Ana Maria Machado DONA BARATINHA

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Dona Baratinha

Autora: Ana Maria Machado

Era uma vez uma baratinha que estava rica e Já podia casar. Guardou o dinheiro com todo o
cuidado dentro de uma caixinha, se arrumou toda, tomou banho e botou uma linda fita no
cabelo e foi à janela procurar um noivo. Muitos candidatos apareceram: o boi, o gato, o
cachorro, o cavalo, o bode, a ovelha, o papagaio. Dona baratinha já estava quase desistindo,
quando veio passando o ratinho. Dona Baratinha perguntou:

-Quem quer casar com Dona Baratinha que tem fita no cabelo e dinheiro na caixinha?

O ratinho respondeu:

-Eu quero...

E começaram os preparativos para a festa de casamento. Mandaram convites, encomendaram


flores, contrataram abelhas para fazer doces gostosos, e mais um bolo de quatro andares, todo
branquinho, com uns bonecos no alto representando os noivos. O noivo não estava satisfeito.
Ficava toda hora dizendo:

-Só doce e bolo não serva pra nada. Casamento tem que ter feijoada.

Tanto falou que convenceu a noiva, e ela tratou de descobrir as mais fantásticas cozinheiras
para fazerem uma deliciosa feijoada para o noivo. E elas vieram, trouxeram sacos de feijão,
trouxeram carnes que estavam de molho desde a véspera, para não ficarem muito salgadas.
Escolheram laranjas bem doces e levantaram bem cedinho para colher a couve bem
fresquinha na horta.

No dia desde madrugada o feijão cozinhava no caldeirão, nomeio de muito toucinho, paio,
linguiça, lombinho, carne-seca e mais uma porção de carnes defumadas e salgadas. Na cozinha
todo mundo estava ocupado fazendo arroz e farofa, picando laranja, cortando couve em
tirinhas...

E o cheiro então, estava uma delicia!

Na hora Dona Baratinha ajeitou o véu na cabeça, deu o braço a seu besouro que era o
padrinho.
Eles deram uma voltinha na praça devagarzinho, a passo de caramujo Quando chegaram à
igreja La veio dona Esperança, toda elegante com seu vestido verde:

- é melhor não entrar para não ficar esperando no altar...

Muito sem graça Dona Baratinha deu outra volta na pracinha.

Na hora que aconteceu pela terceira vez, Dona baratinha virou as costas e mandou o caramujo
voltar pra casa e seu besouro encarregado de pedir desculpas aos convidados. Já estava quase
chegando em casa quando descobriu que tinha acontecido alguma coisa com seu noivo.
Quando as cozinheiras pararam de chorar aos poucos foram lhe contando o que tinha
acontecido. O Guloso do ratinho ia indo para igreja quando sentiu aquele cheirinho delicioso.
Foi até a cozinha, levantou a tampa da panela com muito cuidado quando o cheiro ficou forte,
acabou caído no caldeirão e se afogou no toucinho. Primeiro Dona Baratinha caiu no choro.
Que tristeza, ficar viúva antes de casar!

Depois, pouco a pouco foi tirando o vestido de noiva, botando uma roupa muito maiss
confortável e ficou pensando:

- Coitado do ratinho! Mas pra mim foi um sorte. Não podia dar certo ficar com um noivo que
gosta, mas de feijão do que de mim. Melhor eu ficar sozinha e gastar esse dinheiro para me
divertir.

E assim fez.

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