Apostila Gen - Tica - DNA Descomplicado
Apostila Gen - Tica - DNA Descomplicado
Apostila Gen - Tica - DNA Descomplicado
Descomplicado:
da genética básica aos
conceitos atuais
Caro (a) estudante,
Essa obra tem o intuito de oferecer conceitos
atuais e detalhados sobre genética, permitindo
que essa ciência dinâmica e moderna se torne
mais prazerosa e compreensível.
Esse conteúdo de genética foi oferecido pelas
Biomédicas Mísia Helena e Ana Karolina para os
alunos do curso de Biomedicina e afins.
@biomedicina_descomplicada
[email protected]
1. INTRODUÇÃO
Com certeza você ouvir falar muito sobre o tema genética, que para muitos soa como um
ramo de conhecimento incompreensível, complicado e complexo, para outros a genética chama
atenção por ser uma ciência cheia de mistérios a se desvendar e a base de diversas áreas da biologia.
Mas será que a genética é uma ramificação da biologia realmente cheia de segredos? É isso que
vamos descobrir ao longo da nossa aula de genética. Vamos conhecer várias esferas da genética,
começando por sua definição e por uma viagem ao passado, para enfim descobrirmos da onde vem
essa ciência e os passos que levaram ao conhecimento adquirido até os dias atuais.
• Citogenética
• Genética molecular
• Genética de microrganismos
• Engenharia genética
• Genética de populações
• Genética quantitativa
2
2.2 Pesquisa sobre hereditariedade
Em 1856, Mendel iniciou um projeto de pesquisa de uma década para investigar padrões
de herança. Apesar de ter começado sua pesquisa usando ratos, ele posteriormente mudou para
abelhas e plantas, decidindo-se por fim pelas ervilhas de jardim como seu sistema modelo
primário^22squared. Um sistema modelo é um organismo que torna mais fácil para o pesquisador
investigar uma questão científica particular, como a maneira pela qual as características são herdadas.
Estudando um sistema modelo, pesquisadores podem aprender princípios gerais que aplicam-se a
outros organismos ou sistemas biológicos mais difíceis de investigar, tais como seres humanos.
Além de registrar a aparência das plantas de cada geração, Mendel contava o número
exato de plantas que mostravam determinada característica. Notavelmente, ele encontrou padrões de
herança muito similares para todas as sete características que ele estudou:
• Uma forma de característica, como por ex., alta, sempre escondia a outra forma, como
por ex., baixa, na primeira geração após o cruzamento. Mendel chamou a forma visível de traço
dominante e a forma escondida de traço recessivo.
• Na segunda geração, depois que as plantas realizavam a autofecundação (polinizar a
si mesmas), a forma escondida do traço reaparecia em uma minoria de plantas. Mais especificamente,
sempre havia cerca de 333 plantas que apresentavam o traço dominante (por ex., alta) para
cada 111 planta que apresentava o traço recessivo (por ex., baixa), formando a razão de 3:13:13,
colon, 1.
• Mendel também descobriu que as características eram herdadas independentemente:
uma característica, como altura da planta, não influenciava a herança de outra, como cor da flor ou
forma da semente.
4
Imagem da
2.4 Desenho internet
experimental de Mendel
Uma vez que Mendel havia estabelecido linhagens puras de ervilhas com diferentes traços
para uma ou mais características de interesse (tal como alta vs. baixa), ele começou a investigar como
as características eram herdadas realizando uma série de cruzamentos.
Primeiro, ele cruzou uma linhagem parental pura com outra. As plantas usadas nesse
cruzamento inicial são chamadas de geração P, ou geração parental. Mendel coletou e cultivou as
sementes do cruzamento da geração P. Estes descendentes foram chamados de geração F1,
abreviação de primeira geração filial. (Filius significa "filho" em latim)
Depois de analisar as plantas da geração F1 e anotar suas características, Mendel
permitiu que elas se auto-fertilizassem naturalmente, produzindo muitas sementes. Ele então coletou
e cultivou as sementes das plantas F1 para produzir uma geração F2 ou segunda geração filial.
Novamente, ele examinou as plantas cuidadosamente e anotou suas características.
Até aqui, tudo bem. Mas este modelo apenas não explica por que Mendel viu os
padrões exatos de herança que viu. Em particular, isto não explica a proporção 3:13:13. Para isso,
precisamos da lei da segregação de Mendel.
De acordo com a lei da segregação, somente uma das duas cópias do gene presentes
em um organismo é distribuída para cada gameta (óvulo ou espermatozoide) que ele produz, e a
distribuição das cópias do gene é aleatória. Quando um óvulo e um espermatozoide unem-se pela
fertilização, eles formam um novo organismo, cujo genótipo consiste dos alelos contidos nos
gametas. O diagrama abaixo ilustra esta ideia:
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A caixa com quatro
divisões mostrada para a geração F2
é conhecida como um quadro de
Punnett. Parar preparar um quadro
de Punnett, todos os possíveis
gametas produzidos pelos pais são
escritos na parte superior (para o pai)
e na lateral (para a mãe) de uma
grade. Aqui, uma vez que está
representada uma autofertilização, a
mesma planta é pai e mãe.
As combinações entre um
óvulo e um espermatozoide são então
feitas nos quadrados internos da
tabela, representando a fertilização
para originar novos indivíduos. Uma
vez que cada quadrado representa um
evento igualmente provável, nós
podemos determinar as proporções
de genótipos e fenótipos contando os
quadrados.
Esta razão foi a pista chave que levou Mendel à lei de segregação independente. Isto
porque a razão 9:3:3:1 é exatamente o que esperaríamos ver se a planta F1 tivesse os quatro
tipos de gametas (esperma e óvulos) com igual frequência: YR, Yr, yR, e yr. Em outras palavras,
este é o resultado que preveríamos se cada gameta aleatoriamente tivesse um alelo Y ou y, e,
num processo separado, também aleatoriamente tivesse um alelo R ou r (fazendo quatro
combinações igualmente prováveis).
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nas 16 caixas. Os genótipos descendentes nas caixas correspondem a uma razão 9:3:3:1 1 de
fenótipos, tal como Mendel observou.
3. BASES DA HEREDITARIEDADE
Franklin era uma especialista em uma técnica poderosa para determinar a estrutura
das moléculas, conhecida como cristalografia de raios-x. Quando a forma cristalizada de uma
molécula como o DNA é exposta a raios-x, alguns dos raios são defletidos pelos átomos no cristal,
formando um padrão de difração que dá pistas sobre a estrutura da molécula.
No modelo abaixo, os átomos laranja e vermelho marcam os fosfatos dos esqueletos de açúcar-
fosfato, enquanto os átomos azuis no interior da hélice pertencem às bases nitrogenadas.
Orientação antiparalela
O DNA de fita dupla é uma molécula antiparalela,
ou seja, é composta de duas fitas que correm lado
a lado mas apontam para direções opostas. Em
uma molécula de DNA de fita dupla, a extremidade
5' (com fostato livre) de uma fita se alinha com a
extremidade 3' (com hidroxila livre) de sua parceira,
e vice-versa.
Pareamento de bases
No modelo de Watson e Crick, as duas fitas da dupla hélice de DNA são mantidas
juntas por ligações de hidrogênio entre as bases nitrogenadas nas fitas opostas. Cada par de
bases fica plano, formando um "degrau" da escada da molécula de DNA.
Pares de base não são feitos de qualquer combinação de bases. Em vez disso, se há
um A em uma fita, ele deve ser pareado com um T na outra (e vice-versa). Similarmente, um G
encontrado em uma fita, deve sempre ter um C como parceiro na fita oposta. Essas associações
A-T e G-C são conhecidas como pares de base complementares.
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O pareamento de bases explica as regras de Chargaff, ou seja, porque a composição de A é
sempre igual a de T, e a composição de C se iguala a de G. Onde há um A em uma fita, deve
haver um T na outra, e o mesmo é verdade para G e C. Porque uma grande purina (A ou G) é
sempre pareada com uma pequena piridimina (T ou C), o diâmetro da hélice é uniforme,
chegando a cerca de 2 nanômetros.
Apesar do modelo original de Watson e Crick propor que haveriam duas ligações de
hidrogênio entre as bases de cada par, sabemos hoje que G e C formam uma ligação adicional
(de forma que os pares A-T formam duas ligações de hidrogênio, enquanto pares G-C formam
três.
Os três requisitos básicos para uma molécula servir como material genético são: 1)
Capacidade de armazenar informação genética sob uma forma estável e de transferir esta
informação a todas as partes da célula; 2) Capacidade de duplicar com precisão a informação e
transferi-la às outras células durante a divisão celular; e 3) Capacidade de sofrer variações, sob a
forma de mutações. As principais candidatas lançadas inicialmente pelos pesquisadores foram o
DNA, o RNA e as proteínas.
O ácido nucleico é uma molécula responsável guardar e transmitir informação. Existem dois
tipos de ácidos nucleicos: o DNA e o RNA. É no DNA que estão os genes. Cada gene tem
informação para produzir um RNA. Por sua vez, o RNA tem as informações para construir as
proteínas.
O RNA (ácido ribonucléico) possui estrutura parecida com o DNA, exceto no açúcar
que é a ribose, na ocorrência da base nitrogenada uracila (U) no lugar da timina (T) e na estrutura
de cadeia única ao invés de cadeias duplas pareadas. Os tipos de RNA que ocorrem são o
mensageiro (mRNA), ribossômico (rRNA), transportador (tRNA) e pequenos RNAs nucleares.
Arranjo do material genético Nos procariotos ocorre um DNA circular, livre de complexos
enzimáticos, no nucleoplasma da célula, enquanto nos eucariontes o DNA (em quantidade bem
maior) está organizado nos cromossomos, complexado com proteínas histônicas.
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Estrutura molecular do DNA Estrutura molecular do RNA
Imagens da Internet
É importante observar que nem todos os genes codificam produtos proteicos. Por
exemplo, alguns genes especificam RNAs ribossômicos (RNAr), que servem como
componentes estruturais de ribossomos, ou RNAs transportadores (RNAt), moléculas de RNA
em forma de trevo que trazem aminoácidos aos ribossomos para a síntese proteica. Ainda outras
moléculas de RNA, como pequenos microRNAs (miRNA), agem como reguladores de outros
genes, e novos tipos de RNAs não-codificadores de proteínas estão sendo descobertos o tempo
todo.
3.5 Nucleotídeos
DNA e RNA são polímeros (no caso do DNA, geralmente polímeros muito longos), e
são feitos de monômeros conhecidos como nucleotídeos. Quando esses monômeros se
combinam, a cadeia resultante é chamada de polinucleotídeo (poli- = "muitos"). Cada nucleotídeo
é feito de três partes: uma estrutura anelar contendo nitrogênio chamada de base nitrogenada, um
açúcar de cinco carbonos, e pelo menos um grupo fosfato. A molécula de açúcar tem uma posição
central no nucleotídeo, com a base ligada a um de seus carbonos e o grupo (ou grupos) fosfato
ligado a outro. Vejamos cada parte de um nucleotídeo por vez.
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3.5.1 Bases nitrogenadas
3.5.2 Açúcares
3.5.3 Fosfato
Os nucleotídeos podem ter um único grupo fosfato, ou uma cadeia de até três grupos
fosfato, ligados ao carbono 5' do açúcar. Algumas fontes, em química, utilizam o termo
"nucleotídeo" apenas para o caso de fosfato único, mas na biologia molecular, a definição mais
ampla é geralmente aceita^11start superscript, 1, end superscript
As duas fitas da hélice vão em direções opostas, isto é, o final 5' de uma fita é pareado
como final 3' de sua fita correspondente. (Nos referimos a isto como orientação antiparalela e é
importante ao copiar o DNA.)
Então, podem duas bases decidirem se juntar e formar um par na dupla hélice? A
resposta é definitivamente não. Por conta dos tamanhos e grupos funcionais das bases, o
pareamento de bases é muito específico: A pode apenas fazer par com T, e G pode apenas fazer
par com C, como mostrado abaixo. Isso significa que as duas fitas da dupla hélice de DNA tem
uma relação bem previsível uma com a outra.
Por exemplo, se você sabe que a sequência de uma fita é 5' -AATTGGCC-3’, a fita
complementar deve ter a sequência 3’-TTAACCGG-5’. Isso permite que cada base se combine
com sua parceira:
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3.7 Propriedades do RNA
Uma vez que um RNAm é produzido, será associado a um ribossomo, uma máquina
molecular que é especializada em montar proteínas a partir de aminoácidos. O ribossomo usa a
informação no RNAm para fazer uma proteína de uma sequência específica, "lendo" os
nucleotídeos de RNAm em grupos de três (chamados códons) e adicionando um aminoácido
particular a cada códon.
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3.7.2 RNA ribossômico (RNAr) e RNA transportador (RNAt)
Alguns tipos de RNAs não codificadores (RNAs que não codificam proteínas) ajudam a regular a
expressão de outros genes. Esses RNAs podem ser chamados de RNAs regulatórios. Por
exemplo, microRNAs (miRNAs) e RNAs de pequena interferência siRNA são pequenas
moléculas de RNA regulatório de 22 nucleotídeos de extensão. Elas se ligam a moléculas
específicas de RNAm (com sequências parcial ou completamente complementares) e reduzem
sua estabilidade ou interferem em sua tradução, fornecendo uma maneira de a célula diminuir ou
ajustar níveis desses RNAm.
Estes são apenas alguns exemplos de vários tipos de RNAs regulatórios e não codificadores.
Cientistas ainda estão descobrindo novas variedades de RNA não codificador.
Resumo:
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4. Introdução à expressão dos genes: Dogma Central da Biologia Molecular
Quando o DNA é transmitido dos pais para os filhos, ele pode determinar algumas das
características das crianças (tais como cor dos olhos ou dos cabelos). Uma molécula de DNA não
se reduz a uma cadeia longa e repetitiva de nucleotídeos.Ao invés disto,ela é dividida em unidades
funcionais chamadas genes. Cada gene fornece instruções para um produto funcional, ou seja,
uma molécula necessária para realizar um trabalho na célula. Em muitos casos, o produto
funcional de um gene é uma proteína. Por exemplo, o gene da cor das flores de Mendel fornece
instruções para fazer uma proteína que ajuda na produção de moléculas coloridas (pigmentos)
nas pétalas das flores.
Os produtos funcionais dos genes mais conhecidos são proteínas, ou, mais
especificamente, polipeptídeos. Polipeptídeo é apenas outra palavra para cadeia de
aminoácidos. Embora muitas proteínas consistam de um único polipeptídeo, algumas são
formadas por múltiplos polipeptídeos. Os genes que especificam polipeptídeos são chamados de
genes codificadores de proteínas.
Muitos genes fornecem instruções para a produção de polipeptídeos. Como exatamente o DNA
direciona a construção de um polipeptídeo? Esse processo envolve dois passos principais: a
transcrição e a tradução.
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Assim, durante a expressão de um gene codificante de proteína, a informação flui do
DNA RNA proteína. Esse fluxo direcional de informação é conhecido como
o dogma central da biologia molecular. Genes não codificantes de proteína (genes que
especificam RNAs funcionais) ainda são transcritos para produzir um RNA, mas esse RNA não é
traduzido em um polipeptídeo. Tanto para um quanto para outro tipo de gene, o processo de ir de
um DNA para um produto funcional é conhecido como expressão gênica.
4.1.1 Transcrição
Na transcrição, uma fita de DNA que compõe um gene, chamada de fita não
codificante, age como molde para a síntese de uma fita correspondente (complementar) de RNA
por uma enzima chamada RNA polimerase. Essa fita de RNA é o transcrito primário.
4.1.2 Tradução
Após a transcrição (e, nos eucariontes, após o processamento), uma molécula de RNAm está
pronta para dirigir a síntese proteica. O processo de se usar informação contida em um RNAm
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para construir um polipeptídeo é chamado de tradução(Abre em uma nova janela)(Abre em uma
nova janela).
O código genético
Durante a tradução, a sequência de nucleotídeos de um RNAm é traduzida na
sequência de aminoácidos de um polipeptídeo. Especificamente, os nucleotídeos do RNAm são
lidos em tripletos (grupos de três) chamados códons. Há 616161 códons que especificam
aminoácidos. Um códon é o códon de "início" que indica onde começar a tradução. O códon de
início especifica o aminoácido metionina, assim a maioria dos polipeptídeos iniciam com este
aminoácido. Três outros códons de “parada” sinalizam o final de um polipeptídeo.
Essas relações entre códons e aminoácidos são chamadas de código genético.
Etapas da tradução
A Tradução ocorre dentro de estruturas conhecidas como ribossomos. Ribossomos
são máquinas moleculares cujo trabalho é contruir polipeptídeos. Uma vez que o ribossomo se
prende a um RNAm e encontra o códon de início, ele irá se mover rapidamente ao longo do RNAm,
um códon de cada vez. Conforme for, ele irá gradualmente construindo uma cadeia de
aminoácidos que espelha exatamente a sequência de códons no RNAm.
Como o ribossomo "sabe" qual aminoácido adicionar para cada códon? Na verdade,
esse pareamento não é feito pelo próprio ribossomo. Ao invés disso, ele depende de um grupo
especializado de moléculas de RNA chamadas RNAs transportadores (RNAt). Cada RNAt tem
três nucleotídeos expostos em uma extremidade, que podem reconhecer (parear bases com)
apenas um ou poucos códons específicos. Na outra extremidade, o RNAt carrega um aminoácido
- especificamente o aminoácido que corresponde àqueles códons.
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Há muitos RNA transportadores flutuando pela célula, mas somente um RNAt que combina
com (pareia as bases com) o códon que está sendo lido no momento pode se ligar e entregar sua
carga de aminoácido. Uma vez que o RNAt está confortavelmente ligado ao seu códon
correspondente no ribossomo, seu aminoácido será adicionado ao final da cadeia polipeptídica.
Esse processo se repete várias vezes, com o ribossomo se movendo ao longo do RNAm
um códon de cada vez. Uma cadeia de aminoácidos é construída um por um, com uma sequência
de aminoácidos que corresponde à sequência de códons encontrados no RNAm. A tradução
termina quando o ribossomo chega a um códon de parada e solta o polipeptídeo.
Uma vez que o polipeptídeo está terminado, ele pode ser processado ou modificado,
combinado com outros polipeptídeos ou enviado a um destino específico dentro ou fora da célula.
Em última instância, ele irá realizar um trabalho específico de que a célula ou o organismo
necessita - talvez como uma molécula sinalizadora, elemento estrutural ou enzima!
Resumo:
1. O DNA é dividido em unidades funcionais chamadas genes, que podem especificar polipeptídeos (proteínas
e subunidades de proteínas) ou RNAs funcionais (como RNAt e RNAr).
2. Informação de um gene é usada para construir um produto funcional em um processo chamado expressão
gênica.
3. Um gene que codifica um polipeptídeo é expresso em duas etapas. Nesse processo, a informação flui do
DNA para RNA para proteína, uma relação direcional conhecida como dogma central da biologia
molecular.
a. Transcrição: Uma fita do DNA do gene é copiada para RNA. Nos eucariontes, o transcrito de RNA
deve passar por etapas adicionais de processamento para se tornar um RNA mensageiro (RNAm)
maduro.
b. Tradução: A sequência de nucleotídeos do RNAm é decodificada para especificar a sequência de
aminoácidos de um polipeptídeo. Este processo ocorre dentro de um ribossomo e requer moléculas
adaptadoras chamadas de RNAt.
4. Durante a tradução, os nucleotídeos do RNAm são lidos em grupos de três, chamados códons. Cada códon
especifica um aminoácido em particular ou um sinal de parada. Esse conjunto de relações é conhecido
20
como o código genético.
4.1.2 O código genético
Existem mais três códons que não especificam aminoácidos. Esses códons de
parada, UAA, UAG e UGA, dizem à célula quando um polipeptídeo está completo. Em conjunto,
essas relações entre códons e aminoácidos são chamadas de código genético, porque permitem
que as células "decodifiquem" o RNAm em uma cadeia de aminoácidos.
21
Visão geral da tradução
Ribossomos
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4.3 tRNAs e ribossomos
Vocês observaram como a tradução é uma etapa muito complexa e requer alguns
equipamentos especializados. Assim como não jogaríamos tênis sem as raquetes e as bolas, a
célula não poderia traduzir um RNAm em proteína sem duas peças de engrenagem molecular:
RNAt e ribossomos.
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4.3.1 Estrutura do ribossomo
Por ora, apenas tenha em mente que o ribossomo possui três espaços para RNAts: o
sítio A, o sítio P e o sítio E. RNAts se movem através destes sítios (do A ao P ao E) enquanto
entregam aminoácidos durante a tradução.
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4.3.3 O que exatamente é um RNAt?
Existem diferentes tipos de RNAts dispersos pelo citoplasma de uma célula, cada um
com seu próprio anticódon e aminoácido correspondente. Na verdade, há usualmente
de 40 a 60 tipos diferentes, o que depende da espécie. Os RNAts se ligam aos códons dentro do
ribossomo, onde eles entregam os aminoácidos que são adicionados à cadeia proteica.
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5. Citogenética: A ciência dos cromossomos
Quando uma célula se divide, um dos seus principais trabalhos é ter certeza de que
cada uma das duas novas células receberá uma cópia completa, perfeita do material genético.
Erros durante a cópia ou divisão desigual do material genético entre as células, pode resultar em
células que não são saudáveis ou são disfuncionais (e pode levar a doenças tais como o câncer).
Mas o que exatamente é esse material genético e como ele se comporta ao longo de
uma divisão celular?
Quando uma célula no corpo se divide, vai passar adiante uma cópia do seu DNA para
cada uma de suas células-filhas. DNA também é passado adiante nos organismos, com o DNA no
espermatozoide e no óvulo se combinando para formar um novo organismo que tem material
genético de ambos os pais.
Nos eucariontes como plantas e animais, a maior parte do DNA é encontrado no núcleo
e é chamado de DNA nuclear. As mitocôndrias, organelas que produzem energia para a célula,
contêm seu próprio DNA mitocondrial, e os cloroplastos, organelas que realizam a fotossíntese
nas células vegetais, também possuem DNA cloroplastidial. As quantidades de DNA
encontradas em mitocôndrias e cloroplastos são bem menores que a quantidade encontrada no
núcleo. Em bactérias e outros procariontes, a maior parte do DNA é encontrada em uma região
central da célula chamada nucleoide, que funciona como um núcleo mas não é envolta por uma
membrana.
5.2 Cromatina
Na célula, o DNA não existe normalmente por conta própria, mas se associa a
proteínas especializadas que o organizam e lhe conferem estrutura. Nos eucariontes, essas
proteínas incluem as histonas, um grupo de proteínas básicas (de carga positiva) que formam
"bobinas" ao redor das quais o DNA, de carga negativa, pode se enrolar. Além de organizar o DNA
e de torná-lo mais compacto, as histonas possuem um papel importante na determinação de quais
genes são ativos. O complexo de DNA mais histonas e outras proteínas estruturais é chamado
de cromatina.
Na maior parte da vida da célula, a cromatina está descondensada, ou seja, ela existe
em fitas longas e finas que parecem rabiscos ao microscópio. Neste estado, o DNA pode ser
acessado com relativa facilidade pelo maquinário da célula (como as proteínas que leem e copiam
o DNA), e isso é importante para que a célula cresça e funcione.
Descondensada pode parecer um termo estranho para esse estado – por que não
chamá-lo de "filamentoso"? – mas faz mais sentido quando se descobre que a cromatina também
pode se condensar. A condensação ocorre quando a célula está próxima de se dividir. Quando a
cromatina se condensa, pode-se ver claramente que o DNA eucariótico não é apenas um filamento
longo. Na verdade, ele é partido em pedaços lineares e avulsos chamados cromossomos. Os
procariontes como as bactérias também têm cromossomos, mas esses são tipicamente circulares.
5.3 Cromossomos
Cada espécie tem seu próprio número característico de cromossomos. Humanos, por
exemplo, têm 46 cromossomos em uma célula típica do corpo (células somáticas), enquanto os
cães têm 78. Tanto quanto muitas espécies de animais e plantas, os seres humanos
são diploides (2n), isto é, a maior parte de seus cromossomos vem em conjuntos combinados
conhecidos como pares homólogos. Assim, os 46 cromossomos de uma célula humana são
organizados em 23 pares, e os dois membros de cada par são considerados homólogos entre si
(com a leve exceção dos cromossomos X e Y; ver abaixo).
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Assim, em cada par homólogo de cromossomos de seu genoma, um dos homólogos vem de sua
mãe e o outro, de seu pai.
28
5.4 Cromossomos e divisão celular
Quando uma célula se prepara para dividir, deve fazer uma cópia de cada um dos seus
cromossomos. As duas cópias de um cromossomo são chamadas cromátides-irmãs. As
cromátides-irmãs são idênticas entre si e estão ligadas uma a outra por proteínas
chamadas coesinas. A ligação a entre as cromátides-irmãs é mais firme no centrômero, uma
região do DNA que é importante para a separação das cromátides durante estágios posteriores
da divisão celular.
O ciclo celular pode ser considerado como um o ciclo de vida de uma célula. Isto é,
é a série de estágios de crescimento e desenvolvimento que uma célula passa entre seu
"nascimento" - formação pela divisão de uma célula mãe - e reprodução - divisão para gerar duas
células filhas.
Para se dividir, uma célula deve completar várias tarefas importantes: ela precisa
crescer, copiar seu material genético (DNA), e dividir-se fisicamente em duas células-filhas. As
células realizam estas tarefas em uma série de etapas previsíveis e organizadas que constituem
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o ciclo celular. O ciclo celular é um ciclo e não um caminho linear, porque ao final de cada um, as
duas células-filhas podem começar novamente mesmo processo, a partir do início.
6.2 Interfase
Vamos entrar no ciclo celular assim que uma célula se forma, pela divisão de sua
célula-mãe. O que esta célula recém-nascida deve fazer, em seguida, para crescer e se dividir? A
preparação para a divisão acontece em três etapas:
• Fase G1- Durante a fase G1, também chamada de primeira fase de intervalo, a
célula cresce e torna-se fisicamente maior, copia organelas, e fabrica os componentes
moleculares que precisará nas etapas posteriores.
• Fase S- Na fase S, a célula sintetiza uma cópia completa do DNA em seu núcleo.
Ela também duplica uma estrutura organizadora de microtúbulos chamada de centrossomo. Os
centrossomos ajudam a separar o DNA durante a fase M.
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6.3 Fase M
Durante a fase mitótica (M), a célula divide seu DNA duplicado e o citoplasma para
formar duas novas células. A fase M envolve dois processos distintos relacionados à divisão:
mitose e citocinesis.
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para o interior da célula é chamada de sulco de clivagem. Células animais podem ser clivadas em
duas, por compressão, porque são relativamente macias e moles.
Células de plantas são muito mais duras que células animais; elas são cercadas por
uma parede celular rígida e têm uma pressão interna alta. Por isto, as células de plantas se dividem
em duas através da construção de uma nova estrutura no meio da célula. Esta estrutura,
conhecida como lamela média, é feita de membrana plasmática e componentes da parede celular
disponíveis em vesículas, e ela divide a célula em duas.
O que acontece às duas células-filhas produzidas numa rodada do ciclo celular? Isto
depende de que tipo de células elas são. Alguns tipos de células dividem-se rapidamente, e nestes
casos, as células-filhas podem entrar imediatamente em um novo ciclo de divisão celular. Por
exemplo, muitos tipos de células em um embrião jovem dividem-se rapidamente, como as células
em um tumor.
Outros tipos de células dividem-se lentamente ou não se dividem. Estas células podem
deixar a fase G1 e entrar em um estado de repouso chamado Fase G0. Em G0 a célula não está
ativamente se preparando para dividir, está apenas desempenhando suas funções. Por exemplo,
pode conduzir sinais como um neurônio (como aquele no desenho abaixo) ou armazenar
carboidratos como uma célula do fígado. G0 é um estado permanente para algumas células,
enquanto outras podem reiniciar a divisão caso recebam os sinais corretos.
Mitose é um tipo de divisão celular em que uma célula (a célula-mãe) se divide para
produzir duas novas células (as filhas) que são geneticamente idênticas a ela. No contexto do
ciclo celular, a mitose é a parte do processo de divisão em que o DNA do núcleo das células é
dividido em dois conjuntos iguais de cromossomos.
A grande maioria das divisões celulares que ocorrem no nosso corpo envolvem a
mitose. Durante o desenvolvimento e o crescimento, a mitose preenche o corpo do organismo com
células e, ao longo da vida de um organismo, substitui células velhas e desgastadas por novas.
Para eucariontes unicelulares como a levedura, as divisões mitóticas são, na verdade, a sua forma
de reprodução, adicionando novos indivíduos à população.
Em todos esses casos, o "objetivo" da mitose é assegurar que cada célula-filha receba
um conjunto inteiro e perfeito de cromossomos. Células com quantidade excessiva ou insuficiente
de cromossomos não costumam funcionar direito e podem, inclusive, não sobreviver ou até
mesmo causar câncer. Então, quando as células sofrem mitose, elas não dividem seu DNA
aleatoriamente e jogam-no em pilhas para as células-filhas. Em vez disso, elas separam seus
cromossomos duplicados em uma série de etapas cuidadosamente organizadas.
Vamos começar observando uma célula um pouco antes de ela começar a mitose.
Esta célula está na interfase (fase G2 tardia) e já copiou o seu DNA, de modo que cada
cromossomo no núcleo consiste em duas cópias conectadas, chamadas cromátides irmãs. Você
não consegue ver os cromossomos muito claramente neste ponto porque eles ainda estão em sua
forma longa, fibrosa e descondensada.
Essa célula animal também fez uma cópia de seus centrômeros, uma organela que irá
desempenhar um papel chave em orquestrar a mitose, então há dois centrômeros. (As células das
plantas geralmente não tem centrossomos com centríolos, mas têm um tipo diferente de centro
organizador de microtúbulos que tem um papel similar).
33
No estágio inicial da prófase, a célula começa a quebrar algumas estruturas e a formar
outras, preparando o cenário para a divisão dos cromossomos.
➢ O fuso mitótico começa se formar. O fuso é uma estrutura feita de microtúbulos, fibras
fortes que são parte do "esqueleto" da célula. Sua função é organizar os cromossomos e
movê-los durante a mitose. O fuso cresce entre os centrossomos a medida que eles se
separam.
➢ O nucléolo (ou nucléolos, no plural), uma parte do núcleo onde são formados os
ribossomos, desaparece. Esse é um sinal de que o núcleo está prestes a se romper.
34
Os microtúbulos podem se ligar aos cromossomos através do cinetócoro, um arranjo
de proteínas encontrado no centrômero de cada cromátide irmã. (Centrômeros são regiões do
DNA onde as cromátides irmãs são mais firmemente conectadas).
➢ A proteína "cola" que mantém as cromátides irmãs unidas é quebrada, permitindo que elas
se separem. Cada uma é agora um cromossomo único. Os cromossomos de cada par são
empurrados em direção aos pólos opostos da célula.
Todos esses processos são acionados por proteínas motoras, máquinas moleculares
que podem “caminhar” pelas trilhas dos microtúbulos levando cargas. Na mitose, as proteínas
motoras carregam cromossomos ou outros microtúbulos enquanto se deslocam.
36
Na telófase, a célula está quase completamente dividida e começa a re-estabelecer
sua estrutura normal a medida que a citocinese (divisão dos conteúdos da célula) toma lugar.
Citocinese, a divisão do citoplasma para formar duas células novas, sobrepõe-se aos
estágios finais da mitose. Ela pode começar tanto na anáfase quanto na telófase, dependendo da
célula, e termina logo depois da telófase.
Nas células animais, a citocinese é contrátil, apertando a célula em duas, como uma
bolsinha de moedas com um cordão. O "cordão" é um conjunto de filamentos feitos de uma
proteína chamada actina e o vinco formado pelo aperto é conhecido como sulco de clivagem. As
células das plantas não podem ser dividas desta forma porque elas possuem uma parede celular
e são muito duras. Em vez disso, a estrutura chamada de placa celular se forma no meio da célula,
dividindo-a em duas células-filhas, separadas por uma nova parede.
37
Quando a citocinese termina, temos duas células novas, cada uma com um conjunto
completo de cromossomos idênticos aos da célula-mãe. As células-filhas podem agora começar
suas próprias "vidas" celulares e - dependendo do que decidirem ser quando crescerem - podem,
elas também, realizar mitose, repetindo o ciclo.
38
tem seu número característico de cromossomos, tal como 46 cromossomos para uma célula típica
do corpo humano. Em organismos com dois conjuntos completos de cromossomos, como nos
humanos, dá-se a esse número o nome de 2n. Quando um organismo ou uma célula
contém 2n, cromossomos (ou algum outro múltiplo de n), ele é chamado de euploide, ou seja,
que contém cromossomos corretamente organizados em conjuntos completos (eu- = bom).
• Monossomia é quando um organismo tem apenas uma cópia de um cromossomo que deveria
estar presente em duas cópias (2n-1).
• Trissomia é quando um organismo tem uma terceira cópia de um cromossomo que deveria estar
presente em duas cópias (2n+1).
Aneuploidia também inclui casos onde uma célula tem um número maior de
cromossomos extras ou ausentes, como em (2n - 2), (2n + 3), etc. No entanto, se houver um
conjunto completo de cromossomos extras ou ausentes (p.e., 3n), isto não é formalmente
considerado aneuploidia, mesmo que ainda possa ser ruim para a célula ou para o organismo. Os
organismos com mais de um conjunto completo de cromossomos são chamados de poliploides.
Embriões humanos nos quais falta uma cópia de qualquer autossomo (cromossomo
não sexual) não se desenvolvem até o nascimento. Em outras palavras, monossomias
autossômicas humanas são sempre letais. Isto porque os embriões têm uma "dose" muito baixa
de proteínas e de outros produtos que são codificados pelos genes do cromossomo que falta.
39
A maioria das trissomias autossômicas também impedem que um embrião se
desenvolva até o nascimento. Mas uma cópia extra de algum dos cromossomos menores (13, 15,
18, 21, ou 22) pode permitir que o indivíduo afetado sobreviva por um curto espaço de tempo após
o nascimento, ou em alguns casos, por muitos anos. Quando um cromossomo extra está presente,
ele pode causar problemas no desenvolvimento devido ao desequilíbrio entre os produtos dos
genes do cromossomo duplicado e os produtos dos genes de outros cromossomos.
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➢ Uma inversão, onde uma região cromossômica é invertida apontando assim, para a
direção oposta.
41
8. Herança do DNA mitocondrial e cloroplástico
DNA também é encontrado nas mitocôndrias presentes na maioria das células animais
e vegetais, assim como nos cloroplastos das células vegetais. Aqui, exploraremos como o DNA
mitocondrial e dos cloroplastos são herdados.
Estes são alguns modos em que o DNA dos cloroplastos e das mitocôndrias diferem
do DNA encontrado no núcleo:
Uma vez que as mitocôndrias são herdadas da mãe, elas fornecem uma forma de
rastrear a linhagem matrilinear (linha de descendência através de uma cadeia intacta de ancestrais
femininos)
Se você continuar repetindo esta pergunta, você pode voltar no tempo ao longo de
sua árvore genealógica, seguindo suas ancestrais maternas e rastreando a rota de transmissão
de seu DNA mitocondrial.
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Como mostrado no diagrama acima, o padrão de herança do DNA mitocondrial é
diferente daquele do DNA nuclear. O DNA nuclear de uma pessoa é uma "colcha de retalhos" de
segmentos herdados de muitos ancestrais diferentes, enquanto o DNA mitocondrial é herdado
através de uma única linhagem contínua de ancestrais femininos.
9. Inativação do X
Mary F. Lyon
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Uma mulher tem dois cromossomos X, um do pai e um da mãe. Qual deles ela irá
inativar? A inativação do X é um processo aleatório que ocorre separadamente em células
individuais durante o desenvolvimento embrionário. Uma célula pode desligar o X paterno,
enquanto sua vizinha pode desligar o X materno ao invés. Todas as células descendentes de uma
dessas células originais irão manter o mesmo padrão de inativação do X.
Nota interessante: se você fosse um canguru, o que eu acabei de dizer não seria
verdade! Nos cangurus e outros marsupiais, é sempre o cromossomo X paterno que passa pela
inativação do X.
Embora raramente seja tão fácil de se ver como na pelagem dos gatos, fêmeas
humanas também são "mosaico" para quaisquer genes que estejam presentes em diferentes
alelos de seus dois cromossomos X.
45
10. Herança ligada ao X
Pontos Principais:
Se você é um ser humano (o que parece ser uma boa aposta!), a maioria dos seus
cromossomos vêm em pares homólogos. Os dois cromossomos do par homólogo contêm as
mesmas informações básicas - isso é, os mesmos genes, na mesma ordem - mas podem carregar
diferentes versões destes genes.
Todos os seus cromossomos estão organizados em pares homólogos? A resposta
depende se você é (cromossomicamente) do sexo masculino.
Por causa dos cromossomos sexuais nem sempre estarem em pares homólogos, os
genes que eles carregam apresentam padrões distintos de herança.
46
10.1 Cromossomos sexuais em humanos
Por que isto acontece? Vamos explorar este tema usando um exemplo no qual a mãe
é heterozigota para um alelo causador de doença. Mulheres que são heterozigotas para alelos
causadores de doença são chamadas de portadoras, e em geral não apresentam sintomas.
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Os filhos destas mulheres têm 50% de chance de apresentar a doença, mas as filhas
têm pouca probabilidade de apresentar a doença (a menos que o pai também apresente), e terão,
ao contrário, 50% de chance de serem portadoras.
Algumas das descobertas genéticas mais profundas foram feitas com a ajuda
de vários organismos- modelo que são favorecidos pelos cientistas por sua ampla disponibilidade
e facilidade de manutenção e proliferação. Um desses modelos é o Zea mays (milho),
48
particularmente as plantas que produzem grãos de cores variadas. Como cada núcleo é
um embrião produzido a partir de uma fertilização individual , centenas de filhotes podem ser
classificados em uma única orelha, tornando o milho um organismo ideal para análise genética. De
fato, o milho provou ser o organismo perfeito para o estudo de elementos transponíveis (TEs), também
conhecidos como " genes saltadores ".que foram descobertos durante a metade do século XX pela
cientista americana Barbara McClintock. O trabalho de McClintock foi revolucionário, ao sugerir
que o genoma de um organismo não é uma entidade estacionária, mas está sujeito a alterações e
rearranjos - um conceito que recebeu críticas da comunidade científica da época. No entanto, o
papel dos transposons acabou se tornando amplamente apreciado, e McClintock recebeu o
Prêmio Nobel em 1983 em reconhecimento a essa e suas muitas outras contribuições ao campo
da genética.
Barbara McClintock iniciou sua carreira científica na Cornell University, onde foi
pioneira no estudo da citogenética - um novo campo na década de 1930 - usando o milho
como organismo modelo . De fato, o casamento da citologia e genética tornou-se oficial em 1931,
quando McClintock e a estudante Harriet Creighton forneceram a primeira prova experimental de
que os genes estavam fisicamente posicionados nos cromossomos,
descrevendo o fenômeno do cruzamento e a recombinação genética.. Embora Thomas Hunt Morgan
tenha sido a primeira pessoa a sugerir a ligação entre traços genéticos e a troca de material
genético por cromossomos, 20 anos se passaram antes que suas idéias fossem comprovadas
cientificamente, em grande parte devido a limitações nas técnicas citológicas e experimentais (Coe
& Kass, 2005) . As técnicas citogenéticas inovadoras de McClintock lhe permitiram confirmar as
idéias de Morgan, e essas técnicas estão entre as suas maiores contribuições para a ciência.
Para entender melhor essa ideia, considere cada grão de milho como um único
indivíduo, originando-se como um óvulo que passou por uma fertilização dupla. Durante a
fertilização dupla, um fusíveis de esperma com o óvulo célula do núcleo, produzindo
uma diplóide zigoto que vai desenvolver para a próxima geração. Enquanto isso, o outro
espermatozóide se funde com os dois núcleos polares para formar um endosperma triploide, que
forma uma camada protéica externa conhecida como camada aleurona. Como resultado, o tecido
colorido (ou incolor, conforme o caso) que compõe a camada de aleurona do núcleo é triploide,
não diplóide.
Figura 2: Variação nos fenótipos do núcleo é usada para estudar o comportamento do transposão. Núcleos
em uma espiga de milho mostram fenótipos instáveis devido à interação entre um elemento transponivel
(TE) e um gene de pigmento. © 2002 Nature Publishing Group Feschotte, C. et al. Elementos transponíveis
para plantas: onde a genética encontra a genômica. Nature Reviews Genetics 3, 330. Todos os direitos
reservados
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Tabela 1: Genes do milho estudados por Barbara McClintock
Gene Descrição
C' Alelo dominante no braço curto do cromossomo 9 que impede que a cor seja expressa na camada
aleurona do caroço de milho, causando o chamado fenótipo "incolor" (que na verdade é de cor branca ou
amarela). Isso também é conhecido como alelo inibidor.
Beleza Alelo dominante no braço curto do cromossomo 9 que leva a um fenótipo roxo.
beleza Alelo recessivo no braço curto do cromossomo 9 que leva a um fenótipo marrom escuro.
Como Um fator de localização desconhecida (pelo menos quando McClintock estava conduzindo sua pesquisa)
que afeta a expressão de Ds .
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mutação no gene Bz (mas somente quando Acestá presente), destruindo assim a capacidade
do gene Bz de produzir qualquer pigmento. Ds também podem ser retirados
do alelo Bz (novamente, apenas na presença de Ac ), fazendo com que Bz volte ao seu fenótipo
roxo ou marrom. Novamente, a quantidade de púrpura ou marrom depende de quando, durante o
desenvolvimento, Ds é inserido ou excisado. Se a excisão ocorrer antes da fertilização, o núcleo
afetado será inteiramente roxo ou marrom, dependendo do genótipo Bz / bz .
Anos depois que McClintock descobriu o sistema Ac / Ds , os cientistas finalmente
conseguiram estudar os dois EEs com muito mais detalhes moleculares. Hoje, sabemos que
os elementos Ac têm cerca de 4.500 pares de bases e são similares em estrutura a
outros transposons de DNA.
Os genomas dos organismos vivos são o resultado de toda uma história evolutiva, em
muitos casos, de centenas de milhares ou mesmo de milhões de anos. Ao longo da evolução das
espécies, foram sofrendo diversos tipos de alterações. Para além das já aqui muito faladas
substituições de uma base por outra, outros eventos foram tendo diferentes impactos naquilo que
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são os genomas que hoje podemos observar. Por exemplo, trocas, eleminações ou duplicações
de grandes segmentos de cromossomas acontecem com alguma frequência, e podem hoje
detetar-se entre organismos de espécies diferentes.
Algumas regiões do genoma parecem mesmo ter uma vida própria, tal é a sua
capacidade de se moverem ou copiarem de uns locais para outros. Estas regiões são designadas,
em inglês, por jumping genes ou transposable elements (elementos transponíveis), precisamente
pela sua facilidade em “saltitar” ou transpôr-se para outros locais. Pensa-se que muitos destes
elementos sejam vestígios de infeções víricas do passado cujo genoma acabou por se integrar no
hospedeiro passando a fazer parte do seu património genético.
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Os elementos transponíveis estão espalhados um pouco por todo o genoma e por
todos os organismos, e podem ser de vários tipos: uns são cortados do local original e movem-se
literalmente para outro local, como no “cut+paste” do computador, enquanto outros são primeiro
copiados, através de RNA, e a sua cópia é inserida noutro local, de forma semelhante ao
“copy+paste” dos processadores de texto. Estes últimos, por terem capacidade de se duplicar
ativamente, são mais frequentes.
Apesar de alguns continuarem “vivos”, a maior parte dos elementos transponíveis
existentes no genoma humano perderam a capacidade de se mover, pelo que muitos
investigadores os consideram apenas DNA “lixo” (mais sobre isto aqui). No entanto, alguns deles
foram incorporados pelo genoma hospedeiro de tal forma que adquiriram uma função e são
atualmente vitais para o organismo. É o caso, por exemplo, de algumas regiões que foram
resgatadas para coordenar o desenvolvimento embrionário. Noutros casos, os elementos
transponíveis proporcionaram variações sobre as quais a evolução pode atuar, tais como
alterações na cor dos organismos ou, em algumas plantas, na estrutura dos frutos. Um exemplo
deste efeito é o que resulta em variações na cor dos grãos de milho.
Como qualquer invasor, os elementos transponíveis estão também relacionados com
doenças. Quando interrompem a sequência codificante de uma proteína, podem resultar na
produção de proteínas defeituosas, ou restringir totalmente a sua produção. Os elementos LINE-
1 e Alu são os dois exemplos mais conhecidos destes efeitos no genoma humano, tendo já sido
relacionados com o desenvolvimento de doenças como o Alzheimer ou diversos tipos de câncro.
Este tipo de elementos podem ser valiosas ferramentas em estudos de evolução, já
que ao serem inseridos em diferentes pontos da história, proporcionam marcadores temporais de
diferentes momentos, nos quais ocorre uma espécie de reset da evolução. Assim, pode ser útil e
interessante estudar mesmo aqueles elementos que já não se encontram ativos, uma vez que nele
podem estar refletidos importantes acontecimentos do passado.
(Fonte: Sciencenews.org)
12. Epigenética
(Artigo: Epigenetics: A New Genetic Field – Muller e Prado, 2008)
RESUMO:
Epigenética é definida como modificações do genoma, herdável durante a divisão celular,
que não envolve uma mudança na sequência do DNA. Mecanismos epigenéticos atuam para
mudar a acessibilidade da cromatina para regulação transcricional pelas modificações do DNA e
pela modificação ou rearranjo de nucleossomos. Estes mecanismos são componentes críticos no
desenvolvimento normal e no crescimento das células. A regulação epigenética do gene colabora
com as alterações genéticas do desenvolvimento do câncer. Nesta revisão, examinamos os
princípios básicos dos mecanismos epigenéticos e suas contribuições para o controle do ciclo
celular, assim como as conseqüências clínicas dos erros epigenéticos. Além disso, direcionamos
nossa pesquisa para o uso das vias epigenéticas em ensaios para tratamentos contra o câncer e
para os resultados do Projeto Epigenoma Humano (PEH)
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O termo epigenética origina-se do prefixo grego epi, que significa “acima ou sobre algo”
e estuda as mudanças herdadas nas funções dos genes, observadas na genética, mas que não
alteram as sequências de bases nucleotídicas da molécula de DNA. Os padrões epigenéticos são
sensíveis a modificações ambientais que podem causar mudanças fenotípicas que serão
transmitidas aos descendentes. Segundo Tang e Ho, a epigenética é definida como as mudanças
herdáveis na expressão do gene que não alteram a sequência do DNA, mas que são herdáveis
pela mitose e ao longo das gerações. Feinberg define a epigenética como modificações no
genoma que são herdadas durante a divisão celular e que não estão relacionadas com a mudança
na sequência do DNA.
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imprintados, e atuam no desenvolvimento da plasticidade como as exposições a fatores
endógenos ou exógenos durante os períodos críticos, que alteram permanentemente a estrutura
e a função específica de sistemas de órgãos. Os nucleossomos e as histonas são estruturas
associadas ao DNA com a função de organização da cromatina. Tal organização está intimamente
associada à expressão gênica. Mudanças na estrutura da cromatina influenciam a expressão dos
genes, sendo que, estão inativos quando a cromatina está condensada e os genes são expressos
quando a cromatina estiver aberta, ou seja, não condensada.
As ilhas CpG são localizadas, em sua maioria, nas regiões promotoras de genes e
apresentam tamanho igual ou superior à 200 pares de bases (pb) sendo que há pelo menos 10
vezes mais metilação nessa região do que em outras regiões do genoma com CpG.(9) O processo
de metilação é mediado, ao menos, por três DNA metiltransferase (DNMT1, DNMT3a, DNMT3b),
que catalizam e transferem o grupamento metil da S-adenosyl-L-metionina (doador de metil) para
as bases de citosina ou adenina na molécula de DNA.
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Acredita-se que os padrões de metilação do DNA são relativamente baixos durante o
desenvolvimento da célula e são realizados pelas DNMT3a e DNMT3b, que catalizam a metilação
de novo, principalmente nas ilhas CpG. Esses padrões são mantidos nas células somáticas ao
serem copiados para as células-filhas pela DNMT1, que replica os padrões de metilação de
gerações parentais metiladas para as gerações seguintes ainda não metiladas.
A metilação do DNA interfere na expressão dos genes por meio de mecanismos diretos
e indiretos. Primeiro, a metilação de ilhas CpG presentes nas regiões promotoras dos genes
impede diretamente, através de uma barreira física, o seu reconhecimento pelos fatores de
transcrição, resultando na inativação do gene. Segundo, a metilação ocorre em uma região que
apresenta domínios de ligação para a metilação (MBD), que se localiza ao redor de um sítio de
regulação da transcrição e atrai de forma indireta as proteínas de domínio de ligação de metilação,
como as MeCp2, que recrutam correpressores e desacetilases de histonas (HDACs) inativando a
configuração da cromatina ao redor do gene, desligando-o.
As ilhas CpG são alvos de proteínas que se combinam com os CpG não metilados e
iniciam a transcrição do gene. Tipicamente as regiões não metiladas dos pares CpG são
localizadas em genes de tecido-específico e em genes essenciais, como os de manutenção, que
estão envolvidos na preservação da rotina celular e são expressos na maioria dos tecidos. Em
contraste, as regiões CpG metiladas são geralmente associadas ao DNA silencioso, pois
apresentam as regiões MBD, que podem bloquear as proteínas sensíveis à metilação.
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12.1.2 Modificações nas histonas
Considerações
A epigenética desponta como uma nova fronteira a ser alcançada e transposta no
cenário médico-científico. A compreensão dos mecanismos envolvidos no silenciamento e
ativação de genes, além daqueles conhecidos pela genética molecular, permite a criação de
modelos para tratamento de doenças como o câncer. Sob esse aspecto, este trabalho possibilitou
uma análise criteriosa dos mecanismos epigenéticos, dos padrões de metilação usuais do genoma
e forneceu informações importantes sobre essa nova face da Genética, que é a epigenética. O
estudo de revisão permitiu reconhecer a complexidade dessa nova área da Genética, que
recentemente vem despontando como uma forma de terapia mais eficiente e menos agressiva
para o tratamento do câncer, principalmente. Além disso, permitiu vislumbrar uma nova área de
aplicação dos conhecimentos da epigenética no que se refere ao câncer: o diagnóstico e o
acompanhamento clínico da doença, por ensaios que identifiquem o grau de metilação de genes
relacionados com o desenvolvimento e progressão do câncer.
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Nossas considerações
A genética é um ramo que sempre estará em alta na ciência. Não há como dizer que se
descobriu tudo ou que a ciência está chegando próximo ao fim de ser desvendada.
Caro colega, imagina a dimensão do genoma humano. Conseguiu? É impossível
imaginar? É impossível descrever? Não sabemos, mas o que sabemos é que sempre haverá o que
se descobrir. Nosso genoma é “complexo como o universo”, será?
Essa apostila carrega uma pequena parcela dessa ciência, tudo foi selecionado para
você, que assim como nós, admiramos a genética e suas ramificações. A referência de todo esse
trabalho veio do Site Khan Academy. Amamos esse site, muitas coisas aprendemos por meio dele
mas é claro, tudo acompanhado de um bom livro e artigos científicos! Não se esqueça, nossos
estudos jamais podem se basear em apenas um lugar, sempre devemos buscar outras fontes e de
preferência, fontes atualizadas e científicas. Essa apostila aqui é apenas um resumo e um caminho
a se seguir. Estude por ele e por outras referências!
Concluindo, para chegarmos até aqui, muitas décadas de estudos se passaram e grandes
pesquisadores se empenharam em prol dessa ciência: a genética.
Sim, vocês podem pensar que eu devo estar exagerando. Mas quando se trata de
genética eu costumo pensar de precisamos de amor, ciência na veia e, principalmente,
IMAGINAÇÃO!
Deixo com vocês aqui, a mensagem de Fiodor Dostoiévski, “Não há assunto tão velho
que não possa ser dito algo de novo sobre ele”. Essa citação define tudo né?
Desejamos sucesso para todos vocês e principalmente você, que chegou até aqui!
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