Planejamento Odontológico Integrado
Planejamento Odontológico Integrado
Planejamento Odontológico Integrado
Planejamento
odontológico integrado
José Leonardo Simone
Rodney Garcia Rocha
Carlos Alberto Adde
Waldyr AntÔnio Jorge
Flávio Eduardo Guillin Perez
Mario Sérgio Soares
Marcelo Munhóes Romano
Exame clínico
PARA PENSAR O sucesso de um tratamento odontológico integrado relaciona‑se
diretamente com a realização de um perfeito exame do paciente, um
Somente tratamos o que de
fato enxergamos, e somente
diagnóstico preciso e um bom planejamento para estabelecer o plano
enxergamos o que conhecemos. de tratamento. A avaliação do paciente deverá ser cuidadosa, criteriosa
e minuciosa. Essas características permitem desenvolver uma atitude
de curiosidade investigatória que conduz ao bom diagnóstico.
Não podemos deixar de considerar o caráter profissionalizante do
curso de Odontologia. Sob esse aspecto, conhecer a fisiopatologia
das doenças que acometem nossos pacientes e são observadas
durante a avaliação nos encaminha para opções de tratamento
variadas. Em outras palavras, somente tratamos o que de fato
enxergamos. Assim, revela‑se a importância da busca pelo
conhecimento continuado, pois é fato também que apenas
enxergamos o que conhecemos.
Nesta etapa do atendimento do paciente, ou seja, na avaliação,
encontra‑se a maior importância do clínico geral. A amplitude desse
processo será diretamente proporcional ao conhecimento adquirido
pelo estudante. A especialização precoce, se não for bem conduzida,
poderá diminuir a amplitude necessária para o atendimento inicial.
Portanto, as dificuldades encontradas na investigação e as dúvidas
sobre a interpretação de sinais e sintomas observados devem motivar
o aprimoramento científico e clínico.
O exame do paciente não se limita à verificação de lesões
da cavidade bucal. Tem início quando ele faz seu primeiro contato com
o profissional, que deve observar também seu comportamento
psíquico e locomotor. A sistemática do exame clínico completo
consiste em quatro etapas distintas:
• anamnese;
• exame clínico;
• exames complementares;
• diagnóstico.
Em relação à anamnese ou história clínica, normalmente os dados são
catalogados em documento próprio, que é um questionário aplicado
de maneira indireta (prontuário clínico), em que o paciente responde
a questões simples e ao alcance de sua compreensão (Anexo 1.1).
O questionário inclui o motivo pelo qual o paciente procurou o aluno
(problemas álgicos, estética, função, prevenção, etc.), bem como
detalhes da doença atual, tempo de instalação decorrido de seu
início e possíveis doenças sistêmicas. Permite ainda uma avaliação
geral do estado de saúde, dos antecedentes familiares, das causas
de óbitos na família e dos problemas odontológicos com implicações
nos descendentes, bem como dados sobre ocupação, hábitos,
personalidade e sua possível relação com os problemas apresentados.
Após o exame atento das respostas do paciente contidas no prontuário
clínico, uma anamnese, agora direta, deve ser conduzida com a
• espelho;
• pinça;
• explorador e sonda milimetrada;
• papel de articulação;
• fio ou fita dental;
• rolos de algodão;
• gaze;
• solução evidenciadora.
A sequência do exame clínico pode ser aleatória, mas o estudante deve
habituar‑se a uma sequência e mantê‑la em todos seus exames.
Devem ser examinados os lábios e a mucosa bucal.
• Lábios: são avaliados primeiramente com a boca fechada
e depois com a boca aberta, tracionando‑os para verificar textura,
elasticidade, transparência da mucosa, inserção de freios, etc.
• Mucosa bucal: formada por fundo de sulco, mucosa alveolar,
rebordo alveolar, mucosa jugal, língua, soalho bucal, palato duro
e mole. Deve ser inspecionada e palpada com muita atenção,
principalmente em áreas edêntulas e de interesse protético.
Exame INTRABUCAL
Periodonto de proteção
(cor, textura e contorno)
Para o estabelecimento do diagnóstico de doença periodontal, é
necessário avaliar manifestações clínicas no periodonto, valendo‑se,
além dos instrumentos comuns ao exame clínico, de uma sonda
periodontal específica (plástica ou metálica) que possua em sua
extremidade uma esfera de 0,5 mm e possibilite maior sensibilidade
tátil, facilitando a determinação apical da bolsa, com trauma mínimo.
Deve‑se proceder, pelo menos, ao levantamento do registro
periodontal simplificado e do índice de placa.
Para o cálculo do risco de patologia periodontal com registro
periodontal simplificado (PSR), inicialmente, as arcadas superior
Dentes
(presença de cáries, anodontia ou
ausências dentárias, erosões, desgastes)
O exame clínico da atividade de cárie visa examinar cada superfície
dentária utilizando os códigos descritos no prontuário clínico.
Oclusão
Após o exame minucioso do periodonto e das estruturas dentais, lembrete
deve ser examinada a inter‑relação entre os arcos dentários em
movimento, para chegarmos a um diagnóstico conclusivo visando O exame apurado da mastigação
compreende a avaliação
ao tratamento reabilitador. funcional das articulações
Para a análise da oclusão, é necessário compreender o temporomandibulares e dos
inter‑relacionamento dentário nos movimentos funcionais músculos da mastigação e
a análise da oclusão.
e a interação dos relacionamentos oclusais estático e dinâmico
baseados nos fundamentos da oclusão.
Dessa forma, ferramentas devem ser criadas para orientar a busca
de sinais e posteriormente a análise dos sintomas. O Quadro 1.2
apresenta os itens a serem considerados na análise da oclusão.
Análise dos movimentos mandibulares de interesse clínico – guia anterior, guia incisal,
guia do canino, guias condilares
Diagnóstico
Diagnóstico lato sensu Diagnóstico lato sensu pode ser definido como o conhecimento (efetivo
ou em confirmação) sobre algo no momento de seu exame; a descrição
Conhecimento sobre
minuciosa de algo, feita pelo examinador, classificador ou pesquisador;
algo no momento de seu exame,
ou o juízo declarado ou proferido sobre a característica de algo, com
descrição minuciosa ou juízo
base em dados e/ou informações obtidos por meio de exame.
declarado ou proferido sobre a
característica de algo. Em odontologia, diagnóstico é o processo analítico de que se vale o
cirurgião‑dentista no exame de um quadro clínico para chegar a uma
conclusão. É a parte do atendimento voltada à identificação de uma
eventual doença ou conjunto delas. Os dados compilados a partir de
sinais e sintomas, histórico clínico, exame físico e exames
complementares (laboratoriais, etc.) são analisados pelo estudante
e sintetizados em uma ou mais doenças. A partir dessa síntese, é feito
o planejamento para a eventual intervenção (ou tratamento) e/ou uma
previsão da evolução (prognóstico), com base no quadro apresentado.
Hoje em dia, a comunidade científica tem como filosofia aceitar os
instrumentos de diagnóstico que foram validados pelo método científico.
PLANEJAMENTO DO
TRATAMENTO ODONTOLÓGICO
lembrete A elaboração do plano de tratamento com a antecipação da
visualização do resultado final é alcançada pelo planejamento.
O planejamento antecipa as Essa difícil tarefa pressupõe o diagnóstico mais preciso possível,
inter‑relações entre os diversos além do conhecimento de todas as alternativas de tratamento e seus
tipos de tratamento com a
prognósticos. Requer ainda a adequação de todas essas variáveis às
finalidade de hierarquizar a
condições físicas, emocionais e sociais do paciente.
sequência de procedimentos,
minimizando o tempo de O plano de tratamento proposto deverá respeitar as condições
tratamento e otimizando os sistêmicas do paciente, o que está diretamente relacionado com
resultados. as contraindicações. Estas são facilmente verificadas, pois são
claramente definidas na literatura. Os limites de indicação das
chamadas contraindicações relativas são interpretados nesta etapa
de planejamento e, de certa forma, incluem assumir alguns riscos.
O tratamento proposto deverá ser tolerado pelas limitações sistêmicas
do paciente. Nem sempre o tratamento ideal, ou o mais divulgado na
mídia, será o melhor para o seu paciente.
A elaboração do plano de tratamento em etapas, independentemente
da complexidade das necessidades de tratamento, auxiliará a
condução das diversas técnicas operatórias, sem perder o foco
principal do estudante no controle e na manutenção da saúde bucal
de seus pacientes. Esse plano estabelecido conduzirá o tratamento,
mesmo quando executado por diversos profissionais da equipe
interdisciplinar, sob o olhar do clínico geral. Os procedimentos
envolvidos no plano de tratamento escolhido deverão seguir uma
sequência lógica e eficiente para que o tempo de tratamento, o
gerenciamento de materiais e os resultados sejam otimizados.
Didaticamente, os tratamentos poderão ser conduzidos em três
fases (Quadro 1.3):
Figura 1.1 – Início do caso: perda da dimensão vertical. Figura 1.2 – Enceramento de diagnóstico.
Figura 1.3 – Prova da prótese parcial removível Figura 1.4 – Instalação das próteses temporárias.
temporária e avaliação da recuperação
da dimensão vertical de oclusão.