Introdu - o A B - Blia PDF
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Prof. Dr. Rodrigo Silva
INTRODUÇÃO À BÍBLIA
1ª Edição
2017
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Sumário
Palavra do Professor autor
Sobre o autor
Ambientação à disciplina
Trocando ideias com os autores
Problematizando
Peculiaridades de um Livro
Nomes para a Palavra de Deus
Organização do Livro Sagrado
Antigo testamento
Pentateuco ou Torá
Livros Históricos
Livros Poéticos
Livros Proféticos
Novo Testamento
Geografia dos eventos bíblicos
Uma coletânea de Histórias
Um livro perigoso
Inspiração e revelação
5
Hebraico e Aramaico
Grego
Períodos Bíblicos
Período de reduplicação
Período da unificação textual
O Período das impressões
Período de crítica e de revisão
A Crítica Textual
O Trabalho da Crítica Textual
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Palavra do professor
O autor.
7
Sobre o autor
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Ambientação
Que contraste não é mesmo? E as diferenças não param por ai. O conteúdo
de ambos os livros é assombrosamente diferente. De acordo com o Livro Vermelho
de Mão, “devemos apoiar tudo o que o inimigo combate e combater tudo o que o
inimigo apoia” e mais: “a revolução é uma insurreição, um ato de violência pelo
qual uma classe derruba a outra.”
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Já na contramão desta cultura temos os ensinos de Cristo que diz: “tudo o
que quereis que os homens vos façam, fazei a eles vós também” (Mateus 7:12).
Além disso temos o conselho de Paulo: “Não deixeis vencer do mal, mas vence o
mal com o bem” (ROMANOS 12:21).
Alguns podem argumentar que a Bíblia também provocou muitas mortes nos
tempos da inquisição, mas isso não é verdade. Foi a autoridade eclesiástica de
então que mandou matar em nome da fé. A leitura da Bíblia, além de proibida para
a população em geral, era um dos motivos da pena capital, pois muitos foram
mortos apenas por possuir em casa um exemplar do livro sagrado ou tentar lê-lo
por conta própria sem autorização da Igreja. Autoridade eclesiástica e
ensinamentos bíblicos não são necessariamente sinônimos perfeitos. A história,
portanto, das Escrituras Sagradas está bem distante daquela relacionada ao Livro
Vermelho da China Comunista.
Bons estudos!
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Trocando ideias com os autores
WAYNE GRUDEM , C. JOHN COLLINS , THOMAS R. SCHREINER
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ponto de vista mais conservador, sob uma perspectiva ortodoxa. No entanto são
apresentadas, de forma imparcial, teorias distintas – liberal ou neo-ortodoxa.
Guia de Estudo: Após a leitura das obras, realize uma comparação entre as ideias
dos autores, em seguida faça um texto dissertativo-argumentativo sobre o que mais
lhe chamou atenção.
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Problematizando
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ESTRUTURA DA BÍBLIA
1
CONHECIMENTO
HABILIDADE
Ser capaz de compreender e interpretar textos sobre o tema bem como ser
capaz de fazer exposição escrita, pública em eventos, palestras, seminário em
ambiente acadêmico e eclesiástico acerca do tema.
ATITUDE
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Peculiaridades de um Livro
Vejamos algumas:
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5) A Bíblia é, sem dúvida, o livro mais controverso da história. Nomes de peso
como Emanuel Kant (1724-1804), Abraão Lincoln (1809-1865), Isaac
Newton (1643-1727) o amam e recomendam sem qualquer hesitação. Por
outro lado, nomes igualmente de peso o rejeitam e desprezam sua leitura.
Voltaire (1694-1778), Nietzsche (1844-1900) e Sartre (1905-1980) são
alguns deles. Seja como for, percebe-se que não é um livro
necessariamente dos menos intelectuais, pois embora haja mentes
brilhantes que o rejeitem, há outras que o amam profundamente.
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Nomes para a Palavra de Deus
Não encontramos nas Escrituras o nome “Bíblia”. Esse título foi usado pela
primeira vez em relação à Palavra de Deus, por João Crisóstomo, um patriarca e
reformador de Constantinopla (354-407 d.C.). O nome Biblia deriva de Byblos que
é o nome de uma importante cidade portuária da região dos fenícios que hoje fica
no Líbano. Foram os gregos que deram esse nome ao lugar, devido à sua
importância no comércio de papiro – um tipo de papel importado do Egito. Aliás
Byblos também era o nome que os gregos davam ao papel que os egípcios
preferiam chamar de “wadj”.
Pois bem, com a diferença de apenas uma letra, Byblos virou Biblos e
passou a significar “livro”. O diminutivo de livro em grego é Biblion que quer dizer
livrinho e o plural é Biblia que quer dizer “livrinhos”. Foi justamente por ser uma
coleção de pequenos livros que a Escritura Sagrada passou a ser chamada de
Bíblia, nome este que ficou até os dias de hoje.
Tudo indica que foi Crisóstomo, um autor cristão do IV século, que usou
pela primeira vez o nome Bíblia para se referir ao Antigo e Novo Testamento
(BRUCE, 1988). Contudo, há indícios de que já em 223 d.C., o título era vez ou
outra usado por seguidores do cristianismo para referirem-se aos escritos dos
apóstolos e, antes deles, judeus helenistas que viviam em Alexandria valiam-se da
expressão “ta bíblia” (os livrinhos) para indicar uma tradução grega do Antigo
Testamento normalmente conhecida como Septuaginta. Mais à frente você
conhecerá a história dessa tradução.
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ela como apenas a Torá ou a Lei e os Profetas. Esta divisão, aliás, já era
conhecida nos tempos do Novo Testamento, pelo que Jesus fez uso dela em
diversos momentos de seu ministério (cf. por ex. Mateus 7: 12; 11: 13; 22: 40;
Lucas 10:26; 16: 16, 17; 24:44; João 1: 45; 10:34).
O nome Antigo Testamento foi criado por Melito de Sardis em cerca de 170
d.C. para referir-se aos livros sagrados escritos antes da vinda de Jesus Cristo a
esse mundo e Novo Testamento, para os que foram escritos depois de sua vinda.
A primeira parte, portanto, seria uma espécie de prenúncio do Messias que haveria
de vir e a segunda um anúncio do Messias que veio e que voltará. A primeira conta
a história da criação e queda do mundo, mas se concentra na cidade de Israel, e
da aliança de Deus com Israel. Já a segunda concentra-se no ministério de Jesus e
na história da Igreja Cristã primitiva, e na aliança de Deus com a humanidade por
meio de Cristo.
Por que Antigo e Novo Testamento e não Antiga e Nova Escritura? É bem
verdade que, algumas das antigas versões gregas preferiam chamar essas
porções de Antiga e Nova Aliança. Mas, ao que tudo indica, os teólogos
consideraram que sendo a aliança ou o acordo de Deus com os homens algo que
demanda muito mais a ação divina que a ação humana, preferiram traduzir o termo
por testamentum que quer dizer justamente isso, um testamento que Deus em
pessoa deixou para nós. Uma herança em forma de livro (VOS 1915).
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Organização do Livro Sagrado
Como você pode ver na seção acima, não se trata na verdade de um livro,
mas de uma coleção de pequenos livros que juntos formam a famosa Bíblia
Sagrada. Eles foram escritos por aproximadamente 40 autores num período de
aproximadamente 1600 anos que vai do século XV a.C. ao final século I d.C.
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Torá
Bereshit (No princípio...) (Gênesis)
Shemot (Os nomes...) (Êxodo)
Vayikra (E Ele chamou...) (Levítico)
Bamidbar (No deserto...) (Números)
Devarim (As palavras...) (Deuteronômio)
NEVIIM (Profetas):
Yehoshua (Josué)
Shoftim (Juízes)
Shmuel (I & II Samuel)
Melakhim (I & II Reis)
Yeshayah (Isaias)
Yirmyah (Jeremias)
Yechezqel (Ezekiel)
KETUVIM (Escritos):
Tehilim (Salmos)
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Mishlei (Provérbios)
Iov (Jó)
Shir Ha-Shirim (Cântico dos cânticos)
Ruth
Eichá (Lamentações)
Kohelet (nome do autor) (Eclesiastes)
Esther
Daniel
Ezra & Nechemyah (Nehemia) (tratado como um livro)
Divrei Ha-Yamim (As palavras dos diasdays) (Crônicas)
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Figura 1
Como você pode ver pelo desenho acima, os cinco primeiros livros
(coloridos de marrom) foram escritos por Moisés e recebem o nome de Pentateuco.
Eles trazem a história do mundo desde a criação até à primeira parte da história do
povo hebreu e seu período de peregrinação no deserto, quando ainda não eram
uma nação propriamente dita. Isso vai desde as origens da humanidade até por
volta do século XIV a.C.
A seguir temos mais três livros (também em tom marrom) que narram
episódios ocorridos no tempo em que Israel se assentava na terra prometida e vivia
governado por Juízes e Sacerdotes. Já a coleção seguinte (em tom verde) dá
sequência à história contando uma nova fase administrativa em que Israel agora
era governado por reis. Essa fase foi interrompida pela tragédia do cativeiro da
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Babilônia que pôs fim à monarquia de Israel. Ambas as coleções são classificadas
como Livros Históricos e cobrem um período de aproximadamente 700 anos que
vai desde o século XIV até ao século VI a.C. (Ver figura 1)
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O Talmude é uma coleção de 63 tratados judaicos envolvendo assuntos religiosos,
legais, éticos e históricos compilados por antigos rabinos. Ele foi publicado no V
século d.C. na Babilônia onde viviam muitos judeus. É a mais importante coleção
de leis e interpretações do judaísmo seguida até hoje pelos judeus ortodoxos.
Veja Halachot Gedolot Capítulo 76; Seder Olam Rabbah, capítulo 20; Comentário
do Rabino Shlomo Ytizchaki Rashi ao Megillah, ibid.
Figura 2
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A longa coleção como mostra a (Figura 1) – dividida em dois tons de verde
– são as cartas ou epístolas cristãs. As treze primeiras são atribuídas à autoria de
Paulo e, por isso, chamadas Epístolas Paulinas. As demais são conhecidas como
epístolas universais e foram escritas por outros autores.
Epístola vem do grego antigo e significa uma espécie de carta especial enviada a
um amigo ou a uma comunidade em particular, tratando de assuntos políticos,
filosóficos, morais ou teológicos.
A Bíblia demorou muitos anos para atingir a forma e o conteúdo que hoje
conhecemos. Ela começou a ser escrita no século XV a.C. e terminou no final do I
século d.C. Logo foram mais de 1.400 anos de produção efetuada por certa de 40
diferentes autores.
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Roma (Itália) e partes da moderna Grécia e Turquia (que faziam parte do antigo
Império Romano).
Antigo Testamento
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das tribos de regulamentos 1450 a.C.
Israel acerca do oficio
no santuário.
Números Relativo so censo Censo do povo Moisés – ca.
do povo hebreu hebreu 1450 a.C.
promovido
durante sua
caminhada pelo
deserto
Deuteronômio Repetição das Moisés pronuncia Moisés – ca.
leis três discursos de 1450 a.C.
despedida antes
de morrer. Neles
recapitulou com o
povo as leis
dadas por Deus
Livros históricos
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a.C.
Crônicas I e II Relatos História da Esdras (segundo
Monarquia de a tradição) 450
Saul à chegada a.C.
de
Nabucodonosor
Esdras Nomeado Restauração de Esdras (porque
segundo o autor Judá na terra de muito se fala dele
Canaã na primeira
pessoa) ca. 450
a.C.
Nemias Nomeado Recnstrução de Neemias
segundo o Jerusalém (segundo a
personagem tradição) ca. 450
principal a.C.
Ester Nomeado Uma história de Mardoquel (?)
sengundo a heroísmo e cerca de 500 a.C.
personagem libertação dos
principal judeus durante o
governo da
Pérsia
Livros Poéticos
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descreve o gozo e (segundo a
o êxtase do amor. tradição) 960 a.C.
Simbolicamente
tem sido aplicado
ao amor de Deus
por Israel
Livros Proféticos
29
enfrentando muita
pressões quando cativo
na Babilônia. Este livro
inclui as visões proféticas
de Daniel.
30
restauração. Especialme
nte notável é um versículo
em que resume o que
Deus requer de nós (6:8).
Naum Segundo o Naum anunciou que Deus Naum 612.C.
autor destruiria o povo de
Nínive por sua crueldade
na guerra.
Habacuque Segundo o Este livro apresenta um Habacuque
autor diálogo entre Deus e 600 a.C.
Habacuque sobre a
justiça e o sofrimento.
Sofonias Segundo o Este profeta anunciou o Sofonias 630
autor dia do Senhor, que trazia a.C.
juízo a Judá e às nações
vizinhas. Esse dia, que
haveria de vir seria de
destruição para muitos,
mas um peueno
remanescente, sempre fiel
a Deus, sobreviveria para
abençoar o mundo inteiro.
Ageu Segundo o Depois que o povo voltou Ageu 520 a.C.
autor do exílio, Ageu o
admoestou para que
dessem prioridade a Deus
e reconstruíssem em
primeiro lugar o templo,
mesmo antes de
reconstruírem suas casas.
Zacarias Segundo o Como Ageu, Zacarias Zacarias 520
autor instou o povo a a.C.
reconstruir o templo,
assegurando-lhes ajuda e
benção de Deus. Suas
visões apontavam para
um futuro brilhante.
Malaquias Segundo o Após o retorno do exílio, o Malaquias
autor pov voltou a descuidar de 450 a.C.
sua vida
religiosa. Malaquias
passou a inspirá-los
novamente, falalndo-lhes
do "Dia do Senhor".
Novo Testamento
31
uma só ótica. Depois, em separado, vem o Evangelho de João que segue
um estilo e fontes próprias.
32
Filho de Deus. Seu
estilo literário é
reflexivo e cheio de
imagens e figuras.
33
3 – Cartas trito-paulinas: epístolas que, segundo alguns comentaristas,
dificilmente seriam do apóstolo Paulo, pois usam uma linguagem diversa e
tratam de problemas que existiam nas comunidades no final do I Século.
34
aceita e nos
liberta de
nossos pecados
I e II Coríntios Segundo o Uma análise Paulo, 57
destinatário dos problemas d.C.
enfrentados
pela igreja de
Corinto.
Discenção,
imoralidade,
problemas
quanto a forma
da adoração
pública e
confusão sobre
os dons do
Espírito. Paulo
escreve sobre
as dificuldades
que alguns
falsos profetas
haviam trazido
ao seu
ministério.
Gálatas Segundo o A liberdade da Paulo, 57
destinatário pessoa que crê d.C.
em Cristo com
respeito à
Lei. Paulo
declara que é
somente pela fé
que as pessoas
são
reconciliadas
com Deus.
Efésios Segundo o O tema central Paulo, 63
destinatário desta carta é o d.C.
propósito eterno
de Deus: Jesus
Cristo é a
cabeça da
igreja, que é
formada a partir
de muitas
nações e raças.
Filipenses Segundo o A enfase desta Paulo 64
destinatário carta está no d.C.
gozo que o
crente em Cristo
encontra em
todas as
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circunstâncias
da vida.
Colossenses Segundo o o apóstolo Paulo 63
destinatário Paulo conclama d.C.
aos cristão de
Colossos que
abandonem
suas
superstições e
tomem a Cristo
como o centro
de sua vida.
I e II Segundo o O apóstolo Paulo 49 e
Tessalonicenses destinatário Paulo dá 52 d.C.
orientações aos
cristãos de
Tessalonica a
respeito do
estado dos
mortos e da
segunda vinda
de Cristo.
I e II Timótes Segundo o Estas cartas Paulo, 63
destinatário serviram de d.C.
orientação a
Timóteo, um
jovem líder da
igreja
primitiva. O
apóstolo Paulo
lhe dá
conselhos sobre
a adoração, o
ministério e os
relacionamentos
dentro da igreja.
Tito Segundo o Tito era ministro Paulo 64
destinatário em d.C.
Creta. Nesta
carta Paulo o
orienta sobre
como ajudar os
novos cristãos.
Filemon Segundo o Filemon é Paulo 63
destinatário instado a d.C.
perdoar seu
escravo
Onésimo que
havia
fugido. Filemon
deveria aceitá-lo
36
de volta como a
um amigo em
Cristo.
Hebreus Segundo o Nesta carta, o ?, 62 d.C.
destinatário autor exorta os
novos cristãos a
não observarem
mais os ritos
cerimoniais do
judaismo, pois,
em Cristo, eles
já foram todos
cumpridos.
37
estavam sendo
perseguidos por
causa de sua fé.
Nelas, Pedro
adverte os
cristãos sobre os
falsos mestres e
os estimula a
continuarem
leiais a Deus.
I, II e III João Segundo o autor A primeira carta João ca. 90 d.C.
explica deste
corpus traz
verdades básicas
sobre a vida
cristã com enfase
no mandamento
de amarem uns
aos outros. A
seguir, temos
outra carta
dirigida à
"senhora eleita e
aos seus filhos".
Nela o autor
adverte os
cristãos quanto
aos falsos
profetas.
Finalmente, em
contraste com
sua segunda
carta, esta fala da
necessidade de
receber os que
pregam a Cristo.
Judas Segundo o autor Judas (que não é Judas ca. 65 d.C.
o apostolo que
traiu o senhor),
possivelmente
outro irmão de
Jesus e de Tiago.
Ele adverte seus
leitores sobre a
má influência de
pessoas alheias
à irmandade dos
cristãos.
38
Apocalípse – este é outro escrito de característica única na coleção de textos do
NT. Ele segue as características de um tipo de literatura chamada apocalíptica,
relativamente comum entre os judeus. É uma forma distinta de fazer profecias.
<arte>
39
Figura 3
40
1- Todos geralmente gostam de histórias. Adultos, crianças, iletrados ou
eruditos e todos têm facilidade para reproduzir pelo menos a essência de
seu conteúdo. Assim fica mais fácil, às gerações que se seguem, transmitir o
conteúdo da revelação divina.
41
Um livro perigoso
A Bíblia traz sobre si uma reinvindicação muito séria que, se for verdadeira,
faz dela o livro mais importante de todos os tempos e se for mentirosa o mais
terrível que a humanidade já produziu. Ela diz que é de origem divina: “Toda a
Escritura é inspirada por Deus e proveitosa para o ensino, para a repreensão, para
a correção e para a instrução na justiça” (II Tim. 3:16). Por isso o escritor George
Bernard Shaw estava de certo modo correto quando chamou a Bíblia de “o livro
mais perigoso do mundo”.
Exagero? Difícil dizer. Mas pelo menos uma coisa pode ser dita e que
calaria muitos que consideram a Bíblia um livro sem significado positivo. Dizem que
certa vez um antropólogo descrente da Bíblia estava entrevistando o missionário
Kata Ragoso, da nova Guiné. Em uma de suas perguntas ele insinuou o que o
nativo achava de ter sua cultura terrivelmente modificada pelos hábitos trazidos por
esse livro de brancos. Era realmente um motivo de agradecimento?
42
Se é motivo para eu agradecer, não sei – respondeu Ragoso – mas para
você deveria ser, caso contrário eu o estaria agora cozinhando para o meu almoço
conforme o costume de meus ancestrais que praticavam canibalismo!
Isso mostra que o mundo pode estar repleto de bons e excelentes livros,
mas só a Bíblia pode se dizer inspirada. E o que significa essa palavra
“inspiração”?
Ali, ele vem da junção de duas palavras gregas Theos (que quer dizer
Deus) e Pneustos (que quer dizer sopro, espírito). Logo, algo que foi soprado por
Deus, ou simplesmente “inspirado” por ele – o mesmo sentido da versão latina.
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Inspiração e revelação
Quando Paulo diz que toda Escritura é inspirada por Deus, está
evidentemente fazendo referência à já mencionada coleção de livros sagrados que
ele conhecia em sua época, a saber: a Lei, os Profetas e os Salmos conforme
vimos em Lucas 24:44. Todos vieram de Deus e para os cristãos ambos (Antigo e
Novo Testamentos) são considerados Escrituras (I Cor. 2:10-13; I Timóteo 5:18; II
Pedro 3:15-16).
Isso nos leva a entender que a inspiração envolve, via de regra, um agente
humano usado por Deus. É, noutras palavras, a operação divina que toma conta do
autor sagrado, esclarecendo-o, guiando-o, assistindo-o na execução de sua tarefa.
Foi isso que o autor de Hebreus quis dizer ao afirmar que Deus falou nos tempos
antigos aos pais pelos profetas (Heb 1:1). Mas como se dava esse processo?
44
De acordo com o que a própria Bíblia nos dá a entender, com a história de
Gênesis capítulos 1 a 3, não era plano original de Deus usar um livro para se
comunicar com os seres humanos. Ao que tudo indica, Adão e Eva tinham franca
comunhão com seu Criador e, possivelmente, outros agentes celestiais.
Mas a entrada do pecado causou uma ruptura entre criatura e Criador (Isa.
59:2). O Senhor agora tinha de usar outros meios de se comunicar com o ser
humano e a revelação nos indica alguns deles:
1 – anjos vindos em forma humana (Zac. 1:9; Luc. 1:11, 18, 19).
2 – visões (Daniel 7:2; Apoc. 1:19)
3 – sonhos (Números 12:6; Gênesis 37:5 e 9).
4 – a impressão do Espírito Santo (II Pedro 1:21; II Sam. 23:11 e 12).
5 – as obras da natureza (Romanos 1:20; Col. 1:13-18)
6 – revelações especiais feitas até por quem não é profeta (Mateus 27:19)
A Bíblia diz que os que foram eleitos para a tarefa de produzir a Bíblia eram
“movidos pelo Espírito Santo de Deus” (II Pedro 1:21), logo, as palavras,
expressões, concatenação das ideias poderiam até ser humanas mas a autoria em
última instância pertencia a Deus. O teólogo alemão Karl Rahner (1961) encontrou
um modo interessante de explicar esse fenômeno. Ele percebeu que o termo latino
“autor” para designar Deus como autor das escrituras poderia ser um tanto dúbio,
então, ele se lembrou que em alemão você pode falar de alguém como autor
literário (Verfasser) ou como como originador de um livro (Urheber). Assim,
segundo Rahner, Deus originou os livros sagrados, isto é, propiciou que fossem
produzidos, mas não os escreveu no sentido de que ditou suas palavras ou utilizou-
45
se do profeta como se fosse uma máquina de escrever ou um teclado de
computador ele inspirou os pensamentos e ensinos na mente de seus servos, mas
a linguagem e as imagens usadas eram do próprio profeta em meio à cultura e
cosmovisão em que ele estava.
Varios povos, além dos judeus, diziam possuir mensageiros com dom
profético, entre eles estavam os mulçumanos, os sibilinos e os gregos, dentre
outros. No caso bíblico, a orientação é checar se um profeta vem ou não de Deus
pois assim como há verdadeiros profetas também há falsos líderes dizendo-se
inspirados por Deus quando na verdade não receberam nenhuma mensagem do
Altíssimo (cf Deut 18:20-22; Mat 7:15-20; Rom 16:17-18; I Tes. 5:20-21)
46
consequências (Mateus 5:17-20). Ela vem de Deus (Mateus 22:31; II Pe 1:18-20).
Foi revelada e inspirada por ele.
A Bíblia está repleta de expressões como: “e falou o Senhor”, “eis o que diz
o Senhor”, “veio a mim a palavra do Senhor”. Daí estar corretíssimo referir-se a
esse conjunto de revelações como sendo a “Palavra de Deus”. A propriedade de
denominarmos o conjunto destas revelações de “A Palavra de Deus”.
Etimologicamente, revelação vem do latim “revelo”, que significa descobrir,
desvendar, levantar o véu. Revelação significa, portanto, descobrimento,
manifestação de algo que está escondido. A palavra grega correspondente à latina
“revelação” é “apocalipse”.
47
Por isso é importante ao se falar de “inspiração” bíblica, ter bem claro
também o que ela não é:
48
suas profecias. Daniel é um caso clássico. A Bíblia diz que ele chegou a
adoecer por não compreender perfeitamente tudo o que vira em visão e, ao
que tudo indica, mesmo por ocasião de sua morte ainda guardava muitas
incógnitas em seu coração. Muitos que vierem depois dele, entenderiam
suas profecias melhor do que ele mesmo (Daniel 12:4 e 9).
49
7 – A inspiração não é uma mera reflexão. Essa ideia, hoje pouco em voga,
fez sucesso nos anos 1920 quando foi pela primeira vez exposta no livro “Eu
e TU” escrito pelo filósofo existencialista Martin Buber. Ele a chamou de
Teologia do Encontro. Na sua opinião, Deus e o profeta se encontravam
misticamente, mas Deus não falava nada. Apenas deixava-se sentir. Então,
depois de um tempo, o profeta escreve uma reflexão pessoal de seu
encontro com Deus e os homens a canonizam. Um dos grandes
divulgadores desta teoria para os arraiais do cristianismo foi Emil Brunner.
Existem, portanto, cinco textos principais que você deveria aprender para
entender essa ideia de revelação e inspiração bíblica.
Observe abaixo:
3 – Mateus 5:17-18 – “Não cuideis que vim destruir a Lei ou os profetas: não vim
ab-rogar, mas cumprir. Porque em verdade vos digo, que até que o Céu e a Terra
passem, nem um jota ou til se omitirá da Lei, sem que tudo seja cumprido”.
50
A Inspiração é uma operação do Espírito Santo, atuando nos homens, de
acordo com as leis da constituição humana; que não é neutralizada pela influência
divina, mas aproveitada como um veículo para a expressão completa da
mensagem de Deus. A Inspiração está geralmente combinada com o progresso
moral e espiritual do Doutrinador, de maneira que há no todo uma conformidade
moral entre o Profeta e a sua doutrina. (WESTCOTT Apud APOLINÁRIO 1989)
51
O CÂNON BÍBLICO
2
CONHECIMENTO
HABILIDADE
ATITUDE
52
Como foram escolhidos os livros da Bíblia?
Seja como for, o que nos interessa por ora é descobrir por que estes e não
outros livros foram incorporados no cânon das Escrituras. A resposta é simples:
porque estes foram inspirados por Deus para esse fim. Mas como saber quais
foram inspirados?
Ainda segundo essa teoria, foi ali que queimaram ou proibiram a leitura de
muitos outros evangelhos que continuam verdades históricas sobre Jesus que não
foram aprovadas pela igreja. Esses evangelhos foram considerados apócrifos e
banidos do cristianismo oficial.
53
discutido no concílio e o que os mais antigos historiadores falaram a respeito dele.
O imperador Constantino, por exemplo, que convocou o encontro, não tinha
nenhuma cultura formal ou teológica para decidir nada.
Embora ele fosse realmente um líder político, sua intenção não era tomar
partido de um ou outro lado, mas fazer com que a igreja que ele estava apoiando
eliminasse divisões internas que poderiam prejudicar o processo. Estas divisões
eram em concernentes à relação divina entre Jesus e Deus Pai; a construão da
primeira parte de um credo da igreja, a fixação da data da páscoa e a promulgação
de do chamado direito canônico que seria um conjunto de leis e regulamentos
adotados pelos líderes da igreja para a organização do cristianismo em Roma.
Um cânone ou cânon é um termo que deriva da palavra grega kanon, que designa
uma vara utilizada como instrumento de medida, e que normalmente se caracteriza
como um conjunto de regras (ou, frequentemente, como um conjunto de modelos)
sobre um determinado assunto.
54
O cânon Muratoriano escrito 150 anos antes do concílio já mencionava os
evangelhos que fariam parte da Bíblia. Esse mesmo cânon, juntamente com
Origenes (outro escritor antigo do cristianismo) possivelmente já utilizavam os 27
livos que temos hoje no Novo Testamento. Igualmente, outros autores que viveram
bem antes do concílio – como por exemplo, Papias, Justino e Ireneu de Lion -
também já abordavam a questão dos evangelhos e dos livros neotestamentários
que seriam ou não inspirados por Deus (ACKROYD e EVANS, 1970).
55
do cristianismo, é possível ver aqui outra hipótese: de que já havia um cânon quase
totalmente sistematizado. Caso contrário, a tarefa de Marcião se limitaria a criar um
cânon e não rejeitar uma lista já existente.
56
divina. A questão era confirmar se sua “consciência profética” era verdadeira ou
charlatã e havia critérios para isso. Afinal, embora houvesse a advertência dada
pelo próprio Deus para não se desprezassem as profecias (I Tes 5:20) e que
cressem nos profetas a fim de prosperar e estar seguros (II Cron. 20:20), o povo
também era orientado a não acreditar rapidamente em qualquer um que se dizia
mensageiro do Senhor. "Amados, não deis crédito a qualquer espírito; antes, provai
os espíritos se procedem de Deus, porque muitos falsos profetas têm saído pelo
mundo fora." I JOÃO 4:1 (veja também Mateus 7:15).
57
e o próprio apóstolo Pedro reconheceu-as como inspiradas por Deus equivalentes
às demais Escrituras Sagradas (II Pedro 3:15-16). Paulo, por sua vez, citou uma
expressão de Cristo possivelmente retirada de Lucas 10:7 e a introduziu com a
expressão “Pois assim declara a Escritura” (I TIM. 5:18).
A Igreja Cristã foi definida em Efésios 2:20 como uma casa “fundamentada
nos apóstolos e profetas”. Ora, tal expressão indica que eles já trabalhavam com
escritos tanto de um grupo quanto de outro. Logo, essa larga aceitação de livros
ainda nos tempos apostólicos em contraste com umas poucas disputas ocorridas
posteriormente indicam que eles já tinham bem amadurecida a ideia de possuírem
uma coleção de escritos inspirados.
Embora possam ter havido outros escritos circulando no meio cristão, até
mesmo escritos por apóstolos, aprouve ao Espírito Santo conservar aquelas lívros
inspirados. Em I Coríntios 5:9 Paulo fala de uma carta anterior, de modo que a que
chamamos Primeira Coríntios na verdade não foi a primeira. Já em II Coríntios 2:4
ele diz que escreveu anteriormente aos membros em meio a muita tribulação e
angústia, mas os estudiosos não conseguem ligar com o conteúdo de Primeira
Coríntios de modo que são grandes as possibilidades de haver outra(s) cartas
perdidas de Paulo.
Mas, por que algumas cartas se perderam? Por que não foram
preservadas? Uma possível resposta é que se tratava de uma literatura devocional
edificante, mas que poderia conter ideias particulares que não serviam aos
propósitos divinos. Em outras palavras não foram inspirados. Caso fossem Deus
teria cuidado da sua palavra. O que se pode dizer com certeza é que Deus cuida
da sua palavra e o que temos é suficiente para a nossa salvação e não é fruto de
decisões conciliares posteriores.
58
Veja que curioso o exemplo de Clemente de Roma: por volta do final do I
século d.C., ele estava atuando como presbítero da igreja cristã e, estando em
Roma, enviou cartas para a igreja em Corinto. Ele também se demonstrou
familiarizado com as cartas de Paulo e as tratou como palavra de Deus. Alguns
pensam que esse Clemente seria o mesmo mencionado por Paulo em Filipenses
4:3 (veja Eusébio de Cesareia, Ecclesiastical History, III. 38, 4) .
Que critérios, portanto, teria a Igreja cristã primitiva para reconhecer os livros
que eram inspirados por Deus?
59
1 – Este livro fora escrito por um profeta ou seguidor direto de Cristo de quem as
pessoas davam bom testemunho?
Lembre-se que esses critérios tinham um sentido especial aplicado a uma época
em que havia testemunhas oculares ainda vivas, que presenciaram os
acontecimentos ocorridos no período apostólico, especialmente relacionados ao
tempo em que Jesus andou pela terra.
60
O Talmude é uma coleção de 63 tratados judaicos envolvendo assuntos religiosos,
legais, éticos e históricos compilados por antigos rabinos. Ele foi publicado no V
século d.C. na Babilônia onde viviam muitos judeus. É a mais importante coleção
de leis e interpretações do judaísmo seguida até hoje pelos judeus ortodoxos.
O bem da verdade deve ser dito que o livro de II Macabeus – que não faz
parte do cânon judaico, mas é histórico – afirma que Neemias “fundou uma
biblioteca, recolheu os livros sobre os reis e profetas e os escritos de Davi e as
cartas dos reis sobre ofertas voluntárias” (2:13-15). Isso está em harmonia com o
relato já mencionado de Neemias 8 e 9, segundo o qual o sacerdote e escriba
Esdras havia trazido a Lei (ou uma cópia dela) de volta da Babilônia para
Jerusalém. Tudo isso por volta do mesmo período em torno do ano 450 a.C.
Por fim, existe uma teoria mais recente proposta por Heinrich Graetz em
1871, segundo a qual teria havido um concilio de rabinos em Jamnia por volta do
ano 90 d.C. e ali foi estabelecido o cânon das Escrituras segundo o judaísmo. Mas
61
essa conclusão hoje também caiu em descrédito e praticamente nenhum
especialista valida sua argumentação (BROWN, 1990; LEWIS 1992).
Ao que tudo indica no período patriarcal que vai de Abraão até ao período
da escravidão no Egito, o povo hebreu não possuía nenhum escrito sagrado. Sua
tradição teológica era passada oralmente de pai para filho. As comunicações
divinas eram feitas a certos “videntes” (profetas, no caso) por meio de sonhos,
visões ou vozes – prática essa ainda existente mesmo nos tempos da monarquia
(cf. I Samuel 28:6).
62
preservar com cuidado esses manuscritos indica que eram textos muito especiais
(Êxo. 40:20; Deut. 17:18; 31:24 – 26; Josué 24:26; I Samuel 10:25; II Reis 22:8).
Referências posteriores à Lei (Isaias 1:10; 2:3; Oseias 4:6; 8:1; Amós 2:4;
Miqueias 4:2) indicam que o povo tinha um conjunto de textos legais e religiosos
aos quais deveriam prestar a atenção. Passagens como Jeremias 18:18; Zacarias
3:4 e Ageu 2:11aumentam a hipótese de que era obrigadção dos sacerdotes
preservar o conteúdo destes escritos e ensiná-los ao povo.
Mas isso é diferente do que diz a Alta Crítica (ainda falaremos sobre ela)
segundo a qual a Bíblia seria uma colcha de retalhos autorais que foram sendo
colecionados ao longo do tempo e costurados por um editor final na forma que hoje
os conhecemos. As anotações editoriais e os arranjos que nos referimos são
63
limitados. Por exemplo, no livro de Daniel 7 e 8 toda a visão do profeta aparece na
primeira pessoa do singular – o que indica um relato pessoal das visões escrito
pelo próprio profeta. Contudo, no começo do capítulo há uma anotação da data e
uma referência ao autor da visão dada em terceira pessoa que parece indicar a
presença de um editor final que fez a compilação das visões de Daniel (que
possivelmente estivessem separadas) e as organizou por ordem cronológica.
O mesmo se pode dizer de passagens como Gênesis 11:31 que diz: “Harã
morreu na presença de seu pai Terá, em sua terra natal, chamada de Ur dos
caldeus. Gênesis”. Ora, pela cronologia Bíblica isso teria ocorido no segundo
milênio a.C. e fora escrito por Moisés em torno do século XV a.C. Ocorre, no
entanto, que não há registro da presença dos caldeus no sudeste da Mesopotâmia
antes do I milênio a.C. e eles só começaram a governar cidades locais por volta do
XI século a.C. Logo, “Us dos Caldeus” só pode ser ser uma anotação feita por
alguém muito tempo depois de Moisés.
Mas não se trata de um engodo e sim de uma anotação editorial com o fim
de tornar o texto mais compreensível. Seria como se um historiador moderno ao
descrever a descoberta do nosso país escrevesse: “Em 21 de Abril de 1500, Pedro
Alvares Cabral descobriu o Brasil.” Contudo, não existia Brasil em 1500. Esse país
e esse nome só vieram a existir mais tarde. A referência, no entanto seria um
ajuste acadêmico com o fim de atualizar o texto perante o leitor, facilitando sua
compreensão. Seria como se o historiador dissesse: “Em 21 de abrail de 1500,
Pedro Álvares Cabral descobriu as terras que posteriormente seriam chamadas de
Brasil.” O mesmo ocorreu com o texto bíblico.
64
Jesus certa vez afirmou que aqueles, dentre Israel, que rejeitassem a
mensagem de Deus seriam responsabilizados “desde o sangue de Abel até ao
sangue de Zacarias, que foi morto entre o altar e o santuário” (Luc 11:51). Ora,
muitos especialistas entendem que aqui Jesus estava fazendo referência ao cânon
do Antigo Testamento que já estaria fechado em seus dias. Abel, representando o
Gênesis, seria o primeiro livro da coleção e Zacarias o último (BRUCE, 1988). A
dificuldade está em saber se esse Zacarias seria o filho de Baraquias (Mat. 23:35;
Zac 1:1; Esdras 5:1) que teria escrito o último livro do cânon hebraico ou Zacarias,
filho de Joiada mencionado em II Crônicas 24:20-21.
Seja como for, uma das mais antigas listas dos livros hebraicos das
Escrituras menciona II Crônicas como o último livro do Cânon. Ali é dito: “Nossos
rabinos disseram: a ordem dos profetas é esta: Josué, Juizes, Samuel, Jeremias,
Ezequiel, Isaias e os doze. A ordem dos Escritos é Rute, o livro dos Salmos, Jó,
Provérbios, Eclesiastes, Cantares, Lamentações, Daniel, o rolo de Ester, Esdras e
Crônicas” (Talmude Babilônico, tratado Baba Bathra 14b).
Sobre a ordem dos livros, considerando que Malaquias seria o último autor
nas edições modernas da Bíblia, isso não deve nos preocupar, pois em outras
versões hebraicas mudam a ordem dos livros. O Codex de Leningrado (datado de
1009 d.C.) e três das oito listas mais antigas do cânon judaico trazem Crônicas
como o primeiro e não o último livro da coleção de escritos (Encyclopaedia Judaica
vol. 4: 829-830).
Por volta do ano 90 d.C. o historiador judeu Flávio Josefo também declarou
que o cânon hebraico estava fechado e que “desde Artaxerxes, a sucessão de
65
profetas chegou ao seu fim”. Isto ele escreveu em argumentação contra Ápio,
demonstrando que em seu tempo a coleção de livos inspirados já estava decidida.
Barber (2006) e Sanders (2002) sugerem que o status canônico dos livros
do Antigo Testamento foi decidido, pelo menos em parte, em razão da data de
composição de cada um deles. Nenhum livro se acreditava ter sido escrito mais
tarde do que o período de Esdras foi incluído. Isto foi baseado, em grande parte, na
tese farisaica de que a inspiração profética terminou depois de Esdras e Neemias.
66
Barber (2006) ressalta que essa tese é um "critério problemático para os
cristãos que afirmam que o Espírito Santo inspirou os livros do Novo Testamento".
Ele também aponta que ele também é "problemático para alguns estudiosos que
acreditam que vários livros canônicos, como por exemplo, Daniel, Ester, Cântico
dos Cânticos, Provérbios, os livros de Crônicas, datam de um período muito
posterior”. Segundo alguns autores liberais, Daniel seria composto bem depois de
alguns livros "apócrifos".
Período Intertestamentário
Poucos que leem a Bíblia Sagrada se dão conta de que entre o último
verso de Malaquias e o começo do Evangelho de Mateus, teriam se passado
quatro séculos, aproximadamente. Esse período de cerca de 400 anos que vai
desde os tempos de Neemias até ao nascimento de Cristo é normalmente
chamado de período intertestamentário por grande parte dos estudiosos,
especialmente os de tradição protestante. Ele marca o hiato entre o final da parte
hebraica e o início da parte cristã da Bíblia Sagrada.
Uma vez que o primeiro imperador, César Augusto, sempre recusou ser
reconhecido como tall, é difícil determinar exatamente quando o Império Romano
67
começou. Alguns historiadores, por consenso, pensam que seria no fim da
república em 27 a.C., data em que Augusto recebe esse título de César e começa
oficialmente a governar sem nenhum “vice”. Mas há outros que pensam que o
correto seria o ano 14 d.C. quando Tibério, o segundo imperador de Roma, aceita
oficialmente ser tratado como tal. De qualquer modo, o nascimento de Cristo
ocorrido entre 6 e 4 a.C. estaria nos começos do império romano.
De acordo com o historiador judeu Flávio Josefo que viveu no I século d.C.,
“desde os dias de Artaxexes a sucessão de profetas foi interrompida”. Isso ele
escreveu num livro chamado Contra Apio 1:8. No mesmo parágrafo Josefo ainda
diz: “Pois nós [judeus] não temos uma inumerável multiplicidade de livros
discondantes e contraditórios um em relação ao outro, como no caso dos gregos,
mas apenas 22 livros que contêm o relato de todos os tepos passados, que são
exatamente cridos como sendo divinos. Deles, cinco pertencem a Moisés e contêm
as leis e as tradições do início da humanidade até o seu fim.
Noutras passagens (Tos. Sotah 13:2 baraita in Bab. Yoma 9b, Bab. Sotah
48b e Bab. Sanhedrin 11ª, repete-se a informação: “Com a morte de Ageu,
Zacarias e Malaquias, os últimos profetas, o Espírito Santo cessou de falar a
Israel”.
Isso nos leva a crer que na tradição judaica o espírito de profecia cessou
no meio do povo com as palavras de encerramento do profeta Malaquias 4:5 e 6.
As causas desse “silêncio de Deus” seriam, segundo se supõe, os constantes
desvios do povo em relação aos caminhos ordenados por Deus.
Isso não significa, contudo, que nenhuma obra literária foi preparada pelos
judeus durante esse tempo. Além dos livros chamados apócrifos (que a seguir
comentaremos), temos ainda os chamados pseudoepígrafos nomeados de acordo
com antigos heróis do judaísmo embora não tenham sido estes os verdadeiros
autores destes textos.
A lista é grande, mas estes são os principais: Livros dos Jubileus, Vida de
Adão e Eva, Ascenção de Moisés, Testamento dos Doze Patriarcas, Salmos de
69
Salomão, Ode de Salomão, Livro de Enoque, Apocalipse de Elias, Apocalipse de
Ezequiel e outros.
A Septuaginta
70
O que levou os judeus a trazudirem seu livro sagrado para outra língua ao
invés de mater o original hebraico? Dois fatores podem ter concorrido para isso. O
primeiro seria o fato de que muitos judeus que moravam fora de Israel começaram
a perder a fluência da língua hebraica e adotado o grego como idioma corrente.
Estima-se, por exemplo, que perto de 1 milhão de judeus viviam em Alexandria
durante o III século a.C. Esse elevado número de judeus alexandrinos estavam por
gerações afastados da cultura hebraica de seus pais. Logo, eles estariam mais
familiarizados com o grego e não podiam compreender o texto hebraico original.
71
traduções modernas da Bíblia se valem tanto do texto hebraico, quanto desta
antiga e preciosa versão.
72
O apóstolo Paulo dá um testemunho que indica que já no seu tempo o
cristianismo tinha de lidar com textos falsamente atribuídos à autoria apostólica.
Dirigindo-se aos cristãos da cidade de Tessalônica ele orientou aos mesmos que
não se deixassem levar por cartas supostamente escritas por ele, mas que na
verdade eram falsas (II Tes. 2:2). Por essa razão, Paulo tomou o cuidado de
escrever em algumas de suas epístolas uma nota que dizia: “Eu, Paulo, escrevo
esta saudação de próprio punho, a qual é um sinal em todas as minhas cartas. É
dessa forma que assino” (veja também I Cor 16:21; Gál 6:11 e Col. 4:18).
Quanto aos apócritos, como você pode ver na definição acima, trata-se de
livros cuja inspiração e canonicidade é disputada entre os cristãos. Na verdade,
73
diferentes tradições cristãs possuem diferentes apócrifos. Mas as diferenças mais
conhecidas no ocidente são aquelas que marcam as Bíblias publicadas por
protestantes e aquelas publicadas por editoras católicas.
74
mais importante, as três seguinte comentário
cópias mais extensas sobre os apócritos (ou
não estão de acordo deuterocanônicos),
quanto ao cânon dos demonstrando que a
apócrifos (ou aceitação dos mesmos
deuterocanônicos), pois não era um consenso
trazem diferentes listas. entre os teólogos da
E nelas está incluído o época: “Os livros
salmo 151 que as canônicossão fruto do
versões católicas não ditado do Espírito
reconhecem como Santo. Não sabemos,
inspirado. Filo, um no entanto, em que
antigo autor Judeu de tempo ou por quais
Alexandria que usou autores os não
extensivamente a LXX canônicos ou apócrifos
não faz qualquer foram produzidos.
menção aos livros Desde, porém, que eles
deuterocanônicos sejam proveitosos e
incluídos nas Bíblias uteis e não contenham
católicas, o que seria qualquer contradição
estranho caso ele os com os demais livros
tivesse incluídos em sua canônicos, é permitido à
lista escriturística. Igreja lê-los para sua
devoção e edificação.
Sua autoridade,
contudo, não é
considerada adequada
naqueles assuntos que
ainda são dúbios, nem
servem para confirmar a
autoridade eclesiástica
de um dogma, como o
bem aventurado
Jerônimo declara em
75
seu prólogo ao livro de
Judite e também aos
livros de Salomão. Po
outro lado, os livros
canônicos possuem tal
autoridade que tudo que
está contido neles é
para ser considerado
uma firme verdade e um
assunto indiscutível”. O
Cardeal Cajetan (Apud
WICKS, 1978) foi um
dos mais importantes
opositores de Lutero,
comissionado pela
Igreja para refutar os
ensinos do
protestantismo. Ele
escreveu um
comentário dedicado ao
papa no qual exprime
sua opinião de que os
apócrifos (ou
deuterocanônicos) não
eram inspirados, muito
menos canônicos num
“stricto senso”, de modo
que os mesmos não
foram incluídos em seu
comentário do AT.
Inclusão nos Muitos Textos O NT não reconhece
Manuscritos do Mar encontrados nos tais livros como
Morto – fragmentos manuscritos do Mar inspirados por Deus -
desses textos são Morto não são Os autores do NT
76
encontrados na canônicos – Os textos jamais fazem menção
Biblioteca do Mar Morto encontrados no mar direta de qualquer
o que indica que eram Morto não trazem destes livros
respeitados por nenhuma lista canônica introduzindo a fórmula:
determinado segmento de quais seriam os “está escrito” ou “como
do judaismo livros inspirados ou não declarou o profeta X”. O
inspirados. Ademais, a máximo que se pode
maioria absoluta dos encontrar (mas não
materiais ali para além de qualquer
encontrados não são questionamento) seria
escrituristicos, uma hipotética alusão
protocanônicos ou indireta que demonstra
deuterocanônicos. apenas que o autor
Assim, a presença de bíblico conhecia tais
qualquer texto ali pouco livros, mas não que os
concorre para a considerasse palavra de
confirmação de sua Deus. Ainda que tal
natureza escrituristica. citação realmente
exista, isso pouco
contribui para a
conclusão de que se
tratam de livros
inspirados pois obras
seculares também são
citadas no NT, como por
exemplo Atos 17:28 em
que Paulo cita um
trecho do Phaenomena
escrito por Arato. Nem
por isso poderíamos
argumentar que este
poeta grego seria
inspirado por Deus.
Uso no Cristianismo Os mais antigos autores Mesmo os
77
primitivo – Antigos cristãos parecem ter deuterocanônicos
autores cristãos citavam rejeitado os atestam que no seu
passagens dos deuterocanônicos – tempo a inspiração
deuterocanônicos. Embora seja possível havia cessado – I
Dentre eles temos, por encontrar uma ou outra Macabeus 9:27 declara:
exemplo, Clemente de citação dos “Então houve grande
Alexadria citando deuterocanônicos, isso tumulto em Israel, tal
Tobias, Eclesiastico e não é evidência de que como nunca havia tido
Ireneu de Lion citando os mesmos eram desde o tempo em que
Sabedoria de Salomão. reconhecidos como os profetas cessaram
Escritura Sagrada. Foi de aparecer no meio do
apenas quando a igreja povo”.
cristã iniciou seu
rompimento com o
judaísmo que essa
questão se tornou um
ponto a ser discutido. A
mais antiga lista de
livros Cristãos do AT foi
composta por Melito de
Sardes em 170 d.C.não
menciona nenhum
destes textos
controversos.
Aceitação por antigos Os concílios A Igreja Católica não
concílios eclesiásticos – mencionados não eram oficializou os apócrifos
Muitos concílios como concílios universais do como parte do Cânon
os de Roma (382), cristianismo, mas senão tardiamente, no
Cartago (393), Hipona sínodos locais, apenas Concílio de Trento
(397) aceitaram esses de expressão regional – reunido em 1546 – Além
livros. Esses concílios Hipona, Roma e do que já foi dito acerta
são citados por Cartago não tinham dos concílios anteriores
protestantes para autoridade para propor a Trento não serem de
sustentar o cânon do um entendimento caráter ecumênico,
78
NT mas se esquecem universal do muito menos universal,
que os mesmos cristianismo e todos é possível acrescentar
também validaram os eles tinham sido que até mesmo
deuterocanônicos. influenciados pelo renomados autores
mesmo teólogo, Santo católicos admitem essa
Agostinho, pelo que realidade. Yves Congar
possivelmente ecoaram (1966) concorda: “...
o mesmo pensamento uma lista oficial e
devido a serem dirigidos definitiva dos escritos
por um mesmo mentor. inspirados não existiu
na Igreja Católica senão
no Concílio de Trento”.
Do mesmo modo, H. J.
Schroeder (1978),
tradutor inglês dos anais
do Concílio, declarou:
“A lista tridentina ou
decreto foi a primeira
declaração infalível
promulgada sobre o
cânon da Sagrada
Escritura”. Por fim, até
mesmo a The New
Catholic Encyclopaedia
também declara que o
cânon não foi
oficialmente
estabelecido pela Igreja
senão no concílio de
Trento. Tudo isso
demonstra uma inclusão
bastante tardia desses
livros na relação de
documentos inspirados
79
por Deus.
Como você sabe a Bíblia não foi originalmente escrita em nosso idioma. O
que temos é uma tradução muitas vezes complexa de traduzir. Primeiro porque
alguns elementos em nosso idioma constam com apenas um vocábulo para
representá-lo, em outra língua contam com dois ou três. Por exemplo, enquanto
nos referimos à morada de Deus e ao ambiente estelar pelo simples nome de céu,
as pessoas de língua inglesa separam em dois diferentes termos heaven e sky.
É por estas e outras dificuldades que o trabalho dos tradutores é uma arte
difícil e sempre sujeita a críticas (algumas injustas). Os italianos costumavam dizer
traduttore traditore - o tradutor é um traidor. Triste adágio para um trabalho tão
importante!
80
Hebraico e Aramaico
REFLETINDO: Mas, de onde surgiram esses idiomas? Qual sua história, suas
características? Quais são suas similaridades e diferenças?
Mas nem sempre foi assim. Ainda de acordo com as Escrituras, houve um
tempo em que todos os povos da terra falavam um só idioma (Gên. 11:1). Até que
a desafiadora construção de uma torre chamada Babel produziu a confusão de
línguas espalhando os homens por diferentes lugares formando diferentes nações
(Gên. 11:7,8).
Foi mais ou menos por esse tempo que os sumérios (moradores da região
de Sumer, conhecida na Bíblia como Sinar – Gên. 10:10) e que falavam uma língua
não semítica surgiram no sudoeste da Mesopotâmia (PACKER; TENNEY; WHITE.
1995). Eles eram originalmente descendentes de Jafé e haviam provavelmente
vindos das regiões do mar Cáspio e Mar Negro entre a Europa e a Ásia.
82
Figura 4
Ao que tudo indica a mais antiga língua semítica de que temos notícia seria
o acadiano falado pelos povos de Kish que migraram e dominaram a região
mesopotâmica antes governada por sumérios não semitas (que, é claro, falavam
um idioma isolado). Aliás, é importante desacar que a Mesopotâmia tornou-se o
centro geográfico de muitos impérios dominantes do Oriente Medio e outras terras
além. Entre estes inclue-se o império acadiano (2335-2154 a.C.), o neo-sumeriano
(2119-2004 a.C.), o antigo império assírio (2035-1750 a.C.), o império babilînico
(1792-1740 a.C.), o médio império assírio (1365-1020 a.C.), o neo-império assírio
(911-605 a.C.) e, finalmente, o neo-império babilônico (605-538 a.C.).
Voltando ao ano 2700 a.C., durante esse período, outro povo de fala
semita, os eblaítas apareceram no relato histórico originários do norte da Síria
fundando o reino de Ebla cuja língua era correlata ao acadiano da Mesopotâmia.
83
Note que os acadianos, assírios e eblaítas foram os primeiros povos
semitas a utilizar a escrita, utilizando-se dos caracteres cuneiformes desenvolvidos
pelos sumérios há um bom tempo. Aliás, não somente a escrita, mas a roda, a
agricultura e a cidade foram todas invenções dos sumérios antes mesmo do
nascimento de Abraão, o pai do povo hebreu.Veja abaixo a evolução da escrita na
Mesopotâmia.
Figura 5
Não obstante, contrário a essa teoria, temos o fato de que num diálogo
citado no Gênesis, Labão parece se expressar em siríaco ou aramaico e Jacó
responde em hebraico (Gên 31:47). Seria algo literal ou um editor posterior a
Moisés havia atualizado o texto? Difícil saber. De qualquer modo, é notório que
85
ainda que o hebraico escrito tenha se desenvolvido apenas nesta época não era
incomum nos tempos antigos que um idioma primeiro fosse por gerações
transmitido apenas de forma oral, antecipando assim, em muito séculos sua
existência em relação à forma escrita que hoje conhecemos.
Nesta época, é claro, o alfabeto já havia sido inventado. Ao que tudo indica
ele fora desenvolvido por trabalhadores braçais de origem semítica que viviam no
Egito (coincidentemente os hebreus se encaixam com essa descrição). Então os
fenícios – outro povo de origem semita – espalhou uma forma evoluída do alfabeto
através de sua cultura marítima e comercial. Em pouco tempo o alfabeto se tornou
mais prático que a forma silábica dos idiomas mesopotâmicos. O hebraico escrito
surge desta evolução linguística.
86
Figura 5
87
internacionais.Em II Reis 18:26 é dito: “Então Eliaquim, filho de Hilquias, Chebna e
Joá, disseram ao oficial assírio: ‘fala-nos em aramaico, porque nós
compreendemos. Não nos fale em hebraico, porque os que estão por cima da
muralha podem ouvir-nos” (CF. ISAIAS 36:11).
88
Embora ambos, o aramaico e o hebraico, possuam suas diferenças, elas
eram línguas cognatas. Ambas possuíam um alfabeto de 22 consoantes. Elas não
tinham originalmente vogais, estas foram acrescentadas muito tempo depois.
Assim, as raízes dos verbos (geralmente formadas por três letras) eram deduzidas
pelo contexto. Por exemplo o verbo “escrever” era formado pelas consoantes k, t, b
que permaneciam invariáveis em sua flexão. Mas o sentido poderia ser Katab – ter
escrito; koteb – escrevendo (gerúndio); katub – está escrito; katob – escrever;
ketob – escreva ou escreve (imperativo). O contexto definirá o tempo verbal
apropriado.
Figura 6
89
Já o aramaico teria sua origem na Síria, mais propriamente em Damasco e seria
mais tarde usado por povos estrangeiros como os assírios e persas na sua
ocupação daquela terra. Isso fez com que o aramaico se tornasse uma língua
universal por muitos anos até ser suplantada pelo grego no IV século a.C.
90
Grego
91
Substantivos comuns como “Manon” (Mat 6:24; Luc. 16:9), “abba” (Marcos
14:36) e “corban” (Mat 7:11) aparecem algumas vezes nos Evangelhos. O mesmo
se pode dizer de nomes próprios como “Getsemane” (Mat 26:36; Marcos 14:32) e
“Tabita” (Atos 9:36, 40) que são tanto hebraicos quanto aramaicos. A palavra
raboni (Marcos 10:51), corretamente chamada de “hebraica” em João 20:16
(KUTSCHER, 1977).
18 Levantar-me-ei, irei ter com meu pai e dir-lhe-ei: Pai, pequei contra o
céu e diante de ti;
19 já não sou digno de ser chamado teu filho; trata-me como um dos teus
empregados.
20 Levantou-se, pois, e foi para seu pai. Estando ele ainda longe, seu pai
o viu, encheu-se de compaixão e, correndo, lançou-se-lhe ao pescoço e o
beijou.
21 Disse-lhe o filho: Pai, pequei conta o céu e diante de ti; já não sou
digno de ser chamado teu filho.
22 Mas o pai disse aos seus servos: Trazei depressa a melhor roupa, e
vesti-lha, e ponde-lhe um anel no dedo e alparcas nos pés;
Em seu desespero o filho pródigo pensa consigo de ir ter com seu pai. Sua
expressão “pequei contra o céu e diante de ti” é inteiramente hebraica. Não fazia
sentido na mentalidade grega alguém pecar contra o céu. Neste caso, “céu” seria
um eufemismo para “Deus”. “Enche-se de compaixão” também é um hebraísmo
considerando que a compaixão não seria algo abstrato, como era para os gregos,
mas um sentimento “concreto” capaz de preencher o corpo de uma pessoa.
92
Do mesmo modo, diferente do que está na tradução em português, não é
dito no original que o pai ordenou colocarem um anel no “dedo” do filho, mas sim
“na sua mão”. Ora era em hebraico (e não no grego comum) que se dizia colocar
um anel na mão ao invés de colocá-lo no dedo de uma pessoa (Cf. Gên 41:42).
Apesar disso, não se pode dizer que o grego do Novo Testamento seja
inteiramente uma espécie de “grego bíblico” como pensavam muitos autores do
passado. Hoje se sabe que o grego do NT era um dialeto do grego clássico
conhecido como Koiné, isto é, o grego “comum”.
93
Essa variação do grego surgiu dentro dos exércitos de Alexandre o
Grande, à medida que seus soldados entravam em contato com outras culturas,
especialmente do Egito e da Mesopotâmia (ANDREOTIS, 1995).
94
A TRANSMISSÃO DO
TEXTO
BÍBLICO
3
CONHECIMENTO
HABILIDADE
ATITUDE
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Períodos Bíblicos
2) Padronização (325-1500)
3) Cristalização (1500-1648)
Ao que tudo indica o fato de os cristãos usarem largamente a LXX, fez com
que os judeus se empenhassem na elaboração de outras traduções gregas do AT.
Hoje conhecemos pelo menos três delas que poderiam ser traduções diretas ou
reelaborações de outras traduções já existentes, que remontam a este período:
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Áquila de Sinope (ca. 130 d.C.) – foi estudante do Rabino Áquiba e
desenvolveu uma tradução bastante literal do texto hebraico que muitas vezes se
tornava ininteligível aos falantes da língua grega. Acredita-se que esta versão de
Áquila foi muito usada nas sinagogas em lugar da LXX. Os cristãos, contudo, não a
apreciavam muito, embora Jerônimo e Origens falassem muito bem dela.
Símaco, o Ebionita (ca. 170 d.C.) – este fez uma tradução bastante fiel do
AT, mas num grego elegantíssimo. Apesar do título de “ebionita” dado por Eusébio,
acredita-se que, na verdade, ele seria um samaritano convertido ao judaísmo.
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Alexandria tenha se tornado também o centro da atividade intelectual cristã, na
tentativa de preservar o texto bíblico antes de 325 d.C., embora, não encontremos
nenhuma crítica textual do NT durante esse tempo. O período foi mais de
reduplicação dos manuscritos que avaliação de textos.
Até o presente momento, nenhuma destas cópias chegou até nós, de modo
que sua existência, embora provável, ainda é hipotética. A qualidade de uma cópia,
é claro, dependia da competência e profissionalismo do escriba que a produziu. Um
trabalho dessa natureza não saia barato.
A partir de 150 até 325 d.C., a chance de um copista cristão usar um texto
original como padrão diminuiu acentuadamente. Então as cópias de autógrafos
deram lugar a cópias de outras cópias.
Mas não pense que era um período calmo para a igreja. Além de
enfrentarem oposições esporádicas e mais localizadas, os cristãos amargaram
duas grandes perseguições durante o reinado de Décio e Diocleciano. Possuir uma
cópia da Bíblia ou do Novo Testamento tornou-se um crime punido com a morte.
Centenas de cópias foram confiscadas e destruídas pelos romanos de modo que,
por pouco, nenhum exemplar da Bíblia teria sobrevivido até os nossos dias.
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profissionais, além de cobrarem caro, não queriam correr o risco de serem mortos
por ordem imperial. Numa situação como esta, ficava mais fácil surgirem erros nos
manuscritos que eram copiados.
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Período da Unificação Textual (325-1500)
O texto de uma região era copiado por escribas dessa região. Assim,
podemos perceber uma gradual integração dos textos, resultante da comparação
entre diferentes manuscritos e a efetiva obtenção de um tipo textual que não
tivesse tantas variantes. Os textos locais foram, aos poucos, cedendo lugar a um
texto único.
100
Em decorrência do precedente aberto por Constantino, aumentou-se cada
vez mais o número de manuscritos copiados de modo mais profissional e
cuidadoso. Todavia, revisões oficiais, planejadas com o máximo cuidado, eram
relativamente raras de modo que não procede afirmar que houve manipulação
textual por parte do império ou mesmo da cúpula da igreja. Prova disso reside no
fato de que grandes ensinos eclesiásticos da época jamais tiveram apoio
escriturístico para suas alegações, como por exemplo, a assunção de Maria, a
intercessão dos santos ou o celibato dos sacerdotes.
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O período das Impressões (1500-1648)
102
A primeira compilação deste texto foi executada pelo filósofo e
humanista holandês Erasmo de Roterdã que em 1514 já havia combinado o
impressor Johann Froben, da Basileia, fazer um lançamento deste livro. Ele então
viajou no ano seguinte, a fim de procurar manuscritos gregos que pudessem ficar
em paralelo com uma tradução latina feita por ele mesmo.
Por causa disso, em apenas três anos após a primeira tiragem foi
necessário publicar uma nova edição. E depois dela, várias outras publicadas tanto
pelo próprio Erasmo, como por Beza, Estienne, e outros. Deve-se ressaltar, no
entanto, que, apesar de todas as pesquisas e revisões dos textos gregos nas
diversas edições do Textus Receptus, entre a primeira edição de Erasmo em 1516
e a edição dos Elzevirs em 1633, é possível encontrar uma diferença de menos de
300 palavras em 140.000 que compõem o Novo Testamento, ou seja, apenas
0,002% do total.
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O período de crítica e de revisão (1648 até o presente)
104
contribuições ao estudo do texto do Novo Testamento. Juntos, eles publicaram em
1881 e 1882 a obra The New Testament in the Original Greek, em dois volumes.
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Quanto ao Antigo Testamento, o estudo crítico do texto hebraico das
Escrituras começou no final do século XVIII. Benjamin Kennicott publicou em
Oxford (em 1776-1780) o texto de mais de 600 manuscritos hebraicos,
massoréticos, e o perito italiano Giambernardo de Rossi publicou em Parma as
comparações de 731 manuscritos, entre 1784 e 1798. Textos padrões das
Escrituras Hebraicas foram também produzidos pelo perito alemão Baer, e, mais
posteriormente, por C. D. Ginsburg.
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Até que em 1947 um garoto beduíno encontrou por acidente jarros que
estavam guardados há quase dois mil anos numas grutas de Wadi Qumran, ao
noroeste do Mar Morto. Eram ao todo cerca de 800 manuscritos produzidos por
escribas judeus da seita dos essênios e, pelo menos 200 destes manuscritos, eram
bíblicos.
107
A Crítica Textual
108
Imagine, por exemplo, que um leitor estivesse ditando um texto para um
copista que está cansado. Ele poderia dizer “Zeca Roceiro” e o copista anotar “Zé
Carroceiro”. Pecebeu a diferença? Considerando que a cópia feita poderia se
tornar o texto chave para outra cópia posterior, o erro iria aos poucos se
perpetuando nas cópias seguintes. Imagine agora que centenas de copistas
pudessem cometer erros como este. O número de contradições ou variantes
textuais ir aumentar exponencialmente. Se tivéssemos os originais do livro copiado,
era fácil resolver o problema. Bastaria comparar o original com a cópia, verificar
onde houve a discrepância e corrigi-la. Mas se tudo que temos são cópias e mais
cópias, a tarefa se torna um pouco mais difícil de ser executada.
Existe uma especialização muito importante para o estudo desta parte que
é a chamada crítica textual. O que você verá aqui, portanto, é apenas uma
introdução com o fim de familiarizá-lo com o assunto. Mas, em suma, o que
significa Crítica Textual?
109
restituir o que seria sua forma original, ou seja, aquela que saiu das mãos do autor
principal (autógrafo).
110
afirma ter encontrado uma cópia manuscrita do Novo Testamento que seria ainda
mais antiga que o Papiro 52, hoje disposto na Biblioteca de John Rylands.
111
O Trabalho da Crítica Textual
112
Mas espere um pouco, chamar as variantes textuais de contradições não é
uma equiparação precisa entre dois termos. O que Barth não menciona é que a
maioria absoluta destas variantes são elementos redacionais pequenos e sem
nenhum comprometimento com o conteúdo original. São erros de troca de letras,
ordem de palavras, a substituição de um nome próprio por um pronome pessoal,
coisas desta natureza.
113
O ponto que nos interessa neste momento não é predicar sobre tais
incongruências, mas toma-las como argumento a favor da transmissão do texto
sagrado. Afinal, considerando que a acusação de muitos céticos é de que o texto
bíblico foi “editado” com o passar do tempo distanciando-se cada vez mais de seu
original, era de se esperar que assim sendo, essas discordâncias textuais fossem
“corrigidas” pelos copistas com o fim de fazer o texto soar menos problemático. Ou
seja, elas tenderiam a desaparecer com o tempo pois a igreja Medieval censuraria
as cópias discordantes fazendo um texto oficial – o que na verdade nunca existiu.
Portanto, é possível – desde o ponto de vista da crítica textual – tomar a versão
Bíblica e saber que temos um texto 90% igual ao que saiu das mãos do autor
inspirado e que nenhuma das incongruências são determinantes para colocar em
dúvida a legitimidade do texto transmitido.
Antes que a Bíblia fosse iniciada, os hebreus contavam com uma tradição
oral passada de pai para filho. Contudo, mesmo com o advento da Revelação
escrita dada aos profetas, a tradição oral permaneceu em uso no judaísmo e isso
perdurou até aos tempos de Cristo.
Certa feita, ele disse aos guias do judaísmo de seu tempo: “Negligenciando
o mandamento de Deus, guardais a tradição dos homens. E disse-lhes ainda:
114
Jeitosamente rejeitais o preceito de Deus para guardardes a vossa própria tradição.
Pois Moisés disse: Honra a teu pai e a tua mãe; e: Quem maldisser a seu pai ou a
sua mãe seja punido de morte. Vós, porém, dizeis: Se um homem disser a seu pai
ou a sua mãe: Aquilo que podereis aproveitar de mim é Corbã, isto é, oferta para o
Senhor, então, o dispensais de fazer qualquer coisa em favor de seu pai ou de sua
mãe, invalidando a palavra de Deus pela vossa própria tradição, que vós mesmos
transmitistes; e fazeis muitas outras coisas semelhantes” (Mc 7.8-13, cf. Mat. 15:1-
9).
Assim, nos dias de Cristo, havia uma tensão entre a autoridade da tradição
oral e a Escritura Revelada por Deus. A aristocracia sacerdotal formada pelos
saduceus controlava o acesso à biblioteca do Templo e aos escritos sagrados. Eles
eram, contudo, liberais em muitos aspectos e sua autoridade era a mais ameaçada
pela tradição oral. Por outro lado, grupos como dos fariseus eram majoritariamente
compostos por classes mais simples do povo – esses, sim, investiam na tradição
oral como meio de dominarem e determinarem o comportamento das massas.
Sua produção literária, porém, contou com um fator novo: eles rapidamente
adotaram o códex (ou códice) – uma forma de livro diferente do rolo usado pelos
115
judeus e que se assemelha muito aos cadernos que usamos em nossos dias.
Códices com folhas retangulares costuradas ao meio começaram, então, a surgir
no I século d.C. e se tornaram muito comuns em meados do IV século.
116
Outro importante documento datado da mesma época que o Codex
Sinaiticus é o Codex Vaticanus (ou 1209) – outro dos mais antigos manuscritos
existentes da Bíblia Grega (Antigo e Novo Testamento). Ele está guardado na
Biblioteca do Vaticano desde, pelo menos, o século XV e ficou conhecido por
estudiosos ocidentais por causa da correspondência entre Erasmo de Roterdam e
os prefeitos da Biblioteca do Vaticano. A erudição atual considera este um dos
melhores manuscritos bíblicos ao lado do Codex Sinaiticus.
Foi um trabalho pefeito? É claro que não. Uma transmissão via cópias
manuscritas está sujeita a erros e modificações, voluntárias ou involuntárias, que
geral a coexistência de diferentes versões para um mesmo trecho bíblico. Contudo,
como foi acentuado, não se trata de alterações que afetem o conteúdo central do
texto ou que impossibilitem descobrir qual seria sua forma original.
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A principal fonte hebraica do AT é o texto copiado pelos massoretas na
Idade Média. Os massoretas eram copistas judeus da Idade Média que
substituíram os antigos escribas (sopherins) por volta do ano 500 até ao ano 1000.
Seu trabalho consistia em preservar, cuidar e copiar as Escrituras Sagradas que
hoje constituem o Antigo Testamento.
O nome massoretas vem do hebraico Masorah (ou Mesora) que quer dizer
transmissão de uma ideia religiosa ou de qualquer tradição por escrito. Por isso, os
manuscritos por eles produzidos são corretamente chamados, textos massoréticos.
118
TRADUÇÕES E VERSÕES
DA BÍBLIA
4
CONHECIMENTO
HABILIDADE
ATITUDE
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Principais traduções da Bíblia
Uma delas é a vulgata latina, uma tradução da Bíblia do grego para o latim.
Vulgata quer dizer “vulgar”, mas não se trata de uma linguagem baixa e sim da
língua comum falada no império romano ocidental por volta do IV século d.C. O
nome vem da expressão vulgata versio, isto é "versão de divulgação para o povo",
e foi escrita em um latim cotidiano, usado na distinção consciente ao latim elegante
do escritor romano Cícero. Em grande parte devemos a Jerônimo o trabalho de
traduzir a Bíblia para o latim.
120
Antigo Testamento
HEXAPLA SIRÍACA - Foi traduzida pelo bispo de Tela, em 617 d.C, com
base na LXX e na quinta coluna da hexapla de Origenes. Este manuscrito foi
bastante estudado no exame da LXX, em virtude de ter preservado as notas
críticas do original grego de Orígines.
Novo Testamento
GÓTICA – Esta versão já estava em uso por volta de 330 – 20 anos antes
do Vaticanus e o Sinaíticos serem copiados. A tradução foi feita por Ulfilas,
121
provavelmente no ano 250 d.C. É extremamente literal, a ponto de usar a ordem
das palavras e grego, mesmo contra a lógica do idioma gótico.
SIRÍACO ANTIGO - Traz este nome para não ser confundida com a versão
Peshitta posterior, que era a versão popular em siríaco. Essa versão existe nos
manuscritos sinaítico e curetoniano.
ARMÊNIA - É do final do século V d.C. e tem sua base numa fonte cujo
texto tinha similaridade com os manuscritos gregos Theta, 565 e 700. Afasta-se
muito dos melhores manuscritos gregos, aproximando-se do Textus Receptus. Há
1.244 cópias dessa versão.
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Versões modernas
Para obter-se uma obra, para que não fosse volumosa, então mais cara, os
tradutores procuravam produzir o texto com economia de palavras, perdendo em
muito o significado das línguas originais. Isso foi corrigido em tempo e começaram
a surgir traduções mais fieis ao texto original, sem preocupação com economia de
palavras. Destas novas traduções destacam-se a Amplified New Testament; The
New Testament de Charles B. Williams e The New Testament, an Expanded
Translation, de Kenneth S. Wuest.
Merece destaque neste contexto a Bíblia de Lutero que foi uma tradução
alemã das Escrituras feita por Martinho Lutero e impressa pela primeira vez em
1534. Essa tradução é considerada como sendo em grande parte responsável pela
evolução moderna da língua alemã.
123
Versões em português
Traduções parciais
Com esses livros prontos, publicaram a obra. Mais tarde foram preparadas
mais traduções de outras porções bíblicas: os evangelhos, que a infanta Dona
Filipa, neta do rei D. João I, traduziu do francês; o evangelho de Mateus e porções
dos outros evangelhos, da Vulgata, pelo frei Bernardo de Alcobaça; os evangelhos
e as epístolas, pelo jurista Gonçalo Garcia de Santa Maria; uma harmonia dos
evangelhos, por Valentim Fernandes, em 1495; em 1505, por ordem da rainha
Leonora, foram publicados o livro de Atos e as epístolas gerais.
Traduções completas
124
iniciou o empreendimento era pastor protestante. Almeida utilizou-se do Textus
Receptus, que representa os mss. do grupo bizantino, possivelmente o mais fraco
entre os MSS. gregos. Primeiramente traduziu e editou o N.T. publicado em 1681,
em Amsterdã, Holanda.
Essa tradução apresentava muitos erros. Almeida mesmo fez uma lista de
dois mil erros. Muitos desses erros foram feitos pela comissão holandesa, que
procurou harmonizar a tradução de Almeida com a versão holandesa de 1637. A
dificuldade de Almeida é que não havia papiro algum e os unciais (mss em letras
maiúsculas) eram poucos. Esta a razão porque teve que lançar mão de fontes
inferiores.
125
em seu prefácio acusações contra as "bíblias protestantes", que estariam
"falsificadas" e falavam "contra Jesus Cristo e contra tudo quanto há de bom."
Harpa de Israel, título dado à tradução do Livro dos Salmos, em 1898, por
F.R. dos Santos Saraiva. O Evangelho de Mateus, traduzida do grego em 1909
pelo padre Santana. O Livro de Jó, publicado em 1912 por Basílio Teles.
126
Tradução do Padre Matos Soares - Foi baseada na Vulgata. É de 1930, e
em 1932 recebeu apoio papal. É muito popular entre os católicos.
127
e as notas, traz outros materiais de estudo, como dicionários, mapas e imagens
bíblicas.
Guia de estudo:
Após a leitura do artigo, faça uma resenha crítica, apontando suas ideias e
comparando com o que leu.
128
Leitura Obrigatória
COMFORT, Philip Wesley (Edit.). A origem da Bíblia. 6. ed. Rio de Janeiro: Casa
Publicadora das Assembleias de Deus, 2006.
GUIA DE ESTUDO: Após a leitura do livro, faça uma autoanálise crítica sobre
o material e em seguida poste no ambiente virtual.
129
Saiba mais
Para ampliar seus conhecimentos sugiro que leia a entrevista com Padre
Johan Konings. Por ocasião da XIII Semana Teológica Padre Johan Konings
proferiu uma palestra sobre O lugar da Bíblia na transmissão da fé hoje. Em sua
fala destacou que a Transmissão da Fé pressupõe um sempre renovado encontro
pessoal com Deus, em Jesus de Nazaré.
Para ampliar seus conhecimentos sugiro que assista a entrevista com Dr.
Rodrigo Silva. Posso confiar na Bíblia?
130
Guia de estudo: Após assistir ao vídeo, faça uma resenha sobre o que
compreendeu em seguida poste no ambiente virtual.
Revisando
131
Embora exista uma crítica que procura mais desacreditar na Biblia do que
afirmá-la como palavra de Deus, estamos falando da alta crítica, por outro lado
existe a critica textual, ou baixa crítica, que procura estudar a história do texto
sagrado procurando estabelecer o texto original mais próximo dos autógrafos. Não
podemos subestimar a importância desse trabalho realizado por eruditos que
dominam as línguas originais
Autoavaliação
132
Bibliografia
ACKROYD, PR; Evans, CF, eds. (1970), The Cambridge History of the Bible 1,
Cambridge University Press.
BRUCE METZGER, The Canon of the New Testament: Its Origen, Development
and Significance(Oxford: Clarendon Press, 1987).
COMFORT, Philip Wesley (Edit.). A origem da Bíblia. 6. ed. Rio de Janeiro: Casa
Publicadora das Assembleias de Deus, 2006.
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EUGENE ULRICH, "The Notion and Definition of Canon," 29, in The Canon
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H.J. SCHROEDER, The Canons and Decrees of the Council of Trent (Charlotte:
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Mededeelingen der Koninklijke Akademie van Wetenschappen (Amsterdam:
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MARK LEUCHTER "The Twelve and 'The Great Assembly' in History and
Rabbinic Tradition" conferência apresentada no Methodological Foundations –
Redactional Processes –Historical Insights Münster 2011.
METZGER, Bruce M., The Text of the New Testament (New York and Oxford:
Oxford University Press, 1968).
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SANDERS, J A The issue of closure in the canonical process, in McDonald &
Sanders The Canon debate. Peabody, MA: Hendrickson 2002.
TIMOTHY BEAL, The Rise and Fall of the Bible; The Unexpected History of an
Accidental Book (New York: Houghton Mifflin Harcourt, 2011).
Bibliografia Web
Vídeos
Vídeo 1: EVIDÊNCIAS - Quem escreveu a Bíblia? 2013. Com Dr. Rodrigo Silva.
Disponível em https://www.youtube.com/watch?v=UYT2IbpF9CU
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