Efeitos Da Radiação No Ambiente: Acidentes 1: Faculdade JK - Campus Asa Sul
Efeitos Da Radiação No Ambiente: Acidentes 1: Faculdade JK - Campus Asa Sul
Efeitos Da Radiação No Ambiente: Acidentes 1: Faculdade JK - Campus Asa Sul
Brasília – DF
2020
Introdução
Tendo início após a Segunda Guerra Mundial no ano de 1945 e com término
próximo a extinção da União Soviética em 1991 a Guerra Fria foi o conjunto de
disputas estratégicas e conflitos indiretos entre os Estados Unidos e a União
Soviética, disputando a hegemonia política, econômica e militar no mundo.
A URSS buscava implantar o modelo político conhecido como socialismo, que busca
a igualdade social, para que pudessem expandir em outros países. Enquanto os
Estados Unidos, a outra potência mundial defendia o sistema capitalista.
Reator Nuclear
A energia gerada em forma de calor faz com que a temperatura da água se eleve, a
ponto de ela ser transformada em vapor. Esse vapor aciona uma turbina, que gera a
energia elétrica de forma mecânica. (FOGAÇA, [s.d.])
Submarino nuclear
Como o reator nuclear não precisa de ar fresco, o submarino pode ficar submerso
por tempo ilimitado com oxigênio suficiente e necessário para a sobrevivência da
tripulação. (MUNDO ESTRANHO, 2011)
Acidente K-19
O K-19 foi um dos dois primeiros submarinos soviéticos da classe Hotel 658
(submarinos com grande capacidade de ocupação), a primeira geração submarinos
nucleares equipados com mísseis balísticos nucleares. Sabe-se nem todos tiveram
conhecimento de que o mundo chegou a ponto de sofrer a maior catástrofe nuclear da
história no dia 4 de julho de 1961, dia em que se comemora na América a
independência dos Estados Unidos. O primeiro submarino atômico soviético, sofreu
uma grave intercorrência entre Groenlândia e Noruega. No caso de explosão, o
cataclismo teria superado os de Chernobyl e Fukushima. Além disso, os Estados
Unidos teriam interpretado o acidente como uma provocação por parte da União
Soviética no meio da crise dos mísseis de Cuba, o que teria desembocado na tão
temida Terceira Guerra Mundial.
Fora o heroísmo da tripulação por salvar algo que parecia impossível, todo o resto
pode ser substituído velha incompetência soviética. O K-19 saiu do estaleiro já com
uma dívida de sangue, pois pelo menos 10 trabalhadores morreram em acidentes
durante sua construção.
A ideia funcionou, mas custou a vida de vários tripulantes. Oito marinheiros que
participaram diretamente na reparação do incidente morreram em questão de dias, e
15 morreram nos dois anos seguintes.
"Todos começamos a sentir náuseas. Fui para meu camarote, me deitei. Devia agir
salvar a tripulação do submarino. O importante eram as pessoas. Estava claro que,
todos os que tinham passado pelo sexto compartimento estavam condenados. Mas,
o que podia fazer? Restavam 1,5 mil milhas para chegar à base. A dez nós,
chegaríamos em casa em seis ou sete dias. Morreríamos todos. E de repente me
lembrei do mapa das manobras navais. Um submarino a diesel soviético devia estar
na região. Não conhecia suas coordenadas. Uma possibilidade entre um milhão",
comenta.
Houve também uma ameaça de motim a bordo. "Parecia o roteiro de um filme ruim
de piratas. Ameaçaram-me com um motim e com a detenção. Não tinha a menor
dúvida da lealdade dos meus marinheiros e que ninguém respaldaria os
amotinados", disse.
Sem poder pedir socorro a Moscou, pois o rádio havia quebrado, o K-19 viajou até o
ponto de encontro com outro submarino soviético e foi rebocado, se tornando um
pesadelo radioativo para as equipes de manutenção. O chefe da seção de mísseis,
Gleb Bogatski, perdeu a viagem, pois ficou doente antes das manobras do K-19. No
entanto, no retorno do submarino estragado foi designado chefe da missão de
descontaminação da embarcação, com centenas de pessoas. (CARDOSO, [s.d.])
Depois disso o K-19 foi reformato, voltou à ativa e se envolveu em vários outros
acidentes, incluindo uma colisão com um submarino americano e só foi
descomissionado em 1990. Antes de morrer Vladimir deixou escrito um relato
detalhado sobre a travessia, no qual conta como o objetivo do K-19 era lançar um
míssil de teste a cerca de 500 milhas marítimas do litoral americano. A embarcação
zarpou no dia 18 de julho com 139 tripulantes a bordo. Até que foi desmontado em
2003.
O incidente não foi divulgado porque a operação foi vista como um fracasso e os
membros da tripulação como não merecedores de reconhecimento. Os primeiros
membros da tripulação mortos foram enterrados secretamente em caixões de
chumbo a seis metros de profundidade para conter a radiação de seus corpos.
(ESTADO, 2006)
Níveis de radiação
Nikishin considera que o K-19 merece um Nobel, já que mudou o modo de uso da
energia atômica. "Paradoxalmente, a avaria do submarino soviético abriu passagem
para uma revolução tecnológica, já que a partir daí todos os países começaram a
introduzir em seus reatores sistemas de esfriamento. A princípio, era um segredo de
Estado, mas a realidade é que o acidente contribuiu para garantir a segurança
nuclear", opinou.
Pouco antes de morrer, o comandante deixou escrito que fosse criado um museu em
honra do K-19 para que ninguém esquecesse um dos eventos mais dramáticos da
Guerra Fria. O museu seria como o “último acorde da Guerra Fria”. (ORTEGA, 2011)
Cinema
Sobreviventes dizem que o filme foi um insulto por não apresenta-los como heróis,
mas como alcoólatras analfabetos. Igor Kurdin, um dos capitães da fragata diz que
“não é um filme sobre os russos, mas sim um filme sobre o que os americanos
pensavam sobre os russos”. Por outro lado, Kurdin acredita que as críticas dos
sobreviventes são demasiadamente agressivas, pois “as pessoas de idade sempre
idealizam sua juventude”. (ESTADO, 2002)
"A realidade foi mais aterrorizante do que o filme", comentou após vê-lo o almirante
Vladimir Chernavin, o último comandante-em-chefe da Marinha soviética. (ORTEGA,
2011)
Brasil e Radioproteção
Hoje a Marinha do Brasil se vê preparada para atuar caso ocorra algum acidente
radiológico em nosso território ou onde se encontra algum militar brasileiro. Há
vários estudos acadêmicos, pesquisas, artigos e cursos de radioproteção a
acidentados disponibilizados pela própria Marinha, por exemplo, o Curso de
Proteção Radiológica e Atendimento ao Paciente Radio acidentado para Praças
Enfermeiros, com o objetivo de capacitar praças enfermeiros a executar
procedimentos de rotina ou urgência em pacientes irradiados.
Conclusão
É fato que tivemos em nossa história muitos casos de descaso com material
radioativo. No início sofremos com o desconhecimento do que é novo e também com
a imperícia dos governantes, porém, energia nuclear e radioatividade, como
qualquer outra tecnologia é tão segura quanto decidimos que ela seja. Por isso, hoje
podemos contar com estudos científicos e informação suficiente que nos ajuda a ter
os devidos cuidados. O acidente com o K-19 nos mostra o quanto é importante o
cuidado detalhado e aprofundado com o desconhecido.
Referências:
CARDOSO, Carlos. ‘‘Submarino nuclear russo vazando radiação 100 mil vezes
acima do normal, mas calma, não é terrível’’; Meiobit [s.d.] Disponível em:
<https://meiobit.com/403524/submarino-nuclear-russo-vazando-radiacao-100-mil-
vezes-acima-do-normal-mas-calma-nao-e-terrivel/> Acesso em 01 de maio de 2020
FILHO, João. ‘‘Visões civis sobre o submarino nuclear brasileiro’’; Scielo 22 de ago.
de 2012. Disponível em: <https://www.scielo.br/pdf/rbcsoc/v29n85/09.pdf> Acesso
em 01 de maio de 2020