Transmissões Por Correias

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Transmissões Flexíveis - Correias

Quando se pretende transmitir potência de um veio para outro a uma


distância tal que o emprego de engrenagens não seja viável, usam-se
muitas vezes transmissões por correias.

Correias são elementos de máquinas que transmitem movimento de


rotação entre dois eixos (motor e movido) por intermédio de polias.
Polia que transmite movimento e força ⇒ polia motora ou condutora.
Polia que recebe movimento e força ⇒ polia movida ou conduzida.
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Materiais
Materiais empregues na construção das polias:
1. ferro fundido (o mais utilizado)
2. aços
3. ligas leves
4. materiais sintéticos
A superfície da polia não deve apresentar porosidade, caso contrário, a
correia desgasta-se rapidamente.
Materiais empregues na construção da correia:
1. (planas) Couro Tanino
2. (planas) Couro Cromo
3. (dentadas) Núcleo metálico em aço (Sut=2000MPa)
com revestimento em:
a) “vulcolan”
b) “superpoliamida”
c) “Neoprene” (este aumenta a resistência ao desgaste e
ao corte dos dentes)
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Tipos de correias

a) Planas “Flat”
b) Trapezoidal ou V
c) Dentada “Timing”
d) Trapezoidal múltipla

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Tipos de Polias

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Características

1. Grandes distâncias entre-eixos;


2. Possibilidade de escorregamento da correia, excepto
nas correias dentadas, nestas a relação de
transmissão é rigorosamente mantida;
3. Funcionamento silencioso;
4. Elevado rendimento para elevadas velocidades;
5. Possibilidade de uso de polias loucas;
6. Mais baratas que os restantes tipos de transmissões,
embora com vida útil inferior.

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Geometria de uma transmissão por correia
v

θ2
θ1
D1 ou d – diâmetro da polia motora [mm]
D2 ou D – diâmetro da polia movida [mm]
C – distância entre eixos [mm]
L – comprimento da correia [mm]
C
θ1- ângulo de contacto da polia motora [rad]
θ2- ângulo de contacto da polia movida [rad]
v – velocidade linear da correia [m/s]
n – velocidade angular da polia motora [rpm]
N – velocidade angular da polia movida [rpm]
α – ângulo formado entre os ramos da correia e a linha de eixos [rad]
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Selecção da transmissão
Como as correias têm características diferentes de fabricante para
fabricante, é aconselhável seguir as instruções que eles forneçam.

Para o projecto de uma transmissão por correias, deve-se ter em conta:


- Potência a transmitir;
- Tipos de máquinas motor e movida;
- Velocidade angular dos veios motor e movido;
- Entre-eixo (mínimo recomendado: C=D ou C=(D+3d)/2);
- Condições de serviço (duração do serviço/dia, ambiente, etc);
- Tipos de carga (uniforme, choque moderados, choques intensos).

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Selecção da transmissão (cont.)

A partir destes elementos pretende-se seleccionar:


- A correia a usar (tipo, secção, comprimento primitivo).
- As polias (diâmetro, largura e número de gornes ou de dentes,
respectivamente para correias trapezoidais e dentadas).

Os elementos de caracterização dependem do tipo de correias:


- Nas correias planas (espessura, largura da secção e comprimento
primitivo)
- Nas correias trapezoidais (tipo de secção, comprimento primitivo e
número de correias necessárias)
- Nas correias dentadas (passo, largura e comprimento primitivo)

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Selecção das correias planas e redondas
1. Determinação da relação de transmissão
n D Em que g representa o coeficiente de escorregamento (3%-5%
i= =
N d (1 − g ) para correias planas e trapezoidais e 0% para correias dentadas).

2. Determinação do comprimento da correia


Para transmissão aberta (sem cruzar) Para transmissão cruzada
θ
L = 4C 2 − (D − d ) + (Dθ 2 + dθ1 ) L = 4C 2 − (D + d ) + (D + d )
2 1 2

2 2

3. Determinação do ângulo de contacto


Para transmissão aberta (sem cruzar) Para transmissão cruzada

⎛D−d⎞ ⎛D−d⎞
θ1 = π − 2 ⋅ arcsen⎜⎜ ⎟⎟ θ1 = θ 2 = π + 2 ⋅ arcsen⎜⎜ ⎟⎟
⎝ 2 C ⎠ ⎝ 2 C ⎠

⎛D−d⎞
θ 2 = π + 2 ⋅ arcsen⎜⎜ ⎟⎟
⎝ 2 C ⎠

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Selecção das correias planas e redondas (cont.)
4. Determinação da Potência transmitida
É assumido que:
• a força de atrito na correia é uniforme ao longo de todo o arco de contacto.
• A força centrífuga na correia pode ser desprezada.
F1 – Força de tensão no ramo tenso [N]
F1 Relação entre a força no F2 – Força de tensão no ramo bambo [N]
= ef θ ramo tenso e o ramo bambo f – Coeficiente de atrito
F2
θ– Ângulo de contacto [rad]

P = (F1 − F2 )v
P – Potência transmitida [W]
(a)
v – velocidade linear média [m/s]
n – velocidade angular [rpm]
T = (F1 − F2 )
d T – Binário ou Momento torsor [Nm]
2 F1 F1

dn Fi
v= Fi
19100
Fi
Fi
F2
F2

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Selecção das correias planas e redondas (cont.)
FC – força centrífuga [N]
• Quando a força centrífuga é tida em conta: m – massa da correia por unidade de
F1 − Fc Fc = mv 2
comprimento [kg/m]
= ef θ v – velocidade linear da correia [m/s]
F2 − Fc Fi – Força de pré tensão [N]

• Quando a força de pré tensão é tida em conta:

F1 + F2
Fi = (b)
2
Quando não é transmitida potência à correia: F1=F2=Fi
Quando alguma força é acrescentada, alguma potência é transmitida: F1=Fi+ΔF e
F2=Fi-ΔF
Se a força for muito aumentada, eventualmente F2=0 e F1=2Fi (máxima carga)

Resolvendo a equação (b) para F2 e substituindo em (a), obtém-se:

P=
(F1 − Fi )v
2

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Selecção das correias planas e redondas (cont.)
Tab. 4.1 – Propriedades de alguma correias planas e redondas [Tab. 17.2 Shigley]

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Selecção das correias trapezoidais
1. Determinação da relação de transmissão
n D Em que g representa o coeficiente de escorregamento (3%-5%
i= =
N d (1 − g ) para correias planas e trapezoidais e 0% para correias dentadas).

2. Determinação do comprimento da correia

L P = 2 C + 1,57 (D + d ) +
(D − d )2
4C
⎧⎪⎡ π π
2 ⎫
⎤ ⎡ ⎤ 2⎪
C = 0.25⎨⎢L − (D + d )⎥ + ⎢L − (D + d )⎥ − 2(D − d ) ⎬
⎪⎩⎣ 2 ⎦ ⎣ 2 ⎦ ⎪⎭

3. Determinação da Potência de serviço


Pc = P × K S

PC – Potência de serviço ou Potência de cálculo [kW]


P – Potência nominal a transmitir [kW]
KS – Factor de serviço. Depende dos tipos de máquinas motoras e movidas e das
condições de serviço e de carga. [Tabela 4.2]
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Selecção das correias trapezoidais
Para o cálculo da Potência de Serviço caso não se tenha a Potência nominal tem
de se recorrer a uma expressão empírica ou a tabelas de fornecedores de correias.

⎡ ⎤ ⎛ 1 ⎞
PC = ⎢C1 − 2 − C3 (R ⋅ D1 ) − C 4 ⋅ log(D1 ⋅ R )⎥ ⋅ R ⋅ D1 + C 2 ⋅ R ⎜⎜1 −
C n1
2
⎟⎟ R=
⎣ D1 ⎦ ⎝ KA ⎠ 1000

Tab. 4.5. – Constantes C1, C2, C3, C4. Tab. 4.6. – Factor de correcção, KA.

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Tab. 4.2. – Factor de serviço, KS.

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Selecção das correias trapezoidais (cont.)
4. Determinação da Potência corrigida

Pc′ = K1K 2 Pc P’c – Potência corrigida [kW]


K1 – Factor de correcção do ângulo de contacto [Fig. 4.1]
K2 – Factor de correcção do comprimento da correia [Tab. 4.3]

Fig. 4.1 – Factor de correcção do ângulo


de contacto da correia trapezoidal, K1.

5. Determinação do número de correias


Pc
Nc ≥ Nc=1,2,3,...
Pc′
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Tab. 4.3. – Factor de correcção do comprimento da correia trapezoidal, K2.

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Selecção das correias trapezoidais (cont.)
Tab. 4.4. – Dimensões das correias trapezoidais

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Correias Dentadas “Timing Belt”

[tab. 17.12 Shigley]

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Características das Correias Dentadas
1. Não alonga;
2. Não escorrega;
3. Não necessita de força de pré tensão, pois não se baseiam no
princípio do atrito;
4. Transmite potência a uma razão de velocidade constante;
5. Não depende da pré-tensão da correia;
6. Trabalha numa gama alargada de velocidades;
7. Eficiência entre 97% a 99%;
8. Não necessita lubrificação;
9. Funcionamento mais silencioso que as correntes;
10. Necessita de polias adequadas.
11. O dimensionamento e o processo de selecção é similar ao das
correias trapezoidais.

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