Trilhas Do Imaginário: (Re) Visitando Espaços e Memórias
Trilhas Do Imaginário: (Re) Visitando Espaços e Memórias
Trilhas Do Imaginário: (Re) Visitando Espaços e Memórias
organizadoras
estruturante, é o que nos seduz à teoria,
às discussões, aos seus vôos.
TRILHAS DO IMAGINÁRIO
(re)visitando espaços e memórias
UNIVERSIDADE FEDERAL DA PARAÍBA
EDITORA UFPB
Editora filiada à:
Eunice Simões Lins
Heloísa Juncklaus Preis Moraes
organizadoras
TRILHAS DO IMAGINÁRIO
(re)visitando espaços e memórias
Editora UFPB
João Pessoa
2020
Direitos autorais 2020 – Editora UFPB
Catalogação na fonte:
Biblioteca Central da Universidade Federal da Paraíba
Livro aprovado para publicação através do Edital Nº 01/2019, financiado pelo
Programa de Apoio a Produção Científica – Pró-Publicação de Livros da Pró-
Reitoria de Pós-Graduação da Universidade Federal da Paraíba.
Apresentação.....................................................................................................07
Eunice Simões Lins | Heloisa Juncklaus Preis Moraes
1
Foto-grafia: registros de um ambiente como imagem de pertencimento
e memória afetiva – o pátio interno da Unisul, Tubarão/SC..................... 09
Heloisa Juncklaus P. Moraes | Ana Caroline Fernandes | Luiza Liene Bressan
2
“Terezinha”: representações imagéticas do negro
e seus significados.................................................................................. 39
Bruno Marcelo |Elivaldo Serrão Custódio
3
Técnica de Associação Semântica: uma metodologia possível
para os estudos do imaginário............................................................... 57
Leidiane Coelho Jorge
4
O retorno das Deusas: hermenêutica simbólica no imaginário
do Instagram Mulheres de Raízes.......................................................... 81
Jade V. de Azevedo | Eunice Simões Lins
6
Memória e resistência na ditadura brasileira: os manuscritos
de Linhares........................................................................................... 117
Christina Musse | Ramsés Albertoni Barbosa
7
Teoria do imaginário e capoeira: a hermenêutica simbólica
do imaginário cantado e vivido............................................................. 145
Adriano Florêncio | Marcos Nicolau
8
A casa do Bilbo Bolseiro: um olhar à intimidade do espaço,
outras conquistas e o retorno na obra O Hobbit................................ 165
Lucas Pereira Damázio | Luiza Liene Bressan | Heloisa Juncklaus P. Moraes
9
Presos que Menstruam: o gênero livro-reportagem reposicionando
imaginários sobre o cotidiano de mulheres encarceradas.................... 181
Bianca Dantas | Nayane Rodrigues | Eunice Simões Lins
10
O imaginário social na teledramaturgia brasileira
e o personagem transgênero........................................................... 197
Flávio Freitas Ferreira | Edielson R. da Silva | Cláudio C. de Paiva
11
O consumo das imagens espetaculares e trágicas na era
digital sob a perspectiva do imaginário no episódio White Bear
da série Black Mirror..................................................................... 215
12
Emanuelle Querino Alves de Aviz | Lucas Pereira Damázio
14
Notícia não é espelho: a construção da realidade e a influência
do imaginário no jornalismo......................................................... 277
Natália Xavier | Eunice Simões Lins
15
Memória e imaginário: a constituição de autobiografias simbólicas em
A Dança da realidade e Poesia sem fim, de Alejandro Jodorowsky...... 295
Agamenon Porfírio | Bertrand Lira | Esmejoano Lincol França
16
Cinema e representatividade: uma incursão às características
e discursos do cinema clássico e alternativo.................................. 327
Leonardo Gonçalves | Marcel Vieira Barreto Silva
17
Marcas do imaginário: estudo de caso da Graphic Novel MSP
Turma da Mônica Laços................................................................... 343
Jéssica Raissa Pessoa | Juliana Chacon | Alberto Pessoa
18
Criação, sexualidade e ascensão: o imaginário simbólico
no clipe God is a woman de Ariana Grande..................................... 363
Esmejoano Lincol França | Gilmara da Mata Farias | Sandra Raquew Azevêdo
19
A influência do Cinema Noir na releitura do videoclipe
Smooth Criminal.............................................................................. 395
Edyelton Marinho | Ed Porto Bezerra
Sobre os autores..............................................................................................427
|7
Apresentação
4 Para não comprometer a fluidez da leitura com o excesso do termo sic e para
melhor preservar o sentido e significação dos comentários, esclarecemos
que optamos por transcrevê-los ipsis litteris, inclusive com erros gramaticais
e ortográficos, comuns nos meios virtuais, fazendo somente um destaque
sublinhado para o termo/palavra recorrente.
Trilhas do imaginário | 19
38. Nossa que lindo que está, faz um tempinho que não
passo por ele. Saudades!!!
39. Entre os estudos e afazeres deparo-me com o lindo
jardim da #Unisul
40. Nossa, que lindo que está, faz um tempinho que não
passo por ele. Saudades!!!
41. Belo trabalho na época professor (...) hoje está
maravilha de jardim!!!
42. Lembro da enchente. Passou, e agora, lindo ficou.
43. É isso mesmo! Esta lindo e recebendo todo o cuidado
que merece #unisul
44. Muito lindo..
45. Lindo nosso jardim, maravilhoso!!!
46. É um lindo lugar!
47. Lindíssimo. Este jardim ficará para sempre no
pensamento e na saudade de muitos corações. Beijos
48. Lindo, lindo, lindo. Felicidades a todos
49. Muito lindo. Parabéns pelo cuidado com o jardim
que já é patrimônio.
50. Lindo demais.
51. Esse jardim é maravilhoso, adoro contemplá-lo! que
continue sempre assim trazendo bem estar e alegria
pela sua simples beleza!!!
52. Também acho maravilhoso!
53. Lindo esse jardim!
54. Não me canso de fotografa-lo [sic] (....)
55. Merece vários registros (...)
56. Lindooo
57. Não tem como não amar e admirar esse jardim,
simplesmente lindo
26 | Trilhas do imaginário
Referências
AGOSTINHO, Santo. As confissões. Os pensadores. São Paulo: Abril
Cultural, 1987.
ASSMANN, Aleida. Espaços da recordação: formas e transformações da
memória cultural. Tradução Paulo Soethe. São Paulo: Unicamp, 2011.
BACHELARD, Gaston. A poética do espaço. In: BACHELARD, G. Seleção
de textos de José Américo Motta Pessanha. 2. ed. São Paulo: Abril
Cultural, 1984, p. 181-354.
BENJAMIN, Walter. A obra de arte na era de sua reprodutibilidade
técnica. In: BENJAMIN, W. Magia e técnica, arte e política: ensaios
sobre literatura e história da cultura. 3.ed. São Paulo: Brasiliense, 1987.
BERGER, John. Para entender uma fotografia. São Paulo: Companhia
das Letras, 2017.
BRESSAN JUNIOR, Mario Abel. A memória afetiva e os telespectadores:
um estudo do Canal Viva. Programa de Pós-Graduação em Comunicação
Social. PUC-RS. Tese de Doutorado. 2017. Disponível em: <http://hdl.
handle.net/10923/10391>. Acesso em: 28 out 2018.
BOSI, Ecléa. O tempo vivo da memória. Ensaios de Psicologia Social.
3 ed. São Paulo: Ateliê Editorial, 2003.
DURAND, Gilbert. As estruturas antropológicas do imaginário:
introdução à arquetipologia geral. São Paulo: Martins Fontes, 2002.
DURAND, Gilbert. Ciência do Homem e Tradição: o novo espírito
antropológico. São Paulo: Triom, 2008.
ELIADE, Mircea. Imagens e Símbolos. São Paulo: Arcádia, 1952.
ELIADE, Mircea. Mito e realidade. São Paulo: Perspectiva, 1972.
ELIADE, Mircea. O sagrado e o profano. São Paulo: Martins Fontes, 1992.
FLUSSER, Vilém. Ensaio sobre a fotografia: para uma filosofia da
técnica. Lisboa: Relógio D’Água, 1998.
FLUSSER, Vilém. Filosofia da caixa preta: ensaios para uma futura
filosofia da fotografia. São Paulo: Hucitec, 1985.
JUNG, Carl Gustav. Os arquétipos e o inconsciente coletivo. Tradução
de Maria Luíza Appy e Dora Mariana R. Ferreira da Silva. Petrópolis:
Vozes, 2000.
38 | Trilhas do imaginário
1 Situando o leitor
Na contemporaneidade, as imagens televisivas entram na
maioria dos lares brasileiros. O aparelho de TV massificou-se e,
atualmente, é difícil não encontrarmos um lar brasileiro que não faça
uso desse aparelho. As imagens veiculadas pela televisão certamente
ajudam a compor nossos imaginários e também nos influenciam em
nossas maneiras de ser e estar no mundo. Especificamente, nesse
artigo, tratamos da representação imagética e social de uma mulher
negra que vive na periferia.
O mote principal do artigo é analisar, pela perspectiva da
semiótica, os usos e sentidos dessa personagem e seus “supostos”
desdobramentos na vida social dos receptores dessa imagem televisiva.
É importante lembrar que a imagem analisada é veiculada em um
Foto 3 – Terezinha16
5 Considerações finais
As emissoras, por meio da televisão e de seus comerciais e
propagandas, estimulam o consumismo, que é uma das características
do capitalismo. Dessa forma, percebe-se que a mídia tem um poder
enorme na construção de identidades, principalmente por meio das
telenovelas, que estão presentes no dia a dia da sociedade brasileira,
transmitindo imagens que formam/reforçam arquétipos, tanto de
forma explícita como sutil, sobre as características das pessoas negras
– em sua maioria física – que os distanciam dos brancos, maiores
vão ser sua inserção em cargos subalternos. Isso serve tanto para
os negros quanto para os índios.
A característica de semelhança entre signos da imagem e o
seu objeto de referência é também uma das causas para a polissemia
do conceito de imagem. Partindo de um modelo triádico de signo, o
signo de imagem se constitui de um significado visual, que remete
a um objeto de referência ausente e evoca no observador um
significado ou ideia do objeto. Já que o princípio da semelhança
possibilita ao observador unir três elementos constitutivos do signo,
não é de estranhar que o conceito de imagem seja reencontrado nas
denominações de cada um dos três constituintes.
A maneira como organizamos o tempo e o espaço nas nossas
mentes e nas nossas vidas depende de como as próprias mídias
tratam o tempo e o espaço. Talvez a realidade virtual seja o lugar
em que o tempo e os espaços estejam reunidos. As mídias também
determinam que tipo de associação mantemos com os vários
conteúdos que elas produzem para nós. Qual a consequências
disso tudo? Somos moldados pela cultura da tecnologia? Estamos
mudando de uma cultura de sensibilidade de leitor, telespectador
para uma cultura de usuários alienados pelos bombardeios de
imagens. Estamos deixando de viver algo coletivo para viver ao
conectivo, e a importância disso é que o conectivo permite que
se integre tanto a psicologia do grupo como a do indivíduo com
respeito mútuo.
Trilhas do imaginário | 55
Referências
ARAUJO, Joel Zito Almeida de. A negação do Brasil: o negro na
telenovela brasileira. São Paulo: Editora Senac, 2004.
CANAL MULTISHOW. Vai que cola. Disponível em: <http://multishow.
globo.com/programas/vai-que-cola/terezinha-128.htm. Acesso em: 25
set. 2016.
CANAL MULTISHOW. Terezinha. Disponível em: <http://s2.glbimg.com/
jFbNSU6QsGkIsHGqQCLnx1l6yM=/0x584/g.glbimg.com/og/gs/gsat4/f/
original/2014/02/27/Terezinha-1_7189652322397445490.jpg.>. Acesso em:
25 set. 2016.
CUSTÓDIO, Elivaldo Serrão. Políticas públicas e direito ambiental
cultural: as religiões de matrizes africanas no currículo escolar no
Amapá, 2014, 198f. Dissertação (Mestrado em Direito Ambiental e
Políticas Públicas) - Universidade Federal do Amapá, Macapá, 2014.
D’ ADESKY, Jacques. Pluralismo étnico e multiculturalismo: racismo e
antirracismos no Brasil. Rio de Janeiro: Pallas, 2005.
FERREIRA, Aurélio Buarque de Holanda. Novo Dicionário Aurélio da
Língua Portuguesa. Rio de Janeiro: Editora Nova Fronteira, 2011.
GOMES, Nilma Lino. Educação Antirracista Caminhos Abertos pela
Lei Federal 10.639/2003. MEC, 2005.
KELLNER, David. Lendo imagens criticamente: em direção a uma
pedagogia pós-moderna. In: SILVA, Tomas T. (Org.). Alienígenas na sala
de aula: uma introdução aos estudos culturais em educação. Rio de
Janeiro: Vozes, 1995.
56 | Trilhas do imaginário
1 Introdução
A Técnica de Associação Semântica consiste em um modelo
metodológico desenhado para alcançar os objetivos lançados durante
a trajetória de pesquisas que priorizam análises hermenêuticas
observadas sob a ótica da teoria do Imaginário. Sua construção foi
pensada de modo a atender as especificidades da tese de doutorado
intitulada “O imaginário e as recorrências simbólicas narradas pelos
descendentes dos colonizadores europeus sobre os índios Laklãnõ
Xokleng: memória e associação semântica na construção histórica
de José Boiteux – SC”. A referida pesquisa que tinha como objetivo
“compreender o imaginário e as recorrências simbólicas narradas
pelos descendentes dos colonizadores europeus sobre os índios
Laklãnõ Xokleng partindo de um estudo de caso no município de Jose
Boiteux – SC”, demonstrava a necessidade de uma técnica específica
que correspondesse às pretensões da pesquisa, mas que permitisse
ao mesmo tempo, envolvimento com os colaboradores, mas sem
induzir nos relatos e corromper os resultados.
Para tanto, iniciamos uma busca por referenciais bibliográficos
diversos que tratassem de propostas metodológicas de ação que
valorizassem o ‘sentido’ da palavra e as ‘motivações’ imbricadas nela.
1. Imigrantes
2. Colonização
3. Índios
4. Herói
5. Terra
6. Disputa/luta
7. Medo
5 Descrição do objeto
Nosso objeto de pesquisa é resultante da aplicação da Técnica
de Associação Semântica - TAS junto aos moradores do município de
José Boiteux, pertencente à mesorregião do Alto Vale do Itajaí, em
Santa Catarina. A visita ao local em estudo aconteceu entre os dias
25 e 28 de dezembro de 2017, quando foi realizado o reconhecimento
mais detalhado das características do município, pois em nossa
primeira visita à região, ainda no ano de 2014, data de início do
projeto de pesquisa, isso não havia sido possível.
O emprego da TAS resultou na coleta de 140 registros orais
gravados em áudio provenientes da exposição das sete iscas semânticas
listadas anteriormente. Reforçamos que a única ação empreendida
pela pesquisadora foi esclarecer aos participantes que se tratava de
uma pesquisa, além de explanar o modo como se daria a aplicação
da Técnica de Associação Semântica.
As iscas semânticas serviram de eixos norteadores e ativadores
das memórias dos relatores e propiciaram à pesquisadora uma
percepção ampliada dos elementos e marcas que compõem o
68 | Trilhas do imaginário
6.2 Mitologemas
Os mitologemas correspondem ao tema ou à ideia-força da
narrativa. Eles resultam do empobrecimento do mitema, porque é
uma narrativa resumida e abstrata de uma situação mitológica, o
esqueleto de uma obra (DURAND, 1983, p. 32). Enquanto resumo, o
mitologema permite dimensionar a amplitude do mito e estabelecer-se,
portanto, “como um tema constituído de unidades mais significativas
e menos redundantes que o mitema” (TEIXEIRA, 2013, p. 65).
6.4 Variantes
Com o passar do tempo, o mito sofre alterações em suas
características e “assume outras funções ou acrescenta outros
elementos a sua imagem” (GOMES, 2011, p. 110). A flexibilidade
74 | Trilhas do imaginário
8 Considerações finais
Durante o andamento da pesquisa e na busca por conservar
a integridade dos dados, pensamos em utilizar uma técnica em que
o pesquisador não influenciasse os/nos relatos, por isso idealizamos
a Técnica de Associação Semântica, resultante da junção de
características de três métodos diferentes que foram convergidos
em um único modelo.
A utilização das iscas semânticas que, por sua vez, originaram-
se dos exaustivos estudos bibliográficos, serviu de estratégia para
que as memórias fossem acessadas e o imaginário viesse à tona. A
aplicação da Técnica de Associação Semântica torna o pesquisador
Trilhas do imaginário | 79
Referências
AMADO, Janaína; FERREIRA, Marieta de Moraes. Usos e abusos da
história oral. 4 ed. – Rio de Janeiro: Editora FGV, 2001.
DURAND, Gilbert. Mito e sociedade: a mitánalise e a sociologia das
profundezas. Lisboa: A regra do jogo, 1983.
DURAND, Gilbert. Sobre a exploração do imaginário, seu vocabulário,
métodos e aplicações transdiciplinares: mito, mitanálise e mitocrítica. R.
Fac. Educ., 11 (1/2): 243-273, 1985.
DURAND, Gilbert. Campos do Imaginário. Lisboa: Instituto Piaget, 1996.
DURAND, Gilbert. O Imaginário. 2 ed, Rio de Janeiro: DIFEL, 2001.
DURAND, Gilbert. As estruturas antropológicas do imaginário:
introdução à arquetipologia geral. São Paulo: Martins Fontes, 2002.
DURAND, Yves. Imaginário e Psicologia. In: ARAÚJO, Alberto Filipe;
BAPTISTA, Fernando Paulo. Variações sobre o Imaginário: domínios,
teorizações e prática hermenêuticas. Lisboa: Instituto Piaget, 2003.
FERREIRA-SANTOS, Marcos; ALMEIDA, Rogério de. Aproximações ao
Imaginário: bússola de investigação poética. São Paulo: Képos, 2012.
GOMES, Eunice Simões Lins. A catástrofe e o imaginário dos
sobreviventes: quando a imaginação molda o social. 2. ed. João Pessoa:
Editora UFPB, 2011.
LEGROS, Patrick et al. Sociologia do Imaginário. Porto alegre: Sulina,
2007.
MEIHY, José Carlos Sebe Bom. Manual de história oral. São Paulo:
Edições Loyola, 1996.
80 | Trilhas do imaginário
1 Introdução
O imaginário acerca do feminino é composto por séculos de
processos civilizatórios que criaram redes simbólicas e discursivas a
respeito das mulheres de acordo com as nuances culturais, econômicas
e religiosas vigentes.
Nos primórdios da civilização a figura do feminino aparece
entrelaçada a figura da Terra (Gaia) fonte de fecundidade que gera
e alimenta todos os homens. Com o descobrimento das técnicas
agrícolas que se tornaram a base da estrutura social e através do
viés místico que sempre acompanhou a história da civilização,
os homens primitivos associaram a fecundidade da terra, com
a fecundidade provida no ventre da mulher, concedendo a elas
um status de destaque social por gerarem o essencial para a
sobrevivência da espécie.
3 Considerações finais
Através da investigação do imaginário, utilizando a
hermenêutica simbólica proposta por Durand (2012) no seu trajeto
antropológico, do auge das sociedades matriciais, passando pelo seu
declínio e analisando seu resgate através do Instagram “Mulheres
de Raízes”, observa-se uma tentativa de retorno ao imagético do
sagrado feminino na sociedade atual.
As mulheres buscam a eufemização da carga opressora que
foi imputada as mesmas ao longo do tempo. Elas se unem, inclusive
em eventos presenciais como workshops e rodas de conversas
divulgadas no próprio perfil do Instagram do “Mulheres de Raízes”,
para redescobrirem juntas as Deusas que um dia foram utilizando
as redes sociais como intermediadoras dessa ligação digital e física
e como palco para suas trocas discursivas.
Observa-se a busca da liberdade de ser e existir: ora Deusas,
ora nefastas, ora identificadas no regime Diurno, ora no Noturno.
Seres livres para explorarem todas as suas nuances. As mulheres
almejam sua simbolização como sujeitas detentoras do direito
de exercerem suas pulsões de desejos, de sonhos e de vida, sem
que a existência masculina se sobreponha. E sob as bênçãos das
Deusas, as mulheres se ressignificam em busca de desbravar os
seus próprios caminhos.
Referências
ARAÚJO, Mariclécia. A mitologia arquetípica feminina em imagens
primordiais: os encontros. Disponível em: <https://www.publionline.iar.
unicamp.br/index.php/abrace/article/view/952>. Acesso em: 24 ago. 2018.
BEAUVOIR, Simone. O segundo sexo – Fatos e mitos. Vol I. São Paulo:
Difusão Europeia do Livro, 1970.
Trilhas do imaginário | 99
1 Introdução
Os estudos da memória vêm ganhando destaque atualmente
em função da quantidade de trabalhos publicados e apresentados
sobre o tema e o interesse social em recuperar formas de lembranças,
buscando algo do passado para recordar e viver.
As lembranças coletivas, bem como a identidade social dos
indivíduos, marcam uma trajetória no tempo e espaço. Mesmo
sendo subjetiva, a memória é um tipo de narrativa que volta a ser
rememorada com as percepções e lembranças.
Percebemos a televisão como um instrumento que transformou
hábitos sociais e globalizou culturas. Desde a sua implantação, várias
foram as suas fases e surgem distintas discussões, mas ela permanece
como meio de comunicação influente na transmissão de informação,
cultura e entretenimento.
Entender a memória é essencial para as diversas áreas em
que a sociedade participa, pois cada vez mais se percebe a volta
de elementos do passado, configurando um presente nostálgico,
composto por lembranças e memórias. Na moda, na arquitetura, no
design, constatamos esse movimento. Objetos de decoração e produtos
da “linha retrô”, por exemplo, também fazem parte deste contexto.
4 Considerações Finais
O fenômeno da memória teleafetiva pode ser explicado,
porque há um prazer em voltar ao passado com as imagens da
Trilhas do imaginário | 115
Referências
BOSI, Ecléa. Memória e Sociedade: lembranças de velhos. 3.ed. São
Paulo: Companhia das Letras, 1994.
BRESSAN JÚNIOR, Mario Abel. A Memória Afetiva e os
Telespectadores: um estudo do Canal Viva. 2017. Tese (Doutorado em
Comunicação Social) – PUCRS, Porto Alegre, 2017.
CÁDIMA, Francisco Rui. História e crítica da comunicação. Lisboa:
Século XXI, 1996
CÁDIMA, Francisco Rui. A televisão ‘light’ rumo ao digital. Lisboa: Rés
XXI / Formalpress, 2006.
FERRÉS, Joan. Televisão subliminar: socializando através de
comunicações despercebidas. Porto Alegre: Artmed, 1998.
HALBWACHS, Maurice. A memória coletiva. São Paulo: Centauro, 2003.
HUYSSEN, Andréas. Seduzidos pela memória: arquitetura,
monumentos, mídia. Rio de Janeiro: Aeroplano, 2000.
LE BRETON, David. As paixões ordinárias: antropologia das emoções.
Petrópolis, RJ: Vozes, 2009.
SCHMIDT, Maria Luisa; MAHFOUD, Miguel. Halbwachs: Memória
Coletiva e Experiência. Psicologia USP. V. 4. N. 1-2, 1993. Disponível em:
<http://www.revistas.usp.br/psicousp/article/view/34481>. Acesso em: 22
ago. 2015.
WOLTON, Dominique. Elogio do grande público: uma crítica da
televisão. São Paulo: Ática, 1996.
| 117
SOCIALISTAS
Presos há mais de 1 ano, aguardando julgamento,
os acusados têm responsabilidade nas atividades do
Grupo Colina e reconheceram os objetivos socialistas
a que se propuseram. Pedro Paulo Bretas, um deles
(filho de um dos mais poderosos fazendeiros de
Goiás e excelente aluno da Faculdade de Medicina
de Belo Horizonte) também confessou ser membro
do esquema de expropriação do grupo, embora
lembrando que não estivesse presente em dois
assaltos citados pelo juiz Mauro Telles (CONSELHO,
21 mar.1970, p. 8).
33 Ângela Maria Pezzuti, tia dos presos, foi indiciada por tentar contrabandear
informações sobre a situação política de outros grupos de guerrilha urbana
para os sobrinhos.
Trilhas do imaginário | 141
8 Considerações finais
Ao resgatar parte dos registros de resistência ao golpe civil-
militar de 1964, no Brasil, por parte de militantes políticos e de
outros ativistas, na cidade de Juiz de Fora, durante as décadas de
1960 e 1970, através de pesquisas em processos jurídico-militares,
dos depoimentos cedidos à Comissão Municipal da Verdade de Juiz
de Fora, e em periódicos jornalísticos, foi-nos possível reconstruir a
história do período. A pesquisa enveredou na análise de pequenas
redes colaborativas de informação, em especial o manuscrito “Até
Sempre 3”, que procurou romper o cerco da censura e do arbítrio,
e enfrentar o silenciamento da imprensa local e nacional a respeito
de histórias de violação de direitos humanos. Apesar de ter sido
apreendido, o frágil manuscrito revela a coragem dos presos políticos
na tentativa de denunciar publicamente os abusos e torturas a que
eram submetidos. A dimensão dos processos em que essas tentativas
de denúncia são narradas revelam o zelo das autoridades militares
em investigar e punir qualquer desvio ao controle do Estado. A
investigação documental dos Processos 73/69 e 32/70 possibilitou
uma nova compreensão da história recente do país.
É necessário ressaltar que o acesso aos acontecimentos narrados
por estratégias alternativas de comunicação se deu também a partir
dos arquivos da própria repressão que fez um minucioso trabalho de
controle e vigilância que nos possibilitou essa pesquisa. Se os arquivos
são instituições de memória cultural, igualmente o são lugares de
memória investidos de uma aura simbólica que ultrapassa sua mera
aparência material e sua funcionalidade, cujos documentos refletem
as atividades que lhes deram origem; portanto, é preciso compreender
e analisar suas contradições, seu velamento e seu desvelamento, pois
foram produzidos na vigência de regimes de exceção, cuja hipertrofia
documental constitui uma de suas características.
No que concerne à relação do manuscrito “Até Sempre 3” com
o jornal” Diário Mercantil”, conclui-se que, apesar das acusações
proferidas pelos presos políticos, registradas nos autos do processo
Trilhas do imaginário | 143
Referências
ARBEX, Daniela. Cova 312. São Paulo: Geração Editorial, 2015.
BRASIL nunca mais: um relato para a história. Petrópolis, RJ: Vozes, 1985.
COMISSÃO ESTADUAL DA VERDADE DE MINAS GERAIS. http://www.
comissaodaverdade.mg.gov.br/ Acesso em: dez 2017.
COMISSÃO MUNICIPAL DA VERDADE DE JUIZ DE FORA. Disponível em:
http://www.ufjf.br/comissaodaverdade Acesso em: jul 2017.
COMISSÃO NACIONAL DA VERDADE. Disponível em: http://www.cnv.gov.
br. Acesso em: jul 2017.
CONSELHO permanente ouviu membros do grupo “Colina”. Diário
Mercantil, 21 de março de 1970, p. 8.
ESTADO terá dificuldade para amenizar o presente de grego da peniten-
ciária de JF. Diário Mercantil, Juiz de Fora, 25 de janeiro de 1966, p. 05.
FICO, Carlos. O golpe de 1964: momentos decisivos. Rio de Janeiro:
Editora FGV, 2014.
144 | Trilhas do imaginário
Adriano Florencio38
Marcos Nicolau 39
1 Introdução
O presente artigo traz uma compreensão da Teoria do
Imaginário e a Capoeira numa ótica específica, trabalhando sob
forma de perspectiva analítica com as músicas que são cantadas
e entoadas nas rodas de capoeira, o que as coloca aqui em nossa
pesquisa como objeto de estudo. Assim, buscamos compreender
dentro dos aspectos simbólicos e significantes que o imaginário nos
fornece, utilizando para isso o aporte da Análise de Discurso.
Por isso nosso estudo se apropria de uma das expressões
artísticas mais significativas da cultura brasileira, um misto de
dança, canto e luta. A Capoeira tem dentro de si por natureza um
jogo de significados e ressignificações que induziram e teceram os
fios dessa teia de descobrimento e revelações de ordem interna e
externa, articulando a Capoeira com as representações do imaginário
social. São sob esses termos que fundamos essa pesquisa.
2 Capoeira e imaginário
A Capoeira é para muitos antes de tudo um instrumento
de libertação, sendo assim um genuíno fruto do imaginário.
Os negros brasileiros criaram a Capoeira para que através de
sua prática pudessem lutar para alcançar duas liberdades. A
primeira liberdade que pode ser compreendida é a de seu corpo
nas emboscadas sofridas contra Capitães do Mato e Feitores já
que muitas vezes não dispunham de armas de fogo como seus
algozes. E a segunda liberdade compreendida é a de suas mentes
contra o sistema vigente à época (escravagista) que os mantinha
cativos da crueldade e desumanidade que no Brasil perdurou por
trezentos anos.
Tendo assim nessa necessidade imanente de se transportar
das condições que lhe foram impostas nasce essa arte criada
primordialmente para luta uma ferramenta que foi espelhada em
movimentos de animais selvagens para que assim pudessem lhe
dar a defesa tão necessária, quanto o ataque, e também libertava
a mente do escravizado contra um sistema altamente desumano
que pretendia limitar até suas capacidades de sonhar. Mesmo
Trilhas do imaginário | 149
Na batalha de Riachuelo
O negro surpreendeu
E com rasteira e cabeçada
A vitória aconteceu
5 Considerações finais
Vimos nesse artigo que através da musicalidade fornecida
pela capoeira no cantar de temáticas antigas ou contemporâneas
é possível visualizar e remontar a luta vivida durante o passado
escravista do Brasil, que em diversos escritos é resumido numa
busca por liberdade.
Essa tão sonhada liberdade foi materializada dentro das
nossas expressões culturais das quais a capoeira é um exemplo, pois
através dela antes mesmo de se alcançar a liberdade do corpo se fez
a liberdade da alma, do espírito, e da mente através do imaginário.
Essas canções que foram aqui apresentadas como fragmentos
do grande campo interpretativo do imaginário no qual acreditamos
que a capoeira se insere, servem também como retrato cognitivo
da relação homem x sociedade. Cada indivíduo devido sua visão
de mundo e particularidades de relacionamento com outros de sua
sociedade e de seu tempo apresenta de maneira variada.
A relação intrínseca sobre a Teoria do Imaginário demonstrada
a partir das concepções de Bachelard, Durand e Maffesoli, nos dão
fôlego para traçar outras perspectivas na qual o imaginário pode ser
instrumento de pesquisa sobre os elementos da cultura afro-brasileira.
160 | Trilhas do imaginário
Referências
AMBRÓSIO, Milanna Carvalho. GAVIRATI, Vitor Franco. SIQUEIRA,
Graciene Silva de. Cinema e Jornalismo: Uma Análise da Representação
da Prática Jornalística em Filmes. In. XIII Congresso de Ciências
da Comunicação na Região Norte – Belém – PA – 01 a 03/05/2014.
Disponível em: <http://www.portalintercom.org.br/anais/norte2014/
resumos/R39-0221-1.pdf>. Acesso em: Set 2018.
ANAZ, Sílvio. Matrizes arquetípicas da cultura midiática: o imaginário
científico-tecnológico do cinema mainstream. In. XXXVIII Congresso
Brasileiro de Ciências da Comunicação – Rio de Janeiro, RJ – 4
Trilhas do imaginário | 161
1 Introdução
Por décadas o imaginário foi visto pela ciência como “a louca
da casa” (DURAND, 2001). Estudar o imaginário significava adentrar
no universo do irreal ou do esotérico. Para muitos cientistas do século
XIX, que tinham em sua formação uma base racionalista, pautada
na lógica aristotélica e nos estudos cartesianos de René Descartes,
não era viável ordenar e classificar o imaginário. Os pesquisadores
compreendiam que havia muita aleatoriedade no ato de imaginar.
Era uma tarefa complexa encontrar uma regularidade ou um método
de racionalizar a produção de imagens da imaginação humana.
Contudo, em 1938, a partir das investidas de Gaston Bachelard,
filósofo e professor francês, as pesquisas sobre o imaginário ganharam
um novo fôlego e voltaram a circular no âmbito acadêmico. Isso
Foi nesse instante, depois da derrota contra essa fera voadora, que
os anões ficaram terrivelmente abalados. Isso pelo fato de que, conforme
Bachelard (2000), o lar de um indivíduo é um corpo de imagens que
fornece ilusões de estabilidade. Em Erebor, os anões tinham essa ilusão
de estarem protegidos, de serem intocáveis. Contudo, a chegada de
Smaug, com seu poder quase indestrutível, rompeu com essa ilusão. Os
anões observaram seu lar ser conquistado pela ganância dessa criatura
terrível. Com isso, houve um enorme trauma no imaginário da raça dos
anões. As imagens do lar seguro ficaram apenas na memória. A doce
ilusão da casa protegida se foi. O que sobrou foi um ódio enorme, uma
sede de vingança contra Smaug. Uma vingança que, durante o enredo
do livro O hobbit, viria a acontecer.
4 O retorno ao lar
Após inúmeras investidas, Smaug finalmente conquistou a
Montanha Solitária. O dragão tomou posse das riquezas dos anões,
além de fazer de Erebor a sua residência. Derrotados e enfraquecidos,
os anões escaparam do cerco fugindo para o sul, onde permaneceram
por séculos. Mas a vingança ainda estaria por vir.
No ano de 2941, Thorin Escudo de Carvalho, filho de Thrain I,
mais alguns guerreiros e seu amigo, o mago Gandalf, e o hobbit Bilbo
Bolseiro formaram um grupo com a meta de reconquistar o antigo
reino de Erebor, pegar os seus tesouros e matar o dragão Smaug
para vingar a morte de seus antepassados:
5 Considerações finais
Bachelard (2000), em seu livro A Poética do Espaço, determinou
como meta científica fazer do espaço instrumento de análise para a
alma humana. Desde o início da obra, o filósofo realizou uma análise
sobre as imagens desencadeadas por meio do contato de renomados
autores de literatura internacional com determinados espaços, como
a casa, a cabana, a gaveta, o cofre, o armário, entre outros.
A proposta do filósofo consistia em chegar, por meio da análise
de poesias, na profundidade das imagens geradas pela relação entre
homem e ambiente. Bachelard (2000) acreditava que o contato como
a casa da infância ou qualquer outro espaço produzia no imaginário
do indivíduo imagens profundas e marcantes. Godinho (1999, p. 59),
ao analisar narrativas literárias, chega à conclusão:
Referências
BACHELARD, G. A poética do espaço. São Paulo: Martins Fontes, 2000.
CASSIRER, E. Ensaio sobre o Homem: introdução a uma filosofiada
cultura humana. São Paulo: Martins Fontes, 1994.
DURAND, G. As estruturas antropológicas do imaginário. Lisboa:
Presença, 2012.
DURAND, G. Exploração do Imaginário. In: PITTA, Daniele Perin Rocha
(org.) O Imaginário e a Simbologia da Passagem. Recife: editora
Massangana, 1984.
DURAND, G. O imaginário: ensaio acerca das ciências e da filosofia da
imagem. Rio de Janeiro: Difel, 1998.
GODINHO, Helder. História, educação e imagem. In: ARAÚJO, Alberto
Filipe; MAGALHÃES, Justino. História, educação e imaginário.
Universidade do Minho, 1999.
TOLKIEN, J. R. R. O Hobbit. São Paulo: Martins Fontes, 2013.
| 181
Bianca Dantas51
Nayane Rodrigues52
Eunice Simões Lins53
1 Introdução
No Brasil, 72% dos autores publicados são homens. Isso
quer dizer que as mulheres também são minoria (28%) no mercado
editorial. É o que aponta a pesquisa de Regina Dalcastagné, presente
no livro Literatura Brasileira Contemporânea – um território
contestado (2012), que analisou 258 obras publicadas entre os
anos de 1990 e 2004 pelas editoras Companhia das Letras, Rocco
e Record.
Enquanto personagens, na maioria das 258 obras analisadas,
as mulheres ainda aparecem como donas-de-casa ou objetificadas
sexualmente. Ou seja, esse estudo nos revela que as mulheres
estão sujeitas às desigualdades de gênero também no mercado
editorial, enfrentando dificuldades tanto para publicar quanto
para se estabelecerem como escritoras. Além disso, as obras ainda
55 De acordo com os dados, 74% das unidades prisionais são destinadas aos
homens; 17% são mistas (celas específicas para mulheres em estabelecimentos
originalmente masculinos) e 2% sem informação.
184 | Trilhas do imaginário
6 Considerações finais
Os resultados mostraram que o gênero livro-reportagem
potencializa os recursos do jornalismo, permitindo uma abordagem
mais aprofundada acerca da vida, da realidade e do cotidiano das
mulheres presidiárias no Brasil. Presos que Menstruam também
proporciona uma melhor compreensão do sistema carcerário
feminino brasileiro, por evidenciar a estrutura física das prisões
e o tratamento dado às mulheres.
A obra é uma prova inconteste de que o diálogo entre
jornalismo e o imaginário é essencial, sobretudo em contextos
Trilhas do imaginário | 195
Referências
BELO, Eduardo. Livro-reportagem. São Paulo: Contexto, 2006.
CERNEKA, H. A. Homens que Menstruam: considerações acerca do
sistema prisional às especificidades da mulher. Disponível em: http://
www.domhelder.edu.br/revista/index.php/veredas/article/view/6/5.
Acesso em: julho de 2018.
DALCASTAGNÉ, Regina. Literatura Brasileira Contemporânea: um
território contestado. Vinhedo: Horizonte, 2012.
DINIZ, Débora. Cadeia: relato sobre mulheres. Rio de Janeiro: Civilização
Brasileira, 2015.
DURAND, Gilbert. As Estruturas antropológicas do imaginário. São
Paulo: Martins Fontes, 2001 (Les structures anthropologiques de l’
imaginaire. Paris: Dunod, 1992).
HELLER, Agnes. O Cotidiano e a História. Tradução de Carlos Nelson
Coutinho e Leandro Konder. São Paulo: Paz e Terra, 2008.
196 | Trilhas do imaginário
1 Introdução
A teledramaturgia brasileira há décadas é considerada um
dos produtos de entretenimento de maior alcance na sociedade.
Temas de mobilização e responsabilidade social são cada vez mais
frequentes nas narrativas telenovelísticas e atraem um público cada
vez maior. Programações voltadas para o gênero das telenovelas estão
disponíveis em canais de televisão abertos e, desta maneira, todas as
classes têm acesso às produções que são exibidas em distintos horários
e nas mais diferentes emissoras presentes no território nacional.
Sobretudo no contexto da principal emissora de televisão
no país, na Rede Globo, há um núcleo de trabalho focado na
responsabilidade social em suas produções. Esse espaço é grande
produtor no lançamento de ideias, experimentos e tramas que,
junto aos autores e roteiristas, planejam qual o impacto que podem
ter diante da sociedade, medindo os níveis de eficiência, eficácia e
efetividade em suas atrações.
Os enredos fictícios, alternados com a inserção de problemáticas
reais nas histórias, permeiam o imaginário do público noveleiro. Agem
6 Considerações Finais
Diante de um longo período centrado na racionalidade
científica, aspectos diversos da natureza humana pautados na arte,
na poesia, no pensamento não racional funcionavam como uma
resistência a uma única maneira de enxergar o cientificismo ocidental.
Nesse contexto, a teoria do Imaginário vem, ao longo dos anos, se
estruturando enquanto teoria científica, a partir da comprovação de
que o psiquismo não funciona apenas à luz da percepção imediata e
de um encadeamento racional de ideias, mas, também, na penumbra
de um inconsciente, revelando as imagens irracionais do sonho, da
neurose ou da criação poética (DURAND, 2001).
214 | Trilhas do imaginário
Referências
BACHELARD, G. A poética do devaneio. São Paulo: Martins Fontes, 1997.
DURAND, Gilbert. A imaginação simbólica. Trad. De Eliane Fittipaldi
Pereira. São Paulo: Cultrix, 1988.
DURAND, Gilbert. O imaginário: ensaio acerca das ciências e da
filosófica da imagem. Trad.Renée Eve Levié. Rio de Janeiro: Difel, 2004.
DURAND, Gilbert. As estruturas antropológicas do imaginário:
introdução à arquetipologia geral. Trad. Hélder Godinho. São Paulo:
Martins Fontes, 2001.
FERREIRA-SANTOS, Marcos; ALMEIDA, Rogério. Aproximações ao
imaginário: bússola de investigação poética. São Paulo: Editora Kepos, 2012.
GOMES, Eunice Simões Lins. Um baú na sala de aula. São Paulo:
Paulinas, 2013.
GOMES-DA-SILVA, Pierre Normando; GOMES, Eunice Simões Lins. Malhação:
corpo juvenil e imaginário pós-moderno. João Pessoa: Editora UFPB, 2010.
PEREZ, Glória. Autores: histórias da teledramaturgia. São Paulo: Globo, 2008.
| 215
1 Introdução
A série britânica Black Mirror, dirigida por Charlie Brooker,
estreou em 2011 na televisão. Contudo, foi a partir de 2016, por meio do
sistema virtual de streaming, Netflix, que a série recebeu notoriedade
mundial. Seu formato é composto de episódios individuais, mas
ligados por um tema em comum: a representação do futuro baseado
no comportamento do homem pós-moderno. A série, como temática,
apresenta as consequências aterrorizantes que o mau uso, ou o uso
exagerado da tecnologia, pode causar. O que levou a seguinte questão
problema: como a pós-modernidade é retratada pelas lentes dos
produtores da série, especialmente no episódio White Bear?
Este episódio despertou o interesse dos autores pelo fato
de mostrar uma mulher desmemoriada, sendo perseguida por
mascarados, enquanto várias pessoas assistem aos acontecimentos
e filmam com seus celulares, sem oferecer qualquer ajuda. Ao
2 Sociedade do espetáculo
O Parque de Justiça White Bear é um local onde as pessoas
escolhem para assistir a justiça sendo feita. Este local, no qual o
público tem a oportunidade de punir uma criminosa, é possível
torturar uma pessoa que infringiu de algum modo a lei. O Parque de
Justiça, como é identificar no episódio, aparenta ser um condomínio
residencial, com casas, ruas largas e áreas verdes. Trata-se de uma
área cercada, com cancelas e cobrança de ingresso, além de um
Trilhas do imaginário | 217
3 Imaginário trágico
Somos levados a questionar como seria possível compreender
a recorrência desta forma de agir socialmente, buscando o prazer
no sofrimento. Para Maffesoli, o imaginário
4 Metodologia
Para dar conta da análise proposta, adotaremos como
metodologia o estudo de caso, qualitativo, aprofundado com a
mitocrítica de Durand (1985). Rauen (2015, p. 559) explica que o
método qualitativo é aplicado quando há um caso distinto, em que
mesmo que existam outros semelhantes, seu “valor intrínseco implica
valorizá-lo em sua unicidade e não como suporte para a generalização
indutiva”. Para o autor o estudo de caso qualitativo “é uma descrição
intensiva e holística e uma análise de uma unidade singular” (RAUEN,
2015, p. 561), neste caso o episódio White Bear, da série Black Mirror.
Para entender as recorrências dos mitos, Durand elaborou
uma forma de entender seus retornos, sendo que sua mitodologia nos
permite “recensear os ‘grandes mitos que presidiram a construção
de todo o saber’” (LEGROS, 2014, p. 125). O mito, do grego mythos,
aquilo que se relata, apresenta cenários surreais ou divinos, que
pode ser divido em sequências ou unidades semânticas, que foram
chamadas de mitemas (DURAND, 1985, p. 245), pontos fortes e que
se repetem na mesma narrativa. Assim, através da mitocrítica
(análise de uma obra) e da mitanálise (análise de um período de
tempo em determinadas sociedades) podemos tentar encontrar as
“entidades mitológicas” com seus poderes e forças, além das formas,
apreendendo “os grandes mitos que orientam (ou desorientam...)
os momentos históricos, os tipos de grupos e de relações sociais”
(DURAND, 1985, p. 246).
Para realizar a mitocrítica proposta por Durand, deve-se
primeiro relacionar temas e recorrências que estruturam a sincronia
mítica da obra; em seguida, examinar situações, personagens e
222 | Trilhas do imaginário
5 White Bear
O episódio White Bear foi exibido pela primeira vez em
fevereiro de 2013 e é o segundo episódio da segunda temporada de
Black Mirror. Apresenta uma mulher que acorda apenas com flashes
de memória, está em frente a uma televisão que emite um sinal,
similar a uma peça do jogo tetris. Então sai da casa para pedir ajuda
e percebe que todos ao seu redor não fazem nada além de filmá-la.
Começa a ser perseguida por um homem armado e mascarado.
As pessoas continuam filmando, sem oferecer nenhum tipo de
socorro. Encontra uma “amiga” e descobre que por algum motivo
desconhecido, as não foram afetadas pelo sinal de encantamento
emitido pelas telas dos celulares e televisores, que transformou a
maioria da população em espectadores passivos. As que não foram
afetadas se tornaram caçadores, pareciam normais até notarem que
poderiam fazer o que quisessem e agora têm audiência.
Trilhas do imaginário | 223
6 Análise
Podemos começar a entender o episódio White Bear de Black
Mirror se observarmos que “o crime tem sua beleza, pelo facto de
lembrar, [...] que a vida só vale se a situarmos na perspectiva da
morte” (MAFFESOLI, 2000, p. 137). A obra pode nos dar indícios
224 | Trilhas do imaginário
não são suas próprias marcas) e são recebidos por aplausos e gritos
de uma plateia sedenta pela batalha. Um narrador apresenta detalhes
de cada lutador e, até ele, tem sua chance neste espetáculo quando
grita o bordão: “It’s time!”.
Quando pensamos no comportamento de assistir ao sofrimento
do outro e somamos a reação de filmar este momento, seja para
guardar ou compartilhar com outrem, o cenário da soma é o trágico.
Maffesoli (2000, p. 42) afirma que a valorização da imagem de herói
na mídia tradicional desperta em nós “o desejo de um destino intenso”
de forma que este fascínio sugere que “o trágico regressa à ordem
do dia e que a sociedade assepsiada que, pouco a pouco, se impôs,
talvez não seja tão sólida como parece” e são essas ruínas que White
Bear representa, e encontramos referências em nossa sociedade,
atual e antigamente, como exposto acima. Ou seja, é a mesma ética
da estética que perpassa por todos estes cenários apresentados: o
consumo espetacular da violência.
Ao olhar por esta perspectiva, vivemos estes momentos em que
o trágico está em nosso cotidiano. A intensidade que as personagens
de White Bear vão até o parque de justiça, para estar perto de uma
criminosa e cometer o mesmo crime que ela, é, de fato, uma aventura
intensa. Mesmo que pareçam sob efeito do “sinal” que os deixa
como zumbis-espectadores há um ritual, praticamente selvagem.
Maffesoli afirma que
7 Conclusão
Podemos concluir, com base na leitura dos autores citados e dos
fatos narrados, que a sociedade tem mantido seus rituais de punição
e prazer, adaptando-os apenas às novas tecnologias disponíveis para
tal, atualizando e perpetuando a ética da estética de contemplação
da violência. Os dispositivos móveis de interação social parecem
232 | Trilhas do imaginário
Referências
ALMEIDA, Rogério de. Mitocrítica e Mitanálise no Campo da
Hermenêutica Simbólica. In: GOMES, Eunice Simões Lins (Org.).
Em busca do mito: a mitocrítica como método de investigação do
imaginário. João Pessoa: UFPB, 2011.
ARAÚJO, Alberto Filipe; BAPTISTA, Fernando Paulo (coord). Variações
sobre o imaginário. Instituto Piaget: Portugal, 2003.
DEBORD, Guy. A sociedade do espetáculo. Rio de Janeiro:
Contrapoonto, 1997.
DURAND, Gilbert. A exploração do imaginário, seu vocabulário, métodos
e aplicações transdisciplinares: mito, mitanálise, mitocrítica. In: Revista
da Faculdade de Educação, [S.l.], v. 11, n. 1-2, p. 244-256. 1985.
Trilhas do imaginário | 233
1 Compassos narrativos
Por que ler A hora da estrela? Para Ítalo Calvino, em Por
que ler os clássicos? é preciso “incluir uma metade de livros que já
lemos e que contaram para nós, e outra de livros que pretendemos
ler e pressupomos possam vir a contar” (CALVINO, 1993, p. 16). No
modo de argumentação do escritor, a narrativa presume futuras
leituras e, ao mesmo tempo, indica um retorno ao passado, nesse
particular interpretativo, a narrativa citada remete a esses olhares
temporais. Especialmente, com um olhar “para trás”, há um convite
para ler os clássicos (CALVINO, 1993, p. 14), os quais podem estar
ligados à identidade da Macabéa. Na verdade, independente das
mudanças sociais que ocorrem, o homem não deve perder a memória
da literatura, e mais, é preciso incluí-la no espaço rigorosamente
invadido por mecanismos digitais que também colaboram para
imprimir um modo de pensar sobre os compassos poéticos, com os
5 Algumas discussões
Este trabalho destaca a figura do narrador, a da personagem
Macabéa e a forma como Clarice Lispector apresenta o discurso,
considerando a interatividade da linguagem poética que ocorre
dentro da narrativa com o real. É importante estabelecer que
na arte não há uma coincidência exata entre personagens e a
vida cotidiana, porém, identifica-se somente um paralelismo com
ela e, por conseguinte, a criação artística da autora permite esse
desdobramento dos símbolos que podem suscitar uma imagem
próxima à realidade. No romance, o narrador não eliminou os
devaneios da protagonista com os quais descreveu os aspectos
profundos de uma temática que concilia o regional ao universal em
uma situação imaginada e impôs-se por meio de variadas focalizações
voltadas, quase sempre, para a subjetividade da protagonista e a dele
própria. Esses fatores que potencializaram uma estética, localizada
na segunda metade do século XX, servem como modo de entender
as existências e suas implicações. Portanto, A hora da estrela é
de Macabéa “alegrezinha dentro de sua neurose” que resulta da
“mais profunda tristeza” do escritor narrador que se dilui entre
as percepções melancólicas da moça (LISPECTOR, 1999, p. 36; 35).
252 | Trilhas do imaginário
Referências
BACHELARD, Gaston. A Poética do Espaço. São Paulo: Abril Cultural,
1974.
BAKHTIN, Mikhail M. Estética da criação verbal. São Paulo: Martins
Fontes., 1997.
BENJAMIN, Walter. Magia e Técnica, Arte e Política. Obras escolhidas I.
São Paulo: Brasiliense, 1994.
BIDERMAN, Maria T. C. Teoria linguística: linguística quantitativa e
computacional. Rio de Janeiro: Livros Técnicos e Científicos, 1978.
BLOOM, Harold. Como e por que ler. Trad. José Roberto O’ Shea. Rio de
Janeiro: Objetiva, 2001.
Trilhas do imaginário | 253
1 Introdução
A presente pesquisa tem como escopo o debate acerca do
uniforme escolar e suas representações de identidade. Para tanto,
vê-se que a cultura escolar, sob o prisma da moda, é amparada pela
teoria do imaginário, cuja análise aponta para novas formas de
ressignificação do traje escolar e sua influência na uniformização
dos corpos.
A problemática deste estudo repousa no modo pelo qual as
identidades dos sujeitos constituem-se através do uso do uniforme,
enquanto artefato cultural que reproduz os padrões estéticos e
morais de um determinado grupo, bem como inculca e reforça estes
mesmos moldes naqueles que dele fazem uso cotidianamente. Em
tal cenário, questiona-se, portanto: Qual o imaginário dos alunos da
escola – pública e particular – sobre o uso do uniforme escolar? O
uso obrigatório do uniforme fere a necessidade de individualidade
inerente ao sujeito? Qual a função social e pedagógica do traje escolar?
Visto assim, o debate tem como substrato as perspectivas
contemporâneas de um elemento histórico, como o uniforme, sob
7 Considerações finais
Ante o esposado, ao longo do presente estudo vislumbrou-se os
vários desdobramentos e particularidades do uso uniforme escolar,
através do qual se permitiu compreender e analisar a cultura escolar
e suas práticas. Além disso, constatou-se que o vestuário escolar
acompanhou as evoluções e as mudanças ocorridas ao longo do
tempo e, por essa razão, apresenta-se como um elemento impregnado
de valores históricos, culturais e de práticas distintas pelas quais as
instituições organizam-se e associam-se.
Ao analisar as narrativas dos estudantes, observou-se que o
imaginário coletivo sobre o uniforme escolar não aponta para uma
vestimenta disciplinar propriamente dita. Longe disso, o traje é
também entendido como uma ferramenta de marketing, que promove
visibilidade, credibilidade, harmonia, embelezamento e organização
para uma instituição de ensino.
Afora isso, percebeu-se a escola como um campo de convívio
tribal, onde as relações sociais são construídas através de laços
afetivos entre os indivíduos, em um ambiente no qual o traje escolar
encontra um ponto referencial em relação às múltiplas identidades
em constante construção, fazendo, assim, parte de uma estrutura
social mais ampla.
Sob esta perspectiva, ambos os grupos entrevistados visualizam
o uniforme no seu sentido agregador, de sorte a promover a harmonia
e a inclusão em um grupo. De outro lado, também se admite uma busca
pela individualidade, na medida em que os estudantes procuram
adaptar o traje aos seus gostos pessoais. Neste contexto, constatou-se
que a obrigatoriedade do uso do uniforme não fere a individualidade
Trilhas do imaginário | 275
Referências
ARANHA, Maria Lúcia de Arruda. História da Educação e da
Pedagogia: Geral e do Brasil. São Paulo: Moderna, 2006
BOURDIEU, Pierre. A Economia das Trocas Simbólicas. São Paulo:
Editora Perspectiva S. A., 1998.
CORAZZA, Sandra. O Paradoxo do Uniforme. Pátio: Revista Pedagógica,
Porto Alegre, nº 28, 2004
DUSSEL, Inês. Cuando las apariencias no engañan: uma historia
comparada de los uniformes escolares en Argentina y Estados Unidos.
Pro-Posições. Campinas, v. 16, n. 1. 2005.
ECO, Humberto. O hábito fala pelo monge. Psicologia do vestir. 3.ed.
Lisboa, Assírio e Alvim, 1989.
FOUCAULT, Michel. Vigiar e punir: o nascimento da prisão. Tradução R.
Ramalhete. 21. ed. Petrópolis: Vozes, 1999.
276 | Trilhas do imaginário
Natália Xavier81
Eunice Simões Lins82
1 Introdução
O jornalismo é uma ferramenta frequentemente utilizada pelo
homem na busca de conhecimento sobre os fatos da vida cotidiana e
na construção de sentidos sobre a realidade. Muitas vezes as ideias
reproduzidas em conversas foram extraídas dos noticiários. Isso
não implica dizer que o jornalismo tem influência total sobre o que
a sociedade discute ou pensa, mas também não é possível recusar a
função dos veículos de comunicação na construção da realidade social.
Para Correia (2005, p. 124), “o mundo dos mass media desempenha
um lugar significativo na construção, amplificação, divulgação e
partilha dos significados”.
Diante da importância do jornalismo na construção da
realidade é salutar que façamos a reflexão sobre como a notícia é
construída e como são acontecimentos divulgados os acontecimentos.
Se por um lado a Teoria do Espelho defende que as notícias são um
5 Considerações finais
A partir das reflexões realizadas acerca da notícia como uma
construção da realidade, da influência do imaginário no produto
jornalístico e da análise das duas notícias sobre o mesmo tema,
percebemos como o mesmo fato pode ser abordados de formas
distintas a depender das influências que integram o processo de
produção da notícia. Mesmo que à primeira vista e apressadamente
ao telespectador possa parecer que os conteúdos são idênticos, as
diferenças são salutares e capazes de influenciar a forma como as
pessoas atribuem sentido aos acontecimentos.
A partir das análises das notícias fica também evidenciada
a influência da política editorial no conteúdo veiculado. Enquanto
a emissora católica tratou o tema relacionado a abusos sexuais
envolvendo membros da Igreja nos Estados Unidos de maneira a
transmitir o sentimento de que é possível vencer o problema, mesmo
seja necessário muito esforço, a emissora secular trata o assunto
mostrando a angústia do Papa diante dos acontecimentos, mesmo
que ele esteja buscando tomar providências.
Mesmo que sejam seguidos valores-notícias e técnicas
de produção, o imaginário presente na organização em que o
jornalista trabalha e também o imaginário do próprio jornalista
responsável pela notícia fazem parte da construção da narrativa.
Do mesmo modo, experiências anteriores e outras vertentes podem
influenciar no momento das escolhas das palavras, imagens e
angulações. Diante disso, reafirmamos: as notícias não são um
espelho da realidade.
Referências
BERGER, Peter L.; LUCKMANN, Thomas. Modernidade, pluralismo e
crise de sentido: a orientação do homem moderno. 3. ed. Petrópolis:
Vozes, 2012.
BOURDIEU, Pierre. Sobre a televisão. Rio de Janeiro: Zahar, 1997.
292 | Trilhas do imaginário
Agamenon Porfírio87
Bertrand Lira88
Esmejoano Lincol França89
1 Introdução
A busca por uma construção de subjetividades e identidades
partindo de uma narração acerca de si pode ser vista em vários
âmbitos: na literatura, nas artes visuais, na mídia em geral e ao
longo das últimas décadas vem sendo incorporada também pelo
cinema. Quem escreve sobre si busca uma maior compreensão de sua
subjetividade, uma maneira de rememorar e reorganizar o passado
e, quem sabe, ressignificar o presente.
A concepção da escrita autobiográfica – apesar de alguns
embates teóricos – já é algo estabelecido e aceito. Em contrapartida,
a ideia de uma autobiografia fílmica evoca dúvidas e incredulidade
em alguns teóricos. Os maiores problemas estão relacionados às
1. Forma de linguagem:
a) narração;
b) em prosa.
4. Posição do narrador:
a) identidade do narrador e do personagem principal;
b) perspectiva retrospectiva da narração (LEJEUNE, 2014, p. 16).
4 Cinema e autobiografia
O maior problema relacionado à concepção de um cinema
autobiográfico está ligado à migração de uma linguagem de um
meio de comunicação para outro. Em Lejeune (2014), conseguiremos
encontrar respostas para perguntas relativas à viabilidade de um
“cinema-eu” ou “autobiografia-filme”, como o próprio autor batiza
esse tipo de gênero fílmico. A partir de suas discussões, conseguiremos
analisar os filmes de Jodorowsky e tentar validar a classificação do
diretor de seu fazer autobiográfico.
Antes de tudo, para entendermos as ideias de Lejeune,
precisamos recorrer ao texto da poetisa e crítica norte-americana
Elizabeth Bruss, Eye for I: Making and unmaking autobiography
in film (1983). A autora afirma a impossibilidade de o cinema
expressar algo equivalente à autobiografia e para isso recorre a
características do ato autobiográfico, dispostos em três tópicos:
valor de verdade (um enunciado apto à validação), valor do
ato (reconhecer a identidade do autor) e valor de identidade (a
confluência das identidades autor/narrador/personagem). É na
perspectiva de responder às afirmações da autora que Lejeune
nos fornecerá uma base analítica.
Os parâmetros estabelecidos por Bruss se aproximam bastante
do que O pacto autobiográfico apresenta. No entanto, a visão da
Trilhas do imaginário | 303
8 Conclusão
Em um trecho de seu texto Cinema e autobiografia, incluído
em O pacto autobiográfico (2014), Lejeune questiona se existiriam
Trilhas do imaginário | 323
Referências
Filmes
A DANÇA da realidade. Direção e Roteiro: Alejandro
Jodorowsky. Produção: Moisés Cosío, Xavier Guerrero Yamamoto,
Alejandro Jodorowsky, Michel Seydoux. Chile: Le Soleil Films, 2013.
(133min.), son., color.
POESIA sem fim. Direção e Roteiro: Alejandro Jodorowsky. Produção de
Xavier Guerrero Yamamoto. Chile: Le Soleil Films, 2016. (128 min.), son.,
color.
| 327
Cinema e representatividade:
uma incursão às características
e discursos do cinema clássico e alternativo99
Leonardo Gonçalves100
Marcel Vieira Barreto Silva101
1 Introdução
O Cinema tem sido, ao longo do tempo, tema de densas
discussões estéticas e políticas: aquele, concentrado nos aspectos
técnicos, nos diversos códigos de representação e de produção
de sentido que dão forma e autonomia ao filme; enquanto este,
direcionado à perspectiva sociológica, buscando refletir como estas
capacidades ou linguagem do cinema desempenha uma função social,
cultural e psíquica no indivíduo.
Um objeto frequente e comum em ambas às referidas
discussões é o cinema feito em Hollywood que se convencionou
como sendo a principal indústria do ramo. E como tal, é natural
que Hollywood exerça influência basilar nas formas de fazer
cinema, estabelecendo regras e convenções dominantes para
narrar histórias no meio audiovisual, e nas formas de representar a
sociedade, estabelecendo recortes do que pode ou não ser mostrado
102 MARTIN, Duane L. B-Movie Central, where the classics come to life all over
again. Disponível em: <http://www.bmoviecentral.com/bmc/>. Acesso em: 24
de maio de 2017.
103 O conhecido Código Hays foi uma das estratégias para a perpetuação de padrões
morais no cinema, e consistiu na obrigação dos produtores seguirem uma série
Trilhas do imaginário | 337
4 Conclusão
Eduardo Geada (1977, p. 34) diz que o cinema hollwoodiano
sofre algumas mudanças após a crise de 1960, tornando-se mais
flexível em relação aos valores austeros e puritanos do passado, para
se adaptar às novas exigências de mercado e público:
Referências
BRITO, João Batista de. Imagens amadas. São Paulo: Ateliê Editorial,
1995.
GONÇALVES, Leonardo. Rua Sórdida: a concepção de um curta-
metragem. Monografia (Graduação em Cinema & Audiovisual) –
Universidade Federal da Paraíba. Paraíba. Ano de obtenção: 2017.
GEADA, E. O Imperialismo e o fascismo no cinema. Ed. Moraes
Editores, 1977.
JOSÉ, Ângela. Cinema marginal, a estética do grotesco e a
globalização da miséria. Rio de Janeiro: Editora PUC-Rio, 2007.
Disponível em: <http://revistaalceu.com.pucrio.br/media/Alceu_n15_Jose.
pdf> Acesso em: 2 de ago. de 2016.
342 | Trilhas do imaginário
1 Introdução
Completando, no ano de 2019, seus 60 anos desde sua primeira
tirinha publicada pela Folha de São Paulo, com o cachorrinho Bidu
saindo de uma caixa para encontrar seu dono, Franjinha, 109 desse
ponto em diante, iniciou-se uma trajetória de sucesso da que, hoje,
certamente é um dos quadrinhos infanto-juvenis mais conhecidos
não apenas no Brasil, mas no mundo inteiro: a Turma da Mônica,
pela Mauricio de Sousa Produções (MSP).
Já em 2013, com mais de 80% do mercado infanto-juvenil de
bancas, de acordo com dados do Estadão110, e derivando do projeto
MSP 50, que, em 2009, comemora os 50 anos de seu criador, é criado o
113 CAFAGGI, Vitor; Lu, CAFAGGI. Turma da Mônica – Laços. São Paulo: Maurício
de Sousa Editora / Panini Comics, 2014.
346 | Trilhas do imaginário
4 O imaginário
Gilbert Durand criou uma organização classificatória
das imagens, através de sua tese do doutorado, no ano de 1960,
denominada as estruturas antropológicas do imaginário, que ademais
se transformaria em um livro fundamental para o estudo sobre as
imagens. O imaginário é o acúmulo de imagens que ao longo da
vida todo ser humano coletou e de forma coletiva e individual dá
sentido ao mundo, a junção de todas as imagens traz o significado
de tudo o que existe120. Segundo Laplantine e Trindade (2003) “O
imaginário, ao libertar-se do real que são as imagens primeiras,
pode inventar, fingir, improvisar, estabelecer correlações entre os
objetos de maneira improvável e sintetizar ou fundir essas imagens”.
Sendo o imaginário o lugar onde se armazena e manipula todas as
imagens, além das imagens reais é o lugar onde é possível migrar
para o irreal, que talvez um dia se torne realidade.
A imagem é uma representação de um original, já visto
previamente pela pessoa. Juntando várias imagens simbólicas, as
pessoas compreendem o mundo e nisso dão significado e criam os
seus pensamentos. Wunenburger (2007) explica que o imaginário
é “(...) o estudo das produções imagéticas, de suas propriedades e
de seus efeitos(...)”. Com isso, pode se entender que o imaginário é
“(...) o conjunto das imagens e relações de imagens que constitui o
capital pensado do homo sapiens (...)” (DURAND, 2012 p.18). Sendo a
imagem de muita importância para as nossas experiências de vida,
ela “possui o atributo básico de mobilizar nossos afetos, memória,
percepções, nos exigindo formas de acompanhar seu movimento”
5 Estruturas do imaginário
Para categorizar as imagens, Gilbert Durand criou duas
estruturas, sendo elas o regime diurno e o regime noturno. Na cultura
ocidental é o regime diurno que prevalece, sendo este um regime
no qual os seus principais símbolos têm relação com o heroísmo,
o poder, a ascensão e a razão. As ideias mais presentes são as de
verticalidade, ascensão, o próprio herói guerreiro, dominação. Esse
regime é sempre muito representado através de imagens de animais
ferozes, dentes, fogo, rei guerreiro, entre outras coisas mais.
Trilhas do imaginário | 351
A descida é um
momento no qual é
necessário perseverar
e tomar todo o cuidado,
pois desde cedo fomos
ensinados a andar e tomar
cuidado com a gravidade
ao nosso redor (DURAND,
2012, p.112), além disso
nesse fator da queda há
lembranças ruins e com
prováveis machucados,
que muitas pessoas guardam em seus imaginários: imagens de quando
mais novos, quando caíram e se machucaram de alguma forma.
Porém, mesmo sendo um momento de possível derrota, é necessário
e “Trata-se de “desaprender o medo”. É uma das razões pelas quais
a imaginação da descida necessitará de mais precauções que a da
ascensão” (DURAND 2012, p. 201). A alta montanha da qual a turma da
Mônica caiu foi um obstáculo enorme, que causou sequelas, mas que
os farão mais forte
para enfrentar os
perigos da vida.
Figura 08 (acima).
Recorte da página 42
Figura 09 (ao lado).
Recorte da página 45
7 Considerações finais
Por meio desse trabalho, foi possível uma compreensão inicial
das subjetividades presentes na graphic novel Laços, da coleção
MSP, e por consequência, de que modo seu imagético, ao longo da
narrativa de uma aventura infantil, age sobre o imaginário de seus
leitores, gerando identificação, interesse e apatia.
Trilhas do imaginário | 359
Referências
AZEVEDO, Amanda da Rocha; SENNA, Nadia. A turma da mônica em
releituras sensíveis. In: Seminário de Pesquisa da Pós-Graduação
em Artes Visuais – SPMAV, 4, 2017, Pelotas, RS. Anais (on-line).
Pelotas: SPMAV, 2017. Disponível em: <https://wp.ufpel.edu.br/
mestradoartesvisuais/files/2018/04/ANAIS_SPMAV_2017.pdf#page=57>.
Acesso em: 08 de out. 2018.
BARBOSA, Anderson Wagner da Silva. A marca do Batman: uma análise
da presença simbólica do herói na mídia, imaginário e cotidiano da
sociedade contemporânea de cultura pop. Dissertação (Mestrado em
Comunicação) – Universidade Federal da Paraíba, João Pessoa, 2017.
CAFAGGI, Vitor; Lu, CAFAGGI. Turma da Mônica – Laços. São Paulo:
Maurício de Sousa Editora / Panini Comics, 2014.
Correio Brasiliense. Em comemoração aos 60 anos, Maurício de
Sousa Produções terá visitação. 2018. Disponível em: <https://www.
correiobraziliense.com.br/app/noticia/diversao-e-arte/2018/07/20/
interna_diversao_arte,696217/como-visitar-a-mauricio-de-sousa-
producoes-em-sao-paulo.shtml>. Acesso em 10 de out. 2018.
DURAND, Gilbert. As estruturas antropológicas do imaginário. 4ª ed.
São Paulo: Editora WMF Martins Fontes. 2012.
EISNER, Will. Quadrinhos e arte sequencial. São Paulo: Editora WMF
Martins Fontes. 2010.
FERREIRA-SANTOS, Marcos; ALMEIDA, Rogério de. Aproximações
ao imaginário – bússola de investigação poética. 1ª ed. São Paulo:
Editora: Képos. 2012.
360 | Trilhas do imaginário
1 Introdução
O videoclipe é uma ferramenta utilizada desde a década
de 1950 como veículo de produção de sentido ou mesmo de
uma extensão do sentido produzido por um artista musical. Se
inicialmente ele era notado nos filmes musicais, como no clássico
O prisioneiro do rock, onde Elvis Presley pode imortalizar sua
canção Jailhouse rock, depois ele passou a criar vida própria
com os Beatles e o Abba, duas das primeiras grandes bandas que
popularizaram seus vídeos musicais ao redor do mundo entre as
décadas de 1960 e 1970. O Brasil também teve sua participação na
vanguarda do desenvolvimento destes vídeos com o Fantástico,
da Rede Globo, que a cada domingo, durante as décadas de 1970
e 1990, exibia clipes musicais produzidos pelo próprio programa
(SOARES, 2013).
124 Segundo Brito (2016, p. 5), o termo utilizado por Trivinho define “as relações
a politização da cibercultura, seus vetores de sustentação e relação com a
dromocracia”.
366 | Trilhas do imaginário
125 https://www.youtube.com/watch?v=kHLHSlExFis
372 | Trilhas do imaginário
Fonte: Frame do clipe da música God is a woman de Ariana Grande publicado no Youtube
Fonte: Frame do clipe da música God is a woman de Ariana Grande publicado no Youtube
128 https://veja.abril.com.br/entretenimento/vaticano-vai-monitorar-
eletronicamente-suas-obras-de-arte/
Trilhas do imaginário | 377
Fonte: Frame do clipe da música God is a woman de Ariana Grande publicado no Youtube
Fonte: Frame do clipe da música God is a woman de Ariana Grande publicado no Youtube
Fonte: Frame do clipe da música God is a woman de Ariana Grande publicado no Youtube
380 | Trilhas do imaginário
Figura 11 – Ariana Grande no centro da imagem, fazendo um gesto obsceno com as mãos
Fonte: Frame do clipe da música God is a woman de Ariana Grande publicado no Youtube
Fonte: Frame do clipe da música God is a woman de Ariana Grande publicado no Youtube
Fonte: Frame do clipe da música God is a woman de Ariana Grande publicado no Youtube
Fonte: Frame do clipe da música God is a woman de Ariana Grande publicado no Youtube
Fonte: Frame do clipe da música God is a woman de Ariana Grande publicado no Youtube
reza que elas eram filhas de Ares, o deus da guerra, com a ninfa
Harmonia, uma divindade ligada à natureza. A imagem da mulher
guerreira também remete às Icamiabas “mulheres que combatiam
em pé de igualdade com os homens que se aventuravam em terras
Amazônicas nos séculos V e VI (...)” (SÁ e DUTRA, p. 03, 2012). Elas
“eram mulheres altas, pele clara, sempre montadas em cavalos,
armadas e sem pudor algum, pois estas não usavam trajes nenhum”
(SÁ e DUTRA, p. 03-04, 2012).
Estes mitos personificam não apenas a ideia de ascensão,
relacionadas à imagem postural de suas personagens mitológicas, mas
também as imagens diairéticas, aquelas que representam as armas
objetificadas (no caso desta sequência destacada do clipe, o martelo)
e as armas espirituais na luta do bem contra o mal. Este combate “é
uma atitude espiritualizante na medida em que os guerreiros são
purificadores e possuem uma função unidimensionalizada para a
luta e vitória sobre o oponente caído”. (CAVALCANTI, 2011, p. 20)
Portanto, o poder de Ariana Grande – representado explicita
e imageticamente pelas luvas que ela veste neste momento no clipe,
onde se lê a palavra POWER – emula tanto a ideia de ascensão ligada
à postura do herói quanto a ideia de vitória promovida pela arma
objetificada deste personagem, o martelo. E se a figura mitológica
do herói elenca um sem número de personagens masculinos
desenvolvidos ao longo da história – Apolo, Sansão, Teseu, Prometeu
–, todos fundamentados na característica arquetípica da “liberdade
de espírito” (COSTA, 2000, p. 64-65), o videoclipe traz o equivalente
feminino destas figuras, tentando de algum modo cristalizar a ideia
de que as mulheres também podem ser heroínas combatentes.
7 Considerações finais
Como vimos nas últimas três seções deste artigo, os frames
coletados para esta análise agrupam as imagens em três significações
principais: criação, sexualidade e ascensão. E cientes da capacidade
de produção de sentido de um videoclipe e do uso deste produto
Trilhas do imaginário | 389
Referências
ABREU, Fábio Henrique. Teologia como hermenêutica simbólica: breves
considerações sobre o método teológico de Richard Shaull. Revista
Numem (UFJF), v. 13, p. 151-177, 2011.
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Durand, Maffesoli e Corbin. Revista Nexi, v. 1, p. 5-5, 2014.
ANTUNES, Elton Caramante. Comunicação e imagem: as multifaces
de Madonna enquanto manifestação do contemporâneo / Elton
Caramante Antunes. – Sorocaba, SP, 2011. 112 f. Dissertação (Mestrado
em Comunicação e Cultura) Universidade de Sorocaba, Sorocaba,
2011. Disponível em: http://comunicacaoecultura.uniso.br/producao-
discente/2011/pdf/elton_caramante.pdf. Acesso em 19 de set. de 2018.
BAUMEL, S. W. Investigando o papel da masturbação na sexualidade
da mulher. 2014. 144 f. Dissertação (Mestrado em Psicologia).
Universidade Federal do Espírito Santo, Vitória, 2014. Disponível em:
http://repositorio.ufes.br/bitstream/10/3094/1/tese_6375_Investigando%20
o%20papel%20da%20masturba%C3%A7%C3%A3o%20na%20
sexualidade%20da%20mulher.pdf. Acesso em 11 de set. 2018.
Trilhas do imaginário | 391
em: http://www.portalintercom.org.br/anais/nordeste2017/resumos/R57-
1096-1.pdf. Acesso em: 02 de set. de 2018.
FERNANDES, Arlene. A hermenêutica do símbolo em Paul Ricoeur.
Revista Sacrilegens, v. 12, p. 92-107, 2015.
FERREIRA-SANTOS, Marcos; ALMEIDA, Rogério de. Aproximações ao
Imaginário: bússola de investigação poética. São Paulo, Képos, 2012.
Disponível em: http://www.rogerioa.com/resources/Cult1/aproxima.pdf.
Acesso em 02 de setembro de 2018.
HORTEGAS, Monica G. A construção do si-mesmo na hermenêutica
simbólica de Carl Gustav Jung e na poesia de Adélia Prado. Revista
Último Andar (PUCSP. Online), v. 25, p. 43-56, 2015.
HOUBRE, Gabrielle. O corpo e a sexualidade das mulheres: do século
XVIII ao período entre guerras. Revista Pro-Posicoes, 2003, v. 14, (2
(41)), p. 103-119.
JANOTTI JUNIOR, Jedder; SOARES, Thiago. O videoclipe como extensão
da canção; apontamentos para análise. Revista Galáxia (PUCSP), v. 15,
p. 91-108, 2008.
JUNG, Carl G. O homem e seus símbolos. Rio de Janeiro: Nova Fronteira,
1964.
LANGER, Johnni. Símbolos religiosos dos Vikings: guia iconográfico.
Revista História, Imagem e Narrativas. n. 11, 2010.
LOPES, Eliana da Cunha. O mito como símbolo da fundação de Roma
segundo o III livro dos fastos de Ovídio. In: XVI Congresso Nacional
de Linguística e Filologia, 2012, Rio de Janeiro. Anais eletrônicos... Rio
de Janeiro: Círculo Fluminense de Estudos Filológicos e Linguísticos
(CiFEFiL), 2012, p. 972-991. Disponível em: http://www.filologia.org.br/
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MARQUES, Paulo Sérgio. Narrativa, alteridade e gênero: o imaginário
patriarcal e os arquétipos literários. Terra roxa e outras terras – Revista
de Estudos Literários, vol. 11, p. 61-76, 2007.
MARTINEZ, Viviana Carola V.; SOUZA, Ivy Semiguem Freitas. O mito das
Amazonas em cena: uma discussão psicanalítica sobre a feminilidade
e o gênero. Revista Cadernos de Psicanálise (Círculo Psicanalítico/RJ),
v. 36, p. 54-72, 2014. Disponível em: http://pepsic.bvsalud.org/pdf/cadpsi/
v36n30/v36n30a10.pdf. Acesso em: 11 de set. de 2018.
MÉDOLA, Ana Sílvia Lopes Davi; CALDAS, Carlos Henrique Sabino.
Videoclipe em ambiente de convergência midiática: regimes de sentido
e interação. Revista Comunicação, Mídia e Consumo (Online), v. 10,
Trilhas do imaginário | 393
Edyelton Marinho135
Ed Porto Bezerra136
1 Introdução
O cinema noir é algo intrínseco na cultura cinematográfica
hollywoodiana. A palavra, no entanto, significa “filme negro” devido
a sua temática policial, fotografia sombria, personagens criminosos
marcantes que também são características claras do movimento
expressionista alemão.
Os longas foram inicialmente escuros por opção estética.
Além disso, o estilo do filme noir pode ser bastante atraente em
um orçamento relativamente baixo, o que também os torna
suficientemente atrativo para cineastas os produzirem. Atualmente
somos um público de cinema muito complexo, de modo que um filme
noir tradicional pode não agradar algum espectador, tanto quanto
uma homenagem nostálgica ao passado, como em L.A. Confidential
(Los Angeles - Cidade Proibida) dirigida por Curtis Hanson em 1997.
Os filmes mais notórios segundo Edward Dimendberg (2004,
p. 04) que contém a natureza noir são The Stranger on the Thrid
Floor (Boris Ingster, 1940), Relíquia Macabra (John Huston, 1941), A
Dama Fantasma (Robert Siodmak, 1944), Curvas do Destino (Edgar G.
Ulmer, 1945), Almas Perversas (Fritz Lang, 1945), À Beira do Abismo
(Howard Hawks, 1946) e Gilda (Charles Vidor, 1946).
p. 26) o estilo visual dos filmes noirs traz consigo um elaborado uso
dramático do claro-escuro – associado a temas mórbidos e macabros –
com toda a carga simbólica que o embate luz-sombra luz representa.
Lira ainda complementa,
140 YouTube. Michael Jackson - Smooth Criminal video demo in Neverland – 1988.
Disponível em: <https://www.youtube.com/watch?v=kOD0RqwPpvQ> Acesso
em: 31 jul. 2018.
400 | Trilhas do imaginário
O longa de Minnelli
é retratado nos anos 1930,
década marcada por clubes
e gângsteres, mesmo estilo
utilizado em Smooth Criminal,
onde o local em que acontecem
as cenas de dança é descrito
como Club 30s.
A comparação reforça a ideia das releituras e das influências
de Michael Jackson para uso em seus produtos audiovisuais. O artista
mesclava em sua obra elementos do cinema e da música. A influência
dos gângsteres em Smooth Criminal fez parte desde a sua concepção,
nas demos da canção seus nomes anteriores eram Chicago 1945 e Al
141 “Era assim que o astro chamava seus clipes” – disse John Branca, administrador
do seu Espólio no documentário Bad 25. (Spike Lee, 2012)
Trilhas do imaginário | 401
142 MJ Beats. Os segredos de ‘‘Al Capone’’. 07 jun. 2017. Disponível em: <https://
mjbeats.com.br/os-segredos-de-al-capone-5c2ef5260545> Acesso em 10 ago. 2018.
143 Título da turnê residente de Michael Jackson, no qual ele faria em Londres entre
2009 e 2010 por cinquenta noites, mas que acabou sendo cancelada devido a
sua morte. Disponível em: <http://g1.globo.com/Noticias/Musica/0,,MUL1041343-
7085,00-INGRESSOS+PARA+SHOWS+DE+MICHAEL+JACKSON+EM+LONDRES+
ESGOTAM+EM+HORAS.html> Acesso em: 30 jul. 2018.
144 Disponível em: <https://www.youtube.com/watch?v=h_D3VFfhvs4> Acesso
em:31 jul. 2018.
402 | Trilhas do imaginário
Figura 4. Mesmo que o clipe seja colorido, ele ainda consegue capturar
a sombria iluminação do claro-escuro associada ao noir preto e branco
148 Bad World Tour (1987-1989), Dangerous World Tour (1992-1993) e HIStory
World Tour (1996-1997).
149 Intervalo, que pode ser em vídeo ou em dança nos shows para introdução de
música, troca de cenário ou de descanso para o artista ou protagonista.
150 G1, 2009. Disponível em: <http://g1.globo.com/Noticias/Musica/0,,MUL1299328-
7085,00-TRAILER+DO+FILME+SOBRE+ULTIMA+TURNE+DE+MICHAEL+JACKS
ON+SERA+EXIBIDO+NA+MTV.html> Acesso em 01 ago. 2018.
404 | Trilhas do imaginário
Figura 10. Cena original do filme Moonwalker estilizada em Michael Jackson’s This Is It.
Figura 12. Cena em que a metrópole dos anos 1940 é introduzida em cores
6 Considerações Finais
Analisamos um breve histórico acerca do gênero noir no
cinema americano e a partir dele, realizamos uma comparação
do que Smooth Criminal utilizou-se para compor o seu universo
e ambientação, baseado na atmosfera do gênero, conhecido pelas
sombras e estética marcantes. Após décadas, o artista Michael
Jackson autor do produto audiovisual, celebra uma releitura especial
do clássico e o insere num atual contexto de tecnologia disponível
para exibições.
O cantor Michael Jackson conseguiu ser inovador em vários
aspectos do mercado do entretenimento, seja ele da música, da
dança, do vídeo e até da moda. Sua marca quando impressa em
algum tipo de produto fonográfico ou audiovisual, é na maioria das
vezes sinônimo de propagação midiática.
Tal inovação atingiu também Moonwalker (1988) que é
seu primeiro filme autobiográfico, no qual Smooth Criminal está
introduzido. O longa foi “contra a maré” do mercado no seu lançamento,
quando não entrou para o circuito mundial de exibição nos cinemas
(mesmo sendo produto de Hollywood) e foi comercializado apenas
em home vídeo, retirando a exclusividade do cinema e da televisão
para a estreia de um dos seus principais produtos.
O audiovisual Smooth Criminal, além do visual marcante,
contém uma das marcas registradas do artista, o passo The Lean
- patenteado por Jackson - notável por inclinar o artista para
frente, formando um ângulo de 45º com o chão. Este passo denotou
significamente o videoclipe, fazendo-o ser popularmente conhecido
Trilhas do imaginário | 411
Referências
BAD 25. 2012. Direção: Spike Lee. Produção: Antonio Reid, John Branca,
John McClain e Spike Lee. Estados Unidos, Optimum Productions.
123min. 1 DVD.
412 | Trilhas do imaginário
Filmografia
MICHAEL JACKSON’S PRIVATE HOME MOVEIS, 2003. Producão: Brad
Lachman Productions, Fox Television Network. 120min. color. 1 DVD.
MICHAEL JACKSON’S THIS IS IT, 2009. Direção: Kenny Ortega. Estados
Unidos, Columbia Pictures. 111min. color. 1 DVD.
MOONWALKER. 1988. Direção: Jerry Kramer, Will Vinton, Jim Blashfield
e Colin Chilvers. Estados Unidos, MJJ Productions e Warner Bros. 93min.
son. color. 1 DVD.
| 413
Patrícia Monteiro154
Luís Augusto Mendes155
157 Em três das cinco temporadas, Medida Certa utilizou celebridades como
participantes. Além do Peso é a versão brasileira do Cuestión de Peso, produção
original da Endemol Argentina. Foi veiculado no Programa da Tarde e no
matutino Hoje em Dia. Até fevereiro de 2016 foram veiculadas cinco temporadas
416 | Trilhas do imaginário
158 Conceito extraído da obra “O que é saúde”? ALMEIDA FILHO, Naomar. O que
é saúde? Rio de Janeiro: Editora Fiocruz, 2011.
418 | Trilhas do imaginário
159 Vaz (2006) destaca que a noção de risco foi utilizada pela primeira vez no
final dos anos 40, numa associação entre fumo e câncer de pulmão. Czeresnia
(2013) completa que a gestão dos riscos é um dos eixos que norteiam o
Trilhas do imaginário | 423
Compreensões finais
No lugar da submissão a uma norma e instituições específicas,
na atualidade cada um deve assumir o cuidado e o controle do corpo-
performance, transformando a aparência em signo de autonomia,
de saúde, mas também de uma ética da estética no sentido de viver
e experimentar em comum.
Esse contexto nos faz compreender como a promoção
da saúde e o combate aos riscos encarnam-se às tecnologias do
imaginário que funcionam como um lugar privilegiado de fabricação
dos corpos contemporâneos, ligando-se à biopolítica, tanto no que
tange a articular um determinado saber sobre a saúde quanto na
transformação da vida saudável em um dever.
Encontramos a saúde imaginária como metáfora de uma
sociedade que repudia as formas contrárias ao que imagina ser a
demanda corporal vigente, sorvendo o suor da malhação, a combustão
da gordura e o viço da juventude como imagens do suposto equilíbrio
peso e beleza, informação e risco.
Investindo na gordura como uma ameaça individual (ao
obeso) ou coletiva (à saúde pública), as tecnologias do imaginário
transformam em performance de volumes, curvas, cores, sons e
imagens as graças e as culpas associadas a cada padrão de corpo
(e conduta), numa mediação, medição e moralização generalizadas
da vida saudável como um espetáculo sensorial, para todos os
gostos e públicos.
Referências
ALMEIDA FILHO, Naomar. O que é saúde? Rio de Janeiro: Editora
Fiocruz, 2011.
BRUNO, Fernanda. O biopoder nos meios de comunicação: o anúncio de
corpos virtuais. Comunicação, Mídia e Consumo (São Paulo), São Paulo,
v. 3, n. 6, p. 63-79. 2006.
BRUNO, Fernanda. Do sexual ao virtual. São Paulo: Unimarco, 1997.
426 | Trilhas do imaginário
Sobre os autores
Adriano Florencio
Bacharel em Rádio, TV e Internet pela Universidade Federal de Pernambuco
– UFPE (2015). Mestre pelo Programa de Pós-Graduação em Comunicação
– UFPB (2018-2020). Doutorando pelo Programa de Pós-Graduação em
Estudos da Mídia PPGEM – UFRN. E-mail: [email protected]
Agamenon Porfírio
Mestre pelo Programa de Pós-Graduação em Comunicação (PPGC) da
UFPB, graduado em Comunicação Social, com habilitação em Jornalismo
pela UEPB. Integrante do Grupo de Estudos em Cinema e Audiovisual
(Gecine). Experiência em comunicação popular, como também em produção
audiovisual. Atualmente desenvolve pesquisa em narrativas cinematográficas
e memória. E-mail: [email protected]
Bertrand Lira
Professor Doutor do Departamento de Comunicação em Mídias Digitais
(Demid) e do Programa de Pós-Graduação em Comunicação (PPGC) da
UFPB; coordenador do Grupo de Estudos em Cinema e Audiovisual (Gecine).
Realizador, dirigiu diversos documentários de curta, média e longa-metragem;
autor dos livros Fotografia na Paraíba (1997), Luz e sombra (2013) e Cinema
noir (2015).E-mail: [email protected]
428 | Trilhas do imaginário
Bianca Dantas
Mestre pelo Programa de Pós-Gradução em Comunicação (PPGC/UFPB),
vinculada à linha de pesquisa Mídia, Cotidiano e Imaginário. Graduada
em Comunicação Social, com habilitação em Jornalismo, pela Universidade
Estadual da Paraíba (2014). Foi repórter no projeto Repórter Junino, da
UEPB, e no Jornal A União. Tem experiência em assessoria de imprensa e
redação publicitária. Pesquisa e se interessa pelos temas: mídia e direitos
humanos; estudos do imaginário; estudos de gênero e análise de conteúdo.
E-mail: [email protected]
Bruno Marcelo
Doutorando em Comunicação, Linguagens e Cultura pela Universidade
da Amazônia (PPGCLC/Unama). Mestre pelo Instituto de Ciências da
Arte da Universidade Federal do Pará (UFPA). Especialista em Arte-
Educação e História das Culturas Afro-brasileira e Indígena. Atualmente
é professor da redes públicas estadual e municipal do Amapá e também
professor substituto da Universidade Federal do Amapá (UNIFAP).
E-mail: [email protected]
Christina Musse
É jornalista, mestre e doutora em Comunicação e Cultura pela Universidade
Federal do Rio de Janeiro (2006). É professora associada do Curso de
Jornalismo e do Programa de Pós-Graduação em Comunicação da
Universidade Federal de Juiz de Fora. É líder do Grupo de Pesquisa/
CNPq Comunicação, Cidade e Memória. Coordena o GP de Telejornalismo
da Intercom e é uma das coordenadoras do GT de História da Mídia
Audiovisual e Visual da Rede Alcar. Participa da Rede de Pesquisa em
Telejornalismo (Telejor), através da qual tem feito várias publicações. Tem
longa experiência em telejornalismo e comunicação organizacional, em
especial no âmbito das instituições federais de ensino superior. E-mail:
[email protected]
Trilhas do imaginário | 429
Ed Porto Bezerra
Graduação em tecnologia em processamento de dados pela Universidade
Federal da Paraíba (1985), mestrado em Ciência da Computação pela
Universidade Federal da Paraíba (1989), doutorado em Engenharia
Elétrica pela Universidade Federal da Paraíba (2000), pós-doutorado em
Comunicação pela Universidade Federal do Rio de Janeiro (2011) e Estágio
Sênior no Collegeof Communication da Universityof Texas no Knight Center
for Journalism in theAmericas (2013). Atualmente é professor Titular da
Universidade Federal da Paraíba onde leciona nos cursos de Ciência da
Computação, Engenharia da Computação e Licenciatura da Computação;
no Programa de Pós-Graduação em Computação, Comunicação e Artes
(PPGCCA) e no Programas de Pós-Graduação em Comunicação (PPGC). Tem
experiência na área de Administração de Dados, Banco de Dados e Análise
e Projeto de Sistemas, atuando principalmente nos seguintes temas: design
audiovisual, culturas midiáticas audiovisuais, visualização de dados e
educação à distancia. E-mail: [email protected]
Edielson Ricardo da Silva
Possui graduação em Comunicação Social pela Universidade Federal
de Campina Grande (2015), é especialista em Supervisão e Orientação
Educacional pelas Faculdades Integradas de Patos (2017), mestrando em
Comunicação e Culturas Midiáticas pela Universidade Federal da Paraíba.
Seus estudos e pesquisas são centrados nas áreas da educomunicação,
com ênfase em literatura, educação e participação popular, rádio escolar,
análise de conteúdo, gênero e raça na teledramaturgia brasileira.
E-mail: [email protected]
Edyelton Marinho
Mestre pelo Programa de Pós-Graduação em Comunicação da Universidade
Federal da Paraíba (PPGC/UFPB) e possui bacharelado em Comunicação em
Mídias Digitais pela Universidade Federal da Paraíba (2015). Atualmente é
integrante do Grupo de Pesquisa em Processos e Linguagens Midiáticas, o
Gmid (PPGC/UFPB) e coordenador da Pastoral da Comunicação da Paróquia
São Rafael de João Pessoa. Tem experiência na área de Comunicação, com
ênfase em midiatização, videoclipes e transmídia, atuando principalmente
nos seguintes temas: Michael Jackson, cultura pop e fãs. E-mail:
[email protected]
Jade V. de Azevedo
Mestranda em Comunicação pela Universidade Federal da Paraíba, da
linha de pesquisa de Mídia, Cotidiano e Imaginário. Possui graduação em
Jornalismo pela Universidade Federal da Paraíba (2017). Foi monitora da
disciplina de Estudos Culturais (2016), pela qual foi agraciada com o prêmio
de Iniciação à Docência – 2016 da referida instituição. Foi pesquisadora e
extensionista, membro do GEM – Grupo de Estudos em Gênero e Mídia,
que desenvolveu a extensão “ Um grito por elas” , na Universidade Federal
da Paraíba. Tem experiência na área de pesquisa acadêmica, monitoria e
extensão.E-mail: [email protected]
Mayara de Paulo
Doutoranda no Programa de Pós-Graduação em Ciências da Linguagem
pela Universidade do Sul de Santa Catarina – Unisul. Graduada em Letras
– Português / Inglês pela Universidade do Sul de Santa Catarina – Unisul
(2013). Atua como professora de Língua Portuguesa e Língua Inglesa na
rede pública estadual de Santa Catarina. E-mail: [email protected]
Natália L. A. Xavier
Mestre em Comunicação da UFPB na linha de pesquisa Mídia, Cotidiano e
Imaginário. Jornalista, formada pela UFPB. Atuou como repórter e editora
setorial do Jornal da Paraíba e como editora-chefe do portal G1 Paraíba.
Atualmente atua na TV-UFPB. E-mail: [email protected]
Trilhas do imaginário | 435
Nayane Rodrigues
Comunicóloga com Habilitação em Jornalismo. Especialista em Assessoria
de Comunicação. Pós-Graduanda em Produção de Conteúdo para
Mídias Digitais e Mestre em Comunicação pela Universidade Federal da
Paraíba (PPGC/UFPB), vinculada à Linha de Pesquisa Mídia, Cotidiano e
Imaginário. Atua ainda, na identificação de fenômenos comunicacionais,
realizando estudos e desenvolvendo pesquisas no âmbito da Assessoria
de Comunicação, Folkcomunicação, Marketing Político; além dos temas,
dilemas e perspectivas do Jornalismo no contexto de pós-verdade. E-mail:
[email protected]
organizadoras
estruturante, é o que nos seduz à teoria,
às discussões, aos seus vôos.