Diversidade Cultural 3 Grupo

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Celso Evaristo

Dalton Alexandre Lapissone

Fredilerk Omardino Costa Jueta

Galhardo Eusebio Loja

Isac Pinto Nantaga

Laura Beijo José

Pedro Chipire

Zahir Taria Carama

Diversidade Cultural e Novos Paradigmas de Desenvolvimento

Licenciatura em Ensino de História com Habilitação em Documentação

Universidade Licungo

Quelimane

2021
2

Celso Evaristo
Dalton Alexandre Lapissone
Fredilerk Omardino Costa Jueta
Galhardo Eusebio Loja
Isac Pinto Nantaga
Laura Beijo José
Pedro Chipire
Zahir Taria Carama

Diversidade Cultural e Novos Paradigmas de Desenvolvimento

Trabalho da cadeira de História de


Moçambique Séc. XX-XXI, recomendado
pelo docente para efeitos de avaliação.

dr. Janotas Nativo

Universidade Licungo

Quelimane

2021
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Índice

1. Introdução................................................................................................................................ 4

1.1.Objectivos.............................................................................................................................. 4

1.2. Gerais ................................................................................................................................... 4

1.3.Especificos ............................................................................................................................ 4

1.4.Metodologia .......................................................................................................................... 4

2.A DIVERSIDADE CULTURAL E NOVOS PARADIGMAS DE DESENVOLVIMENTO 5

2.1. Contextualização .................................................................................................................. 5

3.2. Conceitualização .................................................................................................................. 5

3. O Paradigma das Diversidades Culturais em Moçambique .................................................... 6

4. Áreas de Estudo da Diversidade Cultural ............................................................................... 7

4.1.Diversidade Cultural e Linguistica ........................................................................................ 7

4.Hibridização cultural e politca de educação em Moçambique ................................................. 9

5. Conclusão .............................................................................................................................. 15

4. Referências Bibliográficas .................................................................................................... 16


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1. Introdução
O presente trabalho que tem como tema "A diversidade Cultural e novos Paradigmas de
Desenvolvimento" iremos abordar em torno do tema nos aspectos relativos: a Conceitualização
dos termos, Diversidade Cultural e Educaçã; O paradigma das diversidades culturais em
Moçambique; Diversidade Cultural e Linguistica; politca Culturais em Moçambique entre outros
aspectos que norteam o tema. O trabalho visa fazer uma abordagem geral e análise de diversos
aspectos em torno do tema.

1.1.Objectivos

1.2. Gerais
 Compreender a Diversidade Cultural e Novos Paradigmas de Desenvolvimento;

1.3.Especificos

 Mencionar quais são os factores que contribuiram para a diversidade cultural e linguistica;
em Moçambique;

 Identificar os paradigma das diversidades culturais;

 Avaliar as polítcas da educação em Moçambique em torno da grande diversidade cultural


e linguistica.

1.4.Metodologia
Sendo um trabalho de pesquisa bibliográfica, a sua elaboração esteve assente em três fases:
Recolha de bibliografia relacionada com tema: Diversidade Cultural e Novos Paradigmas de
Desenvolvimento, Tratamento da informação colectada e Compilação e a redacção do trabalho
final.

O trabalho está dividido da seguinte forma: Introdução, Objectivos, metodologia,


conceitualização, desenvolvimento, conclusão e a respectiva bibliografia geral no qual foram
retiradas as informações para a construção do desenvolvimento.
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2.A DIVERSIDADE CULTURAL E NOVOS PARADIGMAS DE DESENVOLVIMENTO

2.1. Contextualização

3.2. Conceitualização
Para MORATA (2009:56), Paradigma é um padrão a ser seguido. Um modelo de ação a ser
adoptado em determinadas situações. É uma reunião de princípios, originários de uma teoria ou
estudo científico que forma padrões ou modelos a serem seguidos servindo de exemplos para
pesquisas futuras.

A diversidade, conforme TAKAHASHI (2006:3), é a característica básica de formas de vida e


das manifestações de cultura na terra. Ela pode ser biológica ou linguística. De acordo com o
autor citado, há três tipos de diversidade cultural: genética, linguística e cultural propriamente
dita.

Segundo KEESING (1958) citado por MARCONI & PRESSOTO (2010:23), a cultura é
comportamento cultivado, ou seja, a totalidade da experiencia adquirida e acumulada pelo
homem e transmitida socialmente, ou ainda, o comportamento adquirido por aprendizado social.

A questão da diversidade cultural deve ser discutida em simultâneo com a noção das diferenças.
As diferenças culturais podem variar consoante a etnia, a raça, a idade, a religião, o gênero, à
região geográfica, visões de mundo, desejos, valores, etc.

Na prespectiva de MARTINS (1994, p. 8) A política educacional não pode receber uma


definição acabada, pois, como processo, ela se manifesta em cada momento histórico a partir de
um determinado contexto e das relações e ações que os seres humanos estabelecem com as várias
esferas sociais.

Porém, a política educacional não pode ser compreendida apenas como um processo direcionado
para a produção de valores e para a emancipação humana, dada sua estreita relação com um
modelo de sociedade e de Estado.
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3. O Paradigma das Diversidades Culturais em Moçambique


Segundo GONÇALVES (2002:119), a formação e a conceitualização da variedade cultural estão
ligadas a grande variedade de paradigmas antropológicos. Assim paradigmas Evolucionista e
Difusionista, consideraram os povos não ocidentais como primitivos, pertencendo a uma raça e
uma cultura inferiores.

Ainda segundo o autor, GONÇALVES (2002:120), as ciências sociais e humanas analisavam a


diversidade das culturas e das sociedades em referências à universalidade dos princípios de uma
lógica científica, próxima de um racionalismo positivo que associava a cultura ocidental a
modelos lineares, fragmentados, hierarquizados e comportamentados, nos quais as contradições
eram cuidadosamente dissociadas e as diferenças eram apreendidas como uma aberração e uma
condição de inferioridade, para os evolucionistas, como para os difusionistas e alguns
funcionalistas mais integristas que reduziam a sociedade ao social.

A cultura era uma espécie de entidade superior e supra-orgânica, não podendo definir-se na sua
realidade e no seu modo concreto de ação orgânica ou natural.
Para outro lado os paradigmas culturalistas, analisavam a diversidade irredutível das culturas
apenas a nível dos traços particulares de comportamento e ao nível da totalidade da chamada
personalidade cultural ou personalidade de base que constituía num conjunto de padrões de
comportamentos e apresentados por uma determinada cultura de tal forma que aquele que se
conformava a esses padrões comuns a todos desta conformidade, (idem).

No estudo da variabilidade cultural em Moçambique importa distinguir três (3) níveis de análise:
1º Nível- refere-se as significações objetivas, ou seja, ao aspecto objetivo da realidade cultural
que é objetiva no sentido em que se apresenta como organizada e institucionalizada na estrutura
da ordem estabelecida e das atitudes e dos comportamentos quotidianos.
2º Nível- é constituído pelas ligações íntimas dos sistemas de relações que associam os atores
individuais e as estruturas coletivas.
7

3º Nível- é formado pelas estruturas subjacentes aos valores fundamentais duma coletividade ou
duma sociedade que confere sentido profundo e único a identidade cultural dessa coletividade ou
sociedade e aos fenómenos sociais e culturais.

Para GONÇALVES (2002:121), a diversidade cultural em Moçambique apareceu a partir do


momento em que cada grupo social se adequou a um ambiente específico, teve uma história
particular ou conheceu um certo desenvolvimento diferenciado em relação aos outros grupos
aparentados ou não nas três (3) regiões do nosso país a mencionar Norte, Centro e Sul., nos
diferentes aspetos económicos, políticos, sociais, religiosos e culturais.

Mas apesar do paradigma cultural que se verifica nas diferenças e convivência entre grupos
étnicos tem-se registado a tolerância étnica, um processo que se manifesta no reconhecimento
das diferenças culturais, mas convivendo no mesmo espaço.

Uma das características mais preciosas de Moçambique é a sua diversidade cultural que, por
coincidência, acompanha também a sua diversidade biológica. A sociedade moçambicana é
multilingue, pluri-étnica, multi-racial e socialmente estratificada.

4. Áreas de Estudo da Diversidade Cultural


Os estudos sobre a diversidade cultural podem ser enquadrados no âmbito dos estudos culturais
e pós-coloniais. No entanto, autores como Costa (2006, p. 1-3) consideram que os estudos pós-
coloniais e os estudos culturais, nos quais se integram os relacionados com a diversidade
cultural, multiculturalismo, interculturalidade e a transculturalidade, não podem ser considerados
uma matriz teórica, mas apenas uma variedade de contribuições que aparecem como “uma
referência epistemológica crítica às concepções dominantes da modernidade”. (COSA, 2006, p.
1).

4.1.Diversidade Cultural e Linguistica


Existem em Moçambique várias formas de organização social, cultural, política e religiosa; há
várias crenças, línguas, costumes, tradições e várias formas de educação.
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Segundo DIAS (2002), a língua oficial em Moçambique é a língua portuguesa, mas ela é uma
língua minoritária que foi escolhida para oficial por razões políticas relacionadas com a unidade
nacional e com o fato de não haver à altura da Independência nenhuma língua que estivesse
suficientemente modernizada para ser capaz de veicular a Ciência, a Tecnologia e ser capaz de
servir de língua franca em todo o território nacional.
A matriz cultural do povo moçambicano é diversificada. A cultura moçambicana foi sempre
marcada pela miscigenação cultural que advém das migrações bantu, e do contato que estes vão
ter com outras civilizações, sobretudo, árabe e a asiática.

A colonização portuguesa, vai trazer influências europeias que vão ser acrescidas pelas culturas
de comunidades imigrantes da Índia e da China que se vão fixar em vários pontos de
Moçambique. Após a Independência, os moçambicanos vão também adquirir valores culturais,
éticos e morais que nos vão ser transmitidos pela política socialista e pelo contato com
“cooperantes” russos, cubanos, búlgaros, norte-coreanos, chineses, alemães (RDA).

A cultura socialista vem a ser amplamente difundida nas escolas por meio do Sistema Nacional
de Educação que tinha como objetivo formar um “Homem Novo”, que significava “um homem
livre do obscurantismo, da superstição e da mentalidade burguesa e colonial, um homem que
assume os valores da sociedade socialista” (MINED, 1985:113).

Os valores éticos e morais do Socialismo encontravam-se enunciados em princípios do


comportamento revolucionário como, por exemplo, a pontualidade; a disciplina e obediência, o
asseio e limpeza; o espírito coletivo e de organização, de iniciativa, de sacrifício e de economia;
o respeito mútuo, pelo trabalho manual, o respeito pelos símbolos nacionais e pelos responsáveis;
a vigilância revolucionária e a prática constante da crítica e autocrítica.

Para COSTA (2018), os valores éticos e morais do Socialismo encontravam-se enunciados em


princípios do comportamento revolucionário como, por exemplo, a pontualidade; a disciplina e
obediência, o asseio e limpeza; o espírito coletivo e de organização, de iniciativa, de sacrifício e
de economia; o respeito mútuo, pelo trabalho manual, o respeito pelos símbolos nacionais e pelos
responsáveis; a vigilância revolucionária e a prática constante da crítica e autocrítica.
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Com a queda do socialismo, Moçambique adere às reformas do FMI e do Banco Mundial e passa
a defender valores morais completamente contrários ao Socialismo como a supremacia do sector
financeiro, a privatização, a desregulamentação do sector financeiro, a desnacionalização das
riquezas naturais, integração nos mercados internacionais.

Por um lado, sobretudo, as camadas jovens das zonas urbanas, por influência da globalização e
da adesão às novas tecnologias de informação e comunicação, promovem mudanças notórias de
costumes e hábitos culturais (por exemplo, ao nível do vestuário, da alimentação dos gostos
musicais, etc.). Ocorre também a queda de identidades fortes, de grandes ideologias, projetos e
utopias; proliferam as dependências às modas, ao consumismo, aos luxos desmedidos, ao
esbanjamento, etc.
Se, por um lado, o trânsito cultural num mundo transnacional, por meio das novas tecnologias de
informação e comunicação (internet, televisão) é muito forte e provoca a desterritorialização de
hábitos culturais, por outro lado, tal desterritorialização, contrariamente, ao defendido por vários
estudiosos, não vai provocar o desaparecimento das culturas locais, mas provoca uma
reafirmação e revalorização das mesmas. Culturalmente, tanto se assumem valores
transnacionais, como também se revalorizam as culturas locais. Exaltam-se direitos e liberdades
individuais, bem como se preserva o particular e o singular.

4.Hibridização cultural e política de educação em Moçambique

Na prespectiva de MICHEL (1977), O SNE, como se depreende, tinha como finalidade principal
a formação do Homem Novo, concebido como aquele homem liberto do obscurantismo e da
superstição provindos da sociedade tradicional-feudal e, igualmente, liberto da mentalidade
burguesa, caracteriza pela colonização mental, entenda-se pela mentalidade servil ao estrangeiro
e pela imitação dos comportamentos decadentes da burguesia dos países imperialistas.

Como se constata, trata-se de um ensino com um caráter marcadamente ideológico. Com efeito,
na compreensão do então poder político, a edificação da sociedade socialista, o objetivo
almejado, passava impreterivelmente pela construção de certa subjetividade, isto é, os
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moçambicanos deveriam adquirir a “consciência social” requerida para as transformações


revolucionárias.

Para GOMES, (1995, p 372), Respondendo ao novo quadro constitucional, a educação tornou-se
um direito e dever de todos os cidadãos moçambicanos. O ensino tornou-se obrigatório e gratuito.
Ele deixou de ser discriminatório, no sentido de não existir mais diferenciação do ensino em
função de grupos sociais de pertença. Surgiu um só sistema, em que o Estado se torna
omnipresente, sendo ele quem concebe e implementa a educação escolar. Igualmente há um
grande investimento na educação, por exemplo, na expansão da rede escolar, no
providenciamento de material didático.

A escola do pós-independência não conseguiu superar totalmente o autoritarismo da escola


colonial, levando-a a impor e não propor, discutir, dialogar os valores, as diferentes concepções
políticas, econômicas e culturais.

Portanto, tal como no passado colonial, vemos um alinhamento entre o quadro político-
ideológico e a educação escolar. A FRELIMO, enquanto força política imbuída de forte
propósito de transformação social revolucionária, apostou forte e estrategicamente na educação,
sendo que a esta cabia desconstruir o homem domesticado pelos valores coloniais e fazer nascer
o homem novo, aquele que não só se encontra livre dos valores implantados pelo colonialismo
mas, também o está da “visão idealista” do mundo e dos fenômenos da natureza, vindos da
educação tradicional, da sociedade autenticamente africana. Esta educação do pós-independência
combateu o que considerou (sem discutir com a sociedade) de concessões negativas da educação
tradicional.

Na visão de MATE (2010), Ela, assim, não superou totalmente o autoritarismo e preconceito da
escola colonial. Ela, identicamente, procurou alienar o indivíduo do seu contexto sociocultural,
ao ver as suas práticas culturais como “idealistas” e por isso alvo de combate ideológico. Ao
analisar esta escola, em termos de sua relevância social, é também pessimista. Para ele, as
sociedades resultantes da independência dos países africanos em geral e Moçambique em
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particular, na tentativa de implantar sistemas de educação autônomos, não fizeram mais do que
resgatar o modelo ocidental de educação com vista a torná-lo acessível à comunidade africana.

Segundo DUSSEL (2002, p. 55-77), o ensino em situação de multilinguismo e de


multiculturalismo como é o caso de Moçambique convive com várias tensões e enfrenta muitos
desafios, sendo de destacar o processo de hibridização cultural, a tensão entre a homogeneização
e a diversidade cultural e a tensão entre saberes locais e saberes universais.

A política educacional e a cultural esforçam-se em proteger e valorizar a diversidade cultural.


Hoje em dia vários educadores moçambicanos defendem uma educação “diferenciada” na qual a
escola deveria ter o compromisso ético e político de preservar e reafirmar valores, crenças,
costumes e formas de organização cultural, social, política e religiosa (considerados saberes
locais), sem prejudicar o acesso e a apropriação dos saberes e conhecimentos universais, (idem).

Hoje rejeita-se a tese do “choque de civilizações” e defende-se que a diversidade cultural é um


património tão importante para a humanidade tal como a biodiversidade e que a
interculturalidade e o respeito pelas diferenças são as melhores formas de garantir a paz e o
desenvolvimento. É claro que tal defesa não vai eliminar a discussão antiga que ainda se mantém
entre homogeneização e diversidade cultural.

Os educadores moçambicanos enfrentam o desafio de pensar em concepções e modelos


educacionais que tenham em conta a questão da diversidade e do multiculturalismo na educação
que se propõem a encontrar formas de convivência na escola entre indivíduos de várias culturas.
As propostas de educação multicultural sugerem que a escola deve saber respeitar e considerar as
diferenças étnico-culturais, que devem ser promovidas relações fundadas no diálogo, na
democracia, no respeito ao outro, (idem).

A educação multicultural traz à discussão também a questão da interculturalidade que pode


significar apenas o respeito do “outro”, ou então podemos entender interculturalidade como
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sendo a mistura, a mestiçagem das culturas. Para além do multiculturalismo e da


interculturalidade, os educadores moçambicanos devem também colocar nas suas agendas as
questões da transculturalidade que tem a ver com os elementos universais que estão presentes nas
várias culturas.
A transculturalidade deve ser seriamente tomada em consideração, pois a cultura urbana
moçambicana caracteriza-se por ser culturalmente híbrida, possuindo elementos culturais que se
foram fixando sócio e historicamente durante séculos cujas matrizes culturais básicas são a bantu
e a portuguesa.

Segundo DUSSEL (2002, p. 55-77), a “hibridação cultural” surgiu como uma forma muito
particular de identidade cultural dos moçambicanos bilingues, falantes da língua portuguesa e
língua bantu ou de monolingues em Português. Tal processo teve o seu início com a
aprendizagem do Português durante a colonização. Julgamos que o falante de língua portuguesa
quer seja monolingue ou bilingue já não possui uma identidade cultural “genuína” e
autenticamente africana como os seus ascendentes e antepassados que só falavam a língua bantu.

A aprendizagem da língua portuguesa promove o surgimento de um processo de aculturação que


integra características culturais do mundo ocidental. O bilinguismo em vez de criar um
biculturalismo, produz uma hibridação cultural. Quer dizer que os falantes não adicionaram a
cultura portuguesa à cultura bantu, eles misturaram as duas culturas e criaram uma nova cultura
que não é tipicamente portuguesa e que também não é genuinamente bantu. Ela é “híbrida”, pois
junta de forma muito particular as duas línguas e culturas. É a tal hibridação cultural que
caracteriza a cultura urbana moçambicana.

Segundo HALL (2006:87), em tempos de pós-modernidade e num mundo em que as fronteiras


entre os países estão dissolvidas, a globalização está a levar ao fortalecimento de identidades
locais e à produção de novas identidades. Em que as identidades centradas e fechadas de uma
cultura nacional são contestadas e deslocadas e produzem uma variedade de possibilidades e
novas posições de identificação, e tornando as identidades mais posicionais, mais políticas, mais
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plurais e diversas, menos fixas, unificadas ou trans-históricas.

Para HALL (2006, p.88), em todo o mundo assiste-se a imersão de identidades culturais que não
são fixas, mas que estão suspensas, em transição, entre diferentes posições; que retiram seus
recursos, ao mesmo tempo, de diferentes tradições culturais; e que são o produto desses
complicados cruzamentos e misturas culturais que são cada vez mais comuns num mundo
globalizado.

Segundo DUSSEL (2002, p. 55-77), em Moçambique, sobretudo nas zonas urbanas lidamos com
uma cultura híbrida que não é, nem tipicamente africana, nem sequer, totalmente, europeia. Ela
também não é a justaposição simples de duas culturas, ela tem traços africanos, mas também
europeus e ela também é, ao mesmo tempo, uma terceira cultura. A cultura urbana moçambicana
encontra-se ao mesmo tempo fora e dentro da cultura ocidental e da cultura autenticamente
africana.

De acordo com DIAS (2002), apesar do discurso pedagógico defender uma política de
reconhecimento e aceitação da diversidade, das diferenças culturais e do respeito ao outro, as
ações, efetivamente, levadas a cabo não foram ainda capazes de criar uma sociedade mais
igualitária e livre de preconceitos e estigmatizações étnicas, raciais, religiosas, linguísticas, etc.

A grande vitória da nova visão educacional e cultural é que aparentemente a sociedade


moçambicana enfrenta a questão das diferenças culturais com menos tabus e subterfúgios. Já se
discute com maior abertura as assimetrias regionais, as desigualdades de oportunidades de sexos
(questões de gênero) e de classes sociais, a estigmatização de algumas práticas culturais(como os
ritos de iniciação, a prática da medicina tradicional, a crença no sobrenatural, etc.), a
incorporação do saber local e do conhecimento popular, do senso comum na escola, etc.

Ao tratarmos da diversidade cultural fica difícil separar tal reflexão da questão da desigualdade
social, pois temos de reconhecer que as diferenças culturais são, muitas vezes, socialmente
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marcadas. Diferentes classes sociais podem exibir traços culturais distintos dependentes da sua
situação socioeconómica. A origem regional, étnica e racial, muitas vezes, pode estar associada à
condição de classe social, por exemplo, é raro encontrar em Moçambique um mendigo de raça
branca ou indiana.

Por exemplo, os indivíduos analfabetos do meio rural possuem uma cultura africana mais
ancestral e são mais pobres do que os alfabetizados do meio urbano que possuem valores
culturais de carácter mais universal. Ao tratarmos de diversidade cultural é difícil fechar os olhos
à discriminação de raça, etnia, gênero, idade, língua, culturas.

DIAS (2002) diz que, determinados grupos culturais como, as mulheres, os idosos, os habitantes
das zonas rurais estão mais marcados pela pobreza do que os outros grupos que se encaixam
melhor no modelo hegemônico. Existem desigualdades de oportunidades para as crianças e
jovens das zonas rurais.

Eles estão em desvantagem em relação à alfabetização e à progressão escolar porque há falta de


escolas, porque as escolas estão distantes das zonas residenciais, porque a escola não consegue
ser suficientemente significativa para as necessidades da sua vida. As crianças ingressam na
escola, mas a exclusão de tais crianças
realiza-se “por dentro”, pois o direito ao acesso não garante automaticamente o sucesso escolar.
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5. Conclusão
Durante a revisão final do trabalho chegamos a concluir diversos aspectos em função do tema em
habordagem. A diversidade cultural em Moçambique surge em como um dos enormes desafios
da educação no periodo pós independência visto que em Moçambique em torno do grande
mosaico cultura, este aspecto surgue como um dos grandes desafios da pedagogia moderna visto
que a educação em varias sociedades têm simplismente foco em único idioma denominado de
lingua de unidade nacional o faz com que surga a dita exclusão social de algumas sociedades que
têm um fraco dominiu da lingua portuguesa.

Neste contexto surge também a questão da formação do homem novo livre dos preconceitos
racista baseado nas ideologias socialista.
16

4. Referências Bibliográficas

COSTA, Sérgio. Muito além da diferença: (im)possibilidades de uma teoria social


póscolonial. Disponível em: <http://www.fflch.usp.br>. Acesso em: ago. 2018.
DIAS, Hildizina. As desigualdades sociolinguísticas e o fracasso escolar: em direcção a uma
prática linguístico-escolar libertadora. Maputo: Promédia, 2002.
DUSSEL, Inês. “O currículo híbrido: domesticação ou pluralização das diferenças?”. In:
LOPES, A. C.; MACEDO, E. (org.). Currículo: debates contemporâneos. São Paulo: Cortez
Editora, 2002.

GOMES, Miguel. Sistemas de Ensino em Moçambique, presente e passado.Maputo: Editora


escolar, 1993.
GONÇALVES, António C. Trajectória do pensamento antropológico. Lisboa, Universidade
Aberta, 2002.
HALL, Stuart. A identidade cultural na pós-modernidade. 11ª Ed. Rio de Janeiro: DP&a, 2006.
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MARCONI, Maria de A., PRESOTTO, Zelia Maria N. antropologia: uma introdução. 7ª . edição.
São PauloÇ Editora Atlas S.A., 2010.
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MINED (Ministério da Educação). Sistema Nacional de Educação. Maputo: MINED, 1985.
MACHEL, Samora. Estudemos e Façamos dos Nossos Conhecimentos um Instrumento de
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MATE, Geraldo. Qualidade da educação em Moçambique: Colapso ou Desafio? 2013.


Disponível em:http://www.recac.org.mz/por/Actividades/Noticias/Qualidade-da-educacao�em-
Mocambique-Colapso-ou-desafio-2. Acesso em: 10 de Julho de 2014.

TAKAHASHI, Tadao. Diversidade cultural e direito à comunicação. Disponível em:


<http://www.campus-oei.org>. Acesso em: jul. 2018

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