Portfólio 02 Psicologia Da Educação

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Tiago Guanaes Nogueira

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PORTFÓLIO 02

Trabalho apresentado para a disciplina de


Psicologia da Educação, sob a orientação do
Profª Cristiane Regina Tozzo, como requisito
parcial para aprovação na disciplina.
A Educação de Jean Piaget

Introdução.

Jean Piaget (1896 – 1980), foi um foi um biólogo, psicólogo e epistemólogo suíço, um dos
mais relevantes pensadores do séc.XX. Fundador da Epistemologia Genética, Teoria do
Conhecimento com base na gênese psicológica do pensamento humano. Inicialmente estudou
biologia, se tornando doutor pela Universidade de Neuchâtel, posteriormente dedicou sua carreira a
psicologia, epistemologia e educação.

Em 1919, em Paris, começa a trabalhar no Instituto Jean-Jacques Rousseau. Com o


nascimento dos filhos e o cotidiano com "crianças pequenas", possibilitou a observação e estudo que
o leva a estabelecer novas hipóteses sobre a cognição humana.

Piaget acreditava que o processo de associação e acomodação eram funções básicas da vida
sendo que todo o resto seria, de alguma maneira, ligado a essas funções. Aplicando o conceito de
assimilação biológica ao comportamento, Piaget deu a ele um novo sentido. A assimilação do campo
da fisiologia diz respeito a funções dos órgãos, já no que se trata do comportamento ela é a função de
um esquema que se amoldavam a diferentes situações. A criação de novos esquemas ou a modificação
é o que Piaget chamava de acomodação. A assimilação é o processo em que o objetivo é transformado
se tornando parte do organismo, esse permanecendo inalterado.

A ideia da Piaget sobre o pensamento e linguagem da criança é de suma importância para a


compreensão sobre a origem da linguagem, e se essa acontece simultaneamente com o pensamento ou
em momentos diferentes. Ele foi o primeiro a estudar sistematicamente a percepção e a lógica infantil,
chegando a conclusão de que a diferença entre o pensamento infantil e o adulto era mais quantitativo
doa que qualitativo. Através desse estudo ele concluiu que o raciocínio infantil diferia do raciocínio
adulto, ou seja, a criança não segue as mesmas maneiras de raciocinar do adulto, sendo assim Piaget
recomenda que a abordagem educacional ao se tratar de crianças, deve ser diferenciada. Piaget
desconstruiu a ideia de que a mente de uma criança era vazia devendo ser preenchida, afirmando que
as próprias crianças são as construtoras ativas do conhecimento, criando e testando as suas teorias
para os problemas, de acordo com sua visão de mundo.
A linguagem segundo Piaget.

Piaget acreditava que através da linguagem a criança era capaz de transpor as barreiras de
espaço e tempo de sua realidade saindo do campo perceptivo. Os objetos e acontecimentos deixam de
ser percepções imediatas e passam a fazer parte de um quadro conceitual e racional contribuindo de
forma relevante para o conhecimento.

A linguagem é necessariamente, interindividual, sendo constituída por


um sistema de signos (=significantes arbitrários ou convencionais). Mas, ao
lado da linguagem, a criança pequena- menos socializada que a de 7-8 anos e
sobretudo que o próprio adulto -tem necessidade de outro sistema de
significantes, mais individual e mais motivado: os símbolos, cujas formas mais
corrente na criança pequena se encontram no jogo simbólico ou de
imaginação..., o jogo simbólico aparece mais ou menos ao mesmo tempo da
linguagem..(PIAGET, 2011, p.77).

Através dessa ótica o jogo simbólico tem importante papel no pensamento da criança,
possibilitando a representação de situações cognitivamente e afetivamente a medida que
imagina acontecimentos ou objetos. Por tanto, é por meio da imaginação que a criança é capaz
de representar individualmente acontecimentos e objetos ocorridos em um momento passado,
contribuindo para a formação do pensamento. Podendo concluir que o pensamento precede a
linguagem que auxilia a criança a chegar a um equilíbrio entre uma esquematização
desenvolvida e o abstrato.

Portanto para Piaget a linguagem e o pensamento estão relacionados em uma relação


que um completa e justifica o outro.

No que se refere ao pensamento, Piaget, constatou que devido as modificações da ação,


nesse período ocorre uma transformação da inteligência, deixando de ser apenas senso-motora
ou prática, expandindo para o pensamento propriamente dito, processo esse reflexo da
influência da linguagem e da socialização.

Um dos objetivos de Piaget foi explicar como o sujeito conhece e explica o mundo com
conceitos cada vez mais objetivas e abrangentes. Para isso teve que se aprofundar no estudo
sobre a origem e a estruturação progressiva do conhecimento investigando o papel da lógica e
linguagem. Segundo o autor a passagem do egocentrismo infantil, que seria o meio termo entre
o autismo extremo e a lógica da razão tanto cronológica como estrutural e funcional, para a
objetividade e para o pensamento lógico se encontra diretamente relacionada a linguagem
socializada, em que termos e conceitos são compartilhados com todos os membros do grupo.
A concepção genética do pensamento é baseado nas premissas da psicanálise em que o
pensamento infantil originalmente "autístico" e somente se transforma em realista por meio de
pressão social.

Desenvolvimento Moral.

Piaget acredita que o desenvolvimento moral acontece em três fases: anônima,


heteronomia e autonomia.

Na fase anônima, natural ainda no egocentrismo, não existem regras e normas sociais,
o que determina a conduta são as necessidades básicas, fome, sono, sede. As regras são
seguidas pelo hábito e não por preceitos como certo ou errado.

Na fase heteronomia não há consciência ou reflexão apenas respeito à autoridade


representada pela figura paterna, materna, do professor entre outros.

Nesse momento o correto é a obediência as regras, não havendo a reflexão sobre o


objetivo alcançado, qualquer consequência é medida pelo resultado objetivo da ação, não
levando em conta a intenção. O indivíduo obedece pelo medo de punição, a falta de uma figura
de autoridade causa total desordem e indisciplina.

A próxima fase, a autonomia, o indivíduo adquire a consciência moral buscando


legitimação das regas. A consciência dos significados e necessidades, preceitos éticos e morais,
passam a se tornar parte dos motivos para o cumprimento dos deveres. Surgindo assim a
autodisciplina, o conceito de responsabilidade fazendo uma ligação direta entre intenção e ato.

Para Piaget existe uma relação entre moral e inteligência, apesar da inteligência ser um
pré-requisito para o desenvolvimento da moral, ela por si só não é capaz de suprir as
necessidades para o seu desenvolvimento. Sendo assim a moral implica pensar a racionalidade
em três dimensões:

A. Regras, que são as ordenações concretas e explícitas.


B. Princípios, que representam o espírito das regras.
C. Valores, que dão sustentação as regras, motivos para sua existência, e de onde são
derivadas, suas origens.
As Etapas do Desenvolvimento Cognitivo

Piaget em seu estudo sobre o conhecimento, concluiu que todo desenvolvimento passa
por períodos sucessivos de equilibração, afirmando que o conhecimento se dá através da
interação do indivíduo com o meio, além de que toda criança passa por todas os estágios
descritos abaixo.

Período Sensório-Motor de 0 a 02 Anos


Período de sucção, a criança atua de forma pré-lógica, usando as capacidades
sensório-motor, pegar, morder, bater, presa no imediatismo do seu espaço e tempo.

Nessa fase a criança começa a construir a noção do "eu", começando a diferenciar o


mundo externo do seu próprio corpo. De acordo com que fase sensório-motor vai se
modificando, a criança vai se libertando o imediatismo do aqui e agora, surge à função
simbólica abrindo espaço para uma nova etapa que prepara a criança para melhor se adaptar
ao mundo.

Período Pré-operário de 02 a 07 Anos

Período marcado pela linguagem oral, sistemas representativos e simbólicos, ideias


pré-existentes sobre algo desenvolvendo o pensamento egocêntrico, tendo ela mesmo como
referência.

Também é característica dessa fase o animismo, onde a criança atribui características


humanas, como as fábulas, a animais ou objetos inanimados.

Nessa etapa falta-lhe a reversibilidade, uma das condições necessárias para que haja
operação. Ela é incapaz de rearranjar mentalmente objetos e concebe-los em outra disposição.

Período Operatório Completo de 07 a 12 Anos

Nesse período a criança é capaz de conceber um pensamento mais compatível com o


mundo, perdendo sua característica egocêntrica, percebendo que as diferentes necessidades
das pessoas. O pensamento agora é baseado no raciocínio concreto, ainda tendo dificuldades
de compreender o abstrato.

Período de Operações Formais de 12 anos em diante

Nessa fase o pensamento começa a se libertar no concreto, permitindo o adolescente


trabalhar com hipóteses, possibilidades e consequências. O adolescente, nessa fase, é capaz
de utilizar conceito hipotético-dedutivo que lhe permite raciocinar sobre um elevado grau de
abstração.

Teoria Piagetiana

Anteriormente foi visto que Piaget teve como objetivo o estudo da gênese dos
processos mentais, ou seja, a evolução dos processos mentais. O conhecimento seria o
resultado da interação ativa entre sujeito e objeto. A os fundamentos do pensamento
piagetiano são de que somente uma visão não baseada em estruturas pré-definidas, sejam
baseadas no sujeito ou no objeto, podem promover respostas a problemas tratados de maneira
especulativa.

O modelo de desenvolvimento, estruturado por Piaget, foi proposto para entender


como a criança constrói o conhecimento, direcionando os métodos de ensino para cada nível
de desenvolvimento.

A obra do alemão Immanuel Kant (1724 – 1804), teve grande influência sobre Piaget,
Kant foi um dos primeiros a sugerir que o conhecimento se desenvolve através da interação
entre o sujeito e o meio. Piaget, entretanto, foi além da ideia Kant, em seus estudos concluiu
que a relação sujeito/meio se dá desde o nascimento onde o sujeito já inicia o processo de
troca com o meio ao seu redor.

A epistemologia é uma das principais contribuições a que se faz necessária ao


entendimento do desenvolvimento do ser humano, baseada na inteligência e na construção do
conhecimento, procura entender não somente como o indivíduo adquire conhecimento, mas
também quais os processos que o indivíduo passa para obter tal conhecimento.

A relação entre desenvolvimento e aprendizagem, é de natureza essencialmente


epistemológica, onde todo conhecimento é uma relação entre o sujeito que busca o
conhecimento e o objeto a ser conhecido. Essa relação é dialética e acontece através de
processos de esquema, assimilação, acomodação e equilibração, em um fluxo progressivo.

Esquemas são as estruturas mentais e cognitivas pelas quais o indivíduo


intelectualmente organiza o meio. Os esquemas se modificam através da evolução sujeito, se
tornando mais refinada à media que a capacidade de gerenciar estímulos evolui. Os esquemas
são conjuntos de processos dentro do sistema nervoso, não são tratados como objetos reais,
por isso não são observáveis, sendo existentes de maneira hipotética.
A assimilação é a forma que o sujeito percebe o meio externo e o organiza,
possibilitando a ampliação de seus esquemas. Na assimilação o indivíduo usa as estruturas
que já possui, em uma tentativa de solucionar o problema com os esquemas que possui
naquele momento. É um processo contínuo, já que o indivíduo está em constante
desenvolvimento afim de se adaptar à realidade em sua volta.

Acomodação é a modificação de uma estrutura ou um esquema já existente buscando


a assimilação do objeto. A acomodação pode acontecer de duas formas. Criando um novo
esquema ou adaptando esquemas já existentes a fim de encaixar um novo estímulo. Em
síntese todo processo de conhecer incorpora novas experiências a esquemas já existentes
provocando a modificação nesse esquema gerando a acomodação.

A equilibração é a transição de um processo de menor equilíbrio para um de maior


equilíbrio. O desequilíbrio ocorre quando o esperado de uma situação não acontece. O
equilíbrio é o fundamento de todo o processo do desenvolvimento humano sendo um
fenômeno de caráter universal, já que ocorre em todos indivíduos da espécie humana, mesmo
que possa sofrer modificações devido as condições culturais que o indivíduo está imerso.
Sendo assim Piaget leva em consideração dois tipos de fatores básicos ao desenvolvimento
humano, as variantes e os invariantes.

Conclusão

O aprendizado eficaz provém de atividades correspondentes a capacidade cognitiva


desenvolvida em cada estágio. Existe a necessidade da escola ativa, pois segundo Piaget o
desenvolvimento cognitivo é resultado da ação, não devendo ser acelerada.

Mesmo que a pesquisa de Piaget não elucide todas as questões referentes ao processo
de aprendizagem, ou mesmo que outras fazes possam ser observadas durante o
desenvolvimento, seu trabalho é um ponto firme ao qual o educador pode se apoiar em vários
aspectos, principalmente no que diz respeito às fazes percorridas desde a infância até a vida
adulta, respeitando as limitações de cada fase e instigando o aluno a procurar novos
questionamentos e respostas.
Referências

A CONTRIBUIÇÃO DA PSICOLOGIA DE PIAGET PARA A EDUCAÇÃO INFALTIL.


<http://gestaouniversitaria.com.br/artigos/a-contribuicao-da-psicologia-de-piaget-para-educacao-
infantil> VISTO EM: 10 DE MAIO DE 2018

MÉTODO DE EDUCAÇÃO PIAGETIANO. <https://www.infoescola.com/pedagogia/metodo-de-


educacao-piagetiano/>. VISTO EM 11 MAIO DE 2018.

CONTRIBUIÇÕES DA PSICOLOGIA DE JEAN PIAGET PARA A EDUCAÇÃO: TEORIA DA EPSTEMOLOGIA


GENÉTICA. <https://www.portaleducacao.com.br/conteudo/artigos/educacao/contribuicoes-da-
psicologia-de-jean-piaget-para-a-educacao-teoria-da-epistemologia-genetica/54079>. VISTO EM 11
DE MAIO DE 2018

AS CONTRIBUIÇÕES DA TEORIA PIAGETIANA PARA O PROCESSO DE ENSINO-APRENDIZAGEM.


<http://www.editorarealize.com.br/revistas/fiped/trabalhos/Trabalho_Comunicacao_oral_idinscrito
_1040_3bbe862464859de050561c8cd0efa617.pdf>. VISTO EM 13 DE MAIO DE 2018.

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