Questões Comentadas XXX Exame Oab

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Sandra Mara Dobjenski

XXX EXAME DA OAB


DIREITO PROCESSUAL CIVIL
51. Carolina foi citada para comparecer com seu advogado ao Centro Judiciário de
Solução de Conflitos (CEJUSC) da comarca da capital, para Audiência de Mediação
(Art. 334 do CPC), interessada em restabelecer o diálogo com Nestor, seu ex-
marido.
O fato de o advogado de seu ex-cônjuge conversar intimamente com o mediador
Teófilo, que asseverava ter celebrado cinco acordos na qualidade de mediador na
última semana, retirou sua concentração e a deixou desconfiada da lisura daquela
audiência. Não tendo sido possível o acordo nessa primeira oportunidade, foi
marcada uma nova sessão de mediação para buscar a composição entre as partes,
quinze dias mais tarde.
Sobre o caso narrado, assinale a afirmativa correta.
A Carolina pode comparecer sem seu advogado na próxima sessão de mediação.
B O advogado só pode atuar como mediador no CEJUSC se realizar concurso
público específico para integrar quadro próprio do tribunal.
C Pode haver mais de uma sessão destinada à conciliação e à mediação, não
podendo exceder 2 (dois) meses da data de realização da primeira sessão,
desde que necessária(s) à composição das partes.
D O mediador judicial pode atuar como advogado da parte no CEJUSC, pois o CPC
apenas impede o exercício da advocacia nos juízos em que desempenhe suas
funções.
. FUNDAMENTAÇÃO: CPC, art. 334, § 2º: "Poderá haver mais de uma sessão
destinada à conciliação e à mediação, não podendo exceder a 2 (dois) meses
da data de realização da primeira sessão, desde que necessárias à
composição das partes".
52. João dirigia seu carro a caminho do trabalho quando, ao virar em uma esquina,
foi atingido por Fernando, que seguia na faixa ao lado. Diante dos danos
ocasionados a seu veículo, João ingressou com ação, junto a uma Vara Cível, em
face de Fernando, alegando que este trafegava pela faixa que teria como caminho
obrigatório a rua para onde aquele seguiria.
Sandra Mara Dobjenski

Realizada a citação, Fernando procurou seu advogado, alegando que, além de


oferecer sua defesa nos autos daquele processo, gostaria de formular pedido contra
João, uma vez que este teria invadido a faixa sem antes acionar a “seta”, sendo,
portanto, o verdadeiro culpado pelo acidente.
Considerando o caso narrado, o advogado de Fernando deve
A instruí-lo a ajuizar nova ação, uma vez que não é possível formular pedido contra
quem deu origem ao processo.
B informar-lhe que poderá, na contestação, propor reconvenção para manifestar
pretensão própria, sendo desnecessária a conexão com a ação principal ou com o
fundamento da defesa, bastando a identidade das partes.
C informar-lhe sobre a possibilidade de propor a reconvenção, advertindo-o, porém,
que, caso João desista da ação, a reconvenção restará prejudicada.
D informar-lhe que poderá, na contestação, propor reconvenção para
manifestar pretensão própria, desde que conexa com a ação principal ou com
o fundamento da defesa.
.FUNDAMENTAÇÃO: Art. 343. Na contestação, é lícito ao réu propor
reconvenção para manifestar pretensão própria, conexa com a ação principal
ou com o fundamento da defesa (Torna as alternativas A e a B erradas e a D
correta).
§ 1º Proposta a reconvenção, o autor será intimado, na pessoa de seu
advogado, para apresentar resposta no prazo de 15 (quinze) dias.
§ 2º A desistência da ação ou a ocorrência de causa extintiva que impeça o
exame de seu mérito não obsta ao prosseguimento do processo quanto à
reconvenção (Torna a alternativa C errada).
§ 3º A reconvenção pode ser proposta contra o autor e terceiro.
§ 4º A reconvenção pode ser proposta pelo réu em litisconsórcio com terceiro.
§ 5º Se o autor for substituto processual, o reconvinte deverá afirmar ser titular
de direito em face do substituído, e a reconvenção deverá ser proposta em
face do autor, também na qualidade de substituto processual.
RECONVENÇÃO → é o contra-ataque do réu, por isso não é meio de defesa
propriamente dito, feita dentro da contestação pra manifestar pretensão
Sandra Mara Dobjenski

própria (réu formula pedidos contra o autor) desde que seja: I) Conexa com a
ação principal ou II) Tenha fundamento na Defesa.
53. Um advogado, com estudos apurados em torno das regras do CPC, resolve
entrar em contato com o patrono da parte adversa de um processo em que atua.
Sua intenção é tentar um saneamento compartilhado do processo.
Diante disso, acerca das situações que autorizam a prática de negócios jurídicos
processuais, assinale a afirmativa correta.
A As partes poderão apresentar ao juiz a delimitação consensual das questões
de fato e de direito da demanda litigiosa.
B As partes não poderão, na fase de saneamento, definir a inversão consensual do
ônus probatório, uma vez que a regra sobre produção de provas é matéria de ordem
pública.
C As partes poderão abrir mão do princípio do contraditório consensualmente de
forma integral, em prol do princípio da duração razoável do processo.
D As partes poderão afastar a audiência de instrução e julgamento, mesmo se
houver provas orais a serem produzidas no feito e que sejam essenciais à solução
da controvérsia.
.FUNDAMENTAÇÃO: Art. 190. Versando o processo sobre direitos que
admitam autocomposição, é lícito às partes plenamente capazes estipular
mudanças no procedimento para ajustá-lo às especificidades da causa e
convencionar sobre os seus ônus, poderes, faculdades e deveres
processuais, antes ou durante o processo.
Art. 357. Não ocorrendo nenhuma das hipóteses deste Capítulo, deverá o juiz,
em decisão de saneamento e de organização do processo:
§2º As partes podem apresentar ao juiz, para homologação, delimitação
consensual das questões de fato e de direito a que se referem os incisos II e
IV, a qual, se homologada, vincula as partes e o juiz.
Saneamento do processo é a providência tomada pelo juiz, a fim de eliminar os
vícios, irregularidades ou nulidades processuais e preparar o processo para
receber a sentença. Tal providência é tomada entre a fase postulatória e a
instrução do processo, mediante um despacho saneador.
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54. Daniel, sensibilizado com a necessidade de Joana em alugar um apartamento,


disponibiliza-se a ser seu fiador no contrato de locação, fazendo constar nele
cláusula de benefício de ordem. Um ano e meio após a assinatura do contrato,
Daniel é citado em ação judicial visando à cobrança de aluguéis atrasados.
Ciente de que Joana possui bens suficientes para fazer frente à dívida contraída,
Daniel consulta você, como advogado(a), sobre a possibilidade de Joana também
figurar no polo passivo da ação.
Diante do caso narrado, assinale a opção que apresenta a modalidade de
intervenção de terceiros a ser arguida por Daniel em sua contestação.
A Assistência.
B Denunciação da lide.
C Chamamento ao processo.
D Nomeação à autoria
FUNDAMENTAÇÃO: O fiador demandado pelo pagamento da dívida tem
direito a exigir, até a contestação da lide, que sejam primeiro executados os
bens do devedor. Esse é o chamado benefício de ordem, pois a
responsabilidade do fiador é subsidiária (posterior) à do devedor principal.
Denunciação à lide é o "dedo duro". Aqui "quem deve pagar é ele"
Chamamento ao processo é a solidariedade, o famoso "vou levar ele junto".
Aqui "os dois devem pagar".
Art. 130. É admissível o chamamento ao processo, requerido pelo réu:
I - do afiançado, na ação em que o fiador for réu;
II - dos demais fiadores, na ação proposta contra um ou alguns deles;
III - dos demais devedores solidários, quando o credor exigir de um ou de
alguns o pagamento da dívida comum.
Chamamento ao processo é hipótese de intervenção forçada de terceiro que
tem por objetivo chamar ao processo todos os possíveis
devedores de determinada obrigação comum, a fim de que se forme título
executivo que a todos apanhe.
Hipóteses:
· Admite-se o chamamento do afiançado quando o fiador for demandado.
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· Admite-se o chamamento ao processo dos demais fiadores quando a


ação for proposta apenas contra um deles.
· Admite-se o chamamento ao processo dos demais devedores solidários
quando o credor ingressar apenas contra um deles.
55. Cláudio, em face da execução por título extrajudicial que lhe moveu Daniel,
ajuizou embargos à execução, os quais foram julgados improcedentes. O advogado
de Cláudio, inconformado, interpõe recurso de apelação. Uma semana após a
interposição do referido recurso, o advogado de Daniel requer a penhora de um
automóvel pertencente a Cláudio.
Diante do caso concreto e considerando que o juízo não concedeu efeito suspensivo
aos embargos, assinale a afirmativa correta.
A A penhora foi indevida, tendo em vista que os embargos à execução possuem
efeito suspensivo decorrente de lei.
B O recurso de apelação interposto por Cláudio é dotado de efeito suspensivo por
força de lei, tornando a penhora incorreta.
C A apelação interposta em face de sentença que julga improcedentes os
embargos à execução é dotada de efeito meramente devolutivo, o que não
impede a prática de atos de constrição patrimonial, tal como a penhora.
D O recurso de apelação não deve ser conhecido, pois o pronunciamento judicial
que julga os embargos do executado tem natureza jurídica de decisão interlocutória,
devendo ser impugnada por meio de agravo de instrumento.
FUNDAMENTAÇÃO: APELAÇÃO - REGRA GERAL:EFEITO DEVOLUTIVO E
SUSPENSIVO
EMBARGOS DE DECLARAÇÃO - POSSUI EFEITO DEVOLUTIVO (fusão do juízo
a quo e do juízo ad quem), MAS NÃO POSSUI EFEITO SUSPENSIVO OPE
LEGIS.
AGRAVO DE INSTRUMENTO - NÃO TEM EFEITO SUSPENSIVO OPE LEGIS.
RECURSO INOMINADO (Lei 9.099/95, artigos 41 - 43) - EFEITO SOMENTE
DEVOLUTIVO
AGRAVO INTERNO - Admite efeito regressivo
Sandra Mara Dobjenski

RECURSO ESPECIAL(CF/88,105,III,a,b,c) - Não possui efeito suspensivo ope


legis,com exceção da hipótese do artigo 987,§1º,doCPC (acórdão oriundo de
julgamento de IRDR).
RECURSO EXTRAORDINÁRIO (CF/88 102,III,a,b,c,d) - Não possui efeito
suspensivo ope legis,com exceção da hipótese do artigo
987,§1º,doCPC(acórdão oriundo de julgamento de IRDR).
AGRAVO EM RECURSO ESPECIAL /RECURSO EXTRAORDINÁRIO - Admite
efeito regressivo
EMBARGOS DE DIVERGÊNCIA NO RE/RESP - Não possui efeito suspensivo
automático.
EFEITOS
 EFEITO DEVOLUTIVO: Será devolvida ao conhecimento do tribunal toda a
matéria efetivamente impugnada pela parte em seu recurso (tantum devolutum
quantum appellatum).
➢ EXTENSÃO DO EFEITO DEVOLTIVO: delimitação do objeto do recurso pela
parte recorrente (horizontal)
➢ PROFUNDIDADE DO EFEITO DEVOLUTIVO: possibilidade de reanálise de
todas as questões suscitadas ou de ordem pública (vertical)
 EFEITO SUSPENSIVO: forma de evitar a produção de efeitos da decisão
atacada enquanto estiver pendente o julgamento do recurso.
➢ pode ser:
o ope legis: quando expressamente previsto na legislação.
o ope judicis: concedido pelo relator quando houver:
▪ risco de dano grave, de difícil ou impossível reparação; E
▪ demonstração de probabilidade de provimento do recurso.
 EFEITO REGRESSIVO: possibilidade de o juiz prolator da decisão recorrida
(sentença ou interlocutória) “voltar atrás” e modificar a sentença, retratando-
se.
Art. 1.012. A apelação terá efeito suspensivo.
§ 1º Além de outras hipóteses previstas em lei, começa a produzir efeitos
imediatamente após a sua publicação a sentença que:
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I - homologa divisão ou demarcação de terras;


II - condena a pagar alimentos;
III - extingue sem resolução do mérito ou julga improcedentes os embargos do
executado;
IV - julga procedente o pedido de instituição de arbitragem;
V - confirma, concede ou revoga tutela provisória;
VI - decreta a interdição
56. A Associação “X”, devidamente representada por seu advogado, visando à
proteção de determinados interesses coletivos, propôs ação civil pública, cujos
pedidos foram julgados improcedentes. Ademais, a associação foi condenada ao
pagamento de honorários advocatícios no percentual de 20% (vinte por cento) sobre
o valor da causa.
Diante de tal quadro, especificamente sobre os honorários advocatícios, a sentença
está
A correta no que se refere à possibilidade de condenação ao pagamento de
honorários e, incorreta, no que tange ao respectivo valor, porquanto fixado fora dos
parâmetros estabelecidos pelo Art. 85 do CPC.
B incorreta, pois as associações não podem ser condenadas ao pagamento de
honorários advocatícios, exceto no caso de litigância de ma-fé, no âmbito da tutela
individual e coletiva.
C correta, pois o juiz pode fixar os honorários de acordo com seu prudente arbítrio,
observados os parâmetros do Art. 85 do CPC.
D incorreta, pois as associações são isentas do pagamento de honorários
advocatícios em ações civis públicas, exceto no caso de má-fé, hipótese em
que também serão condenadas ao pagamento do décuplo das custas.
FUNDAMENTAÇÃO: Lei 7.347 de 24 de Julho de 1985
Art. 18. Nas ações de que trata esta lei, não haverá adiantamento de custas,
emolumentos, honorários periciais e quaisquer outras despesas, nem
condenação da associação autora, salvo comprovada má-fé, em honorários de
advogado, custas e despesas processuais.
Art. 17. Em caso de litigância de má-fé, a associação autora e os diretores
responsáveis pela propositura da ação serão solidariamente condenados em
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honorários advocatícios e ao décuplo das custas, sem prejuízo da


responsabilidade por perdas e danos.
CPC, art. 85. A sentença condenará o vencido a pagar honorários ao advogado
do vencedor.
[...]
§ 2º Os honorários serão fixados entre o mínimo de 10 e o máximo de
20% sobre o valor da condenação, do proveito econômico obtido ou, não
sendo possível mensurá-lo, sobre o valor atualizado da causa, atendidos:
I - o grau de zelo do profissional;
II - o lugar de prestação do serviço;
III - a natureza e a importância da causa;
IV - o trabalho realizado pelo advogado e o tempo exigido para o seu serviço.
57. O edifício Vila Real ajuizou ação de execução das contribuições de condomínio
em atraso em face de Paper & Paper Ltda., proprietária da unidade 101.
Citada a ré em janeiro de 2018, não houve o pagamento da dívida e, preenchidos os
requisitos legais para tanto, houve a desconsideração da personalidade jurídica da
devedora, a fim de que seus sócios Ana e Guilherme, casados, fossem citados, o
que ocorreu em dezembro de 2018.
Posteriormente, o condomínio exequente identificou que Ana e Guilherme venderam
a Consuelo um imóvel de sua propriedade, em julho de 2018.
Considerando que a execução em tela é capaz de reduzir à insolvência de Paper &
Paper Ltda. e que não foram localizados bens penhoráveis de Ana e Guilherme,
assinale a afirmativa correta.
A A alienação realizada por Ana e Guilherme configura fraude à execução, e deverá
ser reconhecida independentemente da intimação de Consuelo.
B A alienação realizada por Ana e Guilherme configura fraude à execução e seu
reconhecimento não pode se dar antes da intimação de Consuelo, que poderá opor
embargos de terceiro.
C A alienação realizada por Ana e Guilherme não configura fraude à execução, pois
realizada antes da citação dos sócios.
D A alienação realizada por Ana e Guilherme não configura fraude à execução, uma
vez que a insolvência atingiria apenas a devedora original, e não os sócios
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FUNDAMENTAÇÃO: O enunciado fala em desconsideração da personalidade


jurídica da Paper & Paper e subsequente configuração, ou não, de fraude à
execução.
O problema é que não poderia ter ocorrido nenhuma das duas hipóteses.
Percebam que a dívida tem por origem o atraso no pagamento das
contribuições do condomínio do imóvel da unidade 101.
Trata-se de uma dívida propter rem, ou seja, uma relação entre
o ATUAL proprietário do bem e a obrigação decorrente da existência da coisa.
A obrigação é imposta ao titular adquirente da coisa, que se obriga a adimplir
com as despesas, no caso, do imóvel.
Vejamos o Código Civil quanto ao ponto:
Art. 1.345. O adquirente de unidade responde pelos débitos do alienante, em
relação ao condomínio, inclusive multas e juros moratórios.
Se o casal Ana e Guilherme venderam um imóvel (e, pelo enunciado, não é o
apartamento 101), isso simplesmente não guarda correlação com a dívida. Não
pode existir fraude à execução pois o imóvel do 101 ainda existe e ainda é de
propriedade da Paper & Paper.
Ou seja: faz a execução tendo por objeto o apartamento 101.
E se o imóvel vendido foi o apartamento 101, a cobrança da dívida passaria a
ser da personagem Consuelo, e não do casal. Afinal, a dívida segue o bem.
Simplesmente não cabe a desconsideração da personalidade jurídica da Paper
& Paper e muito menos configura fraude à execução. O bem responde pelas
dívidas!
Os sócios Ana e Guilherme SEQUER PODERIAM ser citados, e sim o
adquirente do imóvel, na negociação efetuada em julho de 2018, caso este seja
o apartamento 101, o que no enunciado não está claro. (QUESTÃO ANULADA)
DIREITO PENAL
58. Gabriel foi condenado pela prática de um crime de falso testemunho, sendo-lhe
aplicada a pena de 03 anos de reclusão, em regime inicial aberto, substituída a pena
privativa de liberdade por duas restritivas de direitos (prestação de serviços à
comunidade e limitação de final de semana).
Sandra Mara Dobjenski

Após cumprir o equivalente a 01 ano da pena aplicada, Gabriel deixa de cumprir a


prestação de serviços à comunidade. Ao ser informado sobre tal situação pela
entidade beneficiada, o juiz da execução, de imediato, converte a pena restritiva de
direitos em privativa de liberdade, determinando o cumprimento dos 03 anos da
pena imposta em regime semiaberto, já que Gabriel teria demonstrado não
preencher as condições para cumprimento de pena em regime aberto.
Para impugnar a decisão, o(a) advogado(a) de Gabriel deverá alegar que a
conversão da pena restritiva de direitos em privativa de liberdade
A foi válida, mas o regime inicial a ser observado é o aberto, fixado na sentença, e
não o semiaberto.
B foi válida, inclusive sendo possível ao magistrado determinar a regressão ao
regime semiaberto, restando a Gabriel cumprir apenas 02 anos de pena privativa de
liberdade, pois os serviços à comunidade já prestados são considerados pena
cumprida.
C não foi válida, pois o descumprimento da prestação de serviços à comunidade não
é causa a justificar a conversão em privativa de liberdade.
D não foi válida, pois, apesar de possível a conversão em privativa de
liberdade pelo descumprimento da prestação de serviços à comunidade,
deveria o apenado ser previamente intimado para justificar o descumprimento.
FUNDAMENTAÇÃO: É imprescindível a prévia intimação pessoal do
condenado, para que tenha oportunidade de esclarecer os motivos que o
lavaram ao descumprimento da pena alternativa.
Art. 44. As penas restritivas de direitos são autônomas e substituem as
privativas de liberdade, quando:
§ 4o A pena restritiva de direitos converte-se em privativa de liberdade quando
ocorrer o descumprimento injustificado da restrição imposta. No cálculo da
pena privativa de liberdade a executar será deduzido o tempo cumprido da
pena restritiva de direitos, respeitado o saldo mínimo de trinta dias de
detenção ou reclusão.
59. Enquanto assistia a um jogo de futebol em um bar, Francisco começou a
provocar Raul, dizendo que seu clube, que perdia a partida, seria rebaixado.
Inconformado com a indevida provocação, Raul, que estava acompanhado de um
Sandra Mara Dobjenski

cachorro de grande porte, atiça o animal a atacar Francisco, o que efetivamente


acontece. Na tentativa de se defender, Francisco desfere uma facada no cachorro
de Raul, o qual vem a falecer. O fato foi levado à autoridade policial, que instaurou
inquérito para apuração.
Francisco, então, contrata você, na condição de advogado(a), para patrocinar seus
interesses.
Considerando os fatos narrados, com relação à conduta praticada por Francisco,
você, como advogado(a), deverá esclarecer que seu cliente
A não poderá alegar qualquer excludente de ilicitude, em razão de sua provocação
anterior.
B atuou escorado na excludente de ilicitude da legítima defesa.
C praticou conduta atípica, pois a vida do animal não é protegida penalmente.
D atuou escorado na excludente de ilicitude do estado de necessidade.
FUNDAMENTAÇÃO: Legítima defesa
Art. 25 - Entende-se em legítima defesa quem, usando moderadamente dos
meios necessários, repele injusta agressão, atual ou iminente, a direito seu ou
de outrem.
ATENÇÃO !!!
Animal agiu por instinto= Estado de necessidade.
Animal agiu por provocação de pessoa = Legítima defesa.
60. Mário trabalhava como jardineiro na casa de uma família rica, sendo tratado por
todos como um funcionário exemplar, com livre acesso a toda a residência, em
razão da confiança estabelecida. Certo dia, enfrentando dificuldades financeiras,
Mário resolveu utilizar o cartão bancário de seu patrão, Joaquim, e, tendo
conhecimento da respectiva senha, promoveu o saque da quantia de R$ 1.000,00
(mil reais).
Joaquim, ao ser comunicado pelo sistema eletrônico do banco sobre o saque feito
em sua conta, efetuou o bloqueio do cartão e encerrou sua conta. Sem saber que o
cartão se encontrava bloqueado e a conta encerrada, Mário tentou novo saque no
dia seguinte, não obtendo êxito. De posse das filmagens das câmeras de segurança
do banco, Mário foi identificado como o autor dos fatos, tendo admitido a prática
delitiva.
Sandra Mara Dobjenski

Preocupado com as consequências jurídicas de seus atos, Mário procurou você,


como advogado(a), para esclarecimentos em relação à tipificação de sua conduta.
Considerando as informações expostas, sob o ponto de vista técnico, você, como
advogado(a) de Mário, deverá esclarecer que sua conduta configura
A os crimes de furto simples consumado e de furto simples tentado, na forma
continuada.
B os crimes de furto qualificado pelo abuso de confiança consumado e de furto
qualificado pelo abuso de confiança tentado, na forma continuada.
C um crime de furto qualificado pelo abuso de confiança consumado, apenas.
D os crimes de furto qualificado pelo abuso de confiança consumado e de furto
qualificado pelo abuso de confiança tentado, em concurso material.
FUNDAMENTAÇÃO: Furto', juntamente com roubo e homicídio, é um dos crimes
mais exigidos em provas objetivas - além de uma aplicabilidade de seu estudo,
há uma grande quantidade de informação doutrinária e jurisprudencial.
A presente questão traz o conhecimento do art. 155, §4º, II do CP.
Trata-se de furto porque ele subtraiu do patrimônio de Joaquim sem violência
ou grave ameaça. Qualificado pela confiança porque existia um laço de
lealdade histórico.
Apenas um consumado, porque no seguinte o cartão já se encontrava
bloqueado: crime impossível por absoluta ineficácia do meio (= cartão sem
aptidão para lesionar o bem jurídico). Por isso, não se pune a tentativa, por
expressa previsão do art. 17 do CP.
Art. 155, CP - Subtrair, para si ou para outrem, coisa alheia móvel:
Furto qualificado
§ 4o - A pena é de reclusão de dois a oito anos, e multa, se o crime é
cometido:
II - com abuso de confiança, ou mediante fraude, escalada ou destreza;

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