Anéis e O Hobbit. De qualquer forma,

98
o inconsciente coletivo tem como imagem fundamental de
Drácula não a criatura agasalhada no frio da Transilvânia
descrita por Bram Stoker, nem o lendário Vlad, o empala-
dor. As pessoas pensam em Christopher Lee, o sedutor e
sexual Drácula de lentes de contato vermelhas.
Essa associação não é por acaso. Está ligada às escolhas
feitas pela companhia para criar seu produto. Até os anos 50,
o cinema apresentava ainda imagens muito “inofensivas”,
tudo muito domado. O foco da Hammer era justamente
causar impacto. E o estúdio conseguiu. Um impacto tão
grande que agora faz parte do imaginário coletivo sobre
Drácula e vampiros em geral. Com seus filmes de horror,
parece que teremos um filme sobre o medo ou que causará
medo. Ainda assim, na contramão do que possa parecer,
eles acertaram mesmo em causar o choque e a diversão.
Os tempos então eram muito diferentes. Quando eu
era mais novo, já muitos anos depois do fim da Hammer,
todos queriam ser vilões. Já tinha passado a época em que
se endeusavam os mocinhos. Não é surpresa que temos
filmes incríveis de super herói como Batman, o Cavaleiro
das Trevas (Warner, 2008) que, apesar de tratar de um herói
forte, inteligente e destemido, deu destaque muito maior
ao seu vilão, o Coringa (interpretado magistralmente por
Heath Ledger). E mais, o filme não acaba bem para o herói,
subvertendo a ideia de que no final tudo daria certo. Uma
ideia que fazia sentido antes.

99
Muito antes: nos anos 50, 60 e 70 da Hammer. Os filmes do
estúdio criavam tensão, sim, mas muito mais que isso: impacto,
choque e emoção. A Hammer sempre é lembrada pelos baixos
orçamentos e muitas vezes esquecem a imagem clara, cores
fortes, uma trilha sonora original e de primeira.Uma mordida
no pescoço nunca foi apenas uma mordida no pescoço. Era o
que as pessoas buscavam no cinema: emoção. Mais que isso,
era sexo, era o proibido. Em Drácula – o Perfil do Diabo, temos
a bela Veronica Carlson deitada na cama e Christopher Lee
se aproxima. O sentimento dela é, talvez, o medo, mas é dife-
rente do que se espera de um terror mais convencional; é mais
parecido com sedução e mistério do que com o horror em si
de um monstro que se aproxima. De perto, a boca de Drácula
é quase a boca de um amante que veio trazer liberdade. Isso
é um impacto e não é óbvio, mas está lá e leva o público ao
cinema porque eles querem sentir esse arrepio.
Além disso, temos um outro detalhe. Diante de todo
esse mal, o sangue e o horror, há sempre a luta entre o bem
e o mal. Quando mencionei o filme do Batman no século
XXI, falei do vilão celebrado. Ora, quer vilão mais celebrado
que Drácula? O personagem título da maioria dos filmes de
vampiro da Hammer. Ainda assim, as coisas eram opostas:
se o final do filme chamado pelo nome do herói, Batman,
não é exatamente um final feliz em que tudo dá certo para
ele, os finais dos filmes com nome do vilão, Drácula, sempre
são felizes e ele sempre se dá mal antes do filme acabar.

100
As pessoas queriam ver sangue, se chocarem, terem a
emoção, a descarga de adrenalina da vida sem o ônus do
real perigo de morte. Elas não queriam ir ao cinema para
perder a esperança com o mundo, mas sim se chocar e se
divertir e não voltarem deprimidos do cinema. O paradigma
aqui muito bem capturado pela Hammer é o da segurança.
Por mais que os filmes focassem nos monstros e no grotesco,
o bem que vence o mal repetidas vezes talvez fosse o que
gerasse tanto público ao longo dos anos para o estúdio inglês.
Da mesma forma que acontece com os choques e o sangue
vivo da tela que causam tanto impacto e levam gente aos
cinemas, a certeza de que tudo daria certo no final é uma
forma de certificar que aquilo será uma experiência pura-
mente divertida e de entretenimento. A mudança atual é
de tentar fazer o imprevisível, vivemos num tempo em que
nunca se sabe ao certo. Ainda assim, essa perspectiva da
certeza de final feliz que dá segurança ao público continua
presente nas nossas vidas. Afinal de contas, quantas nove-
las da Globo terminaram mal?
Outro fator dessa receita de sucesso inesperada da Hammer
é a familiaridade. Antes de popularizarem o estrangeirismo
branding, o senso de familiaridade através de elementos
repetidos construíram a fama do estúdio. Talvez por influ-
ência do faro de negócios da família Carreras, uma das cria-
doras da Hammer junto com a família Hinds, tinha-se muito
forte a venda de ideias. Como dito por Martin Scorsese, o

101
nome e o seu estilo tipográfico inconfundivel já desperta-
vam o choque, o surpreendente. Faziam numerosos filmes
por ano porque aquilo não era arte, tinha um propósito que
era a diversão. Ironicamente, há um primor de detalhes e
talvez a própria gana de fazer algo que era antes um produto
de entretenimento lhes confere hoje o status de arte.
A Hammer fez muitos filmes de vampiros. Foram 14
ao total, a maioria específica eram filmes de Drácula. O
primeiro e celebrado filme foi O Vampiro da Noite (1958)
com o impactante Christopher Lee. Em seguida, As Noivas
de Drácula (1960), no qual o próprio Drácula não aparece
realmente e, então, Drácula – o Príncipe das Trevas (1966).
Eis que o quarto da série mais prolífica da Hammer e o
terceiro com Christopher Lee, o Drácula mais memorável
da história do cinema, chega às telas em 1968: Drácula – o
Perfil do Diabo (Dracula has Risen from the Grave).
A história se passa um ano após o fim gelado de Drácula
no último filme. Sua presença ainda é sentida na igreja e o
vampirismo existe mesmo depois de matarem o grande mal.
Um Monsenhor é chamado para purificar o local. Enquanto
o faz, um padre se acidenta e ironicamente seu sangue cai
sobre Drácula que acorda com sede de vingança. Ele logo
decide focar seus esforços na sobrinha do Monsenhor.
O filme seria dirigido pelo principal diretor da Hammer,
Terence Fisher, porém ele se envolveu num acidente de
trânsito e ficou indisponível por algum tempo. Assim sendo,

102
foi substituído muito bem por Freddie Francis. O diretor
mais adiante na sua vida, ainda faria a fotografia de filmes
como O Homem Elefante (1980) e Duna (1984), ambos diri-
gidos por David Lynch. Além disso, temos novamente
Christopher Lee, contra ele o Monsenhor Mueller inter-
pretado por Rupert Davies, Barry Andrews faz o mocinho
Paul e a donzela aqui é a bela Veronica Carlson.
A sinopse não indica muito bem onde e como o filme
brilha. Drácula – o Perfil do Diabo foi o roteiro original da
Hammer que mais deu lucros. Não é coincidência, mantendo
todos os elementos pelos quais ficou famoso, o estúdio
montou um filme muito bonito e sutil de mensagem forte
e imagens simbólicas. Não são muitas mortes, não há tanto
sangue assim, porém a narrativa é muito bem construída
e a tensão segue até o último minuto do filme. Em desta-
que, temos a cena de abertura com sangue dentro da igreja,
uma perseguição frenética e os momentos de Drácula que
são de um esplendor imagético incrível. Sem dúvida um
dos melhores filmes de Drácula: o sentimento de diversão
que eu tive assistindo ao filme pela primeira vez me causou
aquela famosa impressão de que o tempo voou, quando
percebi já era o final.
A delicadeza e simbologia da trama são muito inte-
ressantes. É claro que a Hammer mantém sempre sua
dualidade entre bem e mal. Ainda assim, há aqui algo um
pouco diferente. Enquanto o alvo de Drácula é a sobrinha

103
do Monsenhor, o mocinho da história é o namorado dela,
Paul. Ele é, de certa forma, esnobado pelo tio religioso de
Maria quando diz que é ateu. Porém, no decorrer da histó-
ria, é ele quem toma atitudes para salvar sua amada. O
filme não pinta necessariamente uma imagem positiva do
ateísmo, ainda é claro: para lutar contra vampiros é preciso
da cruz, das imagens cristãs. O que ele faz, no entanto, é
trazer um protagonista jovem e ainda inexperiente que se
destaca por suas fortes convicções. E nesse ímpeto, temos
um momento do filme em que todos envolvidos na história
estão morrendo de medo de Drácula e por mais religiosos
que fossem, por mais que jurassem fazer o bem, é um ateu
apaixonado que mostra a virtude necessária para lutar pelo
bem. Isto é, é ele quem tem a coragem de não só ser uma
pessoa virtuosa (apesar do seu ateísmo) mas principalmente
de enfrentar o mal nos momentos de aperto em que é mais
importante fazê-lo.
Drácula – o Perfil do Diabo é um filme simples que não
tenta fazer muito e, talvez por isso, acaba fazendo. A expe-
riência cinemática é sensacional: do momento inicial até
os créditos finais somos marcados por seus fortes abalos de
tensão trazidos por um elenco muito teatral (como sempre
para a Hammer), uma trilha sonora impetuosa e sempre ele,
o Drácula e sua potência sexual. O filme segue a fórmula
do sucesso, traz um final sangrento em que prevalece o bem
e a virtude sobre o mal e o vampirismo. Há quem prefira

104
o primeiro filme da série, por sua pureza e aproximação ao
Drácula de Bram Stoker. Eu prefiro Drácula – o Perfil do
Diabo, o roteiro original mais lucrativo da companhia, que
acontece num momento em que o estúdio já conhece a si
e ao seu público muito melhor. E isso não significa mais
impactos, mas impactos de qualidade: a boca de Drácula
que sem que percebamos também nos crava os dentes.

105
Marcelo Miranda


ENTRE BANDAGENS,
MORTES E
MALDIÇÕES:
AS VÁRIAS MÚMIAS
DA HAMMER
E
m 1922, uma expedição arqueológica liderada por
Howard Carter (1874–1939) no Egito encontrou a
tumba onde estava depositada a múmia do faraó
Tutancâmon. Também conhecido como Rei Tut, o faraó
teria vivido entre 1341 e 1323 a.C. Seu cadáver foi deposi-
tado no Vale dos Reis, onde permaneceu oculto por sécu-
los. A revelação da tumba de Tutancâmon foi amplamente
divulgada pela mídia do começo dos anos 1920 e tornou
o financiador da descoberta, o britânico Lord Carnarvon,
figura mundialmente conhecida. À medida que mais infor-
mações surgiam a partir das pesquisas de especialistas, mais
aumentava o imaginário em torno do ritual de mumificação
e da história do Egito antigo. A presença de aproximada-
mente 5.000 itens nos vários cômodos da tumba luxuosa, o
sarcófago onde estavam preservados os restos do faraó e a
máscara mortuária do compartimento ampliaram o fascínio
e a curiosidade de centenas de pessoas – incluindo, obvia-
mente, os industriais de cinema.
O contexto histórico é fundamental aqui porque, dife-
rente de figuras góticas ou de origem vitoriana, como
Drácula, o monstro de Frankenstein, Dr Jekyll & Mr
Hyde ou Homem Invisível, o referencial dos inúmeros

107
filmes de múmia realizados desde então não é original-
mente a literatura, e sim o noticiário arqueológico. A
matéria-prima diretamente saída de informações científi-
cas fez com que também o exotismo em torno dos rituais
e do visual do Egito antigo aflorasse na mente de produ-
tores, roteiristas e diretores que perceberam o poten-
cial de um material até então inédito e completamente
livre para ser adaptado da forma que cada um achasse
mais apropriada.
Bastou uma década depois da expedição de Carter para
Hollywood realizar o primeiro filme a partir desse novo
imaginário. A Múmia (Karl Freund, 1932) foi um dos prin-
cipais títulos do ciclo de horror da Universal Pictures, imor-
talizando Boris Karloff como Imhotep, ex-sacerdote egípcio
cuja tumba é descoberta em 1921 (um ano antes da expe-
dição real que inspirou o roteiro de John L. Balderston, a
partir de uma história de Nina Wilcox Putnam e Richard
Schayer). Surgindo rapidamente em cena como a criatura
enfaixada que sai trôpega de dentro do sarcófago, Imhotep
passa a circular como um “desmorto” pelos vários núcleos
da história, em busca da reencarnação de sua amada.
Com o sucesso do filme, a Universal realizou mais cinco
longas-metragens com múmias, nenhum deles novamente
com Karloff e todos se rearticulando em torno de maldi-
ções e pragas que abatiam quem ousasse abrir as câmaras
mortuárias de antigos egípcios mumificados.

108
No final dos anos 1950, quando os estúdios Hammer reto-
maram os monstros da Universal em abordagens mais arro-
jadas, coloridas, violentas e sexuais, naturalmente A Múmia
estava nos planos. Foi a terceira incursão nos clássicos, depois
dos grandes sucessos de A Maldição de Frankenstein (1957)
e O Vampiro da Noite (1958), ambos dirigidos por Terence
Fisher e protagonizados por Peter Cushing e Christopher
Lee como mocinho e vilão, respectivamente. O trio se
repete em A Múmia (1959), que, apesar de se apresentar
como remake da produção de 1932, apropria-se de situações
e personagens das sequências menos prestigiadas do ciclo
da Universal. A própria múmia interpretada por Lee não é
Imhotep, como era o caso de Boris Karloff, e sim o sacer-
dote Kharis, que nos anos 1940 apareceu em três ocasiões
na pele (e sob as bandagens) de Lon Chaney Jr.
Na reinterpretação da Hammer, Kharis é o protetor
eterno da princesa Ananka, com quem manteve um romance
secreto que o levou à morte. Seu corpo foi mumificado e
escondido por séculos, sendo despertado por um grupo
de arqueólogos em 1895. Coincidência ou não, a trama se
inicia no ano de nascimento do cinema, escolha simbó-
lica do roteirista Jimmy Sangster que equipara a desco-
berta da tumba de Kharis/Tutancâmon à ascensão de um
mundo absolutamente novo em possibilidades de imagina-
ção. Tratando desse personagem retirado primeiro do noti-
ciário e depois retratado pelos filmes da Universal, Sangster

109
teve a habilidade de equilibrar os elementos, fazendo de
seu A Múmia um misto empolgante de mitologia, aven-
tura e horror.
Revivido e controlado por um egípcio enfurecido pelas
ações dos exploradores ingleses, a múmia Kharis passa a
eliminar as pessoas que violaram a tumba de sua amada. Na
exuberância colorida das cenas em estúdios da Hammer,
na elegância de Cushing, no virtuosismo físico de Lee e
na criativa direção de Fisher, A Múmia permanece como o
melhor e mais importante título de um ciclo bastante curto
de filmes com o monstro egípcio (foram apenas quatro
longas-metragens num período de 12 anos). Pela terceira vez
seguida, o público assistia à dupla Cushing-Lee se enfren-
tando em animados combates físicos cheios de trucagens
de cenário, câmera e montagem.
Enfaixado e com movimentos limitados, o monstro de
Lee tem um tipo de expressividade raro em se tratando de
um antagonista cujo rosto praticamente não pode ser visto,
misto da excelência do talento do ator e da maquiagem
de Roy Ashton. Em 1932, Boris Karloff aparecia por míni-
mos minutos sob a pesada bandagem (criada pelo lendário
Jack Pierce) e passava o restante do filme com a face livre,
fixando-se no olhar esvaziado de emoção e no caminhar
trôpego para transmitir a estranheza do personagem. No caso
de Lee, optou-se por mantê-lo sob o figurino mumificado,
àquela altura já clássico principalmente pelas sequências

110
do filme de 1932. O britânico de 1,93m aparece de cara
“limpa” (e artificialmente bronzeada) num longo flashback
sobre o passado e origem de Kharis no Egito antigo.
A Múmia ainda se notabilizou pela sequência final no
pântano que une todas as subtramas na perseguição defi-
nitiva a Kharis, ali já tratado como anti-herói inadvertida-
mente trágico e romântico. Sua derrocada na água fétida
do lugar adiantava em oito anos o clímax visualmente simi-
lar de Esta Noite Encarnarei no Teu Cadáver (José Mojica
Marins, 1967), quando Zé do Caixão afunda na lama após
ser perseguido. Considerando a época de exibição do filme
e a educação informal de Mojica dentro de um cinema de
rua gerenciado pelo pai na Vila Anastácio, em São Paulo,
não soa nada improvável que ele fosse um admirador do
filme de Terence Fisher.

AS SEQUÊNCIAS
Nenhum dos quatro filmes do ciclo de múmias da Hammer
se relaciona diretamente uns com os outros, mas algumas
características surgidas em A Múmia de Fisher se mantêm
em todos eles: tramas rocambolescas e confusas, que mistu-
ram romance, traição, exploração, vingança e ambição;
idealização extravagante de costumes e visuais do Egito
antigo, com figurinos coloridos, atores de pele escura ou
bronzeada e mulheres de pouca vestimenta; ingleses ou
norte-americanos interessados em relíquias do passado,

111
agindo colonialmente para ganhar dinheiro com descober-
tas arqueológicas, o que invariavelmente desperta as maldi-
ções que levam metade do elenco (ou mais) à morte; e as
múmias movidas por alguma força externa, geralmente um
egípcio ou uma bruxa conhecedores dos rituais de ressusci-
tação e controle. A depender do filme, todos os elementos
aparecem de formas mais ou menos bem integradas, o que
não era exatamente uma preocupação da Hammer, que
se utilizava disso tudo como leitmotiv das aparições das
múmias e das cenas de morte.
Eram produções de baixo orçamento, para manter a
indústria em andamento e permitir a feitura dos próxi-
mos filmes da produtora. Diferente de congêneres mais
prestigiados, como as longas séries com Drácula (9 filmes)
e Frankenstein (7), ou mesmo títulos mais aleatórios de
vampiros (6), a franquia da múmia teve só os quatro filmes
aqui comentados, sendo que o intervalo entre o de Fisher
(1959) e a segunda incursão do monstro (1964) durou longos
cinco anos. Além disso, o segundo e o terceiro exemplar
são parecidos por demais ao reciclar as bases do filme de
Fisher, como se os roteiristas da Hammer tivessem ideias
limitadas para tratar de múmias ao longo das várias incur-
sões necessárias a uma franquia.
Os próprios produtores da Hammer devem ter perce-
bido que não sabiam manejar tão bem o imaginário da
múmia como faziam em outras “marcas” do horror. Depois

112
de A Múmia (1959), todos os três filmes seguintes da série
foram produzidos como filmes B – literalmente, pois eles
compunham a segunda oferta em sessões duplas de títu-
los mais ambiciosos da Hammer. A Maldição da Múmia
(Michael Carreras, 1964) era atração posterior a A Górgona,
de Terence Fisher; O Sarcófago Maldito (John Gilling, 1967)
acompanhava Frankenstein Criou a Mulher, também de
Fisher; e Sangue no Sarcófago da Múmia (Seth Holt e Michael
Carreras, 1971) fazia par com O Médico e a Irmã Monstro,
de Roy Ward Baker.
Se a impressão pode ser a de que, depois de 1959, as
múmias não gozavam de tanto prestígio na Hammer, hoje
os três filmes pós-Fisher transmitem boa dose de liberdade
no trato com material geralmente limitado. Importava mais
criar experiências efêmeras de suspense e cenas divertidas
de assassinato do que fazer a coisa toda fazer muito sentido.
Era ainda o espaço ideal para alguns atores brilharem em
espontaneidade nos papéis, especialmente George Pastell
e Michael Ripper, dupla recorrente na Hammer, e Fred
Clark, sarcasticamente brilhante como o empresário ameri-
cano explorador Alexander King (o sobrenome não devia
ser por acaso) em A Maldição da Múmia. Ocasionalmente
uma ou outra guinada narrativa era experimentada, como
o segredo em torno do personagem de Terence Morgan em
A Maldição da Múmia, mas nada que suplantasse o barato
de ver aqueles seres se desequilibrando em faixas brancas

113
para dar cabo de vários personagens, às vezes adotando até
mesmo armas improvisadas, como a múmia empunhando
um machado em O Sarcófago Maldito.

A MÚMIA SEM FAIXAS


O quarto filme, apesar de também ter sido lançado como
filme B, teve tratamento especial e mais bem cuidado que
os dois anteriores. A começar pela escolha do enredo: em
vez de reciclar novamente os mesmos conceitos que, desde
a Universal nos anos 1930, vinham sendo levemente altera-
dos, a Hammer decidiu adaptar um romance que, à primeira
vista, parecia insuspeito de render um “filme de múmia”.
Escrito pelo irlandês Bram Stoker e lançado em 1903, A
Joia das Sete Estrelas foi a base do roteirista Christopher
Wicking para o que se tornou Sangue no Sarcófago da Múmia.
A ideia original até era manter o título do livro e aproveitar
o nome de Stoker como autor reconhecido por seu ampla-
mente famoso romance Drácula, de 1897. Porém, a Hammer
sentiu a oportunidade de renovar de imediato o interesse
em torno da figura da múmia e reuniu no novo título três
palavras-chave suficientemente objetivas e atrativas para
um público ávido por histórias de horror com aquele perso-
nagem sem identidade definida como os demais monstros
mais famosos.
Outro diferencial em Sangue no Sarcófago da Múmia é
o protagonismo (e a monstruosidade) de uma mulher – no

114
caso, a inglesa Valerie Leon, absolutamente exuberante no
papel duplo da rainha egípcia Tera e de Margaret, jovem
filha de um arqueólogo que se descobre a reencarnação
da monarca ancestral. A múmia interpretada por Leon
é bastante distinta de todas as anteriores no cinema até
então por não ser um cadáver enrolado em bandagens nem
ter a pele putrefata e muito menos caminhar lentamente
aos tropeções. Essa nova múmia aparecia ora no corpo de
Tera perfeitamente preservado em sarcófago, ora como
a própria Margaret possuída por sua herança maldita (e
normalmente andando espectralmente de lingerie pelos
corredores sombreados da mansão).
Indicando que a Hammer pretendia revitalizar os filmes
de múmia de maneira significativa, Peter Cushing foi esca-
lado para interpretar o explorador Julian Fuchs, pai de
Margaret. Seria o retorno do ator à franquia uma década
depois de enfrentar a múmia de Christopher Lee no primeiro
filme. Após seu primeiro dia de filmagem, Cushing preci-
sou se afastar do trabalho por conta da doença terminal
da esposa (que morreria pouco tempo depois). Para assu-
mir a vaga, entrou o escocês Andrew Keir, conhecido dos
espectadores britânicos por ter sido o sétimo ator a viver o
popular cientista Bernard Quatermass, em Uma Sepultura
na Eternidade (1967).
Sangue no Sarcófago da Múmia teve ainda outra baixa.
Na quinta semana de filmagem, o diretor Seth Holt sofreu

115
parada cardíaca fatal em pleno set. Para evitar prejuízos,
a Hammer decidiu não interromper a produção. Michael
Carreras, um dos sócios da produtora e diretor de alguns
dos filmes de sua própria empresa (inclusive A Maldição
da Múmia), concluiu o projeto.
Mesmo com tantos imprevistos, Sangue no Sarcófago da
Múmia se sustenta mais do que os dois títulos anteriores
da franquia. Trata-se de uma história muito mais próxima
do sobrenatural, ao lidar com energias, espectros e pode-
res místicos, do que as aventuras arqueológicas de horror
e morte feitas antes. A Hammer conseguiu se aproveitar
criativamente do material inacabado de Holt, inclusive
numa cena que aparentemente não pôde ser concluída: o
desastre de carro do namorado de Margaret, que ganhou
em impacto e intensidade devido à montagem fragmentada
de Peter Weatherly.
E para não dizer que inexistem corpos enfaixados em
Sangue no Sarcófago da Múmia, a cena final dá uma piscada
diretamente ao espectador, deixando-o, à época, ávido por
possíveis sequências. Que não vieram, porque a Hammer
não fez mais nenhum filme de múmia. O olhar angustiado
de Valerie Leon (Margaret? Tara?) foi a despedida enig-
mática de um pequeno e marcante núcleo de filmes, que
ampliaram e sedimentaram uma criatura constantemente
trazida de volta, para desespero de quem insiste em explo-
rar seus mistérios e belezas.

116
Filipe Furtado

FRANKENSTEIN,
O MALDITO
F
rankenstein tem que ser destruído – o título anun-
cia como um imperativo moral. O filme dará forma
a esta ideia e toda sua inevitabilidade. Se organizará
como uma máquina infernal de um determinismo sem
escapatória. A sequência inicial, sem diálogos, dá o tom,
uma armadilha envolvente que acrescenta novos elemen-
tos enquanto convida o espectador para dentro de si até a
revelação da presença do doutor e com ela toda a sua falta
de limites éticos e morais. O que sucederá nos próximos 90
minutos será de forma violenta, trágica e grotesca. O filme
faz esta trajetória de um gesto violento inicial às chamas
da conclusão e traz para dentro de si todos em seu plano,
porque dividir o quadro cinematográfico com o Dr. Victor
Frankenstein é uma garantia de mácula da qual é impossí-
vel sair impune.
Frankenstein Tem que Ser Destruído é o quinto filme da série
dos estúdios Hammer sobre o Doutor Victor Frankenstein
e o quarto dirigido por Terence Fisher, principal diretor
da casa. Os filmes de Frankenstein, mais do que quaisquer
outros, vieram a simbolizar e se confundir com a imagem
do estúdio inglês. O Drácula de Christopher Lee pertence
sobretudo ao magnetismo sexual do ator e foi carregado por

118
ele para inúmeros filmes do gênero feitos fora da Hammer,
mas o Victor Frankenstein de Peter Cushing é impossí-
vel de separar da tradição de horror desenvolvida na casa.
Existem outros dráculas que ensaiam o retrato desenvolvido
por Lee, por mais perfeito que ele seja no papel (de fato,
pode-se argumentar que O Vampiro da Noite se torna um
filme memorável pela maneira como Fisher e o maquinário
da Hammer o localizam contra a histeria do puritanismo
inglês). O Frankenstein de Cushing porém existe fora das
outras adaptações de Mary Shelley. Se Frankenstein Tem
que Ser Destruído é o ponto alto da série, é preciso traçar
esta tradição.
Existem alguns filmes associados à Hammer nos anos 30,
mas o estúdio tal qual imaginamos surgiu no pós-segunda
guerra. Em 1955, eles têm seu primeiro gosto do sucesso
graças a dois filmes de ficção científica baseados no temor
do outro, Terror que Mata (The Quatermass Xperiment),
de Val Guest adaptado do original de Nigel Kneale, e
O Estranho Mundo Perdido (X The Unknown) de Leslie
Norman e Joseph Losey. Dois anos depois, o estúdio faria
sua grande aposta conseguindo os direitos de vários mons-
tros clássicos até então filmados somente pela Universal e
lançando A Maldição de Frankenstein dirigido por Fisher.
Os motivos do sucesso dos filmes de monstro da Hammer
são bem perceptíveis: primeiramente o horror se permite
realizar a cores fortes com um poder sensual que o gênero

119
poucas vezes encontrara antes e isto era completo pela falta
de pudor com o qual Fisher o visualizava, a violência era
explícita e com ela o subtexto de desejo que a acompanhava.
Do espaço rígido da sociedade inglesa, os filmes da Hammer
promoviam um completo desarranjo. Por trás dessa fórmula
havia uma surpreendente consistência dramatúrgica. Se
o primeiro sucesso do estúdio no gênero apresentava um
horror de desconhecido num contexto pseudocientífico,
a maioria dos filmes posteriores do estúdio vão se basear
na ideia do horror da razão, um choque constante entre o
desconhecido e figuras intelectuais de curiosidade destru-
tiva, daí Victor Frankenstein como emblema do estúdio,
poucos serão os filmes da Hammer que não tenham algum
tipo de professor/doutor próximo ao centro da ação.
Entre os diretores do estúdio, nenhum produziu com tanta
constância memorável quanto Terence Fisher e nenhum
se dedicou com tanto afinco a esta ideia de desrazão, das
trevas da busca do conhecimento e o que elas escondem. Se
boa parte dos filmes pré-1957 de Fisher podiam ser descritos
como policiais sórdidos, seus filmes a partir de A Maldição
de Frankenstein traduzem esses termos para o filme fantás-
tico liberando a sordidez de qualquer preocupação natura-
lista. Fisher localiza no livro de Shelley a suspeita para com o
iluminismo da ideia do cientista punido por brincar de Deus
e a expande. Um bom exemplo disso pode ser encontrado
num dos lugares mais inesperados: sua adaptação de O Cão

120
dos Baskervilles de Conan Doyle, feita em 1959. O Sherlock
Holmes de Fisher vivido novamente por Peter Cushing tem
a sua habitual arrogância intelectual caricaturada ao limite,
se transforma numa figura desagradável e manipuladora
movida majoritariamente pelo desejo de ver suas ideias e
intuições confirmadas independente do custo humano, a
trama original se transforma num grande experimento para
provar a destreza intelectual de Holmes. Ao final, admira-
mos a sua intuição tanto quanto nos horrorizamos com sua
falta de empatia. Fisher e Cushing colaboraram em mais
de uma dúzia de filmes e, em quase todos eles, o ator faz o
mesmo monstro moral: um sadista disposto a sacrificar tudo
e todos em nome do que acredita. Em O Vampiro da Noite,
por exemplo, o seu Abraham Van Helsing é uma figura de
inquisição de imenso fervor religioso cujo desejo ao derrotar
a criatura é o de devolver as mulheres londrinas à repressão
sexual da qual Drácula as despertara.
Nesse contexto, fica claro que a maior criação será Victor
Frankenstein. Diretor e ator colaboraram em 5 filmes do
personagem: A Maldição de Frankenstein (1957), sua sequên-
cia direta A Vingança de Frankenstein (1958) seguidos quase
uma década depois por …E Frankenstein Criou a Mulher
(1967) e este Frankenstein Tem que Ser Destruído (1969) e
depois um epílogo em Frankenstein e o Monstro do Inferno
(1974) com Fisher saindo da aposentadoria num momento já
bastante incerto do estúdio. Os filmes dos anos 50 e dos anos

121
60 funcionam em pares. Os dois primeiros ainda bastante
ligados ao romance de Shelley e os dos anos 60 com a curio-
sidade intelectual do bom doutor atualizada em filmes de
época com dívidas claras para com o fim dos anos 60 e uma
dramaturgia prevista na tragédia romântica que amaldiçoa
todos que se encontram com a cruzada dele. O que primeira-
mente impressiona em A Maldição de Frankenstein é o caráter
desprovido de possibilidades redentoras do personagem prin-
cipal. Se em outras versões do romance de Shelley o doutor
é um homem cuja arrogância termina levando o melhor de
si colocando seu experimento à frente da vida pessoal, não
haverá ambiguidades possíveis no filme de Fisher: trata-se
de um crápula desde seu primeiro plano, um fanático com
uma missão e para qual todos existem somente como instru-
mento. A série posterior vai toda se construir a partir de
variações sobre este princípio, Victor Frankenstein sendo
colocado sempre diante de situações que atiçam sua perver-
são e sadismo, jamais nos decepcionamos com ele porque o
olhar de Cushing desde o seu primeiro plano jamais deixou
dúvidas, é um homem em transe diante do próprio poder,
que se move para liberá-lo por completo. Cabe a Fisher posi-
cionar esta fantasia de poder contra uma sociedade inglesa
de rigidez sufocante.
Na altura de Frankenstein Tem que Ser Destruído a fórmula
da série não podia estar mais estabelecida: o doutor chega
a uma nova cidade pequena, corrompe um jovem auxiliar

122
enquanto exerce seus experimentos, a sociedade local reage
de alguma forma, vários personagens coadjuvantes pagam
o preço da proximidade com Frankenstein enquanto a ação
se resolve de forma trágica e violenta. O movimento dramá-
tico da série se encontra na maneira como o catálogo de
depravações do personagem principal se acumula. Daí, o
imperativo moral do título, o filme composto para ser o
desfecho da trajetória de Frankenstein pois já não vê para
onde ele pode ir, já não há aqui sequer o performativo
ato de dissimular um caráter científico para seus gestos.
Cushing não esconde seu desprezo por outros médicos e
cientistas e quando menciona o juramento de Hipócrates
o faz com contido ultraje, não se trata mais de afirmar o
próprio gênio, mas ridicularizar as amarras morais do outro.
Victor Frankenstein abandonou o mundo dos homens, já
não dissimula a própria monstruosidade, é pura vontade
de poder e o que ela deixa pelo caminho.
No filme, no lugar de um auxiliar corrompido temos, de
certa forma, dois. Haverá Brandt, o cientista enlouquecido
que um dia dividiu sua pesquisa com o doutor (vivido de
forma catatônica por George Pravda pela maior parte do
filme e muito memorável no ato final por Freddie Jones)
e Karl (Simon Ward), o jovem médico que Frankenstein
descobre desviando cocaína de um sanatório e chanta-
geia para ajudar com seus experimentos e na extração de
Brandt. A trama do filme envolve a busca por uma fórmula

123
que Brandt tem perdida em sua mente que deveria ajudar
nos experimentos de Frankenstein, mas o filme pouco se
preocupa com ela para além de uma desculpa narrativa
(Cushing parece cada vez mais hábil na sala de operação).
O que importa são os efeitos destrutivos de Frankenstein
sobre os dois casais na sua órbita: Brandt e sua esposa Ella
(Maxine Audley), incapaz de desistir do marido enlou-
quecido a despeito dos apelos das autoridades, e Karl e
sua namorada Anna (Veronica Carlson) arrastada para a
chantagem do doutor. Boa parte da trama transcorre no
entorno da figura de Brandt que tem a chave de tudo, é o
símbolo dos efeitos nocivos de Frankenstein e também seu
novo experimento.
Para sua conclusão, o filme move a perspectiva de
Frankenstein para ele como se chegássemos a um ponto em
que já não é possível acompanhar as atividades do cientista.
É quando o filme faz seu movimento final e assume que
é sobre as consequências do reinado de horror de Victor
Frankenstein. Jones protagoniza duas das melhores sequên-
cias de todo o cinema de Fisher: a primeira quando acorda
pela primeira vez com o cérebro transferido para um novo
corpo e tateia pelo espaço, ator e diretor bem conscientes do
peso dramático de uma mente se reeducando para um novo
corpo e a cena ganha força porque, Brandt, ao contrário dos
experimentos habituais de Frankenstein, tem plena cons-
ciência do que se transcorreu, então a sequência é menos

124
de choque e horror, mas de terrível aceitação. Igualmente
forte é a sequência posterior em que Jones prepara o reen-
contro com a esposa como uma construção teatral pensada
para manter seu novo rosto incógnito com Fisher fazendo
ótimo uso do romantismo, geralmente em segundo plano
dos seus horrores góticos, permitindo que a tragédia dos
Brandts e a sombra de Frankenstein ecoem com força. De
fato, cada sequência com Brandt na parte final tem uma
potência dramática muito forte se movendo em direção a
justificar a força do confronto entre Brandt e Frankenstein.
É interessante observar como Brandt aos poucos toma
o papel de contraponto a Frankenstein. A princípio, essa
função parece pertencer a Karl, que aos poucos se reduz a
mais um peão caído em danação por cruzar o caminho de
Victor Frankenstein. Ward tem uma cena muito boa na qual
confessa cometer um assassinato, mas no geral Frankenstein
Tem que Ser Destruído está no seu mais fraco quando Karl
e Anna estão no seu centro. São personagens muito longe
de inocentes (o filme se orgulha de ser um retrato da pati-
faria humana, amplo demais para permitir isso), mas eles
raramente funcionam para além dos seus papéis de vítimas
mesquinhas por demais passivas nos esquemas dramáti-
cos do filme. A ditadura do crível faz com que o filme, por
repetidas vezes, afirme por que eles não podem escapar
da influência de Cushing, o que tem o efeito de reforçar o
absurdo da situação em vez de dissipá-lo. Há algo monótono

125
em como as mesmas afirmações sobre a necessidade de
fuga se ecoam com pouca resolução. Nessas cenas, Fisher
bate ponto talvez porque, por mais interesseiros que sejam,
Anna e Karl são normais demais para o catálogo violento
e grotesco que o diretor constrói. Carlson ao menos tem a
oportunidade de protagonizar uma das melhores sequências
do filme quando precisa ocultar um corpo em meio a um
acidente hidráulico com o domínio de tensão de Terence
Fisher colocado em muito bom uso.
Carlson também está no centro da cena mais polêmica do
filme. Quando do lançamento de A Maldição de Frankenstein
a Hammer se notabilizara por entregar momentos de horror
que seus concorrentes americanos se recusavam a mostrar.
Como a década de 1960 é no cinema comercial também
a história da queda da censura, acompanhar a década da
Hammer é também acompanhar uma história sobre tatear
o aceitável de se explicitar. Próximo ao final das filmagens
de Frankenstein Tem que Ser Destruído, o estúdio baixa o
memorando, o distribuidor americano está infeliz com os
copiões e a suposta falta de violência e sexo e, portanto, o
estúdio resolve acrescentar uma sequência na qual Victor
Frankenstein estupraria Anna. Ninguém envolvido com o
processo criativo do filme ficou feliz com a história. Fisher
nunca escondeu o incômodo com excessos violentos em
alguns de seus últimos filmes, sempre preferindo suges-
tão ao gore e tanto Carlson quanto Cushing se mostraram

126
desconfortáveis com a situação. A atriz se refere ao dia da
filmagem como a atmosfera mais pesada que encontrou
num set do estúdio. Cushing por fim usou seu poder de
estrela para se recusar a filmar a cena tal qual escrita com
Frankenstein rasgando as roupas de Anna. Fisher, por fim,
entregou a encenação da cena ao casal de atores que decidiu
o que lhes era confortável filmar. A sequência final segue
bastante gratuita (e por vezes é suprimida nas cópias ingle-
sas), mas a ênfase é movida em direção a realçar a sede de
poder e desejo de Frankenstein.
As ações de Frankenstein como sempre acontecem contra
um pano de fundo social muito bem definido. As sequên-
cias iniciais nas quais Cushing discute com os moradores
locais e as passagens no sanatório com grande atenção para
as politicagens internas do espaço. Como sempre Victor
Frankenstein é um monstro moral que irrompe contra uma
ordem social que pouco merece defesa e Fisher encon-
tra uma tensão constante a partir dessa ambiguidade. Há
no filme o grande achado do inspetor que “investiga” os
crimes, figura de alívio cômico, movida exclusivamente
pelo autointeresse e preservação pessoal. Os retornos pontu-
ais para além sempre oferecem um escape do filme que
ao mesmo tempo enriquecem o conflito de Frankenstein
contra o mundo. Por exemplo, quando um dos assisten-
tes corretamente sugere que o assassinato cometido por
Karl era obra de um médico pela precisão do ataque, é

127
rapidamente ignorado porque o inspetor está lá somente
para manter uma ordem que não inclui a ideia de que médi-
cos possam cometer crimes violentos. Que a oposição legal
a Frankenstein seja tão patética, e que o empecilho narra-
tivo convencional seja uma figura tão maculada e inepta
quanto Karl, abrem caminho para que o desenlace final se
dê entre os dois cientistas psicóticos.
Trata-se de um dos filmes mais bem dirigidos de Fisher.
Seu olho para composição pictórica sempre inspirado está
em forma. O uso dos motivos recorrentes do gênero é
bastante criativo. Frankenstein Tem que Ser Destruído é um
catálogo de depravações e violências protagonizadas por
um Cushing desavergonhado. O uso de som para sugerir
o que a imagem de Fisher se nega é dos melhores do estú-
dio, muito eficaz na promessa de horrores. Há no filme
uma negociação constante entre o explícito e o sugerido.
A sequência em que Frankenstein opera Brandt é muito
forte nesse sentido, com atenção para acúmulo de detalhe,
muito bem observada. A atmosfera do filme tem uma carga
sombria que reforça o caráter de Frankenstein no filme.
O que nos leva de volta à questão inicial “Frankenstein
tem que ser destruído”, o filme nos anuncia do início. Não
morto, destruído. O termo deixa claro o imperativo. O
filme é o movimento até as chamas. A justificativa e cami-
nho até a purgação. Seu sucesso depende tanto em justifi-
car a pirotecnia do desfecho como de encená-la com força.

128
Existe um movimento claro nesses filmes de Frankenstein de
Fisher e da Hammer: o primeiro filme já anuncia a maldi-
ção, os filmes seguintes vão operar todos pela mesma lógica,
Victor Frankenstein como o maldito que a todos corrói.
Frankenstein Tem que Ser Destruído leva este processo até
onde pode, onde se atravessa a última linha de humani-
dade. Cabe a Fisher encenar este confronto entre o Victor
Frankenstein de Peter Cushing e o Doutor Brandt de Freddie
Jones, confronto que retomando a abertura é apresentado
como uma armadilha incontornável, Fisher sabe que seu
filme é determinista e que não há esperança para nenhum
outro final além dos malditos perdidos nas chamas.

129
Carlos Primati


MUITO ALÉM DE
FRANKENSTEIN E
DRÁCULA:
A MARAVILHOSA
GALERIA DE MONSTROS
DA HAMMER
Q
uando a produtora inglesa Hammer tomou de
assalto o cinema mundial com suas versões moder-
nizadas de Frankenstein e Drácula, em 1957 e
58, respectivamente, o sucesso estrondoso dessas obras
motivou Michael Carreras e seus associados no estúdio
britânico a revisitar o restante do catálogo de monstros
clássicos do cinema. Desta maneira, inspirando-se em
especial nas consagradas criações da companhia ameri-
cana Universal, deram nova roupagem (ou, dependendo
do caso, bandagens ou pelagem) a personagens famo-
sos internacionalmente como o Fantasma da Ópera, a
Múmia e o Lobisomem, entre outras figuras canônicas
do imaginário do horror, eventualmente chegando inclu-
sive aos ainda não muito populares zumbis.
Causando uma espécie de “invasão britânica” no
gênero, depois de um quarto de século vendo Hollywood
se apropriar de suas próprias criações terríficas – afinal,
a maioria desses personagens, incluindo Drácula,
Frankenstein e Jekyll & Hyde, surgiu na literatura do
Reino Unido do século XIX –, a Hammer se transfor-
mou na nova casa (ou castelo) dos monstros clássicos.
Não apenas inserindo doses generosas de sexo e sangue,

131
mas também fotografia colorida e tela panorâmica, essas
produções formaram o primeiro importante ciclo de
refilmagens do horror. O cinema inglês enfim aderia
ao gênero fantástico e sua vasta e valiosa contribuição
se tornaria referência e parâmetro para muitas gera-
ções futuras de realizadores de horror, ficção científica
e fantasia.

O MONSTRO QUE VEIO DO FRIO


Porém, há um prólogo para esta história: entre o monstro
esverdeado costurado a partir de cadáveres e o vampiro
sedutor bebendo sangue vermelho vivo, outra criatura,
mais mítica e lendária, chegaria às telas numa produção
da Hammer. O Monstro do Himalaia (The Abominable
Snowman), a única criatura monstruosa do estúdio britâ-
nico a ser filmada em preto e branco (mas já com tela larga,
no sistema HammerScope), teve direção do veterano Val
Guest, cineasta de pouca intimidade com o horror, mas
especialista em filmes de aventura. Com argumento e roteiro
de Nigel Kneale (mais conhecido como o criador do seriado
de ficção científica do Professor Quatermass), o filme foi
adaptado de um teledrama de sua própria autoria transmi-
tido ao vivo pela BBC em 1955, estrelado por Peter Cushing.
O ator americano Forrest Tucker, de razoável populari-
dade, foi contratado para estrelar a versão cinematográ-
fica, seguindo um acordo da Hammer com distribuidores

132
estadunidenses, e que traz Cushing de volta ao papel do
Dr. Rollason, um explorador da vida selvagem em busca
do mítico Yeti nas montanhas geladas do Himalaia.
Embora o filme às vezes seja esquecido quando se pensa
no legado da Hammer – talvez por ser em preto e branco,
contrastando com a novidade incrível que foi colocar cores
no horror cinematográfico – O Monstro do Himalaia abri-
lhantou a galeria de criaturas do estúdio com o primeiro
importante filme sobre o mítico Abominável Homem das
Neves. A fera do gelo até então só havia sido tópico para
filmes de baixo nível e mínima importância, como The
Snow Creature (O Terror do Himalaia), de 1954, dirigido W.
Lee Wilder, o irmão menos esperto de Billy Wilder; e Man
Beast, de 1956, exibido no Brasil (somente na TV) também
como O Monstro do Himalaia, com direção do inapto Jerry
Warren, frequentemente apontado como sendo um dos
piores cineastas da história – e, justamente por isso, trans-
formado em objeto de culto.
Segregado a um escalão inferior devido à grandeza das
sagas de Drácula e Frankenstein, o Yeti da Hammer é quase
tão pouco visto quanto a criatura mítica que o inspirou,
tornando-se uma espécie de relíquia do estúdio, talvez por
não se encaixar no cenário mais exaustivamente explorado
pelas produções de horror vindas da Inglaterra: a miste-
riosa, sangrenta e turbulenta Era Vitoriana.

133
CIÊNCIA DO MAL E MONSTRUOSIDADE
NA ERA VITORIANA
As décadas finais do século XIX no Reino Unido foram
determinantes para a formação dos pilares da ficção de
horror, primeiro na literatura, depois no drama e, poste-
riormente, no cinema. Os estertores do período oitocentista
inglês – e mais particularmente londrino – ficaram marca-
dos no imaginário popular pelos cenários de ruas tortuo-
sas envoltas pelo fog e mal iluminadas por lampiões; pelas
carruagens fechadas em misteriosas viagens noturnas, pelos
pubs decadentes, os antros de criminalidade, prostituição,
bebedeira – e a epidemia de sífilis. Cenário este que seria
transformado nas décadas seguintes pela eletricidade, pelos
automóveis e pela descoberta da penicilina.
A narrativa de horror britânica, apoiada por um maca-
bro folclore urbano (incluindo Sweeney Todd, o diabólico
barbeiro assassino que fornecia carne humana para recheio
de tortas) e uma brutal história de violência real (com os
violadores de túmulo Burke e Hare e os sangrentos crimes
de Jack, o Estripador), ganhou impulso com obras semi-
nais – que não tardariam em saltar das páginas dos livros
às telas de cinema – dos autores irlandeses Sheridan Le
Fanu (Carmilla), Oscar Wilde (O Retrato de Dorian Gray)
e Bram Stoker (Drácula), e dos escoceses Robert Louis
Stevenson (O Médico e o Monstro) e Arthur Conan Doyle,
criador do detetive particular Sherlock Holmes.

134
Deste último, a Hammer acrescentou a sua coleção
de clássicos uma das versões mais eletrizantes de O Cão
dos Baskervilles (The Hound of the Baskervilles), lançada
em 1959 e trazendo Peter Cushing como Holmes e André
Morell no papel do Dr. Watson, e ainda Christopher Lee
como o malfadado herdeiro da lendária maldição envol-
vendo um sanguinário cachorro fantasmagórico. A dire-
ção é de Terence Fisher, o magistral artesão da Hammer,
responsável por quase trinta produções do estúdio inglês –
começando em lúgubres filmes policiais antes de aderir ao
horror – e um cineasta do primeiríssimo escalão do gênero
fantástico. Fisher imprime um ritmo frenético à narrativa,
a qual desenrola uma complicada trama com novas infor-
mações e reviravoltas pipocando na tela a todo instante; o
tipo de enredo que em mãos menos habilidosas se tornaria
confuso, até mesmo incompreensível, mas o primor da dire-
ção torna o espetáculo um deleite a corações e mentes.
Fisher assina outros dois exemplares tipicamente vito-
rianos, unidos por temas como o elixir da eterna juventude
e a busca obsessiva da essência da maldade humana, que
acaba cindindo a personalidade entre “homem” e “mons-
tro”. O primeiro deles é uma pequena joia pouco conhe-
cida do estúdio inglês: O Homem que Enganou a Morte (The
Man Who Could Cheat Death), de 1959, é ambientado
em Paris, no ano 1890, mas a cidade francesa é facilmente
confundida com Londres, incluindo o fog que torna ainda

135
mais ameaçadoras as ruas mal iluminadas. O alemão Anton
Diffring, ator de extensa carreira que interpretou principal-
mente oficiais nazistas, é um cientista excêntrico – que em
seus momentos de ócio também se dedica à escultura de
belos bustos femininos – que descobriu uma fórmula para
se manter sempre jovem. Embora ele pareça ter 35 anos, na
verdade tem 104, mantendo secretamente a jovialidade por
meio da extração da glândula paratireoide de uma vítima
a cada ciclo de dez anos.
Mais uma vez Christopher Lee se faz presente como
antagonista, disputando com o cientista de eterna juven-
tude o amor de Hazel Court, uma das grandes musas da
Hammer – e que neste filme protagonizou uma breve cena
de nudez feita para o mercado europeu continental, foto-
gramas que se perderam para sempre nos arquivos do estú-
dio. O roteiro de Jimmy Sangster é baseado na peça de
Barré Lyndon, The Man on Half Moon Street, filmada pela
primeira vez em Hollywood – de maneira mais melodra-
mática – como O Homem que Desafiou a Morte, em 1945. A
trama, com sua filosofia hedonista e a celebração do corpo
permanentemente atraente e jovem, é muito similar à do
clássico vitoriano O Retrato de Dorian Gray, de Oscar Wilde,
com a imortalidade aqui sendo alcançada pela ciência, em
vez do pacto diabólico.
A busca do valor do bem e do mal no ser humano volta
à baila em O Monstro de Duas Caras (The Two Faces of Dr.

136
Jekyll), de 1960, novamente com Fisher na direção em outra
adaptação da obra de Robert Louis Stevenson – embora
seu nome não conste nos créditos, que indicam apenas o
roteirista Wolf Mankowitz. A história se passa em Londres,
em 1874, e acompanha as pesquisas científicas do abne-
gado e um tanto recluso Dr. Henry Jekyll, interpretado pelo
canadense Paul Massie, ator de carreira modesta, em seu
único filme de horror, num desempenho bastante compe-
tente. O cientista renuncia à vida acadêmica e desenvolve
seu trabalho de maneira independente, empenhando-se
tanto nisso, enfurnado em seu laboratório caseiro, que negli-
gencia a esposa, a jovem, bela, irresistível – e nada fiel –
Kitty (Dawn Addams). A moça tem um caso com Paul
(Christopher Lee), o melhor amigo de Henry, que leva uma
vida desregrada, entregue a vícios com mulheres, bebidas
e jogos, e que conta com a ingênua generosidade de Jekyll
para pagar suas incessantes dívidas de jogatina.
A pesquisa que Jekyll desenvolve é uma fórmula química
capaz de liberar o homem de questões morais sobre bondade
ou maldade. Ele anseia desvendar o que denomina “o homem
como ele deveria ser”; e, ao experimentar ele mesmo o soro,
acaba liberando seu lado violento, ao qual dá o nome de
Edward Hyde. A novidade desta versão da clássica novela
de Stevenson é que a transformação faz de Jekyll, um cien-
tista de aparência pouco agradável, desajeitado, patético, de
barba e sobrancelhas espessas, num homem bonito, jovial,

137
sedutor, enérgico… e extremamente violento. Liberto de
convenções morais, Jekyll assume em segredo seu lado
Hyde e sai pela noite para aproveitar os prazeres da vida,
em especial mulheres, mas também drogas ilícitas. Nesta
versão, Hyde não é um assassino descontrolado, e sim um
hedonista manipulador, e outro ponto interessante é, na
persona de Hyde, ele tentar conquistar sua própria esposa,
a qual, sem saber se tratar do marido, o rejeita. Duplamente
recusado, ele arquiteta um frio plano de vingança contra
Kitty e Paul.
Mais de uma década depois, a Hammer investiu em
outra recriação da obra de Robert Louis Stevenson – desta
vez dando o devido crédito ao autor – com O Médico e a Irmã
Monstro (Dr. Jekyll & Sister Hyde), lançado em 1971, com
direção de Roy Ward Baker. Henry Jekyll (Ralph Bates) é
um jovem, brilhante e solitário cientista que pesquisa anti-
vírus com o objetivo de erradicar doenças como difteria,
cólera e tifo, mas quando se dá conta de que não viverá o
bastante para encontrar todos os antídotos, decide traba-
lhar num elixir da vida, o segredo da eterna juventude.
Chegando à conclusão de que os hormônios femininos são
a resposta do prolongamento da existência, ele passa a utili-
zar glândulas de mulheres mortas para preparar uma solu-
ção química. Porém, quando decide testar em si a fórmula,
ele se transforma numa mulher; ou melhor, em sua “irmã”
Hyde (Martine Berwick).

138
O enredo extravagante e um tanto ousado, escrito por
Brian Clemens, explora de maneira provocativa a dualidade
sexual de Jekyll/Hyde, bem de acordo com os liberais anos
setenta que estavam apenas iniciando (claro que ainda está-
vamos longe de Rocky Horror Picture Show, por exemplo).
Exceto por essa novidade identitária, a narrativa é bastante
convencional, às vezes morosa, e inclui na história os ladrões
de cadáveres Burke e Hare; e, mais adiante, os crimes de
Jack, o Estripador, quando cessa o suprimento de corpos
frescos e Jekyll se torna um cruel assassino de prostitutas,
aterrorizando Whitechapel. Curiosamente, no mesmo ano
a Hammer filmou uma versão mais direta da história do
famoso assassino londrino: As Mãos do Estripador (Hands
of the Ripper), dirigido por Peter Sasdy, no qual também é
uma moça – descendente de Jack – quem comete os crimes.
A dupla de protagonistas é o que O Médico e a Irmã
Monstro tem de melhor. Ralph Bates era a aposta jovem
da Hammer naquele momento, na tentativa de atrair um
público renovado: ele tinha 30 anos quando fez O Sangue
de Drácula (1970) e Horror de Frankenstein (1970), substi-
tuindo o veterano Peter Cushing no papel do cientista. A
seguir fez Luxúria de Vampiros (1971) e um punhado de
filmes medíocres de horror ao longo da década. A modelo
e atriz jamaicana Martine Beswick, que já era conhecida
como “Bond girl” em duas aventuras de 007 (Moscou contra
007 e 007 contra a Chantagem Atômica) assumiu o papel da

139
“irmã” monstro depois que Caroline Munro recusou o papel
devido à exigência de aparecer nua em cena. A semelhança
nas feições de Bates e Beswick confere ao filme um encanto
especial e deixa uma marca na história do gênero.

UM MONSTRO DOS NOVOS TEMPOS


A transição da Hammer para a década de 1970 foi compli-
cada e um tanto traumática, em parte devido à relutância
em abandonar as ambientações vitorianas e a dificuldade
para se adaptar ao cenário contemporâneo, resultando em
excentricidades como Drácula no Mundo da Minissaia
(1972) e ousadias como Uma Filha para o Diabo (1976).
Eventualmente, depois de quase duas décadas de intensa
produção, vampiros, múmias e lobisomens soavam anacrôni-
cos numa época tomada por horrores mais realistas e menos
românticos, e o estúdio cessou sua produção cinematográ-
fica. Mas ainda houve tempo para uma ligeira espiadela no
futuro do gênero…
Recorrendo a um tema até então explorado de maneira
apenas marginal e esporádica pelo cinema, Epidemia de
Zumbis (The Plague of the Zombies), de 1966, dirigido por
John Gilling, trouxe os mortos-vivos pela primeira vez a
cores nas telas – e num cenário oitocentista. O filme acabou
criando uma ponte entre os zumbis clássicos, de obras como
Zombie, a Legião dos Mortos (1932), sobre escravos negros
mantidos em transe para trabalhar nas plantações, e os

140
ressuscitados que saem dos túmulos em busca de carne
fresca, modelo consagrado por A Noite dos Mortos-Vivos,
produção independente filmada em Pittsburgh pelo estre-
ante George A. Romero, apenas dois anos depois, em 1968.
O diretor John Gilling é um nome de destaque do cinema
fantástico britânico: foi roteirista de O Maquiavélico William
Hart (1948) e diretor de Os Monstros da Morgue Sinistra
(1960), ambos sobre os ladrões de túmulo Burke e Hare;
e para a Hammer realizou como diretor e/ou roteirista A
Górgona (1964), A Serpente (1966) e O Sarcófago Maldito
(1967), entre outros. Quando estava morando na Espanha,
em meados dos anos setenta, abandonou brevemente a
aposentadoria para fazer outra contribuição ao cinema
de zumbis com A Cruz do Diabo (1975), espécie de obra
apócrifa dos “muertos sin ojos” de Amando de Ossorio.
Mas foi em Epidemia de Zumbis que foram vistos pela
primeira nas telas cadáveres redivivos saindo de seus caixões
e se levantando dos túmulos para atacar os vivos. É uma
cena de pesadelo dentro do filme, mas acabaria apon-
tando para o futuro desse subgênero no cinema; um futuro
profético que a companhia britânica não chegou a desfru-
tar, mas que exerceu um papel importante ao transportar
mortos-vivos do século XIX para os tempos modernos, e
ampliar a galeria de monstros que formam o alicerce do
horror cinematográfico.

141
Eduardo Reginato

VÍTIMAS, JAMAIS!
O UNÍVOCO
ENTRE CARMILLA E
INGRID PITT
N
ão pestaneje. A forma licantrópica de um misterioso
felino agulhará as presas em tua pele, sorvendo tua
vida a cada madrugada.
Os olhos felinos surgirão em CinemaScope transitando
entre P&B e cores no inquieto sono virginal.
Subitamente, após o grito noturno que interrompe o
pesadelo, Carmilla correrá de onde nunca saiu e fingirá
que socorre a quem ela sucumbe. Drena a virgem pelo
amor de que necessita para dividir o etéreo e o eterno na
fria mortalha violeta que tanto a envolveu em suas danças
“butô” macabras entre orbes e fogos-fátuos no cemitério
dos Karnsteins.
Seriam tão doces e desejáveis esses lábios. Seria tão
indolente a indiferença de teu rosto, traída por teus olhos
castanhos como um outono eterno que espalha folhagens
sobre a beleza das beldades que deseja.
Saiba que Le Fanu havia predestinado você, Ingrid
Pitt, para encarnar o belo espírito vampírico, a mulher que
não é vítima, a criatura altiva que poderia ser exemplo e
inspirar tantas mulheres vítimas de homens tóxicos, toscos,
cafonas e torpes.

143
Revele suas presas, “rasgue” gargantas barbadas, silen-
cie imbecis. Tua força estava em teu coração eterno que
não bate, mas sussurra ventos longínquos.
Os beijos em chiaroscuro revelam silhuetas ansiosas
para se tornarem escuridão na película que tantos voyeurs
apaixonados trincam dentes e cravam unhas no encosto
das poltronas em cinemas com olhos maravilhados.
Os homens são tuas vítimas e as mulheres teus amores.
Tua resiliência fora duplamente provada: como persona-
gem que luta contra a fome e pelo amor e como mulher
real que lutava com fome para fugir dos horrores de lobi-
somens que não eram os belos homens lobos do cinema
e da literatura.
“Nasci no maior show de horror do século, as brutalida-
des do regime nazista”, dizia a bela sobrevivente, nascida
na Polônia, filha de uma mãe judia e um pai alemão que
era cientista e se recusou a trabalhar no programa nazista
para desenvolver foguetes. Não há horror maior do que esse
que assombrava seus dias e suas noites que não lhe deixava
descansar ou dormir. Não há horror maior do que imbe-
cis seguindo um “mítico” autoritário, que antes fora um
incompetente pintor e político irrelevante, e que, graças a
uma poderosa máquina de propaganda ideológica fascista,
expandia uma ideologia política eugênica de extermínio. O
horror real preenchia todo o horizonte de Ingoushka Petrov,
a menina de 5 anos que um dia seria Ingrid Pitt, quando ela

144
e sua mãe foram enviadas para o campo de concentração
de Stutthof, na região circundante do porto do mar Báltico,
onde permaneceram por três anos em trabalhos forçados e
conseguiram fugir graças à um ataque da resistência polo-
nesa. Infelizmente, não tiveram a mesma sorte as sessenta
e cinco mil pessoas que morreram em Stutthof.
Durante mais de um ano, ela conviveu com guerri-
lheiros da resistência, entre penúrias e esconderijos em
pântanos e florestas, antes de conseguir chegar à Berlim
do pós-guerra.
Na juventude cursou medicina, formação da qual se
desviou para vivenciar o encantamento dos palcos. Assim,
tornou-se membro da companhia de teatro Berliner Ensemble
de Bertolt Brecht. Nesse tempo, enamorou-se por Roland
Pitt, um oficial da marinha dos Estados Unidos, que a ajudou
a fugir do regime comunista da Alemanha Oriental e com
quem logo se casou. Depois de viver por um período em
uma base militar do Colorado, divorciou-se e partiu para a
Europa com sua filha, Steffanie. Voltou assumida no nome
de Ingrid Pitt e fez pontas em vários filmes como Doutor
Jivago (1965), de David Lean, O Desafio das Águias (1968),
de Brian G. Hutton e o cultuado O Homem de Palha (1973),
de Robin Hardy.
Foi o produtor de cinema Sir James Enriqué Carreras,
um dos fundadores do lendário Estúdio Hammer, que a
escalou para personificar Carmilla em uma livre adaptação

145
da novela homônima escrita em 1872 pelo irlandês Sheridan
Le Fanu. Jimmy Carreras, como Pitt o chamava, escolheu-a
por acreditar que ela possuía uma incrível aura de misté-
rio e sensualidade. Talvez os executivos da Hammer nem
imaginassem que Carmilla se tornaria a mais cultuada e
sensual vampira da história do cinema de horror.
Carmilla é a exaltação da mulher em seu estado primor-
dial. A representação da força da natureza de uma criatura
que fora humana, mas se tornara uma deusa pagã, com sua
morte em volta de elementos amaldiçoados.
Segundo Simone de Beauvoir, em seu livro O Segundo
Sexo, “o homem espera da posse da mulher mais do que a
simples satisfação de um instinto; ela é o objeto privilegiado
através do qual ele domina a Natureza”. Mas, a Natureza
de Carmilla não pode ser dominada. Ela é Aditi, Afrodite,
Iemanjá, Artemis, Astarte, Lilith, Atropos, Bhairavi, Cipactli,
Kali, Maeve, Minerva, Nemesis, Oxum, Maria, Joanna,
Lilian, Aisha, Gabriela, Juliana, Dilmara, Sonia, Jussara,
Cláudia, Bethânia, Janaina, Renata, Francisca, Arlete,
Raimunda, Nair, Aracy, Márcia, Esmeralda, Esperança,
Mari, Ellen e milhões de outras.
Na novela de Sheridan Le Fanu e na sua adaptação mais
fiel produzida pelo estúdio Hammer, a vampira se apre-
senta como Marcilla ou Carmilla que é um anagrama de
seu nome original Mircalla – nesse artigo apenas utilizarei o
nome Carmilla ao qual é referência das obras mundialmente.

146
Carmilla é um espírito vampírico da amaldiçoada famí-
lia Karnstein que vaga pela Estíria, um estado da Áustria
centro-oriental, buscando acolhimento nos abastados burgos
da região. Após acolhida se enamora por jovens mulheres em
busca de afeto, mas a fome por sangue é maior que seu amor.
O amor e o sangue correm pela eternidade do poder femi-
nino. Esse poder primevo sobre o tempo, a vida, a morte,
mundo e o homem. No caso do vampirismo, o elemento vital
de um misturado ao elemento vital do outro: o unívoco.
A vampira ama e se alimenta do sangue que é bombe-
ado pelo desejo, mais forte no jato arterial que preenche
sua existência carnal e a mantém eterna em sua existên-
cia etérea. Sua procura pelo amor, obstante mortal, é a
procura pelo laço de afeto que todos almejam. Porém, o
diferencial de Carmilla é que ela sustenta seu individua-
lismo, protege sua integridade e sua verdade equilibrando
o difícil ato de amar em qualquer tempo – seja humano,
monstro ou deidade.
Em seu cultuado livro Mulheres que Correm com Lobos,
Clarissa Pinkola Estés escreve que
Em termos arquetípicos, a natureza da vida-morte-vida
é um componente básico da natureza instintiva. Esse
componente aparece em todas as mitologias e no folclore
do mundo como Dama del Muerte, A Morte; Coatlique;
Hel; Berchta; Ku’an Yin; Baba Yaga; a Dama de Branco; a
Misericordiosa Beladona; e como um grupo de mulheres

147
chamadas pelos gregos de Graeae, as Damas Cinzentas.
Desde a Banshee, em sua carruagem feita de nuvens da
noite, até La Llorona, a mulher que chora junto ao rio,
desde o anjo sombrio que afaga os seres humanos com a
ponta de uma asa, fazendo com que caiam em êxtase, até
o fogo-fátuo que aparece quando uma morte é iminente,
as histórias estão repletas de remanescentes de antigas
encarnações da deusa da vida-morte-vida.
Grande parte do nosso conhecimento da natureza da
vida-morte-vida é contaminada pelo nosso medo da morte.
Portanto, nossa capacidade para acompanhar os ciclos da
natureza da vida-morte-vida é muito frágil. Essas forças
não “fazem” nada a nós. Elas não são ladrões que nos
roubam aquilo que prezamos. Essa natureza não é um
motorista irresponsável que destrói o que valorizamos e
foge em alta velocidade.
Não, não, as forças da vida-morte-vida fazem parte da
nossa própria natureza, como uma autoridade interna que
sabe os passos, que conhece a dança da vida e da morte.
Ela é composta pelas partes de nós mesmas que sabem
quando algo pode e deve nascer e quando ele deve morrer.
Trata-se de um mestre profundo, se ao menos aprender-
mos seu ritmo.

Dessa forma, o feminino está sempre em um equilíbrio


da vida e da morte, representando sua potência do exis-
tir e do fazer inexistir, desvanescer, transformar-se e exis-
tir novamente.

148
Carmilla é um símbolo feminino e feminista. Uma perso-
nagem forte, independente, sexualmente ativa em um livro
escrito em plena Era Vitoriana – período entre 1837 e 1901
que abrangeu o reinado da Rainha Vitória. Uma época,
segundo Anthony Burgess em seu livro A Literatura Inglesa,
“de moralidade convencional, de grandes famílias em que o
pai era uma espécie de chefe divino, e a mãe, uma criatura
submissa como a Eva de Milton. A moralidade rígida e o
caráter sagrado da vida em família eram devidos em grande
parte ao exemplo da própria rainha Vitória, e sua influência
indireta sobre a literatura, assim como sobre a vida social,
foi considerável”. Essa afirmação é complementada por
Lúcia Ozana Zolin em seu artigo Crítica Feminista onde
declara que “na Era Vitoriana, na Inglaterra, as mulheres
eram discriminadas e consideradas inferiores intelectual-
mente. A mulher que tentasse usar sua inteligência para
outros fins era apontada como violadora da ordem natural
das coisas e da religião”.
No filme Atração Mortal (1970), mais conhecido pelo
título original Vampire Lovers, de Roy Ward Baker, a polo-
nesa Ingrid Pitt interpreta Carmilla que renasce dos mortos
em busca da manutenção da sua “vida”, tal como sua intér-
prete que renasceu em meio ao holocausto na Segunda
Guerra Mundial e se recriou. Nessa transformação perso-
nagem e intérprete se amalgamam e se tornam imortais.
Imortais como humano e criatura, ícone e lenda.

149
Filme ambientado na Era Vitoriana, produzido após
o Swinging London e ascendendo no início da década de
1970 – quando o cinema de autor marcaria uma revolu-
ção estética, política e cultural –, Atração Mortal é uma
ode à liberdade, à sexualidade, ao feminino feminista e
ao anticonservadorismo.
Assim como na Era Vitoriana e no início da década de
1970, ainda haverá aqueles que se incomodarão ao ver duas
mulheres se beijando. Atração mortal, apesar da forte atmos-
fera sensual, não é um filme de vampiras lésbicas. É um filme
de afirmação feminina, de representação de resgate do femi-
nino em sua origem, em sua força mágica, profana, poderosa
e indomável. Os rudes homens podem cravar a estaca no
coração de Carmilla, mas nunca extinguirão seu espírito.
Ingrid Pitt era casada com George Pinches, um pode-
roso executivo da produtora inglesa Rank, e se apaixonou
por outro homem. Ela já lutava para fugir do relacionamento
abusivo, mas a traição foi demais para Pinches, que usou
toda a sua imensa influência para destruir a carreira da atriz
e conseguiu. Ingrid, novamente, fugiu de outro horror da
vida real, juntou forças e raiva – George Pinches chegou
a ameaçar matar o filho deles – e fugiu com seu amor para
longe. A mulher, tal como a vampira, foi alvo de violentas
tentativas de silenciamento.
A atriz deixou de existir ao fugir de um homem tóxico,
como uma morta-viva foge de um caçador de vampiros,

150
mas ela se reinventou como uma bem-sucedida escritora
de livros de mistério.
“Posso realmente dizer que tive muita sorte, porque
quando vim para a Hammer fui a única atriz a interpretar
uma predadora. Todas as outras mulheres foram vítimas.
Não gosto de ser vítima”, dizia Ingrid Pitt. Nem Carmilla,
nem sua intérprete Ingrid Pitt gostavam de ser vítimas. E
nunca foram.
Você, caro leitor, reverencie e respeite as mulheres ao
seu redor.
Você, cara leitora, jamais seja vítima.
Seja sempre Carmilla.

151
Beatriz Saldanha

MONSTRUOSIDADES
FEMININAS EM
QUATRO FILMES DA
HAMMER
O
papel das mulheres nos filmes de terror, desde os
primórdios do gênero nas telas, sempre foi muito
além da donzela em perigo ou da vítima predileta
de monstros humanos ou sobrenaturais. Começando ainda
no cinema mudo, em clássicos do expressionismo alemão
como Genuína (1920), sobre uma mulher fatal, misteriosa
e manipuladora, e Alraune (1919, 1928, 1930, 1952), a bela
e cruel garota criada a partir de uma raiz de mandrágora, o
cinema soube explorar o fascínio de personagens femininas
com traços vilanescos. A pioneira produção dinamarquesa
Häxan (1922), de Benjamin Christensen, tornou-se um
marco cinematográfico ao apresentar um sóbrio e provo-
cante tratado sobre bruxaria e como o mundo patriarcal
historicamente tem atribuído propriedades “diabólicas” a
mulheres que, na maioria das vezes, apenas se recusam a
ser comportadas e obedientes.
Em Hollywood, a espectral Cathy (Merle Oberon), do
horror gótico e romântico O Morro dos Ventos Uivantes (1939),
entrou para o imaginário popular como um dos fantasmas
mais memoráveis do cinema clássico. A produtora Universal
incluiu entre seus monstros a icônica criatura feita de partes
costuradas de cadáveres (Elsa Lanchester) em A Noiva

153
de Frankenstein (1935), a Condessa Marya Zaleska, de A
Filha de Drácula (1936), e a monstruosa fêmea selvagem
Paula Dupree, personagem da trilogia A Mulher Fera (1943),
A Rainha das Selvas (1944) e Cativa das Selvas (1945). A
exótica Irina Dubrovna (Simone Simon), da obra-prima
Sangue de Pantera (1942), talvez seja a mulher monstruosa
mais reverenciada – e referenciada – da história do horror
cinematográfico, deixando um legado sólido que ainda não
esgotou suas possibilidades.

AS MULHERES-COBRA
Histórias sobre a monstruosidade de homens e mulheres são
tão antigas quanto a humanidade. Entre as primeiras de que
se tem registro há a mitologia grega, na qual o argumentista
J. Llewellyn Devine se inspirou para criar a história de A
Górgona (The Gorgon), escrita por John Gilling. No filme,
uma jovem é assassinada em uma floresta e, próximo do
local, seu namorado é encontrado enforcado. O tribunal do
pequeno vilarejo, claramente ocultando a verdade, decide
que ele cometeu assassinato seguido de suicídio, mas Jules
Heitz (Michael Goodliffe), o pai do rapaz, está determinado
a defender sua honra e decide averiguar para saber o que
realmente aconteceu. As investigações sugerem que Megera,
uma criatura mitológica, vive em um castelo na região, e há
anos vem transformando cidadãos da cidade em pedra. O
problema é que o Dr. Namaroff (Peter Cushing), médico

154
e autoridade científica, não apenas se recusa a colaborar,
como interfere no andamento das investigações.
Em A Górgona, os autores tomaram a liberdade de
misturar as personagens mitológicas. Na mitologia, há
três Górgonas: Medusa, Esteno e Euríale, figuras mons-
truosas capazes de transformar em pedra aqueles que
olhassem para elas. Já Megera, citada no filme, é uma
das três Erínias, personificações da vingança e torturado-
ras das almas pecadoras. Além de Megera, há Tisífone e
Alecto, todas filhas de Hades e Perséfone, e a semelhança
com as Górgonas são os cabelos em forma de serpente.
Essa característica tornou-se controversa nas discussões
sobre o filme, já que as serpentes são imóveis e feitas com
um material não muito convincente. De todo modo, esse
é um detalhe irrelevante, já que A Górgona compensa em
diversos outros aspectos.
Além do sempre excelente Peter Cushing, o elenco traz
Christopher Lee no papel de um intelectual excêntrico
e engraçado, uma espécie de Albert Einstein dos estu-
dos mitológicos que aparece para valer depois de mais de
uma hora de duração filme, o que torna a ansiedade pelo
encontro entre Lee e Cushing ainda maior. Barbara Shelley,
por sua vez, interpreta Carla Hoffman, a adorável assis-
tente do Dr. Namaroff, que sofre de amnésia nas noites
de lua cheia. Terence Fisher, o diretor, é um dos maiores
realizadores do cinema fantástico, portanto é um deleite

155
observar o resultado de sua destreza na direção de atores,
suas movimentações pelo cenário e como se deslocam em
quadro, e também a primorosa economia narrativa, que
torna extremamente clara uma história repleta de perso-
nagens e bastante entrecortada.
Uma das características mais interessantes e curiosas
do filme é o fato de a Megera atacar uma vez por mês,
influenciada pela lua, o que claramente remete ao perí-
odo menstrual da mulher. A menstruação, diretamente
ligada ao despertar do desejo feminino, foi tema de
ótimos filmes de horror, como Carrie, a Estranha (1976),
de Brian De Palma, Possuída (2000), de John Fawcett,
e Medo (2003), de Kim Jee-woon, o que mostra que o
período menstrual, mesmo existindo desde sempre, segue
intrigando a humanidade.
O inglês John Gilling, roteirista de A Górgona, dirigiu
dois anos mais tarde – em 1966 – um filme muito seme-
lhante: A Serpente (The Reptile). Em uma pequena cidade,
um homem é mais uma das vítimas da suposta peste negra,
que vem matando os habitantes de maneira grotesca; na
verdade, trata-se de um terrível réptil-humano de mordida
fatal. Harry (Ray Barrett), o irmão dele, herda o charmoso
chalé do irmão e imediatamente muda-se para lá com a
esposa, Valerie (Jennifer Daniel), mas logo o casal percebe
uma certa hostilidade dos moradores da cidade com aque-
les que vêm de fora. Ela tenta fazer amizade com Anna

156
(Jacqueline Pearce), uma jovem amável e solícita que mora
nas redondezas, mas não demora até que descubram algo
de errado com ela.
Entre as semelhanças dos dois filmes estão os forasteiros
vindos da cidade grande, o vilarejo que refuta a ciência e
oculta um segredo, a mulher monstruosa que se refugia em
um castelo ou mansão, a mocinha inocente e protegida da
verdade, entre outros aspectos. A Serpente foi lançado no
mesmo ano de Epidemia de Zumbis, também dirigido por
Gilling e, além de ter parte do mesmo elenco, foi filmado
na mesma locação. O diretor tem uma carreira extensa no
terror, tendo trabalhado com diversos subgêneros, e quase
sempre tendo ótimos resultados. Apesar de A Serpente não
ter um elenco de super astros, a fascinante Jacqueline Pearce
chama todas as atenções para si como a jovem inocente
que não tem conhecimento das transformações do próprio
corpo. A atriz é mais conhecida por ter atuado em séries
britânicas de culto como Doctor Who e Os Vingadores.

AS SERVAS DO DIABO
Ainda que hoje em dia seja mais reconhecida como uma
religião legítima, a bruxaria inspirou diversos filmes de
terror, muitos deles memoráveis. A partir dos anos 1950 e,
principalmente, nos anos 1960, surgiram muitas histórias
sobre bruxas urbanas, pessoas comuns que poderiam ser suas
vizinhas ou até mesmo estar entre o seu rol de amigos. Em

157
Bruxa, a Face do Demônio (The Witches), Gwen Mayfield
(Joan Fontaine) é uma missionária britânica atuando na
África quando sofre o ataque de um grupo que a aterro-
riza com bonecos e gigantescas máscaras típicas da religião
vodu, a mando de um feiticeiro. Em consequência disso,
ela tem um colapso nervoso e, de volta ao Reino Unido,
consegue se recuperar. Gwen é convidada por Alan Bax
(Alec McCowen), um homem excêntrico e obcecado com
imagens e ritos católicos, para trabalhar como diretora na
escola particular que ele mantém em uma cidadezinha no
campo. Em contraponto ao irmão, Stephanie Bax (Kay
Walsh), uma escritora, parece ser uma mulher bastante
sensata e moderna, e logo atrai a atenção da recém-chegada.
Algum tempo depois, Gwen se vê revivendo os traumas
sofridos na África e descobre que a cidade é dominada
por bruxas que planejam oferecer uma de suas alunas em
sacrifício ao Diabo.
Bruxa, a Face do Demônio (1966) foi dirigido por Cyril
Frankel, mais associado à comédia e a seriados televisivos,
mas que também dirigiu um dos filmes mais densos da
Hammer, O Estigma da Infâmia (1960), cuja trama é sobre
um pai que descobre que sua filha de 9 anos sofreu abusos
de um pedófilo, o patriarca da família mais poderosa da
cidade. O roteiro de Bruxa, a Face do Demônio foi escrito
por Nigel Kneale, conhecido pela série The Quatermass
Experiment (1953), e teve como base o romance The Devil’s

158
Own, da prolífica escritora Norah Lofts, que o publicou sob
o pseudônimo de Peter Curtis. O filme faz parte de uma
onda de filmes “hagsploitation”, cujo início foi marcado pelo
lançamento de O Que Terá Acontecido a Baby Jane? (1962),
estrelado por Bette Davis e Joan Crawford. Outras estrelas
veteranas tiveram sobrevida em suas carreiras em filmes do
gênero, como Olivia de Havilland, irmã de Joan Fontaine,
em A Dama Enjaulada (1964), e Barbara Stanwyck, em
Quando Descem as Sombras (1964). São só alguns exemplos do
pouco falado subgênero de filmes de terror protagonizados
por mulheres que, décadas antes, brilharam como estrelas
em Hollywood, mas que, àquela altura, eram consideradas
velhas demais para a indústria cinematográfica. Por isso,
atuavam em produções de pouco prestígio, em episódios
para a televisão ou até mesmo permaneciam afastadas do
cinema há bastante tempo. É o caso de Tallulah Bankhead,
que passou mais de dez anos longe da tela grande, até que
retornou em Fanatismo Macabro (1965), produzido pela
Hammer, onde interpreta uma senhora desequilibrada que
aterroriza a noiva do filho falecido. Aliás, essa é uma prer-
rogativa do “hagsploitation”: geralmente vilãs, mas ocasio-
nalmente vítimas, essas senhoras eram categoricamente
loucas, perturbadas.
Traumatizada e vulnerável, Gwen Mayfield, a perso-
nagem de Joan Fontaine (que tinha 49 anos à época do
lançamento do filme) em Bruxa, a Face do Demônio, é uma

159
espécie de testemunha moral dos horrores da bruxaria, sob
uma tônica colonizadora que naturalmente a guiará a um
final edificante. A atriz está em desarmonia com o restante
do elenco, preservando alguns cacoetes que pareciam fazer
sentido em Rebecca, a mulher inesquecível (1940), enquanto
os outros atores e atrizes apresentam uma atuação mais
contida. Na verdade, a subtrama em torno de Stephanie
Bax é o que mais chama a atenção no filme. Stephanie é
sofisticada, culta e irresistível. Existe entre as duas persona-
gens um certo jogo de sedução e uma intensa sugestão de
lesbianismo. Cenas impactantes como a inicial, do ataque
na missão, e a sequência final, com um estranho sabá das
bruxas, destacam-se em Bruxa, a Face do Demônio, o último
filme de Joan Fontaine para o cinema.
Enquanto Fontaine encerra a carreira, em Uma Filha
para o Diabo (To the Devil a Daughter), de 1976, Nastassja
Kinski estava apenas começando. A jovem atriz, cuja estreia
se deu em Movimento em Falso (1975), de Wim Wenders,
estrelaria A marca da pantera (1982), de Paul Schrader, a
brilhante refilmagem do clássico Sangue de pantera (1942);
e, além de atuar em outros grandes filmes, retomaria a
parceria com Wim Wenders na obra-prima do diretor, Paris,
Texas (1984). Em Uma filha para o Diabo, Kinski inter-
preta Catherine Beddows, uma jovem que, ao nascer, foi
prometida para uma ordem religiosa secreta fundada por
Michael Rayner (Christopher Lee), um padre católico

160
excomungado. Quando o aniversário de 18 anos da menina
se aproxima, Henry Beddows (Denholm Elliot), o pai dela,
tenta protegê-la deixando-a sob a supervisão de John Verney
(Richard Widmark), um autor de livros sobre ocultismo
que prontamente aceita a missão, pois vê nela a oportuni-
dade de encontrar material para uma nova história.
Dennis Wheatley, autor do romance homônimo que
serviu de base para o filme, escreveu alguns dos livros mais
populares sobre ocultismo, por isso, assim como o protago-
nista de Uma Filha para o Diabo, era considerado um dos
maiores especialistas no assunto. Em 1968, a Hammer havia
lançado As Bodas de Satã, também baseado em um livro de
Wheatley e estrelado por Christopher Lee. Os romances
datam, respectivamente, dos anos de 1953 e 1934 e, apesar
do autor ter escrito em sua maioria romances de aventura
e espionagem, sua carreira ficou profundamente marcada
pelas publicações acerca da magia negra e do satanismo,
temas que ele abordava sob um ponto de vista conservador
e o associava ao comunismo. Consta que o autor desapro-
vou Uma filha para o Diabo, pois muito do seu livro teria se
perdido na adaptação, que considerou obscena, e proibiu
a Hammer de fazer novos filmes baseados em suas obras.
A despeito da opinião do autor, é inegável que o filme
é um clássico digno de culto. Ele já se destaca da maior
parte das produções da Hammer por ter uma ambientação
urbana e contemporânea, e dos filmes de satanismo, por

161
inserir a ideia de uma virgem que servirá de avatar para o
demônio Astaroth. A atuação indefectível de Christopher
Lee rendeu uma citação em um disco da banda White
Zombie, com a fala “It is not heresy… and I will not recant!”
(em português, “Não é heresia… e eu não vou me retratar!”)
sendo sampleada na faixa “Super-Charger Heaven”. Este
foi o último filme do ator para a Hammer, que retornaria
somente em A Inquilina (2011), no qual ele aparece em
um pequeno papel como vizinho da protagonista (Hilary
Swank). Richard Widmark, por sua vez, está em um papel
atípico, pois passou boa parte de sua carreira interpretando
militares (majores, coronéis, capitães, sargentos, etc.) em
filmes de aventura, faroeste e policial. Mas Nastassja Kinski
é, sem dúvida, o destaque do elenco. A atriz tinha somente
14 anos na época das filmagens, e aparece em uma cena de
nudez frontal, o que pode causar um bocado de estranha-
mento nos dias de hoje. Suas feições puras e angelicais são
um contraponto interessante em relação às primeiras perso-
nagens da nossa lista, de A Górgona e A Serpente, em que
há uma abordagem mais clássica em torno da monstra, que
deve ser mostrada no clímax. O horror moderno propõe,
para além dos monstros de aparência grotesca, que o mal
pode estar no interior de uma pessoa de boa aparência, por
isso a icônica cena do bebê-demônio que, ao invés de sair
do corpo da mãe, entra nele.

162
PANDEMÔNIA
Conhecida como a casa dos astros Peter Cushing e Christopher
Lee, a Hammer consagrou também muitas atrizes que se
tornaram ícones do horror cinematográfico. Ingrid Pitt,
como a Condessa Elisabeth, em A Condessa Drácula, e
Carmilla Karnstein, em Atração Mortal, encabeça uma
lista que inclui ainda Susan Denberg, de …E Frankenstein
Criou a Mulher, Valerie Leon, a Rainha Tera em Sangue
no Sarcófago da Múmia, Martine Beswick, de O Médico e
a Irmã Monstro, e as gêmeas idênticas Mary e Madeleine
Collinson, as “Filhas de Drácula”. Elas são apenas algumas
das monstras da galeria da Hammer, o estúdio que criou
vilãs e vilões memoráveis.

163
Eduardo Reginato


A MUTAÇÃO DO
VAMPIRO
DRÁCULA, DE
SELVAGEM FORÇA
DA NATUREZA À CEO
DAS TREVAS
E
m 1958, estreia O Vampiro da Noite, uma livre adapta-
ção do livro Drácula, de Bram Stoker, estrelado por
Christopher Lee como o icônico vampiro. O estúdio
Hammer havia realizado poucos anos antes o terror cósmico
Terror que Mata (1955), obtendo imenso sucesso e salvando
o estúdio da falência ao apontar uma saída para a crise no
mercado cinematográfico britânico, que sofria o distan-
ciamento do público cada vez mais interessado em super-
produções americanas com seus astros famosos e o ritmo
acelerado de suas tramas.
O Vampiro da Noite marca a consolidação do estilo e
da estética Hammer, os quais se aperfeiçoaram na década
seguinte, chegando a um primor técnico que seria referên-
cia para gerações de diretores, roteiristas, compositores,
diretores de fotografia e figurinistas.
A adaptação toma liberdades quanto ao texto origi-
nal de Bram Stoker. Mas a maior e melhor liberdade foi a
caracterização do vampiro que resgata ideias que Stoker
rascunhara, porém aplicara apenas subliminarmente no
livro devido ao conservador público da Era Vitoriana que
iria ler a obra. Dessa forma, Bram Stoker havia pensado em
um vampiro com características animalescas semelhantes a

165
um lobisomem. Tanto que no livro, o ataque à pobre Lucy
é feito por um tipo de lobo, uma das metamorfoses possí-
veis que o conde das trevas pode empreender. Assim, o
vampiro de Christopher Lee, que era um apreciador incon-
dicional da obra de Stoker, é o mais selvagem, animalesco e
predador de todos os Dráculas que o cinema já apresentou,
resultando no melhor vampiro de todos os tempos. Longe
do dândi exagerado de Bela Lugosi e do burguês român-
tico de Gary Oldman, Christopher Lee era um elegante e
sensual homem, que na superfície humana não transmitia
nenhuma confiança e na sua transformação em vampiro
revelava a força de uma natureza animalesca e predatória
sem nenhum traço de humanidade, apenas instinto e fero-
cidade como de um grande mamífero carnívoro.
O vampiro é um mito derivado de ocorrências reais que
geraram superstições nas mais diversas partes do mundo. O
clérigo e pesquisador Montague Summer – um especialista
em bruxaria, vampirismo e licantropia, além de ser o que
mais se aproxima da personificação real de um Van Helsing
–, em seu tratado sobre o vampirismo The Vampire: His Kith
and Kin, afirma que os casos de sepultamentos prematuros,
muitos devido a estados catalépticos, ajudaram a reforçar
a tradição do vampiro e o fenômeno do vampirismo. No
entanto, o vampirismo não é um fenômeno iniciado no
século XIX, como muitos pensam. As lendas de vampi-
ros datam de 4000 a.C., quando os assírios e babilônios

166
acreditavam em uma entidade demoníaca noturna que
bebia sangue chamada Ekimmu, um dos primeiros mitos
sobre vampiros conhecidos pelo homem. Entre os mais anti-
gos mitos vampíricos associados a animais, temos a lenda
asiática do Jiangshi, morto-vivo que matava absorvendo
o qi (força vital) da vítima e podia se transformar em lobo.
O Jiangshi foi mencionado no livro Yuewei Caotang Biji,
do pesquisador erudito Ji Xiaolan, sobre a Dinastia Qing
(1644–1912).
A associação entre vampiros e animais pode estar rela-
cionada aos constantes ataques de predadores que eram
creditados a criaturas monstruosas como vampiros e lobiso-
mens. Existem muitas fontes literárias europeias dos séculos
XVI ao XIX que registram ataques a rebanhos de gado por
lobos, ursos e raposas a manifestações de vampiros trans-
formados nesses predadores. Outros fatores são relações de
alguns animais, por exemplo o gato e o corvo, à bruxaria
que, imediatamente, se coliga ao diabo que logo depois
transfere a um vampiro.
No livro Uma História do Diabo – séculos XII-XX, de Robert
Muchembled, há diversas análises históricas sobre a cria-
ção do imaginário monstruoso. O pesquisador explica que
os monstros pareceram multiplicar-se a partir da conquista
da América. “Nosso mundo acaba de encontrar um outro!”,
exclamava Montaigne em seus Ensaios (Sobre os coches).

167
A Europa descobrira uma humanidade isolada do resto
e extasiava-se com a evocação de inúmeros fenômenos
maravilhosos. A imaginação ocidental ficcionou à vontade
sobre o tema do estrangeiro. Os índios foram descritos
como vivendo sobre um grande pé, tendo alguns, ou a
cabeça embaixo ou um único olho, uma tromba em lugar
da boca etc. O choque cultural contribuiu, certamente,
para reforçar a visão mágica do corpo, que se expressava
com crescente intensidade nas obras médicas do tempo
e tinha sua origem no pensamento medieval. Os homens
sem boca ou sem cabeça já eram conhecidos. Marco Polo
pretendeu tê-los encontrado no decurso de suas viagens
em fins do século XIII, e uma gravura em seu Livro das
Maravilhas os representa. A escultura gótica mostrava,
igualmente, criaturas híbridas, combinando característi-
cas humanas e animais, ao lado dos diabos. Acreditava-se
que homens e mulheres selvagens vinham seguidamente às
florestas ou se introduziam sob a forma de fantasmas nas
habitações. As “moças dos bosques” suecas ou as “damas
verdes” do Franco-Condado vinham tentar sexualmente
os homens sob a aparência de uma bela jovem, mas reto-
mavam a seguir seu aspecto normal, com a pele enrugada
e seios pendentes até o chão, ou por vezes até jogados para
as costas. As mulheres selvagens tinham como compa-
nheiros seres peludos e brutais, igualmente incapazes de
dominar suas paixões sexuais – uma forma de ligá-las à
vertente primitiva da humanidade.
Os monstros do Renascimento foram multiplicados pela
imprensa e pela imageria, sobretudo a que estava destinada

168
a ilustrar as narrativas de viagens, com os animais desco-
nhecidos descritos pelo artista tomando por referencial
suas categorias de entendimento, isto é, os tipos maravi-
lhosos tradicionais.

Dessa forma, segundo o jornalista David Quammen,


em seu livro Monstros de Deus – feras predadoras: história
ciência e mito, “os predadores-alfa, assim como as relações
que eles evocam, transcenderam a dimensão física de pura
luta mortal, encontrando seu caminho também na mitolo-
gia, na arte, na literatura épica e na religião”.
O folclore de diversas culturas sempre estabeleceu rela-
ções entre animais e criaturas monstruosas, talvez pelo
medo atávico do homem em relação aos ataques de feras,
que gerou veneração a determinados animais em diversas
culturas e o subsequente antropomorfismo.
David Quammen explica a origem desse ancestral temor
e respeito às feras:
Grandes e terríveis feras comedoras de carne sempre divi-
diram espaço com os humanos. Fizeram parte da matriz
ecológica na qual o Homo sapiens evoluiu e do mesmo
contexto psicológico em que surgiu nosso sentido de iden-
tidade de espécie. Estiveram presentes nos sistemas espi-
rituais que inventamos para segurar as pontas. Os dentes
de grandes predadores, suas garras, ferocidade e fome
eram realidades sinistras que podiam ser evitadas, mas não
esquecidas. De vez em quando, um carnívoro ameaçador

169
emergia de uma floresta ou um rio como uma sentença
para matar alguém e alimentar-se do corpo. Era um tipo
conhecido de desastre – como acidentes de carro ultima-
mente – que deve ter parecido mórbido e assustador a
cada vez, apesar da familiaridade. E transmitia uma certa
mensagem. Entre as formas mais primitivas de autocons-
ciência humana estava a consciência de ser carne.
[…] Dentição é destino, pelo menos até certo ponto. É
possível deduzir muito sobre a dieta, a ecologia e o compor-
tamento de um animal a partir de sua morfologia dentá-
ria. A evolução forneceu a cada espécie uma panóplia de
dentes que, além de refletir o que funcionou no passado,
dita o que pode funcionar no presente e no futuro.

Dessa forma, não é impossível pensar no vampiro como


um ser que, conforme o folclore de determinada região, seja
antropomórfico, licantrópico, demoníaco ou uma espécie
de animal desviado da evolução do próprio ser humano.
Curiosamente, Drácula – o Príncipe das Sombras (1966),
a continuação de Vampiro da Noite realizada oito anos depois,
reforça a teoria de um vampiro selvagem e animalesco, um
ser primordial representante da selvagem força da Natureza
das trevas. Pois nesse filme, além de repetir a brutal e feroz
caracterização do vampiro, Christopher Lee apenas grunhe
e geme sem pronunciar uma única palavra. A partir dessa
segunda produção da Hammer sobre o Conde Drácula, seu
intérprete, Christopher Lee seria identificado para sempre
com o papel.

170
O ator voltaria a encarnar o clássico vampiro em mais
cinco produções. O último filme produzido pela Hammer
com Christopher Lee representando o papel de Drácula
seria o singular Os Ritos Satânicos de Drácula (1973).
Segundo J. Gordon Melton, em seu O Livro dos Vampiros
– A Enciclopédia dos Mortos-Vivos, “Christopher Lee acre-
ditava que cada um dos filmes da Hammer o transportava
cada vez mais longe do romance Drácula, de Bram Stoker.
Por exemplo, Drácula – o Perfil do Diabo (1968) continha
cenas nas quais Lee arrancava uma estaca do próprio cora-
ção, uma ação que ele considerou, na época, totalmente
fora de propósito”.
A princípio, o termo “fora de propósito”, proferido por
Lee, alcançaria outras esferas com a realização de Os Ritos
Satânicos de Drácula, o filme com maior distanciamento
do romance original. Mas a consideração negativa de Lee
é adequada apenas aos apreciadores puristas da obra de
Bram Stoker.
Em uma análise mais apurada, Os Ritos Satânicos de
Drácula é um filme que foi pontual para o seu tempo e é
atual para o nosso momento.
Em 1973, a última incursão da Hammer com Christopher
Lee no universo de Drácula estreia em meio a uma imensa
crise econômica mundial com a desregulamentação do
sistema monetário internacional e o início de uma crise do
petróleo, o que levou os Estados Unidos, o Brasil, a Suécia

171
e o Reino Unido a uma dura recessão; ao mesmo tempo
que economias de países como Japão e Alemanha, na época
Alemanha Ocidental, começaram a crescer. Essa crise no
petróleo que eclodiu em 1973 foi causada por países árabes
membros da OPEP (Organização dos Países Exportadores
de Petróleo) que aumentaram quatro vezes o preço do barril
no espaço de três meses, no momento em que estavam em
guerra com Israel e nacionalizaram as instalações ociden-
tais. Essa recessão já era apontada desde 1971, quando o
dólar, que servia de referência a todas economias ociden-
tais desde a década de 1940, se desvalorizou e perdeu sua
paridade relativamente ao ouro.
A subida de preços arrasta o déficit comercial, e as ativi-
dades mais relacionadas com a utilização do petróleo, como
a construção e a indústria de automóveis, sentem mais
de perto esta recessão econômica. A Europa entra numa
fase de estagnação, isto é, uma combinação de recessão
com aumento da inflação. Como resultado desta situação
registram-se inúmeras falências e a crise das indústrias
tradicionais que haviam estado na base do arranque da
Revolução Industrial, como a siderurgia, a metalurgia e
os têxteis.
O desemprego volta a afligir as economias europeias,
mas desta vez é muito focalizado: atinge essencialmente
jovens sem formação especializada, mulheres, trabalhado-
res imigrantes e operários das indústrias tradicionais.

172
O agravamento da condição financeira da indús-
tria afetou também o Estúdio Hammer, que para fugir
da crise tentava financiar seus filmes com coprodu-
ções entre diversos países. O desespero impulsionou a
busca por uma associação com o estúdio chinês Shaw
Brothers, que resultou, no ano seguinte, no bizarro (mas
engraçado) A Lenda dos Sete Vampiros (1974), filme que
se afasta da aura e qualidade da Hammer ao misturar
vampiros com artes-marciais.
No agravamento da crise de 1973, os trabalhadores
imigrados, em luta pelos seus postos de trabalho, são víti-
mas da marginalização social e, em alguns países, alvo de
movimentos xenófobos, num período em que ressurgem
as ideologias fascistas.
O desemprego gera um crescimento na especulação
imobiliária. Os ingleses passam a perder ou vender seus
imóveis para grandes corporações que intentam promover
um processo de gentrificação sem precedentes. Os afetados
são a população operária e/ou estrangeira (imigrantes).
Então, nesse cenário de caos, nada mais atual que um
filme onde Drácula, o ser supremo das trevas e emissário do
diabo, seja um CEO de uma corporação do setor imobiliário
e financiador de uma seita de ideologia fascista e religiosa
que pretende “higienizar” o mundo disseminando a peste
bubônica com uma mutação de cepa altamente contagiosa
que mata em poucos minutos.

173
Os Ritos Satânicos de Drácula é um filme de vampiro da
Hammer que possui uma estrutura de thriller conspirató-
rio e de espionagem, típico das décadas de 1960 e 1970 –
como Sob o Domínio do Mal (1962), de John Frankenheimer,
Ipcress: Arquivo Confidencial (1965), de Sidney J. Furie,
Maratona da Morte (1976), de John Schlesinger ou Meninos
do Brasil (1978), de Franklin J. Schaffner – que mistura
elementos de terror satânico, também típico dessas épocas
– como O Bebê de Rosemary (1968), de Roman Polansky,
Balada para Satã (1971), de Paul Wendkos ou A Profecia
(1976), de Richard Donner.
Deste modo, Drácula está reencarnado como um mega
empresário milionário e recluso, que gerencia uma organi-
zação do ódio que se infiltrou no cerne do governo britâ-
nico e tem como membros vários ministros e cientistas
que cultuam satanicamente o vampiro em rituais cheios
de sangue e sacrifícios humanos (na verdade, vampiriza-
ções de jovens e belas mulheres que servem Drácula no seu
harém de caixões – por sinal, algumas das melhores cenas
do filme são com as mulheres vampirizadas).
O intento mirabolante de Drácula é “higienizar” a popu-
lação mundial com uma nova epidemia de Peste, muito
mais contagiosa do que a anterior que exterminou um terço
dos seres humanos. A explicação para o desejo de tal holo-
causto seria uma vingança contra a raça humana. Desse
intento vem um paradoxo do filme: se Drácula exterminar

174
a raça humana, qual será o alimento disponível para os
vampiros? Ou a intenção de Drácula é limpar da Terra os
mais fracos e ficar apenas com os “petiscos” mais saboro-
sos e resistentes?
Esse paradoxo em que um governante se suicida matando
seus governados foi chamado pelo filósofo Paul Virilio de
“Estado Suicidário”. Segundo o filósofo Vladimir Safatle,
em seu artigo Bem-vindo ao Estado Suicidário:
Um Estado dessa natureza só apareceu uma vez na
história recente. Ele se materializou de forma exem-
plar em um telegrama. Um telegrama que tinha número:
Telegrama 71. Foi com ele que, em 1945, Adolf Hitler
proclamou o destino de uma guerra então perdida. Ele
dizia: “Se a guerra está perdida, que a nação pereça”.
Com ele, Hitler exigia que o próprio exército alemão
destruísse o que restava de infraestrutura na combalida
nação que via a guerra perdida. Como se esse fosse o
verdadeiro objetivo final: que a nação perecesse pelas
suas próprias mãos, pelas mãos do que ela mesma desen-
cadeou. Esta era a maneira nazista de dar resposta a
uma raiva secular contra o próprio Estado e contra tudo
o que ele até então havia representado. Celebrando
sua destruição e a nossa. Há várias formas de destruir
o Estado e uma delas, a forma contrarrevolucionária, é
acelerando em direção a sua própria catástrofe, mesmo
que ela custe nossas vidas. Hannah Arendt falava do fato
espantoso de que aqueles que aderiam ao fascismo não

175
vacilavam mesmo quando eles próprios se tornavam víti-
mas, mesmo quando o monstro começava a devorar seus
próprios filhos.
O espanto, no entanto, não deveria estar lá. Como dizia
Freud: “mesmo a auto-destruição da pessoa não pode
ser feita sem satisfação libidinal”. Na verdade, esse é
o verdadeiro experimento, um experimento de econo-
mia libidinal. O Estado suicidário consegue fazer da
revolta contra o Estado injusto, contra as autoridades
que nos excluíram, o ritual de liquidação de si em nome
da crença na vontade soberana e na preservação de uma
liderança que deve encenar seu ritual de onipotência
mesmo quando já está claro como o sol sua impotên-
cia miserável. Se o fascismo sempre foi uma contrarre-
volução preventiva, não esqueçamos que sempre soube
transformar a festa da revolução em um ritual inexorável
de auto-imolação sacrificial. Fazer O desejo de transfor-
mação e diferença conjugar a gramática do sacrifício da
auto-destruição: essa sempre foi a equação libidinal que
funda o Estado suicidário.

Os conceitos de necropolítica e necropoder desenvolvidos


pelo filósofo e teórico político Achille Mbembe também se
concatenam com o Estado suicidário. No ensaio Necropolítica,
Mbembe questiona os limites da soberania quando o Estado
escolhe quem deve viver e quem deve morrer reconfigu-
rando profundamente as relações entre resistência, sacrifício
e terror. Mbembe propõe a noção de necropolítica e necro-
poder “para explicar as várias maneiras pelas quais, em nosso

176
mundo contemporâneo, armas de fogo são implantadas no
interesse da destruição máxima de pessoas e da criação de
‘mundos de morte’, formas novas e únicas da existência social,
nas quais vastas populações são submetidas a condições de
vida que lhes conferem o status de mortos-vivos”.
O Conde Vampiro de Ritos Satânicos de Drácula é um
burocrata e político milionário com recursos e influência
para destruir uma nação e depois o mundo com a Peste sem
ligar a mínima para a sobrevivência sua, de seus asseclas e
das vítimas que perecerão. Outro paradoxo de Drácula é
seu anticapitalismo. Pois destruindo o mundo acabam-se as
massas consumistas, e é incoerente esse pensamento para o
representante máximo de uma organização que lucra com
a especulação imobiliária e deve ter ramificações nos mais
diversos empreendimentos, meios de comunicação e políti-
cos. É como se Jeff Bezos decidisse destruir a humanidade.
A única coerência – se pode se chamar assim – de Drácula
é destruir a humanidade utilizando uma mutação da Peste.
Seus congêneres tentaram anteriormente, como o Conde
Orlok espalhando a peste na cidade de Wisborg no filme
Nosferatu (1922), de F. W. Murnau, e o mítico Diabo a
quem, muitas vezes até hoje, se atribui a grande peste que
atingiu a Europa entre 1347 e 1351.
Deste modo, comparando com o cenário contemporâ-
neo, conclui-se que Ritos Satânicos de Drácula é extrema-
mente atual se buscarmos analogias no cotidiano.

177
Portanto, Drácula é o vírus em mutação. Drácula também
é o Horror Inominável que perturba a paz ao disseminar
medo e ódio dia e noite. É preciso um Van Helsing para
deter os horrores de Drácula.
A mutação de Drácula, de uma manifestação primitiva
da Natureza para um poderoso e imbecil burocrata com
intenções homicidas, é um dos arcos de personagens mais
impressionantes da história do cinema.
Tais análises suscitam perguntas: Qual desses Dráculas
é o mais monstruoso? Qual é o verdadeiro monstro que não
usa máscara e escarra sangue para a destruição do mundo?
O historiador Luiz Nazário termina seu artigo O vírus
como metáfora no cinema nazista, presente no livro Da
fabricação de monstros, com esse parágrafo: “Nesse mundo
onde os monstros conspiram à vontade contra os valores
humanos, arregimentando massas cujas almas já foram
arrancadas pela civilização consumista, o inumano encon-
tra no social-darwinismo arraigado na genética seu novo
esteio ideológico, ameaçando a humanidade com um
programa eugênico tão atual como nem os cientistas nazis-
tas ousaram sonhar”.
Sendo assim, procure o Van Helsing que há dentro de
você. Lute com o coração e com a inteligência, lute como
um caçador de vampiros. Acredite, os monstros sempre são
destruídos no final do filme.

178
Carlos Fofaun Fortes

A LENDA DOS
SETE VAMPIROS
O
sucesso recente dos filmes de super-heróis impulsio-
nado pela guerra dos dois grandes estúdios de quadri-
nho, a Marvel e a DC, somado à baixa dos lucros
decorrentes da pandemia do Covid-19 em 2020 tem feito
muito jovem sonhar com a possibilidade real de um cros-
sover entre os dois universos.
A ideia não é de todo absurda, visto que nos últimos anos
cada um dos estúdios apostou no encontro de seus próprios
personagens como Batman vs Superman e Vingadores. E
não seria novidade uma vez que os estúdios já celebraram
encontros clássicos e surpreendentes entre seus persona-
gens nos quadrinhos.
O que muitos não sabem, talvez, é que crossovers como
esses não são novidade e nem exclusivos ao universo das
animações e super-heróis e sinalizam algo muito maior que
geralmente passa batido.

CROSSOVER
O crossover é caracterizado pelo cruzamento de dois univer-
sos distintos que possuam vida própria e sólida, universos
bem estabelecidos e conhecidos e, muitas vezes, explora-
dos à exaustão. Pode ser o encontro de personagens, como

180
o caso dos super-heróis já citados, ou o encontro de vilões
famosos do cinema de horror como em Freddy vs Jason. Ou
podem ir além, propondo o encontro de gêneros cinema-
tográficos distintos como horror e comédia, como já vimos
tanto por aí.
A questão é que o crossover nos chama a atenção para algo
bem mais profundo. A tentativa desesperada dos estúdios
de revitalizar personagens e gêneros saturados. Acompanhar
e analisar esses filmes é uma boa forma de entender o fim
de ciclos famosos do cinema.
Uma mostra que propõe explorar a grandiosidade
da produtora Hammer que ditou e dominou o mercado
cinematográfico do horror por décadas, deve também
atentar-se aos filmes que sinalizaram o final de sua era.
E nada melhor do que analisarmos o filme A Lenda dos
Sete Vampiros.

HAMMER
A produtora Hammer, que com suas cores vibrantes e relei-
tura exuberante dos velhos monstros góticos dominou o
cinema de horror mundial durante os anos 50 e 60, viu o
esgotamento e a saturação de sua velha fórmula já no início
dos anos 70.
Novas formas de horror oriundas dos Estados Unidos
que não se baseavam mais nos monstros clássicos europeus
do século anterior tomam de assalto o mercado do horror.

181
Esse novo cinema dialogava diretamente com o momento
conturbado que viviam como o Vietnã e os fantasmas da
Guerra Fria. A nova geração percebeu que os noticiários
da TV chocavam mais que os filmes de monstro que cres-
ceram admirando.
No final do dia, o Homem se revelava mais monstruoso
que qualquer criatura já inventada. Filmes como Festim
Diabólico, A Noite dos Mortos-Vivos ou Massacre da Serra
Elétrica, roubaram a cena com seu horror visceral e realista,
e, de uma hora para outra tornaram os filmes da Hammer
obsoletos e caricatos.
A Hammer tinha que se mexer para concorrer e sobre-
viver. Se percebera velha num mundo novo e precisava
rejuvenescer e se atualizar dialogando com o momento
que viviam.
Apostando na revolução sexual, exploram o erotismo
com suas vampiras lésbicas e, em seguida, afastando-se
da exuberância gótica e histórica com a qual ficou famosa,
trazem seus monstros para a atualidade explorando a contra-
cultura jovem do rock’n’roll com um Drácula groovy em
meio a garotas de minissaia!
Nada disso, porém, parecia surtir efeito, e enquanto
buscavam novidades se viram absortos no sucesso dos filmes
de artes marciais.

182
SHAW BROTHERS
Enquanto os estúdios de horror se debatiam em meio às
revoluções e atualizações do gênero, outro gênero estran-
geiro toma de assalto o mercado mundial do cinema.
Os filmes de artes marciais oriundos da China explo-
dem na América com um advento até então impensável
chamado Bruce Lee. Filmes de artes marciais pipocam
pelos EUA e pelo resto do mundo, alcançando o status de
cultura popular.
Acontece que o gênero não era algo novo, como pode-
ria parecer para um garoto inglês ou americano médio, ele
vinha de uma longa tradição na China e quando explode
possui bases sólidas o suficiente para se estabelecer como
um gênero frutífero que duraria muitos anos e se espalharia
pelo mundo.
A arte marcial na China é uma cultura milenar, mas
poucos sabem que foi perseguida pelos diversos impérios
e governos que tiveram. Essas perseguições e proibições
fizeram com que ela se reinventasse num meio um tanto
quanto inusitado, a ópera chinesa. Assim como a capoeira
no Brasil, em que a luta se transveste de dança e música, na
China, o kung fu sobreviveu enquanto performance acro-
bática circense e dramática encenada em palcos itineran-
tes pelo país.
Com o surgimento do cinema, os chineses encontram
uma mídia poderosa para explorar essa arte, e, desde o

183
começo, vemos filmes de artes marciais sendo feitos. Tais
filmes, no entanto, se baseavam na ópera chinesa e demorou
ainda alguns anos para que desenvolvessem uma linguagem
própria e independente capaz de se estabelecer enquanto
cena e gênero cinematográfico.
Foi só no final dos anos 50 que, capitaneados pela produ-
tora Shaw Brothers, de Hong Kong, o cinema de artes
marciais chegou ao formato pelo qual ficariam conhecidos.
Inspirados nos filmes de samurai japoneses, as produções
da Shaw Brothers desenvolviam tramas mais complexas
e instigantes que aquelas inspiradas em esquetes de apre-
sentações circenses. Com produções cada vez maiores e o
surgimento dos primeiros grandes astros das artes marciais,
os filmes de luta dominam o cinema chinês.
A temática, no entanto, ainda era a mesma. Calcada
na Wuxia, gênero literário tradicional de artes marciais
envoltas do fantástico e sobrenatural, com as famosas
lutas acrobáticas e seus heróis voando pelo ar, soltando
poderes e dominando o uso das mais diversas armas
brancas. Localizados numa China ancestral, ainda
rural e mitológica, esses filmes faziam um tremendo
sucesso local, mas eram completamente ignorados pelo
mercado ocidental.
Isso iria mudar no início dos anos 70 com o encontro
do americano Bruce Lee e a produtora chinesa Golden
Harvest. Diferente da Shaw Brothers, os novos filmes se

184
passavam nos dias atuais, e as lutas, encenadas por Bruce
Lee, distanciaram-se de uma vez por toda da Wuxia e suas
fantasias. Elas eram realistas, violentas e sujas. Extremamente
físicas, ignoravam artifícios externos ao corpo dos atores,
permitindo um estilo de filmagem que se assemelhava à
estética documental tão em voga no período, trazendo
realismo e veracidade para os filmes que tomaram o mundo
de assalto.
A Shaw Brothers, que até então dominava o mercado,
é pega de surpresa pela concorrência, que não só assume a
liderança local como conquista o mercado externo. Como a
Hammer no mesmo período, a Shaw Brothers vê seu estilo
se tornar caricato e obsoleto e, também como a Hammer,
ela precisa se reinventar.
Por ironia ou não do destino os dois estúdios acaba-
ram se unindo para uma das produções mais singulares
do período.

A LENDA DOS SETE VAMPIROS


Não era inovação e reinvenção o que queriam, então que
tal um filme de vampiros lutando kung fu?
A Lenda dos Sete Vampiros é um dos últimos esforços da
Hammer em manter-se de pé, e marca a guinada ao ocidente
da produtora chinesa. O resultado, no entanto, não poderia
ter sido mais frustrante, marcando o fim do Drácula, aquele
que foi um dos monstros mais famosos da Hammer.

185
Um filme irregular e muito aquém do que poderia ter
sido, mas ainda assim um filme divertido e curioso que
influenciou com certeza alguns clássicos que vieram depois.
A Lenda dos Sete Vampiros é o canto do cisne daquela que
foi a maior produtora de filmes de terror do seu período.
Talvez confiantes demais na novidade e singularidade
do argumento, o que se segue é uma série de erros primários
que tornam o filme uma comédia involuntária. A começar
pelo roteiro escrito por Don Houghton, responsável também
pela bomba Os Ritos Satânicos de Drácula.
No prólogo, acompanhamos um monge budista em
1804 pela Transilvânia em busca de Drácula. Ele conta
com o Conde para ressuscitar os sete vampiros que habi-
tam seu templo, recuperando assim o poder que havia
perdido na sua região. Drácula, irritado com a visita ines-
perada, não só nega o pedido como se apossa do corpo do
monge para ir à China usar os sete vampiros para os seus
próprios interesses.
Logo de cara, estranhamos a ausência do lendário
Christopher Lee no papel de Drácula (consta que ele recu-
sou tão logo leu o roteiro), sendo o único filme da Hammer
em que ele não interpreta o personagem.
O filme segue para China em 1904 onde acompanhamos
uma palestra sobre vampirismo do professor Van Helsing
(Peter Cushing no último filme em que vive o persona-
gem). Em meio a uma plateia desconfiada encontramos

186
um interessado Hsi Ching (David Chiang, um dos astros
da Shaw Brothers), ele espera que Van Helsing possa ir até
sua aldeia enfrentar os sete vampiros.
A partir daí, acompanhamos um time composto pelo
Van Helsing, seu filho Leyland Van Helsing (!), uma milio-
nária escandinava e o próprio Hsi Ching junto dos seus 6
irmãos, mestres na arte do kung fu, cada um domina uma
modalidade específica de armas brancas (inspirados pelos
7 Samurais talvez?), cruzando cenários rurais chineses em
direção à aldeia. Nada mais que uma desculpa para criar
as mais diversas cenas de luta, confrontando nossos heróis
com bandidos e vampiros.
As lutas são o ponto alto do filme. Numa codireção
não creditada, a Shaw Brothers coloca seu mestre Chang
Cheh, lenda das artes marciais chinesas, para comandar as
cenas de luta, tornando o filme que podia ser um completo
desastre em um filme divertido recheado de lutas curiosas.
Nada muito extraordinário, é claro, mas um alívio.
O filme que marca o fim da franquia do Drácula foi
também o filme que mais desrespeitou seu personagem
clássico. Além da ausência de Christopher Lee no papel
em que ficou lendário, Drácula raramente aparece no seu
formato conhecido. E mais, o filme segue uma lógica que
vai contra qualquer ligação possível aos filmes anteriores,
propondo que ele tenha vivido na China num período em
que em outros filmes estava pela Europa, por exemplo.

187
Com todos esses fatores, não é difícil imaginar que tenha
desagradado os fãs. O filme, um dos últimos esforços da
Hammer para voltar ao topo, foi um dos responsáveis pelo
seu fim. Acontece que em busca de reinventar-se, o que
conferimos no filme é exatamente o contrário, com a reafir-
mação daquela caricatura típica da Hammer e da Shaw
Brothers que naquele momento não funcionavam mais.
A Hammer tentou mais algumas produções, mas entre
1979 e 1980 encerrou suas atividades, e só voltou recentemente.
Já a mistura desses gêneros não parou por aí e nos rende-
ram alguns grandes filmes, eu particularmente sou louco
pelo Os Aventureiros do Bairro Proibido!

188
3
ENTREVISTAS:
POR TRÁS
DO HORROR

MICHAEL
CARRERAS
Tradução de Danilo Crespo.
Publicado originalmente em House
of Horror: The Complete Hammer
Films Story sob o título Introduction:
Four Voices from Hammer (Creation
Books; 1973, revisado em 1994).

C
om 140 filmes produzidos nos últimos 25 anos, a
Hammer Film Productions é uma das mais bem suce-
didas e prolíficas companhias de cinema no mundo.
Enquanto a atual empresa foi formada em 1947, as reais
origens da Hammer vêm de muito antes, quando um espa-
nhol chamado Enriqué Carreras comprou seu primeiro
cinema em Hammersmith, Londres, em 1913. Gradualmente
criou uma cadeia de cinemas e formou uma parceria com
William Hinds, que era também um comediante amador
sob a alcunha de Will Hammer, e os dois formaram uma
distribuidora de filmes – Exclusive Films Ltd. – em 1935. Ao
mesmo tempo, a próxima geração dos Carreras, o filho de
Enriqué, James (agora Sir James Carreras, MBE), se juntou à
Hammer e oito anos depois o filho dele, Michael, também.
Era dessa companhia que a Hammer Films se desenvolveria.
Michael Carreras se tornou o gerente de direção da
Hammer em janeiro de 1971. Enquanto a terceira gera-
ção dos Carreras se envolvia na operação, ele teve uma
perspectiva única do desenvolvimento da Hammer, e é
também de quem depende o futuro da Hammer. Aqui, ele
fala sobre o início de tudo e as personalidade dos fundado-
res da Exclusive, Enriqué Carreras e Will Hammer.

192
“Meu avô era um espanhol; ele veio de lá, e minha
avó quase não falava inglês até o dia em que morreu.
Eles vieram da mesma família da empresa de tabaco, e
foi seu tio ou tio-avô que cortou os laços ao vendê-la.
Meu avô tentou muitas empreitadas neste país, incluindo
uma que deu errado, com pasta de dente, e que o deixou
falido. Eventualmente, ele acabou no ramo da exibi-
ção de filmes e criou uma cadeia de cinemas original
chamada Blue Halls. Inclusive, no início desse ofício,
meu avô teve a distinção de produzir o primeiro Royal
Command Performance – performances culturais que
ocorrem normalmente a pedido do monarca reinante –
cinematográfico. Ele alugou o Ben Hur original, alugou
o Albert Hall e convidou a realeza, e esse foi o Royal
Command Performance.
“Paralelo a isso, você tem um homem chamado Will
Hinds ou Hammer, que tinha muitos interesses – dentre
eles joalherias e bicicletários, eu acho. Eventualmente seus
caminhos cruzaram e eles se uniram, e então meu pai estava
dirigindo uma companhia chamada Exclusive Films, uma
pequena distribuidora de filmes que lidava apenas com
reedições e esse tipo de coisa.
“Os dois tinham uma coisa em comum. Eram muito
tímidos e reservados. Meu avô carregava sua herança espa-
nhola consigo, era um homem gentil, muito querido e admi-
rado. Ao mesmo tempo, era um homem de negócios astuto

193
e lidava com seus afazeres com muito charme. Todas as
minhas memórias dele são de um homem suave e gentil.
“Will Hinds, ou Hammer, também era bem quieto e
reservado, mas obviamente tinha um desejo introvertido
extraordinário de se tornar extrovertido, porque uma das
atividades que melhor fazia, tanto negociante como come-
diante amador, era a teatralidade. Ele tinha uma agência
de teatro que empregava muitos artistas de casas de shows,
costumava alugar vários teatros à beira-mar que faziam
shows de verão nos quais ele mesmo performava como
comediante. Eu nunca o vi fazendo profissionalmente, mas
naqueles dias nós éramos uma companhia distribuidora e
tínhamos uma equipe de umas 130 pessoas e todo ano havia
uma saída junta da equipe. Nós pegávamos um ônibus e
íamos até Hastings ou Southend ou algum lugar assim, e
no final do almoço ele sempre adorava levantar e nos dar
sua performance. Mas isso era em total contraste com a
personalidade do homem que eu realmente conhecia.”
Enquanto James Carreras estava no exército (de 1939 a
1946), Michael Carreras se juntou à Exclusive Films como
funcionário júnior em 1943, o início de uma longa carreira
no negócio da família:
“Eu tinha a vantagem de ter passado por vários departa-
mentos – o de registros, o de compras, o de contabilidade
– e acabei na publicidade, que era responsável por enviar
stills e pôsteres para os cinemas que estivessem passando

194
vários lançamentos da Exclusive. Isso foi durante a guerra,
e nós estávamos na Wardour Street. Eu lembro que a secre-
tária da companhia era uma mulher que tinha um cachorro
e insistia em trazê-lo para o escritório todos os dias. Então,
era parte do meu trabalho descer sete lances de escada com
esse cachorro quatro vezes por dia, enquanto as bombas
caíam. Foi uma época animada…”
A Exclusive Films continuou funcionando de forma limi-
tada até o fim da Segunda Guerra, e começou a produzir
um punhado de filmes. Enquanto James Carreras retornava
do exército em 1946, seu filho Michael começou o serviço
militar nos Grenadier Guards. Ao voltar à vida civil, James
Carreras buscou o conselho de Jack Goodlatte, gerente de
reservas para os cinemas ABC na época:
“Ele me aconselhou a continuar produzindo filmes britâ-
nicos de baixo orçamento. Eu o ouvi e o primeiro filme que
fizemos foi intitulado A Patrulha do Rio.”
Em 1947, a Hammer Films foi formada para implemen-
tar o programa de produção. Ao mesmo tempo, a geração
mais jovem de Hinds e Carreras voltaram do serviço mili-
tar, e logo Michael Carreras e o filho de Will Hinds, Tony,
começaram na produção da nova companhia.
“Eu estive por um curto período de tempo envolvido
com a parte de reservas da Exclusive Films,” relembra
Tony Hinds, “mas depois da guerra, Sir James teve que me
convencer a entrar na nova Hammer. Eu queria ser escritor

195
e não produtor, e não necessariamente para cinema. Eu
comecei como contínuo e fui subindo até escrever roteiros.”
Em 1951, a Hammer Films se juntou com a produtora
americana Robert Lippert Productions e essa mudança
deu a eles um primeiro ponto de apoio nos Estados Unidos.
Enquanto Michael Carreras produziu vários filmes com
artistas americanos sob o novo acordo de coprodução, seu
pai gradualmente construiu a reputação da companhia lá
fora. Como diz Michael Carreras, seu pai marcava um forte
contraste com a geração mais antiga:
“Ele é um vendedor por excelência, um homem que,
como dizem, vende geladeira para esquimó, e ele tem uma
personalidade extrovertida. Quando eu era criança, acho
que eu sentia minha energia ir embora só de assistir meu pai
em ação. Ele era um ótimo esportista, jogador de críquete,
rugby – nunca parava. Ele também ama ocasiões sociais, e
se dá bem com grupos de qualquer classe da sociedade ou
de qualquer tamanho. Dá pra ver bem isso nas suas ativida-
des pelo Variety Club, desenvolvido depois. Ele se tornou
o diretor internacional e viaja pelo mundo todo; encontra
todo mundo e lida com tudo. Muito animado, diferente-
mente da geração anterior.
“Eu acho que se olharmos honestamente, esses anos
formativos sob a orientação de, vamos chamá-los de, senho-
res experientes, pelo menos deu à Hammer firmeza, e uma
reputação dentro da indústria cinematográfica. Um exemplo

196
é a relação com a National Film Finance Corporation.
Muitas pessoas acabaram devendo a eles grandes quantias
de dinheiro, mas sob a orientação desses senhores experien-
tes nós nos envolvemos com eles e pagamos cada centavo
sem nunca atrasar. Então, uma ótima base já estava formada
nessa época. Agora, eu não quero tirar os créditos da expan-
sividade de Sir James Carreras, mas se ele não tivesse um
alicerce sólido para começar, ele realmente não teria o
mesmo sucesso. Da mesma forma, se a Hammer Films não
tivesse herdado os serviços de Sir James Carreras, ela prova-
velmente nunca teria crescido. São duas coisas compatíveis
que precisam ser reconhecidas.
“A outra coisa que aconteceu durante esse período de
formação, claro, foi que eu e Tony aprendemos nossos ofícios.
Antes a gente não sabia nada, mas nós tivemos a melhor
escola possível, porque tínhamos liberdade de interferir em
tudo. Eu acho que nós dois tínhamos mentes questionado-
ras e queríamos aprender. Nós simplesmente não aceita-
mos o fato de que estávamos produzindo filmes, queríamos
saber como se fotografava, como se dirigia, como se escre-
via os filmes, etc., o que acontecia nos laboratórios, como
se vendia e por aí vai. Logo, tínhamos a tremenda vanta-
gem de ter um jardim de infância com todos os brinquedos
disponíveis para brincar e experimentar como quiséssemos.
“Agora, durante o tempo em que nem eu nem ele sabí-
amos nada, Tony, que era mais velho que eu, tinha uma

197
função de verdade como produtor. Eu tinha uma função
mais solta de ser seu assistente. Eu fiz o casting por um
tempo, fui editor de histórias por um tempo, e quase qual-
quer outra coisa que me interessasse. Então, depois dos
primeiros três anos de operação, nós dividimos a tarefa e
alternávamos como produtores. Nós estávamos fazendo
seis filmes por ano, Tony fazia três e eu três, foi o jeito que
a gente desenvolveu juntos. Nós revezamos várias vezes
na nossa história a função de produtor executivo. Nossa
agenda cresceu para cerca de oito filmes por ano e eu fui
produtor executivo por uma época, e então dei um tempo
com a Hammer e Tony se tornou o produtor executivo. A
outra coisa que ele fez, interessantemente, foi começar a
escrever filmes de horror, especificamente, sob a alcunha
de John Elder.”
Foi em 1955 que a empresa agora crescia regularmente
depois de alcançar seu primeiro grande sucesso internacional
com Terror que Mata (The Quatermass Xperiment), lançado
nos Estados Unidos como The Creeping Unknown. A ideia
de um monstro reconhecivelmente humano funcionou na
imaginação do público e a Hammer decidiu explorar essa
tendência, primeiro revivendo as histórias de Frankenstein e
Drácula que tinham sido vistas pela primeira vez nos filmes
de horror americanos dos anos 30. O primeiro foi A Maldição
de Frankenstein, feito em 1956, dirigido por Terence Fisher,
com roteiro de Tony Hinds sob o pseudônimo John Elder,

198
e tinha um ator relativamente desconhecido, Peter Cushing,
O primeiro Drácula, O Vampiro da Noite, o seguiu em 1957,
também dirigido por Terence Fisher, e lançou ao estrelato
outro ator, Christopher Lee. Esses dois filmes ainda são os
maiores sucessos da Hammer, tendo arrecadado 4 milhões
de libras entre eles e começado a moda que faria o nome
da Hammer sinônimo de horror pelo mundo. No início de
1960, Hammer tinha terminado A Vingança de Frankenstein
e As Noivas de Drácula como segundo filme de cada série,
ainda favoritos de muitos até hoje.
Em 1961, Michael Carreras saiu da Hammer para formar
sua própria companhia produtora, a Capricorn Films:
“O motivo da minha saída foi que eu queria – eu acho
que todo mundo passa por isso uma hora – novos ares.
Eu não queria deixar a indústria nem nada disso, mas
queria tentar outras facetas dela. Eu queria fazer um tipo
diferente de filme e eu o fiz imediatamente – um musical
chamado What a Crazy World, que eu coescrevi e dirigi,
e um filme de Velho Oeste chamado Armas Selvagens,
que interessantemente foi o primeiro filme desse tipo
feito em Almería, na Espanha. Eu queria experimentar
com diferentes tipos de temas porque havia um padrão
bem rígido na Hammer naquela época – um padrão de
sucesso mas, sim, um padrão rígido. Na mesma moeda,
eu queria juntar uma experiência variada para quando
eu voltasse à Hammer, o que eu sempre soube que faria,

199
sendo uma questão de família, eu seria capaz de trazer
essa experiência comigo.
“Já que tanto Tony Hinds e eu éramos capazes de preen-
cher a mesma função na Hammer, eu acho que era só uma
questão de tempo para ver quem sairia. Na verdade, ele
também sentiu uma necessidade psicológica e, um pouco
antes da minha saída, ele tirou um ano de folga e se candi-
datou na União por uma posição muito inferior, para juntar
experiência. A União não deu nada a ele, que é algo sobre
o qual eles deveriam se envergonhar, já que ele era diretor
e acionista de uma companhia que dava mais emprego para
técnicos britânicos do que qualquer outra companhia.
“Tony Hinds acabou se aposentando e vendeu as próprias
ações do que sempre fora um empreendimento de duas
famílias basicamente. Meu avô morreu primeiro, depois
o pai de Tony, e então o próprio Tony decidiu se aposen-
tar por razões que devem ser puramente pessoais, eu acho.
Eu não acho que haja outra explicação, já que até onde eu
saiba, desde que deixou a Hammer, ele não escreveu mais
que um ou outro roteiro e literalmente leva a vida de um
senhor aposentado.”
Em sua ausência formal da Hammer, Michael Carreras
continuou produzindo filmes individuais para a compa-
nhia, que mantinha uma saída estável não só de filmes de
horror, mas também de comédias, suspenses, spin-offs da
TV e filmes de pré-história.

200
“Eu produzi todo tipo de filme que a Hammer fez – houve
a aventura de Rider Haggard, Ela, por exemplo, então Mil
Séculos Antes de Cristo e Gângster na Lua, que foram todos
diferentes. Eu nunca perdi contato próximo, e provavel-
mente continuei tão envolvido como qualquer outro que
também tivesse suas diversificações de projetos. Era o que
eu queria alcançar de qualquer maneira, mas, particular-
mente, funcionou melhor dessa forma do que teria funcio-
nado se eu ainda estivesse dentro da empresa.”
Durante os anos 1960, a Hammer fez trabalhos conjun-
tos com a maioria das grandes companhias distribuidoras
como Columbia, Warner e Fox, e em 1968 eles receberam
o Queen’s Award To Industry depois de três anos de produ-
ção em que eles trouxeram um milhão e meio de libras em
dólares para o Reino Unido por ano. O auge da produção
foi em 1971, com dez filmes feitos em doze meses. Era para
essa companhia cada vez mais bem sucedida que Michael
Carreras voltou em 1971:
“A última coisa que eu fiz enquanto estava trabalhando
independentemente foi fazer um filme na África do Sul, que
eu escrevi e produzi. Isso tomou um ano da minha vida, em
que eu só voltei para Londres uma vez, por apenas três dias.
Quando eu finalmente voltei, meu pai me disse rindo: “Eu
acho que agora você parou de ficar reclamando”, querendo
dizer que era hora de parar e se estabelecer. A primeira oferta
que ele fez foi a da minha volta como produtor executivo.

201
Naquela época, eles ainda mantinham a saída de oito filmes por
ano e não hesitei em dizer não, porque eu teria voltado exata-
mente para onde eu estava quando saí. Estavam querendo
que eu tomasse responsabilidade de repente sobre sete ou
oito outros produtores, que era justamente aquilo de que
eu fugi ou não queria saber nos dez anos anteriores. Eu era
capaz de receber o salário de um ano inteiro produzindo um
único filme independente, sem toda essa responsabilidade.
Então, recusei, o que o deixou chateado. Houve um tempo
em que eu não sabia se nos falaríamos de novo. Então, antes
do Natal de 1970, recebi um convite para jantar em Londres
e fui. Ele perguntou se eu gostaria de voltar como gerente
de direção, que era uma posição completamente diferente.
Depois de pensar durante o Natal, eu disse que sim e voltei
em tempo integral em 3 de janeiro de 1971.
“Para atualizar a história, em agosto de 1972 houve algu-
mas movimentações feitas para comprarem a companhia por
interesses de fora. Nessa época, meu pai estava chegando
aos 65 e acho que ele sentia que tinha levado a Hammer o
mais longe que ele e ela conseguiriam chegar. De qualquer
forma, em agosto de 1972, eu comprei a companhia dele.
“Até aquele momento, claro, a companhia tinha sido
gerida como um negócio familiar. Agora, embora negó-
cios familiares sejam uma forma maravilhosa de vida, eu
não acho que elas existem hoje da mesma forma que anti-
gamente, e eu acho que a Hammer tem potencial para se

202
diversificar em outras áreas compatíveis. Por exemplo, eu
penso em livrarias – o nome Hammer seria aceitável para
um certo tipo de livro, assim como ele o é em certo tipo de
filme. Acho que a marca poderia ser usada como grava-
dora também, e eu gostaria que houvesse uma Hammer
como era o Grand-Guignol de West End, uma casa, museu,
complexo para teatros, restaurantes, filmes tarde da noite.
Eu penso no nome Hammer Entertainment nesse estilo. Há
vários desenvolvimentos que eu quero fazer e desde agosto
de 1972 eu sou o principal acionista, presidente, gerente
de direção, produtor executivo e tudo mais. De novo, isso
é uma situação temporária, porque sem perder a imagem,
quero dar nova forma à companhia, construí-la nessa dire-
ção e diversificar as atividades. Eu meio que tenho um
plano de cinco anos na minha cabeça.
“E se haverá ou não uma nova geração de Carreras envol-
vida na companhia – eu tenho três filhos. O mais velho
tem 23; ele trabalha com cinema, mas não quer trabalhar
na Hammer; é um assistente de direção, também é técnico
freelancer. Meu filho do meio está estudando Design de
Interiores, ele só tem 21 anos. Ele poderia ser diretor de
arte, mas talvez não queira. E meu filho mais novo, de 19,
entrou para a Hammer em janeiro de 1973; eu espero que
possa experimentar o maior número de facetas do negócio
quanto possível, em caso de ele decidir continuar com o
projeto. Então, eu tenho três possibilidades…”

203

TERENCE
FISHER
T
erence Fisher é decano de todos os diretores contem-
porâneos de fantasia, criador dos primeiros e mais
famosos filmes das séries da Hammer de Drácula e
Frankenstein, e diretor de muitos dos sucessos mais notá-
veis da companhia. Seu primeiro filme para a Hammer,
The Last Page, foi feito em 1951, e entre esse e o primeiro
Frankenstein de 1957, ele fez vários filmes de sucesso para
o estúdio, que incluem Stolen Face, A Volta do Criminoso,
Triângulo de Quatro Lados, Spaceways, Três Paradas para
Matar, A Luva Negra e Corrida para a Morte. Quando, em
1956, a Hammer decidiu fazer o remake dos famosos filmes
de horror de Hollywood dos anos 30, foi Terence Fisher o
escolhido para dirigir o primeiro, A Maldição de Frankenstein.
O filme foi um sucesso imediato e lucrou na região dos
cinco milhões de dólares ao redor do mundo. Também esta-
beleceu Terence Fisher como mestre dos gêneros horror
e fantasia, uma posição confirmada em 1957, quando ele
dirigiu o primeiro Drácula, O Vampiro da Noite, da Hammer.
Desde esses dois primeiros filmes, Terence Fisher dirigiu
várias continuações para eles, embora nem todos os filmes
das séries de Drácula e Frankenstein tenham sido dirigi-
dos por ele.

205
Fisher, no entanto, nunca se limitou apenas aos temas de
Drácula e Frankenstein, embora ele admita que gosta mais
de fazer esses filmes do que qualquer outro. Em 1958, ele diri-
giu O Cão dos Baskervilles e O Homem que Enganou a Morte.
Em 1959, veio A Múmia, Estranguladores de Bombaim e O
Monstro de Duas Caras. Nos anos 60, ele fez filmes de temas
mais variados, que incluem O Fantasma da Ópera e As Bodas
de Satã e a continuação dos filmes de Drácula e Frankenstein,
culminando em 1969 em Frankenstein Tem que Ser Destruído,
o ano em que o primeiro de dois acidentes aconteceu, o que
deixou Terence Fisher longe da direção por quase três anos.
Na sua volta, o Mestre do Macabro, como ficou conhecido,
ele veio com seu tema favorito em Frankenstein e o Monstro
do Inferno (1973). Mas o início da vida de Terence Fisher foi
muito diferente da posição que ele agora ocupa como prin-
cipal diretor para os fãs de filmes de fantasia.
“Minha primeira carreira foi minha carreira no mar. Eu
era filho único e, depois da morte de meu pai em 1908,
minha mãe pensou que um tempo no mar me daria uma
direção na vida. Na verdade, é claro, me colocou no cami-
nho de muitas tentações. Depois de dois anos no navio de
treinamento, eu finalmente fui para o mar aos dezessete.
Foi uma vida maravilhosa por cinco ou seis anos, mas eu
nunca achei que fosse um trabalho para uma vida inteira.
“Eu não me lembro de ter ideias definidas sobre o que eu
queria fazer nessa época. E minha segunda, curta, carreira

206
foi no comércio de roupas, eu acabei me tornando assistente
de gerente de mostruário na Peter Jones. A única razão
que eu consigo lembrar para ter trabalhado lá era que eu
morava perto da loja naquele tempo.”
Foi durante o período na Peter Jones que Terence Fisher
começou a considerar cinema como uma carreira possível,
embora ele não se lembre de nada especificamente que o
tenha levado nessa direção. Uma vaga ambição de entrar na
indústria gradualmente se cristalizou num desejo mais bem
definido de se tornar editor de filmes. E, na idade relativa-
mente avançada de 28 anos, ele foi aceito na Shepherd Bush
Studios, onde passou um ano como “o garoto da claquete
mais velho no negócio’’. Depois, foi à sala de montagem,
onde, em apenas nove meses, ele começou a montar os
próprios filmes, algumas comédias de Will Hay, inclusive.
Ainda editor, Terence Fisher foi trabalhar na Teddington
Studios, que pertencia à Warner Brothers. O último passo
para se tornar diretor de cinema veio em 1947 quando foi
à Highbury Studios a convite da Rank Organization que
estava fazendo um treinamento para potenciais diretores.
Depois de dirigir três curtas, Sydney Box ofereceu a ele
seu primeiro longa-metragem. “E esse”, diz Terence Fisher,
“foi o início de tudo.”
“Eu fiz dois filmes com a Sydney Box em Pinewood.
Então, é claro, a Rank começou a prestar bastante aten-
ção nos seus investimentos com filmes e toda a indústria

207
começou a passar por um período bem ruim – fora a Hammer,
que estava se empenhando fortemente em melhorar o seu
produto. E, por isso, eu entrei na Hammer.
“Eu lembro claramente o primeiro filme que eu fiz para
eles, The Last Page (1951), por causa de Diana Dors. Ela
tinha sido uma das estrelas da Rank e eu lembro que fiquei
impressionado já naquela época com o potencial enorme do
seu talento. Nunca vi uma interpretação ruim, pelo menos,
não quando ela estava levando a sério. Nenhum desses
filmes iniciais mostrava o que seria minha futura carreira
na Hammer, com exceção talvez de Triângulo de Quatro
Lados, que era ficção científica.”
Um dos momentos cruciais na história da Hammer e
de considerável influência na carreira de Terence Fisher
depois foi o sucesso de Terror Que Mata, de Val Guest. Não
foi só o primeiro spin-off da televisão, mas também juntou
elementos específicos de fantasia e do macabro que fariam
da Hammer uma das mais respeitadas e lucrativas compa-
nhias no negócio. A Hammer reconheceu no sucesso de
Terror Que Mata o grande apelo popular dos filmes lidando
com horror e o desconhecido: o reconhecimento do poten-
cial dessa combinação brilhante dava corpo à decisão de
reviver a história de Frankenstein. E Terence Fisher seria
o diretor do primeiro filme.
“Embora eu estivesse muito feliz com a oportunidade,
devo admitir que ser chamado para dirigir o primeiro

208
Frankenstein foi pura sorte. Aconteceu que eu ainda tinha
um filme no contrato que firmamos e o próximo filme a ser
feito seria Frankenstein. A Hammer queria que eu assis-
tisse às versões anteriores de Frankenstein, mas eu recu-
sei, porque eu acho que todo mundo deveria trazer seu
toque pessoal ao projeto, ainda que mantendo-se dentro
dos largos limites da história original. Eu tentei esquecer
o fato de estar dando continuidade à tradição de horror
central do cinema. Eu queria um filme que crescesse atra-
vés do contato pessoal com os atores e da influência dos
sets muito especiais. Eu nunca li o original de Mary Shelley,
e não acho que eu deveria lê-lo. O maior crédito deve ir
para Jimmy Sangster, que escreveu os roteiros e conseguiu
tornar a história original tão cinemática.
“Até quando fui gravar os filmes do Drácula, eu não tinha
consultado os romances de Bram Stoker ou as lendas de
vampiro da Transilvânia. Eu acho que minha maior contri-
buição para o mito de Drácula foi dar ênfase ao elemento
sexual na história. Eu também acredito que o primeiro filme
de Drácula é a melhor coisa que eu já fiz para a Hammer, e
ainda é um grande sucesso. Tudo pareceu dar certo durante
as filmagens. Eu lembro da primeira aparição de Drácula
especificamente bem. O garoto na sala da casa, ele vira e
olha para a escadaria, e lá em cima está a figura do Drácula,
uma silhueta no topo da escada. A câmera vai gravando
de encontro a essa figura enquanto ele desce, ainda em

209
silhueta, na nossa direção. O público espera sempre o pior
terror possível e quando ele chega bem perto da câmera, é
possível vê-lo, e ele é esse homem muito charmoso e bonito.
O choque funciona perfeitamente.”
Depois do grande sucesso dos primeiros filmes de Drácula
e Frankenstein, a Hammer começou a tendência de dar a
ele quase exclusivamente o mesmo tipo de filme para dirigir
e muitos desses foram fora das séries mencionadas, embora
ele admita que prefere trabalhar com os dois maiores e
mais populares “heróis” da Hammer. Ele também pensa
que essas duas lendas têm um futuro indefinido no cinema
já que são capazes de assimilarem todas as variedades de
novas ideias, como transplantar cérebros, que ocorre em
Frankenstein e o Monstro do Inferno. Ele, no entanto, não é
muito fã da tendência recente de pôr Drácula num cená-
rio moderno.
“Eu penso que o público tem que achar o que vê no
cinema absolutamente convincente pelos 90 minutos de
filme. Eu não ligo muito para o que eles pensam depois que
saem do cinema, mas a não ser que eles tenham acreditado
no filme, você não alcançou seu propósito. Eu não faria obje-
ções a fazer um thriller psicológico moderno sobre vampi-
rismo, mas por que é que tem que ser nosso velho Drácula
andando de um lado para o outro na King’s Road? Você
tem que mirar numa suspensão da descrença. Visualmente
falando, eu acho que meus próprios filmes são bons e críveis,

210
porque eu tenho uma boa noção visual dentro do frame.
Eu detesto o que eles chamam de “gravação malandra” –
que faz o filme ficar igualzinho a um longo comercial de
TV. Isso não significa, porém, que eu não aprovo o uso de
efeitos especiais nos filmes de Frankenstein e Drácula. Em
Frankenstein e o Monstro do Inferno, por exemplo, nós fomos
capazes de mostrar toda a operação de transplante cerebral.
Você pode ver a parte de cima do crânio sendo removida e
o cérebro levantado para fora. Mas a menos que esse tipo
de coisa seja feita de forma sensacional, o efeito é comple-
tamente risível.
“A verdadeira tarefa de um diretor de filmes de fanta-
sia é trazer integridade de intenção para sua direção. Eu
sempre quero uma resposta similar dos meus atores, e rara-
mente não a consigo, especialmente com Peter Cushing e
Christopher Lee. Se meus filmes refletem minha própria
visão do mundo de alguma forma, é ao mostrar a vitória do
bem sobre o mal, na qual eu acredito. Pode levar aos seres
humanos muito tempo para alcançar isso, mas eu acredito
que é assim que as coisas funcionam no fim.”

211

CHRISTOPHER
LEE
C
hristopher Lee é o maior e mais famoso de todos os
Dráculas das telas modernas, um papel que ele faz com
muita seriedade, mostrando impressionante conhe-
cimento sobre o Drácula de Bram Stoker e os vampiros da
lenda da Transilvânia. Ele às vezes se decepciona com o
fato do Drácula que pedem para que ele faça seja tão dife-
rente dos lendários e literários Dráculas. Mas, como um ator
profissional, ele interpreta os papéis que lhe são dados, e
muitos desses foram fora do gênero horror. Qualquer papel
para o qual o chamam, seja o temível Conde ou a patética
Criatura criada pelo Barão von Frankenstein, Christopher
Lee acredita que tem sempre que ser feito com total inte-
gridade: “É preciso se imergir completamente no persona-
gem e esquecer sua própria personalidade. A interpretação
precisa do início ao fim ser direta, honesta e sincera. Um
pouquinho de ironia merece a risada do público.”
Nascido em Londres em 1922, Christopher Lee foi
trabalhar com negócios na cidade de Londres após sair do
colégio. Ao sair da Força Armada Real no fim da Segunda
Guerra, ele decidiu se tornar ator, embora admita que é difí-
cil de lembrar por que quis ir para essa profissão que o leva-
ria às alturas do sucesso. “Eu acho que era uma necessidade

213
de criar pessoas que não eram eu”, ele diz, “e por que eu
saberia que me sentiria melhor assim do que fazendo qual-
quer outra coisa.” No início, os papéis eram pequenos, mas
houve participações em Hamlet e Scott of the Antarctic.
Um dos momentos cruciais na sua carreira, no entanto,
veio certamente em 1956 quando a Hammer o chamou para
fazer a Criatura no primeiro remake dos grandes filmes de
horror dos anos 30, A Maldição de Frankenstein.
“Me chamaram para fazer a criatura principalmente
por causa do meu tamanho e da minha altura”, lembra o
homem de um metro e noventa e seis, “que talvez tenha
sido o que me deixou fora de vários filmes nos dez anos
anteriores. A maioria dos astros britânicos não queriam que
eu aparecesse perto deles durante o filme, porque eu era
facilmente o homem mais alto. O ator britânico mais alto
tinha um metro e noventa, portanto ainda mais baixo que
eu. Então, eu passei esses dez anos aprendendo o ofício da
atuação. Você não aprende como ser um ator, você aprende
como atuar. Eu fiz televisão, teatro e ópera nesse período.
Na verdade, tudo que eu tinha feito acabou sendo uma
tremenda vantagem para o papel da Criatura. Eu tinha o
conhecimento necessário de mímico porque eu não tinha
tido muitas oportunidades de falar nos dez anos anteriores,
exceto quando fui fazer filmes na Europa.
“Eu nunca pensei sobre o que eu teria feito caso o papel
da Criatura não tivesse aparecido; eu provavelmente teria

214
ido para os Estados Unidos, onde todos os atores esta-
vam sob alta demanda. Finalmente, a Hammer apare-
ceu com uma oferta e sugeriu que eu me encontrasse
com Tony Hinds e Terence Fisher. Eu fui e os convenci
de que faria uma Criatura apropriada, no mínimo, em
virtude do meu tamanho. Eu não ligava se eles fossem
me deixar irreconhecível, eu não estava chegando a lugar
nenhum parecendo comigo mesmo. Então, eu pensei que
talvez as pessoas me notassem um pouquinho mais se
eu não me parecesse com nada na terra. O resultado foi
a maior arrecadação na história do cinema britânico em
relação ao custo.”
O papel de Christopher Lee em Frankenstein o trouxe
para perto de outro ator, Peter Cushing, com quem ele
formaria uma parceria que garantiu a qualidade contínua
dos maiores filmes de fantasia da Hammer e, claro, provou
ser a melhor dupla da história do gênero horror. Mas ambos
não param por aí, e têm carreiras variadas e ativas fora dos
filmes do revival gótico que fizeram na Hammer.
Depois do grande sucesso nos papéis principais do
primeiro remake da Hammer, pareceu natural que ambos
se juntassem novamente para fazer outro de igual sucesso
com O Vampiro da Noite de 1958 (Dracula).
Esse é um papel de especial fascinação para Christopher
Lee e ele é sempre muito consciente dos antecedentes
históricos e lendários do Conde vampiro. Ele recentemente

215
terminou a filmagem de um documentário, na Romênia,
para uma companhia produtora sueca, em que ele aparece
tanto como o vampiro fictício Conde Drácula e o genuíno
histórico Vlad, o empalador, a praga dos turcos, o Drácula
“real”. Lee discorda de certas formas em que ele foi pedido
para interpretar Drácula recentemente, e ele tende a ver o
primeiro filme com especial afeição.
“Com o sucesso de Frankenstein, eu então fiz Drácula
na única versão da Hammer que realmente se parece com o
livro de Bram Stoker. Foi a primeira vez que fiz o papel de
Drácula e, naquele filme, ele realmente lembrava a criação
de Bram Stoker em várias formas, exceto na aparência, que
estava errada e permaneceu errada em cada filme subse-
quente da história. O Drácula do livro usava um casaco,
enquanto essa ideia de capa e mantos vem dos velhos filmes
da Universal. A ideia de um homem morando nos fundos
da Transilvânia, vestido de gravata branca, fraque e capa
é realmente bem ridícula.”
Apesar dessas divergências sobre os Dráculas das telas,
o grande triunfo de Christopher Lee no papel foi ser capaz
de tornar o inacreditável algo em que as pessoas acredita-
vam. Ele projeta um poder selvagem, erótico da criatura
cuja existência depende de sugar a vida; e os Dráculas da
Hammer todos deram ênfase ao poder do Conde sobre suas
vítimas. Lee também destaca a vulnerabilidade de Drácula,
a essencial solidão do mal.

216
“Eu acho que ele é uma pessoa muito triste. Ele não é
um herói, mas um anti-herói em muitos aspectos. Ele tem
enorme ferocidade e poder, mas nem sempre controle. É
um desafio para um ator torná-lo crível. Por uma hora e
meia, as pessoas ficam olhando para algo que não sabem
se é possível e estão acreditando que é. Eu frequentemente
pondero sobre como os maiores nomes do cinema teriam
feito algumas falas minhas. Nós na Hammer tivemos o
treino mais rigoroso possível a respeito disso e nós tivemos
sucesso quase total.
“Outro aspecto desses filmes que chamam o público
em qualquer lugar é que o tipo de filme de Drácula é uma
história moral, uma mistura de pantomima, conto de fadas
e melodrama. Os personagens são diretos e estritamente
definidos: isso é preto, isso é branco. Isso é bom, isso é
ruim. Quando o mal encontra o bem, precisa inevitavel-
mente falhar, sempre perde no final. Esse é o único motivo
pelo qual a igreja não se opõe aos filmes, e por que eles são
tão populares na Irlanda, Espanha e Itália. Eu viajei pelo
mundo inteiro e falei com frequentadores de cinema em
todos os cantos, eu não tenho dúvida sobre isso, de todos
os tipos de filme, esse tipo de fantasia ou conto de fadas
adulto são os mais populares.”
Lee, junto de Peter Cushing, foi o astro da Hammer nesse
revival gótico. Ele interpretou a Criatura de Frankenstein,
Drácula e a Múmia. Agora, apesar de suas dúvidas sobre as

217
formas mais recentes de como o maligno Conde é trazido
de volta, ele permanece generoso e elogia as conquistas
da companhia.
“Não tem uma grande diferença entre o que a Hammer
faz e um estúdio gigante como a Paramount faz, exceto que
a Hammer cria muito mais com muito menos. Eles conse-
guem botar na tela uma história essencialmente inacredi-
tável, e os atores a tornam algo em que se pode acreditar,
sem gastar fortunas em roteiro, direção e elenco. A Hammer
tem um desafio muito maior do que as companhias mais
prestigiadas, e vence fácil. Os lucros que eles tiveram não
deixam dúvida. Eu acho que os críticos são injustos com
a Hammer; eles criticam os filmes por serem nojentos, de
baixa qualidade e baratos. Ainda assim, tem mais violência,
sadismo e obscenidade feroz em três minutos de um filme
do Bond do que em vinte filmes da Hammer juntos.
“A Hammer nunca disse que veio para fazer outra coisa
que não levar as pessoas ao cinema com entretenimento.
Isso, claro, é o trabalho do showman e na família Carreras,
nós encontramos os melhores no cinema britânico em um
longo tempo.”
A relutância de Christopher Lee em continuar inter-
pretando Drácula nos filmes mais recentes é compreen-
sível. Desde os dias inebriantes do primeiro remake em
1957, versões seguintes tenderam a perder o mistério e a
fantasia daquele primeiro O Vampiro da Noite, e deixaram

218
Lee com pouca alternativa a não ser continuar interpre-
tando o mesmo Drácula, de capa e olhar feroz em lentes de
contato vermelhas. Lee, que normalmente tem uma cópia
do Drácula de Bram Stoker com ele nos sets de filmagem,
gostaria de ver um retorno para a lenda, para Bram Stoker
ou para as lendas do século XV.
“Do jeito que o papel de Drácula está nos filmes recentes,
tem muito pouco que eu possa elaborar. Eu faria de novo,
mas só se houvesse algo a mais que eu pudesse dar ao perso-
nagem. E eu tenho reservas quanto a interpretar o papel
num ambiente moderno. Obviamente, claro, se o público
quiser me ver fazendo o personagem, então fica difícil de
recusar, embora vá chegar um tempo em que eu não serei
mais fisicamente capaz de fazê-lo. Minha grande ambição
é fazer um filme do livro de Stoker, do jeito que ele escre-
veu. É esse o Drácula que quero fazer. Então, eu realmente
poderia dizer que fiz Drácula e dar o meu último adeus.”

219

PETER
CUSHING
N
ascido em Surrey, Inglaterra, em 1913, o filho de um
inspetor de qualidade, a persistente ambição de Peter
Cushing, desde a juventude no colégio, era ser ator.
Seu pai, no entanto, tinha outros planos e Peter lembra:
“Eu fui assistente no escritório dele por três anos e vivia só
nas noites quando eu podia escapar para uma sociedade de
teatro amador local.” Depois de um período desesperado
escrevendo cartas de candidatura a companhias de teatro
de repertório e diretores, o futuro Barão von Frankenstein
finalmente conseguiu emprego a 15 shillings por semana
com uma companhia de repertório em Worthing. Ele
ficou lá até juntar 50 libras, o preço da passagem só de ida
para Hollywood.
Depois de dois anos variados nos Estados Unidos, que
incluíram interpretar o dublê de Louis Hayward em O
Homem da Máscara de Ferro e um papel em Dois Palermas
em Oxford com Laurel e Hardy, ele retornou à Inglaterra
em 1941. Um antigo problema no ouvido o impediu de se
juntar às forças armadas, e ele começou a trabalhar com a
ENSA (Entertainments National Service Association). Fez
vários papéis no teatro e uma tour com a companhia de
teatro Old Vic pela Austrália e pela Nova Zelândia. Então,

221
os primeiros papéis para cinema começaram a aparecer com
Osric no Hamlet de Olivier em 1948. Fez outros pequenos
papéis entre 1951 e 1956, nada mais nada menos que 23
peças para a televisão, chegando a ser premiado por sua
performance na adaptação de 1984 de George Orwell.
“Parecia que eu não fazia nada além de peças naquela
época, maravilhosas peças. Praticamente todas as peças que
eu fiz naqueles anos já tinham sido bastante reconhecidas no
teatro – peças como Gas Light (de Patrick Hamilton) e The
Winslow Boy (Terence Rattigan). Cada uma foi um sucesso
e cada papel era excelente, o que ajuda muito qualquer
ator, porque se você tem um papel excelente numa peça
excelente, você tem que ser muito ruim para dar errado. Eu
lembro, no entanto, que o pessoal do cinema era bastante
contra a televisão naquela época.”
Uma companhia, porém, estava completamente viva na
mesma medida em que o rádio e a televisão representavam
o gosto popular. A Hammer já tinha feito spin-offs popula-
res de programas de rádio nos anos 40 – os filmes de P.C.
49 e Dick Barton – quando eles lançaram o seu primeiro,
brilhantemente bem sucedido, spin-off da televisão, Terror
que Mata (1955).
“Eu acho que isso mostra a perspicácia para negócios
incrível da Hammer, mas eles sempre assistiram televisão
bem de perto, e agora, é claro, eles estão fazendo coisas como
Nos Ônibus, ainda com imenso sucesso. Foi parcialmente

222
por causa do meu sucesso na televisão que eles se inte-
ressaram por mim, mas eu não pude realmente começar
a trabalhar com eles até 1956 quando houve um pequeno
espaço no meu trabalho para a televisão, e eu soube que
eles estavam considerando um remake de Frankenstein.
Eu lembro de gostar muito da versão anterior, com Boris
Karloff fazendo o Monstro e Colin Clive interpretando
Frankenstein. Então, liguei para o meu agente, que disse
à Hammer que eu ainda queria trabalhar para eles. E foi
assim que aconteceu; eu não tinha ideia do que eu estava
começando, embora eu logo fosse descobrir que tudo que
eu e Christopher Lee fizemos seria depois descrito como
filme de “horror”, até o filme de Sherlock Holmes que eu
fiz. Para mim, no entanto, filmes como O Poderoso Chefão
são os filmes de horror reais, mesmo sendo maravilhosos.
Atirar nos olhos de um homem na mesa de massagem pode
ter um paralelo comigo cravando a estaca em Drácula, mas
é muito mais terrível, porque o que nós fazemos é uma
fábula, enquanto a cena de O Poderoso Chefão pode real-
mente ter acontecido em algum momento. Eu não tenho
interesse profundo no gênero horror, mas eu gosto de fazer
filmes, e me sinto extremamente sortudo de ser tão asso-
ciado com a história de sucesso da Hammer. Eu fiz uma
média de um filme e meio por ano para uma companhia só.
Na vida de um ator, isso é algo pelo qual se deve ser real-
mente agradecido.”

223
Peter Cushing, um homem quieto e gentil, é renomado
por interpretar dois dos personagens mais duros na história
dos filmes de horror: o cientista cruel e fanático Barão von
Frankenstein, e o igualmente determinado e destemido Van
Helsing, o caçador perene de Drácula. Ele interpretou esses
dois papéis na maioria dos tratamentos das duas histórias da
Hammer, mas ele não acha que o estilo essencial dos perso-
nagens mudou a despeito de uma certa “modernização”.
“Frankenstein tem um tremendo estilo, porque ele é
sempre o mesmo personagem. Ele talvez tenha se tornado
um pouco mais cruel, mas é basicamente o mesmo. O caráter
do ator tem sempre que vir à tona até certa medida, o que
dá uma certa continuidade. Você também tenta criar um
personagem com o que o roteirista te dá, e eu não acho que
Peter Cushing tem tanto assim em comum com Frankenstein.
Você é substancialmente movido pelos roteiros, e a forma
como eles são escritos estão fadados a refletir atitudes atuais
até certo ponto.
“Eu não acho, no entanto, que Frankenstein e Drácula
mudaram dos personagens que eram nos primeiros filmes
que fizemos nesses temas. Frankenstein é sobre um homem
que fez o impossível ao criar outro homem; o outro, Drácula,
é sobre um vampiro que vive de sangue. Tudo depois disso
é uma variação do mesmo tema. É claro que você tem que
acrescentar mudanças ao longo do caminho, e a Hammer
começou a fazer filmes de Drácula num cenário moderno,

224
mas os personagens permanecem os mesmos. E até nos
mais modernos, Drácula se mantém dentro de uma igreja
gótica onde ele realmente está em casa.
“E o jeito que eu penso sobre Frankenstein também
nunca muda. Eu acho que é como o Dr. Knox, famoso
anatomista que precisava de corpos para descobrir como
o corpo humano funcionava. Ele pode ter começado como
um médico honesto, mas no fim, ele fechou o olho bom
para os meios que usava como material para os experimen-
tos. E eu vejo Frankenstein assim, não só um homem que
coleciona partes e pedaços e os põe juntos. Ele realmente
tenta provar algo, e por esse motivo eu nunca pensei nele
como um personagem ruim. Médicos e cirurgiões sempre
tiveram que ter uma partezinha cruel dentro deles para
cumprirem seus trabalhos.”
Desde o primeiro Frankenstein da Hammer, Peter
Cushing fez mais de 50 filmes. Muitos deles dentro do
gênero horror ou fantasia, como As Filhas de Drácula e
Essência da Maldade. Mas além de suas caracterizações de
Frankenstein e Van Helsing, ele é mais conhecido por inter-
pretar Sherlock Holmes, tanto no Cão dos Baskervilles da
Hammer quanto na popular série de televisão da BBC. Peter
Cushing lembra dele como “o mais complexo personagem
para interpretar.” Mas a verdadeira afeição de Cushing
está com os dois filmes de fantasia que garantiram a ele um
lugar de distinção na história do horror.

225
“Eu espero que a Hammer tenha roteiros prontos para
mais filmes de Drácula e Frankenstein que eu possa fazer
de cadeira de rodas. Os filmes de horror me dão muito
prazer. E fazer filmes é sobre isso. Quanta sorte eu tive de
ter aquela primeira chance dezesseis anos atrás.
“Desistir de interpretar Van Helsing nos Dráculas? Só
por cima do meu cadáver.”

226
SESSÃO DE FOTOS
O MONSTRO DO HIMALAIA (The Abominable Snowman, 1957)

228
O MONSTRO DO HIMALAIA (The Abominable Snowman, 1957)

229
O MONSTRO DO HIMALAIA (The Abominable Snowman, 1957)

230
O VAMPIRO DA NOITE (Dracula, 1958)

231
O VAMPIRO DA NOITE (Dracula, 1958)

232
O VAMPIRO DA NOITE (Dracula, 1958)

233
O VAMPIRO DA NOITE (Dracula, 1958)

234
O CÃO DOS BASKERVILLES (The Hound of the Baskervilles, 1958)

235
O CÃO DOS BASKERVILLES (The Hound of the Baskervilles, 1958)

236
O HOMEM QUE ENGANOU A MORTE (The Man Who Could Cheat Death, 1959)

237
O HOMEM QUE ENGANOU A MORTE (The Man Who Could Cheat Death, 1959)

238
A MÚMIA (The Mummy, 1959)

239
A MÚMIA (The Mummy, 1959)

240
AS NOIVAS DE DRÁCULA (The Brides of Dracula, 1960)

241
AS NOIVAS DE DRÁCULA (The Brides of Dracula, 1960)

242
O BEIJO DO VAMPIRO (The Kiss of the Vampire, 1964)

243
O BEIJO DO VAMPIRO (The Kiss of the Vampire, 1964)

244
O BEIJO DO VAMPIRO (The Kiss of the Vampire, 1964)

245
A GÓRGONA (The Gorgon, 1964)

246
A GÓRGONA (The Gorgon, 1964)

247
A MALDIÇÃO DA MÚMIA (The Curse of the Mummy’s Tomb, 1964)

248
DRÁCULA – O PRÍNCIPE DAS TREVAS (Dracula: Prince of Darkness, 1966)

249
DRÁCULA – O PRÍNCIPE DAS TREVAS (Dracula: Prince of Darkness, 1966)

250
A SERPENTE (The Reptile, 1966)

251
A SERPENTE (The Reptile, 1966)

252
EPIDEMIA DE ZUMBIS (The Plague of the Zombies, 1966)

253
EPIDEMIA DE ZUMBIS (The Plague of the Zombies, 1966)

254
EPIDEMIA DE ZUMBIS (The Plague of the Zombies, 1966)

255
BRUXA, A FACE DO DEMÔNIO (The Witches, 1966)

256
O SARCÓFAGO MALDITO (The Mummy’s Shroud, 1967)

257
DRÁCULA – O PERFIL DO DIABO (Dracula Has Risen from the Grave, 1968)

258
DRÁCULA – O PERFIL DO DIABO (Dracula Has Risen from the Grave, 1968)

259
FRANKENSTEIN TEM QUE SER DESTRUÍDO (Frankenstein Must Be Destroyed, 1969)

260
261
O HORROR DE FRANKENSTEIN (The Horror of Frankenstein, 1970)

262
O HORROR DE FRANKENSTEIN (The Horror of Frankenstein, 1970)

263
ATRAÇÃO MORTAL (The Vampire Lovers, 1970)

264
ATRAÇÃO MORTAL (The Vampire Lovers, 1970)

265
ATRAÇÃO MORTAL (The Vampire Lovers, 1970)

266
OS RITOS SATÂNICOS DE DRÁCULA (The Satanic Rites of Dracula, 1974)

267
OS RITOS SATÂNICOS DE DRÁCULA (The Satanic Rites of Dracula, 1974)

268
SOBRE OS AUTORES
JACK HUNTER
John Evans Hunter (23 de Agosto de 1911 – 8 de Setembro
de 1984) foi um escritor e roteirista nascido nos Estados
Unidos. Filho da atriz Millicent Evans e do produtor/dire-
tor Ernest J. Carpenter, mais adiante na sua vida, ele afir-
maria ser filho ilegítimo do famoso ator americano Douglas
Fairbanks. Jack Hunter se formou na Hollywood High
School em 1927 e logo se mudou para a Inglaterra, onde
estudou no Trinity College, em Cambridge. Ainda como
aluno da universidade, sua carreira começou ao escrever
o roteiro de Smashing Through (1929) um filme mudo de
aventura. Também atuou em Varsity (1930, como J. Evans
Hunter). Depois de se formar com honras, ele se tornou
roteirista reconhecido principalmente por seus filmes para o
Estúdio Hammer. Em 1955, um de seus filmes, Carrington
V. C., foi indicado ao BAFTA. Pela Hammer, fez o contro-
verso porém muito elogiado O Estigma da Infâmia (1960)
e Piratas do Rio Sangrento (1962), e muitos outros. Morreu
em Londres, 1984.

BEATRIZ SALDANHA
Cineasta, pesquisadora e colagista, colabora frequentemente
para catálogos de mostras e livros, entre eles um capítulo
sobre as diretoras brasileiras de horror para o livro Mulheres
Atrás das Câmeras (Abraccine). Participou de curadorias
e/ou júris de diversos festivais de cinema fantástico do

270
país, entre eles Fantaspoa (RS), Cinefantasy (SP) e Rock
Horror Film Festival (RJ). Desde 2016, faz parte do time
fixo de curadores da Crash – Mostra Internacional de
Cinema Fantástico (GO). Mantém a revista eletrônica Les
Diaboliques, especializada em filmes de terror, e co-organiza
a revista Única, especializada na obra de Alfred Hitchcock,
e a Enciclopédia do Cinema de Horror, em fase de prepara-
ção. Estreou na direção em 2020 com os curtas-metragens
Jérôme: Um Conto de Natal, lançado nacional e internacio-
nalmente como segmento da Antologia da Pandemia, e Do
Pó ao Pó, que teve sua estreia na Cine BH.

CARLOS FOFAUN FORTES


Produtor, roteirista e diretor de cinema. Cinegrafista e
editor de peças publicitárias. Graduado em Filosofia pela
Universidade Estadual de Londrina. Criador da produtora
Cine Guerrilha em Londrina/PR, produziu curtas de horror
e organizou oficinas de realização de cinema de gênero.
Foi diretor e roteirista dos curtas-metragens “Invasores”,
“Bosque Vermelho” (Cine Guerrilha – codirigindo com Edu
Reginato) e “O Violeiro de Lerroville” (Rpc, Kinoarte).
Além de assistente de direção do longa-metragem “Leste
Oeste”, diretor de produção do longa-metragem “Passagem
Secreta” (Kinopus) e de curtas-metragens como “Rubras
Mariposas” (Clareira) e “A Manicuri” (Cine Guerrilha)
entre outros.

271
CARLOS PRIMATI
Pesquisador de cinema, crítico (membro da Abraccine),
curador, tradutor e editor, especializado no gênero fantás-
tico, ministra cursos e palestras sobre horror, ficção cien-
tífica e fantasia em diversos eventos voltados ao tema e
em instituições como o MIS-SP (Museu da Imagem e do
Som). Foi editor da revista DarkSide DVD, na qual publi-
cou uma série de artigos contando a história da produtora
inglesa Hammer, também tema de um curso ministrado na
mostra Crash, em Goiânia. Entre inúmeros artigos publi-
cados em livros e catálogos de mostras temáticas, abordou
as diversas adaptações cinematográficas de Drácula para
uma luxuosa edição do romance de Bram Stoker, lançado
pela DarkSide Books. Colaborou para catálogos de mostras
como Hitchcock, Monstros no Cinema, Rock Terror, George
Romero e Stephen King. Foi um dos curadores, juntamente
de Breno Lira Gomes, da mostra MacaBRo, produzida pelo
CCBB e exibida online com muito sucesso pela plataforma
DarkFlix em outubro/novembro de 2020.

CESAR ALMEIDA
Tradutor, editor e escritor. Nasceu em Porto Alegre, no
ano de 1980. Publica artigos sobre cinema desde 2008. Em
2010 lançou “Cemitério Perdido dos Filmes B”, que compila
130 resenhas de sua autoria (relançado em 2014, versão
“Redux”). Em seguida organizou “Cemitério Perdido dos

272
Filmes B: Exploitation!”, que contou com a colaboração de
onze autores. Também ministrou cursos como “Mestres &
Dragões: A Era de Ouro das Artes Marciais no Cinema”,
“Sam Peckinpah – Rebelde Implacável” e “Blaxploitation –
O Cinema Negro Americano dos Anos 70”. É autor, com
o pseudônimo Cesar Alcázar, dos livros “Bazar Pulp” e “A
Culpa é da Noite”, além de ser um dos criadores dos even-
tos Odisseia de Literatura Fantástica e Porto Alegre Noir.

DANILO CRESPO
Poeta, dramaturgo, roteirista, tradutor e crítico de cinema.
Formado em Letras – Inglês (UFF), também é professor
do ensino médio e pesquisa literatura e cinema ingleses.
Publicou o livro "Memórias de Abacate e outras histórias"
em 2011 (Ed. Nonoar), e lançará seu primeiro livro de poesia
em 2021 (Ed. Urutau).. Em 2017, roteirizou e codirigiu com
Thays Pantuza os curtas-metragens “A entrada é a saída é
a entrada”e "O começo de mim". É, ainda, autor das peças
“Entre” (2016) e “Somos Todos Loucos Aqui” (2019).

EDUARDO REGINATO
Diretor, produtor, roteirista, escritor e crítico de cinema.
É formado, mestre e doutorando em Literatura pela
Universidade Federal Fluminense, pesquisando cinema
fantástico e horror e fantasia na literatura. Na televisão foi
diretor e roteirista do programa Cinema Mundo (2006) do

273
extinto canal Cine Brasil TV e produtor dos programas (Re)
corte Cultural e Arte com Sérgio Britto da TVE (atual TV
Brasil). Foi um dos curadores das mostras Bertrand Blier e a
Comédia da Provocação (2017) na Caixa Cultural SP e Mel
Brooks – Banzé no Cinema (2020) no CCBB. Foi produtor das
mostras O Cinema Total de David Lean (2015), Syberberg,
um filme da Alemanha (2016), Aventura Antonioni (2017),
Scorsese (2019), Fellini, il Maestro (2020), entre outras.

FILIPE FURTADO
Crítico de cinema, ex-editor das revistas Paisà e Cinética.
Colaborou para espaços como Contracampo, Filme Cultura,
Teorema, The Film Journal, La Furia Umana e Rouge.
Mantém o blog Anotações de um Cinéfilo.

MARCELO MIRANDA
Crítico, curador e pesquisador de cinema. Colaborador de
jornais e revistas virtuais e eletrônicas, como Cinética e Folha
de S.Paulo. Autor de artigos em livros e catálogos de retros-
pectivas dedicadas a John Carpenter, George A. Romero,
Stephen King, Alfred Hitchcock, Carlos Hugo Christensen,
irmãos Coen e vários outros. Realizador do podcast Saco
de Ossos, dedicado a entrevistas com realizadores e profis-
sionais de terror no Brasil.

274
FILMOGRAFIA
O MONSTRO DO
HIMALAIA
The Abominable Snowman 1957 91 
min

COMPANHIAS PRODUÇÃO EDIÇÃO ELENCO


PRODUTORAS ASSOCIADA Bill Lenny Forrest Tucker
Hammer Anthony Nelson (Tom Friend), Peter
DIREÇÃO DE
Keys Cushing (Dr. John
LANÇAMENTO PRODUÇÃO
Rollason), Maureen
(REINO UNIDO) TRILHA ORIGINAL Don Weeks
Connell (Helen
26 de agosto de 1957 Humphrey Searle
ASSISTENTE DE Rollason), Richard
DISTRIBUIÇÃO DIREÇÃO DIREÇÃO Wattis (Peter Fox),
Warner Bros. MUSICAL Robert Lynn, Robert Brown (Ed
John Hollingsworth Beatrice Dawson Shelley), Michael
DIREÇÃO
Brill (McNee), Wolfe
Val Guest FOTOGRAFIA FIGURINO
Morris (Kusang),
Arthur Grant Molly Arbuthnot
PRODUÇÃO Arnold Marlé
Aubrey Baring DESIGN DE PRODUÇÃO (Lhama), Anthony
PRODUÇÃO EXECUTIVA Chinn (Major
ROTEIRO
Bernard Robinson Michael Carreras Domo), Jock Easton,
Nigel Kneale,
Joe Powell, Fred
baseado na peça DIREÇÃO DE ARTE MAQUIAGEM
Johnson (Yeti)
da BBC-TV “The Ted Marshall Phil Leakey
Creature”

Em uma remota região do Himalaia, o doutor John Rollason


decide fazer parte de uma expedição em busca do lendário Yeti.

276
O VAMPIRO DA NOITE
Dracula 1958 82 
min

COMPANHIAS TRILHA ORIGINAL EFEITOS Valerie Gaunt


PRODUTORAS James Bernard ESPECIAIS (Vampira), Janina
Hammer Sydney Pearson, Les Faye (Tania),
DIREÇÃO
Bowie Barbara Archer
LANÇAMENTO MUSICAL
(Inga), Charles
(REINO UNIDO) John Hollingsworth PRODUÇÃO
Lloyd Pack (Dr.
16 de junho de 1958 EXECUTIVA
FOTOGRAFIA Seward), George
Michael Carreras
DISTRIBUIÇÃO Jack Asher, BSC Merritt (Policial),
Rank/Universal- MAQUIAGEM George Woodbridge
DESIGN DE
International (EUA) Phil Leakey (Senhorio), George
PRODUÇÃO
Benson (Agente da
DIREÇÃO Bernard Robinson ELENCO
Fronteira), Miles
Terence Fisher Peter Cushing
EDIÇÃO Malleson (Marx, o
(Dr. Van Helsing),
PRODUÇÃO Bill Lenny, James Agente Funerário)
Christopher Lee
Anthony Hinds Needs Geoffrey Bayldon
(Conde Dracula),
(Porteiro), Paul
ROTEIRO DIREÇÃO DE Michael Gough
Cole (Homem), Guy
Jimmy Sangster, PRODUÇÃO (Arthur Holmwood),
Mills (Cocheiro),
baseado no romance Don Weeks Melissa Stribling
Dick Morgan
“Drácula” de Bram (Mina Holmwood),
ASSISTENTE DE (Companheiro do
Stoker Carol Marsh (Lucy
DIREÇÃO Cocheiro), John
Holmwood), Olga
PRODUÇÃO Robert Lynn Mossman (Motorista
Dickie (Gerda),
ASSOCIADA do Carro Fúnebre)
FIGURINO John Van Eyssen
Anthony Nelson
Molly Arbuthnot (Jonathan Harker),
Keys

O estudioso de vampiros Dr. Van Helsing chega à cidade


e descobre que Jonathan Harker foi mordido pelo nefasto
Conde Drácula. Forçado a enfiar uma estaca no peito do
amigo, ele sai em busca da noiva dele, Lucy, e sua família,
que agora também estão na mira do temido vampiro.

277
O CÃO DOS
BASKERVILLES
The Hound of the Baskervilles  1958  82 min

COMPANHIAS Anthony Nelson John Peverall, Tom Oxley (Sir Hugo


DISTRIBUIDORAS Keys Walls Baskerville), Francis
Hammer de Wolff (Dr. Richard
TRILHA ORIGINAL FIGURINO
Mortimer), Miles
LANÇAMENTO James Bernard Molly Arbuthnot
Malleson (Bispo
(REINO UNIDO)
SUPERVISÃO EFEITOS Frankland), Ewen
16 de junho de 1968
MUSICAL ESPECIAIS Solon (Stapleton),
DISTRIBUIÇÃO John Hollingsworth Sydney Pearson John Le Mesurier
United Artists (Barrymore),
FOTOGRAFIA PRODUÇÃO
Helen Goss (Mrs.
DIREÇÃO Jack Asher, BSC EXECUTIVA
Barrymore), Sam
Terence Fisher Michael Carreras
DESIGN DE Kydd (Perkins),
PRODUÇÃO PRODUÇÃO MAQUIAGEM Michael Hawkins
Anthony Hinds, Bernard Robinson Roy Ashton (Lord Caphill), Judi
Kenneth Hyman Moyens (Empregada),
EDIÇÃO ELENCO
Michael Mulcaster
ROTEIRO James Needs, Alfred Peter Cushing
(Selden, o
Peter Bryan, Cox (Sherlock Holmes),
Condenado), David
baseado no romance André Morell
DIREÇÃO DE Birks (Empregado),
homônimo de Sir (Dr. Watson),
PRODUÇÃO Ian Hewitson
Arthur Conan Doyle Christopher Lee (Sir
Don Weeks (Lord Kingsblood),
Henry Baskerville),
PRODUÇÃO Elizabeth Dott (Mrs.
ASSISTENTE DE Marla Landi (Cecile
ASSOCIADA Goodlippe)
DIREÇÃO Stapleton), David

Um cão assustador, aparentemente vindo do inferno, perse-


gue os membros da família Baskerville. Cabe ao detetive
Sherlock Holmes proteger o seu cliente contra esta fera a
qualquer custo.

278
O HOMEM QUE
ENGANOU A MORTE
The Man Who Could Cheat Death  1959  83 min

COMPANHIAS PRODUÇÃO ASSISTENTE DE Weiss), Delphi


PRODUTORAS ASSOCIADA DIREÇÃO Lawrence (Margo),
Hammer/Cadogan Anthony Nelson John Peverall Francis de Wolff
Keys (Inspetor Legris),
LANÇAMENTO FIGURINO
Gerda Larsen
(REINO UNIDO) TRILHA ORIGINAL Molly Arbuthnot
(Garota na Rua),
30 de novembro de Richard Rodney
EFEITOS Middleton Woods
1959 Bennett
ESPECIAIS (Homenzinho), Denis
DISTRIBUIÇÃO SUPERVISÃO Les Bowie Shaw (Cliente da
Paramount MUSICAL Taverna), Frederick
PRODUÇÃO
John Hollingsworth Rawlings (Lacaio),
DIREÇÃO EXECUTIVA
Marie Burke
Terence Fisher FOTOGRAFIA Michael Carreras
(Mulher), Charles
Jack Asher, BSC
PRODUÇÃO MAQUIAGEM Lloyd Pack (Homem),
Michael Carreras DESIGN DE Roy Ashton John Harrison
PRODUÇÃO (Empregado), Ronald
ROTEIRO ELENCO
Bernard Robinson Adam (Segundo
Jimmy Sangster, Anton Diffring (Dr.
Médico), Barry
baseado na peça EDIÇÃO Georges Bonnet),
Shawzin (Terceiro
“The Man in Half John Dunsford, Hazel Court (Janine
Médico)
Moon Street” de James Needs Dubois), Christopher
Barré Lyndon Lee (Pierre Gerard),
DIREÇÃO DE
Arnold Marlé
PRODUÇÃO
(Prof. Ludwig
Don Weeks

Um homem de 104 anos aparenta ter 35 graças a um bizarro


segredo: ele mata para extrair uma glândula de suas víti-
mas, o que o mantém jovem.

279
A MÚMIA
The Mummy 1959 86 
min

COMPANHIAS SUPERVISÃO EFEITOS Akir), Michael Ripper


PRODUTORAS MUSICAL ESPECIAIS (caçador), George
Hammer John Hollingsworth Bill Warrington, Les Woodbridge (agente
Bowie da polícia), Harold
LANÇAMENTO FOTOGRAFIA
Goodwin (Pat),
(REINO UNIDO) Jack Asher, BSC MÁSCARAS
Denis Shaw (Mike),
25 de setembro de EGÍPCIAS
DESIGN DE Gerald Lawson
1959 Margaret Robinson
PRODUÇÃO (Cliente Irlandês),
DISTRIBUIÇÃO Bernard Robinson MAQUIAGEM Willoughby Gray (Dr.
Rank/Universal- Roy Ashton Reilly), John Stuart
DIREÇÃO DE ARTE
International (EUA) (Legista), David
Don Mingaye ELENCO
Browning (Sargento
DIREÇÃO Peter Cushing
EDIÇÃO da Polícia), Frank
Terence Fisher (John Banning),
Alfred Cox, James Sieman (Bill),
Christopher
PRODUÇÃO Needs Stanley Meadows
Lee (A Múmia/
Michael Carreras (atendente),
DIREÇÃO DE Kharis), Yvonne
Frank Singuineau
ROTEIRO PRODUÇÃO Furneaux (Isobel/
(porteiro), John
Jimmy Sangster Don Weeks Ananka), Felix
Harrison (Primeiro
Aylmer (Stephen
PRODUÇÃO ASSISTENTE DE Padre), James
Banning), Raymond
ASSOCIADA DIREÇÃO Clarke (Segundo
Huntley (Joseph
Anthony Nelson John Peverall, Tom Padre)
Whemple), Eddie
Keys Walls
Byrne (Inspector
TRILHA ORIGINAL FIGURINO Mulrooney), George
Franz Reizenstein Molly Arbuthnot Pastell (Mehemet

Arqueólogos britânicos descobrem o túmulo de uma prin-


cesa egípcia morta há quatro mil anos. Acidentalmente,
um deles faz voltar à vida o guardião da tumba, Kharis,
que recebe a ajuda de um egípcio na missão para matar os
profanadores da tumba.

280
AS NOIVAS DE DRÁCULA
The Brides of Dracula  1960  85 min

COMPANHIAS Anthony Nelson ASSISTENTE DE Freda Jackson


PRODUTORAS Keys DIREÇÃO (Greta), David Peel
Hammer/Hotspur John Peverall, Hugh (Barão Meinster),
TRILHA ORIGINAL
Harlow Miles Malleson
LANÇAMENTO Malcolm Williamson
(Dr. Tobler), Henry
(REINO UNIDO) FIGURINO
SUPERVISÃO Oscar (Herr Lang),
7 de julho de 1960 Molly Arbuthnot
MUSICAL Mona Washbourne
DISTRIBUIÇÃO John Hollingsworth EFEITOS (Frau Lang), Andree
Rank/Universal- ESPECIAIS Melly (Gina), Victor
FOTOGRAFIA
International (EUA) Sydney Pearson Brooks (Hans), Fred
Jack Asher, BSC
Johnson (Cura da
DIREÇÃO PRODUÇÃO
DESIGN DE Aldeia), Michael
Terence Fisher EXECUTIVA
PRODUÇÃO Ripper (Cocheiro),
Michael Carreras
PRODUÇÃO Bernard Robinson Norman Pierce
Anthony Hinds MAQUIAGEM (Senhorio), Vera
DIREÇÃO DE ARTE
Roy Ashton Cook (Esposa do
ROTEIRO Thomas Goswell
Senhorio), Marie
Jimmy Sangster, ELENCO
EDIÇÃO Devereux (Garota
Peter Bryan, Edward Peter Cushing
Alfred Cox, James da Aldeia/Vampira),
Percy (Dr. Van Helsing),
Needs Harold Scott
Martita Hunt
PRODUÇÃO (Severin), Michael
DIREÇÃO DE (Baronesa Meinster),
ASSOCIADA Mulcaster (Latour)
PRODUÇÃO Yvonne Monlaur
Don Weeks (Marianne Danielle),

Mantido cativo por sua mãe em seu castelo, o Barão Meinster


recebe a ajuda de uma jovem e incauta professora, que o
liberta, sem saber que o rapaz era na verdade um vampiro.
O Dr. Van Helsing novamente entra em ação na sua caça
para libertar todos os discípulos de Drácula da terrível
maldição do vampirismo.

281
O MONSTRO DE
DUAS CARAS
The Two Faces of Dr. Jekyll  1960  88 min

COMPANHIAS COREOGRAFIA ELENCO Felton (Primeiro


PRODUTORAS Julie Mendez Paul Massie (Dr. Apostador), Walter
Hammer Henry Jekyll/ Gotell (Segundo
FOTOGRAFIA
Edward Hyde), Dawn Apostador), Anthony
LANÇAMENTO Jack Asher, BSC
Addams (Kitty Jacobs (Terceiro
(REINO UNIDO)
DESIGN DE Jekyll), Christopher Apostador), Denis
24 de Outubro de
PRODUÇÃO Lee (Paul Allen), Shaw (Cliente da
1960
Bernard Robinson David Kossoff Taverna), Pauline
DISTRIBUIÇÃO (Ernst Littauer), Shepherd (Garota da
DIREÇÃO DE ARTE
BLC/Columbia/ Francis de Wolff Taverna), Prudence
Don Mingaye
American- (Inspetor), Norma Hyman, Lucy
International (EUA) EDIÇÃO Marla (Maria), Joy Griffiths (Mulheres
Eric Boyd-Perkins, Webster (Primeiro da Taverna), Ralph
DIREÇÃO
James Needs Instrumento), Broadbent, Laurence
Terence Fisher
Roberta Kirkwood Richardson, Alex
DIREÇÃO DE
PRODUÇÃO (Segundo Miller, Archie Baker
PRODUÇÃO
Michael Carreras Instrumento), Magda (Cantores), Maria
Clifford Parkes
Miller (Garota Andipa (Cigana),
ROTEIRO
ASSISTENTE DE Esfinge), Doreen Arthur Lovegrove
Wolf Mankowitz,
DIREÇÃO Ismail (Segunda (Taxista), Joyce
baseado no romance
John Peverall, Hugh Garota Esfinge), Wren (Enfermeira),
“O Médico e o
Harlow William Kendall Patricia Sayers,
Monstro” de Robert
(Homem do Clube), Carole Haynes, Jean
Louis Stevenson FIGURINO
Helen Goss (Babá), Long, Marilyn Ridge,
Molly Arbuthnot,
PRODUÇÃO Janina Faye (Jane), Hazel Graeme,
Mayo
ASSOCIADA Percy Cartwright Moyna Sharwin,
Anthony Nelson CASTING (Legista), Joan Pauline Dukes,
Keys Dorothy Holloway Tyrell (Major Domo), Josephine Jay, Das
Joe Robinson Gupta Bandana,
TRILHA ORIGINAL MAQUIAGEM
(Corinthian “Tigre”), Gundel Sargent,
Monty Norman, Roy Ashton
Douglas Robinson Shirli Scott-James
David Heneker
(Boxeador), Donald (Garotas Esfinge)
SUPERVISÃO Tandy (Homem de
MUSICAL Roupas Normais),
John Hollingsworth Frank Atkinson
(Noivo), Oliver
Reed (Tough), Felix

282
Cansado de sua vida, Jekyll volta sua inteligência para o
estudo da mente humana. Ele toma uma de suas poções na
espera de uma resposta, mas liberta o ser escondido dentro
de si: Mr. Hyde, um homem bonito e charmoso com uma
mente assassina.

283
O BEIJO DO VAMPIRO
The Kiss of the Vampire  1964  88 min

COMPANHIAS SUPERVISÃO Douglas Hermes, Warren (Carl


PRODUTORAS MUSICAL Hugh Harlow Ravna), Jacquie
Hammer John Hollingsworth Wallis (Sabena
FIGURINO
Ravna), Isobel
LANÇAMENTO FOTOGRAFIA Rosemary Burrows,
Black (Tania), Peter
(REINO UNIDO) Alan Hume Molly Arbuthnot
Madden (Bruno),
26 de janeiro de 1964
DESIGN DE EFEITOS Vera Cook (Anna),
DISTRIBUIÇÃO PRODUÇÃO ESPECIAIS Noel Howlett
Rank/Universal- Bernard Robinson Les Bowie (Padre Xavier),
International (EUA) Stan Simmons
DIREÇÃO DE ARTE MAQUIAGEM
(Hans), Brian
DIREÇÃO Don Mingaye Roy Ashton
Oulton (Primeiro
Don Sharp
EDIÇÃO ELENCO Discípulo), John
PRODUÇÃO James Needs Clifford Evans Harvey (Sargento
Anthony Hinds (Professor Zimmer), da Polícia), Olga
DIREÇÃO DE
Noel Willman (Dr. Dickie (Mulher no
ROTEIRO PRODUÇÃO
Ravna), Edward Cemitério), Margaret
John Elder (Anthony Don Weeks
de Souza (Gerald Read (Primeira
Hinds)
ASSISTENTE DE Harcourt), Jennifer Discípula), Elizabeth
TRILHA ORIGINAL DIREÇÃO Daniel (Marianne Valentine (Segunda
James Bernard Harcourt), Barry Discípula)

Gerald e Marianne Harcourt estão viajando de carro, quando


seu veículo quebra e eles são obrigados a passar alguns dias
numa pequena e remota comunidade. Logo, eles são convi-
dados a visitar o castelo do Dr. Ravna, o líder de um culto
vampírico que se sente atraído por Marianne.

284
A GÓRGONA
The Gorgon 1964 83 
min

COMPANHIAS TRILHA ORIGINAL ASSISTENTE DE (Paul), Barbara


PRODUTORAS James Bernard DIREÇÃO Shelley (Carla
Hammer Bert Batt, Hugh Hoffman), Michael
SUPERVISÃO
Harlow Goodliffe (Professor
LANÇAMENTO MUSICAL
Heitz), Patrick
(REINO UNIDO) Marcus Dods FIGURINO
Troughton (Kanof),
18 de outubro de 1964 Rosemary Burrows
FOTOGRAFIA Joseph O’Conor
DISTRIBUIÇÃO Michael Reed EFEITOS (Legista), Prudence
BLC/Columbia ESPECIAIS Hyman (Megera/A
DESIGN DE
(EUA) Syd Pearson Górgona), Jack
PRODUÇÃO
Watson (Ratoff),
DIREÇÃO Bernard Robinson COREOGRAFIA
Redmond Phillips
Terence Fisher Peter Diamond
DIREÇÃO DE ARTE (Hans), Jeremy
PRODUÇÃO Don Mingaye MAQUIAGEM Longhurst (Bruno
Anthony Nelson Roy Ashton Heitz), Toni Gilpin
EDIÇÃO
Keys (Sascha), Joyce
Eric Boyd-Perkins, ELENCO
Hemson (Martha),
ROTEIRO James Needs Peter Cushing
Michael Peake
John Gilling (Namaroff),
DIREÇÃO DE (Policial), Alister
Christopher Lee
HISTÓRIA PRODUÇÃO Williamson (Cass),
(Professor Meister),
ORIGINAL Don Weeks Sally Nesbitt
Richard Pasco
J. Llewellyn Devine (Enfermeira)

Na cidade de Yandorf estão acontecendo vários assassi-


natos e as vítimas são transformadas em pedra. Um grupo
de moradores começa uma investigação para encontrar o
assassino, sem suspeitar que enfrenta a fúria de uma estra-
nha criatura.

285
A MALDIÇÃO DA MÚMIA
The Curse of the Mummy’s Tomb  1964  78 min

COMPANHIAS PRODUÇÃO ASSISTENTE DE Jack Gwillim (Sir


PRODUTORAS ASSOCIADA DIREÇÃO Giles Dalrymple),
Hammer/Swallow Bill Hill Bert Batt, Hugh John Paul (Inspetor
Harlow Mackenzie), Bernard
LANÇAMENTO TRILHA ORIGINAL
Rebel (Professor
(REINO UNIDO) Carlo Martelli FIGURINO
Dubois), Michael
18 de Outubro de Betty Adamson,
SUPERVISÃO McStay (Ra-Antef),
1964 John Briggs
MUSICAL Dickie Owen
DISTRIBUIÇÃO Philip Martell MAQUIAGEM (A Múmia), Mai
BLC/Columbia Roy Ashton Meredith (Jenny
FOTOGRAFIA
(EUA) Jill), Vernon Smythe
Otto Heller, BSC ELENCO
(Jessop), Michael
DIREÇÃO Terence Morgan
DESIGN DE Ripper (Vigía
Michael Carreras (Adam Beauchamp),
PRODUÇÃO Noturno), Jimmy
Ronald Howard
PRODUÇÃO Bernard Robinson Gardner (Primeiro
(John Bray), Fred
Michael Carreras Trabalhador), Harold
EDIÇÃO Clark (Alexander
Goodwin (Segundo
ROTEIRO Eric Boyd-Perkins, King), Jeanne
Trabalhador),
Henry Younger James Needs Roland (Annette
Marianne Stone
(Michael Carreras) Dubois), George
CASTING (Senhoria)
Pastell (Hashmi Bey),
David Booth

Egiptólogos descobrem a tumba daquele que foi o mais


importante Deus egípcio: Rá. Logo, dois empresários resol-
vem ganhar dinheiro com o achado levando a múmia para
exposições na Inglaterra. Mas o que parecia um grande feito
arqueológico, se torna um pesadelo quando um místico
resolve, através de magia, trazer Rá novamente à vida.

286
DRÁCULA – O PRÍNCIPE
DAS TREVAS
Dracula: Prince of Darkness  1966  90 min

COMPANHIAS (ANTHONY DIREÇÃO DE ARTE ELENCO


PRODUTORAS HINDS) Don Mingaye Christopher Lee
Hammer/Seven Arts (Drácula), Barbara
BASEADO NOS EDIÇÃO
Shelley (Helen Kent),
LANÇAMENTO PERSONAGENS DE Chris Barnes, James
Andrew Keir (Padre
(REINO UNIDO) BRAM STOKER Needs
Sandor), Francis
9 de janeiro de 1966
TRILHA ORIGINAL DIREÇÃO DE Matthews (Charles
DISTRIBUIÇÃO James Bernard PRODUÇÃO Kent), Suzan
Warner-Pathé/Fox Ross MacKenzie Farmer (Diana Kent),
SUPERVISÃO
(EUA) Charles Tingwell
MUSICAL ASSISTENTE DE
(Alan Kent), Thorley
DIREÇÃO Philip Martell DIREÇÃO
Walters (Ludwig),
Terence Fisher Bert Batt, Hugh
FOTOGRAFIA Philip Latham
Harlow
PRODUÇÃO Michael Reed (Klove), Walter
Anthony Nelson FIGURINO Brown (Irmão Mark),
OPERADOR DE
Keys Rosemary Burrows George Woodbridge
CÂMERA
(Senhorio), Jack
ROTEIRO Cecil Cooney EFEITOS
Lambert (Irmão
John Sansom ESPECIAIS
DESIGN DE Peter), Philip Ray
(Jimmy Sangster), Bowie Films Ltd.
PRODUÇÃO (Padre), Joyce
IDEALIZADO Bernard Robinson MAQUIAGEM Hemson (Mãe), John
POR JOHN ELDER Roy Ashton Maxim (Cocheiro)

Viajando pela Europa Oriental, dois casais chegam ao vilarejo


de Karlsbad ao final de um longo dia. Convidados a passar
a noite num castelo da região, não suspeitam que o anfitrião,
o Conde Drácula, aguarda ansiosamente a chegada deles.

287
A SERPENTE
The Reptile 1966 91 
min

COMPANHIAS TRILHA ORIGINAL DIREÇÃO DE (Valerie Spalding),


PRODUTORAS Don Banks PRODUÇÃO Ray Barrett
Hammer/Seven Arts George Fowler (Harry Spalding),
SUPERVISÃO
Jacqueline Pearce
LANÇAMENTO MUSICAL ASSISTENTE DE
(Anna Franklyn),
(REINO UNIDO) Philip Martell DIREÇÃO
Michael Ripper
6 de Março de 1966 Bill Cartlidge
FOTOGRAFIA (Tom Bailey), John
DISTRIBUIÇÃO Arthur Grant, BSC FIGURINO Laurie (Mad Peter),
Warner-Pathé/Fox Rosemary Burrows Marne Maitland
DESIGN DE
(EUA) (Malaio), David
PRODUÇÃO EFEITOS
Baron (Charles
DIREÇÃO Bernard Robinson ESPECIAIS
Spalding), Charles
John Gilling Bowie Films Ltd.
DIREÇÃO DE ARTE Lloyd Pack (Vigário),
PRODUÇÃO Don Mingaye MAQUIAGEM Harold Goldblatt
Anthony Nelson Roy Ashton (Procurador),
EDIÇÃO
Keys George Woodbridge
Roy Hyde, James ELENCO
(Velho Garnsey)
ROTEIRO Needs Noel Willman
John Elder (Anthony (Dr. Franklyn),
Hinds) Jennifer Daniel

Dr. Franklyn pratica um excêntrico e assustador culto e faz


parte de um grupo de adoradores de serpente. Participando
de rituais secretos, o Dr. Franklyn transforma sua esposa
Anna em um réptil.

288
EPIDEMIA DE ZUMBIS
The Plague of the Zombies  1966  90 min

COMPANHIAS SUPERVISÃO ASSISTENTE DE Alexander Davion


PRODUTORAS MUSICAL DIREÇÃO (Denver), Michael
Hammer/Seven Arts Philip Martell Bert Batt Ripper (Sgt. Jack
Swift), Marcus
LANÇAMENTO FOTOGRAFIA FIGURINO
Hammond
(REINO UNIDO) Arthur Grant, BSC Rosemary Burrows
(Martinus), Dennis
9 de janeiro de 1966
DESIGN DE EFEITOS Chinnery (Agente
DISTRIBUIÇÃO PRODUÇÃO ESPECIAIS Christian),
Wamer-Pathé/Fox Bernard Robinson Bowie Films Ltd. Louis Mahoney
(EUA) (Empregado), Roy
DIREÇÃO DE ARTE MAQUIAGEM
Royston (Vigário),
DIREÇÃO Don Mingaye Roy Ashton
Ben Aris (John
John Gilling
EDIÇÃO ELENCO Martinus), Tim
PRODUÇÃO Chris Barnes, James André Morell (Sir Condren, Bernard
Anthony Nelson Needs James Forbes), Egan, Norman
Keys Diane Clare (Sylvia), Mann,Francis Willey
DIREÇÃO DE
Brook Williams (Dr. (Zumbis)
ROTEIRO PRODUÇÃO
Peter Tompson),
Peter Bryan George Fowler
Jacqueline Pearce
TRILHA ORIGINAL (Alice), John Carson
James Bernard (Clive Hamilton),

Uma misteriosa epidemia extermina os trabalhadores de


um pequeno povoado. Mas quando o Dr. Tompson e o
professor Forbes se juntam para descobrir o que está acon-
tecendo, acabam encontrando coisas inimagináveis.

289
BRUXA, A FACE
DO DEMÔNIO
The Witches 1966 90 
min

COMPANHIAS PETER CURTIS EDIÇÃO Walsh (Stephanie


PRODUTORAS (NORAH LOFTS) Chris Barnes, James Bax), Alec McCowen
Hammer/Seven Arts “THE DEVIL’S OWN” Needs (Alan Bax), Ingrid
Brett (Linda), John
LANÇAMENTO TRILHA ORIGINAL CASTING
Collin (Dowsett),
(REINO UNIDO) Richard Rodney Irene Lamb
Carmel McSharry
9 de dezembro de Bennett
DIREÇÃO DE (Sra. Dowsett),
1966
SUPERVISÃO PRODUÇÃO Martin Stephens
DISTRIBUIÇÃO MUSICAL Charles Permane (Ronnie Dowsett),
Warner-Pathé/Fox Philip Martell Gwen Ffrangcon
ASSISTENTE DE
(EUA) Davies (Vovó Rigg),
COREOGRAFIA DIREÇÃO
Duncan Lamont
DIREÇÃO Denys Palmer David Tringham
(Bob Curd), Viola
Cyril Frankel
FOTOGRAFIA FIGURINO Keats (Sra. Curd),
PRODUÇÃO Arthur Grant Harry Haynes, Molly Leonard Rossiter
Anthony Nelson Arbuthnot (Dr. Wallis), Ann
DESIGN DE
Keys Bell (Sally), Michelle
PRODUÇÃO MAQUIAGEM
Dotrice (Valerie),
ROTEIRO Bernard Robinson George Partleton
Shelagh Fraser
Nigel Kneale
DIREÇÃO DE ARTE ELENCO (Sra. Creek), Bryan
BASEADO NO Don Mingaye Joan Fontaine (Gwen Marshall (Tom)
ROMANCE DE Mayfield), Kay

A professora Gwen Mayfield sofre um colapso nervoso enquanto


leciona na África, atacada por feiticeiros locais que a querem
fora do país. Ela retorna à Inglaterra e aceita o emprego de
professora num pequeno vilarejo, mas estranha o fato de não
haver nenhuma igreja cristã no local. Aos poucos, fatos estra-
nhos passam a incomodá-la, até descobrir que antigos rituais
pagãos continuam sendo praticados no vilarejo.

290
O SARCÓFAGO
MALDITO
The Mummy’s Shroud  1967  90 min

COMPANHIAS TRILHA ORIGINAL ASSISTENTE DE Elizabeth Sellars


PRODUTORAS Don Banks DIREÇÃO (Barbara Preston),
Hammer/Seven Arts Bluey Hill Maggie Kimberley
SUPERVISÃO
(Claire), Michael
LANÇAMENTO MUSICAL FIGURINO
Ripper (Longbarrow),
18 de junho de 1967 Philip Martell Larry Stewart, Molly
Tim Barrett (Harry
Arbuthnot
DISTRIBUIÇÃO FOTOGRAFIA Newton), Richard
Warner-Pathé/Fox Arthur Grant, BSC CASTING Warner (Inspetor
(EUA) Irene Lamb Barrani), Roger
DESIGN DE
Delgado (Hasmid
DIREÇÃO PRODUÇÃO EFEITOS
Ali), Catherine Lacey
John Gilling Bernard Robinson ESPECIAIS
(Haiti), Eddie Powell
Bowie Films Ltd.
PRODUÇÃO DIREÇÃO DE ARTE (Prem, a Múmia),
Anthony Nelson Don Mingaye MAQUIAGEM Dickie Owen (Prem,
Keys George Partleton em flashback), Bruno
EDIÇÃO
Barnabe (Faraó), Toni
ROTEIRO Chris Barnes, James ELENCO
Gilpin (A Esposa
John Gilling Needs André Morell (Sir
do Faraó), Toolsie
Basil Walden), John
HISTÓRIA DIREÇÃO DE Persaud (Kah-
Phillips (Stanley
ORIGINAL PRODUÇÃO to-Bey), Andreas
Preston), David
John Elder (Anthony Ed Harper Malandrinos
Buck (Paul Preston),
Hinds) (Curador)

Em 1920, uma expedição arqueológica descobre o túmulo


de um antigo príncipe egípcio. Voltando para casa com sua
descoberta, os membros da expedição logo se vêem sendo
mortos por uma múmia, que pode ser revivida pela leitura
das palavras na mortalha do príncipe.

291
DRÁCULA – O
PERFIL DO DIABO
Dracula Has Risen from the Grave  1968  92 min

COMPANHIAS BASEADO NOS ASSISTENTE DE Ernest Mueller),


PRODUTORAS PERSONAGENS DE DIREÇÃO Veronica Carlson
Hammer/Seven Arts BRAM STOKER Dennis Robertson (Maria), Barbara
Ewing (Zena), Barry
LANÇAMENTO TRILHA ORIGINAL FIGURINO
Andrews (Paul),
7 de novembro de James Bernard Jill Thompson
Ewan Hooper
1968
SUPERVISÃO EFEITOS (Padre), Marion
DISTRIBUIÇÃO MUSICAL ESPECIAIS Mathie (Anna),
Warner-Pathé/ Philip Martell Frank George Michael Ripper
Warner Bros.–Seven (Max), John D.
FOTOGRAFIA MAQUETE
Arts (EUA) Collins (Estudante),
Arthur Grant, BSC Peter Melrose
George A. Cooper
DIREÇÃO
DIREÇÃO DE ARTE MAQUIAGEM (Senhorio), Chris
Freddie Francis
Bernard Robinson Heather Nurse, Cunningham
PRODUÇÃO Rosemarie (Fazendeiro),
EDIÇÃO
Aida Young McDonald Peattie Norman Bacon
Spencer Reeve,
(Menino), Carrie
ROTEIRO James Needs ELENCO
Baker (Garota no
John Elder (Anthony Christopher Lee
DIREÇÃO DE Sino)
Hinds) (Drácula), Rupert
PRODUÇÃO
Davies (Monsenhor
Christopher Sutton

Um ano após a morte de Drácula, o Monsenhor Mueller


visita a região e vê que ninguém vai à missa, pois a presença
maligna do vampiro ainda está no local. Para acalmar a
todos, o Monsenhor faz um ritual para acabar com o mal.
O padre, no entanto, acidentalmente revive Drácula – que
quer vingança contra o Monsenhor Mueller – e decide
atacar sua sobrinha, Maria.

292
FRANKENSTEIN TEM
QUE SER DESTRUÍDO
Frankenstein Must Be Destroyed  1969  98 min

LANÇAMENTO FOTOGRAFIA FIGURINO Frisch), Maxine


(REINO UNIDO) Arthur Grant Lotte Slattery, Audley (Ella Brandt),
22 de maio de 1969 Rosemary Burrows George Pravda (Dr.
TRILHA ORIGINAL
Brandt), Geoffrey
DISTRIBUIÇÃO James Bernard EFEITOS
Bayldon (Médico
Warner-Pathé/ ESPECIAIS
SUPERVISÃO da Polícia), Colette
Warner Bros.–Seven Studios Locations
MUSICAL O’Neil (Mulher
Arts (EUA) Ltd.
Philip Martell Louca), Frank
DIREÇÃO MAQUIAGEM Middlemass, George
DIREÇÃO DE ARTE
Terence Fisher Eddie Knight Belbin, Norman
Bernard Robinson
Shelley, Michael
PRODUÇÃO ELENCO
EDIÇÃO Gover (Convidados),
Anthony Nelson Peter Cushing
Gordon Hales, Peter Copley
Keys (Barão Frankenstein),
James Needs (Diretor), Jim Collier
Veronica Carlson
ROTEIRO (Dr. Heidecke), Allan
DIREÇÃO DE (Anna Spengler),
Bert Batt Surtees, Windsor
PRODUÇÃO Freddie Jones
Davies (Sargentos
HISTÓRIA Christopher Neame (Professor Richter)
da Polícia), Harold
ORIGINAL Simon Ward (Karl
Goodwin (Ladrão)
Anthony Nelson Holst), Thorley
Keys, Bert Batt Walters (Inspetor

Frankenstein sequestra Dr. Brandt, um ex-colega. Sua


finalidade é obter informações médicas importantes que
só ele pode proporcionar, mas Brandt morre e, em seguida,
Frankenstein decide transplantar seu cérebro para outro corpo.

293
O HORROR DE
FRANKENSTEIN
The Horror of Frankenstein  1970  95 min

COMPANHIAS TRILHA ORIGINAL MAQUIAGEM Neil Wilson (Diretor


PRODUTORAS Malcom Williamson Tom Smith da Escola), James
Hammer Cossins (Dean),
SUPERVISÃO ELENCO
Glenys O’Brien
LANÇAMENTO MUSICAL Ralph Bates (Barão
(Maggie), Geoffrey
(REINO UNIDO) Philip Martell Victor Frankenstein),
Lumsden (Instrutor),
8 de novembro de Kate O’Mara
FOTOGRAFIA Chris Lethbridge-
1970 (Alys), Veronica
Moray Grant Baker (Padre), Terry
Carlson (Elizabeth
DISTRIBUIÇÃO Duggan (Primeiro
DIREÇÃO DE ARTE Heiss), Dennis
MGM-EMI/ Bandido), George
Scott MacGregor Price (Ladrão de
Continental (EUA) Belbin (Barão
Túmulos), Jon
EDIÇÃO Frankenstein), Hal
DIREÇÃO Finch (Ten. Henry
Chris Barnes Jeayes (Lenhador),
Jimmy Sangster Becker), Bernard
Carol Jeayes (Filha
DIREÇÃO DE Archard (Professor
PRODUÇÃO do Lenhador),
PRODUÇÃO Heiss), Graham
Jimmy Sangster Michael Goldie
Tom Sachs James (Wilhelm
(Trabalhador), David
ROTEIRO Kassner), James
ASSISTENTE DE Prowse (O Monstro)
Jeremy Burnham, Hayter (Oficial
DIREÇÃO
Jimmy Sangster de Justiça), Joan
Derek Whitehurst
Rice (Esposa do
BASEADO NOS
FIGURINO Ladrão de Túmulos),
PERSONAGENS DE
Laura Nightingale Stephen (Stephan),
MARY SHELLEY

O jovem Victor Frankenstein retorna da Universidade de


Medicina disposto a colocar em prática seu projeto mais ambi-
cioso: criar uma nova vida a partir de pedaços de corpos de
pessoas já mortas. Sua obsessão em dar vida a uma criatura
perfeita leva-o a cometer um assassinato e sua criação resulta num
monstro vingativo e insatisfeito com sua condição aterradora.

294
ATRAÇÃO MORTAL
The Vampire Lovers 1970 91 
min

COMPANHIAS ADAPTAÇÃO DIREÇÃO DE ARTE Cushing (General


PRODUTORAS Harry Fine, Tudor Scott MacGregor Spielsdorf), Pippa
Hammer/American- Gates, Michael Style, Steel (Laura),
EDIÇÃO
International Madeline Smith
BASEADO James Needs
(Emma), George
LANÇAMENTO NA NOVELA
DIREÇÃO DE Cole (Roger
(REINO UNIDO) “CARMILLA” DE
PRODUÇÃO Morton), Dawn
4 de outubro de 1970 J. SHERIDAN LE
Tom Sachs Addams (Condessa),
FANU
DISTRIBUIÇÃO Kate O’Mara
ASSISTENTE DE
MGM-EMI/ TRILHA ORIGINAL (Governanta),
DIREÇÃO
American- Harry Robinson Douglas Wilmer
Derek Whitehurst
International (EUA) (Baron Hartog), Jon
SUPERVISÃO
FIGURINO Finch (Carl), Harvey
DIREÇÃO MUSICAL
Laura Nightingale, Hall (Renton), Ferdy
Roy Ward Baker Philip Martell
Brian Cox Mayne (Médico),
PRODUÇÃO FOTOGRAFIA Kirsten Betts
MAQUIAGEM
Harry Fine, Michael Moray Grant (Primeiro Vampiro),
Tom Smith
Style John Forbes-
OPERADOR DE
ELENCO Robertson (Homem
ROTEIRO CÂMERA
Ingrid Pitt (Carmilla/ de Preto), Janet Key
Tudor Gates Neil Binney
Mircalla/Marcilla (Gretchen), Charles
Karnstein), Peter Farrell (Senhorio)

Quando uma misteriosa condessa viaja ao exterior para visi-


tar um amigo doente, o general Spielsdorf oferece sua hospi-
talidade. Não imaginava, porém, que ao receber Carmilla
estaria abrindo as portas para uma terrível vampira com
sede de sangue.

295
O SANGUE DE DRÁCULA
Taste the Blood of Dracula  1970  91 min

COMPANHIAS TRILHA ORIGINAL FIGURINO (Lucy Paxton), John


PRODUTORAS James Bernard Brian Owen-Smith Carson (Jonathon
Hammer Secker), Martin
SUPERVISÃO EFEITOS
Jarvis (Jeremy
LANÇAMENTO MUSICAL ESPECIAIS
Secker), Ralph Bates
(REINO UNIDO) Philip Martell Brian Johncock
(Lord Courtley), Roy
7 de maio de 1970
FOTOGRAFIA MAQUIAGEM Kinnear (Weller),
DISTRIBUIÇÃO Arthur Grant, BSC Gerry Fletcher Michael Ripper
Warner-Pathé/ (Sargento Cobb),
DIREÇÃO DE ARTE ELENCO
Warner Bros. (EUA) Russell Hunter
Scott MacGregor Christopher Lee
(Felix), Shirley Jaffe
DIREÇÃO (Drácula), Geoffrey
EDIÇÃO (Empregada dos
Peter Sasdy Keen (William
Chris Barnes Hargood), Keith
Hargood), Gwen
PRODUÇÃO Marsh (Pai), Peter
DIREÇÃO DE Watford (Martha
Aida Young May (Filho), Reginald
PRODUÇÃO Hargood), Linda
Barratt (Vigário),
ROTEIRO Christopher Sutton Hayden (Alice
Maddy Smith (Dolly),
John Elder (Anthony Hargood), Peter
ASSISTENTE DE Lai Ling (Chinesa),
Hinds), Sallis (Samuel
DIREÇÃO Malaika Martin
baseado nos Paxton), Anthony
Derek Whitehurst (Mulher-Cobra)
personagens de Corlan (Paul
Bram Stoker Paxton), Isla Blair

Três homens de negócios estão procurando por algo exci-


tante em suas tediosas vidas. Eles entram em contato com
um dos servos de Drácula e realizam uma cerimônia de
magia negra para trazê-lo de volta à vida. Mas, algo dá
errado e o servo é morto. Em consequência, Drácula ressus-
cita e decide se vingar deles, fazendo com que sejam mortos,
um a um, por seus próprios filhos.

296
O CONDE DRÁCULA
Scars of Dracula  1970  95 min

LANÇAMENTO TRILHA ORIGINAL FIGURINO Gwynn (Padre),


(REINO UNIDO) James Bernard Laura Nightingale Michael Ripper
8 de novembro de (Senhorio), Wendy
SUPERVISÃO EFEITOS
1970 Hamilton (Julie),
MUSICAL ESPECIAIS
Anouska Hempel
DISTRIBUIÇÃO Philip Martell Roger Dicken, Brian
(Tania), Delia
MGM-EMI/ Johncock
FOTOGRAFIA Lindsay (Alice), Bob
Continental (EUA)
Moray Grant MAQUIAGEM Todd (Burgomestre),
DIREÇÃO Wally Schneiderman Toke Townley (Velha
DIREÇÃO DE ARTE
Roy Ward Baker Carroceira), David
Scott MacGregor ELENCO
Leland (Primeiro
PRODUÇÃO Christopher Lee
SUPERVISÃO DE Oficial), Richard
Aida Young (Drácula), Dennis
EDIÇÃO Durden (Segundo
Waterman (Simon),
ROTEIRO James Needs Oficial), Morris
Jenny Hanley
John Elder (Anthony Bush (Fazendeiro),
DIREÇÃO DE (Sarah), Christopher
Hinds), Margo Boht (Esposa
PRODUÇÃO Matthews (Paul),
baseado nos do Senhorio), Clive
Tom Sachs Patrick Troughton
personagens de Barrie (Jovem
(Klove), Michael
Bram Stoker Gordo)

O Conde Drácula volta à vida em um pequeno vilarejo na


Inglaterra, e inicia um terrível ritual em busca de vingança.

297
O MÉDICO E A
IRMÃ MONSTRO
Dr. Jekyll and Sister Hyde  1971  97 min

COMPANHIAS SUPERVISÃO CASTING Wetherell (Betsy),


PRODUTORAS MUSICAL Jimmy Liggat Geoffrey Kenion
Hammer Philip Martell (Primeiro Policial),
MAQUIAGEM
Irene Bradshaw
LANÇAMENTO MÚSICA “HE’LL BE Trevor Crole-Rees
(Yvonne), Anna Brett
(REINO UNIDO) THERE” DE BRIAN
ELENCO (Julie), Jackie Poole
17 de outubro de 1971 CLEMENS
Ralph Bates (Dr. (Margie), Rosemary
DISTRIBUIÇÃO FOTOGRAFIA Jekyll), Martine Lord (Marie), Petula
MGM-EMI/ Norman Warwick, Beswick (Irmã Portell (Petra), Pat
American- BSC Hyde), Gerald Brackenbury (Helen),
International (EUA) Sim (Professor Liz Romanoff
DESIGN DE
Robertson), Lewis (Emma), Will Stampe
DIREÇÃO PRODUÇÃO
Fiander (Howard), (Mine Host), Roy
Roy Ward Baker Robert Jones
Dorothy Alison Evans (Ralador
PRODUÇÃO EDIÇÃO (Sra. Spencer), de Faca), Derek
Albert Fennell, Brian James Needs, GBFE Neil Wilson (Velho Steen (Primeiro
Clemens Policial), Ivor Marinheiro), John
DIREÇÃO DE
Dean (Burke), Paul Lyons (Segundo
ROTEIRO PRODUÇÃO
Whitsun-Jones Marinheiro),
Brian Clemens, Don Weeks
(Sargento Danvers), Jeannette Wilde
baseado na história
ASSISTENTE DE Philip Madoc (Byker), (Jill), Bobby Parr
“O Médico e o
DIREÇÃO Tony Calvin (Hare), (Jovem Aprendiz),
Monstro” de Robert
Bert Batt Susan Brodrick Julia Wright
Louis Stevenson
(Susan), Dan (Cantora na Rua)
FIGURINO
TRILHA ORIGINAL Meaden (Pregoeiro
Kathleen Moore,
David Whitaker da Cidade), Virginia
Rosemary Burrows

Na busca pelo elixir da vida eterna, o Dr. Henry Jekyll


começa a usar hormônios femininos retirados de cadáve-
res frescos fornecidos por Burke e Hare. Estes têm o efeito
de alterar não só o seu comportamento, mas também de
transformá-lo em uma linda, porém diabólica mulher.

298
SANGUE NO
SARCÓFAGO DA MÚMIA
Blood from the Mummy’s Tomb  1971  94 min

COMPANHIAS TRILHA ORIGINAL EFEITOS James Cossins


PRODUTORAS Tristram Cary ESPECIAIS (Enfermeiro Velho),
Hammer Michael Collins David Jackson
FOTOGRAFIA
(Enfermeiro
LANÇAMENTO Arthur Grant MAQUIAGEM
Jovem), Jonathan
(REINO UNIDO) Eddie Knight
DESIGN DE Burn (Jovem
14 de outubro de 1971
PRODUÇÃO ELENCO Saturnino),
DISTRIBUIÇÃO Scott MacGregor Andrew Keir Graham James
MGM-EMI/ (Fuchs), Valerie (Jovem no Museu),
EDIÇÃO
American- Leon (Margaret/ Tamara Ustinov
Peter Weatherley,
International (EUA) Tera), James Villiers (Veronica), Penelope
GBFE
(Corbeck), Hugh Holt, Angela Ginders
DIREÇÃO
DIREÇÃO DE Burden (Dandridge), (Enfermeiras),
Seth Holt (finalizado
PRODUÇÃO George Coulouris Tex Fuller
por Michael
Christopher Neame (Berrigan), Mark (Paciente),Luis
Carreras)
Edwards (Tod Madina, Omar
ASSISTENTE DE
PRODUÇÃO Browning), Rosalie Amoodi, Abdul
DIREÇÃO
Howard Brandy Crutchley (Helen Kader, Oscar
Derek Whitehurst
Dickerson), Aubrey Charles, Ahmed
ROTEIRO
FIGURINO Morris (Doctor Osman, Soltan
Christopher Wicking,
Rosemary Burrows, Putnum), David Lalani, Saad Ghazi
baseado no romance
Diane Jones Markham (Dr. (Sacerdotes), Danny
“A Joia das Sete
Burgess), Joan Boy (Sunbronze, o
Estrelas” de Bram
Young (Sra. Caporal), gato de Tod)
Stoker

A esquife da múmia da Rainha Tera, conhecida como a


rainha das trevas, e outros artefatos misteriosos são encon-
trados numa expedição inglesa. Sem saber sobre o mal que
os aguarda, os arqueólogos transportam os achados para
Inglaterra e, de repente, eventos trágicos começam.

299
CONDESSA DRÁCULA
Countess Dracula 1971 93 
min

COMPANHIAS SUPERVISÃO MAQUIAGEM Moore (Padre), Joan


PRODUTORAS MUSICAL Tom Smith Haythorne (Segunda
Hammer Philip Martell Cozinheira),
ELENCO
Marianne Stone
LANÇAMENTO COREOGRAFIA Ingrid Pitt
(Empregada),
(REINO UNIDO) Mia Nardi (Condessa
Charles Farrell
31 de janeiro de 1971 Elisabeth), Nigel
FOTOGRAFIA (Vendedor), Sally
Green (Capitão
DISTRIBUIÇÃO Ken Talbot, BSC Adcock (Bertha),
Dobi), Sandor Elès
Rank/Fox (EUA) Anne Stallybrass
DIREÇÃO DE ARTE (Imre Toth), Maurice
(Grávida), Paddy
DIREÇÃO Philip Harrison Denham (Mestre
Ryan (Homem),
Peter Sasdy Fabio), Patience
EDIÇÃO Michael Cadman
Collier (Julie), Peter
PRODUÇÃO Henry Richardson (Rapaz), Hülya
Jeffrey (Capitão
Alexander Paal Babus (Dançarina
DIREÇÃO DE Balogh), Lesley-
do Ventre), Lesley
ROTEIRO PRODUÇÃO Anne Downe
Anderson, Biddy
Jeremy Paul Christopher Sutton (Ilona), Leon Lissek
Hearne, Diana
(Sargento dos
HISTÓRIA ASSISTENTE DE Sawday (Dançarinas
Bailiffs), Jessie
ORIGINAL DIREÇÃO Ciganas), Andrew
Evans (Rosa),
Alexander Paal, Ariel Levy Burleigh (Primeiro
Andrea Lawrence
Peter Sasdy Menino), Gary Rich
FIGURINO (Ziza), Susan
baseada em uma (Segundo Menino),
Brian Owen-Smith, Brodrick (Teri), Ian
ideia de Gabriel Albert Wilkinson,
Raymond Hughes Trigger (Palhaço),
Ronay Ismed Hassan
Nike Arrighi
EFEITOS (Anões de Circo)
TRILHA ORIGINAL (Cigana), Peter
ESPECIAIS
Harry Robinson May (Janco), John
Bert Luxford

Na Europa medieval, a Condessa Elizabeth vive obcecada


pela ideia de conservar a eterna juventude. Para levar a cabo
o seu perverso sonho, tem de se banhar no sangue de jovens
moças. Com a ajuda do seu amante, o Capitão Dobi, conse-
gue arranjar as vítimas. O terror estende-se pelos domínios
da Condessa e é necessário alguém valente para destruí-la.

300
AS FILHAS DE DRÁCULA
Twins of Evil  1971  87 min

COMPANHIAS TRILHA ORIGINAL CASTING Mircalla), Isobel


PRODUTORAS Harry Robinson Jimmy Liggat Black (Ingrid Hoffer),
Hammer Kathleen Byron
SUPERVISÃO EFEITOS
(Katy Weil), Harvey
LANÇAMENTO MUSICAL ESPECIAIS
Hall (Franz), Alex
(REINO UNIDO) Philip Martell Bert Luxford
Scott (Hermann),
3 de outubro de 1971
FOTOGRAFIA MAQUIAGEM Stewart (Joachim
DISTRIBUIÇÃO Dick Bush, BSC George Blackler, Roy), Luan Peters
Rank/Universal John Webber (Gerta), Dennis
DIREÇÃO DE ARTE
(EUA) Price (Dietrich),
Roy Stannard ELENCO
Maggie Wright
DIREÇÃO Peter Cushing
EDIÇÃO (Alexa), Sheelah
John Hough (Gustav Weil),
Spencer Reeve Wilcox (Mulher na
Madeleine
PRODUÇÃO Carruagem), Inigo
DIREÇÃO DE Collinson (Frieda
Harry Fine, Michael Jackson (Lenhador),
PRODUÇÃO Gellhorn), Mary
Style Judy Matheson
Tom Sachs Collinson (Maria
(Filha do Lenhador),
ROTEIRO Gellhorn), David
ASSISTENTE DE Kirsten Lindholm
Tudor Gates, Warbeck (Anton
DIREÇÃO (Mulher na Estaca),
baseado nos Hoffer), Damien
Patrick Clayton Peter Thompson
personagens de J. Thomas (Conde
(Carcereiro)
Sheridan Le Fanu FIGURINO Karnstein), Katya
Rosemary Burrows Wyeth (Condessa

Gêmeas vão viver com o tio, num vilarejo, no qual à noite


são vistas figuras femininas vagando. A despeito da proi-
bição do tio, elas acabam se aproximando do castelo.

301
DRÁCULA NO MUNDO
DA MINISSAIA
Dracula A.D. 1972 1972 96 
min

COMPANHIAS MAN” DE SAL ASSISTENTE DE Marsha Hunt


PRODUTORAS VALENTINO DIREÇÃO (Gaynor), Caroline
Hammer Robert Lynn Munro (Laura),
MÚSICA “YOU
Janet Key (Anna),
LANÇAMENTO BETTER COME FIGURINO
William Ellis (Joe
(REINO UNIDO) THROUGH” DE TIM Rosemary Burrows
Mitcham), Philip
28 de setembro de BARNES
CASTING Miller (Bob), Michael
1972
FOTOGRAFIA James Liggat Kitchen (Greg),
DISTRIBUIÇÃO Dick Bush, BSC David Andrews
EFEITOS
Columbia-Warner/ (Detetive Sargento),
OPERADOR DE ESPECIAIS
Warner Bros. (EUA) Lally Bowers (Mãe),
CÂMERA Les Bowie
Constance Luttrell
DIREÇÃO Bernie Ford
MAQUIAGEM (Sra. Donnelly),
Alan Gibson
DESIGN DE Jill Carpenter Michael Daly
PRODUÇÃO PRODUÇÃO (Charles), Arturo
ELENCO
Josephine Douglas Don Mingaye Morris (Sargento
Christopher Lee
da Polícia), Jo
ROTEIRO ASSISTENTE DE (Conde Drácula),
Richardson (Mãe
Don Houghton DIREÇÃO DE ARTE Peter Cushing
Chorosa), Penny
Ron Benton (Professor Van
TRILHA ORIGINAL Brahms (Garota
Helsing), Stephanie
Michael Vickers EDIÇÃO Hippie), Brian
Beacham (Jessica
James Needs John Smith
SUPERVISÃO Van Helsing),
(Garoto Hippie),
MUSICAL DIREÇÃO DE Christopher Neame
Stoneground (Banda
Philip Martell PRODUÇÃO (Johnny Alucard),
de Rock)
Ron Jackson Michael Coles
MÚSICA
(Inspetor Murray),
“ALLIGATOR

Renascido, Conde Drácula busca vingança em parentes


de Van Helsing na Londres dos anos 1970.

302
OS RITOS SATÂNICOS
DE DRÁCULA
The Satanic Rites of Dracula  1974  87 min

COMPANHIAS TRILHA ORIGINAL FIGURINO Richard Vernon


PRODUTORAS John Cacavas Rebecca Breed (Mathews), Barbara
Hammer Yu Ling (Chin Yang),
SUPERVISÃO CASTING
Patrick Barr (Lord
LANÇAMENTO MUSICAL James Liggat
Carradine), Richard
(REINO UNIDO) Philip Martell
EFEITOS Mathews (Porteiro),
13 de janeiro de 1974
FOTOGRAFIA ESPECIAIS Lockwood West
DISTRIBUIÇÃO Brian Probyn Les Bowie (Freeborne), Valerie
Columbia-Warner/ Van Ost (Jane),
DIREÇÃO DE ARTE MAQUIAGEM
Dynamite! Maurice O’Connell
Lionel Couch Geroge Blackler
Entertainment (EUA) (Hanson), Peter
ASSISTENTE DE ELENCO Adair (Médico),
DIREÇÃO
DIREÇÃO DE ARTE Christopher Lee Maggie Fitzgerald,
Alan Gibson
Don Picton (Conde Drácula), Pauline Peart,
PRODUÇÃO Peter Cushing Finnuala O’Shannon,
EDIÇÃO
Roy Skeggs (Van Helsing), Mia Martin
Chris Barnes
Michael Coles (Vampiras), John
ROTEIRO
DIREÇÃO DE (Inspetor Murray), Harvey (Comissário),
Don Houghton
PRODUÇÃO William Franklyn Marc Zuber, Paul
PRODUÇÃO Ron Jackson (Torrence), Freddie Weston, Ian Dewar,
ASSOCIADA Jones (Professor Graham Rees
ASSISTENTE DE
Don Houghton Keeley), Joanna (Guardas)
DIREÇÃO
Lumley (Jessica),
Derek Whitehurst

O especialista em vampiros Van Helsing é chamado pelo


serviço secreto britânico para auxiliar em uma investiga-
ção sobre o desaparecimento de várias jovens. O principal
suspeito é o próprio Conde Drácula que circula disfarçado
pela cidade.

303
A LENDA DOS SETE
VAMPIROS
The Legend of the Seven Golden Vampires  1974  89 min

COMPANHIAS TRILHA ORIGINAL ASSISTENTE DE Julie Ege (Vanessa


PRODUTORAS James Bernard DIREÇÃO Buren), Robin
Hammer/Shaw Erh Feng Stewart (Leyland Van
SUPERVISÃO
Brothers Helsing), Shih Szu
MUSICAL FIGURINO
(Mai Kwei), John
LANÇAMENTO Philip Martell Chi-Yu Liu
Forbes-Robertson
(REINO UNIDO)
FOTOGRAFIA EFEITOS (Drácula), Robert
6 de outubro de 1974
John Wilcox, BSC; ESPECIAIS Hanna (Cônsul
DISTRIBUIÇÃO Roy Ford Les Bowie Britânico), Chan
Columbia-Warner/ Shen (Kah), James
DIREÇÃO DE ARTE COREOGRAFIA
Dynamite! Ma (Hsi Ta), Liu Chia
Johnson Tsau Tang Chia, Liu Chia-
Entertainment (EUA) Yung (Hsi Kwei),
Liang
EDIÇÃO Feng Ko An (Hsiu
DIREÇÃO
Chris Barnes, Larry MAQUIAGEM Sung), Chen Tieng
Roy Ward Baker
Richardson Hsu-Ching Wu Loong (Hsi San),
PRODUÇÃO Wong Han Chan
DIREÇÃO DE ELENCO
Don Houghton, Vee (Leung Hon)
PRODUÇÃO Peter Cushing
King Shaw
Lam Chua (Professor Van
ROTEIRO Helsing), David
Don Houghton Chiang (Hsi Ching),

O guardião do culto dos Sete Vampiros de Ouro viaja da


China para a Transilvânia para pedir ajuda ao Conde Drácula,
que toma a identidade do guardião e se muda para a China.
Alguns anos mais tarde, em uma universidade chinesa, o
Professor Van Helsing dá uma palestra na qual defende a
existência de vampiros para a provocação impiedosa dos
alunos. Mas não é tudo. No auditório, há um adolescente,
Hsi Ching, que é de uma aldeia periodicamente assolada

304
pela seita dos sete vampiros dourados. O jovem convence
Van Helsing a organizar uma expedição para destruir os
vampiros e acabar com a maldição. A expedição é finan-
ciada por uma viúva rica e composta pelo jovem estudante
e seus irmãos, todos especialistas em artes marciais.

305
CAPITÃO CRONOS, O
CAÇADOR DE VAMPIROS
Captain Kronos 1957 Vampire Hunter 1974 91 
min

COMPANHIAS FOTOGRAFIA CASTING (Pointer), Perry


PRODUTORAS Ian Wilson James Liggat Soblosky (Barlow),
Hammer Paul Greenwood
OPERADOR DE COREOGRAFIA
(Giles), Lisa
LANÇAMENTO CÂMERA William Hobbs
Collings (Vanda
(REINO UNIDO) Godfrey Godar
MAQUIAGEM Sorell), John Hollis
7 de abril de 1974
DESIGN DE Jimmy Evans (Barman), Susanna
DISTRIBUIÇÃO PRODUÇÃO East (Isabella Sorell),
ELENCO
Bruton-EMI/ Robert Jones Stafford Gordon
Horst Janson
Paramount (EUA) (Barton Sorell),
DIREÇÃO DE ARTE (Cronos), John
Elizabeth Dear (Ann
DIREÇÃO Kenneth McCallum Carson (Dr. Marcus),
Sorell), Joanna
Brian Clemens Tait Shane Briant
Ross (Myra), Neil
(Paul Durward),
PRODUÇÃO EDIÇÃO Seiler (Padre), Olga
Caroline Munro
Albert Fennell, Brian James Needs Anthony (Lilian),
(Carla), John Cater
Clemens Gigi Gurpinar (Cega),
DIREÇÃO DE (Grost), Lois Daine
Peter Davidson
ROTEIRO PRODUÇÃO (Sarah Durward),
(Grandão), Terence
Brian Clemens Richard Dalton Ian Hendry (Kerro),
Sewards (Tom),
Wanda Ventham
TRILHA ORIGINAL ASSISTENTE DE Trevor Lawrence
(Lady Durward),
Laurie Johnson DIREÇÃO (Deke), Jacqui
William Hobbs
David Tringham Cook (Atendente do
SUPERVISÃO (Hagen), Brian Tully
Bar), Penny Price
MUSICAL FIGURINO (George Sorell),
(Prostituta)
Philip Martell Dulcie Midwinter Robert James

Um ex-soldado espadachim e seu assistente corcunda caçam


vampiros nessa fantasia de época.

306
UMA FILHA PARA
O DIABO
To the Devil a Daughter  1976  92 min

COMPANHIAS SUPERVISÃO EFEITOS Francis (Bispo),


PRODUTORAS MUSICAL ESPECIAIS Izabella Telezynska
Hammer-Terra Philip Martell Les Bowie (Margaret),
Konstantin de
LANÇAMENTO FOTOGRAFIA MAQUIAGEM
Goguel (Kollde),
(REINO UNIDO) David Watkin George Blackler, Eric
Anna Bentinck
March 4, 1976 Allwright
DIREÇÃO DE ARTE (Isabel), Irene Prador
DISTRIBUIÇÃO Don Picton ELENCO (Mãe Alemã), Brian
EMI/Cine Artists Richard Widmark Wilde (Atendente da
EDIÇÃO
(EUA) (John Verney), Sala Preta), Petra
John Trumper
Christopher Lee Peters (Irmã Helle),
DIREÇÃO
DIREÇÃO DE (Padre Michael William Ridoutt
Peter Sykes
PRODUÇÃO Rayner), Honor (Funcionário do
PRODUÇÃO Ron Jackson Blackman (Anna), Aeroporto), Howard
Roy Skeggs Denholm Elliott Goorney (Crítico),
ASSISTENTE DE
(Henry Beddows), Frances de la Tour
ROTEIRO DIREÇÃO
Michael Goodliffe (Major do Exército
Christopher Wicking Barry Langley, Mike
(George de da Salvação), Zoe
Higgins, Roy Stevens
ADAPTAÇÃO Grass), Nastassja Hendry (Primeira
John Peacock, do FIGURINO Kinski (Catherine Garota), Lindy
romance homônimo Eddie Boyce, Laura Beddows), Eva Benson (Segunda
de Dennis Wheatley Nightingale Maria Meineke Garota), Jo Peters
(Eveline de Grass), (Terceira Garota),
TRILHA ORIGINAL CASTING
Anthony Valentine Bobby Sparrow
Paul Glass Irene Lamb
(David), Derek (Quarta Garota)

Padre expulso da Igreja lidera um grupo satânico que planeja


utilizar uma garota americana para invocar o Diabo na Terra.
Entretanto, um escritor faz de tudo para salvá-la.

307
B
CRÉDITOS

PATROCÍNIO SESSÃO INCLUSIVA


Banco do Brasil Oriente Produções
REALIZAÇÃO TRÁFEGO DE CÓPIAS
INTERNACIONAIS E LIBERAÇÃO
Ministério do Turismo ALFANDEGÁRIA
Secretaria Especial da Cultura Wind Log
Centro Cultural Banco do Brasil
TRÁFEGO DE CÓPIAS NACIONAL
PRODUÇÃO Airtime Transportes
Voa Comunicação e Cultura
ASSESSORIA DE IMPRENSA
CURADORIA Claudia Oliveira (RJ)
Eduardo Reginato Karina Almeida (SP)
Danilo Crespo Renato Acha (DF)
COORDENAÇÃO DE PRODUÇÃO
José de Aguiar CATÁLOGO
Marina Pessanha
ORGANIZAÇÃO E IDEALIZAÇÃO
PRODUÇÃO EXECUTIVA Eduardo Reginato
Paulo Ricardo Gonçalves de Danilo Crespo
Almeida
PRODUÇÃO GRÁFICA
PESQUISA E PRODUÇÃO DE CÓPIAS José de Aguiar
Fábio Savino Marina Pessanha
ASSISTENTE DE PRODUÇÃO TRADUÇÃO E REVISÃO
EXECUTIVA
Danilo Crespo
Rafael Bezerra
PROJETO GRÁFICO
PRODUÇÃO LOCAL
Guilherme Gerais
Renata Cabrera (RJ)
Pablo Blanco
Renata da Costa (SP)
Rafaella Rezende (DF) Agradecimentos
Beatriz Saldanha, Carlos Primati,
IDENTIDADE VISUAL
Carlos Fofaun Fortes,
Guilherme Gerais
Cesar Almeida, Darkflix,
Pablo Blanco
Daniel Caetano, Ernani Silva,
LEGENDAGEM ELETRÔNICA Filipe Furtado, Hernani Heffner,
4 Estações Marcelo Miranda, Marco Dutra,
REVISÃO DE CÓPIAS Mayra Alarcón e Rodrigo Aragão.
Carolina Nascimento
mostra de cinema

ESTÚDIO HAMMER
A FANTÁSTICA FÁBRICA DE HORROR

ccbb rj ccbb sp ccbb df


6 jan–1 fev 20 jan–19 fev 16 fev–14 mar

2021

Dedicado a Barbara Shelley,


Ingrid Pitt, Christopher Lee e Peter Cushing.
Obrigado.
Dados Internacionwais de Catalogação na Publicação (CIP)

E82

Estúdio Hammer: a fantástica fábrica do horror.


Idealização e organização de Eduardo Reginato e
Danilo Crespo; produção gráfica
de José de Aguiar e Marina Pessanha.
Rio de Janeiro: Voa – Comunicação e Cultura, 2021.
312 p. il. col.; 1535 × 2456 px; online (PDF).

Possui vários autores.


Inclui bibliografia, índice, notas, filmografia e
ficha técnica e sinopse dos filmes apresentados.

ISBN 978-65-993657-0-6

1. Hammer Film Productions  2. Estúdio Cinematográfico 


3. Cinema – Reino Unido, 1950–1970  4. Filme de terror 
5. Produção  I. Reginato, Eduardo  II. Crespo, Danilo 
III. Aguiar, José de  IV. Pessanha, Marina  V.Título.

CDD 791.43  CDU 791(410):791.2  FIAF F221(41)hammer

Índice para catálogo sistemático:


1. Reino Unido: Estúdio cinematográfico: História 791.43

Este livro foi composto nas fontes das famílias Kings Caslon,
Grotesque MT e Neue World, em janeiro de 2021.
Produção Realização

SECRETARIA ESPECIAL DA MINISTÉRIO DO


CULTURA TURISMO

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